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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
23 e 24 de setembro de 2014
A formação de cidades no “extremo oeste paulista”.
Estudo de caso de Rosana, São Paulo. (1990 – 2010).
Felipe dos Santos Neres
Prof. Dr. Luiz Augusto Maia Costa
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Cultura Urbanística na Tradição Clássica
Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias
Centro de Ciências Exatas, Ambientais e Tecnologias
[email protected]
[email protected]
Resumo: O presente artigo tem como objetivo o enten-
Foram contemplados temas relacionados ao uso e ocupação do solo e morfologia urbana, foram caracterizados
neste estudo também, o surgimento das Usinas hidrelétricas e os aspectos institucionais do Município de Rosana,
como a legislação municipal e os instrumentos de planejamento, além dos mecanismos e instrumentos de gestão
vigentes.
dimento de Rosana na rede urbana do extremo oeste
paulista. O estudo pautou-se a partir da expedição de
Theodoro Sampaio às terras do Pontal no final do século
XIX até o ano de 2014, esse de discussões acerca do
plano diretor participativo municipal. Com esse estudo
pretende-se estabelecer relações entre a ocupação territorial, a análise dos aspectos territoriais e socioeconômicos, o traçado da cidade, a formação dos núcleos urbanos e assentamentos rurais e os índices de urbanização
de Rosana.
Palavras-chave: Fundação de Cidades, Oeste Paulista,
Rosana.
Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas – Arquitetura e Urbanismo
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho destina-se a retratar o surgimento de
Rosana no extremo oeste paulista, fazendo uma linha
evolutiva e a sua caracterização quanto aos aspectos
territoriais, socioeconômicos e institucionais, como instrumento de análise dos principais problemas e potencialidades locais.
Trata-se da formação da cidade do início da ocupação
até os dias de hoje, incluindo os principais acontecimentos que desencadearam o desenvolvimento da área que,
atualmente, consiste no Município de Rosana.
A caracterização dos aspectos socioeconômicos foi elaborada a partir dos dados relativos ao perfil e à dinâmica
da população, e da economia local. A caracterização do
território municipal abrange os estudos relativos às áreas
urbanas e rurais, contemplando aspectos relacionados
aos elementos naturais que compõem o território e as
respectivas formas de ocupação desse espaço, e a apresentação de como está distribuída a ocupação no território municipal, bem como as formas nas quais estão estruturadas tais ocupações.
2. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO.
O Oeste Paulista, foi uma das últimas regiões a serem
ocupadas e, consequentemente, a região do Pontal do
Paranapanema, localizada no extremo oeste do estado
de São Paulo também o foi. A área do Pontal, entre 1934
e 1936 é declarada devoluta pelo estado, confirmada pelo
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e pelo Supremo Tribunal Federal. (Lei n° 6.383 de 7 de dezembro
de 1976)
Em 1941 o então governador do estado de São Paulo,
Dr. Fernando Costa, cria o primeiro parque estadual no
Pontal do Paranapanema, esse destinado à conservação
e estabelecimento de uma área de preservação. (Lei n.
12.279, de 29 de outubro de 1941).
Muitas razões o estado tinha para a criação da reserva.
A disputa de terras era o principal motivo, pois era questionável a integridade das posses, submetida por décadas
à ação de grileiros.
Quando a Reserva Florestal do Pontal foi criada, apenas
três municípios estavam instalados a oeste de Presidente
Prudente: Santo Anastácio, Presidente Venceslau e Presidente Bernardes, essas cidades do oeste do Pontal não
foram ocupadas em função do Café, mas sim pelo projeto
do Ramal de Dourados que ligaria Presidente Prudente a
Dourados no Mato Grosso do Sul [7], cortando em sentido
leste - oeste as reservas do Pontal do Paranapanema.
O Pontal tem uma grande procura de terras no período,
pessoas vieram a procura de terras novas e baratas, ou
por uma parcela devoluta. Quem chegava à região pouco
se importavam se as terras eram públicas, privadas ou se
eram regulares ou não. Nesse contexto de valorização de
terras e pela estrada de ferro sorocabana, deu-se a ocupação propriamente dita do Pontal do Paranapanema,
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devastando extensas florestas e matas ainda inexploradas.
