Desempenho de Linhagens de Feijoeiro Preto sob

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA
Daniel Rocha Nogueira
DESEMPENHO DE LINHAGENS DE FEIJOEIRO
PRETO SOB CONDIÇÕES DE ESTRESSE BIÓTICO E
ABIOTICO NA REGIÃO DE SETE LAGOAS
Sete Lagoas
2016
Daniel Rocha Nogueira
DESEMPENHO DE LINHAGENS DE FEIJOEIRO
PRETO SOB CONDIÇÕES DE ESTRESSE BIÓTICO E
ABIOTICO NA REGIÃO DE SETE LAGOAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Engenharia Agronômica da
Universidade Federal de São João del-Rei
como requisito parcial para obtenção do título
de Engenheiro Agronômo.
Orientador: Profa. Dra. Nádia Nardely
Durães Parrela
Co-orientador: Prof Dr. Amilton Ferreira
da
Silva
Sete Lagoas
2016
Daniel Rocha Nogueira
DESEMPENHO DE LINHAGENS DE FEIJOEIRO
PRETO SOB CONDIÇÕES DE ESTRESSE BIÓTICO E
ABIOTICO NA REGIÃO DE SETE LAGOAS
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Engenharia
Agronômica da Universidade Federal
de São João del-Rei como requisito
parcial para obtenção do título de
Engenheiro Agronômo.
___________________________________________________
Camila Calsavara – UFSJ– Mestranda
_______________________________________________
Prof. Dr. Amilton Ferreira da Silva–
UFSJ-Co-orientador
___________________________________________________
Profa. Dra. Nádia Nardely L. D. Parrella – UFSJ –
Orientadora
Sete Lagoas, 2016.
AGRADECIMENTOS
Para aqueles que de alguma forma contribuíram com este trabalho, só tenho que
agradecer. Especialmente agradeço a Deus pelas oportunidades, à minha Mãe e meu Pai
por me guiarem até aqui, aos meus irmãos, Alessandra e Filipe, e à Ana por me
auxiliarem sempre que preciso. Gratidão ao Flávio e a Camila, que assim como neste
trabalho, sempre me auxiliaram durante o período de passagem pela UFSJ.
Agradeço à minha orientadora Profa. Dra. Nádia pela oportunidade e orientação
neste trabalho, por estar sempre disponível e disposta a ajudar em todos os momentos da
minha graduação, e ao co-orientador Prof. Dr. Amilton, que apesar de pouco tempo de
convívio, dividiu conhecimento e esteve aberto a participar deste trabalho.
”Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de
ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única
maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.”
Steve Jobs
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho e comportamento de linhagens de
feijão preto em cultivo em Sete Lagoas/MG. Para isso foram avaliadas em ensaio 12
linhagens provenientes de programa de Melhoramento de Instituições de Pesquisa. O
experimento foi conduzido na Universidade Federal de São João Del-rei, em Sete
Lagoas, Minas Gerais, na safra das "águas" de 2015. Utilizou se delineamento em
blocos ao acaso com três repetições, sendo a parcela composta por 2 linhas de 4 metros
espaçadas 0,5m entre si. Não foi realizado controle de doenças, pragas, e plantas
daninhas. No experimento foi avaliado a produtividade de grãos das linhagens. Próximo
à colheita foi realizado um levantamento de plantas daninhas. Procedeu-se a análise de
variância, com efeito significativo as médias que foram agrupadas pelo teste de ScottKnott a 5% de probabilidade. Todas as linhagens tiveram produtividade reduzida,
próximo ou abaixo 500kg/ha, as linhagens que se destacaram foram as linhagens 11, 1 e
2 com 432,85, 450,32, 500,8kg/ha respectivamente. Foram levantadas 14 espécies de
plantas daninhas na área, sendo a Commelina benghalensis e Cyperus rotundus as
espécies mais frequentes. Considerando as condições do cultivo pode se inferir que a
baixa produção das linhagens pode ter sido afetada pelo convívio com plantas daninhas
e falta de demais tratos culturais.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, linhagens, produtividade, feijão preto, plantas
daninhas, fitossociologia
ABSTRACT
This Project main propose it is to avaliate the performance and behavior of black beans
lineaje being gown in Sete Lagoas/MG. to fullfil these propose, 12 lineajes from
Improvement program of Research Institutions were avaluated. The experiment took
place in São João Del-rei Federal University, in Sete Lagoas, Minas Gerais, during the
harvest, so called “water harvest”, of 2015. For the conduction of the experiment it were
applied delimitation in randomized blocks with three replications, the portion was
composed of 2 lines of 4 meters spaced 0.5m in between. The diseases, pests and weeds
control did not took place during the experiment. The research avaluated the yield of the
grains of the lineage. Near to the harvest the weed present was indentyfied, counted.
Was proceeded to the analysis of variante, with significant effect averages that were
grouped by the Scott- Knott test at 5 % probability. All strains had reduced productivity
near or below 500kg /ha, the lines that stood out were the lines 11, 1 and 2 with 432,85,
450,32, 500,8kg /ha respectively. They were raised 14 weed species in the área, and the
Commelina benghalensis and nut grass the most frequent species. Considering the
growing conditions it can be inferred that the low production of the lines may have been
affected by living with weeds and lack of other cultural practices.
