Administrao das Operaes Produtivas

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Administração Financeira
MÓDULO 11: DECISÕES DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO
As empresas dispõem de fontes internas e fontes externas de recursos
financeiros para o financiamento de suas atividades. Com base na evolução
dos seus negócios, poderão existir lucros retidos ao longo do tempo. Além
disto, poderão obter condições mais adequadas de financiamento de suas
compras, em relação ás suas vendas, desfrutando, assim, de um giro dos
créditos maior do que o giro dos débitos. Significa um prazo médio de
recebimento das vendas menor do que o prazo médio de pagamento das
compras. Podem, ainda, planejar e adequar, de forma racional, os pagamentos
de impostos inerentes à sua atividade, em todas as esferas administrativas, ou
seja, tributos municipais, estaduais e federais, cuja participação no
faturamento e nos lucros da atividade tem importância significativa nos dias de
hoje. Outra forma de capitalização do negócio consiste na desimobilização, ou
seja, na venda de ativos fixos pertencentes ao ativo permanente do negócio
que, de alguma forma, podem ser vendidos a terceiros, sem prejuízo das
atividades. E, com criatividade, outras oportunidades poderão despontar,
como, por exemplo, alienação de parte do controle do negócio, obtenção de
recursos em função de futuros produtos que serão oferecidos, formação de
joint venture, fusão, aquisição de outras empresas com fluxo de capital
conveniente e comprovada sinergia com o negócio principal.
Já as fontes externas propriamente ditas compreendem recursos próprios e
recursos de terceiros. Como recursos próprios Decisões de Financiamento a
Longo Prazo que poderão ser carreados para o empreendimento, destaca-se a
ampliação do capital social do negócio, mediante aporte de capital ou
negociação de novas ações no mercado primário de capitais, conforme se verá
um pouco mais à frente. Por recursos de terceiros entendem-se as debêntures,
commercial papers, os empréstimos bancários, o crédito subsidiado, os
empréstimos externos, obtenção de recursos de fornecedores e outras formas.
Fontes de recursos para o financiamento empresarial
Mercado de capitais
Na condução dos negócios, o principal executivo da área financeira das
organizações defronta-se com necessidades de financiamento das atividades
produtivas e do capital de giro a prazos mais dilatados do que aqueles
usualmente praticados pela empresa no mercado financeiro. Decide, então,
realizar uma incursão pelo mercado de capitais. Neste mercado, são
negociados títulos, tais como ações, debêntures e commercial papers e bônus
de subscrição. Eles constituem os valores mobiliários, conforme definido em
lei.
Principais ativos de emissão das empresas
Vejamos, inicialmente, algumas características de cada um destes ativos:
Ações
As ações compreendem as menores frações do capital de uma empresa.
Constituem um investimento de prazo indeterminado e de renda variável.
Representam um título de propriedade, caracterizado por um certificado de
propriedade que confere ao seu possuidor uma parcela de participação no
controle e nos lucros da empresa, bem como em suas obrigações, sob
dependência da espécie de papel, conforme se verá mais adiante. Este título
deve ser emitido necessariamente por uma sociedade anônima. Confere ao seu
possuidor o direito de recebimento periódico de dividendos. O certificado de
propriedade de uma ação confere ao seu titular o direito de fiscalização dos
negócios e de participação nas deliberações sociais por meio de voto
correspondente à sua parcela do capital social do empreendimento. A
responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das
ações subscritas ou adquiridas. Um certificado de propriedade de ações pode
ser vendido a terceiros, quando, então, se dá a transferência desta
propriedade. Na análise sobre as condições de uma ação deve-se atentar para
a espécie (ação ordinária ou preferencial), forma (nominativa ou escritural),
tipo (comum, resgatável) e classe (A, B, C...).
Existem várias classificações para este tipo de papel, com maior ou menor
prevalência nas operações realizadas em bolsa de valores. Assim, uma ação ao
portador designava uma ação que não trazia o nome do seu proprietário.
Pertencia, portanto, a quem a tivesse em seu poder.
