Guia de Estudos Guerra do Peloponeso (429

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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
Sisa 2012
Guia de Estudos
Guerra do Peloponeso (429 - 421 a.C.)
Disputa entre Atenas e Esparta pela hegemonia do mundo grego.
Elaborado por:
Camila Alves
Julia Camargo
Diretores:
Ana Clara Figueiredo
Aline Belo
Beatriz Dos Anjos
Camila Alves
Gabriel Soares
Julia Camargo
Mariana Bittencurt
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
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Sumário
I. Geografia...................................................................................................... 3
1. Organização................................................................................................ 5
2. Relevo......................................................................................................... 6
II. Sistemas Políticos....................................................................................... 7
1. A Democracia Ateniense............................................................................. 8
2. A Oligarquia Espartana............................................................................... 9
III. Guerras Médicas...................................................................................... 12
1. Introdução....................................................................................... 12
2. Primeira Guerra Médica................................................................... 13
3. Segunda Guerra Médica.................................................................. 14
4. Batalha de Termópilas...................................................................... 14
5. Batalha de Salamina........................................................................ 15
6. Batalha de Platéia........................................................................... 15
7. Consequências................................................................................ 15
IV. Pentaconteia............................................................................................ 16
V. Primeira Guerra do Peloponeso.............................................................. 17
VI. O Mediterrâneo....................................................................................... 18
1. Macedônia, Trácia e Calcídia........................................................... 18
2. Sicília, Magna Grécia e os Etruscos................................................ 23
3. O Império Persa............................................................................... 24
VII. Tecnologias de Guerra............................................................................ 25
1. Unidades de Combate..................................................................... 25
2. Armamentos dos Hoplitas................................................................ 26
3. Navios de Guerra............................................................................. 29
VIII. Oráculos.................................................................................................. 30
IX. Recursos Naturais.................................................................................... 30
X. Bibliografia.................................................................................................. 31
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I. Geografia
Mapa 1- Mapa da grécia
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Mapa 2: “Grécia Antiga”
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Mapa 3: “Colonização Grega”
1. Organização
Espalhados por toda parte, os povos gregos (na Grécia Antiga) localizam-se
na região Sul da Europa, mais especificamente na Península Balcânica. Seu centro
é banhado pelo mar Egeu pelo leste, e pelos mares Adriático e Jônico a oeste.
A ordem mundial regente da época dividiu as terras conhecidas em quatro
partes:
–
A Grécia Continetal, composta pelas Pólis da Península Balcânica
a) Macedônia: Região do reino macedônico
b) Épiro: Região de porção mais ao norte do mundo grego. Localiza-se próximo aos
povos bárbaros e aos macedônicos
c) Tessália: Onde existem maior porção de terras planas, apesar de abrigar o Monte
Olimpo em seu território
d) Grécia Central: Uma das mais importantes regiões da Grécia Antiga, pois
abrigava as grandes Pólis de Atenas e Tebas. É, também, a única região que
conecta Peloponeso com o resto do continente europeu (por meio do Istmo de
Corinto)
e) Grécia Ocidental: Região entre a Grécia Central e Épiro
f) Peloponeso: Região peninsular ligada a Grécia Cetral. Abriga a Pólis de Esparta
–
A Grécia Insular, ou seja, as ilhas gregas. As principais sendo elas a ilha de
Rodes, Creta e Delos
–
A Grécia Asiática, situada na porção oeste da Ásia Menor. Abrigando Pólis
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importantes como as de Tróia e Lesbos.
–
A Magna Grécia formada por algumas pólis da região sul da Península Itália,
como Cartago
2. Relevo
Mapa 4: Relevo da Grécia Antiga
A região grega é majoritariamente montanhosa (ocupam 80% de sua
superfície territorial). Entre uma montanha e outra encontram-se planícies férteis,
berços naturais para o desenvolvimento de pequenas sociedades. Apenas algumas
regiões litorânes, como Tessália, e a porção de terra do Peloponeso, que são
cobertas pela Arcádia (terras igualmente montanhosas). A Grécia Central é divida
em Leste e Oeste pelos Montes Pindo. Os montes mais importantes são: o monte
Parnaso, que abriga a cidade e o oráculo de Delfos, o monte Olímpio, e a região da
Arcádia (Peloponeso).
Com relação ao mar, a região grega tem seu litoral bastante recortado, com
bons portos e diversas ilhas próximas umas das outras. As águas calmas e essa
pequena distância entre as ilhas são um convite e tanto à navegação maritma.
A fragmentação geográfica do território grego, devido à presença marcante do
mar e das montanhas, facilitou (também) a fragmentação política.
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II. Sistemas Políticos
Mapa 5: Sistemas políticos e seus aliados antes da Guerra do Peloponeso
1.A Democracia Ateniense
“εκλήθη το πολίτευμα δημοκρατία” (Péricles: “Essa constituição é chamada
‘democracia’ ”)
Atenas foi fundada pelos jônios no centro da planície da Ática. Como os solos
eram pouco férteis, a população ateniense voltou-se para o mar.
A Democracia Ateniense consolidou-se de fato com uma figura peculiar de
nome Péricles. Baseado nas pequenas e não tão efetivas reformas feitas pelo seu
antecessor Clístenes, Péricles tornou possível a participação dos cidadãos nas
decisões políticas por meio do estabelecimento dos princípios: isonomia, igualdade
de todos perante a lei; da isegoria, igualdade de direito ao acesso à palavra na
assembléia; e da isocracia, igualdade de participação no poder. Instituiu, também,
remuneração aos cargos políticos, já que esses só atraiam os mais ricos e
avantajados. Atenas tratava-se de uma democracia direta, enquanto hoje, vigora a
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democracia representativa.
“Nossa constituição é chamada democracia porque o poder está nas mãos
não de uma minoria mas de todo o povo. Quando se trata de resolver questões
privadas, todos são iguais perante a lei, quando se trata de colocar uma pessoa
diante de outra em posições de responsabilidade pública, o que vale não é o fato de
pertencer a determinada classe, mas a competência real que o homem possui.” Discurso de Péricles. Disponível em <www.educacao.sp.gov.br>.
Neste período, essa grande pólis era governada pela assembléia ekkleseia,
formada pelo o conjunto de todos os cidadãos maiores de 18 anos. Essa, decidia
tudo na política: desde a cobrança de impostos até assuntos externos. As decisões
eram tomadas através de votações sobre assuntos apresentados pela boulé
(conselho dos 500).