Tags: Phaseolus vulgaris, lineage, productivity, black bean, weed, fitossociology
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Plantas Daninhas no ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Análise química do solo do ensaio no ano de 2015. Sete Lagoas-MG,
2016. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 9
TABELA 2 – Dados médios de temperaturas (mínima, máxima e média), umidade
relativa do ar e precipitação durante o período experimental no ano de 2015. Sete
Lagoas-MG, 2016. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . 10
TABELA 3 – Resumo das análises de variância conjuntas referentes à avaliação de
linhagens de feijoeiro preto. Sete Lagoas-MG, 2016. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...12
TABELA 4 - Médias de produtividade de grãos (kg/ha) entre as linhagens de feijão
preto, Sete Lagoas-MG, 2016.. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
TABELA 5 – Plantas daninhas e tigüeras componentes da comunidade infestante da
área
experimental, Sete Lagoas-MG, 2016... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .14
TABELA 6 - Parametros fitossociológicos da área experimental, Sete Lagoas/MG,
2016.......... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... . . . .. . . . . . . . . .. . . . . ... . .. . .. . .. 15
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
SNPC Serviço Nacional de Proteção de Cultivares
UFV Universidade Federal de Viçosa
UFLA Universidade Federal de Lavras
VCU Valor de Cultivo e Uso
CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3
2.1 A cultura do feijoeiro-comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ……….. . . . . . . . . .3
2.2 Melhoramento de feijão preto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ……..... . . . . . ... . 5
2.3 Ensaio de Valor de Cultivo e Uso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . …… ..... . .. . . . .. 6
2.4 Plantas daninhas na cultura do feijoeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
3.1 Instalação do ensaio: preparo do solo, semeadura e adubação. . . … … …. ... . . . . .9
3.2 Delineamento experimental e estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ……... . . . . . .. .10
3.3 Avaliação da comunidade Fitossociologica . . . . . . . . . . . . . . . . . ………. . . . . . . 10
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 11
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1. INTRODUÇÃO
O feijoeiro é uma importante planta cultivada no Brasil e no mundo, tem sua
origem no continente americano, foi domesticada nos Andes e Mesoamérica. O feijoeiro
comum (Phaseolus vulgaris) é o mais cultivado do gênero Phaseolus, presente nos
cultivos em 117 países (FAO, 2010). É uma planta leguminosa, de ciclo curto sendo 60 a
110 dias, constituindo uma importante alternativa tanto para sistemas agrícolas intensivos
como sistemas consorciados e de subsistência (ADAIR, 2003).
Os maiores consumidores de feijão do mundo, em ordem decrescente são o
continente americano, asiático e africano (FAO, 2010), o que está ligado com suas ótimas
propriedades nutricionais, sendo ótima fonte de carboidratos, vitaminas, ferro, proteínas
a preços competitivos, sendo por isso um importante alimento na dieta de países tropicais
e subtropicais em desenvolvimento, e subdesenvolvidos (VIEIRA; JUNIOR; BOREM,
2013). O Brasil é o maior produtor do grão (CONAB 2015) e também o maior consumidor
do produto (BARBOSA; GONZAGA, 2012). A produção interna não supre a demanda
nacional, sendo o país um importador do grão.
O cultivo ainda atinge produtividade média baixa, cerca de 1050 kg/ha (CONAB,
2015), parte pode ser explicada pela grande gama de variações ambientais na qual é
submetido, sendo cultivado em todos estados brasileiros sob diversos níveis de tecnologia
(PEREIRA et al., 2009). É também uma cultura muito utilizada na agricultura familiar, o
que evidencia sua importância socioeconômica, gerando emprego para milhares de
pessoas na sua cadeia de produção (BARBOSA; GONZAGA, 2012).
Minas Gerais é o segundo maior produtor do grão do país, ficando atrás apenas
do Paraná (CONAB, 2015). A tendência tem mostrado que a área de cultivo de feijão tem
diminuído, entretanto sua produtividade é cada vez maior, sendo 58% maior no ano de
2009 em relação a 1990 (VIEIRA; PAULO JUNIOR; BOREM, 2013) graças ao trabalho
de instituições de ensino e pesquisa como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), Empresa de pesquisa agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG),
Universidade Federal de Lavras (UFLA) Universidade Federal de Viçosa (UFV).
No Brasil são consumidos diversos tipos de grãos de feijão como feijão jalo, roxo,
mulatinho, carioca, carioquinha, enxofre, rosa, vermelho, caupi, entre outros, sendo que
cada região do país tem sua preferência. O feijão carioca é o mais consumido com 53%
da área cultivada, em segundo lugar vem o feijão-preto (ADAIR, 2003). Pela
1
importância que têm o feijão-preto, pesquisadores da área tem buscado novas cultivares
com características superiores, assim como tem sido feito com o feijão carioca, almejando
plantas com mais facilidade na mecanização, resistência a patógenos, estabilidade em
diversos ambientes e aceitação pelo mercado consumidor.
Por ser uma planta notadamente sensível às doenças, há uma incessante busca de
cultivares tolerantes e resistentes às doenças mais comuns, como antracnose, mosaicos,
mancha-angular, fusariose. Entretanto há grandes dificuldades já que esses patógenos
possuem diversas raças, que variam de região para região de cultivo. Outra dificuldade
para os melhoristas é que o feijão é cultivado em todo território Brasileiro sofrendo
variações de uma vasta gama de condições edafo-climáticas como heterogeneidade de
solos, temperatura, pluviosidade, e umidade, o que dificulta o melhoramento, já que além
de produtividade, as cultivares devem possuir estabilidade, adaptabilidade ao cultivo
mecânico e consorciado e aumento de produtividade e resistência a pragas e patógenos.
