HPV (449261) - artigos de biomedicina

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FACULDADE GUARAÍ / INSTITUTO EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA
Bhruna Kamilla Dos Santos
Gerlaynne Rocha Cavalcante
Kleydiane Pereira
Nielly Costa Santos
PAPILOMAVÍRUS HUMANO RELACIONADO AO CÂNCER DO COLO UTERINO
Pesquisa requisitada pela professora Msc.
Simone Possas para obtenção de nota na
matéria de Citopatologia do curso de
Biomedicina
do
quarto
período
Faculdade Guaraí – FAG/IESC.
Guaraí– TO
2014
da
1
LISTA DE IMAGENS
Figura 1 – Exame papanicolal___________________________________________7
Figura 2 – Colposcópio________________________________________________8
Figura 3 – Epitélio normal do colo uterino__________________________________9
Figura 4 – Epitélio anormal do colo uterino_________________________________9
2
SUMÁRIO
1 PAPILOMAVÍRUS HUMANO .................................................................................. 3
1.2 SINTOMAS ........................................................................................................... 4
1.3 DIAGNÓSTICO ..................................................................................................... 6
1.3.1 Exames .............................................................................................................. 6
1.4 TRANSMISSÃO .................................................................................................... 9
1.5 TRATAMENTO ................................................................................................... 11
1.6 PREVENÇÃO ..................................................................................................... 11
1.6.1 Prevenção Na Gravidez ................................................................................... 14
REFERÊNCIA .......................................................................................................... 15
3
1 PAPILOMAVÍRUS HUMANO
De acordo com o instituto do HPV (2013), o papilomavírus humano, é um vírus
que se instala na pele ou em mucosas, afeta tanto homens quanto mulheres.
Atualmente, a infecção por HPV é a doença viral sexualmente transmissível mais
frequente. Segundo HASS (2010, p.197) “partir dos anos 80 o HPV transformou-se
em um expressivo problema pela íntima relação com lesões genitais malignas e
seus precursores”.
O HPV é membro do grupo viral denominado Papovaviridae, sendo vírus DNA
de dupla hélice, cada uma delas contendo cerca de 7900 pares de bases. Quando
relacionado ao câncer de colo uterino a célula que hospeda o vírus é o queratócito
ou célula escamosa produtora de queratina. (KOSS e GOMPEL, 2006, p.80).
O ciclo biológico do HPV está totalmente ligado ao das células epiteliais
hospedeiras, os queratócitos, onde a replicação viral acompanha a diferenciação e a
maturação, sendo nas camadas superiores do epitélio em que se encontra maior
atividade replicativa e maior quantidade de partículas virais (HASS, 2010, p. 197).
Na maioria dos casos, o vírus não apresenta sintomas e é eliminado pelo
organismo espontaneamente. Porem, entre os mais de 100 tipos diferentes de HPV
existentes, 30 a 40 podem afetar as áreas genitais de ambos os sexos, provocando
diversas doenças, como as verrugas genitais, os cânceres de colo do útero, vagina,
vulva, ânus e pênis. Além disso, provocam tumores na parte interna da boca e na
garganta, tanto benignos (como a papilomatose respiratória recorrente) quanto
malignos, como os cânceres de orofaringe (Guia do HPV, 2013, p. 5).
Quatro tipos de HPV são mais frequentes e causam a grande maioria das
doenças relacionadas à infecção. Os HPV tipos 16 e 18 provocam muitos dos casos
de câncer de colo do útero em todo o mundo (cerca de 70%). Eles são responsáveis
também por até 90% dos casos de câncer de ânus, até 60% dos cânceres de vagina
e até 50% dos casos de câncer vulvar. Já os tipos 6 e 11 causam aproximadamente
90% das verrugas genitais, um dos problemas de saúde mais comuns e com taxas
crescentes em todo o planeta, e cerca de 10% das lesões de baixo grau do colo do
útero (Guia do HPV, 2013, p. 5).
Ao redor do planeta, há em torno de 600 milhões de pessoas infectadas. Entre
75% e 80% da população adquirem um ou mais tipos de HPV em algum momento
4
da vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as DSTs estão entre as dez
principais causas de procura por serviços de saúde no mundo (Guia do HPV, 2013,
p. 15).
