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Federação Nacional dos Professores
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2012... Os portugueses não mereciam isto!
Já lá vai 2012, um ano marcado por ataques muito violentos à vida dos portugueses que os professores bem
sentiram. Perante uma crise que não foram os trabalhadores a criar, foram, contudo, estes que, ao longo do ano,
a pagaram e de que forma…
Passos Coelho, fingido como é, fez um choradinho natalício a propósito do parco Natal de um grande número de
portugueses… mas afinal não é este o Natal que Coelho quis que tivessem? Afinal os portugueses, como tem repetido,
não andaram a viver acima das suas possibilidades? Não será este o Natal que, para o governante, condiz com as
possibilidades dos portugueses? Hipocrisia e falta de vergonha é o mínimo que pode dizer-se deste salazarento Primeiroministro que já nem esconde ter o ditador fascista como referência.
2012 fina-se e não deixa saudades. Tal ano foi atravessado pelo corte dos salários, pelo roubo dos subsídios, por uma
carga fiscal acentuada, por ataques sucessivos aos serviços públicos que o governo pretende desmoronar, por uma taxa
de desemprego que nunca parou de aumentar atingindo máximos históricos, pela destruição de direitos laborais e sociais
fundamentais, pela entrega a interesses privados de algumas “jóias da coroa”.
As políticas desenvolvidas foram responsáveis pelo que se passou e o governo do PSD e do CDS agiu como “vendilhão
do templo”, contando com a cumplicidade de um Presidente que se comportou como o corta fitas de cada medida de
austeridade violenta. Um e outro traíram o interesse nacional entregando-o a ganâncias externas. Não saem ilesos de
2012 os que, reféns da troika, criticaram com uma mão e apoiaram com a outra, incapazes de ousarem por rotas
alternativas que existem e nas quais encontrariam parceiros de caminho.
Nas televisões, rádios e jornais os pregadores foram os mesmos de sempre, dando aval às políticas em curso, uns
procurando revelar algum distanciamento no secundário para se colarem no essencial, outros tentando educar o povo a
comer e calar, fazendo passar a falsa mensagem da falta de alternativas.
A LUTA SAÍU À RUA
2012 foi também um ano de muitos protestos e lutas. Sendo verdade que, em 15 de setembro, vieram muitos
portugueses para a rua, como há muito não se via e isso foi de grande importância, também é verdade que prova de
resistência e resiliência foi dada pelos Sindicatos que, do primeiro ao último dia do ano, nunca baixaram os braços. Não
aqueles que, em determinado momento, atraiçoaram os trabalhadores com um acordo anti-laboral e antissocial
celebrado com os patrões e o governo, mas os que nunca desarmaram continuando a ter os trabalhadores como a razão
única de existirem.
A luta organizada atingiu uma dimensão nunca vista em anos anteriores próximos, com datas como 29 de setembro ou
14 de novembro, respetivamente, a grande Manifestação que encheu o Terreiro do Paço e a Greve Geral a constituírem
momentos de enorme significado.
A luta dirigida pelo movimento sindical, porém, não se limitou a esses dois importantes momentos, passando por outros
de dimensão variada mas significado igualmente elevado se considerarmos o difícil contexto em que se desenvolveu.
Foram lutas gerais e convergentes, a par de outras setoriais, mais específicas, muitas vezes levadas por diante nos
locais de trabalho, ora de resistência à perda de direitos, ora de exigência de melhores condições de trabalho e de vida.
Foram lutas de rua, mas também no plano jurídico. Foi muito trabalho desenvolvido nos locais de trabalho, muito debate
e esclarecimento, muita consciência social que abriu e cresceu, foram denúncias, mas também foram alternativas. Tal
como a FENPROF apresentou alternativas para o reforço da Escola Pública e a valorização da profissão docente,
também a CGTP provou, com as suas propostas, que há alternativas exequíveis e justas aos sacrifícios e à austeridade
de que estão a ser vítimas os trabalhadores. O que não há é vontade política para ir por aí.
