UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE LIGIA MARA DOLCE DE LEMOS EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV EM ESTADO DO NORDESTE BRASILEIRO: 1990-2011 ARACAJU 2013 LÍGIA MARA DOLCE DE LEMOS EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV EM ESTADO DO NORDESTE BRASILEIRO: 1990-2011 Tese apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel. Co-orientador: Prof. Dr. George W. Rutherford. ARACAJU 2013 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE L963e Lemos, Lígia Mara Dolce de Evolução histórica da transmissão vertical do HIV em Estado do nordeste brasileiro : 1990-2011 / Lígia Mara Dolce de Lemos; orientador Ricardo Queiroz Gurgel; co-orientador George W. Rutherford. – Aracaju, 2013. 152 f. : il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde - Núcleo de PósGraduação em Medicina) – Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2013. 1. Crianças HIV-positivo. 2. Infecções por HIV - Crianças. 3. Agentes antirretrovirais. 4. Doenças transmissíveis - Epidemiologia. 5. Pediatria. I. Gurgel, Ricardo Queiro, orient. II. Rutherford, George W., co-orient. III. Título. CDU 616.98-053.2-053.2:578.828HIV LÍGIA MARA DOLCE DE LEMOS EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV EM ESTADO DO NORDESTE BRASILEIRO: 1990-2011 Tese apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde. Aprovada em: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel ________________________________________________ 1ª Examinadora: Profa. Dra. Ângela Maria da Silva ________________________________________________ 2º Examinador: Prof. Dr. Marcos Antônio Prado Nunes ________________________________________________ 3ª Examinadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Leal ________________________________________________ 4º Examinador: Prof. Dr. Luís Carlos Rey PARECER __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ DEDICATÓRIA Dedico este trabalho às gestantes soro reagentes, às crianças expostas ao HIV e também para aquelas crianças cuja infecção ou morte pela impossível de ser evitada aids foi AGRADECIMENTOS Como expressar a todos os meus agradecimentos? Dentro de mim há um turbilhão de sentimentos que me remetem à grande trajetória percorrida: relembro as enormes oportunidades de crescimento e aquisição de saberes que me foram proporcionadas. Observo as pessoas que me prestaram assistência em momentos necessários de forma a qualificar este trabalho. Diante disso, só tenho a agradecer a energia fornecida para buscar e alcançar todos os ideais, que não eram poucos. Não me arriscaria a citar nomes...mas tenho todos guardados no coração, tenham certeza. Mas vamos lá...já sei por onde começar! - Às duas alegrias de minha vida, meus “bebês” Eduardo e Luana por entenderem todos os meus sonhos e compartilhá-los comigo. Não esqueci, Luaninha, de sua ajuda na coleta, e de Dudu com as traduções. Obrigada, meus amores! - A minha família, em especial Dona Laura, mãe, amiga e conselheira, meus irmãos: Jubinha (Elis Junior), Ise (Laurelis) e Lei (Erlei) que embora distantes no espaço físico, sempre estiveram presentes. E ao meu pai Elis (in memorian), Dr Elis brilhante advogado, exemplo de superação e vítima da violência reinante em nosso país. Beijos também aos meus queridos sobrinhos e cunhadas(os) que torcem por mim. - Aos meus tios: tio Naninho (Hernani Jr), razão de minha paixão pela área da Saúde, exemplo de profissional médico e “tia Lenise Lemos” que vem colaborando ativamente desde cedo com nossa educação, com puxões de orelha para aprender Português e Inglês e que agora me presenteou com a correção do Português deste trabalho. - Aos meus avós Lygia e Ernani (in memorian) que sempre me ensinaram o poder do conhecimento. Tenho muito orgulho de Todos. - Ao meu querido “torturador” Ricardo Gurgel que apesar de toda a carga de trabalho, esteve presente em todo o processo, acreditando em meu trabalho, incentivando-me nos momentos “down” e tornando possível esta pesquisa: nossa história é velha, desde a Pediatria de Ribeirão Preto, e que deu ares acadêmicos em Sergipe. Obrigada grande orientador...quero ser sua orientanda para sempre (BFF). - À todos os mestres que engrandeceram meu conhecimento e aos professores da banca de qualificação de qualificação e de defesa com suas sugestões oportunas e felizes. - Às minhas amadas ex- alunas, agora amigas, que participaram ativamente na coleta de dados (algumas também autoras de artigos que integram esta pesquisa. Gabi e Nágla, organizadíssimas, dupla infalível que participou do início ao fim da coleta de dados (até da recoleta). - Aos demais integrantes da equipe, Marcos Vinícus e Thaisa Rocha (autores de um dos artigos), Deisiane Santana dos Santos, Cássia Barbosa da Silva, Andreia Silva dos Santos, Jéssica Maria Batista das Virgens, Sheila Paixão Silva Sampaio. A ajuda de vocês foi fundamental. - À querida Amanda Menezes ativista da liga de sexualidade e todos seus componentes. Desculpem minha ausência e obrigada por darem continuidade. - Ao Victor que durante minha estada nos Estados Unidos ficava no Skype durante horas discutindo análise dos artigos, fazendo correções dos revisores e, é claro, regado à “violet drink” de Vanessa, sua adorável esposa. - Ao meu “salva vidas” Pedro, que digitou, redigitou o banco de dados mesmo chamando em momentos emergenciais e ainda fazendo considerações a respeito das inconsistências do banco. Vocês são demais!!!! - Aos amigos da coordenação estadual de DST aids pelas inúmeras informações recebidas, em especial Fernanda Costa, Marcelito (Marcelo Andrade), Almir Santana, Eliana Chagas e Kátia pela oportunidades ofertadas e todos da equipe. `A Mônica Rocha, você faz parte desta história e juntas compartilhamos nosso amor por esta causa. Ao Juan, pelo apoio incondicional e participação que sempre deu desde o tempo do mestrado e agora no doutorado. - Às colegas do Departamento de Enfermagem da UFS, que mesmo em momentos difíceis, possibilitaram diminuição de carga horária e também licença para doutorado sanduiche no exterior. - Á minha “madrinha” enf. e prof. Cássia Faro, pois esta vitória também é sua. Sua acolhida jamais será esquecida. - Aos colegas do Instituto Global de Saúde da Universidade da Califórnia por acolherem esta estranha no ninho e lhedarem de presente “my boyfriend ENDNOTE”. À Ritu e Gavrilla, “cozy friends” , incentivadoras e à Amy (my teacher) instrutuora do endnote e STATA. - Ao meu querido mentor estrangeiro George Rutherford, pela enorme paciência e ensinamentos. Aprendi muito com você e sei que vamos continuar com a parceria. À TODOS UM MUITO OBRIGADA! OBRIGADA MEU DEUS!!! EPÍGRAFE Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança: 1- estar sempre alegre, 2- nunca ficar inativo 3- chorar com força por tudo o que se quer. (Paulo Leminsk) ♬...ainda que eu falasse a língua dos homens/e falasse a língua dos anjos/SEM AMOR EU NADA SERIA.... (Renato Russo -musica Monte Castelo) RESUMO LEMOS, L.M.D. Evolução histórica da transmissão vertical do HIV em estado do nordeste brasileiro: 1990-2011. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. UFS, 2013. Introdução: a transmissão materno infantil, principal via de aquisição do vírus HIV em crianças e o aumento progressivo da epidemia nas mulheres em idade reprodutiva influenciam decisivamente a epidemia na infância. Com os resultados de profilaxia com antirretrovirais, a possibilidade de transmissão diminuiu consideravelmente, mas ainda constitui um problema relevante de saúde pública. Objetivo: descrever a série histórica da situação clínica, epidemiológica e laboratorial de crianças, filhas de mães soropositivas ao HIV ou com aids nascidas em Sergipe e acompanhadas no centro de referência em DST/Aids no período de janeiro de 1990 a dezembro de 2011. Métodos: Trata-se de uma coorte retrospectiva. Para compor o banco de dados, levantaram-se informações sobre nascimento e acompanhamento clínico no Sistema de Notificação de Agravos (SINAN), em arquivos do centro de referência em HIV/aids (CEMAR), em maternidade de referência, em sistema de exames laboratoriais (SISCEL) e em sistema de mortalidade (SIM). Os métodos para análise foram diferenciados de acordo com cinco objetivos específicos propostos. No primeiro, analisou-se uso do protocolo “Aids Clinical Trial Group” (ACTG 076) em maternidade de referência para HIV/aids no período de 1994 a 2010. No segundo realizou-se uma estimativa de gestantes HIV reagentes pelo método de captura e recaptura no estado de Sergipe no período de 1990-2011. O terceiro objetivo foi identificar fatores de riscos maternos para infecção pelo HIV em crianças expostas e a taxa de transmissão materno-infantil em Sergipe no período de 1990-2010. O quarto objetivo observou tendências de mortalidade em coorte de crianças infectadas pelo vírus HIV no período de 1993 a 2011. O quinto e último verificou prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio do HIV em crianças expostas por transmissão vertical. Resultados: foram identificadas 561 crianças expostas. Dessas, 467 (83,24) realizaram teste diagnóstico para HIV, constatando-se 101 (18%) infectadas e 61 (10,8%) ainda em investigação. Na análise multivariada sobre fatores maternos para infecção pelo HIV na criança, a profilaxia antirretroviral na criança foi um fator protetor (aOR 0.07, 95% CI 0.01-0.41, p=0,003). Amamentação foi marginalmente associada ao aumento da chance de transmissão vertical (aOR 4,52, Intervalo de Confiança [IC] 95% 0,78-26,17). A transmissão materno-infantil decresceu de 91% antes de 1997 para 2% em 2011, acompanhando o mesmo crescimento na adoção dos protocolos de prevenção. Das 101 infectadas, 21 morreram com a média de idade de 4,3 anos (IQR, 1,5-5,6 anos). O risco de morte foi 57% menor para crianças nascidas após 2001 quando comparadas com as nascidas antes (Risco relativo ajustado [aRR] 0,43; IC95% 0.20-0.96, p<0.05). Na análise sobre fatores de risco para diagnóstico tardio na coorte de 55 crianças infectadas no período de 2002 a 2011, 42(76,5%) foram diagnosticadas tardiamente, acima de 12 meses de idade. Foi observado o uso do protocolo ACTG 076 nas três fases (antirretroviral na gestação, durante e após o parto), sendo utilizado de forma completa somente em 31,8% dos participantes. Pelo método de captura e recaptura, estimou-se, para o período de 2000 a 2010, 1.110 gestantes, tendo sido observada subnotificação de 381 casos (34,3%) que não constavam nos sistemas oficiais de cadastramento dos pacientes. Conclusão: a transmissão vertical decresceu durante o período estudado, mas, apesar disso, captação de gestantes e iniciação precoce de profilaxia com antirretroviral necessitam ser melhoradas, assim como o diagnóstico precoce pelo HIV em crianças, para haver o benefício de medidas profiláticas e/ou terapêuticas e, consequentemente, sobrevida mais longa e melhor qualidade de vida. Descritores: Transmissão Vertical de Doença Infecciosa; HIV; Criança; antirretrovirais; Sobrevida; Diagnóstico Tardio. ABSTRACT LEMOS, L.M.D. History of transmission of HIV in a state from Northeast Brazil: 1990-2011. Tese de Doutorado. Núcleo de Pós-Graduação em Medicina. NPGME, 2013 Introduction: the mother-to-child transmission is the main route of acquisition of HIV in children and the progressive increase of the epidemic in women of reproductive age significantly influences the epidemic in childhood. With the results of prophylaxis with antiretroviral, the possibility of transmission decreased considerably, but is still an important public health problem. Objective: to describe the time series of the clinical, epidemiological and laboratory of children born from mothers HIV positive or with AIDS in Sergipe and followed at referral center for STD / AIDS from January 1990 to December 2011. Methods: this is a retrospective cohort study. We recorded clinic and registry data from all HIV-infected pregnant women and exposed children from: notification system disorders (SINAN), file reference center for HIV / AIDS (CEMAR), referral maternity, system laboratory (SISCEL) and mortality system (SIM). The analyses were differentiated according to five specific objectives. At first, it was analyzed using the protocol AIDS clinical trial group (ACTG 076) in reference maternity HIV / AIDS for the period 1994-2010. We included HIV positive mothers from July 1994 to April 2010. In the second objective we did a prevalence survey to estimate the number of HIV positive pregnant using the capture-recapture method in the state of Sergipe in the period 1990-2011. The third was a retrospective cohort study to evaluate the risk factors associated with vertical transmission and the rate of mother to child transmission in Sergipe in the period 1990-2010. The fourth objective trends observed mortality in a cohort of children infected with HIV in the period 1993-2011. The fifth and last observed prevalence and risk factors for late diagnosis of HIV in infants exposed vertical transmission. Results: we identified 561 HIV-exposed children in the study period. Of these, 467 (83.24%) performed diagnostic test for HIV and 101 (18%) were infected by the virus. Of these, 467 (83.24) performed diagnostic test for HIV, 101 (18%) were infected, and 61 (10.8%) were still under investigation. In multivariate analysis of maternal factors for HIV infection in children, antiretroviral prophylaxis in children was a protective factor (aOR 0:07, 95% CI 0:01 to 0:41, p=0.003). Breastfeeding was marginally associated with increased chance of transmission (adjusted Odds Ratio [aOR] 4.52, CI 95% 0.78-0.17, p=0.092). The risk for breastfeeding over the study period was 91.0%, and transmission decreased from 91 per 100 live births before 1997 to 2 per 100 in 2011 following adoption of the prevention protocol. Of the 101 infected, twentyone children died with a median age at 4.3 years (IQR, 1.5-5.6 ears). In multivariable analysis, after adjusting for current treatment, the risk of death was 57% lower for children born after 2001 compared to those born before (adjusted relative risk [ARR] 0.43,IC95% 0.20-0.96, p <0.005). Lack of prenatal care (p=0.09) and breastfeeding (p=0.07) were marginally associated with late diagnosis. Was observed using the ACTG 076 was fully (during pregnancy, during delivery and after childbirth) utilized in only 31.8% of the participants. We estimate the population of HIV-seropositive pregnant women in the State of Sergipe between 2000 and 2010, using the capture-recapture method (CRC), that there were in total 1110 HIV seropositive pregnant women; therefore, 381 (34.3%) women were not captured by any of the three official systems registrations. Conclusion: the vertical transmission declined over the study period. Nevertheless, capitation of pregnant women and early initiations of preventive measures need to improve as soon as early HIV diagnosis in children for these populations to enjoy the benefit of the prophylactic and therapeutic/prophylactics measures including no infection, longer survival and better quality of life. Key-words: Infectious Disease Transmission, Vertical; HIV; Child; Antiretroviral; survival; late diagnosis. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 1.1 Contexto histórico do vírus da imunodeficiência humana (HIV)........................................... 1.2 História natural da doença....................................................................................................... 1.3 Epidemiologia do HIV/aids .................................................................................................... 1.4 Considerações sobre a transmissão vertical do HIV............................................................... 1.5 Manuseio de crianças nascidas de mães soropositivas para o HIV......................................... 1.6 Diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças...................................................................... 1.7 Definição de casos de aids em crianças................................................................................... 1.8 Terapia antirretroviral.............................................................................................................. 2 OBJETIVOS .............................................................................................................................. 3 CASUÍSTICA E MÉTODOS .................................................................................................... 4 RESULTADOS ......................................................................................................................... 4.1 Artigo 1 - “Avaliação de medidas preventivas para transmissão materno-infantil em Sergipe. Publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical ............................................ 4.2 Artigo 2 – “Estimativa do número de gestantes HIV reagentes utilizando o método de captura e recaptura. Publicado no jornal AIDS CARE................................................................. 4.3 Artigo 3- “Fatores de riscos maternos para infecção pelo HIV em crianças”. Publicado no International Jornal Infectious Disease ........................................................................................ 4.4 Artigo 4- “Mortalidade de crianças após o diagnóstico da infecção pelo HIV no nordeste do Brasil”. Submetido no Jornal de Pediatria..................................................................................... 4.5 artigo 5- “Prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio do HIV em crianças”. Submetido ao jornal Pediatrics Infectious Disease ....................................................................... 5 CONCLUSÕES.......................................................................................................................... 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... REFERÊNCIAS............................................................................................................................ APÊNDICE A- ESTRATÉGIAS DE BUSCA NA LITERATURA........................................... APÊNDICE B- INSTRUMENTO DE COLETA ........................................................................ APÊNDICE C- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........................ APÊNDICE D- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA ................................................................ APÊNDICE E – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO EM CONGRESSOS............................. ANEXO I- CLASSIFICAÇÃO DA CRIANÇA COM AIDS (CDC) .......................................... ANEXO II- ESTÁGIOS CLÍNICOS DE HIV/AIDS REVISADOS PELA OMS PARA LACTENTES E CRIANÇAS COM INFECÇÃO ESTABELECIDA PELO HIV (WHO) ........ ANEXO III- ALGORITMO PARA UTILIZAÇÃO DE TESTES PARA QUANTIFICAÇÃO DE RNA VIRA EM CRIANÇAS ENTRE 1 E 18 MESES ......................................................... 10 11 15 18 20 25 31 34 36 44 46 62 64 70 76 83 97 100 114 118 132 134 142 143 144 150 151 152 APRESENTAÇÃO Este trabalho teve como propósito apresentar série histórica de todas as crianças expostas ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) por meio de suas mães, desde o primeiro caso no estado de Sergipe, em 1990, até o ano de 2011. Este estudo é apresentado no formato diferenciado de teses, conforme instrução normativa regida pelo Colegiado do Núcleo de PósGraduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe (NPGME), artigo 1, inciso 2/A2/2009. Para tanto, foi feita detalhada introdução, onde consta o estado da arte relativo ao tema proposto. Para preservar a qualidade e atualização do tema, utilizou-se o instrumento do Instituto Cochrane do Brasil para estratégias de busca em artigos indexados nas bases de dados “LILACS” (Literatura Latino-Americana e do Caribe) por meio de grupamento dos descritores da BIREME e “PUBMED” (Publicações Médicas da Biblioteca Nacional de Medicina-NLM, dos Estados Unidos) com o grupamento dos termos Medical Subject Heading (MeSH) (APÊNDICE A). Para complemento das informações, foram utilizados também os manuais publicados pelos programas nacionais (Ministério da Saúde-MS) e internacionais (World Health Organization-WHO ) de DST/AIDS. A seguir foi escrita uma metodologia geral para a série histórica. Os resultados e discussão foram apresentados por meio de cinco artigos. O primeiro artigo trata sobre análise das ações baseadas no protocolo Aids Clinical Trial Group 076 (ACTG 076) em uma maternidade de referência para gestantes e ou parturientes soropositivas para HIV. O artigo seguinte realizou-se uma estimativa do número de gestantes HIV reagentes no estado de Sergipe pelo método de captura e recaptura. No terceiro artigo foram realizadas análises sobre fatores de riscos maternos para infecção do HIV na criança. O quarto artigo faz análise de mortalidade em crianças com HIV/Aids, o quinto e último artigo aborda a prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio em crianças com HIV. Os três últimos artigos foram escritos durante o doutorado sanduiche realizado no Instituto Global de Saúde da Universidade da Califórnia de São Francisco (UCSF), Estados Unidos da América. 9 1 Introdução 10 1 INTRODUÇÃO Transcorridos mais de 30 anos do reconhecimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), debruçar-se sobre os vários aspectos da epidemia de HIV/aids no Brasil suscita oportunidades de aprendizagem e reaviva várias perguntas sobre o tema. Os conhecimentos sobre a doença avançaram rapidamente desde a descrição dos primeiros casos, principalmente nos campos da transmissão e tratamento. Um dos graves problemas foi o aumento da transmissão da aids entre mulheres e como consequência, a transmissão do vírus para seus bebês, conhecida como transmissão vertical. Após a implantação do protocolo Aids Clinical Trial Group (ACTG 076) (CONNOR;SPERLING;GELBER, et al., 1994) a transmissão vertical diminuiu progressivamente nos países desenvolvidos, inicialmente pelo maior acesso ao tratamento com zidovudina (AZT) e posteriormente com uso da terapia múltipla, aleitamento artificial e parto cesáreo eletivo (BROCKLEHURST; FRENCH, 1998; DE BRITO;DE SOUSA;LUNA, et al., 2006; LALLEMANT;JOURDAIN;LE COEUR, et al., 2004; MOFENSON;LAMBERT;STIEHM, et al., 1999; SUKSOMBOON; POOLSUP; KET-AIM, 2007). Apesar deste grande avanço, muitos serviços de saúde apresentam fragilidades que comprometem a eficácia para diagnóstico, profilaxia, tratamento e até monitoramento da doença, com altas taxas de perdas de seguimento dos pacientes cadastrados (VASCONCELOS; HAMANN, 2005). Com o conhecimento da evolução clínica, epidemiológica e laboratorial dessas crianças, as coordenações dos programas municipal e estadual, terão mais subsídios para avaliar as ações já desenvolvidas, como também para planejar, programar e executar outras que minimizem os efeitos causados pela exposição do HIV nessas crianças. O objetivo geral deste A Coordenação Nacional de DST e Aids (órgão assessor do Ministério da Saúde) sugere que a palavra "aids" seja considerada como substantivo comum, apesar de ser originária de uma sigla estrangeira, recomendando a grafia em caixa baixa quando tratar-se da epidemia; a grafia em caixa alta e baixa seria utilizada apenas quando corresponder a nomes próprios de instituições (p. ex., Centro de Referência em Aids); entretanto, quando a palavra estiver no meio de siglas grafadas em caixa alta, a palavra "aids" seguirá em caixa alta CASTILHO EA, C.P. (1997). A epidemia da aids no Brasil. In: A epidemia da aids no Brasil: situação e tendências. C. N. d. D. e. Aids. Brasília, Ministério da Saúde: 9-12. Para esta tese, iremos seguir estas recomendações exceto para os artigos escritos em língua inglesa. 11 estudo foi realizar coorte histórica da evolução clínica, epidemiológica e laboratorial de crianças nascidas de mães HIV reagentes no estado de Sergipe. 1.1 Contexto histórico do vírus da imunodeficiência humana (HIV) Os primeiros relatos sobre a Síndrome da Imunodeficiência adquirida (aids) surgiram no início dos anos 80, com o aparecimento de cinco casos, em Los Angeles, nos Estados Unidos, de pneumonia por Pneumocystis carinnii (agora chamado Pneumocystis jiroveci) e Sarcoma de Kaposi entre grupos de homossexuais masculinos, jovens e anteriormente saudáveis (GOTTLIEB, 2006). Naquela época não puderam prever que se tratava do início de uma epidemia, mais tarde denominada de SIDA pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), e que representaria uma das mais sérias crises na saúde em nível mundial, com um grande impacto em toda a sociedade (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC), 1996; CURRAN; JAFFE, 2011). No início da epidemia, o CDC não tinha nome oficial para a doença, muitas vezes referindo-se a ela por meio das doenças associadas, como Linfadenopatia ou Sarcoma de Kaposi (BARRE-SINOUSSI;CHERMANN;REY, et al., 1983; CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC), 1982) Na imprensa, divulgaram o termo “GRID”, sigla para “gay-related imune deficiency” (imunodeficiência relacionada a homossexuais ou “peste gay”) (ALTMAN, 1982). O CDC em busca de um nome e observando comunidades infectadas, criou o termo dos “4Hs” referindose aos haitianos, homossexuais, hemofílicos e usuários de heroína. No entanto, depois de determinar que a aids não era uma doença exclusiva da comunidade homossexual, em setembro de 1992 o CDC começou a utilizar a sigla AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) e adequadamente definiu a doença (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC), 1982). O caráter infeccioso foi a seguir identificado pelo isolamento de um vírus, a partir de um gânglio linfático de um doente com número reduzido de linfócitos T CD4+, denominado LAV (Lymphadenopathy Associated Virus) MONTAGNIER;GRUEST;CHAMARET, et al., 1984). (GALLO, 2006; Paralelamente, um conjunto de investigadores liderados por Roberto Gallo, também isolou um retrovírus, denominado HTLV- 12 III (Human T-Lymphotrophic Virus) e confirmou o fato desse retrovírus ser o agente causal da imunodeficiência observada nos doentes e a sua associação com a aids (GALLO, 2006; GALLO;SALAHUDDIN;POPOVIC, et al., 1984). Outros grupos de pesquisadores desenvolveram uma linhagem de células T de pessoas com aids na estado da Califórnia, San Francisco-EUA. Estas culturas ratificaram descobertas feitas anteriormente, porém não foi estabelecida comparação direta com o LAV e por isso a este isolado foi dado o nome “Retrovírus Associado à Aids”-ARV (LEVY;HOFFMAN;KRAMER, et al., 1984). A comparação dos vírus por meio sorológico descritos por Gallo, Montagnier e Levy demonstrou serem semelhantes e em 1986, o Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV) renomeou estes agentes como Human Imunodeficiency Vírus (HIV) ou seja, Vírus da Imunodeficiência Humana e a sigla aids para síndrome da imunodeficiência adquirida (BARRE-SINOUSSI;CHERMANN;REY, et al., 1983; LEVY;HOFFMAN;KRAMER, et al., 1984). Em 1997 no Brasil, o Ministério da Saúde sugere que palavra "aids" seja considerada como substantivo comum, recomendando a grafia em caixa baixa quando tratar-se da epidemia; a grafia em caixa alta e baixa seria utilizada apenas quando corresponder a nomes próprios de instituições (CASTILHO, 1997). A identificação do vírus tipo 2 ocorreu em 1986, a partir de um doente na África Ocidental, pela investigadora portuguesa Odette Ferreira e sua equipe, em colaboração com o grupo dirigido por Luc Montagnier (CLAVEL;GUYADER;GUETARD, et al., 1986). O vírus do tipo 2 está mais associado a África Ocidental, em países como Senegal, Nigéria, GuineBissau e Gana. Contudo, o HIV-2 também é encontrado em outras partes do mundo, em países com fortes ligações com África Ocidental, como Portugal, França e Angola. As infecções pelo HIV-1 e HIV-2 apresentam estruturas semelhantes, embora existam diferenças no que diz respeito a sua evolução, desde a fase de infecção aguda até o final do período de latência e respectiva classificação como aids, bem como relativamente à distribuição geográfica da origem do vírus. Contudo, apesar de apresentarem diferenças em alguns pontos da sua estrutura, originam a mesma doença: a aids (UNAIDS, 2012). A mais antiga identificação do vírus HIV vem do Congo em 1959 e 1960, embora estudos genéticos indicam que o vírus tenha passado para a população humana vindo de chipanzés em torno de cinquenta anos antes (WOROBEY;GEMMEL;TEUWEN, et al., 2008). Outro estudo afirma que o HIV provavelmente foi levado da África para o Haiti e, em seguida, para os Estados Unidos em torno de 1969 (GILBERT;RAMBAUT;WLASIUK, et al., 2007). 13 Contudo, a origem do HIV ainda é discutida. Estudos de filogenia molecular revelaram que o HIV-1 teve origem a partir do Vírus da imunodeficiência símia (SIV) que infecta a subespécie de chimpanzé Pan troglodytes troglodytes (SIVcpz), enquanto que o HIV-2 deriva de uma cepa de SIV que infecta o primata Sooty mangabey (SIVsm) (PAPATHANASOPOULOS; HUNT; TIEMESSEN, 2003). Neste contexto, é sugerido que a rota de infecção humana com o SIV se deu pela exposição ao sangue de macacos durante o processo de caça e abatimento desses animais e não pela ingestão da carne desses primatas (GAO;BAILES;ROBERTSON, et al., 1999; KALISH;PITT;LEW, et al., 1997). No entanto, apenas algumas destas infecções causaram epidemias em humanos e todas só aconteceram o final do século XIX e início do século XX. Inferências e estudos sobre a origem do HIV foram importantes, pois acabaram por estabelecer semelhanças existentes entre o SIV e HIV, uma vez que cinco evidências sustentam essa origem e a relação existente entre os dois vírus: (I) similaridade na organização dos genomas desses vírus; (II) as relações filogenéticas existentes entre os dois; (III) a prevalência do SIV nos seus hospedeiros naturais; (IV) a coincidência geográfica no surgimento do HIV e do SIV e (V) a existência de vias de transmissão admissíveis entre espécies (MARX; APETREI; DRUCKER, 2004). Apesar de os primeiros casos terem surgido em indivíduos homossexuais masculinos e em usuários de drogas injetáveis, não demorou muito até outros grupos da população serem infectados. Estudos epidemiológicos evidenciam que a aids é uma doença infecciosa, transmitida durante as relações sexuais, através do sangue ou dos seus derivados, por meio de compartilhamento de seringas entre usuários de drogas e verticalmente da mãe para o filho (FONSECA; BASTOS, 2007; J. OLESKE;MINNEFOR;COOPER, et al., 1983). 1.1.1 Marcos na epidemia de aids em crianças As informações históricas da epidemia de aids em criança foram extraídas a partir do estudo de Jane Galvão da Associação Brasileira Interdisciplinar de aids (GALVÃO, 2002) dos boletins epidemiológicos da coordenação nacional de DST/Aids e da UNAIDS. 1981- Primeiro caso de aids no mundo e Brasil 14 1983- Primeira notificação mundial de infecção por HIV em mulheres e crianças. Primeiros relatos de transmissão heterossexual do vírus e de contaminação entre profissionais de saúde. 1985- Primeiro caso de transmissão vertical no Brasil. Surge o primeiro teste diagnóstico para a doença, baseado na detecção de anticorpos contra o vírus. 1986- Criação do Programa Nacional de DST e Aids no âmbito do Ministério da Saúde e início da distribuição de medicamentos para infecção oportunista. 1987- Primeiro caso de aids em adultos em Sergipe 1990- Primeiro caso de aids em mulheres notificado em Sergipe 1991- O Ministério da Saúde inicia a distribuição gratuita de antirretrovirais. A fita vermelha torna-se o símbolo mundial de luta contra a Aids. 1993- Primeiro caso de aids em crianças notificado em Sergipe. O AZT começa a ser produzido no Brasil. 1996- A Lei n° 9.313, de 13 de novembro, garante a distribuição gratuita, pelo sistema público de saúde, de medicamentos para pessoas com aids. Implantação do protocolo “Aids Clinical Trial Group” (ACTG 076) para prevenção dos casos de transmissão materno-infantil. HIV/AIDS. Com mais de 22 mil casos de Aids, o Brasil registra feminização, interiorização e pauperização da epidemia. 1997- Novos antirretrovirais incorporados no tratamento de pessoas com aids chamado de terapia antirretroviral de alta atividade (HAART). Ano que a UNAIDS reconhece, em sua cronologia dos 20 anos de HIV/AIDS, que o Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a distribuir a terapia antirretroviral através do sistema público de saúde. 2000- Implantação da notificação de gestante com aids pelo Sistema de Informação de Agravos Notificáveis (SINAN). Publicação da portaria para diagnóstico molecular em crianças (carga viral) e de um fluxograma pela Coordenação Nacional de DST e AIDS no qual é regulamentado o uso da carga viral para o HIV (método quantitativo), para o diagnóstico da infecção em crianças entre 2 e 24 meses de idade. 2001- Em dezembro, a Suprema Corte de Pretória determina que o Governo Sulafricano distribua medicamentos para AIDS para mulheres grávidas visando reduzir a transmissão do HIV da mãe para a criança e o governo Sul-Africano apela a ordem judicial. 15 2002- Implantação do “Projeto Nascer” com confecção de teste rápido e de sífilis em parturientes admitidas em maternidades que atendem pelo SUS. Início de realização de carga viral em crianças nascidas em Sergipe. 2006- Diminuição significativa dos casos de transmissão vertical no Brasil 2009- Mudança no consenso terapêutico de crianças infectadas pelo HIV, com indicação para uso de terapia tripla no primeiro ano das crianças infectadas pelo HIV independente dos valores de carga viral ou porcentagem do CD4. 