1 Números Complexos. Se tivermos um circuito contendo uma multiplicidade de capacitores e resistores, se torna necessário lidar com resistências e reatâncias de uma maneira mais complicada. Por exemplo, considere o circuito acima. R3 e C3 estão em série, mas combinados com R2 em paralelo. A combinação em paralelo está então combinada em série com C2, e a sequencia se repete com R1 e C1. Usando a representação vetorial podemos facilmente calcular a impedância de R3 associado com C3, mas tentar combinar esta associação com R2 fica bastante complicado. A complicação apenas aumenta quando incluirmos os outros elementos. Precisamos então de uma maneira de lidar com componentes resistivos e componentes reativos de modo que possamos separá-los (pois são diferentes), mas usando-os de uma mesma maneira. Felizmente existe uma maneira de fazer isto. O requisito básico é que possamos separar os componentes reativos e marcá-los de uma maneira que a apropriada defasagem de 90° fique evidente. Podemos fazer isso introduzindo um novo operador matemático “i”, que representa tal rotação. Similarmente, “-i” indica uma rotação de -90°. Rotações de 180° são indicadas por i×i ou i². Uma vez que i é um fator multiplicador, é também verdade que i²= -1. Se você já trabalhou com números imaginários, este conceito será familiar a você. Frequentemente alguns autores usam a letra j para representar este operador, para não haver confusão com a letra i representando corrente elétrica. Neste contexto, a impedância do nosso exemplo experimental para o circuito RC série deve ser indicada como Z=15k –i.15,92k. Números escritos neste formato são conhecidos como números complexos e neste texto serão indicados por letras em negrito. Todos os cálculos intermediários relativos ao circuito são realizados usando números complexos, e a conversão final para determinar Z (o módulo de Z) como uma impedância simples é realizada apenas no passo final, ou as vezes nem é feita. Note com especial atenção o sinal "-" associado com XC. Se escrevermos a expressão em sua forma mais básica, temos: = − 1 2 pois como sabemos a reatância capacitiva esta “atrasada” de 90° em relação á resistência, ou seja, possui uma defasagem de -90°. É claro que = 1 mas − =− =− −1 = 1 e então podemos escrever = + 1 e ainda = = − = − = + e = | | = +( 1 ) Se Z é um número complexo, ε ou I ou ambos também devem ser complexos para que a igualdade seja válida. O ângulo de fase do gerador é dado por = − =− 1 Isto simplesmente significa que a voltagem está atrasada em relação à corrente no circuito, o que já sabemos. No exemplo numérico do circuito RL teríamos Z=500+626i e de forma geral, a impedância seria descrita por = + pois como sabemos a reatância indutiva esta “adiantada” de 90° em relação à resistência, ou seja, possui uma defasagem de +90°. 3 Temos ainda que como = = = = ( + ! + ! !) = + != + e # = | $| = % #$ & '(( )& . O ângulo de fase do gerador é dado por = = ! Isto simplesmente significa que a voltagem está adiantada em relação à corrente no circuito, o que já sabemos. Esta abordagem que faz uso de números complexos está diretamente relacionada com a representação vetorial. É uma abordagem, digamos estática, simples e bastante apropriada para o cálculo das impedâncias, fases e amplitudes (e valores rms) das correntes e tensões no circuito. Uma abordagem mais abrangente pode ser aplicada usando números complexos na resolução das equações diferenciais usando uma representação complexa dependente do tempo. Da equivalência entre as representações cartesianas e polares dos números complexos temos que = ) *(+ = ) + 0)1( ,cos( )2 = cos( )+ sen( ) onde vemos que ( )= cos( ) = )( ) Tomemos então a equação diferencial do circuito RC série que desenvolvemos anteriormente 5 ( )= 5 5 ( ) 1 + ( ) 5 E substituímos ε (real) por sua representação complexa ε temos 5 5 = 5 ( ) 1 + ( ) 5 4 E devemos obviamente supor que a solução buscada deva ser uma função complexa I da forma = ) *((+'6) pois sabemos que no circuito RC a corrente está defasada em relação à voltagem da fonte, como argumentado anteriormente. Assim como para a tensão, a corrente real que passa pelo circuito pode ser obtida tomando = )( ) Voltando para a equação diferencial temos então 5 5 ) *(+ 5 ) *((+'6) 1 + ) *((+'6) 5 = ) *(+ = ) *((+'6) + = = = ) *6 + (780 + 0)1 ) + 780 − 1 0)1 + 1 1 1 ) *((+'6) ) *6 (780 + 0)1 ) 780 + 1 0)1 Como as partes imaginárias e reais da igualdade devem ser também iguais temos que − 0)1( )] + : cos( ) = 0 o que nos dá = 1 e − dando cos( ) − : 0)1( ) = 0 5 = +( 1 ) resultados que já tínhamos obtido anteriormente. Adiante, iremos usar números complexos sempre que necessário para ajudar a descrever o desenvolvimento de vários circuitos. Circuito RC paralelo O circuito RC paralelo ao lado comportase bem diferente quando CA é aplicada a ele do que quando aplicamos CC. Com uma voltagem CC aplicada, o capacitor irá carregar rapidamente com a voltagem da fonte, e a partir deste ponto a corrente fluirá somente através do resistor. Porém, quando um a tensão CA é aplicada, o capacitor não conseguira nunca atingir a carga completa e, portanto uma corrente sempre irá fluir pelo capacitor. Sabemos que no circuito paralelo a voltagem será sempre a mesma sobre todos os elementos. Entretanto, a corrente I que flui pelo resistor R não é a mesma que flui através de C. Então, IR está em fase com ε, mas IC está adiantada em relação à ε por 90°. Porque a voltagem é a mesma sobre todos os elementos, devemos usar a voltagem como referência e determinar a corrente total no circuito em termos da voltagem. Para isso usamos a Lei de Ohm. Sabemos que IR =V/R, mas a defasagem de +90°da corrente em C requer o uso de número complexos. Então IC = i(V/XC). A corrente total é então: = =I + == + > Dois pontos devem ser destacados sobre esta equação: Primeiro, lembre-se que i(ε/XC)=ε/(-iXC). Ou de outro modo, lembre-se que a reatância capacitiva é definida como XC=1/(ωC). Incluindo o fator "i" fator, temos que 1/(iωC). Isto novamente nos dá -iXC para a capacitância reativa. O Segundo ponto é que, uma vez que ε é o mesmo em todos os termos da equação acima, podemos dividir cada membro por ε e removê-lo da equação. Portanto, a equação que realmente devemos resolver é: 6 1 1 = + − 1 Para associações em paralelo, pode ser mais conveniente o uso da admitânica Y, das condutâncias G e das susceptâncias B. Estes valores são respectivamente os inversos das impedâncias, resistências e reatâncias. A unidade no SI de admitância, condutâncias e susceptâncias é o siemens (S) e 1S = 1/Ω. Fazendo uso destas grandezas temos: ?= 1 ; A = 1 ;BC = 1 = DC ;BE = 1 =− DE ! e para uma associação em paralelo ? = A + (BE + BC ) e =? Cálculos envolvendo números complexos A equação acima é simplesmente o embrião da equação para a equação mais geral para impedâncias em circuitos paralelos. Temos aqui uma resistência enquanto que no outro termo temos uma reatância. Isso significa lidar com o incômodo "i" em um termo. Felizmente isto não é uma grande dificuldade como parece ser. A expressão para impedâncias em paralelo é simplesmente uma adaptação da expressão para resistores em paralelo. Se agruparmos todos os resistores juntos para formarmos um resistor R equivalente e também agruparmos os capacitores em um capacitor C equivalente e o mesmo para um indutor L equivalente, a expressão geral para estes elementos em paralelo torna-se: . ( − + ( − = ) ) No nosso caso temos apenas R e C, e o então o fator XL é simplesmente retirado da equação ficando então: = . (− − ) Para completar o cálculo, devemos remover o termo "i" do denominador. Podemos fazer isso aplicando a identidade: 7 (a + b)(a − b) = a² − b² Neste caso, ( + )( − ) = ² − ² ² = ² + ² Então, podemos multiplicar a expressão para a impedância paralela por (R+iXC)/(R+iXC) e obteremos o seguinte resultado: = . (− ( − (− ) = ) ( − ). ( + ). ( + = ). ( + ). ( + − , + − ) = ) , − + 2 2 Esta expressão nos dá um número real no denominador tornando os cálculos possíveis. Nossa impedância paralela tem agora um termo real e um termo imaginário e pode ser escrita como: = , + 2 − , + 2 Esta expressão pode ser usada para calcular a impedância paralela de um resistor e um capacitor se a frequência do sinal é conhecida. Para verificar esta expressão matemática, vamos testar um exemplo prático. Tomemos ε0=5V, R=100Ω e XC=200Ω. Então: = = − = = 5 = 0,05K 100 5 = 0,025K − 200 | M | = %(| | + | | ) = %(0,05 + 0,025 ) = 0,0559K | |= | M| = 5 = 89,44Q 0.0559 O próximo passo é calcular Z usando a equação que derivamos anteriormente, e comparar aquele resultado com o acima. Se nossa matemática estiver correta, os resultados devem bater. Por simplicidade vamos calcular primeiramente o denominador (D) e os 8 dois numeradores (N1) e (N2) e então introduziremos estes valores na equação. R= = + = 100 + 200 = 50.000 S1 = = 100. 