A primeira reunião realizada da ekklesia (em cada quatro delas) discutiam-se
questões essenciais do governo, inclusive a permanência ou não de oficiais em seus
cargos. Essa reunião era denominada de ekklesia kuria (assembléia soberana).
Havia limites na participação da ekklesia. Primeiramente, aquele considerado
traidor poderia ser expulso da comunidade atniense, através do ostracismo (sistema
de votação. Posteriormente, todos os cidadãos encontravam-se sujeitos ao
julgamento diskateria, uma espécie de tribunal formado por um júri (sem juíz), no
qual o cidadão era julgado por dike (quebra de contrato, falso testemunho, calúnia,
assassinato, entre outros crimes) ou graphe (impiedade, deserção, injúria, etc).
A ação por inconstitucionalidade (graphe paranomon) podia visar à anulação
de uma decisão tomada na ekklesia, garantindo a permanência dos princípios
democráticos da assembléia ateniense. Essa moção punia aquele que havia
proposto a moção inconstitucional, mesmo que ela tivesse sido aprovada pela
ekklesia, e suspendia imediatamente a decisão, decreto ou proposta em questão.
A boulé (conselho dos 500 cidadãos maiores de 30 anos) eram escolhidos
através de sorteio dentre as diferentes divisões administrativas (conhecida como
demos), sendo que nenhum cidadão assumia mais do que duas vezes um cargo na
boulé e seu cargo era mantido por um ano. Essa ordem decidia: os assuntos a
serem abordados e sua ordem de votação na ekklesia; o tempo de fala dos cidadãos
(através da clepsidra, um relógio de água). Além de serem responsáveis pela
organização da ekklesia em geral, também cuidavam de obras públicas e sua
fiscalização. Também havia o helieu (conhecido como Câmara dos Comuns) que era
responsável por, simplesmente, cuidar de casos corriqueiros da Cidade-estado.
Os cargos tinham duração limitada e rotatividade, a eleição e/ou sorteio eram
princípios essenciais da democracia ateniense. Assim escolhiam-se, entre outros, os
dez strategoi (generais) que ficavam responsáveis pela condução da guerra e das
relações exteriores, os presbeis (ou embaixadores) que representavam o povo
ateniense no exterior e faziam tratados e acordos com outras póleis, os arautos
(kerukes) eram responsáveis por enviar mensagens e presentes às outras póleis, e
por consultarem os oráculos em nome da sua cidade. Lembrando que tais cargos
eram subordinados ao controle da assembléia, que determinava e limitava suas
atribuições e sua liberdade de ação.
Além dessa Democracia funcionar na base da oratória, na arte de bem falar,
habilmente explorada por muitos discípulos de sofista (que conseguiram influenciar
muitas decisões da assembléia popular e condenar ao ostracismo muitos
adversários políticos), também se baseava em dois fundamentos: liberdade e
igualdade. Esses pilares eram muito respeitados e adorados pelos atenienses.
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Segundo Ésquines, por exemplo, “as oligarquias e aqueles que governam seguindo
o princípio da desigualdade devem se proteger dos homens capazes de tomar o
Estado pela força das armas, mas nós, cuja constituição é fundamentada sobre a
igualdade e o direito, nós devemos descartar aqueles cujas palavras ou condutas
atentem contra a democracia.”. Péricles, general ateniense, teria dito “(...) Todos são
iguais perante a lei. (...) Nós praticamos a liberdade, não apenas em nossa conduta
na ordem política, mas também (...) na vida cotidiana”. a democracia ateniense
Porém, apesar desses fundamentos serem a base de Atenas, só era
considerado cidadão de direito político (participando das assembléias, conselhos e
tribunais) o homem de sexo masculino livre com mais de 18 anos de idade, nascidos
em Atenas e com pai e mãe atenienses. Isso significava aproximadamente 13% da
população.
De posição social abaixo dos cidadãos estão os metecos. Esses eram os
estrangeiros que viviam em Atenas. Eram homens livre, mas sem nenhum direito
político. Estavam sujeitos ao serviço militar e ao pagamento de impostos, não
podiam possuir terras, não podiam se casar com mulheres atenienses e
basicamente dedicavam-se ao comércio e ao artesanato.
As mulheres que viviam na dependência dos homens (antes de se casarem
dependiam do pai e depois de seu marido) não tinham direitos políticos. As mais
ricas, passavam suas tarefas de casa aos escravos, mas as menos afortunadas
tinham que trabalhar dentro e fora de casa, tais como vendedoras de mercado. Só
podiam participar dos cultos e das festividades religiosas.
Por fim, os escravos, essenciais para a economia e estrutura social, eram
responsáveis pelo artesanato, agricultura, construção civil, etc. Como escravos,
eram desprovidos de qualquer direito e sobreviviam como mera propriedade de seus
senhores. De forma geral, tornavam-se escravos os inimigos derrotados e
capturados de guerras ou os endividados. Assim, há um grande leque de habilidades
e conhecimentos dentre eles, o que determinava a sua futura ocupação.
2.A Oligarquia Espartana
“ ·
ἐπεὶ
μέντοι
κατενόησα τὰ επιτηδεύματα τῶν Σπαρτιατῶν,
οὐκέτι
ἐθαύμαζον.”(Xenofonte: “quando estudei as instituições dos Espartanos, não mais
me surpreendi.”).
Esparta foi fundada na Lacônia, na Península do Peloponeso, por grupos
dórios. Para manter sua hegemonia, a aristocracia de origem dória montou uma
estrutura totalmente ligada a uma ação militar contínua (estratégias). Assim, Esparta
encontrava na guerra sua justificativa e sua vocação.
A princípio, Esparta era governada por quatro instituições políticas: a Apelá
(assembléia dos cidadãos), a Gerousia (conselho dos anciãos), a Diarquia (dois reis)
e cinco Éforos (administradores) eleitos anualmente.
Instituição
Escolha
Poderes
Tempo no cargo
Gerousia
28
membros Vetar decisões
e Os anciãos, uma vez
escolhidos entre os convocar a Apelá, eleitos, permaneciam
esparciatas
com propor e selecionar no cargo o resto de
mais de 60 anos. Os leis e interpreta-las. suas vidas. Os reis
membros
eram Órgão
mais permaneciam
o
escolhidos
pela importante.
quanto o seu reinado
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Apelá através de
gritos e aplausos. Os
doi
reis
eram
membros
da
Gerousia
por
obrigação do cargo.
durasse.
Diarquia
Dois
nobres
aclamados reis por
herança, cada um
descendendo de
uma dinastia: Ágidas
e
Euripontides
(ambas
descendentes
de
Hércules).
