Aparelho Reprodutor Masculino Considerações gerais Fecundação: capacidade de produzir uma nova geração de indivíduos da mesma espécie. Fusão dos gâmetas de ambos os sexos, mistura de cromossomas e criação de um novo ser geneticamente diferente dos progenitores. Os testículos são as gónadas masculinas, responsáveis pela produção de espermatozóides e de hormonas sexuais masculinas (androgénios). O restante aparelho reprodutor masculino é responsável pela maturação e armazenamento do esperma, bem como pelo seu transporte. No interior dos testículos, que é dividido em lóbulos, encontram-se os tubos seminíferos – têm epitélio com 2 populações celulares: células espermatogénicas e células de suporte (células de Sertoli). Entre os túbulos seminíferos existe tecido conjuntivo de suporte (interstício) que contém células de Leydig, as quais são responsáveis pela síntese e secreção de androgénios testiculares, predominantemente testosterona. Tubos seminíferos Tubos rectos Rede testicular (no mediastino testicular) – de onde partem os canais eferentes para o: Epidídimo – maturação e armazenamento dos espermatozóides. Canais deferentes – maturação e armazenamento dos espermatozóides. Canal ejaculatório (perto da próstata) – após união com os canais das vesículas seminais. As vesículas seminais, localizadas de cada lado da próstata, esvaziam as suas secreções para o canal ejaculatório que, juntamente com os espermatozóides e as secreções prostáticas formam o esperma. Este vai do canal ejaculatório para a uretra e é expulso no momento da ejaculação. Testículos 2 papéis fundamentais: Produção de espermatozóides. Produção de androgénios testiculares. São sintetizados em compartimentos diferentes: os espermatozóides são produzidos nos tubos seminíferos propriamente ditos enquanto a testosterona e outros androgénios testiculares são produzidos nas células de Leydig, que estão no interstício entre os tubos seminíferos. Além de uma barreira funcional, os 2 compartimentos parecem estar igualmente separados por uma barreira anatómica, que existe entre eles uma barreira que impede a troca livre de materiais solúveis em água → Barreira hemato-testicular: Devida a tight-junctions entre regiões basais de células de Sertoli adjacentes. Protege espermatozóides e a restante linhagem espermatogénica de agentes nocivos presentes no sangue, permitindo assim que os espermatozóides se desenvolvam num ambiente favorável. Além disso, impede que proteínas antigénicas, libertadas durante a espermatogénese, passem para a corrente sanguínea, o que poderia despoletar uma resposta autoimune aos espermatozóides. Em caso de traumatismo testicular, estas proteínas antigénicas vão estimular a produção de anticorpos que podem destruir os espermatozóides → infertilidade. Apesar das barreiras entre os 2 compartimentos existe uma certa dependência, uma vez que a produção de espermatozóides só ocorre se a secreção de androgénios for normal. A parede dos tubos seminíferos está dividida num compartimento adluminal (ou central) e num compartimento basal, sendo que a separação entre ambos é da responsabilidade da barreira hemato-testicular. A testosterona produzida nas células de Leydig vai difundir-se (por ser lipossolúvel, atravessa membranas mais facilmente) para os tubos seminíferos e para a circulação geral, provocando efeitos a nível sistémico. A espermatogénese é um processo complexo que envolve a formação de números astronómicos de células por mitose e a passagem do seu complemento cromossómico para metade, por meiose. Na puberdade, as células germinativas masculinas iniciam a divisão mitótica, evento que marca o início da espermatogénese e resulta na formação de espermatogónias – no compartimento basal dos tubos seminíferos. Há 2 tipos de espermatogónias: Servem de “stem-cells” de mais espermatogónias. Sofrem nova divisão e formam os espermatócitos primários. O espermatócito primário entra no compartimento adluminal (destroem as tight junctions das células de Sertoli) e entram em meiose. Daí resultam espermatócitos secundários, que imediatamente sofrem mitose e formam espermátides – fim da espermatogénese. A fase terminal do processo envolve a conversão de espermátides em espermatozóides – espermiogénese (apenas