A Empresa Camargo Correia, torna-se empreiteira do
estado para construção do trecho do Ramal de Dourados,
com início previsto em 1954. Antônio Emídio de Barros
Filho e Sebastião Camargo já haviam se tornado proprietários de posses de terras na região (15.335 hectares,
todos com raízes no título da Pirapó – Santo Anastácio),
e assim a concessão foi facilitada, mas duramente criticada pela imprensa e por deputados da assembleia.
Com a construção do Ramal de Dourados, no ponto final
dos trilhos, a Camargo Correa, decide criar um núcleo
urbano. Eram 6.050 hectares de terra, perímetro esse
constituído de 1.116 lotes com 500m² cada, batizado em
homenagem a uma das filhas de Sebastião Camargo. O
núcleo urbano de Rosana, seria cercado por lotes rurais
compostos por 144 chácaras medindo de 5 a 10 hectares
cada, 113 sítios de 20 a 55 hectares e mais dezesseis
sítios maiores medindo de 116 a 193 hectares, situados
no varjão do Rio Paranapanema [2].
A empreiteira Camargo Correa lança o edital de loteamento das áreas em 15 de julho de 1954. O estado embarga o loteamento de Rosana, pois as terras eram de
origem pública e estavam em área de preservação. A
Camargo Correa recorre e comprova com documentos
que afirmam a aquisição da gleba, conforme as transcrições nº 5706, nº 5788 e nº 5811 do Registro de Imóveis
da Comarca de Presidente Venceslau [2].
Durante o impasse, os lotes urbanos e rurais são vendidos pela empresa. O lote urbano custava cerca de Cr$
1.200,00 com 40% de entrada e o restante a ser pago por
mais dois anos, já o lote rural custava entre Cr$ 1.200,00
e Cr$1.650,00 o hectare [2].
A formação então do núcleo urbano de Rosana intensificou-se principalmente com a vinda de pessoas que buscavam terra e melhores condições de vida. Torna-se em
1964, distrito de Presidente Epitácio, (Lei nº 8092 de fevereiro de 1964) e, um ano depois, torna-se distrito de Teodoro Sampaio, por proximidade da sede e por eficiência
na resolução de questões administrativas.
Na década de 70 devido ao potencial hídrico da região,
são apresentados dois projetos de usinas hidrelétricas,
uma no Rio Paraná e outra no Rio Paranapanema. As
usinas, UHE Sérgio Mota – Porto Primavera, e UHE de
Rosana, respectivamente, construídas no início da década de 80, com suas barragens já finalizadas na década
de 70.
O Distrito sede abrigou os primeiros pesquisadores e
engenheiros e demais envolvidos na construção das usinas hidrelétricas, até que a Companhia Energética de
São Paulo – CESP, empreiteira responsável pela construção da Usina hidrelétrica de Porto Primavera, constrói
em 1979 um núcleo urbano: Primavera a 14 km, do distrito de Rosana.
No início da década de 1980, começaram os conflitos de
terra na região, devido à ocupação e venda de terras de
forma irregular, em terras devolutas do Estado, problema
esse que já acompanha a história do Pontal desde a sua
ocupação efetiva na década de 50. Para agravar ainda
mais, as obras de construção das usinas hidrelétricas
começam a sofrer com atrasos e desacelerações, gerando desemprego. Um enorme contingente de famílias de
posseiros e pequenos proprietários que perderam suas
terras, com o enchimento das represas das usinas hidrelétricas de Rosana e Porto Primavera.
Rosana se emancipa em 1990 por lei estadual nº 6645
de 09 de janeiro de 1990, desmembrando-se de Teodoro
Sampaio, com sede no antigo distrito de Rosana, com
instalação de fato em 01 de janeiro de 1993. Seu território
configura-se, portanto em uma área rural ocupada por
grandes propriedades, por quatro assentamentos de terras – Gleba XV de Novembro, Bonanza, Nova Pontal e
Porto Maria, e quatro núcleos urbanos – Sede Municipal,
o núcleo urbano de Primavera, e os bairros de Campinho
e Beira Rio, e algumas ocupações esparsas, ao longo
dos Rios Paraná e Paranapanema, como as localidades
de Saúva e Entre Rios.
3.