Os reis possuíam
poucos poderes no
período
clássico.
Eram
líderes
religiosos,
consultavam
os
oráculos e julgavam
pequenos
crimes.
Acima
de
tudo,
eram
generais
perpétuos
e
exerciam
grande
influência sobre os
exércitos.
Sua
principal influência,
no entanto,
era
exercida por meio da
Gerousia, da qual
faziam parte.
Até sua morte, a não
ser
que
seja
destituído do cargo
pelos
espartanos
(na
figura
da
Gerousia, não da
Apelá) por algum
crime.
Apelá
Assembléia formada
pelo conjunto de
todos os cidadãos
espartanos (os que
passaram
pelo
treinamento militar, a
agoge).
Presidida
pelos Éforos.
Responsável
por
escolher anciãos e
éforos.
A
Apelá
recebia propostas da
Gerousia e, talvez
após
discuti-los,
aceitava ou não as
propostas. Caso a
proposta
fosse
aceita, a Gerousia,
considerando
a
posição
dos
cidadãos,
decidiria
aprovar ou não a
proposta. Caso a
Gerousia
compartilhasse
a
opinião da Apelá,
esta seria convocada
uma segunda vez
para ratificar
a
decisão
da
Gerousia.
Caso
Enquanto tivessem
os direitos
de
cidadão,
todos os
esparciatas poderião
participar
das
decisões da Apelá.
As reuniões
da
Apelá eram fixas,
mas poderiam ser
convocadas
pela
Gerousia.
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contrário, não
convocada.
Éforos
era
Cinco
membros
eleitos pela Apelá
através de gritos e
aplausos. Poderiam
ser escolhidos dentre
os
cidadãos
espartanos.
Chefes do poder Um ano no cargo,
executivo, os éforos sem possibilidade de
também fiscalizavam reeleição.
a atuação dos reis
em
campo
de
batalha.
Também
eram responsáveis
pela condução da
política externa.
Tabela 1: Relação das Instituições Políticas Espartanas e suas peculiaridades
A estrutura social correspondia a uma sociedade hierarquizada, constituída por
três grupos bem marcados: os espartaciatas, aqueles que, nascidos de família
espartana, haviam passado por treinamento militar (agoge) e gozavam de todos os
privilégios; os periecos, oriundos dos entornos da cidade ou antigos habitantes da
Lacônia, que se dedicavam ao artesanato e ao comércio (eram livres e possuíam
suas próprias terras, porém não tinham poder político) e hilotas, usados como
servos (não-livres) provavelmente oriundos da região do Peloponeso.
A peculiaridade de Esparta não era sua constituição, era a criação de uma
organização social absoluta e única, destinada a aumentar o poderio militar do país.
Só ela possuía um exército permanente, suficientemente disciplinado e
excelentemente treinado. Todo o cidadão espartano adulto era, acima de tudo, um
soldado, pois eram obrigados a se alistarem numa das divisões militares do exército.
Desde a primeira infância, o espartano era educado para viver para o Estado. Essa
educação visava à formação de cidadão leais e bons soldados, dando ênfase nos
treinamentos físicos e militares. Curiosidade é que aqueles mais prudentes e
inteligentes eram mandados como agente secretos do governo.
Diferentemente de outras pólis, em Esparta as mulheres gozavam de alguns
privilégios, como a prática de ginástica, a participação em jogos, podiam ir a
reuniões públicas e podiam administrar o patrimônio familiar juntamente com os
maridos.
Os espartanos não aprovavam o comércio internacional, pois temiam que as
mercadorias estrangeiras trouxessem consigo novas exigências e novas ideias.
Assim, procuravam fazer que os produtos nacionais satisfizessem suas
necessidades. Pela mesma razão, mantinham moedas cunhadas em ferro como o
único meio e intercâmbio reconhecido. Esse espírito tendia a isolar Esparta do resto
do mundo: ela se tornou independente, uma potência quase que exclusivamente
terrestre, com forte exército, porém sem navios para guerra ou comércio.
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III. Guerras Médicas
Mapa 6: Representação do território do Império Persa (parte dele) e das cidadesEstados Gregas,
que se enfrentarão nas Guerras Médicas.
1.Introdução
Este conflito, de 499 a.C. a 449 a.C., envolveu os estados gregos e o império
persa.
Seu início se deu por volta de 546 a.C., durante a expansão persa (ordem de
Ciro, o Grande), que tomou a região da Lídia, o que permitiu, também, a conquista
da região da Jônia (abrigava as cidades de Samos, Quios, Éfeso, Colofon, Priente,
Mionte, Lebedos, Teos, Clazomenes, Étrias, Fócia, Mileto, entre outras). Essas
cidades, assim que conquistadas pelo império persa, enfrentavam uma brusca
mudança em seus sistemas sociais, políticos e econômicos. De início, por exemplo,
eram instalados tiranos a favor da ideologia persa. Além disso, os gregos eram
obrigados a pagar tributos e a cede seus soldados ao novo império que ali
dominava.
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Em 525, o Egito tinha sido dominado e seria somente uma questão de tempo
até as outras cidades do norte da África fossem dominadas. Logo, em 514, o império
já havia se instalado na Europa, até as regiões da Trácia e Macedônia. Além da
Grécia estar totalmente cercada ao norte, sul e leste, ao oeste sofria ameaças de
Cartago.
Mapa 7: Representação de todo o Império Persa em seu ápice.
Instalou-se, na Grécia, um panorama político de indecisão e inquietação por
conta desse cercamento persa. As pólis passaram a reestruturar seus aliados e
inimigos a fim de evitar e combater o avanço persa. Devido às cada vez maiores
discordâncias políticas, entre as pólis gregas, teve-se que normatizar essas
alianças. E foi assim que surgiu a Liga do Peloponeso, união da maioria das pólis da
região do Peloponeso (com exceção de Argos) sobre liderança de Esparta.
Atenas, uma das mais importantes pólis gregas, não possuía uma posição
clara sobre os persas. Mas em 499 a.C., algumas póleis da Eólia e algumas póleis
iônicas decidiram expulsar seus tiranos e foi aí que os atenienses passaram a apoiar
a revolta contra os persas.
Em 496 a.C., Mileto liderou, com ajuda de Atenas e Erétria, uma revolta contra
o domínio persa na região. Contudo, sucumbiram em 494a.C., e as forças gregas
foram obrigadas a recuar. O império persa manteve o domínio sobre a região e
destruiu a cidade de Mileto.
