Aparelho Reprodutor Masculino

Propaganda
Aparelho Reprodutor Masculino
Considerações gerais
Fecundação: capacidade de produzir uma nova geração de indivíduos da mesma espécie. Fusão dos
gâmetas de ambos os sexos, mistura de cromossomas e criação de um novo ser geneticamente
diferente dos progenitores.
Os testículos são as gónadas masculinas, responsáveis pela produção de espermatozóides e de
hormonas sexuais masculinas (androgénios).
O restante aparelho reprodutor masculino é responsável pela maturação e armazenamento do
esperma, bem como pelo seu transporte.
No interior dos testículos, que é dividido em lóbulos, encontram-se os tubos seminíferos – têm
epitélio com 2 populações celulares: células espermatogénicas e células de suporte (células de
Sertoli).
Entre os túbulos seminíferos existe tecido conjuntivo de suporte (interstício) que contém células de
Leydig, as quais são responsáveis pela síntese e secreção de androgénios testiculares,
predominantemente testosterona.
Tubos seminíferos
Tubos rectos
Rede testicular (no mediastino testicular) – de onde
partem os canais eferentes para o:
Epidídimo – maturação e armazenamento dos espermatozóides.
Canais deferentes – maturação e armazenamento dos espermatozóides.
Canal ejaculatório (perto da próstata) – após união com os canais das vesículas seminais.
As vesículas seminais, localizadas de cada lado da próstata, esvaziam as suas secreções para o
canal ejaculatório que, juntamente com os espermatozóides e as secreções prostáticas formam o
esperma. Este vai do canal ejaculatório para a uretra e é expulso no momento da ejaculação.
Testículos
2 papéis fundamentais:
 Produção de espermatozóides.
 Produção de androgénios testiculares.
São sintetizados em compartimentos diferentes: os espermatozóides são produzidos nos tubos
seminíferos propriamente ditos enquanto a testosterona e outros androgénios testiculares são
produzidos nas células de Leydig, que estão no interstício entre os tubos seminíferos.
Além de uma barreira funcional, os 2 compartimentos parecem estar igualmente separados por uma
barreira anatómica, que existe entre eles uma barreira que impede a troca livre de materiais solúveis
em água → Barreira hemato-testicular:
 Devida a tight-junctions entre regiões basais de células de Sertoli adjacentes.
 Protege espermatozóides e a restante linhagem espermatogénica de agentes nocivos
presentes no sangue, permitindo assim que os espermatozóides se desenvolvam num
ambiente favorável. Além disso, impede que proteínas antigénicas, libertadas durante a
espermatogénese, passem para a corrente sanguínea, o que poderia despoletar uma resposta
autoimune aos espermatozóides.
Em caso de traumatismo testicular, estas proteínas antigénicas vão estimular a produção de
anticorpos que podem destruir os espermatozóides → infertilidade.
Apesar das barreiras entre os 2 compartimentos existe uma certa dependência, uma vez que a
produção de espermatozóides só ocorre se a secreção de androgénios for normal.
A parede dos tubos seminíferos está dividida num compartimento adluminal (ou central) e num
compartimento basal, sendo que a separação entre ambos é da responsabilidade da barreira
hemato-testicular.
A testosterona produzida nas células de Leydig vai difundir-se (por ser lipossolúvel, atravessa
membranas mais facilmente) para os tubos seminíferos e
para a circulação geral, provocando efeitos a nível
sistémico.
A espermatogénese é um processo complexo que
envolve a formação de números astronómicos de células
por mitose e a passagem do seu complemento
cromossómico para metade, por meiose.
Na puberdade, as células germinativas masculinas iniciam
a divisão mitótica, evento que marca o início da
espermatogénese
e
resulta
na
formação
de
espermatogónias – no compartimento basal dos tubos
seminíferos.
Há 2 tipos de espermatogónias:
 Servem de “stem-cells” de mais espermatogónias.
 Sofrem nova divisão e formam os espermatócitos
primários.
