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– Projeto Escola em Ação –
Material de apoio
Módulo 2
Terra e Alimentos
2010
Realização COEP
www.coepbrasil.org.br
Apresentação
Com as mudanças no clima do planeta, decorrentes de atividades
desenvolvidas pelos seres humanos, diversas formas de vida já se
encontram ameaçadas.
Os impactos mais diretos previstos por pesquisadores em função do
aquecimento global dizem respeito à agricultura – produção de alimentos - e
à ocorrência de secas e inundações nos próximos anos.
Se o cuidado com a terra requer, por um lado, ações em maior escala que
precisam ser tomadas pelos governos exige, por outro, que a sociedade
como um todo e cada indivíduo em particular estejam informados e
mobilizados para que um novo tipo de desenvolvimento possa ser
estabelecido.
Ao tratar desse tema com a comunidade escolar, O COEP pretende
contribuir para a construção de novas ideias, novas práticas e formas
alternativas de lidar com os recursos do planeta.
É importante olharmos para a nossa cidade, o bairro ou a comunidade onde
moramos e tentar resgatar a sua paisagem natural. Reconhecer o bioma no
qual vivemos.
Bioma ou grande biossistema regional – é caracterizado
por apresentar um tipo principal de vegetação ou
paisagem,
cujas
peculiaridades
estão
relacionadas
principalmente a fatores climáticos, como temperatura e
umidade e à latitude em que se encontra.
Participar de campanhas para arborização de ruas, praças, escolas,
recuperação de florestas no entorno das cidades e nas fazendas, investir na
criação de áreas protegidas por lei, dizer não para a prática do monocultivo,
do desmatamento, da degradação do solo, da utilização de agrotóxicos etc,
são algumas das atitudes que podemos ter no dia-a-dia, para fazermos
valer nossa cidadania.
O material apresentado a seguir, visa exclusivamente oferecer alguns
elementos de apoio ao Projeto Escola em Ação, incentivando a reflexão, a
mobilização social e a participação cidadã. Não pretende esgotar ou servir
de base para estudos técnicos ou científicos sobre o assunto.
Na implementação da proposta, está sendo usada a plataforma Jornada
pela Cidadania – www.coepbrasil.org.br/jornada, um instrumento de
mobilização social, organizado por meio da Internet.
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O material de apoio:
Item 1. Terra e alimentos
Informações gerais sobre o assunto.
Apresenta alguns dos impactos das mudanças climáticas sobre os diferentes
biomas brasileiros e algumas ações que podem ser feitas para reduzir os
impactos
Item 2 – Ideias de iniciativas
Mostra exemplos de ações capazes de serem desenvolvidas por iniciativa
própria ou em grupo, ou servir de ideia para outras tarefas
- Para reflexão: artigo de Leonardo Boff para ser analisado em conjunto
- Para saber mais: alguns sites que contêm informações sobre o assunto
Na elaboração deste módulo foi utilizada como principal referência o
material didático pedagógico elaborado em 2008 pelo Ministério da
Educação e Ministério do Meio Ambiente “ Mudanças Ambientais Globais:
Pensar + Agir na escola e na comunidade”. Foram também utilizadas,
informações produzidas por diferentes instituições e pessoas envolvidas com
o tema.
Juntos na construção de um mundo com mais solidariedade, menos
exploração, mais cooperação e menos competição
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Cuidar do planeta a que todos têm direito.
...no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida,
somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino
comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global
fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na
justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é
imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade
uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras
gerações.
Carta da Terra
Acesse:www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.doc
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1.Terra e Alimentos
Cio da Terra
Milton Nascimento e Chico Buarque
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar do trigo o milagre do pão
e se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
e lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação
e fecundar o chão
O solo
Todos os seres vivos de um ecossistema estão relacionados – uns servem
de alimentos a outros e assim por diante, em várias cadeias alimentares. Se
um elo desta cadeia desaparece, todo o ecossistema pode ser prejudicado e
as condições do ambiente serão alteradas. Não há espécies “inúteis” ou
“nocivas”; todas cumprem um papel na produção da vida.