2.Primeira Guerra Médica
O império persa, agora sob domínio de Dario I (filho de Ciro, o Grande), vingouse da Grécia por ajudar a região da Jônia numa rebelião. Avançou sobre Trácia e
Macedônia, chegando a fronteira com a Grécia. Após uma tentativa nula de tentar
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convencer a pólis grega a se render, deu-se início, em 490 a.C., a primeira Guerra
Médica. Os persas comandaram uma expedição sobre Atenas e Erétria. Conseguem
incendiar Erétria e atacar Naxos e também conseguem conquistar Delos, Caristo e
Eubéia, o que garantiu o domínio da Grécia Oriental e do Mar Egeu, extremamente
importante para o comércio. Atenas, diferentemente de Erétria, consegiu conter os
persas na planície de Maratona (com ajuda de Platéia).
Dario I, começa a tramar sua revanche. Porém, há uma mudança de planos
com uma revolta no Egito em 486 a.C.. Tentou intervir, mas morreu de uma
enfermidade.
3.Segunda Guerra Médica
Em 482 foram descobertas ricas minas de prata na região da Ática, e Atenas
usou estes recursos para construir uma frota de duzentos trirremes (antigas
embarcações, muito eficientes, usadas pelos gregos para navegar no mediterrâneo)
– nenhuma outra cidade tinha tantos navios de guerra. Isto se mostraria
extremamente útil quando os persas voltaram a atacar, agora sob a liderança de
Xerxes.
Imagem 1: Representação de um trirreme
Em 481 a.C., o gregos reuniram-se na primeira reunião pan-helênica, onde foi
decidido que, por enquanto, suas diferenças seriam colocadas de lado para uma
melhor eficiência nas Guerras contra os persas. Sendo assim, o comando terrestre
ficou sob liderança de Esparta, enquanto Atenas comandava o setor marítmo.
A desvantagem numérica dos gregos era notória, já que o exército persa
contava com cerca de duzentos mil soldados e mil navios enquanto os gregos
tinham apenas trinta e cinco mil homens e trezentos e cinquenta trirremes. Sua
única vantagem era o conhecimento geográfico da área o que poderia ser usado a
seu favor a fim de atrair o inimigo para locais estrategicamente favoráveis.
4.Batalha das Termópilas
Os persas avançaram para a Grécia seguindo próximos ao mar, garantindo seu
abastecimento contínuo. O exército grego se fixou nas Termópilas, um desfiladeiro
com apenas quinze metros de largura, usando esse relevo a seu favor, e ali foi
travada a famosa batalha de todo um exército persa contra apenas os trezentos de
Esparta, liderados pelo seu rei Leônidas.
O plano consistia em segurar os persas no desfiladeiro, local de difícil acesso
e que oferece desvantagens a quem não conhece o terreno. No entanto, os persas
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descobriram um caminho que levava para a parte de trás desse desfiladeiro. Após
perceber que os persas se aproximavam mais rápido do que o esperado, Leônidas
ordenou que quatro mil de seus homens recuassem para um local seguro e assim
partiu com seus 300 homens para a batalha.
Graças as atitudes tomadas pelo rei Leônidas, ganhou-se tempo suficiente
para organizar os navios e esvaziar a cidade. Os persas, depois de terem destruído
o exército grego, incendiaram Atenas. Essa batalha foi a única, nas Guerras
Médicas, em que as cidades gregas sofreram derrota.
5.Batalha de Salamina
Após a derrota grega, Temístocles, arconte ateniense, dediciu vingar a sua
Pólis. O plano envolvia, novamente, a geografia d região. Iria atrair o inimigo para
um batalha em um canal de 2km, localizado entre a Ilha de Salamina e o continente.
Ou seja, muitas das embarcações persas seriam prejudicadasos gregos, devido aos
conhecimentos náuticos atenienses poderiam vencer.
Contando também com a ajudo do clima, os gregos venceram as batalhas que
se seguiram. Primeiramente, a batalha de Artemisium, visto que uma tempestade
afundou algumas embarcações inimigas antes da batalha. Com isso, o exército
persa encontrava-se debilitado, mas confiante de suas vitória estava próxima já que
o arconte teria enviado um escravo confiável para se passar por traidor exilado e
contar à Xerxes que o exército grego estava amedrontado e debilitado.
Uma pequena divergência de estratégias ocorreu entre atenienses e
espartanos antes da batalha: os espartanos eram a favor da construção de uma
barreira militar no Istmo de Corinto, de forma a proteger o Peloponeso, e os
atenienses argumentaram que uma batalha em alto mar seria desvantajosa devido
ao menor número de embarcações e que correriam o risco de perder não só o
confronto como também importantes territórios.
O plano grego foi mantido. O exército persa não conseguia se locomover e
foram aniquilados pelos gregos, no que ficou conhecida como uma das batalhas
navais mais célebres de todos os tempos. Xerxes, que assistiu a aniquilação de
seus homens, retornou à Pérsia. O grande imperador não se deixou abalar pelas
perdas recentes organizando um novo exército o mais rápido possível, a fim de dar
continuidade a guerra e acabar com a esperança grega.
6.Batalha de Platéia
Refugiados na Tessália, os persas logo marcharam para o sul na região de
Platéia, onde travou-se a última batalha das Guerras Médicas. Dessa vez, a
geografia não era um fator favorável para os gregos. A vitória era incerta, apesar da
considerável perda de homens e material bélico do exército persa na batalha de
Salamina.
Uma falange grega havia se movimentado, o que fez com que Mardônio (chefe
persa) acreditasse que os mesmos estivessem se rendendo e ordenou que os
persas atacassem para pôr, de vez, fim na Guerra. Entretanto, os gregos, que
estavam apenas mudando de posição, usaram desse deslize de Mardônio para
atacar com força total. Em decorrência disso os gregos aniquilaram a armada de
Xerxes na batalha de Micale, na Ásia Menor, resgataram a Jônia e colocaram fim às
Guerras Médicas.
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7.Consequências
Durante as Guerras Médicas, Esparta ficou limitada as regiões da Grécia,
devido a sua constante necessidade de conter atritos internos e também devido a
sua força militar ser terrestre. Atenas, então, criou a Liga de Delos, com o objetivo de
proteger a Grécia contra um possível novo ataque externo. Assim como a Liga do
Peloponeso, a de Delos era uma união de várias cidades-estados (nesse caso,
cidades gregas e ilhas da costa da Ásia Menor), mas sob o comando de Atenas. Sua
sede encontrava-se em Delos e cada cidade-estado que fazia parte dessa liga teria
que contribuir com homens, navios e dinheiro para um fundo comum, com o objetivo
de se preparar para futuras invasões.
