2009/2010 Nuno Maia Nº23 12ºB [ORIENTAÇÃO] CNSA Professor Nuno Mesquita Educação Física 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] ÍNDICE 0.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3 0.2. A Rosa dos Ventos ..................................................................................................... 4 1.1. Observação da Natureza ....................................................................................... 6 1.2. Observação do Sol .................................................................................................... 8 1.3. Observação da lua.................................................................................................. 11 1.4. Observação das estrelas .................................................................................... 12 1.5. Mapas ............................................................................................................................ 14 1.6. Bússola ........................................................................................................................ 15 1.7. Azimute ........................................................................................................................ 18 1.8. GPS ................................................................................................................................. 19 2.1. Orientação – O desporto ..................................................................................... 21 2.2. Regras Gerais da Orientação............................................................................ 23 2.3. Orientação em BTT .................................................................................................. 24 2.4. Orientação em Ski .................................................................................................. 25 2.5. Corridas de Aventura .......................................................................................... 26 2.6. Trail Orienteering ................................................................................................ 27 2.7. História da orientação ....................................................................................... 28 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................... 30 WEBGRAFIA .............................................................................................................................. 31 Nuno Maia Nº23 12ºB 2 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 0.1. INTRODUÇÃO De uma forma geral, o termo orientação pode ser definido conceptualmente como a direcção de um eixo ou de um vector/pseudo-vector. No entanto, o seu significado para o homem é muito mais amplo. Desde os primórdios da história o homem sente necessidade de se orientar nas viagens que empreende. Ao longo do tempo, fosse para caçar, guerrear, negociar ou explorar, o homem teve necessidade de recorrer a pontos de referência que servissem de auxílio ao sucesso de tarefas como deslocamentos através de montanhas, desertos ou florestas. Inicialmente havia o recurso à observação da natureza ou acidentes naturais (rios, montanhas, vales, entre outros) como principal meio de determinação da posição do indivíduo. Também desde muito cedo as estrelas, a Lua e o Sol começaram a ser pontos de referência que ajudavam os viajantes a seguir uma direcção pretendida em percursos sem grandes pontos paisagísticos que permitissem uma localização eficaz e exacta. Mais tarde deu-se o desenvolvimento de mapas, ou seja, representações do terreno, à escala da realidade, que fornecem um vasto conjunto de informações ao utilizador, permitindo-lhe localizar-se geograficamente. Estes documentos aumentaram gradualmente de complexidade, incluindo referências de pontos essenciais, escalas cada vez mais precisas para um eficaz cálculo das distâncias e também curvas de nível que representam se o relevo do terreno é mais ou menos acidentado. Com o início das campanhas de descoberta marítima dos países europeus, nas quais Portugal foi pioneiro, surgiu uma necessidade ainda mais forte de recorrer a meios de localização sem ser possível observar qualquer informação na paisagem circundante desconhecida que fosse passível de auxiliar na orientação. Desenvolveram-se então instrumentos como o astrolábio e a bússola. O