Alma Gémea: o encontro e a busca DULCE REGINA Alma Gémea: o encontro e a busca Adaptação de: Ana Rita Silva Pergaminho A luz do meu caminho Conheço o meu caminho: ele é reto e estreito. É como o gume de uma espada. Tenho o prazer de andar por esse caminho. Choro quando tropeço. Deus diz: «Quem trabalha com esforço não perecerá» – e eu tenho uma fé implícita nesta promessa. MAHATMA GANDHI A Terra é uma escola. A Astrologia é o meu farol: ilumina os meus momentos, o caminho a percorrer. Saturno é o professor. As suas provas são as mais difíceis. Do seu trânsito não se pode fugir. É o planeta da cobrança kármica. Quando se aprende, já se sabe o que ele vem cobrar e, consequentemente, antecipa-se a ação. Na atual fase da minha vida, por exemplo, ele cobra-me os excessos de outras encarnações. Assim, harmonizo-me com ele, entro em sintonia. Se não me concentrar nesse foco, terei graves problemas e restrições. Principalmente na minha última encarnação (vida de poder), excedi-me: dinheiro, sexo, amores, ostentação... Portanto, 1995 representa o ano do equilíbrio para mim e, antes que Saturno atinja o meu planeta Vénus (na casa 5, amor) e Júpiter (na casa 2, dinheiro), já comecei concretamente a mudar, controlando, por exemplo, as minhas finanças, o que jamais havia conseguido. O seu trânsito, que demora dois anos, pode levar muito menos tempo quando estamos preparados para aprender a lição que ele traz, adiantando assim o processo. Alma Gémea: o encontro e a busca | 31 A Astrologia comum diria que, com a sua passagem pela segunda casa (dos bens materiais), eu teria problemas financeiros. Segundo a minha experiência, digo mais: para não sofrer devo pôr em prática tudo o que aprendi, e vou mais além, pois todos os excessos me serão cobrados. Sabendo o que está a acontecer, ganho consciência. O meu inconsciente está tão aberto para isso que, seis meses antes de chegar o planeta, começo a tomar providências. Há sete anos, durante o trânsito de Saturno, não ganhei consciência, não aprendi, sofri perdas. Quanto aos relacionamentos kármicos, é a mesma coisa: Saturno vai aproximar as pessoas, mesmo que uma delas esteja do outro lado do mundo. Quando se tem uma ligação kármica com alguém e se encontra essa pessoa, é porque nesse momento acontece o trânsito do planeta, que cobra, na Terra, no plano físico. O importante é, pois, acionar a energia. Agir. Daí, a utilidade do mapa: ganhar consciência, para não repetir e não sofrer mais, reagir, enveredar por outros caminhos, agir através do espírito, com intensidade, não superficialmente. Algumas mulheres perguntam-me: «E adianta mesmo saber que tenho um vínculo kármico com o meu marido se não posso fazer nada?» Estão enganadas. Digo-lhes que, sabendo disso, poderão melhorar, mudar esse relacionamento. O ponto de partida, pois, são elas. É a oportunidade para resolver tudo agora. Esse viver consciente apressa o processo de evolução. A Astrologia confirma tudo o que eu sinto: sonhos, visões. É uma ciência: existem cálculos matemáticos para montar o mapa. É, também, intuição: a interpretação. Abre-se um canal. Num aspecto em que há Lua com Vénus, por exemplo, a pessoa é carente afetivamente. Na Astrologia Kármica verifica-se que, numa vida passada, tal pessoa foi abandonada, teve vidas de abandono, de perdas, e hoje sofre essa carência. De onde vem isso? Dos livros? Não. Posso explicar, depois de ter passado 32 | Dulce Regina anos e anos a estudar o meu mapa e o do Lucas – a porta do meu desenvolvimento. Vivenciei. Então, comecei a fazer associações às regressões, que confirmavam a minha intuição. É sonho, é astrologia, é regressão, é sensibilidade… Antes de acontecer o encontro aqui na Terra, no plano físico, ele já ocorreu no plano astral. Se alguém tem uma dívida de amor para com outra pessoa, no momento em que