processo de maturação). Espermatogónias – apenas no compartimento basal Espermatócito primário entra na tight-junction e aumenta de tamanho Espermatócito primário → espermatócio secundário → espermátides → espermatozóides. Células Células de Leydig (no interstício) → produção de androgénios, principalmente testosterona Células de Sertoli (na parede dos tubos seminíferos). o Barreira hemato-testicular (tight junctions). o Nutrição de células da linha germinativa. o Secreção de ABP (androgen-binding protein) – testosterona que passa para o tubo seminífero mantém-se elevada porque se encontra ligada a esta proteína. É necessário que [testosterona] no tubo seminífero se mantenha elevada para ocorrer espermatogénese. Ocorre no lúmen. o Secreção de inibina – inibe secreção de FSH. o Secreção de agentes parácrinos: Acção nas células de Leydig. Acção na proliferação e diferenciação dos espermatozóides. o Fagocitose de espermatozóides com anomalias e de restos celulares de espermatogénese e espermiogénese. o Secreção, durante a vida embrionária, de MIS (Müllecian inhibiting substance), que causa a regressão dos canais de Müller (iriam originar os genitais femininos). Células espermatogénicas (parede dos tubos seminíferos) A espermiogénese envolve reorganização do núcleo e do citoplasma da célula, bem como a aquisição de flagelo. Todo o processo ocorre em associação com as células de Sertoli. O espermatozóide imaturo é composto por 2 regiões: Cabeça: célula de núcleo haplóide; vesícula acrossómica (com enzimas hidrolíticas). Cauda: móvel; flagelo com a constituição dos cílios humanos normais. O processo de diferenciação de um espermatócito para um espermatozóide móvel demora cerca de 70 dias. Após isto, o espermatozóide recém-formado é libertado no lúmen dos tubos seminíferos e daí para o epidídimo onde sofre maturação e é armazenado (pode durar 1mês). Espermatozóide maduro: Acrossoma – vesícula secretora, impede fertilização. Núcleo. Centríolos. Mitocôndrias (energia para movimento). Microtúbulos. Flagelo: 2 microtúbulos centrais + 9 pares de microtúbulos em volta. Quando se junta ao líquido seminal (produzido pela próstata e vesículas seminais, sendo rico em frutose, prostaglandinas, etc) → alcalinização e nutrição. Isto confere maior mobilidade e fertilidade aos espermatozóides. O pH óptimo dos espermatozóides é de 6,5. Testosterona É o principal androgénio testicular e é secretado pelas células de Leydig. A sua síntese ocorre da seguinte forma: Acetato Colesterol Pregnenolona Dehidroepiandrosterona Androstenediol Androstenediona Testosterona A maior parte da secreção de testosterona passa directamente para o sangue. No entanto, uma pequena quantidade entra nos tubos seminíferos, onde se liga à ABP (secretada pelas células de Sertoli) e tem um papel importante no desenvolvimento dos espermatozóides. Uma vez que é um esteróide e, por isso, solúvel em gorduras, a testosterona passa a barreira hemato-testicular por difusão passiva. Uma vez nas células-alvo, a testosterona é convertida em dihidrotestosterona (nos testículos) ou em 5α-androstenediona (nas células-alvo). Acções da testosterona: Importante na diferenciação sexual na vida fetal. Na vida fetal tardia → migração dos testículos para o escroto. Na puberdade → caracteres sexuais secundários e maturação dos genitais. Acção no crescimento, maturação e função de diversos órgãos como o fígado, coração, osso e músculo esquelético. Manutenção da espermatogénese. Comportamento sexual e agressividade. Estimula a secreção de eritropoietina pelo rim. Regulação hormonal LH – actua nas células de Leydig, promovendo a secreção de testosterona. FSH – actua nas células de Sertoli, causando a libertação de ABP, inibina e estradiol (medo). A testosterona inibe a secreção de LH (feedback negativo), ocorrendo o mesmo com a inibina e o estradiol, ao nível da secreção de FSH. O estradiol é um produto da testosterona formado a partir do complexo aromatase, sintetizado pelas células de Sertoli. Aromatase – enzima abundante nos ovários (também existe nos testículos), que converte testosterona em estradiol e estrona. Diferenciação dos fenótipos feminino e masculino Tracto reprodutor primitivo: duplo sistema de canais genitais – canais de