200 = 4.000.000 S2 = = 100 . 200 = 2.000.00 S1 S2 4.000.000 2.000.000 − = − = 80 − 40 R R 50.000 50.000 | | = %80 + 40 = √6400 + 1600 | | = 89,44Q Vemos que ambos os conjuntos de cálculos produzem precisamente o mesmo resultado. Isto indica que nosso método de calcular impedância sem saber (ou usar) a voltagem aplicada é perfeitamente válido. Circuito RL paralelo Quando um sinal CA é aplicado a um circuito RL, o circuito apresenta uma significante impedância à passagem da corrente. Esta impedância é dependente da frequência, uma vez que dela depende XL, mas para uma dada frequência, a impedância é independente do tempo. Como esperado, o tratamento equivalente à Lei de Ohm é aplicável, como nos circuitos anteriores. Como a voltagem é a mesma para todos os ela será a nossa referência. A corrente fornecida pelo gerador é, entretanto, a soma das correntes que atravessam R e L, tendo em mente que o indutor se opões às mudanças na corrente que o atravessam, de modo que nele a corrente está atrasada de 90° em relação à sua voltagem. Portanto, a equação para as correntes deve ser: = =I + == − > Se movermos o “i” para o denominador da fração devemos mudar seu sinal. Isto está de acordo com o fato de que . iωL=iXL. Como no 9 circuito RC paralelo, podemos dividir a equação por ε e calcular a impedância complexa deste circuito. Ou seja: 1 = 1 + 1 Para calcular a impedância total do circuito faremos uso da equação apresentada no item anterior: = . ( − + ( − ) ) e agora deixaremos somente os valores de R e L, eliminando os fatores que contém XC da equação. Teremos então: . + = E completamos os cálculos usando a mesma relação usada anteriormente para remover “i" do denominador. = . ( ( + ). ( − ). ( − = ) == ) + , + , − + 2 2 A impedância do circuito RL é então um número complexo que pode ser escrito como: = , + + 2 + , + 2 Circuito LC série O circuito esquematizado ao lado mostra uma associação em série ideal de um capacitor e um indutor ligados a um gerador. Como no circuito RC e RL examinados anteriormente o capacitor C e o indutor L formam um divisor da tensão fornecida pelo gerador. Neste caso ideal, entretanto, não temos o resistor para colocar um limite na corrente que flui no circuito – temos 10 somente XC e XL. Para este exemplo vamos assumir valores numéricos. Seja a frequência f=1 MHz (1,000,000 Hz), L=150µH e C=220pF, e εrms=10V. Estes valores nos parecem razoáveis, mas quando medimos a voltagem VC sobre o capacitor encontramos VCrms=33V e sobre o indutor encontramos VLrms=43V enquanto a fonte de voltagem continua fornecendo 10V. O que está acontecendo? Como podemos ter 76V sobre dois componentes em série enquanto sobre a fonte temos 20V? A resposta será evidente se lembrarmos dos circuitos RC e RL série tratados anteriormente e se observarmos o diagrama de vetores que representa as tensões no circuito mostrado ao lado. Uma vez que temos um circuito em série, a corrente no circuito é a mesma em todos os elementos. Como não temos resistência no circuito, não temos voltagem resistiva e, portanto só temos o vetor representativo da corrente (em vermelho) no ângulo de referência (fase 0°). Sabemos que a voltagem está avançada em relação à corrente no indutor, de modo que VL teme uma fase de +90°. Sabemos também que no capacitor a voltagem está atrasada em relação à corrente, de modo que VC tem uma fase de -90°. Isto nos dá a pista do que está acontecendo neste circuito e como podemos ter VC e VL tão maiores do que a voltagem da fonte. Estas voltagens estão em oposição e se cancelam parcialmente, de modo que é a diferença entre estas duas voltagens que deve se igualar à voltagem da fonte, e de fato 43V33V=10V. Se XL > XC, a associação será puramente indutiva para a fonte. Se XC > XL, o circuito parecerá capacitivo. A questão que permanece é como determinar a intensidade dos vetores VC e VL. Os cálculos para este circuito são equivalentes ao que fizemos para os circuitos anteriores. Em geral, temos: = = = Vamos usar em nossos cálculos os valores reais pois sabemos de antemão as orientações relativas das tensões e da corrente. 