Do ano de 1990 até 2009 o país aumentou sua produção em 58%, graças ao aumento da
produtividade em 78% creditado ao melhoramento genético (BARBOSA; GONZAGA,
2012). A produtividade da cultura do feijão pode ser reduzida pela interferência das
plantas daninhas de 15 a 97%, de acordo com a cultivar, época de semeadura, composição
e densidade das espécies infestantes (LUNKES, 1997).
Após obtenção de linhagens com as características desejáveis é feita uma
avaliação final das mesmas, em rede nacional por meio de parcerias entre instituições
realizando ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU), onde os genótipos selecionados são
submetidos às diversas condições ambientais, que permitam a avaliação de características
de interesse, além de ter fins de identificação para proteção de cultivares (CARNEIRO,
2003).
Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar linhagens promissoras de feijão tipo
preto provenientes de programa de melhoramento na região de Sete Lagoas mesmo sob
condições de competição no cultivo
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1
A cultura do feijoeiro comum
O feijoeiro é uma planta pertencente à família Leguminoseae, ordem Rosales e
gênero Phaseolus, tendo o seu centro de origem no continente americano. A planta foi
domesticada nos Andes e na Mesomérica. O seu ciclo é considerado curto sendo de 60 a
110 dias, sendo uma cultura interessante para sistemas agrícolas intensivos irrigados,
altamente tecnificados, nos quais há alta rotatividade de culturas, também pode ser
cultivado com baixa tecnologia, e na subsistência (ADAIR, 2003).
O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris) é a espécie do gênero Phaseolus mais
importante para a agricultura. O feijão constitui-se em uma das mais importantes fontes
proteicas na dieta humana em países em desenvolvimento das regiões tropicais e
subtropicais. O maior consumo desse grão ocorre nas Américas (41,7%), seguido da Ásia
(34,2%) e África (18,6%). Os países em desenvolvimento são responsáveis por 87,1% do
consumo mundial e por 89,8% da produção. A América do sul e do norte juntas
representam 38,8% da produção total de feijão. O feijoeiro comum é a espécie mais
cultivada entre as demais do gênero Phaseolus, considerando, porém, os outros gêneros
e espécies de feijoeiro, é cultivado em 117 países, com produção em torno de 25,3 milhões
de toneladas, em área de 26,9 milhões de hectares. Dentro do gênero
Phaseolus, o Brasil é o maior produtor do mundo (18,7% da produção). O Brasil também
é o maior consumidor do grão (BARBOSA; GONZAGA, 2012).
Além da sua importância econômica, possui algumas características de relevância,
como fazer parte da cultura de diversos países. É uma excelente fonte de proteínas,
carboidratos e ferro, constituindo um componente importante na segurança alimentar e
nutricional. (VIEIRA; PAULO JUNIOR; BOREM, 2013).
É um dos alimentos mais importantes na dieta de países em desenvolvimento das
regiões tropicais e subtropicais, já que apresenta bom teor de proteínas com preço mais
acessível que proteínas de fontes animais. É ainda rico em aminoácidos essenciais, sendo
um grande aliado na alimentação, com excelente valor nutritivo.
É cultivado com diversos níveis de tecnologia em todos os estados Brasileiros
submetendo a cultura a uma grande gama de variações ambientais (PEREIRA et al.,
2009). A produtividade média ainda é baixa, cerca de 1050 kg/ha(CONAB, 2015). O que
ocorre é que grande parte da produção de feijão, ainda é proveniente de agricultura de
baixa tecnologia e familiar. O feijoeiro é muitas vezes consorciado com outras
3
culturas, principalmente milho, resultando em baixas produtividades (VIEIRA; JUNIOR;
BOREM, 2013). A primeira e segunda safra possuem médias de produtividade baixa, em
contrapartida, a safra de outono-inverno é caracterizada por agricultura irrigada com alto
uso de tecnologias atingindo no ano de 2015 em Minas Gerais uma produtividade de 2600
kg/ha (CONAB, 2015).
Por ser uma cultura muito utilizada pela agricultura familiar, o feijão possui
grande importância socioeconômica, já que nesse tipo de agricultura o cultivo é menos
mecanizado, gerando emprego para milhares de pessoas (BARBOSA; GONZAGA,
2012). Segundo Abreu, (2005) a cadeia de produção, beneficiamento e comercialização
do feijão geram renda principalmente à classe menos privilegiada, sendo um produto
agrícola cada vez mais importante no âmbito econômico-social, principalmente pelo fato
da grande mão de obra demandada durante essa cadeia.
De acordo com o zoneamento agroclimático, as condições climáticas existentes
em Minas Gerais permitem que sejam realizadas três safras durante o ano. A primeira
safra é semeada em outubro-novembro, que é denominada safra das “águas”. A segunda
safra, a semeadura é realizada entre fevereiro e março, após a safra de alguma outra
cultura ou do próprio feijão. Já a terceira época de cultivo, conhecida como safra de
outono-inverno, notadamente a safra mais tecnológica, sendo indispensável o uso de
irrigação, é realizada com semeadura em abril no norte e nordeste do estado devido as
temperaturas favoráveis, diferente da terceira safra no sul do estado, que deve ser semeada
na segunda quinzena de julho, a fim de evitar as temperaturas frias do inverno (ABREU;
PELOSO, 2004).