Wolff (masculino) e de Müller (feminino) – e uma abertura comum para o exterior dos ductos genitais e urinário. À 7ª semana de gestação – definição dos genitais internos e externos. Genótipo XY → presença do gene SRY → diferenciação das gónadas primordiais: testículos fetais Os testículos fetais originam: Regressão dos canais de Müller (iriam originar os genitais femininos!) MIS Células de Sertoli Canais de Wolff → epidídimo, canal deferente, vesícula seminal Colesterol Células de Leydig Dehidrotestosterona Desenvolvimento do pénis, escroto e próstata HCG Genótipo XX → ausência do gene SRY → diferenciação das gónadas primordiais: ovários fetais. Os ovários fetais originam: Sem MIS Canais de Müller → útero, trompas e vagina interna. Regressão dos canais de Wolff Sem testosterona Desenvolvimento da vulva e vagina externa Aparelho Reprodutor Feminino Considerações gerais Reprodução: Capacidade de produzir uma nova geração de indivíduos da mesma espécie. Fusão dos gâmetas masculinos e femininos, mistura dos cromossomas. Formaçao de um novo ser geneticamente diferente dos progenitores. Tal como os testículos no homem, os ovários tanto produzem gâmetas haplóides como uma variedade de diferentes hormonas. A produção de gâmetas é coordenada pela actividade endócrina. Os restantes constituintes do aparelho reprodutor feminino facilitam a fertilização e a nidação do embrião. Anátomo-fisiologia dos órgãos sexuais femininos Ovários – cavidade pélvica superior, de cada lado do útero. Produzem gâmetas e hormonas sexuais. Trompas – possuem fímbrias que captam o ovócito e é no seu interior que se dá a fertilização. Útero – entre o recto e a bexiga. Local de implantação do ovo ou zigoto. No colo do útero ocorre secreção de muco, que é um meio de protecção contra infecções durante a gravidez e impede a passagem de espermatozóides. Ciclo ovárico ou menstrual O ovário liberta gâmetas femininos e de forma cíclica e secreta, também de forma cíclica, hormonas envolvidas não só na regulação intrínseca dos ovários mas também na regulação dos outros componentes do aparelho reprodutor feminino. Durante o ciclo menstrual observam-se variações cíclicas da resposta dos ovários, útero, colo do útero (muco) e vagina (variações de pH). Desenvolvimento das células germinativas A unidade funcional do ovário é o folículo. Durante a vida fetal, o epitélio germinativo diferenciase em oogónias e uma vez o término das mitoses, estas células entram na 1ª divisão da meiótica, passando a chamar-se ovócitos primários. Os ovócitos primários não completam a referida 1ª divisão meiótica (ficam em diplóteno, profase I). Ao nascimento, quando esta divisão ocorre, o ovócito já esta rodeado por células mesenquimatosas formando (o conjunto) o folículo primordial. Até à puberdade → ovários com folículos primordiais. Fase reprodutora → cada dia folículos escolhidos ao acaso são recrutados para sofrer maior desenvolvimento, que inclui crescimento e maturação, ovulação, formação do corpo lúteo e degeneração, se não ocorrer fertilização. Cada uma das etapas será descrita a seguir. Ciclo ovárico Fase folicular – estádio de desenvolvimento folicular. Ovulação – fim da fase folicular; início da fase luteínica. Fase luteínica – formação e regressão do corpo lúteo o Corpo lúteo. o Corpo Albicans. Degeneração do corpo lúteo (12 dias após ovulação) → menstruação. Ciclo de actividade folicular (25-35 dias) Fase folicular: 1) Fase pré-antral – 1-2 dias (c/ menstruação). 2) Fase antral – 8-12 dias. 3) Fase pré-ovulatória – 36 horas. Dominância dos estrogénios. Desenvolvimento e crescimento folicular. Ambiente favorável ao transporte de gâmetas e à fertilização. Fase lútea: Após ovulação. 