O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento

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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Direito
Mestrado em Direito
Aluno: João Márcio Rêgo Reis
HEIDEGGER, Martin. “O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento.”, “O que é
Metafísica?” e “Sobre a Essência da Verdade.”
O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento
Pag. 269
"Filosofia é Metafísica. Esta pensa o ente em sua totalidade — o mundo, o homem, Deus —
sob o ponto de vista do ser, sob o ponto de vista da recíproca imbricação do ente e ser. A
Metafísica pensa o ente enquanto ente ao modo da representação fundadora. Pois o ser do
ente mostrou-se, desde o começo da Filosofia, e neste próprio começo, como o fundamento
(afché, aítion, princípio).”
Pag. 270
"O desenvolvimento das ciências é, ao mesmo tempo, sua independência da Filosofia e a
inauguração de sua autonomia. Este fenômeno faz parte do acabamento da Filosofia. Seu
desdobramento está hoje em plena marcha, em todas as esferas do ente. Parece a pura
dissolução da Filosofia; é, no entanto, precisamente seu acabamento.”
Pag. 271
" Teoria significa agora: suposição de categorias a que se reconhece apenas uma função
cibernética, sendo-lhe negado todo sentido ontológico. Passa a imperar o elemento racional e
os modelos próprios do pensamento que apenas representa e calcula.”
Pag. 273
“Todavia, o que é a questão da Filosofia se aceita já por decidido previamente. A questão da
Filosofia como metafísica é o ser do ente, sua presença, na forma da substancialidade e
subjetividade.”
Pag. 277
"A Alétheia, o desvelamento, devem ser pensados como a clareira que assegura
ser e pensar e seu presentar-se recíproco. Somente o coração silente da
clareira é o lugar do silêncio do qual pode irromper algo assim como a
possibilidade do comum-pertencer de ser e pensar, isto é, a possibilidade do
acordo entre presença e apreensão."
Pag. 278
"Seja como for, uma coisa se torna clara: a questão da Alétheia, a questão do desvelamento
como tal, não é a questão da verdade. Foi por isso inadequado e, por conseguinte, enganoso,
denominar a Alétheia, no sentido da clareira, de verdade. O discurso sobre a "verdade do ser"
tem seu sentido justificado na Ciência da Lógica de Hegel, porque nela verdade significa a
certeza do saber absoluto."
Pag. 279
"A racionalização técnico-científica que domina a era atual justifica-se, sem dúvida, de maneira
cada vez mais surpreendente através de sua inegável eficácia. Mas tal eficácia nada diz ainda
daquilo que primeiro gaiante a possibilidade do racional e irracional. A eficácia demonstra a
retitude da racionalização técnico-científica."
O Que é Metafísica
Pag, 233
“"Que é metafísica?" — A pergunta nos dá esperanças de que se falará sobre a metafísica. Não
o faremos. Em vez disso, discutiremos uma determinada questão
a auto-reflexão um
conhecimento entendido com o fim em si mesmo chega a coincidir, por força do
próprio conhecimento, com o interesse emancipatório; pois, o ato-de-executar
da reflexão sabe-se, simultaneamente, como movimento da emancipação."
Pag.234
"A ciência, porém, se caracteriza pelo fato de dar. de um modo que lhe é próprio, expressa e
unicamente, i própria coisa a primeira e última palavra. Em tão objetiva maneira de perguntar,
determinar e fundar o ente, se realiza uma submissão peculiarmente limitada ao próprio ente.
para que este realmente se manifeste.”
Pag. 236
"Podemos até, sem hesitar, ordenar numa "definição" este nada vulgar, em toda palidez do
óbvio, que tão discretamente ronda em nossa conversa: O nada é a plena negação da
totalidade do ente. Não nos dará, por acaso, esta característica do nada uma indicação da
direção na qual unicamente teremos possibilidade de encontrá-lo?"
Pag. 238
"Mesmo não considerando o fato de que é alheio à angústia enquanto al, a formulação
expressa de uma enunciação negativa, chegaríamos, mesmo com uma al negação, que deveria
ter por resultado o nada, sempre tarde. Já antes disto o nada nos 'isita. "
Pag. 242
"O ser-aí humano somente pode entrar em relação com o ente se se suspende dentro do nada.
O ultrapassar o ente acontece na essência do ser-aí. Este ultrapassar, porém, é a própria
metafísica. Nisto reside o fato de que a metafísica pertence à "natureza do homem". Ela não é
uma disciplina dã filosofia "acadêmica", nem um campo de idéias arbitrariamente excogitadas.