primeiro, de origem remota, mas popularizado por navegadores portugueses é um instrumento astronómico utilizado para medir a altura de astros acima da linha do horizonte. O segundo, cuja criação é atribuída à civilização chinesa, é um mecanismo navegacional que determina a posição relativa do utilizador em relação aos pólos magnéticos do planeta terra. Hoje em dia, a orientação continua a ser de extrema relevância para a Humanidade e os avanços científicos e tecnológicos dos tempos modernos permitiram uma enorme sofisticação nos meios disponíveis para atingir este fim, como por exemplo o GPS (Global Positioning System). Através deste sistema, podemos saber a nossa posição graças a interacção de um pequeno receptor com satélites artificiais dispostos na órbita do nosso planeta. Derradeiramente, a orientação deixou de ser um auxílio à navegação e exploração e adoptou um carácter mais lúdico sob a forma de desporto. Nuno Maia Nº23 12ºB 3 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 0.2. A Rosa dos Ventos Antes de iniciar a análise de cada uma das vertentes referidas anteriormente, é necessário estudar um recurso de extrema importância para o domínio de qualquer uma delas, a Rosa dos Ventos. A Rosa dos Ventos é constituída por 4 pontos cardeais: Norte N Sul S Este E Oeste O 4 pontos colaterais: Nordeste NE Sueste SE Sudoeste SO Noroeste NO E ainda 8 pontos Sub-Colaterais: Nor-Nordeste NNE Lés-Nordeste ENE Lés-Sueste SSE Su-Sudoeste SSO Oés-Sudoeste OSO Oés-Noroeste ONO Nor-Noroeste NNO Nota: Por vezes o ponto cardeal Oeste aparece abreviado como W e não como O. O mesmo se verifica para todos os seus sub-pontos. Nuno Maia Nº23 12ºB 4 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Os pontos da Rosa dos Ventos possuem uma relação directa com o movimento aparente do Sol no céu e horizonte, tal como se pode ver pela imagem seguinte: O Sol nasce a Este e põe-se a Oeste, aproximadamente, encontrando-se a Sul ao meiodia solar. A hora dos relógios não coincide com a hora sola, sendo que durante o Inverno está adiantada cerca de 36 minutos, enquanto que no Verão esta diferença chega a 1 hora e 36 minutos. As tabelas que se seguem permitem compreender melhor esta relação entre a Rosa dos Ventos, a posição do Sol e o ângulo relativo. Pontos Cardeais NORTE Setentrião 0º Ponto a que se referem as direcções SUL Meridião; meio-dia 180º Ao meio-dia solar o sol encontra-se a Sul ESTE Leste; levante; oriente; nascente 90º Direcção de onde nasce o sol OESTE Poente; ocidente; ocaso 270º Direcção onde o sol se põe Pontos Colaterais NE Nordeste 45º SE Sudeste 135º SO Sudoeste 225º NO Noroeste 315º Pontos Sub-Colaterais NNE Nor-Nordeste 22,5º ENE Lés-Nordeste 67,5º ESE Lés-Sudeste 112,5º SSE Su-Sudeste 157,5º SSO Su-Sudoeste 202,5º OSO Oés-Sudoeste 247,5º ONO Oés-Noroeste 292,5º NNO Nor-Noroeste 337,5º Nuno Maia Nº23 12ºB 5 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.1. Observação da Natureza Este método pode ser considerado arcaico dados os avanços tecnológicos perpetrados pela espécie humana até aos dias de hoje, mas é essencial a sua análise para uma eficaz compreensão histórica das dificuldades vividas pela civilização humana primordial. A Evolução do Homem - blogs.houstonpress.com/hairballs/human-evolution-t10176.jpg Para além de recorrer à observação de acidentes naturais e interpretação da informação por eles fornecida, como rios, vales, montanhas, lagos e mar, utilizados como pontos de referência nas viagens, o ser humano observava também outros fenómenos cíclicos ou frequentes que lhe permitiam tirar importantes conclusões. Alguns deles são banais para o indivíduo contemporâneo comum, apenas porque o seu uso se tornou extremamente generalizado, mas a sua importância não fica por isso diminuída. Entre algumas das observações realizadas podemos apontar: Observação do clima – O clima torna-se mais adverso e frio quanto mais nos deslocamos para Norte (no hemisfério Norte) ou para Sul (no hemisfério Sul). Observação das cascas das árvores e da sua inclinação – De uma forma geral, a casca das árvores é mais rugosa e fendida do lado que é mais batido pelas chuvas e ventos, ou seja, o lado Norte (no hemisfério Norte) e o lado Sul (no hemisfério Sul); Por outro lado, a inclinação das árvores indica-nos a direcção do vento dominante ou mais