UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO UFOP ESCOLA DE MINAS – EM COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO – CECAU CORREÇÃO AUTOMÁTICA DO FATOR DE POTÊNCIA PARA INDÚSTRIAS MONOGRAFGIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO LUCAS ANTÔNIO CALIXTO DE OLIVEIRA OURO PRETO, 2006 LUCAS ANTÔNIO CALIXTO DE OLIVEIRA CORREÇÃO AUTOMÁTICA DO FATOR DE POTÊNCIA PARA INDÚSTRIAS Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal de Ouro Preto como parte dos requisitos para a obtenção de Grau em Engenheiro de Controle e Automação. Orientador: Prof°. Dr. Ronilson Rocha Ouro Preto Escola de Minas - UFOP OUTUBRO / 2006 AGRADECIMENTOS Agradeço a Minerações Brasileiras Reunidas S.A. pela oportunidade de conhecê-la e pela chance de perceber um ramo bem prático para a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo destes 5 anos. Gostaria de agradecer em especial ao Sr. Carlos Antônio da Mata por todo o apoio prestado no período em que estive nesta empresa. Agradeço também aos colegas e professores da UFOP e a todos que contribuíram para a realização desta monografia. De um modo especial agradeço aos meus pais, Carlos e Nazaré, e a meus irmãos, Filipe e Leandro, que foram aqueles mais presentes e que mais se empenharam na realização deste trabalho. “A parte mais importante do progresso é o desejo de progredir” Lucius Annaeus Seneca SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................I ABSTRACT .......................................................................................................... II LISTA DE FIGURAS .........................................................................................III LISTA DE TABELAS.........................................................................................IV LISTA DE ABRETIATURAS............................................................................. V I. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1 1.1 Origem do Trabalho .......................................................................................... 1 1.2 Relevância do Trabalho..................................................................................... 1 1.3 Objetivos ........................................................................................................... 2 1.3.1 Objetivo Geral....................................................................................... 2 1.3.2 Objetivos Específicos............................................................................ 2 1.4 Metodologia Adotada ........................................................................................ 3 1.5 Estrutura do Trabalho........................................................................................ 3 II. O FATOR DE POTÊNCIA...................................................................................... 5 2.1 Tensão e Correntes Senoidais............................................................................ 6 2.2 Fasores............................................................................................................... 7 2.3 A Legislação Brasileira ..................................................................................... 8 2.5 Os Capacitores................................................................................................... 8 2.5.1 Reatâncias ............................................................................................. 9 III. MÉTODOS PARA A CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ................... 11 3.1 Soluções Passivas ............................................................................................ 12 3.1.1 Bancos de Capacitores ........................................................................ 12 3.1.1.1 Cálculo de um Banco de Capacitores ....................................... 13 3.1.2 Motores Síncronos .............................................................................. 14 3.2 Soluções Ativas ............................................................................................... 15 3.2.1 Retificadores PWM............................................................................. 17 IV. METODOLOGIA................................................................................................... 19 4.1 O MULTISIM ................................................................................................. 19 4.2 O Circuito Adotado ......................................................................................... 20 V. RESULTADOS OBTIDOS .................................................................................... 23 5.1 Exemplo de Circuito Gerador de Sinal PWM ................................................. 26 VI. CONCLUSÕES....................................................................................................... 