O espermatócito primário entra no compartimento
adluminal (destroem as tight junctions das células
de Sertoli) e entram em meiose. Daí resultam
espermatócitos secundários, que imediatamente
sofrem mitose e formam espermátides – fim da espermatogénese.
A fase terminal do processo envolve a conversão de espermátides em espermatozóides –
espermiogénese (apenas processo de maturação).
Espermatogónias – apenas no compartimento basal
Espermatócito primário entra na tight-junction e aumenta de tamanho
Espermatócito primário → espermatócio secundário → espermátides → espermatozóides.
Células
 Células de Leydig (no interstício) → produção de androgénios, principalmente testosterona
 Células de Sertoli (na parede dos tubos seminíferos).
o Barreira hemato-testicular (tight junctions).
o Nutrição de células da linha germinativa.
o Secreção de ABP (androgen-binding protein) – testosterona que passa para o tubo
seminífero mantém-se elevada porque se encontra ligada a esta proteína. É
necessário que [testosterona] no tubo seminífero se mantenha elevada para ocorrer
espermatogénese. Ocorre no lúmen.
o Secreção de inibina – inibe secreção de FSH.
o Secreção de agentes parácrinos:
 Acção nas células de Leydig.
 Acção na proliferação e diferenciação dos espermatozóides.
o Fagocitose de espermatozóides com anomalias e de restos celulares de
espermatogénese e espermiogénese.
o Secreção, durante a vida embrionária, de MIS (Müllecian inhibiting substance), que
causa a regressão dos canais de Müller (iriam originar os genitais femininos).
 Células espermatogénicas (parede dos tubos seminíferos)
A espermiogénese envolve reorganização do núcleo e do citoplasma da célula, bem como a
aquisição de flagelo. Todo o processo ocorre em associação com as células de Sertoli.
O espermatozóide imaturo é composto por 2 regiões:
 Cabeça: célula de núcleo haplóide; vesícula acrossómica (com enzimas hidrolíticas).
 Cauda: móvel; flagelo com a constituição dos cílios humanos normais.
O processo de diferenciação de um espermatócito para um espermatozóide móvel demora cerca de
70 dias. Após isto, o espermatozóide recém-formado é libertado no lúmen dos tubos seminíferos e
daí para o epidídimo onde sofre maturação e é armazenado (pode durar 1mês).
Espermatozóide maduro:
 Acrossoma – vesícula secretora, impede fertilização.
 Núcleo.
 Centríolos.
 Mitocôndrias (energia para movimento).
 Microtúbulos.
 Flagelo: 2 microtúbulos centrais + 9 pares de
microtúbulos em volta.
Quando se junta ao líquido seminal (produzido pela próstata e
vesículas seminais, sendo rico em frutose, prostaglandinas, etc)
→ alcalinização e nutrição. Isto confere maior mobilidade e
fertilidade aos espermatozóides. O pH óptimo dos espermatozóides é de 6,5.
Testosterona
É o principal androgénio testicular e é secretado pelas células de Leydig. A sua síntese ocorre da
seguinte forma:
Acetato
Colesterol
Pregnenolona
Dehidroepiandrosterona
Androstenediol
Androstenediona
Testosterona
A maior parte da secreção de testosterona passa directamente para o sangue. No entanto, uma
pequena quantidade entra nos tubos seminíferos, onde se liga à ABP (secretada pelas células de
Sertoli) e tem um papel importante no desenvolvimento dos espermatozóides. Uma vez que é um
esteróide e, por isso, solúvel em gorduras, a testosterona passa a barreira hemato-testicular por
difusão passiva. Uma vez nas células-alvo, a testosterona é convertida em dihidrotestosterona (nos
testículos) ou em 5α-androstenediona (nas células-alvo).
Acções da testosterona:
 Importante na diferenciação sexual na vida fetal.
 Na vida fetal tardia → migração dos testículos para o escroto.
 Na puberdade → caracteres sexuais secundários e maturação dos genitais.
 Acção no crescimento, maturação e função de diversos órgãos como o fígado, coração, osso
e músculo esquelético.
