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ANÁLISE DE DUAS REVISTAS QUE DIVULGAM CIÊNCIA PARA O
PÚBLICO GERAL
Alethéa Cristina Vieira1
1 INTRODUÇÃO
Fala-se muito sobre a distância existente entre o que é produzido na academia e
o que é divulgado para a população em geral. Observações de que não se presta contas
do conhecimento científico que se produz, por meio de uma eficiente transmissão do
que se realiza intra-muros, já são conhecidas dos pesquisadores (ORRICO; OLIVEIRA,
2007).
A produção do conhecimento científico é uma atividade que depende do sistema
de comunicação científica que o envolve (LEITE, 2014). Nesse contexto, o termo
comunicação científica é um termo genérico. Segundo Braga, Guerra e Reis (2004),
A ciência moderna nasceu no contexto de um amplo processo de divulgação,
pois ela necessitava conquistar corações e mentes para o novo saber. O
surgimento de uma nova forma de ver o mundo e de pensar não poderia se
constituir sem uma rede de difusão. (p. 44).
Infere-se que difusão científica, divulgação científica, popularização da ciência e
disseminação científica são termos que estão subordinados especificamente à
comunicação científica. Relacionados às atividades desenvolvidas por diferentes
pessoas e instituições, com o objetivo de levar a informação científica a determinado
grupo social (CARIBÉ, 2015). Se referem tanto a uma prática social estabelecida e
padronizada, quanto à conceitos que são estudados em áreas como a Sociologia da
Comunicação, a Ciência da Informação e a Comunicação Social (SALCEDO, 2010).
1
Tecnóloga em Processos Químicos, UTFPR. Licenciada em Química, UTFPR. Aluna especial do
Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Educação – Nível de Mestrado, Unioeste. Email: [email protected]
Os termos divulgação, popularização, vulgarização e comunicação pública da
ciência são considerados sinônimos (CARIBÉ, 2015). Por “divulgação científica”
entende-se a difusão de informações científicas e tecnológicas para o público em geral
(especialistas e não-especialistas). Assim, a difusão científica comporta as espécies
disseminação científica e divulgação científica, subdividida em divulgação científica
feita por especialistas e por não-especialistas (GOMES, 2002).
Na atualidade, é impossível desconsiderar a necessidade de divulgar ciência à
sociedade, visto que parte do interesse da própria ciência é o desenvolvimento do
gênero humano (CARVALHO, 2010). Tendo isto em vista, como conciliar a importante
função de divulgar ciência e tecnologia de forma competente e precisa, sem abrir mão
da necessária interpretação e contextualização da produção científica? Considerando a
influência da C&T na qualidade de vida das pessoas, é muito importante levar à opinião
pública as relações de poder e interesses, que envolvem todo o processo de divulgação
científica (CALDAS, 2010).
Desta forma, a mídia exerce uma função decisiva ao divulgar os fatos
científicos. Proporcionando visibilidade à ciência e despertando interesse dos indivíduos
para as informações científicas e tecnológicas, fazendo-os entender que a C&T é
essencial para o crescimento de uma nação (CANDOTTI, 2001).
Quando se fala em revistas especializadas em ciência e tecnologia, é
fundamental considerar não apenas o objetivo, mas, sobretudo, observar seus
participantes de um lado e público-alvo de outro e a linguagem utilizada. Partindo dessa
perspectiva, as referidas revistas podem ser classificadas em dois tipos: revistas de
disseminação científica e revistas de divulgação científica. Embora ambas tenham como
objetivo primordial a difusão da ciência, as de disseminação reproduzem o
conhecimento com o intuito de gerar mais conhecimento, são produzidas por
pesquisadores, dirigidas aos pares e, por isso mesmo, veiculam textos altamente
especializados. As revistas de divulgação científica, por outro lado, procuram veicular
textos com linguagem acessível a não-especialistas. (GOMES, 2002).
Selecionou-se para este estudo duas revistas que divulgam ciência, porém com
perfis distintos. Uma delas é a revista Mente Cérebro, uma publicação mensal com
conteúdo estrangeiro fornecido por publicações sob licença de Scientific American. A
outra revista é a Segredos da Mente, publicação mensal da Editora Astral, com variados
conteúdos.
