apresentado ao leitor o manuseio de instrumentos de medidas elétricas, o procedimento de montagem e a análise de circuitos elétricos (RC, RL e RLC), entre outros temas. Concomitantemente à descrição de cada experimento, há uma exposição da teoria envolvida e uma breve discussão, em termos dos tópicos relacionados, dos resultados obtidos experimentalmente. Em suma, esta obra pretende complementar os fundamentos usualmente transmitidos em aulas teóricas das disciplinas básicas de Eletricidade e Magnetismo. Carlos. Foi docente da Universidade de El Salvador até o ano de 1979 e atualmente é professor assistente doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Física da Matéria Condensada. Atua no estudo de variações conformacionais e processos de enovelamento e aglomeração de proteínas e membranas em solução, fazendo uso da teoria e da técnica de espalhamento de Raio-X a Baixo Ângulo (SAXS). Antonio Bento de Oliveira Junior possui Bacharelado em Física Biológica pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Por dois anos, atuou como monitor do laboratório de Física do Centro Integrado de Ciência e Cultura (CICC). Tem experiência na área de Biofísica Molecular Computacional, com ênfase no estudo do processo de enovelamento de proteínas. Daniel Lucas Zago Caetano possui Bacharelado em Física Biológica pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atua na área de Biofísica Molecular Computacional, com ênfase no estudo da interação entre polianfóteros fracos e macroíons cilíndricos opostamente carregados. Guilherme Volpe Bossa possui Bacharelado em Física Biológica pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atua na área de Biofísica Molecular Teórica, desenvolvendo modelos aplicados à caracterização de propriedades físico-químicas e dielétricas de aminoácidos e oligopeptídeos. José Ramon Beltran Abrego Antônio Bento de Oliveira Junior Daniel Lucas Zago Caetano Guilherme Volpe Bossa PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: Coleta e Análise de Dados Experimentais PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: Coleta e Análise de Dados Experimentais José Ramon Beltran Abrego possui doutorado em Física pelo Instituto de Física de São Cultura Acadêmica netismo frequentemente abordados nos cursos de Física básica. Ao longo do texto, é Abrego / Oliveira Junior / Caetano / Bossa A presente obra expõe os experimentos referentes aos tópicos de eletricidade e mag- ISBN 978-85-7983-248-2 9 788579 832482 Capa_Eletro.indd 1 14/06/2012 19:12:37 PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: Coleta e Análise de Dados Experimentais Eletro_Prefaciais.indd 1 14/06/2012 21:42:55 Universidade Estadual Paulista Vice-Reitor no exercício da Reitoria Julio Cezar Durigan Chefe de Gabinete Carlos Antonio Gamero Pró-Reitora de Graduação Sheila Zambello de Pinho Pró-Reitora de Pós-Graduação Marilza Vieira Cunha Rudge Pró-Reitora de Pesquisa Maria José Soares Mendes Giannini Pró-Reitora de Extensão Universitária Maria Amélia Máximo de Araújo Pró-Reitor de Administração Ricardo Samih Georges Abi Rached Secretária Geral Maria Dalva Silva Pagotto Eletro_Prefaciais.indd 2 14/06/2012 21:42:56 Cultura Acadêmica José Ramon Beltran Abrego Antônio Bento de Oliveira Junior Daniel Lucas Zago Caetano Guilherme Volpe Bossa PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: Coleta e Análise de Dados Experimentais São Paulo 2012 Eletro_Prefaciais.indd 3 14/06/2012 21:42:56 ©Pró-Reitoria de Graduação, Universidade Estadual Paulista, 2012. Ficha catalográfica elaborada pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp P912 Práticas de eletromagnetismo : coleta e análise de dados experimentais / José Ramon Beltran Abrego ... [et al.]. – São Paulo : Cultura Acadêmica : Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação, 2012. 139 p. Programa de apoio à produção de material didático da Pró-Reitoria de Graduação da UNESP. ISBN 978-85-7983-248-2 1. Eletromagnetismo – Coleta e análise de dados. I. Beltran Abrego, José Ramon. II. Oliveira Júnior, Antonio Bento de. III. Caetano, Daniel Lucas Zago. IV. Bossa, Guilherme Volpe. V. Universidade Estadual Paulista. Pró-Reitoria de Graduação. CDD 537 equipe Pró-reitora Sheila Zambello de Pinho Secretária Silvia Regina Carão Assessoria José Brás Barreto de Oliveira Klaus Schlünzen Junior (Coordenador Geral – NEaD) Laurence Duarte Colvara Maria de Lourdes Spazziani Técnica Bambina Maria Migliori Camila Gomes da Silva Cecília Specian Eduardo Luis Campos Lima Fúlvia Maria Pavan Anderlini Gisleide Alves Anhesim Portes Ivonette de Mattos Maria Emília Araújo Gonçalves Maria Selma Souza Santos Renata Sampaio Alves de Souza Sergio Henrique Carregari Projeto gráfico Andrea Yanaguita Diagramação Estela Mletchol Eletro_Prefaciais.indd 4 14/06/2012 21:42:56 PROGRAMA DE APOIO À PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO Considerando a importância da produção de material didático-pedagógico dedicado ao ensino de graduação e de pós-graduação, a Reitoria da UNESP, por meio da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) e em parceria com a Fundação Editora UNESP (FEU), mantém o Programa de Apoio à Produção de Material Didático de Docentes da UNESP, que contempla textos de apoio às aulas, material audiovisual, homepages, softwares, material artístico e outras mídias, sob o selo CULTURA ACADÊMICA da Editora da UNESP, disponibilizando aos alunos material didático de qualidade com baixo custo e editado sob demanda. Assim, é com satisfação que colocamos à disposição da comunidade acadêmica mais esta obra, “Práticas de Eletromagnetismo: coleta e análise de dados experimentais”, de autoria do Prof. Dr. José Ramon Beltran Abrego e dos Pós-Graduandos do Programa de Pós-Graduação em Biofísica Molecular: Antônio Bento de Oliveira Júnior, Daniel Lucas Zago Caetano e Guilherme Volpe Bossa, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas do Câmpus de São José do Rio Preto, esperando que ela traga contribuição não apenas para estudantes da UNESP, mas para todos aqueles interessados no assunto abordado. Eletro_Prefaciais.indd 5 14/06/2012 21:42:56 Eletro_Prefaciais.indd 6 14/06/2012 21:42:56 SUMÁRIO Prefácio 9 1 introdução ao uso de instrumentos de medidas elétricas 2 estudo de elementos lineares 21 3 estudo de elementos não lineares 33 4 superfícies equipotenciais e campos elétricos 5 estudo das leis de kirchhoff 45 55 6 estudo do circuito rc e descarga de capacitores 67 7 momento de dipolo e campo magnético terrestre 83 8 balança de ampère 95 9 introdução ao uso do osciloscópio 10 estudo do circuito rc em série 11 estudo do circuito rlc Bibliografia Eletro_Prefaciais.indd 7 11 105 115 127 139 14/06/2012 21:42:56 Eletro_Prefaciais.indd 8 14/06/2012 21:42:56 PREFÁCIO Devido a pouca vivência experimental que os alunos, em geral, adquirem ao longo do ensino fundamental e do ensino médio, foi observado que estes alunos, ao ingressarem em cursos de graduação, possuem uma grande necessidade de se familiarizarem, tanto com os instrumentos de laboratórios didáticos quanto com os conceitos diretamente envolvidos com a Física básica. Para sanar esta necessidade, lançamos este livro que reúne uma análise minuciosa não só dos experimentos realizados, mas também dos resultados obtidos nos laboratórios do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE – da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Este trabalho resulta da experiência adquirida em mais de 4 semestres de aulas práticas e tem por base as seguintes metas: introduzir o aluno à teoria dos erros; desenvolver a organização de dados coletados, apresentando-os em forma de tabelas e gráficos; proporcionar a interpretação crítica dos resultados, confrontando-os com a teoria e comparando-os com dados de textos clássicos de livros de Física. Pelo grande enfoque na Física básica, este material destina-se aos alunos que tomam contato com ela. Assim, este material é de grande valia não só para estudantes do curso de Física, mas também para estudantes de Química Ambiental, Matemática, Ciência da Computação e Engenharia de Alimentos. Este livro foi desenvolvido pelos estudantes de Pós-Graduação em Biofísica Molecular, IBILCE, Antônio Bento de Oliveira Junior, Daniel Lucas Zago Caetano e Guilherme Volpe Bossa, tendo sob coordenação o Prof. Dr. José Ramón Beltran Abrego. Contou-se também com o grande auxilio dos técnicos Antonio Aparecido Barbosa, Marcelino Belusi e Paulo Roberto Salinas. Quanto à organização, cada capítulo corresponde a uma prática experimental que foi cuidadosamente elaborada, visando sempre cumprir os objetivos citados no início deste texto. No capítulo 1, por exemplo, há a introdução ao uso de instrumentos de medidas elétricas. Progressivamente, nos capítulos seguintes, são abordados tópicos tais como elementos não lineares, superfícies equipotenciais, balança de Ampère e circuitos RC e RLC. Eletro_Prefaciais.indd 9 14/06/2012 21:42:56 Eletro_Prefaciais.indd 10 14/06/2012 21:42:56 1 INTRODUÇÃO AO USO DE INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS 1.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática aqui relatada é proporcionar a familiarização com os componentes e instrumentos elétricos, bem como o correto manuseio destes, uma vez que serão utilizados em todas as práticas da disciplina Laboratório de Física III. Para isso, realizaram-se quatro experimentos que aqui serão apresentados. 1.2. INTRODUÇÃO Um circuito elétrico fornece basicamente um caminho para transferir energia de um local para outro. À medida que as partículas carregadas fluem através do circuito, a energia potencial elétrica é transferida de uma fonte até um dispositivo no qual essa energia é armazenada ou, então, convertida em outras formas de energia. Abaixo, encontram-se alguns exemplos de componentes existentes em um circuito elétrico e algumas de suas propriedades, assim como a descrição dos instrumentos necessários para medir diversas grandezas elétricas. • Fontes de tensão contínua (Fontes DC): dispositivos que proporcionam energia elétrica para a alimentação de um circuito elétrico. São exemplos de fontes DC as pilhas convencionais (1,5 V ou 9 V) ou uma fonte especial, que transforma a tensão alternada da rede (110 V ou 220 V) em tensão contínua, que pode ser variada normalmente entre 0 V e 30 V. • Resistores: são elementos que oferecem resistência à passagem de corrente elétrica. Para muitos materiais, o valor da resistência não depende da tensão nem da corrente, ou seja, obedecem à lei de Ohm (V I R). O valor nominal da resistência de um resistor pode ser obtido usando-se um código de cores mediante convenção indicada na Tabela 1.1 e a expressão a seguir: Eletro_1.indd 11 14/06/2012 21:46:52 12 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS [( AB) 10 C D] R (1.1) A leitura é feita tomando-se o resistor de forma que a faixa mais próxima de um de seus terminais fique à sua esquerda, conforme a Figura 1.1: Figura 1.1 Representação esquemática de uma resistência. Algarismos Signifivativos Tolerância Multiplicador Tabela 1.1 Cor 1ª Faixa 2ª Faixa 3ª Faixa 4ª Faixa Preto 0 0 10 Marrom 1 1 102 1% Vermelho 2 2 102 2% Laranja 3 3 103 Amarelo 4 4 104 Verde 5 5 105 Azul 6 6 106 Violeta 7 7 107 Cinza 8 8 108 Ouro: 5% 9 10 Prata: 10% Branco Eletro_1.indd 12 Código de cores para obter o valor da resistência de um resistor. 9 2 9 14/06/2012 21:46:54 Introdução ao Uso de Instrumentos de Medidas Elétricas | 13 As duas primeiras faixas (A e B) indicam os dois algarismos significativos do valor da resistência. A terceira faixa (C) mostra o fator de multiplicação em potência de 10. A quarta faixa (D) indica a precisão do valor nominal, chamada tolerância. • Multímetros: são aparelhos que incorporam diversos instrumentos de medidas elétricas num único dispositivo, como amperímetro (para medir a corrente elétrica), voltímetro (para medir a tensão) e ohmímetro (para medir o valor de uma resistência). 1.3. • • • • • • 1.4. MATERIAL UTILIZADO Editor gráfico ORIGIN; Fonte de tensão contínua; Multímetro; Pilhas diversas; Placa para montagem de circuitos; Resistores diversos. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Experimento I 1.4.1. Inicialmente, anotaram-se as cores de nove resistências escolhidas ao acaso. Em seguida, utilizando-se a expressão 1.1 e a Tabela 1.1, determinou-se o valor nominal de cada uma dessas resistências. Posteriormente, utilizando-se um multímetro configurado para funcionar como ohmímetro, mediu-se o valor de cada resistência individualmente. A margem de erro do multímetro, quando configurado como ohmímetro, é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Os valores obtidos estão transcritos na Tabela 1.2: Tabela 1.2 Eletro_1.indd 13 Valores de resistência calculados e medidos pelo multímetro. Resistência Cores Valor obtido pela expressão 1.1 (Ω) Valor medido pelo multímetro (Ω) 1 Amarelo-VioletaVermelho-Ouro 4700±235 4698±7 2 Cinza-VermelhoVermelho-Ouro 8200±410 8294±12 14/06/2012 21:46:55 14 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS continuação Resistência Cores Valor obtido pela expressão 1.1 (Ω) Valor medido pelo multímetro (Ω) 3 Marrom-PretoLaranja-Ouro 10000±500 10022±15 4 Laranja-BrancoMarrom-Ouro 390±20 376±1 5 Azul-CinzaVermelho-Ouro 6800±340 6678±10 6 Cinza-VermelhoMarrom-Ouro 820±41 795±1 7 Vermelho-VermelhoVermelho-Ouro 2200±110 2166±3 8 Verde-AzulMarrom-Ouro 560±28 551±1 9 Amarelo-VioletaVermelho-Ouro 4700±235 4640±7 1.4.2. Experimento II Primeiramente, mediu-se a tensão de cinco pilhas (3 pilhas com valor nominal de 1,5 V e 2 pilhas com valor nominal de 9 V), utilizando-se, para isso, um multímetro configurado para funcionar como voltímetro. A margem de erro do multímetro, quando configurado como voltímetro, é de 0,05%, conforme especificado no manual do instrumento. Veja-se os dados obtidos na Tabela 1.3: Tabela 1.3 Comparação entre valores nominais e mensurados. Pilha Valor nominal (V) Valor obtido pelo multímetro (V) 1 1,5 1,561±0,001 3,91 2 1,5 1,461±0,001 2,67 3 1,5 1,593±0,001 5,84 4 9,5 7,061±0,004 27,46 5 9,5 7,592±0,004 18,55 1.4.3. Diferença percentual (%) Experimento III Num primeiro momento, configurou-se o multímetro para funcionar como voltímetro. Em seguida, ajustou-se o voltímetro para uma escala superior Eletro_1.indd 14 14/06/2012 21:46:55 Introdução ao Uso de Instrumentos de Medidas Elétricas | 15 a 30 V. Num momento seguinte, conectou-se o voltímetro à fonte de tensão variável e mediram-se os valores de tensão para diversas posições do botão da fonte. A margem de erro do multímetro, quando configurado como voltímetro, é de 0,05%. Para a fonte, considerou-se a margem de erro de 0,01, que corresponde, aproximadamente, à metade do menor intervalo da escala do instrumento. Os valores de tensão informados pela fonte e pelo voltímetro estão transcritos na Tabela 1.4: Tabela 1.4 Comparação entre valores de tensão informados e medidos. Valor informado pela fonte (V) Valor obtido pelo multímetro (V) Diferença percentual (%) 5,00±0,01 5,10±0,01 1,96 10,00±0,01 10,06±0,01 0,60 15,00±0,01 15,09±0,01 0,60 20,00±0,01 20,11±0,01 0,55 25,00±0,01 25,07±0,01 0,28 30,00±0,01 30,13±0,02 0,43 1.4.4. Experimento IV Inicialmente, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão variável, um amperímetro, um resistor de resistência R desconhecida e um voltímetro. A figura abaixo representa o circuito citado: Figura 1.2 Eletro_1.indd 15 Desenho esquemático do circuito montado. 14/06/2012 21:46:55 16 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Uma vez montado o circuito, variou-se a tensão da fonte de 0 V até 20 V, em intervalos de 1 V. Os valores exibidos pelo voltímetro e pelo amperímetro foram anotados e encontram-se transcritos na Tabela 1.5: Tabela 1.5 Valores medidos no Voltímetro (V) e Amperímetro (A). Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 1,03 0,00022 11,06 0,00240 2,00 0,00044 12,03 0,00261 3,05 0,00066 13,01 0,00282 4,01 0,00088 14,01 0,00303 5,05 0,00110 15,00 0,00325 6,03 0,00130 16,04 0,00347 7,02 0,00152 17,08 0,00369 8,02 0,00174 18,06 0,00391 9,03 0,00196 19,02 0,00412 10,06 0,00218 20,03 0,00433 Com os valores contidos na Tabela 1.5, foi possível construir o gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A). Veja: Figura 1.3 Eletro_1.indd 16 Gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. 14/06/2012 21:46:55 Introdução ao Uso de Instrumentos de Medidas Elétricas | 17 Por meio da Figura 1.3, determinou-se o valor da resistência R desconhecida, utilizando-se o coeficiente angular gerado pelo editor gráfico Origin. Em notação matemática, tem-se: R V R B R (4626 4) I (1.2) Após determinar o valor da resistência R, o circuito foi desmontado, e a resistência R foi medida por um multímetro, configurado como ohmímetro. Considerando-se que a margem de erro do instrumento é de 0,15%, o valor obtido foi de (4698±7) Ω. Em seguida, os passos acima foram repetidos tomando-se, no entanto, uma nova resistência R1 desconhecida, o que resulta, dessa forma, uma nova tabela (Tabela 1.6). Tabela 1.6 Valores medidos no Voltímetro (V) e Amperímetro (A). Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 1,02 0,00012 11,00 0,00133 2,05 0,00025 12,06 0,00146 3,05 0,00037 13,01 0,00158 4,00 0,00049 14,02 0,00170 5,04 0,00061 15,01 0,00182 6,07 0,00074 16,05 0,00195 7,01 0,00085 17,02 0,00206 8,08 0,00098 18,02 0,00218 9,02 0,00110 19,00 0,00230 10,00 0,00121 20,02 0,00242 Utilizando-se os valores contidos na Tabela 1.6, foi possível construir o gráfico da Tensão (V) versus Corrente elétrica (A), como se pode observar na Figura 1.4 a seguir. Eletro_1.indd 17 14/06/2012 21:46:55 18 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 1.4 Gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Baseando-se na Figura 1.4, determinou-se o valor da resistência R1 desconhecida, utilizando-se o coeficiente angular gerado pelo editor gráfico Origin. Matematicamente, tem-se: V R1 R1 B R1 (8265 9) I (1.3) Após determinar o valor da resistência R1 pelo gráfico acima, o circuito foi desmontado, e a resistência R1 foi medida por um multímetro, configurado como ohmímetro. Considerando-se que a margem de erro do instrumento é de 0,15%, o valor obtido foi de (8294±12) Ω. 1.5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Objetivando não só proporcionar a familiarização com os componentes e instrumentos elétricos, mas também o correto manuseio destes instrumentos, foram realizados quatro experimentos para atingir tal objetivo. No primeiro experimento, determinou-se o valor nominal de nove resistências pelo código de cores descrito na Tabela 1.1. Em seguida, elas foram medidas, utilizando-se, para isso, um ohmímetro, o que possibilitou comparar Eletro_1.indd 18 14/06/2012 21:46:55 Introdução ao Uso de Instrumentos de Medidas Elétricas | 19 os valores nominais com os valores indicados pelo instrumento. Com base nisso, é possível afirmar que todos os valores medidos pelo ohmímetro estão dentro do intervalo de confiabilidade fornecido pelo fabricante das resistências. No experimento II, verificou-se se a tensão de cinco pilhas distintas correspondia ao valor nominal indicado pelo fabricante. Após medir cada pilha, utilizando-se, para tal tarefa, um voltímetro, verificou-se que os valores indicados pelo aparelho não coincidiram com o valor nominal fornecido por nenhuma delas (1,5 V ou 9 V). Esse fato pode ser explicado pela utilização de pilhas químicas, ou seja, pilhas em que a tensão produzida é decorrente de uma reação química chamada reação de óxido-redução. No caso das pilhas, essa reação é irreversível, acarretando, assim, o aumento da “resistência interna”, diminuindo, conseqüentemente, a tensão. Outro fator que explica essa diferença de valores é o fato de que as pilhas deveriam ser medidas em um circuito fechado, com uma corrente elétrica passando por elas. Já no terceiro experimento, comparou-se a tensão fornecida por uma fonte de tensão contínua de 30 V, com o valor indicado por um voltímetro ligado a essa mesma fonte. Como resultado, notou-se que o valor apresentado pelo voltímetro foi sempre maior que o valor informado pela fonte (cerca de 0,74% maior). Baseando-se nos dados obtidos, é possível afirmar que o voltímetro é mais confiável que a fonte, pois apresenta uma maior precisão de medida, devido à sua chave seletora, que pode variar desde a casa do mV (milivolt) até a casa do kV (quilovolt). No quarto experimento, calcularam-se o valor de duas resistências desconhecidas, R e R1, utilizando-se, para isso, dois métodos. O primeiro deles consistiu em estabelecer dois gráficos tensão (V) versus corrente elétrica (A) e, por meio da inclinação das retas geradas, determinou-se o valor das resistências. Os valores obtidos para as resistências R e R1 foram, respectivamente, (4626±4) Ω e (8265±9) Ω. O segundo método consistiu em medir as resistências diretamente, utilizando-se, para tal tarefa, um ohmímetro. Por esse método, o valor determinado para R foi de (4698±7) Ω, e para R1 foi de (8294±12) Ω. Dentre os dois métodos utilizados, é possível afirmar que o primeiro é o mais confiável, pois existe, para as duas resistências, uma proporcionalidade direta da tensão com a corrente elétrica. Isso possibilita atestar que as duas resistências obedecem à lei de Ohm, ou seja, elas não dependem nem da tensão nem da corrente elétrica. Eletro_1.indd 19 14/06/2012 21:46:55 20 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Como fica evidente pela leitura deste capítulo, faz-se importante não só conhecer o manuseio dos instrumentos de medida, mas também as propriedades dos componentes e circuitos elétricos. Tal postura permite evitar leituras incorretas dos valores medidos e, conseqüentemente, uma interpretação errônea dos experimentos. Eletro_1.indd 20 14/06/2012 21:46:55 2 ESTUDO DE ELEMENTOS LINEARES 2.