1 GAT-008 21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil GRUPO IV GRUPO DE ESTUDO DE ANÁLISE E TÉCNICAS DE SISTEMAS DE POTÊNCIA - GAT CONTROLE COORDENADO DE TENSÃO NA ÁREA RIO UTILIZANDO LÓGICA FUZZY Alessandro B. Marques FURNAS e COPPE/UFRJ Glauco N. Taranto COPPE/UFRJ RESUMO Este artigo apresenta uma ferramenta de auxílio à decisão de operadores para o controle coordenado de tensão do sistema de transmissão, baseada em Lógica Fuzzy. As estratégias de controle são previamente estabelecidas com a participação dos próprios operadores e traduzidas por meio de regras de operação. São apresentadas simulações relativas a uma situação hipotética de controle coordenado de tensão na Área Rio, de forma a manter os compensadores síncronos (CS) de Grajaú com geração em torno de zero Mvar e as tensões monitoradas próximas aos valores desejados. PALAVRAS-CHAVE Controle Coordenado de Tensão, Simulação Rápida, Estabilidade de Tensão, Lógica Fuzzy. 1.0 – INTRODUÇÃO O fenômeno de instabilidade de tensão de médio e longo prazos em sistemas de energia elétrica tem sido, ultimamente, objeto de grande interesse por parte das concessionárias. Uma forma de melhorar o desempenho do sistema nesse aspecto, é pela implementação de esquemas de controle coordenado da geração reativa e perfil de tensão. Diversos exemplos da busca de um melhor controle sobre o perfil de tensão e o despacho de potência reativa nos sistemas de transmissão podem ser encontrados na literatura técnica [1-6]. A começar pelos franceses [1-3], que desde a década de 70, vêm utilizando e aprimorando um sistema automático de controle coordenado de tensão (CCT) baseado em três 1 1 Djalma M. Falcão COPPE/UFRJ níveis hierárquicos, o primário (CPT), o secundário (CST) e o terciário (CTT), cujas respectivas constantes de tempo de atuação diferem em aproximadamente uma ordem de grandeza e cujo raio de ação pode se extender da ação local à ação regional/nacional. Na Itália [4-5], o controle coordenado de tensão com filosofia semelhante à dos franceses, vem sendo satisfatoriamente utilizado a nível nacional. O controle coordenado de tensão também vem sendo utilizado na Bélgica, desde 1998 [6], como uma ferramenta de suporte à decisão dos operadores. No caso belga, optou-se pela eliminação do nível hierárquico secundário do esquema francês original. No Brasil, foi desenvolvido um projeto que visou avaliar os benefícios e limitações da aplicação de um esquema de CST na Área Rio [7]. Na esfera mundial este assunto tem sido alvo de interesse coletivo, haja vista a recém-formada forçatarefa CIGRE TF38.02.23 [8] e o Panel Session on Power Plant Secondary (High-Side) Voltage Control, realizado no IEEE PES Summer Meeting em julho de 2000. A adoção de estratégias de controle coordenado que mantenham o perfil de tensão dentro de limites operativos e as reservas girantes de potência reativa maximizadas para diversos níveis de carregamento e configurações de rede, requer uma eficiente coordenação entre os diversos centros de controle regionais. Ações de controle em sentidos opostos num curto espaço de tempo, invariavelmente se traduzem em manobras desnecessárias, e devem ser evitadas. Este artigo apresenta uma ferramenta de auxílio à tomada de decisão dos operadores nos centros COPPE/UFRJ – Programa de Engenharia Elétrica C.P. 68504 – Rio de Janeiro, RJ 21945-970 Tel.: (021) 562-8615 Fax: (021) 290-6626 e-mail: [email protected] 2 Fuzzificador: determina o grau de pertinência de cada entrada no antecedente da regra. Se o antecedente tem mais de um componente (proposição), os operadores fuzzy E (min) e OU (max) são utilizados para combinar os efeitos. regionais de controle, para o controle