intenso da região, que é geralmente o Norte (no hemisfério Norte) e o Sul (no hemisfério Sul). Nuno Maia Nº23 12ºB 6 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Existem ainda outras observações menos comuns que se podem realizar, mas que também se revelam bastante interessantes: Observação dos Girassóis – Viram sempre a sua flor para o Sol. Observação das Formigas – Constroem geralmente as entradas dos formigueiros em locais resguardados dos ventos fortes do Norte (no hemisfério Norte) ou do Sul (no hemisfério Sul) Observação dos Caracóis – Têm geralmente tendência a procurar o lado Este e Sul das árvores para subirem, pois são as orientações de maior exposição solar. Observação dos Musgos e Fungos – Fungos como os cogumelos desenvolvemse mais facilmente em locais mais sombrios, ou seja, do lado Norte (no hemisfério Norte) e do lado Sul (no hemisfério Sul). Pontos de Referência - www.mammothmountain.com/docs/assets/june_mountain_01.jpg Nuno Maia Nº23 12ºB 7 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.2. Observação do Sol Ao procurar formas de orientação em locais sem grandes pontos de referência, o ser humano desde cedo se virou para os astros e particularmente para o Sol, devido ao seu carácter permanente ou frequente no horizonte. O Sol averyhenderson.files.wordpress.co m/2008/12/solarinteraction1.jpeg Existem vários métodos de orientação pelo Sol: Método da Sombra da Vara É um método pouco exacto e que apenas se pode utilizar de manhã ou de tarde, quando a inclinação dos raios solares é considerável. Recorre-se a uma vara, ou qualquer outro objecto esguio e alto, visto que apenas interessa a observação da sombra criada. Espeta-se esse objecto no solo. Observando a sombra criada, assinalase o seu local no solo, no momento em que a vara foi colocada. Passados alguns minutos, a sombra criada pela vara desloca-se e então procede-se novamente à marcação do local da sombra no solo. Finalmente, ao unirmos as duas marcas através de um segmento de recta, obtemos a direcção Este-Oeste. Nuno Maia Nº23 12ºB 8 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Método das Sombras Iguais Este método é muito mais eficaz e exacto que o método anterior, mas revela-se mais complexo e exigente na sua execução. Deve ser aplicado por volta do meio-dia solar e a vara a usar deve ser colocada no solo numa posição totalmente vertical e de forma a fornecer uma sombra de pelo menos 30 cm. Observando a sombra criada, assinala-se o local da sua ponta no solo. Em seguida, utilizando uma corda atada a uma estaca ou outro objecto delgado e à vara colocada no solo, desenha-se um arco com centro na vara e raio igual ao comprimento da sombra assinalada. Com o passar do tempo, a sombra acaba por se deslocar e atinge o arco do lado oposto ao assinalado anteriormente. Repete-se a marcação e unem-se as duas marcas obtendo a direcção Este-Oeste. Uma vez que a vara se encontra á mesma distância das marcas assinaladas, é também possível assinalar a direcção Sul-Norte, tal como na figura que se segue. Nuno Maia Nº23 12ºB 9 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Método do Relógio Este método varia consoante a localização do utilizador e com a época do ano. Para o Hemisfério Norte: Mantendo o relógio na horizontal, com o visor para cima, procura-se uma posição em que o ponteiro das horas esteja na direcção do sol. A bissectriz do menor ângulo formado entre o ponteiro das horas e a linha das 12h define a direcção Norte-Sul. Para o Hemisfério Sul: O método é semelhante, só que neste caso, a linha das 12h é que fica orientada na direcção do Sol. Da mesma forma, a bissectriz do ângulo formado entre o ponteiro das horas e a linha das 12h define a direcção Norte-Sul. Para o horário de Verão: No caso do horário de Verão em que o adiantamento do horário do relógio em relação ao horário solar é maior, deve-se dar o desconto correcto. Existem dois processos principais: O primeiro consiste em desviar um pouco a linha Norte-Sul para a direita; O segundo processo, mais exacto e preciso, resume-se a atrasar hora do relógio de modo a estar mais próxima da hora solar (como no horário de Inverno). Nuno Maia Nº23 12ºB 10 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.3. Observação da lua Tal como o Sol, a Lua, no seu movimento no céu, nasce a Leste, no entanto a hora