Texto literário e texto não literário O que é a literatura? Os diferentes tipos de textos devem-se, principalmente, às diferenças de finalidade/função e ao público destinatário de cada um deles. Literatura é a arte que ocorre através da linguagem artística. Abrangendo os textos em prosa e em verso, a literatura promove muito mais do que conhecimento (história, sociologia, humor, etc.), promove o prazer estético. Fique atento: as funções da linguagem ajudam a diferenciar um texto literário de um texto não literário. Para perceber se um texto é ou não literário, é preciso analisar sua função predominante, isto é, qual é seu objetivo principal. Se este for informar algo de modo objetivo, de acordo com os conhecimentos que se tem da realidade exterior, ou se tiver um compromisso com a verdade científica, o texto não é literário, mesmo que, ao elaborar a linguagem, seu autor tenha feito uso de figuras de estilo, utilizado recursos estilísticos de expressão. O texto não literário trata de um assunto/problema concreto da realidade. A função predominante neste tipo de texto é a referencial. Já o texto literário não tem essa função nem esse compromisso com a realidade exterior: é expressão da realidade interior e subjetiva de seu autor. São textos escritos para entreter, emocionar e sensibilizar o leitor; por isso muitas vezes utilizam a linguagem poética. Esse tipo de texto cria uma história ficcional a partir de dados da realidade. A função emotiva e a poética predominam no texto literário. São esses os critérios que devemos considerar ao analisar e classificar um texto em literário ou em não literário. Exemplos de textos não literários: notícias e reportagens jornalísticas, textos de livros didáticos, textos científicos em geral, manuais de instrução, receitas culinárias, bulas de remédio, cartas comerciais etc. Exemplos de textos literários: poemas, romances literários, contos, novelas, letras de música, peças de teatro, crônicas etc. Perceba que existem publicações que veiculam textos dos dois tipos. Os jornais e as revistas, por exemplo, que, além de notícias e reportagens, contêm fotos, desenhos, charges, passatempos, receitas, resenhas, sinopses, resumos, poemas, crônicas, editoriais etc. Escreva TL para o texto literário e TNL para o texto não literário: “A rede de tricô era áspera os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música, o mundo recomeça ao redor.” (Clarice Lispector) ............................................. “Sendo a literatura uma forma de linguagem, ela não só é capaz de transmitir o que pensa e o que sente o homem de diferentes épocas, como também de interagir com o homem contemporâneo, levando-o a refletir sobre o seu próprio tempo e transformá-lo.” ..................................................... Texto em Prosa: É aquele que se organiza em parágrafos, em linhas contínuas, como acontece nos romances, contos, crônicas e novelas. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente denotativa = objetiva. Texto em verso: É aquele organizado em estrofes, com o preenchimento parcial da linha, como ocorre nos poema. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente conotativa =subjetiva, figurada. # Há textos que misturam aspectos da prosa e da poesia e são conhecidos como: prosa poética ou poemas em prosa. Quanto ao conteúdo, estrutura e, segundo os clássicos, conforme a “maneira imitação”, podemos enquadrar as obras literárias em gêneros literários. PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA ERA COLONIAL 1500 – Quinhentismo ou Literatura de Informação 1601 – Seiscentismo ou Barroco 1768 – Setecentismo ou Arcadismo ERA NACIONAL 1836 – Romantismo 1881 - Realismo/Naturalismo/Parnasianismo 1893 – Simbolismo 1902 – Pré – Modernismo 1922 – Modernismo 1956 até hoje - Contemporaneidade ROMANTISMO O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois da nossa independência política. Por isso, as primeiras obras e os primeiros autores românticos estão empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais e religião, etc. Podem dizer que o nacionalismo é o traço essencial que caracteriza a produção de nossos primeiros escritores românticos, como é o caso de Gonçalves Dias. Particularidades do Romantismo: O surgimento do Romantismo no Brasil está diretamente associado ao projeto de construção nacional despertado pela independência (1822) de Portugal. Este fato desperta na consciência de intelectuais e artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira, identificada com suas próprias raízes históricas, lingüísticas e culturais. O Romantismo, além de seu significado primeiro – de ser uma reação à tradição clássica, assume em nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e antilusitano, ou seja, de rejeição ‘a literatura produzida na época colonial, em virtude ao apego dessa produção aos modelos culturais portugueses. Portanto, um dos traços essenciais do Romantismo é o nacionalismo, que orientará o movimento e lhe abrirá um leque de possibilidades a serem exploradas. Dentre elas se destacam: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e lingüística, além da crítica aos problemas nacionais – todas elas