 Manutenção da espermatogénese.
 Comportamento sexual e agressividade.
 Estimula a secreção de eritropoietina pelo rim.
Regulação hormonal
LH – actua nas células de Leydig, promovendo a secreção de testosterona.
FSH – actua nas células de Sertoli, causando a libertação de ABP, inibina e estradiol (medo).
A testosterona inibe a secreção de LH (feedback negativo), ocorrendo o mesmo com a inibina e o
estradiol, ao nível da secreção de FSH.
O estradiol é um produto da testosterona formado a partir do complexo aromatase, sintetizado pelas
células de Sertoli.
Aromatase – enzima abundante nos ovários (também existe nos testículos), que converte
testosterona em estradiol e estrona.
Diferenciação dos fenótipos feminino e masculino
Tracto reprodutor primitivo: duplo sistema de canais genitais – canais de Wolff (masculino) e de
Müller (feminino) – e uma abertura comum para o exterior dos ductos genitais e urinário.
À 7ª semana de gestação – definição dos genitais internos e externos.
Genótipo XY → presença do gene SRY → diferenciação das gónadas primordiais: testículos fetais
Os testículos fetais originam:
Regressão dos canais de Müller
(iriam originar os genitais femininos!)
MIS
Células de Sertoli
Canais de Wolff → epidídimo,
canal deferente, vesícula seminal
Colesterol
Células de Leydig
Dehidrotestosterona
Desenvolvimento do pénis,
escroto e próstata
HCG
Genótipo XX → ausência do gene SRY → diferenciação das gónadas primordiais: ovários fetais.
Os ovários fetais originam:
Sem MIS
Canais de Müller → útero, trompas e
vagina interna.
Regressão dos canais de Wolff
Sem testosterona
Desenvolvimento da vulva
e vagina externa
Aparelho Reprodutor Feminino
Considerações gerais
Reprodução:
 Capacidade de produzir uma nova geração de indivíduos da mesma espécie.
 Fusão dos gâmetas masculinos e femininos, mistura dos cromossomas.
 Formaçao de um novo ser geneticamente diferente dos progenitores.
Tal como os testículos no homem, os ovários tanto produzem gâmetas haplóides como uma
variedade de diferentes hormonas. A produção de gâmetas é coordenada pela actividade endócrina.
Os restantes constituintes do aparelho reprodutor feminino facilitam a fertilização e a nidação do
embrião.
Anátomo-fisiologia dos órgãos sexuais femininos
Ovários – cavidade pélvica superior, de cada lado do útero. Produzem gâmetas e hormonas sexuais.
Trompas – possuem fímbrias que captam o ovócito e é no seu interior que se dá a fertilização.
Útero – entre o recto e a bexiga. Local de implantação do ovo ou zigoto. No colo do útero ocorre
secreção de muco, que é um meio de protecção contra infecções durante a gravidez e impede a
passagem de espermatozóides.
Ciclo ovárico ou menstrual
O ovário liberta gâmetas femininos e de forma cíclica e secreta, também de forma cíclica, hormonas
envolvidas não só na regulação intrínseca dos ovários mas também na regulação dos outros
componentes do aparelho reprodutor feminino.
Durante o ciclo menstrual observam-se variações cíclicas da resposta dos ovários, útero, colo do
útero (muco) e vagina (variações de pH).
Desenvolvimento das células germinativas
A unidade funcional do ovário é o folículo. Durante a vida fetal, o epitélio germinativo diferenciase em oogónias e uma vez o término das mitoses, estas células entram na 1ª divisão da meiótica,
passando a chamar-se ovócitos primários. Os ovócitos primários não completam a referida 1ª
divisão meiótica (ficam em diplóteno, profase I). Ao nascimento, quando esta divisão ocorre, o
ovócito já esta rodeado por células mesenquimatosas formando (o conjunto) o folículo primordial.
Até à puberdade → ovários com folículos primordiais.