2010- O programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids estabeleceu metas para 2015 onde uma delas é a transmissão vertical zero. Ministério da saúde recomenda terapia tripla para todas as gestantes independente de carga viral. 2012- Após ensaio clínico 040 por meio do protocolo ACTG 1043, o Ministério da Saúde publicou nota técnica pra realizar quimioprofilaxia com AZT e Nevirapina para todos recém-nascidos de mães com diagnóstico de infecção pelo HIV que não receberam ARV na gestação, mesmo que a mãe tenha recebido AZT injetável no momento do parto. 1.2 História Natural da doença O vírus da imunodeficiência humana (HIV) invade o sistema imunitário do homem de modo silencioso, multiplica-se e destrói os linfócitos T CD4+, importantes células responsáveis pela defesa do organismo. Origina progressivas deficiências imunológicas no organismo, sendo o estágio da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) a situação mais grave da infecção pelo HIV. Com a aids, a evolução das doenças acontece num contexto orgânico de maior gravidade, com aumento da morbidade e mortalidade por infecções consideradas oportunistas (HOLMES;SPARLING;MARDH, et al., 1999). O HIV é um Retrovírus do subgrupo Lentivirus. As infecções pelo Lentivirus caracterizam-se por um quadro agudo inicial (definido pelo tempo entre o início da infecção e o desenvolvimento da resposta imunológica), onde o vírus pode não ser identificado. É seguido por um longo período de latência clínica que varia de acordo com o indivíduo. Durante este tempo, que pode durar anos, os indivíduos infectados podem não apresentar sinais ou sintomas, embora se verifique uma contínua diminuição das funções imunitárias. (GUTIEREZ; SANTOS; ALMEIDA, 2005; HOLMES;SPARLING;MARDH, et al., 1999). 16 A história natural do HIV inicia pela transmissão do vírus através de três vias principais: sexual, sanguínea e materno-infantil. A via heterossexual propicia a propagação da epidemia, haja vista o aumento do número de mulheres infectadas. A transmissão sanguínea ocorre por transfusões de sangue e seus derivados ou pelo compartilhamento de seringas contaminadas, na maioria das vezes por usuários de drogas endovenosas. A transmissão da mãe para o feto pode ocorrer durante a gestação, no parto ou durante a amamentação e é também chamada “transmissão vertical do HIV” ou “transmissão materno-infantil” (HOLMES;SPARLING;MARDH, et al., 1999). O HIV infecta diferentes tipos de células e tem preferência acentuada pelos Linfócitos T CD4+. Além da molécula de CD4, utiliza também receptores de quimiocinas como CXCR-4 que age como co-receptor para o HIV e permite interação entre o vírus e a superfície da célulaalvo (ALKHATIB;COMBADIERE;BRODER, et al., 1996). A elevada taxa de replicação viral (aproximadamente 10 bilhões/dia), somada à variedade genética dos vírus, aumenta a diversidade do mesmo ao longo da infecção no hospedeiro (Pinto & Struchiner, 2006). O vírus pode ser encontrado em quantidades variáveis durante o curso da doença em linfonodos, no sistema nervoso, sangue, plasma, sêmen, líquido pré-seminal, secreção vaginal e do ouvido, urina, leite materno, saliva, lavado traqueobrônquico, líquor, lágrima e outros tecidos. O sangue e seus derivados assim como as secreções sexuais contêm grande quantidade deste vírus suficientes para causarem infecções. Os outros fluídos corporais não apresentam risco potencial de transmissão. O curso natural da infecção pelo HIV não tratada, varia de acordo com a capacidade dos portadores do vírus HIV de manter altos contagens de células CD4 e / ou de carga viral suprimida na ausência de ART (ATTIA;EGGER;MULLER, et al., 2009; FRANCO, 2005; SABIN; LUNDGREN, 2013). Pesquisadores da University of North Carolina em Chapel Hill, nos Estados Unidos, demonstram que populações virais diferem entre o plasma sanguíneo e do trato genital masculino na infecção estabelecida. Este local é de especial interesse uma vez que a via sexual é a principal forma de transmissão do HIV-1. Como no sémen há enriquecimento das citocinas, este fator pode aumentar o potencial para a replicação viral. Estas novas descobertas são significativas porque a natureza do vírus no trato genital masculino é de grande importância para a compreensão do processo de transmissão. (ANDERSON;PING;DIBBEN, et al., 2010) Existem várias fases desde a infecção pelo HIV até o desenvolvimento da aids e para fins didáticos, divididas em três: aguda, assintomática e sintomática. Na primeira, logo após o contágio, ocorre a transposição das barreiras formadas pelas mucosas do hospedeiro e de seus 17 mecanismos de defesa, que tentam combater a propagação viral. A seguir, ocorre interação entre estruturas do HIV e diversos receptores dos linfócitos T CD4+ que pode resultar em invasão de órgãos linfoides e de outros órgãos do indivíduo infectado. Na fase síndrome retroviral aguda (SRA) da infecção observa-se alta carga viral plasmática e súbita redução nos níveis dos linfócitos T CD4+, sendo fase propícia para transmissão do vírus. Nela, os anticorpos estão ainda ausentes e a sorologia para a infecção pelo HIV é geralmente negativa nessa fase, mas o diagnóstico pode ser realizado com a utilização de métodos moleculares para a detecção de RNA do HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013; SABIN; LUNDGREN, 2013). Após um mês do contágio, passa a ocorrer a produção de anticorpos anti-HIV. Nessa fase, bilhões de partículas virais são produzidas diariamente, a viremia plasmática alcança níveis elevados e o indivíduo torna-se altamente infectante. Apenas a partir deste momento torna-se possível o diagnóstico laboratorial por meio do isolamento do vírus, por ensaios biológicos como o ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay), por testes rápidos, pela técnica de Imunofluorescência e Western-Blot ou ainda por meio de diagnóstico de infecções oportunistas características da infecção pelo HIV. Em crianças menores de dois anos não é aconselhável realizar o exame sorológico por causa da possibilidade de aquisição passiva de anticorpos através de passagem transplacentária, o que representaria um exame falso-positivo (SABIN; LUNDGREN, 2013). Os principais achados na SRA incluem: febre alta, adenopatia, faringite, exantema, mialgia e cefaleia, comprometendo principalmente as cadeias cervical anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar. Podem ocorrer, ainda, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão. A SRA é autolimitada e a maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas. Linfadenopatia, letargia e astenia podem persistir por vários meses. A presença de manifestações clinicas mais intensas e prolongadas (superior a 14 dias) associase a progressão mais rápida da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013; SABIN; LUNDGREN, 2013). A carga viral e os níveis de T CD4+ refletem, respectivamente, danos ao sistema imunológico e ao grau de imunodeficiência. Em conjunto com as manifestações clínicas, as determinações desses indicadores permitem identificar o estágio da infecção. Enquanto não aparecem, o indivíduo encontra-se na fase assintomática ou período de incubação. Esse período pode ser prolongado com a ação dos antirretrovirais e difere conforme a condição física de cada indivíduo (SIMON; HO; ABDOOL KARIM, 2006). 18 Pelo fato de ter uma atividade citopática, o vírus HIV leva à depleção característica dos linfócitos auxiliares (T CD4+), acarretando a imunodeficiência, com subsequente desenvolvimento de infecções secundárias e/ou neoplásicas. Essa fase é a sintomática, e o Ministério da Saúde desenvolveu critérios diferenciados para diagnóstico da aids em crianças e adolescentes e em adultos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) e identificação dos diferentes estágios clínicos da doença, que variam entre sintomas leves, moderados e graves (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION -CDC, 1994). Alguns estudos demonstram que o tempo de desenvolvimento da doença varia de um a onze anos em adultos (GOEDERT;KESSLER;ALEDORT, et al., 1989; RUTHERFORD;LIFSON;HESSOL, et al., 1990). Sabe-se, pela história natural da aids pediátrica, que em crianças a evolução varia, de rapidamente progressora até não progressora (BARNHART;CALDWELL;THOMAS, et al., 1996). A variabilidade individual é grande e depende de vários fatores, como categoria de exposição, resistência do hospedeiro, patogenicidade do vírus, mutações, resposta imune específica, e uso de estratégias de tratamento nas diversas fases. Estudos revelam que 20% das crianças infectadas pelo vírus HIV que não forem tratadas têm risco de progressão rápida da doença ou até morte no primeiro ano de vida. Por sua vez, a progressão da doença é mais lenta posteriormente, e, por volta dos seis anos de idade, cerca de 40% das crianças infectadas têm progredido para doença avançada e morte (DIAZ;HANSON;COOPER, et al., 1998; EUROPEAN COLLABORATIVE STUDY, 1994; GRAY;NEWELL;THORNE, et al., 2001). 1. 3 Epidemiologia do HIV/Aids 1.3.1 No mundo A Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas (ONU) atualizam as estatísticas globais que receberem informações dos sistemas de vigilância nacional de mais de 126 países, elaborando estimativas, com base em métodos e parâmetros estipulados pelo grupo de trabalho da UNAIDS/OMS. A partir da identificação dos primeiros casos do HIV nos Estados Unidos há mais de 30 anos, observou-se uma rápida disseminação para todos os continentes e comunidades (UNAIDS, 2012). 19 Nos primeiros dez anos da epidemia, o número de homens infectados aumentou consideravelmente nos grupos entre 20 e 34 anos de idade com registros de exposição sexual representadas pelos homens que fazem sexo com homens (HSH), heterossexuais e bissexuais. Na transmissão por sangue o acometimento maior era entre os hemofílicos, através de transfusão de Fator VIII, que é derivado do sangue humano (BASTOS;CACERES;GALVAO, et al., 2008; GRANGEIRO; ESCUDER; CASTILHO, 2011). Nos períodos subsequentes, houve evolução da epidemia entre usuários de drogas endovenosas. Com o rápido crescimento da epidemia por transmissão sexual, houve aumento do número de casos entre mulheres, preocupação até os dias de hoje, principalmente pela transmissão para crianças através da via materno-infantil (CASTILHO EA, 1997; FONSECA; BASTOS, 2007; MANN; WILSON, 1993; SZWARCWALD; CASTILHO, 2000; UNAIDS, 2012). Os determinantes para a difusão mundial da epidemia não se limitam às especificidades e à complexidade das características do vírus HIV, mas também estão diretamente relacionadas com comportamento humano e organização social (MANN; WILSON, 1993). Globalmente, segundo relatório anual das Nações Unidas, até o final de 2011, existiam no mundo aproximadamente 34 milhões [IC95%-31.4 milhões–35.9 milhões] de pessoas vivendo com HIV/aids, a maioria em idade reprodutiva. Estima-se que no mundo, 0,8% dos adultos entre 20 e 49 anos de idade, estejam infectados com o HIV, apesar das consideráveis diferenças epidêmicas entre países e regiões (UNAIDS, 2012). Na África subsaariana, região mais gravemente afetada, vivem 69% de todas as pessoas no mundo com HIV. Nessa região, aproximadamente 1 em cada 20 adultos é portador do HIV. A taxa de mortalidade também é grande, com cifra de 76% das mortes pela doença (UNAIDS, 2012). Apesar de a prevalência regional da infecção pelo HIV ser quase 25 vezes maior na África subsaariana, depois dela, as regiões mais afetadas são o Caribe, Europa Oriental e Ásia central, onde 1,0% dos adultos viviam com HIV em 2011(UNAIDS, 2012). Nas Américas, os países mais atingidos são os Estados Unidos da América (EUA) e o Brasil (UNAIDS, 2009). Durante a última década, o número de pessoas com HIV foi reduzido em mais de 25% em 39 países. Vinte e três deles estão na África subsaariana. Apesar desses ganhos, a África subsaariana representa ainda 71% dos adultos e crianças infectadas em 2011, ressaltando a importância de serem intensificados os esforços de prevenção do HIV na região. Essa redução é recorrência do aperfeiçoamento da metodologia e às ações efetivas de enfrentamento da epidemia que vêm sendo desenvolvidas em diversos países (UNAIDS, 2012), mas não de forma 20 equitativa (POUNDSTONE; STRATHDEE; CELENTANO, 2004), mantendo a epidemia em níveis consideráveis de crescimento e de morbimortalidade em algumas regiões, apesar dos avanços (SHAPIRO;SMEATON;LOCKMAN, et al., 2009). A organização Mundial da Saúde e a UNAIDS analisam novas técnicas para melhorar o controle da epidemia de aids. Uma delas, no sul da África, demonstrou prevalência inferior da infecção pelo HIV entre homens circuncidados, com redução da transmissão de até 60% (AUVERT;TALJAARD;LAGARDE, et al., 2005; HALLETT;ALSALLAQ;BAETEN, et al., 2011; WESTERCAMP; BAILEY, 2007), apesar de um estudo clínico também no sul da África não ter conseguido provar a redução de transmissão do vírus entres homens HIV reagentes circuncidados para suas parceiras e alerta para uso de preservativo, caso tenham relações sexuais no momento pós-cirúrgico, pois, neste caso, aumentaria o risco de infecções (WAWER;MAKUMBI;KIGOZI, et al., 2009). Tendo em vista as considerações sociais, achados clínicos e a pouca disponibilidade de distribuição de ARV para toda a população que necessita, a OMS / UNAIDS recomendou que a cirurgia seja realizada em homens infectados pelo HIV, a menos que existam contraindicações médicas. Observam ainda que o fato de realizar circuncisão não descarta outras formas de prevenção para transmissão do HIV (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008). As taxas de prevalência de infecção pelo vírus HIV na população em geral no mundo são bem variadas, alcançando altas cifras em Botsuana (23,9%) e África do Sul (18,1%) e cifras menores no Brasil (0,6%) (UNAIDS (JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS), 2012). 1.3.1.1 Epidemiologia global do HIV em crianças O primeiro caso de aids em indivíduos menores de 15 anos foi reportado pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos- Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em 1982, um ano após a descrição da nova doença em adultos. Essas crianças apresentavam alterações da função imune, acarretando maior predisposição a infecções que nos indivíduos-controle da mesma faixa etária. Com o surgimento de novos casos, tornou-se evidente que tais pacientes tinham, em comum, mães infectadas pelo HIV (CURRAN; JAFFE, 2011; GALVÃO J, 2002). 21 Globalmente, desde o início da epidemia até 2011, existem 3,4 milhões de crianças com HIV. Dessas, 230 mil morreram por causas relacionadas à aids. Por meio do plano Global de Saúde “Transmissão Vertical Zero até 2015”, o mundo embarcou em esforço histórico para acabar com novas infecções pelo HIV em crianças e para reduzir o número de mulheres vivendo com HIV que morrem por causas ligadas à gravidez. Já se pode observar avanços com relação ao controle da epidemia. O número de crianças infectadas pelo HIV continua a diminuir. Em 2011, 330 000 crianças adquiriram novas infecções pelo HIV. Isso representa queda de 43% desde 2003, quando 560 000 crianças adquiriram novas infecções. De 2009 a 2011 a profilaxia com antirretroviral preveniu 409.000 infecções em crianças que vivem em países de baixa e média renda (UNAIDS, 2009; UNAIDS (JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS), 2012). Mais de 90% das crianças que adquiriram a infecção pelo HIV em 2011 vivem na África subsaariana. Nessa região, a incidência de crianças infectadas caiu 24%, de 2009 a 2011. O número de novas infecções por HIV em crianças também diminuiu significativamente no Caribe (32%) e Oceania (36%), com declínio mais modesto na Ásia (12%). Declínios modestos aconteceram também na América Latina (24%), Europa Oriental e Ásia Central (13%), sendo que essas três regiões já tinham reduzido significativamente novas infecções pelo HIV em crianças em anos anteriores (UNAIDS (JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS), 2012) . É evidente, na África, o impacto da epidemia de aids na mortalidade infantil, onde a mortalidade entre crianças de 2 a 3 anos de idade infectadas pelo HIV é de 7 a 18 vezes maior que entre crianças não infectadas; entre crianças com cinco anos de idade essa relação chega a 21 vezes (DABIS; LEROY, 2000). Os fatores associados com o aumento da mortalidade em crianças, demonstrado em recente estudo no sul da África, foram: idade menor de 3 anos, níveis de CD4+ menor que 10%, diarreia crônica e crianças abaixo do peso de acordo com a idade (ZANONI;PHUNGULA;ZANONI, et al., 2011). Por outro lado, os fatores associados ao aumento de sobrevida foram: diagnóstico precoce do HIV (JOHNSON;DAVIES;MOULTRIE, et al., 2012; VIOLARI;COTTON;GIBB, et al., 2008), realização de profilaxia para doenças oportunistas (KAPOGIANNIS;SOE;NESHEIM, et al., 2011), ausência estágio clínico avançado no momento do diagnóstico (CANDIANI;PINTO;CARDOSO, et al., 2007), tipo de esquema terapêutico (CARDOSO;PINTO;CANDIANI, et al., 2012), facilidade de acesso aos serviços, 22 adesão ao tratamento e diagnóstico precoce na gestante (TEJIOKEM;FAYE;PENDA, et al., 2011). 1.3.2 Epidemiologia do HIV no Brasil A epidemia no Brasil teve início nos anos 80 e o número de casos cresceu rapidamente até o início de 1992. De 1980 a 2012 foram notificados 656.701 casos de aids em adultos, sendo 426.459 em homens e 230.161 em mulheres. Em 2012 a taxa de incidência nacional da doença entre adultos com a doença foi de 20,2/100.000 habitantes. A taxa de prevalência da infecção pelo HIV na população de 15 a 49 anos é de 0,6%, apresentando-se estável desde 2004, sendo 0,4%.em homens e 0,8% em mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A epidemia brasileira tem apresentado sucessivas mudanças desde o primeiro caso notificado. Passados 30 anos, o país tem como característica uma epidemia estável e concentrada em alguns subgrupos populacionais em situação de maior vulnerabilidade, estimando taxas de prevalências de HIV de 5,9% entre usuários de drogas ilícitas, 10,5% entre homens que fazem sexo com homens e de 4,9% entre mulheres profissionais do sexo. A taxa de prevalência pelo HIV em populações jovens apresenta tendência de aumento. Considerando as pesquisas em conscritos do Exército, de 17 a 20 anos, a prevalência nessa população passou de 0,09% em 2002 para 0,12 em 2007 (SZWARCWALD; CASTILHO, 2011). Com novas tecnologias de diagnósticos, ações de prevenção, tratamento das infecções oportunistas e início da terapia antirretroviral, a partir do ano de 1996 houve diminuição da morbimortalidade pelo vírus HIV. Pelas diversidades regionais do país, autores sugerem não se referir a uma única epidemia, mas a um mosaico de epidemias regionais, considerando a extensão sócio geográfica e heterogeneidade das áreas. Na região sul do país há maior concentração de usuários de drogas enquanto que na região nordeste prevalece a transmissão sexual. A região sudeste contempla mais que a metade dos casos notificados no Brasil desde o início da epidemia apesar de nos dias atuais apresentar diminuição na incidência dos casos (FONSECA; BASTOS, 2007). Estudos sobre dinâmica da aids mostram que, a partir de 1999, a epidemia está com tendência à estabilização, mas essa desaceleração não é homogênea entre as regiões brasileiras e entre alguns segmentos populacionais. Na região Sudeste houve diminuição das taxas, enquanto que nas regiões Norte e Nordeste os estudos ainda não indicam estabilização (BRITO; 23 CASTILHO; SZWARCWALD, 2005). Verificou-se também um processo de empobrecimento da epidemia por meio da expansão em ritmo mais acelerado entre os segmentos populacionais de menor nível socioeconômico, principalmente entre mulheres residentes em municípios de pequeno porte (FONSECA; BASTOS, 2007; GRANGEIRO; ESCUDER; CASTILHO, 2010). No Brasil, como no restante do mundo, houve um importante deslocamento no perfil da aids. Devido ao predomínio da forma de transmissão heterossexual, houve maior inclusão de mulheres com idades entre 15 e 40 anos e crianças de 0 a 5 anos. A proporção de casos entre homens e mulheres foi se estreitando no decorrer dos anos, caracterizando a feminização da epidemia. Em 1985, para cada 26 homens havia um caso de mulher. Em 2010, essa relação é de 1,7 homens para cada caso em mulher. Ainda há persistente aumento das taxas de incidência entre as mulheres e sua estabilidade nas faixas etárias mais jovens, provavelmente, em decorrência de mudanças comportamentais. Como consequência do aumento de casos de HIV entre mulheres em idade reprodutiva, há possibilidade de transmissão vertical do vírus HIV, principalmente se não forem adotadas medidas preventivas (FONSECA; BASTOS, 2007; GRANGEIRO; ESCUDER; CASTILHO, 2011; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). No Brasil, no período de 1980 a 2011, ocorreram 253.706 óbitos por causas relacionadas à aids.A curva de mortalidade vem diminuindo desde a segunda metade dos anos 90. O coeficiente bruto de mortalidade em 2011 foi de 6,3/100.000 habitantes. Analisando a tendência do coeficiente de mortalidade padronizado, no período de 2000 a 2010, houve aumento na mortalidade por aids nas regiões Norte, Nordeste e Sul e uma estabilização na mortalidade na região Centro-Oeste (FONSECA; BASTOS, 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). As características atuais da epidemia de aids no Brasil, apontam para um novo desafio, tendo em vista alguns elementos como dificuldade em organizar uma rede de serviços para diagnóstico e assistência, como também dificuldades naturais que enfrentam as camadas socioeconômicas mais desfavorecidas no que se refere à informação e a acesso aos serviços de diagnóstico e assistência em DST/HIV/Aids (GRANGEIRO; ESCUDER; CASTILHO, 2011; SZWARCWALD; CASTILHO, 2000). 1.3.2.1 Epidemiologia do HIV em crianças (no Brasil) 24 No Brasil, o primeiro caso de aids diagnosticado em menores de 13 anos ocorreu em 1983 pela categoria de exposição sanguínea, no mesmo ano em que se registraram dois casos de aids em mulheres. No ano de 1985, registrou-se o primeiro caso de transmissão perinatal e, ao final de 1997, essa categoria de transmissão já era responsável por 90,1% das infecções em menores de 13 anos, declinando a transmissão sanguínea para 1,7% nessa faixa etária, devido á melhor triagem do sangue nos hemocentros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997). De 1980 até junho de 2012 foram registrados no Brasil, 14.807 casos de aids em menores de cinco anos. Em 2011 ocorreram 745 casos novos com taxa de incidência de 5,4/100.000 habitantes. O número de casos em crianças menores de cinco anos é um importante indicador das taxas da transmissão vertical do HIV, onde observou-se, ao longo de 12 anos, redução de 40,7%. Assim como nos adultos, a redução não ocorreu nas regiões Norte e Nordeste (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Estudo multicêntrico no Brasil conduzido entre 2000 e 2001 encontrou taxas de transmissão materno-infantil mais altas na região norte (17.6%; 18.9%) e nordeste (7.9%; 14.3%) quando comparadas com a região centro-oeste (4.9%; 5.5%) e sul (7.3%; 4.4%). A queda constante da incidência entre crianças abaixo de 5 anos deu-se a partir de 1998, como possível reflexo das ações de prevenção e de controle da transmissão vertical, que começaram a ser implementadas de forma mais efetiva a partir do final dos anos 90 (SUCCI, 2007). Um dos grandes problemas para prevenção da aids na criança é o baixo coeficiente de detecção do HIV em gestantes. Conforme dados do Sistema de Informação em Saúde no PréNatal e estimativas da Coordenação Nacional de DST/AIDS, a cobertura da testagem para infecção do HIV durante o pré-natal (PN) está abaixo de 40%. Em 2011 foram detectadas 6.540 gestantes soropositivas para o HIV com coeficiente de detecção de apenas 2,3 casos por 1.000 nascidos vivos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Esse cálculo do coeficiente de detecção em gestantes é baseado no número de partos existentes com a estimativa de gestantes infectadas pelo HIV em 0,42%. A única região com taxa de detecção superior à média nacional foi a Região Sul com 4,8 casos por 1.000 nascidos vivos (SOUZA JUNIOR;SZWARCWALD;BARBOSA JUNIOR, et al., 2004; SZWARCWALD;BARBOSA JUNIOR;SOUZA-JUNIOR, et al., 2008). Problemas na captação sugerem perdas de oportunidade do uso do antirretroviral em tempo hábil para diminuir a carga viral da mãe até o momento do parto, assim como evitar doenças oportunistas e profilaxia da transmissão vertical. Estudos brasileiros de sobrevida em crianças têm demonstrado aumento substancial nas probabilidades de sobrevida em 60 meses, passando de 52,8% de crianças nascidas entre os 25 anos de 1983 a 1998 para 86,3% em crianças diagnosticadas entre 1999 até 2002 (MATIDA, 2004; MATIDA, 2009). 1.3.3 Epidemiologia do HIV em Sergipe Em Sergipe, o primeiro caso de aids diagnosticado em adultos foi no ano de 1987 e até dezembro de 2012 foram registrados 3.164 casos de aids em adultos e 995 mortes relacionadas à aids, com coeficiente de mortalidade de 3,8 óbitos/100.000 habitantes. A taxa de incidência entre adultos em 2011 foi de 12,19 casos/100.000 habitantes. Em crianças menores que cinco anos a incidência decresceu consideravelmente, nos últimos anos, passando de 2,75/100.000 hab. em 2005 para 0,6/100.000 em 2011. Entre os estados brasileiros, Sergipe está em 20º lugar para casos de aids em adultos e em 14º para casos de aids em crianças (SERGIPE, 2012). A categoria de exposição predominante é a sexual, representando 85% dos casos notificados no estado e a razão entre sexos é de dois homens para cada mulher (2:1). O primeiro caso notificado de Aids em mulher foi no ano de 1990 e, em crianças, em 1993. Com relação à captação de gestantes HIV reagentes o coeficiente de detecção é de 1,89/ 1.000 nascidos vivos. No ano de 2011 foram notificados no SINAN 66 gestantes soro reagentes para HIV, totalizando 327 casos desde 2000, ano de inclusão das gestantes com HIV no SINAN. A prevalência do vírus HIV em gestantes foi de 0,42% em 2005 (LEMOS; GURGEL; DEL FABRO, 2005), similar à nacional, 0,41% (SOUZA JUNIOR;SZWARCWALD;BARBOSA JUNIOR, et al., 2004). Baseando-se no número de nascidos vivos no estado em 2011, tem-se estimativa de 147 casos estimados de gestantes HIV reagentes, ocorrendo uma perda de captação de 71 casos. Nesse Estado, mais de 95% dos casos de aids em crianças são da categoria de exposição perinatal (SERGIPE, 2011). 1.4 Considerações sobre a Transmissão Vertical do HIV A inserção feminina na epidemia da aids está diretamente vinculada ao número de crianças infectadas pelo HIV por transmissão vertical. A associação do HIV à gestação torna- 26 se uma condição de alto risco, onde são necessários cuidados especializados durante o pré-natal, parto e puerpério, e existem ações preconizadas para o manejo da mulher em cada fase do ciclo gravídico-puerperal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Uma das maiores preocupações do pré-natal é a detecção precoce da soropositividade da gestante, para poder beneficiá-la com ações profiláticas e/ou terapêuticas. Dessa forma, o Ministério da Saúde recomenda a testagem anti-HIV tão logo a mulher inicie seu pré-natal. Melhor ainda seria na preconcepção, onde a mulher, conhecedora da sua situação sorológica e pretendendo engravidar, poderia melhorar suas condições clínicas e minimizar os efeitos da infecção sobre o concepto. Se estas oportunidades forem perdidas, ainda se tem a possibilidade de realizar a testagem no momento do parto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). A captação tardia, caracterizada pelo início do pré-natal após a 16ª semana de gestação, reduz a eficácia de ações preventivas, uma vez que a terapia antirretroviral, disponibilizada durante o período gestacional, não é iniciada a partir da 14ª semana de gestação, o que pode resultar na infecção do concepto. Para melhor monitoramento da prevalência do HIV em gestantes e crianças expostas a partir do ano 2000 o Ministério da Saúde tornou obrigatória a notificação das gestantes HIV positivas e das crianças expostas (BRASIL, 2000a). Antes deste período, não se diferenciava as mulheres com aids das gestantes. No caso da notificação das gestantes com HIV no Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN), é a única das doenças sexualmente transmissíveis em que se notifica somente o portador de doença. Esta estratégia do Ministério da Saúde serviu para melhor monitoramento deste segmento populacional. O mesmo não acontece com as crianças expostas, pois sua entrada no sistema de notificação foi feita com a ficha das mães. Após revisão dessa ficha de notificação no SINAN, a partir de 2010 a criança nascida de mãe HIV reagente tem sua notificação em separado (BRASIL, 2010). Em Sergipe, notificam-se crianças expostas mas não é feita investigação, ficando ainda uma lacuna no monitoramento do diagnóstico dessas crianças além de outros detalhes de acompanhamento como informações sobre pré-natal, parto, exposições de risco e momentos do diagnóstico da infecção pelo HIV por suas mães. Apenas as crianças com critério estabelecido para aids são notificadas neste sistema de notificação compulsória. Apesar dessas iniciativas de monitoramento, ainda há falhas nos sistemas de vigilância. Estudo realizado em Sergipe para estimar população soropositiva entre os anos de 2000 a 2010, utilizando o método de captura e recaptura, encontrou falha de 34,3% de gestantes que não estavam cadastradas nos sistemas analisados (laboratorial-SISCEL, ambulatorial- 27 CEMAR, e sistema oficial de notificação- SINAN) sendo que a menor captação foi feita pelo ambulatório de referência em DST/Aids (CEMAR). O SINAN que é o sistema oficial de notificação de agravos no Brasil, deixou de notificar mais que a metade dos casos de gestantes encontrados (DE LEMOS;DUARTE;MARTINS, et al., 2013). Com ações profiláticas na gestação, a taxa de transmissão vertical vem diminuindo nos últimos anos no Brasil: no período anterior à introdução da terapia antirretroviral (antes de 1996) situava-se em torno de 12% e caiu para 3,1% em 2006, queda de 54,5%. Há regiões com taxas de transmissão vertical abaixo de 1,0% (JOAO;GOUVEA;MENEZES, et al., 2012; SUCCI, 2007; VELOSO;BASTOS;PORTELA, et al., 2010) e outras como Norte e Nordeste ainda permanecem com taxas além da esperada, pois apesar da diminuição da incidência a partir do ano de 1996, esta redução ainda não é suficiente para se estabelecer controle da epidemia em crianças. A meta é deixá-las o mais próximo possível de zero por meio do Plano Global de Saúde (UNAIDS, 2011). Vale acrescentar que a transmissão vertical do HIV pode ocorrer em qualquer fase do ciclo gravídico-puerperal, embora o período de maior transmissibilidade (65%) seja durante o trabalho de parto e parto propriamente dito (EUROPEAN COLLABORATIVE STUDY, 1992; MAYAUX;DUSSAIX;ISOPET, et al., 1997). Durante a gestação a probabilidade de transmissão é de aproximadamente 35%, principalmente nas duas últimas semanas de gestação (BERTOLLI;ST LOUIS;SIMONDS, KALISH;PITT;LEW, et et al., al., 1996; 1997; G.G. DUARTE, MOFENSON, B., 2001; 1997; ROUZIOUX;COSTAGLIOLA;BURGARD, et al., 1995), existindo ainda um risco adicional entre 7 a 22 % durante o aleitamento materno (DUNN;NEWELL;ADES, et al., 1992), podendo chegar a 29% quando a fase aguda da infecção materna ocorre durante o período da amamentação (G. DUARTE; QUINTANA; EL BEITUNE, 2005). A transmissão vertical do HIV, sem o uso do AZT como preconizado, situa-se em torno de 25,5% (CONNOR;SPERLING;GELBER, et al., 1994), variando entre 15,0% e 40,0% em diferentes partes do mundo (UNAIDS, 2009). No entanto com o uso da zidovudina no período gestacional, trabalho de parto e para o recém-nascido nos primeiros dias de vida, esses percentuais decrescem para 8,3%, correspondendo a redução de 67,5% no risco de transmissão vertical do HIV (CONNOR;SPERLING;GELBER, et al., 1994). Se, somados a este protocolo, estudos comprovam que taxas de transmissão vertical podem ser reduzidas para menos de 1% caso seja realizado operação cesariana eletiva em parturientes que apresentem carga viral acima de 1.000 cópias/ml a partir da 34ª semana de gestação, como também inibição da amamentação 28 em mulheres HIV reagentes (CHASELA;CHEN;FISCUS, et al., 2008; DUNN;NEWELL;ADES, et al., 1992; ROUZIOUX;COSTAGLIOLA;BURGARD, et al., 1995; THE INTERNATIONAL PERINATAL HIV GROUP, 1999). O ensaio clínico HPTN 040/PACTG 1043 (NIELSEN-SAINES;WATTS;VELOSO, et al., 2012) comparou esquemas de profilaxia para recém nascidos de mães infectadas pelo HIV que não receberam antirretrovirais durante a gestação com regimes de associação do AZT com outros antirretrovirais. Os resultados desse estudo demonstraram maior redução da transmissão vertical do HIV com o uso de AZT oral durante seis semanas associado à nevirapina (NVP) durante a primeira semana de vida. Baseado nesse estudo, o Ministério da Saúde recomenda quimioprofilaxia com AZT e NVP para todos os recém-nascidos de mães com diagnóstico de infecção pelo HIV que não receberam ARV na gestação, mesmo que a mãe tenha recebido AZT injetável no momento do parto (BRASIL, 2012). Estudos revelam altas taxas de transmissão vertical entre a população que foi amamentada (CHASELA;CHEN;FISCUS, et al., 2008; UNAIDS, 2009), mas nem sempre é possível determinar com exatidão o momento de infecção na criança. Nos estudos onde se têm a oportunidade de