Este tipo de ação deixou de existir legalmente a partir de 1990. Uma ação
cheia é uma ação cujos direitos, tais como dividendos – parcela sobre os lucros
do período –, bonificação – pagamento em dinheiro ou em novas ações de
parcela dos lucros não distribuídos anteriormente – e subscrição – direito
estendido aos acionistas para aquisição de ações da empresa, quando esta
decide emitir novas ações para aumentar seu capital – ainda não foram
exercidos. Por seu turno, uma ação vazia é uma ação cujos direitos já foram
exercidos. Uma ação com valor nominal tem um valor impresso, estabelecido
pelo estatuto da empresa que a emitiu. Uma ação endossável compreende um
tipo de ação nominativa que pode ser transferida para outro proprietário
mediante endosso. Já uma ação escritural se refere a uma ação nominativa – a
seguir descrita – sem a emissão de certificados, mantida em conta de depósito
do seu titular, na instituição depositária que for designada.
Uma ação listada em bolsa é uma ação negociada no pregão de uma bolsa de
valores. Uma ação nominativa é um tipo de ação na qual consta o nome do
proprietário, sendo que sua venda deve ser registrada na empresa que a
emitiu. Dentre outras classificações, uma ação objeto é um valor mobiliário a
que se refere uma opção. No rol dos mais conhecidos jargões do mercado
financeiro, uma ação ordinária é um tipo de ação que proporciona ao seu
proprietário o direito de voto. Por sua vez, uma ação preferencial dá ao seu
proprietário prioridade no recebimento de dividendos e restituição do capital
em caso de extinção da empresa, mas não dá o direito a voto. Algumas
empresas diferenciam, por meio de letras (A. B etc.) as séries de seus papéis
lançados no mercado. Ainda com relação aos conceitos derivados desse tipo de
papel, uma ação sem valor nominal significa uma ação para a qual não se
convenciona valor emissão, prevalecendo o preço de mercado por ocasião do
lançamento.
De particular importância para a compreensão do valor de uma ação é a
apreensão de três conceitos referentes a valor de um papel desta natureza: o
valor de mercado, o valor patrimonial e o valor de reposição. O primeiro se
refere ao preço da ação no mercado. Assim, o valor de uma ação ordinária
nominativa da ITAÚSA – Investimentos Itaú S. A. no mercado de ações da
Bolsa de Valores de São Paulo no fechamento de 8 de junho de 2007 foi de
R$16,70, o que equivale a R$16.700,00 por lote de mil ações. Por sua vez, o
valor patrimonial de cada ação é o resultado da divisão do patrimônio líquido
da empresa pelo total de ações em circulação.
Então, no caso da ITAÚSA, sendo o valor do patrimônio líquido em 31 de
dezembro de 2006 igual a R$12.842.285.000,00, e a empresa possuindo
3.177.929.000 de ações em circulação, o valor patrimonial da controladora
ITAÚSA foi, à época, R$4.041,09 por lote de mil ações, resultado da divisão de
R$12.842.285.000,00 por 3.177.929 lotes de mil ações, conforme apontado
nas demonstrações financeiras da empresa. Para uma visão mais acurada do
valor de mercado veja release [informação para a imprensa e investidores] de
30.4.2007 emitido pela ITAÚSA.
Conforme consta desse comunicado à imprensa, a ITAÚSA constitui uma das
primeiras holding companies [empresa-mãe, numa tradução livre] puras de
capital aberto aqui instaladas. Com isto, as decisões financeiras e estratégicas
das empresas controladas são assumidas pela holding. A empresa relaciona
sua participação em outras empresas e o correspondente valor de mercado de
cada uma das ações destas empresas, obtendo, pela ponderação, o valor de
mercado de seus papéis. Este valor de mercado é comparado com a cotação da
ação mais líquida da própria empresa holding conforme cotação na Bovespa,
daí resultando a comparação entre o valor de mercado da ITAÚSA versus valor
de mercado de sua participação nas empresas coligadas e, por extensão, a
taxa de desconto. À diferença entre o valor de mercado verificado para a
holding em comparação com o valor de mercado teórico que se obtém pela
soma das partes que a compõem, ou seja, a soma dos valores de mercado das
ações das empresas controladas, computada a participação da controladora em
cada uma destas empresas – “soma das partes” –, dá-se o nome de
“desconto”. No caso da ITAÚSA, o valor da “soma das partes” é maior do que o
valor de mercado de suas próprias ações, o que é um estímulo à aquisição do
seu papel. Isto porque os analistas, acionistas e investidores do mercado de
capitais consideram que “o valor ‘justo’ da ITAÚSA seria composto pelo valor
de mercado da soma de suas participações nas companhias abertas
controladas”.