Saturno ativa os planetas de ambos, esse reencontro acontecerá. Vão atrair-se energeticamente nesse período. Acredito que os sonhos também sejam uma forma de visualização do futuro ou do passado. Como para o espírito não existe tempo e espaço, não se sabe quando se vão dar os acontecimentos. A Astrologia determina períodos segundo o trânsito dos planetas. Com a regressão, vivencia-se aquilo que foi dito no mapa. O seu objetivo: rever, entrar dentro de si mesmo, sentir as emoções. Não adianta apenas ver, visualizar. Está tudo registado no inconsciente. É como se fosse uma caixa de arquivos. Basta abri-la. Faz-se regressão até à infância. Por exemplo: uma pessoa vem procurar-me a dizer que está com uma depressão e que toma, inclusive, medicamentos. O seu mapa, no entanto, mostra que é um problema de infância: o pai foi agressivo com a mãe. Espancava-a. Ela vivenciou essas emoções. Registou-as e carregou-as consigo. Tal como a bagagem genética. Na regressão, repete-se a cena: sente medo, angústia, chora. Isso vai libertar a energia que ficou presa no passado. É preciso trazê-la ao consciente, buscá-la para limpar, pois está no plano astral, etérico, tal como está o futuro. Não é uma depressão. O Homem é um reflexo do passado. Enquanto não se libertar das emoções negativas, carregará e atrairá as mesmas situações e experiências vividas. Portanto, a energia registada no inconsciente fá-lo atrair a mesma situação, a mesma história. Rever, reviver, limpar, queimar, purificar. Pode fazer-se o mesmo com uma vida passada, pois o tempo e o espaço existem Alma Gémea: o encontro e a busca | 33 apenas para o corpo físico. É possível regressar a uma vida de há dois mil anos. São, pois, a Astrologia Kármica e a regressão a vidas passadas a essência do meu trabalho. A lei do karma é a lei da vida: colhemos o que plantamos. É como se fosse uma dívida a pagar. E, quanto maior ela for, mais se tem de trabalhar para a resgatar. Quando tudo estiver pago, começa-se uma nova vida: dá-se o renascimento. O principal objetivo do meu trabalho é ajudar as pessoas a compreender o que aconteceu nesta e noutras vidas, ganhando consciência daquilo que plantaram. Através da limpeza desse passado, podem libertar-se de culpas, tristezas, mágoas e ressentimentos, tudo o que é negativo. O espírito é um só, continua sempre, embora o corpo físico em que está encarnado morra. É uma Centelha Divina, uma Luz que vem do Grande Sol Central. Portanto, todas as experiências ficam registadas no inconsciente, que vai criando uma casca em cada encarnação – como se fosse uma cápsula –, que é o ego. Num determinado momento, é preciso regressar a essa essência divina, romper o ego, a cápsula, entrar na luz. O espírito é puro e, quando vem para a Terra, não tem qualquer intenção de agir mal, de cometer erros, mas, aqui chegado, a energia, por ser pesada, muito densa, tende a desviar-se do caminho proposto. Então, o espírito fica preso na Terra. Desde a minha adolescência, durante muitos anos, procurei esse encontro com o meu EU, com a minha essência, o autoconhecimento, o autodesenvolvimento. Claro que, nessa época, não sabia o significado de tudo isso. Passei anos e anos a procurar encontrar-me, porém só consegui explicações mais profundas e respostas que vinham de dentro de mim através da Astrologia Kármica e das regressões nesta vida e para outras vidas. Existe, no meu trabalho, uma proposta maior: a libertação do passado, dos resquícios que trazemos de encarnações 34 | Dulce Regina em que muitas coisas ficaram pendentes. É o que tenho feito, é a minha missão: resgatar, desde que descobri a Astrologia, para evoluir e crescer, aumentando a minha luz. É, portanto, um trabalho baseado não só nos meus estudos, mas, principalmente, na minha própria experiência de vida. Antes, costumava fazer trabalho