As doenças relacionadas ao HPV provocam significativo impacto do ponto de
vista individual e de saúde pública. O HPV é altamente contagioso, segundo Luisa
Lina Villa, pesquisadora do ICESP, da Faculdade de Medicina da USP e da Santa
Casa de São Paulo, onde atualmente também coordena o Instituto do HPV. “Em
todo o mundo, cerca de 10% das mulheres têm HPV. Entre elas, de 30% a 50% são
menores de 25 anos. No Brasil, estima-se que nove a 10 milhões de pessoas sejam
portadoras do vírus e que se registrem 700 mil novos casos a cada ano. Entre a
população sexualmente ativa, estima-se que 80% vão contrair HPV durante a vida,
causando doenças significativas” (Guia do HPV, 2013, p. 15).
E de fato é interessante ressaltar, que a neoplasia intraepitelial de baixo grau
inclui as infecções virais por papiloma vírus humano (HPV). O condiloma provoca
efeito citopático em algumas células formando um Halo vazio dentro do citoplasma
denominado coilócito. Desta forma a displasia leve é visualizada e identificada
microscopicamente pelas alterações nos núcleos dos coilócitos e dos queratócitos
que se mostram atípicos, volumosos, com forma irregular, com hipercromasia leve,
cromatina com grumos e nucléolo proeminente com alteração leve da relação
núcleocitoplasmatica (TATTI, 2010, p. 33).
A relação entre HPV e câncer, ocorre em ordem de progressão. A infecção
pelo HPV é muito frequente, mas transitória, regredido espontaneamente na maioria
das vezes. No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste é porque é
causada por um tipo viral oncogênico isto é com potencial para causar câncer, pode
ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e
tratadas podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas
também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca (Guia do HPV, 2013, p. 6).
1.2 SINTOMAS
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), As infecções por HPV em sua
maioria não apresenta sintomas. Em ambos os sexos pode haver a infecção esta
podendo ser assintomática. Geralmente as infecções por este vírus se apresentam
5
como lesões microscópicas, ou sem estas e quando desta forma é denominada de
infecção latente. De fato na ausência de lesão se pode afirmar apenas que o HPV
não está produzindo doença. E estimativas dizem que somente cerca de 5% das
pessoas portadoras do papillomavírus humano desenvolverá alguma forma de
manifestação (INCA, 2014).
As lesões clínicas se mostram como verrugas ou lesões exofíticas, são
tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas
"crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista". Têm aspecto de couve-flor e
tamanho variável. Nas mulheres podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva,
região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis
(normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas
lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos (INCA,
2014).
Em concordância com o que já foi dito o Guia do HPV (2013, p. 11) a firma que:
As verrugas genitais são erupções da pele, de cor branca ou avermelhada,
causadas por certos tipos de HPV. Aparecem rotineiramente nos genitais
externos ou próximos ao ânus, em homens e mulheres. Embora com menos
frequência, podem aparecer dentro da vagina e ânus, ou no colo do útero.
As verrugas genitais às vezes causam sintomas como ardor, coceira ou
corrimento. Os tipos de HPV que causam verrugas genitais são diferentes
daqueles que provocam o câncer de colo do útero. As verrugas genitais
podem aparecer semanas ou meses após o contato sexual com uma
pessoa infectada. Apesar de ser considerada uma doença benigna, pode ter
recaídas frequentes antes de se conseguir a cura. As verrugas genitais
estão associadas a um alto estigma social por serem o sinal mais visível de
uma doença sexualmente transmissível. Estudos mostram impacto
psicológico tão forte ou mais grave que o diagnóstico de câncer.
As infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos
mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são
chamadas de Lesões Intra-epiteliais de Baixo Grau/Neoplasia Intra-epitelial grau I
(NIC I), que refletem apenas a presença do vírus, e de Lesões Intra-epiteliais de Alto
Grau/Neoplasia Intra-epitelial graus II ou III (NIC II ou III), que são as verdadeiras
lesões precursoras do câncer do colo do útero. O desenvolvimento de qualquer tipo
de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é raro (INCA, 2014).
6
1.3 DIAGNÓSTICO
A infecção por HPV pode ser detectada por meio de vários exames. Eles são
importantes porque muitas pessoas não apresentam sinal ou sintoma quando
infectadas e podem transmitir o vírus sem saber, pois ele pode ficar na pele humana
em estado latente (sem manifestações) por anos. Por isso são necessários exames
de rotina, feitos por ginecologistas, urologistas e proctologistas, e a atenção ao
surgimento de anormalidades, como verrugas, e coceira nos órgãos genitais e ânus
também são de suma importância (Guia do HPV, 2013).