em que nasce depende da sua fase. Por outro lado, a fase da Lua depende da posição do Sol, pois é consequência da iluminação e sombra criada pela direcção dos raios solares. Desta forma temos 4 fases lunares: Para saber se a face iluminada está a “crescer” (a caminho da fase de Lua Cheia) ou a “diminuir” (minguar), basta seguir a seguinte orientação: Se a fase iluminada parece um “D” então está a “crescer” – Quarto Crescente Se a fase iluminada parece um “C” então está a “diminuir” – Quarto Minguante Para procedermos a uma orientação concreta basta termos em conta os seguintes dados que informam sobre a relação entre a Direcção da Lua em função da Fase e Hora: HORA 12h SE E NE N NO O SO S 15h S SE E NE N NO O SO 18h SO S SE E NE N NO O 21h O SO S SE E NE N NO 24h NO O SO S SE E NE N 3h N NO O SO S SE E NE 6h NE N NO O SO S SE E 9h E NE N NO O SO S SE Nuno Maia Nº23 12ºB 11 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.4. Observação das estrelas A orientação pelas estrelas é um dos métodos mais antigos de orientação praticados pelo Homem, em várias civilizações e regiões do planeta. Apesar de se basear num princípio simples, o método pode revelar-se algo complexo de levar a cabo. Baseando-nos na observação das estrelas, tudo o que temos de fazer para nos guiarmos durante a noite é descobrir a Estrela Polar no céu, pois traçando uma linha vertical imaginária até ao horizonte, obtemos a direcção Norte. O problema reside contudo em identificar correctamente a Estrela Polar no seio de milhares de estrelas visíveis num céu nocturno estrelado. Existem contudo algumas formas de o conseguir: Constelação de Orion A constelação de Orion é apenas visível durante o Inverno, pois a partir de Abril desaparece a Oeste, mas revela-se muito facilmente identificável. Esta constelação apresenta a aparência de um homem, cujos pés são as estrelas Saiph e Rigel e que possui uma cintura (linha oblíqua de 3 estrelas) – Cinturão de Orion - da qual pende uma espada (linha vertical de 3 estrelas). Traçando uma linha imaginária entre a estrela central do Cinturão de Orion e as 3 estrelas da cabeça do homem e prolongando pelo céu estrelado, será então possível encontrar a Estrela Polar. Nuno Maia Nº23 12ºB 12 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Constelação da Ursa Maior, Ursa Menor e Cassiopeia Se traçarmos uma linha imaginária que passe pelas duas “Guardas” da Ursa Maior e a prolongarmos no céu estrelado iremos encontrar a Estrela Polar. Por outro lado, prolongando uma linha imaginária entre a primeira estrela da cauda da Ursa Maior e a Estrela Polar, vamos encontrar a constelação da Cassiopeia. Desta forma podemos verificar se a posição da Estrela Polar foi bem determinada anteriormente. A figura seguinte elucida facilmente sobre o procedimento a seguir. Nuno Maia Nº23 12ºB 13 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.5. Mapas Um mapa é uma representação visual de uma área, fornecendo uma descrição simbólica centrada nas relações entre os vários elementos dessa área, ou seja, podem existir imensos tipos de mapas consoante a relação entre elementos evidente em cada um deles. Entre outros, um mapa pode ser: Físico; Político; Humano. De uma forma geral um mapa é um documento estático, uma representação exacta bidimensional do ponto de vista geográfico, de um espaço tridimensional. Existem também mapas dinâmicos e interactivos, por vezes até a 3 dimensões. Qualquer mapa possui alguns elementos essenciais: Título; Orientação (relação entre a direcções do mapa e da bússola); Legenda; Escala (relação entre as dimensões representadas e as dimensões reais). A escala de um mapa nem sempre pode ser tomada como exacta devido à forma esférica do planeta Terra, ou seja, em mapas cuja região representada é pequena é possível ignorar a curvatura do Planeta, mas em mapas que representem grandes áreas do globo, são necessárias projecções da forma esférica/elipsoidal para o plano. No entanto a impossibilidade de “espalmar” com exactidão uma esfera num plano significa que as escalas de mapas de grandes regiões nunca são 100% exactos. A Cartografia é o estudo e elaboração de representações da superfície terrestre sobre uma superfície plana, ou seja, de mapas. Cartógrafo é a designação atribuída ao indivíduo que elabora mapas. Antigo Planisfério