AUTOMAÇÃO DOS ENSAIOS DE EMISSÃO IRRADIADA E CONDUZIDA Gilberto Vilas Boas Magalhães*, José Antônio Justino Ribeiro** e Rômulo Mota Volpato *. *Laboratório de Ensaios e Calibração Departamento de Telecomunicações Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel Av. João de Camargo, nº510 – Santa Rita do Sapucaí – MG - Tel.:35-34719230 [email protected], [email protected] e [email protected] ** Resumo. Na automação dos ensaios de emissão irradiada e conduzida o equipamento disponível, em geral, apresenta detectores de quase pico e de nível médio quase impraticáveis, pelo dispêndio de grande tempo para a varredura. A amplitude medida com o detector de pico é sempre maior ou igual do que a de quase pico e de nível médio. O tempo para a varredura com o detector de pico é muito menor facilitando o ensaio. (Inicialmente efetuase a varredura com detector de pico). Um programa desenvolvido em LabViewTM compara as amplitudes encontradas com o detector de pico com os limites estabelecidos por norma CISPR 11. Caso ultrapassem, realizam-se as medições somente para as freqüências em isto ocorrer. Os ensaios de emissão irradiada são realizados com o equipamento sob análise (EUT) no interior de uma câmara anecóica. Para a emissão conduzida, determinam-se as perturbações nos terminais de energia elétrica, empregando-se uma rede de estabilização de impedância (LISN) como interface com o analisador de espectros. Keywords - Automation measurements; electromagnetic interference. I. INTRODUÇÃO A norma CISPR 11 [1] estabelece os limites e faixas de freqüência para os ensaios de emissão irradiada e conduzida em equipamentos médicos, industriais e científicos. São realizados com emprego de detectores de quase pico para emissão irradiada e conduzida e detector de nível médio para a interferência conduzida. Uma das faixas para ensaio de emissão irradiada estende-se de 30MHz a 1GHz. Utilizandose o analisador de espectro mesmo em uma faixa muito menor, por exemplo, entre 30MHz a 100MHz, o tempo gasto na varredura com os detectores de quase pico e de nível médio são elevados, como destacado nas Figuras 1 e 2. Na Figura 1, utilizando-se o detector de quase pico, verifica-se um tempo de 4000s (Sweep) e que a amplitude está descalibrada (Meas Uncal). Na Figura 2, utilizando o detector de nível médio o tempo de varredura é de 702,5s. Palavras chave: Automatização de medições; interferência eletromagnética. Abstract –The automation in measurements of radiated and conducted emission uses quasi peak and average detectors with a high sweep time, which became almost impossible to use. The level with the peak detector is always greater or equal to the obtained with quasi peak and average detectors. The sweep time using the peak detector is less than the others, which became possible to make the essay. (The beginning sweep is made with peak detector). A developed program in LabViewTM compares the measurements with the specified limite. If in the case of exceeding it would perform the measurement only for these frequencies. The radiation emissions are made with the equipment under test in the anechoic chamber. For the conducted emission it is determined the disturbances at the power supply mains, by using the line impedance stabilization network (LISN) connected with spectrum analyzer. Fig. 1. Tempo de varredura utilizando-se detector de quase pico. impraticável pelo tempo. Partindo do fato de a amplitude medida com o detector de pico ser sempre maior ou igual da obtida com o de quase pico e de nível médio, além de o tempo para a varredura ser muito menor (Figura 4)[4], tem-se a possibilidade da realização do ensaio. O programa torna possível os testes de emissão irradiada e conduzida. Este trabalho fornece a solução adotada para os ensaios. II. CONFIGURAÇÕES PARA AS EMISSÕES Fig. 2. Tempo de varredura utilizando-se detector de nível médio. Fig. 3. Tempo de varredura utilizando-se detector de quase pico. Fig. 4. Tempo de varredura utilizando-se detector de pico. A solução para utilizar-se o detector de quase pico é o levantamento em faixas menores. Conforme a Figura 3, tem-se um tempo de varredura de 981,7s para a faixa de 30MHz a 40MHz. Na medição entre 30MHz e 1GHz têm-se 97 intervalos de 10MHz o que indica um tempo de aproximadamente 25 horas para a