Caminhos e (des)caminhos o pensar e o fazer geográfico

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D I S C I P L I N A
Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Autoras
Cecília Queiroz
Filomena Moita
RE
VI
SÃ
O
Caminhos e (des)caminhos
o pensar e o fazer geográfico
CONTROLE DA EDIÇÃO DE MATERIAIS - SEDIS/UFRN
Nome do arquivo: Fu_So_A13_J
Diagramador: JOHANN JEAN
Data de envio para Revisão: 10/10/2007
Data de envio para Intranet: 00/00/2007
Data de envio para PDF: 00/00/0000
Observação:
aula
13
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
SÃ
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel
Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Eliane de Moura Silva
VI
Projeto Gráfico
Ivana Lima (UFRN)
Reitora
Marlene Alves Sousa Luna
O
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Universidade Estadual da Paraíba
Revisores de Estrutura e Linguagem
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UEPB)
Revisoras de Língua Portuguesa
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
RE
Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)
Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)
Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)
Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)
Diagramadores
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB
Q3f
Fundamentos sócio-filosóficos da educação/ Cecília Telma Alves Pontes de Queiroz, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro
Moita.– Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.
15 fasc.
“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”.
Conteúdo: Fasc. 1- Educação? Educações?; Fasc. 2 - Na rota da filosofia ... em busca de respostas; Fasc. 3 - Uma nova
rota...sociologia; Fasc.4 - Nos mares da história da educação e da legislação educacional; Fasc. 5 - A companhia de Jesus e
a educação no Brasil; Fasc. 6 – Reforma Pombalina da educação reflexos na educação brasileira; Fasc. 7 - Novos ventos...
manifesto dos pioneiros da escola nova; Fasc. 8 – Ditadura militar, sociedade e educação no Brasil; Fasc. 9 - Tendências
pedagógicas e seus pressupostos; Fasc. 10 – Novos paradigmas, a educação e o educador; Fasc. 11 – Outras rotas...um
novo educador; Fasc. 12 – O reencantar: o novo fazer pedagógico; Fasc. 13 – Caminhos e (des)caminhos: o pensar e o fazer
geográfico; Fasc. 14 – A formação e a prática reflexiva; Fasc. 15 – Educação e as TIC’s: uma aprendizagem colaborativa
ISBN: 978-85-87108-57-9
1. Educação 2. Fundamentos sócio-filosóficos 3. Prática Reflexiva 4. EAD I. Título.
22 ed.
CDD 370
Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
U
ma das vertentes do processo educacional que vem sendo muito discutida,
atualmente, é a que diz respeito ao fazer e pensar dos nossos educadores, estejam
eles atuando na modalidade presencial ou no ensino a distância, na aprendizagem
aberta e/ou na educação continuada.
Associado a isso, já estudamos em outras rotas (aulas anteriores) que a educação
não está só, ela sofre influência de aspectos econômicos, sociais e culturais, sejam eles
mundiais, nacionais, regionais ou locais.
SÃ
O
Vamos prosseguindo viagem nos mares da educação, desbravando os caminhos e
(des)caminhos percorridos pela geografia. Nesta aula, vamos estudar a trajetória do ensino
de geografia, visualizando o leque imenso de possibilidades que esta disciplina permite
abordar. Vamos ver, também, que perfil de educador vem sendo construído e o que as
novas tecnologias da informação e comunicação trazem de contribuição para esse fazer dos
educadores de geografia.
VI
Objetivos
RE
Ao final desta aula, esperamos que você chegue ao porto com
condição de:
1
2
Conhecer as características do pensar e fazer dos
nossos educadores;
Apontar quais devem ser os caminhos para o novo
educador.
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Zarpando...
Nosso companheiro de viagem fala da importância do educar e da prática pedagógica.
Vale a pena voltar um pouco às aulas anteriores e refletir sobre o que já estudamos e pensar
também o que temos vivenciado nas últimas duas décadas do século XX.
Muitas mudanças aconteceram, tanto no campo sócio-econômico e político, quanto no
campo da cultura e, principalmente, da ciência e da tecnologia.
O
No que diz respeito a esta última, as transformações tecnológicas tornaram possível
o surgimento da era da informação e da comunicação. Vive-se um tempo de expectativas,
de perplexidade e da crise de concepções e paradigmas. Estamos iniciando a caminhada do
novo milênio, um momento novo e rico de possibilidades.
Nessa realidade, não faz mais sentido aquele educador do passado. Temos que pensar sobre
quais foram os caminhos e (des)caminhoos percorridos, no nosso caso, enquanto professores
de geografia, sobre um fazer geográfico que atenda a essa nova realidade que vivenciamos.