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (2013), a investigação
diagnóstica da infecção latente pelo HPV, que ocorre na ausência de manifestações
clínicas ou subclínicas, só pode atualmente ser realizada por meio de exames de
biologia molecular, que mostram a presença do DNA do vírus. Entretanto, não é
indicado procurar diagnosticar a presença do HPV, mas sim suas manifestações. O
diagnóstico das verrugas ano-genitais pode ser feito em homens e em mulheres por
meio do exame clínico. E as lesões subclínicas podem ser diagnosticadas por meio
de exames laboratoriais tais como o citopatológico, o histopatológico e o de biologia
molecular, ou com o uso de instrumentos com poder de magnificação como as
lentes de aumento, após a aplicação de reagentes químicos para contraste usado
assim na colposcopia, peniscopia, e anuscopia.
Tatti (2010), afirma que os imunossuprimidos, homossexuais, portadores de
DSTs, pessoas que têm vários parceiros sexuais, e pessoas que mantêm relações
sexuais anais, tem maior risco de desenvolver o câncer anal e deveriam ser
submetidas ao rastreamento. E também alerta que o tabagismo é um importante
fator de risco.
1.3.1 Exames
O Papanicolau, exame ginecológico preventivo mais comum, detecta as
alterações que o HPV pode causar nas células e um possível câncer, mas não é
capaz de diagnosticar a presença do vírus. Considerado o melhor método para
detectar câncer de colo do útero, identifica entre 80% e 95% dos casos da doença,
7
inclusive nos estágios iniciais. Geralmente se recomenda que as mulheres realizem
o exame anualmente a partir dos 25 anos. Tendo dois resultados negativos, a
periodicidade do exame passa para três anos, conforme as Diretrizes do Ministério
da Saúde (INCA, 2011) citado pelo guia do HPV (2013). O exame é um
procedimento seguro, com pouco ou nenhum incômodo, realizado em alguns
segundos (Guia do HPV, 2013).
A lâmina adequada deste exame deve conter representantes de todas as
superfícies epiteliais do colo e da vagina, bem como precisa conter um número
suficiente de células que permitam o reconhecimento de qualquer alteração. A
presença de células endocervicais ou metaplásicas ou de células anômalas é
considerada a evidencia de um esfregaço adequado (KOSS e GOMPEL, 2006,
p.92).
Figura 1
A Colposcopia e a peniscopia é feita com um aparelho chamado colposcópio,
que aumenta de 10 a 40 vezes o poder de visão do médico, o exame permite a
identificação de lesões em vulva, vagina, colo do útero, pênis e região anal. Este
exame é indicado nos casos de resultados anormais do exame de Papanicolau para
saber a localização precisa das lesões precursoras do câncer de colo do útero.
Quando realizados no pênis ou no ânus, esses procedimentos são chamados
peniscopia e anuscopia de magnificação ou de alta resolução. Após a localização
das regiões com suspeita de doença, remove-se um fragmento de tecido (biópsia)
para confirmação diagnóstica (Guia do HPV, 2013). E de acordo como grupo COI, o
exame histopatológico da biópsia permite classificar o tipo de câncer. A maioria dos
cânceres do colo do útero é chamada de carcinoma epidermoide.
8
Figura 2
A detecção molecular do HPV, tanto em amostras teciduais como celulares, é
embasada nos princípios da hibridização molecular. O DNA extraído dessas
amostras é hibridizado com sondas específicas que correspondem ao DNA de um
ou mais tipos conhecidos de HPV. As sondas são marcadas com uma substância
radioativa tal como o enxofre radioativo, ou com um marcador não radioativo como,
por exemplo, a biotina (KOSS E GOMPEL, 2006, p. 80).
Varias técnicas podem ser empregadas para a detecção e identificação do
HPV, elas possuem diferentes especificidades e sensibilidades, entre todas se
ressaltam as técnicas de Southern blot, sendo a mais sensível entre todas as
técnicas de hibridização, e que pode identificar novos tipos de HPV, permitindo
também a definição do estado físico das sequências virais. Outra técnica é a de dot
blot que é mais simples e rápida que a de Southern blot, pois não exige o tratamento
do DNA pelas enzimas de restrição (KOSS E GOMPEL, 2006, p. 81).
