Título do projeto: Levantamento de espécies de Iridaceae e Passifloraceae ocorrentes no Bioma Mata Atlântica e áreas limites. Responsável: Adriano Silvério Introdução Taxonomia e Morfologia Vegetal O estado do Paraná é coberto principalmente por vegetações que pertencem ao bioma Mata Atlântica, e embora a maior abrangência de cobertura seja por florestas, tem-se a ocorrência de vegetação do tipo campo. Os campos encontram-se principalmente na região do Segundo Planalto Paranaense, distribuídos ao longo de uma linha contínua no sentido norte-sul, as vezes interrompidos por manchas de vegetação arbórea. As encostas são cobertas por vegetação herbáceoarbustiva entremeadas de afloramentos rochosos, por vezes extensos, com árvores e arvoretas ocasionalmente e com aspecto predominantemente xérico. A quantidade de afloramentos rochosos varia conforme a posição do relevo, constituindo-se áreas de campos com afloramentos de rocha, campos limpos ocorrem especialmente em topos de encostas enquanto que os campos úmidos ocorrem onde há acúmulo de água das chuvas em função do solo litólico raso. A vegetação que cobre as áreas de campos é composta principalmente por grupos de hábito predominante herbáceo, como Asteraceae, Fabaceae, Poaceae, Cyperaceae, Iridaceae, dentre outras famílias. Iridaceae por sua vez, apresenta distribuição principalemente sub-tropical a temperada e apresenta elaboradas formas de disponibilidade de recompensas florais para os polinizadores. As principais fontes nutritivas oferecidos como recompensas florais são açúcares, proteínas, e lipídeos, que podem estar presentes no néctar, no pólen, ou em elaióforos. Espécies representantes da família Iridaceae ocorrem preferencialmente em ambientes abertos, como campos, baixadas úmidas e áreas ruderais. São ervas perenes, às vezes anuais, sendo frequentes os gêneros bulbosos. No aspecto vegetativo, apresentam folhas basais em número variado, cilíndricas ou planas, lineares ou ensiformes, muitas vezes inconspícuas na cobertura herbácea. As espécies de Iridaceae se caracterizam por suas flores efêmeras, com seis tépalas (três interna e três externas), três estames (raramente dois), três carpelos conatos, e ovário geralmente ínfero, com placentação axial e fruto tipo cápsula loculicida. Apresenta diversos gêneros com valor ornamental (Gladiolus L., Iris L., Moraea Mill., Sisyrinchium L., etc), e os estigmas de Crocus sativus L. são utilizados na culinária como condimento (açafrão), bem como deles se extrai o corante safranina, muito utilizado para coloração de cortes para análise em microscopia. Passiflora é um gênero com cerca de 500 espécies e apresenta distribuição neotropical principalmente, com algumas poucas espécies ocorrendo na Ásia e Oceania. São plantas escandentes que ocorrem em bordas de matas. Apresentam frutos com sementes ariladas muito atrativos para animais e de interesse agronômico e farmacológicas para inúmeras espécies. Trabalho se concentra em estudos morfológicos, anatômicos, citológicos e filogenéticos de Passifloraceae sul-americanas nativas, com vistas a levantar dados sobre distribuição e ajudar no esclarecimento sobre os processos evolutivos que compõem a biodiversidade atual da família. Cabe ressaltar que Turneraceae é um grupo taxonômico muito relacionado com Passifloraceae e a análise desses grupos poderia fornecer informações complementares dentro da Ordem Malpiguiales. A morfologia está focada na análise de espécies à luz de duas abordagens, a embriológica, detalhando a esporogênese e a gametogênese no androceu e no gineceu; e a palinológica e citológica do andrófito, para caracterização da esporoderme e dos constituintes celulares do grão de pólen; e, a anatomia da unidade fruto/semente, caracterizando o processo ontogenético de formação e deiscência do fruto, e os tecidos envolvidos na formação e dispersão das sementes. Ambas as famílias em questão tem sido alvo de trabalhos citogenéticos e moleculares, e dados sobre os sistemas reprodutivos das espécies, principais conteúdos disponibilizados como recompensa floral, bem como características sobre a evolução da estrutura da flor contribuiriam na interpretação sobre a distribuição e história evolutiva dos grupos em questão. Metodologia e Estratégia de Ação Visitação a unidades de conservação Parque Estadual do Guartelá e Parque Estadual de Vila Velha, principalmente a ambientes com predomínio de vegetação nativa e coleta de plantas (10 a 15 exemplares) para: • identificação dos espécimes vegetais; • analisar dados sobre sua distribuição das espécies; • montagem de exsicatas – coleta de plantas com flores; as plantas serão secas em papel sob prensa e depositadas em herbário • coleta e fixação de espécimes de interesse – montagem de laminário; fixação de partes do corpo vegetal (raíz, caule, folha, flor) em solução de F.A.A. 50% e/ou solução de glutaraldeído 1% e formaldeído 4% em tampão fostato 0,01M. Destino do material O material proveniente de coleta será depositado testemunho junto ao herbário MBM (Museu Botânico Municipal de Curitiba). A coleta de material úmido será arquivada para estudos científicos futuros no Laboratório de Botânica Estrutural da Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO. Cronograma São previstas visitas para observação e coleta entre os meses de agosto 2015 a abril 2016 e agosto de 2016 a abril de 2017, com maior frequência de visitas nos meses que coincidem com a Primavera e principal período de florescimento das espécies.