Cerimónia de assinatura do contrato de investimento do projeto de inovação Smart Green Home e inauguração do novo edifício de I&D Bosch Termotecnologia,S. A., em Aveiro, 2 de dezembro de 2016 Intervenção do Reitor da Universidade de Aveiro, Prof. Doutor Manuel Assunção Este é um momento muito significativo para a Universidade de Aveiro. Nascemos há quase 43 anos com o desígnio de ser uma Universidade virada para fora, atenta ao que se passa à sua volta, com capacidade de diálogo e espírito de iniciativa, e desse modo vir a ser mais útil à área geográfica onde nos situamos e ao País. Crescemos com a preocupação de nos capacitarmos ao mais alto nível enquanto produtores de conhecimento novo; de educar jovens e qualificar capital humano, em particular, em domínios pioneiros, complementares aos que o país já detinha; em nos dotarmos com uma estrutura organizativa, leve e flexível, que permitisse uma resposta rápida aos estímulos e necessidades que nos chegavam. É sabido que foi de sucesso o caminho que trilhámos. E não sendo necessário este projeto para prová-lo, também é verdade que a natureza e o grau de exigência do que aqui nos reúne, a grandeza do parceiro em causa e a dimensão do impacto que se advinha, tornam o ter atingido este ponto em algo muito especial. A presença do Primeiro-Ministro de Portugal é disso evidência; mas simultaneamente qualifica o ato. Quero, assim, agradecer-lhe, Sr. Dr. António Costa, a honra que nos concede ao apadrinhar a assinatura deste contrato. O dia de hoje é também muito importante para a cidade e para a região de Aveiro. Vem sendo realizado um trabalho conjunto, persistente e sistemático, entre a Universidade, os onze municípios, as empresas e outras entidades da unidade territorial onde nos encontramos que se 1 revela de grande fôlego. Pensar a região com a região é o lema que nos vem guiando a todos. A relação da UA com a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro já valeu termos sido singularizados como caso de estudo pelo Observatório do QREN. Entretanto, a parceria aprofundou-se e fomos capazes de construir, em comunhão de esforços, uma estratégia para a região, consubstanciada no Portugal 2020. A Incubadora de Empresas da Região de Aveiro, em ligação estreita com a nossa Incubadora, faz parte dessa estratégia. Como faz o ECOMARE, infraestrutura da UA, partilhada com vários parceiros, dedicada à Economia Azul. O programa Região de Aveiro Empreendedora está em marcha. E a breve prazo, o Parque de Ciência e Inovação, iniciativa maior englobando 19 acionistas de tipologia muito variável, e integrando uma Design Factory, abrirá as suas portas em área contígua à própria Universidade. Na frente específica de relacionamento da Universidade com a cidade, queria ressaltar a parceria tripartida na área da saúde que estamos a estabelecer com o Hospital; e a ação EUNIVERCITIES que persegue objetivos no domínio da inovação, do desenvolvimento económico e social, e da afirmação internacional e atratividade de Aveiro: absolutamente sobreponíveis ao que de melhor nos traz este contrato de financiamento que hoje assinamos. O que se passa hoje aqui é, por isso, igualmente determinante para o ambiente e a dinâmica de inovação que se vive neste território. Tem Aveiro o mérito e a sorte de possuir um tecido industrial pujante, rico na diversidade dos seus setores, moderno em muitas facetas da sua atividade e de grande capacidade exportadora: fatores que na sua soma colocam a região num lugar de grande destaque nacional, se excluirmos 2 Lisboa e Porto. A esta realidade podemos juntar outros instrumentos que induzem ou reforçam lógicas de investigação aplicada, de transferência de tecnologia, de criação de novos produtos, marcas ou serviços. Os Clusters: das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica; do Habitat e dos Materiais Eco-Inovadores; ou do Conhecimento e Economia do Mar. A InovaDomus. O Instituto de Telecomunicações. A Associação Industrial do Distrito de Aveiro e a InovaRia. As Plataformas Tecnológicas que a própria Universidade criou. Todos eles, entre outros mecanismos, são motores auxiliares dessas dinâmicas de desenvolvimento industrial, de inovação, de crescimento económico, de fixação de emprego que ajudam a fazer de Aveiro um bom lugar para estudar, trabalhar e viver. É, portanto, neste contexto que o projeto entre a Bosch e a Universidade de Aveiro deve ser lido. É um contrato que honra a UA numa parceria que nos orgulha. Sendo a Universidade