de relaxamento, contudo não era suficiente. Percebo hoje que as respostas estão dentro de mim e que tenho de as procurar, em contacto com o meu Eu Superior, para que possam aflorar, vir à tona. É uma luta constante, pois, quando penso que já descobri tudo, acontece algo que me faz ir mais fundo. Estou sempre a mergulhar no meu interior. Claro que nem todas as pessoas estão preparadas para esse mergulho: é como remexer numa ferida. Dói. E com base nessa vivência é que o meu trabalho flui. Sentir para transmitir. Transmitir para orientar. Orientar para o exercício da busca do aperfeiçoamento. Curar as feridas. Não se pode fingir que não existem. Sinto, talvez pelo meu ascendente Escorpião e pela minha Lua em Escorpião, a necessidade de vivenciar tudo com muita intensidade. Não consigo ficar pela superfície. É desgastante, cansativo, mas, ao mesmo tempo, sinto-me bem e estou feliz, pois a cada momento me encontro mais. Aprendi que a felicidade está dentro de mim, aprendi a conviver comigo própria em paz e harmonia. Já me senti em conflito. Analisando tudo o que passa pelas minhas mãos, a cada dia, recebendo os mais diferentes problemas de quem recorre a mim, sei a que ponto a droga, o mau uso do sexo, da bebida e do poder causam dificuldades, ansiedade, desequilíbrios… Hoje tenho plena consciência de que o sexo é uma troca de energia entre dois corpos. Numa relação sexual, a energia de um fica impregnada no outro. Quando uma pessoa se envolve em vários relacionamentos sexuais ao mesmo tempo, há um acúmulo energético de vibrações diferentes. E essa busca no outro Alma Gémea: o encontro e a busca | 35 reflete como a pessoa se sente incompleta e insatisfeita consigo própria. Além de se sobrecarregar com tantas energias diferentes, ela afasta-se cada vez mais da sua integridade interior. Evidentemente, cada um tem o seu livre-arbítrio quanto à força vital. A troca constante de parceiro provoca a separação entre Almas Gémeas, por causa dos karmas que se adquirem com esses envolvimentos sexuais. Para se estar unido à Alma Gémea, é necessário que cada um esteja inteiro. A energia negativa entre duas pessoas que se relacionam sexualmente mas não se amam é prejudicial para ambas, da mesma forma que o relacionamento sexual entre Almas Gémeas provoca uma explosão de energia positiva que se expande para todo o Universo. Essa energia não se restringe ao prazer físico e individual, é uma irradiação de amor. Em conclusão, sexo não pode ser só físico, pois numa relação sexual há uma fusão de energias. Em relação às drogas, o seu consumo abre buracos na aura, permitindo a entrada de energias densas e negativas, fragilizando os corpos físico, mental, emocional e espiritual. É um desequilíbrio total. Impulsiona à sintonização com o pior que existe no Universo e no interior da pessoa, podendo provocar homicídios, suicídios, a própria destruição, desestruturando a família e a sociedade. Os jovens, na sua ingenuidade, são presas fáceis dos ataques energéticos vindos das falanges do mal que tentam destruir o planeta. Como são mais recetivos, caem nessa armadilha. A certa altura, uma mulher muito conceituada profissionalmente procurou-me por causa do seu filho de dezasseis anos que apresentava reações estranhas: tinha deixado de estudar, isolava-se da família e mantinha ligações com pessoas mais velhas de índole duvidosa. Propus-me ir a casa dela, fora da cidade de São Paulo, porque o jovem recusava qualquer ajuda. Num domingo, fui almoçar com a família, como convidada, para interpretar o mapa de todos. O jovem não sabia que a 36 | Dulce Regina verdadeira intenção da minha ida era sentir o que se passava com ele. Consegui abordá-lo através da Astrologia. Mostrou-se muito arredio, tratando-me com um certo menosprezo. Intuitivamente, comecei a falar sobre Almas Gémeas. Percebi