Automacao dos ensaios de emissao irradiada e conduzida

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AUTOMAÇÃO DOS ENSAIOS DE EMISSÃO IRRADIADA E CONDUZIDA
Gilberto Vilas Boas Magalhães*, José Antônio Justino Ribeiro** e Rômulo Mota Volpato *.
*Laboratório de Ensaios e Calibração
Departamento de Telecomunicações
Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel
Av. João de Camargo, nº510 – Santa Rita do Sapucaí – MG - Tel.:35-34719230
[email protected], [email protected] e [email protected]
**
Resumo. Na automação dos ensaios de emissão irradiada e conduzida o equipamento disponível, em geral,
apresenta detectores de quase pico e de nível médio quase
impraticáveis, pelo dispêndio de grande tempo para a
varredura. A amplitude medida com o detector de pico é
sempre maior ou igual do que a de quase pico e de nível
médio. O tempo para a varredura com o detector de pico
é muito menor facilitando o ensaio. (Inicialmente efetuase a varredura com detector de pico). Um programa desenvolvido em LabViewTM compara as amplitudes encontradas com o detector de pico com os limites estabelecidos
por norma CISPR 11. Caso ultrapassem, realizam-se as
medições somente para as freqüências em isto ocorrer. Os
ensaios de emissão irradiada são realizados com o equipamento sob análise (EUT) no interior de uma câmara
anecóica. Para a emissão conduzida, determinam-se as
perturbações nos terminais de energia elétrica, empregando-se uma rede de estabilização de impedância
(LISN) como interface com o analisador de espectros.
Keywords - Automation measurements; electromagnetic interference.
I. INTRODUÇÃO
A norma CISPR 11 [1] estabelece os limites e faixas de
freqüência para os ensaios de emissão irradiada e conduzida
em equipamentos médicos, industriais e científicos. São
realizados com emprego de detectores de quase pico para
emissão irradiada e conduzida e detector de nível médio para
a interferência conduzida. Uma das faixas para ensaio de
emissão irradiada estende-se de 30MHz a 1GHz. Utilizandose o analisador de espectro mesmo em uma faixa muito menor, por exemplo, entre 30MHz a 100MHz, o tempo gasto na
varredura com os detectores de quase pico e de nível médio
são elevados, como destacado nas Figuras 1 e 2. Na Figura 1,
utilizando-se o detector de quase pico, verifica-se um tempo
de 4000s (Sweep) e que a amplitude está descalibrada (Meas
Uncal). Na Figura 2, utilizando o detector de nível médio o
tempo de varredura é de 702,5s.
Palavras chave: Automatização de medições; interferência eletromagnética.
Abstract –The automation in measurements of radiated and conducted emission uses quasi peak and average
detectors with a high sweep time, which became almost
impossible to use. The level with the peak detector is always greater or equal to the obtained with quasi peak
and average detectors. The sweep time using the peak
detector is less than the others, which became possible to
make the essay. (The beginning sweep is made with peak
detector). A developed program in LabViewTM compares
the measurements with the specified limite. If in the case
of exceeding it would perform the measurement only for
these frequencies. The radiation emissions are made with
the equipment under test in the anechoic chamber. For
the conducted emission it is determined the disturbances
at the power supply mains, by using the line impedance
stabilization network (LISN) connected with spectrum
analyzer.
Fig. 1. Tempo de varredura utilizando-se detector de quase pico.
impraticável pelo tempo. Partindo do fato de a amplitude
medida com o detector de pico ser sempre maior ou igual da
obtida com o de quase pico e de nível médio, além de o tempo para a varredura ser muito menor (Figura 4)[4], tem-se a
possibilidade da realização do ensaio. O programa torna
possível os testes de emissão irradiada e conduzida. Este
trabalho fornece a solução adotada para os ensaios.
II. CONFIGURAÇÕES PARA AS EMISSÕES
Fig. 2. Tempo de varredura utilizando-se detector de nível médio.
Fig. 3. Tempo de varredura utilizando-se detector de quase pico.
Fig. 4. Tempo de varredura utilizando-se detector de pico.
