Polifonia no Romance Quincas Borba de Machado de Assis

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Polifonia no Romance Quincas Borba de Machado de Assis
Wellington Migliari e Cilaine Alves Cunha
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Universidade de São Paulo
1. Objetivo
Estudar a questão do olhar em Quincas
Borba a partir do conceito de múltiplas
consciências independentes discutidos por
Mikhail Bakhtin. Apontar se a multivocalidade,
como ocorre em Dostoiévski, é dada na medida
em que a percecpção do narrador se aproxima
das consciências das personagens através do
olhar, promovendo um tipo de romance
polifônico. Averiguar se a fragmentação da
narrativa contribui para a constituição de um
romance polifônico.
2. Material e Metódo
O material em questão é o romance
Quincas Borba, de Machado de Assis. O
método consiste numa análise interna de seus
capítulos, mediante à hipótese do romance
polifônico discutido por Bakhtin, e na noção do
narrador inconfiável no instante em que ele
alterna seu ponto de vista com o ponto de vista
das personagens.
3. Resultados e Discussão
A fragmentação da narrativa pode ser
apreendida através dos olhares que se
encontravam esparsos ao longo dos episódios,
esse movimento do olhar em fragmento conferiu
às personagens consciências independentes e
caracterizou um romance, segundo a hipótese
polifônica de Mikhail Bakhtin em Dostoiévski, de
muitas vozes, polifônico.
Em decorrência dessas múltiplas
perspectivas, a hipótese de pensamentos,
obras e palavras, com os olhos do romancista
refletindo os objetos de sua observação
(BOSI), pode se constituir como independentes
(BAKHTIN) na medida em que as personagens
são mostradas por um narrador que dissimula a
luta pela automanutenção de algumas classes.
O disfarce e a escamoteação, como marcas
densas que revolvem as estruturas de poder e
espelha o que acontece no mundo dos
romances
de
Machado
de
Assis
(GARBUGLIO), são reflexos de uma narrativa
sobre o olhar que é móvel, inteligente e
sentimental (BOSI). Com isso pretendo
averiguar em que medida a fragmentação da
narrativa contribui para a construção do
narrador polifônico.
4. Conclusões Parciais
O romance machadiano, a partir da
hipótese do olhar discutida em (BOSI), pode ser
analisado dentro dos acontecimentos históricosociais dos oitocentos tardio e revelar uma luta
selvagem pela autopreservação dos indivíduos
no momento em que classes de proprietários e
de especuladores vão surgindo no cenário do
Brasil imperial (FAORO).
5. Referências Bibliográficas
ASSIS, Machado. Quincas Borba. 4ª ed. São
Paulo: Clube do Livro, 1980.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da Poética de
Dostoiévski. 2ª ed. São Paulo: Editora Forense
Universitária, 1997.
BOSI, Alfredo. O enigma do olhar. 1ª ed. São
Paulo: Editora Ática, 2003.
CANDIDO, Antonio. Esquema de Machado de
Assis. In: Vários Escritos. 4ª ed. São Paulo:
Duas Cidades, 2004.
COSTA, Jurandir Freire. Homens e Mulheres.
In: Ordem Médica e Norma Familiar. 1ª ed. Rio
de Janeiro: Edições Graal, ____. p. 226-27
FAORO, Raymundo. Machado de Assis: A
pirâmide e o Trapézio.2ª ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1976.
MEYER, Augusto. O homem subterrâneo. In:
Machado de Assis. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Presença & Instituto Nacional do Rio, 1975.
SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas.
5ª ed. São Paulo: Duas Cidades, 2000.
_________ . Um mestre na periferia do
Capitalismo. 4ª ed. São Paulo: Duas Cidades,
1990.
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