Deste modo, este trabalho teve por objetivo analisar como ocorre a divulgação
de um assunto abordado pelas duas revistas na capa em edições de 2016, sendo este
tema o Alzheimer. Partindo do pressuposto que cada uma possui mecanismos próprios
para atingir o público alvo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Para entender as características de divulgação utilizadas pelas duas revistas
utilizou-se como base o Pequeno Manual de Divulgação Científica, proposto por Vieira
(2006).
Para ele, existem várias razões para divulgar ciência. Ao divulgar de maneira
adequada sua pesquisa, o cientista expõe seu trabalho para o público interessado e
chama a atenção da iniciativa privada, prestando contas à sociedade no que diz respeito
as verbas públicas. Não obstante, cita ainda que bons artigos de divulgação podem ser
fontes de auxílio aos professores, além de ressaltar as conquistas e limites da ciência,
desmistificar equívocos muito comuns, servir para explicar ciência aos próprios
cientistas e para atualizá-los. Por último, auxiliar na
motivação para as carreiras
científicas e tecnológicas.
Para tal, as duas matérias de capa foram comparadas quanto aos aspectos de
linguagem citados por Vieira, tais como uso de analogias, explicações, fórmulas,
clareza, descontração, jargões, siglas e outros, não necessariamente nessa ordem.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Análise da revista mente cérebro
A revista Mente Cérebro é uma publicação mensal com conteúdo estrangeiro
fornecido por publicações sob licença de Scientific American, tratando de temas
relacionados à psicologia, psicanálise e neurociência. A revista conta com um suporte
em seu site, fornecido pela Editora segmento. Em seu site, pode se encontrar no campo
quem somos algumas informações, como as que seguem:
Mente e Cérebro começou a circular no Brasil em setembro de 2004,
com a proposta de apresentar reportagens e artigos sobre o funcionamento
psíquico voltado tanto para profissionais e estudantes da área da saúde quanto
para leigos.
Assim como ocorre com publicações similares que fazem parte do
grupo internacional Scientific American (Mind, nos Estados Unidos,
Gehirn&Geist, na Alemanha; Mente e Cervello, na Itália etc.), os textos são
embasados em estudos realizados em universidade e centros de pesquisas de
vários países. Em pouco mais de sete anos de circulação foram publicados
aproximadamente 900 artigos e mais de mil notas sobre psicologia,
psicanálise, neurociência, psiquiatria, neurologia, além de temas que
estabelecem interfaces com esses campos – como educação e filosofia.
A proposta de Mante&Cérebro é oferecer informação consistente, que
sirva como referência para estudo, pesquisa, complementando a formação
profissional e possibilitando reflexões a respeito das variadas formas de
compreender o funcionamento do corpo, do cérebro e da mente. (Mente
Cérebro, Editora Segmento, 2016).
A revista coloca na capa a doença que a ciência aponta como a mais comum de
demência – Alzheimer, iremos nos referir a revista Mente Cérebro como R1 ao longo do
texto. O primeiro aspecto curioso trata da maneira como a capa foi diagramada,
conforme consta da Figura 1. Para tal, utilizou-se um recurso chamativo, mas que não
torna a divulgação da ciência um show, o que comumente encontramos em
determinadas divulgações que a apresentam de maneira estereotipada. O nome
Alzheimer é escrito todo em letras maiúsculas, sendo que a cor da escrita tende do preto
ao cinza claro, ou seja, realça a idéia de enfraquecimento, o que poderia ser considerado
uma analogia para esquecimento. Partimos da premissa de que a utilização de analogias
possibilita a construção de conceitos científicos. Seu uso favorece a compreensão de
conceitos que, na maioria dos casos, são considerados difíceis (SILVA; PIMENTEL;
TERRAZAN, 2011).