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática descrita neste capítulo é o estudo da associação de resistores, seja ela em série, em paralelo ou mista. Para a realização de tal objetivo, executaram-se três experimentos que aqui serão relatados. 2.2. INTRODUÇÃO Resistores são elementos que oferecem resistência à passagem de corrente elétrica. Existem muitos resistores cujo valor da resistência não depende da tensão nem da corrente, obedecendo, portanto, à lei de Ohm: V I R (2.1) Esses materiais são denominados elementos ôhmicos ou lineares. Para um resistor que obedece a lei de Ohm, o gráfico da corrente elétrica em função da tensão aplicada é uma linha reta, cuja inclinação é igual ao inverso do valor da resistência R. É muito comum que se usem dois ou mais resistores combinados. A análise de um circuito, muitas vezes, pode ser simplificada pela substituição de dois ou mais resistores por um resistor equivalente (Re), percorrido pela mesma corrente com a mesma tensão aplicada aos resistores primitivos. Desse modo, pode-se afirmar que existem três tipos de associação: • Associação em série: quando todos os resistores estão ligados em seqüência, como indicado na Figura 2.1. Figura 2.1 Eletro_2.indd 21 Associação de resistores em série. 14/06/2012 21:50:06 22 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Nesse tipo de associação, a corrente I deve ser a mesma através de todos os resistores, porém, a tensão V nos terminais dos resistores não é a mesma. Desse modo, a resistência equivalente de qualquer número de resistores conectados em série é igual à soma das resistências individuais, ou seja: R e R1 R 2 R 3 (2.2) • Associação em paralelo: quando todos os resistores estão ligados à mesma tensão, como representado na Figura 2.2. Figura 2.2 Associação de resistores em paralelo. Na associação em paralelo, a corrente I em cada resistor não é a mesma, contudo, a tensão V nos terminais de cada resistor deve ser a mesma. Assim, para qualquer número de resistores conectados em paralelo, o inverso da resistência equivalente é igual à soma dos inversos das resistências individuais, ou seja: 1 1 1 1 R e R1 R 2 R 3 (2.3) • Associação mista: é aquela na qual se encontram, ao mesmo tempo, resistores associados em série e em paralelo, como na figura esquemática 2.3. Figura 2.3 Eletro_2.indd 22 Associação mista de resistores. 14/06/2012 21:50:07 Estudo de Elementos Lineares | 23 A determinação da resistência equivalente Re é feita a partir da substituição de cada uma das associações, em série ou em paralelo, que compõem o circuito pela sua respectiva resistência equivalente. 2.3. MATERIAL UTILIZADO • Editor gráfico ORIGIN; • Fonte de tensão contínua; • Multímetros; • Placa para montagem de circuitos; • Resistores. 2.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Inicialmente, determinou-se, utilizando-se um multímetro configurado para funcionar como um ohmímetro, a resistência de três resistores que aqui serão denominados R1, R2 e R3. A margem de erro do multímetro, quando configurado como ohmímetro, é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Os valores obtidos estão transcritos na Tabela 2.1: Tabela 2.1 Valores da resistência obtidos pelo ohmímetro. Resistência (Ω) R1 R2 R3 4699±7 551,4±0,8 375,8±0,6 Esses três resistores (R1, R2 e R3) foram utilizados nos três experimentos que serão descritos a seguir. 2.4.1. Experimento I Num primeiro momento, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão variável, um amperímetro, três resistores e um voltímetro. A Figura 2.4 representa o circuito citado: Eletro_2.indd 23 14/06/2012 21:50:07 24 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 2.4 Representação do circuito montado no experimento I. Uma vez montado o circuito, variou-se a tensão da fonte de 0 V até 20 V, em intervalos de, aproximadamente, 1 V. Os valores exibidos pelo voltímetro e pelo amperímetro foram anotados e encontram-se transcritos na Tabela 2.2: Tabela 2.2 Eletro_2.indd 24 Valores medidos no Voltímetro (V) e Amperímetro (A). Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 1,18 0,00020 11,02 0,00195 2,11 0,00037 12,08 0,00214 3,05 0,00053 13,10 0,00232 4,13 0,00072 14,12 0,00250 5,08 0,00089 15,11 0,00268 6,08 0,00107 16,10 0,00285 7,06 0,00124 17,02 0,00303 8,14 0,00144 18,10 0,00321 9,11 0,00161 19,09 0,00338 10,10 0,00178 20,13 0,00357 14/06/2012 21:50:07 Estudo de Elementos Lineares | 25 A partir dos valores contidos na Tabela 2.2, foi possível construir o gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), como se pode observar. Figura 2.5 Gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Baseando-se no gráfico representado na Figura 2.5, determinou-se o valor da resistência equivalente Re, utilizando-se o coeficiente angular gerado pelo editor gráfico Origin. Matematicamente, tem-se: R e B R e (5619 5) (2.4) Em seguida, a resistência equivalente Re do circuito foi determinada novamente, utilizando-se, no entanto, para tal tarefa, os valores contidos na Tabela 2.1 e a Equação 2.2. Veja-se. R e R1 R 2 R 3 (4699 7) (551, 4 0,8) (375,8 0,6) (5626 8) Eletro_2.indd 25 (2.5) 14/06/2012 21:50:07 26 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 2.4.2. Experimento II Inicialmente, montou-se o circuito esquematizado pela Figura 2.6: Figura 2.6 Representação do circuito montado no experimento II. Com o circuito montado, variou-se a tensão da fonte de 0 V até 20 V, em intervalos de, aproximadamente, 1 V. Os valores exibidos pelo voltímetro e pelo amperímetro foram anotados e encontram-se transcritos na Tabela 2.3: Tabela 2.3 Eletro_2.indd 26 Valores medidos no Voltímetro (V) e Amperímetro (A). Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 1,02 0,00471 11,01 0,05158 2,02 0,00945 12,09 0,05663 3,09 0,01430 13,05 0,06113 4,05 0,01911 14,09 0,06602 5,10 0,02385 15,06 0,07055 6,03 0,02828 16,06 0,07522 7,05 0,03308 17,05 0,07980 14/06/2012 21:50:07 Estudo de Elementos Lineares | 27 continuação Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 8,03 0,03765 18,03 0,08431 9,02 0,04233 19,07 0,08914 10,05 0,04723 20,00 0,09338 Tomando-se os valores contidos na Tabela 2.3, foi possível construir o gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), como se pode observar na Figura 2.7. Figura 2.7 Gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Com base no gráfico ilustrado na Figura 2.7, determinou-se o valor da resistência equivalente Re, utilizando-se o coeficiente angular gerado pelo editor gráfico Origin. Matematicamente, tem-se: R e B R e (213,8 0,2) (2.6) Em seguida, a resistência equivalente Re do circuito foi determinada novamente, utilizando-se, no entanto, para tal tarefa, os valores contidos na Tabela 2.1 e a Equação 2.3. Observe-se. Eletro_2.indd 27 14/06/2012 21:50:07 28 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 1 1 1 1 1 1 1 R e R1 R 2 R 3 (4699 7) (551, 4 0,8) (375,8 0,6) (213,3 0,3) 2.4.3. (2.7) Experimento III Como primeiro passo, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão variável, um amperímetro, um voltímetro e três resistores. A Figura 2.8 representa o circuito esquematizado: Figura 2.8 Representação do circuito montado no experimento III. Posteriormente, com o circuito montado, variou-se a tensão da fonte de 0 V até 20 V, em intervalos de, aproximadamente, 1 V. Os valores exibidos pelo voltímetro e pelo amperímetro foram anotados e encontram-se transcritos na Tabela 2.4: Eletro_2.indd 28 14/06/2012 21:50:08 Estudo de Elementos Lineares | Tabela 2.4 29 Valores medidos no Voltímetro (V) e Amperímetro (A). Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 1,05 0,00020 11,05 0,00223 2,08 0,00041 12,06 0,00244 3,17 0,00063 13,06 0,00264 4,11 0,00083 14,09 0,00285 5,12 0,00103 15,02 0,00305 6,14 0,00123 16,09 0,00326 7,09 0,00143 17,05 0,00346 8,15 0,00165 18,07 0,00366 9,12 0,00184 19,10 0,00387 10,08 0,00205 20,06 0,00407 A partir dos valores contidos na tabela acima, foi possível produzir o gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), como se pode verificar na Figura 2.9 a seguir. Figura 2.9 Eletro_2.indd 29 Gráfico da Tensão (V) versus Corrente Elétrica (A), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. 14/06/2012 21:50:08 30 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Baseando-se no gráfico ilustrado na Figura 2.9, determinou-se o valor da resistência equivalente Re do circuito, utilizando-se o coeficiente angular gerado pelo editor gráfico Origin. Em termos matemáticos, tem-se: R e B R e (4916 5) (2.8) Em seguida, a resistência equivalente Re do circuito foi determinada novamente, utilizando-se, no entanto, para tal tarefa, os valores contidos na Tabela 2.1 e as equações 2.2 e 2.3. Veja-se. R e parcial 1 1 1 1 (223,5 0,3) R 2 R 3 (551, 4 0,8) (375,8 0,6) R e parcial R R e total (223,5 0,3) (4699 7) (4922 7) 1 (2.9) (2.10) 2.5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Com o intuito de estudar as diversas formas de associação de resistores (em série, em paralelo e mista), foram realizados três experimentos. No primeiro deles, determinou-se a resistência equivalente (Re) de um circuito contendo três resistores (R1, R2 e R3) associados em série, utilizando-se, para isso, dois métodos. O primeiro visou estabelecer um gráfico da tensão (V) versus corrente elétrica (A), e, por meio do coeficiente angular da reta gerada, determinar o valor de Re. O valor obtido por esse método foi de (5619±5) Ω. O segundo método consistiu em medir cada resistência separadamente, utilizando-se, para tal tarefa, um ohmímetro. Com os valores de cada resistência determinado, utilizou-se a Equação 2.2 para se obter o valor de Re, ou seja, (5626±8) Ω. No experimento II, determinou-se também a resistência equivalente (Re) de um circuito, utilizando-se os mesmos métodos descritos no experimento I. A diferença entre eles era que no segundo experimento os resistores estavam associados em paralelo. Pelo primeiro método, o valor obtido para Re foi de (213,8±0,2) Ω, e, pelo segundo método, utilizando-se, no entanto, a Equação 3, o valor determinado para Re foi de (213,3±0,3) Ω. Verificou-se também, no terceiro experimento, a resistência equivalente (Re) de um circuito contendo os mesmos três resistores utilizados anteriormente, po- Eletro_2.indd 30 14/06/2012 21:50:08 Estudo de Elementos Lineares | 31 rém associados de forma mista. Os métodos utilizados para se determinar Re foram os mesmos dos outros dois experimentos. Os valores obtidos pelo primeiro e segundo métodos foram (4916±5) Ω e (4922±7) Ω, respectivamente. Como fica evidente pela leitura deste texto, todos os experimentos trataram de elementos lineares, ou seja, elementos que obedecem a lei de Ohm. Nos três experimentos, o objetivo era determinar o valor da resistência equivalente (Re), utilizando-se, para tal tarefa, dois métodos diferentes. Em todos os experimentos, os valores obtidos pelos dois métodos foram praticamente iguais, confirmando, por esse motivo, a validade da lei de Ohm. Eletro_2.indd 31 14/06/2012 21:50:08 Eletro_2.indd 32 14/06/2012 21:50:08 3 ESTUDO DE ELEMENTOS NÃO LINEARES 3.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática aqui relatada é a determinação da resistência de uma lâmpada e a caracterização de um diodo. Para atingir tal objetivo, realizaram-se dois experimentos que aqui serão descritos. 3.2. INTRODUÇÃO Existem elementos que, quando submetidos a uma diferença de potencial V (tensão), ficam sujeitos a uma corrente elétrica I, de tal forma que um gráfico da tensão em função da corrente é uma linha reta. A inclinação da reta é igual à resistência R do elemento, e esta não depende nem da tensão V nem da corrente I. Esses elementos são denominados elementos lineares ou ôhmicos. No entanto, também existem elementos que não obedecem à lei de Ohm, sendo, por isso, denominados elementos não lineares ou não ôhmicos. A característica fundamental desses elementos é que a resistência R depende da corrente I, e esta pode não ser proporcional à tensão V. Desse modo, não se pode designar uma determinada resistência a um elemento não linear, mas, sim, uma resistência local, dada pela inclinação da curva gerada pelo gráfico da tensão em função da corrente no ponto considerado. Um exemplo de elemento não linear é o diodo. Um diodo é um dispositivo constituído por uma junção de dois materiais semicondutores (em geral, silício ou germânio dopados), cuja principal característica é permitir a passagem de corrente, com facilidade, num sentido, e oferecer uma grande resistência à passagem no sentido contrário. O diodo Zener é um tipo de diodo utilizado para regular a tensão. Ele é fabricado para trabalhar em polarização reversa, pois, nessas circunstâncias, apresenta uma característica de tensão constante para uma faixa de corrente. Essa propriedade é denominada Efeito Zener. A curva característica de um diodo Zener é apresentada na Figura 3.1. Eletro_3.indd 33 14/06/2012 21:50:44 34 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 3.1 Curva característica de um diodo Zener. Pela curva nota-se que, ao trabalhar na região reversa (zona de trabalho), com corrente maior que Iz min até o limite de Iz máx, a tensão Vz sobre o diodo permanecerá praticamente constante. O símbolo do diodo Zener e as indicações dos sentidos da tensão e da corrente de trabalho estão representados na Figura 3.2. Figura 3.2 3.3. • • • • • • • Eletro_3.indd 34 Símbolo do diodo Zener. MATERIAL UTILIZADO Diodo Zener; Editor gráfico Origin; Fonte de tensão contínua; Lâmpada; Multímetros; Placa para montagem de circuitos; Resistor. 14/06/2012 21:50:45 Estudo de Elementos Não Lineares | 3.4. 35 PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS 3.4.1. Experimento I Inicialmente, montou-se o circuito esquematizado pela Figura 3.3: Figura 3.3 Desenho esquemático do circuito montado no experimento I. Uma vez montado o circuito, variou-se a tensão da fonte de 1 V até 24 V, em intervalos de, aproximadamente, 1 V. Os valores exibidos pelo voltímetro e pelo amperímetro foram anotados, considerando-se que a margem de erro do voltímetro e do amperímetro é de 0,05% e de 2%, respectivamente. Em seguida, os valores foram transcritos, conforme expostos na Tabela 3.1. Tabela 3.1 Eletro_3.indd 35 Valores medidos no Voltímetro (V) e Amperímetro (A). Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 1,045±0,001 0,036±0,001 13,041±0,007 0,163±0,003 2,063±0,001 0,053±0,001 14,046±0,007 0,171±0,003 3,013±0,002 0,067±0,001 15,060±0,008 0,178±0,004 4,032±0,002 0,080±0,002 16,023±0,008 0,185±0,004 14/06/2012 21:50:45 36 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS continuação Voltímetro Amperímetro Voltímetro Amperímetro 5,051±0,003 0,092±0,002 17,001±0,009 0,191±0,004 6,023±0,003 0,102±0,002 18,063±0,009 0,198±0,004 7,023±0,004 0,112±0,002 19,04±0,01 0,206±0,004 8,012±0,004 0,122±0,002 20,06±0,01 0,211±0,004 9,042±0,005 0,131±0,003 21,00±0,01 0,217±0,004 10,032±0,005 0,139±0,003 22,04±0,01 0,223±0,004 11,052±0,006 0,148±0,003 23,05±0,01 0,229±0,005 12,030±0,006 0,156±0,003 24,03±0,01 0,234±0,005 A partir dos valores contidos na 3.1, foi possível construir um gráfico tensão (V) versus corrente elétrica (A), como se pode observar na Figura 3.4 abaixo. Figura 3.4 Eletro_3.indd 36 Gráfico da Tensão versus Corrente Elétrica do circuito montado no experimento I. 18/06/2012 17:58:31 Estudo de Elementos Não Lineares | 37 De acordo com o gráfico acima, conclui-se que existe uma dependência não linear entre a tensão (V) e a corrente elétrica (I). Pode-se, portanto, escrever que: V cIn (3.1) Calculando o logaritmo de ambos os lados, efetua-se a linearização da Equação 3.1, ou seja, obtém-se uma nova função dada por: log V log c n log I (3.2) Construindo o gráfico de log V em função de log I, obtém-se uma linearização do gráfico anterior. Observe-se, abaixo, o novo gráfico. Figura 3.5 Gráfico do Log(Tensão) versus log(Corrente elétrica), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Valendo-se da Figura 3.5 e da Equação 3.2, foi possível determinar os valores de c e n desta equação. Observe, a seguir, os cálculos realizados. Eletro_3.indd 37 14/06/2012 21:50:45 38 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Cálculo de n: O valor de n é o mesmo do coeficiente angular (B) da reta do gráfico. Desse modo, o valor gerado pelo editor gráfico Origin foi: n B 1,66 (3.3) Cálculo de c: O valor do logaritmo de c é igual ao coeficiente linear (A) da reta do gráfico gerado pelo editor gráfico Origin. Para se obter o valor de c, aplica-se a função inversa da função logarítmica, ou seja, a função exponencial, nos dois membros da equação. Matematicamente, tem-se: log c A c 10 A c 10 2,42 c 263 (3.4) Uma vez determinados os valores de n e c, pode-se reescrever a Equação 3.1 da seguinte forma: V 263 I 1,66 (3.5) Como o circuito utilizado apresenta uma relação não linear entre a tensão e a corrente elétrica, não se pode determinar uma resistência geral para ele. Neste caso, deve-se determinar uma resistência local R, que é dada pela inclinação da curva V x I (Figura 3.4), no ponto em que se quer calcular. Em termos matemáticos, aplica-se a derivada (dV/dI) na Equação 3.5 sobre o ponto considerado, ou seja dV d R (263 I 1,66 ) 437 I 0,66 dI dI (3.6) Outro método para se obter a resistência R em um ponto qualquer do gráfico V x I (Figura 3.4) é derivando-o, utilizando-se, para tal tarefa, o editor gráfico Origin. Como resultado, o editor fornecerá outro gráfico que, utilizado em conjunto com a Tabela 3.1, fornece o valor de qualquer resistência no intervalo medido. Veja-se, a seguir, o novo gráfico. Eletro_3.indd 38 14/06/2012 21:50:45 Estudo de Elementos Não Lineares | Figura 3.6 39 Derivada dV/dI (Resistência) versus Corrente elétrica, gerado pelo editor gráfico Origin, para o circuito utilizado no experimento I. Valendo-se da Equação 3.6, montou-se uma tabela com todos os valores da resistência instantânea do circuito, medidos no intervalo de 1 V a 24 V. Tabela 3.2 Eletro_3.indd 39 Valores da tensão (V), da corrente elétrica (A) e da resistência instantânea (Ω) medidos no circuito. V I R V I R 1,045±0,001 0,036±0,001 48,7±0,9 13,041±0,007 0,163±0,003 132±2 2,063±0,001 0,053±0,001 62,9±0,8 14,046±0,007 0,171±0,003 136±2 3,013±0,002 0,067±0,001 73,4±0,7 15,060±0,008 0,178±0,004 140±2 4,032±0,002 0,080±0,002 83±1 16,023±0,008 0,185±0,004 143±2 5,051±0,003 0,092±0,002 90±1 17,001±0,009 0,191±0,004 147±2 6,023±0,003 0,102±0,002 97±1 18,063±0,009 0,198±0,004 150±2 7,023±0,004 0,112±0,002 103±1 19,04±0,01 0,206±0,004 154±2 8,012±0,004 0,122±0,002 109±1 20,06±0,01 0,211±0,004 157±2 9,042±0,005 0,131±0,003 114±2 21,00±0,01 0,217±0,004 159±2 10,032±0,005 0,139±0,003 118±2 22,04±0,01 0,223±0,004 162±2 11,052±0,006 0,148±0,003 124±2 23,05±0,01 0,229±0,005 165±2 12,030±0,006 0,156±0,003 128±2 24,03±0,01 0,234±0,005 168±2 14/06/2012 21:50:46 40 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Como última etapa, calculou-se a resistência média entre os pontos 4 V e 10 V, uma vez que, observando-se a Figura 3.4, esse trecho corresponde à, aproximadamente, uma reta. Dessa forma, pode-se concluir que há uma dependência linear entre a tensão (V) e a corrente elétrica (I), sendo a resistência média (Rm) dada pela inclinação da reta compreendida entre esses pontos. Em notação matemática, tem-se que: V (10,032 0,005) (4,032 0,002) 6,032 0,003 I (0,139 0,003) (0,080 0,002) 0,059 0,001 (102 2) (3.7) R m tg 3.4.2. Experimento II Como primeiro passo, determinou-se, utilizando-se um ohmímetro, a resistência direta e reversa de um diodo Zener. A margem de erro do ohmímetro é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Os valores obtidos encontram-se transcritos na Tabela 3.3. Tabela 3.3 Valores da resistência direta e reversa de um diodo Zener. Resistência direta (Ω) Resistência reversa (Ω) 3269±5 ∞ Em seguida, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão variável, um amperímetro, um resistor de resistência (551,3±0,8) Ω e o diodo Zener medido anteriormente, ligado em sua forma direta. A Figura 3.7 representa o circuito citado. Eletro_3.indd 40 14/06/2012 21:50:46 Estudo de Elementos Não Lineares | Figura 3.7 41 Desenho esquemático do circuito montado no experimento II. Montado o circuito, variou-se a tensão fornecida pela fonte de 0 V até 0,8 V, em intervalos de, aproximadamente, 0,1 V. Os valores exibidos pelo amperímetro foram anotados e encontram-se transcritos na Tabela 3.4. Tabela 3.4 Eletro_3.indd 41 Valores da tensão e da corrente elétrica do diodo Zener utilizado no experimento II. Tensão (V) Corrente Elétrica (A) 0,0 0,0 0,1 0,0 0,2 1,0 10 –8 0,3 3,0 10 –8 0,4 1,1 10 –7 0,5 8,9 10 –7 0,6 9,4 10 –6 0,7 2,9 10 –4 0,8 1,0 10 –2 14/06/2012 21:50:46 42 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Em seguida, inverteu-se a polaridade do diodo, conforme indica a Figura 3.8 a seguir. Figura 3.8 Desenho esquemático do circuito montado no experimento II, com a polaridade do diodo invertida. Após montar o circuito, ajustou-se a tensão da fonte de tal forma a ter no diodo uma corrente elétrica de 0 A a 40 10 –3 A, em intervalos de, aproximadamente, 5 10 –3 A. Os valores obtidos estão transcritos na Tabela 3.5. Tabela 3.5 Valores da tensão e da corrente elétrica do diodo Zener, com polaridade invertida. Corrente Elétrica (A) Tensão (V) 0,000 0,00 5 10 Eletro_3.indd 42 –3 6,24 10 10 –3 6,28 15 10 –3 6,31 20 10 –3 6,34 25 10 –3 6,37 30 10 –3 6,39 35 10 –3 6,44 40 10 –3 6,47 14/06/2012 21:50:46 Estudo de Elementos Não Lineares | 3.5. 