Com a derrota dos persas, o poder do Mar Egeu voltou à posse dos gregos e o
império persa entrou em extrema decadência, levando em conta o fato de que os
povos fenícios (aliado dos persas) sofreram muito com tal situação, principalmente
sobre a rivalidade grega. Péricles (grande figura ateniense) passou a transferir os
recursos (tributos recolhidos pela Lida de Delos) para a realização de obras
públicas, desenvolvendo assim as áreas de arquitetura, escultura, teatro, e arte em
geral. Enfim, a Liga de Delos foi descaracterizada em seus objetivos iniciais,
tornando-se um conjunto de cidades submetidas ao imperialismo ateniense.
Embora suas instituições democráticas estivessem sido preservadas, Atenas
tornou-se centro de um grande império comercial e marítmo, com diversas cidadesEstado que dela dependiam e eram por ela governadas em todos os assuntos,
sendo impedidas de possuir um autêntica independência política. Impelidos por uma
energia incríve, os atenienses afirmavam uma supremacia que nenhuma cidade
conseguia suster, e embora o mar fosse seu e dominassem as rotas comerciais,
assim como as minas e as riquezas da terra, não puderam eliminar a concorrência
espartana.
O fortalecimento, o revigoramento da democracia (com Péricles – século V a.C.
- século de Ouro para Atenas) e o crescimento da hegemonia de Atenas sobre as
outras pólis, tornaram a rivalidade entre os atenienses e as outras pólis da Liga
maior. A expansão de sua influência política foi combatida por Esparta, que não
desejava que Atenas colocasse em risco suas alianças com outras cidades-estado.
IV. Pentaconteia
Após o fim das Guerras Médicas, seguiu-se um período de “50 anos de paz” na
Grécia, apesar da crescente tensão entre Atenas e Esparta.
Atenas, agora império, vivia em tempos de prosperidade. Com seu poder naval
consolidado e grande influência na Liga de Delos, com certeza era uma das maiores
potências gregas. Esparta, agora com o seu poder militar maior do que nunca,
ganhou fama quase lendária e ascendeu a liderança da Liga do Peloponeso.
O climax entre as duas grandes potências foi em 465 a.C., quando uma revolta
de escravos estourou em Esparta. Atenas, tinha a intenção de ajudar, porém foi
impedida por Esparta, que temia a mudança de lado dos atenienses. De qualquer
forma, Atenas encarou tal atitude desrespeitosa e quebrou qualquer tipo de aliança
que ainda mantinha com Esparta.
Em 459 a.C., as regiões de Mégara e Corinto, entraram em guerra. Atenas
acabou por selar uma aliança com os megarenses. Esparta considerou a atitude
ateniense como uma traição. E os 50 anos de paz que vigoravam até então tinham
seus dias contados
O resultado foi a Primeira Guerra do Peloponeso, um conflito de
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
Sisa 2012
aproximadamente 15 anos. Após uma invasão espartana da Ática, Atenas foi
obrigada a ceder alguns dos territórios conquistados e foi firmada a Paz de Trinta
Anos (446a.C), que durou muito menos do que deveria.
V. Primeira Guerra do Peloponeso (início: 431 a.C.)
Entre alguns dos conflitos que antecederam a Guerra, estão: a invasão de
Platéia pela pólis Tebas, pois Platéia recusara firmemente participar da confederação
de cidades-estado da Beócia (ligada aos espartanos). A invasão dos tebanos foi um
fracasso, mas Platéia pediu apoio militar e diplomático dos atenienses para proteger
sua cidadela, enquanto os tebanos recorreram ao apoio espartano no esforço de
cercar seus inimigos.
O desentendimento de Corinto e Potidéia (“colônia” de Corinto, que tornara-se
aliada dos atenienses). Os atenienses, temendo a fúria de Corinto, mas também de
Perdiccas II, rei da Macedônia e opositor político dos atenienses, enviaram uma frota
de trinta navios e mil hoplitas (guerreiros-cidadãos de Atenas, caracterizados pela
formação militar da falange) para Potidéia. Essa, devido a sua instabilidade, decidiu
mudar de lado, e assim, começou uma revolta contra Atenas, mesmo assim o
exército ateniense derrotou todos aqueles que foram contra ele.
Outra “colônia” de Corinto, Córcia iniciou aliança com Atenas, desencadeando
várias batalhas.
Esses eventos rivalizaram ainda mais as duas potências, Atenas e Esparta,
que sobre pressão de seus aliados, declararam guerra. A insatisfação da liga do
Peloponeso fez com que Esparta ordenasse uma invasão imediata, em 431 a.C. na
Ática. Os atenienses, por outro lado, não ousaram enfrentar os espartanos,
permaneceram dentro se suas muralhas, já que o inimigo era superior nesse estilo
de combate.
Esparta contava com apoio ativo de Mégara, dos Beócios e dos Coríntios; além
disso, contava com a simpatia da Macedônia, de Siracusa e outras póleis. Do lado
dos atenienses estavam Quios, Lesbos, Platéia, Messênia, Acarnania, Córcira e
outras cidades, responsáveis por pagar tributos, nas seguintes áreas: na costa de
Caria, na Jônia, no Helesponto (atual Estreito de Dardanelos), na Trácia, nas ilhas
entre o Peloponeso e Creta, nas cíclades, exceto por Melos e Téra. Quios, Lesbos e
Córcira eraresponsáveis pela provisão de navios, as outras infantarias e dinheiro.
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VI. O Mediterrâneo
Mapa 8: Representação das regiões banhadas pelo Mar Egeu
1.Macedônia, Trácia e Calcídica
“Macedonia sends forth her invincible race;
For a time they abandon the cave and the chase:
But those scarfs of blood-red shall be redder, before
The sabre is sheathed and the battle is o'er.”
(Lord Byron, As Peregrinações de Childe Harold)
Algumas entidades políticas localizadas ao norte da Grécia Continental, como
a Macedônia, Trácia e Tessália, disputavam recursos naturais da região (o que foi
motivo das antigas invasões persas).
A Macedônia adota o dialeto grego. Os relatos mais antigos que se têm
referentes a essa terra é que a transumância (isto é, a migração periódica de
rebanhos de ovelhas e cabras de acordo com as condições do clima) fornecia as
condições de vida nesta região. Ou seja, a sociedade era pequena, condizente com
uma extensa família. O ajuntamento dessas famílias, fez com que a tribo dos
Argêadas emergisse. Nessa tribo, os reis eram escolhidos por sua
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
Sisa 2012
representatividade entre os “macedônios”.