A solução para utilizar-se o detector de quase pico é o levantamento em faixas menores. Conforme a Figura 3, tem-se um
tempo de varredura de 981,7s para a faixa de 30MHz a
40MHz. Na medição entre 30MHz e 1GHz têm-se 97 intervalos de 10MHz o que indica um tempo de aproximadamente
25 horas para a leitura utilizando-se o detector de quase pico,
A. Emissão irradiada
Na medição de irradiação eletromagnética, tem-se interesse na intensidade de campo elétrico a certa distância do equipamento sob teste (EUT). A medição em área aberta (Open
Área Test Site - OATS) é aceita internacionalmente [2]. Devem ser tomadas precauções para que as medidas representem de maneira confiável a emissão do EUT e possam ser
reproduzidas em diversos locais. O local selecionado deve
ser livre de sinais de outras fontes, como estações de rádio e
TV, sistemas de ignição de veículos, sinais de telefones celulares, entre outros. O ruído ambiente máximo no local de
teste, com o EUT desligado, deve estar pelo menos 6dB
abaixo das especificações para a emissão irradiada [1]. Requer uma área desobstruída, plana, grande, sem construções,
linhas de transmissão, linhas de telefone, cercas, árvores ou
obstáculos naturais nas proximidades. Todos esses elementos
são fontes de interferências e de reflexões, introduzindo erros
nas medidas.
Por causa de custos elevados e de dificuldades para encontrar locais que satisfaçam estas condições, muitas vezes não é
conveniente ou possível medições em áreas abertas. Desenvolveram-se instalações e procedimentos para se chegar em
resultados aceitos em laboratório. Nesta opção, utiliza-se
uma câmara anecóica, uma câmara reverberadora; uma célula
eletromagnética transversal (TEM) e uma célula G-TEM
(gigahertz transverse eletromagnetic cell). O mais comum é
o emprego da câmara anecóica, que provê facilidades de
medidas e alta isolação do meio externo. Como o seu custo
aumenta muito com suas dimensões, nem sempre é possível
uma construção de grande tamanho.
Na Figura 5 apresenta-se a configuração para ensaios de
emissão irradiada em uma câmara anecóica, estrutura identificada por (g). Em sua montagem, (a) identifica o material
absorvente de radiofreqüência, em geral o poliuretano impregnado em carbono, em forma de pirâmides ou cones. O
elemento (b) é uma antena de faixa larga e características
conhecidas. Em (c) tem-se o equipamento sob teste (EUT)
sobre uma mesa de madeira (f). Os sinais captados pela antena são encaminhados ao receptor (d) com emprego de um
cabo de conexão (e).
Realiza-se a medição no receptor e, através de cálculos em
que se leva em conta o fator da antena, encontra-se a intensidade de campo elétrico a uma distância do EUT. Sua orientação é modificada através de mesas giratórias, localizando-se
os pontos de maiores emissões para cada freqüência. As
antenas são posicionadas para polarizações horizontal e vertical e apresentam-se os gráficos da intensidade de campo
elétrico em função da freqüência.
V
Detecção de pico
Detecção de quase pico
g
a
Detecção nível médio
c
t
Curto período de repetição
V
d
Detecção de pico
f
b
Detecção de quase pico
Detecção nível médio
e
Longo período de repetição
t
d
Fig. 5. Esboço de configuração para ensaios de emissão irradiada
em uma câmara anecóica.
B. Emissão conduzida.
A tensão e a corrente em linhas de distribuição de energia
elétrica são corrompidas por transitórios, distorções e outros
distúrbios. São oriundos de fontes naturais, como descargas
elétricas e de operação de equipamentos elétricos e eletrônicos. Essas interferências são conduzidas a grandes distâncias
e acoplados a equipamentos conectados à rede elétrica. Fenômeno similar ocorre em cabos que transportam sinais e
informações. Para sua medição, os ruídos nas linhas de energia elétrica são isolados do equipamento sob teste. Utilizamse circuitos para isolar o EUT da rede de energia elétrica,
conhecidas como redes de estabilização de impedância de
linha (LISN- line impedance stabilization network) [3]. Entre
suas finalidades, fornece uma impedância determinada nos
terminais do equipamento em teste, isola-o de sinais indesejáveis da rede elétrica e acopla os distúrbios do EUT ao medidor. Existem dois tipos de rede de estabilização: a rede em
V, que acopla sinais não-simétricos de tensão, e a rede em
delta, que acopla sinais simétricos e assimétricos separadamente. Há três conexões na LISN: a ligação para rede de
energia elétrica, a conexão para o equipamento sob teste e
outra para o medidor/receptor. A impedância nos terminais
do EUT, com referência ao terminal terra, quando a saída é
prevista para carga de 50Ω do medidor, é descrita em [3].
Incorpora-se à LISN uma chave para a seleção do condutor
de fase ou neutro, para a conexão ao medidor, fazendo com
que o outro seja terminado com a impedância especificada.