que o assunto o interessava. Nesse momento, contou-me que se drogava e que já estava bastante dependente. Detetei, no seu mapa, um problema de sensação de abandono na infância. A sua mãe, com muitas responsabilidades profissionais, não lhe tinha dedicado o tempo necessário. Ao ser rejeitado por uma namorada, foi acionada e reforçada a carência que sentia em relação à mãe. No seu quarto, com a porta fechada, em determinado momento, abriu o armário e mostrou-me um revólver, que usaria num duplo suicídio com um amigo. Mantive-me calma e perguntei-lhe o porquê de tanta vontade de morrer. Desabafou comigo durante horas, mantendo, simultaneamente, atitudes de confiança e desconfiança. Com bastante paciência, pedindo ajuda a Jesus, fui-lhe mostrando que o suicídio não era a solução. Falei-lhe sobre reencarnação, disse-lhe que iria gerar karma para si, para os seus amigos e para a sua família. Mostrei-lhe, através do mapa, o seu poder de comunicação com grupos e que o usava de forma destrutiva, e não de forma construtiva. Estava nas mãos dele reverter esse quadro, pois havia dentro de si uma enorme capacidade para isso. Convidei-o a conhecer melhor o meu trabalho de relaxamento e regressão, antes de executar o seu intento. Cheio de dúvidas, dividido, pediu-me que não contasse a ninguém a sua intenção de suicídio. Disse-me que iria pensar. Acabou por aceitar, perante a insistência da prima; eles eram próximos, e foi essa afinidade que o convenceu a passar uns dias em casa dela, em São Paulo. Senti o peso da responsabilidade. De um lado, a família, que depositava em mim toda a esperança; do outro, a vida de um ser humano que precisava de confiar em alguém. Nas minhas Alma Gémea: o encontro e a busca | 37 horas mais difíceis, peço sempre orientação a Jesus e, assim sendo, contei aos pais que o filho estava a passar por um momento decisivo e que tentaria ajudá-lo a sair do grande conflito que vivia. Era necessário o seu fortalecimento espiritual, única forma de não o deixar à mercê daquelas forças tão negativas. O que mais o convenceu foi, além da curiosidade sobre a Alma Gémea, a grande responsabilidade que sentiu quando o fiz tomar consciência do que estava a fazer com a sua vida e com a de todos os que o rodeavam. Veio para passar dois dias, mas conseguimos fazer com que ficasse um mês. Nesse período, afastá-lo da corrente negativa tornava-se fundamental. Era uma luta diária para mantê-lo longe dos amigos, da droga, do suicídio. Ocupávamos o seu tempo com atividades que poderiam interessar-lhe: curso de controlo mental, reuniões em minha casa com grupos de meditação e relaxamento, além do meu trabalho individual, diário, para a reestruturação da sua aura. Tínhamos uma preocupação contínua para que ele não se desviasse, novamente, do caminho da Luz, pois as tentações e recaídas eram constantes. Uma difícil prova para mim e para todos. A sua agressividade, por vezes, era imensa. Criámos uma corrente espiritual em seu redor, numa luta entre o Bem e o Mal. Após todo este trabalho e afastado do seu grupo, a sua energia foi-se tornando mais leve, o que conduziu à transformação. Passado um mês, numa das reuniões de relaxamento, segurou nas minhas mãos e, diante de todos, chorando, disse-me: «Dulce, você salvou a minha vida.» A emoção do resultado obtido incentivou-me a prosseguir o meu trabalho de ajuda ao próximo e contribuiu para o meu crescimento espiritual. Naquele momento, chorámos e agradecemos muito ao Plano Divino, que havia vencido a luta. O jovem voltou para a sua cidade, já convencido do seu poder de comunicação com grupos e disposto a ajudar os seus amigos, tendo-me pedido ajuda, 38 | Dulce Regina inclusive, para um trabalho com eles. Hoje está bem e estuda Psicologia. Cada um de nós é responsável não só pelos seus filhos, mas pelo seu próximo