Por volta do século VII a.C., contudo, uma nova e empreendedora dinastia
real assume o controle da Macedônia, como sugere o relato de Heródoto:
“Alexandre descendia, em sétimo grau, de Pérdicas, que se apoderou da coroa
da Macedônia, da maneira que passo a relatar. Gaianes, Aérope e Pérdicas, todos
irmãos e descendentes de Temeno, viram-se, pelas circunstâncias, obrigados a fugir
para Argos, na Ilíria, e, passando de lá para a Alta Macedônia, foram ter à cidade de
Lebéia, onde se engajaram no serviço do rei por determinada remuineração. Um
tratava dos cavalos; o outro dos bois; e Pérdicas, o mais jovem, guardava o gado
miúdo; pois outrora, não somente as repúblicas, mas as próprias monarquias, não
gozavam de boa situação financeira. Era a própria rainha quem lhes preparava a
comida. Começou ela a observar que todas as vezes que o pão do jovem Pérdicas,
que a auxiliava na cozinha, saía do forno, vinha com o dobro do tamanho que tinha
ao ser ali colocado. Admirada com o fato, que se repetia sempre, comunicou-o ao
marido. Mandando vir à sua presença os três irmãos, ordenou-lhes que deixassem
os seus domínios. Os jovens apenas declararam, em resposta, que era de justiça
receberam antes o seu salário. Ao ouvir a palavra salário, o rei respondeu à maneira
de um homem a que os deuses tivessem perturbado a razão. “Dou-vos o Sol (o Sol
penetrava a casa pela abertura da chaminé); esse salário é digno de vós”. Ante essa
resposta, os dois irmãos mais velhos, Gaianes e Aérope, ficaram atônitos, sem
saber o que dizer, mas Pérdicas, o mais jovem, retrucou ao soberano: “Senhor,
aceitamos a oferta que nos fazeis”. Isso dizendo, tomou a faca que trazia consigo e
traçou no espaço uma linha imaginária em torno do raio de sol que entrava na sala
e, depois de o haver atravessado três vezes, afastou-se dali com os irmãos”
(Heródoto 8, 137).
Acredita-se que após Perdicas assumir o reino da Macedônia, houve uma
pequena expansão territorial, importante para seu fortalecimeto político.
Primeiramente, avançaram sobre Pieria e em seguida por toda a região da Eórdia,
levando seu exército até as beiras do rio Axiós. Durante o período do Império Persa,
essas expansões foram brevemente interrompidas devido a aliança estabelecida
entre o rei Amintas I (da Macedônia) com Dario I (da Persia).
O descendente macedônico, Alexandre I, manteve-se fiel a Xerxes (agora
imperador persa). Porém, durante as batalhas Médicas, Alexandre assumiu uma
posição ambígua: ao mesmo tempo em que fornecia tropas aos persas, ajudou os
gregos com conselhos e sugestões secretos.
Com a derrota persa, Alexandre se aproveitou das antigas terras, que estavam
sob controle do império, para anexar as suas. Depois de ampliar seu território até as
margens do rio Estrímo, mudou de lado e atacou os persas em Nove Caminhos (477
a.C.). Através dessa conquista deixou claro para os atenienses que o rei Alexandre
significava um ameaça para seus interesses. A região acabou sob domínio de
Trácia, só sendo conquistada por Atenas em 436 a.C. (conhecida como Anfípolis).
Após a morte de Alexandre I, seu reino não estava nada mais nada menos do
que enfraquecido. Assim, a assembléia dos macedônios, elegeu três de seus cinco
filhos para assumirem o cargo de Rei., entregando a cada um deles uma porção de
terra do reino.
As inúmeras divergências dos reis acabaram por causar um crise política em
440 a.C., obrigando a assembléia a eleger somente um rei (Perdicas II). Porém,
Felipe (um dos outros filhos de Alexandre) não concorda com a decisão da
assembléia. Apoiado pelos atenienses, de Derdas (rei de Eliméia) e Siltaces (rei da
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
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Trácia) iniciou uma campanha visando tomar novos territórios e saquear as riquezas
do país (429 a.C.).
Com a expansão de terra, a Macedônia multiplica a sua atividade econômica.
Uma maior produção de grãos e animais, e o investimento na exploração de lenha e
metais.
O rei era responsável pelo política externa e pela condução dos exércitos, mas
as cidades tinham liberdade para tomar decisões domésticas por meio das mesmas
instituições presentes no mundo grego. O rei também era investido de uma aura
religiosa fortemente respeitada: era considerado o intermediário entre os
macedônios e os deuses. Sua eleição se fazia dentre os herdeiros da família real e
era decidida por uma maioria de votos (na verdade, gritos) dos cidadãos armados
que se reuniam numa Assembléia.
Ao sul deste, encontrava-se o império da Tessália. A maioria das pólis eram
governadas por aristocratas, sendo sua principal base econômica a criação de
cavalos e gado, a plantação de cereais e o comércio. Possuíam: portos importantes
na rota entre a sia Menor e o Mar Negro; e “colônias” ao sul, como Lesbos no Egito.
Ao norte e noroeste da Macedônia estavam os Peônios e os Trácios. Os trácios
estavam divididos, na realidade, entre várias tribos autônomas falantes da língua
trácia, e não obtiveram grande destaque político pelo menos até o momento em que
o Reino Odrísio foi estabelecido. Já os Peônios eram criadores de gado e produtores
de cevada, guerreiros formidáveis cuja atuação militar (às margens do rio Axiós)
causou grandes problemas aos Macedônios. A expansão dos peônios (para o
sudoeste e para o norte) só é interrompida com a intervenção dos persas, no século
V a.C.
A Calcídica, uma península ao sul do território compreendido pelos rios Axiós e
Estrímon, adquiriu esse nome devido à fundação de inúmeras colônias oriundas de
Cálcis (cidade de Eubóia) em seu território. Uma das cidades mais importantes da
região, por volta do século V a.C., foi Potidéia, colônia de Corinto. As cidades da
Calcídica que davam para o Golfo Termaico eram pontos estratégicos na rota
comercial entre o Mar Negro e a costa Asiática e, além disso, a região era rica em
ouro, prata, ferro e madeira e notável por suas abundantes plantações de oliveiras.
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Mapa 9: Hidrografia da região da Macedônia
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Mapa 10: Representação da região da Calcídica
Mapa 11: Representação da região da Macedônia e Trácia
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A situação de conflito entre essas três pólis, Macedônia, Trácia e Calcídica, se
dá entre 432 e 429 a.C., sobre a região da Potidéia (configurando um dos episódios
da Guerra do Peloponeso).