29 VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 30 RESUMO Este trabalho tem por objetivo o estudo do impacto causado por um baixo fator de potência nas cargas de um sistema de distribuição de energia de uma indústria. Expõe uma definição conceitual sobre assuntos necessários a compreensão do tema, a importância do mesmo para as formas de onda presente nas cargas da indústria, bem como outros aspectos positivos e negativos, a liberação de capacidade elétrica no sistema, além das questões financeiras envolvidas. É apresentado também, um breve estudo sobre as soluções atuais, tanto as passivas quanto as ativas, de modo que se possa escolher a mais satisfatória dentro da realidade de uma dada empresa. É abordada ainda uma solução ativa que se utiliza dos conversores reguladores de tensão, devidamente controlados, para a obtenção de um satisfatório fator de potência, bem como a modelagem matemática e as simulações necessárias antes da sua implementação. A seguir são apresentados os resultados obtidos das simulações com vários ângulos de disparo diferentes para os tiristores. Palavras-chave: Fator de Potência, Indústria, Conversores, Capacidade Elétrica, Sistema. ABSTRACT LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Atraso da corrente em relação a tensão Figura 2.2 Adiantamento da corrente em relação a tensão Figura 2.3 Representação fasorial do fator de potência Figura 3.1 Filtro Passivo LC Figura 3.2 Retificador não controlado Figura 3.3 Circuito para controle da energia reativa Figura 3.4 Circuito para controle da energia reativa Figura 3.5 Conversor bost Figura 3.6 Conversor Cuk isolado com entrada trifásica Figura 4.1 Interface do programa MULTISIM Figura 4.2 Representação do circuito de chaveamento Figura 4.3 Diagrama de blocos do circuito Figura 4.4 Simulação utilizando o SimPowerSystens Figura 4.5 Simulação do diagrama 4.4 Figura 5.1 Circuito para controle de energia reativa Figura 5.2 Resultado da simulação do circuito 5.1 Figura 5.3 Resultado da figura 5.2 Figura 5.4 Resultado para α = 20º Figura 5.5 Resultado para α = 40º Figura 5.6 Resultado para α = 60º Figura 5.7 Forma de onda da corrente de entrada Figura 5.8 Tensão e corrente de alimentação Figura 5.9 Circuito gerador de sinal PWM LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS FP Fator de Potência AC Corrente Alternada VRMS Tensão Eficaz IRMS Corrente Eficaz ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica PWM Pulse Width Modulation I. INTRODUÇÃO Em meados de 1950, quando ainda não existiam muitos consumidores de energia elétrica no Brasil não havia uma preocupação por parte das indústrias brasileiras no que diz respeito ao controle de seu fator de potência. Contudo, nas décadas seguintes houve crescimento exacerbado destes mesmos consumidores, e, em vista disto, começaram a aparecer problemas referentes a capacidade de produção de energia e a sua distribuição por parte de uma concessionária. Em vista disto foi abordada a questão do fator de potência como um método para se aproveitar melhor a energia disponível a fim de se mitigar estes problemas (Souza, 1993). Isto ocorreu porque com um baixo fator de potência, era necessário que as distribuidoras produzissem mais energia do que aquela efetivamente consumida por um determinado cliente, ocasionando assim, problemas de falta de energia em horários de pico de consumo. Este fato levou a criação de uma legislação que obrigam a todos os usuários a manter um fator de potencia mínimo, que foi sendo alterado de acordo com as necessidades de produção e de consumo. Nos dias atuais, o fator de potência passou a ser um item de grande importância quando se considera os insumos energéticos em uma indústria, tanto nas questões técnicas quanto nas financeiras. Deste modo, apesar de já existirem publicações nesta área, o seu estudo e desenvolvimento continua sendo um ramo de grande interesse tanto para o meio acadêmico quanto para o industrial. 1.1 Origem do Trabalho O trabalho teve origem a partir dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas da área de eletrotécnica, teoria de controle e circuitos e dispositivos eletrônicos. Somou-se a estes conhecimentos a oportunidade de estagiar em uma grande empresa do setor mineral, o que o fez perceber um ramo interessante para a aplicação destes conhecimentos, de modo a obter resultados satisfatórios no que diz respeito a economia, liberação de carga útil para o sistema e correção das formas de onda do mesmo. 1.2 Relevância do Trabalho Nos dias atuais, aonde as fontes de energia vão se tornando um recurso caro e escasso, e de vital importância o seu uso de modo consciente e com um bom nível de aproveitamento. Quando se considera o caso de grandes empresas, sejam elas dos setores primários ou secundários da economia, este fato adquire uma conotação totalmente nova e os insumos energéticos, mais especificamente uma possível economia dos mesmos, passa a figurar entre as suas principais metas. Em vista disto este trabalho propõe uma revisão sobre os métodos utilizados para se elevar o fator de potência de uma determinada unidade consumidora. Sendo este uma relação entre as energias ativa e aparente do sistema, um elevado FP implica em uma menor corrente exigida por um aparelho para se obter a mesma potência útil. Deste modo obtem-se uma economia significativa nos níveis de corrente exigidos para a correta utilização de um equipamento. Com isso adquire-se uma maior vida útil dos mesmos, além de liberação de carga útil para suas instalações elétricas, necessária a uma possível expansão do sistema. Outro fato importante a ser destacado é a economia financeira proveniente de um elevado fator de potência, uma vez que a legislação brasileira exige que este tenha um nível mínimo aceitável, cobrando uma pesada multa daqueles que não atendam a este critério, sendo esta proporcional ao fator de potência médio medido durante o período. 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Estudar os problemas encontrados decorrentes de um baixo fator de potência, para indústrias de grande porte e propor um circuito conversor regulador de tensão que atue no sistema elétrico de modo a corrigir o problema automaticamente. Estudar os efeitos que o circuito causará nas formas de onda dos sistemas elétricos onde for instalado. 1.3.