10-15 dias. Dominância da progesterona. Formação e regressão do corpo lúteo. Ambiente favorável à implantação e ao desenvolvimento inicial do ovo. Crescimento folicular Folículo primordial – ovócito primário + células foliculares envolventes. Folículo primário – ovócito ↑ 20 vezes de tamanho, células foliculares formam uma única bicamada cubóide, forma-se a zona pelúcida (camada glicoproteica) entre o ovócito e as células foliculares. Folículo pré-antral (ou folículo primário multilamelar) – proliferação das células βliculares forma um epitélio estratificado denominado camada granulosa. As células aderentes à lâmina basal começam a diferenciar-se e, neste ponto, formam a teca indiferenciada. Folículo secundário ou antral – assiste-se à diferenciação da teca em teca interna e teca externa, espessamento de granulosa, formação de uma cavidade → antro folicular. Folículo maduro ou de Graaf – antro com maiores dimensões, forma-se o cumulus oophorus e a coroa radiata. Mecanismos fisiológicos adjacentes ao crescimento folicular Na passagem de folículo pré-antral para folículo antral, ocorre um evento crucial para o desenvolvimento folicular futuro → células foliculares adquirem receptores. As células da granulosa desenvolvem receptores para estrogénio e FSH enquanto que as células da teca desenvolvem receptores para LH. Esta aquisição é um pré-requisito para a continuação do desenvolvimento folicular, uma vez que todos os estádios seguintes são absolutamente dependentes do controlo hormonal. Fase pré-antral (folículo primordial → folículo pré-antral): independente do controlo hormonal. Fase antral (folículo antral → folículo de Graaf): dependente do controlo hormonal – folículos cujas células não adquirem receptores → Atrésia (morte). Como tal, FSH e LH convertem o folículo pré-antral em antral. O líquido presente no antro folicular é produzido pelas células da granulosa. LH FSH Células da Teca Células da granulosa → Sintetizam androgénios → Convertem androgénios em estrogénios Testosterona e androstenediona Sintetizam também pequenas quantidades de estrogénios Receptores LH na fase pré-ovulatória Mecanismo de potenciação interna Particularmente estradiol-17β – maioria dos estrogénios circulantes Como consequência desta actividade secretora: ↑ os níveis de androgénios e de estrogénios circulantes Como funciona o mecanismo de potenciação interna? Os estrogénios produzidos pelas células da granulosa ligam-se aos receptores de estrogénios e estimulam a proliferação de mais células da granulosa, o que significa que aumenta o número de células que convertem androgénios em estrogénios. Como consequência, dá-se um aumento substancial nos níveis de estrogénios circulantes ao longo da fase antral. Nos 2-3 dias finais desta fase dá-se a altura em que a [estrogénios] é a mais elevada durante todo o ciclo. A este pico de estrogénio está também associado um pico de LH: → À medida que o folículo chega ao fim da fase antral, 2 eventos importantes têm de ocorrer para que o desenvolvimento prossiga: 1) Aquisição de receptores LH por parte das células da granulosa. 2) ↑ dos níveis circulantes de LH → pico de LH Os receptores LH são sintetizados em resposta a FSH e estrogénios. Mais uma vez, folículos que não tenham adquirido receptores sofrem atrésia. A fase pré-ovulatória dura apenas 36 horas, mas o folículo sofre alterações marcadas, todas na dependência das gonadotropinas hipofisárias, principalmente LH. Um pouco depois do pico de LH (ou seja, um pouco antes da ovulação), o ovócito completa a sua 1ª divisão meiótica, formando-se nesta altura o ovócito secundário. Este inicia a 2ª divisão meiótica mas esta só é completada caso ocorra fertilização. Durante a fase antral, as células da granulosa estão principalmente a converter androgénios em estrogénios, sob influência de FSH. Na fase pré-ovulatória, LH estimula estas células a produzirem progesterona, pelo que os níveis de estrogénio diminuem. Sensivelmente ao mesmo tempo, as células da granulosa perdem os receptores de FSH e estrogénio O pico de LH é determinante das alterações da fase pré-ovulatória. É também determinante da ovulação na medida em que ocorre: ↑ da produção de progesterona pelas células da granulosa. ↓ dos receptores de estrogénio. ↓ dos receptores de FSH. 1ª divisão meiótica completa – forma-se ovócito secundário. Rotura folicular. 1) 2) 3) 4) 5) 6) Aumenta a secreção de FSH e LH, devido aos baixos níveis plasmáticos. Múltiplos folículos antrais começam a aumentar de tamanho e secretam estrogénio. Concentração plasmática do estrogénio começa a aumentar. Um folículo torna-se dominante e secreta grandes quantidades de estrogénio. Concentração plasmática de estrogénio aumenta significativamente. Secreção e concentração plasmática de FSH diminuem, causando atrésia de folículos não dominantes. 