Atualização mensal em: Ácido Mercaptoacético Eficácia e praticidade no tratamento de hiperpigmentações dos membros inferiores pósescleroterapia Ácido Mercaptoacético Eficácia e praticidade no tratamento de hiperpigmentações dos membros inferiores Introdução A hiperpigmentação pós-escleroterapia, embora seja aceita como a mais comum e menos grave das complicações do método, mesmo quando temporário, não é aceita pelos pacientes, que, com freqüência, realizam tratamentos “pré-verão”, com finalidade de se exporem nas praias, rios, piscinas, etc. É uma complicação que gera descontentamento com o médico, resultando em propaganda negativa ao profissional e ao método. Infelizmente, a disseminação de “Cursos de Medicina Estética”, onde são ensinadas para profissionais sem nenhum conhecimento angiológico, aulas teórico-práticas rudimentares de escleroterapia de veias e à falsa idéia de que escleroterapia é simplesmente a injeção de um produto esclerosante dentro da veia, que irá “colar” as paredes e obstruí-las, gera alto índice de complicações graves nos pacientes, entre elas a hiperpigmentação. É muito comum nos consultórios pacientes que procuram tratamento de resíduo de pós escleroterapia ou cirurgia de varizes. A incidência de pigmentação varia em torno de 10-30%, esta é menor em telangiectasias e ocorre geralmente 6 a 12 semanas após. O quadro clínico se apresenta como uma mácula amarronzada e que raramente é puntiforme. Na verdade isto ocorre independente do agente esclerosante, a fisiopatologia está ligada a insuficiência venosa crônica que levará a manifestação dermatológica conhecida como Dermatite Ocre. A pigmentação pós-escleroterapia se desenvolve por deposição de hemossiderina na derme, secundário ao extravasamento de hemácias através da parede do vaso tratado. Estas são fagocitadas pelos macrófagos perivasculares, porém o ferro, sendo um produto insolúvel, se acumula nos macrófagos podendo gerar a sua morte e deposição do ferro na derme. A pigmentação da estase crônica é mista: hemática e melânica e a pós-eclerose é apenas hemática, o ácido mercaptoacético atua nas duas fases. No consultório médico, após limpeza com detergente na zona cutânea com pigmentação, o médico deve aplicar um gel exclusivamente sobre a área massageando levemente, deixar agir o produto por até 20 minutos (causa discreta hiperemia local ou frost em torno da mancha), depois usa uma solução neutralizante. O tratamento deve ser repetido semanalmente ficando a critério médico a duração, podendo chegar a meses dependendo da extensão da pigmentação. Em casa o paciente pode usar ácido mercaptoacético a 5% em creme diariamente. O Ácido Mercaptoacético ou Tioglicólico apresenta a capacidade de quelar o ferro da hemossiderina, por apresentar um grupo tioglicólico (SH), podendo ser utilizado semanalmente em consultório sob a forma de peeling (mais concentrado) ou em domicílio, em concentrações menores e que aceleram o processo de remoção da pigmentação. Estudos & Atualidades Estudo avalia a eficácia do Ácido Mercaptoacético na melhora da hiperpigmentação de membros inferiores desencadeada pela insuficiência venosa Ácido Mercaptoacético 20% Avaliação dos resultados obtidos por comparação visual das fotografias feitas antes e depois do tratamento de acordo com a escala comparativa. Aplica ção semanal, durante 6 semanas Pontuação 0 1 2 3 4 5 Resultados: Resultado Nenhuma Melhora Pouca Melhora Melhora Regular Boa Melhora Muito Boa Melhora Ótima Melhora Melhora da hiperpigmentação após o tratamento. Avaliação dos Pacientes e Médicos 50 45 40 35 30 (%) 25 20 15 10 5 0 50 27,5 15 Avaliação dos pacientes 27,5 16,5 14,2 Avaliação dos Médicos 25 11,6 8,3 4,2 0 0 Nenhuma Pouca Regular Boa Muito Boa Ótima A utilização de Peeling de Ácido Mercaptoacético pode ser considerada como uma boa alternativa de tratamento para as hiperpigmentações oriundas da Insuficiência Venosa Crônica, apresentando resultados de melhora boa e muito boa em 75% dos pacientes, com poucos efeitos colaterais e facilidade de aplicação. Estudos & Atualidades Estudo confirma que a utilização do Ácido Mercaptoacético é eficaz na terapia de despigmentante pós-escleroterapia, com resultados satisfatórios e rápidos. Estudo realizado na Universidade de Siena (Itália) avaliou os resultados obtidos por uma formulação industrializada (Siderlink) comercializada no mercado daquele país, com o objetivo de avaliar os resultados na despigmentação cutânea das pernas de pacientes submetidos aos procedimento de escleroterapia. O pesquisador comparou 3 agentes ores claread neste estudo: Ácido Glicólico 70% Ácido Tricloroacético 30-60% Ácido Mercaptoacético 10-20% A utilização do ácido mercaptoacético na concentração de 10 ou 20% apresenta vantagem de não provocar queimação ou eritema, produzindo apenas esfoliação leve e transitória. A formulação demonstrou forte afinidade com a hemossiderina, além de ação de dissolução rápida. Outros pesquisadores demonstraram ainda que o produto é capaz de reduzir e esgotar a capacidade de acumulação do ferro, graças à presença dos grupos tiol (-SH) e da sua atividade antioxidantes. Estes dados sugerem que a utilização do ácido mercaptoacético 10-20% no tratamento da hiperpigmentação pós-escleroterapia é uma alternativa segura, rápida e com excelentes resultados. Segundo o Dr. Izzo, “O ácido mercaptoacético representa verdadeira novidade terapêutica que