de posturas comprometidas com o projeto de uma identidade nacional. Tradicionalmente se tem apontado a publicação da obra Suspiros Poéticos e Saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães, como marco inicial do Romantismo no Brasil. CARACTERÍSTICAS Reação contra o classicismo – nega-se racionalidade e a rigidez formal dos clássicos. a Subjetivismo: o artista trata dos assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o modo como vê e sente o mundo; dizemos que sua arte é subjetiva porque expressa uma visão particular da realidade. Sentimentalismo: o que valem são os sentimentos do escritor. Idealização (da mulher, do amor, da sociedade, do índio): os românticos buscavam o ideal; a pátria era tida como um paraíso, a mulher como flor, anjo e deusa, o homem (herói das narrativas) forte, másculo e dominador e o índio cheio de bravura e de bondade. Egocentrismo - “culto do eu” , individualismo: Não se imitam modelos clássicos. O escritor, agora é autêntico e expressa todo o seu amor, a sua paixão, a sua emoção, a sua intuição, enfim, a sua alma. Nacionalismo: os românticos brasileiros, por exemplo, foram os que iniciaram a literatura nacional ao apregoar uma poesia e um romance que tivessem a cor, a fala e o jeito brasileiro de ser. A paisagem brasileira foi valorizada e o índio virou símbolo da nacionalidade. Retorno ao passado e saudade: o passado é o referencial do romântico e a saudade manifesta-se insistentemente no Romantismo. DIVISÃO DO ROMANTISMO – POESIA AS TRÊS GERAÇÕES DO ROMANTISMO Os primeiros poetas românticos foram marcados pelo predomínio do nacionalismo, do patriotismo e da ênfase que deram à natureza brasileira – uma paisagem tropical, onde realçou a exuberância, o exotismo à paisagem européia. Nesse contexto tropical emergiu o indianismo. O índio era enfocado como representante de um passado histórico brasileiro, visto como lenda e mito, à moda dos cavaleiros medievais para os europeus. O índio apareceu como formador do povo brasileiro e, como tal, foi idealizado, como aconteceu nas obras de Gonçalves Dias. Primeira geração – poesia de Gonçalves de Magalhães e de Gonçalves Dias, cujos temas eram a pátria, a saudade, a bravura indígena a natureza, a religiosidade e o amor irrealizado. Foi a fase da poesia nacionalista. Domingos José Gonçalves de Magalhães (18111882) Poeta maranhense, a ele pertence a glória de ter iniciado o Romantismo no Brasil. Obras principais: Suspiros poéticos e saudades Confederação dos Tamoios Gonçalves Dias – um projeto de cultura brasileira (1823-1864) Maranhense de Caxias, tinha sangue de índio, branco e negro. Esse fato marcou um pouco sua vida e refletiu-se nos seus poemas de amor. Marcada pela busca da identidade nacional. O poeta exalta a natureza brasileira inserindo nela o índio idealizado, nobre como um cavaleiro medieval cheio de honra, corajoso e belo. Gonçalves Dias: Primeiros Cantos, Segundos Cantos, Últimos cantos, Sextilhas de Frei Antão, Os timbiras, Y - Juca – Pirama. Temática: indianista Lírico Amoroso: mulher idealizada. Canção do exílio Culto a natureza: o romântico projeta os seus sentimentos na Natureza, irmanando-se a ela. Imaginação e fantasia Religiosidade – válvula de escape das frustrações do mundo real. Sonho e escapismo – a imaginação cria outros mundos onde o romântico se refugia para sair da realidade entediante. Ilogismo: a lógica de tudo não faz parte da manifestação artística de quem vive de emoções. Senso de mistério e exotismo: o fascínio pelo mistério da existência e por coisas e lugares diferentes. Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso Céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Poesias Diversas Desejo E poi morir. Metastásio Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste a palmeiras, Onde canta o Sabiá 01. No poema, o eu lírico compara a terra natal com a terra onde está exilado. Que elementos são utilizados nessa comparação? a) sociais b) naturais c) econômicos d) políticos 02. A distância da terra natal provoca no eu lírico a) Tristeza b) Desespero c) Angústia d) Saudade 03. Ao se referir à terra natal, o eu lírico apresenta uma imagem a) Realista b) Racional c) Idealizada d) Imparcial 04. Quais os principais temas característicos do Romantismo apresentados nesse poema? 05. Nos versos “Em cismar, sozinho à noite/ Mais prazer encontro eu lá”, destaca-se a característica romântica a) exaltação da natureza b) valorização da cultura popular c) escapismo d) crítica social Segunda geração – Ultrarromantismo: marcada pelo “mal do século”, apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo. satanismo e atração pela morte. Tema preferido fuga da realidade deixam de lado os acontecimentos políticos e sociais, voltam-se para si mesmos. Medo de amar, por isso, os ideais femininos normalmente são marcados por figuras de anjo, criança e virgem. Foi a poesia do mal do século. Álvares de Azevedo – a antítese personificada (morreu aos 21 anos de idade) Sua obra reflete o tédio, a dúvida, a orgia, a obsessão pela morte, a infância, o medo do amor e o sofrimento. Em sua curta vida, encerrada pela tuberculose, contaminado pelo mal do século.Sua dor só é aplacada pela lembrança da mãe e da irmã. Soneto Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio enconsto Tento o sono reter!