comps.fotosearch.com/comp/VSL/maps/atlasbarroco-fundo_~09JN1708.jpg Nuno Maia Nº23 12ºB 14 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.6. Bússola A bússola (do italiano bussola) é um instrumento de navegação de origem chinesa, criado por volta do segundo milénio antes de Cristo, em consequência da descoberta da atracção polar. Este instrumento só chegou à Europa por volta do séc. XI por via da influência árabe. A Bússola blig.ig.com.br/sergioazamb/files/2009/02/bussol a.jpg Este equipamento, composto por uma agulha magnética suspensa horizontalmente sobre o centro de gravidade do objecto, permite identificar os pontos cardeais pois indica sempre a direcção do Pólo Norte (geográfico), seguindo o campo magnético da Terra. A agulha da bússola está magnetizada de forma a ser atraída pelo Pólo Sul magnético e repelida pelo Pólo Norte Geográfico. Ora, como o Pólo Sul Magnético se aproxima do Pólo Norte Geográfico, a bússola permite ao utilizador concluir qual é a direcção Norte. No séc. XIV, surgiu o modelo de bússola mais conhecido, pois foi integrado na estrutura anteriormente descrita um desenho da Rosa dos Ventos. No séc. XV deu-se a descoberta da Declinação (desvio de 9º no sentido inverso ao dos ponteiro do relógio), ou seja, da diferença entre o Norte Magnético e o Norte Geográfico, possivelmente pelos navegadores portugueses. Nuno Maia Nº23 12ºB 15 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Método de Utilização A bússola deve ser colocada num plano horizontal para evitar incorrecções. Deve ser feita a correcção magnética, ou seja não podemos esquecer que a bússola indica o Sul Magnético e não o Norte Geográfico. Portanto, para se obter o Norte Geográfico temos de acrescentar 9º à direcção indicada pela bússola. Norte Geográfico Sul Magnético Equador Norte Magnético Todos os materiais metálicos criam um campo magnético de maior ou menor intensidade, bem como qualquer circuito eléctrico. O Campo Magnético da Terra - solar.physics.montana.edu/YPOP/Spotlight/Magnetic/Images/magnetic_earth.gif Nuno Maia Nº23 12ºB 16 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Para uma correcta utilização da bússola é necessário ter cuidado com a proximidade a todos os objectos metálicos ou circuitos eléctricos, pois estes podem afectar a exactidão da leitura, influenciando com o seu campo magnético o comportamento da agulha magnética. Na tabela que se segue é possível observar algumas distâncias a conservar aquando da utilização da bússola. Objecto Distância Linha de alta tensão 60 Metros Camião 20 Metros Fios telefónicos 10 Metros Arame farpado 10 Metros Carro 10 Metros Machado 1,5 Metros Tacho 1 Metro Nuno Maia Nº23 12ºB 17 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.7. Azimute Um azimute pode ser definido de uma forma simples como uma direcção definida em graus, variando entre os 0º e os 360º. A direcção de 0º corresponde ao ponto cardeal Norte. O ângulo definido aumenta no sentido dos ponteiros do relógio tal como exemplificado na figura: Azimute de 60º (graus) Existem 3 tipos de azimutes: Magnético – Medido a partir do Norte Magnético (com base na bússola) Geográfico – Medido a partir do Norte Geográfico (direcção do Pólo Norte) Cartográfico – Medido com base nas linhas verticais da carta/mapa Azimute Magnético: Para a sua determinação é necessário alinhar a mira da bússola com o alvo e em seguida anotar a medida do ângulo existente entre o alvo e o Norte Magnético indicado pela bússola Os outros dois processos seguem um processo análogo, sendo que no caso do Azimute Geográfico se anota o ângulo entre o alvo e o Norte Geográfico e no caso do Azimute Cartográfico se regista o ângulo entre o alvo e as linhas verticais do mapa. Nuno Maia Nº23 12ºB 18 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 1.8. GPS GPS ou Global Positioning System é um sistema de navegação por satélite NorteAmericano, que fornece serviços de posicionamento, navegação e temporização em todo o mundo de forma contínua, com quaisquer condições atmosféricas e sendo dia ou noite. Este sistema divide-se em 3 componentes principais: Segmento Espacial o 24 Satélites distribuídos por 6 órbitas (4 satélites por órbita para se encontrarem em linha de vista), a uma altitude de 22200 km. o O tempo de uma volta completa ao planeta é de 12 horas e portanto cada satélite