III. DETECTOR DE QUASE PICO E DETECTOR DE
VALOR MÉDIO
Os limites de emissões irradiada e conduzida baseiam-se
no detector de quase pico. Este dispositivo pondera os sinais
de acordo com a taxa de repetição, que é a maneira de medir
o distúrbio. Se essa taxa aumentar, o detector de quase pico
não terá tempo para se descarregar completamente, resultando em uma tensão de saída alta. (Figura 6). Para sinais contínuos, como uma portadora sem modulação, os resultados
com os detectores de pico e de quase pico são as mesmas,
sendo este último de resposta mais lenta [4]. Seu tempo de
subida, determinado pela carga do elemento reativo, é menor
do que o de descida (descarga). Para sinais de altas taxas de
repetição, o valor obtido com o detector de quase pico é
praticamente o mesmo com o de pico.
Fig. 6. Diagrama de resposta do detector quase pico.
O detector de nível médio é especificado para testes de
emissão conduzida, em conjunto com o de quase pico. É
utilizado também para medição de emissões com freqüências
acima de 1GHz. O valor medido com esse detector é menor
ou igual ao do detector de pico, mas é similar a este último,
em muitos aspectos. A Figura 7 mostra um sinal sendo processado através de um detector de nível médio.
A detecção de pico ocorre quando a largura de faixa do sinal detectado for maior do que a de a largura de faixa de
resolução (RBW). Para obtenção do nível médio, o sinal
detectado deve passar por um filtro com largura de faixa
muito menor que a RBW [4]. As componentes de alta freqüência são eliminadas, como se fossem ruídos na saída do
detector de envoltória.
Detector de
envoltória
Filtros
Fig. 7. Diagrama de resposta do detector de nível médio.
IV. DETERMINAÇÃO DO CAMPO ELÉTRICO
Determina-se a intensidade de campo a partir da potência
entregue pela antena (P) à entrada de sua linha de transmissão. (Figura 5). Esta potência é conhecida a partir da tensão
medida na entrada da linha de transmissão (V) e da resistência empregada como carga (R), sendo geralmente de 50Ω. A
área efetiva da antena (Ae) é dada por:
Ae =
Gλ2
4π
(1)
onde G é o ganho em relação à antena isotrópica e λ é o
comprimento de onda na freqüência de teste. A potência é
obtida da densidade de potência da onda incidente (S) e da
área efetiva da antena por
P = SAe =
E 2 Ae
η
(2)
sendo E o módulo do campo elétrico em volts por metro e η
a impedância intrínseca do meio em ohms (Ω). Como em
geral trata-se do ar, tem-se η = 120 π Ω ≅ 377 Ω . Das equações anteriores e da relação entre a tensão e a carga da linha
de transmissão, vem:
E 2 λ2 .Gr V 2
=
η 4π
R
(3)
donde sai
E
=
V
4πη
λ2 G r R
=
2
λ
πη
Gr R
(4)
O fator da antena FA é a relação entre o campo elétrico E
e a tensão V sobre resistência de carga da antena de recepção:
FA =
πη
Gr R
E 2
=
V λ
(5)
Portanto, pode ser calculado em função do ganho da antena
de recepção Gr, da resistência do analisador de espectros e do
comprimento de onda λ. Para os valores especificados de η e
R, o fator da antena em valor numérico será:
FA =
9 ,73
λ
(6)
Gr
Conhecendo-se o fator da antena, fornecido nos certificados
de calibração juntamente com o ganho da antena, tem-se o
campo elétrico a partir da tensão medida. Costuma-se compará-lo com o campo de 1μV/m e especificar o resultado em
dBμV/m, da forma
E ( dBμV/m) = FA (dB m −1 ) + V (dBμV )
VI. PROGRAMA PARA MEDIÇÃO DA EMISSÃO CONDUZIDA
O ensaio de emissão conduzida consiste em se determinar
a tensão nos cabos de alimentação entre 150kHz e 30MHz,
com emprego da LISN [3]. A chave da LISN determina se os
sinais na saída de RF referem-se ao condutor de fase ou
neutro da rede. Para proteção do analisador de espectros,
utilizou-se um atenuador em sua entrada, compensando a
perda correspondente através do programa desenvolvido. A
medida de tensão é feita pelo analisador de espectros e apresentada em dBµV por dois gráficos, referentes aos condutores de fase e neutro, no painel frontal do programa.