E segundo Sastre-Garau et al. (1990) citado por KOSS e GOMPEL (2006,
p.83) a técnica de hibridização in situ permite detectar a presença do HPV em cortes
histológicos ou esfregaços celulares, possibilitando ainda a comparação entre os
efeitos dos vários tipos de HPV sobre a morfologia das lesões, a identificação de
sequencia viral integrada ao DNA da célula e de cromossomos, em casos de câncer
invasivo, nos quais ocorreu integração viral.
Ainda outras técnicas podem ser aplicadas, tal como a captura híbrida que é
um teste de biologia molecular qualitativo. A técnica investiga a presença de um
conjunto de HPV de alto risco, mesmo antes da manifestação de qualquer sintoma,
9
por meio da detecção de seu DNA, confirmando ou descartando a existência da
infecção do vírus. Para realizá-la, o médico deve obter material da região genital ou
anal por meio de uma escovinha especial, que é enviada para análise laboratorial.
Outro tipo de detecção molecular é a PCR (reação em cadeia da polimerase) sendo
um teste que detecta, por meio de métodos de biologia molecular com alta
sensibilidade, a presença do genoma dos HPV em células, tecidos e fluidos
corporais. É capaz de identificar a presença de praticamente todos os tipos de HPV
existentes. Enfim existem diversos formatos de testes, alguns comercialmente
disponíveis e realizados em larga escala. (Guia do HPV, 2013, p. ).
Epitélio normal do colo do útero
Epitélio anormal do colo do útero
Figura 3
Figura 4
1.4 TRANSMISSÃO
A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa
infectada. A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genitalgenital ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer
mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. Também podendo haver a
transmissão durante o parto. Contudo não está comprovada a possibilidade de
contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo
compartilhamento de toalhas e roupas íntimas (INCA, 2014).
A transmissão do HPV das mães para suas proles, no momento do parto, é
responsável pela papilomatose laríngea juvenil. E fato é que a transmissão vertical
ocorre em especial quando existem verrugas genitais. Desta forma o encontro de
condilomas anogenitais em crianças pequenas não é necessariamente indicio de
abuso sexual (KOSS e GOMPEL, 2006, p. 83).
10
Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas
serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas.
Essa porcentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e
50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada
pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida
espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois anos
após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens (INCA, 2014).
Como afirma Schneider et al., (1987) citado por KOSS e GOMPEL (2006, p.83)
A existência do vírus não indica, de forma obrigatória, a presença de lesões
morfológicas. Alguns fatores de risco tais como deficiência imunológica, numerosos
parceiros sexuais e início precoce da atividade sexual, podem ser necessários para
o surgimento dessas lesões. “Ainda não foi definido com clareza qual o mecanismo
de ação desses e de outros fatores de risco” (KOSS e GOMPEL, 2006, p. 83).
A transmissão é facilitada quando as lesões clínicas estão presentes: foi
demonstrado que 64% dos parceiros sexuais de indivíduos portadores de
condilomas genitais desenvolveram lesões semelhantes. No entanto não é possível
afirmar que não há chance de contaminação na ausência de lesões (INCA, 2014).
Não se sabe por quanto tempo o HPV pode permanecer inaparente e quais são
os fatores responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. As manifestações da
infecção podem só ocorrer meses ou até anos depois do contato. Por esse motivo
não é possível determinar se o contágio foi recente ou antigo (INCA, 2014).
Porem segundo o Instituto Nacional de Câncer (2014), o fato de ter mantido
relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV não significa que
obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção, mas não se sabe qual é o risco
por não se conhecer a contagiosidade do HPV. Apesar da ansiedade ocasionada
pela possibilidade de contaminação, não é indicado procurar diagnosticar a
presença do HPV. As pessoas expostas ao vírus devem ficar atentas para o
surgimento de alguma lesão, mas não adianta procurar o médico no dia seguinte,
pois isto pode levar semanas a meses para ocorrer. As mulheres devem obedecer à
periodicidade
(papanicolaou).
de
realização
do
exame
preventivo
de
citologia
oncótica
11
1.5 TRATAMENTO
Não há tratamento específico para eliminar o vírus. O tratamento das lesões
clínicas deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização.
Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e
medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo. E de fato as
lesões de baixo grau não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer mesmo
sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada é a repetição do
exame preventivo em seis meses (INCA, 2014).