efectua duas voltas completas à Terra por dia. o Comunicação através de radiação electromagnética de microondas. o Cada satélite possui um relógio atómico e painéis solares. Segmento de Controlo o o 5 estações de controlo terrestres, com sede em Colorado Springs, nos Estados Unidos da América. Cada estação controla a posição, velocidade e tempo (horas) dos satélites, efectuando correcções se necessário. Colorado Springs Hawai Kwajalein Ilha da Assunção Diego Garcia Planisfério Terrestre – upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/World_map_blank_gmt.png Nuno Maia Nº23 12ºB 19 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Segmento do Utilizador o o Receptor de GPS equipado com um relógio de quartzo. Recebe e descodifica o sinal enviado por cada satélite, calculando distâncias com base na velocidade da transmissão desses dados e do tempo gasto no processo (v=dxt). Funcionamento: Recorre-se ao método da triangulação, em que o receptor de GPS determina a sua posição em relação a 3 satélites (3 dimensões: Altura/Profundidade, Comprimento e Largura). A intersecção das 3 superfícies esféricas centradas em cada satélite origina 2 pontos para a possível localização do receptor, no entanto apenas um destes se localiza na superfície terrestre, podendo-se desprezar o segundo. Recorre-se ainda a um quarto satélite para reduzir as possibilidades de ocorrência de erros. O Planeta Terra – http://instructor.ecoscenesonline.com/PlanetEarth.jpg Nuno Maia Nº23 12ºB 20 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.1. Orientação – O desporto Estando realizada a análise das várias formas de orientação como meios de desenvolvimento e sofisticação da Humanidade, vamos agora passar ao seu estudo como actividade lúdica e desportiva. A Orientação é um desporto que tem como objectivo percorrer uma determinada distância em terreno desconhecido, de relevo variado e em que o atleta é obrigado a passar por certos pontos no trajecto descrito num mapa auxiliar, no menor tempo possível. O Símbolo do Ponto de Controlo www.orienteering.org O terreno e o relevo variam imenso, sendo que os percursos podem passar por: Areia. Floresta. Rios. Montanhas de relevo mais ou menos acidentado. Na Orientação, a competição desportiva é conjugada com o lazer e o contacto com a Natureza. Cada praticante segue o seu ritmo, pois pode escolher os desafios que quer enfrentar e pode também fazê-lo na companhia de amigos ou conhecendo novas pessoas. As provas podem ser realizadas de dia ou de noite. Em competição, para conseguir a vitória, o objectivo é percorrer um determinado percurso no menor tempo possível. Alguns factores vão influenciar o desempenho do atleta como: Capacidades físicas do atleta. Facilidade na leitura dos mapas e interpretação das informações. Escolha correcta dos itinerários. Capacidade de adaptação ao terreno. Rapidez na orientação espacial. Nuno Maia Nº23 12ºB 21 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Quem pode praticar? Pessoas de todas as idades, sendo que existem percursos para principiantes. Existem vários graus de dificuldade e distâncias, em função das capacidades técnicas e da idade dos praticantes. O desafio da Orientação i.bnet.com/blogs/orientation.jpg Outros tipos de Orientação Para além da Orientação tradicional pedestre existem ainda outras variantes deste desporto: Orientação em BTT (Bicicleta Todo-o-Terreno). Orientação em Ski. Corridas de Aventura. Trail Orienteering (específico para deficientes motores). Cada uma destas variantes será em seguida analisada. Nuno Maia Nº23 12ºB 22 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.2. Regras Gerais da Orientação Em cada prova de orientação, o atleta recebe um mapa onde é visível o percurso a seguir na competição. Este percurso é constituído por uma partida, uma sequência de pontos de controlo (assinalados por círculos) e uma chegada. Os pontos de controlo são “balizas” (prismas de cor laranja e branca) onde se encontra um pequeno picotador. Ao picotar o seu cartão de controlo (documento de comprovação de passagem pelos pontos de controlo), o atleta pode demonstrar que passou por um determinado ponto obrigatório do percurso. Nos últimos anos, este documento veio a ser substituído por um novo sistema baseado num chip electrónico. A grande inovação deste desporto é que