Fase reprodutora → cada dia folículos escolhidos ao acaso são recrutados para sofrer maior
desenvolvimento, que inclui crescimento e maturação, ovulação, formação do corpo lúteo e
degeneração, se não ocorrer fertilização. Cada uma das etapas será descrita a seguir.
Ciclo ovárico
 Fase folicular – estádio de desenvolvimento folicular.
 Ovulação – fim da fase folicular; início da fase luteínica.
 Fase luteínica – formação e regressão do corpo lúteo
o Corpo lúteo.
o Corpo Albicans.
 Degeneração do corpo lúteo (12 dias após ovulação) → menstruação.
Ciclo de actividade folicular (25-35 dias)
 Fase folicular:
1) Fase pré-antral – 1-2 dias (c/ menstruação).
2) Fase antral – 8-12 dias.
3) Fase pré-ovulatória – 36 horas.
 Dominância dos estrogénios.
 Desenvolvimento e crescimento folicular.
 Ambiente favorável ao transporte de gâmetas e à fertilização.
 Fase lútea:
 Após ovulação.
 10-15 dias.
 Dominância da progesterona.
 Formação e regressão do corpo lúteo.
 Ambiente favorável à implantação e ao desenvolvimento inicial do ovo.
Crescimento folicular
Folículo primordial – ovócito primário +
células foliculares envolventes.
Folículo primário – ovócito ↑ 20 vezes de
tamanho, células foliculares formam uma única
bicamada cubóide, forma-se a zona pelúcida
(camada glicoproteica) entre o ovócito e as
células foliculares.
Folículo pré-antral (ou folículo primário
multilamelar) – proliferação das células
βliculares forma um epitélio estratificado
denominado camada granulosa. As células
aderentes à lâmina basal começam a
diferenciar-se e, neste ponto, formam a teca
indiferenciada.
Folículo secundário ou antral – assiste-se à diferenciação da teca em teca interna e teca externa,
espessamento de granulosa, formação de uma cavidade → antro folicular.
Folículo maduro ou de Graaf – antro com maiores dimensões, forma-se o cumulus oophorus e a
coroa radiata.
Mecanismos fisiológicos adjacentes ao crescimento folicular
Na passagem de folículo pré-antral para folículo antral, ocorre um evento crucial para o
desenvolvimento folicular futuro → células foliculares adquirem receptores.
As células da granulosa desenvolvem receptores para estrogénio e FSH enquanto que as células da
teca desenvolvem receptores para LH. Esta aquisição é um pré-requisito para a continuação do
desenvolvimento folicular, uma vez que todos os estádios seguintes são absolutamente dependentes
do controlo hormonal.
Fase pré-antral (folículo primordial → folículo pré-antral): independente do controlo hormonal.
Fase antral (folículo antral → folículo de Graaf): dependente do controlo hormonal – folículos
cujas células não adquirem receptores → Atrésia (morte).
Como tal, FSH e LH convertem o folículo pré-antral em antral. O líquido presente no antro folicular
é produzido pelas células da granulosa.
LH
FSH
Células da Teca
Células da granulosa
→ Sintetizam androgénios
→ Convertem androgénios em estrogénios
Testosterona e
androstenediona
Sintetizam também pequenas
quantidades de estrogénios
Receptores LH na
fase pré-ovulatória
Mecanismo de
potenciação interna
Particularmente estradiol-17β –
maioria dos estrogénios
circulantes
Como consequência desta actividade secretora:
↑ os níveis de androgénios e de estrogénios
circulantes
Como funciona o mecanismo de potenciação interna?
Os estrogénios produzidos pelas células da granulosa ligam-se aos receptores de estrogénios e
estimulam a proliferação de mais células da granulosa, o que significa que aumenta o número de
células que convertem androgénios em estrogénios. Como consequência, dá-se um aumento
substancial nos níveis de estrogénios circulantes ao longo da fase antral. Nos 2-3 dias finais desta
fase dá-se a altura em que a [estrogénios] é a mais elevada durante todo o ciclo. A este pico de
estrogénio está também associado um pico de LH:
→ À medida que o folículo chega ao fim da fase antral, 2 eventos importantes têm de ocorrer para
que o desenvolvimento prossiga:
1) Aquisição de receptores LH por parte das células da granulosa.