O tratamento apropriado das lesões precursoras é imprescindível para a
redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. As diretrizes
brasileiras recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, o tratamento
excisional das Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau, por meio de exérese da zona de
transformação (EZT) por eletrocirurgia. Apenas os médicos ginecologistas,
urologistas ou proctologistas podem tratar pessoas com infecção por HPV, após a
avaliação de cada caso, para recomendar a conduta mais adequada, existindo a
possibilidade de outros especialistas serem indicados após esta análise. Com tudo
após passar por tratamento, a pessoa pode se reinfectar, pois a infecção por HPV
pode não induzir imunidade natural e, além disso, pode ocorrer contato com outro
tipo viral (INCA, 2014).
1.6 PREVENÇÃO
Apesar de ser sempre recomendado o uso de preservativo durante todo
contato sexual, com ou sem penetração, ainda assim este não protege totalmente da
infecção pelo HPV, pois não cobre todas as áreas passíveis de ser infectadas. Na
presença de infecção na vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa
escrotal, o HPV poderá ser transmitido apesar do uso do preservativo. A camisinha
feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada
desde o início da relação sexual (INCA, 2014).
12
Existem duas vacinas profiláticas contra o HPV, aprovadas e registradas pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e que estão comercialmente
disponíveis: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme, com o
nome comercial Gardasil, que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18,
prevenindo as lesões genitais pré-cancerosas de colo do útero, vulva e vagina e
câncer do colo do útero em mulheres e verrugas genitais em mulheres e homens; e
a vacina bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (nome comercial Cervarix), que
confere proteção contra o HPV 16 e 18, aprovada para prevenção de lesões genitais
pré-cancerosas do colo do útero e câncer do colo do útero em mulheres. Elas são
preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de vírus nelas
contidos. Não agindo como terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou
lesões já existentes (INCA, 2014).
De acordo com o registro na ANVISA, a vacina quadrivalente é indicada para
mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade, e a vacina bivalente é indicada para
mulheres entre 10 e 25 anos de idade. Novos estudos mostraram que as vacinas
também são seguras para mulheres com mais de 26 anos e os fabricantes já
iniciaram os procedimentos para que a ANVISA aprove seus produtos para faixas
etárias mais avançadas. No momento as clínicas de vacinação ainda não estão
autorizadas a aplicar as vacinas em faixas etárias superiores às estabelecidas pela
ANVISA (INCA, 2014).
Não há, até o momento, evidência científica de benefício estatisticamente
significativo em vacinar mulheres previamente expostas ao HPV. Isso quer dizer que
algumas mulheres podem se beneficiar e outras não. Nesses casos a decisão sobre
a vacinação deve ser individualizada, levando em conta as expectativas e a relação
custo-benefício pessoal. Existe evidência científica de pequeno benefício em vacinar
mulheres previamente tratadas, que poderiam apresentar menos recidivas. Não
existe risco à saúde caso uma pessoa que já tenha tido contato com o HPV for
vacinada (INCA, 2014).
Ambas as vacinas possuem maior indicação para meninas que ainda não
iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia na proteção de
indivíduos não expostos aos tipos virais presentes nas vacinas. Países que adotam
a vacinação em programas nacionais de imunização utilizam a faixa etária de 9 a 13
anos (INCA, 2014).
13
Também a eficácia da vacina contra HPV foi comprovada em homens para
prevenção de condilomas genitais e lesões precursoras de câncer no pênis e ânus.
E teoricamente, se os homens forem vacinados contra HPV, as mulheres estariam
protegidas através de imunidade indireta ou de rebanho, pois o vírus é sexualmente
transmissível. Entretanto, estudos que avaliaram a custo-efetividade das vacinas
para a prevenção do câncer do colo do útero através de modelos matemáticos
mostraram que um programa de vacinação de homens e mulheres não é custoefetivo quando comparado com a vacinação exclusiva de mulheres (INCA, 2014).
A duração da eficácia da vacina foi comprovada até 8-9 anos, mas ainda
existem lacunas de conhecimento relacionadas à duração da imunidade
prazo
em longo
(por quanto tempo as três doses recomendadas protegem contra o contágio
pelo HPV) e a necessidade de dose de reforço (aplicação de novas doses da vacina
no futuro na população já vacinada). As vacinas são seguras e bem toleradas. Os
eventos adversos mais observados incluem dor, inchaço e vermelhidão no local da
injeção e dor de cabeça de intensidade leve a moderada. (INCA, 2014).