11 Primeiramente temos que calcular o valor de ω necessário para ao cálculo das reatâncias: ω=2πf=6,2831853 × 1,000,000 = 6283185,3 rad/s e então temos: = = = %( ! = 6283185,3x0,000150 = 942,48Ω 1 = 1 6283185,3x220. 10 ) =| − = − = = 723,43Ω | = 942,48 − 723,43 = 219,05Ω 10 = 45,652ZK 219,05 = [ = 0,045652[942,48 = 43 = [ = 0,045652[723,43 = 33 Que confirmam os valores apresentados. O fato de que possamos ter nos elementos dos circuitos voltagens consideravelmente maiores do que a voltagem fornecida pela fonte demanda dois cuidados na montagem deste tipo de circuito. Primeiro os valores limites suportados pelos indutores e capacitores não devem ser limitados pelos valores da fonte e em segundo, muito cuidado deve ser tomado no manuseio destes circuitos. Uma vez que a impedância total do circuito é a diferença entre XL e XC, o que acontece se estes dois valores são iguais. Não deve ser difícil encontrar valores de capacitores e indutores que a uma dada frequência se encaixe neste caso. Qual será o comportamento do circuito neste caso? Quando XL=XC Examinamos um caso específico de um circuito LC e seu comportamento sob uma particular frequência. Sabemos que se aumentarmos a frequência o valor de XL aumenta enquanto que o valor de XC diminui. Por outro lado, se diminuirmos a frequência, o valor de XL diminui enquanto que o valor de XC aumenta. A mesma questão apresentada logo anteriormente pode ser colocada da seguinte forma. Qual será o comportamento do circuito numa específica corrente quando XL = XC? Como podemos determinar esta particular frequência? 12 Encontrar esta frequência “mágica” não é problema, basta igualarmos os valores de XL = XC: = != = = \= 1 1 ! 1 √! 1 2]√! Se este resultado te parece familiar, deveria. Esta é a frequência de ressonância do circuito LC não forçado que calculamos anteriormente e chamamos de ω0. A frequência de ressonância é a mesma com uma voltagem CA aplicada, mas a voltagem AC forçada elimina perdas no circuito e as oscilações não terminam. Na ressonância, quando XL=XC, também é verdade que XL-XC=0. Portanto, não existe componente reativo em Z na frequência de ressonância. Na ausência de qualquer resistência, I cresce sem limites e torna-se, teoricamente, infinita. A fonte de voltagem deve se comportar como se estivesse ligada em um curto circuito. Na verdade, não existem circuitos completamente livres de resistência, e qualquer resistência presente servirá para limitar a corrente. Entretanto se a resistência é muito pequena, a corrente ainda será muito alta. Em muitos caos, um resistor é deliberadamente adicionado ao circuito para definir uma impedância mínima e uma corrente máxima na ressonância. Circuito LC série No diagrama mostrado ao lado temos uma associação em paralelo de uma indutância ideal e um capacitor ideal, ligados uma fonte. Usaremos neste caso os mesmos valores utilizados no circuito LC série. a Teremos então: 13 εrms = 10V. f = 1 MHz. (ω= 6283185,3 rad/s) L = 150 µH. (XL = 942.4778 Ω) C = 220 pF. (XC = 723.43156 Ω) E de acordo com a “Lei de Ohm” = = 10 = 0,01061 = 10,61ZK 942,48 = = 10 = 0,01382 = 13,82ZK 723,43 Se medirmos a corrente fornecida pela fonte encontraremos 3,21mA – a diferença entre IL e IC. A questão para este circuito é: De onde vem a corrente extra que atravessa os dois elementos L e C e para onde ela vai? que Os vetores mostrados ao lado, que representam este circuito têm a resposta. Aqui a voltagem é a mesma para os dois elementos pois temos um associação em paralelo, e ela é usada como referência. Não existe resistência de modo não temos corrente em fase com a voltagem aplicada. Sabemos que a corrente está atrasada em relação á voltagem de 90° no indutor e por isso desenhamos o vetor de IL em -90°. Similarmente, sabemos que a corrente está adiantada de 90° no capacitor e da mesma forma desenhamos IC em +90°. Combinando estes dois vetores opostos notamos que o vetor soma é de fato a diferença entre eles. Isto está de acordo com os valores apresentados no exemplo. A corrente restante em L e C é devida à energia obtida da fonte quando o gerador foi ligado e que adiante está sendo transferida entre o capacitor e o indutor, sem passar pela