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos a serem alcançados são os seguintes: z Revisar a literatura sobre as técnicas mais comumente utilizadas para resolver o problema da correção do fator de potência; z Desenvolver um circuito conversor regulador de tensão para a correção automática do fator de potência; z Estudar o software MULTISIM; z Simular o funcionamento do circuito desenvolvido através do MATLAB e do MULTISIM a fim validar a solução encontrada; 1.4 Metodologia Adotada Quando se analisa o chão de fábrica de uma determinada indústria, notase que na grande maioria delas as cargas reativas presentes são indutivas. Por esta razão são colocados banco de capacitores para se atenuar este efeito, visto que estes possuem um efeito contrário ao dos indutores adiantando a fase da corrente em uma rede elétrica. Porém, a técnica do banco de capacitores pressupõe uma carga indutiva invariante no tempo, o que raramente é verdade. Deste modo será adotado neste trabalho o uso de um conversor regulador de tensão trabalhando como uma chave PWM. Isto é, coloca-se um capacitor em paralelo com a carga indutiva e usa-se um circuito para ligá-lo e desliga-lo do sistema, de modo a se obter uma capacitância variável, controlada, conseguindo-se desta forma um FP, que seja o mais alto possível dentro das expectativas da empresa. 1.5 Estrutura do Trabalho No capítulo 1 é feita uma breve descrição sobre o problema do fator de potência, a sua origem, importância e os objetivos propostos pela presente monografia. No capítulo 2 serão tratados conceitos sobre o tema abordado, a legislação brasileira que regulamenta o seu uso, a questão do uso de fasores para a representação do fator de potência, uma breve descrição do funcionamento dos motores elétricos e dos capacitores e tiristores, que são componentes eletrônicos de fundamental importância na correção do FP. No capítulo 3 será feita a revisão bibliográfica a respeito do assunto, sendo incluso as técnicas das soluções passivas e das soluções ativas, bem como suas vantagens e limitações. No capítulo 4 é apresentada a metodologia para a solução do problema, incluindo a descrição detalhada do mesmo, o uso dos conversores reguladores de tensão e da técnica PWM. No capítulo 5 são apresentados os resultados das simulações computacionais, bem como a avaliação dos mesmos. No capítulo 6 o trabalho é concluído, bem como se apresentam sugestões para trabalhos futuros. II. O FATOR DE POTÊNCIA Em uma determinada indústria para que o seu processo produtivo possa funcionar de modo satisfatório são necessários vários equipamentos, dentre os quais podemos citar os motores, os transformadores, os reatores de iluminação, os fornos de indução, dentre inúmeros outros, que dependerão da empresa em questão. Estes equipamentos tem como fonte de energia a energia elétrica, e esta é utilizada de duas maneiras distintas: como energia ativa e como energia reativa. A energia ativa é a capacidade de um circuito de produzir trabalho útil em um determinado intervalo de tempo. Energia reativa é aquela necessária para a geração dos campos magnéticos responsáveis pelo funcionamnto dos motores e transformadores, caso seja indutiva, ou os campos elétricos nos capacitores, caso seja capacitiva. Como esta é devolvida a rede de transmissão após o término do funcionamento do equipamento, ela não realiza trabalho útil. (Fitzgerald, 1967). Em sistemas que apresentam apenas resistores, as ondas de tensão e de corrente estão em fase, isto é, mudam sua polaridade no mesmo instante a cada ciclo. Quando componentes reativos estão presentes, como indutores e capacitores, a energia armazenada nestes resulta em uma diferença de fase nas formas de onda da corrente e da tensão, como mostrado nas figuras 2.1 e 2.2. O fator de potência pode ser entendido como a diferença de fase presente nestas formas de onda, ou seja, quanto maior o fator de potência de um circuito, menor a diferença presente. Como esta energia armazenada retorna para a fonte de alimentação do sistema após cada ciclo, circuitos com baixo fator de potência não aproveitam toda a energia disponível pela rede. Desta forma, eles necessitam de correntes mais altas para realizar o mesmo trabalho que aqueles com alto fator de potência, o que implica em uma quantidade de energia maior absorvida pela rede. Considerando-se um sistema elétrico qualquer que opere em corrente alternada, o fator de potência pode ser definido como sendo a razão entre a potência real (ou potência ativa) e a potência total (ou potência aparente), independendo das formas de onda que os dispositivos ou equipamentos ligados neste sistema apresentem, desde que os sinais variantes no tempo sejam periódicos (Pomilio, 1997). De um modo geral, podemos definir o fator de potência através da seguinte equação: 1 ∫ v i t . ii t . dt t FP= V RMS . I RMS (2.1) 2.1 Tensão e Correntes Senoidais Considerando-se o sistema de distribuição de energia elétrica brasileiro, e sabendo-se que ele trabalha com formas de onda senoidais com freqüência de 60 Hz, pode-se fazer algumas considerações a respeito da equação que define o FP. Resolvendo-se a expressão apresentada na equação (2.1) quando as formas de onda da tensão e da corrente são senoidais, e considerando-se as devidas simplificações, chega-se a: FP = cos φ (2.2) onde φ é o ângulo que representa as diferenças entre as fases das formas de onda da tensão e da corrente. Figura 2.1 Atraso da corrente em relação a tensão Figura 2.2 Adiantamento da corrente em relação a tensão 2.2 Fasores Um fasor é um método que utiliza um vetor girante para representar a magnitude e a fase de uma onda senoidal no tempo. Ele tem grande aplicação na