… já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece… Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. 06. Apresenta um apelo o verso a) “Minha terra tem palmeiras” b) “Que tais não encontro eu cá” c) “Nosso céu tem mais estrelas” d) “Não permita Deus que eu morra” 07. Revela-se no poema um tom de a) lamento b) humor d) rancor Ah! que eu não morra sem provar, ao menos Sequer por um instante, nesta vida Amor igual ao meu! Dá Senhor Deus, que eu sobre a terra encontre Um anjo, uma mulher, uma obra tua, Que sinta o meu sentir; Uma alma que me entenda, irmã da minha Que escute o meu silêncio, que me siga, (...) Dá-me a esperança com que o ser mantive! ao amante os olhos por piedade Olhos por quem viveu quem já na vive! Volve c) ironia O CANTO DO PIAGA O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda-geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é Ó guerreiros da Taba sagrada, Ó guerreiros da Tribo Tupi, Falam Deuses nos cantos do Piaga, Ó guerreiros meus contos ouvi. a. a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. ..................................................Fragmento b. a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda. c. o descontrole das emoções provocado pela autopiedade. d. o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. e. o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento. TERCEIRA GERAÇÃO – CONDOREIRA OU SOCIAL. Caracterizada pela poesia social e libertária, reflete as lutas internas da Segunda metade do reinado de D. Pedro II. Essa geração sofreu intensa influência de Victor Hugo e de sua poesia político-social, daí ser reconhecida como geração hugoana. O termo condoreirismo é conseqüência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor. Seu principal representante foi Castro Alves. Principal poeta da terceira geração romântica, Antonio de Castro Alves supera o extremado individualismo dos poetas anteriores, dando ao Romantismo um sentido social e revolucionário que o aproxima do Realismo. Fez uma poesia social e engajada, isto é, aquela que se coloca a serviço de uma causa políticoideológica, procurando ser uma arte de contestação e conscientização. Sem apresentar uma visão idealizada e ufanista da pátria, Castro Alves retrata o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a escravidão dos negros, a opressão e a ignorância do povo brasileiro. O centro de preocupação da linguagem desloca-se do eu (o emissor) para o assunto (no caso a abolição e a República). Publicado em 1883, a obra reúne as composições anti-escravagistas de Castro Alves, entre elas os famosos poemas abolicionistas “ O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Castro Alves – Poeta dos escravos Cultivou a poesia lírica e social. Social falava dos escravos e da ignorância do povo brasileiro. Lírica a mulher deixava de ser virgem-pálida e passa a ser mais participante. É mais realista, sensual e até erótico. “Uma noite, eu me lembro... Ela dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão, solto o cabelo, E o pé descalço do tapete rente. Qual Prometeu tu me amarraste um dia Do deserto na rubra penedia - Infinito: galé!... Por abutre – me deste o sol candente, E a terra de Suez – foi a corrente Que me ligaste ao pé... (...) Cristo! Embalde morreste sobre um monte... Teu sangue não lavou de minha fronte A mancha original. Ainda hoje são, por fado adverso, Meus filhos – alimária do universo, Eu – pasto universal... Hoje em meu sangue a América se nutre - Condor que transformara-se em abutre, Ave da escravidão, Ela juntou-se às mais... irmã traidora Qual de José os vis irmãos outrora Venderam seu irmão. Basta, Senhor! De teu potente braço Role através dos astros e do espaço Perdão p’ra os crimes meus!... Há dois mil anos... eu soluço um grito... Escuta o brado meu lá no infinito, Meu Deus! Senhor, meu Deus!!... 01. O fragmento desse poema de Castro Alves fala a) da religiosidade do povo africano b) da exploração do território africano c) da escravidão do povo africano d) da história do povo africano 02. O eu-lírico do poema é a África personificada. Nas duas primeiras estrofes do fragmento o interlocutor do eu-lírico é a) Prometeu b) Deus c) abutre d) Suez 03. No verso “Que embalde desde então corre o infinito...”, a palavra destacada tem o sentido de a) inutilmente b) rapidamente c) lentamente d) isoladamente 04. O grito dado “Há dois mil anos” pelo eu-lírico é em favor a) de Cristo b) de José c) da América d) dos seus filhos Obras: Espumas Flutuantes – Os escravos – A cachoeira de Paulo Afonso 05. Ao mencionar o personagem mitológico Prometeu, o eu-lírico estabelece uma relação a) de oposição b) de afetividade c) de semelhança d) de animosidade VOZES D’ÁFRICA Castro Alves (fragmentos) 06. No verso “Condor que transformara-se em abutre”, temos a figura de linguagem a) metáfora b) antítese Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus? c) metonímia d) catacrese 07. Quando se refere à América, o eu-lírico expressa a) um elogio b) um questionamento c) uma lamentação d) uma acusação