ARCABOUÇO ESTRUTURAL DO SISTEMA DE GRÁBENS GURUPI, MARGEM ATLÂNTICA EQUATORIAL DO BRASIL Adilson Viana Soares Júnior1, João Revelino Caldas de Almeida2, Osmar Guedes da Silva Júnior3, Fabio Braz Machado1, Iata Anderson de Souza4 1 Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Ciências Exatas e da Terra. Rua Antônio Doll de Moraes, 105. CEP: 09920-540 - Diadema - São Paulo – Brasil. e-mail: [email protected] 2 Universidade Federal do Oeste do Pará. Campus Rondon. Programa de Geografia. Av. Marechal Rondon, SN. Santarém – Pará – Brasil. 3 Universidade Federal do Pará. Instituto de Geociências. Faculdade de Geologia. Av. Augusto Correa, SN. Belém – Pará – Brasil. 4 Departamento de Petrologia e Metalogenia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista. Avenida 24-A, 1515. Rio Claro - São Paulo – Brasil. INTRODUÇÃO O Sistema de Grábens Gurupi, definido por Azevedo (1991), se estende por mais de 500 km ao longo da Margem Atlântica Equatorial e compreende as Bacias de Bragança-Viseu, São Luís e Ilha Nova (Figura 1). Figura 01: Mapa de localização do Sistema de Grábens Gurupi. O preenchimento sedimentar das bacias do Sistema de Grábens Gurupi é constituído por unidades litoestratigráficas do depositadas a partir do Eocretáceo (Aptiano), pertencentes às formações Bragança, Grajaú, Codó e Itapecuru e grupos Caju e Humberto de Campos, e do Neogeno representado pela Formação Pirabas e pelo Grupo Barreiras, existindo um período sem registros litológicos entre o Neocretáceo (Santoniano) e Mioceno (Serravaliano) (Zalán, 2007). ARCABOUÇO ESTRUTURAL Bacia de Bragança-Viseu A Bacia de Bragança-Viseu é limitada a norte pelo Alto de Tromaí, a sul pelo Alto do Guamá, a oeste pelo Alto de Tracuateua e a leste pelo Arco de Gurupi, que a separa da Bacia de São Luís. Possui direção NW-SE e é formada por três grábens: o Baixo de Caeté, localizado próximo à borda norte, o Baixo de Piriá, próximo ao limite sul e o baixo de Tentugal situado a noroeste. Os baixos de Caeté e Piriá são separados por uma descontinuidade de direção NE-SW, interpretada como uma feição de transferência, ativa durante as fases de formação da bacia (Azevedo, 1991; Lima e Aranha, 1993). O baixo de Tentugal é separado dos demais por um alto, cuja parte aflorante corresponde aos granitóides da região do Município de Tracuateua-PA (Figura 2). As falhas normais da Bacia de Bragança-Viseu possuem direção NW-SE nas bordas e direções variando de NW-SE, E-W e NNW-SSE dentro dos grábens. As falhas normais da borda sudoeste definem um sistema imbricado de falhas normais lístricas inclinadas para NE. A borda nordeste é caracterizada por falhas normais em escada, fortemente inclinadas para sudoeste. (Aranha et al., 1992). As falhas normais internas da bacia às vezes possuem aspecto sinuoso, cortadas em sua maioria por falhas transcorrentes de direção NE-SW. O Baixo de Piriá é formado por três depocentros principais: o primeiro a sul, o segundo na parte central e o terceiro na porção nordeste. O primeiro é separado do segundo por um alto de direção WNW-ESE e o segundo é separado do terceiro por outro alto de direção NW-SE, oblíquo às falhas da borda norte. Os três depocentros formam um baixo fracamente assimétrico para SW. O Baixo de Caeté é fortemente assimétrico e possui apenas um depocentro, junto às falhas da borda norte. O Baixo de Tentugal é um pequeno depocentro, descrito apenas no trabalho de Lima e Aranha (1993), junto às falhas da borda sul, no extremo oeste da bacia. Bacia de São Luís A Bacia de São Luís é um gráben limitado por falhas normais, posicionado na porção central do Sistema de Grábens Gurupi e se estende na direção E-W. Os limites laterais são: a oeste o Arco de Gurupi, que a separa da Bacia de Bragança-Viseu; e a leste o Arco de Curupu, que a separa da Bacia de Ilha Nova (Cerqueira e Marques, 1985). Ao norte, o limite é uma zona de flexura caracterizada por blocos falhados (Asmus e Guazelli, 1981), que representa a transição para a Plataforma de Ilha de Santana. O limite sul é o Arco Ferrer-Urbano Santos, que a separa da Bacia de Grajaú. A Bacia de São Luís é constituída de altos e baixos estruturais confinados por falhas normais de direções WNW-ESE e NW-SE e falhas transcorrentes de direção NE-SW e regiões de plataforma em que Lima e Aranha (1993) individualizaram a sub-bacia de Maracaçumé, na região noroeste, a sub-bacia de Bacuri, na região nordeste e e sub-bacia de Bequimão, a sudeste. Outras feições estruturais importantes são o Alto do Rio Paraná e as falhas de Paracaí e Turiaçu (Batista, 