Minas Gerais é o segundo maior produtor de feijão do país, produzindo 517,1 mil
toneladas do grão, ficando atrás somente do estado do Paraná que produziu 720 mil
toneladas do grão na safra 2014/2015. A área total cultivada no Brasil foi 3.0 milhões de
hectares, totalizando uma produção de 3,2 milhões de toneladas do grão, 7,8% menor que
a safra passada (CONAB, 2015). Do ano de 1990 a 2009 o País reduziu sua área de plantio
em 12%, em contrapartida aumentou sua produção em 58%, graças ao aumento da
produtividade média em 78%. Mesmo com essas dimensões o país não é autossuficiente
em feijão (BARBOSA; GONZAGA, 2012).
Segundo Adair, (2003) a preferência de consumo varia de região para região,
principalmente em relação à cor, ao brilho, e ao tamanho do grão. A maior parte do feijão
cultivado hoje no país é do tipo carioca, com destinação para mercado interno. O feijãopreto é o segundo tipo mais cultivado no país, ocupando em 15% da área total
4
de cultivo. É o tipo de grão mais consumido no Rio Grande do sul, Rio de Janeiro, Sul do
Espirito Santo, Santa Catarina e no sul e leste do Paraná. Em Minas Gerais, o grão
preferido dos consumidores é o do tipo carioca, ou seja, com grãos de cor creme e listras
marrons, exceto na região da zona da mata, onde o feijão tipo preto e vermelho são
preferidos. Sendo assim, a busca por novas cultivares têm se dado em cima dos tipos
carioca e preto (ABREU; PELOSO, 2004).
O feijoeiro é uma planta conhecidamente muito atacada por doenças, que causam
expressiva redução de produtividade, mas que podem ser controladas por diversas formas
de controle, entre elas, a principal medida é a utilização de cultivares resistentes sobretudo
pelo baixo custo ao produtor e pouco prejuízo ao meio ambiente (VIEIRA; PAULO
JUNIOR; BOREM, 2013)
2.2
Melhoramento de feijão-preto
De forma geral, os programas de melhoramento de plantas têm como objetivo a
obtenção de genótipos com maior potencial produtivo, características agronômicas
desejáveis, insensibilidade às variações ambientais, sendo denominada estas, de
características superiores (BERTOLDO et al., 2009).
O melhoramento de feijoeiro comum no Brasil tem como característica buscar
cultivares de produtividade alta, menos sensíveis a doenças, pragas e influências do
ambiente, como radiação, temperatura, umidade, além de características que atendam às
demandas do mercado consumidor. Ao longo dos anos essas características desejáveis
têm sido desafio dos programas de melhoramento de feijoeiro (MELO et al., 2007). No
Brasil esses programas já lançaram um total de 145 cultivares nos últimos 25 anos, sendo
74 antes da lei de proteção de cultivares (1984 a 1997) e 71 após a promulgação da lei
(1998 a 2008) (FARIA et al., 2006).
Nos programas de melhoramento de feijão, a arquitetura da planta e resistência a
patógenos são características que ficam em destaque. O ideótipo de planta de feijoeiro, é
uma planta de hábito de crescimento determinado bem ereta com bastante nós e entre nós
curtos, caule grosso e vigoroso com numerosas axilas e floração abundante, vagens
grandes e com muitas sementes (BOREM; MIRANDA, 2013). Estas são características
fenotípicas que garantem o aumento da produtividade do feijão, além de facilitar seu
cultivo. Segundo Melo et al., (2007) o processo incessante de melhoramento e busca por
essas características no feijoeiro, culminou no lançamento de centenas de cultivares
evoluídas em relação às características da planta como porte, resistência à doenças, tipo
5
comercial do grão somada às altas produtividades.
O estudo da interação planta invasora com a cultura alvo foi objeto de estudo por
muitos anos, testando diferentes plantas daninhas e culturas, em diferentes safras, anos e
locais. Hoje em dia, tais estudos têm perdido importância com o advento dos transgênicos
resistentes a herbicidas de amplo espectro e ampla difusão do controle químico.
Entretanto, estudos com feijoeiro e outras plantas cultivadas por pequenos agricultores,
agricultores familiares, carecem de maior atenção, já que nesses sistemas, é raro ou difícil
o uso de agricultura mecanizada bem como uso de defensivos agrícolas, sendo de grande
importância identificar genótipos que sejam estáveis e produtivos, por exemplo, na
presença de infestação de plantas daninhas.
É possível monitorar ao longo dos anos o êxito dos programas de melhoramento
genético, por meio da obtenção de estimativas do progresso genético, sendo está uma
importante ferramenta para melhoristas e instituições de pesquisa. Faria et al. (2006) por
meio desta ferramenta avaliou o progresso genético para melhoramento de feijoeiro
comum tipo grão preto na Embrapa Arroz e Feijão observou um ganho genético de 2,4%
ao ano, o que representa um aumento de 40 kg/ha/ano.