43 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Objetivando não só determinar a resistência de uma lâmpada, mas também a caracterização de um diodo, foram realizados dois experimentos. No primeiro experimento, montou-se um circuito formado por uma lâmpada, uma fonte de tensão variável e um amperímetro. Montando o circuito, variou-se a tensão de 1 V a 24 V, e obteve-se 24 valores para a corrente elétrica. Com esses dados, estabeleceu-se um gráfico da tensão (V) versus corrente elétrica (I). Como o gráfico gerado corresponde a uma parábola, o circuito possui um elemento não linear (lâmpada), não se podendo determinar uma resistência geral para o elemento, mas, sim, uma resistência local ou instantânea para um determinado valor de tensão e corrente. Por exemplo, considerando-se o ponto correspondente a (8,012±0,004) V e a (0,122±0,002) A, o valor da resistência para esse ponto é de (109±1) Ω. Outro aspecto do gráfico da tensão (V) versus corrente elétrica (I) é que no trecho compreendido entre os pontos 4 V e 10 V, o gráfico se comporta como um reta, possuindo, dessa forma, um trecho de resistência média (Rm) igual a (102±2) Ω. O comportamento não linear da lâmpada é explicado pelo fato de que a resistência de seu filamento de tungstênio varia com o aumento da temperatura. No experimento II, determinou-se a resistência de um diodo Zener, medindo-o com um ohmímetro em sua posição direta e reversa. Os valores obtidos foram (3269±5) Ω na posição direta e infinito (∞) para a posição reversa, permitindo, portanto, a passagem de corrente elétrica, com facilidade, num sentido, e oferecendo uma grande resistência à sua passagem no sentido contrário. Logo após esse procedimento, montou-se um circuito composto por esse diodo (colocado em sua polaridade direta), uma fonte de tensão regulável, um resistor (551,3±0,8) Ω e um amperímetro. Em seguida, variou-se a tensão de 0 V a 0,8 V, anotando-se os valores da corrente elétrica do diodo. Com base nos dados obtidos, percebe-se que há um aumento da corrente somente quando a tensão ultrapassa a faixa dos 0,7 V, sendo, antes desse valor, a corrente muito pequena. Um segundo teste foi feito com esse mesmo diodo, ligando-o com sua polaridade invertida nesse mesmo circuito. Nessa situação, ajustou-se a tensão da fonte de tal forma a ter no diodo uma corrente elétrica de 0 A a 40 10 –3 A. Nesse caso, é possível afirmar que a tensão permaneceu praticamente constante, em torno de 6,36 V. Eletro_3.indd 43 14/06/2012 21:50:46 44 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Como fica evidente pela leitura deste texto, todos os experimentos trataram de elementos não lineares ou não ôhmicos. Para tal tarefa, utilizou-se uma lâmpada, que possui uma resistência que varia com o aumento da temperatura, e um diodo Zener, que possui uma zona de trabalho específica, na qual sua tensão de saída varia muito pouco, funcionando como uma espécie de chave seletora. Eletro_3.indd 44 14/06/2012 21:50:46 4 SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS E CAMPOS ELÉTRICOS 4.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática aqui relatada é mapear as superfícies equipotenciais de diferentes configurações de cargas e, por meio dessas superfícies, desenhar as linhas do campo elétrico. Para alcançar tal objetivo, realizaram-se quatro experimentos que aqui serão descritos. 4.2. INTRODUÇÃO A força que uma carga elétrica exerce sobre outra é um exemplo de força de ação à distância, semelhante à força gravitacional de uma massa sobre ou tra. Uma carga elétrica provoca um campo elétrico E em todo o espaço, e é este campo que atua sobre outra partícula a certa distância. A força exercida sobre a partícula distante é devida ao campo elétrico produzido pela primeira carga e não diretamente por ela. A força é uma grandeza vetorial, de modo que o campo elétrico também o é. Desse modo, define-se o campo vetorial E em um ponto como a força elé trica Fe que atua sobre uma carga q0 nesse ponto, dividido pela carga q0. Ou seja, o campo elétrico em um dado ponto é igual à força elétrica por unidade de carga que atua sobre uma carga situada nesse ponto: Fe E q0 (4.1) Pode-se figurar o campo elétrico mediante curvas que indicam a respecti va direção e sentido. Em qualquer ponto do campo, o vetor do campo E é tangente a uma das curvas. As linhas do campo elétrico são também chamadas linhas de força, pois mostram, em cada ponto, a direção da força que se exerce sobre uma carga de prova positiva. De qualquer ponto ocupado por uma carga positiva, as linhas de força se irradiam para além da carga. As linhas do campo Eletro_4.indd 45 14/06/2012 22:01:26 46 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS elétrico, ao contrário, convergem para qualquer ponto ocupado por uma carga negativa. É importante salientar que duas linhas do campo nunca têm um pon to de cruzamento, o que indicaria duas direções do campo E num mesmo ponto do campo. Denomina-se potencial elétrico a energia potencial por unidade de carga. Define-se o potencial elétrico V, em qualquer ponto de um campo elétrico, como a energia potencial U por unidade de carga associada com uma carga de teste q0 nesse ponto: U V Vb V a q0 b a E d (4.2) Do mesmo modo que as linhas de campo auxiliam a visualização de um campo elétrico, os potenciais em diversos pontos de um campo elétrico podem ser representados graficamente por suas superfícies equipotenciais. Assim, denomina-se superfície equipotencial uma superfície tridimensional sobre a qual o potencial elétrico V permanece constante em todos os seus pontos. Em qualquer ponto, as linhas de força do campo são perpendiculares à superfície equipotencial que passa por ele. O potencial (em relação ao potencial nulo no infinito) de um condutor finito, isolado, com carga Q, é proporcional a esta carga e depende do tamanho e da forma do condutor. Em geral, quanto maior o condutor, maior a quantidade de carga que pode reter para um dado potencial. A razão entre a carga Q e o potencial V de um condutor isolado é a capacitância C. No caso específico de um capacitor formado por placas paralelas, com um campo elétrico uniforme entre elas, tem-se que: C Q A 0 Vab d (4.3) onde ε0 é uma constante denominada permissividade do vácuo, cujo valor é 8,85 10 –12 F/m; A é área da placa; e d é a distância entre as placas. Eletro_4.indd 46 14/06/2012 22:01:27 Superfícies Equipotenciais e Campos Elétricos | 4.3. 47 MATERIAL UTILIZADO • Conjunto de eletrodos e fios; • Cuba eletrolítica; • Fonte de tensão alternada; • Papel milimetrado; • Solução de NaCl; • Voltímetro. 4.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Em todos os experimentos, montou-se o circuito representado pela Figura 4.1. Figura 4.1 Esquema geral do circuito utilizado em todos os experimentos realizados nesta prática. Visando uma maior familiarização com a montagem do circuito esquematizado na Figura 4.1, encontra-se, a seguir, uma fotografia do equipamento utilizado. Eletro_4.indd 47 14/06/2012 22:01:27 48 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 4.2 4.4.1. Fotografia do equipamento utilizado nos experimentos descritos neste capítulo. Experimento I Como primeiro passo, montou-se o circuito representado pela Figura 4.1, utilizando-se dois eletrodos puntiformes. Em seguida, colocou-se uma folha de papel milimetrado sob a cuba eletrolítica para servir como referência. Utilizando-se outra folha de papel milimetrado, aqui denominada de guia, anotou-se a posição dos dois eletrodos. Uma vez anotada no papel guia a posição dos eletrodos, ligou-se a fonte de tensão alternada em 12 V e, utilizando-se um voltímetro, mediu-se a ddp (diferença de potencial) V em vários pontos entre os dois eletrodos, anotando-se, no papel guia, a posição e o valor de cada ponto. Logo após anotar a posição dos pontos no papel guia, procurou-se por outros pontos cuja ddp fosse igual às encontradas anteriormente, anotando-se a posição e valor de cada ponto. Em seguida, os pontos de mesma ddp foram unidos, representando, dessa forma, as superfícies equipotenciais do circuito estudado. Uma vez desenhadas as superfícies equipotenciais, foi possível obter as linhas do campo elétrico do circuito, que são sempre perpendiculares às superfícies equipotenciais e partem da superfície de maior potencial para a de menor potencial, sendo o ponto A o de menor potencial e comum na Figura 4.1. O desenho que representa as superfícies equipotenciais e as linhas do campo elétrico se encontra na Figura 4.3. Eletro_4.indd 48 14/06/2012 22:01:27 Superfícies Equipotenciais e Campos Elétricos | Figura 4.3 49 Fotografia das superfícies equipotenciais e das linhas de força referentes ao experimento I. Superfície equipotenciais e Linhas de força referente ao experimento I 4.4.2. Experimento II Neste experimento repetiram-se os mesmos procedimentos utilizados no experimento I. Neste, no entanto, utilizou-se um eletrodo puntiforme e um eletrodo plano. O desenho que representa as superfícies equipotenciais e as linhas do campo elétrico se encontra na Figura 4.4. Figura 4.4 Fotografia das superfícies equipotenciais e das linhas de força referentes ao experimento II. Superfície equipotenciais e Linhas de força referente ao experimento II Eletro_4.indd 49 14/06/2012 22:01:27 50 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 4.4.3. Experimento III Neste experimento repetiram-se os mesmos procedimentos utilizados nos experimentos I e II. Contudo, neste, utilizaram-se dois eletrodos planos. O desenho que representa as superfícies equipotenciais e as linhas do campo elétrico se encontra na Figura 4.5. Figura 4.5 Fotografia das superfícies equipotenciais e das linhas de força referentes ao experimento III. Superfície equipotenciais e Linhas de força referente ao experimento III 4.4.4. Experimento IV Neste quarto experimento, os procedimentos utilizados nos experimentos anteriores foram repetidos, sendo que a diferença entre este e os outros é que neste utilizaram-se dois eletrodos cilíndricos de tamanhos diferentes. Estes eletrodos foram colocados na cuba eletrolítica de forma a ficarem concêntricos. Neste experimento, além de medir a ddp entre os dois eletrodos, mediu-se também a ddp em alguns pontos na região mais interna do sistema (dentro do eletrodo de menor diâmetro) e na região mais externa (fora do eletrodo de maior diâmetro). O desenho que representa as superfícies equipotenciais e as linhas do campo elétrico se encontra na Figura 4.6 a seguir. Veja-se. Eletro_4.indd 50 14/06/2012 22:01:28 Superfícies Equipotenciais e Campos Elétricos | Figura 4.6 51 Fotografia das superfícies equipotenciais e das linhas de força referentes ao experimento IV. Superfície equipotenciais e Linhas de força referente ao experimento IV Questões 1. Explique o significado dos termos: Linhas de força, Campo elétrico e Superfície equipotencial. Linhas de força ou linhas do campo elétrico são linhas retas ou curvas imaginárias, desenhadas passando por uma região do espaço, de modo que a sua tangente em qualquer ponto forneça a direção e o sentido do campo elétrico no ponto considerado. Campo elétrico é definido como uma alteração introduzida no espaço pela presença de um corpo com carga elétrica, de modo que qualquer outra carga de prova localizada ao redor indicará sua presença. Superfície equipotencial é o conjunto de pontos no espaço sobre o qual o potencial elétrico V permanece constante em todos os seus pontos. 2. Explique como se determina experimentalmente uma superfície equipotencial e como se chega às linhas de campo. Para se determinar experimentalmente uma superfície equipotencial, deve-se proceder como descrito no experimento I. Eletro_4.indd 51 14/06/2012 22:01:28 52 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 3. Calcule o campo entre duas placas planas paralelas, cujas ddp é 10V e a distância entre elas é de 5 cm (despreze efeitos de borda). Se a área das placas for de 50 cm2, qual será a capacitância deste sistema? Para se calcular o campo elétrico entre duas placas planas paralelas, deve-se utilizar a Equação 4.2, considerando-se o campo elétrico constante: b 0 10 Vb V a E d 10 Ed 0,05 E a E 0,05 10 E 200 V m 200 N C 0,05 (4.4) Já para se calcular a capacitância do sistema, deve-se utilizar a Equação 4.3: C 0 A 0,005 C 8,85 10 12 d 0,05 C 8,85 10 13 F 0,885pF 4.5. (4.5) DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Com o intuito de não só mapear as superfícies equipotenciais de diferentes configurações de cargas, mas também desenhar as linhas do campo elétrico, foram realizados quatro experimentos. No primeiro experimento, obtiveram-se as superfícies equipotenciais de um sistema composto por dois eletrodos puntiformes. Por meio dessas superfícies, foi possível desenhar as linhas do campo elétrico desse sistema, que são sempre perpendiculares às superfícies equipotenciais e partem da região de maior potencial para a região de menor potencial. No experimento II, desenharam-se as superfícies equipotenciais de um circuito formado por um eletrodo puntiforme e um eletrodo plano. Assim como no primeiro experimento, por meio das superfícies equipotenciais, foi possível obter as linhas do campo elétrico desse circuito, que são sempre perpendiculares às superfícies e partem do eletrodo plano para o eletrodo puntiforme. Nas proximidades do eletrodo plano, o campo elétrico é praticamente constante, visto que as linhas de força são paralelas e eqüidistantes. Eletro_4.indd 52 14/06/2012 22:01:28 Superfícies Equipotenciais e Campos Elétricos | 53 No terceiro experimento, determinaram-se as superfícies equipotenciais de um sistema formado por dois eletrodos planos. Assim como nos dois experimentos anteriores, por meio dessas superfícies, foi possível obter as linhas de força, que são sempre perpendiculares às superfícies equipotenciais e partem da região de maior potencial para a região de menor potencial. O campo elétrico desse sistema de cargas é dito uniforme, pois as linhas de força são paralelas e eqüidistantes. No último experimento, obtiveram-se as superfícies equipotenciais de um circuito formado por dois eletrodos cilíndricos de tamanhos diferentes, dispostos de forma a ficarem concêntricos. As linhas do campo elétrico, assim como nos outros experimentos, são sempre perpendiculares as superfícies equipotenciais, partindo do eletrodo de menor diâmetro e terminando no eletrodo de maior diâmetro. Neste experimento, mediu-se também a ddp no interior do eletrodo de menor diâmetro e fora do eletrodo de maior diâmetro. Nesse caso, a ddp medida no interior do eletrodo de menor diâmetro foi constante (12,6±0,1) V, devido ao equilíbrio eletrostático, que diz que todo excesso de carga colocado em um condutor será encontrada inteiramente sobre sua superfície. Já na região exterior ao eletrodo de maior diâmetro, a ddp medida foi igual a zero, fato que se deve também ao equilíbrio eletrostático. Como fica evidente pela leitura deste capítulo, em todos os experimentos foi possível desenhar as superfícies equipotenciais e, a partir delas, obter as linhas de campo do campo elétrico para qualquer configuração de cargas. Eletro_4.indd 53 14/06/2012 22:01:28 Eletro_4.indd 54 14/06/2012 22:01:29 5 ESTUDO DAS LEIS DE KIRCHHOFF 5.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática relatada aqui é verificar, experimentalmente, as leis de Kirchhoff. Para atingir tal objetivo, realizaram-se dois experimentos sobre o qual se pauta então a descrição abaixo. 5.2. INTRODUÇÃO Muitos circuitos envolvendo resistores não podem ser reduzidos a combinações simples de resistores em série e em paralelo. A Figura 5.1 é um exemplo de circuito que não pode ser analisado pela substituição de combinações de resistores em série ou em paralelo por outros resistores equivalentes. Os resistores não se encontram em paralelo, ou seja, não estão sob a mesma ddp. Também não estão em série, pois não conduzem a mesma corrente. Figura 5.1 Exemplo de circuito que não pode ser reduzido a combinações simples de resistores em série ou em paralelo. Não é necessário utilizar nenhum princípio novo para encontrar as correntes nesse circuito; contudo, existem algumas técnicas que auxiliam a resol- Eletro_5.indd 55 14/06/2012 22:02:06 56 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS ver tais problemas de modo sistemático. O comportamento dos circuitos elétricos é governado por duas leis básicas chamadas Leis de Kirchhoff, em homenagem ao físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887), e decorrem diretamente das leis de conservação de carga e da energia existentes no circuito. Antes do enunciado das referidas leis, torna-se, entretanto, necessário a introdução de algumas definições básicas: • Ramo: é a representação de um único componente conectado entre dois nós, tal como um resistor ou uma fonte de tensão. • Nó: é o ponto de junção entre dois ou mais ramos. • Circuito fechado: é o caminho (fechado) formado por um nó de partida, passando por um conjunto de nós e retornando ao nó de partida, sem passar por qualquer nó mais de uma vez. • Malha: é um caminho fechado que não contém dentro de si outro caminho fechado. O caminho fechado mais externo do circuito é denominado malha externa e inclui todos os elementos do circuito no seu interior. As demais malhas são denominadas malhas internas. Observando a Figura 5.1, nota-se que o circuito é composto por três malhas: ABEF, BCDE e ABCDEF. Os pontos B e E formam dois nós, em que se interligam geradores e resistores, constituindo três ramos distintos: o ramo à esquerda, composto por V6, R1, V1 e V2; o ramo central, composto por V3 e R2; e o ramo da direita, formado por R5, V5, R4, V4 e R3. Após essas considerações, podem-se enunciar as leis de Kirchhoff: • 1ª Lei de Kirchhoff das correntes – A soma algébrica das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que saem do mesmo nó. As correntes que entram em um nó são consideradas positivas e as que saem são consideradas negativas. Logo, a soma algébrica das correntes é nula em qualquer instante de tempo. I 0 i 1 i 2 i 3 ... i n 0 (5.1) • 2ª Lei de Kirchhoff das tensões – A soma das elevações de potencial ao longo de um percurso fechado qualquer (malha) é igual à soma das Eletro_5.indd 56 14/06/2012 22:02:08 Estudo das Leis de Kirchhoff | 57 quedas de potencial no mesmo percurso fechado. Assumindo-se que as quedas de potencial (sentido do percurso do terminal positivo para o negativo) são negativas ao longo do trajeto e que as elevações de potencial (sentido do percurso do terminal negativo para o positivo) são positivas, a 2ª Lei de Kirchhoff estabelece que a soma algébrica das tensões em um percurso fechado é nula. V 0 V 1 V R 1 ... Vn V R n 0 (5.2) onde Vn é a tensão fornecida pela fonte ou gerador, e VRn é dada pela lei de Ohm. 5.3. MATERIAL UTILIZADO • Amperímetro; • Fonte de 3V; • Fonte de 5V; • Fonte de tensão contínua regulável; • Ohmímetro; • Resistores diversos; • Voltímetro. 5.