testar a criança exposta em diferentes momentos, o grupo de estudo internacional sobre HIV e amamentação (COUTSOUDIS;DABIS;FAWZI, et al., 2004) considera os seguintes tempos de infecção: Infecção intra-útero: criança com teste RNA reagente logo após ao nascimento; Infecção perinatal: crianças com primeiro teste RNA positivo com seis semanas de idade, tendo teste negativo antes de seis semanas; Infecção pós-natal: RNA negativo ao nascer ou com menos de 4 a 6 semanas e, após seis semanas até um ano, apresente RNA reagente; Tempo de infecção desconhecido: Crianças com teste RNA positivo com 4 semanas ou mais, mas sem teste negativo como marcador antes das 4 semanas (COUTSOUDIS;DABIS;FAWZI, et al., 2004). Chasela et al (2008) realizou o estudo com esses tempos e encontrou taxa de transmissão vertical de 20,4% entre as crianças amamentadas na África subsaariana. Vale ressaltar que em países dessa região a amamentação prolongada ainda é comum. Mesmo em países onde se pratica a inibição do aleitamento materno, muitas situações fogem ao controle. Dificuldade de acesso ao centro de referência e ao inibidor de lactação e baixo nível educacional podem contribuir para que essas puérperas amamentem suas crianças. Problemas de adesão ao antirretroviral e às visitas ao centro de referência tendem a ser maiores durante o período pós- 29 natal, quando comparados com o período gestacional (GERTSCH;MICHEL;LOCATELLI, et al., 2013). Esse fato sugere um grave problema no monitoramento do cuidado das mães com seus conceptos por parte dos serviços de saúde. O sucesso na prevenção da transmissão vertical não depende apenas do uso da profilaxia ou terapia com ARV, mas de um conjunto de intervenções. As estratégias atualmente utilizadas para redução da transmissão vertical incluem (G. DUARTE; QUINTANA; EL BEITUNE, 2005): a) Identificação de gestantes portadoras do HIV-1 por meio do aconselhamento na testagem das gestantes durante o pré-natal e na admissão para o parto nas maternidades; b) Controle dos fatores maternos com uso combinado de medicações antirretrovirais, a partir da 14ª semana de gestação, para redução da carga viral a menos de 1.000 cópias/ml, após diagnóstico da infecção pelo HIV; c) Controle de fatores obstétricos, evitando-se procedimentos invasivos para avaliação da maturidade e vitalidade fetal (cordocentese, amniocentese, cardiotocografia interna e punção tissular para avaliação do pH sanguíneo fetal), definindo-se a via de parto de acordo com resultados de carga viral ou avaliação obstétrica, respeitando-se protocolos estabelecidos para este momento; d) Controle dos fatores anexiais tais como danos placentários e ruptura das membranas corioamnióticas; e) Controle dos fatores fetais – um é a prematuridade: para sua redução necessita-se de assistência pré-natal adequada, com controle dos fatores urogenitais e sistêmicos, síndromes hipertensivas, doenças do colágeno, diabetes, entre outras; f) Controle dos fatores virais - é um dos mais frustrantes, pois não é passível de correção como as mutações espontâneas e do fenótipo viral, mas pode-se investir na vigilância de fatores que levam à resistência viral; g) Controle dos fatores pós-natais com suspensão da amamentação, uso do AZT xarope no recém-nascido, por um período de seis semanas, e investimento na informação, antes mesmo da concepção. A partir de 1997, o desenvolvimento e a implementação de intervenções eficazes para reduzir a transmissão vertical do HIV reduziram acentuadamente o número de novas infecções pediátricas em muitos estados brasileiros. Somando ao fato da distribuição gratuita de novas drogas antirretrovirais, maior potência da combinação dos esquemas e, melhor profilaxia para infecções oportunistas, a progressão de doenças relacionadas com HIV foram diminuindo, 30 melhorando a qualidade de vida e prolongando a sobrevivência de recém-nascidos, crianças e adolescentes infectados (MATIDA;SANTOS;RAMOS, et al., 2011; RAMOS JR;MATIDA;HEARST, et al., 2011). Apesar de vários avanços, estudos sobre evolução das estratégias utilizadas na prevenção da transmissão vertical, revelam fragilidade no diagnóstico, acompanhamento e adesão aos protocolos. Um deles avaliou o acompanhamento de 1475 parturientes e crianças expostas em 17 maternidades brasileiras, demonstrando problemas na captação da gestante, um terço das gestantes HIV reagentes não utilizaram AZT e coeficiente de transmissão de 5,6% (VASCONCELOS; HAMANN, 2005). Outro estudo realizado no nordeste do Brasil, observou que em 70% das crianças expostas ao HIV, o diagnóstico da infecção pelo HIV na mãe deu-se após o parto e, 55% dos partos foram via vaginal. O uso incompleto do protocolo ACTG foi documentado em 78,5% dos casos (SILVA;MENDES WDA;GAMA, et al., 2010). Em Sergipe, os recém-nascidos expostos são monitorados pelo serviço de referência estadual em DST/HIV/Aids, para onde são encaminhados pela maternidade onde nasceram. Os exames de diagnóstico para crianças menores de 18 meses, como quantificação de RNA do HIV-1 circulante (carga viral plasmática), são colhidos nesse centro juntamente com outros exames necessários e encaminhados para o Laboratório Central de Sergipe (LACEN). No momento de encaminhamento realiza-se cadastro no serviço e são fornecidas orientações complementares às da maternidade, assim como entrega do restante da fórmula Láctea. Na maternidade são entregues apenas cinco latas, estratégia utilizada para adesão da mãe e seu concepto ao serviço de referência. Apesar dessas estratégias, problemas quanto à adesão aos protocolos estabelecidos ainda são encontrados por parte dos serviços, dos profissionais e dos pacientes. Deficiências significativas foram encontradas na aplicação de medidas de prevenção da transmissão vertical do HIV, tanto na fase do pré-natal, modo de parto ou pós parto em maternidade de referência no estado (LEMOS;ROCHA;CONCEICAO, et al., 2012), mas ainda não se têm estudos analisando a situação geral de todos os casos acompanhados no centro de referência a portadores do HIV. 1.5 Manuseio de crianças nascidas de mães soropositivas para o HIV 31 De acordo com o consenso sobre terapia antirretroviral em crianças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004) e recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2010) os seguintes procedimentos devem ser adotados após o nascimento de crianças cujas mães foram soro reagentes para HIV: Logo após o parto, recomenda-se lavar o recém-nascido com água e sabão. A aspiração das vias aéreas quando necessária deve ser feita de forma delicada para evitar o traumatismo das mucosas. A profilaxia com zidovudina xarope (AZT) no RN deve ser iniciada até a oitava hora após o nascimento e mantido durante as seis primeiras semanas de vida. Orienta-se monitorar a criança, realizando hemograma ao nascimento e ao final da terapia. Em virtude da contraindicação do aleitamento materno, devem-se prover condições plenas para o aleitamento artificial, através da garantia do fornecimento de fórmula Láctea para a criança por 12 meses (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2010). Recomenda-se que todas as crianças expostas ao HIV recebam profilaxia para pneumonia por Pneumocystis jirovecci a partir de seis semanas de idade até completar um ano, exceto na hipótese da infecção pelo HIV puder ser afastada durante este período. Essa profilaxia deve ser mantida após um ano de idade somente para as crianças infectadas, quando a indicação será orientada pela contagem de células TCD4+ Realizar contagem de linfócitos CD4+ a cada 3 meses e acompanhamento mensal no centro de referência durante os primeiros 6 meses de vida e bimestral de 6 a 12 meses de vida. Além disso, o esquema vacinal adequado deve ser iniciado o mais precocemente possível, se possível, ainda na maternidade. O reconhecimento precoce de possíveis coinfecções devem ser considerados prioritários no atendimento dessas crianças, devendo esta abordagem ser incluída ainda na maternidade e consultas subsequentes. 1.6 Diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças Os métodos laboratoriais que auxiliam no diagnóstico da infecção pelo HIV, têm sido aprimorados desde os relatos dos primeiros casos de aids no início da década de 1980. Os kits 32 de ensaios imunoenzimáticos foram disponibilizados em 1985 como o primeiro recurso laboratorial para triagem diagnóstica nos bancos de sangue e, posteriormente, para diagnóstico de casos clínicos suspeitos. A partir do melhor conhecimento da fisiopatogenia da aids e do complexo ciclo replicativo do HIV1 e 2, os kits comerciais sofreram mudanças consideráveis buscando melhorar sensibilidade e especificidade na detecção do vírus, além de vários subtipos. Para tanto, diversos métodos laboratoriais estão disponíveis e podem ser divididos basicamente em quatro grupos: detecção de anticorpos; detecção de antígenos; cultura viral; e amplificação do genoma do vírus (MACHADO; COSTA, 1999). Os métodos que buscam níveis de anticorpos circulantes anti-HIV (testes sorológicos) como ELISA, Western Blot e Imunofluorescência Indireta, têm sua interpretação prejudicada para diagnóstico definitivo da infecção pelo HIV em crianças menores de dezoito meses de idade, devido à persistência de anticorpos maternos nesta população. O diagnóstico para HIV em crianças abaixo de 18 meses deve ser o virológico e vários métodos podem ser utilizados, cada um com sua especificidade, conforme listado abaixo: Reação em cadeia da polimerase (PCR) –DNA HIV) é o teste viral (qualitativo) mais apropriado para as crianças menores de 18 meses. De acordo com o Ministério da Saúde, este teste está em processo de registro no Brasil para ser utilizado em saúde pública e no momento, sempre que o mesmo for solicitado deverá também ser solicitada a quantificação de RNA viral plasmática-carga viral, para fins de diagnóstico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b). PCR-RNA HIV ou quantificação do RVA viral- É um teste viral (quantitativo) de ampliação do genoma do vírus, ou seja, a análise quantitativa da carga viral por técnicas baseadas na amplificação de ácidos nucleicos, amplificação de DNA em cadeia ramificada e ampliação sequencial de ácidos nucleicos. Tem alta sensibilidade, permitindo acompanhamento da resposta terapêutica antirretroviral. Por meio deste teste, é possível determinar todos os tipos de HIV circulantes no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). Antígeno p24- Apesar de ser um teste muito específico para a detecção da infecção do HIV e ser muito utilizado para o diagnóstico, a sua sensibilidade é menor do que a dos outros testes referidos. O uso da determinação do Agp24 não é recomendado para exclusão da infecção pelo HIV ou para diagnóstico antes de 1 mês de idade, devido aos resultados falso-positivos (MACHADO; COSTA, 1999). 33 Cultura do vírus: a cultura do HIV tem uma sensibilidade semelhante ao PCR DNA no diagnóstico de infecção; porém, além de ser mais cara e complexa e os resultados demoram de 2 a 4 semanas (MACHADO; COSTA, 1999). Preferencialmente os testes devem incluir a reação em cadeia de polimerase PCRDNA (qualitativo) ou PCR_RNA (quantitativo). A cultura viral tem sensibilidade similar ao PCR-DNA, entretanto a realização é complexa e dispendiosa e, o resultado definitivo demora de 2 a 4 semanas. Após o emprego de vários recursos laboratoriais, tais como os métodos de detecção de antígenos, do DNA-pró-viral, equipe da Coordenação Nacional de DST/aids concluiu que o melhor seria detectar, pelo uso de técnicas moleculares, o próprio RNA viral. O PCR-quantitativos ultrassensíveis, tiveram sua sensibilidade melhorada, e são capazes de detectar 40-50 cópias virais por mililitro de plasma, aproximando-se do limiar de detecção de um teste qualitativo, se é que essa sensibilidade é necessária no caso de crianças, pois estas costumam apresentar cargas virais muito elevadas (OKAY; GRANATO, 2000). Diante da necessidade de identificação precoce da infecção pelo HIV em crianças nascidas de mães infectadas, o Ministério da Saúde estabeleceu como norma nacional, a utilização de testes moleculares quantitativos para detecção da infecção em crianças de dois a 18 meses de idade (BRASIL, 2000a) e, a partir do momento que o PCR qualitativo obtiver registro no Brasil, este será também implantado pela rede SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). As normas brasileiras para diagnóstico do HIV em crianças são as mesmas adotadas pelos Estados Unidos (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC), 2008). Lá existe também a recomendação para realizar a carga viral entre as idades de 14-21 dias, 1 a 2 meses e de 4 a 6 meses, alertando que a especificidade aumenta para 90 a 100% quando o exame e realizado a partir do 2º mês de vida (PANEL ON ANTIRETROVIRAL THERAPY AND MEDICAL MANAGEMENT OF HIV-INFECTED CHILDREN, 2012). Em crianças, para diagnóstico do HIV, deve-se realizar dois exames de PCR-RNA (carga viral) um a partir do primeiro mês de vida e um segundo, após o 4 mês. Caso a primeira quantificação de RNA viral plasmático tenha um resultado detectável, esta deve ser repetida imediatamente. Se a segunda carga viral também for detectável, deve-se considerar a criança como infectada pelo HIV (ANEXO III). Caso a carga viral esteja abaixo de 10.000 cópias/ml, a situação deve ser cuidadosamente analisada, porque pode se tratar de um resultado falsopositivo (BRASIL, 2000a) 34 Mesmo após diagnóstico por meio do exame de carga viral, os resultados observados com sua utilização devem ser cuidadosamente analisados, não dispensando o acompanhamento das crianças e a confirmação do diagnóstico, de acordo com a Portaria n.º 486/2000/SVS/MS. Essa portaria estabelece que em crianças com idade superior a 18 meses, o diagnóstico será confirmado por meio de dois testes sorológicos de triagem com princípios metodológicos e/ou antígenos diferentes e um teste confirmatório positivo. Por outro lado, a criança estará provavelmente não infectada quando tiver duas amostras negativas, por meio dos seguintes métodos: cultivo do vírus e detecção de RNA ou DNA viral, entre 1 e 6 meses, sendo uma delas após o 4º mês de vida. Na idade maior ou igual a 18 meses, não estará infectada quando houver amostra negativa em testes de detecção para anticorpos anti-HIV (BRASIL, 2000a). Deve-se observar que os critérios indicados para exclusão da infecção aplicam-se às crianças que não estejam sendo amamentadas pela mãe HIV-positiva. A amamentação, em qualquer período, é considerada como nova exposição ao HIV e, se ela acontecer, a criança deve ser submetida a uma nova rotina de diagnóstico da infecção pelo HIV (BRASIL, 2000a; MINISTÉRIO DA SAUDE, 2010). Segundo El Beitune et al, (2004), as crianças expostas ao HIV devem fazer um acompanhamento sistemático até a adolescência, mesmo que tenham confirmação da sorologia negativa, uma vez que elas foram expostas a agentes carcinogênicos (EL BEITUNE;DUARTE;QUINTANA, et al., 2004; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 1.7 Definição de casos de aids em crianças No Brasil, a vigilância epidemiológica da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) vem sendo realizada tomando-se como referência a notificação universal dos casos de aids (fase sintomática da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV), incluída na relação de doenças e agravos de notificação compulsória, em 22 de dezembro de 1986, por meio da Portaria nº 542 do Ministério da Saúde, juntamente com a sífilis congênita (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A evolução das definições de caso de aids acompanha os avanços tecnológicos e a sua disponibilidade. A primeira definição de caso de aids no mundo foi estabelecida pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América em setembro de 1988. Todas as revisões de critérios para a definição de casos de aids em crianças e adultos 35 visaram ao aumento da sua sensibilidade, adequando-a à realidade epidemiológica brasileira e aos avanços técnicos, científicos e organizacionais do Sistema Único de Saúde do país, com o propósito de garantir notificação precoce dos casos e a redução do sub-registro. A primeira definição de caso de aids adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil foi em 1987, restrita aos indivíduos com quinze anos de idade e mais. No caso das crianças, a primeira definição de caso de aids data de 1988 e teve como referência os menores de quinze (15) anos de idade, baseando-se em critérios clínicos preconizados pelo CDC. Em mais de 30 ano de epidemia, o Brasil desenvolveu diferentes estratégias de controle em crianças com aids e já publicou 3 critérios de definição de casos de aids em crianças. Recentemente a definição dos casos de aids no Brasil refere-se a menores de 13 anos ou maiores de 13 anos e o CDC continua com o corte em menores de 15 anos (RAMOS;MATIDA;HEARST, et al., 2011). A atual revisão da definição de casos de aids no Brasil, está embasada principalmente na necessidade de simplificar os critérios de definição de casos vigentes como: diagnóstico de imunodeficiência pela porcentagem do CD4+ de acordo com a idade, pelo diagnóstico clínico das doenças de sinais maiores ou menores ou registro no documento de óbito de morte associada à aids, conforme apresentada no quadro abaixo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, 2009a). Quadro 1- Resumo dos critérios de definição de caso de aids em indivíduos menores que 13 anos de idade CRITÉRIO CDC ADAPTADO EVIDÊNCIA LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO HIV EM CRIANÇAS + EVIDÊNCIA DE IMUNODEFICIÊNCIA: Diagnóstico de pelo menos duas doenças indicativas de caráter leve e/ou Diagnóstico de pelo menos uma doença indicativa de aids de caráter moderado ou grave e/ou Contagem de linfócitos T CD4+ menor que o esperado para a idade atual Ou 36 CRITÉRIO EXCEPCIONAL ÓBITO MENÇÃO DE AIDS (OU TERMOS EQUIVALENTES) EM ALGUM DOS CAMPOS DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO + INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA INCONCLUSIVA ou Menção de infecção pelo HIV (ou termos equivalentes) em algum dos campos da Declaração de Óbito, além de doença(s) associada(s) à infecção pelo HIV + Investigação epidemiológica inconclusiva Fonte: Ministério da Saúde. Critério de definição de casos de aids em crianças, 2004/Recomendações para terapia antirretroviral em criança e adolescentes, 2009. 1.8 Terapia antirretroviral O desenvolvimento de drogas antirretrovirais (ARV) que proporcionam importantes opções de tratamento e profilaxia da infecção pelo vírus HIV, tem sido um dos maiores avanços nas ações de controle da epidemia pelo HIV/aids. A terapia antirretroviral (TARV) tem como objetivo reduzir a viremia plasmática a níveis indetectáveis, resgatar e preservar o sistema imunológico, reduzir a progressão clínica e mortalidade e diminuir a transmissão do HIV1(GRANGEIRO; ESCUDER; CASTILHO, 2011; WILKIN;TAYLOR;OLENDER, et al., 2009). A zidovudina (AZT) foi a primeira droga ARV aprovada pelo o FDA (Food and Drug Administration) em 1987. Dois anos depois ocorreu a aprovação da didanosina (DDI) e em 1991 iniciou-se a dupla terapia com AZT e DDI. Em 1995, com a aprovação de uma segunda classe de ARV, classificado como inibidor de protease, saquinavir (SQV), trouxe mais avanços no tratamento de pacientes com aids. A partir de então, iniciou a era da TARV altamente eficaz (HAART, derivado do inglês, Highly Active Antiretroviral Therapy) (BRITO; CASTILHO; SZWARCWALD, 2005; MONTAGNIER, 2010). Apesar da eficácia da HAART, a interação entre as drogas, a toxicidade e, principalmente, a seleção de cepas resistentes contribuíram para pesquisas em busca de novos fármacos. Assim, em 2003, o inibidor de fusão enfurvitida (Fuzeon® ou T20) foi aprovado para 37 uso exclusivo por pacientes multidroga-resistentes. Atualmente 24 drogas ARV aprovadas pelo FDA estão disponíveis para o tratamento da infecção pelo HIV-1 (FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA), 2011). Os alvos destas drogas são as enzimas virais e as proteínas envolvidas na entrada do vírus na célula hospedeira. Estas drogas pertencem a cinco diferentes classes de ARV, representadas por: inibidores nucleosídeos e nucleotídeos da Transcriptase Reversa (TR), inibidores não-nucleosídeos da TR, inibidores de protease, inibidor da integrase , inibidores de entrada, sendo um inibidor de fusão e um antagonista do co-receptor CCR5 (FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA), 2011) . O acesso à terapia antirretroviral no Brasil foi garantido pelo Decreto lei número 9313, de 1996, a todos os cidadãos infectados pelo HIV, que apresentam indicação clínica e laboratorial definida pelo Programa nacional de DST/AIDS (BRASIL, 1996; GRECO; SIMAO, 2007). A política de distribuição de medicamentos ARV é viabilizada de maneira gratuita e universal, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo um exemplo para todo o mundo (RAMOS;MATIDA;HEARST, et al., 2011) e exigiu a definição da política de medicamentos antirretrovirais (ARV), orientada pela normatização das recomendações terapêuticas por meio da criação de Comitê Assessor em terapia antirretroviral que propõe as recomendações para terapia e profilaxia em adultos, adolescentes, gestantes e crianças infectados pelo HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b). Com relação aos países da América Latina e do Caribe, o Brasil e a Argentina foram os dois países que mais rapidamente asseguraram a disponibilidade dos medicamentos antirretrovirais às pessoas infectadas pelo HIV (CASTILHO EA, 1997). No Brasil, a priorização política do controle da aids vem gerando resultados significativos no controle da epidemia (FONSECA; BASTOS, 2007; GRANGEIRO; ESCUDER; CASTILHO, 2011). Com a introdução de ARV (principalmente o inibidor de protease e o análogo não nucleotídeo), o prognóstico das crianças infectadas pelo HIV tem melhorado substancialmente. As crianças vivem com maior controle viral, altas contagens de linfócitos T CD4+ e poucas infecções oportunistas (CANDIANI;PINTO;CARDOSO, et al., 2007; MATIDA;MARCOPITO;SUCCI, et al., 2004; MOCROFT;LEDERGERBER;KATLAMA, et al., 2003). Entretanto, essa população, assim como as outras, também é vulnerável aos efeitos adversos da terapia por tempo prolongado. Estão entre as complicações: a síndrome da lipodistrofia, a toxicidade mitocondrial, falha no crescimento e, mais recentemente identificada, 38 a osteopenia. Estudos demonstram que pacientes com HIV têm maior chance de desenvolverem problemas ósseos como osteopenia ou osteoporose, por motivos relacionados à terapia antirretroviral, presença do vírus nos ossos e sedentarismo (SILVA-SANTOS; MATOS; GALVÃO-CASTRO, 2009; TEBAS;POWDERLY;CLAXTON, et al., 2000; WALKER HARRIS; BROWN, 2012). Outra complicação para a qual os pesquisadores alertam é o risco de envelhecimento imune acelerado para portadores do HIV. Estudo do envelhecimento acelerado em doenças autoimunes identificaram uma ligação inesperada para respostas de danos ao DNA que podem causar envelhecimento precoce. Em paralelo, a produção de mediadores inflamatórios aumenta, deixando o organismo num estado inflamatório permanente, fazendo envelhecer precocemente as células. Com o aumento da idade, a capacidade do sistema imunitário adaptativo para responder e vacinas para proteger contra a infecção diminui. Estes fenômenos estariam relacionados a algumas alterações básicas, causadas pelo HIV, e que não são revertidas mesmo com a adequada supressão viral (DESAI; LANDAY, 2010; LE SAUX; WEYAND; GORONZY, 2012). Somando-se a essas complicações, crianças e adolescentes sob terapia ARV podem apresentar mudanças hormonais e de crescimento associados com a puberdade. As complicações tardias e as toxicidades por exposição prolongada às terapias ARV necessitam de um monitoramento rigoroso e de sua respectiva avaliação (LEONARD; MCCOMSEY, 2003; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b; J OLESKE, 2003; J. OLESKE;MINNEFOR;COOPER, et al., 1983). No Brasil, a dispensação dos medicamentos ARV ocorre nas farmácias das unidades de saúde que prestam assistência aos pacientes doentes de aids, chamadas Unidades Dispensadoras de Medicamentos (UDM) e estão distribuídas em todas as regiões do país. Para controle e monitoramento desses medicamentos, todos os pacientes devem ser registrados no Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SICLOM). Em Sergipe, existe um único local de distribuição de medicamentos e está localizado no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMAR), na referência de DST/HIV/Aids. Lá se encontram o ambulatório para os pacientes soropositivos e com aids e o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). No estado existem outros CTA que estão distribuídos entre as regionais de Saúde. A referência hospitalar dos pacientes com aids é o Hospital Universitário (HU) de Sergipe localizado na capital, e a triagem desses pacientes é realizada no Hospital de Urgência 39 de Sergipe “Governador João Alves Filho” (HUSE), de onde são encaminhados à referência. Para parturientes de alto risco a referência é a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, para onde são referenciadas, no momento do parto, as gestantes soropositivas para HIV com diagnóstico prévio ao parto. Diversas maternidades do estado vinculadas ao SUS, e algumas do setor privado, realizam teste rápido para HIV em mulheres admitidas para assistência ao parto e puerpério de acordo com o “Projeto Nascer-Maternidades” e realizam o protocolo preconizado ao binômio mãe-filho. Insumos como antirretroviral e fórmula láctea são monitorados e controlados pela Secretaria Estadual de Saúde. 1.8.1 Consenso para uso da terapia antirretroviral em crianças O objetivo principal da terapia antirretroviral em crianças e adolescentes é a supressão máxima e sustentada da replicação viral. Com isso, consegue-se restaurar e preservar a função imunológica, manter ou retomar o crescimento e desenvolvimento, reduzir morbimortalidade, tudo associado à melhor qualidade de vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). A partir de 1994, o Programa Nacional de DST e Aids passou a publicar o Guia de Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV em Crianças, com as informações mais importantes sobre avanços ocorridos nas orientações para tratamento e acompanhamento de crianças infectadas e expostas ao HIV (RAMOS;MATIDA;HEARST, et al., 2011). Os consensos sobre uso de ARV são revisados periodicamente pelo Comitê Assessor para Terapia Antirretroviral em crianças infectadas pelo HIV. Esse comitê objetiva fornecer ao profissional de Saúde recomendações atualizadas baseadas nos melhores níveis de evidências e graus de recomendações científicas disponíveis, propostos pelo “Oxford Centre for EvidenceBased Medicine” (OXFORD CENTRE UNIVERSITY, 2013). Periodicamente esse Comitê realiza seminários nacionais para treinamento dos profissionais envolvidos no tratamento dessas crianças e adolescentes para atualização. A partir do consenso de 2009, devido à grande utilização de antirretrovirais em gestantes, está indicada a genotipagem para crianças antes do início de terapia antirretroviral, o que possibilita indicação precisa dos medicamentos. A utilização de testes rápidos para diagnóstico é reforçada, porque agiliza o diagnóstico definitivo de HIV/aids devido ao resultado imediato, com sensibilidade e confiabilidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b). 40 O manejo da criança HIV reagente inclui ações profiláticas e de monitoramento para doenças oportunistas como Pneumonia por Pnemocystis jiroveci, e acompanhamento de criança exposta a outras coinfecções, como Hepatite B e C, HTLV e Toxoplasmose. As crianças e adolescentes sem indicação para terapia antirretroviral também devem ser avaliados clínica e laboratorialmente a intervalos regulares, a fim de serem detectada precocemente, manifestações clínicas e alterações laboratoriais sugestivas de infecção pelo HIV/aids. Trata-se de um desafio, pois os índices de perdas de seguimento ainda são significativos em alguns centros (GERTSCH;MICHEL;LOCATELLI, et al., 2013; SILVA;MENDES WDA;GAMA, et al., 2010; WOHLGEMUT; LAWES; LAING, 2012). A progressão da infecção pelo HIV é mais rápida em crianças do que em adultos e os parâmetros laboratoriais (CD4 e carga viral) são menos sensíveis para prever o aparecimento de doenças oportunistas, especialmente em menores de 12 meses de idade. Estudo clínico realizado em crianças menores de três meses de idade, assintomáticas e com CD4>25%, randomizadas para início imediato de HAART ou início após critérios clínicos e imunológicos, revelou redução de 75% na mortalidade no grupo de tratamento precoce (J. OLESKE, 2006; J. OLESKE;MINNEFOR;COOPER, et al., 1983). Diante do elevado risco de progressão da doença no primeiro ano de vida e a comprovada eficácia do tratamento precoce (VIOLARI;COTTON;GIBB, et al., 2008), é recomendado iniciar a terapia antirretroviral em todos os menores de 12 meses, independente de sintomatologia clínica, classificação imunológica ou carga viral. Em maiores de 12 meses de idade, recomenda-se o tratamento para os que se inserirem na categoria clínica B ou C (ANEXO I). Crianças nas categorias clínicas N (sem sintomas) ou A (sintomas leves) devem iniciar tratamento quando o percentual de CD4 e sua contagem absoluta atingem valores definidos para cada faixa etária. Em crianças nas categorias clínicas N ou A e sem imunossupressão, o tratamento deve ser considerado se o exame de carga viral estiver acima de 100.000 cópias/mm3. Em relação à terapia ARV, a sua prescrição, bem como profilaxia e tratamento de infecções oportunistas, devem ser baseadas no estadiamento da puberdade de Tanner e não na idade cronológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009b). Existem diversos esquemas terapêuticos e não é objetivo neste estudo detalhá-los, mas toda terapia ARV deve obedecer inicialmente ao esquema preferencial: 3 Inibidores da Transcriptase reversa [dois análogos de nucleosídeo (ITRN) e um não-análogo de Nucleosídeo (ITRNN)]. Para esse último grupo (ITRNN), sugere-se a Nevirapina (NVP) para crianças abaixo de três anos e Efavirens (EFV) para aquelas acima de três anos (QUADRO 2). 41 As recomendações para o esquema inicial basearam-se nos seguintes critérios: dados demonstrativos de supressão viral duradoura; melhora clínica e melhora imunológica; extensão da experiência pediátrica com os diferentes fármacos e esquemas antirretrovirais; incidência de efeitos adversos de curto e médio prazo dos diversos esquemas antirretrovirais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). Quadro 2. Esquemas antirretrovirais para terapia inicial em menores que treze anos ESQUEMA PREFERENCIAL 2 ITRN + 1 ITRNN NVP (nevirapina): criancas <3 anos EFV (efavirens): criancas >3 anos e adolescentes ESQUEMA ALTERNATIVO: 2 ITRN + 1 IP/r IP preferencial: LPV/r IPs alternativos: ATV/r*, FPV**, FPV/r*, NFV. USO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS: AZT + 3TC + ABC como tratamento inicial na co-infecção ao HIV/TB * para maiores de 6 anos de idade ** para maiores de 2 anos de idade Fonte: Ministério da Saúde. Recomendações para Terapia Antirretroviral em Crianças e Adolescentes Infectados pelo HIV-2009. Um dos maiores desafios dos profissionais de Saúde que atendem populações em uso de terapia antirretroviral é a adesão aos medicamentos. Vários fatores podem influenciar a adesão das crianças aos medicamentos prescritos. Uma pesquisa conduzida no HIV Center for Clinical and Behavi oral Studies, New York State Psychiatric Institute and Columbia University, em Nova York (NY), descreve três fatores que influenciam a adesão de crianças à TARV: (a) Fatores biomédicos: severidade da doença, complexidade do regime da medicação e sintomas da doença; (b) Fatores psicossociais da criança: idade, funcionamento cognitivo, saúde mental, conhecimento de seu estado em relação à doença, responsabilidade pelo tratamento; (c) Fatores relacionados ao cuidador: estresse do cuidador, auto eficácia em 42 referenciar o tratamento da criança, saúde mental, qualidade de vida, funcionamento cognitivo, relacionamento entre criança e cuidador (MELLINS;BRACKIS-COTT;DOLEZAL, et al., 2004). No Brasil, estudos revelam boa adesão à terapia antirretroviral, mas também sinalizam a importância de controlar aos fatores que podem influenciar na não adesão aos tratamentos preconizados (GOMES;MACHADO;ACURCIO FDE, et al., 2009; TROMBINI; SCHERMANN, 2010). Por fim, o conhecimento sobre a evolução histórica da transmissão vertical do HIV em Sergipe e suas especificidades regionais, por meio de investigação sistematizada, permitirá avaliar as mudanças no perfil da epidemia da aids, fornecer subsídios para as ações nas políticas de Saúde voltadas para este segmento populacional, avaliar medidas preventivas e de monitoramento e ter compreensão da complexidade do acompanhamento dessas crianças e adolescentes. 43 2 OBJETIVOS 44 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Descrever a série histórica da situação clínica, epidemiológica e laboratorial das crianças nascidas de mães soropositivas ao HIV ou com aids nascidas em Sergipe no período de janeiro de 1990 a dezembro de 2011. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1- Avaliar o uso do protocolo ACTG 076 na maternidade de referência para parturientes HIV reagentes e crianças expostas em Sergipe no período de 1994 a abril de 2010 (artigo 1) 2- Estimar número de gestantes HIV reagentes no Estado de Sergipe pelo método de captura e recaptura, no período de 2000 a 2010 (artigo 2) 3- Identificar fatores de risco materno para infecção pelo HIV taxa de soro conversão nas crianças expostas por transmissão vertical diagnosticadas em Sergipe, de 1990 a 31 de dezembro de 2011 (artigo 3) 4- Verificar tendências de mortalidade em coorte histórica de crianças infectadas pelo vírus HIV em Sergipe, no período de 1993 a 2011 (artigo 4) 5- Conhecer a prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio em crianças infectadas pelo HIV em Sergipe, no período de 2002 a 2011 (artigo 5) 45 3 Casuística e Métodos 46 3 CASUÍSTICA E MÉTODOS Nesta seção, serão descritos os métodos gerais para composição do estudo. Na subseção de análise de cada artigo, será especificado o período diferenciado de cada um, assim como a especificidade nos cortes do banco de dados e nos métodos utilizados para análise. 3.1 Tipo de estudo Trata-se de uma coorte histórica, com componentes descritivos e analíticos dos casos de crianças expostas ao HIV por transmissão vertical. A coorte foi diferenciada de acordo com a proposta de cada artigo inserido neste estudo. 3.2 População de estudo Crianças expostas ao HIV por transmissão vertical, nascidas em Sergipe, no período de 1990 a 2011, e que tinham algum cadastro no sistema de notificação de agravos notificáveis, ambulatórios de atendimento a portadores do HIV ou sistema de mortalidade. 3.3- Períodos do estudo Na composição do banco de dados geral o período coletado foi de 1990 a 2011. O início do período foi baseado na data do primeiro caso de gestante HIV reagente em Sergipe. A seguir, os períodos utilizados em cada artigo: Artigo 1- 1994 a 2010. A data de início foi escolhida de acordo com a disponibilização dos prontuários nos arquivos da maternidade. Artigo 2- 2000 a 2010- Teve início em 2000 pois o ano do primeiro caso de gestante notificada no SINAN (uma das bases de dados utilizada neste artigo). Artigo 3- 1990-2011- Este artigo compôs a coorte de crianças expostas ao HIV, a partir do primeiro caso diagnosticado em gestantes. 47 Artigo 4- 1993-2011- 1993-2011- a data de corte no banco foi baseada no primeiro caso de criança diagnosticada com HIV em Sergipe Artigo 5- 2002-2011- Em 2002 foi a data de início de diagnóstico por carga viral em crianças. 3.4 Local do estudo Sergipe é um dos nove estados da região nordeste do Brasil. Possui a menor área territorial (2.910.348) dentre os Estados brasileiros, com população de 2.068.017 habitantes. Estabelece fronteiras ao norte com Alagoas e ao sul e oeste com a Bahia. No litoral prevalece o clima tropical, e no interior, o semiárido. Possui 75 municípios, e suas principais cidades são: Aracaju, capital, 571.149 habitantes, Lagarto, Itabaiana e Estância. Quanto à etnia, possui 63% de pardos, 30% de brancos e 5% de negros. Na economia, prevalecem a agricultura, agroindústria e pecuária. Os principais produtos da agricultura são laranja, cana de açúcar e côco. A expectativa de vida em 2000 era de 70,3 anos; Índice de Desenvolvimento Humano em 2005 foi de 0,742; e o índice de analfabetismo em 2010, 18,4% (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -IBGE, 2010). Em 2011 ocorreram 34.950 nascimentos, aproximadamente um terço deles ocorreram em maternidades da capital do Estado. Uma pequena parte (0,7%) partos domiciliares, e o índice de mortalidade infantil foi de 18,2 a cada 1.000 nascidos vivos (DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SUS (DATASUS), 2011). 3.5 Fonte dos dados Para coleta de informações foram utilizadas várias fontes, conforme relação abaixo. As primeiras serviram como base de busca e as outras para complemento das informações. 3.5.1 Arquivos do Ambulatório de Referência em DST/Aids de Aracaju-Se (SAE) e Ambulatório do Hospital Universitário, com informações dos prontuários das mães e seus conceptos. 48 Sergipe tem um serviço de referência estadual para acompanhamento de pessoas com HIV/Aids que funciona no município de Aracaju, no bairro Siqueira Campos, dentro do Centro de Especialidades Médicas (CEMAR). Outro local que atende este segmento populacional, não como serviço especializado, mas com atendimento de infectologistas, é o ambulatório da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em 2008, o hospital de referência para internação dos pacientes com aids mudou do “Hospital governador João Alves Filho” para o Hospital Universitário (HU), facilitando o acesso para alguns pacientes realizarem seu retorno no ambulatório do HU. 3.5.2 Sistema de Informações de Agravos Notificáveis (SINAN) O SINAN é a base oficial de dados que o Ministério da Saúde utiliza para notificação de agravos notificáveis ocorridos em todos os municípios do país, e sua notificação é obrigatória. Foi desenvolvido no início da década de 90, tendo por objetivo a coleta e processamento dos dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, fornecendo informações para a análise do perfil da morbidade e contribuindo, dessa forma, para a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal. O sistema é alimentado pela notificação e/ou investigação de agravos listados por meio de Portarias Ministeriais. Os agravos são sistematicamente avaliados e modificados conforme necessidades de inclusão ou exclusão. Na portaria GM/MS de 25 de janeiro de 2011(BRASIL, 2011) constam 44 agravos de notificação compulsória, mas é facultado a estados e municípios incluírem outros problemas de saúde importantes em suas regiões. Sua utilização possibilita estudar a história natural de um agravo ou doença, estimar sua magnitude como um problema de saúde da população, detectar surtos ou epidemias, contribuindo, assim, para identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica e avaliação do impacto das intervenções. Os casos de aids, gestantes HIV reagentes e crianças expostas advindos dos municípios notificantes são consolidados nas coordenações estaduais de DST/Aids e posteriormente encaminhados para a Coordenação Nacional de DST/Aids. Pode-se ter acesso às fichas de notificação das gestantes e crianças expostas, com fornecimento de identificação dos casos e possível busca ativa para profissionais do Setor de Vigilância Epidemiológica, com rigoroso critérios éticos e de confidencialidade envolvidos. A busca em residência somente é realizada se houver consentimento assinado pelos pacientes ou representantes legais. 49 3.5.3 Sistema de Informações sobre Medicamentos Antirretrovirais (SICLOM) SICLOM foi desenvolvido para controle da logística de fornecimento de medicamentos antirretrovirais no país e está interligado com banco de dados SISCEL. Esse sistema lista os pacientes que recebem medicamentos antirretrovirais no Estado e está instalado no Serviço de Atendimento Especializado para Portadores do HIV/Aids (SAE), onde realizam a distribuição de medicamentos inclusive para pacientes atendidos em outros locais, por médicos cadastrados no sistema. A vantagem é que mesmo o paciente não estando no seu Estado inicial de acompanhamento, pode-se ter acesso aos medicamentos que o mesmo recebe. 3.5.4 Sistema de Informações de Exames Laboratoriais (SISCEL) Criado em 1997, o SISCEL tem objetivo de facilitar o controle dos processos de cadastramento de pacientes e armazenar histórico dos exames. Representa um sistema de dados desenvolvido para monitorizar ensaios laboratoriais específicos para infecção por HIV, tais como a contagem de CD4 e carga viral (HIV-RNA quantificação). Em todos os estados brasileiros há pelo menos um sistema implantado. Em Sergipe, funciona o do Laboratório Central (LACEN) de referência estadual, localizado na cidade de Aracaju. Através dele, consegue-se listar todos os dados referentes à carga viral das crianças ou resultados de exames realizados em mulheres HIV reagentes. Só as coordenações estaduais e a nacional têm acesso aos dados e, para pesquisa, é necessário preencher Termo de Confidencialidade e obter senha controlada pela Coordenação Nacional de DST/Aids 3.5.5 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) O SIM registra as mortes em todo o país e suas causas padronizadas. A operacionalização do sistema é composta pelo preenchimento e coleta de documento padrão a Declaração de Óbito (DO), sendo esse o documento de entrada do sistema nos estados e municípios. Os dados de mortalidade podem ser obtidos através de CD-ROM, distribuído pela Secretaria de Vigilância em Saúde ou consultas por página oficial, via on-line, do DATASUS, em Informações de Saúde - Mortalidade. 50 Está instalado nas secretarias municipais e estaduais de saúde e nesse estudo foi utilizado para cruzar dados com outros sistemas como SINAN E SISCEL, para saber a situação atual (vivo ou morto) dos casos pesquisados. 3.5.6 Residência do paciente (quando autorizado pelo responsável legal) Para os casos cadastrados nos diversos sistemas de informação sem seguimento nos ambulatórios, com consultas atrasadas, foi feito a busca ativa dos casos segundo o protocolo do Setor de Vigilância local. Primeiramente foram listados os casos de mães e crianças sem informações suficientes e o setor de vigilância, entrava em contato solicitando comparecimento e agendando consultas. Quando não havia resposta, fazia-se busca nas residências se houvesse consentimento assinado pelo paciente, salientando-se ser rotina do setor o preenchimento desse termo na primeira consulta. 3.5.7 Maternidade de referência para gestações de alto risco Todas as gestantes HIV reagentes acompanhadas pelo CEMAR ou pela atenção básica, eram referenciadas para Maternidade “Nossa Senhora de Lourdes”, antiga Maternidade “Hildete Falcão”. Foram analisados todos os casos de partos com mulheres HIV reagentes ocorridos nessa maternidade. Estas informações também subsidiaram a análise sobre uso do protocolo ACTG-076, que visa a prevenção da transmissão vertical. 3.5.8 Relatório das maternidades do Estado que realizam teste rápido Mensalmente as coordenações municipal e estadual recebem relatórios das maternidades cadastradas no “Projeto Nascer”1, onde, além de outras informações, listam os resultados dos testes rápidos para HIV realizados nas parturientes. 1 Lançado pelo Ministro da Saúde, em 2002, o Projeto Nascer tem como objetivo aumentar a captação de parturientes soropositivas, por meio da realização de teste rápido para HIV e VDRL quando na admissão para o parto em maternidades conveniadas do SUS, como também adotar medidas profiláticas quanto a transmissão do HIV e sífilis da mãe para o filho 51 Essa ferramenta foi útil para cruzar dados com a listagem dos cadastrados no ambulatório onde foi agendado retorno para as mães. 3.5.9 Entrevista individual Entrevistas individuais com representantes legais no ato da consulta de rotina ou para aquelas que responderam às solicitações de comparecimento na busca ativa dos casos, constituíram outras fontes para complemento de informações. As solicitações são feitas por rotina específica do Setor de Vigilância Epidemiológica, ou por lista selecionada nos prontuários no ato da coleta de dados para este estudo. 3.6 Registro dos dados As informações colhidas foram registradas em formulário padronizado (APÊNDICE A), dividido em oito partes. As duas primeiras, referentes à identificação do binômio mãe-filho como: nome (variável codificada visando sigilo), idade, local e data de parto, escolaridade e endereço. A terceira, foi dados socioeconômicos da mãe ou responsável legal. A quarta parte tratou das exposições de risco e formas de diagnóstico pelo HIV da mãe; na quinta parte foram coletados dados sobre o pré-natal, tais como: realização, local e número de consultas, resultado de exames laboratoriais para HIV e sífilis, esquemas de antirretrovirais profiláticos e/ou terapêuticos. A sexta parte levantou dados específicos do parto e puerpério, como tipo de parto (vaginal, operação cesariana), valor da carga viral de acordo com tempo gestacional, tempo de ruptura das membranas, gestação múltipla ou não, uso de ARV durante o parto para mãe e após o parto para a criança, tempo de início da profilaxia e amamentação. Na sétima parte, continha dados de acompanhamento da criança exposta ao HIV no Centro de Especialidades: via de exposição, cadastro no Centro de Referência, dados laboratoriais referentes à carga viral e sorologia, idade da criança no momento do diagnóstico virológico e/ou sorológico e evolução do caso (óbito, infectada, não infectada, perda de seguimento, alta em aberto ou aguardando diagnóstico). A oitava e última parte, foi somente para casos de crianças com carga viral detectável ou sorologia reagente para HIV e continha dados sobre tipo de tratamento ARV recebido, histórico de hospitalizações, classificação clínica da doença e situação atual como alta, alta em aberto ou ainda em tratamento. 52 Para facilitar o registro e consolidação das informações, foi criado um banco de dados com todas as variáveis do questionário no programa estatístico de domínio público “Epi Info™ for Windows 3,5,1”, desenvolvido pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Atlanta, Georgia (USA). Utilizou-se dupla digitação neste sistema para diminuir erros e também para comparação dos bancos de dados pelo método “compare” dentro do próprio sistema. 3.7 Sistemática da coleta A coleta teve início em maio de 2010 e encerramento em agosto de 2012. Apesar de estarem incluídas crianças nascidas de 1990 até 31 de dezembro de 2011, continuou-se a busca de informações até 8 meses após o último nascimento para poder ter tempo de realização de pelo menos 3 cargas virais, para definição do diagnóstico virológico. Após parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, anuência do CEMAR e senha do SISCEL, foram identificados todos os casos de crianças expostas ao HIV por transmissão vertical, desde o primeiro caso da infecção em criança em Sergipe, utilizando-se as fontes acima descritas. Construiu-se uma lista com informações do SINAN e foram cruzadas com a lista existente do CEMAR e outra do SISCEL (o cruzamento dessas informações gerou análise de captura e recaptura em um dos artigos aqui apresentado). A necessidade de cruzamento deu-se por essas listas terem certa independência nas informações. Diante do número de casos listados, realizou-se treinamento com os responsáveis em ajudar na coleta e foi testado o instrumento de coleta (piloto) para adequar informações e manter homogeneidade na coleta. Sistematicamente eram analisadas as fichas preenchidas e discutidas algumas categorizações das variáveis durante o preenchimento. Com as fichas previamente preenchidas com informações dos sistemas SINAN, iniciou-se a coleta nos prontuários do CEMAR, sendo complementada por: prontuários da Maternidade de Referência para dados específicos sobre o parto e nascimento, com as dos prontuários do HU sobre as internações hospitalares e atendimentos ambulatoriais, no SISCEL para confirmação dos exames laboratoriais como carga viral em crianças abaixo de 18 meses ou sorologia para aquelas com idade acima de 18 meses, no SICLON para tipos de medicamentos utilizados, no SIM para conhecimento dos casos que evoluíram para óbito, relatórios das maternidades que realizam o teste rápido para conhecimento de número de casos 53 que foram diagnosticados e não chegaram a ter atendimento e em consultas agendadas (só em casos quando não havia informações suficientes nas outras fontes). Para casos sem informações suficientes nos prontuários ou em casos de perdas de seguimento, foi realizada busca ativa, junto ao Setor de Vigilância, em respeito à rotina préestabelecida e aos preceitos éticos profissionais. Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e o próprio Ambulatório de Referência têm como rotina, na primeira consulta, a informação sobre busca consentida. Procurou-se esgotar todas as informações em diversas fontes, de forma que cada fonte foi consultada mais de uma vez, conforme houvesse necessidade de complementos, a exemplo do SISCEL para coletar informações novas dos casos ainda sem diagnóstico ou no CEMAR para verificar novos comparecimentos às consultas. Periodicamente as fichas preenchidas eram analisadas juntamente com os coletores, para definição no preenchimento de algumas variáveis e verificação de inconsistências e incompletudes. 3.8 Análise dos dados 3.8.1 Análise para conhecimento da amostra As informações obtidas foram codificadas e digitadas no banco de dados Epi Info TM e analisadas no programa SPSS versão 1313 (IBM Corporation, Armonk, Nova York, EUA) para conhecimento da frequência das variáveis e caracterizar a população estudada. Foram verificadas inconsistências das variáveis e homogeneidade no preenchimento das fichas, uma vez que houve mais de um coletor. Esta técnica foi utilizada para “limpeza” do banco e para definir quais tipos de variáveis teriam poder estatístico para análise. 3.8.2 Métodos de análise para avaliação do uso do protocolo ACTG 076 na Maternidade de Referência (1º artigo) Para análise do uso de medidas profiláticas na Maternidade de Referência, de acordo com protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, realizou-se estudo transversal, 54 retrospectivo e exploratório com componentes descritivos e analíticos. Foram incluídas mães e crianças admitidas na maternidade “Nossa senhora de Lourdes” no período de 1994 a abril de 2010. Essa instituição foi selecionada por ser referência estadual para gestantes HIV reagentes. A fim de determinar a amplitude da amostra, foi aplicada a fórmula de cálculo para amostragem de população finita em variável qualitativa (BOLFARINE H., 2005). Estimou-se proporção de 0,5%, com erro máximo de 7% e intervalo de confiança de 95%. Como resultado, obteve-se amostra significativa de 94 crianças expostas, incluindo perdas de 20% a mais, resultando em estimativa de 110 pacientes. Em relação à análise sobre utilização do Protocolo ACTG 076, as três fases foram analisadas separadamente. Cada fase recomendada deve incluir uma ação ou um conjunto das ações. Fase 1 consistiu no uso de ARV durante a gravidez; fase 2, uso de AZT intravenoso durante o trabalho de parto e escolha da via de parto de acordo com a carga viral; fase 3, uso de AZT xarope em crianças e não amamentação pela mãe ou amamentação cruzada (CONNOR;SPERLING;GELBER, et al., 1994). O software utilizado para análise dos dados foi o SPSS versão 1313 (IBM Corporation, Armonk, Nova York, EUA). Realizou-se análise descritiva das variáveis calculadas por meio de percentuais de frequência, e para avaliar associação, foi utilizado o teste do qui-quadrado ou teste exato de Fisher, quando necessário, sempre considerando nível de significância de 5%. Todos os aspectos éticos que regem a resolução 196/96 foram respeitados. Não houve contato entre pesquisadores e pacientes, pois a coleta deu-se por análise de prontuários. Por este motivo não foi necessário utilizar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe como extensão, em reunião realizada dia 1-4-2011 com parecer n. 0183.0.107.000-10. 3.8.3 Métodos de análise para estimativa de gestantes HIV reagente pelo Método de Captura e Recaptura (2º artigo) Para o segundo artigo, foi feito um estudo epidemiológico por meio do método de captura e recaptura, para estimar o número de gestantes HIV reagente no estado de Sergipe, diagnosticadas de 2000 a 2010, e que constavam nas fontes pesquisadas. 55 Este método foi utilizado inicialmente para calcular a população da França, em 1793. A partir do século XIX foi utilizado na estimação do tamanho de populações de animais selvagens e tem sido aplicado para descrever populações humanas de difícil acesso e a prevalência de doenças crônicas. Exemplos de seu uso incluem pacientes com diabetes tipo 1 e 2, anemia falciforme, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo, trabalhadores e crianças de rua (BEZERRA;GURGEL;ILOZUE, et al., 2011; HOOK; REGAL, 1995; ILOZUE;CIPOLOTTI;MELO, et al., 2010; INTERNATIONAL WORKING GROUP FOR DISEASE MONITORING AND FORECASTING, 1995b). O método utiliza listas de indivíduos construídas a partir de várias fontes e, assim, estima o tamanho da população total, por meio da identificação do número de indivíduos que aparecem em uma ou mais listas, ao avaliar o grau de sobreposição de indivíduos entre as listas. A vantagem dessa técnica sobre os tradicionais censos é que ela representa o grau de subestimação e reconhece que pode haver um déficit de apuração (casos perdidos) inerente ao método de recenseamento (BEZERRA;GURGEL;ILOZUE, et al., 2011; INTERNATIONAL WORKING GROUP FOR DISEASE MONITORING AND FORECASTING, 1995a; WITTES; SIDEL, 1968). Para ser devidamente utilizado, o método captura-recaptura deve cumprir determinados pressupostos: cada indivíduo deve ser identificado em cada lista para permitir correspondência exata; as listas devem ser independentes; as populações devem ser fechadas (o que significa que dentro do período do estudo não há movimento significativo de indivíduos dentro ou fora da população); e a probabilidade de captura e recaptura é a mesma para cada indivíduo (homogênea) (MINGOTI; CAIAFFA, 2006; OLIVEIRA, 2004). A população utilizada para aplicação do método foi constituída por casos registrados de gestantes soro reagentes ao HIV, residentes no estado de Sergipe, constantes dos sistemas oficiais de registro: Sistema de Notificação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos CD4+/CD8+ e carga viral (SISCEL) e cadastro do Ambulatório de Referência em DST/HIV/Aids para o Estado de Sergipe, localizado no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMARSiqueira Campos). Para formação dos bancos de dados, gerou-se um arquivo no Excel para cada fonte com as seguintes variáveis: nome da gestante, data de nascimento e município de residência. Primeiramente foi examinado o arquivo de cada fonte separadamente para identificação de inconsistências e exclusão das duplicidades. No banco de dados do SINAN levou-se em 56 consideração somente a notificação da primeira gestação, uma vez que neste sistema a cada nova gestação há um novo registro. Para a confecção da lista do SISCEL, foi disponibilizada pelo MS um arquivo contendo todas as mulheres soro reagentes que realizaram carga viral e/ou CD4+/CD8+. Excluíram-se os casos que continham informações de não gestantes e de mulheres fora da idade fértil (<15 e >49 anos). Após a primeira fase, realizou-se o emparelhamento dos casos, classificando os nomes por ordem alfabética e iniciou-se a análise comparativa dos trios, ou seja, se todos os casos contidos no SINAN constavam no SISCEL e CEMAR. Caso o nome e os outros dois identificadores fossem os mesmos, ou muito próximos, devido à ortografia e possíveis erros de digitação, a gestante foi considerada a mesma. Para a primeira etapa da contagem, utilizou-se o diagrama de Venn (FIGURA 1), onde cada círculo representa uma lista e a intersecção entre eles o número de recaptura. sinan siscel cemar Figura:1 Diagrama de VENN para três listas. Depois da correspondência entre as listas e delineando dos números de sobreposições, a "repescagem" sub-rotina para STATA 12 (Stata Corporation , College Station , Texas, EUA) foi usada para executar o modelo de regressão log-linear para análise de captura e recaptura. Essa análise forneceu o tamanho da população total, os intervalos de confiança e Critérios de Informação de Akaike (AIC) para informar sobre a seleção do modelo mais apropriado. 57 3.8.4 Métodos de análise dos fatores de riscos maternos para transmissão do HIV em crianças (3º artigo) Para avaliar fatores maternos para infecção do HIV em crianças, foram incluídas todas as mulheres grávidas infectadas pelo HIV e crianças expostas diagnosticadas em Sergipe, de 1990 até 31 de dezembro de 2011. Variáveis envolvidas nas análises: (a) sociodemográficas, representadas pela zona de residência (urbana ou rural), idade, escolaridade, estado vital, tipo de renda, de emprego e de moradia, sexo da criança, peso ao nascer dicotomizada como <2500 e ≥ 2500 gramas, local de nascimento (Aracaju, interior do Estado ou outro Estado); (b) exposições de risco da mãe: parceiro sexual (parceiro fixo, eventual ou ambos), número de parceiros sexuais nos últimos 10 anos, ter filho morto por aids, categoria de transmissão (parceiro sexual atual com HIV, parceiro sexual anterior com HIV, parceiro usuário de drogas injetáveis ou ter sido submetida à transfusão sanguínea); (c) dados do pré-natal e parto: período em que o HIV foi diagnosticado (anterior à gravidez atual, durante a gravidez, no parto ou pós-parto), realização ou não do prénatal, recebimento de profilaxia com antirretroviral durante a gestação e trabalho de parto e tipo de regime antirretroviral recebido (monoterapia, dupla ou tripla terapia); (d) dados pós-parto e de acompanhamento da criança: profilaxia com AZT, tipo de diagnóstico realizado (virológico, sorológico, ambos ou por critério óbito), se foi amamentada pela mãe ou teve amamentação cruzada e se houve infecção pelo vírus (soro conversão). A variável principal foi a confirmação da infecção pelo HIV em crianças e foi definida de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde. Para crianças com menos de 18 meses de idade, são consideradas infectadas pelo vírus HIV aquelas que apresentarem duas cargas virais detectáveis, sendo pelo menos uma delas após o quarto mês de idade. Para aquelas com idade de 18 meses ou mais, consideraram-se dois testes sorológicos positivos e um teste confirmatório positivo, podendo ser ensaio de Imunofluorescência Indireta ou Western Blot (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). Realizaram-se análises descritivas usando SPSS versão 13 (IBM Corporation, Armonk, Nova York, EUA) e análises bivariadas por meio do programa Stata 8.0 (Stata Corporation, College Station , Texas, EUA). Calculou-se o risco relativo (RR) e intervalos de confiança de 95% (IC). Foram controladas as possíveis variáveis de confusão, usando análise de regressão de Poisson, mantendo variáveis que tinham um valor do p inferior a 0,05. 58 3.8.5 Métodos para análise do artigo intitulado em “Mortalidade de crianças após o diagnóstico da infecção pelo HIV” (4º artigo) Foi feito um coorte retrospectivo de crianças infectadas pelo HIV em Sergipe no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2011. A data de início do estudo corresponde ao primeiro caso de criança diagnosticado com HIV/aids em Sergipe. Variáveis preditivas utilizadas: fatores sociodemográficos e fatores clínicos da mãe e da criança. A classificação clínica da criança foi de acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1994) onde a letra “N” significa sem sintomatologia de aids, “A”, para sintomas leves, “B”, sintomas moderados, e “C” para sintomatologia grave da doença (ANEXO I). O tempo desde o nascimento até o diagnóstico de aids foi categorizado em: <25 meses, 25-48 meses e ≥ 49 meses. Os esquemas de terapia antirretroviral foram classificados em: sem terapia ARV, terapia com uma droga, terapia dupla ou terapia tripla. Outras variáveis incluídas foram: histórico de hospitalização, tipo de confirmação do diagnóstico (virológico, sorológico ou ambos), se recebeu profilaxia antirretroviral durante a gestação, parto e pós-parto, idade gestacional (<38 semanas, ≥ 38 semanas) e tipo de parto (parto vaginal, operação cesariana). A classificação de aids em criança foi de acordo com protocolo estabelecido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Foram analisados dois desfechos nas variáveis. O primeiro foi óbito e o segundo foi a sobrevida a partir do nascimento como parâmetro para o tempo de sobrevivência da infecção pelo HIV. Optou-se por não examinar a sobrevida do diagnóstico de aids até a morte, tendo em vista a existência de uma substancial proporção de casos que foram diagnosticados próximos do óbito ou após o mesmo. Para as crianças que não foram à óbito, a data da censura foi a data da última consulta no Centro de Referência. Utilizou-se regressão logística e um processo de seleção proposital de co-variáveis para identificar fatores preditores associados à morte (BURSAC;GAUSS;WILLIAMS, et al., 2008). A partir do teste de “WALD”, e estabelecendo o valor de p < 0,20, foram identificadas as co-variáveis que tiveram teste bivariado significativo. Essas variáveis foram exploradas em análise multivariada, utilizando técnicas de modelagem passo a passo. Foram removidas as covariáveis quando significância estatística foi perdida (valor de p <0,10) e a variável foi determinada de forma a não ser um fator confundidor através de seu efeito sobre outros parâmetros nos modelos utilizados. Além disso, foi realizada análise de sobrevida de KaplanMeier a partir do nascimento, dados de censura com a data do óbito ou do último atendimento médico. 59 Todos os dados foram coletados em formulário padrão e inseridos em um banco de dados Epi Info 3.5.2 (CDC, Atlanta, GA, EUA). Realizou-se todas as análises R 2.15.3 (R Development Core Team, Viena, Áustria). 3.8.6 Métodos para análise do artigo sobre prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio do HIV em crianças acima de 12 meses. (5º artigo) Para esse artigo foi conduzido um estudo de coorte retrospectivo de crianças infectadas pelo HIV e diagnosticadas no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2011. O período inicial da análise corresponde à data em que o teste DNA (carga viral ou exame virológico para HIV) para crianças expostas tornou-se disponível em Sergipe. Vale ressaltar que, a partir de 2000, houve publicação da Portaria n.1332/2000 (BRASIL, 2000b) com normas específicas para cadastramento de laboratórios de contagem de linfócitos T CD4-CD8 e quantificação de ácido nucleico- carga viral do HIV. Tendo em vista o longo processo de cadastramento, treinamento e aquisição de insumos, em Sergipe os exames tiveram início dois anos após essa publicação. A variável de desfecho primário foi diagnóstico tardio. Como as crianças nascidas a partir de 2002 já tinham disponível diagnóstico virológico a partir de 2 meses de idade podendo ter confirmação de diagnóstico até 6 meses de idade, foi considerado diagnóstico tardio toda crianças com idade igual ou superior a 13 meses que tenham as seguintes condições: Diagnóstico virológico (teste RNA para HIV) acima de 12 meses; Diagnóstico sorológico acima de 12 meses (sem exame de carga viral); Diagnóstico clínico de aids com idade acima de 12 meses; Diagnóstico de morte por aids com 12 meses de idade ou mais sem diagnóstico virológico anterior. Foram excluídas crianças que tiveram diagnóstico sorológico, diagnóstico clínico de aids ou diagnóstico pós-morte com idade igual ou inferior a 12 meses. Variáveis analisadas: fatores clínicos e sociodemográficos para o binômio mãe-filho. Para as crianças, sexo, peso ao nascer, data do parto, data do diagnóstico do HIV e ou aids, data do óbito, estágio clínico da doença por aids e histórico terapêutico com ARV. Para as mães, nível educacional, histórico da profilaxia ou tratamento com ARV, momento do diagnóstico da infecção pelo HIV (antes da gestação, durante a gestação, durante o parto, após o parto), número de visitas ao pré-natal (< 6 visitas ou ≥6 visitas), tipo de parto e estágio clínico da infecção pelo HIV. 60 Foi conduzida análise descritiva utilizando SPSS versão 13 (IBM Corporation, Armonk, New York, USA) e análise bivariada utilizando STATA 8.0 (STATA Corporation, College Station, Texas, USA). 3.9 Considerações éticas Todos os aspectos éticos que regem a Resolução CONEP 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitados. Este documento foi elaborado após discussão entre sociedade civil organizada, comunidade científica, sujeitos de pesquisa e Estado, tendo como base os seguintes documentos internacionais: Código de Nuremberg (1947); Declaração dos Direitos do Homem (1948), Declaração de Helsinque (1964); Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966); Propostas de Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos (1993)(CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2012). Como para este estudo a maioria das informações foram colhidas de forma retrospectiva, obtida de prontuários, registros hospitalares e banco de dados, os contatos entre participantes e pesquisadores foram mínimos. Para os casos de perda de seguimento com possível busca ativa, foi confeccionado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (APÊNDICE C) para ser assinado pelos pais ou responsável legal da criança menor que 18 anos, que concorde em participar da pesquisa. Os casos de busca ativa e agendamento foram em concordância com a rotina do serviço e realizados conjuntamente com o Serviço de Vigilância Epidemiológica do setor. Para assegurar o sigilo, todos os participantes foram identificados por número de ordem. Antes de ser o projeto enviado para parecer do Comitê de Ética, foi assegurado anuência do Centro de Especialidades Médicas e da Coordenação Estadual de DST/Aids de Sergipe e do Ministério da Saúde para pesquisa dos exames contidos no sistema de exames laboratoriais (SISCEL). Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Federal de Sergipe com Parecer número 0183.0.107.000-10 (APÊNDICE D). 