Potidéia era aliada dos atenienses, embora fosse colônia de Corinto (aliada a
Esparta). Após o conflito de Corinto com Córcira, os atenienses, com medo de que
Corinto passasse a intervir na região de Calcídica, pedem à Potidéia que expulsem
todos aqueles magistrados corintos.
Mesmo após Atenas enviar imediatamente 30 navios e mil hoplitas à Trácia,
encontraram situação de revolta, até na cidade de Potidéia. Portanto, considerando
que não poderiam sozinhos combater Perdicas II e as cidades revoltosas, as forças
atenienses se deslocaram até a Macedônia visando repreender Perdicas. Isso leva o
rei da Macedônia a aceitar um breve acordo de paz com os atenienses, que
desrespeita tão logo as tropas atenienses se voltam novamente para Potidéia.
Porém, Atenas consegue derrotar Corinto. Em crise, a Macedônia pede ajuda a
Siltaces (rei da Trácia), selando um acordo de que, juntos aos atenienses, iriam
intervir em favor da Macedônia.
Logo, em 429, contudo, Siltaces resolve reunir seus soldados e avançar sobre
a Macedônia, uma vez que Perdicas II, como de costume, não havia cumprido com
sua parte da promessa.
2. Sicília, Magna Grécia e os Etruscos
Mapa 12: Representação da região da Sicília e Sul da Itália
Na mesma época (séculos VIII – VII a.C.) em que as as pólis estão nascendo
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como entidades administrativas individuais, os helenos iniciaram campanhas
colonizadoras pelo mediterrâneo. Assim, muitas dessas entidades são fundadas no
sul da Itália e na Sicília.
Embora essas novas entidades mantém o contato com a metrópole, logo
tornaram-se autônomas. Eram comandadas por aristocratas, até a sua forma de
democracia. Obtiveram sucesso econômico, principalmente devido a sua exportação
de trigo para os povos da região Itálica, africana e Grécia Insular. Porém, os conflitos
internos e externos eram frequêntes.
Os etruscos, por outro lado, era um povo helenizado que habitava a costa
oeste da Itália. Viviam da metalurgia e da agricultura. A tradição antiga considerava
que os Etruscos atuavam em conjunto através de um conselho de 12 cidades
etruscas, da qual conhecemos apenas Mantua, Felsina e Marzabotto. Após 550 a.C.,
as cidades passaram a ser governadas por magistrados eleitos anualmente.
3. O Império Persa
Mapa 13: Representação da Expansão do Império Persa
Um povo indo-europeu não tão importante iniciou sua expansão no século VI
a.C. Os aquemênidas (membros da dinastia reinante persa) só adquiriram relevo
histórico apenas com a ascensão de Ciro II ao poder em 559 a.C.
Ciro, o Grande, realizou uma série de conquistas entre 559 e 530 a.C., entre
elas: conquista e transferência da capital persa para a principal cidade da Médica,
Ecbátana; a conquista da Lídia e da Jônia e por fim a o anexo da Babilônia.
Esse poderoso império sofreu sérios reveses sob o reinado de Dário I e Xerxes
I, uma vez que esses reis foram derrotados pelos gregos quando tentavam se
expandir sobre a Grécia continental. O rei Artaxerxes I da Pérsia, assim como seus
antecessores, continuou envolvido em conflitos, dessa vez apenas com os
atenienses. O monarca recebeu importantes exilados atenienses em sua corte,
desafiando a poderosa pólis. A batalha de Chipre, contudo, ocorrida por volta de 450
a.C., encerrou as disputas armadas entre o Império Persa e a Liga de Delos: ambas
as partes assinaram acordos nos quais se comprometiam a respeitar os respectivos
territórios.
Para Artaxerxes I, a Guerra do Peloponeso é um evento importante: agora que
os gregos se envolveram em lutas fratricidas, os persas podem tomar proveito da
situação.
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VII. Tecnologias de Guerra
1.Unidades de Combate
Unidade de Combate
Informações
Desvantagens e Vantagens
táticas
Hoplitas (infantaria pesada)
O hoplita era o típico
soldado grego do período
clássico. Tratava-se de um
cidadão revestido com uma
armadura
resistente
e
armado com uma lança e
um escudo circular largo. Os
hoplitas eram organizados
em uma formação conhecida
como a “falange”. Ela
consistia na formação de um
bloco de hoplitas um ao lado
do outro, com o escudo na
mão esquerda e a lança na
direita. Desta forma, a
falange se assemelhava a
uma estrutura murada móvel
com lanças despontando de
sua parte frontal.
É de longe a melhor unidade
de combate que o mundo
clássico conhece. Eficiente,
intimidadora e forte. No
entanto, tem o deslocamento
mais lento que a infantaria
leve e está em desvantagem
tática em relação à cavalaria
armada com projéteis leves.
Infantaria Leve
Na antiguidade clássica,
havia diversos tipos de
infantaria leve. Na Trácia e
na Macedônia eram comuns
os peltastas, que traziam
escudos e lanças leves. Em
Creta, eram célebres os
arqueiros.
Eles
eram
contratados
como
mercenários pelas potências
da Grécia.
A infantaria leve não possui
uma capacidade militar tão
forte
quanto a infantaria
pesada,
mas
é
mais
ágil.Também é empregada
para marchar na frente da
infantaria pesada e protegêla contra a cavalaria leve,
mas dificilmente obteria
sucesso sozinha.
Cavalaria
O terreno acidentado da
Grécia não incentivava o uso
de carruagens e cavalaria,
embora tais unidades de
combate
existissem
em
pequena escala. Eram mais
populares na Macedônia,
onde compunham a principal
unidade dos exércitos. Os
cavaleiros poderiam ser
armados com projéteis leves
ou com lanças e armaduras
A cavalaria, em terrenos
planos, era mais ágil e
eficiente do que a infantaria
pesada ou a leve. No
entanto, tinha dificuldade em
se deslocar em terrenos
acidentados,
onde
a
infantaria leve era mais bem
sucedida.
A
cavalaria
levemente armada tinha
uma vantagem tática em
relação à infantaria pesada.
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
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pesadas, dependendo da A cavalaria pesada era
estratégia militar. Na Grécia, eficiente contra a infantaria
bem como em outros leve, mas era muito menos
lugares do mundo antigo, a ágil e mais vulnerável em
carruagem e os cavalos relação à infantaria pesada.
eram
uma
importante
distinção de status.