O programa configura a LISN para medir o condutor neutro utilizando o detector de pico. A configuração da LISN é
feita enviando-se o nível lógico positivo no pino 4 DTR da
porta serial do computador, através do circuito da Figura 9.
Configura-se o analisador de espectro para 9kHz de largura
de faixa de resolução, entre 150kHz e 30MHz utilizando
6000 pontos para o modo de retenção de máximo (Maxhold).
Efetuam-se quatro medidas, mantendo os valores máximos
de cada uma das varreduras, transferidas para o programa.
Como não transfere a freqüência de cada nível, gera-se seu
valor no programa, partindo de 150kHz. Como são utilizados
6000 pontos para medida em 30MHz, cada incremento é de
5kHz. Os valores são mostrados em um gráfico em função da
freqüência. Compara-se com o limiar estabelecido pelo operador no painel frontal do programa, sempre tendo como
referência o limite para o detector de nível médio [1]. Caso
estejam acima do limiar, armazenam-se as freqüências correspondentes.
Pino 9 (DB-15)
LISN
(7)
V. DESCRIÇÃO DA CÂMARA ANECÓICA
1N4007
Relé
10kΩ
Pela necessidade de efetuar testes de compatibilidade eletromagnética para empresas, montou-se uma câmara anecóica no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Um
dos estímulos foi o custo elevado das câmaras disponíveis no
mercado. Suas dimensões (Figura 8) foram determinadas
para se ter uma distância de 3m entre o equipamento testado
e a antena e pelo local disponível. Partiu-se de uma estrutura
de madeira para sustentação das chapas metálicas internas e
externas. Foi coberta por chapas de cobre na parte interna e
de alumínio na parte externa, parafusadas à madeira.
3,2 m
2,1m
3,2m
0,6m
5,55 m
Fig. 8. Dimensões externas da câmara anecóica, montada sobre
uma estrutura de madeira.
4
Conector DB-9
Porta serial
6
BC547
4,7kΩ
Pinos 6 e 10 (DB-15)
LISN
Fig. 9 Circuito interface entre a serial do computador e o LISN para
a seleção entre fase e neutro na medição de emissão conduzida.
O programa configura o analisador de espectros em cada
freqüência em que o limite foi ultrapassado, utilizando detector quase-pico, largura de faixa de 2,5kHz e 399 pontos. A
freqüência central refere-se ao nível que ultrapassou o limiar.
Após a varredura, o programa procura o valor máximo (função Mark max), armazenando-o e compensando a perda no
atenuador. Em seguida, o programa configura o analisador
para detector de nível médio e largura de faixa de 5kHz.
Após a varredura, procura-se o valor máximo, realiza-se a
compensação e armazena-se este dado. Ao final, gera-se um
gráfico com os resultados dos detectores de pico, de quasepico e de nível médio, com os limites normatizados [1]. Apresentam-se os resultados para os detectores de quase-pico e
nível médio somente se o valor de pico ultrapassar o limiar.
Na terceira etapa, seleciona-se o condutor de fase na
LISN. A configuração para a medida da fase é feita enviando-se através do programa o nível lógico negativo no pino
DTR. A seqüência das instruções para esta medida é a mesma descrita para o neutro, sendo gerado o gráfico conforme
exemplificado na Figura 10. Estão destacados os limites
impostos por normas, em vermelho o resultado máximo
tolerado com o detector de quase pico e em rosa para o de
nível médio. Seus valores são selecionados no painel frontal
do programa, em função da classe do equipamento sob teste.
Os pontos em vermelho são os resultados do detector de
quase pico e em preto com detector de nível médio. Nesta
medição, verificam-se alguns pontos em que os limites não
foram obedecidos, exigindo medição com os dois tipos de
detectores.
Fig. 10 Exemplo de resultado de medida de emissão conduzida
executada no condutor fase.
VII. PROGRAMA PARA A MEDIÇÃO DA EMISSÃO
IRRADIADA
Na emissão irradiada, tem-se interesse na intensidade de
campo elétrico a certa distância do equipamento sob teste. A
configuração foi apresentada na Figura 5, incluindo um amplificador de baixo ruído entre a antena e o analisador de
espectros. Utiliza-se (7) para cálculo da intensidade de campo elétrico, com a compensação da distância e do ganho do
amplificador. Desenvolveram-se dois programas para medida
de emissão irradiada, o primeiro para faixa de 30MHz a
230MHz com a antena bicônica e o segundo para 230MHz a
1GHz com a antena biconilog. Diferem nas faixas de freqüência, na quantidade de pontos e no arquivo do fator da
antena. Emprega-se o analisador de espectros calibrado em
dBm e faz-se a conversão para dBµV. Soma-se o fator da
antena e efetua-se a compensação do amplificador, segundo
as etapas do programa, a seguir.