Resta-nos abordar o conceito de valor de reposição. Refere-se ao custo
corrente de reposição dos ativos de uma empresa. Quando a empresa adquire
um ativo, o valor de reposição e o valor patrimonial são idênticos Depois desse
momento, os valores podem divergir livremente. Uma relação entre o valor de
mercado e o valor patrimonial das ações ordinárias, ou seja, o quociente entre
estes dois valores, bem como o quociente resultante da relação entre o valor
de mercado dos ativos e o valor de reposição dos ativos – conhecido por q de
Tobin1 – são indicadores do sucesso da empresa. Um quociente entre valor de
mercado e valor patrimonial ou um índice q de Tobin maior do que 1 indica que
a empresa tem tido êxito em suas decisões de investimento.
1
De maneira sintética, o q é definido como o quociente entre o valor de
mercado de uma empresa e o valor de reposição de seus ativos físicos.
Assim, ele representa a razão entre dois valores atribuídos ao mesmo
conjunto de ativos. Tobin & Brainard, dois pesquisadores norte-americanos,
apresentaram, em 1968 e em 1969, uma definição mais ampla de valor de
mercado da empresa, com a consideração do valor de reposição dos ativos,
em lugar de seu valor contábil. Em sua formulação básica, o q de Tobin pode
ser expresso como:
VWA + VMD
q=
VRA
onde VMA representa o valor de mercado das ações, ou capital próprio da
firma,Debêntures
VMD é o valor de mercado das dividas, ou capital de terceiros
3.1.2
empregado e VRA é o valor de reposição dos ativos da firma. Assim sendo, o
numerador
VMA
VMDalternativa
representapara
o valor
de mercado
total da empresa.
As
debêntures
são+uma
a obtenção
de recursos
financeiros de
longo prazo. Os investidores que adquirem as debêntures recebem uma taxa
de juros fixa ou variável sobre o valor emprestado, além de dividendos. Estas
debêntures podem ou não ser conversíveis em ações, em épocas e condições
predeterminadas, possibilitando ao seu titular uma participação direta no
capital da empresa lançadora da debênture. As debêntures representam títulos
de crédito de longo prazo emitidos necessariamente por sociedades anônimas.
São utilizadas para captar recursos para financiar projetos de investimentos ou
para saldar dívidas do emitente. Elas garantem ao seu comprador uma
remuneração de juros periódicos, prêmio e outros rendimentos fixos ou
variáveis e reembolso específico do principal – o valor nominal da debênture –
na data do seu vencimento. Envolvem geralmente valores elevados, com todas
as características da operação estabelecidas em escritura. Podem ser
oferecidas de forma direta ou por oferta pública. Uma colocação de debênture
em um mercado de forma direta é feita diretamente a um comprador ou grupo
de compradores, formado geralmente por instituições financeiras ou fundos de
pensão. Quando tais operações são realizadas por companhias de capital
fechado e, portanto, sem um mercado secundário organizado – consistindo
operações “de balcão”, ou seja, um mercado onde as operações são realizadas
exclusivamente por sistema eletrônico de negociação, sendo nele
transacionadas ações de empresas não listadas em Bolsas de Valores – as
taxas de juros são geralmente mais elevadas do que nas operações de oferta
pública. Estas operações de oferta pública se diferenciam por apresentarem um
mercado secundário. Dadas as características das operações, as debêntures
poderão ser colocadas no mercado com descontos – abaixo, portanto, do valor
nominal – ou com prêmio – acima do valor nominal.
Bibliografia
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Paulo: Atlas, 1989.
GITMAN, Lawrence, J. Princípios de Administração Financeira. 3ª. edição, São
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site http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP, 9.6.2007, 8:20 h, do Banco Central do
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LEITE, Helio de Paula – Introdução à Administração Financeira. São Paulo:
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MARION, José Carlos – Análise das Demonstrações Financeiras. São Paulo:
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ROSS, Stephen A. – Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2002.
SOUZA, Alceu, CLEMENTE, Ademir – Decisões Financeiras e Análise de
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