2) ↑ dos níveis circulantes de LH → pico de LH
Os receptores LH são sintetizados em resposta a FSH e estrogénios. Mais uma vez, folículos que
não tenham adquirido receptores sofrem atrésia.
A fase pré-ovulatória dura apenas 36 horas, mas o folículo sofre alterações marcadas, todas na
dependência das gonadotropinas hipofisárias, principalmente LH.
Um pouco depois do pico de LH (ou seja, um pouco antes da ovulação), o ovócito completa a sua 1ª
divisão meiótica, formando-se nesta altura o ovócito secundário. Este inicia a 2ª divisão meiótica
mas esta só é completada caso ocorra fertilização.
Durante a fase antral, as células da granulosa estão principalmente a converter androgénios em
estrogénios, sob influência de FSH. Na fase pré-ovulatória, LH estimula estas células a produzirem
progesterona, pelo que os níveis de estrogénio diminuem. Sensivelmente ao mesmo tempo, as
células da granulosa perdem os receptores de FSH e estrogénio
O pico de LH é determinante das alterações da fase pré-ovulatória. É também determinante da
ovulação na medida em que ocorre:
 ↑ da produção de progesterona pelas células da granulosa.
 ↓ dos receptores de estrogénio.
 ↓ dos receptores de FSH.
 1ª divisão meiótica completa – forma-se ovócito secundário.
 Rotura folicular.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
Aumenta a secreção de FSH e LH, devido aos baixos níveis plasmáticos.
Múltiplos folículos antrais começam a aumentar de tamanho e secretam estrogénio.
Concentração plasmática do estrogénio começa a aumentar.
Um folículo torna-se dominante e secreta grandes quantidades de estrogénio.
Concentração plasmática de estrogénio aumenta significativamente.
Secreção e concentração plasmática de FSH diminuem, causando atrésia de folículos não
dominantes.
7) Nível muito elevado de estrogénio plasmático exerce um feedback positivo na secreção de
gonadotropinas → activação da libertação maciça de LH.
8) O ovo completa a 1ª divisão meiótica e maturação citoplasmática.
9) Baixam os níveis de estrogénio secretado pelo folículo → ocorre ovulação.
10) Formação do corpo lúteo e secreta grandes quantidades de estrogénio e progesterona (esta
aumenta mais), aumentando as suas concentrações plasmáticas.
11) A secreção de FSH e LH é inibida e as suas concentrações plasmáticas diminuem.
12) O corpo lúteo começa a degenerar e a secreção hormonal diminui → diminuição das
concentrações plasmáticas de estrogénio e progesterona.
13) Recomeço de um novo ciclo!
Ovulação
 Libertação de ovócito secundário + zona pelúcida e células da granulosa.
 Expulsão do líquido folicular (possui enzimas que, ao serem libertadas no peritoneu podem
causar irritação, levando às dores de barriga características da ovulação).
 Captação do ovócito pelas trompas.
O pico de LH é indispensável à ovulação! A pílula faz com que não haja pico de LH.
Fase luteínica
Após a ovulação, um coágulo de sangue surge nos restos do folículo: corpo lúteo.
A formação do corpo lúteo é inteiramente dependente do pico de LH que ocorre na fase préovulatória e é também responsável pela ovulação. As células foliculares entram num processo
chamado luteinização. Tornam-se maiores e adquirem gotículas lipídicas no citoplasma, complexos
de Golgi mais desenvolvidos bem como RE e mitocôndrias → tudo isto leva a uma intensa
actividade secretora (secreção é máxima ao 8º dia após ovulação). As 2 hormonas secretadas são
estrogénio e progesterona, se bem que a 2ª é sem dúvida o esteróide dominante nesta fase
Na ausência de fertilização o corpo lúteo degenera após 10-14 dias, processo chamado luteólise →
envolve isquémia, morte celular, resultando numa diminuição de estrogénio e progesterona. O
corpo lúteo que degenera deixa uma cicatriz no tecido conjuntivo – corpo albicans.