Reinicia-se o analisador de espectros com a configuração
adequada, utilizando detector de pico e 401 pontos. O espectro foi dividido em faixas de 50MHz, a partir de 30MHz. Há
quatro faixas entre 30MHz e 230MHz e 16 de 230MHz a
1GHz. Faz-se o cálculo da freqüência central de cada faixa,
iniciando em 55MHz ou 255MHz. A cada quadro de 50MHz
tomam-se 401 pontos. Configura-se o analisador com RBW
de 120kHz e para retenção do valor máximo. Comanda-se a
varredura do espectro por cinco vezes em cada faixa de
50MHz. A freqüência é gerada pelo programa da seguinte
forma: como a largura de faixa de cada varredura é de
50MHz e foram estipulados 401 pontos tem-se uma resolução de 125kHz. Sendo a freqüência inicial de 30MHz ou
230MHz, basta incrementar 125kHz a cada medida. Para a
faixa de 50MHz a 230MHz ter-se-á 1600 pontos e 6400
pontos entre 230MHz e 1,0GHz.
O analisador foi configurado para medições em dBm e
depois convertida para dBµV. O campo elétrico é obtido
através de (7). O fator da antena é apresentado no certificado
de calibração para um grupo de freqüências, sem valores
intermediários. Como é necessário para outros valores, faz-se
a interpolação em escala linear, converte-se para os valores
logarítmicos e gravam-se em arquivos de texto. Como se
utilizou um amplificador de baixo ruído, é necessário subtrair
o ganho e um fator referente a compensação da distância de
medida. A razão é que os limites apresentados pela norma
são para medições a 10 metros e foram executadas em 3m.
Ao final dos cálculos, o campo elétrico em dBµV/m obtido com o detector de pico é apresentado em gráfico. Compara-se o valor em dBµV/m para cada freqüência com o limiar,
estabelecido pelo operador, de acordo classe do equipamento, no painel frontal, de acordo com o limite para o detector
de quase-pico [1] e armazenam-se as freqüências em que o
limiar foi ultrapassado. Configura-se o analisador para largura de faixa de 120kHz, 399 pontos, RBW de 120kHz e freqüência central. Realiza-se a varredura do espectro, procurase o valor máximo, centralizando-o na tela. Realiza-se novamente a leitura, buscando o valor máximo e centralizando a
freqüência. Configura-se o analisador para o detector quasepico e largura de faixa de 0,1MHz, armazenando o máximo.
Como o valor medido está em dBm, necessita-se calcular o
campo compensado para 10m para as freqüências que ultrapassaram o limiar. Ao final apresenta-se o gráfico com campo elétrico em dBµV/m com os detectores de quase-pico e de
pico, além do limite em um gráfico no painel frontal, conforme Figura 11.
Fig. 11 Exemplo de resultado de medida de emissão irradiada
executada no condutor fase.
Nesta reprodução, destaca-se em rosa o limite estabelecido para os resultados aceitos com detector de quase pico. O
valor foi fixado em 30dBμV/m, especificado para equipamentos e instalações relativos à classe B.[1] Em azul, representa-se a informação obtida com o detector de pico. Nos
pontos em que o limiar foi ultrapassado, repetiram-se as
medidas com o detector de quase pico, com os resultados
indicados por uma cruz em vermelho. Neste caso específico,
o produto analisado não atendeu às exigências, devendo
sofrer as devidas adaptações.
VIII. CONCLUSÃO
IX. REFERÊNCIAS
A cada dia aumentam as exigências de controle sobre interferências eletromagnéticas oriundas de equipamentos
eletroeletrônicos, de telecomunicações, de exames médicos e
laboratoriais, etc.. Simultaneamente, os equipamentos modernos são mais sensíveis para o processamento dos sinais
desejados. Por este motivo, são mais susceptíveis de sofrerem os efeitos de sinais espúrios. Assim, as normas e regulamentações para verificação e seu controle tornaram-se mais
rígidas, com limites menores de tolerância, maior rigor nos
processos e critérios de medição e com grande ampliação das
faixas de freqüência para a análise dos efeitos. Isto dificultou
o emprego de métodos mais tradicionais, tendo em vista o
grande dispêndio de tempo em muitos conjuntos de medições. Um processo de automatização desses procedimentos
tem relevância para a melhor eficácia e rapidez na obtenção
dos resultados.