leitura utilizando-se o detector de quase pico, A. Emissão irradiada Na medição de irradiação eletromagnética, tem-se interesse na intensidade de campo elétrico a certa distância do equipamento sob teste (EUT). A medição em área aberta (Open Área Test Site - OATS) é aceita internacionalmente [2]. Devem ser tomadas precauções para que as medidas representem de maneira confiável a emissão do EUT e possam ser reproduzidas em diversos locais. O local selecionado deve ser livre de sinais de outras fontes, como estações de rádio e TV, sistemas de ignição de veículos, sinais de telefones celulares, entre outros. O ruído ambiente máximo no local de teste, com o EUT desligado, deve estar pelo menos 6dB abaixo das especificações para a emissão irradiada [1]. Requer uma área desobstruída, plana, grande, sem construções, linhas de transmissão, linhas de telefone, cercas, árvores ou obstáculos naturais nas proximidades. Todos esses elementos são fontes de interferências e de reflexões, introduzindo erros nas medidas. Por causa de custos elevados e de dificuldades para encontrar locais que satisfaçam estas condições, muitas vezes não é conveniente ou possível medições em áreas abertas. Desenvolveram-se instalações e procedimentos para se chegar em resultados aceitos em laboratório. Nesta opção, utiliza-se uma câmara anecóica, uma câmara reverberadora; uma célula eletromagnética transversal (TEM) e uma célula G-TEM (gigahertz transverse eletromagnetic cell). O mais comum é o emprego da câmara anecóica, que provê facilidades de medidas e alta isolação do meio externo. Como o seu custo aumenta muito com suas dimensões, nem sempre é possível uma construção de grande tamanho. Na Figura 5 apresenta-se a configuração para ensaios de emissão irradiada em uma câmara anecóica, estrutura identificada por (g). Em sua montagem, (a) identifica o material absorvente de radiofreqüência, em geral o poliuretano impregnado em carbono, em forma de pirâmides ou cones. O elemento (b) é uma antena de faixa larga e características conhecidas. Em (c) tem-se o equipamento sob teste (EUT) sobre uma mesa de madeira (f). Os sinais captados pela antena são encaminhados ao receptor (d) com emprego de um cabo de conexão (e). Realiza-se a medição no receptor e, através de cálculos em que se leva em conta o fator da antena, encontra-se a intensidade de campo elétrico a uma distância do EUT. Sua orientação é modificada através de mesas giratórias, localizando-se os pontos de maiores emissões para cada freqüência. As antenas são posicionadas para polarizações horizontal e vertical e apresentam-se os gráficos da intensidade de campo elétrico em função da freqüência. V Detecção de pico Detecção de quase pico g a Detecção nível médio c t Curto período de repetição V d Detecção de pico f b Detecção de quase pico Detecção nível médio e Longo período de repetição t d Fig. 5. Esboço de configuração para ensaios de emissão irradiada em uma câmara anecóica. B. Emissão conduzida. A tensão e a corrente em linhas de distribuição de energia elétrica são corrompidas por transitórios, distorções e outros distúrbios. São oriundos de fontes naturais, como descargas elétricas e de operação de equipamentos elétricos e eletrônicos. Essas interferências são conduzidas a grandes distâncias e acoplados a equipamentos conectados à rede elétrica. Fenômeno similar ocorre em cabos que transportam sinais e informações. Para sua medição, os ruídos nas linhas de energia elétrica são isolados do equipamento sob teste. Utilizamse circuitos para isolar o EUT da rede de energia elétrica, conhecidas como redes de estabilização de impedância de linha (LISN- line impedance stabilization network) [3]. Entre suas finalidades, fornece uma impedância determinada nos terminais do equipamento em teste, isola-o de sinais indesejáveis da rede elétrica e acopla os distúrbios do EUT ao medidor. Existem dois tipos de rede de estabilização: a rede em V, que acopla sinais não-simétricos de tensão, e a rede em delta, que acopla sinais simétricos e assimétricos separadamente. Há três conexões na LISN: a ligação para rede de energia elétrica, a conexão para o equipamento sob teste e outra para o medidor/receptor. A impedância nos terminais do EUT, com referência ao terminal terra, quando a saída é prevista para carga de 50Ω do