CARACTERIZAÇÃO
DO
NÚCLEO
PROJETADO – A SEDE MUNICIPAL
A área urbana do distrito sede localiza-se ao extremo
sudoeste do território municipal, próximo ao encontro dos
rios. O perímetro urbano da sede é instituído pela Lei
Municipal Complementar n° 001, ode 30 de junho de
1998, com alterações posteriores através das leis nº
009/2002, 020/2007, 023/2008 e 024/2008, esta última,
de 11 de dezembro de 2008.
Situa-se no final da Rodovia Estadual Arlindo Bettio e é
formado pelo núcleo urbano projetado de 1951, pelos
loteamentos: Vila Áurea, Jardim Pontal, Tubiacanga, por
dois conjuntos habitacionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo
(CDHU), e pelo conjunto Habitacional do Plano de Ação
Imediata para Habitação (PAIH).
As primeiras edificações e sedes administrativas começaram a ocupar o espaço ao redor da Praça dos Pioneiros, de traçado regular e com vias planas e relativamente
largas, com 15m, sendo implantadas num perímetro urbano constituído de 1116 lotes com área média de
500m², assim se caracterizou até o início da década de
70 [3].
Com aspirações à construção das usinas hidrelétricas de
Porto Primavera e Rosana, seguindo na porção sudeste
da Praça dos Pioneiros, é projetado o loteamento da Vila
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Áurea na década de 70, que serviu para abrigar os primeiros trabalhadores das usinas hidrelétricas, visto que, o
núcleo urbano de Primavera ainda não existia. Vila Áurea,
possui traçado regular, loteamento com casas de padrão
construtivo predominantemente médio.
No início da década de 80 é projetado o loteamento Jardim Pontal, a sudoeste da malha urbana projetada, também com intuito de ser ocupado por trabalhadores das
usinas hidrelétricas, visto que, nesse loteamento o núcleo
urbano de Primavera já estava sendo construído. O loteamento surge como manifestação e desejo de moradia
próximo ao núcleo administrativo da sede municipal, e
pelo crescimento espontâneo de Rosana.
Em 1985 há uma invasão na antiga área da FEPASA,
onde passaria o Ramal de Dourados que não foi construído. Essa invasão ao sul da Praça dos Pioneiros, caracterizada por uma ocupação irregular, ocorreu no mesmo
período dos conflitos de terra no distrito. As habitações
são de caráter precário e as vias não possuem infraestrutura eficiente e saneamento básico inexistente [3].
Na década de 90, surgem os loteamentos do CDHU,
aqui, Rosana já está emancipada. O primeiro em 1993
em parceria com a prefeitura municipal, situado contíguo
à malha urbana do município, a sudoeste da Praça dos
Pioneiros e próximo do loteamento Jardim Pontal. É construído para amenizar o problema de conflitos de terras e
do atraso na construção das usinas hidrelétricas. Hoje o
loteamento se apresenta descaracterizado do projeto
original.
O loteamento PAIH é construído próximo do recém implantado CDHU de 1993 e em 1997 é implantado o loteamento Tubiacanga, também a sudoeste da Praça dos
Pioneiros. Aqui a intenção era abrigar as famílias atingidas pelo enchimento das represas de Porto Primavera e
Rosana.
Sabe-se que o território da sede municipal é conformado
pela ocupação projetada pela Camargo Correa e pelos
loteamentos surgidos ao redor da Praça dos Pioneiros. O
núcleo projetado tem como características o traçado hipodâmico, possuindo malha viária geométrica e regular,
com ruas perpendiculares e diagonais entre si, que se
desenvolvem em um traçado urbano de forma quadrada.
Os quarteirões no geral são de forma retangular e os lotes não possuem mais o padrão de 500m² como no projeto original, podendo variar de 300 a 550m² [3].
Os loteamentos da Vila Áurea (década 70), Jardim Pontal (década 80) e Tubiacanga (década 90) possuem malha urbana geométrica e regular, que se estendem radialmente a partir da Praça dos Pioneiros. Os lotes possuem dimensões que variam de 250 m² a 350 m² [3], de
ruas largas, traçado ortogonal e quadras retangulares.