coordenado de tensão em sistemas de transmissão, baseado em Lógica Fuzzy. A propriedade da lógica fuzzy de emular a capacidade do cérebro humano de raciocinar com informações incertas ou ambíguas e mesmo assim produzir soluções adequadas, permite a sua utilização em vários ramos da engenharia, como por exemplo, no controle coordenado de tensão no sistema de transmissão. O uso dessa ferramenta no controle e estabilidade de tensão em amplas áreas geográficas, está sendo investigado no sistema da Bonneville Power Administration, na costa oeste dos Estados Unidos [9]. Resultados de simulações são apresentados ao final do artigo. A análise é feita na Área Rio, de forma a manter os CSs de Grajaú com geração em torno de zero Mvar e as tensões monitoradas próximas dos valores desejados. Como ferramenta de simulação é utilizado um simulador rápido (FastSim) da dinâmica de longo prazo [10] baseado na formulação proposta em [11]. O FastSim se baseia na eliminação dos efeitos transitórios rápidos dos modelos do sistema. Mecanismos de controle de tensão de atuação rápida, como por exemplo a regulação primária dos geradores são representados somente pelo seu ganho de regime permanente e limites existentes. Sua principal vantagem vem do fato de produzir a trajetória aproximada da evolução temporal do sistema, representando importantes efeitos cronológicos para análise da estabilidade de tensão de médio e longo prazos. 2.0 – SISTEMA DE INFERÊNCIA FUZZY Sistemas de Inferência Fuzzy (SIF) são métodos de processamento de informações de natureza vaga ou ambígua, baseados nos conceitos da Teoria dos Conjuntos e da Lógica Fuzzy [12]. O SIF é baseado em um conjunto de regras do tipo Se x é A, Antecedente Então y é B Conseqüente onde x e y são variáveis numéricas e A e B variáveis lingüísticas, isto é, variáveis que assumem valores lingüísticos tais como, ALTA, BAIXA, etc., os quais são definidos por conjuntos fuzzy e respectivas funções de pertinência. A Figura 1 mostra a estrutura geral e os quatro elementos básicos de um SIF. A descrição dos elementos básicos é a seguinte: Base de Regras: coleção de regras do tipo definido anteriormente. Inferência: determina o grau de validade dos conseqüentes das regras e combina os resultado no conjunto fuzzy da saída. O princípio utilizado assume que “regras com baixo grau de pertinência no antecedente devem ter pouca validade no conseqüente”. Desfuzzificador: produz uma saída não fuzzy a partir do conjunto fuzzy definido pelo bloco de inferência. Saída Entrada Basede x Fuzzificador dor Desfuzzifica Regras y=f(x) Inferência Entrada Saída Fuzzy Fuzzy Figura 1 – Sistema de Inferência Fuzzy Uma vez estabelecidas as regras, um SIF pode ser visto como um mapeamento não linear, de um conjunto de variáveis não fuzzy de entradas x em um conjunto de variáveis não fuzzy de saída y=f(x). 3.0 – APLICAÇÃO DE UM SIF NO CCT O sistema estudado é um equivalente do sistema SulSudeste Brasileiro contendo 730 barras AC, 1146 linhas de transmissão e transformadores e 104 geradores e compensadores síncronos. A área de interesse é a Área Rio constituída pelas concessionárias Light, Cerj, Escelsa e partes do sistema Furnas. A demanda máxima da área Rio é de aproximadamente 6000 MW, ocorrendo no verão. A Figura 2, mostra os principais corredores de transmissão para a Área Rio, assim como os principais recursos para controle de tensão da área. No corredor de 500 kV considerou-se as usinas de Marimbondo e Angra como recursos girantes para controle de tensão, enquanto que no corredor de 345 kV, considerou-se apenas a usina de Furnas. As reservas de potência reativa girante consideradas dentro da Área Rio foram somente os CSs de Grajaú. Cabe ressaltar que a topologia do sistema estudado representa uma configuração do ano de 1987. 