engenharia, pois pode reduzir problemas computacionais envolvendo equações diferenciais a problemas algébricos (Fitzgerald, 1967). Devido a natureza vetorial de um fasor o cálculo de sobreposição de ondas será reduzido a uma soma vetorial. Considerando y como um sinal senoidal, ele pode ser escrito como: y = A.cos(ωt + Φ) (2.3) onde y é a quantidade variando no tempo, A é uma constante que define a amplitude da onda, ω é a freqüência angular, Φ é a constante de fase. Ela também pode ser representada como: y = R{A[(cos(ωt + Φ)+ j.sen(ωt + Φ)]} onde j é o número imaginário (2.4) , R(z) é a parte real de um número complexo z. Utilizando a forma equivalente de Euler j(ωt + Φ) (2.5) y= R(AejΦ ejωt) (2.6) y= R(Ae ) De modo que o fasor Y será definido como: Y = AejΦ (2.7) Por questões de simplificação, os fasores normalmente são representados da seguinte forma: (2.8) Deste modo, pode-se representar o FP em termos fasoriais conforme mostrado na figura 2.3. Figura 2.3 Representação fasorial do fator de potência 2.3 A Legislação Brasileira No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estabelece que o fator de potência nas unidades consumidoras deve ser superior a 0,92 capacitivo durante 6 horas da madrugada e 0,92 indutivo durante as outras 18 horas do dia. Esse limite é determinado pelo Artigo nº. 64 da Resolução ANEEL nº456 de 29/11/2000 e quem descumpre está sujeito a uma multa que leva em conta o fator de potência medido e a energia consumida ao longo de um mês. A mesma resolução estabelece que a cobrança do fator de potência pelas concessionárias é obrigatória para unidades consumidoras de média tensão, isto é, aquelas alimentadas com mais de 2.300 V, e facultativas para unidades consumidoras de baixa tensão, que são aquelas abaixo dos 2.300 V, como residências em geral. A cobrança em baixa tensão, na prática, raramente ocorre, pois o fator de potência deste tipo de unidade consumidora geralmente está acima dos 0,92, não havendo grande ocorrência de multas que compensasse a instalação de medidores de energia reativa. No Brasil, ainda não existe legislação, para regulamentar os limites das distorções harmônicas nas instalações elétricas. As tarifas cobradas para os usuários que possuírem um fator de potência médio medido durante o período abaixo de 0,92 deverão ser calculadas segundo a seguinte fórmula: CUSTO=kWh.Tarifa . 0,92 −1 FP (2.9) onde tarifa é o preço do kWh, CUSTO é o valor da multa propriamente dito. 2.5 Os Capacitores Capacitores, também conhecidos como acumuladores, são dispositivos que armazenam energia através de um campo elétrico localizado entre um par de placas condutoras localizadas muito próximas umas das outras. Ele consiste basicamente de um par de eletrodos (as placas) separadas por um material dielétrico. O dielétrico é um material que possui alta resistência ao fluxo de corrente elétrica. Eles são utilizados na construção de capacitores para a obtenção de certas vantagens, dentre as quais podemos destacar o fato das placas condutoras poderem ser colocadas muito mais próximas uma das outras, diminuindo o tamanho do capacitor. Outra vantagem óbvia é o fato de que capacitores com dielétrico podem ser aplicados a tensões mais elevadas que aqueles sem este material. Isto ocorre porque qualquer substância quando submetida a um campo elétrico muito alto, passa a se ionizar e se tornar um condutor, e os dielétricos são mais resistentes a ionização que o ar ou o vácuo. Quando um capacitor está em um estado de energia mínimo, cada placa contém uma igual densidade de prótons e elétrons, de modo que dizemos que o capacitor está eletricamente neutro. Quando um campo elétrico é aplicado através dos terminais do capacitor por um circuito externo, o acúmulo de elétrons em uma das placas força aos elétrons da outra placa a deixarem-na, de modo que esta fica positivamente carregada, enquanto aquela fica negativamente carregada. Assumindo que o circuito como um todo é eletricamente neutro, o número de elétrons adicionado a uma placa e igual ao número de elétrons removido da outra. Desta forma mesmo que as placas permaneçam carregadas, o capacitor como um todo permanece eletricamente neutro. 2.5.1 Reatâncias Reatância e a oposição à passagem da corrente elétrica alternada oferecida por um indutor ou um capacitor. Ela é utilizada para o calculo da impedância, que é a relação entre o valor eficaz da diferença de potencial entre os terminais em consideração, e o valor eficaz da corrente resultante num circuito. De um modo geral, temos que: Z = R + jX (2.10) onde Z é a impedância, R é a resistência, X é a reatância. Quando X > 0 tem-se que a reatância é indutiva XL e o seu valor é dado por: XL = 2.π.f.L (2.11) Desta forma, tem-se um atraso nas formas de onda da corrente em relação a tensão, quando um indutor está presente no circuito, caso dos transformadores e motores elétricos. Contudo, analisando-se um o capacitor chega-se a seguinte conclusão: Para a reatância capacitiva X < 0 de modo que XC que é dado por: X c= 1 2. π . f .C (2.12) que irá adiantar a corrente elétrica em relação a tensão. Sabendo-se deste fato, a escolha do capacitor enquanto dispositivo para corrigir o FP em indústrias torna-se óbvia, uma vez que a carga reativa predominante em suas linhas de energia é de natureza indutiva. Contudo caso a energia reativa presente na rede possua caráter capacitivo, o que constitui um caso raro, tornar-se necessária a inclusão de indutores colocados paralelos a carga a fim de se elevar o FP. III. MÉTODOS PARA CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA São encontrados na literatura dois métodos para a correção do fator de potência: as soluções passivas destinadas a correção de cargas estáticas, e as ativas, destinadas a correção do FP de cargas dinâmicas. 