Devemos, tal como Gadotti (1999) destacou na apresentação do livro de Gutiérrez
(1999), educar desenvolvendo uma série de novas capacidades em nossos alunos, entre
elas: “vibrar emocionalmente”, “inter-conectar-se” e “pensar em totalidade”.
Ser um cidadão crítico e consciente, que compreende, que se interessa, reclama e exige
seus direitos, sejam eles ambientais, sociais, econômicos, culturais, educacionais. Tudo isso
compreende obrigações éticas que temos e que nos vinculam à sociedade.
RE
afastando radicalmente
teologia ou metafísica.
Segundo, Edmund Leach:
“Positivismo é a visão de
que o inquérito científico
sério não deveria procurar
causas últimas que
derivem de alguma fonte
externa mas sim confinarse ao estudo de relações
existentes entre fatos que
são diretamente acessíveis
pela observação.”
“educar-se é impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana”
SÃ
Positivismo é uma
corrente sociológica
cujo precursor foi o
francês Auguste Comte
(1798-1857). Surgiu
como desenvolvimento
sociológico do
Iluminismo, a que se
associou a afirmação
social das ciências
experimentais. Propõe à
existência humana valores
completamente humanos,
Iniciaremos este trecho da nossa viagem com a fala de Francisco Gutiérrez (1999, p. 3):
VI
Positivismo
O Positivismo teve grande
repercussão na segunda
metade do século XIX,
mas, a partir da ação
de grupos contrários
(marxistas, comunistas,
fascistas, reacionários,
católicos, místicos),
perdeu influência no
século XX.
Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki
Positivismo,
acesso em: 12agosto/2007.
Esta nossa rota será divida em dois pequenos trechos
(dois momentos)
No primeiro momento, vamos dar um mergulho na parte mais abrangente, que é o
caminho do ensino da geografia, ou seja, mergulharemos um pouco na trajetória desse
ensino e no segundo momento, faremos breve reflexão sobre o que vem acontecendo
atualmente em sala de aula:
Momento 1 - Caminhos: a trajetória de um ensino
Para refletir sobre o ensino de geografia, temos que entender os caminhos percorridos
pela construção metodológica de seu currículo e qual a contribuição dessa para o universo
do conhecimento de nossos alunos.
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Segundo os velhos manuais, a geografia incluiu-se como disciplina desde a Fundação
do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, quando o professor Delgado Carvalho lhe garantiu
um espaço no campo escolar.
O
Em 1934, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo,
foi fundado o departamento de Geografia. Uma geografia com um currículo marcado pelo
positivismo, com fortes tendências de estudos regionais, e influenciada pela escola francesa
de Vidal de La Blache, uma ciência que não era dos homens e dos lugares, mas com métodos
e teorias de uma geografia tradicional, insuficientes para se aprender a complexidade do
espaço. Surgem, então, críticas à metodologia tradicional. Paulo Freire, (se necessário,
re-leia a aula1) nesse momento histórico, surge como grande expressão de resistência,
apresentando uma pedagogia, uma prática pedagógica que levasse os alunos à construção
de uma consciência crítica sobre a realidade vivida, sobre as contradições sociais.
SÃ
A legislação educacional já foi abordada em outros trechos da
nossa viagem. Neste trecho, vamos estudar como essa legislação
se refletiu no ensinar e aprender da geografia.
RE
VI
Atividade 1
Como uma revisão de conteúdo, volte às aulas anteriores, pesquise e responda
às questões:
a) Qual foi a primeira lei de diretrizes e bases e quais as influências na educação
brasileira.
Paulo Freire
Nasceu em Recife, é
considerado um dos
grandes educadores da
atualidade e respeitado
mundialmente. Publicou
várias obras que foram
traduzidas e comentadas
em vários países. Suas
primeiras experiências
educacionais foram
realizadas em 1962 em
Angicos, no Rio Grande
do Norte, onde 300
trabalhadores rurais se
alfabetizaram em 45 dias.
Algumas de suas principais
obras: Educação como
Prática de Liberdade,
Pedagogia do Oprimido,
Cartas à Guiné Bissau,
Vivendo e Aprendendo, A
importância do ato de ler.
Pedagogia da Autonomia.
Disponível em: http://
www.centrorefeducacional.
com.br/paulo.html,
acesso em: 23abril/2007.
b) Qual a lei de diretrizes e bases atual. Cite os avanços em relação à anterior.