Ecossistema é uma unidade de funcionamento do
ambiente, onde as comunidades de seres vivos
interagem. Reúne os seres vivos, fatores químicos e
físicos do local. Cada elemento influencia as
propriedades do outro
Há muitos séculos, as espécies vegetais e animais são utilizadas pela
humanidade, na produção de alimentos, roupas e outros itens.
A partir da industrialização, ocorreram muitas mudanças na forma e na
rapidez dessa produção. Tome-se como exemplo o trigo, o arroz e a carne
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bovina utilizados na alimentação. Na agropecuária moderna, são escolhidas
algumas variedades desses alimentos para serem produzidos em grande
escala (monoculturas).
Com a utilização de monoculturas, cria-se um desequilíbrio: podem
diminuir ou serem extintos os organismos que atuam como proteção de
“pragas”. Normalmente, num ecossistema equilibrado, os organismos
sabem se proteger; sem os mecanismos de defesa característicos de cada
habitat, tendem a surgir desequilíbrios.
Para manter o controle de animais ou plantas considerados “nocivos” para
as monoculturas, foram criados agrotóxicos. Sua aplicação normalmente
mata todos os insetos existentes, mas podem sobrar alguns exemplares
resistentes ao veneno. Como seus predadores naturais morreram, eles
proliferam e viram uma nova praga. Cria-se, assim, um círculo vicioso com
grande impacto ambiental, além dos efeitos negativos que essas
substâncias podem provocar nos mananciais de água e também nas pessoas
(envenenamento).
Por isso, é importante o conhecimento sobre cada ecossistema.
Pesquisadores têm se dedicado a compreender seu funcionamento e os
desequilíbrios causados por atividades que desconsideram o meio ambiente.
Há também o conhecimento tradicional, de origem popular, que se encontra
no modo de vida de comunidades que habitam esses locais e que conhecem
seu funcionamento. Populações tradicionais – indígenas, camponeses,
pescadores artesanais, extrativistas, descendentes de quilombolas –
possuem grande conhecimento a respeito dos ecossistemas e são
importantes na preservação de diversas formas de vida. É a diversidade
humana, cultural, protegendo a diversidade das outras espécies.
Por esta razão, pode-se dizer que os ecossistemas são “patrimônios
genéticos” – as diversas formas de vida existentes podem ser utilizadas
para gerar inúmeros benefícios – remédios, alimentos, alternativas de
materiais para a construção de moradias, fontes de energia etc. – acessíveis
a toda a população – e não somente a poucas pessoas.
Mudanças na temperatura do planeta
efeito estufa podem afetar a vida
podem ser extintas. Isto já ocorre
provocando o deslocamento de aves,
áreas urbanas.
causadas pelo aumento dos gases de
dos ecossistemas e muitas espécies
em áreas onde há desmatamento,
que buscam, por exemplo, abrigo em
O Brasil é um dos países com maior biodiversidade do planeta. Cada um de
seus sete biomas possui inúmeras riquezas, que precisam ser valorizadas,
pelo potencial que representam para a conservação da água doce e do clima
do planeta, para geração de fontes alternativas de energia, aproveitamento
de espécies nativas para alimentação, usos medicinais e outras aplicações
que ainda não foram elaboradas. A utilização deste imenso patrimônio
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precisa estar pautada na promoção da equidade, isto é, seus benefícios
devem ser igualmente apropriados por todos os cidadãos.
Bioma ou grande biossistema regional – é
caracterizado por apresentar um tipo principal de
vegetação ou paisagem, cujas peculiaridades estão
relacionadas principalmente a fatores climáticos,
como temperatura e umidade e à latitude em que se
encontra
Biomas brasileiros
Floresta amazônica
Floresta tropical presente em nove países, mas a maior parte está no Brasil.
Seu principal ecossistema é a mata de terra firme. É a maior e mais
biodiversa floresta tropical do mundo. É um grande banco genético e o uso
correto de suas riquezas pode gerar novos conhecimentos. A sua maior
ameaça é o desmatamento, pelas queimadas, pela extração de madeiras e a
expansão da criação de gado e de monoculturas. A expansão urbana
desordenada,caça e pesca predatórias, garimpo, grandes projetos de
mineração também constituem ameaças à sua preservação, pelos grandes
impactos que provocam.