medidor, é descrita em [3]. Incorpora-se à LISN uma chave para a seleção do condutor de fase ou neutro, para a conexão ao medidor, fazendo com que o outro seja terminado com a impedância especificada. III. DETECTOR DE QUASE PICO E DETECTOR DE VALOR MÉDIO Os limites de emissões irradiada e conduzida baseiam-se no detector de quase pico. Este dispositivo pondera os sinais de acordo com a taxa de repetição, que é a maneira de medir o distúrbio. Se essa taxa aumentar, o detector de quase pico não terá tempo para se descarregar completamente, resultando em uma tensão de saída alta. (Figura 6). Para sinais contínuos, como uma portadora sem modulação, os resultados com os detectores de pico e de quase pico são as mesmas, sendo este último de resposta mais lenta [4]. Seu tempo de subida, determinado pela carga do elemento reativo, é menor do que o de descida (descarga). Para sinais de altas taxas de repetição, o valor obtido com o detector de quase pico é praticamente o mesmo com o de pico. Fig. 6. Diagrama de resposta do detector quase pico. O detector de nível médio é especificado para testes de emissão conduzida, em conjunto com o de quase pico. É utilizado também para medição de emissões com freqüências acima de 1GHz. O valor medido com esse detector é menor ou igual ao do detector de pico, mas é similar a este último, em muitos aspectos. A Figura 7 mostra um sinal sendo processado através de um detector de nível médio. A detecção de pico ocorre quando a largura de faixa do sinal detectado for maior do que a de a largura de faixa de resolução (RBW). Para obtenção do nível médio, o sinal detectado deve passar por um filtro com largura de faixa muito menor que a RBW [4]. As componentes de alta freqüência são eliminadas, como se fossem ruídos na saída do detector de envoltória. Detector de envoltória Filtros Fig. 7. Diagrama de resposta do detector de nível médio. IV. DETERMINAÇÃO DO CAMPO ELÉTRICO Determina-se a intensidade de campo a partir da potência entregue pela antena (P) à entrada de sua linha de transmissão. (Figura 5). Esta potência é conhecida a partir da tensão medida na entrada da linha de transmissão (V) e da resistência empregada como carga (R), sendo geralmente de 50Ω. A área efetiva da antena (Ae) é dada por: Ae = Gλ2 4π (1) onde G é o ganho em relação à antena isotrópica e λ é o comprimento de onda na freqüência de teste. A potência é obtida da densidade de potência da onda incidente (S) e da área efetiva da antena por P = SAe = E 2 Ae η (2) sendo E o módulo do campo elétrico em volts por metro e η a impedância intrínseca do meio em ohms (Ω). Como em geral trata-se do ar, tem-se η = 120 π Ω ≅ 377 Ω . Das equações anteriores e da relação entre a tensão e a carga da linha de transmissão, vem: E 2 λ2 .Gr V 2 = η 4π R (3) donde sai E = V 4πη λ2 G r R = 2 λ πη Gr R (4) O fator da antena FA é a relação entre o campo elétrico E e a tensão V sobre resistência de carga da antena de recepção: FA = πη Gr R E 2 = V λ (5) Portanto, pode ser calculado em função do ganho da antena de recepção Gr, da resistência do analisador de espectros e do comprimento de onda λ. Para os valores especificados de η e R, o fator da antena em valor numérico será: FA = 9 ,73 λ (6) Gr Conhecendo-se o fator da antena, fornecido nos certificados de calibração juntamente com o ganho da antena, tem-se o campo elétrico a partir da tensão medida. Costuma-se compará-lo com o campo de 1μV/m e especificar o resultado em dBμV/m, da forma E ( dBμV/m) = FA (dB m −1 ) + V (dBμV ) VI. PROGRAMA PARA MEDIÇÃO DA EMISSÃO CONDUZIDA O ensaio de emissão conduzida consiste em se determinar a tensão nos cabos de alimentação entre 150kHz e 30MHz, com emprego da LISN [3]. A chave da LISN determina se os sinais na saída de RF referem-se ao condutor de fase ou neutro da rede. Para proteção do analisador de espectros, utilizou-se um atenuador em sua entrada, compensando a perda correspondente através do programa desenvolvido. A medida de tensão é feita pelo analisador de espectros e apresentada em dBµV por dois gráficos, referentes aos condutores de fase e neutro, no painel frontal do programa. O programa configura a LISN para medir o condutor neutro utilizando o detector de pico. A configuração da LISN é feita enviando-se o nível lógico positivo no pino 4 DTR da porta