Figura 1 – Capa da Revista Mente Cérebro – Alzheimer
Fonte: Revista Mente Cérebro (2016)
Com o título “Alzheimer” e subtítulo “O que a ciência sabe sobre o tipo mais
comum de demência e as maneiras de preveni-la” a matéria está distribuída ao longo de
vinte e duas páginas da revista. Na primeira página da matéria outra chamada “Criando
reservas para resistir ao Alzheimer”, ou seja, a reportagem visa apresentar um conjunto
de ações que poderiam retardar o envelhecimento do cérebro. Na mesma página uma
outra ilustração - composta por uma cabeça humana dividida em linhas horizontais,
sendo que nas linhas se encontram vários pássaros sentados e a medida que se olha de
baixo para cima os pássaros saem voando, fazendo analogia à uma perda de tecido,
típica da doença de Alzheimer e de outras doenças degenerativas, conforme mostra a
Figura 2.
Figura 2 – Primeira página da reportagem da revista Mente Cérebro
Fonte: Revista Mente Cérebro (2016)
Do lado direito encontra-se um breve questionamento:
Por que algumas pessoas desenvolvem sintomas de demência e outras não,
embora tenham o mesmo nível de lesão? A genética influi, mas não é sempre
determinante. Ainda há cura, mas a ciência já tem uma série de pistas úteis
para evitar que nosso cérebro seja afetado pelos efeitos nocivos do
envelhecimento e se torne mais resistente. (R1, 2016, p. 21).
Logo abaixo segue o nome do autor, David A. Bennett e um breve texto que o
apresenta trazendo a voz do cientista logo no começo do material.
DAVID A. BENNETT é diretor do Centro Rush para Doença de Alzheimer,
em Chicago, e professor de ciências neurológicas naquela instituição. Atua
em numerosos conselhos nacionais e internacionais editoriais e de consultoria
e é autor de mais de 600 artigos sobre o tema. (R1, 2016, p. 19).
As 12 primeiras páginas que seguem são relatadas pelo próprio cientista e para
tornar a leitura mais atraente o primeiro parágrafo já fisga o leitor. Nele, Bennett,
comenta um pouco da sua vida pessoal, o que de início gera uma certa leveza ao
material.
No discorrer da matéria o texto é instrutivo, mas abordado por meio do uso
recorrente de termos específicos que nem sempre são seguidos de explicações, logo, não
seria ideal para alguém que estivesse buscando informações mais simples. Este fator
pode ser percebido ao citar as palavras neurodegenerativas e longitudinais sem explicar
ao leitor leigo:
No Centro Rush para a Doença de Alzheimer, em Chicago, onde sou diretor,
cerca de 100 cientistas procuram formas de tratar e prevenir uma gama de
doenças neurodegenerativas comuns. Por quase um quarto de século conduzi
duas investigações longitudinais – o Estudo de Ordens Religiosas e o Projeto
Rush de Memória e Envelhecimento. (R1, 2016, p. 22).
Ao falar em beta-amiloide:
Hoje sabemos que essas características clássicas são acúmulos de proteínas
disfuncionais, em sua maior parte formados por fragmentos mal dobrados de
beta-amiloide nas placas. Por várias décadas após a descoberta de Alzheimer,
a doença misteriosa permaneceu em grande parte esquecida. (R1, 2016, p. 24).
Segundo Vieira, o uso de explicações é importante para entendimento, mas
deve-se tomar cuidado para não tornar o texto didático demais. Sempre que possível
deve-se trazer outras fontes e linhas de pensamento para não dar idéia de que o artigo
apresenta a palavra final sobre o assunto, e isso o autor o faz, como se lê em:
Trabalhando com o psiquiatra William Honer, da Universidade Columbia,
descobrimos também que os que apresentam degeneração mais lenta
normalmente tem quantidades mais elevadas de proteínas específicas, como a
proteína de membrana associada a vesícula (VAMP), complexina-I e
complexina-II, que ajudam a transmitir mensagens através das sinapses, ou
lacunas, entre as células cerebrais. (R1, 2016, p. 25).