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS 5.4.1. Experimento I Como primeiro passo, determinou-se o valor da resistência de três resistores, utilizando-se para tal tarefa um ohmímetro. Os valores obtidos para os três resistores, que serão chamados de R1, R2 e R3, se encontram na Tabela 5.1, lembrando que a margem de erro do ohmímetro é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Tabela 5.1 Eletro_5.indd 57 Valores das resistências utilizadas no experimento I. R1 (Ω) R2 (Ω) R3 (Ω) 2177±3 996±1 810±1 14/06/2012 22:02:08 58 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Uma vez determinados os valores dos resistores, montou-se o circuito esquematizado na Figura 5.2. Figura 5.2 Desenho esquemático do circuito montado no experimento I. Em seguida, mediu-se a tensão de cada componente do circuito. Para realizar tal tarefa, utilizou-se um voltímetro ligado em paralelo com cada componente. A margem de erro do voltímetro é de 0,05%, conforme especificado no manual do instrumento. Os valores obtidos estão transcritos na Tabela 5.2. Veja-se. Tabela 5.2 Valores da tensão de cada componente do circuito utilizado no experimento I. Componente Tensão (V) V1 6,093±0,003 V2 5,061±0,003 V3 3,075±0,002 R1 1,764±0,001 R2 0,732±0,001 R3 1,253±0,001 Após medir a tensão em cada componente do circuito, verificou-se a corrente elétrica em cada ramo do circuito (A, B e C). Para tal empreendimento, utilizou-se um amperímetro ligado em série em cada ramo do circuito. A margem de erro do amperímetro é de 0,5%, conforme indicado no manual do aparelho. Os valores medidos estão transcritos na Tabela 5.3. Eletro_5.indd 58 14/06/2012 22:02:08 Estudo das Leis de Kirchhoff | Tabela 5.3 59 Valores da corrente elétrica em cada ramo do circuito utilizado no experimento I. Ramo Corrente elétrica (A) A 8,08 10 –4 ± 0,04 10 –4 B 7,35 10 –4 ± 0,04 10 –4 C 1,54 10 –3 ± 0,08 10 –4 Outro método para se determinar o valor das correntes elétricas nos ramos A e C, é utilizar a 2ª Lei de Kirchhoff (Equação 5.2). Assim, considerou-se o sentido horário para as correntes nas duas malhas. Em termos matemáticos, tem-se: Malha A: V1 R1 I 1 R 2 I 1 R 2 I 2 V2 0 (6,093 0,003) (2177 3) I 1 (996 1) I 1 (996 1) I 2 (5,061 0,003) 0 (3173 4) I 1 (996 1) I 2 (1,032 0,006) (5.3) Malha C: V2 R 2 I 2 R 2 I 1 R 3 I 2 V3 (5,061 0,003) (996 1) I 2 (996 1) I 1 (810 1) I 2 (3,075 0,002) 0 (1,986 0,005) (996 1) I 1 (1806 2) I 2 (5.4) Montando-se um sistema com as Equações 5.3 e 5.4, tem-se: (1,032 0,006) (3173 4) I 1 (996 1) I 2 (1,986 0,005) (996 1) I 1 (1806 2) I 2 (5.5) Para resolver o sistema e, conseqüentemente, encontrar os valores de I1 e I2, utiliza-se o método de Cramer, ou seja: Eletro_5.indd 59 14/06/2012 22:02:08 60 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS det I1 (1,032 0,006) (996 1) (1,986 0,005) (1806 2) 3173 4 996 1 det 996 1 1806 2 det I2 (3173 4) (1,032 0,006) (996 1) (1,986 0,005) (3173 4) (996 1) det (996 1) (1806 2) (0,811 10 3 0,007 10 3 )A (5.6) (1,55 10 3 0,01 10 3 )A (5.7) Para determinar o valor da corrente I3 no ramo B (ramo central), deve-se utilizar a 1ª Lei de Kirchhoff (Equação 5.1): I1 I 3 I 2 I 3 I 2 I1 I 3 (1,55 10 3 0,01 10 3 ) (0,811 10 3 0,007 10 3 ) (0,74 10 3 0,02 10 3 )A (5.8) Calculados os valores das correntes dos três ramos pelas Leis de Kirchhoff, foi possível não só compará-los com os valores medidos pelo amperímetro, mas também calcular a diferença percentual entre eles. Tabela 5.4 Comparação entre os valores da corrente elétrica medidos pelo amperímetro e os valores calculados pelas Leis de Kirchhoff no experimento I. Ramo Valor medido pelo amperímetro (A) Valor calculado pelas Leis de Kirchhoff (A) Diferença percentual (%) A 8,08 10 –4 ± 0,04 10 –4 8,11 10 –4 ± 0,07 10 –4 0,37 B 7,35 10 –4 ± 0,04 10 –4 7,4 10 –4 ± 0,2 10 –4 0,68 C 1,54 10 –3 ± 0,08 10 –4 1,55 10 –3 ± 0,01 10 –3 0,39 O procedimento adotado acima para as correntes foi também empregado para as tensões dos componentes do circuito, lembrando que, para os resistores, a tensão V é dada pela lei de Ohm (V R I ). Eletro_5.indd 60 14/06/2012 22:02:09 Estudo das Leis de Kirchhoff | Tabela 5.5 Comparação entre os valores da tensão medidos pelo voltímetro e os valores calculados pelas Leis de Kirchhoff para cada componente do circuito utilizado no experimento I. Componente Valor medido pelo voltímetro (V) Valor calculado pelas Leis de Kirchhoff (V) Diferença percentual (%) V1 6,093±0,003 6,093±0,003 0,00 V2 5,061±0,003 5,061±0,003 0,00 V3 3,075±0,002 3,075±0,002 0,00 R1 1,764±0,001 1,77±0,02 0,34 R2 0,732±0,001 0,74±0,02 1,09 R3 1,253±0,001 1,26±0,01 0,56 5.4.1. 61 Experimento II Inicialmente, determinou-se o valor da resistência de cinco resistores, utilizando-se para tal tarefa um ohmímetro. Os valores obtidos para os cinco resistores, que aqui serão chamados de R1, R2, R3, R4 e R5, estão transcritos na Tabela 5.6, lembrando que a margem de erro do ohmímetro é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Tabela 5.6 Valores das resistências utilizadas no experimento II. R1 (Ω) R2 (Ω) R3 (Ω) R4 (Ω) R5 (Ω) 996±1 219,0±0,3 10,01±0,02 68,0±0,1 178,0±0,3 Após determinar o valor das resistências dos cinco resistores, montou-se o circuito esquematizado na Figura 5.3. Montado o circuito, mediu-se, por meio de um amperímetro, o valor da corrente elétrica no ramo γ. Mediu-se também, utilizando-se um voltímetro, a tensão no resistor R5 (178,0±0,3) Ω. A margem de erro do voltímetro e do amperímetro é de 0,05% e de 0,5%, respectivamente. Veja-se, na Tabela 5.7, os resultados obtidos. Eletro_5.indd 61 14/06/2012 22:02:09 62 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 5.3 Desenho esquemático do circuito montado no experimento II. Tabela 5.7 Valores da corrente elétrica no ramo γ e da tensão no resistor R5 medidos no circuito montado no experimento II. Corrente no ramo γ (A) Tensão no resistor R5 (V) 2,48 10 –2 ± 0,01 10 –2 1,572 ± 0,04 10 –4 Para constatar a veracidade desses valores, empregou-se a 2ª Lei de Kirchhoff (Equação 5.2), de modo a obter os valores das correntes nos ramos α e β. Para tanto, considerou-se o sentido horário para as correntes nos dois ramos. Matematicamente, tem-se: Malha α: (10,00 0,01) (219,0 0,3) I (219,0 0,3) I (5,061 0,003) (178,0 0,3) I (996 1) I 0 (1393 2) I (219,0 0,3) I (4,94 0,01) (5.9) Malha β: (5,061 0,003) (219,0 0,3) I (219,0 0,3) I (3,075 0,002) (10,01 0,02) I (68,0 0,1) I 0 (219,0 0,3) I (297,0 0, 4) I (8,136 0,005) (5.10) Montando-se um sistema com as Equações 5.9 e 5.10, tem-se: Eletro_5.indd 62 14/06/2012 22:02:09 Estudo das Leis de Kirchhoff | (4,94 0,01) (1393 2) I (219,0 0,3) I (8,136 0,005) (219,0 0,3) I (297,0 0, 4) I 63 (5.11) Para resolver o sistema e, conseqüentemente, encontrar os valores de Iα e Iβ, utiliza-se o método de Cramer, ou seja: det I (4,94 0,01) det det I (219,0 0,3) (8,136 0,005) (297,0 0, 4) (1393 2) (219,0 0,03) (8,88 10 3 0,06 10 3 )A (5.12) (219,0 0,3) (297,0 0, 4) (1393 2) (4,94 0,01) (219,0 0,3) (8,136 0,005) (1393 2) (219,0 0,3) det (219 0,3) (297,0 0, 4) (3,39 10 2 0,02 10 2 )A (5.13) Para determinar o valor da corrente Iγ no ramo γ (ramo central), deve-se utilizar a 1ª Lei de Kirchhoff (Equação 5.1), ou seja: I I I I I I I (3,39 10 2 0,02 10 2 ) (8,88 10 3 0,06 10 3 ) (2,50 10 2 0,03 10 2 )A (5.14) Determinado o valor da corrente no ramo α, foi possível determinar a tensão no resistor R5, utilizando-se, para tanto, a lei de Ohm. Observe-se, abaixo, o cálculo realizado. V R 5 R 5 I V R 5 (178,0 0,3) (8,88 10 3 0,06 10 3 ) (1,58 0,01)V (5.15) Após determinar o valor da tensão no resistor R5, foi possível comparar os valores da corrente e da tensão obtidos por meio dos aparelhos (voltímetro e amperímetro) com os valores calculados pelas Leis de Kirchhoff e de Ohm. As Tabelas 5.8 e 5.9 resumem o que foi relatado. Eletro_5.indd 63 14/06/2012 22:02:09 64 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tabela 5.8 Comparação entre o valor da tensão medido pelo voltímetro e o valor calculado pelas Leis de Kirchhoff para o resistor R5 utilizado no experimento II. Valor medido pelo voltímetro (V) Valor calculado pelas Leis de Kirchhoff (V) Diferença percentual (%) 1,572 ± 0,001 1,58 ± 0,01 0,51 Tabela 5.9 Comparação entre o valor da corrente elétrica medida pelo amperímetro e o valor calculado pelas Leis de Kirchhoff para o ramo γ do circuito utilizado no experimento II. Valor medido pelo amperímetro (A) Valor calculado pelas Leis de Kirchhoff (V) Diferença percentual (%) 2,48 10 –2 ± 0,01 10 –2 2,50 10 –2 ± 0,03 10 –2 0,81 5.5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Objetivando verificar experimentalmente as Leis de Kirchhoff, foram realizados dois experimentos. No primeiro deles, montou-se um circuito composto por 3 resistores e 3 fontes de tensão. Como etapa inicial, mediu-se a tensão de cada componente (Tabela 5.2) e a corrente em cada ramo do circuito (Tabela 5.3). Em seguida, os valores das tensões de cada componente do circuito e das correntes em cada ramo do circuito foram calculados, utilizando-se, para tal tarefa, as Leis de Kirchhoff (Equações 5.1 e 5.2). Desse modo, foi possível comparar os valores medidos experimentalmente com os valores calculados teoricamente. Observando-se a Tabela 5.4, que contém os valores da corrente obtidos pelos dois métodos, é possível afirmar que a diferença percentual média entre eles é de, aproximadamente, 0,48%. Já em relação à Tabela 5.5, que contém os valores da tensão de cada componente obtidos pelos dois métodos, constata-se que a diferença percentual média entre eles é de, aproximadamente, 0,66%. No experimento II, montou-se um circuito formado por 5 resistores e 3 fontes de tensão. Uma vez montado o circuito, mediu-se, utilizando-se um amperímetro, o valor da corrente elétrica no ramo central (ramo γ). Mediu-se também, por meio de um voltímetro, a tensão no resistor R5 (178,0±0,3) Ω. Os Eletro_5.indd 64 14/06/2012 22:02:10 Estudo das Leis de Kirchhoff | 65 valores obtidos estão transcritos na Tabela 5.7. Em seguida, esses mesmos valores foram calculados, utilizando-se, então, as Leis de Kirchhoff e de Ohm (Equações 5.1 e 5.2). Feito isso, foi possível comparar os valores medidos experimentalmente com os valores calculados teoricamente. Observando-se a Tabela 5.8, verifica-se que a diferença percentual entre o valor da tensão medido experimentalmente e o valor calculado teoricamente é de apenas 0,51%. Examinando a Tabela 5.9, constata-se que a diferença percentual entre o valor medido experimentalmente e o valor calculado pelas Leis de Kirchhoff, para a corrente no ramo γ, é de 0,81%. Como se pode observar pela leitura deste capítulo, todos os experimentos têm como base as Leis de Kirchhoff. Nos dois experimentos realizados, verificou-se uma pequena diferença entre os valores medidos e os valores calculados pelas Leis de Kirchhoff (valores teóricos). Essa diferença pode ser atribuída não só à dissipação da corrente elétrica em forma de calor, mas também a possíveis erros experimentais, como a medida incorreta de uma grandeza ou a falta de precisão do instrumento utilizado. De qualquer forma, como as diferenças foram muito pequenas, é possível afirmar que a Lei de Kirchhoff é válida. Eletro_5.indd 65 14/06/2012 22:02:10 Eletro_5.indd 66 14/06/2012 22:02:10 6 ESTUDO DO CIRCUITO RC E DESCARGA DE CAPACITORES 6.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática aqui relatada é determinar a constante de tempo τ em um circuito RC, assim como a capacitância equivalente relativa à associação de capacitores em série e em paralelo. Para atingir tal objetivo, realizaram-se três experimentos que aqui serão apresentados. 6.1. INTRODUÇÃO Um capacitor é um sistema constituído de dois condutores separados por um isolante (ou imersos no vácuo). Usualmente, o capacitor é carregado pela transferência de uma carga Q de um para outro condutor, de modo que um deles fique com carga +Q e o outro com carga –Q. O campo elétrico em qualquer ponto na região entre os condutores é proporcional ao módulo Q da carga em cada condutor. A partir disso, conclui-se que a tensão V entre os condutores também é proporcional à Q. A razão entre a carga Q e a tensão V de um condutor isolado é a capacitância C. No caso específico de um capacitor formado por placas paralelas, com um campo elétrico uniforme entre elas, tem-se que: C Q A 0 V d (5.9) onde ε0 é uma constante denominada permissividade do vácuo, cujo valor é 8,85 10 12 F/m; A é área da placa; e d é a distância entre as placas. Assim como os resistores, é muito comum que se usem dois ou mais capacitores associados. A análise de um circuito, muitas vezes, pode ser simplificada pela substituição de dois ou mais capacitores por um capacitor equivalente (Ceq). Com referência a esse fato, as duas associações mais utilizadas são: • Associação em série: quando todos os capacitores estão ligados em seqüência, como indicado na Figura 6.1 a seguir. Eletro_6.indd 67 14/06/2012 22:21:01 68 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 6.1 Associação em série de capacitores. Nesse tipo de associação, a carga Q acumulada é a mesma em todas as placas dos capacitores; a tensão V, contudo, não é a mesma. Assim, para qualquer número de capacitores conectados em série, o inverso da capacitância equivalente é igual à soma dos inversos das capacitâncias individuais, ou seja: 1 1 1 1 C eq C1 C 2 C 3 (6.2) • Associação em paralelo: quando todos os capacitores estão submetidos à mesma tensão, como indicado na figura a seguir. Figura 6.2 Associação em paralelo de capacitores Na associação em paralelo, a carga Q acumulada não é a mesma em todos os capacitores, contudo, a tensão V é a mesma. Desse modo, a capacitância equivalente de qualquer número de capacitores conectados em paralelo é igual à soma das capacitâncias individuais, ou seja: C eq C1 C 2 C 3 (6.3) Um circuito constituído somente por um resistor e um capacitor é denominado circuito RC. A corrente nesse circuito circula num só sentido, mas o seu valor varia com o tempo devido à carga ou à descarga do capacitor. Desse modo, as Equações 6.4, 6.5, 6.6 e 6.7 a seguir representam, respectivamente, as Eletro_6.indd 68 14/06/2012 22:21:03 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | 69 equações da descarga, da carga, da corrente e da tensão de um capacitor em um circuito RC. Em todas as equações, o produto RC é uma constante denominada constante de tempo capacitiva do circuito (τ), e representa a velocidade de carga ou descarga do capacitor. t t Q(t ) Q 0 e RC Q0 e t (6.4) t Q(t ) Q f (1 e RC ) Q f (1 e ) t t I (t ) I 0 e RC I0 e t (6.6) t V (t ) V0 e RC V0 e 6.3. (6.5) (6.7) MATERIAL UTILIZADO • Capacitores; • Cronômetro; • Editor gráfico Origin; • Fonte de tensão contínua regulável; • Ohmímetro; • Resistor; • Voltímetro. 6.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Inicialmente, determinou-se, utilizando-se um ohmímetro, a resistência de um resistor. O valor obtido foi de (268,3×103±0,4×103) Ω, lembrando que a margem de erro do ohmímetro é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Uma vez determinado valor da resistência do resistor, este foi utilizado nos três experimentos que serão descritos a seguir. 6.4.1. Experimento I Como etapa inicial, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão contínua, um resistor, uma chave seletora S e um capacitor de capacitância nominal igual a (470±24) μF. A Figura 6.3 representa o circuito citado. Eletro_6.indd 69 14/06/2012 22:21:03 70 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 6.3 Desenho esquemático do circuito montado no experimento I. Após montar o circuito, a chave S foi fechada, efetuando-se, desse modo, a carga do capacitor. Carregado o capacitor, a chave S foi aberta, o que permitiu medir periodicamente a tensão daquele, em intervalos de, aproximadamente, 1 V. Para tal tarefa, foram utilizados um voltímetro e um cronômetro, considerando-se a margem de erro dos instrumentos iguais a 0,05% e a 0,5s, respectivamente. Tabela 6.1 Valores da tensão e do tempo, referentes à descarga do capacitor utilizado no experimento I. Tensão (V) Tempo (s) Tensão (V) Tempo (s) 20,00±0,01 0,0±0,0 9,000±0,005 105,0±0,5 19,00±0,01 7,0±0,5 8,000±0,004 120,0±0,5 18,00±0,01 14,0±0,5 7,000±0,004 138,0±0,5 17,00±0,01 21,0±0,5 6,000±0,003 158,0±0,5 16,00±0,01 29,0±0,5 5,000±0,003 183,0±0,5 15,00±0,01 38,0±0,5 4,000±0,002 212,0±0,5 14,00±0,01 47,0±0,5 3,000±0,002 251,0±0,5 13,00±0,01 57,0±0,5 2,000±0,001 306,0±0,5 12,00±0,01 67,0±0,5 1,000±0,001 403,0±0,5 11,00±0,01 78,0±0,5 1 10 ±1 10 1000,0±0,5 10,00±0,01 91,0±0,5 –2 –5 A partir dos valores contidos na Tabela 6.1, foi possível construir um gráfico da tensão em função do tempo, como se pode observar na Figura 6.4 a seguir. Eletro_6.indd 70 14/06/2012 22:21:03 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | Figura 6.4 71 Gráfico da Tensão (V) versus Tempo (s) referente à descarga do capacitor utilizado no experimento I. De acordo com a Figura 6.4, pode-se afirmar que o valor da tensão (V) tende à zero, exponencialmente. Calculando-se o logaritmo natural da tensão, obtém-se um novo gráfico, agora linearizado. Veja-se, abaixo, o novo gráfico. Figura 6.5 Eletro_6.indd 71 Gráfico do ln(Tensão) versus Tempo, onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. 14/06/2012 22:21:03 72 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Valendo-se do gráfico na Figura 6.5 e da Equação 6.7, foi possível determinar o valor da constante de tempo capacitiva (τ) do circuito. Observe, abaixo, o cálculo realizado. 1 1 B (131,9 0,3)s 3 7,58 10 2 10 5 (6.8) Uma vez determinado o valor de τ, calculou-se o valor da capacitância do capacitor utilizado no circuito. Para tanto, utilizou-se a seguinte expressão: RC C R 131,9 0,3 268,3 10 3 0, 4 10 3 4,92 10 4 0,02 10 4 (492 2)μF (6.9) Como fator de comparação, calculou-se a constante de tempo capacitiva (τ) por meio do valor nominal do capacitor e da resistência. Veja-se, a seguir, o cálculo realizado. R C (268,3 10 3 0, 4 10 3 ) (470 10 6 24 10 6 ) (126 7)s (6.10) Após determinar experimentalmente os valores da constante de tempo capacitiva e da capacitância, foi possível compará-los com os valores calculados teoricamente. A Tabela 6.2 apresenta um resumo dessas informações. Tabela 6.2 Comparação entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente da constante de tempo capacitiva e da capacitância, do capacitor utilizado no experimento I. Valor teórico Valor experimental Diferença percentual (%) Constante de tempo capacitiva (s) 126±7 131,9±0,3 4,40 Capacitância (μF) 470±24 492±2 4,47 Grandeza 6.4.2. Experimento II Inicialmente, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão contínua, um resistor, uma chave seletora S e dois capacitores associados em paralelo, com capacitâncias nominais idênticas ao do capacitor utilizado no experimento anterior. A Figura 6.6 representa o circuito montado. Eletro_6.indd 72 14/06/2012 22:21:03 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | Figura 6.6 73 Desenho esquemático do circuito montado no experimento II, contendo dois capacitores associados em paralelo. Depois de montar o circuito, a chave S foi fechada, efetuando-se, desse modo, a carga do capacitor. Após carregar o capacitor, a chave S foi aberta, permitindo medir periodicamente a tensão daquele, em intervalos de, aproximadamente, 1 V. Para tal tarefa, foram utilizados um voltímetro e um cronômetro, considerando-se a margem de erro dos instrumentos iguais a 0,05% e a 0,5s, respectivamente. Os resultados foram anotados e encontram-se transcritos na Tabela 6.3. Tabela 6.3 Valores da tensão e do tempo, referentes à descarga dos capacitores associados em paralelo utilizados no experimento II. Tensão (V) Tempo (s) Tensão (V) Tempo (s) 20,00±0,01 0,0±0,0 9,000±0 ,005 206,0±0,5 19,00±0,01 13,0±0,5 8,000±0,004 236,0±0,5 18,00±0,01 27,0±0,5 7,000±0,004 272,0±0,5 17,00±0,01 41,0±0,5 6,000±0,003 312,0±0,5 16,00±0,01 57,0±0,5 5,000±0,003 360,0±0,5 15,00±0,01 73,0±0,5 4,000±0,002 422,0±0,5 14,00±0,01 91,0±0,5 3,000±0,002 496,0±0,5 13,00±0,01 110,0±0,5 2,000±0,001 605,0±0,5 12,00±0,01 131,0±0,5 1,000±0,001 793,0±0,5 11,00±0,01 154,0±0,5 1 10 ±1 10 1421,0±0,5 10,00±0,01 178,0±0,5 –1 –4 A partir dos valores contidos na Tabela 6.3, foi possível construir um gráfico da tensão em função do tempo, como se pode observar na Figura 6.7. Eletro_6.indd 73 14/06/2012 22:21:03 74 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 6.7 Gráfico da Tensão (V) versus Tempo (s) referente à descarga dos capacitores, associados em paralelo, utilizados no experimento II. De acordo com a figura acima, pode-se afirmar que o valor da tensão (V) do circuito RC tende à zero, exponencialmente. Desse modo, calculando-se o logaritmo natural da tensão, obtém-se um novo gráfico, agora linearizado. Veja-se, na Figura 6.8, o novo gráfico obtido após a linearização do anterior. Figura 6.8 Eletro_6.indd 74 Gráfico do ln(Tensão) versus Tempo referente à associação em paralelo dos capacitores utilizados no experimento II. A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. 14/06/2012 22:21:03 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | 75 Utilizando-se a Figura 6.8 e a Equação 6.7, foi possível determinar o valor da constante de tempo capacitiva (τ) do circuito. Observe, abaixo, o cálculo realizado. 