Mata Atlântica
Possui florestas, cerrados, campos e manguezais. A Mata Atlântica cobre 17
estados do país, do Rio Grande do Sul ao Piauí. Esse tipo de vegetação já
chegou a representar 15% do território brasileiro, mas hoje só restam 7%
de mata, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Ao todo, há 860
unidades de conservação da Mata Atlântica, desde pequenos sítios até
parques estaduais.
Restingas e manguezais
Ao longo da faixa de litoral, os manguezais possuem três espécies de
árvores, mas muitas espécies animais. Por sua intensa vida microscópica, é
o berçário da natureza, servindo à reprodução de espécies da fauna
marinha.
Cerrado
Bioma caracterizado pela presença de uma gradação de ecossistemas:
desde o campo sujo (gramíneas e arbustos esparsos) até o cerradão,
floresta com árvores de troncos tortuosos, folhas grossas e raízes profundas
que atingem o lençol d´água. Estes elementos são importantes para resistir
a secas e incêndios. Situado no Brasil Central, é um dos biomas mais
ameaçados, pela intensa urbanização, projetos agropecuários, hidrelétricas
e consumo de lenha para produção de ferro-gusa.
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Caatinga
Situada na região do Semi-Árido (Nordeste do Brasil e norte de Minas
Gerais). Sua vegetação é caracterizada por plantas que perdem folhas na
seca, para resistir à falta de chuvas. Além da caatinga, o Semi-Árido possui
a Zona da mata, na faixa litorânea, e o Agreste, na zona intermediária.
Pantanal
Maior planície inundável do mundo e Reserva do Patrimônio da Humanidade
pela Unesco, tem uma diversidade de ecossistemas – matas fechadas,
campinas, buritizais, cerrados e ecossistemas aquáticos. Entre as ameaças,
estão o garimpo de ouro, a pesca, caça e agropecuária predatórias, e
também a construção de rodovias e barragens nos rios, que provocam
degradação ambiental.
Campos sulinos
Região plana, com predomínio de gramíneas. Também conhecida como
Pampa ou Campos do Sul, se estende do Rio Grande do Sul à Argentina e
Uruguai. O bioma sofre o impacto de pecuária intensiva, culturas agrícolas
e plantio de eucaliptos. No sul do Brasil também se localiza a Mata de
Araucárias, floresta dominada pelo pinheiro-do-paraná. Sua exploração
descontrolada a transformou em espécie ameaçada.
Fonte: Mudanças ambientais globais. MMA / MEC, 2008.
Os alimentos
Uma grande preocupação atual é a disponibilidade de alimentos e sua forma
de produção. Iniciativas que dizem respeito ao cultivo de maneira
agroecológica indicam a possibilidade de se produzir alimentos sem a
devastação dos biomas e da vegetação original, além de não serem nocivos
para os seres humanos por não conterem agrotóxicos.
Existem condições para a produção de alimentos em quantidade suficiente,
sob um padrão de produção menos predatório. No entanto, este modelo
ocupa, ainda, pequenos espaços, tendo em vista a preponderância da
grande agricultura exportadora. O mesmo se pode dizer a respeito da
pecuária, que tende a ocupar grandes extensões de pastagens, com
devastação de áreas importantes para outras atividades ligadas à
alimentação e utilização do potencial representado pela biodiversidade.
Agricultura orgânica
Agricultura orgânica ou agricultura biológica é o termo frequentemente
usado para a produção de alimentos e outros produtos vegetais que não faz
uso de produtos químicos sintéticos, tais como fertilizantes e pesticidas,
nem de organismos geneticamente modificados, e geralmente adere aos
princípios de agricultura sustentável.
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Os seus proponentes acreditam que num solo saudável, mantido sem o uso
de fertilizantes e pesticidas feitos pelo homem, os alimentos tenham
qualidade superior a de alimentos convencionais.