7) Nível muito elevado de estrogénio plasmático exerce um feedback positivo na secreção de gonadotropinas → activação da libertação maciça de LH. 8) O ovo completa a 1ª divisão meiótica e maturação citoplasmática. 9) Baixam os níveis de estrogénio secretado pelo folículo → ocorre ovulação. 10) Formação do corpo lúteo e secreta grandes quantidades de estrogénio e progesterona (esta aumenta mais), aumentando as suas concentrações plasmáticas. 11) A secreção de FSH e LH é inibida e as suas concentrações plasmáticas diminuem. 12) O corpo lúteo começa a degenerar e a secreção hormonal diminui → diminuição das concentrações plasmáticas de estrogénio e progesterona. 13) Recomeço de um novo ciclo! Ovulação Libertação de ovócito secundário + zona pelúcida e células da granulosa. Expulsão do líquido folicular (possui enzimas que, ao serem libertadas no peritoneu podem causar irritação, levando às dores de barriga características da ovulação). Captação do ovócito pelas trompas. O pico de LH é indispensável à ovulação! A pílula faz com que não haja pico de LH. Fase luteínica Após a ovulação, um coágulo de sangue surge nos restos do folículo: corpo lúteo. A formação do corpo lúteo é inteiramente dependente do pico de LH que ocorre na fase préovulatória e é também responsável pela ovulação. As células foliculares entram num processo chamado luteinização. Tornam-se maiores e adquirem gotículas lipídicas no citoplasma, complexos de Golgi mais desenvolvidos bem como RE e mitocôndrias → tudo isto leva a uma intensa actividade secretora (secreção é máxima ao 8º dia após ovulação). As 2 hormonas secretadas são estrogénio e progesterona, se bem que a 2ª é sem dúvida o esteróide dominante nesta fase Na ausência de fertilização o corpo lúteo degenera após 10-14 dias, processo chamado luteólise → envolve isquémia, morte celular, resultando numa diminuição de estrogénio e progesterona. O corpo lúteo que degenera deixa uma cicatriz no tecido conjuntivo – corpo albicans. Variações cíclicas no útero Tanto o miométrio como o endométrio são extremamente sensíveis aos esteróides produzidos no ovário de modo que as alterações sofridas por estas estruturas durante cada ciclo ocorrem devido à acção das referidas hormonas esteróides. Fase menstrual: o Constrição dos vasos uterinos → ↓ O2 e nutrientes no endométrio → desintegração (excepto camada basal). o Contracções rítmicas do músculo liso. o Dilatação das arteríolas → hemorragia (perda do epitélio secretor endometrial e sangue – 30-200mL) Fase proliferativa: Os estrogénios exercem acção ao nível de: o Miométrio → ↑ contractilidade. o Endométrio → ↑ estroma endometrial e alargamento das artérias em espiral; ↑ receptores de progesterona. (preparação do útero para nidação e formação de placenta). o Trompas → ↑ actividade ciliar e muscular. Fase secretora: Progesterona exerce efeito ao nível de: o Miométrio → ↓ contractilidade (facilita a nidação; se não ocorrer há aborto). o Endométrio → ↑ estroma endometrial; secreção glandular; alargamento das artérias em espiral. Dias Eventos 1-5 7 7-12 12-13 14 15-25 25-28 Estrogénio e progesterona estão baixos porque o corpo lúteo prévio está a regredir Revestimento endometrial começa a desintegrar-se. Secreção de FSH e LH aumenta, e assim as suas concentrações. Vários folículos são estimulados a amadurecer Um único folículo torna-se dominante Aumenta [estrogénio] plasmática devido à secreção pelo folículo dominante. Endométrio é estimulado a a proliferar. LH e FSH diminuem devido ao feedback negativo exercido pelo estrogénio e inibina. Ocorre atrésia dos folículos não dominantes. Pico de LH é induzido pelo aumento de [estrogénio] plasmática. Ovócito é induzido a completar a 1ª divisão meiótica e a maturar no citoplasma. Folículo é estimulado a secretar enzimas digestivas e prostaglandinas. Ovulação é mediada por enzimas foliculares e prostaglandinas. Formação de corpo lúteo e, sob a influência de níveis baixos, mas adequados, de LH, secreta estrogénio e progesterona, e assim as concentrações plasmáticas destas hormonas aumentam. Desenvolvimento de endométrio secretor. Secreção de FSH e LH é inibida, baixando as concentrações destas. Não há desenvolvimento de folículos. Degeneração do