3.1 Soluções Passivas Segundo Tofoli (2005) as técnicas passivas são caracterizadas pela utilização de filtros indutivos e capacitivos juntos ou separadamente, no sentido de reduzir as distorções harmônicas e elevar o fator de potência. Esses filtros são instalados em paralelo com a carga produtora de harmônicas, absorvendo-as e evitando que elas circulem pela fonte supridora. Geralmente, os filtros são ajustados sobre uma ordem próxima da harmônica que se deseja eliminar. Podem ser feitas várias ligações dos filtros em paralelo, quando desejamos uma redução forte da taxa de distorção sobre várias harmônicas. O filtro passivo permite uma compensação de energia reativa e, ao mesmo tempo, possui uma grande capacidade de filtragem de corrente. Os filtros passivos quando utilizados isoladamente são vistos, às vezes, como dispositivos ultrapassados, se comparados aos filtros ativos. Por outro lado, o uso dos filtros ativos ainda enfrenta alguma resistência por não ser uma tecnologia totalmente dominada e por apresentar um custo de implantação elevado. Estes fatores limitam sua aplicação apenas às instalações de baixa potência. Atualmente, existe uma forte tendência para a concepção de supressores harmônicos híbridos, com o objetivo de aglutinar as vantagens econômicas e operacionais das tecnologias ativa e passiva. Para Pomilio (1997) estas soluções para a correção do FP oferecem características como robustez, alta confiabilidade, insensibilidade a surtos, operação silenciosa. No entanto, existem diversas desvantagens, tais como: • São pesados e volumosos (em comparação com soluções ativas); • Afetam as formas de onda na freqüência fundamental; • Alguns circuitos não podem operar numa larga faixa da tensão de entrada (90 a 240V); • Não possibilitam regulação da tensão; • A resposta dinâmica é pobre; • O correto dimensionamento não é simples. Figura 3.1 Filtro Passivo LC Fonte: Freitas (2006) 3.1.2 Bancos de Capacitores Um banco de capacitor é constituído por um capacitor (ou conjunto de capacitores) colocador paralelamente a carga a fim de se diminuir a energia reativa do sistema elétrico, aumentando, deste modo, o fator de potência. Constitui a solução mais prática para as indústrias em geral. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados, para que os capacitores não sejam usados indiscriminadamente. Estes podem, em principio, serem instalados em quatro pontos distintos do sistema elétrico: • Junto às grandes Cargas indutivas (motores, transformadores, etc...). • No barramento geral de Baixa Tensão (BT). • Na extremidade dos circuitos alimentadores. • Na entrada de energia de Alta Tensão (AT). A instalação junto às grandes cargas tem a vantagem de permitir uma previsão mais precisa da potência reativa necessária, de tal modo que o capacitor compense exatamente a carga. Sendo ambos os elementos comandados pela mesma chave, não se apresenta o risco de haver, em certas horas, excesso ou falta de potência reativa, além do que, obtém-se uma redução no custo da instalação, pelo fato de não ser necessário um dispositivo de comando e proteção separado para o capacitor. Uma das vantagens desta opção, é que este tipo de instalação alivia todo o sistema elétrico, pois a corrente reativa vai do capacitor às cargas, sem circular pelo transformador, barramentos, circuitos alimentadores, etc. Pôr essas razões a localização dos capacitores junto à motores, reatores, etc. é uma das soluções preferidas para a Correção do Fator de Potência. No Barramento geral de Baixa Tensão (BT), haverá necessidade de ser instalada uma chave que permita desliga-los quando a indústria finda sua atividades diárias. Não o fazendo, poderão ocorrer sobretensões indesejáveis que, provavelmente, causarão danos às instalações elétricas. Na extremidade dos circuitos alimentadores é utilizada geralmente quando o alimentador supre uma grande quantidade de cargas pequenas, onde não é conveniente a compensação individual. Este método usufrui em parte da diversidade entre as cargas supridas, embora a economia seja inferior à obtida pelo aproveitamento da diversidade entre alimentadores. Pôr outro lado fica aliviado também o circuito alimentador. A vantagem dessa ligação é que se pode obter apreciável economia, usufruindo da diversidade de demanda entre os circuitos alimentadores, uma vez que a potência reativa solicitada pelo conjunto da instalação é menor que a soma das potências reativas de todos os equipamentos. Na entrada de energia em Alta Tensão (AT) não é muito freqüente encontrarmos exemplos da instalação do lado da Alta Tensão. Tal localização não alivia nem mesmo os transformadores, e exige dispositivos de comando e proteção dos capacitores com isolação para a tensão primária. Embora o preço por Kvar dos capacitores seja menor para maiores tensões, este tipo de instalação em geral só é encontrada nas indústrias que recebem grandes quantidades de energia elétrica e dispõem de varias subestações transformadoras. Neste caso a diversidade de demanda pode redundar em economia na quantidade de capacitores a instalar. 3.1.2.1 Cálculo de um Banco de Capacitores Para se determinar o valor do capacitor a se usado para a correção do FP deve-se primeiro saber o valor do atual FP, a potência aparente (S) e a potência reativa (Q) da carga em questão onde o banco será instalado. A potência aparente pode ser calculada através de (3.1) S = V.i onde V é a tensão e i a corrente da carga em questão. O FP será calculado através de FP= cos = P S (3.2) onde P é a potência ativa da carga. A potência reativa pode ser calculada a partir de Q = S.sen φ (3.3) Considerando-se que se deseja alcançar um FP de 100%, a energia reativa capacitiva deve ter o mesmo valor da energia reativa indutiva. Portanto Qcapacitor = Qindutor (3.4) Como Q= V2 Xc (3.5) Temos que C= Q V .2.