Era esperado, que depois da lei de proteção de cultivares entrar em vigor, as
empresas privadas se interessariam pelo melhoramento genético e obtenção de novas
cultivares, entretanto isto não ocorreu, e dificilmente ocorrerá, o que implica que a
responsabilidade de obtenção de novas cultivares de feijoeiro, fique a cargo de empresas
públicas de pesquisa (VIEIRA; JUNIOR; BOREM, 2013a). Em Minas gerais, o
melhoramento do feijoeiro comum é realizado principalmente em consorcio realizado por
instituições como a Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de
Viçosa (UFV), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (ABREU; PELOSO, 2004).
2.3
Ensaio de Valor de Cultivo e Uso
Cada nova cultivar lançada, obedece uma série de normas do Serviço Nacional de
Proteção de Cultivares (SNPC) que tem como objetivo garantir o direito de propriedade
sobre novas combinações filogenéticas zelando pelo interesse nacional no campo da
proteção de cultivares.
O SNPC do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) exige
que as empresas que são obtentoras de cultivares devem registras e conduzir ensaios
anuais para fim de determinação do Valor de Cultivo e Uso (VCU), e neste incluir todas
6
as cultivares comerciais e potenciais linhagens com características de interesse do
obtentor (FREIRE et al., 2005).
A recomendação de cultivares adaptadas a cada ambiente seria uma boa maneira
de reduzir o efeito da interação genótipo ambiente, entretanto testar cada genótipo para
cada ambiente pode tornar o custo muito oneroso, sendo inviável para o produtor rural
(PEREIRA et al., 2008). Como alternativa, o que tem sido feito, é a obtenção e
recomendação de cultivares com maior estabilidade fenotípica, que são capazes de
produzir bem em diversos ambientes (PEREIRA et al., 2008).
Devido à diversidade de condições ambientais em que o cultivo é realizado é
necessário que os ensaios sejam conduzidos em diversos ambientes, em forma de
parcerias entre instituições, a fim de possibilitar uma boa estimativa da interação genótipo
ambiente, o que faz possível a estimação de estabilidade dos genótipos elite,
proporcionando à indicação segura de cultivares para respectivos locais (MELO et al.,
2007). Nesse aspecto os ensaios realizados exercem grande importância, já que eles
revelam cultivares adaptadas para diferentes locais, além de identificar cultivares que
possuem ampla adaptação, garantindo segurança na hora de recomendar cultivares,
possibilitando ganho de produtividade à nível nacional.
2.4 Plantas daninhas na cultura do feijoeiro
O termo interferência refere-se ao conjunto de pressões ambientais que recebe
uma determinada cultura agrícola em decorrência da presença das plantas infestantes no
agro ecossistema (RAMOS e PITELLI, 1994). A interferência pode ser direta
(competição pelos recursos do crescimento, alelopatia) e indireta (hospedeiras de pragas,
doenças, nematóides, parasitismo, interferência na colheita e tratos culturais), infestando
os produtos colhidos (CARVALHO e VELINI, 2001) e reduzindo a eficiência do trabalho
do homem (KLINGMAN e ASHTON, 1975).
A superioridade das plantas daninhas em competição, algumas vezes observada
no campo frente as culturas, pode ser devido à ocorrência de alta densidade dessas plantas
daninhas presentes na área, ou a vantagens competitivas frente a obtenção e
aproveitamento de outros recursos como água ou nutrientes minerais do solo (SANTOS
et al., 2003). No plantio das águas então, a ocorrência de altas temperaturas e intensa
radiação solar favorecem o desenvolvimento das gramíneas em relação ao feijoeiro,
tornando-se necessário o controle das plantas daninhas mais agressivas (WILLIAN,
1973a ).
7
Blanco et al. (1969), em estudo pioneiro sobre mato competição com o feijoeiro,
verificaram redução na produção na ordem de 23% em comparação com a testemunha
mantida no limpo o ciclo todo; nos tratamentos que controlavam as plantas daninhas nos
dez primeiros dias, houve redução de 6% na produção e nos tratamentos capinados por
20 dias ou mais houve uma estabilização na produção. Willian (1973b), em estudo sobre
competição com tiririca (Cyperus rotundus), verificou que os máximos rendimentos da
cultura foram obtidos quando a planta daninha foi eliminada por 4 a 5 semanas após o
plantio. A competição por água foi significativa nos tratamentos na presença da planta
daninha durante 7, 9 e 12, semanas apesar do crescimento da tiririca ter cessado na 5ª
semana. Verificou-se, ainda, que a produtividade da cultura foi reduzida em 50 a 80% nas
épocas das águas e das secas, respectivamente.
.
8
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1
Instalação do ensaio: preparo do solo, semeadura e adubação.
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de São João del-Rei,
campus Sete Lagoas, Sete Lagoas/MG (latitude 18o28’68.38”S e longitude 19o12’20”, e
altitude de 760 metros) durante o cultivo de feijão das “águas” no período de dezembro a
março. Foram utilizadas 12 linhagens experimentais de feijão com tegumento preto.
O clima da cidade de Sete Lagoas é classificado como Aw segundo Koppen com
verão chuvoso e úmido e inverno seco e frio, com uma precipitação média anual de 1335
mm. Não foi utilizada irrigação suplementar. Os dados da pluviosidade, temperatura,
umidade relativa do ar durante o cultivo foram obtidos de dados coletados pelo Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET) e estão apresentados na Tabela 2.