Variações cíclicas no útero
Tanto o miométrio como o endométrio são extremamente sensíveis aos esteróides produzidos no
ovário de modo que as alterações sofridas por estas estruturas durante cada ciclo ocorrem devido à
acção das referidas hormonas esteróides.
 Fase menstrual:
o Constrição dos vasos uterinos → ↓ O2 e
nutrientes no endométrio → desintegração
(excepto camada basal).
o Contracções rítmicas do músculo liso.
o Dilatação das arteríolas → hemorragia
(perda do epitélio secretor endometrial e
sangue – 30-200mL)
 Fase proliferativa:
Os estrogénios exercem acção ao nível de:
o Miométrio → ↑ contractilidade.
o Endométrio → ↑ estroma endometrial e
alargamento das artérias em espiral; ↑
receptores de progesterona. (preparação do
útero para nidação e formação de
placenta).
o Trompas → ↑ actividade ciliar e muscular.
 Fase secretora:
Progesterona exerce efeito ao nível de:
o Miométrio → ↓ contractilidade (facilita a nidação; se não ocorrer há aborto).
o Endométrio → ↑ estroma endometrial; secreção glandular; alargamento das artérias
em espiral.
Dias Eventos
1-5
7
7-12
12-13
14
15-25
25-28
Estrogénio e progesterona estão baixos porque o corpo lúteo prévio está a regredir
 Revestimento endometrial começa a desintegrar-se.
 Secreção de FSH e LH aumenta, e assim as suas concentrações.
 Vários folículos são estimulados a amadurecer
Um único folículo torna-se dominante
Aumenta [estrogénio] plasmática devido à secreção pelo folículo dominante.
 Endométrio é estimulado a a proliferar.
LH e FSH diminuem devido ao feedback negativo exercido pelo estrogénio e inibina.
 Ocorre atrésia dos folículos não dominantes.
Pico de LH é induzido pelo aumento de [estrogénio] plasmática.
 Ovócito é induzido a completar a 1ª divisão meiótica e a maturar no citoplasma.
 Folículo é estimulado a secretar enzimas digestivas e prostaglandinas.
Ovulação é mediada por enzimas foliculares e prostaglandinas.
Formação de corpo lúteo e, sob a influência de níveis baixos, mas adequados, de LH,
secreta estrogénio e progesterona, e assim as concentrações plasmáticas destas hormonas
aumentam.
 Desenvolvimento de endométrio secretor.
 Secreção de FSH e LH é inibida, baixando as concentrações destas.
 Não há desenvolvimento de folículos.
Degeneração do corpo lúteo (se não houver fertilização)
 [Estrogénio] e [progesterona] plasmáticas diminuem.
 Endométrio começa a desintegrar-se → novo ciclo.
Folicular
Luteínica
Ovário
Menstrual
Proliferativa
 ↑ Muco
 Muco claro, fino, elástico
 Muco favorável ao esperma
Secretora
Útero
 ↓ Muco
 Muco espesso, aderente.
 Muco hostil ao esperma
Muco
cervical
Acções dos estrogénios/progesterona
Estrogéneos








Acção nos órgãos reprodutores.
Efeito anabólico.
↓ Colesterolémia → mulheres mais protegidas contra
doenças cardiovasculares (até à menopausa!).
↓ Fragilidade capilar → mulheres mais protegidas
contra doenças cardiovasculares (até à menopausa!).
Comportamento e humor
Manutenção do esqueleto → actividade osteblástica.
Caracteres sexuais secundários → delinear da silhueta.
Efeitos na mama → na gravidez: crescimento da
mama; na puberdade: desenvolvimento dos ductos.
Progesterona

Acção nos órgãos reprodutores.

Efeito catabólico (dá fome).

↑ Temperatura basal (0,2-0,5ºC).