o participante pode escolher o itinerário que realiza, desde que cumpra todos os pontos de controlo, ou seja, o percurso entre cada ponto de controlo é totalmente livre. Para além do mapa, a bússola é o único instrumento auxiliar de orientação que os desportistas podem utilizar durante as competições. Praticante de Orientação www.escoteiros.net/site/images/orientacao_ 1.jpg Nuno Maia Nº23 12ºB 23 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.3. Orientação em BTT A Orientação em BTT é uma variante da Orientação Desportiva tradicional em que os atletas se fazem transportar através de uma bicicleta de todo-o-terreno (BTT) numa competição de resistência que atrai tanto os adeptos da Orientação Desportiva normal como os adeptos de Ciclismo. Para além dos desafios postos pela Orientação em si, os participantes precisam ainda de possuir excelentes qualidades técnicas em ciclismo de montanha, nomeadamente percursos de subidas ou descidas íngremes. Os mapas acompanham os atletas durante o percurso pois são fixados a um suporte no selim da bicicleta. Ao contrário da Orientação tradicional os atletas não possui liberdade total entre os pontos de controlo, ou seja, não podem abandonar os trajectos previamente definidos. Desta forma o grande desafio de orientação concreta consiste em escolher o percurso adequado em todas as hipóteses. Símbolos presentes num mapa de Orientação en.wikipedia.org/wiki/File:Map _simbol.jpg Regras de Orientação em BTT: Os participantes têm de seguir sempre pelos trilhos definidos. Se os abandonarem terão de transportar a bicicleta com ambas as rodas no ar. Os mapas geralmente são menos detalhados que na orientação tradicional. Os mapas têm uma legenda suplementar para classificar os trilhos quanto à sua largura e transitabilidade. Os participantes nunca podem abandonar a sua bicicleta com pena de desclassificação. Nuno Maia Nº23 12ºB 24 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.4. Orientação em Ski A Orientação em Ski é um desporto de Inverno de resistência e como variante da Orientação Desportiva tradicional possui algumas semelhanças mas também diferenças com o seu género “progenitor”. Esta vertente requer um elevado nível de preparação física tendo em conta as exigências da prática de Ski. Esta prática desportiva requer algumas especificidades em relação ao material necessário: Vestuário adequado a baixas temperaturas; Equipamento de Ski; Suporte para mapa que é fixo ao peito. São utilizados mapas padrão de orientação com algumas diferenças: Menor detalhe em comparação aos mapas padrão (maior escala). Áreas pintadas em tonalidade verde assinalam os percursos e caminhos cobertos de neve. Mapa de Orientação em Ski en.wikipedia.org/wiki/File:Orien teringskort_bygholm_2005_det ail.jpg Nuno Maia Nº23 12ºB 25 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.5. Corridas Aventura de As Corridas de Aventura são uma versão alternativa à Orientação Desportiva normal. Apesar de se basearem igualmente no conceito de percurso a percorrer no menor tempo possível e passando por pontos de controlo, acrescentam, para além da dimensão colectiva (prática em equipa), uma nova dimensão que traz um enorme dinamismo a este desporto: utilização de vários meios de locomoção. É relevante referir que nenhum dos meios de locomoção a usar pode ser de natureza motorizada. Em certas ocasiões, os desportistas são ainda confrontados com outros desafios de perícia como Tiro com Arco, Jogos Tradicionais e Team Building (conjunto de actividades destinadas a melhorar o entrosamento de uma equipa). Meios de Locomoção: Pedestre. Bicicleta. Nado. Canoa. Vela. Cavalo. Por vezes também é requerido aos participantes o recurso a outras vertentes desportivas como a escalada/montanhismo, em progressões verticais/subterrâneas/subaquáticas ou em passagens aéreas com recurso a cordas ou cabos. Descrição das Provas: As provas rondam os 150 km de distância total e uma duração que varia entre 16 e 22 horas de tempo efectivo de prova. São constituídas por um conjunto de etapas independentes, em regime de tempo corrido, nas quais equipas terão de visitar o maior número de postos de controlo durante esse tempo. O percurso entre os pontos de controlo é da escolha da equipa É fornecido um mapa com a zona de partida e chegada e os respectivos pontos de controlo