serial do computador, através do circuito da Figura 9. Configura-se o analisador de espectro para 9kHz de largura de faixa de resolução, entre 150kHz e 30MHz utilizando 6000 pontos para o modo de retenção de máximo (Maxhold). Efetuam-se quatro medidas, mantendo os valores máximos de cada uma das varreduras, transferidas para o programa. Como não transfere a freqüência de cada nível, gera-se seu valor no programa, partindo de 150kHz. Como são utilizados 6000 pontos para medida em 30MHz, cada incremento é de 5kHz. Os valores são mostrados em um gráfico em função da freqüência. Compara-se com o limiar estabelecido pelo operador no painel frontal do programa, sempre tendo como referência o limite para o detector de nível médio [1]. Caso estejam acima do limiar, armazenam-se as freqüências correspondentes. Pino 9 (DB-15) LISN (7) V. DESCRIÇÃO DA CÂMARA ANECÓICA 1N4007 Relé 10kΩ Pela necessidade de efetuar testes de compatibilidade eletromagnética para empresas, montou-se uma câmara anecóica no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Um dos estímulos foi o custo elevado das câmaras disponíveis no mercado. Suas dimensões (Figura 8) foram determinadas para se ter uma distância de 3m entre o equipamento testado e a antena e pelo local disponível. Partiu-se de uma estrutura de madeira para sustentação das chapas metálicas internas e externas. Foi coberta por chapas de cobre na parte interna e de alumínio na parte externa, parafusadas à madeira. 3,2 m 2,1m 3,2m 0,6m 5,55 m Fig. 8. Dimensões externas da câmara anecóica, montada sobre uma estrutura de madeira. 4 Conector DB-9 Porta serial 6 BC547 4,7kΩ Pinos 6 e 10 (DB-15) LISN Fig. 9 Circuito interface entre a serial do computador e o LISN para a seleção entre fase e neutro na medição de emissão conduzida. O programa configura o analisador de espectros em cada freqüência em que o limite foi ultrapassado, utilizando detector quase-pico, largura de faixa de 2,5kHz e 399 pontos. A freqüência central refere-se ao nível que ultrapassou o limiar. Após a varredura, o programa procura o valor máximo (função Mark max), armazenando-o e compensando a perda no atenuador. Em seguida, o programa configura o analisador para detector de nível médio e largura de faixa de 5kHz. Após a varredura, procura-se o valor máximo, realiza-se a compensação e armazena-se este dado. Ao final, gera-se um gráfico com os resultados dos detectores de pico, de quasepico e de nível médio, com os limites normatizados [1]. Apresentam-se os resultados para os detectores de quase-pico e nível médio somente se o valor de pico ultrapassar o limiar. Na terceira etapa, seleciona-se o condutor de fase na LISN. A configuração para a medida da fase é feita enviando-se através do programa o nível lógico negativo no pino DTR. A seqüência das instruções para esta medida é a mesma descrita para o neutro, sendo gerado o gráfico conforme exemplificado na Figura 10. Estão destacados os limites impostos por normas, em vermelho o resultado máximo tolerado com o detector de quase pico e em rosa para o de nível médio. Seus valores são selecionados no painel frontal do programa, em função da classe do equipamento sob teste. Os pontos em vermelho são os resultados do detector de quase pico e em preto com detector de nível médio. Nesta medição, verificam-se alguns pontos em que os limites não foram obedecidos, exigindo medição com os dois tipos de detectores. Fig. 10 Exemplo de resultado de medida de emissão conduzida executada no condutor fase. VII. PROGRAMA PARA A MEDIÇÃO DA EMISSÃO IRRADIADA Na emissão irradiada, tem-se interesse na intensidade de campo elétrico a certa distância do equipamento sob teste. A configuração foi apresentada na Figura 5, incluindo um amplificador de baixo ruído entre a antena e o analisador de espectros. Utiliza-se (7) para cálculo da intensidade de campo elétrico, com a compensação da distância e do ganho do amplificador. Desenvolveram-se dois programas para medida de emissão irradiada, o primeiro para faixa de 30MHz a 230MHz com a antena bicônica e o segundo para 230MHz a 1GHz com a antena biconilog. Diferem nas faixas de freqüência, na quantidade de pontos e no arquivo do fator da antena. Emprega-se o analisador de espectros calibrado em dBm e faz-se a conversão para dBµV. Soma-se o fator da antena e