merece uma difusão ampla no mundo flebológico, A forte atividade de solubilização da hemossiderina garante boa eficiência mesmo em baixas concentrações, ao contrário dos outros ácidos fortes utilizados. Università Degli Studi di Siena. Propriedades O Ácido Mercaptoacético ou Ácido Tioglicólico é um tioácido derivado de ácido glicólico obtido por substituição do átomo de oxigênio do grupo hidroxil pelo súlfur. O Ácido Tioglicólico possui afinidade específica pela hemossiderina calculada em 1/10 em relação à apoferritina por ferro ferritínico, com rápida solubilização. Há uma capacidade de depletar o ferroesplênico por possuir o grupo tioácido (-SH) atividade antioxidante, este fato é demonstrado, pois o principal metabólico da carboximetilcisteína é o próprio ácido mercaptoacético. O uso do ácido mercaptoacético se propõe a remover o pigmento de hemossiderina e melânica, o Mecanismo de Ação Hemossiderina (Pool Estável) Ácido Mercaptoacético Acúmulo de Ferro no Tecido ProduçãoedRadicais Livres Estímulo Melanocítico Solubilização do Ferro Hiperpigmentação Melânica Remoção da Hemossiderina Redução e Resolução total o d manchamento Concentração de Uso Ácido Mercaptoacético 5% (doméstico) ou 10-20% (consultório). pH final ~2,0 – 3,5, dependendo da concentração utilizada. Sugestões de Fórmulas Protocolo em Consultório Higienização 1. Pads Higienizantes Ác.Etílico ..........................................70% LESS.................................................5% Pad Higienizante qsp.........................1un Mande 10 unidades. Utilizar para a higienização do local a ser tratado antes do procedimento. Peeling 2. Peeling de Ácido Mercaptoacético 20% Ác Mercaptoacético ..........................20% Fluido Natrosol qsp ..........................30ml Envasar em Frasco Roll-on ou Frasco Conta-Gotas. Aplicar na região a ser tratada e deixar agir por alguns minutos, de acordo com a etapa de tratamento do paciente. Uso Exclusivo em Consultório. ŸNa primeira sessão de tratamento, deixar agir por apenas 10 minutos e neutralizar em seguida. ŸCaso o paciente não relate ardência excessiva ou não apresente efeitos colaterais severos, a próxima aplicação (uma semana depois) pode ser realizada, deixando o produto agir por 20 minutos. ŸNovamente, em caso de boa resposta, na 3ª, 4ª, 5ª. e 6ª. semanas o produto pode permanecer por 30 minutos, antes que seja realizada a neutralização. Neutralização 3. Spray Neutralizante Prevenção da Inflamação 4. Pomada Antiinflamatória Bicarbonato de Sódio .......................15% Solução Conservante ..........................qs Água Purificada qsp .........................50ml Desonida .......................................0,05% Green tea EG ...................................10% Gel de Aristoflex qsp ..........................50g Borrifar generosamente sobre a área a ser tratada. Deixar agir por 3-5 minutos e remover em seguida com gaze embebida em água. Aplicar imediatamente após a remoção do agente neutralizante. Sugestões de Fórmulas Prevenção da Insuficiência Venosa Crônica 5. Cápsulas de Ginkgo biloba Ginkgo biloba................................................80mg Mande 60 cápsulas. Tomar uma cápsula duas vezes ao dia. 6. Cápsulas de Ginkgo biloba + Associações Ginkgo biloba................................................80mg Rutina..........................................................100mg Quercetina..................................................200mg Vitamina E...................................................150mg Mande 90 cápsulas Tomar uma cápsula três vezes ao dia. 7. Cápsulas de Coenzima Q10 Coenzima Q10..............................................50mg Rutina............................................................40mg Vitamina C...................................................300mg Mande 90 cápsulas. Tomar uma cápsula três vezes ao dia. 8. Cápsulas de Castanha da Índia + Castanha da Índia........................................100mg Centella asiática..........................................200mg Cavalinha......................................................50mg Rutina..........................................................100mg Vitamina C...................................................300mg Mande 60 cápsulas. Tomar uma cápsula duas vezes ao dia. Literatura Consultada 1. Tullii, Roberto; Izzo, M. El papel del ácido tioglicólico en las pigmentaciones férricas / The role of thioglycolic acid in ferric pigmentations. Ver Panam Flebol Linfol;41:57-63, Jun. 2001. 2. Izzo M. Pigmentazione Post-Scleroterapica. Centro Interdipartimentale di ricerca,terapia e riabilitazione flebolinfologica. Università degli studi di Siena ( Italia). 3. Goldman N, Goldman B. Tratamento das hiperpigmentações de membros inferiores desencadeadas por insuficiência venosa através do ácido tioglicólico. Sociedade Brasileira de Medicina Estética – São Paulo. 4. Ackerman Z. et al. Overload of iron in the skin of patient with varicose ulcers. Arch.Dermatol. 1988, 124, 1376-8. 5. Allart J.M. Incidents, accidents del sclérothérapie: comment les prévenir ?, in: "La sclérothérapie", coord. P. Boivin, Lab. DEXO Ed. 1993, 43-56. 6. Tulli R. Ácido Tioglicólico, Aplicação e Resultados em Manchas Pós-Escleroterapia. Int J Cosm Surg. Vol.8. n.3. 2008. 7. http://www.drpaulofreire.med.br/manchas_pintas.htm 8. http://www.merck-chemicals.com.br/acido-tiobenzoico-mercaptoacetico/MDA_CHEM-8146