Este sistema de produção, que exclui o uso de fertilizantes, agrotóxicos e
produtos reguladores de crescimento, tem como base o uso de estercos
animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle
biológico de pragas e doenças. Pressupõe ainda a manutenção da estrutura
e da profundidade do solo, sem alterar suas propriedades por meio do uso
de produtos químicos e sintéticos.
Organismos Transgênicos
São plantas, animais ou microrganismos cuja constituição genética foi
mudada em laboratório para atender a alguma finalidade (por exemplo, ser
resistente a um agrotóxico específico). Ainda não se sabe os riscos que
esses transgênicos podem trazer à saúde ou aos ecossistemas nativos, onde
poderiam se tornar espécies invasoras. Há países que rejeitam fortemente a
entrada de alimentos transgênicos e há os que defendem que a
biotecnologia poderia reduzir o problema da fome no mundo, alegando que
aumentaria a produtividade agrícola.
Possíveis efeitos das mudanças do clima no Brasil
Amazônia – No pior cenário, o aquecimento médio pode chegar a 8º C até
2100. Com isso, diminuiriam as chuvas, facilitando o aumento dos incêndios
florestais. O volume dos rios diminuiria, comprometendo a produção de
energia hidrelétrica e a vida aquática. Até 2050, parte da floresta poderia se
transformar em cerrado: é a chamada savanização da floresta. O regime de
chuvas de outras regiões seria comprometido, com a diminuição da
umidade, hoje levada por correntes atmosféricas da Amazônia para o Sul e
Sudeste.
Semi-árido – As temperaturas no Nordeste podem aumentar de 2º C a 5º
C até o fim do século, o que faria as chuvas diminuírem, possivelmente, em
até 15% no período. Com isso, cairia o volume dos rios e açudes. A
vegetação da Caatinga ficaria mais árida (tipo cactácea). Nesse cenário, o
fornecimento de água nas cidades pequenas seria afetado, assim como a
agricultura de subsistência, aumentando a migração de pessoas para as
grandes cidades da região.
Sudeste e Bacia do Prata – Previsão de dias mais quentes, invernos mais
curtos, estação seca mais prolongada. A chuva aumentaria em volume, mas
eventos extremos, como tempestades, seriam mais comuns. Tudo isso
afetaria o balanço hidrológico regional, com impactos na agricultura,
geração hidrelétrica e outras atividades humanas.
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Região Centro-Oeste - As chuvas, de acordo com as previsões, passariam
a se concentrar em períodos curtos de tempo, entremeados de dias secos
ou veranicos. Haveria mais erosão do solo, prejudicando práticas agrícolas,
bem como a própria biodiversidade do Pantanal Mato-Grossense. Dezenas
de espécies desapareceriam.
Região Sul – Tendência prevista de aumento de temperatura, secas mais
freqüentes e chuvas intensas que castigariam cidades e plantações, bem
como ventos intensos de curta duração no litoral. Isso prejudicaria o cultivo
de grãos e aumentaria a incidência de doenças transmissíveis por insetos.
Zona costeira – Uma elevação de cerca de 50 centímetros no nível do
Atlântico, no cenário mais pessimista, poderia consumir 100 metros de
praia, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, onde o mar é mais raso. Isso
afetaria as construções à beira-mar, portos e sistemas de esgoto, bem como
as atividades das pessoas que vivem nessas regiões. Ecossistemas
costeiros, como manguezais, também seriam prejudicados.
Fonte: Mudanças ambientais globais. MMA / MEC, 2008.
Ações para amenizar os impactos
No caso do Brasil, a criação/manutenção de reservas legais, áreas de
preservação permanente, unidades de conservação, corredores ecológicos e,
também, a demarcação de terras indígenas são algumas das formas de
organizar a vida humana considerando os desafios do meio ambiente.
Estão em andamento em todo o país iniciativas que buscam encontrar
soluções práticas para a produção sustentável, respeitando os ecossistemas.
A característica de tais iniciativas é que elas se fundamentam na
participação das pessoas que vivem nessas áreas, junto com especialistas,
para a criação de planos de manejo, identificando potencialidades
econômicas e atividades que garantam o sustento da população local,
preservando o meio ambiente.