1992). As falhas normais podem alcançar rejeitos verticais da ordem de 2.000 m (Mesner e Wooldridge, 1964). A borda sudoeste é formada por um sistema imbricado de falhas lístricas que mergulham para nordeste e um sistema imbricado antitético do lado nordeste, mergulhando para sudoeste. Estes sistemas são cortados perpendicularmente por falhas transcorrentes NW-SE (Aranha et al., 1992). Figura 02: Arcabouço Estrutural do Sistema de Grábens Gurupi . A sub-bacia de Maracaçumé é composta pelos baixos de Maracaçumé e Turiaçu a sul, e o de Santa Helena a norte, separados pelo Alto do Rio Paraná na região central. Essas feições encontram-se articuladas por falhas de direção NW-SE, cortadas por feições de direção N30E, que Lima e Aranha (1993) interpretaram como elementos de transferência, devido a taxas diferenciadas de estiramento durante a formação dos riftes. Há ainda estruturas de direção E-W que contribuiram como modificadores transpressionais, responsáveis pelo modelamento estrutural pós-deposicional da sub-bacia. A sub-bacia de Bacuri foi individualizada por Lima e Aranha (1993) através de uma expressiva anomalia gravimétrica entre as plataformas de Jerusalém, a sul e Plataforma de Ilha de Santana a norte e, de acordo com o mapa Bouguer, a região de borda da Plataforma de Ilha de Santana é caracterizada por falhas de rejeito vertical significativo. A sub-bacia de Bequimão apresenta a forma de uma extensa calha de direção E-W, onde ficou aprisionada a seção mais significativa da Formação Bequimão. Para sul, esta sub-bacia constitui-se de um alto flexural, em direção à Bacia de Grajaú, sob a forma de uma plataforma rasa pouco estruturada, onde predominam falhas normais de pequeno rejeito. Uma tectônica transcorrente foi ativa no Neocretáceo e formou estruturas como flores positivas ou negativas e estruturas en-échelon, que indicam uma forte influência de componentes transpressivos dextrais durante a fase de evolução da sub-bacia (Lima e Aranha, 1993). Bacia de Ilha Nova A Bacia de Ilha Nova divide-se em dois meio-grábens (leste e oeste) separados por uma falha de transferência, ambos com depocentro junto às falhas do borda norte. No meio-gráben oeste, as principais feições estruturais são falhas antitéticas nas bordas sul e norte. A sul desenvolve-se um roll-over condicionado pelo Alto de Curupú e a norte ocorrem inversões associadas a degraus da Plataforma de Ilha de Santana. No meio-gráben leste ocorrem falhas antitéticas apenas na borda norte (Lima e Aranha, 1993). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, L.G.F.; LIMA, H.P.; SOUZA, J M.P.; MAKINO, R.K.; FIGUEIRAS, A.J.M. Origem e evolução das bacias de Bragança-Viseu, São Luís e Ilha Nova. In: Raja Gabaglia, G.P. & Milani, E.J. (Eds.), Origem e evolução de bacias sedimentares. Rio de Janeiro, Petrobras, p. 221-233, 1992. ASMUS, H.E. Geologia da margem continental brasileira. In: Schobbenhaus, C.; Campos, D.A.; Derze, G.R.; Asmus, H.E. (Eds.), Geologia do Brasil. Texto explicativo do mapa geológico do Brasil e da área oceânica adjacente incluindo depósitos minerais. Brasília, DNPM, 1984. AZEVEDO, R.P. Tectonic evolution of Brazilian equatorial continental margin basins. Londres, 1991. Tese (PhD) – Imperial College. BATISTA, A.M. Caracterização paleoambiental dos sedimentos Codó-Grajaú, Bacia de São Luís (MA). Belém, 1992. Dissertação (Mestrado) – Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará. CERQUEIRA, J.R. & MARQUES, L.F.S.P. Avaliação geoquímica da Bacia de São Luís. Boletim Técnico da Petrobras, v. 28, p. 151-158, 1985. IGREJA, H.L.S. Aspectos tectono-sedimentares do Fanerozóico do nordeste do Estado do Pará e noroeste do Maranhão, Brasil. Belém, 1992. Tese (Doutorado) – Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará. LIMA, H.P. & ARANHA, L.G.F. Bacias de Bragança-Viseu, São Luís e Gráben Ilha Nova: análise integrada, perspectivas e direcionamento exploratório. Belém: Petrobras, 87 p., 1993. MESNER, J.C. & WOOLDRIDGE, L.C.P. The Maranhão study revision. Belém: Petrobras, 205 p., 1962. REZENDE, W.N. & PAMPLONA, H.R.P. Estudo do desenvolvimento do Arco Ferrer-Urbano-Santos. Boletim Técnico da Petrobrás, v. 13, p. 5-14, 1970. SOARES, A.V. Paleogeografia e evolução da paisagem do nordeste do Estado do Pará e Noroeste do Maranhão – Cretáceo ao Holoceno. Belém, 2002. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará. Zalán, P. V. Bacias de Bragança-Viseu, São Luís e Ilha Nova. Boletim de Geociiências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 341-345, maio/nov. 2007