Na penúltima citação nota-se a presença da abreviatura VAMP, mas não sem
explicá-la. Ao longo do texto, pode-se perceber que o autor faz uso de algumas
analogias, como por exemplo ao falar que se sente como um arqueólogo do cérebro:
Em algum lugar pelo caminho, a faculdade de medicina e a residência em
neurologia fizeram com que esse meu namoro com o assunto tomasse outro
rumo. Mas mesmo hoje me imagino algumas vezes como um arqueólogo do
cérebro – selecionando delicadamente espécimes preservados, catolagando
artefatos biológicos e buscando alinhar meus achados com as histórias
singulares das pessoas. (R1, 2016, p. 22).
É importante ressaltar que as anologias presentes no texto não descaracterizam o
assunto que está sendo abordado, o autor as usa como instrumento para desconstruir o
mito sobre o cientista, e trazer o leitor mais para perto, sem se utilizar de jargões.
Outro aspecto positivo é a utilização de ilustrações para atrair a atenção do
leitor. A primeira delas é uma imagem do próprio autor (p. 25) e a segunda mostra
como é um laboratório de pesquisas sobre a doença de Alzheimer (p. 25). Não obstante,
o artigo ainda segue com a imagem da capa do filme Para Sempre Alice, com Julianne
Moore, que relata a vida de uma especialista em neurociência diagnosticada com a
demência precoce (p. 28), contextualizando, desta maneira, o tema com o leitor. A
última ilustração diz respeito a Dieta da Mente, com uma série de alimentos que
segundo a Epidemiologista Martha Clare Morris diminuem o risco de desenvolver a
patologia. As 4 imagens são representadas na Figura 3, respectivamente.
Figura 3 – Imagens da revista Mente Cérebro
Fonte: Revista Mente Cérebro (2016)
A matéria finaliza esclarecendo as possibilidades de descobertas de meios cada
vez mais promissores de estudar o cérebro e que muitas outras pistas para tornar o
cérebro mais resistente ao envelhecimento estão sendo estudadas.
Após o término do texto escrito pelo próprio cientista o conteúdo continua sendo
tratado porém sob uma nova visão: a de um jornalista científico. Seu nome é Gary Stix,
ele é jornalista científico, editor da Scientific American nos Estados Unidos. Gary entra
na reportagem de maneira impessoal para fazer uma abordagem sobre o
acompanhamento de famílias da Colômbia com uma rara mutação genética no
cromossomo 14, que provoca o aparecimento precoce do Alzheimer. Para chamar
atenção para a matéria, Gary faz um apelo logo no primeiro parágrafo:
Quando Alejandra tinha 16 anos, em 2007, nutria sonhos e fazia planos como
qualquer adolescente. Frequentava uma escola secundária em Medellín, uma
das maiores cidades da Colômbia. Sua vida escolar era intercalada com
momentos reservados para sair com amigos e visitar os lugares badalados na
cidade. Foi nessa época que sua mãe, Yolanda, começou a perder a memória.
Reservada, ela diria “olá” à um visitante e, momentos depois, repetiria o
mesmo cumprimento – de novo e de novo. (R1, 2016, p. 35).
Gary explica sobre a situação do Alzheimer familiar no mundo, trazendo dados
da região onde essa mutação é muito comum. O foco aqui é o de atentar para a realidade
vivida por diversas pessoas portadoras de tal síndrome. Para isto o trecho não faz uso de
muitas explicações complexas, nem de muitas anologias, muito menos de jargões,
apenas uma simples narrativa do que acontece na vida dessas pessoas acompanhada de
imagens delas. Para finalizar a reportagem, Gary descreve os possíveis tratamentos
preventivos para esta doença, parte um pouco mais complexa, utilizando-se de um texto
auxiliar diagramado a parte, onde são utilizados os termos mais científicos:
Ensaio clínicos para prevenir a doença de Alzheimer tornaram-se possíveis
graças a chegada de tecnologias, como exames de varredura cerebral,
punções lombares e testes pscicológicos altamente sensíveis, para determinar
se a doença está progredindo antes que uma pessoa comece a perder a
memória. Uma forma especializada de tomografia por emissão de pósitrons
mostra um característico acúmulo de beta-amiloides prejudiciais no cérebro
de portadores da chamada mutação paisa (regiões coloridas) em diferentes
idades ao longo do tempo que precede um diagnóstico positivo de Alzheimer.