π . f 2 (3.6) onde C é o valor do capacitor. 2.4.2.1 Motores Síncronos Um motor elétrico é uma máquina destinada a transformar energia elétrica em energia mecânica. Eles se baseiam em princípios do eletromagnetismo mediante os quais condutores atravessados por correntes elétricas e situados dentro de um campo magnético sofrem a ação de uma força mecânica. Um motor síncrono deve seu nome devido ao fato de operar com uma velocidade de rotação constante e sincronizada com a freqüência da rede. Também conhecidos como alternadores, estes motores são frequentemente utilizados para a geração de energia elétrica, funcionando como geradores. Quando está em funcionamento, a energia elétrica é suprida a esta máquina pela aplicação de tensões alternadas trifásicas nos terminais dos enrolamentos do estator, além disso, os enrolamentos de campo do rotor são alimentados por uma fonte de tensão contínua. Desta forma como as tensões aplicadas aos enrolamentos do estator são alternadas e trifásicas, circulará nos mesmos uma corrente alternada de mesma freqüência que a tensão, essa corrente produzirá campos magnéticos também alternados que variam no tempo. Além disso, devido a disposição espacial dos enrolamentos no estator, esses campos magnéticos variantes no tempo também irão circular pelo estator, de forma que o campo magnético resultante rotacionará em torno da circunferência do estator com velocidade angular proporcional à freqüência da tensão alternada aplicada nos enrolamentos. Assim, quando um dos pólos do campo magnético gerado pelo enrolamento de campo do rotor interagir com o campo girante resultante do estator, tentará se alinhar com o pólo de sinal oposto, e como o pólo do campo girante do estator está rodando, surgirá no rotor um binário de forças que gerarão um torque de forma que o rotor gire e mantenha os campos do enrolamento do rotor e o campo girante do estator alinhados. Com o surgimento do torque, o rotor girará seguindo o sentido e velocidade do campo girante do estator, logo, a velocidade angular do motor Síncrono estará sincronizada com a freqüência da tensão alternada aplicada aos enrolamentos do estator. Plantas industriais geralmente possuem predominância de cargas reativas indutivas tais como motores de indução de pequeno porte ou de baixa velocidade de rotação as quais requerem considerável quantidade de potência reativa (KVAR) consumida como corrente de magnetização. Embora seja possível usar-se capacitores para suprir a necessidade de potência reativa, havendo a possibilidade, é freqüentemente preferível a utilização de motores síncronos para este objetivo. Por causa da sua fonte separada de excitação, os motores síncronos podem tanto aumentar o KW de base sem KVAR adicional (motor com FP 1.0), como não somente aumentar o KW de base mas também fornecer o KVAR necessário (motor com FP 0.8 ou sobre-excitado). 3.2 Soluções Ativas As soluções ativas são indicadas quando as cargas indutivas encontradas no sistema elétrico possuem variações significativas em seus valores. Desta forma é necessário um ajuste da carga capacitiva utilizada para neutralizar as indutivas de modo que os valores assumidos por aquela acompanhem os valores desta continuamente. As técnicas ativas, também chamadas compensação ativa, caracterizamse pela instalação de sistemas eletrônicos de potência em série ou paralelo com a carga não-linear, visando compensar as tensões e correntes harmônicas, geradas pela carga (Freitas 2006). Os filtros ativos permitem a filtragem das harmônicas sobre uma longa faixa de freqüência e, se adaptam a qualquer tipo de carga. Entretanto, sua potência harmônica é limitada. Figura 3.2 Retificador não controlado Fonte: Freitas (2006) No circuito apresentado em (3.3) temos um exemplo de um retificador para controle da energia reativa do sistema. Neste caso, um tiristor é utilizado para se controlar a energia reativa indutiva. Utilizando-se de um sinal PWM, para o controle do tiristor, altera-se o valor da indutância acrescentada pela bobina L. Esta energia indutiva será adicionada ao circuito de modo a sua soma com a da carga irá igualar a energia capacitiva em C, de modo a se obter o FP desejado. L C Rede Carga Tiristor Figura 3.3 Circuito para controle da energia reativa O circuito apresentado em (3.4) mostra mais um exemplo de controle de energia reativa. Neste caso, o sinal PWM é utilizado para se controlar a energia reativa capacitiva do sistema até que esta anule a energia reativa da carga elevando assim, o fator de potência. O indutor L foi acrescentado a fim de se limitar a corrente no capacitor. L Rede C Carga Tiristor Figura 3.4 Circuito para controle da energia reativa 3.2.1 Retificadores PWM Os retificadores PWM a tiristor são amplamente utilizados em conversores CA-CC monofásicos, onde a tensão de saída é controlada pela variação do ângulo de disparo, ângulo de extinção ou ângulo simétrico, que apresenta apenas um pulso por ciclo da corrente de entrada do conversor (Freitas, 2006). No controle da modulação PWM, as chaves do conversor são ligadas e desligadas várias vezes durante um semiciclo, e a tensão de saída é controlada pela variação da largura dos pulsos. Os sinais de gatilho são gerados através da comparação de uma onda triangular com