61 4 RESULTADOS 62 4 RESULTADOS Os resultados estão apresentados em 5 artigos. Abaixo, esquema representativo da população estudada. Partos de gestantes HIV positivas 538 23 gemelares Crianças expostas 561 Diagnóstico desconhecido 94 Realizaram teste diagnóstico 467 Infectadas 101 Não Infectadas 366 Em investigação Nascidos mortos 61 6 Figura 1 – Esquema da evolução laboratorial das crianças expostas pelo HIV por transmissão vertical em Sergipe no período de 1990 a 2011. Sem cadastro 27 63 4.1 Resultados 1º Artigo (publicado) “Avaliação de medidas preventivas para transmissão materno infantil do HIV” Major Article Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 45(6):682-686, Nov-Dec, 2012 Evaluaion of prevenive measures for mother-to-child transmission of HIV in Aracaju, State of Sergipe, Brazil Lígia Mara Dolce de Lemos[1], Thaísa Fonseca Siqueira Rocha[2], Marcos Vinícius da Conceição[2], Eduardo de Lemos Silva[3], Alessandro Henrique da Silva Santos[4] and Ricardo Queiroz Gurgel[5] [1]. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE. [2]. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE. [3]. Faculdade de Medicina, Faculdade Serra dos Órgãos, Teresópolis, RJ. [4]. Departamento de Estaísica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE. [5]. Núcleo de Pós-Graduação em Medicina, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE. ABSTRACT Introducion: The main route of human immunodeiciency virus (HIV) infecion in children is from mother to child. The prevenive measures established for the Aids Clinical Trial Group protocol 076 (ACTG 076) signiicantly reduces HIV verical transmission rates. This study aims to evaluate the implementaion of the ACTG 076 protocol in the maternity units of State of Sergipe, Brazilian northeast. Methods: This is a descripive, retrospecive study with a quanitaive approach, with HIV posiive women and children exposed, atending a Maternity reference for high-risk pregnancies. Data were obtained from paient records registered in the years 1994 to 2010. Results: Amongst the 110 pregnant women and exposed newborns, the ACTG 076 protocol was fully uilized in only 31.8% of the paricipants. During the prenatal period, zidovudine (ZDV) was taken by 79.1% of the pregnant women. Only 49.1% of HIV seroposiive paients used ZDV during delivery. Two (1.8%) children were considered infected and 50 (45.5%) do not have a conclusive diagnosis to date. Conclusions: There were signiicant deiciencies in the prevenion of mother-to-child transmission of HIV, including lack of compliance with the three phases of the ACTG 076 protocol; inadequacies in prenatal care; inappropriate mode of delivery and lack of adequate follow up of exposed children. Keywords: HIV. Verical transmission of infecious disease. Zidovudine. Post-exposure prophylaxis. INTRODUCTION The ideniicaion of the acquired immunodeiciency syndrome (AIDS) in 1981 was a major milestone in the history of mankind. Before its spread across the world, the human immunodeiciency virus (HIV) epidemic was iniially restricted to a few cosmopolitan populaions. Nowadays, the epidemiology of HIV infecion is marked by the increasing occurrence in women, in smaller ciies and poorer populaions. The increased burden of HIV infecion in women leads to substanial increases in children1,2. The mother-to-child transmission (MTCT) of HIV, also called verical transmission, may occur at various moments: during pregnancy, during labor and delivery or ater birth through breast feeding3. The risk of transmission may range between 30% and 35% during pregnancy, from 60% to 65% during the immediate prenatal period and during labor itself4,5. There is an addiional of risk between 7% and 22% if the child is breasfed by the mother6,7. In order to minimize this problem protocols and prophylactic regimes have been established. In 1994 the Aids Clinical Trial Group (PACTG) 076 Protocol was published detailing the effective use of drug therapy to reduce MTCT. The protocol included the oral administration of the antiretroviral zidovudine (ZDV) during pregnancy and for the newborn, and intravenous use during delivery. The result of this study demonstrated that the use of ZDV reduced vertical transmission by 67.5%8. Address to: Profª Lígia Mara Dolce de Lemos. Av. Adélia Franco 2288/702, Condomínio Costa Dourada, Ed. Salinas, Bairro Luzia, 49048-010 Aracaju, SE, Brasil. Phone: 55 79 3246-6893 e-mail: [email protected] Received in 26/01/2012 Accepted in 08/05/2012 682 In Brazil, a 2002 study by Connor et al.8 was the basis of the implementaion of Projeto Nascer9. This project aims to train all health care providers in maternity hospitals to reorganize services in order to improve the quality of care for pregnant and puerperal women and their newborns. It also intends to reduce verical transmission of HIV and to control congenital syphilis. According to the Ministerial Protocol of Brazil, all paients have free access to aniretroviral (ARV) drugs as clinically indicated, HIV tesing during pregnancy and monitoring of viral load and cluster of difereniaion (CD4) count3,9. Aracaju, the capital City of Sergipe, has the highest rate of HIV/ AIDS in the state. The irst adult female case was diagnosed in 1990, and the irst case of verical transmission in 199310. The increasing number of HIV infected children makes the situaion alarming, as evidenced by a study conducted at the public maternity hospitals in Sergipe (Sistema Único de Saúde - SUS) where a HIV seroprevalence of 0.42% was detected among pregnant women11. The beneits of HIV verical transmission prophylaxis are well known but there are oten failures regarding the implementaion of the recommended protocols for prevenion of MTCT. This study aims to evaluate the use of the ACTG 076 protocol in pregnant women and children exposed to HIV at the main reference maternity hospital in the city of Aracaju from 1994 to 2010. METHODS This is a descripive, retrospecive study with a quanitaive approach. We included HIV posiive mothers and their exposed children, admited to Nossa Senhora de Lourdes Maternity Hospital (MNSL) from July 1994 to April 2010. This insituion was selected because it is the referral hospital for all high risk pregnancies in Sergipe treaing the majority of HIV posiive pregnant women in the State. The data collecion began in July 2010 and ended in April 2011. www.scielo.br/rsbmt Lemos LMD et al - Prevenive measures for mother-to-child transmission of HIV During the studied period 158 HIV seroposiive women were admited in the reference maternity. A signiicant number of 110 pregnant women and their exposed children was included. The 48 missing paients were not included because their records were missed when the maternity changed to the new building in 2006. To esimate the signiicance of the sample12 we esimated a 50% compliance of the ACTG 076 protocol, with a maximum error of 7% and a 95% Conidence Interval addiional 20% paients accouning for paients records not found. All cases of HIV seroposiive pregnant women and their exposed children were ideniied from the Informaion System for Reportable Diseases (SINAN). Other sources of information were used to complement the database, namely the State Health Department and outpatient medical records from the sexually transmitted disease/human immunodeiciency virus/acquired immunodeiciency syndrome (STD/HIV/AIDS) service at the University Hospital (HU). All information was collected on a standard form and then entered into database. The variables for analysis included maternal sociodemographic factors, details of prenatal care and labor and the current status of the child. Residence of individuals was categorized as Aracaju Metropolitan Area (which includes Aracaju (capital), Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro and São Cristóvão) or other municipaliies of Sergipe. Regarding the use of the ACTG 076 protocol, the three phases were separately analyzed. Each step recommended by the protocol included one or more intervenions. Phase 1 consisted of the use of ARV during pregnancy; phase 2 was the use of intravenous ZDV during labor and the mode of delivery according viral load result, and phase 3 consisted of treatment with oral ZDV for the child and avoidance of breasfeeding8. Data analysis was performed using SPSS version 13. A descripive analysis of the categorical variables produced simple absolute frequencies and percentage. To compare diferences and distribuion between proporions the chi-square test (χ2) was used. To evaluate the inluence of prenatal care on the implementaion of the ACTG 076 protocol was used Fisher's exact test. The signiicance value was established as 5% (p<0.05). TABLE 1 - Distribuion of sociodemographic characterisics and acquisiion factors for HIV seroposiive pregnant women in MNSL, State of Sergipe, Brazil, 1994 to 2010. Variable Number Percentage χ2 p-valuea Ethical consideraions HIV: human immunodeiciency virus; MNSL: Nossa Senhora de Lourdes Maternity Hospital. χ2: chi-square calculated; ap-value of chi-square. All ethical principles of Brazilian research (Resoluion 196/96) were upheld. There was no direct paient contact; therefore it was not necessary to obtain individual consent. This study was approved by the Ethics and Research Commitee of Federal University of Sergipe on 1st April 2011, registered number 0183.0.107.000-10. RESULTS From 1994 to 2010, there were 158 HIV positive mothers registered at Nossa Senhora de Lourdes Maternity Hospital and 110 of these were included in the survey. Maternal age ranged between 17 and 45 years with a predominance of the age group 26 to 35 years (60.9%). There were 64 (58.2%) women living in the metropolitan area of Aracaju. Over half (58.2%) had less than seven years of formal educaion. Regarding employment status, 17 (15.5%) were employed or self-employed, 15 (13.6%) were unemployed and 38 (34.5%) were housewives and/or students. The majority (68.2%) of paricipants Age (years) 17 to 25 17 15.5 26 to 35 67 60.9 36 to 45 26 23.6 38.74 < 0.0001 56.96 < 0.0001 36.01 < 0.0001 19.38 0.0002 172.0 < 0.0001 Residence Aracaju Metropolitan area 64 58.2 other municipaliies of Sergipe 45 40.9 1 0.9 0 to 7 years 64 58.2 > 7 years 33 30.0 unknown 13 11.8 employed/self-employed 17 15.5 unemployed 15 13.6 housewives/students 38 34.5 unknown 40 36.4 steady partners 75 68.2 casual partners 3 2.7 steady and casual partners 5 4.5 unknown Years of educaion Professional situaion Sexual partnership others unknown HIV exposure category current partner with HIV former partner with HIV intravenous drug users unknown Period of diagnosis of HIV infecion before pregnancy during pregnancy during delivery ater delivery unknown 4 3.6 23 20.9 14 17 2 77 12.7 15.5 1.8 70.0 123.38 < 0.0001 53 40 12 1 4 48.2 36.4 10.9 0.9 3.6 97.72 < 0.0001 were in a long-term relaionship with a steady partner. The diagnosis of HIV infection had been made before the prenatal period in 53 (48.2%) cases, during the current pregnancy in 40 (36.4%), at birth in 12 (10.9%) and 1 (0.9%) woman was diagnosed ater delivery (Table 1). Concerning prenatal services, 91.8% of paients atended prenatal appointments, but only 44.5% (49) had less than 6 visits. The results for HIV and syphilis (VDRL - Venereal Disease Research Laboratory) in the prenatal period was posiive in 53 (48.2%) and 11 (10%) cases, respecively. It was noted that 79.1% of the pregnant women were on ARV therapy in the prenatal period (Table 2). Regarding the ACTG 076 protocol, 87 (79.1%) women were taking oral ZDV during pregnancy (phase 1), 54 (49.1%) received intravenous ZDV during delivery, and had a cesarean secion if their viral load exceeded 1,000 copies/ml (phase 2). Furthermore, 77 (70%) children received the oral ZDV and were not breasfed (phase 3). Although phases 1 and 3 had high rates of compliance individually, the number 683 Rev Soc Bras Med Trop 45(6):682-686, Nov-Dec, 2012 of women who received all three phases of the protocol was only 35 (31.8%) (Table 3). TABLE 2 - Prenatal care for HIV seroposiive pregnant women in Nossa Senhora de Lourdes Maternity Hospital, State of Sergipe, Brazil, 1994 to 2010. Variable Number Percentage χ2 p-valuea Had prenatal care yes 101 91.8 no 4 3.6 unknown 5 4.5 <6 49 44.5 >6 38 34.5 4 3.6 19 17.3 posiive 53 48.2 not tested 14 12.8 HIV posiive before prenatal care 41 37.3 2 1.7 169.32 < 0.0001 43.52 < 0.0001 60.54 < 0.0001 Number of visits no prenatal care unknown HIV test unknown Of the 101 pregnant women who were atended during the prenatal, 84 (84.8%) received a phase 1 protocol; 52 (52.5%) received the protocol in phase 2 and 72 (80.9%) completed phase 3. Of the women who did not atend prenatal care, none completed the protocol in Phase 1 and Phase 2. Only in Phase 3 there were 2 (50%) women who did not atend prenatal care but completed the protocol. However, when evaluaing prenatal care inluence on the implementaion of the protocol, only individuals at the irst phase were inluenced by prenatal care atendance (Fisher´s exact test: p=0.027) (Table 4). From 40 women HIV posiive before prenatal care atendance, 39 (97.5%) received ARV during pregnancy, and also 46 of 51 with HIV posiive during pregnancy received ARV during prenatal care. During follow up two (1.8%) children were found to be infected with HIV and 56 (50.9%) were conirmed HIV negaive, 11 (10%) were lost to follow-up at the clinic and 39 (35.5%) are sill being monitored. It is worth menioning that in one case, the child deemed HIV negaive was not old enough to have a deiniive diagnosis made. TABLE 4 - ACTG 076 protocol applicaion in HIV posiive pregnant women and exposed children according to prenatal care use in MNSL, State of Sergipe, Brazil, 1994 to 2010. ACTG 076 Protocol Phase 1a Use of ARV during pregnancy < 0.0001 Phase 3c Complete protocold yes 87 79.1 Prenatal yes no yes no yes no yes no no 19 17.3 yes 84 15 52 47 72 17 34 59 4 3.6 no 0 2 0 2 2 2 0 unknown 106.70 Phase 2b p-valuee Syphilis test posiive 11 10.0 negaive 66 60.0 not tested 13 11.8 unknown 20 18.2 73.49 < 0.0001 HIV: human immunodeiciency virus; ARV: aniretroviral; χ2: chi-square calculate. ap-value of chi-square. TABLE 3 - ACTG 076 protocol use in HIV posiive pregnant women and exposed children in Nossa Senhora de Lourdes Maternity Hospital, State of Sergipe, Brazil, 1994 to 2010. Phases of ACTG 076 protocol Number Percentage χ2 p-valuea Phase 1: during pregnancy yes 87 79.1 no 19 17.3 4 3.6 ignored 106.70 < 0.0001 49.16 < 0.0001 124.10 < 0.0001 90.65 < 0.0001 Phase 2: delivery yes 54 49.1 no 54 49.1 does not apply 1 0.9 ignored 1 0.9 Phase 3: ater delivery yes 77 70.0 no 19 17.3 does not apply (sillbirth) unknown 2 1.8 12 10.9 General: three complete phases yes 35 31.8 no 65 59.1 do not apply (sillbirth) 2 1.8 unknown 8 7.3 ACTG 076: Aids clinical trial group 076; χ2: chi-square; ap-value of chi-square. 684 0.027 0.057 0.184 4 0.294 ACTG 076: Aids clinical trial group 076; HIV: human immunodeiciency virus; MNSL: Nossa Senhora de Lourdes Maternity Hospital; aUse of aniretroviral during pregnancy: unknown 9 cases; bUse of intravenous zidovudine during delivery, value of the viral load and type of delivery: unknown 7 cases; cUse of zidovudine syrup in children and no breasfeeding by the mother or crossed from other mother: unknown 17 cases; dComplete protocol: unknown 13 cases; ep-value of Fisher’s exact test. DISCUSSION It is known that one of the most efecive strategies to reduce verical transmission of HIV is to reduce the maternal viral load during pregnancy. It is considered that not receiving ZDV during prenatal care, at childbirth and in immediate postnatal period are major factors in the failure to control perinatal HIV transmission13,14. The evaluaion of prevenive intervenions during maternity care is important to ascertain if the recommended protocol is being effectively implemented14. Knowledge of the patients’ sociodemographic characteristics enables more targeted interventions for the population at risk15. The predominant maternal age was found to be at the most ferile ages, thereby increasing the probability of future pregnancy and potenial HIV transmission. The sociodemographic proile was similar to that found in other studies16,17, in which paients with lower educaion levels may have reduced quality of prenatal care. If there was prior knowledge of HIV posiivity, there was a more efecive reducion in verical transmission18. In 10.9% of pregnant women, the diagnosis occurred during delivery, meaning a missed opportunity for prevenive intervenion during the prenatal period. The quality of prenatal care could not be fully evaluated, because we did not know the date of onset or when acions were implemented during visits. In a previous study in Sergipe, 42.1% of pregnant women atended fewer than six consultaions11, a similar rate to that found in this survey (44.5%). This inadequate atendance led to inadequate Lemos LMD et al - Prevenive measures for mother-to-child transmission of HIV tesing for HIV (12.8%) and syphilis (11.8%), demonstraing poor quality prenatal care18. At irst glance, with the excepion of phase 2, the use of the ACTG 076 protocol appears to be in accordance with established standards, as most pregnant women and newborns completed phases 1 and 3. However, when analyzing all phases together, the high levels of coverage drop considerably. Lower igures are found in the study by Silva et al.19, where only 1.5% of pregnant women and newborns received complete prophylaxis as per recommendaions. The lower uptake of phase 2 (at birth) when compared to the other studies, is worrying because it is precisely at this stage, where obstetric factors are criical, that most virus transmission occurs20. It is worth noing that this intervenion during this period does not depend on the pregnant woman, but on the health care staf working at the maternity hospital. The only excepion is in cases where the paients should have disclosed their known HIV status when presening in labor but did not. A previous retrospecive study17 reported that the rate of verical transmission of HIV was 6.6% in pregnant women who received the complete ACTG076 protocol and 34% for those who received no intervenion. This corroborates the efeciveness of the prophylacic measures proposed by Connor8. In the present study, the evidence of the relaionship between prenatal atendance and the use of prophylacic ZDV demonstrates that primary care is a signiicant factor in implemening prophylacic measures. Prenatal visits provide HIV testing and ensure the involvement of HIV seroposiive pregnant women in their care. More than 90% of seroposiive paients used ARV, demonstraing that the weaknesses of the system are staring to be overcome. The fact that most pregnant women are already aware of their status before pregnancy inluences their adherence to the protocol measures. A lower percentage was found in a study of Lana and Lima21, where the rate was 44.8%. With respect to the onset of prophylaxis in children, some neonates did not receive oral ZDV for the irst 2h ater delivery (data not shown). These neonates received the medicaion during the irst 24h, but not during the irst two, when it is most efecive. This demonstrates the importance of knowing the status of the mother as early as possible to enable imely intervenion for the child. Failures to implement protocol measures increase the chance for mother to child transmission of HIV. A European study revealed that cesarean secion is the most efecive clinical procedure, even in paients with undetectable viral load, with 90% reducion in the risk of verical transmission20. Another study showed that ater implementaion of the protocol, 77.1% of the children exposed to HIV were not infected22. The numbers of HIV negaive children in this study could be higher if all steps of the protocol were completed. It is noteworthy that many exposed children sill do not have a inal diagnosis, which could represent changes in the proporions observed. This problem was present in another study, which showed that 20% of mothers did not know the HIV status of their children up to eight months ater delivery23. One of the limitaions of this research was the existence of a number of non-registered paients combined with contradictory informaion found in some records, paricularly pertaining to the risk of disease enhancement in the mother during pregnancy, duraion of prophylaxis with ZDV in pregnancy and date of onset of prenatal care. This missing informaion made a more detailed and accurate characterizaion of the current status of MTCT in State of Sergipe impossible. This study aimed to evaluate the actual situaion in intervenions to reduce mother to child transmission of HIV. The indings will contribute to improvement in prenatal services at the main reference maternity unit of Sergipe. Despite the weaknesses found, many interventions do not depend on a single service, thus it is necessary to work with other sectors such as health system managers, with special atenion to quality improvement for prenatal services, professional training and increased populaion awareness for the prevenion of HIV verical transmission. Among the 110 pregnant women and newborns here studied, the full ACTG 076 protocol was carried out in only 31.8% of cases. A similar problem was found in another study of the ACTG protocol which demonstrated that only 4 (4.5%) HIV-posiive mothers and their exposed children received full or parial intervenions as per the recommended protocol19. There were two (1.8%) conirmed cases of HIV in children, which reveal important shortcomings to be examined, considering that Nossa Senhora de Lourdes maternity hospital is the reference unit for Sergipe. It is important to note that the pregnant women in this study were socioeconomically vulnerable with a relaively low level of educaion. These factors may have limited the full implementaion of prevenive measures as recommended by the protocol. The indings of this study reveal signiicant shortcomings in the prevenion of MTC transmission, including the lack of implementaion of the three phases of the ACTG 076 protocol, deiciencies in prenatal care, inadequate modes of delivery and lack of follow-up care for the child. Although the study populaion did not cover the enire state, it is worthwhile to bear in mind that the studied maternity unit is the reference centre for all high risk pregnancies in Sergipe, represening the overall state situaion. However it is necessary to conduct studies in other hospitals to improve overall generalizability. ACKNOWLEDGMENTS To the employees of the Coordinaion for Sexually Transmited Disease/Acquired Immunodeiciency Syndrome (STD/AIDS) of Sergipe, Center of Medical Specialies Aracaju Siqueira Campos (CEMAR) and the Maternity Hospital Nossa Senhora de Lourdes (MNSL). We thank Dr Chinenye Ilozue for the English revision of this manuscript and Vitor Santana Santos for the staisics revision. CONFLICT OF INTEREST The authors declare that there is no conlict of interest. FINANCIAL SUPPORT Own resources of the researchers. 685 Rev Soc Bras Med Trop 45(6):682-686, Nov-Dec, 2012 ABSTRACT IN PORTUGUESE Avaliação das ações de prevenção da transmissão materno-infanil do HIV em Aracaju, Estado de Sergipe, Brasil Introdução: A principal forma de infecção do vírus da imunodeficiência humana (HIV) em crianças é pela transmissão materno-infanil. As ações profiláticas estabelecidas pelo protocolo Aids Clinical Trial Group 076 (ACTG 076), reduziram signiicaivamente as taxas de transmissão verical do HIV. Este estudo objeivou avaliar a aplicação do protocolo ACTG 076 na maternidade de referência no Estado de Sergipe, nordeste brasileiro. Métodos: Trata-se de um estudo descriivo, retrospecivo com abordagem quanitaiva, com mulheres HIV soroposiivas e crianças expostas atendidas em uma maternidade para gestações de alto risco. Os dados foram obidos dos registros de pacientes registrados nos anos de 1994 a 2010. Resultados: Entre as 110 gestantes e recém-nascidos expostos, o uso completo do protocolo ACTG 076 foi uilizado em apenas 31,8% dos paricipantes. No pré-natal, a zidovudina (ZDV) foi uilizada em 79,1% das gestantes. O uso da ZDV durante o trabalho de parto ocorreu em 49,1% das gestantes HIV reagentes. Duas (1,8%) crianças foram consideradas infectadas e 50 (45,5%) ainda não têm diagnósico deinido. Conclusões: Foram detectadas falhas signiicaivas na prevenção da transmissão materno-infanil, dentre as quais, a falta do cumprimento das três fases do protocolo ACTG 076: carências no pré-natal, ipo de parto inadequado e perdas de seguimento para acompanhamento da criança exposta. Palavras-chaves: HIV. Transmissão verical de doenças infecciosas. Zidovudina. Proilaxia pós-exposição REFERENCES 1. Brito AM, Casilho EA, Szwarcwald CL. Aids e infecção pelo HIV no Brasil: uma epidemia mulifacetada. Rev Soc Bras Med Trop 2000; 34:207-217. 2. Fonseca MGP, Bastos FI. Twenty-ive years of the AIDS epidemic in Brazil: principal epidemiological indings, 1980-2005. Cad Saude Publica 2007; 23:333-344. 3. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST/Aids. Recomendações para proilaxia da transmissão verical do HIV e terapia anirretroviral em gestantes. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. 4. European Collaborative Study. Caesarean section and the risk of vertical transmission of HIV-1 infecion. 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To cite this article: Lígia Mara Dolce de Lemos, Gabriella Souza Duart e, Nágyla Galvão Regis Mart ins, Flávia Janólio Cost acurt a Pint o da Silva, Chinenye Ilozue & Ricardo Queiroz Gurgel (2013): Est imat ing t he number of HIV-posit ive pregnant women in Sergipe, Brazil, using capt ure–recapt ure, AIDS Care: Psychological and Socio-medical Aspect s of AIDS/ HIV, 25: 6, 691-694 To link to this article: ht t p: / / dx. doi. org/ 10. 1080/ 09540121. 2013. 764389 PLEASE SCROLL DOWN FOR ARTI CLE Full t erm s and condit ions of use: ht t p: / / www.t andfonline.com / page/ t erm s- and- condit ions This art icle m ay be used for research, t eaching, and privat e st udy purposes. Any subst ant ial or syst em at ic reproduct ion, redist ribut ion, reselling, loan, sub- licensing, syst em at ic supply, or dist ribut ion in any form t o anyone is expressly forbidden. 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AIDS Care, 2013 Vol. 25, No. 6, 691694, http://dx.doi.org/10.1080/09540121.2013.764389 Estimating the number of HIV-positive pregnant women in Sergipe, Brazil, using capture recapture Lı́gia Mara Dolce de Lemosa*, Gabriella Souza Duartea, Nágyla Galvão Regis Martinsa, Flávia Janólio Costacurta Pinto da Silvaa, Chinenye Ilozueb and Ricardo Queiroz Gurgelc a c Department of Nursing, Federal University of Sergipe Brazil; bPennine Acute Hospitals NHS Trust, Manchester, UK; Department of Medicine, University of Sergipe, Brazil Downloaded by [University of California San Francisco] at 19:15 05 June 2013 (Received 22 June 2012; final version received 1 January 2013) The objective of the study was to estimate the population of HIV-seropositive pregnant women in the State of Sergipe between 2000 and 2010, using the capturerecapture method (CRC). Three databases were used as independent lists: The Brazilian Case Registry Database (SINAN), Laboratory Test Control System (SISCEL) and medical data records of the STD/HIV/AIDS service of Sergipe (CEMAR). For analysis, a log-linear regression model was used to ascertain the total population size. We identified 729 HIV-seropositive pregnant women from the three lists. Among them, only 317 (43.5%) were included in SINAN, 646 (88.6%) were included in SISCEL and 274 (37.6%) appeared in the CEMAR database. Using CRC, we estimated that there were in total 1110 HIVseropositive pregnant women; therefore, 381 (34.3%) women were not captured by any of the three systems. The CRC method is a potentially useful and important tool in the evaluation of official reporting systems in Brazil. Keywords: HIV; Acquired Immune Deficiency Syndrome; vertical transmission of infectious disease; information systems capturerecapture Introduction Since the 1990s in Brazil, the shift towards a predominantly heterosexual transmission of the Human Immunodeficiency Virus (HIV) increased the prevalence among women of childbearing age (Hacker, Kaida, Hogg, & Bastos, 2007). There are several sources from which to identify HIV cases of which the Brazilian Case Registry Database (SINAN), the Brazilian National CD4/CD8 T Lymphocyte Count and Viral Load Network Laboratory Test Control System (SISCEL) and the medical records of the sexually transmitted disease (STD), HIV and Acquired Immune Deficiency Syndrome (AIDS) service of Sergipe (CEMAR) are most readily available. To improve the monitoring and evaluation of HIVinfected pregnant women and their exposed children in Brazil, HIV notification was made compulsory in 2000 (Ministério da Saúde, 2001), but ascertainment of cases remains deficient (Cavalcante, Junior, Silva, & Pontes, 2004; Gonçalves, Kerr, Mota, & Mota, 2008). The capturerecapture (CRC) method has increasingly been used to improve health information systems and to help with epidemiological surveillance (Brenner, 1995; Ilozue, Cipolotti, Melo, Gurgel, & Cuevas, 2010). CRC uses lists of individuals derived from multiple sources to estimate the total population size by identifying the number of individuals that appear in one or more of the lists (the degree of overlap of *Corresponding author. Email: [email protected] # 2013 Taylor & Francis individuals between the lists). The advantage of this technique over the traditional census is that it acknowledges a deficit of ascertainment (missed cases) inherent to the census method, thus estimating the degree of undercount and the true total population size (Chao, Tsay, Lin, Shau, & Chao, 2001; Hook & Regal, 1995; International Working Group for Disease Monitoring and Forecasting, 1995a, 1995b; Wittes & Sidel, 1968). To be appropriately applied, CRC must fulfil certain assumptions: each individual on each list must be uniquely identifiable; the lists must be independent; there is no significant movement of individuals in or out of the population and the probability of capture and recapture is the same for each individual (International Working Group for Disease Monitoring and Forecasting, 1995a; Wittes & Sidel, 1968). This study aims to estimate the number of HIVseropositive pregnant women in the State of Sergipe between the years 2000 and 2010. Methods This is a prevalence survey of HIV-positive pregnant women using the CRC method. The study was carried out in Sergipe state, located in north-east Brazil. The state has a population of 1967,791, according to the last census (DATASUS, 2010). Registered cases of HIV-seropositive pregnant women, resident in the State of Sergipe during the 692 L.M. Dolce de Lemos et al. Table 1. Stata 12 output of log-linear regression (best model): population estimate, Sergipe, 20002010. Population estimate (n) Downloaded by [University of California San Francisco] at 19:15 05 June 2013 1110 Confidence interval Missing cases (n) Akaike Information Criteria (AIC) P value Degrees of freedom Likelihood ratio statistic 9691328 381 1.13 0.35 5 0.87 period 20002010 were included. Cases were identified from the three selected data sources SINAN, SISCEL and CEMAR. To construct the lists, each database was first examined to identify inconsistencies and eliminate duplications. Then a spreadsheet was created for each data source, using Excel 2007, with the following identifiers: woman’s name, date of birth and city of residence. To construct the SISCEL list, we used a database provided by the Health Ministry (HM) containing all seropositive pregnant women who underwent a viral load and/or CD4/CD8 count between 2000 and2010. Once the three lists were constructed, individuals were arranged alphabetically by last name for matching. All individuals were identified as appearing in one, two or all three of the lists. If the name and the two other identifiers were the same or very close (allowing for spelling and typographical errors), the pregnant woman was considered to be the same individual. After matching and delineating the degree of overlap, the ‘‘recap’’ subroutine for Stata 12 was used to run the log-linear regression model for CRC analysis. The log-linear model plots frequencies on a 2k contingency table with 2k1 entries. The model incorporates the expected value of the random variable, the total population size, the probabilities of being on each list and an interaction parameter that accounts for list dependency (which may overestimate or underestimate the true population size). (International Working Group for Disease Monitoring and Forecasting, 1995a, 1995b). The model analysed the frequency of individuals appearing in one, two or three lists, thus ascertaining the unknown frequency (those appearing in none of the lists). The output of the analysis produced an estimate of the population size, confidence intervals and Akaike Information Criteria (AIC) to inform selection of the most appropriate model. This research was approved by the Committee of Ethics in Research of Sergipe Federal University, number 0286.0.000.107 CAEE-10-CEP-protocol n 009/2010. the CRC method we estimated that there were 1110 cases of HIV-seropositive pregnant women in total (Table 1). Therefore, 381 (34.3%) HIV-positive pregnant women in Sergipe State were not registered on any of the lists. Of the 729 individuals identified from the lists, 422 cases (57.9%) were captured in only one list (372 in SISCEL, 8 in CEMAR and 42 in SINAN). Therefore, 307 individuals (42.1%) were captured in more than one list of which 201 (27.6%) were registered on the SINAN, SISCEL and CEMAR