e por todos os seres que habitam o planeta. O tráfico e o consumo de drogas geram, em cada pessoa envolvida, um intenso karma consigo própria e com o coletivo, que está a ser desviado do caminho do bem. Irreversivelmente, essa cobrança cósmica acontecerá através de muito sofrimento. Acredito que é muito triste, conflituoso, não saber porque se está na Terra, por que razão determinadas situações e determinadas pessoas aparecem nas nossas vidas e ficam, e outras não. Aprendi que o espírito reencarna em grupos e cria vínculos, elos de amor, de ódio, mágoa, culpa. Há um fio que nos liga energeticamente a essas pessoas. Como não temos consciência disso, a tendência é para a repetição do mesmo erro, o que faz o espírito evoluir muito pouco. Nós estamos encarnados na Terra num momento de grandes mudanças, ao nível de vibração e energia. Portanto, é a hora de procurarmos mais fundo. Não há lugar para sentimentos de ódio, para culpas ou ressentimentos. Precisamos de limpar os nossos corações de todas as negatividades do passado, para podermos atrair relacionamentos mais harmoniosos. Estamos a aproximar-nos do momento do reencontro dos verdadeiros casais, pois a Terra está necessitada dessa vibração de amor entre os seres humanos. A fusão verdadeira desse sentimento emite uma vibração que irradia para todo o planeta. A nossa evolução depende das nossas respostas: quem somos, porque estamos aqui. Todos temos uma missão. Cumpri-la da melhor maneira possível é o nosso desafio. Adquirimos karmas negativos ligados a erros passados. No entanto, tudo serve de experiência se soubermos tirar a nossa lição. Se a repetição for uma constante, surgirá a doença. De contrário, a cura. Os laços terrenos devem ser trabalhados com Alma Gémea: o encontro e a busca | 39 muito empenho, atenção e sinceridade. As depressões, as angústias surgem devido a grandes tensões, geradas por tentativas erradas de conseguir aquilo de que necessitamos. Há duas formas de aprendizagem: pelo sofrimento ou pela consciencialização. O mapa vai mostrar o que o espírito colherá nesta vida, tudo o que foi plantado noutras encarnações. Como o Lucas me ajudou a fazer essa aprendizagem, queria ajudá-lo a evoluir. Às vezes, sinto uma grande ansiedade, pois consigo ver mais à frente. Porém, não se pode apressar o processo de cada um. Temos de respeitar as minhas condições e os seus limites. Como não me permitiu ir mais adiante naquilo que o seu mapa confirmava, e como tudo aconteceu, acredito que esteja a tomar consciência, a aprender pelo sofrimento. Portanto, é esta a mensagem: quando se entra num trabalho de Astrologia, de regressão, onde se chega? À consciencialização. Evolui-se mais depressa, o espírito sabe por que razão está a passar por diversas experiências e, quando sai da Terra, encontra-se num plano mais elevado que não atingiria num processo normal, em que seria necessária a passagem por muitas encarnações. É uma grande lição: o autoconhecimento. As respostas vêm do próprio inconsciente. Eu não faço nada por ninguém. Apenas ajudo as pessoas a entrarem em si mesmas, a procurarem as suas respostas internas, não externas, nem fixas. Tudo se transforma à medida que se evolui. Alteram-se a vibração e energia. Se um astrólogo deteta, no mapa, que algo vai acontecer a uma pessoa no prazo de um ano, pode significar que ela está presa à Terra e não a um processo de querer evoluir – momento em que se transmutam as previsões feitas. O destino existe, com restrições. O Homem está envolvido nas malhas que ele mesmo teceu e encontra-se no destino que criou, porém a natureza age com propósitos determinados. Pode escolher entre dois caminhos: o sofrimento ou a consciencialização. 