1 1 B (267, 4 0,7)s 3 3,74 10 1 10 5 (6.11) Uma vez determinado o valor de τ, calculou-se o valor da capacitância equivalente (Ceq) referente aos capacitores utilizados no circuito. Para isso, utilizou-se a seguinte expressão: R C eq C eq R 267, 4 0,7 268,3 10 3 0, 4 10 3 9,97 10 4 0,04 10 4 (997 4) μF (6.12) Como fator de comparação, calculou-se novamente a capacitância equivalente (Ceq) do circuito e a constante de tempo capacitiva (τ), utilizando-se, no entanto, os valores nominais de cada capacitor e a Equação 6.3. Veja-se. C eq C1 C 2 (470 24) (470 24) (940 48) μF (6.13) R C eq (268,3 10 3 0, 4 10 3 ) (940 10 6 48 10 6 ) (252 13)s (6.14) Após determinar experimentalmente os valores da constante de tempo capacitiva e da capacitância equivalente do circuito, foi possível não só compará-los com os valores estimados teoricamente, mas também calcular a diferença percentual entre eles. Tabela 6.4 Comparação entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente da constante de tempo capacitiva e da capacitância equivalente, referentes ao experimento II. Valor teórico Valor experimental Diferença percentual (%) Constante de tempo capacitiva (s) 252±13 267,4±0,7 5,76 Capacitância equivalente (μF) 940±48 997±4 5,72 Grandeza Eletro_6.indd 75 14/06/2012 23:06:23 76 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 6.4.3. Experimento III Primeiramente, montou-se o circuito esquematizado pela Figura 6.9 abaixo. Figura 6.9 Desenho esquemático do circuito montado no experimento III, contendo dois capacitores associados em série. Em seguida, os mesmos procedimentos adotados nos experimentos anteriores foram repetidos, obtendo-se, desse modo, a Tabela 6.5. A diferença entre este experimento e os anteriores é que a capacitância nominal dos capacitores utilizados é igual a (1000±50) μF. Tabela 6.5 Valores da tensão e do tempo, referentes à descarga dos capacitores associados em série utilizados no experimento III. Tensão (V) Tempo (s) Tensão (V) Tempo (s) 20,00±0,01 0,0±0,0 9,000±0,005 101,0±0,5 19,00±0,01 6,0±0,5 8,000±0,004 116,0±0,5 18,00±0,01 13,0±0,5 7,000±0,004 135,0±0,5 17,00±0,01 20,0±0,5 6,000±0,003 154,0±0,5 16,00±0,01 28,0±0,5 5,000±0,003 177,0±0,5 15,00±0,01 36,0±0,5 4,000±0,002 205,0±0,5 14,00±0,01 44,0±0,5 3,000±0,002 243,0±0,5 13,00±0,01 54,0±0,5 2,000±0,001 296,0±0,5 12,00±0,01 64,0±0,5 1,000±0,001 387,0±0,5 11,00±0,01 75,0±0,5 1 10 ±1 10 682,0±0,5 10,00±0,01 87,0±0,5 –1 –4 A partir dos valores contidos na Tabela 6.5, foi possível construir um gráfico da tensão em função do tempo, como se pode observar na Figura 6.10 a seguir. Eletro_6.indd 76 14/06/2012 22:21:03 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | Figura 6.10 77 Gráfico da Tensão (V) versus Tempo (s) referente à descarga dos capacitores, associados em série, utilizados no experimento III. Observando-se o gráfico acima, pode-se afirmar que o valor da tensão (V) do circuito tende à zero, exponencialmente. Desse modo, calculando-se o logaritmo natural da tensão, obtém-se um novo gráfico, agora linearizado. Veja-se, na Figura 6.11, o novo gráfico obtido após a linearização do anterior. Figura 6.11 Eletro_6.indd 77 Gráfico do ln(Tensão) versus Tempo referente à associação em série dos capacitores utilizados no experimento III. A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. 14/06/2012 22:21:03 78 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Valendo-se da figura acima e da Equação 6.7, foi possível determinar o valor da constante de tempo capacitiva (τ) do circuito. Observe, abaixo, o cálculo realizado. 1 1 B (129,0 0,2)s 3 7,75 10 1 10 5 (6.15) Uma vez determinado o valor de τ, calculou-se o valor da capacitância equivalente (Ceq) do circuito. Para tal tarefa, utilizou-se a seguinte expressão: R C eq C eq R 129,0 0,2 268,3 10 3 0, 4 10 3 4,81 10 4 0,01 10 4 (481 1) μF (6.16) Como fator de comparação, calculou-se novamente a capacitância equivalente (Ceq) do circuito e a constante de tempo capacitiva (τ), utilizando-se, no entanto, os valores nominais de cada capacitor e a Equação 6.2. Veja-se. 1 1 1 1 1 2 (500 25)μF C eq C1 C 2 1000 50 1000 50 1000 50 (6.17) R C eq (268,3 10 3 0, 4 10 3 ) (500 10 6 25 10 6 ) (134 7)s (6.18) Após determinar experimentalmente os valores da constante de tempo capacitiva e da capacitância equivalente do circuito, foi possível não só compará-los com os valores estimados teoricamente, mas também calcular a diferença percentual entre eles. A tabela a seguir resume o que foi mencionado. Tabela 6.6 Comparação entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente da constante de tempo capacitiva e da capacitância equivalente, referentes ao experimento III. Valor teórico Valor experimental Diferença percentual (%) Constante de tempo capacitiva (s) 134±7 129,0±0,2 3,88 Capacitância equivalente (μF) 500±25 481±1 3,80 Grandeza Eletro_6.indd 78 14/06/2012 22:21:04 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | 79 Questões 1. Qual a carga armazenada num capacitor quando t = τ? Dê em termos de porcentagem da carga inicial. Utilizando-se a Equação 6.4 e tomando t = τ, tem-se: t Q(t ) Q 0 e Q 0 e Q 0 e 1 0,37 Q 0 37% de Q0 (6.19) 2. Para construir um capacitor de placas paralelas separadas por uma camada de ar de 1,0 mm de espessura, cuja capacitância seja de 500 μF; qual deve ser a área das placas? Para calcular a área das placas, deve-se utilizar a Equação 6.1: C 0 A C d 500 10 6 10 3 A 5,65 10 4 m 2 12 0 d 8,85 10 (6.20) 3. Existe diferença na constante de tempo quando um capacitor está no período de carga e de descarga? Período de carga: q dq q 0 R 0 C dt C 1 dq q (q C ) dt R R C R C iR (6.20) Pode-se reagrupar a expressão 6.20 na seguinte forma: dq dt q C R C (6.21) Em seguida, integram-se os dois membros da Equação 6.21, sendo o limite do primeiro membro de 0 a Q e o limite do segundo de 0 a t: Q 0 Eletro_6.indd 79 t dt dq Q C ln 0 q C RC C t RC (6.22) 14/06/2012 22:21:04 80 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tomando a função exponencial de ambos os membros da equação acima e explicitando Q, tem-se: t t Q C e RC Q(t ) C (1 e RC ) C t Q(t ) Q f (1 e ) (6.23) Período de descarga: iR q dq q dq q 0 R 0 R C dt C dt C (6.24) Reagrupando os membros, a Equação 6.24 adquire a seguinte forma: dq dt q RC (6.25) Em seguida, integram-se os dois membros da Equação 6.25, sendo o limite do primeiro membro de Q0 a Q e o limite do segundo membro de 0 a t. t dt Q dq t ln 0 R C Q0 q R C Q0 Q (6.26) Tomando a função exponencial em ambos os membros da equação acima e explicitando Q, obtém-se: t t t Q e RC Q(t ) Q 0 e RC Q 0 e Q0 (6.27) Comparando-se as Equações 6.23 e 6.27, pode-se afirmar que a constante τ é idêntica para as duas equações, ou seja, não existe diferença na constante de tempo quando um capacitor está no período de carga ou de descarga. 6.5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Com o intuito de não só determinar a constante de tempo em um circuito RC, mas também a capacitância equivalente relativa à associação de capacitores em série e em paralelo, realizaram-se três experimentos. Eletro_6.indd 80 14/06/2012 22:21:04 Estudo do Circuito RC e Descarga de Capacitores | 81 No primeiro experimento, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão, uma chave seletora, um resistor e um capacitor. Uma vez montado o circuito, carregou-se o capacitor para, logo em seguida, medir seu tempo de descarga (Tabela 6.1). Utilizando-se os valores contidos na Tabela 6.1, foi construído um gráfico da ln(tensão) em função do tempo (Figura 6.5) e, a partir dele, determinou-se o valor da constante de tempo capacitiva (τ) do circuito. De posse do valor da constante de tempo, foi possível determinar também o valor da capacitância do capacitor utilizado no circuito. Em seguida, esses valores, de constante de tempo e de capacitância, foram comparados com os valores calculados teoricamente, como se pode observar na Tabela 6.2. Considerando-se as informações contidas na Tabela 6.2, verifica-se que a diferença percentual média entre os valores experimentais e os valores teóricos foi de, aproximadamente, 4,44%. No experimento II, montou-se um circuito semelhante ao utilizado no primeiro experimento. A diferença entre eles é que, no segundo circuito, foram utilizados dois capacitores de 470 μF associados em paralelo. Os procedimentos adotados foram os mesmos utilizados no primeiro experimento, conforme se pode observar na Tabela 6.3. Em seguida, construiu-se um gráfico ln(tensão) versus tempo (Figura 6.8) e, a partir dele, determinou-se o valor da constante de tempo capacitiva do circuito. Conhecendo-se o valor da constante, foi possível determinar o valor da capacitância equivalente (Ceq) do circuito. Como fator de comparação, os valores da constante de tempo capacitiva e da capacitância equivalente foram calculados novamente; no entanto, foram utilizados os valores nominais dos capacitores e a Equação 6.3. Observando-se a Tabela 6.4, que contém os valores obtidos pelos dois métodos, é possível afirmar que a diferença percentual média entre eles é de, aproximadamente, 5,74%. O terceiro experimento difere do anterior pelo fato que os dois capacitores utilizados foram de 1000 μF e que eles estavam associados em série. Desse modo, os mesmos procedimentos adotados nos outros dois experimentos foram repetidos, obtendo-se, conseqüentemente, uma nova tabela (Tabela 6.5) e um novo gráfico (Figura 6.11). Valendo-se da Figura 6.11, foi possível determinar o valor da constante de tempo capacitiva e, a partir da constante, calculou-se o valor da capacitância equivalente (Ceq) do circuito. Assim como nos dois experimentos anteriores, calcularam-se novamente os valores da constante Eletro_6.indd 81 14/06/2012 22:21:04 82 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS de tempo e da capacitância equivalente, utilizando-se, no entanto, os valores nominais dos capacitores e a Equação 6.2. Examinando a Tabela 6.6, que contém os valores da constante de tempo e da capacitância equivalente obtidos pelos dois métodos, constata-se que a diferença percentual média entre os valores medidos experimentalmente e os valores calculados teoricamente, é de, aproximadamente, 3,84%. A leitura deste capítulo possibilita evidenciar o tratamento de circuitos RC em todos os experimentos realizados. Neles, foram determinados a constante de tempo capacitiva (τ) e o valor da capacitância utilizada no circuito. Outra característica presente em todos os experimentos foi a ocorrência uma diferença percentual média entre os valores medidos experimentalmente e os valores calculados teoricamente. Essa diferença de aproximadamente 4,68% pode ser atribuída não só à falta de acurácia dos aparelhos utilizados, mas também a possíveis erros experimentais, como, por exemplo, a medida incorreta do tempo. Eletro_6.indd 82 14/06/2012 22:21:04 7 MOMENTO DE DIPOLO E CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE 7.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática aqui relatada é a determinação, não só do campo magnético terrestre (Bt) no local em que se realizou a experiência, mas também do momento magnético de um imã (m). Visando tal objetivo, realizaram-se dois experimentos que, a seguir, serão apresentados. 7.2. INTRODUÇÃO Sabe-se que uma bússola orienta-se no campo magnético terrestre. Esta orientação pode ser modificada se algum campo magnético externo adicional for aplicado sobre ela. Nesse caso, a bússola ficará orientada no campo magnético resultante, que corresponde à soma vetorial desses dois campos. A componente horizontal do campo magnético da Terra pode ser medida, observando-se a mudança na orientação de uma bússola quando, sobre ela, for aplicado um campo magnético externo, perpendicular ao campo magnético terrestre. A Figura 7.1 ilustra o que foi dito. Figura 7.1 Desenho esquemático de uma bússola funcionando como um magnetômetro. A bússola orienta-se na direção do campo magnético resultante. A expressão que relaciona o ângulo θ e os campos medidos é tg B exp B t . Para produzir esse campo magnético externo, pode-se utilizar uma bobina circular, plana, contendo N espiras com correntes fluindo no mesmo sentido. Eletro_7.indd 83 14/06/2012 22:42:20 84 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS O valor do módulo do campo magnético B ao longo do eixo de uma bobina é dado pela Lei de Biot-Savart: B( x ) 0 N i R2 2 (R 2 x 2 ) 3 (7.1) 2 onde μ0 é uma constante denominada permeabilidade do espaço livre, cujo valor é 4π 10-7 T m/A; N é o número de espiras; i é o valor da corrente elétrica; R corresponde ao raio da espira; e x é a distância medida a partir do centro da espira e ao longo do eixo. Quando duas bobinas circulares idênticas de mesmo raio R e com o mesmo número de espiras estão alinhadas paralelamente uma a outra ao longo do eixo, e afastadas entre si a uma distância igual ao seu raio, tem-se uma bobina de Helmholtz. O módulo do campo magnético B no centro geométrico (i.e., x=R/2), ou seja, entre as duas espiras que compõe a bobina de Helmholtz, é dado pela seguinte expressão: B( x ) 8 0 N i 5 5R (7.2) Pode-se demonstrar também que o campo magnético produzido por um imã de momento magnético m em qualquer ponto do seu eixo é dado pela expressão abaixo: B 0 m 2 r 3 (7.3) onde r representa a distância de um ponto sobre o eixo do imã, paralelo a m. Outro método para se determinar experimentalmente m e B é por meio da medida do período T de oscilação de um imã suspenso horizontalmente. O período de oscilação de um imã é dado pela expressão: T 2 I K m B (7.4) onde I é o momento de inércia da barra; K, a constante de torção do fio de suspensão; m, o momento magnético do imã; e B, o campo magnético local. Para Eletro_7.indd 84 14/06/2012 22:42:22 Momento de Dipolo e Campo Magnético Terrestre | 85 uma constante K pequena em relação ao produto entre m e B, a Equação 7.4 pode ser simplificada, resultando na seguinte expressão: 1 m B 2 T 4 2 I (7.5) A Equação 7.5 pode ser reescrita em função da corrente elétrica i, ou seja: m Bt 8 0 N mi 1 2 2 T 4 I 4 2 I 5 5 R (7.6) onde i representa a corrente elétrica; I, o momento de inércia da barra; e R, o raio das bobinas de Helmholtz. O momento de inércia I de uma barra cilíndrica de raio R, comprimento L e massa M é dado pela expressão abaixo. R 2 L2 I M 4 12 7.3. • • • • • • • • • • • 7.4. 7.4.1. (7.7) MATERIAL UTILIZADO Amperímetro; Balança semi-analítica; Bobina de Helmholtz; Bússola; Cronômetro; Editor gráfico Origin; Fonte de tensão contínua regulável; Imã; Papel milimetrado; Paquímetro; Régua. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS EXPERIMENTO I Inicialmente, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão regulável, um resistor, um amperímetro e uma bobina de 10 espiras. O circuito foi Eletro_7.indd 85 14/06/2012 22:42:22 86 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS montado de modo que o eixo da bobina ficasse perpendicular ao campo magnético terrestre local. Para tanto, utilizou-se uma bússola disposta no centro geométrico da bobina. A Figura 7.2 ilustra o circuito montado neste experimento. Figura 7.2 Desenho esquemático do circuito montado no experimento I. Uma vez montado e posicionado o circuito, mediu-se, por meio de uma régua, o raio R da bobina. O valor obtido foi de (7,35 10 2 0,05 10 2 ) m, considerando-se a margem de erro igual à metade da menor divisão do instrumento utilizado. Em seguida, ajustou-se a fonte de tensão até que a bússola fizesse um ângulo de 45º em relação à sua posição inicial, anotando-se o valor da corrente elétrica indicado pelo amperímetro nessa situação. A margem de erro do amperímetro é de 2%, conforme especificado no manual do aparelho. Esse procedimento foi repetido cinco vezes, calculando-se, para cada corrente medida, o valor do campo magnético terrestre (Bt) por meio da Equação 7.1, considerando-se x igual a 0. Os resultados obtidos encontram-se transcritos na tabela abaixo. Tabela 7.1 Eletro_7.indd 86 Valores da corrente elétrica e do campo magnético terrestre, referentes ao campo magnético produzido por uma bobina de 10 espiras. Corrente elétrica (A) Campo magnético terrestre (T) 0,204±0,004 17,4 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,206±0,004 17,6 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,205±0,004 17,5 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,203±0,004 17,4 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,205±0,004 17,5 10 –6 ± 0,5 10 –6 14/06/2012 22:42:22 Momento de Dipolo e Campo Magnético Terrestre | 87 A partir dos valores contidos na Tabela 7.1, foi possível estimar o valor médio para o campo magnético terrestre, ou seja: B t médio 10 6 (17, 4 0,5) (17,6 0,5) (17,5 0,5) 5 (17, 4 0,5) (17,5 0,5) (17,5 0,5) μT (7.8) Após determinar o valor médio do campo terrestre, o circuito utilizado foi modificado, adicionando-se uma segunda bobina idêntica à primeira. Desse modo, a fonte de campo magnético passou a ser uma bobina de Helmholtz. Com o intuito de facilitar a visualização do circuito modificado, fotografou-se o conjunto de equipamentos utilizados nesta etapa do experimento. Veja-se, na Figura 7.3, a fotografia do circuito montado. Figura 7.3 Fotografia do circuito contendo uma bobina de Helmholtz. Em seguida, ajustou-se a fonte de tensão até que a bússola fizesse um ângulo de 45º em relação à sua posição inicial, anotando-se, na Tabela 7.2, o valor da corrente elétrica indicado pelo amperímetro nessa situação. A margem de erro do amperímetro é de 2%, conforme especificado no manual do aparelho. Esse procedimento foi repetido cinco vezes, calculando-se, para cada corrente medida, o valor do campo magnético terrestre (Bt) por meio da Equação 7.2. Eletro_7.indd 87 14/06/2012 22:42:22 88 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tabela 7.2 Valores da corrente elétrica e do campo magnético terrestre, referentes ao campo magnético produzido por uma bobina de Helmholtz. Corrente elétrica (A) Campo magnético terrestre (T) 0,145±0,003 17,7 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,144±0,003 17,6 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,145±0,003 17,7 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,142±0,003 17,4 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,143±0,003 17,5 10 –6 ± 0,5 10 –6 A partir dos valores contidos na Tabela 7.2, estimou-se o valor médio para o campo magnético terrestre, como se pode observar abaixo. B t médio 10 6 (17,7 0,5) (17,6 0,5) (17,7 0,5) 5 (17, 4 0,5) (17,5 0,5) (17,6 0,5) μT (7.9) Como se pode observar, o campo magnético terrestre foi determinado por dois métodos distintos. Desse modo, foi possível comparar os valores médios obtidos e calcular a diferença percentual entre eles. A Tabela 7.3 apresenta um resumo dessas informações. Tabela 7.3 Comparação entre os valores médios obtidos para o campo magnético terrestre, utilizando-se uma única bobina ou uma bobina de Helmholtz, como fontes de campo magnético. Calculado com uma única bobina (T) Calculado com uma bobina de Helmholtz (T) Diferença Percentual (%) 17,5 10 –6 ± 0,5 10 –6 17,6 10 –6 ± 0,5 10 –6 0,57 7.4.2. Experimento II Como etapa inicial, mediu-se, utilizando-se um paquímetro, o diâmetro e o comprimento de um imã cilíndrico. Em seguida, o imã foi pesado em uma balança semi-analítica e o seu peso foi anotado. Os valores obtidos estão transcritos na Tabela 7.4, lembrando que a margem de erro do paquímetro é de 0,03 mm (3×10–5 m). Eletro_7.indd 88 14/06/2012 22:42:23 Momento de Dipolo e Campo Magnético Terrestre | Tabela 7.4 89 Valores do diâmetro, do raio, do comprimento e da massa do imã cilíndrico utilizado no experimento II. Grandeza medida Valor medido Diâmetro (m) 6,35 10 –3 ± 0,03 10 –3 Raio (m) 3,18 10 –3 ± 0,03 10 –3 Comprimento (m) 2,47 10 –2 ± 0,03 10 –2 Massa (kg) 5,826 10 –3 ± 0,001 10 –3 Para determinar o momento magnético do imã, colocou-se uma bússola sobre uma folha de papel milimetrado e, em seguida, aproximou-se o imã até que a agulha da bússola formasse um ângulo de 45º em relação a sua orientação original. Quando a agulha atingiu os 45º, a distância entre o eixo da bússola e o eixo do imã foi medida com uma régua. A margem de erro considerada para a régua é de 0,05 cm, o que corresponde à metade da menor divisão da escala do instrumento. Este procedimento foi repetido cinco vezes, calculando-se, para cada distância medida, o valor do momento magnético do imã (m) por meio da Equação 7.3, considerando-se o campo magnético terrestre igual a (17,6×10–6±0,5×10–6) T. Os resultados obtidos estão transcritos na Tabela 7.5. Tabela 7.5 Valores da distância entre o eixo da bússola e o eixo do imã, com os respectivos momentos magnéticos. Distância (m) Momento magnético (A m2) 13,53 10 –2 ± 0,05 10 2 0,218±0,009 13,63 10 –2 ± 0,05 10 2 0,223±0,009 13,83 10 –2 ± 0,05 10 2 0,233±0,009 13,63 10 –2 ± 0,05 10 2 0,223±0,009 13,73 10 –2 ± 0,05 10 2 0,228±0,009 A partir dos valores contidos na Tabela 7.5, estimou-se o valor médio para o momento magnético do imã, como se pode observar a seguir. Eletro_7.indd 89 14/06/2012 22:42:23 90 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 1 mmédio (0,218 0,009) (0,223 0,009) (0,233 0,009) 5 (0,223 0,009) (0,228 0,009) (0,225 0,009)A m 2 (7.10) Outra maneira de se determinar o momento magnético do imã é por meio da medida de seu período de oscilação em um campo magnético. Para a realização de tal tarefa, montou-se o mesmo