databases simultaneously (Figure 1). The mean age was 34.1 years (range 1348 years). Forty-one per cent lived in the capital city (Aracaju) and 59% in other inland towns and semi-urban areas. Based on the total count, 83 (11.4%), 412 (56.5%) and 455 (62.4%) identified cases were not included in SISCEL, SINAN and CEMAR, respectively (see Table 2). Results a SISCEL: The Brazilian National CD4 /CD8 T-lymphocyte Count and Viral Load Network Laboratory Test Control System. b SINAN: The Brazilian Case Registry Database. c CEMAR: Medical Specialties Center of Aracaju. Seven hundred and twenty-nine HIV-seropositive pregnant women were identified from the lists. Using Figure 1. Venn diagram of cases detected from each data source. Table 2. Reported cases (coverage) and underreporting for HIV-seropositive pregnant women according to data sources. Sergipe, 20002010. (Total N 729). Source data SISCELa SINANb CEMARc Coverage N (%) Underreporting N (%) 646 (88.6) 317 (43.5) 274 (37.6) 83 (11.4) 412 (56.5) 455 (62.4) AIDS Care 693 Downloaded by [University of California San Francisco] at 19:15 05 June 2013 Discussion This study identified a degree of underreporting of HIV-seropositive pregnant women in the State of Sergipe. The findings are similar to previous series from Brazil with estimates of missed cases, varying from 24 to 65% (Oliveira, Barreira, Santos, & Latorre, 2004). An important finding raised by this study is that SINAN failed to pick up over half of all identified cases. Because SINAN is the official system of compulsory notification of disease, it is the database upon which decisions about interventions and resource allocation are based. Therefore, planning of HIV services for pregnant women may be greatly impaired by such a high degree of underreporting. In Sergipe, the only reference centre for HIV/ AIDS cases (CEMAR) is located in the capital Aracaju. This database had the worst coverage; however, it is not possible to determine whether the problem lies with the process of referrals from local clinics to the reference hospital or with the process of reporting at CEMAR itself. In any case, the fragility of the system is alarming and suggests that many patients have not been adequately monitored. The problem of underreporting in this population may highlight the issues of difficulty in accessing them, especially for residents in the semi-urban areas. This may be due to limitations in the referral system, loss to follow-up, poor compliance with services and a lack of communication between related sectors (Matida et al., 2011; Rodrigues, Guimarães, & César, 2008). The system of referral and reporting in Brazil is multi-faceted, and there are many levels at which cases may be lost, compounded by issues such as technological limitations (e.g., relying on a postal service) and human error. One hypothesis is that many pregnant women may indeed be appropriately accessing testing and treatment for HIV at the reference centre, however, these women are not being picked up by the relevant national databases. Furthermore, investigation is necessary to ascertain if the problem truly lies with the process of reporting and possible explanations for this. Brazil has major social, economic and cultural inequalities, and there is great variation in the quality of prenatal services provided (Matida et al., 2011). The north-east is among the poorest regions of Brazil (IGBE, 2012), and this may contribute to difficulty in access to adequate prenatal care for HIV-positive pregnant women. Further study of access in this region is necessary, including qualitative work to identify and address barriers to care as perceived by pregnant women in Sergipe. The main limitation of this study is that there may have been variation in case ascertainment within the 10-year time period, which would not be detected by the overall CRC analysis. However, this does not present a major problem as each data source had increased ascertainment in the latter half of the time period. This may be explained by improved processes of reporting and better diagnostic capabilities over the 10-year period. The CRC analysis remains valid and if we assume that even more cases were missed in the first half of the time period, the estimate of 1110 cases represents the lower end of the true population size. The CRC method identified significant underreporting of the number of HIV-infected pregnant women, with subsequent potential preventable exposure of many children to the risk of vertical transmission. This is a cheap and useful method and can be an important tool in the evaluation of official information systems in Brazil. It may also serve to improve reporting practices and the coverage of health information and surveillance systems. After identifying the causes and extent of the problem, interventions and essential preventive measures may be appropriately planned and implemented. Acknowledgements We are grateful to the employees of the Coordination for STD/AIDS of Sergipe, Center of Medical Specialties Aracaju. References Brenner, H. (1995). Use and limitations of the capturerecapture method in disease monitoring with two dependent sources. Epidemiology, 6(1), 4248. doi:10.1097/00001648-199501000-00009 Cavalcante, M. S., Junior, A. N. R., Silva, T. M. J., & Pontes, L. R. S. K. 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Journal of Chronic Diseases, 21(5), 287301. doi:10.1016/0021-9681(68)90038-6 75 4.3 Resultados 3ºArtigo (publicado) “Fatores de riscos maternos para infecção pelo HIV em crianças” G Model IJID-1726; No. of Pages 6 International Journal of Infectious Diseases xxx (2013) xxx.e1–xxx.e6 Contents lists available at SciVerse ScienceDirect International Journal of Infectious Diseases journal homepage: www.elsevier.com/locate/ijid Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil Lı́gia M.D. de Lemos a,*, Joseph Lippi b, George W. Rutherford b, Gabriella S. Duarte a, Nágyla G.R. Martins a, Victor S. Santos a, Ricardo Q. Gurgel c a Department of Nursing, Federal University of Sergipe, Aracaju, Sergipe, Brazil Global Health Sciences, University of California, San Francisco, California, USA c Department of Medicine – Pediatrics, Federal University of Sergipe, Aracaju, Sergipe, Brazil b A R T I C L E I N F O S U M M A R Y Article history: Received 27 March 2013 Received in revised form 29 April 2013 Accepted 30 April 2013 Introduction: While the rate of vertically transmitted HIV infection has fallen in most regions of Brazil, there have been no similar decreases in northern and northeastern Brazil. Objective: The objective of this study was to evaluate the risk factors associated with vertical transmission in the state of Sergipe in northeastern Brazil. Methods: This was a retrospective cohort study. We recorded clinic and registry data for all HIV-infected pregnant women and exposed children diagnosed in Sergipe from 1990 to 2011. Results: We identified 538 deliveries and 561 HIV-exposed infants (23 sets of twins). One hundred one (18.9%) infants were HIV-infected. In the multivariate analysis, infant antiretroviral prophylaxis was a significant protective factor (adjusted odds ratio (aOR) 0.07, 95% confidence interval (CI) 0.01–0.41, p=0.003). Breastfeeding was marginally associated with an increased odds of perinatal transmission (aOR 4.52, 95% CI 0.78–26.17, p = 0.092). The attributable risk percentage for breastfeeding over the study period was 91.0%. Transmission decreased from 91 per 100 live births before 1997 to 2 per 100 in 2011 following the adoption of the prevention protocol. Conclusion: Transmission declined over the study period. The screening of pregnant women and timely initiation of prophylaxis and therapy are issues that require further attention. ß 2013 Published by Elsevier Ltd on behalf of International Society for Infectious Diseases. Corresponding Editor: Eskild Petersen, Aarhus, Denmark Keywords: HIV Vertical infectious disease transmission Pregnancy Breastfeeding 1. Introduction Mother-to-child transmission of HIV (MTCT) is the main route of transmission through which children acquire HIV-1 infection worldwide. Approximately 390 000 children worldwide were newly infected with HIV in 2010, and the vast majority were in Sub-Saharan Africa.1 In Brazil, 85.8% of AIDS cases in individuals aged younger than 13 years were found to be due to MTCT, corresponding to an incidence rate in children 0–5 years old in 2010 of 3.5 per 100 000. HIV prevalence in pregnant women was most recently estimated to be 0.41%.2 HIV infection in Brazil is distributed unevenly, both geographically and socioeconomically.3 The southern region, which is more developed and populous and where the first cases were detected in Brazil, has had the greatest cumulative number of infections, but more recently the less well developed north and northeastern regions have experienced increased levels of heterosexual and perinatal transmission.4,5 The annual number of reported AIDS cases in children aged less than 5 years fell 40.7% between 1998 and 2010 in the south, * Corresponding author. E-mail address: [email protected] (Lı́gia M.D. de Lemos). southeast, and west of the country. There was, however, no similar decrease in the north and northeast. These rates are important indicators for monitoring HIV transmission in infants.6 Known risk factors for MTCT include maternal variables (elevated viral load, symptomatic disease, failure to use antiretroviral drugs during pregnancy, smoking), obstetric variables (vaginal delivery, rupture of membrane >4 h), and neonatal variables (low birth weight, breastfeeding, prematurity).7–11 Primary strategies to reduce MTCT include maternal and infant use of antiretrovirals (ARV) to suppress viral replication, caesarean section before onset of labor or rupture of membranes, and avoidance of breastfeeding.12,13 Where these combined interventions are available, the risk of MTCT is as low as 1–2%.13–16 Brazil introduced interventions to prevent MTCT in 1996, beginning with zidovudine prophylaxis, which was subsequently recommended nationally in 1997 for women who did not meet clinical, virological, or immunological criteria for the initiation of antiretroviral therapy (ART).12,17 Starting in 2007, short-term triple-drug ART was used for prophylaxis in women with CD4 cell counts of >200 cells/ml and plasma viral loads of >1000 copies/ml. In 2010 national guidelines were changed to recommend ART for all pregnant women regardless of CD4 count or other criteria.18 Under all guidelines, in addition to ART or antepartum ARV 1201-9712/$36.00 – see front matter ß 2013 Published by Elsevier Ltd on behalf of International Society for Infectious Diseases. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 Please cite this article in press as: de Lemos LMD, et al. Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil. Int J Infect Dis (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 G Model IJID-1726; No. of Pages 6 e2 L.M.D. de Lemos et al. / International Journal of Infectious Diseases xxx (2013) xxx.e1–xxx.e6 prophylaxis, mothers received intrapartum zidovudine, and babies received oral zidovudine for 6 weeks. Mothers were also counseled to avoid breastfeeding, and infant formula has been freely available for replacement feeding since 2002.19 MTCT rates in Brazil were evaluated in a large multicenter study in 2001, and were found to be between 8.6% in 2000 and 7.1%.14 Subsequent reports have found these rates to vary substantially across regions and over time, ranging from 12.3% in the northeastern region to 5.5% in the south in 2004.20 More recently, rates have been particularly low in areas where effective screening, prophylaxis, and treatment are available and have recently been reported to be less than 2% in centers in Porto Alegre and Rio de Janeiro.5,11 The use of ARV prophylaxis, in particular, has evolved over the last two decades from zidovudine monotherapy to combination ARV prophylaxis for women not meeting the criteria for the initiation of life-long ART.11,13,16,21 We studied the incidence and maternal risk factors associated with HIV infection in infants in the state of Sergipe in northeastern Brazil, from 1990 to 2011. 2. Methods 2.1. Overall design This was a retrospective cohort study of infants born to HIVinfected women in Sergipe from 1990 to 2011. The start date corresponds to the diagnosis of the first case of HIV in a pregnant woman in Sergipe. employment status, salary expressed in multiples of the Brazilian minimum national salary, type of sexual partner (married or steady partner only, non-marital or steady (i.e., casual) partner only, or both), number of sexual partners in the past 10 years, having a child who had previously died of AIDS, transmission category (current sexual partner with HIV, previous sexual partner with HIV, lifetime history of injection drug use, or recipient of HIVinfected blood transfusion), and when HIV was diagnosed (prior to the current pregnancy, during the current pregnancy, at delivery or postpartum). We also recorded infant socio-demographic variables, including sex, birth weight dichotomized as <2500 and 2500 g, birthplace (Aracaju, other part of Sergipe, or other state), and details of antenatal care and labor, including having received ARV prophylaxis, having been followed up in the medical system, and how the diagnosis of HIV was made (virological test, serological test, postmortem examination). Because our cohort spanned 22 years, antenatal ARV prophylaxis and treatment regimens became increasingly effective. We classified these regimens as monotherapy, dual therapy, and triple therapy. Our principal outcome variable was confirmed HIV infection in children. We defined infection in accordance with the Brazilian Ministry of Health guidelines as two detectable viral loads or two positive serological tests and a confirmatory indirect immunofluorescence assay or Western blot test by 18 months of age or 1 month after weaning, whichever came later. 2.5. Laboratory tests We included all HIV-infected pregnant women and exposed children diagnosed in Sergipe through December 31, 2011. We compiled data reported to the national Information System for Reportable Diseases (SINAN), the national Mortality Information System (SIM), the state laboratory database (serological and viral load tests), the ambulatory medical records at the Federal University of Sergipe and CEMAR, and records from the maternity services where the majority of HIV-infected women deliver. There were no other sources from which individuals with HIV infection could be identified. Testing protocols were derived from Brazilian national standards.24 In Sergipe pregnant women are screened with dried blood spots using an enzyme immunosorbent assay (EIA) (S&S 903, Symbiosis Diagnostics Ltda, São Paulo, Brazil) or immunochromatographic rapid tests (Determine1 HIV-1/2, Abbott Diagnostic Division, Hoofddorp, The Netherlands; Rapid Check1, Biomanguinhos, Rio de Janeiro, Brazil; or UniGold Recombigen1 HIV, Trinity Biotech plc, Bray, Ireland). Positive tests are confirmed with two commercial third-generation assays from different manufacturers using venous blood samples (Abbott-Axym1, Abbot Diagnostics Division, São Paulo, Brazil; Murex1, Murex Biotech Ltd, Dartford, England, UK; GENSCREEN1 HIV ag-b, Marnes-laCoquette, France; or Q-Prevent HIV 1+2-DBSTM1, Symbiosis Diagnóstica Ltda, São Paulo, Brazil), or, in earlier years, by indirect immunofluorescence assays (IFA, Biomanguinhos1, Bio-Manguinhos, Fiocruz Institute, Rio de Janeiro, Brazil) or Western blot (HIVBlot 2.21, Genelabs Diagnostics Pte Ltd, Singapore; or Biorad1, Cambridge Biotech Corporation, Cambridge, MA, USA). HIV infection in children less than 18 months of age is determined by testing for HIV RNA with a lower limit of detection of 50 copies/ ml (Chiron Quantiplex1 version 3bDNA assay, Bayer Corporation, Emeryville, CA, USA). All the tests are validated and licensed for commercial use in Brazil, in accordance with local regulations (Decree #151 of 10-4-2009). Infants are defined as infected if they have detectable viral loads in two consecutive tests, one of which must be done after 4 months of age, or in the case of breastfed infants at 4 months after breastfeeding ceases. Children 18 months of age are considered infected if they have two positive antibody tests with a confirmatory Western blot or IFA. Infants with negative HIV nucleic acid amplification tests and with no symptoms of HIV infection are considered uninfected, but are followed until two HIV antibody tests are negative. 2.4. Variables 2.6. Data analysis Maternal demographic and clinical predictor variables included area of residence (urban or rural), age, education, vital status, We collected all data on a standard form and then entered them into a database created using Epi Info 3.5.2 (CDC, Atlanta, GA, USA). 2.2. Setting Sergipe is one of nine states in northeastern Brazil, with a population of 2 068 017 and 34 016 births in 2010.22 Approximately a third of births occur within the maternity services of Aracaju, the capital city. Almost all (99.3%) deliveries are in the hospital setting.23 From 1987 to 2011 there were 2930 AIDS cases reported in adults, an incidence rate of 12.19 per 100 000 per year, and 62 reported in children less than five years old, corresponding to an AIDS incidence of 3.4 per 100 000 per year. Among Brazilian states, Sergipe ranks twentieth in the AIDS incidence for adults and fourteenth for children under 5 years of age.6 In all Brazilian states, antenatal care is universal and free of charge. Antenatal testing for HIV is common in Brazil, and recent estimates are that 62.3% of women attending antenatal care are tested.2 In Sergipe, all identified cases of HIV infection during pregnancy are referred to receive free ART/prophylaxis for HIV at CEMAR (the Center of Medical Specialties for HIV/STD/AIDS) in Aracaju. 2.3. Study subjects Please cite this article in press as: de Lemos LMD, et al. Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil. Int J Infect Dis (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 G Model IJID-1726; No. of Pages 6 L.M.D. de Lemos et al. / International Journal of Infectious Diseases xxx (2013) xxx.e1–xxx.e6 We did not attempt to impute missing values. We conducted descriptive analyses using SPSS version 13 (SPSS Inc., Chicago, IL USA) and bivariate analyses using STATA 8.0 (STATA Corp., College Station, TX, USA). We calculated the relative risk (RR) and 95% confidence interval (CI). We controlled for possible confounding variables using a backward Poisson regression, retaining variables that had a p-value less than 0.05. 2.7. Ethical considerations We conducted this study in accordance with the principles of research in Brazil (Resolution 196/96). In the majority of cases, there was no direct patient contact. In a small number of cases, we interviewed participants to complete data collection. In these cases, we obtained informed consent. We did not retain patient names or medical record numbers in the final data sets. The Ethics and Research Committee of the Federal University of Sergipe approved the study (registered number 0183.0.107.000-10). e3 Thirty-three (5.9%) mothers had died, and three (0.5%) were not locatable. The majority (89.2%) of mothers lived in urban areas. The median maternal age was 26 years (interquartile range (IQR) 23– 31 years). Two hundred twenty-one (49.4%) mothers had completed fewer than 8 years of education, 152 (67.3%) were unemployed, and 118 (67.8%) had no income. Of the 538 mothers, 267 (91.3%) had been infected sexually; 332 (73.6%) had a single partner. One hundred seventy-two (35.0%) had been diagnosed before the current pregnancy, 134 (27.3%) during the current pregnancy, 100 (20.4%) at delivery, and 85 (17.2%) in the postpartum period (Table 2). The mean number of pregnancies was 1.69 (SD 0.93). In the bivariate analysis, significant protective factors associated with infant infection were antenatal care (RR 0.22, 95% CI 0.14– 0.33), the number of antenatal visits (1–6 visits versus none, RR 0.29, 95% CI 0.18–0.45; and 6 versus none, RR 0.12, 95% CI 0.05– 0.26), HIV testing during antenatal care (RR 0.19, 95% CI 0.11–0.30), Table 2 Characteristics of HIV-infected pregnant women, Sergipe, Brazil, 1990–2011 3. Results Between 1990 and 2011, there were 538 deliveries resulting in 561 HIV-exposed infants (23 sets of twins). Of the 526 infants with known sex, 247 (47.0%) were male and 279 (53.0%) female. The mean birth weight was 2994 g (standard deviation (SD) 573 g). Three hundred fourteen (79.8%) were born in Aracaju. One hundred twenty-nine (24.3%) were evaluated using virological tests, 94 (17.7%) using serological tests, 242 (42.7%) using both, and 2 (0.3%) by death certificate listing HIV as the cause of death. Of the 561 infants, we were able to ascertain the outcome for 534 (95.1%) children. Of these, 101 (18.9%) had a confirmed HIV infection, 61 (11.4%) were still under investigation as of December 31, 2011, and 6 (1.1%) had been stillborn with no further diagnostic work-up (Table 1). Table 1 Characteristics of HIV-exposed children, Sergipe, Brazil, 1990–2011 Characteristic Na Sex Male Female Birth weight, g <2500 2500 Birthplace Aracaju Interior Other state Received infant antiretroviral prophylaxis Yes No Follow-up Yes No Outcome Infected Not infected Still under investigation Stillborn Diagnosis Virological Serological Both At deathb Missing 526 n % 247 279 47.0 53.0 52 271 16.0 84.0 314 76 3 79.8 19.3 0.7 322 75 81.1 18.9 512 44 92.0 8.0 101 366 61 6 18.9 68.5 11.4 1.1 129 94 242 2 62 24.3 17.7 42.7 0.3 11.7 323 393 397 556 534 529 a The number of infants in each category may not add up to 561 due to missing information. b Among the criteria of the Brazilian national case definition for AIDS, there is one termed the ‘exceptional death criterion’. This is used when AIDS is diagnosed after the death of the individual and has been reported on the death certificate. Maternal characteristics Na Area of residence Urban Rural Age, years <21 21–30 31–50 >50 Education, years None <8 8 9–10 11 College Vital status Dead Alive Disappeared Professional status Employed Unemployed Self-employed Retired Mother’s income, minimum salary unitsb None <1 1–2 >2 Type of partner Married or steady partner only Casual partners only Steady and casual partners Number of partners in last 10 years 1 partner 2–4 partners >4 partners Child died of AIDS previously Yes No Unknown Transmission category Current partner with HIV Previous partner with HIV Injection drug user When HIV infection was diagnosed Prior to current pregnancy During current pregnancy At delivery Postpartum 468 n % 417 51 89.2 10.8 22 220 283 1 4.1 41.9 53.8 0.2 62 221 71 37 54 3 13.9 49.4 15.8 8.2 12.0 0.7 33 525 3 5.9 93.6 0.5 47 152 25 2 20.8 67.3 11.0 0.9 118 9 39 8 67.8 5.2 22.4 4.6 332 72 47 73.6 16.0 10.4 75 121 50 30.5 49.2 20.3 14 207 90 4.5 66.5 29.0 152 115 21 52.8 39.9 7.3 172 134 100 85 35.0 27.3 20.4 17.2 526 448 561 226 174 451 246 311 288 491 a The number of pregnant women in each category may not add up to 561 due to missing information. b Brazilian minimum salary units, US $3732 per year. Please cite this article in press as: de Lemos LMD, et al. Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil. Int J Infect Dis (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 G Model IJID-1726; No. of Pages 6 e4 L.M.D. de Lemos et al. / International Journal of Infectious Diseases xxx (2013) xxx.e1–xxx.e6 Table 3 Cases of perinatally transmitted HIV infection by maternal risk factors, Sergipe, Brazil, 1990–2011 Maternal risk factor Infected, n (%) Antenatal care (N = 358) 40 (46.0) No Yes 27 (0.10) Number of visits (N = 358) None 40 (46.0) 1–6 21 (13.2) 6 (5.4) 6 HIV tested during prenatal care (N = 397) 51 (38.6) No Yes 19 (7.2) Results of HIV test during antenatal care (N = 265) HIV-uninfected 2 (40.0) HIV-infected 17 (6.5) Antiretroviral prophylaxis or therapy during antenatal period (N = 393) 59 (38.1) No Yes 13 (4.9) Gestational age at antiretroviral initiation, months (N = 314) 6 (4.0) 1–7 months 8–9 months 52 (31.7) Syphilis test during antenatal care (N = 314) 37 (35.6) No Yes 21 (10.1) Mode of delivery (N = 406) Vaginal 39 (21.4) Caesarean 20 (8.9) ARV prophylaxis at delivery (N = 377) No 58 (50.9) Yes 16 (6.1) Infant ARV prophylaxis (N = 347) No 43 (64.2) 17 (6.1) Yes Infant breastfed (N = 396) 29 (8.8) No Yes 48 (72.7) Ever received ART (N = 337) Never 39 (58.2) Prenatal care only 2 (9.5) 5 (8.3) Delivery only Delivery and PNC 11 (5.8) Uninfected, n (%) Risk ratio 95% confidence interval 47 (54.0) 244 (0.90) Referent 0.22 (0.14, 0.33) 47 (54.0) 138 (86.8) 106 (94.6) Referent 0.29 0.12 (0.18, 0.45) (0.05, 0.26) 81 (61.4) 246 (92.8) Referent 0.19 (0.11, 0.30) 3 (60.0) 243 (93.5) Referent 0.16 (0.05, 0.53) 96 (61.9) 225 (95.1) Referent 0.14 (0.08, 0.25) 144 (96.0) 112 (68.3) 0.13 Referent 67 (64.4) 186 (89.9) Referent 0.29 (0.18, 0.46) 143 (78.6) 204 (91.1) Referent 0.42 (0.25, 0.69) 56 (49.1) 247 (93.9) Referent 0.12 (0.07, 0.20) 24 (35.8) 263 (93.9) Referent 0.09 (0.06, 0.16) 301 (91.2) 18 (27.3) Referent 8.28 (5.67, 12.07) 28 19 55 178 Referent 0.08 0.13 0.09 (0.01, 0.54) (0.06, 0.31) (0.05, 0.17) (41.8) (90.5) (91.7) (94.2) (0.06, 0.29) ARV, antiretroviral; ART, antiretroviral therapy; PNC, prenatal care. receiving the results of HIV testing during antenatal care (RR 0.16, 95% CI 0.05–0.53), ARV prophylaxis or therapy during the antenatal period (RR 0.14, 95% CI 0.08–0.25), initiation of ARV prophylaxis or therapy in the seventh month of gestation or earlier (RR 0.13, 95% CI 0.06–0.25), having a syphilis test during antenatal care (RR 0.29, 95% CI 0.18–0.46), caesarean delivery (RR 0.42, 95% CI 0.25–0.69), receiving intrapartum ARV prophylaxis (RR 0.12, 95% CI 0.07– 0.20), and the baby receiving ARV prophylaxis (RR 0.09, 95% CI 0.06–0.16). Breastfeeding histories were available for 396 infants. Overall 66 (16.8%) had been breastfed, including 48 (72.7%) of 77 who were diagnosed with HIV infection but only 18 (5.6%) of 319 who were not (RR 8.28, 95% CI 5.67–12.07) (Table 3). We examined if any of the 66 breastfed children or their mothers had ever received ARV prophylaxis. Of the 48 breastfed infants who were HIV-infected, only two had received postpartum ARV prophylaxis, and one mother had received intrapartum prophylaxis. Of the 18 uninfected breastfed children, eight had received ARV prophylaxis, and four of their mothers had received prophylaxis (four antepartum and three intrapartum). The risk of infection for breastfed children who had not received prophylaxis was 5.6 times higher than for those who had (RR 5.63, 95% CI 1.99– 15.84). In the multivariate analysis, only breastfeeding was marginally associated with an increased adjusted odds of perinatal transmission (adjusted odds ratio (aOR) 4.52, 95% CI 0.78–26.17, p = 0.092). The use of infant ARV prophylaxis was independently associated Table 4 Independent risk factors for perinatal HIV infection, Sergipe, Brazil, 1990–2011 Maternal risk factor aOR 95% CI p-Value Breastfed infant Infant received ARV prophylaxis Mother received ARV prophylaxis during antenatal care only 4.52 0.07 0.13 (0.78, 26.17) (0.01, 0.41) (0.01, 1.39) 0.092 0.003 0.092 aOR, adjusted odds ratio; CI, confidence interval; ARV, antiretroviral. Figure 1. Trends in antiretroviral usage and breastfeeding among HIV-infected mothers and in HIV transmission to infants, Sergipe, Brazil, 1993–2011. Please cite this article in press as: de Lemos LMD, et al. Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil. Int J Infect Dis (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 G Model IJID-1726; No. of Pages 6 L.M.D. de Lemos et al. / International Journal of Infectious Diseases xxx (2013) xxx.e1–xxx.e6 with a lower odds of infection (aOR 0.07, 95% CI 0.01–0.41, p = 0.003) (Table 4), and maternal antepartum prophylaxis was marginally associated with a decreased odds of transmission (aOR 0.13, 95% CI 0.01–1.39, p = 0.092).The attributable fraction for breastfeeding over the study period was 91.0%. The proportion of HIV-infected women who breastfed their infants fell over the study period from 91% before 1997 to 2% in 2011, and its decline narrowly paralleled the decline in HIV-infected infants (r = 0.96). At the same time, the use of ARV also increased (Figure 1). 4. Discussion In general, we found a high rate of MTCT in Sergipe, Brazil over the 22-year study period. This was marginally associated with breastfeeding, which most likely represents a type II error. However, when analyzing MTCT over time, we observed a drastic reduction in rates from 91% to 2% associated with the adoption of prevention measures, which included not breastfeeding and using ARV. The rate of MTCT is high when compared with other Brazilian studies25,26 and studies done in other countries,27,28 except one study in three African countries that found a rate of 20.4%.29 In our study, among infants who were not breastfed, the risk of transmission was 5.6%, much more in line with the national experience. However, given that antenatal screening did not become widespread in Sergipe until 2000 and at delivery only in 2003,18,30 we have likely under-ascertained HIV-infected mothers who did not transmit HIV to their infants and thus overestimated transmission rates, especially in earlier years. Thus, in Brazil, where formula has long been provided free of charge to HIVinfected mothers, breastfeeding may, in fact, be more of a marker of poor access to health care in general. In fact, among infected children who had breastfed, the mother of only one of 48 had received ARV intrapartum prophylaxis and none had received antepartum prophylaxis, suggesting that transmission may well have taken place antepartum or intrapartum. The risks of postpartum transmission have been well described.31,32 Extended breastfeeding is responsible for 14% of cases of HIV-1 in chronically infected mothers, and MTCT may be as high as 29% if the acute phase of maternal infection occurs during breastfeeding.10 Another study in a breastfed population showed that 6.9% of infants who were uninfected at 6 weeks of age acquired HIV infection by 12 months of age.29 The World Health Organization (WHO) recommends that HIV-infected women do not breastfeed in areas where supplemental formula is available.33 In Brazil, infant formula is available to HIV-infected mothers free of charge.34 It is reassuring to note that while breastfeeding was a clear risk factor over the 22 years of our study, its importance as a mode of transmission has declined substantially with fewer than 2% of infected women since 2007 choosing to breastfeed. We also found that the rate of MTCT declined over the study period coincident with changes in preventing MTCT (PMTCT) recommendations. Again, in the earlier years of our cohort, before antenatal testing became more or less routine in Brazil, infants with HIV were largely identified as they became symptomatic. As a result, there is likely under-ascertainment of exposed but ultimately uninfected infants, which leads to overestimation of rates of transmission in the early years of the cohort. Since 2010 when definitive ART became offered to pregnant women regardless of CD4 count,19 the rate has fallen to 4%. Our study has several limitations. First, because our data were collected from clinical records, registries, and surveillance sources, there were missing values. We believe that these missing values occurred randomly, and hence the principal consequence of missing data was loss of power. A second limitation, as discussed above, is under-ascertainment of exposed but e5 ultimately uninfected infants in the years before routine antenatal screening. A third limitation is that 11.4% of infants were still being evaluated at the time we closed the data set and had to be excluded from the analysis. Results from these additional infants could potentially affect some of our results. Nonetheless, we believe our data are compelling. Breastfeeding in this population is a marker of either poor access to or utilization of antenatal care, consistent with the poorer, less educated population included in our cohort. Vieira et al. found that the prevalence of HIV infection among pregnant women and the incidence of vertical transmission were associated with lower urban quality of residential neighborhood in Brazil.35 Opportunities for PMTCT may be lost at each step of care, from presentation for antenatal care, through HIV testing and counseling, to ARV adherence and breastfeeding. These failures may be on the part of health professionals or local health policy. To improve engagement, PMTCT programs may need to target this group for incentives and additional services, including enhanced education about the value of PMTCT and maternal risk factors for HIV infection in children. Interventions that improve the engagement of pregnant women in HIV care and treatment programs are necessary to achieve the WHO goal of zero mother-to-child HIV transmission.36 Postpartum transmission remains a risk in Brazil, and the effects of policy changes such as distributing infant formula for HIV-exposed infants until 6 months of age with counseling for mothers18,31 and universal treatment for infected pregnant women need to be continuously monitored, especially in poorer parts of the country where significant morbidity may accompany formula feeding if clean water is less available.15 Recent studies from Africa have demonstrated the protective effect of both long-term maternal ART and medium-term ARV prophylaxis of mothers or infants in preventing postpartum transmission,37,38 although at least one study39 has found an increased risk of adverse pregnancy outcomes associated with ART in pregnant women. To eliminate disparities in pediatric HIV infection in Sergipe and the rest of northeastern Brazil, continued emphasis needs to be placed on screening pregnant women, facilitating their transition into HIV care and treatment, providing infant formula or appropriate prophylaxis through the postpartum period, and careful monitoring of trends over time. Acknowledgements The authors wish to thank the health services for facilitating data collection and especially the students who assisted us in the data collection: Thaı́sa Fonseca Siqueira Rocha, Marcus Vinı́cius da Conceição, Deisiane Santana dos Santos, and Cássia Barbosa da Silva. This work was supported by the Brazilian Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) and grants from the US National Institutes of Health, Fogarty International Center (International Clinical, Outcomes and Health Services Research Training Award Brazil Scientists Program (D43 TW05799-01) and AIDS International Training and Research Program (D43TW000003)). Conflict of interest: The authors declare that they have no conflict of interest. References 1. Global HIV/AIDS response. Epidemic update and health sector progress towards universal access. Progress report 2011. UNAIDS; 2011. Available at: http:// www.unaids.org/en/media/unaids/contentassets/documents/unaidspublication/2011/20111130_UA_Report_en.pdf (accessed October 10, 2012). 