efetua-se a compensação do amplificador, segundo as etapas do programa, a seguir. Reinicia-se o analisador de espectros com a configuração adequada, utilizando detector de pico e 401 pontos. O espectro foi dividido em faixas de 50MHz, a partir de 30MHz. Há quatro faixas entre 30MHz e 230MHz e 16 de 230MHz a 1GHz. Faz-se o cálculo da freqüência central de cada faixa, iniciando em 55MHz ou 255MHz. A cada quadro de 50MHz tomam-se 401 pontos. Configura-se o analisador com RBW de 120kHz e para retenção do valor máximo. Comanda-se a varredura do espectro por cinco vezes em cada faixa de 50MHz. A freqüência é gerada pelo programa da seguinte forma: como a largura de faixa de cada varredura é de 50MHz e foram estipulados 401 pontos tem-se uma resolução de 125kHz. Sendo a freqüência inicial de 30MHz ou 230MHz, basta incrementar 125kHz a cada medida. Para a faixa de 50MHz a 230MHz ter-se-á 1600 pontos e 6400 pontos entre 230MHz e 1,0GHz. O analisador foi configurado para medições em dBm e depois convertida para dBµV. O campo elétrico é obtido através de (7). O fator da antena é apresentado no certificado de calibração para um grupo de freqüências, sem valores intermediários. Como é necessário para outros valores, faz-se a interpolação em escala linear, converte-se para os valores logarítmicos e gravam-se em arquivos de texto. Como se utilizou um amplificador de baixo ruído, é necessário subtrair o ganho e um fator referente a compensação da distância de medida. A razão é que os limites apresentados pela norma são para medições a 10 metros e foram executadas em 3m. Ao final dos cálculos, o campo elétrico em dBµV/m obtido com o detector de pico é apresentado em gráfico. Compara-se o valor em dBµV/m para cada freqüência com o limiar, estabelecido pelo operador, de acordo classe do equipamento, no painel frontal, de acordo com o limite para o detector de quase-pico [1] e armazenam-se as freqüências em que o limiar foi ultrapassado. Configura-se o analisador para largura de faixa de 120kHz, 399 pontos, RBW de 120kHz e freqüência central. Realiza-se a varredura do espectro, procurase o valor máximo, centralizando-o na tela. Realiza-se novamente a leitura, buscando o valor máximo e centralizando a freqüência. Configura-se o analisador para o detector quasepico e largura de faixa de 0,1MHz, armazenando o máximo. Como o valor medido está em dBm, necessita-se calcular o campo compensado para 10m para as freqüências que ultrapassaram o limiar. Ao final apresenta-se o gráfico com campo elétrico em dBµV/m com os detectores de quase-pico e de pico, além do limite em um gráfico no painel frontal, conforme Figura 11. Fig. 11 Exemplo de resultado de medida de emissão irradiada executada no condutor fase. Nesta reprodução, destaca-se em rosa o limite estabelecido para os resultados aceitos com detector de quase pico. O valor foi fixado em 30dBμV/m, especificado para equipamentos e instalações relativos à classe B.[1] Em azul, representa-se a informação obtida com o detector de pico. Nos pontos em que o limiar foi ultrapassado, repetiram-se as medidas com o detector de quase pico, com os resultados indicados por uma cruz em vermelho. Neste caso específico, o produto analisado não atendeu às exigências, devendo sofrer as devidas adaptações. VIII. CONCLUSÃO IX. REFERÊNCIAS A cada dia aumentam as exigências de controle sobre interferências eletromagnéticas oriundas de equipamentos eletroeletrônicos, de telecomunicações, de exames médicos e laboratoriais, etc.. Simultaneamente, os equipamentos modernos são mais sensíveis para o processamento dos sinais desejados. Por este motivo, são mais susceptíveis de sofrerem os efeitos de sinais espúrios. Assim, as normas e regulamentações para verificação e seu controle tornaram-se mais rígidas, com limites menores de tolerância, maior rigor nos processos e critérios de medição e com grande ampliação das faixas de freqüência para a análise dos efeitos. Isto dificultou o emprego de métodos mais tradicionais, tendo em vista o grande dispêndio de tempo em muitos conjuntos de medições. Um processo de automatização desses procedimentos tem relevância para a melhor eficácia e rapidez na obtenção dos resultados. Dentro desta idéia, implementaram-se três programas para ensaios de interferência eletromagnética em equipamentos