e a Bosch os maiores empregadores do distrito, a transcendência deste acordo é ainda maior. Deixem-me, todavia, privilegiar a nossa relação na sua verdadeira essência. Não é uma relação de hoje; não é uma relação que se resume ao que se celebra agora. Existe um lastro de colaboração na área de Investigação & Desenvolvimento e da prestação de serviços. Existe um presente de estágios e de recrutamento de graduados da UA. Tem sido manifesto o interesse da Bosch em ajudar a conformar a nossa Escola Doutoral. A parceria tem, aliás, ido bem para lá dos aspetos científicotecnológicos e já está enraizada na componente da responsabilidade social: a corrida solidária Bosch, onde a UA é um dos parceiros, é hoje em dia a prova que em Portugal maior montante distribui pelas entidades patrocinadas. 3 Mas, claro, nada é maior do que este bom sentimento de podermos contribuir, através do Smart Green Homes, para consolidar a posição da Bosch Termotecnologia enquanto Centro de Competências da empresa a nível mundial; e, em qualquer caso, em valor absoluto, enquanto pólo de excelência situado em Portugal. Estamos perante um projeto que vem confirmar a importância que a Universidade de Aveiro atribui à cooperação com o tecido empresarial, colocando o conhecimento nela gerado ao serviço das empresas e da economia do País. É uma iniciativa exemplar de cooperação universidade-empresa alargada, envolvendo investigadores nas áreas das TICE, da Energia, do Ambiente e dos Materiais, que realizarão investigação multidisciplinar, visando o desenvolvimento de produtos inovadores. O meu agradecimento à Administração da Bosch por ter confiado em nós para esta tarefa. Chegar aqui deveu-se a um trabalho de bastante gente. Alguns, por razões distintas, já não estão ligados ao processo. O anterior Administrador-Delegado da Bosch, João Paulo Oliveira, o exSecretário de Estado, Pedro Gonçalves, e o meu antigo Vice-Reitor Carlos Pascoal Neto, pelo papel desempenhado, justificam ser invocados conjuntamente com os meus colegas e os colaboradores da Bosch que tornaram este projeto exequível. Nas pessoas do Presidente da Bosch Termotecnologia, Ruediger Saur, e do Vice-Presidente para a área da I&D, Sérgio Salústio – aliás antigo aluno da UA –, agradeço a dedicação das equipas mistas que, com a dose equilibrada de harmonia e tensão, conjeturaram o que foi preciso conjeturar até ao desenho final. No Dr. Luís Castro Henriques da AICEP, 4 inexcedível a todos os títulos, deposito o agradecimento merecido a todos os interlocutores com quem nos relacionámos. Sr. Primeiro Ministro Minhas Senhoras e Meus Senhores Esta é uma ilustração do contributo que as Universidades podem dar. Naturalmente, não falo apenas da UA, falo da generalidade das Universidades Públicas Portuguesas; que qualificam os jovens por padrões que os habilitam para o mercado global; que realizam pesquisa reconhecida e validada por métricas internacionais; e que estenderam a sua missão – também em consonância com tendências mundiais – a muitos outros domínios, aí se incluindo o trabalho com e para empresas, igualmente comparável com o que de bom se faz noutras partes do globo. As exigências do mundo presente são grandes e crescentes. A revolução digital que já cá está pressupõe um caldeamento apropriado entre iniciativa da indústria, políticas públicas corretas e incorporação de mais conhecimento a todos os níveis. As melhores Universidades Públicas Portuguesas estão, certamente, prontas para assumir a sua quota parte de responsabilidade. Foi com contentamento que acompanhei o desenrolar da Web-Summit. Foi uma jornada fantástica, pondo na montra com grande destaque o nosso país. Mas importa agora persistir nesse trabalho de casa, contínuo, de criar novas empresas, de incorporar mais conhecimento e modernizar outras, de formar melhor mais portugueses, de potenciar mais emprego diferenciado, de ajudar a criar mais produtos com maior valor acrescentado, de promover mais exportação. Como diz o provérbio “não é rasando as espigas mais altas que as mais baixas se tornam maiores”. 5 É nessa diligência perseverante e sustentada que estamos firmemente empenhados; porque o nosso compromisso é com o desenvolvimento de Portugal e com o bem-estar dos portugueses. O caso da Bosch Termotecnologia, com a sua aposta num novo edifício de Investigação & Desenvolvimento e na consolidação do seu centro de competências de abrangência mundial é, em todos os sentidos, um exemplo a aplaudir e a seguir. 6