sinal CC. Selecionando-se o número de pulsos por semiciclo, as harmônicas inferiores podem ser eliminadas ou reduzidas. Os retificadores PWM (Pulse Width Modulation) são largamente empregados em conversores CA-CC monofásicos por apresentarem algumas vantagens destacadas a seguir. a) Operação com freqüência fixa; b) Projetos precisos de filtros LC de alta freqüência; c) Elevado fator de potência; e d) Eliminação dos filtros da baixa freqüência no lado CA. São estruturas mais caras quando comparadas com as dos conversores CA-CC adotando técnicas de controle convencionais, mas extremamente atrativos em aplicações que exigem equipamentos de tamanho e peso reduzido. Em aplicações de dezenas de Watts, os circuitos retificadores monofásicos PWM devem ser substituídos por circuitos trifásicos de alto fator de potência, amplamente utilizados para controle da corrente de entrada de retificadores monofásicos. O conversor Boost no modo de condução contínua é mostrado na Figura 3.5. Figura 3.5 Conversor bost Fonte: Freitas (2006) A figura (3.6) mostra a topologia de um conversor Cuk com uma entrada trifásica e retificador a diodos. A indutância de entrada é colocada antes do retificador, dividida entre as três fases. A tensão sobre C1 é aproximadamente igual à tensão retificada, enquanto em C2 tem-se uma tensão igual à tensão de saída. O funcionamento como PFP ocorre com o circuito operando em freqüência e ciclo de trabalho constantes e com a corrente de entrada, em cada indutância de entrada, decontínua. Figura 3.6 Conversor Cuk isolado com entrada trifásica Fonte: Pomílio (1997) IV. METODOLOGIA Neste capítulo são apresentadas as metodologias para a solução do problema, bem como uma breve apresentação dos softwares utilizados durante a simulação. A técnica utilizada para o controle do FP foi o uso de capacitores chaveados através da técnica PWM, sendo que o programa MULTISIM foi utilizado para a avaliação das formas de onda, enquanto o MATLAB foi empregado para a verificação das respostas do circuito. 4.1 O MULTISIM Para a simulação das formas de onda dos circuitos utilizados neste trabalho e conseqüente verificação dos fatores de potência obtidos o MULTISIM foi adotado como ferramenta computacional. Este programa elaborado pela Electronics Workbench possui as funções necessárias para a implementação de circuitos analógicos e digitais bem como um ambiente amigável e de fácil utilização. A figura (4.1) apresenta a tela principal do programa. Figura 4.1 Interface do programa MULTISIM 4.2 O Circuito Adotado Para a correção do FP adotamos o seguinte circuito apresentado na figura (4.2): L C Rede Carga Tiristor Figura 4.2 Representação do circuito de chaveamento Este foi escolhido devido à simplicidade de se trabalhar utilizando-se apenas um tiristor a fim de se realizar o chaveamento da carga indutiva. Este chaveamento irá alterar a energia indutiva presente no sistema de modo que esta seja sempre adequada ao capacitor previamente calculado. Por questões de simplificação da figura, o circuito de disparo do tiristor foi omitido da figura (4.2). Para uma primeira análise, considera-se o tiristor como um curtocircuito, de modo que o circuito se resuma a um RLC em paralelo. Sendo assim, podemos equacionar o sistema acima da seguinte forma: i t =− 1 dv t v t dt C ∫ L dt ic t (4.1) Utilizando-se o MATLAB para simular a função representada na equação (4.1), chega-se ao seguinte diagrama de blocos (4.3) cuja simulação será apresentada posteriormente: Figura 4.3 Diagrama de blocos do circuito Com o programa MULTISIM, verificam-se as formas de onda do circuito a fim de se verificar eventuais distorções na mesma. Outra possibilidade para as simulações é o uso do toolbox SimPowerSystens que disponibiliza uma gama de ferramentas para o auxílio de circuitos analógicos de potência. Na figura (4.4), temos um exemplo da utilização destas ferramentas para a simulação do fator de potência de um circuito RL em série que possui um braço RL paralelo. Figura 4.4 Simulação utilizando o SimPowerSystens Este toolbox será necessário para se realizar o disparo do tiristor com ângulos variados a fim de se determinar as respectivas respostas. Com esta ferramenta presente no MATLAB, podem-se verificar as respostas do circuito diretamente, bem como se avaliar os melhores parâmetros a serem utilizados na correção do FP. A figura (4.5) exemplifica os resultados obtidos a partir da (4.4) considerando-se R = 10 Ω, 10 mT e 10 μF. Figura 4.5 Simulação do diagrama 4.4 V. RESULTADOS OBTIDOS Para uma primeira simulação, será adotado o circuito presente na figura (5.1), admitindo-se que o tiristor tenha um regime permanente de condução. L C Rede Carga Tiristor Figura 5.1 Circuito para controle de energia reativa Desta forma, o circuito será reduzido a um RLC paralelo, sem a necessidade dos diodos, como visto na figura (5.2). Rede L C Carga Figura 5.2 Circuito RLC paralelo Simulando-se o circuito abaixo no MATLAB, com as constantes R, L e C valendo respectivamente 10 Ω, 100 mT e 66 μF, e adotada a hipótese acima chega-se ao seguintes resultados (5.3): Figura 5.3 Resultado da simulação do circuito 5.2 Onde se percebe a defasagem das formas de onda da tensão (amarela) e da corrente (roxa). Vale ressaltar que no presente caso o circuito atuava com o tiristor do ramo L em curto-circuito, desta forma obtendo-se o valor máximo de indutância. Alterando-se agora o circuito para que o ramo indutivo comece o processo de chaveamento, iremos acionar o tiristor com ângulos de disparo (α) de 20°, 40° e 60° respectivamente. Simulando-se o circuito com um ângulo de disparo de 20° para o