de telecomunicações, eletromédicos e outros, que exijam certificação compulsória nos requisitos de emissão irradiada e emissão conduzida. Conforme pode ser visualizado nas Figuras 10 e 11, somente se realizam as medidas utilizando os detectores de quase pico e de nível médio onde o limiar foi ultrapassado. Para a varredura inicial, utiliza-se o detector de pico com tempo de varredura baixo. Na seqüência, realizamse as medidas utilizando os detectores de quase pico e de nível médio para as freqüências onde o limiar for ultrapassado. O tempo total da medição depende do número de pontos em que o limite for ultrapassado, porém gera uma economia grande em relação à utilização do analisador de espectros diretamente. Outra vantagem importante é que o programa torna possível a visualização da intensidade de campo elétrico, com as compensações da distância e do amplificador de baixo ruído. A inserção do amplificador de baixo ruído para verificar a emissão irradiada possibilitou a utilização do analisador de espectros, tornando possível reduzir o patamar de ruído. Pela necessidade de investimentos e alteração da estrutura da câmara anecóica, não se implementou o posicionamento automático da altura da antena e do equipamento em teste. Esses componentes devem ser posicionados manualmente. [1] COMITÉ International Spécial des Pertubations Radioélétriques. Industrial, scientific and medical (ISM) radio-frequency equipment – Electromagnetic disturbance characteristics – Limits and methods of measurements. CISPR 11:2003. Paris: (Editora), 2003. [2] V. Prasad Kodali, “Engineering Eletromagnetic Compatibility” - Principles, Measurements and Technologies IEEE Press, Nova York 1996. [3] COMITÉ International Spécial des Pertubations Radioélétriques. Specification for radio disturbance and immunity measuring apparatus and methods – Part 1-2: Radio disturbance and immunity measuring apparatus – Ancillary equipment – Conducted disturbances. CISPR 16-1-2:2006. Paris, 2006. [4] AGILENT TECHNOLOGIES. Application Note 1328. Making Precompliance Conducted and radiated Emissions Measurements with EMC Analyzers. USA, 1999. AGRADECIMENTOS Agradecemos à empresa Sense Eletrônica Ltda. que, através dos recursos utilizando a lei nº8248, investiu na montagem da câmara anecóica, compra de equipamentos, normas e na placa adaptada ao analisador de espectros. Agradecemos, ainda, à Huber-Suhner América Latina Ltda. pela doação dos cones de absorção. Finalmente, o reconhecimento à Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações pela oportunidade e pelo suporte para a pesquisa nesta área. BIOGRAFIAS Gilberto Vilas Boas Magalhães graduou-se como Engenheiro Eletricista e de Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações de Santa Rita do Sapucaí (INATEL), onde cursa mestrado na área de Dispositivos de Alta Freqüência. Iniciou suas atividades profissionais em 1996 na empresa Waytec Tecnologia em Comunicação Ltda., onde atuou nas áreas de engenharia da qualidade, de produção e de produtos. Em 2000 iniciou o trabalho no Inatel, atuando na área de treinamento na empresa Ericsson e em 2002 passou a atuar no Laboratório de Ensaios e Calibração. Tem interesse nas áreas de compatibilidade eletromagnética e certificação de produtos. José Antônio Justino Ribeiro é Engenheiro Eletricista pelo Instituto Nacional de Telecomunicações de Santa Rita do Sapucaí (Inatel), Mestre em Engenharia Eletrônica e Doutor em Ciência pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. É professor titular do Inatel, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e da Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa, membro da Sociedade Brasileira de Microondas e Optoeletrônica e de diversas outras associações técnicas e científicas. Rômulo Mota Volpato concluiu o Curso Técnico em Eletrônica na Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa”, ETE, de Santa Rita do Sapucaí, MG, em 1980. Foi graduado pelo Inatel em Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica e Telecomunicações, em 1990. Concluiu o Mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Engenharia de Itajubá (Unifei) em 2004 e desde 1993 é professor do Inatel. A partir de 1997 tornou-se Gerente do Laboratório de Calibração e Ensaios. É membro da Sociedade Brasileira de Metrologia.