Porém, a vacina está contraindicada para as gestantes, indivíduos acometidos
por doenças agudas e com hipersensibilidade aos componentes (princípios ativos ou
excipientes) de imunobiológicos. Havendo ainda pouca informação disponível
quanto à segurança e imunogenicidade em indivíduos imunocomprometidos (INCA,
2014).
As vacinas são administradas ambas em três doses, por via intramuscular. A
vacina quadrivalente tem esquema vacinal 0, 2 e 6 meses e, caso seja necessário
um esquema alternativo, a segunda dose pode ser administrada pelo menos um
mês após a primeira dose e a terceira dose pelo menos quatro meses após a
primeira dose. Já a vacina bivalente tem esquema 0, 1 e 6 meses, podendo ter a
segunda dose administrada entre um mês e dois meses e meio após a primeira dose
e a terceira dose entre cinco e 12 meses após a primeira dose (INCA, 2014).
As meninas ou mulheres vacinadas não podem dispensar a realização do
exame preventivo. É imprescindível manter a realização do exame preventivo, pois
as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis
por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Ou seja, 30% dos casos de
14
câncer causados pelos outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se
não for realizada a prevenção secundária (INCA, 2014).
O Ministério da Saúde avalia desde 2006 a incorporação da vacina contra o
HPV pelo SUS e no ano de 2013 considerou pertinente incluir o imunizante no
calendário nacional. Desta forma a partir de 2014 a vacina contra o HPV esta
disponível no Sistema Único de Saúde. Contudo as vacinas profiláticas contra o
HPV estão disponíveis em clínicas de vacinação particulares. Consultórios
geralmente não são fiscalizados pela ANVISA e as vacinas podem ser mal
conservadas, comprometendo sua eficácia (INCA, 2014).
1.6.1 Prevenção Na Gravidez
A ocorrência de infecção pelo HPV durante a gravidez não implica em má
formação do feto. O parto normal não é contraindicado, pois, apesar de ser possível
a contaminação do bebê, o desenvolvimento de lesões é muito raro. Pode também
ocorrer contaminação antes do trabalho de parto e a opção pela cesariana não
garante a prevenção da transmissão da infecção. A via de parto (normal ou
cesariana) deverá ser determinada pelo médico após análise individual de cada caso
(INCA 2014).
Segundo Bayer Pharma para que ocorra a transmissão do HPV são
necessários o contato pele-a-pele e algum tipo de ferida para que o vírus penetre na
pele (a situação ideal é a relação sexual, além do contato pele-a-pele, existe a
fricção do pênis na vagina que acaba fazendo micro traumatismos - imperceptíveis a
olho nu - que permitem a entrada do vírus na pele). Assim, se os seios da mãe não
têm lesão por HPV não existe risco de transmissão durante o aleitamento materno.
15
REFERÊNCIA
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. HPV e câncer: perguntas mais
frequente. Rio de Janeiro: DARAO, 2014. Disponível em:
<http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?Id=2687#topo>. Acesso em outubro de
2014.
BIFULCO, V. A.; FERNANDES JÚNIOR, H. J.; BARBOSZA, A. B (Coord.).
Câncer: uma visão multiprofissional. São Paulo: Editora Manole, 2010. 479 p.
ALVARENGA, G. C.; et al. Papilomavírus humano e carcinogênese: no colo
do útero. [S.I.: s.n.], 2000.
KOSS, L.G.; GOMPEL, C. Introdução à Citopatologia ginecológica: com
correlações histológicas e clínicas. São Paulo: Roca, 2006. 203 p.
GONÇALVES, S.; et al. Mapeamento da incidência do papillomavírus
humano: por município na rede pública do estado do Paraná, Brasil.[Florianópolis]:
RBAC, 2010. p. 197-200.
TATTI, S. A.; et al. Colposcopia e patologias do trato genital inferior:
vacinação contra o HPV. Porto Alegre: Artmed, 2010. 368 p.
GRUPO COI. Câncer do colo do útero. Disponível em:
<http://www.grupocoi.com.br/cancer-do-colo-do-utero/#.VEPUBfnF8bM>. Acesso
em: outubro de 2014.
BAYERPHARMA. Infecção por HPV na gravidez. Disponível em:
<http://www.bayerpharma.com.br/pt/areas-terapeuticas/saude-de-a-a-z/hpv/infeccaopor-hpv-na-gravidez/index.php>. acesso em: outubro de 2014.
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