A importância das terras indígenas e do conhecimento dos povos
tradicionais para o equilíbrio climático da terra tem sido destacada por
cientistas, integrantes de movimentos sociais e populações afetadas por
fenômenos causados pelas mudanças climáticas. As comunidades
tradicionais - representantes de quilombolas, pescadores, indígenas,
extrativistas, camponeses e de religiões de matriz afro - apontam a interrelação de seus modos de vida com a sustentabilidade ambiental, uma vez
que os elementos naturais são necessários à sua subsistência e às práticas
religiosas.
Em um âmbito mais amplo, os acordos internacionais tem por objetivo
comprometer os diversos países a assumirem compromissos na preservação
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da biodiversidade, enfatizando a proteção aos ecossistemas, uso sustentável
de recursos naturais, proteção dos conhecimentos tradicionais e a repartição
justa dos benefícios da biodiversidade.
Quebradeiras de coco
As quebradeiras de coco, vivem da exploração do babaçu, que é de grande
utilidade e tem muitas aplicações, desde farmácia e cirurgias a sabonetes. A
estimativa é que haja 400 mil quebradeiras de coco organizadas em
cooperativas em todo o Nordeste e Norte do Brasil. Quando deu a onda de
soja, começaram a derrubar o babaçu. E as mulheres se organizaram e estão
lutando para preservar a árvore. É uma luta ao mesmo tempo ambiental e
social. Outro exemplo: os pescadores me fizeram ver que há envenenamento
dos cursos de água no Brasil devido à expansão da cana. Há um líquido
poluente, que decorre da fabricação do álcool, que é jogado na água e
simplesmente extermina os peixes. É preciso coibir essa destruição dos
recursos naturais.
Paul Singer (SENAES/MTE), em entrevista a Daniel Mello e Elaine Patricia Cruz, da
Agência Brasil
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2. Sugestões de atividades
Desenvolvimento de Campanhas
Exemplos:
o
o
o
o
o
Pela agroecologia e sem agrotóxico
Dia Internacional da Floresta (21.mar)
Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca (17.06)
Dia da Árvore (21.set)
Semana / Dia Mundial de Alimentação (16.out)
Na Semana Mundial de Alimentação poderiam ser organizadas atividades,
preparadas pela(s) turma(s) envolvida(s) na Jornada, com apresentações para as
demais. A apresentação pode combinar diversas formas de expressão: esquetes
teatrais, músicas, palestras. Neste dia / semana, podem ser convidados os pais ou
responsáveis e pessoas da comunidade do entorno. O foco das atividades poderia
ser “Os cuidados com a terra para não comprometermos o clima e a produção de
alimentos”.
Ideias para Iniciativas
- Criação de um jardim ou horta
Um pequeno pedaço do terreno da escola pode ser usado para incentivar novas
práticas. O cultivo de um jardim ou de uma horta na escola pode ser uma iniciativa
divertida que também possibilita muitos aprendizados sobre a terra. De
preferência, devem ser utilizadas espécies características do bioma da região.
Realizar antes pesquisa sobre as espécies da região.
- Cuidado de uma área próxima à escola
Uma praça ou outra área pública pode ser “adotada” pela escola. Mudas de
espécies nativas podem ser plantadas ou cultivadas pelos alunos, sob orientação
de professores, aproveitando para que sejam observadas as mudanças ocorridas
durante o período em que o espaço está sendo cuidado. Ao final de seis meses de
observação e trabalho, por exemplo, os alunos podem fazer um relatório com suas
observações para apresentar ao conjunto da comunidade escolar.
- A descoberta do bioma
Estimular os alunos a reconhecerem o bioma onde vivem. Quais as suas
características. Quais as plantas e animais que simbolizam a região. Como era a 30
anos atrás e como é hoje. Que plantas da região são utilizadas para a alimentação,
produção de chás, remédios, embelezamento das ruas e jardins da comunidade.
Trazer registros – fotos e outros, como folhas secas, restos de galhos etc. – de
exemplares da fauna e da flora da localidade. Montar um grande mural com as
espécies encontradas, suas características, mencionando a situação de outras
espécies que estejam faltando (destacar se estão ameaçadas ou não).