circuito utilizado no primeiro experimento. A diferença entre eles é que a bobina de Helmholtz foi orientada de tal modo que o campo magnético gerado por ela ficasse paralelo ao campo magnético da Terra. Uma vez montado o circuito, colocou-se o imã no centro da bobina de Helmholtz, suspenso por um fio, cuja constante de torção K é desprezível. Em seguida, mediu-se, por meio de um cronômetro, o tempo gasto para o imã completar 10 oscilações para os valores da corrente elétrica especificados na Tabela 7.6. A partir do tempo medido, foi possível determinar o valor do período de oscilação para cada valor de corrente. Tabela 7.6 Valores da corrente elétrica e do período de oscilação, T, de um imã no centro de uma bobina de Helmholtz. Corrente elétrica (A) Tempo (s) T (s) T2 (s2) 1 / T2 (s-2) 0,00 17,7 1,77 3,13 0,32 0,05 20,4 2,04 4,16 0,24 0,10 25,0 2,50 6,25 0,16 0,15 35,4 3,54 12,50 0,08 A partir dos dados contidos na Tabela 7.6, foi possível construir um gráfico de 1/T2 (s-2) em função da corrente elétrica (A), como se pode observar na Figura 7.4. Eletro_7.indd 90 14/06/2012 22:42:23 Momento de Dipolo e Campo Magnético Terrestre | Figura 7.4 91 Gráfico de 1/T2 (s-2) versus Corrente elétrica (A), onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Para se determinar o momento magnético do imã utilizado é necessário, primeiramente, calcular o seu momento de inércia I, por meio da Equação 7.7 e dos dados contidos na Tabela 7.4. Veja-se, abaixo, o cálculo realizado. I imã (5,826 10 3 0,001 10 3 ) (3,18 10 3 0,03 10 3 ) 2 (2, 47 10 2 0,03 10 2 ) 2 4 12 (3,11 10 7 0,08 10 7 )kg m 2 (7.11) Calculado o momento de inércia do imã, foi possível determinar também o seu momento magnético (m). Para isso, utilizou-se a Equação 7.6, o coeficiente linear (A) do gráfico da Figura 7.4 e o campo magnético da bobina de Helmholtz (Tabela 7.3). Eletro_7.indd 91 14/06/2012 22:42:23 92 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Observe-se, abaixo, o cálculo realizado. A m Bt (17,6 10 6 0,5 10 6 ) m 0,32 4 2 I 4 2 (3,11 10 7 0,08 10 7 ) m (0,22 0,01)A m 2 (7.12) Como se pode constatar, o momento magnético do imã foi determinado por dois métodos distintos. Desse modo, foi possível comparar os valores obtidos e calcular a diferença percentual entre eles. A tabela abaixo apresenta um resumo dessas informações. Tabela 7.7 Comparação entre os valores obtidos para o momento magnético de um imã cilíndrico, por dois métodos distintos – pelo deslocamento da agulha de uma bússola e pelo período de oscilação. Calculado pela Equação 7.3 (A m2) Calculado pelo período de oscilação (A m2) Diferença Percentual (%) 0,225±0,009 0,22±0,01 2,27 7.5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Objetivando não só determinar o campo magnético terrestre, mas também o momento magnético de um imã, realizaram-se dois experimentos. O primeiro deles tinha por propósito determinar o campo magnético terrestre (Bt) por meio de dois métodos diferentes. Um dos métodos fundamentava-se em montar um circuito composto por uma fonte de tensão, um resistor, um amperímetro e uma bobina de 10 espiras. Uma vez montado o circuito, posicionou-se uma bússola no centro da bobina e variou-se a tensão da fonte até que a agulha da bússola fizesse um ângulo de 45º em relação à sua posição inicial. Esse procedimento foi repetido 5 vezes, sendo que o valor da corrente em cada ocasião foi anotado, o que permitiu determinar, por meio da Equação 7.1, o campo magnético terrestre. Os valores do campo magnético para cada valor da corrente elétrica estão transcritos na Tabela 7.1. O segundo método utilizado é praticamente igual ao primeiro. A diferença entre eles é que no segundo utilizou-se uma bobina de Helmholtz como fonte de campo magnético. Os valores obtidos, por esse método, para o campo mag- Eletro_7.indd 92 14/06/2012 22:42:23 Momento de Dipolo e Campo Magnético Terrestre | 93 nético terrestre estão transcritos na Tabela 7.2. Uma vez determinado o valor do campo magnético por dois métodos distintos, foi possível compará-los, como se pode observar na Tabela 7.3. Considerando-se as informações contidas nessa mesma tabela, verifica-se que a diferença percentual entre os dois valores foi de apenas 0,57%. No experimento II, determinou-se o valor do momento magnético (m) de um imã cilíndrico também por dois métodos diferentes. O primeiro deles propunha colocar uma bússola sobre uma folha de papel milimetrado e medir, com uma régua, a distância entre o eixo da bússola e o eixo do imã, quando a agulha da bússola se deslocasse 45º em relação a sua posição original. Esse procedimento foi repetido 5 vezes, calculando-se, para cada distância, o valor do momento magnético do imã (Tabela 7.5). Em contraposição ao método anterior, este segundo método baseava-se em medir o período de oscilação do imã, suspenso por um fio no centro de uma bobina de Helmholtz. Os valores da corrente elétrica e dos períodos estão transcritos na Tabela 7.6. A partir dos valores contidos nessa tabela, construiu-se um gráfico 1/T2 (s2) versus Corrente elétrica (A). Utilizando-se a Equação 7.6, o coeficiente linear (A) do gráfico da Figura 7.4 e o valor determinado no experimento I para o campo magnético produzido por uma bobina de Helmholtz, foi possível calcular o momento magnético do imã, determinando, por dois métodos diferentes, os seus valores. Foi possível, então, compará-los, como se pode observar na Tabela 7.7. Considerando-se as informações contidas nessa tabela, verifica-se que a diferença percentual entre os dois valores obtidos foi de, aproximadamente, 2,27%. Tratou-se neste capítulo, como foi exposto já no início deste texto, da determinação, não só do campo magnético terrestre (Bt) no local em que se realizou a experiência, mas também do momento magnético de um imã (m). A realização destas práticas distintas só faz que jogar luz e evidenciar a teoria que subjaz essas práticas. Eletro_7.indd 93 14/06/2012 22:42:23 Eletro_7.indd 94 14/06/2012 22:42:23 8 BALANÇA DE AMPÈRE 8.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática descrita aqui é determinar experimentalmente o valor da constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0), utilizando-se, para tal tarefa, a balança de Ampère. Visando tal objetivo, realizou-se o experimento que, a seguir, será apresentado. 8.2. INTRODUÇÃO A força magnética que uma carga móvel ou uma corrente elétrica exerce sobre outra corrente ou carga é um exemplo de força de ação à distância, semelhante às forças gravitacionais e elétricas. Uma corrente elétrica provoca um campo magnético B em suas vizinhanças, e é este campo que atua sobre outra corrente a certa distância. A força é uma grandeza vetorial, e o campo também o é. Desse modo, quando um fio condutor está percorrido por uma corrente elétrica e num campo magnético, há uma força sobre o fio que é a soma vetorial das forças magnéticas sobre as partículas carregadas, cujo movimento responde pela corren te. Assim, a força magnética Fm sobre o fio condutor é dada pela equação: Fm I B I Bsen (8.1) onde I é a corrente que percorre o fio; é o vetor cujo módulo é o comprimen to do fio; B é o campo magnético; e θ é o ângulo formado entre o fio e o campo magnético. O campo magnético B pode ser determinado por meio da lei de Ampère, que é o equivalente da lei de Gauss para o magnetismo. A lei de Ampère relaciona o campo magnético ao longo de uma curva fechada com o fluxo de corrente englobado pela curva, ou seja: Eletro_8.indd 95 14/06/2012 22:24:20 96 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS I B d 0 c (8.2) C onde C é qualquer curva fechada; μ0 é a constante de permeabilidade magnéti ca no vácuo, cujo valor é 4π 10-7 T m/A (ou 1,26 10-6 T m/A); d é um vetor de comprimento infinitesimal; e Ic é a corrente total que penetra a região delimitada pela curva C. A lei de Ampère diz que o campo magnético produzido por um condutor retilíneo em um ponto qualquer, a uma distância r do condutor, é dado pela seguinte expressão: B 0 I 2 r (8.3) Em qualquer ponto do espaço, o campo magnético de um condutor retilíneo, percorrido por uma corrente elétrica, é tangente a um círculo de centro no condutor e raio r, onde r é a distância entre o condutor e o ponto onde é calculado o campo. O sentido de B pode ser determinado pela regra da mão direita, que consiste em segurar o condutor com a mão direita, de modo que o dedo polegar fique alinhado com o mesmo sentido da corrente elétrica que percorre o condutor. Desse modo, o polegar indica a direção da corrente elétrica no condutor e os dedos indicam o sentido das linhas de campo magnético. A figura a seguir ilustra a situação. Figura 8.1 Eletro_8.indd 96 Ilustração do campo magnético produzido por um condutor retilíneo. 14/06/2012 22:24:21 Balança de Ampère | 97 Sabendo-se que e B são sempre perpendiculares, ou seja, o ângulo entre eles é de 90º, e substituindo-se o valor de B obtido na Equação 8.3 na Equação 8.1, a equação da força magnética de um condutor retilíneo é dada por: Fm 0 I 2 2 r (8.4) Para uma padronização mais precisa, utilizam-se bobinas em vez de fios retilíneos, sendo a distância entre as bobinas de apenas alguns centímetros. Este instrumento é denominado balança de corrente ou balança de Ampère. O módulo do campo magnético gerado por uma balança de corrente composta por duas bobinas fixas, de raio r, contendo n1 espiras, ambas conduzindo corrente elétrica no mesmo sentido e, por uma bobina móvel, suspensa entre as duas bobinas fixas, de formato retangular, contendo n2 espiras, conduzindo uma corrente I, é dado pela equação abaixo: B 2 n1 0 I n I 0 1 2 r r (8.5) A força e o torque magnético sobre a bobina móvel podem ser expressos, respectivamente, pelas seguintes equações: Fm n 2 I 1 B Tmag 2 F (8.6) 2 n2 I 1 B 2 2 0 1 2 n1 n 2 I 2 r (8.7) onde ℓ1 e ℓ2 correspondem aos lados da balança de Ampère. Para contrabalançar o torque magnético, deve-se adicionar um peso a uma distância d do ponto de articulação, que irá produzir um torque mecânico, dado pela expressão a seguir, onde m é a massa do peso e g é a aceleração da gravidade (9,81 m/s2): Eletro_8.indd 97 14/06/2012 22:24:22 98 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tmec m g d (8.8) No equilíbrio, o torque mecânico (Tmec) iguala-se ao torque magnético (Tmag), ou seja: 1 2 n1 n 2 I 2 r m g d 0 d 8.3. 0 1 2 n1 n 2 2 I m g r (8.9) MATERIAL UTILIZADO • Amperímetro; • Balança de Ampère; • Balança semi-analítica; • Bússola; • Editor gráfico Origin; • Fonte de tensão contínua regulável; • Peso; • Resistor. 8.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Inicialmente, montou-se um circuito composto por uma fonte de tensão contínua, um resistor, um amperímetro e uma balança de Ampère (ou balança de corrente). O circuito foi montado de modo que o campo magnético gerado pelas bobinas da balança de Ampère ficasse paralelo ao campo magnético terrestre local. Para tanto, utilizou-se uma bússola disposta ao lado da balança. A Figura 8.2 contém um desenho esquemático da balança de Ampère e uma fotografia dos equipamentos utilizados. Eletro_8.indd 98 14/06/2012 22:24:22 Balança de Ampère | Figura 8.2 99 Desenho esquemático de uma balança de Ampère (acima) e uma fotografia do equipamento utilizado neste experimento (abaixo). Depois de montado e posicionado o circuito, determinou-se a massa de um pequeno peso por meio de uma balança semi-analítica. O valor obtido para a massa do peso, assim como as características da balança de Ampère (raio, número de espiras de cada bobina e comprimento dos lados), encontram-se transcritos na Tabela 8.1. A margem de erro considerada para as medidas de comprimento, assim como para o valor obtido para a massa do peso, foi igual à metade da menor divisão dos instrumentos utilizados, ou seja, de uma balança e de uma régua. Eletro_8.indd 99 14/06/2012 22:24:22 100 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tabela 8.1 Valores da massa e das características da balança de Ampère utilizada neste experimento. Grandeza Valor Massa (kg) 4,53 10 ± 0,01 10 –4 Raio r (m) 1,70 10 –2 ± 0,05 10 –2 Número de espiras (n1) 20 Número de espiras (n2) 50 Comprimento do lado 1 (m) 15,10 10 –2 ± 0,05 10 –2 Comprimento do lado 2 (m) 17,60 10 –2 ± 0,05 10 –2 –4 Em seguida, com a corrente elétrica desligada, equilibrou-se a balança com o peso colocado no seu centro. Uma vez equilibrada a balança, o peso foi deslocado em 0,8 cm (0,008 m) da sua posição original. Logo após esse procedimento, ajustou-se a fonte de tensão, lenta e cuidadosamente, até que a balança se equilibrasse novamente, anotando-se o valor da corrente elétrica indicado pelo amperímetro nessa situação. A margem de erro considerada para o amperímetro é de 2%, conforme especificado no manual do aparelho. Esse procedimento foi repetido para seis posições diferentes do peso, deslocando-o sempre em 0,008 m da sua posição anterior. Calculou-se também o quadrado da corrente elétrica para medida tomada, como se pode observar na tabela que se segue. Tabela 8.2 Eletro_8.indd 100 Valores da distância, da corrente elétrica e do quadrado da corrente elétrica obtidos neste experimento. Distância d (m) Corrente elétrica (A) [Corrente elétrica]2 (A2) 0,008 0,274±0,005 0,075±0,003 0,016 0,377±0,008 0,142±0,006 0,024 0,451±0,009 0,203±0,008 0,032 0,51±0,01 0,26±0,01 0,040 0,57±0,01 0,33±0,01 0,048 0,61±0,01 0,37±0,01 0,056 0,66±0,01 0,44±0,01 14/06/2012 22:24:22 Balança de Ampère | 101 A partir dos dados contidos na Tabela 8.2, foi possível construir um gráfico da distância d (m) em função do quadrado da corrente elétrica (A2), como se pode observar abaixo. Figura 8.3 Gráfico da Distância versus [Corrente elétrica]2, onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Valendo-se do coeficiente angular (B) do gráfico ilustrado na Figura 8.3, da Equação 8.9 e dos dados contidos na Tabela 8.1, foi possível determinar o valor da constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0). Observe, abaixo, o cálculo realizado. (0,133 0,003) 0 (15,10 10 2 0,05 10 2 ) (17,60 10 2 0,05 10 2 ) 20 50 (4,53 10 4 0,01 10 4 ) 9,81 (1,70 10 2 0,05 10 2 ) 0 (1,20 10 6 0,08 10 6 )T m A (8.10) Para obter uma melhor precisão para o valor da constante de permeabilidade magnética, os procedimentos acima foram repetidos. A diferença entre esta nova medida e a anterior é que o sentido da corrente foi invertido, gerando, nessa situação, uma força magnética de repulsão. Os dados obtidos nessa nova medição estão transcritos na Tabela 8.3. Eletro_8.indd 101 14/06/2012 22:24:23 102 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tabela 8.3 Valores da distância, da corrente elétrica e do quadrado da corrente elétrica obtidos nesta nova medição. Distância d (m) Corrente elétrica (A) [Corrente elétrica]2 (A2) 0,008 0,268±0,005 0,072±0,003 0,016 0,378±0,008 0,143±0,006 0,024 0,446±0,009 0,199±0,008 0,032 0,51±0,01 0,26±0,01 0,040 0,57±0,01 0,32±0,01 0,048 0,61±0,01 0,37±0,01 0,056 0,65±0,01 0,42±0,01 A partir dos dados contidos na Tabela 8.3, foi possível construir o gráfico da Distância d (m) versus o quadrado da corrente elétrica (A2), como se pode observar a seguir. Figura 8.4 Gráfico da Distância versus [Corrente elétrica]2, onde A e B representam o coeficiente linear e o coeficiente angular, respectivamente, do gráfico. Valendo-se do coeficiente angular (B) do gráfico da Figura 8.4, da Equação 8.9 e dos dados contidos na Tabela 8.1, foi possível determinar o valor da Eletro_8.indd 102 14/06/2012 22:24:23 Balança de Ampère | 103 constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0). Veja-se, abaixo, o cálculo realizado. (0,138 0,003) 0 (15,10 10 2 0,05 10 2 ) (17,60 10 2 0,05 10 2 ) 20 50 (4,53 10 4 0,01 10 4 ) 9,81 (1,70 10 2 0,05 10 2 ) 0 (1,24 10 6 0,08 10 6 )T m A (8.11) Na Tabela 8.4 estão transcritos não só os valores calculados para a constante de permeabilidade magnética (Equações 8.10 e 8.11), mas também o valor médio estimado a partir das duas medições. Tabela 8.4 Valores obtidos para a constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0) nas duas medições realizadas e o seu valor médio estimado. 1ª Medição (μT m/A) 2ª Medição (μT m/A) Valor médio (μT m/A) 1,20±0,08 1,24±0,08 1,22±0,08 A partir do valor médio calculado para a constante de permeabilidade, foi possível não só compará-lo com o valor teórico indicado na literatura, mas também calcular a diferença percentual entre eles. A Tabela 8.5 apresenta um resumo dessas informações. Tabela 8.5 Comparação entre o valor médio calculado experimentalmente e o valor teórico indicado na literatura para a constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0). Valor médio calculado (μT m/A) Valor teórico (μT m/A) Diferença percentual (%) 1,22±0,08 1,26±0,08 3,17 8.5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Com o intuito de determinar experimentalmente o valor da constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0), utilizando-se, para tal empreendimento, a balança de Ampère, realizou-se o experimento descrito neste capítulo. Eletro_8.indd 103 14/06/2012 22:24:23 104 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Como ponto de partida, montou-se um circuito formado por uma fonte de tensão regulável, um resistor, um amperímetro e uma balança de Ampère, cujas características estão transcritas na Tabela 8.1. Em seguida, com a corrente desligada, equilibrou-se a balança com um peso depositado em seu centro. Uma vez equilibrada a balança, deslocou-se o peso em 0,008 m da sua posição inicial, variando-se também a corrente elétrica para que a balança voltasse a ficar em equilíbrio. Esse procedimento foi repetido para seis diferentes posições do peso, sempre o deslocando em 0,008 m da sua posição anterior e anotando-se o valor da corrente elétrica indicada pelo amperímetro para cada deslocamento (Tabela 8.2). A partir dos valores da Tabela 8.2, construiu-se um gráfico do deslocamento em função do quadrado da corrente (Figura 8.3) e, valendo-se do seu coeficiente angular, da Equação 8.9 e da Tabela 8.1, foi possível determinar o valor da constante de permeabilidade magnética no vácuo, ou seja, (1,20 10 6 0,08 10 6 ) T m/A. Para um melhor controle estatístico, os procedimentos acima foram repetidos, sendo que a diferença entre eles foi que o sentido da corrente elétrica foi invertido, gerando, agora, uma força magnética de repulsão. Baseados nos valores obtidos (Tabela 8.3), foi possível construir um novo gráfico do deslocamento versus quadrado da corrente elétrica (Figura 8.4). Assim como no procedimento anterior, determinou-se o valor da constante de permeabilidade magnética por meio do coeficiente angular do gráfico da Figura 8.4, da Equação 8.9 e dos dados da Tabela 8.1. O valor calculado foi igual a (1,24 10 6 0,08 10 6 ) T m/A. De posse dos dois valores calculados, determinou-se o valor médio para a constante μ0, como se pode observar na Tabela 8.4. Em seguida, esse valor médio foi comparado com o valor teórico indicado na literatura para essa constante, onde se verificou uma diferença percentual de 3,17% entre eles (Tabela 8.5). Como se pode constatar com base na leitura deste capítulo, o valor determinado experimentalmente para a constante de permeabilidade magnética no vácuo (μ0) diferiu em apenas 3,17% do valor teórico indicado pela literatura. Essa diferença pode ser atribuída não só à falta de precisão dos instrumentos utilizados, mas também a possíveis erros experimentais, tais como o alinhamento incorreto da balança com o campo magnético terrestre e a interpretação errônea do ponto de equilíbrio da balança (falha humana). De qualquer forma, como a diferença foi muito pequena, é possível afirmar que o valor determinado experimentalmente coincide com o valor teórico. Eletro_8.indd 104 14/06/2012 22:24:23 9 INTRODUÇÃO AO USO DO OSCILOSCÓPIO 9.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática descrita neste capítulo é proporcionar a familiarização com o osciloscópio e seus controles, propiciando, desse modo, não só a medição de tensões contínuas e alternadas e de freqüências, mas também a verificação de formas de onda senoidal, triangular e quadrada. Para atingir tal objetivo, realizaram-se três experimentos que, a seguir, serão apresentados. 