Os conjuntos habitacionais CDHU velho (1993) e novo
(2004), basicamente, possuem em seu traçado as mesmas características do núcleo urbano já existente, mas
com lotes de 200m² [3]. Já área da antiga FEPASA, possui desenho irregular, com apenas uma rua de largura
variável, com edificações construídas de forma desordenada. Sendo uma área de invasão, os próprios moradores estabeleceram os limites de seus lotes, de forma que
não existe uma configuração padrão de lote e nem tamanhos definidos.
Visto essas características, a sede municipal é caracterizada como predominantemente residencial, abrigando
usos institucionais de lazer, comércio e serviços, esses
próximos à Praça dos Pioneiros como no projeto original.
Já os bairros não possuem diversidade de equipamentos
como o núcleo projetado, portanto de predominância residencial e pontualmente com comércio e serviços.
A última expansão na sede municipal foi o conjunto
CDHU novo, na porção noroeste, iniciado em 2004 e ainda não finalizado, mas parte já ocupada. Nesse período
ocorre também uma invasão próxima ao loteamento Vila
Áurea em uma área da prefeitura, ao sudoeste da sede,
reconhecido como Jardim Regina.
Desconexos à malha urbana de Rosana estão o Bairro
Campinho e Beira Rio. O primeiro, invasão de uma área
pertencente à FEPASA, começou a ser ocupado na década de 1950, juntamente com o início da ocupação da
Sede. O bairro Beira Rio é uma invasão às margens do
Rio Paraná. Tanto em Campinho quanto no bairro Beira
Rio predominam a ocupação de chácaras e sítios.
Figura 1: Mapa da Evolução da Ocupação Municipal
[1] .
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4. O NÚCLEO URBANO DE PRIMAVERA
O núcleo urbano de primavera, localizado a 15 km da
sede municipal, no sentido nordeste, é instituído pela Lei
Municipal Complementar nº 008 de 30 de dezembro de
2001, modificada através das leis complementares nº
010/2002, 011/2002, 018/2006 e 019/2007. Primavera
possui também uma legislação que institui a área urbana
como distrito, a Lei Municipal nº 215 de abril de 1994, de
acordo com art. 4 deveria ser realizado um plebiscito para
que Primavera se tornasse distrito de fato, que não ocorreu, o que invalida a criação do distrito de Primavera,
fazendo com que seja reconhecido como núcleo urbano.
Em 1979 Primavera foi projetado para abrigar a mão de
obra da construção da futura Usina Hidrelétrica – UHE
Sérgio Mota – Porto Primavera. A CESP teve a missão de
projetar o núcleo urbano.
As primeiras edificações da região sul do núcleo se localizaram nas quadras próximas à Avenida Paranapanema,
enquanto as da porção norte se estabeleceram nas quadras próximas à Avenida dos Barrageiros [5]. Hoje o núcleo está todo consolidado, sendo que as ocupações
mais recentes compreendem a região do cinturão verde,
que são áreas da antiga FEPASA e da CESP invadidas
na década de 80. Hoje nessa área, as construções estendem-se ao sul do núcleo urbano, próximo à Avenida
Paranapanema até a Rua dos Carpinteiros.
A leste de Primavera, temos ocupações que surgiram no
período de conflito de terras do Pontal na década de 80.
A CESP permitiu que esses trabalhadores ocupassem o
local provisoriamente até que fosse definido o local onde
seriam assentados, até que em 1984 as famílias foram
assentadas na Gleba XV de Novembro, primeiro assentamento de terra do estado de São Paulo. Entretanto,
alguns permaneceram na área estipulada pela CESP,
crescendo espontaneamente no decorrer das últimas
décadas.
Quanto ao traçado urbano de Primavera, a CESP buscou
características de uma cidade jardim, ou seja uma comunidade autônoma, cercada por um cinturão verde, onde
todas as funções estariam definidas por um zoneamento
e alguns equipamentos de uso coletivos que estariam
espalhados na malha urbana. As ruas no geral são largas, de traçado regular, temos algumas ruas de traçado
orgânico, onde se desenvolvem os eixos principais do
núcleo. Os quarteirões no geral são de forma retangulares e os lotes não possuem um padrão. Podendo variar
de 200m² a 600m² [6].
