Caso Clínico Alberto Felipe Marcelle Leite RELATO DE CASO IDENTIFICAÇÃO: MSS, 40 anos, sexo feminino, casada, paraense, G4P4A0, procurou o FSCM queixandose de sangramento do tipo “água de carne”. há uma semana e dor em baixo ventre de grande intensidade. QUEIXA PRINCIPAL: Sangramento vaginal. HISTÓRIA DA DOENCA ATUAL: Paciente refere sangramento vaginal há cerca de 7 meses, de intensidade moderada, de aspecto vermelho rutilante e, por vezes, misturado a um liquido branco (sic), e dor no baixo ventre de grande intensidade. ANTECEDENTES PESSOAIS: Paciente hipertensa, com história familiar de câncer de mama. História pregressa A paciente queixava-se ainda de odor fétido vaginal e dispareunia. Ao conversar com o médico relata ser casada há 4 anos e que teve 5 parceiros sexuais desde os 13 anos, quando teve sua menarca. Fazia exames de prevenção a cada ano desde seu último parto, há 6 anos, que sempre dava “inflamação” no resultado e que o médico sempre prescrevia uma pomada vaginal, mas que foi submetida a uma “queimagem” (eletrocauterização do colo uterino). Informa ainda ser muito alérgica e que no último ano teve algumas crises. Faz uso de anticoncepcional oral que recebe no posto de saúde, pois não conseguiu laqueadura tubária na última gravidez. Exame físico Estado geral regular, mucosas hipocoradas ++/4+, perda de 8 Kg nos últimos 6 meses (IMC: 16,5). Exame do ACV: RCR, BNF, sem sopros. AR: FR normal (20 irm), ausência de estertores. Abdome plano, flácido, indolor à palpação superficial e profunda. Ausência de massas palpáveis. Mamas: simétricas, sem nodulações palpáveis, ausência de secreção à expressão mamilar. Axilas livres. Conduta No momento da admissão Paciente foi submetida a PCCU e encaminhada para a realização de colposcopia e biópsia dirigida, com fragmento encaminhado para análise histopatológica. Exame Especular Vulva com várias lesões papulares acometendo vestíbulo, região perineal e perianal. Vagina normal e colo com lesão infiltrativa (ulceração) de coloração vermelha e áreas negras (necrose), sangrante espontaneamente. Colposcopia Ao exame colposcópico, observou-se aspectos anormais: Zona de transformação atípica com epitélio branco grosseiro e vasos atípicos irregulares, Teste de Schiller positivo, prova do iodo negativa. RESUMO • Procurou o FSCM queixando-se de sangramento do tipo “água de carne” • Há uma semana e dor em baixo ventre de grande intensidade. • Vulva com várias lesões papulares acometendo vestíbulo, região perineal e perianal. Qual o Diagnóstico? HPV E CÂNCER DE COLO UTERINO O QUE É HPV? • INTRODUÇÃO - Human Papillomavirus ou Papilomavírus Humano; - Condiloma acuminado, conhecido também como verruga genital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista. - Doença Sexualmente Transmissível (DST) ou contato direto com pele ou mucosa infectada e durante o parto; - Infecta pele ou mucosas de homens e mulheres. TIPOS DE HPV E APRESENTAÇÃO • Apresentação - Existem mais de 100 tipos de HPV, mas cerca de 40 tipos podem infectar o trato anogenital. • TIPOS: - HPV de baixo risco/não oncogênicos: 6, 11, 42... - HPV de alto risco/oncogênicos: 16 e 18 são os principais MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter transitório; • Em torno de 5% das pessoas infectadas apresentam alguma forma de manifestação. • TIPOS: - Clínica: Verrugas ou lesões exofíticas, tecnicamente denominadas condilomas acuminados. Aspecto de couve-flor e tamanho variável. - Subclínica: Não são visíveis a olho nu; Não apresentam sinal ou sintoma; Colo do útero: Lesões intra-epiteliais de Baixo Grau/Neoplasia intra-epitelial grau I (NIC I): presença do vírus Lesões intra-epiteliais de Alto Grau/Neoplasia intra-epitelial graus II ou III (NIC II ou III): verdadeiras lesões precursoras do câncer de colo uterino RELAÇÃO COM O CÂNCER • Geralmente, uma infecção por HPV não leva ao desenvolvimento de cancro. No entanto, 99% das mulheres que têm cancro do colo uterino estão infectadas por estirpes de HPV de alto risco. • A infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento de câncer de colo uterino. • Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual também parecem influenciar. Câncer de colo uterino • É um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero chamadas de lesões precursoras, as quais são totalmente curáveis na maioria das vezes. Quando não tratadas podem evoluir para o câncer: câncer de colo uterino, bem como vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca. • No estágio inicial pode ser assintomático. • Com a progressão da doença pode haver: sangramento vaginal, corrimento e dor. EPIDEMIOLOGIA • Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV; • 32% estão infectadas pelos tipos 16 e 18 ou ambos; • Incidência anual de 500 mil casos de câncer de colo de útero, mostrando-se um evento raro. • Brasil, Colômbia, Tailândia, Filipinas = 13-20% dos habitantes. 80-90% das mulheres com NIC estão infectadas com HPV. DIAGNÓSTICO • Exame clínico com diagnóstico das verrugas ano-genitais; • Exames laboratoriais para lesões subclínicas: citopatológico, histopatológico e de biologia molecular. • Exames de colposcopia, peniscopia e anuscopia. TRATAMENTO • Não há tratamento para eliminar o vírus; • Depende da extensão, do número e da localização das lesões; • Laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e fármacos que melhora o sistema imuniológico; • Eletrocirurgia para lesões persistentes. PREVENÇÃO • Abstinência sexual; • Uso de preservativo, especialmente o condon feminino, reduz as chances de transmissão do HPV, mas não é 100% eficaz; • Vacina quadrivalente: confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; • Vacina bivalente: confere proteção contra HPV 16 e 18. • Vacina quadrivalente: - Indicada para homens e mulheres entre 9 e 26 anos de idade. • Vacina bivalente: - Indicada para mulheres entre 10 e 25 anos de idade. • Ambas as vacinas para meninas entre 9 e 13 anos de idade que ainda não iniciaram atividade sexual. RESUMO • HPV – Papilomavírus Humano • Condiloma acuminado ou “verruga genital” ou “crista de galo” • Transmissão: DST (contato oral-genital, genital-genital ou manual-genital) ou contato direto • Persistência das lesões: câncer de colo uterino, vagina, vulva, ânus, pênis, boca e orofaringe • Tratamento: laser, eletrocauterização, ATA • Prevenção: uso de preservativo e vacina anti-HPV