40 | Dulce Regina E, daí, vem a vontade de mudar, de se transformar. O Homem é o seu próprio salvador e o seu próprio destruidor. Nas nossas vidas, não acontecem desgraças cujas causas não sejam encontradas nos nossos atos, nesta ou noutras encarnações. Somos nós que colocamos o karma em ação, como indivíduos ou como nação. Mal comecei a estudar Astrologia, decidi fazer as minhas previsões para aquele ano. Consultei uma astróloga que analisou, no meu mapa, um momento difícil: eu poderia sofrer um acidente e morrer. Saí de lá muito assustada e fiz uma reflexão sobre a minha vida. Pedi ajuda espiritual, por sentir que não era hora de morrer, havia muito para fazer, para aprender. Havia uma missão a cumprir. Após alguns dias, veio parar às minhas mãos o livro Autobiografia de Um Iogue, de Paramahansa Yogananda, que foi decisivo para a compreensão do impasse que eu estava a viver: «A Astrologia é o estudo das reações do homem aos estímulos planetários. Os astros não têm qualquer benevolência ou aversão consciente; eles limitam-se a enviar radiações positivas ou negativas. Por si só, não ajudam nem prejudicam a humanidade, mas oferecem um canal lícito para que se manifeste o equilíbrio de causas e efeitos que, no passado, cada pessoa pôs em movimento. Uma criança nasce no dia e hora exatos em que os raios celestes estão em harmonia matemática com o seu karma individual. O seu mapa é um retrato desafiante, revelando o seu passado inalterável e os resultados prováveis no seu futuro. O mapa natalício só pode, porém, ser interpretado corretamente por homens de sabedoria intuitiva: e estes são poucos. A mensagem audaz heraldicamente proclamada através dos céus, no momento do nascimento, não tem a intenção de dar ênfase ao destino – o resultado do bem e do mal pretéritos –, mas de despertar a vontade humana para escapar do seu Alma Gémea: o encontro e a busca | 41 cativeiro universal. O que o homem fez, ele mesmo pode desfazer. Ninguém, além dele, foi o instigador das causas cujos efeitos agora prevalecem na sua vida. Ele pode transcender qualquer limitação. Em primeiro lugar, porque a criou com as suas próprias ações e, em segundo lugar, porque possui recursos espirituais que não estão sujeitos a pressões planetárias.» Foi exatamente isso que eu fiz. Compreendi a mensagem e pu-la em prática na minha própria vida. Gravei uma cassete para ouvir todas as noites, harmonizando o meu mapa, transmutando todas as energias negativas em positivas, através de afirmações e muitas orações. Essa harmonização planetária, conseguida com muito esforço, foi interiorizada no meu ser, na minha mente, que tem uma força muito grande. Por meio dela, poderia ter atraído esse acidente, mas acreditei, tive fé. Após esse trabalho, com a ajuda do Plano Espiritual, transformava os pensamentos negativos em positivos, até chegar à profundidade do meu espírito. Existem três planos: o físico, o mental e o espiritual. Para se chegar ao espiritual, há que passar pelo mental, e vice-versa. As afirmações levaram-me à etapa espiritual, e é essa a lição que eu transmito às pessoas que me procuram quando estão numa fase muito negativa em algum aspecto das suas vidas, por exemplo material ou financeiro. Ensino-lhes, então, as afirmações de abundância para que transcendam esse momento. Recebi, portanto, uma ajuda espiritual que modificou a minha vida. Yogananda diz, no seu livro, que, além da mudança interior, existe a possibilidade de transmutação do karma, queimando-se o desenho do mapa natal e dos aspectos negativos – pois o fogo é uma energia transmutadora e purificadora – com a seguinte afirmação: «As sementes do karma passado não podem germinar quando torradas no fogo da Sabedoria Divina.» Ao transformar-me interiormente, com muito esforço, pude evitar a minha morte física e cumprir, ainda nesta encarnação, 42 | Dulce Regina a missão programada pelo meu espírito. Antes de encarnar, adquirimos missões a cumprir, a