2. Szwarcwald CL, Barbosa Júnior A, Souza-Júnior PR, Lemos KR, Frias PG, Luhm KR, et al. HIV testing during pregnancy: use of secondary data to estimate 2006 test coverage and prevalence in Brazil. Braz J Infect Dis 2008;2:167–72. 3. Brito AM, Castilho EA, Szwarcwald CL. AIDS and HIV infection in Brazil: a multifaceted epidemic. Rev Soc Bras Med Trop 2000;34:207–17. Please cite this article in press as: de Lemos LMD, et al. Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil. Int J Infect Dis (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 G Model IJID-1726; No. of Pages 6 e6 L.M.D. de Lemos et al. / International Journal of Infectious Diseases xxx (2013) xxx.e1–xxx.e6 4. Fonseca MG, Bastos FI. Twenty-five years of the AIDS epidemic in Brazil: principal epidemiological findings 1980–2005. Cad Saúde Pública 2007;23:333–44. 5. Brito AM, Sousa JL, Luna CF, Dourado I. Trends in maternal–infant transmission of AIDS after antiretroviral therapy in Brazil. Rev Saúde Pública 2006;40:18–22. 6. Boletim Epidemiológico Aids/DST. 2010; 27 –52 semanas epidemiológicas 2010 à 1 –6 semana epidemiológica de 2011. Brası́lia, Brazil: Ministério da Saúde; 2010. Available at: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/ publicacao/2011/50652/boletim_aids_2011_final_m_pdf_26659.pdf (accessed October 10, 2012). 7. European Collaborative Study. Caesarean section and the risk of vertical transmission of HIV-1 infection. Lancet 1994;343:1464–7. 8. 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Int J Infect Dis (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2013.04.015 82 4.4 Resultados 4ºArtigo (submetido) “Mortalidade em crianças após o diagnóstico da infecção pelo HIV” 83 4.4 Artigo submetido ao jornal de pediatria intitulado em “Mortalidade de crianças após o diagnóstico da infecção pelo HIV no nordeste do Brasil” 84 MORTALITY OF CHILDREN FOLLOWING A DIAGNOSIS OF HIV INFECTION IN NORTHEASTERN BRAZIL Lígia M. D. Lemos, MSc (1) [email protected] Andrew Anglemyer, PhD (2) [email protected] Joseph D. Lippi, MSc (2) [email protected] George W. Rutherford, PhD (2) [email protected] Victor S.Santos, MSc (1) [email protected] Thaisa F. S. Rocha (1) [email protected] Marcus V. Conceição (1) [email protected] Ricardo Q. Gurgel, PhD (3) [email protected] From: (1) the Department of Nursing, Federal University of Sergipe, Aracaju, Brazil; (2) Global Health Sciences, University of California, San Francisco, California, USA; and (3) Department of Medicine-Pediatrics, Federal University of Sergipe, Aracaju, Brazil Corresponding author: Lígia Mara Dolce Lemos. Address: Av. Adélia Franco, n. 2.288, Cond. Costa Dourada, Ed. Salinas, Apt. 702, Bairro: Luzia, CEP:49.048-010, Aracaju-SE, Brasil. Tel: 55 79 3246-6893 fax: 55 79 2105-1813. E-mail address: [email protected]. Running title: Pediatric AIDS mortality in northeastern Brazil Keywords: HIV, Brazil, children, mortality, survival, perinatal transmission Word count: 1414 words Abstract word count: 132 words Number of tables and figures: 2 The authors declare they have no conflicts of interest. All authors have contributed significantly, have read the submitted file and are in agreement with the content of the manuscript. This work was supported by the Brazilian Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) and grants from the U.S. National Institutes of Health, Fogarty International Center (International Clinical, Outcomes and Health Services Research Training Award Brazil Scientists Program [D43 TW05799] and AIDS International Training and Research Program [D43TW000003]). 85 ABSTRACT Objective: We examined trends in mortality in children diagnosed with HIV infection in Northeastern Brazil, where improvements in survival have not evolved as satisfactorily as the rest of the country. Methods: We identified a historical cohort of 101 HIV-infected children diagnosed from 1993 to 2011 from reference center, laboratory and surveillance databases. Results: Twenty-one children died with a median age at death of 4.3 years (IQR, 1.5-5.6 years). In multivariable analysis, after adjusting for current treatment, the risk of death was 57% lower for children born ≥2001 compared to those born ≤2000 (adjusted relative risk [aRR] 0.43, p<0.05). Similarly, the hazard ratio for death for children born ≥2001 compared to those born ≤2000 was marginally reduced (HR=0.42; p = 0.054). Conclusion: Our results demonstrate limited improvement in mortality for children with HIV infection. Keywords: HIV, Brazil, children, mortality, survival, perinatal transmission 86 RESUMO Objetivo: Analisar tendências da mortalidade em crianças com diagnóstico de infecção pelo HIV no Nordeste do Brasil, onde a melhoria de sobrevida não têm evoluído como no resto do país. Métodos: Coorte histórica com 101 crianças infectadas pelo vírus HIV e diagnosticadas entre 1993-2011 no ambulatório de referência e bases de dados de vigilância em HIV/aids. Resultados: Vinte e uma crianças morreram com uma idade média de 4,3 anos (IQR, 1,5-5,6 anos). Na análise multivariada, após o ajuste para o tratamento atual, o risco de morte foi 57% menor para as crianças nascidas ≥ 2001, em comparação aos nascidos ≤ 2000 (risco relativo ajustado [ARR] 0,43, p <0,05). Igualmente, a taxa de risco de morte para as crianças nascidas ≥ 2001, em comparação aos nascidos ≤ 2000 foi ligeiramente reduzida (HR = 0,42, p = 0,054). Conclusão: Nossos resultados demonstram melhoramento limitado de mortalidade para crianças com infecção pelo HIV. Descritores: HIV, Brasil, criança, mortalidade, sobrevida, transmissão perinatal. 87 INTRODUCTION Globally, 3.4 million children under 15 years old were living with HIV in 2011; more than 90% of them lived in sub-Saharan Africa.1 An estimated 230,000 children died from AIDS-related illnesses in 2011, and globally HIV is the seventh leading cause of death among infants and children from 1 to 59 months of age.2 Brazil has a mixed HIV epidemic, and pediatric cases are more common in the nine provinces of the north and northeast, where heterosexual intercourse is the primary mode of HIV transmission 3 and survival from AIDS diagnosis is lower than in the rest of the country.4 In Brazil as a whole, children with AIDS are surviving longer. In the first national study of AIDS survival in children,5 the probability of survival at 60 months rose from 25% before 1988 to 88% in 2001-2002.6 To identify if the general improvement in survival was also extended to children in the Northeast region, we studied mortality in children with HIV infection in the state of Sergipe. METHODS We conducted a retrospective registry-based cohort study of HIV-infected children in Sergipe from 1993 to 2011. The starting date corresponds to the diagnosis of the first case of HIV in infants reported in Sergipe. Sergipe is one of nine states in northeastern Brazil and had a population of 2,068,017 and 34,016 births in 2010. Since last 30 years, most of (99.3%) deliveries are in hospital settings; one third are in the capital city, Aracaju.7 From 1987 to 2011 2,930 AIDS cases were reported in adults, an incidence rate of 12.19 per 100,000 population per year. In less than five years old children, the incidence decreased considerably in recent years from 2.75/ 100,000 in 2005 to 0.6/ 100,000 in 2011. 4 We included all HIV-infected children diagnosed between January 1, 1993, and December 31, 2011. We compiled data reported to the National Information 88 System for Reportable Diseases (SINAN), the National Mortality Information System (SIM), the state laboratory database (serological and viral load tests) and ambulatory medical records from the Federal University of Sergipe and the Center of Medical Specialties for HIV/STD/AIDS in Aracaju (CEMAR). These are the places where the majority of HIV/aids patients are followed. Predictor variables included maternal and infant sociodemographic and clinical factors and clinical histories. We used the WHO clinical classification of HIV/AIDS in infants/children (N-without, A-mild, B-moderate and C-severe symptoms). We categorized time from birth to AIDS diagnosis as <25 months, 25-48 months and ≥49 months, and current antiretroviral therapy (ART) as none, monotherapy, dual therapy or triple therapy. Other predictor variables included history of hospitalization, type of confirmatory diagnosis (virologic, serologic or both), whether the infant received postpartum antiretroviral prophylaxis, whether the mother received antepartum or intrapartum antiretroviral prophylaxis, gestational age (<38 weeks, ≥38 weeks) and type of delivery (vaginal, caesarean section). The definition of AIDS in children in Brazil requires laboratory evidence of HIV infection, either virologic or for children ≥18 months old serologic, plus one of four additional criteria: Two mild opportunistic infections (corresponding to category A in the Centers for Disease Control and Prevention [CDC] definition8) One opportunistic infection corresponding to CDC categories B (moderate) or C (severe) Laboratory evidence of CD4 cell depletion (CD4 count or percentage lower than expected for age) 89 “Exceptional death criterion” meaning the mention of AIDS (or equivalent an term) in any field on a death certificate or mention of HIV in any field on a death certificate.9 We examined two outcome variables. The first was death, and the second was survival from birth, as a proxy for survival time from HIV infection. We chose not to examine survival from AIDS diagnosis to death because a substantial proportion of cases were diagnosed close to death or post-mortem. For children who had not died, the date of censoring was the last record time of contact with the medical care. We used logistic regression and a purposeful covariate selection process to identify predictors associated with death.10 Using the Wald test and a p value cut-off point of < 0.20, we identified covariates that had a significant bivariate test. We further explored these variables in a multivariable analysis using stepwise modeling techniques. We removed covariates if statistical significance was lost (p value <0.10) and the variable was determined not to be a cofounder through its effect on other parameters in the models. Additionally, we performed a Kaplan-Meier survival analysis from birth, censoring data at death or last known day of follow-up. We collected all data on a standard form and entered them into a database using Epi Info 3.5.2 (CDC, Atlanta, GA, USA). We conducted all analyses R 2.15.3 (R Development Core Team, Vienna, Austria). When we interviewed parents to complete data collection, we obtained informed consent. No individual identification was used in the reports. The Ethics and Research Committee of the Federal University of Sergipe approved the study (registered number 0183.0.107.000-10). RESULTS 90 Between 1990 and 2011, 101 infants and children were diagnosed with HIV infection in Sergipe. Sixty-two (61%) were female, and the median age at HIV diagnosis was 3.0 years (interquartile range [IQR], 1.5-5.6 years) (Table). Twenty-one (21%) died. The median age at death was 4.3 years (IQR, 1.5-5.6 years). Nine (43%) children who had died were diagnosed with AIDS in their final hospital admission or post mortem, and four (19%) were diagnosed within four weeks of death. The median survival from birth was 52 months (IQR, 18-88 months). Clinical factors associated with death in bivariate analysis were the presence of clinical AIDS symptoms, WHO stage C disease, being born in 2000 or earlier and having a history of hospital admission. Being treated with triple-drug combination ART was protective. In a subset of patients for whom full records were available, antiretroviral prophylaxis, mode of delivery and avoidance of breastfeeding were not associated with death. In multivariable analysis, after adjusting for current treatment, the risk of death was 57% lower for children born ≥2001 compared to those born ≤ 2000 (adjusted relative risk [aRR] 0.43, p<0.05). Similarly, after adjusting for birth cohort, the risk of death decreased by 44% for every incremental advancement in treatment from no treatment to monotherapy to dual therapy to triple therapy (aRR 0.56, p<0.01). Lastly, the hazard ratio for death for children born ≥2001 compared to those born ≤2000 was marginally reduced (HR=0.42; p value = 0.054) (Figure). DISCUSSION We found that the risk of death decreased over time in children with HIV infection in the northeastern Brazilian state of Sergipe, consistently with trends seen in other settings around the world11,12,13 and in Brazil.6,9 Not surprisingly, sicker children, those with later stage disease, clinical AIDS and with histories of hospital admission, and those who had been inadequately treated were more likely to have died, as has been seen elsewhere.12,14 As HIV diagnosis becomes more timely in Brazil with near 91 universal screening of pregnant women and early HIV antigen testing, we expect the proportion of children lately diagnosed to decrease and survival to rise. We were unable to demonstrate a protective effect of antepartum, intrapartum or immediately postpartum antiretroviral prophylaxis, Caesarean section or avoidance of breastfeeding on risk of death. These interventions are designed to prevent infection and may or may not have an influence on risk of death. Additionally, because complete data were available for only a subset of patients, we may have lacked sufficient power to demonstrate an effect. Our study has some limitations. First, it is based on registry data, and there are missing data. We attempted to mitigate this by examining only variables, with the exception of the antiretroviral prophylaxis variables, which were available for the large majority of patients. The second limitation is that because HIV infection and AIDS were diagnosed late in the course of almost half the children’s clinical courses, we were unable to examine survival from diagnosis to death. This would be an ideal variable to follow to understand the quality of care children receive beginning at diagnosis. We considered, alternatively, the age at death as a proxy for survival length, assuming that most infants had been infected in the immediate intrapartum period. Despite these deficiencies we conclude that in this population-based registry study the risk of death is lower in children born in 2001 or later and is consistent with increasing survival that has been observed elsewhere in Brazil.6 As diagnosis of HIV becomes more timely with virologic testing of younger children, survival from HIV diagnosis to death will be an important indicator to monitor the quality of care in this population. ACKNOWLEDGMENTS 92 The authors wish to thank the health services for facilitating data collection and especially the students who assisted us in data collection: Gabriella Sousa Duarte, Nágyla Galvão Regis Martins, Deisiane Santana dos Santos, Cássia Barbosa da Silva. REFERENCES 1. Joint United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS). Global report: UNAIDS report on the global AIDS epidemic 2012. http://www.unaids.org/en/media/unaids/contentassets/documents/epidemiology/2 012/gr2012/20121120_UNAIDS_Global_Report_2012_en.pdf (last accessed 1214-2012) 2. 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Cad Saúde Pública. 2011; 27: 93-103. 93 7. DATASUS. Sistema de Informações sobre nascidos vivos (SINASC). Available at: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvSE.def. Accessed December 10, 2012. 8. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Revised surveillance case definitions for HIV infection among adults, adolescents, and children aged <18 months and for HIV infection and AIDS among children aged 18 months to <13 years. MMWR 2008; 57(RR10):1-8. 9. Ramos Jr AN, Matida LH, Hearst N, Heukelbach J . AIDS in Brazilian children: history, surveillance, antiretroviral therapy, and epidemiologic transition, 19942008. AIDS Patient Care and STDs. 2011; 25:245-255. 10. Bursac Z, Gauss CH, Williams DK, Hosmer DW. Purposeful selection of variables in logistic regression. Source Code for Biology and Medicine. 2008; 3: 17. 11. Patel K, Hernan MA, Williams PL, Seeger JD, Mcintosh K, Dyke V, et al. 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Variables Alive N(%) Sex Male 32 (32) Female 48 (48) Year of birth* ≤2000 29 (29) ≥2001 51 (50) AIDS symptoms (n=100) Yes 55 (55) No 24 (24) Clinical WHO stage (N=99) Severe 10 (10) Moderate 20 (20) Mild 15 (15) No symptoms 33 (33) Hospital admission (N=78) No 35 (45) Yes 28 (36) Current treatment (N=88) † No treatment 22 (25) Monotherapy 3 (3) Dual therapy 1 (1) Triple therapy 45 (51) Antenatal care (N=70) No 31 (44) Yes 24 (34) ARV during prenatal care (N=74) No 46 (62) Yes 12 (16) ARV during delivery (N=74) No 41 (55) Yes 14 (19) Infant ARV prophylaxis (N= 60) No 28 (47) Yes 14 (23) Mode of delivery (N=59) Vaginal 28 (47) Caesarean section 17 (29) Breastfed (N=66) Yes 35 (53) No 15 (23) Dead N(%) Risk ratio (95% CI*) 7 (7) 14 (14) Referent 1.26 (0.56-2.84) 13 (13) 8 (8) Referent 0.44 (0.20-0.96) 21 (21) 0 (0) Referent 0.00 (---) 16 (16) 3 (3) 2 (2) 0 (0) Referent 0.21 (0.07-0.64) 0.19 (0.05-0.73) 0.00 (---) 1 (1) 14 (18) Referent 12.00 (1.66-86.85) 10 (11) 5 (6) 1 (1) 1 (1) Referent 2.00 (0.95-4.20) 1.60 (0.36-7.02) 0.07 (0.01-0.52) 10 (21) 5 (7) Referent 0.71 (0.27-1.85) 15 (20) 1 (1) Referent 0.31 (0.05-2.16) 17 (23) 2 (3) Referent 0.43 (0.11-1.66) 15 (25) 3 (5) Referent 0.51 (0.17-1.53) 11 (19) 3 (5) Referent 0.53 (0.17-1.69) 13 (20) 3 (5) Referent 0.62 (0.20-1.91) *CI, confidence interval, †Retained significance in multivariable models 95 Figure: Survival by birth cohort, children with HIV infection, Sergipe, Brazil, 1993-2011 96 4.5 Resultados 5ºArtigo (submetido) “Prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio pelo HIV em crianças” 97 4.5 Artigo submetido ao jornal Pediatrics Infectious Disease Journal, intitulado em “Prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio do HIV em crianças”. Comprovante de submissão no jornal “Pediatrics Infectious Disease Journal” RE: PIDJ 213-502 Title: Prevalence of and risk factors for late diagnosis of HIV in Brazilian infants and children Dear Mrs Lemos: You have successfully submitted your manuscript to the Pediatric Infectious Disease Journal via the Editorial Manager system. The manuscript number of your paper is PIDJ 213-502. Take note of this number, and refer to it in any correspondence with the journal. You may log onto the Editorial Manager system at any time to see the current status of your manuscript. The web site is www.EditorialManager.com/PIDJ and your username is ligialemos. You should already have your password. If you have forgotten it, you can use the "Forgot Your Password" link on the log in page. In submitting your manuscript to the Pediatric Infectious Disease Journal (PIDJ), the author(s) guarantees that a manuscript with substantially the same content has not been submitted nor published elsewhere. Thank you for submitting your manuscript for consideration. Amy S. Newman Journal Manager 98 Title: Prevalence of and risk factors for late diagnosis of HIV in Brazilian infants and children Running head title: Late HIV diagnosis in Brazilian infants Lígia Mara Dolce de Lemos1§ ([email protected]) Andrew Anglemyer 2 ([email protected]) Victor Santana Santos ¹ ([email protected]) Ricardo Queiroz Gurgel3 ([email protected]) George Willams Rutherford2 ([email protected]) 1 2 Department of Nursing, Federal University of Sergipe, Aracaju-SE, Brazil Department of Epidemiology and Biostatistics and Global Health Sciences, University of California, San Francisco, USA 3 Department of Medicine, Federal University of Sergipe, Aracaju-SE, Brazil §Corresponding author: Department of Nursing, Federal University of Sergipe, Av. Cláudio Batista s/n, Aracaju – SE, Brazil. E-mail: [email protected]. Telephone: 55-79-32466893 Fax: 55-79-21051813 Funding source: This work was supported by the Brazilian Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) and grants from the U.S. National Institutes of Health, Fogarty International Center (International Clinical, Outcomes and Health Services Research Training Award Brazil Scientists Program [D43 TW05799-01] and AIDS International Training and Research Program [D43TW000003]). Keywords: HIV, infant, diagnosis, vertical transmission, polymerase chain reaction Conflicts of interest: The authors declare that they have no conflicts of interest. 99 ABSTRACT We examined prevalence and risk factors for late HIV diagnosis in children >12 months in Sergipe, Brazil, from 2002-2011. Of 55 infants and children with confirmed infection, 42 (76.5%) were diagnosed >12 months of age. Lack of prenatal care (p=0.09) and breastfeeding (p=0.07) were marginally associated with late diagnosis. Efforts are needed to improve uptake of early infant diagnosis. INTRODUCTION Late diagnosis of HIV is an important cause of HIV-related morbidity and mortality in infants and children1 and represents a serious missed opportunity for early initiation of antiretroviral treatment (ART). ART has proven to be very effective in reducing HIV-related morbidity and mortality in infants and children.1-3 For example, Violari et al2 found that when ART was initiated at a median age of 7 weeks, early mortality was reduced by 76% and HIV progression by 75%. Current World Health Organization (WHO) guidelines recommend that ART be started in all infants and children diagnosed with HIV at 24 months of age or less regardless of their CD4 percentage or WHO clinical stage.4 In Brazil, the North and Northeast regions, which comprise the poorest nine states of the country, have been disproportionately affected by HIV and have much higher HIV-specific mortality rates than the rest of the country.5 In these regions, HIV has spread primarily through heterosexual intercourse with resulting substantial numbers of HIV-exposed infants. We studied the prevalence of and risk factors for late HIV diagnosis in infants in the state of Sergipe in northeastern Brazil. 100 METHODS Overall design We conducted a retrospective cohort study of HIV-infected children diagnosed in Sergipe from 2002 to 2011. The starting date corresponds to date that infant testing using HIV DNA at 6 weeks of age, which had already be recommended by the Brazilian Ministry of Health, became fully available in Sergipe. Setting Sergipe is one of nine estates in northeastern Brazil and had a population of 2,068,017 and 34,016 births in 2010. Infant mortality was 18.2 per 1,000 live births in 2010, above the median for Brazilian states.6 Sergipe has predominantly a generalized HIV epidemic and has had 3131 cases of AIDS in adults and adolescents reported since 1987 7 and an estimated HIV prevalence among women attending antenatal clinics of 0.42% .8 Among children less than five years old, the incidence of AIDS has decreased considerably in recent years from 2.75 in 2005 to 0.6 per year in 2011.9 Study subjects We included all HIV-infected infants and children diagnosed between January 1, 2002, and December 31, 2011. We compiled data reported to the National Information System for Reportable Diseases (SINAN), the National Mortality Information System (SIM), the state laboratory database (serological and viral load tests) and ambulatory medical records from the Federal University of Sergipe and the Center of Medical Specialties for HIV/STD/AIDS in Aracaju (CEMAR). Variables 101 The primary outcome variable was late diagnosis. We defined late diagnosis as a virological diagnosis (HIV DNA testing) at 13 months of age or older, a serological diagnosis at 13 months of age or older or a clinical or post mortem diagnosis at 13 months of age or older (i.e., an “on-time” diagnosis was a virological diagnosis at ≤12 months of age). We excluded infants and children who had a serological diagnosis at ≤12 months or clinical or post-mortem diagnoses at ≤12 months. Predictor variables included maternal and infant sociodemographic and clinical factors. We recorded infants’ gender, birth weight, date of delivery, date of HIV diagnosis, date of AIDS diagnosis, date of death, clinical stage of HIV infection and ART history. We recorded mothers’ educational level, ART and prophylaxis history, timing of HIV diagnosis (before pregnancy, during pregnancy, during delivery, after delivery), number of antenatal visits (< 6 visits or ≥6 visits), mode of delivery and clinical stage of HIV infection. Data analysis We collected all data on a standard form and entered them into a database using Epi Info 3.5.2 (CDC, Atlanta, GA, USA). We conducted descriptive analyses using SPSS version 13 (IBM Corporation, Armonk, New York, USA) and bivariate analyses using STATA 8.0 (STATA Corporation, College Station, Texas, USA). Ethical considerations When we interviewed parents to complete data collection, we obtained informed consent. No individual identification was used in the reports. The Ethics and Research Committee of the Federal University of Sergipe approved the study (registered number 0183.0.107.000-10). RESULTS Of the 485 infants known to have been exposed to HIV in Sergipe during the study period, 55 (11.3%) were known to have been infected with HIV, and 7 (12.7%) died. Of those 102 who died, 5 were diagnosed within 3 months of their death; 4 were diagnosed within 7 days of their death, 3 were diagnosed on the day of death, and 1 was diagnosed post-mortem. Of the 55 infants and children with confirmed HIV infection, 54 (98%) had known dates of diagnosis; 42 (77.8%) were diagnosed late. Of the 13 diagnosed virologically at ≤12 months of age, one was diagnosed virologically at <2 months of age, three at <3 months of age and five at <6 months of age. Of the 7 deaths that occurred in this cohort, two were in those diagnosed virologically at ≤12 months old and five in those diagnosed later or serologically at ≤12 months old (odds ratio [OR] 1.34, 95% confidence interval [CI] 0.11-9.69). The two infants who died, a 3.5 month old and a 8.9 month old, were diagnosed on the day of death or postmortem Thirty-two (58.2%) mothers received antiretroviral drugs during pregnancy, but this was not associated with early diagnosis. However, intrapartum prophylaxis (OR 0.18, 95% CI 0.03-0.90) and postpartum neonatal antiretroviral prophylaxis (OR 0.00, 95% CI 0.00-0.79) were associated. Lack of antenatal care (OR 4.35, 95% CI 0.73-47.67, p=0.09) and breastfeeding (OR 3.89, 95% CI 0.78-22.56, p=0.07) were marginally associated with late diagnosis (Table). Timing of HIV diagnosis was reported for 42 (76.4%) mothers. Twenty (47.6%) were diagnosed with HIV after their babies were born, 16 (38.1%) before or during pregnancy and 6 (14.3%) during labor. The infants of women diagnosed during labor were more likely to have been diagnosed virologically at ≤12 months of age (5/11 vs. 1/31, p=0.0028 by Fisher’s exact test) but not those diagnosed before or during pregnancy (4/11 vs. 12/31, p=NS). Additionally, only 7 (21.9%) infants of 32 mothers who received antepartum antiretroviral drugs, 4 (14.8%) of 27 mothers who received intrapartum antiretroviral prophylaxis and 6 (40%) of 15 infants who received neonatal prophylaxis were diagnosed with HIV at ≤12 months of age despite the availability of DNA PCR testing. 103 DISCUSSION We found that more than three-quarters of infants and children diagnosed with HIV infection in Sergipe in the last 10 years (2002-2011) were diagnosed after one year of age. We have previously reported that 76% of women were seen in prenatal care during the antenatal period in Sergipe from 1990 to 2011, and 67% of them were screened8, which undoubtedly contribute to late diagnosis. Nonetheless, we found that in this series, which started in 2002 with the adoption of early infant diagnosis, more than half of pregnant women had been diagnosed before their infants were born and most received antepartum or intrapartum antiretroviral prophylaxis. The failure to employ early virological testing to diagnose and treat these exposed infants represents substantial missed opportunities to improve clinical outcomes in these children.2,10 Our definition of early diagnosis was ≤12 months of age, with diagnosis necessarily done using molecular diagnostic tests. Stricter definitions, for instance, excluding infants diagnosed at or near death or moving the cut-off age to <6 months or lower, would have increased the prevalence of late diagnosis.10 While our study is population-based, which increases its external validity, registry data suffer from incompleteness.8 Additionally in Sergipe, where before 2000 most pediatric HIV infections were diagnosed when presenting with symptomatic disease rather than through screening mothers, we undoubtedly under ascertained all exposed cases and may have under ascertained deaths, as well, to the extent that the infants were not diagnosed. This would have increased our percentage of children who were not diagnosed virologically at ≤12 months of age even more. Despite these limitations, however, we can confirm that late diagnosis was a significant problem in Sergipe over the study period and likely continues to be. We suggest that screening children known to have been exposed to HIV or with unknown exposure status should 104 be an important indicator of the coverage and success of prevention of mother-to-child transmission of HIV (PMTCT) programs and one that requires careful evaluation and, as our data suggest, substantial improvement. ACKNOWLEDGMENTS The authors wish to thank the health services for facilitating data collection and especially the students who assisted us in data collection: Gabriella Souza Duarte, Nágla Galvão Regis Martins, Thaísa Fonseca Siqueira Rocha, Marcus Vinícius da Conceição. REFERENCES 1. Wamalwa D, Benki-Nugent S, Langat A, et al. Survival benefit of early antiretroviral therapy is compromised when diagnosis is delayed. Pediatr Infect Dis J. 2012;31:729-731 2. Violari A, Paed FC, Cotton MF, et al. Early antiretroviral therapy and mortality among HIV-infected infants. N Engl J Med. 2008;359:2233-2244. 3. 