fonte. Se começamos com uma voltagem máxima no gerador, o capacitor C é instantaneamente e completamente carregado. Uma 14 vez que a corrente está defasada de 90° com a voltagem, a corrente neste instante é zero. Mas a partir daí C descarrega sobre L, com a voltagem decrescendo enquanto a corrente cresce. Quando C está completamente descarregado, a voltagem é nula e a corrente sobre L está em seu máximo e o campo magnético em L cresce até seu valor máximo. Isto completa ¼ do ciclo. No segundo quarto de ciclo o campo magnético colapsa e tenta manter a corrente fluindo sobre L. Esta corrente agora carrega C, mas com polaridade inversa da carga original. Quando a corrente cai para zero e a voltagem em C atinge seu valor máximo, o segundo quarto de ciclo é completado. Na segunda metade do ciclo temos o mesmo comportamento no circuito, exceto que as polaridades são inversas e as correntes fluem no sentido contrário. Na conclusão da segunda metade o capacitor está novamente com a voltagem máxima inicial e o ciclo se repete. O cálculo da impedância combinada de L e C se faz pela tradicional expressão produto-sobre-soma das associações em paralelo, utilizando das impedâncias complexas para considerar as diferenças de fase entre os componentes, ou seja: = ( ( )(− ) − = ) + (− ) ( − ) =− − Esta equação nos diz duas coisas a respeito da combinação paralela de L e C. 1- A defasagem entre a corrente e a voltagem no gerador será comandada pela componente com menor reatância. Isto é razoável pois será este elemento que drenará a maior quantidade de corrente. 2- A impedância da associação paralela pode ser maior que qualquer reatância individual. Isto se deve ao fato de que as fases opostas das correntes em L e C forçam o denominador da fração a ser a diferenças entre as reatâncias, e não a soma. Porque o denominador é a diferença entre XL e XC, temos aqui uma questão óbvia. O que acontece quando XL=XC — a condição que acontecerá na frequência de ressonância do circuito. Claramente existe um problema quando temos um zero no denominador de uma fração. Quando XL = XC 15 Na frequência de ressonância do circuito LC paralelo sabemos que XL=XC. Nesta frequência, de acordo com a equação acima, a impedância efetiva da combinação paralela de L e C deve ser infinitamente grande. De fato, isto é o que acontece para este circuito teórico utilizando componentes teoricamente ideais. As correntes fluindo por L e C podem ser determinadas pela “Lei de Ohm”, como fizemos anteriormente. A corrente drenada da fonte é a diferença entre IL e IC. Entretanto, quando XL=XC e a mesma voltagem é aplicada aos dois componentes, suas correntes são também iguais e a diferença sendo zero nenhuma corrente é drenada da fonte. Isto corresponde a uma impedância infinita ou a um circuito aberto. Isto não significa que corrente não flui por L e C. Toda a corrente circulando nestes elementos está simplesmente circulando, indo e voltando entre estes dois elementos, sem envolver a fonte. As correntes calculadas com a “Lei de Ohm” estão fluindo através de L e C, mas permanecem confinadas somente a estes elementos. Como resultado deste comportamento o circuito LC paralelo é chamado de circuito tanque porque ele mantém a corrente circulando, sem perdêla. Existe outro fator a se considerar quando trabalhando com um circuito LC tanque: A magnitude da corrente. Podemos combinar uma série de valores de L e C para uma dada frequência de ressonância. Tenha em mente que na ressonância: = = 1 √! Enquanto o produto L x C permanecer o mesmo, a frequência de ressonância é a mesma. Entretanto se usarmos um valor de L alto e um valor de C baixo, suas reatâncias serão altas e a quantidade de corrente circulando no tanque será pequena. Por outro lado, usando baixos valores de L e altos valores de C, suas reatâncias serão baixas e a quantidade de corrente circulando no tanque será muito maior. Muitas aplicações deste tipo de circuito são dependentes da quantidade de corrente assim como da frequência de ressonância e estes fatores devem ser levados em conta. De fato, em circuitos reais não se pode evitar possuir alguma resistência, especialmente em L. É possível ter uma corrente no circuito tanque tão alta que a energia perdida em R (P=i2R) é suficiente para literalmente queimar L.