(R1, 2016, p. 38.)
3.2 Análise da revista segredos da mente
A Revista Segredos da Mente é uma publicação mensal da Editora Alto Astral.
Com assuntos que variam desde psicopatas, pânico, ansiedade, transtornos da mente,
depressão até outros temas afins. A Revista não conta com site próprio, apenas a
Editora.
Estampado na capa está o título “Alzheimer” em letras maiúsculas, conforme
Figura 4. Logo abaixo o subtítulo “A ciência está mais perto de descobrir a cura da
doença que compromete o cérebro”. A figura que estampa a capa é colorida: um cérebro
com uma parte faltante - como uma peça em um quebra-cabeça - ao redor desse cérebro
encontra-se uma luz azul, anologia de origem provável no tratamento estudado para a
doença, onde áreas do cérebro seriam estimuladas com luz azul, com o intuíto de
recuperar as memórias. Iremos nos referir a revista Segredos da Mente como R2 ao
longo do texto.
Figura 4 – Capa da Revista Segredos da Mente - Alzheimer
Fonte: Revista Segredos da Mente (2016)
No sumário outro título, “Alzheimer em pauta” e ainda, “A doença
neurodegenerativa afeta o cérebro e prejudica a memória. Contudo, a cura pode estar
mais próxima”. Pode-se notar logo no início um apelo da reportagem tanto na capa
quanto na descrição no sumário.
O texto ocupa quatro páginas da revista, que apresenta outras reportagens como
“Quem controla sua vida?”, “Transtornos mentais: inusitados e curiosos”, “Confie em
sua intuição” e assim por diante. A matéria sobre o Alzheimer inicia com um título
dotado de esperança “Dossiê do Alzheimer”. O título carregado deixa explícito: existe
uma esperança de se encontrar no dossiê todas as respostas necessárias. E continua, “A
doença já atinge mais de 1 milhão de idosos apenas no Brasil. E o cenário não é nada
animador: estimativas apontam que esse número tende a dobrar até 2030”.
A Figura 5, de uma mulher encaixando um pedaço do quebra-cabeça no cérebro
(aquele que faltava na imagem da capa) ocupa praticamente uma página.
Figura 5 – Primeira página da reportagem da Revista Segredos da Mente – Alzheimer
Fonte: Revista Segredos da Mente (2016)
No canto direito um breve histórico:
Em 1996, o psiquiatra e neuropatologista Alous Alzheimer fez uma autópsia
e percebeu que haviam lesões - até então nunca vistas - no cérebro morto que
estava examinando. O problema encontrava-se dentro dos neurônios, os quais
apresentavam-se atrofiados e possuíam substâncias estranhas, retorcidas entre
si. Essa foi a primeira vez que uma pessoa teve conhecimento sobre o
Alzheimer. (R2, 2016, p. 11).
O breve histórico demonstra que a revista tem um texto chamativo e de fácil
interpretação. Este fato pode ser observado ao explicar o termo neurodegenerativo no
trecho da p. 11 “De uma forma simples, pode-se explicar essa doença como um
problema neurodegenerativo, ou seja, ela afeta o cérebro, causando desgaste dos
neurônios”. Para dar maior credibilidade ao texto, logo em seguida utiliza-se a voz do
cientista também na p. 11 “O Alzheimer é neurodegenerativo, ainda sem causa definida.
Ele afeta as funções cognitivas, predominantemente, mas não está limitada apenas à
memória, esclarece o neurologista Daniel Schachter”.
Diferentemente do texto da Revista Mente Cérebro, fornecido pela Scientific
American, este texto apresenta explicações minuciosas, voltadas a um público mais
leigo, no item “Um pouco mais a fundo” explica-se como o Alzheimer afeta a saúde.
Para tal o autor coloca entre parênteses uma definição para toda e qualquer palavra mais
complicada, na p. 11 “O grande problema surge com a ocorrência de um fenômeno
chamado de hiperfosforilação da proteína teu (a qual tem o papel de estabilizar esses
microtúbulos)”, ou ainda, “Como consequência, os ventrículos (como são chamados os
espaços naturais do cérebro) aumentam de tamanho, criando várias cavidades maiores
que o normal”.