Dentro desta idéia, implementaram-se três programas para
ensaios de interferência eletromagnética em equipamentos de
telecomunicações, eletromédicos e outros, que exijam certificação compulsória nos requisitos de emissão irradiada e
emissão conduzida. Conforme pode ser visualizado nas Figuras 10 e 11, somente se realizam as medidas utilizando os
detectores de quase pico e de nível médio onde o limiar foi
ultrapassado. Para a varredura inicial, utiliza-se o detector de
pico com tempo de varredura baixo. Na seqüência, realizamse as medidas utilizando os detectores de quase pico e de
nível médio para as freqüências onde o limiar for ultrapassado. O tempo total da medição depende do número de pontos
em que o limite for ultrapassado, porém gera uma economia
grande em relação à utilização do analisador de espectros
diretamente. Outra vantagem importante é que o programa
torna possível a visualização da intensidade de campo elétrico, com as compensações da distância e do amplificador de
baixo ruído.
A inserção do amplificador de baixo ruído para verificar a
emissão irradiada possibilitou a utilização do analisador de
espectros, tornando possível reduzir o patamar de ruído. Pela
necessidade de investimentos e alteração da estrutura da
câmara anecóica, não se implementou o posicionamento
automático da altura da antena e do equipamento em teste.
Esses componentes devem ser posicionados manualmente.
[1] COMITÉ International Spécial des Pertubations Radioélétriques. Industrial, scientific and medical (ISM) radio-frequency
equipment – Electromagnetic disturbance characteristics –
Limits and methods of measurements. CISPR 11:2003. Paris:
(Editora), 2003.
[2] V. Prasad Kodali, “Engineering Eletromagnetic Compatibility” - Principles, Measurements and Technologies IEEE Press,
Nova York 1996.
[3] COMITÉ International Spécial des Pertubations Radioélétriques. Specification for radio disturbance and immunity measuring apparatus and methods – Part 1-2: Radio disturbance
and immunity measuring apparatus – Ancillary equipment –
Conducted disturbances. CISPR 16-1-2:2006. Paris, 2006.
[4] AGILENT TECHNOLOGIES. Application Note 1328. Making Precompliance Conducted and radiated Emissions
Measurements with EMC Analyzers. USA, 1999.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à empresa Sense Eletrônica Ltda. que, através dos recursos utilizando a lei nº8248, investiu na montagem da câmara anecóica, compra de equipamentos, normas e
na placa adaptada ao analisador de espectros. Agradecemos,
ainda, à Huber-Suhner América Latina Ltda. pela doação dos
cones de absorção. Finalmente, o reconhecimento à Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações pela oportunidade e pelo suporte para a pesquisa nesta área.
BIOGRAFIAS
Gilberto Vilas Boas Magalhães graduou-se como Engenheiro Eletricista e
de Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações de Santa
Rita do Sapucaí (INATEL), onde cursa mestrado na área de Dispositivos de
Alta Freqüência. Iniciou suas atividades profissionais em 1996 na empresa
Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda., onde atuou nas áreas de engenharia da qualidade, de produção e de produtos. Em 2000 iniciou o trabalho
no Inatel, atuando na área de treinamento na empresa Ericsson e em 2002
passou a atuar no Laboratório de Ensaios e Calibração. Tem interesse nas
áreas de compatibilidade eletromagnética e certificação de produtos.
José Antônio Justino Ribeiro é Engenheiro Eletricista pelo Instituto Nacional de Telecomunicações de Santa Rita do Sapucaí (Inatel), Mestre em
Engenharia Eletrônica e Doutor em Ciência pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. É professor titular do Inatel, da
Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e da Escola Técnica de Eletrônica
Francisco Moreira da Costa, membro da Sociedade Brasileira de Microondas
e Optoeletrônica e de diversas outras associações técnicas e científicas.
Rômulo Mota Volpato concluiu o Curso Técnico em Eletrônica na Escola
Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa”, ETE, de Santa Rita do
Sapucaí, MG, em 1980. Foi graduado pelo Inatel em Engenharia Elétrica
com ênfase em Eletrônica e Telecomunicações, em 1990. Concluiu o Mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Engenharia de
Itajubá (Unifei) em 2004 e desde 1993 é professor do Inatel. A partir de
1997 tornou-se Gerente do Laboratório de Calibração e Ensaios. É membro
da Sociedade Brasileira de Metrologia.
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