Tabela 2: Relação das unidades de combate e suas características
2.Armamento dos Hoplitas
Hoplitas era o nome dados aos guerreiros que compunham a infantaria do
mundo grego clássico. Geralmente usavam um elmo na cabeça, uma couraça no
peitoral, uma túnica (ou também conhecida como pteruges), um escudo, proteções
nas pernas e joelhos, uma lança e uma pequena espada.
O escudo que utilizavam era redondo, mais conhecido como aspis, revestido
de metal. Suas lanças mediam por volta de 2 ou 3 metros. A espada se chamava
“xiphos”, as usavam quando já haviam perdido suas lanças.
Imagem 2: Representação de um Hoplita e seu armamento
Imagem 3: Túnica
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Imagem 4: Representação de alguns tipos de elmo
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Imagem 5: Aspis (escudo)
Imagem 6: Representação de pontas de lanças
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Imagem 7: Xiphos (espada)
3.Navios de Guerra
As primeiras referências a este tipo de embarcação, trirreme, datam do século
VIII a.C, não só em representações gráficas em cerâmicas e relevos mas também
em textos de autores como Tucídides, que afirma que os primeiros a usarem o
trirreme na Grécia foram os Coríntios. No entanto, ao que tudo indica, o modelo
grego foi baseado nos navios fenícios, que também tinham três fileiras de remos.
Imagem 8: Representação de um trirreme
Tornou-se o principal navio de guerra, estima-se que em V a.C., sendo muito
usado nas Guerra Médicas. Sua popularidade deve-se a sua rapidez e a sua leveza.
Mas isso traz uma desvantagem, por ser feito com madeira leves, o navio se
encharcava facilmente, assim, era necessário leva-lo à terra durante a noite. Sua
tripulação contava com cerca de 200 homens livres: os cento e setenta remadores e
a equipe de comando, composta pelo capitão (trierarchos), o timoneiro (kybernetes),
o navegador (prorates), o contramestre (keleustes), o administrador das provisões
(pentelontarchos) e o flautista (auletes), que com sua música ajudava os remadores
a manterem o ritmo. Além destes, havia por volta de vinte a quarenta hoplitas
responsáveis pela proteção da tripulação.
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
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XVIII. Oráculos
O oráculo não era um meio para se saber o futuro e sim um recurso de ajuda
e/ou conselhos, tanto individual quanto em nome de um pólis já que esses eram
conhecidos e respeitados por saberem quais eram as vontades dos deuses. Os
oráculos que tem a fama de conseguir ver o futuro, são aqueles de que alguma
maneira, ajudaram no sucesso do indivíduo ou pólis. É importante ressaltar que os
oráculos eram formas de conhecer as vontades dos deuses.
Dentro os muitos oráculos existentes da Grécia, o de mais prestígio era o
Oráculo de Apolo, em Delfos. Sua profetiza era a Pítia. Durante as guerras os
oráculos – e particularmente o oráculo de Delfos – eram frequentemente
consultados. Poder-se- ia perguntar se uma ação específica seria bem sucedida ou
como agir na busca de um objetivo militar.
Cumpre observar que os oráculos não eram consultados a respeito de
questões pontuais demais no tempo e no espaço, muito menos para legislar ou
decidir questões de política doméstica. Embora a constituição de Licurgo tenha sido
sancionada pelo Oráculo de Delfos, podemos afirmar que esses casos ocorriam
muito raramente. Só julgavam crimes se fossem religiosos.
Para explicar a falha de um oráculo, os gregos alegavam fraude ou
incompetência de um profeta em particular, enquanto os oráculos bem sucedidos,
como Delfos, adquiriam um prestígio enorme enquanto intérpretes das vontades
divinas. Além disso, os oráculos eram, na maioria das vezes, estrangeiros, para
manter a neutralidade do mesmos.
IX. Recursos Naturais
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Guia de Estudos – Guerra do Peloponeso
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Tabela 3: Relação dos recursos naturais e suas peculiaridades
* Chumbo também era trabalhado pelos gregos, mas não era usado para produzir
utensílios militares.
** “A técnica de trabalhar o ferro foi introduzida na Grécia pela Anatólia por volta do
ano 1000 a.C. Havia grandes fontes de ferro na Macedônia, em Eubéia, na Ática, no
Peloponeso, nas ilhas do Egeu e em Creta. Objetos como ferramentas, pontas de
lança e de flecha, punhais, facas, machados, etc. eram produzidos com o ferro
derretido e forjado ainda quente. Em alguns lugares, há evidência de que o ferro era
trabalhado junto do bronze (...).”
X. Bibliografia
1) http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/guerra-do-peloponeso/guerra-dopeloponeso.php acessado em 19/02/2012;
2) http://educacao.uol.com.br/historia/guerra-do-peloponeso---esparta-contraataca-do-expansionismo-ateniense-ao-tratado-de-nicias.jhtm
acessado
em
19/02/2012;
3) http://pt.scribd.com/doc/7393005/Historia-Da-Guerra-Do-Peloponeso acessado
em 19/02/2012;
4) http://educacao.uol.com.br/historia/guerras-medicas-contexto.jhtm
acessado
em 21/02/2012;
5) http://gguerras.wordpress.com/2007/09/07/guerras-medicas/ acessado
em
21/02/2012;
6) http://explorethemed.com/GrecoPersPt.asp?c=1 acessado em 19/02/2012;
7) Guia de Estudos - Guerra do Peloponeso - SiEM 2011;
8) História – das cavernas ao terceiro milênio (Volume único) de Patrícia Ramos
Braick e Myriam Becho Mota – Editora Moderna
9) http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/401.htm
acessado
em
9/05/2012
10) http://www.slideshare.net/jackpovoas/antiguidade-oriental-3812250 acessado
em 09/05/2012
11) http://www.slideshare.net/jorgediapositivos/a-democracia-ateniense-no-sc-v-a-c
acessado em 09/05/2012
12) http://www.youtube.com/watch?v=yFjHz_xqEco acessado e assistido em
09/05/2012
13) http://www.infopedia.pt/$nascimento-da-democracia-na-grecia-antiga acessado
em 09/05/2012
14) Grandes Impérios e Civilizações: Grécia: Berço de Ocidente (Volume II) –
Editora Edições delPrado
15) História da Grécia (2ª Edição) de M. Rostovtzeff – Editora Zahar
16) História e Consciência do Mundo (5ª Edição - 1997) de Gilberto Cotrim –
Editora Saraiva
31
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