2012 TOCA A FINADOS. QUE SE FINE!
A fechar o ano, Pedro disse o mesmo que Passos Coelho, mas por outras palavras. É verdade e nisso o homem não
mentiu. Retomando o estilo das “conversas em família”, apenas confirmou que o seu pensamento não encaixa nas
margens da Democracia. Se encaixe existe, ele esgota-se nos interesses de frau Merkel que se deixa fotografar a seu
lado fazendo-o sentir-se importante. Este Pedro, como outros (Paulo, Nuno, Vítor, Miguel e demais trupe), chega ao final
de 2012 com as mãos sujas, mas nem por isso demonstra vontade de as passar por água. Um raio que parta as políticas
que impuseram ao país! Políticas de empobrecimento que lançaram para a miséria centenas de milhar de cidadãos,
acrescentado indigência à pobreza.
2012 fina-se e não deixa saudades. Que morra e, com ele, morra esta austeridade violenta que provoca danos de difícil
reparação na sociedade portuguesa.
… 2013!
ACABAR COM ESTA VERGONHA
O ano surge sem novidades. O que se anuncia é ainda pior. O Orçamento do Estado promulgado por Cavaco entre o
Natal e o Ano Novo, anuncia mais miséria e a troika, achando pouco, quer acrescentar-lhe mais desgraça. A direita no
poder aproveita a crise para, com essa justificação, levar por diante o mais forte ataque jamais desferido contra o
Portugal Democrático, aproveitando para, por fim, ajustar contas com Abril.
A par do desmantelamento das funções sociais do Estado, que a todos obrigará a custos mais elevados na saúde,
educação ou proteção social, sobre os portugueses irá abater-se uma brutal carga fiscal destinada a extorquir-lhes
dinheiro que será enviado para estrangeiros. Ali Babá, ou seja, o FMI usa os seus homens de mão na nossa terra para
delapidar Portugal e os portugueses e, assim, se anuncia ainda mais desemprego, novos cortes salariais, o aumento do
horário de trabalho ou a transferência total do ensino para os municípios, primeiro passo para a concessão a privados…
em suma, sugadas gorduras e secada a carne, querem agora arrancar-nos a pele!
Para 2013 não ser tão mau como todos prevemos e é anunciado, só resta, a cada um de nós, assumir a
responsabilidade de tudo fazer para contrariar este rumo negativo dos acontecimentos.
É preciso que o país saiba dizer “Não!”, como disseram os argentinos quando decidiram pagar apenas parte da dívida,
dada a ilegitimidade da mesma. É preciso que o país tenha governantes que não aceitem discriminações e não aceitem
ser gozados, assistindo ao aliviar de pressões sobre países com défice mais elevado, mas , aqui, comendo com tudo
adotando o que chamam de “bom comportamento”. É preciso responsabilizar quem é, efetivamente, responsável pela
situação criada e, nesse sentido, não basta constatar o chamado “milagre irlandês”, é necessário olhar para a coragem
de responsabilizar sem olhar a consequências.
É por isso que 2013 será tanto melhor ou pior, quanto soubermos e formos capazes de ultrapassar silêncios e
conformismos com exigências, propostas, ação e luta. A espiral que aperta cada vez mais, e apertará até sufocar, não irá
parar se não fizermos por isso. Se ficarmos apenas a assistir as coisas tornar-se-ão insuportáveis, pois Pedro, Passos
Coelho e outros que tais continuarão a rir-se das nossas vidas, acenando-nos de longe, escrevendo hipocrisias com gozo
e deixando para os portugueses apenas as pedras que não reluzirem.
DAR OUTRO RUMO AO PAÍS E ÀS NOSSAS VIDAS
2013 será o ano de nos livrarmos destes males: estas políticas malvadas, os seus executores e a troika que traz ainda
outros presos pela goela. É preciso enxotar a troika daqui para fora, rasgar o seu memorando e trilhar outro caminho, que
há. Não faltam políticas alternativas, há que saber construir a alternativa política. É preciso dar esperança aos
portugueses; é preciso dar rumo ao futuro; é preciso lutar muito por tudo isso!
Para os professores, a luta desponta já no alvorecer do ano, em 26 de janeiro. Todos na rua, mais uma vez,
porque a profissão também se constrói no exercício da cidadania.
Mário Nogueira
Secretário-Geral da FENPROF
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