9.2. INTRODUÇÃO Muitos instrumentos de medição utilizados na Física Experimental e na Eletrônica, tais como o multímetro, podem ser classificados como medidores quantitativos, já que, pela leitura na sua escala ou nos dígitos, fornecem um valor correspondente à grandeza medida. O osciloscópio é um instrumento que além de uma medida quantitativa, apresenta também uma medida qualitativa da grandeza que está sendo analisada. Na maioria dos casos, o osciloscópio apresenta a variação de uma tensão (ddp) em função do tempo. Um osciloscópio, na realidade, nada mais é do que um tubo de raios catódicos (TRC), acoplado a alguns circuitos. O TRC é uma válvula eletrônica, portanto, um bulbo de vidro, dentro do qual existe vácuo relativo, e onde ficam dispostos os seguintes componentes: um canhão eletrônico, quatro placas defletoras, uma camada de material fosforescente e um ânodo coletor. A Figura 9.1 contém uma fotografia do osciloscópio utilizado nos experimentos aqui relatados. Uma das aplicações do osciloscópio é efetuar a medição do valor da tensão de um circuito. Existem dois tipos de tensão: tensão contínua (VDC) e tensão alternada (VAC). A tensão contínua é aquela que não muda sua polaridade com o tempo, sendo subdividida em tensão contínua constante, que mantém o seu valor em função do tempo, e em tensão contínua variável, que varia seu valor em função do tempo. Eletro_9.indd 105 14/06/2012 22:26:25 106 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 9.1 Fotografia do osciloscópio utilizado nesta prática. A tensão contínua variável pode ser repetitiva ou periódica, ou seja, repetir um ciclo de mesmas características a cada intervalo de tempo. Devido à sua característica periódica, é possível definir um período (T), que representa o tempo de duração de um ciclo completo, e uma freqüência (f), que corresponde ao número de ciclos em um intervalo de tempo igual a um segundo. As unidades, no SI, para o período e para a freqüência, são o segundo (s) e o Hertz (Hz), respectivamente. Uma relação importante entre o período e a freqüência é dada abaixo. f 1 1 ou T T f (9.1) Para uma tensão contínua variável, ou seja, com características periódicas, é necessário estabelecer um valor que indique o valor DC (VDC) da forma de onda. Esse valor é dado pela razão entre a área resultante do gráfico da tensão em função do tempo, em um intervalo igual a um período, e o próprio período. Em termos matemáticos, tem-se: V DC Área T (9.2) A tensão alternada (VAC) é aquela que muda de polaridade com o tempo. A tensão fornecida por meio da rede elétrica é um exemplo de tensão alternada, que obedece à seguinte função: v(t ) V p sen( t ) Eletro_9.indd 106 (9.3) 14/06/2012 22:26:26 Introdução ao uso do Osciloscópio | 107 onde v(t) é o valor instantâneo da tensão; Vp ou Vmáx é o valor máximo que a tensão pode atingir, também denominada de amplitude ou valor de pico; ω é a velocidade angular, dada em radianos por segundo ( 2 f ou 2 T ); t é um instante qualquer, em segundos; e θ é o ângulo de fase inicial, em radianos. Além do valor de pico (Vp), têm-se o valor pico a pico (Vpp), correspondente à variação máxima entre o ciclo positivo e o ciclo negativo, e o valor eficaz (Vef), equivalente a uma tensão contínua que aplicada a um elemento resistivo dissipa a mesma potência que a tensão alternada em questão. As equações para Vpp e Vef estão transcritas abaixo. V pp 2 V p Vef Vp 2 ou Vef (9.4) V pp 2 2 (9.5) Para se determinar os valores de VDC, de Vp e de Vpp, por meio do osciloscópio, deve-se multiplicar o número de divisões deslocadas na tela (div) pela posição do atenuador (Volts/div). No caso do período T, deve-se multiplicar o número de divisões deslocadas (div) pelo valor base de tempo ou posição de varredura (Tempo/div). As expressões abaixo resumem, de modo geral, o que foi dito. V DC V V (Volts div ) n.ºde.divisões(div ) p pp T (Tempo div ) n.º.de.divisões(div ) (9.6) (9.7) 9.3. MATERIAL UTILIZADO • Fonte de tensão contínua regulável; • Gerador de sinais; • Osciloscópio; • Voltímetro. Eletro_9.indd 107 14/06/2012 22:26:27 108 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS 9.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Como etapa inicial, calibrou-se o osciloscópio conforme as especificações apresentadas no manual do aparelho. Uma vez calibrado o osciloscópio, ele foi utilizado em todos os experimentos que serão descritos. 9.4.1. EXPERIMENTO I Inicialmente, ajustou-se, utilizando-se um voltímetro, a fonte de tensão para os valores especificados na tabela abaixo. Em seguida, determinou-se, utilizando-se o osciloscópio e a Equação 9.6, o valor de cada tensão, anotando-se também a posição do atenuador vertical e o número de divisões do deslocamento. Os resultados obtidos encontram-se transcritos na Tabela 9.1. Tabela 9.1 Valores de tensão medidos pelo osciloscópio, referente ao experimento I. Tensão (V) Posição do atenuador (Volts/div) (V) Número de divisões (div) Tensão medida pelo osciloscópio (V) 2,0 1 2,1 2,1 5,0 2 2,6 5,2 8,0 5 1,6 8,0 10,0 5 2,0 10,0 15,0 5 3,1 15,5 Após medir os valores de tensão pelo osciloscópio, foi possível não só compará-los com os valores indicados pela fonte, mas também calcular a diferença percentual entre eles. A Tabela 9.2 apresenta um resumo dessas informações. Tabela 9.2 Eletro_9.indd 108 Comparação entre os valores de tensão indicados pela fonte e medidos pelo osciloscópio. Tensão indicada pela fonte (V) Tensão medida pelo osciloscópio (V) Diferença percentual (%) 2,0 2,1 5,00 5,0 5,2 4,00 8,0 8,0 0,00 10,0 10,0 0,00 15,0 15,5 3,33 14/06/2012 22:26:27 Introdução ao uso do Osciloscópio | 9.4.2. 109 Experimento II Como ponto de partida, ajustou-se o gerador de sinais para as freqüências especificadas nas Tabelas 9.3, 9.4 e 9.5 com amplitude máxima para as formas de onda senoidal, quadrada e triangular. Em seguida, determinou-se, utilizando-se o osciloscópio e as Equações 9.1 e 9.7, o valor de cada período e freqüência, anotando-se também a posição da varredura e o número de divisões ocupadas por um período. Os resultados obtidos encontram-se transcritos nas Tabelas 9.3 a 9.5. Tabela 9.3 Valores da freqüência (Hz) produzida pelo gerador de sinais e dos períodos (s) e das freqüências (Hz) medidas pelo osciloscópio para onda senoidal. Freqüência do gerador Tempo/div div Período medido pelo osciloscópio Freqüência medida pelo osciloscópio 100 5 10 –3 2 1 10 –2 100 5000 0,2 10 1 2 10 5000 –3 –4 Tabela 9.4 Valores da freqüência (Hz) produzida pelo gerador de sinais e dos períodos (s) e das freqüências (Hz) medidas pelo osciloscópio para onda quadrada. Freqüência do gerador Tempo/div div Período medido pelo osciloscópio Freqüência medida pelo osciloscópio 100 2 10 –3 5 1 10 –2 100 5000 50 10 4 2 10 5000 –6 –4 Tabela 9.5 Valores da freqüência (Hz) produzida pelo gerador de sinais e dos períodos (s) e das freqüências (Hz) medidas pelo osciloscópio para onda triangular. Freqüência do gerador Tempo/div div Período medido pelo osciloscópio Freqüência medida pelo osciloscópio 100 2 10 –3 5 1 10 –2 100 5000 0,1 10 2 2 10 5000 9.4.3. –3 –4 Experimento III Inicialmente, ajustou-se o gerador de sinais para a freqüência de 60 Hz, onda senoidal. Uma vez ajustado o gerador, ligou-se um voltímetro, na escala Eletro_9.indd 109 14/06/2012 22:26:27 110 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS VAC, na saída do gerador, de forma a regular a tensão emitida para os valores especificados na Tabela 9.6. Em seguida, determinou-se, utilizando-se o osciloscópio e as Equações 9.4 a 9.6, o valor de pico (Vp), o valor pico a pico (Vpp) e o valor efetivo (Vef) para cada tensão medida. Anotaram-se também a posição do atenuador vertical e o número de divisões do deslocamento. Os resultados obtidos estão transcritos na Tabela 9.6. Tabela 9.6 Valores da tensão (V) medidos pelo voltímetro e valores de pico, Vp, (V), valores pico a pico, Vpp, (V) e valores efetivos, Vef, (V), medidos pelo osciloscópio no experimento III. Valor efetivo medido pelo voltímetro Volts/div div Vp Vpp Vef 1,007 1 3 1,5 3,0 1,06 3,004 5 1,7 4,25 8,5 3,01 5,009 5 2,9 7,25 14,5 5,13 Após determinar os valores de tensão pelo osciloscópio, foi possível não só compará-los com os valores indicados pelo voltímetro, como também calcular a diferença percentual entre eles. A tabela abaixo apresenta um resumo dessas informações. Tabela 9.7 Eletro_9.indd 110 Comparação entre os valores efetivos (V) medidos pelo voltímetro e pelo osciloscópio. Valor efetivo medido pelo voltímetro Valor efetivo medido pelo osciloscópio Diferença percentual (%) 1,007 1,06 5,00 3,004 3,01 0,20 5,009 5,13 2,36 14/06/2012 22:26:27 Introdução ao uso do Osciloscópio | 111 Questões 1. Por meio do gráfico da Figura 9.2, determine: Figura 9.2 Gráfico referente à questão 1. a) T e f T 6,5 10 3 0,5 10 3 6,0 10 3 s f 1 1 166,7Hz T 6,0 10 3 (9.8) (9.9) b) Vp, Vpp e Vef V p 10V (9.10) V pp 2 V p 2 10 20V (9.11) V ef V p 10 7,1V 2 2 (9.12) c) A equação v(t) 2 f 2 166,7 333, 4 rad s Eletro_9.indd 111 (9.13) 14/06/2012 22:26:27 112 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Utilizando-se t = 0 na Equação 9.3, tem-se: 5 10 sen(333, 4 0 ) 1 sen 30º rad 2 6 (9.14) A equação v(t) é: v(t ) 10 sen 333, 4 t 6 (9.15) d) v(t) para t = 15 ms e t = 22 ms Para t = 15 ms: v(15 10 3 ) 10 sen 333, 4 15 10 3 5V 6 (9.16) Para t = 22 ms: v(22 10 3 ) 10 sen 333, 4 22 10 3 10V 6 (9.17) e) VDC V V DC ef V p 10 7,1V 2 2 (9.18) 2. Calcule T, f e VDC para a tensão da Figura 9.3 abaixo: Figura 9.3 Eletro_9.indd 112 Gráfico referente à questão 2. 14/06/2012 22:26:27 Introdução ao uso do Osciloscópio | T 3,0 10 3 0 3,0 10 3 s (9.19) 1 1 333,3Hz T 3,0 10 3 (9.20) f 113 Para calcular VDC, utiliza-se a Equação 9.2: V DC 9.5. Área 9 2,0 10 3 6V T 3,0 10 3 (9.21) DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Objetivando proporcionar a familiarização com o osciloscópio e seus controles, realizaram-se três experimentos. No primeiro deles, determinaram-se, por meio do osciloscópio, os valores de tensão fornecidos por uma fonte (Tabela 9.1). Em seguida, os valores medidos pelo osciloscópio foram comparados com os valores fornecidos pela fonte, permitindo, dessa forma, calcular a diferença percentual entre eles (Tabela 9.2). No segundo experimento, utilizou-se um gerador de sinais para gerar freqüências de 100 Hz e 5 kHz, com amplitudes máximas e nas formas de onda senoidal, quadrada e triangular. Em seguida, determinou-se, utilizando-se o osciloscópio e as Equações 9.1 e 9.7, o valor do período e da freqüência para cada uma das freqüências e formas de onda contidas nas Tabelas 9.3, 9.4 e 9.5. Como se pode observar nessas tabelas, o valor medido pelo osciloscópio coincidiu com o valor fornecido pelo gerador de sinais para todas as freqüências e formas de onda utilizadas. No experimento III, ajustou-se o gerador de sinais para a freqüência de 60 Hz, onda senoidal. Uma vez ajustado o gerador, ligou-se um voltímetro, na escala VAC, na saída do gerador, de forma a regular a tensão emitida para os valores especificados na Tabela 9.6. Em seguida, determinou-se, utilizando-se o osciloscópio e as Equações 9.4 a 9.6, o valor de pico (Vp), o valor pico a pico (Vpp) e o valor efetivo (Vef) para cada tensão medida. Os resultados obtidos estão transcritos na Tabela 9.6. Após determinar os valores de tensão pelo osciloscópio, foi possível não só compará-los com os valores indicados pelo voltímetro, como também calcular a diferença percentual entre eles. Os resulta- Eletro_9.indd 113 14/06/2012 22:26:27 114 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS dos obtidos estão contidos na Tabela 9.7, na qual se verifica uma diferença percentual média de, aproximadamente, 2,52%. Tratou-se neste capítulo, como foi exposto já no início deste texto, da operação e correto manuseio de um osciloscópio. Em todos os experimentos realizados, utilizou-se esse aparelho para realizar diversas funções, como, por exemplo, a medição de tensões contínua e alternada, e a determinação do período e da freqüência de uma tensão periódica. Desse modo, fica evidente a importância do correto manuseio desse instrumento para possibilitar a obtenção de resultados satisfatórios. Eletro_9.indd 114 14/06/2012 22:26:27 10 ESTUDO DO CIRCUITO RC EM SÉRIE 10.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática descrita neste capítulo é verificar, experimentalmente, o comportamento de um capacitor em série com um resistor em um regime AC. Para atingir tal objetivo, realizou-se o experimento que, a seguir, será apresentado. 10.2. INTRODUÇÃO Existem dois tipos de tensão: a tensão contínua (VDC) e a tensão alternada (VAC). A tensão contínua é aquela que não muda sua polaridade nem o seu valor com o tempo. Em contraposição, a tensão alternada tem o seu valor e sua polaridade modificados ao longo do tempo, variando senoidalmente. A tensão fornecida por meio da rede elétrica é um exemplo de tensão alternada, que obedece à seguinte função: v(t ) V p sen( t ) (10.1) onde v(t) é o valor instantâneo da tensão; Vp ou Vmáx é o valor máximo que a tensão pode atingir, também denominada de amplitude ou valor de pico; ω é a velocidade angular, dada em radianos por segundo ( 2 f ou 2 T ); t é um instante qualquer, em segundos; e θ é o ângulo de fase inicial, em radianos. Além do valor de pico (Vp), têm-se o valor pico a pico (Vpp), correspondente à variação máxima entre o ciclo positivo e o ciclo negativo, e o valor eficaz (Vef), equivalente a uma tensão contínua que aplicada a um elemento resistivo dissipa a mesma potência que a tensão alternada em questão. As equações para Vpp e Vef estão transcritas a seguir. Eletro_10.indd 115 14/06/2012 22:26:57 116 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS V pp 2 V p Vef Vp 2 (10.2) ou Vef V pp (10.3) 2 2 Todo circuito alimentado por uma fonte de tensão alternada (em regime AC) oferece uma oposição à passagem de corrente elétrica denominada impedância (Z), cuja unidade é o ohm (Ω). Quando no circuito houver elementos reativos, a corrente estará defasada em relação à tensão, sendo necessária, para estes casos, a construção de um diagrama vetorial ou fasorial das grandezas do circuito, para sua completa análise. Considerando-se um circuito composto por um capacitor associado em série a um resistor, denominado circuito RC-Série, a corrente elétrica é a mesma em todos os componentes, sendo que, no resistor, a corrente e a tensão estão em fase, e, no capacitor, a corrente está adiantada em 2 radianos. O diagrama vetorial referente a este circuito pode ser visto na Figura 10.1. Figura 10.1 Diagrama vetorial de um circuito RC-Série. Ief VRef ref VCef Vef Observando-se o diagrama acima, verifica-se que a soma vetorial das tensões do resistor (VRef) e do capacitor (VCef) é igual à tensão fornecida pela fonte. Deste modo, é possível escrever a seguinte relação matemática: Eletro_10.indd 116 2 2 2 V V Ref VCef ef (10.4) 14/06/2012 22:26:58 Estudo do Circuito RC em Série | 117 Dividindo-se todos os termos por I ef2 , se obtém a equação da impedância (Z) do circuito, ou seja: 2 Vef I ef V Ref I ef 2 VCef I ef Z 2 R 2 X C2 Z 2 R 2 X C2 (10.5) Observando-se a expressão acima, o termo X C é denominado reatância capacitiva, que corresponde à medida da oposição oferecida pelo capacitor à passagem de corrente, tendo, portanto, como unidade, o ohm (Ω). Ela pode ser determinada pela seguinte relação matemática: XC 1 1 C 2 f C (10.6) onde ω é a velocidade angular; C é a capacitância do capacitor; e f é a freqüência. O ângulo θ é a defasagem entre a tensão e a corrente do circuito, e pode ser determinado utilizando-se as relações trigonométricas do triângulo retângulo formado pelo digrama vetorial: sen XC X arcsen C Z Z (10.7) R R arccos Z Z (10.8) XC X arctg C R R (10.9) cos tg Outro método para se obter o ângulo θ de defasagem é utilizando o osciloscópio. Para dois sinais quaisquer de mesma freqüência e defasados, tem-se na tela do osciloscópio, em modo XY, uma elipse como figura de Lissajous. Na Figura 10.2 a seguir, tem-se, como exemplo, a composição de dois sinais defasados e a elipse resultante. Eletro_10.indd 117 14/06/2012 22:26:59 118 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 10.2 Elipse resultante da composição de dois sinais defasados. Para determinar a defasagem por meio da elipse obtida, basta calcular os valores de 2a e 2b, em que 2a representa a distância entre o ponto onde a elipse corta o eixo y positivo e o ponto onde ela corta o eixo y negativo, e 2b é a distância entre a extremidade superior e inferior da elipse. Obtidos os valores de 2a e 2b, o ângulo de defasagem é dado pela seguinte equação matemática: sen 2a 2a arcsen 2b 2b (10.10) Considerando-se a defasagem, podem-se escrever as equações da corrente elétrica e da tensão para cada elemento do circuito, lembrando que a tensão no capacitor está defasada em 90º em relação à tensão no resistor. Veja-se: Eletro_10.indd 118 V (t ) Vmáx sen( t ) (10.11) I (t ) I máx sen( t ) (10.12) V R (t ) V R máx sen( t ) (10.13) VC (t ) VC máx sen t 2 (10.14) 14/06/2012 22:26:59 Estudo do Circuito RC em Série | 10.3. 119 MATERIAL UTILIZADO • Capacitor; • Gerador de sinais; • Ohmímetro; • Osciloscópio; • Resistor; • Voltímetro. 10.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Inicialmente, utilizando-se um ohmímetro determinou-se a resistência de um resistor. O valor obtido foi de (33,11 10 3 0,05 10 3 ) , lembrando que a margem de erro do ohmímetro é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Em seguida, ajustou-se, com o auxílio de um voltímetro, o gerador de sinais para uma tensão eficaz de 4 V onda senoidal. Após ajustar o gerador de sinais, montou-se um circuito formado pelo gerador, por um resistor, por um capacitor de capacitância igual a (10 10 9 1 10 9 ) F e por um osciloscópio. A Figura 10.3 representa o citado circuito. Figura 10.3 Desenho esquemático do circuito RC-Série utilizado. Uma vez montado o circuito, variou-se a freqüência do gerador de sinais, conforme especificado na tabela a seguir. Para cada valor de freqüência, me- Eletro_10.indd 119 14/06/2012 22:26:59 120 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS diu-se, utilizando-se o osciloscópio, o valor da tensão pico a pico (Vpp) no resistor e no capacitor. Determinou-se também o valor eficaz das tensões (Vef) no resistor e no capacitor, utilizando-se para tal tarefa a Equação 10.3. Os resultados obtidos encontram-se transcritos na 10.1. Tabela 10.1 Valores da tensão pico a pico (Vpp) e da tensão eficaz (Vef) do resistor e do capacitor em diferentes freqüências. Resistor Capacitor Freqüência (Hz) VRpp (V) VRef (V) VCpp (V) VCef (V) 100 2,15 0,78 10,50 3,71 200 4,40 1,56 10,00 3,54 400 7,20 2,55 8,50 3,01 600 9,00 3,18 7,00 2,47 800 9,50 3,36 5,60 1,98 1000 10,00 3,54 4,80 1,70 Como fator de comparação, calculou-se novamente o valor da tensão eficaz no resistor e no capacitor para a freqüência de 400 Hz e tensão eficaz de 4 V. Para tal tarefa, utilizaram-se os valores nominais da resistência e da capacitância, a lei de Ohm e as Equações 10.5 e 10.6. Observe-se, abaixo, os cálculos realizados. Cálculo da reatância capacitiva: XC 1 1 2 f C 2 400 (10 10 9 1 10 9 ) (40 10 3 4 10 3 ) (10.15) Cálculo da impedância: Z R 2 X C2 (33,11 10 3 0,05 10 3 ) 2 (40 10 3 4 10 3 ) 2 (52 10 3 3 10 3 ) Eletro_10.indd 120 (10.16) 14/06/2012 22:26:59 Estudo do Circuito RC em Série | 121 Cálculo da corrente eficaz: I ef Vef Z 4 (77 10 6 4 10 6 )A (52 10 3 10 3 ) (10.17) 3 Cálculo da tensão no resistor: V R ef R I ef (33,11 10 3 0,05 10 3 ) (77 10 6 4 10 6 ) (2,5 0,1)V (10.18) Cálculo da tensão no capacitor: VC ef X C I ef (40 10 3 4 10 3 ) (77 10 6 4 10 6 ) (3,1 0,5)V (10.19) Após calcular teoricamente os valores da tensão efetiva no resistor e no capacitor para uma freqüência de 400 Hz, com tensão eficaz de 4 V, foi possível compará-los com os valores obtidos experimentalmente. A tabela abaixo apresenta um resumo dessas informações. Tabela 10.2 Comparação entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente da tensão efetiva (V) no resistor e no capacitor do circuito RC-Série utilizado. Valor calculado teoricamente Valor determinado experimentalmente Diferença percentual (%) Resistor 2,5±0,1 2,55 1,96 Capacitor 3,1±0,5 3,01 2,99 Componente Como etapa seguinte, alterou-se a ligação do osciloscópio ao circuito, conforme se pode observar na Figura 10.4 a seguir. Uma vez modificado o circuito, mediu-se, por meio do osciloscópio, os valores de 2a e 2b para as freqüências contidas na Tabela 10.3. Determinou-se também a defasagem entre a tensão e a corrente elétrica no circuito, utilizando-se, para isso, a Equação 10.10. Eletro_10.indd 121 14/06/2012 22:26:59 122 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 10.4 Desenho esquemático do circuito RC-Série utilizado com o osciloscópio ligado somente no capacitor. Tabela 10.3 Valores de 2a, de 2b e da defasagem entre a tensão e a corrente do circuito RC-Série utilizado. Freqüência (Hz) 2a (divisões) 2b (divisões) Δθ (º) 100 5,3 5,6 71,16 200 5,0 5,6 63,23 400 4,2 5,6 48,59 600 3,5 5,6 38,68 800 2,9 5,6 31,19 1000 2,4 5,6 25,38 A partir dos valores contidos na Tabela 10.3, foi possível construir um gráfico da defasagem (Δθ) em função da freqüência, como se pode observar na Figura 10.5 a seguir. Eletro_10.indd 122 14/06/2012 22:26:59 Estudo do Circuito RC em Série | Figura 10.5 123 Gráfico da Defasagem (º) em função da freqüência (Hz) do circuito RC-Série utilizado. Como fator de comparação, calculou-se novamente o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente no circuito para a freqüência de 400 Hz e tensão eficaz de 4 V. Para tal tarefa, utilizaram-se os valores teóricos, calculados anteriormente, da impedância e da reatância capacitiva bem como a Equação 10.7. Observe-se, abaixo, o