O núcleo urbano é dinâmico, se comparado à sede municipal, possuindo edificações de uso residencial, institucional, de lazer, comércio e serviços. As edificações insti-
tucionais e de lazer estão esparsas na malha urbana,
entretanto comércio e serviços estão próximos à Rua do
Comércio, essa projetada para tal função, onde estão
distribuídos pelas ruas dos Carpinteiros, do Estado, Paraná, e pela Avenida dos Barrageiros, estendendo-se
pela Rua dos Carpinteiros.
Primavera possui uma densidade de ocupação heterogênea se comparada em sua totalidade, sendo possível
observar a concentração de lotes e quadras vagas no
entorno do centro comercial da cidade em quantidade
expressiva. A porção sul de Primavera encontra-se num
vazio urbano, já a porção leste, é ocupada por lotes mais
generosos, o que configura densidade de ocupação mais
baixa. A ocupação é consideravelmente densa no restante do núcleo, onde os vazios urbanos estão em menor
quantidade e praticamente todos os lotes ocupados. Destaca-se densidade elevada entre a Avenida Paranapanema e a Rua Curió, onde a dimensão dos lotes se torna
menor e a densidade construtiva da ocupação dos lotes é
elevada. Os lotes vagos pertencem, em sua maior parte,
à Prefeitura Municipal de Rosana e à CESP [3].
Em relação aos parâmetros urbanísticos, as edificações
possuem, em sua maioria, um pavimento, e são implantadas com afastamentos laterais e de fundo, conforme o
plano diretor de 1979 para Primavera, com exceção da
ocupação entre a Avenida Paranapanema e Rua Curió.
Já as edificações do Cinturão Verde possuem afastamentos maiores, e com lotes possuindo características de
chácaras ou sítios. Quanto ao padrão construtivo predominante das edificações em Primavera é médio, com
ocorrência de alguns exemplares de padrão alto, se comparada à sede municipal e aos bairros de Campinho e
Beira Rio.
5. OS CONFLITOS DE TERRA: A GLEBA XV
DE NOVEMBRO, NOVA PONTAL, BONANZA
E PORTO MARIA.
No início da década de 1980, começaram os conflitos de
terra no Pontal do Paranapanema nas regiões de Rosana, Teodoro Sampaio e Euclides da Cunha Paulista. Como já descrito, devido à ocupação e venda de terras de
forma irregular, nas terras devolutas do Estado e irregularidade fundiária, as obras para construção das usinas
começam a desacelerar, gerando desemprego, além de
um enorme contingente de famílias de posseiros e pequenos proprietários, que perderiam suas terras com o
enchimento das represas das usinas hidrelétricas de Rosana e de Porto Primavera (ITESP, 2005). A situação
aqui, é de vulnerabilidade social, dando início ao movimento dos sem-terra no Pontal.
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Os primeiros acampamentos dos sem-terra, foram montados primeiramente às margens da Rodovia Arlindo Bettio, em área cedida pela CESP provisoriamente, essa
localizada em Primavera. Com a situação, o Governo do
Estado de São Paulo tem como solução a desapropriação
de 15.000 ha de fazendas da região, criando o primeiro
assentamento dos Sem Terras do País, a Gleba XV de
Novembro. Implantada em 1984 (ITESP. 2005). Essa
gleba, possui parte de seu território no Município de Rosana e no Município de Euclides da Cunha Paulista.
Outros assentamentos formaram-se em Rosana a partir
da Gleba XV de Novembro, os assentamentos de Nova
Pontal, em 1998, Bonanza, em 1999, e Porto Maria, em
2008. A CESP foi uma das responsáveis pela implantação da infraestrutura nestes assentamentos, como medida compensatória dos impactos gerados pela construção
das usinas hidrelétricas.
A Gleba XV de Novembro é o maior projeto de assentamento rural do Estado de São Paulo, com 20.230 ha e
425 famílias. Está dividida em seis setores, sendo três
situados no Município de Rosana (setores I, II e III) ao sul
da Gleba XV, sendo os outros três pertencentes ao município de Euclides da Cunha Paulista. Encontra-se na porção nordeste de Rosana, ao longo da Rodovia Estadual
SP-613. Fazendo divisa com Euclides da Cunha Paulista,
o assentamento Nova Pontal encontra-se ao sul do Município de Rosana, próximo à UHE de Rosana. Bonanza
está na porção central do município e faz divisa com a
Gleba XV de Novembro. E por fim, o assentamento Porto
Maria localizado ao norte de Rosana, fazendo divisa com
a Gleba XV de Novembro.