corpo lúteo (se não houver fertilização) [Estrogénio] e [progesterona] plasmáticas diminuem. Endométrio começa a desintegrar-se → novo ciclo. Folicular Luteínica Ovário Menstrual Proliferativa ↑ Muco Muco claro, fino, elástico Muco favorável ao esperma Secretora Útero ↓ Muco Muco espesso, aderente. Muco hostil ao esperma Muco cervical Acções dos estrogénios/progesterona Estrogéneos Acção nos órgãos reprodutores. Efeito anabólico. ↓ Colesterolémia → mulheres mais protegidas contra doenças cardiovasculares (até à menopausa!). ↓ Fragilidade capilar → mulheres mais protegidas contra doenças cardiovasculares (até à menopausa!). Comportamento e humor Manutenção do esqueleto → actividade osteblástica. Caracteres sexuais secundários → delinear da silhueta. Efeitos na mama → na gravidez: crescimento da mama; na puberdade: desenvolvimento dos ductos. Progesterona Acção nos órgãos reprodutores. Efeito catabólico (dá fome). ↑ Temperatura basal (0,2-0,5ºC). Efeito importante na gravidez. Efeitos na mama – desenvolvimento mamário, fundamental para amamentação. Variações cíclicas hormonais 3 1 2 4 5 4 5 3 1 2 1 – Estrogénios baixos: Ligeiro ↑ FSH. Feedback negativo. 2 – Estrogénios baixos-moderados: Manutenção de níveis de FSH e LH Feedback negativo. 3 – Estrogénios altos (↑ produção a nível folicular): ↑ FSH e LH – pico de LH, responsável pela ovulação. Feedback positivo. 4 – Progesterona alta (tem sempre mecanismo de feedback negativo) e estrogénios baixos: ↓ FSH e LH. Feedback negativo. 5 – Progesterona e estrogénios altos: ↓ FSH e LH, devido ao predomínio da acção de progesterona. Feedback negativo de progesterona. Estrogénios em doses muito elevadas → feedback positivo na hipófise. Estrogénios em doses mais baixas → feedback negativo na hipófise. Progesterona em doses elevadas → feedback negativo na hipófise. Quando progesterona e estrogénio estão elevados, o feedback negativo da progesterona predomina sobre o eventual feedback positivo dos estrogénios. Mecanismos de retrocontrolo GnRH estimula a libertação de LH e FSH pela hipófise. ↑ Progesterona e estrogénio após ovulação inibem a secreção de GnRH pelo hipotálamo e de FSH e LH pela hipófise. ↑ Estrogénio a meio do ciclo estimula a secreção de GnRH pelo hipotálamo e de LH pela hipófise. ↑ Prolactina inibe GnRH: quando está a amamentar a mulher tem mais dificuldade em engravidar. Androgénios na mulher Produção → glândulas supra-renais e ovários. Quando em excesso → virilismo. Causam crescimento de pêlos púbicos e axilares. Activação e regressão das gónadas Na mulher: a) Puberdade e Menarca (8-16 anos) Transição entre fase não reprodutiva e fase reprodutiva. Período de transformação corporal. Aumento gradual de GnRH/FSH/LH e ligeiro aumento de estrogénios. Caracteres sexuais secundários e órgãos reprodutores acessórios. 1ª Menstruação (+/- aos 12 anos, não se sabe porque nem como surge). As primeiras menstruações não são regulares. Ciclos anovulatórios. b) Menopausa e climatério (45-55 anos) Falência progressiva do aparelho reprodutor. Período de ciclos anovulatórios e irregulares. ↓ Esteróides ováricos e ↑ FSH e LH. Período de alterações físicas e hormonais. Menopausa (última menstruação). Paragem dos ciclos reprodutivos mas manutenção da actividade sexual. No homem: a) Puberdade (10-16 anos) Transição entre fase não reprodutiva e fase reprodutiva. Período de transformação corporal. 1º Evento endocrinológico: ↑ LH (estimula células de Leydig) – maturação das células de Leydig e produção de testosterona. b) Andropausa (após 50 anos) ↓ Testosterona; ligeiro ↑ FSH e LH com avançar da idade ↓ Produção de esperma. Manutenção de fertilidade e actividade sexual. Contracepção Métodos barreira (prevenção das DSTs) → preservativo e diafragma cervical. Espermicidas → usar com método barreira. Esterilização → vasectomia e laqueação das trompas. Dispositivo intra-uterino (DIU) → impede a fertilização, se houver, a implantação do blastocisto. Estrogénios/Progesterona → combinação de minipílulas. Outros métodos: o Ritmo, temperatura, alterações do muco cervical. o Coito interrompido. o Anéis vaginais contraceptivos. o Contracepção de emergência – pílula SOS. Terapêutica hormonal de substituição: o Estrogénios. o Estrogénios e progesterona.