O preparo do solo foi efetuado por duas operações de gradagens. A adubação de
plantio foi feita de acordo com o recomendado para a cultura na região observando a
análise de solo(Tabela 1), sendo 150 kg/ha de adubo formulado 08-28-16 misturado à
20kg/ha de uréia colocada ao fundo dos sulcos de semeadura e posteriormente cobertas
com uma camada de solo. O plantio ocorreu de forma manual, no dia 15/12/2015, com
uma densidade de 15 sementes por metro linear, perfazendo uma população de 250 mil
plantas por hectare. Não foi feito o controle de plantas daninhas, insetos praga, e doenças.
Tabela 1. Análise química do solo do ensaio no ano de 2015. Sete Lagoas-MG, 2016.
Parametros
Unidades
Resultado
pH em CaCl2
6
M.O
dag/kg
4,4
C Organico
%
2,6
P
mg/dm³
17,6
K
mg/dm³
179
S
mg/dm³
4
Ca
cmolc/dm³
8,6
Mg
cmolc/dm³
1,4
Al
cmolc/dm³
0
CTCT
cmolc/dm³
14,1
B
mg/dm³
0,3
Zn
mg/dm³
4,6
Fe
mg/dm³
59,8
Mn
mg/dm³
85,2
Cu
mg/dm³
1,2
9
Tabela 2. Dados médios de temperaturas (mínima, máxima e média), umidade
relativa do ar e precipitação durante o período experimental nos anos de
2015-2016. Sete Lagoas-MG, 2016.
Tmax(oC)
Mês
Tmínima(oC) Tmédia(oC) UR(%)
Precipitação
pluvial(mm)
Dezembro
31,6
18
23,6
69,9
215,8
Janeiro
33,1
19,4
24,8
61,2
364,5
Fevereiro
30,1
18,8
23,5
72,8
55,6
Março
30,5
18,4
23,5
73,8
109,4
Fonte:INMET
A colheita foi realizada dia 15 de março (91 dias após a semeadura), realizada
manualmente, sendo aproveitada as 2 linhas de 4 metros de cada parcela. O ensaio foi
colhido quando os grãos de feijoeiro atingiram maturidade fisiológica. A matéria vegetal
de cada parcela foi deixada ao sol secando até atingirem umidade próxima a 13% sendo
posteriormente pesadas em balança de precisão de 0,001g para posterior correção da
umidade e obtenção de dados extrapolados para hectare.
3.2
Delineamento experimental e estatística
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições.
As parcelas experimentais foram constituídas de duas linhas de quatro metros de
comprimento sendo espaçadas 0,5 metro entre linhas, constituindo 4 metros quadrados de
área útil por parcela. A colheita e a trilhagem foram realizadas de forma manual, sendo as
plantas colhidas na maturidade fisiológica dos grãos, posteriormente deixados ao sol até
atingir umidade próxima a 13%.
A característica avaliada nas linhagens de feijão foi produtividade de grãos com
13% de umidade em kg/ha. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e
quando os efeitos forem significativos as médias foram agrupadas pelo teste Scott-Knott a
5% de probabilidade.
3.3
Avaliação da comunidade Fitossociológica
Próximo à data de colheita do feijão, foi realizado o levantamento da comunidade
de plantas infestantes no ensaio de VCU, de acordo com método do quadrado inventário
(BRAUN-BLANQUET, 1979). Foram realizados 15 lançamentos do quadrado (1m x 1m)
na área de 144 m quadrados do ensaio, sendo as plantas removidas, identificadas, separadas
por espécies e contadas. Foram ainda realizados cálculos de outros parâmetros
10
fitossociológicos como proposto por Mueller-Dombois & Ellenberg (1974): frequência,
densidade, abundância, frequência relativa, abundancia relativa, densidade relativa, e
importância relativa.
11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância permitiu verificar efeito significativo do genótipo para a
produtividade de grãos, em nível de 5% de probabilidade (Tabela 3). Houve diferença no
comportamento das linhagens quanto a produtividade de grãos, com média geral de
298,92 kg/ha. O coeficiente de variação experimental foi de 17,36%, o que em ensaios de
produtividade para feijoeiro, é aceitável CV de até 20%. Esse valor se aproxima a valores
obtidos para ensaios com a cultura do feijoeiro (RAMALHO; JUNIOR, 1997).
Tabela 3. Resumo das análises de variância conjuntas referentes à avaliação de
linhagens de feijoeiro preto. Sete Lagoas-MG, 2016.
FV
GL
Blocos
2
2390.312269
Genótipos
11
38439.908082 **
Erro
Total Corrigido
CV %
Média Geral
22
35
17,36
298,92
QM
NS
2.692.578.021
**: significativo a 5%, pelo teste Scott-Knott.
As linhagens 12, 10, 3, e 6 não diferiram significativamente entre si e foram as
linhagens com menores médias de produtividade no ensaio (157,02 kg/ha, 173,07 kg/ha,
191,130 kg/ha e 221,663 kg/ha respectivamente. As linhagens mais produtivas foram as
linhagens 11, 1 e 2, sendo que estas não diferiram estatisticamente apresentando médias
de 500,8, 450,32 e 432,85 kg/ha respectivamente (Tabela 4).
Tabela 4. Médias de produtividade de grãos (kg/ha) entre as linhagens de feijão
preto, Sete Lagoas-MG, 2016.