A metafísica é o acontecimento essencial no âmbito de ser aí."
Pag. 245
"A investigação moderna está engajada, com outros modos de representação e com outras
espécies de produção do ente, no elemento característico daquela verdade, conforme a qual
todo ente se caracteriza pela vontade de vontade."
Pag. 247
"Somente o homem, em meio a todos os entes, experimenta, chamado pela voz do ser, a
maravilha de todas as maravilhas: que o ente é. Aquele que assim é chamado em sua essência
para a verdade do ser está, por isso, continuamente envolvido, de maneira fundamental, na
disposição de humor. A clara coragem para a angústia essencial garante a misteriosa
possibilidade da experiência do ser.
Pag. 261
"O que permanece mais enigmático, o" fato de que o ente é ou o fato de que o ser é? Ou não
chegamos também, nem mesmo com esta reflexão, até a proximidade do enigma que
aconteceu com o ser do ente? Seja qual for um dia a resposta, o tempo, entretanto, se terá
tornado mais maduro para pensar a combatida preleção Que é Metafísica?, uma vez a partir de
seu final, a partir de seu final, não a partir de um final qualquer imaginado.”
Sobre a Essência da Verdade
Pag. 329
"A pergunta pela essência da verdade não se preocupa com o fato de a verdade ser a verdade
da experiência prática da vida ou a da conjetura no campo econômico, a verdade de uma
reflexão técnica ou de uma prudência política; ou, mais especialmente, com o fato de a verdade
ser a verdade da pesquisa científica ou da criação artística, ou mesmo a verdade de uma
meditação filosófica ou de uma fé religiosa."
Pag. 331
"“O verdadeiro, seja uma coisa verdadeira ou uma proposição verdadeira, é aquilo que está de
acordo, que concorda. Ser verdadeiro e verdade significam aqui: estar de acordo, e isto de duas
maneiras: de um lado, a concordância entre uma coisa e o que dela previamente se presume,
e, de outro lado, a conformidade entre o que é significado pela enunciação e a coisa.”
Pag. 332
"A não-verdade da proposição (não-conformidade) é a não concordância da enunciação com a
coisa. A não-verdade da coisa (inautenticidade) significa o desacordo de um ente com sua
essência. A não-verdade pode ser compreendida cada vez como não estar de acordo. Isto fica
excluído da essência da verdade. É por isso que a não-verdade, enquanto pensada como parte
contrária da verdade, pode ser negligenciada quando se trata de apreender a pura essência da
verdade.”
Pag. 333
"A essência da adequação se determina antes pela natureza da relação que reina entre a
enunciação e a coisa. Enquanto esta "relação" permanecer indeterminada e infundada em sua
essência, toda e qualquer discussão sobre a possibilidade ou impossibilidade, sobre a natureza
e o grau desta adequação, se desenvolve no vazio.”
Pag. 334
"Todo o comportamento, porém, se caracteriza pelo fato de, estabelecido no seio do aberto, se
manter referido àquilo que é manifesto enquanto tal. Somente isto que, assim, no sentido
estrito da palavra, está manifesto foi experimentado precocemente pelo pensamento ocidental
como "a quilo que está presente" e já desde há muito tempo, é chamado "ente".”
Pag. 335
"A hostilidade contra a tese que diz que a essência da verdade é a liberdade apóia-se
em preconceitos dos quais os mais obstinados são: a liberdade é uma propriedade do
homem; a essência da liberdade não necessita nem tolera mais amplo exame; o que é
o homem, cada qual sabe.”
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QUESTÃO PARA DEBATE
O que representa o cuidado e a angústia para Heidegger?
Para Heidegger, a angústia seria um sentimento capaz de movimentar o ser humano. Deste
modo, o ser somente tomaria alguma certa atitude se estivesse angustiado em seu íntimo
acerca de um determinado tema. Relaciona-se com o conceito trazido nos textos acerca do
“nada”, que na realidade não significa inexistência de algo, mas pelo contrário, seria o nada
alguma coisa. Até mesmo o nada seria capaz, portanto, de gerar angústia no ser.
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REDAÇÃO DE APROVEITAMENTO
A ideia que poderia utilizar dos textos de Heidegger na minha pesquisa consiste em utilizar a
angustia presente em meu ser para utilizar dela como a força motriz da minha pesquisa, de
modo a causar uma inquietude em mim a ponto de questionar e refletir acerca de
determinada coisa ou tema estudado a ponto de conhecer de fato o objeto do meu estudo.
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