3 Corredor de 500 kV Dependendo dos valores medidos das variáveis de entrada, algumas regras serão ativadas e ponderadas automaticamente pela lógica fuzzy. Ações de controle do tipo elevar/reduzir tensões na barra de alta tensão nas plantas geradoras serão apresentadas ao operador. Corredor de 345 kV Marimbondo V.Grande 345kV 500kV Araraquara L.C.Barreto Poçosde Campinas 500kV Caldas 345kV Aproximadamente 600km TijucoPreto Furnas Na elaboração das regras, foram estabelecidas as seguintes diretrizes: C.Paulista 500kV 138kV F1 Itutinga F2 Angra 500 345kV Adrianópolis F3 Valadares Campos 138kV 230kV Aparecida Funil V.Redonda Jacarepaguá SC 138kV Vitória 138kV Grajaú 230kV Mascarenhas N.Peçanha F4 ÁREA RIO SantaCruz Manter as tensões de entrada, isto é, Jacarepaguá e Adrianópolis, em torno dos valores desejados pelas concessionárias. Isto corresponde em se assumir valores elevados (próximos de 1) de pertinência dessas tensões ao conjunto fuzzy representando o termo BOA do conjunto de termos das variáveis lingüísticas associadas a essas tensões. A Figura 4 mostra, como exemplo, o conjunto de Funções de Pertinência da variável lingüística Tensão_Jacarepaguá_138kV. Figura 2 – Principais Corredores de transmissão para Área Rio No caso da aplicação do SIF no CCT da Área Rio, elaboram-se as regras combinando a experiência dos operadores do sistema elétrico com as existentes instruções de operação da região a ser controlada. As regras são inseridas sob a forma de declarações SEENTÃO, baseadas nas influências das usinas controladoras da tensão da área. Conforme descrito anteriormente, um SIF é constituído por variáveis de entrada e saída. Como variáveis de entrada (variáveis reguladas), foram definidas as tensões de Adrianópolis 138 kV, Jacarepaguá 138 kV e a potência reativa do CS de Grajaú. Como variáveis de saída (variáveis de controle), foram definidas as variações das tensões nos barramentos de alta tensão das usinas de Marimbondo, Furnas, Santa Cruz e Angra. A Figura 3 mostra um diagrama esquemático de como é feita a integração do SIF com o sistema de potência. Nesta aplicação o SIF pode ser encarado como um controlador fuzzy. SIF Adriano (kV) { Marimbondo (kV) Jacare (kV) Furnas (kV) Grajau (Mvar) S. Cruz (kV) Angra (kV) } Figura 4 – Funções de Pentinência da Variável Lingüística Tensão_Jacarepaguá_138kV Manter a geração de potência reativa dos compensadores síncronos de Grajaú entre zero e 100 Mvar indutivos, correspondendo a valores elevados da função de pertinência do termo BOM da variável lingüística Geração_Reativos_Grajaú. Com base na experiência de operação do sistema da Área Rio e do conhecimento das instruções de operação da referida área, foram criadas 29 regras de operação que formam a base de regras. A Tabela 1 apresenta 7 dessas regras. Tomando como exemplo a Regra 1, ela traduz a seguinte situação: Se a tensão de Adrianópolis 138kV estiver boa (ver definição na Figura 4) e a tensão de Jacarepaguá 138kV estiver boa e a geração de potência reativa dos CSs de Grajaú estiver boa, Então as tensões nos barramentos de alta tensão das usinas de Marimbondo, Furnas, Santa Cruz e Angra devem ser mantidas nos valores em que se encontram. ENTRADAS Regra SAÍDAS Adria Jacar Graj Mar Fur SCrz Ang 1 BO BO BO MA MA MA MA 2 BA BA CA AU AU AU AU Sistema de Potência Figura 3 – Diagrama de Integração do SIF com o Sistema Thank you for using Wondershare PDFelement. You can only convert up to 5 pages in the trial version. To get the full version, please purchase the prog ram here: http://cbs.wondershare.com/go.php?pid=973&m=db Tabela 1 – Regras de Operação