cósmica e a terrena. A cósmica é obrigatória para todos os seres. Devemos evoluir aprimorando os nossos atos e sentimentos. A terrena serve para amenizar os karmas. Se o espírito tem uma missão a cumprir e não o faz, pode passar por grandes sofrimentos ou mesmo pela morte física. Os guias espirituais tentam encaminhá-lo para tal missão. Ele recebe informações intuitivas, através de sonhos, livros, pessoas que chegam e o convidam a realizar um tipo de trabalho, ou que passam a mensagem. Enfim, um auxílio espiritual para que não se desvie da sua meta. A informação dessa astróloga, que num primeiro momento poderia ter sido interpretada como algo negativo, na realidade foi um instrumento que o Plano Espiritual usou para me forçar a cumprir a minha missão. A partir daí, passei a interessar-me ainda mais pela espiritualidade e comecei a agir. Nessa época sonhava com crianças doentes em hospitais. Logo em seguida, li um artigo sobre crianças abandonadas que me interessou bastante. Trabalhei como voluntária no Hospital Oncológico, em algumas creches e na FEBEM (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor). A minha transformação ia-se dando. Há períodos fáceis e períodos difíceis. Estes últimos podem ser transmutados desde que a energia seja lapidada e, consequentemente, transformada. Quando se está totalmente limitado, no plano da Terra, não se consegue. Então, pensa-se que o problema não está em si próprio, mas no outro. Porém, basta regressar ao interior e perguntar o porquê de atrair sempre o mesmo tipo de situações e de pessoas. Significa que dentro de cada um de nós está a resposta: aquela situação ou pessoa é um instrumento para se aprender o novo, para a oportunidade da transformação e, consequentemente, da não-repetição. Essa mudança dependerá da nossa capacidade de autoanálise, da coragem de encarar, honestamente, a nossa própria realidade. Alma Gémea: o encontro e a busca | 43 É um movimento de dentro para fora, força invencível do sentimento de querer tornar-se uma nova pessoa, consciente, harmonizada com a natureza e com o Cosmos. É este o meu trabalho: quando uma pessoa vem a minha casa, está em busca da solução para os seus problemas. Com a data, hora e local de nascimento, interpreto o seu mapa, mostrando, com a minha intuição, os seus karmas, adquiridos durante muitas encarnações, os seus merecimentos, o porquê de estar aqui. Transmito também os meus conhecimentos. O primeiro passo, o mapa, ajuda a melhorar. Busca-se o ponto mais crítico, mais profundo – a culpa é a raiz do problema. Muitas vezes, é preciso fazer uma regressão. Essa pessoa já está a ser preparada, energeticamente, pelo Plano Espiritual para esse trabalho. Passou por vários sofrimentos, merece e quer saber, quer mudar, quer melhorar. Porém, possui livre-arbítrio e nem sempre pretende mergulhar dentro de si, pois é mais cómodo que resolvam as coisas por ela. Com isso, perde a oportunidade. O empenho de querer mudar tem de ser grande. O mapa é o diagnóstico, a regressão é o caminho da cura. Aquele deteta problemas, por exemplo nos relacionamentos entre pais e filhos ou marido e mulher, homossexualidade, toxicodependência, depressão e medos injustificados: de conduzir, de água, de ambientes fechados... e mesmo sexuais, decorrentes de violações cometidas por pais, irmãos e avós. São, portanto, os mais variados e complexos. Por exemplo: a maior parte das pessoas que têm Urano na casa 5, retrógrado, sentem dificuldades no relacionamento com os filhos. Urano é o planeta das separações bruscas. Retrógrado tem que ver com dívidas de outras encarnações – tal pessoa abandonou, bruscamente, os filhos noutras vidas. Hoje, tem problemas com eles ou dificuldades para os conceber. Na maioria das vezes, não foi por maldade, e sim devido às circunstâncias. 44 | Dulce Regina