cálculo realizado. (40 10 3 4 10 3 ) X arcsen C arcsen (50 7)º (52 10 3 3 10 3 ) Z (10.20) Após calcular teoricamente o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente elétrica para uma freqüência de 400 Hz, com tensão eficaz de 4 V, foi possível compará-lo com o valor obtido experimentalmente para a mesma freqüência e tensão eficaz. A Tabela 10.4 apresenta essas informações. Eletro_10.indd 123 14/06/2012 22:26:59 124 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Tabela 10.4 Comparação entre o valor obtido experimentalmente e o calculado teoricamente do ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente elétrica do circuito RC-Série utilizado no experimento. Valor calculado teoricamente (º) Valor determinado experimentalmente (º) Diferença percentual (%) 50±7 48,59 2,90 A partir dos valores calculados teoricamente para a tensão eficaz no resistor e no capacitor, para a corrente eficaz no circuito e do ângulo de defasagem, foi possível construir o diagrama vetorial do circuito estudado, como se pode observar abaixo. Figura 10.6 Diagrama vetorial do circuito RC-Série utilizado. Ief = (77±4)μA VRef = (2,5±0,1)V θ=(50±7)º VCef = (3,1±0,5)V 10.5. V ef = (4,0±0,5)V DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Como apontado no início deste capítulo, o principal objetivo era verificar experimentalmente o comportamento de um capacitor associado em série com um resistor em um regime AC. Desse modo, realizou-se o experimento aqui descrito. Como ponto de partida, montou-se um circuito formado por um gerador de sinais, um capacitor, um resistor e um osciloscópio. Em seguida, variou-se a freqüência conforme descrito na Tabela 10.1, anotando-se, para cada freqüência, o valor da tensão pico a pico (Vpp) no resistor e no capacitor. Deter- Eletro_10.indd 124 14/06/2012 22:26:59 Estudo do Circuito RC em Série | 125 minou-se também o valor eficaz das tensões (Vef) no resistor e no capacitor, utilizando-se para tal tarefa a Equação 10.3. Como fator de comparação, calculou-se novamente o valor da tensão eficaz no resistor e no capacitor para a freqüência de 400 Hz e tensão eficaz de 4 V. Para tal tarefa, utilizaram-se os valores nominais da resistência e da capacitância, a lei de Ohm e as Equações 10.5 e 10.6. Os resultados obtidos teoricamente diferem em, aproximadamente, 2,48% dos valores medidos experimentalmente, como se pode observar na Tabela 10.2. Em seguida, alterou-se a ligação do osciloscópio ao circuito, de forma a medir a tensão apenas no capacitor. Uma vez modificado o circuito, mediu-se, por meio do osciloscópio, os valores de 2a e 2b para as freqüências contidas na Tabela 10.3. Determinou-se também o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente elétrica no circuito, utilizando-se, para isso, a Equação 10.10. Os resultados obtidos estão transcritos também na Tabela 10.3. A partir dos dados contidos nessa tabela, construiu-se um gráfico da defasagem em função da freqüência (Figura 10.5), indicando que a defasagem tende à zero para freqüências elevadas. Assim como para tensão, calculou-se novamente o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente no circuito para a freqüência de 400 Hz e tensão eficaz de 4 V. Para tal tarefa, utilizaram-se os valores teóricos, calculados anteriormente, da impedância e da reatância capacitiva e a Equação 10.7. Após calcular teoricamente o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente, foi possível compará-lo com o valor obtido experimentalmente para a mesma freqüência e tensão eficaz (Tabela 10.4). A diferença percentual entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente diferiram em apenas 2,90%. Tratou-se neste capítulo, como já exposto, do comportamento de um capacitor associado em série a um resistor em regime AC. Como a diferença percentual média entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente foi de apenas 2,69%, é possível afirmar que os valores experimentais comprovam a teoria que serve de base a esse tipo de circuito. Eletro_10.indd 125 14/06/2012 22:26:59 Eletro_10.indd 126 14/06/2012 22:26:59 11 ESTUDO DO CIRCUITO RLC 11.1. OBJETIVO O objetivo principal da prática descrita neste capítulo é o estudo do comportamento de um circuito RLC-Série em função da freqüência da tensão alternada aplicada. Para atingir tal objetivo, realizou-se o experimento que, a seguir, será apresentado. 11.2. INTRODUÇÃO Existem dois tipos de tensão: a tensão contínua (VDC) e a tensão alternada (VAC). A tensão contínua é aquela que não muda sua polaridade nem o seu valor com o tempo. Em contraposição, a tensão alternada tem o seu valor e sua polaridade modificados ao longo do tempo. A tensão fornecida por meio da rede elétrica é um exemplo de tensão alternada, que obedece à seguinte função: v(t ) V p sen( t ) (11.1) onde v(t) é o valor instantâneo da tensão; Vp ou Vmáx é o valor máximo que a tensão pode atingir, também denominada de amplitude ou valor de pico; ω é a velocidade angular, dada em radianos por segundo ( 2 f ou 2 T ); t é um instante qualquer, em segundos; e θ é o ângulo de fase inicial, em radianos. Além do valor de pico (Vp), têm-se o valor pico a pico (Vpp), correspondente à variação máxima entre o semiciclo positivo e o semiciclo negativo, e o valor eficaz (Vef), equivalente a uma tensão contínua que aplicada a um elemento resistivo dissipa a mesma potência que a tensão alternada em questão. As equações para Vpp e Vef estão transcritas abaixo. V pp 2 V p Eletro_11.indd 127 (11.2) 14/06/2012 22:27:32 128 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Vef Vp 2 ou Vef V pp 2 2 (11.3) Todo circuito alimentado por uma fonte de tensão alternada (em regime AC) oferece uma oposição à passagem de corrente elétrica denominada impedância (Z), cuja unidade é o ohm (Ω). Considerando-se um circuito formado por um capacitor, um indutor e um resistor, ligados em série, denominado circuito RLC-Série, a impedância total do circuito é dada pela seguinte equação matemática: Z R 2 (X L X C )2 (11.4) Observando-se a expressão acima, os termos XL e XC correspondem às reatâncias indutiva e capacitiva, respectivamente. Elas podem ser determinadas pelas seguintes relações matemáticas: X L L 2 f L XC 1 C 1 2 f C (11.5) (11.6) onde ω é a velocidade angular; L é a indutância do indutor; C é a capacitância do capacitor; e f é a freqüência. Observando-se as Equações 11.4, 11.5 e 11.6, pode-se notar que a impedância Z depende da freqüência da corrente alternada fornecida pela fonte. Uma situação particular ocorre neste circuito quando a freqüência da tensão alternada é tal que a reatância indutiva é igual à reatância capacitiva, ou seja: L f0 1 1 2 f L C 2 f C 1 2 L C (11.7) Para o valor de freqüência dada pela Equação 11.7, a reatância total do circuito é zero e a impedância Z tem o menor valor possível, R. Nesse caso, a corrente elétrica tem o maior valor possível e o ângulo de sua fase θ é zero, o que significa que a corrente está em fase com a tensão aplicada. Quando essa Eletro_11.indd 128 14/06/2012 22:27:33 Estudo do Circuito RLC | 129 situação é alcançada, o circuito está em ressonância e a freqüência f0 é dita freqüência de ressonância. Outra característica importante dos circuitos RLC é que a corrente no circuito só tem valor significativo em regiões ao redor do pico de ressonância. A largura deste costuma ser medida em pontos especiais f1 e f2, às vezes chamados de freqüências de corte, como se pode observar na Figura 11.1. Figura 11.1 Gráfico da tensão no resistor em função da freqüência para um circuito ressonante. Vr = RI Vmáx V máx 2 F F1 F2 As freqüências de corte f1 e f2 são arbitrariamente tomadas como pontos tais que: x( f 1 ) x( f 2 ) x1 x 2 f1 , f 2 R (11.8) I ress (11.9) A partir da Equação 11.8, tem-se: I V Z V R2 R2 V 2 R2 2 Quanto mais estreita a largura da banda, diz-se que o circuito é mais seletivo. Isso significa que o circuito é capaz de distinguir com pequeno intervalo de variação uma freqüência determinada. O ângulo θ é a defasagem entre a tensão e a corrente do circuito, e pode ser determinado utilizando-se a seguinte relação trigonométrica: Eletro_11.indd 129 14/06/2012 22:27:33 130 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS tan X L XC X XC arctan L R R (11.10) Outro método para se obter o ângulo θ de defasagem é utilizando o osciloscópio. Para dois sinais quaisquer de mesma freqüência e defasados, tem-se na tela do osciloscópio, em modo XY, uma elipse como figura de Lissajous. Para determinar a defasagem por meio da elipse obtida, basta calcular os valores de 2a e 2b, em que 2a representa a distância entre o ponto onde a elipse corta o eixo y positivo e o ponto onde ela corta o eixo y negativo, e 2b é a distância entre a extremidade superior e inferior da elipse. Obtidos os valores de 2a e 2b, o ângulo de defasagem é dado pela seguinte equação matemática: sen 11.3. 2a 2a arcsen 2b 2b (11.11) MATERIAL UTILIZADO • Amperímetro; • Capacitor; • Gerador de sinais; • Indutor; • Ohmímetro; • Osciloscópio; • Resistor; • Voltímetro. 11.4. PARTE EXPERIMENTAL E RESULTADOS Inicialmente, utilizando-se um ohmímetro, determinou-se a resistência de um resistor. O valor obtido foi de (993±1) Ω, lembrando que a margem de erro do ohmímetro é de 0,15%, conforme especificado no manual do instrumento. Em seguida, ajustou-se, com o auxílio de um voltímetro, o gerador de sinais para uma tensão eficaz de 4 V onda senoidal. Após ajustar o gerador de sinais, montou-se um circuito formado pelo gerador, por um amperímetro, um resistor, um capacitor de capacitância igual a (10 10 9 1 10 9 )F e por um indu- Eletro_11.indd 130 14/06/2012 22:27:34 Estudo do Circuito RLC | 131 tor de indutância igual a (10 10 3 1 10 3 ) H. A figura abaixo 11.2 ilustra o citado circuito. Figura 11.2 Desenho esquemático do circuito RLC-Série montado. Uma vez montado o circuito, variou-se a freqüência do gerador de sinais, conforme especificado na Tabela 11.1. Para cada valor de freqüência, mediu-se a corrente no circuito e a tensão eficaz no resistor, utilizando-se, para tal tarefa, um amperímetro e um voltímetro, respectivamente. Determinou-se também o valor eficaz da tensão pico a pico (VRpp) no resistor e a impedância total no circuito, utilizando-se para tal tarefa as Equações 11.3 a 11.6. Os resultados obtidos encontram-se transcritos na Tabela 11.1. Tabela 11.1 Eletro_11.indd 131 Valores da tensão pico a pico (VRpp) e da tensão eficaz (VRef) no resistor, da corrente eficaz (Ief) do circuito e da impedância total (Z), em diferentes freqüências. Freqüência (kHz) VRpp (V) VRef (V) Ief (mA) Z (Ω) 2 1,40±0,01 0,494±0,005 0,350±0,003 7900±800 4 2,86±0,03 1,01±0,01 0,670±0,005 3900±400 6 2,94±0,03 1,04±0,01 0,690±0,006 2500±300 14/06/2012 22:27:34 132 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS continuação Freqüência (kHz) VRpp (V) VRef (V) Ief (mA) Z (Ω) 8 6,11±0,06 2,16±0,02 1,40±0,01 1800±200 10 7,74±0,08 2,74±0,03 1,75±0,01 1400±200 12 8,94±0,08 3,16±0,03 2,01±0,02 1100±100 14 9,36±0,08 3,31±0,03 2,09±0,02 1030±50 16 10,2±0,1 3,62±0,04 2,15±0,02 993±3 18 10,7±0,1 3,77±0,04 2,00±0,02 1020±50 20 10,5±0,1 3,71±0,04 1,62±0,01 1090±80 22 9,9±0,1 3,51±0,04 1,07±0,01 1200±100 24 9,19±0,08 3,25±0,03 0,540±0,004 1300±100 26 8,43±0,08 2,98±0,03 0,130±0,001 1400±200 28 7,67±0,08 2,71±0,03 0,060±0,001 1600±200 30 7,01±0,06 2,48±0,02 0,040±0,001 1800±200 40 6,39±0,06 2,26±0,02 0,020±0,001 2300±300 Como etapa seguinte, efetuou-se a ligação do osciloscópio ao circuito, conforme se pode observar na Figura 11.3 abaixo. Figura 11.3 Eletro_11.indd 132 Desenho esquemático do circuito RLC-Série utilizado com o osciloscópio ligado entre o capacitor e o indutor. 14/06/2012 22:27:34 Estudo do Circuito RLC | 133 Uma vez modificado o circuito, mediu-se, por meio do osciloscópio, os valores de 2a e 2b para as freqüências contidas na Tabela 11.2. Determinou-se também a defasagem entre a tensão e a corrente elétrica no circuito por dois métodos. O primeiro deles consistia em utilizar a Equação 11.10, ao passo que no segundo utilizou-se a Equação 11.11. Valendo-se dos resultados obtidos pelos dois métodos, foi possível compará-los e, conseqüentemente, calcular a diferença percentual entre eles. Os resultados obtidos estão transcritos na Tabela 11.2. Tabela 11.2 Valores de 2a, de 2b e da defasagem entre a tensão e a corrente do circuito RLC-Série utilizado. 2a 2b Δθ Método 1 (º) Δθ Método 2 (º) Diferença Percentual (%) 2 5,3 5,4 82,77 78,96 4,83 4 5,2 5,4 75,08 74,36 0,97 6 5,0 5,4 66,42 67,81 2,05 8 4,5 5,4 56,26 56,44 0,32 10 3,8 5,4 44,13 44,72 1,32 12 2,7 5,4 29,96 30,00 0,13 14 1,5 5,4 14,52 16,13 9,98 16 0,1 5,4 0,61 1,06 42,45 18 1,2 5,4 13,96 12,84 8,72 20 2,1 5,4 24,89 22,89 8,74 22 2,8 5,4 33,56 31,23 7,46 24 3,3 5,4 40,39 37,67 7,22 26 3,7 5,4 45,81 43,25 5,92 28 4,1 5,4 50,18 49,40 1,58 30 4,4 5,4 53,75 54,57 1,50 40 5,0 5,5 64,85 65,38 0,82 Freqüência (kHz) Como próximo passo, determinou-se a freqüência de ressonância do circuito por duas operações distintas. A primeira delas consistia em variar a freqüência do gerador de sinais até se obter 2a igual a zero. A outra operação baseava-se no uso da Equação 11.7 e dos valores nominais do capacitor e do indutor. Uma vez calculada a freqüência de ressonância pelas duas operações, Eletro_11.indd 133 14/06/2012 22:27:34 134 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS foi possível compará-las e calcular a diferença percentual entre elas. Veja-se os resultado obtidos na Tabela 11.3. Tabela 11.3 Valores da freqüência de ressonância do circuito RLC-Série utilizado neste experimento. Método 1 (2a = 0) (Hz) Método 2 (Equação 11.7) (Hz) Diferença percentual (%) 16.350 15.915 2,73 A partir dos valores contidos nas Tabelas 11.1 e 11.2, foi possível construir os gráficos da corrente elétrica efetiva (Ief) em função da freqüência, da defasagem (Δθ) versus a freqüência e da impedância (Z) também em função da freqüência. Os referidos gráficos são apresentados a seguir. Figura 11.4 Eletro_11.indd 134 Gráfico da Corrente elétrica (A) em função da Freqüência (Hz) referente ao circuito RLC-Série. 14/06/2012 22:27:34 Estudo do Circuito RLC | Figura 11.5 Gráfico da Defasagem (Δθ) em função da Freqüência (Hz) referente ao circuito RLC-Série. Figura 11.6 Gráfico da Impedância (Ω) em função da Freqüência (Hz) referente ao circuito RLC-Série. 135 Utilizando-se o gráfico da Figura 11.4, a Tabela 11.1 e as Equações 11.8 e 11.9, foi possível determinar não só a freqüência de ressonância do circuito, mas também as freqüências de corte inferior e superior e a largura de banda do circuito. Observe-se, a seguir, os cálculos realizados e o novo gráfico gerado. Eletro_11.indd 135 14/06/2012 22:27:34 136 | PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: COLETA E ANÁLISE DE DADOS EXPERIMENTAIS Figura 11.7 Gráfico da freqüência de corte inferior e superior e da largura de banda do circuito RLC-Série. I 11.5. I máx 0,00215 0,0015A 2 2 (11.12) f 0 16000Hz (11.13) f 1 9000Hz (11.14) f 2 20500Hz (11.15) f 1 f 2 9000 20500 11500Hz (11.16) DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO Verificou-se neste capítulo o comportamento de um circuito RLC-Série em função da freqüência da tensão alternada aplicada a partir da realização de um experimento. Como ponto de partida, montou-se um circuito composto por um gerador de sinais, um amperímetro, um capacitor, um resistor e um indutor. Em segui- Eletro_11.indd 136 14/06/2012 22:27:34 Estudo do Circuito RLC | 137 da, variou-se a freqüência conforme descrito na Tabela 11.1, anotando-se, para cada freqüência, o valor da tensão eficaz (VRef) do resistor e a corrente eficaz (Ief) do circuito. Determinou-se também o valor da tensão pico a pico (VRpp) do resistor e a impedância (Z) do circuito, utilizando-se para tal tarefa as Equações 11.3, 11.4, 11.5 e 11.6. Em seguida, efetuou-se a ligação do osciloscópio ao circuito, conforme desenho esquematizado pela Figura 11.3. Uma vez modificado o circuito, mediu-se, por meio do osciloscópio, os valores de 2a e 2b para as freqüências contidas na Tabela 11.2. Determinou-se também a defasagem entre a tensão e a corrente elétrica no circuito por dois métodos. O primeiro deles consistia em utilizar a Equação 11.10, ao passo que no segundo utilizou-se a Equação 11.11. Valendo-se dos resultados obtidos pelos dois métodos, foi possível compará-los e, conseqüentemente, calcular a diferença percentual entre eles para cada freqüência (Tabela 11.2). Como próximo passo, determinou-se a freqüência de ressonância do circuito por duas operações distintas. A primeira delas consistia em variar a freqüência do gerador de sinais até obter 2a igual a zero. A outra operação se baseava no uso da Equação 11.7 e dos valores nominais do capacitor e do indutor. Uma vez calculada a freqüência de ressonância pelas duas operações, foi possível compará-las e calcular a diferença percentual entre elas (Tabela 11.3). Baseando-se nos dados contidos nas Tabelas 11.1 e 11.2, construíram-se os gráficos da corrente elétrica efetiva (Ief) em função da freqüência (Figura 4), da defasagem (Δθ) versus a freqüência (Figura 5) e da impedância (Z) também em função da freqüência (Figura 6). Determinaram-se também não só as freqüências de corte inferior e superior, assim como a largura de banda do circuito, como se pode verificar na Figura 11.7. Tratou-se neste capítulo, como já exposto, do comportamento de um circuito RLC-Série em função da freqüência da tensão aplicada. Como a diferença percentual média entre os valores obtidos experimentalmente e os calculados teoricamente foi de apenas 2,73%, é possível afirmar que os valores experimentais comprovam a teoria que serve de base a esse tipo de circuito. Eletro_11.indd 137 14/06/2012 22:27:34 Eletro_11.indd 138 14/06/2012 22:27:34 BIBLIOGRAFIA HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física: eletromagnetismo. 4a ed. 3 v. Tradução de Gabriel Armando Pelegatti Franco et al. Rio de Janeiro: LTC, 1996. NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física básica: eletromagnetismo. 1a ed. 3 v. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros: eletricidade e magnetismo, ótica. 4a ed. 2 v. Tradução de Horacio Macedo; Ronaldo de Biasi. Rio de Janeiro: LTC, 2000. YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física III: eletromagnetismo. 10a ed. Tradução de Adir Moysés Luiz. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. Eletro_Biblio.indd 139 14/06/2012 22:28:03 Eletro_Biblio.indd 140 14/06/2012 22:28:04 apresentado ao leitor o manuseio de instrumentos de medidas elétricas, o procedimento de montagem e a análise de circuitos elétricos (RC, RL e RLC), entre outros temas. Concomitantemente à descrição de cada experimento, há uma exposição da teoria envolvida e uma breve discussão, em termos dos tópicos relacionados, dos resultados obtidos experimentalmente. Em suma, esta obra pretende complementar os fundamentos usualmente transmitidos em aulas teóricas das disciplinas básicas de Eletricidade e Magnetismo. Carlos. Foi docente da Universidade de El Salvador até o ano de 1979 e atualmente é professor assistente doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Física da Matéria Condensada. Atua no estudo de variações conformacionais e processos de enovelamento e aglomeração de proteínas e membranas em solução, fazendo uso da teoria e da técnica de espalhamento de Raio-X a Baixo Ângulo (SAXS). Antonio Bento de Oliveira Junior possui Bacharelado em Física Biológica pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Por dois anos, atuou como monitor do laboratório de Física do Centro Integrado de Ciência e Cultura (CICC). Tem experiência na área de Biofísica Molecular Computacional, com ênfase no estudo do processo de enovelamento de proteínas. Daniel Lucas Zago Caetano possui Bacharelado em Física Biológica pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atua na área de Biofísica Molecular Computacional, com ênfase no estudo da interação entre polianfóteros fracos e macroíons cilíndricos opostamente carregados. Guilherme Volpe Bossa possui Bacharelado em Física Biológica pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atua na área de Biofísica Molecular Teórica, desenvolvendo modelos aplicados à caracterização de propriedades físico-químicas e dielétricas de aminoácidos e oligopeptídeos. José Ramon Beltran Abrego Antônio Bento de Oliveira Junior Daniel Lucas Zago Caetano Guilherme Volpe Bossa PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: Coleta e Análise de Dados Experimentais PRÁTICAS DE ELETROMAGNETISMO: Coleta e Análise de Dados Experimentais José Ramon Beltran Abrego possui doutorado em Física pelo Instituto de Física de São Cultura Acadêmica netismo frequentemente abordados nos cursos de Física básica. Ao longo do texto, é Abrego / Oliveira Junior / Caetano / Bossa A presente obra expõe os experimentos referentes aos tópicos de eletricidade e mag- ISBN 978-85-7983-248-2 9 788579 832482 Capa_Eletro.indd 1 14/06/2012 19:12:37