15. Bruno Brito (Unesp) “[...] A paisagem da tua terra natal, Jacareí (SP) e alguns dos teus projetos artísticos desenvolvidos até agora existem em cooperação; um gera, na medida do possível, o outro. Na nossa conversa no Itaú Cultural, você me apresentou teus trabalhos como „oferendas para a natureza‟, ou instrumentos para o exercício da tua espiritualidade. Essa lógica − que está presente no Passa um Rio Dentro de Mim e também nas Estruturas para Elevação Terrena, construídas na Unesp e no Sesc São José dos Campos a partir de técnicas de permacultura − atesta uma filosofia de vida. Não uma filosofia de autocentramento e embates com um sistema opressor, mas uma conduta regida pela imanência, pela expansão e pela generosidade. Estas seriam qualidades para a ação radical do nosso presente? Deve a atividade artística perseguir a radicalidade para cumprir sua missão? Como a arte pode cumprir uma missão pública, ademais de contemplar a experiência sensível de quem a pratica? As intervenções que você e Mateus Mats fazem em grafitti sobre os muros de Jacareí dão subsídios para essa discussão. Valendo-se de cores fortes e de um espelhamento das formas que elucida sobre a parceria de dois autores, as pinturas têm redefinido a ambiência da pequena cidade a partir da interpretação de um repertório de temas do folclore local: bandeirinhas juninas, santos, o caipira. Na medida em que cresce o repertório de intervenções, cresce o sentido de uma paisagem atribuída, ora à revelia, ora a contento de seus moradores. De qualquer modo, ampliamse as possíveis interlocuções do trabalho. Não te interessa atentar para elas em futuros projetos?” Depoimento retirado de carta enviada por Ana Maria Maia para o artista durante o processo de acompanhamento crítico.