Caracterização dos Danos Causados pela Broca do Talo do Abacaxizeiro Castnia icarus (CRAMER, 1775) (LEPIDOPTERA, CASTNIIDAE) em mudas de Abacaxizeiro em cativeiro. João Paulo Ramos de Melo1, Antônio F. de Souza Leão Veiga2, João Batista Coelho da Silva 3 Introdução Metodologia O abacaxizeiro, por ser originário de regiões que se caracterizam por apresentar clima quente e distribuição pluvial bastante irregular, é considerado uma planta rústica e resistente a condições adversas, predominantemente nas áreas onde é encontrado. As regiões localizadas entre os paralelos 25ºN e 25ºS são consideradas as mais favoráveis ao cultivo econômico do abacaxizeiro [1]. A broca-do-talo Castnia icarus (Cramer, 1775) (LEPIDOPTERA, CASTNIIDAE), também conhecida como broca-do-olho, broca-do-caule, broca-gigante e lepidobroca, além de atacar o abacaxi, pode também ser encontrada em pseudocaule de bananeira e outras musáceas no Amazonas e no Pará [2] As espécies adultas C. icarus, são mariposas de hábito diurno que voam nas horas mais quentes do dia. São de cores vistosas, amarela e vermelha, antenas filiformes, com a porção apical dilatada, ocelos presentes e abdome com órgão odorífero desenvolvido (BORROR & DELONG, 1969). As posturas são realizadas durante o dia, na base das folhas mais externas da planta. Os ovos, facilmente reconhecidos, são ovóidesalongados com 6 mm de comprimento e 2,7 mm de diâmetro, e apresentam uma coloração rosaalaranjada [2]. A C. icarus aumenta sua incidência nos meses de junho e agosto [3]. As lagartas atacam o talo da planta do abacaxi formando enormes galerias, destruindo os tecidos e provocando o seu definhamento, ataca as folhas secionadas na região basal. Há presença de resina misturada com dejetos na base das folhas. A postura é realizada no terço inferior das folhas do abacaxi [4,5]. Uma vez no interior da planta, a lagarta alimenta-se dos tecidos, abrindo galeria no talo e promovendo o definhamento e a morte da planta afetada. Os sintomas de seu ataque são as folhas seccionadas na região basal, o “olho morto”, a presença de resina misturada com dejetos, na base das folhas e a emissão de rebentão. Apenas uma lagarta é o suficiente para destruir uma planta. Em áreas infestadas, já foram constatados danos variando de 0,6% a 80%[4]. O trabalho objetivou estudar os danos causados pela broca do talo C. icarus em mudas de abacaxizeiro. O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Entomologia/Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE, durante o período de Maio a Agosto de 2009 e teve suas atividades desenvolvidas em duas etapas: A primeira no campo do Sítio Pé de Serra, Pombos/PE (Fig.1). A segunda no Laboratório de Entomologia/Dept° de Biologia/UFRPE. As lagartas foram mantidas em cativeiro no Laboratório de Entomologia/Dept° de Biologia/UFRPE com uma dieta de mudas de abacaxizeiro (Fig.2) onde eram podadas as folhas para facilitar o manuseio e troca do alimento para forma jovens da C. icarus (Fig.3). 1 Resultados e Discussão As plantas adultas coletadas no Sitio Pé de Serra, Pombos/PE apresentaram folhas de coloração amarela, necrosadas próximo a nervura central. As folhas do olho da planta tem tendência para murcha e secamento ou necrose. Quando essas folhas são puxadas da planta no campo, soltam-se facilmente. A goma no talo e as fezes da lagarta denunciam a existência da broca. Algumas dessas plantas adultas emitiram uma brotação, mas não apresentaram uma recuperação devido a danificações apresentadas no talo, dificultando assim o transporte dos nutrientes. As lagartas, como mecanismo de proteção, liberam excremento (Fig.4) que servem de impedimento para entrada de inimigos naturais e fungos entomopatogenos, podendo assim