tiristor tem-se (5.4): Figura 5.4 Resultado para α = 20º Para este resultado, percebe-se uma aproximação das formas de onda da tensão e da corrente. Aplicando-se a seguir, um ângulo de disparo de 40°, obtem-se o gráfico (5.6): Figura 5.5 Resultado para α = 40º Utilizando-se um ângulo de disparo de 60°tem-se em (5.7) Figura 5.6 Resultado para α = 60º Analisando-se os resultados percebe-se claramente uma aproximação nas formas de onda da tensão e da corrente no circuito. Como o FP pode ser definido como sendo o ângulo φ que representa a diferença de fase entre estas, tem-se consequentemente, um aumento gradativo do fator de potência à medida que se aumenta o ângulo de disparo. Isto pode ser explicado devido ao fato de que, com o chaveamento do ramo indutivo através dos tiristores, diminui-se a energia reativa total proporcionada pelo mesmo. Desta forma diminui-se a reatância indutiva do sistema, que tende a igualar o seu valor com a capacitiva, de modo que, a tensão que estava adiantada em relação a corrente, tende a se aproximar desta. 5.1 Exemplo de Circuito Gerador de Sinal PWM Existem na literatura, inúmeros circuitos que podem ser utilizados para a geração de um sinal PWM para o acionamento de conversores para correção do FP. Desta forma será citado neste trabalho apenas um, que se utilizando da estratégia de controle proposta por Gomes (2005) de alimentação de corrente CA de 12 pulsos, visto na figura (5.8): Figura 5.7 Forma de onda da corrente de entrada Fonte: Gomes (2005) Com esta estratégia, chega-se as seguintes formas de onda de tensão e corrente, vistas na figura (5.9). Figura 5.8 Tensão e corrente de alimentação Fonte: Freitas (2006) Onde o circuito gerador do sinal PWM é mostrado na figura (5.10). Figura 5.9 Circuito gerador de sinal PWM Fonte: Freitas (2006) No circuito acima (5.10) a fonte V1 gera a forma de onda de referência de corrente, sincronizada com a tensão. A fonte V2 gera uma forma de onda dente de serra que, somada à forma de onda de referência de corrente, permite obter um sinal PWM de referência de corrente. O sinal de realimentação de corrente, obtido através de sensores resistivos, é comparado com o sinal PWM de referência de corrente utilizandose o amplificador operacional LM 318. VI. CONCLUSÕES Ao longo deste trabalho foi estudada a técnica para o acionamento de conversores através da chave PWM com o intuito de acionar capacitores ou indutores em um circuito de modo a se controlar o fator de potência de uma determinada instalação elétrica. O objetivo geral do mesmo foi alcançado, verificando-se através de simulações o efeito que este acionamento teria no FP de uma instalação elétrica. Isto permitiu ao autor adquirir uma abrangência maior de conhecimentos na área de circuitos e dispositivos eletrônicos, que possivelmente será utilizada em trabalhos futuros nesta área. Juntando-se a isto o fato deste ter descoberto que embora a técnica de acionamentos de conversores para controle de FP, seja muito difundida, não é totalmente dominada, cria-se uma expectativa para buscar se novas soluções nesta área ou mesmo aprimorar as existentes. Apesar do trabalho se focar no caso dos sistemas monofásicos, uma expansão para o caso trifásico é possível sem maiores dificuldades, sendo este um caso de maior interesse, visto que possui mais aplicações práticas, demandando assim mais tempo para uma análise mais cuidadosa. VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Secretaria Executiva do Comitê de Distribuição de Energia Elétrica. Manual de orientação aos consumidores sobre a nova legislação para o faturamento de energia reativa excedente, CODI, Rio de Janeiro, 1995. KEY T., LAI J. S. Costs and Benefits of Harmonic Current Reduction for SwitchMode Power Supplies in a Commercial Office Building. Anais do IEEE Industry Application Society Annual Meeting - IAS'95. Orlando, USA, Outubro de 1995, pp. 1101-1108. KLEIN, J., NALBANT M. K. Power Factor Correction - Incentives. Standards and Techniques. PCIM Magazine, June 1990, pp. 26-31. THOMPSON, Sylvanus P. Dynamo-Electric Machinery, A Manual for Students of Electrotechnics, Part 1, Collier and Sons, New York, 1902 DELGADO, Daniel U. Manual de Practicas, Eletrónica de Potencia, Universidad Autonoma de San Luis Potosi, México. ROSA, Alex da. Simulação de um soft-starter para acionementos de motores de indução, 2003. Monografia - Departamento Emgenharia Elétrica, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás. FREITAS, Élcio P. Estudo do retificador híbrido multipulsos de elevado fator de potência e reduzida distorção de harmônicas de corrente no contexto da qualidade da energia, 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Departamento de Engenharia Elétrica, UFB, Brasília. POMILIO, J. A. Harmônicos e Fator de Potência: um Curso de Extensão, 1997. UNICAMP, São Paulo. CRESTANI, Mauro. Com uma terceira portaria, o novo fator de potência já vale em Abril. Eletricidade Moderna, Ano XXII, n° 239, Fevereiro de 1994 BARBI, Ivo, SOUZA, Alexandre F. Correção de Fator de Potência de Fontes de Alimentação. Florianópolis, Julho de 1993. TOFOLI, Fernando L. Estudo e concepção de retificadores a três níveis com alto fator de potência utilizando técnicas de comutação não dissipativas, 2005. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Faculdade de Engenharia Elétrica, UFU, Uberlândia. FITZGERALD, GRABEL, HIGGINBOTHAM. Basic Electrical Engineering. Editora McGraw-Hill, 1967. GOMES, COELHO, SIMÕES, CANESIN. Um novo retificador trifásico híbrido multipulsos com elevado fator de potência. Revista Eletrônica de Potência, Novembro de 2005, pp. 17-24.