- Viagem ao mundo dos biomas
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Estimular os alunos a criar uma “expedição” pelos biomas brasileiros, registrando
“o que encontrarem pelo caminho” – espécies ameaçadas, a qualidade do solo e
das águas, os problemas gerados pelas principais atividades econômicas de cada
região onde se localizam os biomas. O registro pode ser feito em formato de jogo,
no qual os participantes vão percorrendo uma “trilha” com marcações (para
avançar, recuar), às quais correspondem perguntas a serem respondidas. A
formulação das perguntas e respostas faz parte da criação do jogo e pode ser
usada por professores para aplicação nas diversas disciplinas.
- O novo desafio
Montar pequenos esquetes teatrais abordando a situação das espécies do bioma da
localidade, as ações existentes nas comunidades para lidar com o meio ambiente, a
atuação dos diversos atores sociais envolvidos. Discutir o que é ameaça e o que
contribui para a conservação do bioma.
É uma maneira de fazer com que os jovens pesquisem e descubram “quem está
fazendo o quê” pelo ambiente na comunidade e o seu próprio papel no “cenário”.
Também é uma forma de incentivar a atuação dos alunos, desafiando-os a
responder “O que podemos fazer a respeito?”.
- Escola viva
Podem ser criados canteiros para cultivo de sementes nativas e criação de mudas
para replantio. Havendo mais de uma escola envolvida na Jornada, na mesma
cidade ou comunidade, pode ser organizado um festival local – uma atividade das
diversas escolas, para distribuição de mudas, realizada em uma praça ou outro
local de grande movimento na cidade.
- Gincana da culinária
Pode-se promover uma gincana, em um fim-de-semana, envolvendo professores,
funcionários, alunos e suas famílias, além de pessoas da comunidade e de outras
próximas. Incentivar a criação de pratos e receitas utilizando os produtos locais.
Aproveitar para introduzir ou incentivar a utilização de cascas de frutas e de
legumes, por exemplo, na confecção de pratos e na criação de receitas
alternativas.
- Como se usa?
Esta é uma atividade que pode reunir o conhecimento tradicional existente na
comunidade em que fica a escola, na qual os mais velhos podem ajudar a
identificar os usos de plantas do bioma local na produção de alimentos, remédios,
artesanato. A partir desse conhecimento podem ser criadas hortas medicinais e
hortas caseiras nas escolas. Outras plantas nativas da localidade podem ser
utilizadas na recuperação de nascentes de rios, na criação de jardins e em outras
formas de ornamentação que também contribuam para criar qualidade de vida.
- Conhecendo nossa alimentação
Identificar que espécies de plantas e animais fazem parte da merenda escolar e
das refeições em casa. Pesquisar de que biomas elas se originam.
Por meio das pesquisas, os alunos podem descobrir, por exemplo, que são espécies
brasileiras natas frutas como o abacate, caju, goiaba, jabuticaba, maracujá; o
milho, mandioca, amendoim, palmito. E, ainda, que muitos ingredientes da
culinária brasileira vieram de outros lugares: couve, trigo, cebola, manga, jaca,
coco. A batata, por exemplo, é natural dos Andes, tendo sido levada para a Europa
pelos colonizadores espanhóis.
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- Para reflexão
Texto para leitura e discussão com os alunos
Justiça social-Justiça ecológica
Artigo de Leonardo Boff
Entre os muitos problemas que assolam a humanidade, dois são de especial
gravidade: a injustiça social e a injustiça ecológica. Ambos devem ser
enfrentados conjuntamente se quisermos pôr em rota segura a humanidade
e o planeta Terra.
A injustiça social é coisa antiga, derivada do modelo econômico que, além
de depredar a natureza, gera mais pobreza que pode gerenciar e superar.
Ele implica grande acúmulo de bens e serviços de um lado à custa de
clamorosa pobreza e miséria de outro. Os dados falam por si: há um bilhão
de pessoas que vive no limite da sobrevivência com apenas um dólar ao dia.
E há, 2,6 bilhões (40% da humanidade) que vive com menos de dois
dólares diários. As consequências são perversas. Basta citar um fato:
contam-se entre 350-500 milhões de casos de malária com um milhão de
vítimas anuais, evitáveis.