alimentar-se de todo conteúdo do talo. Normalmente, observa-se apenas uma lagarta por planta, face ao processo de canibalismo existente. As lagartas se alimentam rapidamente do talo formando galerias (Fig.5), impedindo assim o fluxo de nutriente para a inflorescência da planta fazendo com que os frutos se formem de maneira deficiente e anormais. Em alguns casos os danos mais graves podem ocasionar o tombamento e morte das plantas. Conclusões Foi observado que uma lagarta pode causar sérios danos ao abacaxizeiro podendo diminuir a produtividade das plantas adultas e redução do stand de plantas por área, devido a morte das mesmas, Aluno de Graduação do curso de Agronomia, Monitor bolsista e Estagiário do Departamento de Biologia, Área de Zoologia e laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail: [email protected] 2 Orientador e Professor Titular do Departamento de Biologia , Área de Zoologia, Laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos, Recife - PE. CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3 Colaborador e Técnico Agrícola. do Laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Pernambuco observado em campos de cultivo do Sitio Pé de Serra, Pombos/PE. Referências Bibliográficas [1] BORROR,D.J.; DELONG, D.M. Introdução aos estudos dos insetos. São Paulo: E. Blücher, 1969. 653p. [2] GALLO, D. et al. Manual de Entomologia Agrícola. São Paulo: Agronômica Ceres, 2002. 531p. [3] WARUMBY, I.F.; LYRA NETTO, A.M.C.; BEZERRA, I.E.F. Flutuação populacional da Castnia icarus (CRAMER, 1774) (LEPIDOPTERA: CASTNIIDAE/em abacaxi. IN: Congresso Brasileiro de Entomologia 13, 1991, Recife, PE. Resumo>>>Recife: SEB, 1991 b. p. 272. [4] WARUMBY, I.F.; LYRA NETO, A.M.C; BEZERRA, I. E. F.; SILVA, C.H.S.F. Biologia da broca do caule do abacaxizeiro Castnia icarus (LEPIDOPTERA: CASTNIIDAE). IN: Congresso Brasileiro de Entomologia, 14, 1993, Piracicaba, SP. Resumos...Piracicaba: SEB, 1993.p.67. [5] SILVA, R.B.Q. da . Aspectos biológicos, danos e controle através de fungos entomógenos da broca do talo do abacaxizeiro, Castnia icarus (CRAMER, 1775) (LEPIDOPTERA: CASTNIIDAE), em Pernambuco. Recife: UFRPE, 1995. 88p. Dissertação de Mestrado. 1 Aluno de Graduação do curso de Agronomia, Monitor bolsista e Estagiário do Departamento de Biologia, Área de Zoologia e laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail: [email protected] 2 Orientador e Professor Titular do Departamento de Biologia , Área de Zoologia, Laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos, Recife - PE. CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3 Colaborador e Técnico Agrícola. do Laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Pernambuco Figura 1. Vista da plantação de abacaxi do Sítio Pé de Serra, Pombos/PE. Figura 2. Mudas de abacaxi contendo lagartas de Castnia icarus utilizada como alimento em cativeiro. Figura 4. Excremento da lagarta de Castnia icarus na extremidade das mudas com proteção ou “tampão”, funcionando como proteção a entrada de inimigos naturais e fungos entomopatogênicos. Figura 5. Galeria formada por lagarta de Castnia icarus no interior do segmento de muda de abacaxizeiro. Figura 3. Forma jovem de Castnia icarus no quarto instar. 1 Aluno de Graduação do curso de Agronomia, Monitor bolsista e Estagiário do Departamento de Biologia, Área de Zoologia e laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail: [email protected] 2 Orientador e Professor Titular do Departamento de Biologia , Área de Zoologia, Laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos, Recife - PE. CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3 Colaborador e Técnico Agrícola. do Laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Pernambuco