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Variables Not diagnosed virologically ≤12 months Diagnosed virologicall y ≤12 moths Odds ratio N (%) N (%) Urban (1) 34(77.3) 8(18.1) Referent Rural (2) 1(2.3) 1(2.3) 4.07 (0.05-342.07) Illiterate 7(17.0) 2(4.9) Referent <8 years 11(26.8) 4(9.8) 1.26 (0.13-17.49) NS 8 years 10(24.4) 0(0.0) 0.00 (0.00-4.67) NS >8 years 6(14.7) 1(2.4) 0.60 (0.01-14.46) NS Aracaju 12(46.2) 7(26.9) Referent Interior 6(23.1) 1(3.8) 0.30 (0.01-3.35) (95% Confidence Interval) p value Maternal variables Area of residence (44) NS* Educational level (41) Place of birth (26) NS Timing of diagnosis (42) Before pregnancy 7(16.6) 1(2.4) Referent Antepartum 5(11.9) 3(7.1) 3.84 (0.23-250.9) NS Intrapartum 1(2.4) 5(11.9) 22.89 (1.20-1844.1) NS Postpartum 12(28.6) 2(4.8) 1.16 (0.1-78.5) NS Through child’s diagnosis 6(14.3) 0(0.0) 0.00 (0.00-52.00) NS No 16(37.2) 2(4.7) Referent Yes 16(37.2) 9(20.9) 4.35 (0.73-47.67) Antenatal care (43) Stage of HIV infection (54) 0.09 107 Symptomatic 29(53.7) 7(13.0) Referent Asymptomatic 12(22.2) 6(11.1) 2.04 (0.46-8.90) NS ARV** during antenatal care(44) Yes 25(56.8) 7(15.9) Referent No 8(18.2) 4(9.1) 1.76 (0.30-9.40) Yes 32(68.1) 11(23.4) Referent No 4(8.5) 0(0.0) 0.00 (0.00-5.08) NS Lost to follow up (47) NS ARV during delivery (43) Yes 23(53.5) 4(9.3) Referent No 8(18.6) 8(18.6) 5.48 (1.11-32.34) Vaginal 19(48.7) 4(10.3) Referent Caesarean section 9(23.1) 7(17.9) 3.56 (0.69-21.31) Male 19(34.5) 5(9.1) Referent Female 23(41.8) 8(14.6) 1.31 (0.32-6.01) <2500 gm 2(9.5) 1(4.8) Referent ≥2500 gm 10(47.6) 8(38.1) 1.57 (0.07-105.95) 0.03 Mode of delivery (39) NS Infant variables Sex (55) NS Birth weight (21) NS Clinical WHO stage at diagnosis (53) Severely symptomatic 5(9.4) 4(7.5) Referent Moderately symptomatic 12(22.6) 1(1.9) 0.12 (0.00-1.56) NS Mildly symptomatic 8(15.1) 1(1.9) 0.17 (0.00-2.44) NS 108 Asymptomatic 16(30.2) 6(11.3) 0.48 (0.07-3.29) No 37(67.3) 11(20.0) Ref Yes 5(9.1) 2(3.6) 1.34 (0.11-9.69) NS Dead (55) NS Postpartum prophylaxis (28) Yes 9(32.2) 6(21.4) Referent No 13(46.4) 0(0.0) 0.00 (0.00-0.79) Yes 23(52.3) 4(9.1) Ref No 10(22.7) 7(15.9) 3.89 (0.78-22.56) 0.02 Breastfed (44) 0.07 *NS, not significant **ARV, antiretroviral; The number of pregnant women or infants/children in each category of characteristics may not add up to 55 due to missing information 109 Conclusões 110 5 CONCLUSÕES Na presente pesquisa, após descrição da história da situação clínica, epidemiológica e laboratorial das crianças expostas ao HIV, concluiu-se: 5.1 Características gerais Gestantes: maioria das mães entre 20 a 45 anos com idade média de 26 anos. Baixo nível educacional, baixa ou nenhuma renda. A transmissão sexual e união estável prevaleceu, mas com relação a parceiros nos últimos 10 anos, metade teve de dois a quatro parceiros. A maioria relatou saber da situação sorológica do parceiro, muitas vezes, só após saberem de seu próprio diagnóstico do HIV. Um terço delas foram diagnosticadas durante a gestação. Quanto ao prénatal, 40% não foram às visitas e, do geral, 60% não receberam profilaxia com ARV. Prevaleceu parto vaginal e 47,5% (66) amamentaram seus filhos. Crianças: Quanto às crianças, apresentaram média de 8 anos de idade e moda de 4. Pouco mais da metade era do sexo feminino. A maioria nasceu na capital, com peso acima de 2.500 g. e recebeu profilaxia com ARV após o nascimento. Cento e uma ficaram infectadas pelo vírus HIV e 6 morreram ao nascer. Das 66 que foram amamentadas, 48 (72,7%) tiveram infecção pelo HIV. A taxa de soro conversão das 561 crianças expostas ao HIV, no período de 1990 a 2011, foi 18% (n=101): sessenta e uma (10,8%) ainda estão em investigação, 6 (1,06%) nasceram mortas e 27 (4,8%) não estavam cadastradas no Centro de Referência. No geral, a população estudada se caracterizou como pobre, com baixa escolaridade, com problemas de diagnóstico, de adesão e de acesso aos serviços de saúde. 5.2 Conclusão dos artigos 5.2.1- Avaliar uso do protocolo ACTG 076 na maternidade de referência para parturientes HIV reagentes e crianças expostas em Sergipe no período de 1994 a abril de 2010 Artigo 1- “Avaliação de medidas preventivas para transmissão materno-infantil do HIV no estado de Sergipe, Brasil” 111 (Evaluation of preventive measures for mother-to-child transmission of HIV in Aracaju, state of Sergipe, Brazil) a- As três fases (gestação, parto e puerpério) do Protocolo ACTG 076 na Maternidade de Referência para Parturientes HIV Reagentes em Sergipe, no período de 1994 a abril de 2010, foi utilizado em 31,8% dos casos estudados. Somente 49,1% das parturientes utilizaram zidovudina durante o parto. Foram encontradas deficiências na prevenção da transmissão mãe-filho durante as três fases do protocolo, como pré-natal inadequado, modo de parto inadequado e problemas no seguimento das crianças expostas 5.2.2 Estimar número de gestantes HIV reagentes no Estado de Sergipe pelo método de captura e recaptura no período de 2000 a 2010 Artigo 2- “Estimativa do número de gestantes HIV reagente em Sergipe, Brasil, utilizando o método de captura e recaptura” (Estimating the number of HIV-positive pregnant women in Sergipe, Brazil, using capturerecapture) b- O número estimado de gestantes reagentes no Estado de Sergipe pelo método de captura e recaptura, no período de 2000 a 2010, foi de 1.110 gestantes. Houve perda de 381 casos que não constavam nas fontes oficiais de pesquisa. O maior índice de subnotificação foi no SINAN, e o que continha maior número de casos cadastrado do o SISCEL. 5.2.3 Identificar fatores de risco maternos para infecção pelo HIV taxa de soro conversão nas crianças expostas por transmissão vertical diagnosticados em Sergipe de 1990 até 31 de dezembro de 2011 Artigo 3- “Fatores de riscos maternos para infecção pelo HIV em crianças no nordeste do Brasil” (Maternal risk factors for HIV infection in infants in northeastern Brazil) c- Foram encontradas altas taxas de transmissão materno-infantil em Sergipe, com drástica redução dessas taxas, de 91% antes de 1997, para 2% em 2011. Estas taxas foram reduzidas a partir do aumento de medidas profiláticas adotadas: uso de ARV e inibição da amamentação. O uso de profilaxia com ARV na criança foi um fator protetor (IC 112 0.78-26.17, p=0.092) e a amamentação, fator de risco, foi marginalmente associada ao risco de transmissão (aOR 4,52 IC 95%). Testagem em gestantes e iniciação precoce de profilaxia e terapia com ARV necessitam ser melhoradas. 5.2.4 Verificar tendências de mortalidade em coorte histórica de crianças infectadas pelo vírus HIV em Sergipe no período de 1993 a 2011 Artigo 4- Tendência de mortalidade em crianças com diagnóstico de infecção pelo HIV no nordeste do Brasil. (Mortality of children following a diagnosis of HIV infection in northeastern Brazil) d- A tendência de mortalidade em coorte histórica de crianças infectadas pelo vírus HIV em Sergipe, no período de 1993 a 2011, foi 57% menor para crianças nascidas ≥2001 quando comparadas com as nascidas ≤2000. As crianças morreram com idade média de 4,3 anos com história de: doenças graves, registros de internações e com tratamentos inadequados. A taxa média de sobrevida foi de 52 meses. Tendo em vista a disponibilidade de testes virológicos para diagnóstico precoce da criança exposta, a análise de sobrevivência a partir do diagnóstico pelo HIV até a morte é importante indicador para monitorar a qualidade do atendimento dessa população. 5.2.5 Conhecer prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio em crianças com o vírus HIV em Sergipe no período de 2002 a 2011 Artigo 5- “Prevalência e fatores de risco para diagnóstico tardio pelo HIV em crianças brasileiras” (Prevalence and risk factors for late diagnosis of HIV in Brazilian infants and children) e- De 2002 a 2011, diagnóstico tardio do HIV em crianças maiores de um ano de idade, prevaleceu em 76,5% (42/55) dos casos, apesar de 50% das mães serem diagnosticadas antes de seus bebês nascerem e terem recebido profilaxia na gestação e parto. Vale ressaltar que nesses dez anos de série, o diagnóstico virológico já era disponível para as crianças expostas ao HIV. Os fatores de risco para diagnóstico tardio foram marginalmente associados a baixa qualidade do pré-natal e amamentação. Diagnóstico precoce em crianças expostas deve ser importante indicador da cobertura e sucesso dos programas de prevenção da transmissão mãe-filho. São necessários maiores esforços para utilização do diagnóstico precoce nas crianças. 113 f- 6 Considerações Finais 114 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após quase 30 anos do início da epidemia, muitos avanços foram alcançados em relação ao diagnóstico, tratamento e prevenção da epidemia da aids, principalmente para transmissão vertical. Apesar disso, ainda nos deparamos com problemas na qualidade do atendimento, seja por problemas políticos de atenção à Saúde, seja por gerenciamento das Unidades de Saúde, seja por condutas inerentes aos profissionais de saúde ou à especificidade da população estudada. A importância nesta avaliação é apresentar condições de melhorias nas ações dos profissionais e nos sistema de saúde. Não há dúvida do importante decréscimo na incidência dos casos de transmissão infantil em todo mundo e em Sergipe, mas ainda há muito a fazer para serem atingidas as metas propostas pela Organização Mundial de Saúde, para que a transmissão vertical chegue a zero até o ano de 2015. Neste estudo foi observada necessidade de melhoria na qualidade dos registros e dos dados nos prontuários e sistemas de informações, evitando-se que muitos dados sejam ignorados, o que dificulta e prejudica análises do comportamento epidemiológico da infecção pelo HIV. As bases de dados oficiais como o SINAN, CEMAR e SISCEL necessitam de monitoramento e vigilância ativa para diminuir subnotificações, inconsistências e incompletudes, para facilitar diagnóstico da situação atual. Por outro lado, elas fornecem informações importantes e viabilizou análises realizadas nesse estudo Houve também retardamento nos diagnósticos das gestantes e crianças expostas, impossibilitando, em muitos casos, o benefício da profilaxia ou tratamento por antirretrovirais. Encontrou-se número elevado de indivíduos que não compareceram ou abandonaram o acompanhamento no Centro de Referência. A interação profissional-cliente é fundamental e pode influenciar substancialmente no processo de adesão ao Serviço de Saúde. Devemos lembrar que, em função do aumento da sobrevida das crianças expostas ou HIV reagentes, muitas já estão em fase de adolescência e vida adulta. O monitoramento dessa população é primordial, considerando as mudanças hormonais e de crescimento associadas à puberdade e complicações tardias que por ventura possam ocorrer pela exposição crônica aos antirretrovirais. Com relação à manutenção das ações profiláticas, foram encontradas lacunas no atendimento. Uma delas foi um número significativo de gestantes que não realizaram o pré- 115 natal ou o fizeram tardiamente. Das que realizaram o pré-natal, muitas não tiveram resultados do teste HIV em tempo hábil para aplicação de medidas profiláticas. Outras, apesar do diagnóstico do HIV durante ou antes do pré-natal, chegaram no momento do parto sem exame de carga viral para definir via de parto ou nem receberam profilaxia com ARV durante o parto. Sabe-se que a qualidade do pré-natal é um dos marcadores da qualidade da assistência na atenção básica e neste estudo mostrou-se deficiente, assim como ações profiláticas no parto e puerpério. Outro problema foi número substancial de puérperas infectadas pelo vírus HIV que amamentaram seus filhos, e outras que não os levaram para acompanhamento no Serviço de Saúde para recebimento da fórmula láctea infantil. Este fato nos leva a refletir sobre as ações do Programa de Saúde da Família, especificamente nas visitas domiciliares para orientações, acompanhamentos e agendamentos das consultas. Tendo em vista que a baixa escolaridade dificulta o entendimento das informações, assim como o nível socioeconômico desfavorável e a situação de vulnerabilidade em que vive a maioria das pessoas portadoras do vírus HIV, são necessárias intervenções realmente efetivas para proposição correta das ações de acordo com as realidades locais. Apesar das limitações, o presente estudo abordou diferentes fases da epidemia no Estado, diferentes definições de profilaxia e esquemas de tratamento, explorou diferentes níveis assistenciais e apontou cenários que facilitam/dificultam o controle da transmissão vertical. Espera-se que os dados aqui levantados sirvam de subsídios para reflexões acerca da epidemia nas gestantes e crianças como também a forma de atendimento nos serviços que atendem a este segmento populacional, com melhorias na adesão aos protocolos, na acessibilidade ao serviço, diminuição de perdas de seguimento, aumento nas captações, nos diagnósticos e tratamento precoce da infecção pelo HIV. 6.1 PERSPECTIVAS O Brasil tem como meta a redução da transmissão vertical do HIV para menos de 2% até 2015. Essa meta é monitorada através do indicador de taxa de incidência de aids em menores de cinco anos, que é utilizada como parâmetro da transmissão vertical. Para alcançar este objetivo, várias ações necessitam ser feitas e algumas já estão em andamento. Entre elas a política nacional de atenção à saúde da mulher que inclui projetos como 116 “rede cegonha”, aderido pela maioria dos municípios, para enfrentamento da feminização da epidemia do HIV/aids. Neste projeto, está proposto um conjunto de medidas para garantir a todas as mulheres, atendidas pelo SUS, assistência adequada, segura e humanizada, em todo o período do ciclo gravídico-puerperal, até os primeiros anos de vida do bebê. Outras atividades que necessitam ser implementadas é a sensibilização dos profissionais de saúde no atendimento à estes pacientes como também estabelecimento de melhores vínculos entre profissionais da saúde e usuários para que os mesmos entendam a importância do benefício das ações propostas para poderem melhorar a adesão aos protocolos estabelecidos. 117 Referências 118 REFERÊNCIAS ALKHATIB, G.; COMBADIERE, C.; BRODER, C.C.; FENG, Y.; KENNEDY, P.E.; MURPHY, P.M., et al. CC CKR5: a RANTES, MIP-1alpha, MIP-1beta receptor as a fusion cofactor for macrophage-tropic HIV-1. Science,1996; 272(5270): 1955-8. ALTMAN, L. New homosexual disorder worries officials. The New York Times (science),1982. 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PLoS One,2011; 6(7). 131 Apêndices 132 APÊNDICE A- ESTRATÉGIAS DE BUSCA NA LITERATURA ESTRATÉGIAS DE BUSCA PELO“ DE“CRITORE“ DA BIREME E ME“H TERM“ DO PUBMED HISTÓRICO PUBMED #21 Search (((#17) AND #18) AND #19) AND #20 Limits: Clinical Trial, Randomized Controlled Trial, Clinical Trial, Phase IV, All Child: 0-18 years 20:09:35 3 #20 Search "Post-Exposure Prophylaxis"[Mesh] OR (Post Exposure Prophylaxis) OR (Prophylaxis, Post-Exposure) OR (PostExposure Prevention) OR (Post Exposure Prevention) OR (Prevention, Post-Exposure) Limits: Clinical Trial, Randomized Controlled Trial, Clinical Trial, Phase IV, All Child: 0-18 years 20:06:00 141 #19 Search "Zidovudine"[Mesh] OR (3'-Azido-3'-deoxythymidine) OR (3' Azido 3' deoxythymidine) OR (AZT, Antiviral) OR (Antiviral AZT) OR (AZT (Antiviral)) OR (AZT Antiviral) OR (3'-Azido-2',3'Dideoxythymidine) OR (3' Azido 2',3' Dideoxythymidine) OR (Azidothymidine) OR (BW A509U) OR (BWA-509U) OR (BWA 509U) OR (BWA509U) OR (Retrovir) Limits: Clinical Trial, Randomized Controlled Trial, Clinical Trial, Phase IV, All Child: 0-18 years 20:05:08 419 #18 Search "Infectious Disease Transmission, Vertical"[Mesh] OR (Vertical Infectious Disease Transmission) OR (Pathogen Transmission, Vertical) OR (Transmission, Vertical Pathogen) OR (Vertical Pathogen Transmission) OR (Infection Transmission, Vertical) OR (Transmission, Vertical Infection) OR (Vertical Infection Transmission) OR (Vertical Transmission of Infectious Disease) OR (Maternal-Fetal Infection Transmission) OR (Maternal Fetal Infection Transmission) OR (Transmission, Maternal-Fetal Infection) OR (Infection Transmission, Fetomaternal) OR (Infection Transmission, Maternal-Fetal) OR (Infection Transmission, Maternal Fetal) OR (Fetomaternal Infection Transmission) OR (Transmission, Fetomaternal Infection) Limits: Clinical Trial, Randomized Controlled Trial, Clinical Trial, Phase IV, All Child: 0-18 years 20:04:24 600 #17 Search "HIV"[Mesh] OR (Viruses, Human Immunodeficiency) OR (AIDS Virus) OR (AIDS Viruses) OR (Virus, AIDS) OR (Viruses, AIDS) OR (HTLV-III) OR (Human Immunodeficiency Virus) OR (Human Immunodeficiency Viruses) OR (Human T Cell Lymphotropic Virus Type III) OR (Human T Lymphotropic Virus Type III) OR (Human T-Cell Leukemia Virus Type III) OR (Human T Cell Leukemia Virus Type III) OR (Human T-Cell Lymphotropic Virus Type III) OR (Human T-Lymphotropic Virus Type III) OR (Immunodeficiency Virus, Human) OR (Immunodeficiency Viruses, Human) OR (LAV-HTLV-III) OR (Lymphadenopathy-Associated Virus) OR (Lymphadenopathy Associated Virus) OR (Lymphadenopathy-Associated Viruses) OR (Virus, Lymphadenopathy-Associated) OR (Viruses, Lymphadenopathy-Associated) OR (Virus, Human Immunodeficiency) OR (Acquired Immune Deficiency Syndrome Virus) OR (Acquired Immunodeficiency Syndrome Virus) Limits: Clinical Trial, Randomized Controlled Trial, Clinical Trial, Phase IV, All Child: 0-18 years 20:03:05 3581 LILACS 133 #1 (mh:"HIV ") OR (Vírus da AIDS) OR (HTLV-III) OR (Vírus da Imunodeficiência Humana) OR (Vírus Linfotrópico para Células T Humanas Tipo III) OR (Vírus Tipo III TLinfotrópico Humano) OR (LAV-HTLV-III) OR (Vírus Associado a Linfadenopatia) OR (mh:"VIH") OR (mh:B04.820.650.589.650.350$) OR (mh:B04.909.777.731.589.650.350$) or (mh:"Infectious Disease Transmission, Vertical") OR (mh:"Transmisión Vertical de Enfermedad Infecciosa") OR (mh:"Transmissão Vertical de Doença Infecciosa") OR (mh:N06.850.310.425$) AND #2 (mh:"Zidovudina") OR (mh:"Zidovudine") OR (Azidotimidina) OR (AZT (Antiviral)) OR (mh:D03.383.742.680.705.950$) OR (mh:D13.570.230.500.950$) OR (mh:D13.570.230.855.950$) OR (mh:D13.570.685.705.950$) OR (mh:"Profilaxia Pós-Exposição") OR (mh:"Post-Exposure Prophylaxis") OR (mh:"Profilaxis Post-Exposición") OR (mh:N02.421.726.755$) #1 AND #2=#3 #4 (mh:"Survivorship (Public Health)") OR (mh:"Sobrevida") OR (mh:SP5.001.002.028.009$) AND #5 (mh:”Atraso de diagnóstico”) OR (mh:”Delayed Diagnosis”) OR (mh:”diagnótico tardio”) OR (mH:”Retardo no diagnóstico”) OR (mh:” E01.110 E022.288) 134 APÊNDICE B- INSTRUMENTO DE COLETA Início de preenchimento:___/___/_____ Número de ordem:____________ Término do preenchimento: ___/___/_____ Coletador:___________________ I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA 1.1 Nome: 1.2 Sexo: (1) Masculino (2) Feminino (3) Ignorado 1.3 Idade: Peso ao nascer: 1.4 Data de nascimento: ___/___/_____ Peso com 1 ano 1.5 Local de nascimento: 1.6 Escolaridade: (1) Pré-escolar (2) 1º grau incompleto (4) 2ª grau incompleto (5) 2ª grau completo (7) Não se aplica (3) 1º grau completo (6) Superior (9) Ignorado II- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA MÃE 2.1 Nome: 2.2 Idade: DN: 2.3 Ocupação 2.4 Município de residência 2.5 Zona de residência (1) Urbana (2) Rural 2.6 Endereço 2.7 Complemento 2.8 Número 2.9 Ponto de referência 2.10 Telefone pessoal 2.11 Situação atual 2.11 Telefone comercial (1) viva (2) morta (3) desaparecida (9) ignorado III - DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS DA MÃE ( ) OU RESPONSÁVEL LEGAL ( ) 135 (1) Analfabeto 3.1 Escolaridade (2) 1º grau incompleto (4) 2ª grau incompleto 3.2 Situação profissional (3) 1º grau completo (5) 2ª grau completo (7) Não se aplica (9) Ignorado (1) Empregado (2) Desempregado (6) Superior (3) Em auxílio desemprego (4) Autônomo (5) Em auxílio doença (7) Não se aplica (6) Aposentado por_________________ (dona de casa, estudante) 3.3 Situação habitacional (1) Casa (2) Vila (3) Apto (4) Favela (5) Outros (9) Ignorado 3.4 Condições de moradia (1) Própria (2) Em aquisição (3) Cedida (4) Alugada (5) Invadida (6) Outros Água encanada Fosso Luz elétrica Esgoto Outros 3.5 Infraestrutura 3.6 Composição familiar ( ( ( ( ( ) Sim ) Sim ) Sim ) Sim ) Sim ( )Não )Não )Não )Não )Não (1) Reside sozinho (2) Reside com a família (3) Reside com amigos (4) Instituição (5) Outros (9) ignorado (1) Sem renda 3.7 Situação econômica ( ( ( ( (3) De 01 a 02 salários mínimos (2) Menos de 01 de salário (4) De 02 a 05 salários (5) Mais de 05 salários 3.8 Renda per capta da família (1) Sem rendimento (2) Menos de 01 salário mínimo (3) De 01 a 02 salários mínimos (4) De 02 a 05 salários mínimos (5) Mais que 05 salários mínimos IV- DADOS SOBRE A PARTURIENTE E SUA EXPOSIÇÃO 4.1 Tipo de vínculo conjugal (1) Parceiro fixo (3) Parceiro fixo e eventual (2) Parceiro eventual (4) Outros 136 4.2 N° de parceiro nos últimos 10 anos 4.3 Teve algum filho que morreu em decorrência do HIV/aids (1) Sim (2) Não (3) Não sabe (9) ignorado 4.4 Se sim, quantos? 4.5 Categoria de exposição ao HIV (1) Parceiro atual HIV+ (3) Usuária de drogas injetáveis (5) Não sabe 4.6 Forma como obteve o diagnóstico da infecção (2) Parceiro anterior HIV + (4) Transfusão sanguínea (6) Não se aplica (1) Antes do pré-natal (2) Durante pré-natal (3) Durante parto (teste rápido) (4) Após parto (5) Por doença (6) Por testagem (7) Não sabe (8) Outros V- DADOS DO PRÉ-NATAL 5.1 Fez pré-natal (1) Sim (2) Não (3) Ignorado 5.2 Local de realização 5.3 Data da primeira consulta no pré-natal ____/____/___ 5.4 Mês de gestação na 1ªcons. 5.5 Tipo de plano ( 1 ) SUS ( 2 ) Particular ( 3) Convênio ( 9 ) Ignorado 5.6 Consultas no pré-natal (1) < 6 (2) 6 (3) Não fez 5.7 Possui cartão da gestante (1) Sim (2) Não (3) Está em casa 5.8 Resultado de exame para sífilis (1) Reagente 5.9 Resultado de exame para HIV no pré-natal (1) Reagente (2) Não reagente (3) Não sabe (4) Não fez 5.10 Se positivo tem alguns sintomas (1) Sim (2) Não (3) Não sabe 5.11 Fez uso de antiretroviral durante o pré-natal (1) Sim (2) Não (3) Não se aplica (2) Não reagente (9) ignorado (3) Não fez (4) Ignorado (5) Já era HIV reagente antes da gestação (6) Não se aplica (casos de diagnóstico no parto ou após) (9) ignorado 137 (9) Ignorado (1) Monoterapia 5.12 Se sim, qual o esquema? (2) Terapia tripla (3) Outra Data de início: 5.13 Se sim, com quantos meses de gestante iniciou? ___/____/______ (1) Não realização do exame 5.14 Se não, quais foram os motivos (2) Atraso no resultado do teste (3) Antiretroviral não oferecido (4) Não adesão (5) Antiretroviral não disponível (6) Reações adversas (7) Diagnóstico no parto (8) Crenças pessoais (9) Ignorado (10) Não se aplica (11) Outros VI- DADOS DO PARTO E PUERPÉRIO 6.1 Parto (1) Vaginal (2) Operação cesariana (3) Não se aplica (9) ignorado 6.2 Carga Viral antes da gravidez (a partir da 34ª semana) (1) < 1000 cópias (2) > 1000 cópias 6.2.a valor da carga viral Data: 6.3 Evolução da gravidez (1) Nascido vivo (2) Natimorto (3) Aborto (4) Não se aplica (9) ignorado (3) exame não realizado (9) ignorado valor: 6.4 Data do parto ___/____/____ __ 6.5 Idade gestacional (em semanas) 6.6 Tempo de ruptura das membranas (1) Menor que 4 horas 6.7 Gestação múltipla (1) Sim 6.8 Fez uso de antiretroviral durante o parto? (1) Sim 6.9 Se não, qual o motivo? (1) Parto em trânsito parto (2) Maior que 4 horas (3) Não se aplica (4) Ignorado (2) Não (2) Não (2) Período expulsivo (3) Não se aplica (9) Ignorado (6) Não aceitou fazer no pré- (7) Não se aplica (3) Teste somente no pós-parto (8) Outros (4) Não havia medicação disponível (9) Ignorado 138 (5) O teste não foi oferecido no pós-parto 6.10 Início de profilaxia da criança (horas) (1) Nas primeiras 2 horas (2) Nas primeiras 24 horas (3) Após 24 horas (4) Não realizado 6.11 Se não, qual o motivo? 6.12 Quando a criança nasceu foi amamentada no peito? (1) Sim (2) Não 6.13 Se sim, por quanto tempo? 6.14 Houve aleitamento cruzado? (1) Sim (2) Não 6.15 Houve enfaixamento das mamas? (1) Sim (2) Não 6.17 Houve resultado efetivo? (1) Sim (2) Não 6.18 Se não, houve necessidade de medidas farmacológicas? (1) Sim (2) Não 6.19 Notificação no SINAN (1) sim. Gestante HIV (2) não notificada (3) aids adulto 6.20 Cadastro no ambulatório (1) sim (2) não (9) ignorado 6.16 Se sim, por quanto tempo? VII- SITUAÇÃO DE ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA 7.1 Via de exposição (1) Vertical (2) Transfusão (3) Sexual (4) Drogas 7.2 Início do acompanhamento ___/___/_ _ 7.3 Local de acompanhamento 7.4 Faz uso de antiretroviral (1) Sim (2) Não (9) Ignorado 7.5 Usou AZT xarope? (1) 42 dias (2) Menos que 42 dias (3) Mais que 42 dias (4) Não usou (9) Ignorado 7.6 Idade no ato da realização do exame virológico 7.7 .a Dados laboratoriais da criança a(carga viral-DNA) (1) Detectável (2) Indetectável (3) Inconclusivo (4) Não realizado (9) Ignorado ( ) 1º teste DNA ___/___/_____ ( ) ( ) 2º teste DNA ___/___/_____ ( ) 139 ( ) 3º teste DNA ___/___/_____ 7.7.b Sorológico (1) Reagente (2) Não reagente (3) Não realizou (4) Não se aplica ( (9) Ignorado (5) reagente, porém antes dos 18 meses ( ) 1º teste elisa ___/___/_____ ( ) 2º teste ___/___/_____ ( ) 3º teste ___/___/_____ (1) Exames virológicos (2) Exames sorológicos 7.8 Idade no diagnóstico virológico 7.9 Idade no diagnóstico sorológico 7.10 Critérios de confirmação (3) Ambos (4) não tem confirmação (9) ignorado 7.11 Evolução do caso (1) Infectada (2) Não infectada (3) Perda de seguimento no ambulatório (4) Caso em andamento (5) Transferência para outro município e/ou Estado (6) Óbito por HIV/aids (7) Óbito por outras causas (8) perda de seguimento após busca ativa do projeto (9) ignorado 7.11.a Caso óbito DO n. causa morte:..... 7.12 Situação atual (1) Alta (2) Alta em aberto (3) Em tratamento (9) ignorado VIII- APENAS PARA CASOS COM DIAGNÓSTICO DEFINIDO PARA HIV OU AIDS 7.13 Data do diagnóstico da aids 7.14 Tempo em meses até confirmação de aids ( ) Não se aplica ) 140 7.15 Sintomático para aids (1) Sim (2) Não Descrever:___________________________________________ __________________________________________ 7.16 Classificação da criança com HIV/aids (1)N (2) A (3) B (4) C 7.17 Tempo até início dos sintomas (do HIV p/ aids) 7.18 Óbito (1) Sim (2) Não (9) Ignorado Data do óbito:___/____/_______ Diagnóstico do óbito:__________________________________________ Causa morte: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 7. 19 Abandono de tratamento (1) Sim (2) Não 7.20 Data da última consulta ___/___/____ 7.21 Meses de acompanhamento até a última consulta 7.22 Tratamento atual da criança (1) Não. Por ausência de infecção (2) Não. Apesar de infectado - carga viral indetectável (3) Não. Por abandono (4) Terapia antiretroviral com duas drogas (5) Terapia antiretroviral com três drogas (6) Outros________________ 7.23 Notificação no SINAN (1) Aids em menores de 13 anos (3) Aids com óbito (2) Crianças expostas ao HIV (4) Outros (5) Aids em maiores que 13 anos (6) não foi notificado (7) Não se aplica (9) ignorado 141 7.24 Já foi internada antes? 7.25 Se sim, qual a data e o motivo da internação atual? 7.26 Se sim, quantas vezes e quais as causas? (1) Sim (2) Não ___/____/_____ ___________________________________________ ___/____/_____ ___________________________________________ ___/____/_____ ___________________________________________ ___________________________________________ ___/____/_____ 7.27 Estado nutricional Peso:__________ Altura:___________ 142 APÊNDICE C- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está convidado a participar um estudo sobre crianças que foram expostas ao HIV por meio de suas mães, para conhecer a situação de saúde, resultados do exame para HIV e acompanhamento no centro de referência. Como devem saber, já é rotina que toda crianças nascida de mãe soropositiva para HIV dever realizar seu seguimento no centro de referência em DST/Aids localizado na cidade de Aracaju, para realização de exames, recebimento de leite, consultas e outras ações de saúde. Este trabalho não possui fins lucrativos e todas as informações serão confidenciais de modo que os nomes da senhora ou de seu filho não aparecerão em nenhum relatório ou artigo. Lembramos que não terá intervenção com a criança, e a responsável apenas fornecerá informações sobre o seguimento da criança e resultado de seus exames laboratoriais. Informamos que a qualquer momento pode desistir e retirar seu consentimento sem qualquer prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a universidade. Os contatos com as pesquisadoras estarão no Centro de referência em DST/Aids e neste instrumento para esclarecimentos. Desde já agradecemos a sua colaboração voluntária. ________________________________________ __________________________________________ Nome: LÍGIA MARA DOLCE DE LEMOS (pesquisadora) Nome: Dr. RICARDO QUEIROZ GURGEL (Orientador) Endereço completo: Universidade Federal de Sergipe Rua Cláudio Batista s/n, bairro Sanatório Núcleo de pós-graduação da UFS Telefone: 79-2105-1812 Fone: 21051787 O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar. ____________________________________________________________ Sujeito da pesquisa * (caso seja maior que 18 anos) Declaro que sou responsável legal da criança___________________________________________________ e concordo na participação da mesma na pesquisa. ______________________________________________ Responsável legal da Criança Aracaju, _____ de _______________ de 200_ 143 APÊNDICE D- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA 144 APÊNDICE E- APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS EM CONGRESSOS 1- Congresso de pediatria no Rio de Janeiro 2012 145 2- Congresso da sociedade brasileira de DST/AIDS em Curitiba Prezado(a) Sr(a). LIGIA MARA DOLCE DE LEMOS Temos a satisfação de comunicar a APROVAÇÃO de seu Trabalho Científico para o VIII Congresso da Sociedade Brasileira de DST, a se realizar no período de 18 a 21 de maio de 2011 no Estação Convention Center, em Curitiba-PR. Seu trabalho foi selecionado pela Comissão Científica para Pôster, conforme orientação abaixo: Título do resumo: PORTADORES DE HIV/AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA QUANTO AO USO DOS ANTI-RETROVIRAIS Autores: LIGIA MARA DOLCE DE LEMOS (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; RENATA SANTOS SILVA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; THAISA RAQUEL MENEZES (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; ALESSANDRO HENRIQUE DA SILVA SANTOS (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; FLÁVIA JANÓLIO COSTACURTA PINTO DA SILVA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; EDUARDO DE LEMOS SILVA (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) Código: P-437 Área: Assistência Data: 21 de maio Comissão Organizadora / Comissão Científica VIII Congresso da Sociedade Brasileira de DST 146 3- Trabalho apresentado no IX Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, do II Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais, do VI Fórum Latinoamericano e do Caribe em HIV/Aids e DST e do V Fórum Comunitário realizado na cidade de São Paulo em agosto de 2012 147 4- Apresentação de trabalho modalidade oral e poster no IX Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis e V Congresso Brasileiro de AIDS, em Salvador-BA, agosto de 2013 148 149 Anexos 150 ANEXO I- CLASSIFICAÇÃO DA CRIANÇA COM AIDS (CDC) A classificação da infecção pelo HIV utiliza sistema alfa numérico, baseando-se em parâmetros clínicos e imunológicos, respectivamente, propostos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), em 1994, conforme os quadros abaixo. Esta classificação foi adaptada a realidade brasileira, incluindo a tuberculose pulmonar como um critério para a categoria clínica B, devido as suas características epidemiológicas (conforme o manual “Critérios de Definição de Casos de Aids em Adultos e Crianças”). Quadro A. Classificação da infecção pelo HIV em crianças e adolescentes menores de 13 anos Alteração imunológica - Ausente (1) N1 Ausência de sinais e/ou sintomas clínicos A1 Sinais e/ou sintomas clínicos leves B1 Sinais e/ou sintomas clínicos moderados C1 Sinais e/ou sintomas clínicos graves Alteração imunológica - Moderada (2) N2 Ausência de sinais e/ou sintomas clínicos A2 Sinais e/ou sintomas clínicos leves B2 Sinais e/ou sintomas clínicos moderados C2 Sinais e/ou sintomas clínicos graves Alteração imunológica - Grave (3) N3 Ausência de sinais e/ou sintomas clínicos A3 Sinais e/ou sintomas clínicos leves B3 Sinais e/ou sintomas clínicos moderados C3 Sinais e/ou sintomas clínicos graves 151 ANEXO II: ESTÁGIOS CLÍNICOS DE HIV/AIDS REVISADOS DA OMS PARA LACTENTES E CRIANÇAS COM INFECÇÃO ESTABELECIDA PELO HIV (WHO, 2006) INFECÇÃO PRIMÁRIA PELO HIV - Assintomática - Síndrome viral aguda ESTÁGIO CLÍNICO 1: ASSINTOMÁTICO - Assintomático - Linfadenopatia generalizada persistente ESTÁGIO CLÍNICO 2: DOENÇA CLÍNICA LEVE - Hepatoesplenomegalia persistente sem outra etiologia - Erupções papulares pruriginosas - Verrugas planas extensas - Molusco contagioso extenso - Ulcerações orais recorrentes - Aumento de parótida persistente sem outra etiologia - Eritema gengival linear - Herpes zoster - Infecções do trato respiratório alto crônicas ou recorrentes* - Infecções fúngicas ungueais ESTÁGIO CLÍNICO 3: DOENÇA CLÍNICA AVANÇADA - Desnutrição moderada sem resposta adequada a tratamento padronizado - Diarréia persistente sem outra etiologia definida (14 dias ou mais) - Febre persistente sem outra causa (> 37,5°C, por mais de um mês) - Candidíase oral persistente (após as primeiras 6-8 semanas de vida) - Leucoplasia pilosa oral - Gengivite/periodontite ulcerativa necrosante aguda - Tuberculose ganglionar - Tuberculose pulmonar - Pneumonias bacterianas graves recorrentes (diagnóstico presuntivo) - Pneumonia intersticial linfocítica (LIP) sintomática - Doença pulmonar crônica associada ao HIV, incluindo bronquiectasia - Anemia (Hb<8g/dl), neutropenia (<500/mm3 ) ou trombocitopenia crônica (<50.000/ mm3) sem outra etiologia - Miocardiopatia ou nefropatia associadas ao HIV ESTÁGIO CLÍNICO 4: DOENÇA CLÍNICA GRAVE - Desnutrição grave sem resposta à terapia padronizada - Pneumonia por Pneumocystis - Infecções bacterianas graves recorrentes** - Infecção crônica pelo herpes simples (orolabial ou cutânea, com mais de um mês de duração, ou visceral em qualquer sítio) * otite média, otorréia, sinusite e amigdalite ** empiema, piomiosite, osteomielite ou artrite, meningite, mas excluindo pneumonia Fonte: World Health Organization. Antiretroviral treatment of HIV infection in infants and children in resource-limited settings: towards universal access. Recomendations for a public health approach; revision. Geneva, Switzerland, 2006. 152 ANEXO III- ALGORITMO PARA UTILIZACAO DE TESTES PARA A QUALIFICACAO DE RNA VIRAL - CARGA VIRAL PELO HIV EM CRIANCAS COM IDADE ENTRE 1 E 18 MESES Detectável 2 Criança que chega ao atendimento com idade de 1 a 18 m (1o TestE) amostra 3 (2o Teste) Abaixo do limite de detecção 1 Repetir após 2 meses (3o Teste) Criança provavelmente não-infectada