Efeito importante na gravidez.

Efeitos na mama – desenvolvimento
mamário, fundamental para
amamentação.
Variações cíclicas hormonais
3
1
2
4
5
4
5
3
1
2
1 – Estrogénios baixos:
 Ligeiro ↑ FSH.
 Feedback negativo.
2 – Estrogénios baixos-moderados:
 Manutenção de níveis de FSH e LH
 Feedback negativo.
3 – Estrogénios altos (↑ produção a nível folicular):
 ↑ FSH e LH – pico de LH, responsável pela ovulação.
 Feedback positivo.
4 – Progesterona alta (tem sempre mecanismo de feedback negativo) e estrogénios baixos:
 ↓ FSH e LH.
 Feedback negativo.
5 – Progesterona e estrogénios altos:
 ↓ FSH e LH, devido ao predomínio da acção de progesterona.
 Feedback negativo de progesterona.
Estrogénios em doses muito elevadas → feedback positivo na hipófise.
Estrogénios em doses mais baixas → feedback negativo na hipófise.
Progesterona em doses elevadas → feedback negativo na hipófise.
Quando progesterona e estrogénio estão elevados, o feedback negativo da progesterona predomina
sobre o eventual feedback positivo dos estrogénios.
Mecanismos de retrocontrolo
 GnRH estimula a libertação de LH e FSH pela hipófise.
 ↑ Progesterona e estrogénio após ovulação inibem a secreção de GnRH pelo hipotálamo e de
FSH e LH pela hipófise.
 ↑ Estrogénio a meio do ciclo estimula a secreção de GnRH pelo hipotálamo e de LH pela
hipófise.
 ↑ Prolactina inibe GnRH: quando está a amamentar a mulher tem mais dificuldade em
engravidar.
Androgénios na mulher
 Produção → glândulas supra-renais e ovários.
 Quando em excesso → virilismo.
 Causam crescimento de pêlos púbicos e axilares.
Activação e regressão das gónadas
Na mulher:
a) Puberdade e Menarca (8-16 anos)
 Transição entre fase não reprodutiva e fase reprodutiva.
 Período de transformação corporal.
 Aumento gradual de GnRH/FSH/LH e ligeiro aumento de estrogénios.
 Caracteres sexuais secundários e órgãos reprodutores acessórios.
 1ª Menstruação (+/- aos 12 anos, não se sabe porque nem como surge).
 As primeiras menstruações não são regulares.
 Ciclos anovulatórios.
b) Menopausa e climatério (45-55 anos)
 Falência progressiva do aparelho reprodutor.
 Período de ciclos anovulatórios e irregulares.
 ↓ Esteróides ováricos e ↑ FSH e LH.
 Período de alterações físicas e hormonais.
 Menopausa (última menstruação).
 Paragem dos ciclos reprodutivos mas manutenção da actividade sexual.
No homem:
a) Puberdade (10-16 anos)
 Transição entre fase não reprodutiva e fase reprodutiva.
 Período de transformação corporal.
 1º Evento endocrinológico: ↑ LH (estimula células de Leydig) – maturação das
células de Leydig e produção de testosterona.
b) Andropausa (após 50 anos)
 ↓ Testosterona; ligeiro ↑ FSH e LH com avançar da idade
 ↓ Produção de esperma.
 Manutenção de fertilidade e actividade sexual.
Contracepção




Métodos barreira (prevenção das DSTs) → preservativo e diafragma cervical.
Espermicidas → usar com método barreira.
Esterilização → vasectomia e laqueação das trompas.
Dispositivo intra-uterino (DIU) → impede a fertilização, se houver, a implantação do
blastocisto.
 Estrogénios/Progesterona → combinação de minipílulas.
 Outros métodos:
o Ritmo, temperatura, alterações do muco cervical.
o Coito interrompido.
o Anéis vaginais contraceptivos.
o Contracepção de emergência – pílula SOS.
 Terapêutica hormonal de substituição:
o Estrogénios.
o Estrogénios e progesterona.
Download