Médias
Tratamentos
kg/ha
12
157,020 a
10
173,070 a
3
191,130 a
6
221,663 a
4
247,310 b
8
275,370 b
5
293,730 b
9
294,880 b
7
348,860 c
2
432,850 d
1
450,326 d
500,830 d
11
Médias seguidas por uma mesma letra, na coluna, pertencem ao um mesmo grupo, pelo critério
de agrupamento de Scott-Knott (P<0,05).
12
Apesar de produzir praticamente 3 vezes mais que as linhagens 12, 10, 3, 6, a
produtividade ainda não foi satisfatória, já que a média nacional (1050 kg/ha) qual é
considerada baixa, (CONAB, 2015).
Salgado et al. (2007) observaram redução de 67% na produtividade do feijão
Carioca, quando se comparou a produção obtida na ausência total das plantas daninhas
com a obtida na presença delas durante todo o ciclo da cultura. Paes et al. (1999) por sua
vez, constataram reduções de 27 e 34 % na produtividade do feijoeiro (cultivares Ouro e
Ouro Negro, respectivamente). Fontes et al. (2001) aferiu redução de 73% na
produtividade.
O espaçamento e a população de plantas também podem ter influenciado na baixa
produtividade. O espaçamento mais utilizado para o feijoeiro é de 0,50 m entre linhas e
10 a 15 sementes por metro, para a maioria das cultivares. Entretanto, a variação do
espaçamento entre linha pode contribuir para a redução da interferência das plantas
daninhas sobre a cultura, proporcionando vantagens competitivas à maioria das culturas
sobre as plantas sensíveis ao sombreamento (LORENZI, 1994). Para a maioria das
cultivares de feijão, o aumento da população ocasiona reduções no rendimento de grãos
por planta, número de vagens por planta e de grãos por vagem, sendo que a massa seca
de mil sementes apresenta comportamento inverso. Resultados de experimentos
demonstram que o número de vagens por planta do feijoeiro diminui com o aumento da
população, seja pela variação do espaçamento entre linhas (BENNETT et al., 1977), das
plantas na linha (EDJE et al., 1975) ou de ambos (THOMÉ e WESTPHALEN, 1968).
O grupo com segunda maior produtividade foi o da linhagem 7, que produziu
348,86 kg/ha, sendo esta agrupada numa categoria de produtividade acima das linhagens
4, 8, 5 e 9 com produção de 247,3 kg/ha, 275,37 kg/ha, 293,73 kg/ha e 294,88 kg/ha
respectivamente, não diferindo entre si.
Quanto a comunidade infestante, durante todo o cultivo as plantas daninhas
estavam presentes, sendo que as espécies Commelina benghalensis e Ipomoea sp.
desenvolveram mais e sombreavam plantas de feijoeiro, além de competir por água, luz,
e nutrientes (Figura 2). No levantamento de plantas daninhas na área do experimento
foram encontradas 14 espécies pertencentes a 9 famílias. As famílias com maior
importância na área foram Poaceae com uma diversidade de 3 espécies, Asteraceae e
Euphorbiacea ambas com 2 espécies cada conforme a Tabela 5.
13
Figura 2 – Plantas Daninhas no ensaio. Fonte: Autor
O feijoeiro é uma planta de ciclo vegetativo muito curto, além de ser uma planta
com mecanismo C3 em sua fotossíntese, sendo então uma planta muito suscetível em
estágios iniciais à competição com plantas daninhas, sendo mais acentuada essa interação
no verão com gramíneas, reduzindo a sua produtividade além de dificultar todo o manejo
da cultura (COBUCCI; STEFANO; KLUTHCOUSKI, 1999).
Tabela 5. Plantas daninhas e tigüeras componentes da comunidade
infestante da área experimental, Sete Lagoas-MG, 2016.
Familia
Amaranthaceae
Asteraceae
Commelinaceae
Convolvulaceae
Cyperaceae
Euphorbiaceae
Lamiaceae
Solanaceae
Nome cientifico
Amaranthus sp.
Bidens sp.
Emilia fosbergii
Commenlina
benghalensis
Ipomoea sp.
Cyperus rotundus
Ricinus communis
Euphorbia heterophylla
Leonotis nepetifolia
Nicandra physalodes
Urochloa decumbens
Poaceae
Panicum maximum
Sorghum bicolor
Eleusine indica
Nome vulgar
Caruru rasteiro, caruru, bredo, caruru gigante
picão preto, picão, pico pico, fura capa
falsa-serralha, bela-emilia, pincel, serralhinha
Trapoeraba, rabo-de-cachorro, andaca, maria mole
corda-de-viola-roxa, campainha, corriola
Tiririca, capim-dandá, junça-aromática, alho
mamona, mamoneira, carrapateiro
leiteira, amendoin-bravo, café do diabo
cordão de frade, corindiba
Joá-de-capote, quintilho, bexiga balão
Braquiária,braquiarinha
capim-colonião, capim-coloninho, capim-guaçú,
sorgo
capim-pé-de-galinha, pé-de-galinha
As espécies invasoras que apareceram com maior densidade e abundância na área do
ensaio foram Commelina benghalensis (trapoeraba), Cyperus rotundus (tiririca),
Urochloa decumbens (braquiária) e Bidens sp (picão). Os resultados são semelhantes aos
resultados de Brighenti et al. (2003) e de Adegas et al. (2004) que levantando espécies de
14
plantas daninhas na pré colheita na cultura do girassol no cerrado encontrou Ageratum
conyzoides, Chamaesyce hirta, Bidens sp., Euphorbia heterophylla e Commelina
benghalensis. Os parâmetros fitossociológicos para as espécies levantadas são
demonstrados na Tabela 6.