A área rural de Rosana tem extensão territorial de aproximadamente 742,870 km², ocupada por 817 estabelecimentos agropecuários (IBGE, Censo agropecuário 2006)
distribuídos nos quatro assentamentos rurais e em propriedades particulares, essa zona rural possui, no total,
1.078 domicílios (IBGE, Censo 2010), onde vivem uma
população de 3.833 habitantes (IBGE, Censo 2010), configurando baixa densidade de ocupação, típica de áreas
rurais, sendo que a maior parte da população que vive na
área rural de Rosana encontra-se na Gleba XV de Novembro.
A Gleba XV de Novembro, conforme mencionado, é
composta por seis setores, estando os setores I, II e III
em território rosanense. Possui, nos seis setores, um total
de 571 lotes, que medem de 13 a 40 ha e com população
de 2.159 habitantes (ITESP, 2005). Destes lotes, 435
encontram-se em Rosana (ITESP,2005). Tanto os setores
da Gleba XV de Novembro situados em Rosana quanto o
Assentamento Nova Pontal são organizados por agrovilas, pequenos núcleos de infraestrutura de uso coletivo
inseridos em cada um dos setores. O Assentamento Bo-
nanza também possui alguns destes serviços, no entanto,
não são organizados em agrovilas. É praticamente nulo o
estabelecimento de serviços, comércios ou instituições no
assentamento de Porto Maria ou conformação de ocupação com características urbanas.
O Assentamento Nova Pontal possui um total de 122
lotes, entre 14 e 18 ha. O Assentamento Bonanza possui
31 lotes e o Assentamento Porto Maria, 41, (ITESP,2005),
inseridos no território de Rosana. Não existem agrovilas
instituídas nesses assentamentos e nem ocupações com
características urbanas.
Atualmente não existem conflitos de terra (ITESP,2005) e
acampamentos, na área rural de Rosana, principalmente
o Movimento dos Sem Terras. A maior parte da área rural
de Rosana ainda encontra-se em terras devolutas do
Estado de São Paulo, sendo que parte destas está regularizada e parte ainda não. As já regulamentadas foram
através da Lei Estadual n°4.957, de 30 de dezembro de
1985. Entretanto, há terras devolutas ocupadas por fazendas, ainda não regularizadas e que se encontram sob
ação judicial, através da Lei Federal n° 6.383, de 7 de
dezembro de 1976, que dispõe sobre o Processo Discriminatório de Terras Devolutas da União.
Segundo dados do IBGE (IBGE, 2006), 50,8% dos produtores rurais de Rosana são assentados sem titulação
definida, 47,2% são proprietários das terras em que produzem e o restante é formado por arrendatários, ocupantes e produtores sem-terra.
O grande número de assentados sem titulação definida
indica vulnerabilidade e dificuldades econômicas, o que
pode ser observado pelo grande número de pessoas que
não permanecem nos assentamentos e saem à procura
de empregos e melhores condições de vida.
Figura 2: Núcleos urbanos e os assentamentos em
Rosana. [1]
6. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Rosana apresentou, no ano de 2010, um contingente
populacional de 20.738 habitantes, segundo dados do
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Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010). Levando em consideração as
alterações da Lei Municipal de Perímetro Urbano, que
delimita as áreas urbanas, considera-se, além da Sede,
os bairros de Campinho, Beira-Rio e o núcleo urbano de
Primavera, e os assentamentos Gleba XV de Novembro,
Porto Maria, Bonanza e Nova Pontal numa área total
742.870 km² de território.
De acordo com dados do Censo de 2010, existem 6.137
domicílios permanentes no município, sendo 5.058 urbanos e 1.078 rurais. Deste total de domicílios 4.690 são
próprios, 836 são alugados e 553 são cedidos, os outros
58 domicílios se encontram em outros casos. O Censo
também aponta a presença de 44 habitações em casa de
cômodos ou cortiços.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A densidade demográfica é de 26,51 hab./km² (IBGE,
2010). Se compararmos o munícipio aos demais do Pontal do Paranapanema, sabe-se que a cidade tem uma
densidade demográfica média em relação as do Pontal,
sendo o 10º em número de habitantes por quilômetro
quadrado. Caracterizando por um baixo contingente populacional em uma área grande. O Município tem quase
4.000 habitantes na Zona Rural, um dos maiores números do Estado de São Paulo. Ao compararmos dados,
Rosana é a quinta cidade em contingente populacional
rural do estado de São Paulo, fator relacionado aos assentamentos surgidos a partir da década de 80.