Essa anti-realidade foi por muito tempo mantida invisível para ocultar o
fracasso do modelo econômico capitalista feito para criar riqueza para
poucos e não bem-estar para a humanidade.
A segunda injustiça, a ecológica está ligada à primeira. A devastação da
natureza e o atual aquecimento global afetam todos os países, não
respeitando os limites nacionais nem os níveis de riqueza ou de pobreza.
Logicamente, os ricos têm mais condições de adaptar-se e mitigar os efeitos
danosos das mudanças climáticas. Face aos eventos extremos, possuem
refrigeradores ou aquecedores e podem criar defesas contra inundações que
assolam regiões inteiras. Mas os pobres não têm como se defender. Sofrem
os danos de um problema que não criaram. Fred Pierce, autor de “O
terremoto populacional” escreveu no New Scientist de novembro de 2009:
“os 500 milhões dos mais ricos (7% da população mundial) respondem por
50% das emissões de gases produtores de aquecimento, enquanto 50% dos
pais mais pobres (3,4 bilhões da população) são responsáveis por apenas
7% das emissões”.
Esta injustiça ecológica dificilmente pode ser tornada invisível como a outra,
porque os sinais estão em todas as partes, nem pode ser resolvida só pelos
ricos, pois ela é global e atinge também a eles. A solução deve nascer da
colaboração de todos, de forma diferenciada: os ricos, por serem mais
responsáveis no passado e no presente, devem contribuir muito mais com
investimentos e com a transferência de tecnologias e os pobres têm o
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direito a um desenvolvimento ecologicamente sustentável, que os tire da
miséria.
Seguramente, não podemos negligenciar soluções técnicas. Mas sozinhas
são insuficientes, pois a solução global remete a uma questão prévia: ao
paradigma de sociedade que se reflete na dificuldade de mudar estilos de
vida e hábitos de consumo. Precisamos da solidariedade universal, da
responsabilidade coletiva e do cuidado por tudo o que vive e existe (não
somos os únicos a viver neste planeta nem a usar a biosfera). É
fundamental a consciência da interdependência entre todos e da unidade
Terra e humanidade. Pode-se pedir às gerações atuais que se rejam por tais
valores se nunca antes foram vividos globalmente? Como operar essa
mudança que deve ser urgente e rápida?
Talvez somente após uma grande catástrofe que afligiria milhões e milhões
de pessoas poder-se-ia contar com esta radical mudança, até por instinto de
sobrevivência. A metáfora que me ocorre é esta: nosso pais é invadido e
ameaçado de destruição por alguma força externa. Diante desta iminência,
todos se uniriam, para além das diferenças. Como numa economia de
guerra, todos se mostrariam cooperativos e solidários, aceitariam renúncias
e sacrifícios a fim de salvar a pátria e a vida. Hoje a pátria é a vida e a Terra
ameaçadas. Temos que fazer tudo para salvá-las.
- Leonardo Boff é Teólogo e autor de Opção-Terra: a solução para a
Terra não cai do céu, Record (2008).
Pesquisar / criar textos, músicas, poesias, frases etc que tenham a
ver com o tema Terra e Alimentos e cadastrar no site da Jornada
- Saiba mais
www.mobilizadores.org.br
www.actionaid.org.br
www.oxfam.org.br
www.vitaecivilis.org.br
www.planalto.gov.br/consea
www.fao.org.br
www.mds.gov.br
www.mercadoetico.com.br
www.embrapa.br
www.portaldomeioambiente.org.br
bve.cibep.inep.gov.br – biblioteca virtual de educação, Ministério de
Educação
15
www.hortaviva.com.br – voltado para a comunidade escolar com
informações sobre conceitos e práticas ambientais, valorizando
conhecimentos tradicionais populares e de natureza científica e
tecnológica
www.museuvirtual.unb.br – mudanças climáticas para crianças
www.unep.org.br – Programa de Meio Ambiente da ONU
Pesquisar outros sites sobre o tema e inserir as informações no site
da Jornada
16
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