Chegando ao título “Em busca da cura” ele relata brevemente um apanhado
geral sobre as buscas pela cura, porém sem entrar em maiores especificações técnicas,
como se nota a seguir:
Partindo desse princípio é possível que dentro de poucos anos a medicina
encontre tratamentos capazes de desacelerar ou mesmo paralisar o progresso
da doença. “Ainda não existem medicamenteos capazes de parar
efetivamente a doença em si. Não há cura e nem remédios capazes de
proteger pessoas em risco de apresentar evolução para o Alzheimer”. (R2,
2016, p. 12).
Após tantos trechos salientando sobre a não existência da cura, o autor se
contradiz ao citar que pesquisadores britânicos a teriam encontrado:
Em meio ao cenário ainda controverso entre a expectativa e a realidade em
descobrir a cura para o Alzheimer existe um fio de esperança: pesquisadores
britânicos descobriram uma substância química capaz de curar o Alzheimer.
É que essa substância evita a morte do tecido cerebral em doenças que
causam degeneração dos neurônios. (R2, 2016, p. 13).
Para finalizar, a última parte, com o título “Linha tênue”, o autor descreve
porque as falhas de memória acontecem, tranquilizando o leitor:
Portanto, os lapsos de memória são comuns e não significam,
obrigatoriamente, a existência de doenças. Ao ingerir grande quantidade de
bebida alcoólica, por exemplo, é possível que haja comprometimento desse
sentido. Além disso, medicações, traumas cranianos e alguns alimentos
também podem causar esquecimento. Outras doenças, como hipotireoidismo
e diabetes também possuem relação com o ato de esquecer. (R 2, 2016, p. 13).
4 CONCLUSÕES
Sabendo que o objetivo da divulgação científica é o de construir indivíduos
críticos, divulgar ciência da maneira adequada torna-se crucial. Diante de todos os
aspectos de linguagem citados por Vieira como sendo de primordial importância à um
texto de divulgacão, os resultados mostraram que as duas revistas analisadas diferem
completamente ao tratar do mesmo tema (Alzheimer).
A revista Mente Cérebro, com artigo da Scientific American, consegue
promover a divulgação científica de maneira notável. Trazendo informações técnicas a
respeito de pesquisas que estão sendo feitas, em que circunstâncias ocorrem e como elas
funcionam. Fazendo com que o texto fuja da simplicidade, tornando-o rico em
informações que poderiam ser utilizadas em sala de aula, por exemplo, como fomento
para promover uma boa pesquisa.
O texto da Scientific American, contido na Revista Mente Cérebro, faz uso de
conhecimentos científicos, promove explicações em alguns momentos e apresenta um
apelo inicial a leitura, conquistando o leitor. No discorrer do trabalho são apresentadas
falas de diversos outros especialistas da área, fazendo com que o cientista não seja o
detentor da verdade absoluta e dando oportunidade ao leitor de buscar outras fontes
confiáveis caso queira se interar ainda mais sobre o assunto, gerando credibilidade total
ao texto. Torna-se ainda mais interessante em virtude do uso de algumas ilustrações
pertinentes ao assunto, algumas resenhas que se apresentam diagramadas a parte, com
métodos um pouco mais complexos descritos, mas que podem ser de grande agrado ao
leitor interessado.
Outro aspecto interessante é que a matéria se divide em texto do cientista e texto
do jornalista científico, ora, o que permite ao leitor mais leigo fugir um pouco das
explicações mais técnicas e utilizar o texto do jornalista científico, que o faz de maneira
mais branda, porém com qualidade.
Em relação a revista Segredos da mente, observa-se um simplicidade maior ao se
abordar o assunto. O autor posiciona o texto em uma situação explicativa durante todo
seu discorrer. Para um leitor que não possui conhecimento sobre o tema seria de fácil
entendimento, porém, da maneira como isto é feito o leitor se coloca apenas no lugar do
receptor da mensagem, sem que possa interagir com o autor ou que possa construir
argumentos e pensamentos pertinentes, ou por fim, críticos.
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