Em relação ao quadro populacional, o Município de Rosana apresentou, ao longo das últimas três décadas, uma
taxa de crescimento total decrescente, atingindo -2,0% ao
ano. (IBGE, 2010). A população rural apresentou queda
de 7,0% indicando êxodo rural municipal, visto que Primavera, Beira Rio e Campinho tornam-se núcleos urbanos. O maior crescimento demográfico vivido em Rosana
foi entre 1991 e 2000, o que se explica pela finalização de
obras das usinas hidrelétricas e a ocupação dos assentamentos rurais.
Observa-se que, o crescimento das malhas urbanas de
Rosana encontra-se estagnado, não havendo implantação de novos loteamentos desde o início dos anos 2000,
cenário este resultante da estagnação no desenvolvimento econômico vivenciada no município, que acarreta a
redução da demanda por novos loteamentos. Além desse
fator, o fato de Rosana localizar-se em área com restrições ambientais, o que impossibilita a expansão urbana
do mesmo, e corrobora para a estagnação do crescimento da malha urbana sua implantação em terras devolutas
do Estado – que não poderiam ser ocupadas, além de
localizar-se próximo a fazendas, cujos proprietários não
têm interesse no parcelamento.
Rosana está em uma região estratégica, na divisa dos
estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, está em debate
o plano diretor participativo e a construção de um Porto
Intermodal que, se construído, irá inserir Rosana entre os
modais hidroviários, ferroviário e rodoviário de rota com o
Mercosul, além de alavancar o desenvolvimento do Pontal do Paranapanema.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O grau de urbanização de Rosana, aumentou entre os
anos de 2000-2010, cuja taxa de crescimento atingiu
80,53%, na média vivenciado pelos municípios da região,
se comparado a Presidente Prudente com média de
79,24% (IBGE,2010).
[1] GEOTEC Consultoria S/C. Plano Diretor de Rosana/SP. Mapas, 2006
A análise da dinâmica demográfica municipal, considerando o período de 1991 a 2010, aponta um decréscimo
populacional, com a redução de quase 4.000 pessoas
neste intervalo. Como principal motivo desse fato, o êxodo dos jovens rosanenses para outras cidades em busca
de melhores condições de vida e de emprego. Outro fator
que está diretamente relacionado à queda populacional é
a baixa diversidade de fonte de renda no município.
[3] PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DO MUNICÍPIO
DE ROSANA/SP SEÇÃO I – DIAGNÓSTICO E
PROPOSTAS
PARA
O
DESENVOLVIMENTO
MUNICIPAL, 2013
A Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta - Porto
Primavera, e a Usina Hidrelétrica de Rosana são as maiores fontes de renda para o município, sendo que o grande
percentual do PIB Municipal está concentrado no setor
industrial, graças às duas usinas. Atualmente, são responsáveis pela geração de emprego formal de 13% da
população de Rosana, com um rendimento médio de R$
3.721,29 (SEADE/SP,2010).
[2] LEITE, José Ferrari. A ocupação do Pontal do Paranapanema. São Paulo: Unesp, 1998
[4] SAITO, Milton. Impactos ambientais e sociais resultantes da construção da Usina Hidrelétrica de Rosana
- Rio Paranapanema - Sudoeste Paulista. 1989. Monografia (Bacharelado em Geografia). Faculdade de Ciências e tecnologia - Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente
[5] TSUKUMO, N. M. J. (Coord.). Arquitetura na CESP.
São Paulo: CESP, 1994
[6] VIANNA, M. P. Porto Primavera e o desenvolvimento regional no Pontal do Paranapanema Artigo – Escola
Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
23 e 24 de setembro de 2014
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010
[7] VASQUES, Antônio Cláudio B. A evolução da ocupação do município de Teodoro Sampaio. 1973. Tese
(Doutorado em Geografia) – F.F.L.C.H, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1973.
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