devidamente assinalados. A realização da etapa é feita pela equipa em autonomia total. Nuno Maia Nº23 12ºB 26 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.6. Trail Orienteering O Trail Orienteering é uma vertente da Orientação Desportiva, modificada de forma a que pessoas portadoras de deficiências motoras também possam participar neste desporto. Para atingir este objectivo, o Trail Orienteering elimina totalmente o elemento de velocidade no solo. Para contrapor a esta modificação, a vertente de interpretação de mapas apresenta um maior grau de dificuldade. Apesar de estar orientada especificamente para pessoas portadoras de deficiência motora, esta forma de Orientação Desportiva pode ser praticada por qualquer pessoa. Símbolo do Trail Orienteering www.trailo.org Regras de Trail Orienteering: Tendo em conta que não existe contagem de tempo nesta vertente, surgiu a necessidade de definir uma nova forma de processar a competição entre os participantes. Desta forma, definiu-se o seguinte método: Ao chegar a um ponto de controlo, o participante é confrontado com uma questão de descrição em relação à localização desse ponto de controlo com até 5 hipóteses de resposta. Cada hipótese contém uma descrição diferente e por vezes nenhuma das opções disponíveis corresponde a uma descrição correcta. O vencedor da prova será aquele que responder a um maior número de questões acertadamente. Para efeitos de desempate, mede-se o tempo que os participantes demoram a responder às questões colocadas. Nuno Maia Nº23 12ºB 27 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] 2.7. História da orientação No mundo: A Orientação nasceu em 1850 como entretenimento para as tropas dos meios militares Escandinavos. A dinamização da Orientação como actividade desportiva organizada deu-se pela primeira vez em Bergen, na Noruega, em 1987. No entanto, esta prática só ganhou uma dimensão desportiva por acção do Major Killander. Este líder escoteiro sueco levou a Orientação desportiva a dar os primeiros passos no ano de 1912. Bandeira da Suécia www.islandvulnerability.org/sw edenflag.jpg Ernst Killander, baseou-se na prova da maratona, desdobrando-a em 3 partes e conjugando-a com uma componente de leitura do mapa e compreensão da orientação a seguir. Perante a entusiástica adesão de praticantes jovens à modalidade recém-criada, criouse o primeiro Campeonato Nacional de Orientação da Suécia em 1922. Alguns acontecimentos relevantes: Expansão da orientação por todo o mundo após a 2ª Guerra Mundial em 1945. Em Copenhaga é criada a Federação Internacional de Orientação (IOF) por 11 países, em 1961. Em 1966 é organizado o primeiro campeonato do mundo na Finlândia. A Orientação é reconhecida como desporto olímpico em 1977. Nuno Maia Nº23 12ºB 28 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] Em Portugal: A Orientação é um desporto recente em Portugal apesar da sua longa história. O seu nascimento remonta a 1973, quando pelas mãos de militares portugueses foi dinamizado o primeiro campeonato das Forças Armadas em Mafra. No entanto só em 1987 com a formação da Associação Portuguesa de Orientação (APORT), começaram a ser desenvolvidos os primeiros encontros para a prática deste desporto. A Federação Portuguesa de Orientação foi criada em 1990, permitindo ao nosso país passar de apenas espectador para um interveniente activo nesta modalidade, participando em vários campeonatos do mundo. Nuno Maia Nº23 12ºB 29 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] BIBLIOGRAFIA Educação Fisica 10/11/12 - Porto Editora - Paula Romão, Silvina Pais Diciopédia 2003 – Porto Editora 11F Física e Química A - Texto Editores 2008 - Graça Ventura, Manuel Fiolhais, Carlos Fiolhais, João Paiva, António José Ferreira. Nuno Maia Nº23 12ºB 30 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] WEBGRAFIA http://i.bnet.com/blogs/orientation http://en.wikipedia.org http://www.cne-escutismo.pt/recursos/orientacao.htm http://www.stevennoble.com/main.php?g2_view=core.DownloadItem&g2_ite mId=2058&g2_serialNumber=2 http://www.fpo.pt http://www.portugalecoaventura.pt/pea.php http://www.escoteiros.net http://www.trailo.org/ Nuno Maia Nº23 12ºB 31 2009/2010 [ORIENTAÇÃO] “Nunca andes pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros já foram” Alexandre Graham Bell Nuno Maia Nº23 12ºB 32