Tabela 6. Número de presença em quadrados (NQ), número de indivíduos (NI), frequência
(F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr), abundância (A),
abundância relativa (Ar) e índice de importância relativa (Ir) das espécies daninhas
presentes no ensaio de VCU de feijão preto em ocasião de colheita, no município de Sete
Lagoas/MG em 2016.
Espécie
NQ NI
Amaranthus sp.
5
7
Bidens sp.
4
7
Commelina benghalensis 12 28
Cyperus rotundus
7 23
Nicandra physaloides
4
6
Panicum maximum
5
6
Sorghum bicolor
1
1
Urochloa decumbens
8 14
Ipomoea sp.
5
6
Emilia fosbergii
3
3
Leonotis nepetifolia
1
1
Eleusine indica
1
1
Ricinus communis
2
2
Euphorbia heterophylla
3
4
TOTAL
61 109
F Fr(%) D(pl/m²) Dr(%) A
Ar(%) Ir(%)
0,33
8,47
0,47
6,42 1,40
6,50 21,39
0,27
6,78
0,47
6,42 1,75
8,12 21,32
0,80 20,34
1,87 25,68 2,33 10,83 56,84
0,40 10,17
1,53 21,09 3,83 17,79 49,05
0,27
6,78
0,40
5,50 1,50
6,96 19,24
0,33
8,47
0,40
5,50 1,20
5,57 19,55
0,07
1,69
0,07
0,92 1,00
4,64 7,25
0,47 11,86
0,93 12,84 2,00
9,28 33,98
0,33
8,47
0,40
5,50 1,20
5,57 19,55
0,20
5,08
0,20
2,75 1,00
4,64 12,48
0,07
1,69
0,07
0,92 1,00
4,64 7,25
0,07
1,69
0,07
0,92 1,00
4,64 7,25
0,13
3,39
0,13
1,83 1,00
4,64 9,86
0,20
5,08
0,27
3,71 1,33
6,19 14,99
3,93
100
7,27
100 21,6
100
A tiririca e a trapoeraba representam os indivíduos com maior importância
relativa presentes na área, sendo assim as duas espécies de grande importância. Pode se
explicar a alta infestação de trapoeraba pelo preparo do solo (gradagem sobre gradagem)
triturando a planta e gerando novos indivíduos, já que esta é uma espécie que apresenta
sucesso na reprodução por partes vegetativas, além de ser uma espécie monocotiledônea,
com vantagens sob insolação intensa e temperaturas altas (mecanismo C4 de
fotossíntese). Procópio et al. (2004) estudando a absorção de nitrogênio proveniente de
adubação por plantas daninhas e pela cultura do feijoeiro verificou que plantas daninhas
que não pertenciam a família das leguminosas como o feijão, tiveram maiores respostas
ao nutriente e maior acúmulo de massa seca que plantas daninhas capazes de fixar
biologicamente o nitrogênio.
As espécies Eleusine indica, Urochloa decumbens, Panicum maximum,
Commelina benghalensis obtiveram uma abundancia relativa de 4,64%, 9,28%, 5,57%,
10,83% respectivamente, corroborando com o resultado de Teixeira et al (2009), os quais
em estudo da comunidade infestante, encontraram maior abundancia de espécies
monocotiledôneas no verão do que no inverno no cultivo de feijoeiro.
15
Outro fator que afetou o feijoeiro foi a temperatura durante o ensaio. É sabido que
temperaturas médias entre 17-22ºC proporcionam ao feijoeiro bom pegamento de flores,
acima disto, o mesmo começa a abortar flores com possibilidade de 100% de redução na
produção.
Segundo Blanco et al, (1969) o cultivo do feijoeiro exposto à mato-competição
pode reduzir sua produtividade em até 50-70%. Salgado et al. (2007) testando a ausência
e a presença de plantas daninhas durante todo o cultivo de feijão carioca constatou uma
redução na produtividade da cultura em 67%, próximo ao resultado de Fontes et al, (2001)
que obtiveram redução na produtividade de 73%. Por vez Paes et al., (1999) obtiveram
em cultivo do feijoeiro preto obteve redução de 27% e 34% nas cultivares Ouro e Ouro
negro respectivamente. Carvalho e Wanderley (2010) testando diversas cultivares de
feijão sob irrigação e sequeiro, obteve médias de produtividade que foram de 2183 kg/ha
para BRS Valente, 2644 kg/ha para a cultivar Diamante Negro, e 2240 kg/ha para cultivar
Xamego, sendo estas sob sistema de sequeiro e não capinados.
16
5. CONCLUSÕES
As linhagens 11, 1, e 2 foram as linhagens mais produtivas do ensaio sendo as
mais adaptadas nas condições entre as 12 linhagens avaliadas.
A Cyperus rotundus (tiririca) e a Commelina benghalensis (trapoeraba)
representam 28,62% no índice de abundancia relativa. Sendo também as duas espécies
com maior importância relativa do ensaio (56,84% e 49,05% respectivamente).
O feijoeiro sem capina manual e química, nas condições deste ensaio apresentou
forte infestação de plantas daninhas, sendo o fator que mais contribuiu para a redução na
produtividade dentre outros tratos culturais.
17
6. REFERÊNCIAS
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