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SÃ
Seguiu-se a década de 70, um período caracterizado por uma forte influência da
perspectiva de análise reprodutivista, como estratégia de torná-la funcional ao sistema
capitalista. Época em que a política educacional volta-se para a segurança e o desenvolvimento,
apoiando-se em duas leis: a Lei 5.540/68, promulgada sob o signo da estratégia política do
“autoritarismo desmobilizador”, e a Lei 5.692/71, divulgada em meio à euforia do governo
Médici e do “milagre brasileiro”. Através delas, cumpria-se um duplo objetivo: a formação
acadêmica (propedêutica) e a formação profissional.
RE
Emílio Garrastazu Médici,
general que governou o
país durante o regime
militar (1969/1974), sendo
o seu governo conhecido
como os anos de chumbo
da ditadura, devido à
violentíssima repressão
promovida à oposição
durante seu governo.
Disponível em: http://
elogica.br.inter.net/
crdubeux/hmedici.html,
acesso em: 10maio/2007.
No cenário político, dá-se o golpe de 1964 e a geografia inicia agora um caminho
traçado pelo momento da ruptura representada pelo golpe, que se estendeu e materializou
institucionalmente no final da década de 60, deixando o campo da educação marcado por
atos institucionais, decretos e leis que montaram todo o cenário da política educacional.
VI
Médici
O
Prosseguindo na rota …
Milton Santos
Milton Almeida dos
Santos foi advogado e um
dos pensadores expoentes
da geografia brasileira após
a década de 1970. Embora
pouco conhecido fora do
meio acadêmico, alcançou
reconhecimento fora do
país, tendo recebido, em
1994, o Prêmio Vautrin
Lud, que é conferido por
universidades de 50 países.
Disponível em: http://
pt.wikipedia.org/wiki/
Milton_santos,
acesso em: 13julho/2007.
A geografia não ficou fora desse contexto. Ela percorreu esses caminhos e as concepções
de conhecimento presentes no interior de seus currículos, refletindo o caráter racionalista
e compartimentalizado do conhecimento. Segundo Silva, Nelli (1990, p.5), nesse período,
“a tendência tecnicista encontra receptividade na visão do currículo como ciência natural”,
influenciada pela Teoria de Administração Científica de F. W. Taylor (1985) que, através dos
estudos de Bobbit (1912) e de Charters e Snedden (1920), Counts (1923), desenvolveu uma
proposta de modelo burocrático aplicável à teoria curricular.
Em 1978, a Associação dos Geógrafos Brasileiros promove, na cidade de Fortaleza, o
IV Encontro Nacional de Geógrafos. Explode a crítica ao positivismo e à chamada geografia
“tradicional”, uma discussão já iniciada por um grupo de pesquisadores, entre os quais,
destacamos Milton Santos.
Vale salientar aqui que, apesar de toda a discussão no meio acadêmico, nas salas de
aula da rede de ensino dos extintos 1 º e 2o graus, os professores seguiam antigas lições
– uma herança de um regime educacional em que tudo vinha pronto: - conteúdos, objetivos
e metodologias - era só seguir, sem questionar. Segundo Mascarin (1996, p. 68):
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uma época caracterizada por um abismo profundo, existente entre a produção do
conhecimento na universidade e o conhecimento geográfico em uso no ensino
fundamental e médio.
Inicia-se a década de 80, um marco negativo para a história do Brasil em diferentes
aspectos. Foi considerada a década perdida, por viver um período de grande estagnação
econômica, constatada com o aprofundamento da crise econômica, inflação desenfreada,
aumento da dívida externa, agravamento das desigualdades, recessão, desemprego,
desvalorização dos salários, aumento da violência na cidade e no campo, deteriorização dos
serviços públicos (inclusive da escola pública em todos os níveis), greves, corrupção, falta
de credibilidade do governo etc.
SÃ
O
É nesse contexto de crise que a sociedade brasileira começa a se organizar e lutar
por um Brasil com menos desigualdades sociais. Em todos os campos, a sociedade
busca novas formas de organização para superar a crise econômica, social e política em
que estava mergulhado o país. Esse fato deveu-se ao processo de redemocratização da
sociedade. No campo educacional, os grandes seminários discutiam a necessidade de se
pensar uma educação para além dos modelos transplantados dos Estados Unidos. A nova
fase que o país começava a viver provocou significativas mudanças no campo do currículo,
e “as influências de autores americanos diminuíram à medida que a de autores europeus
aumentou”(MASCARIN, 1996, p. 161).
RE
VI
A nova perspectiva crítica adotada pelos educadores(as) brasileiros(as), entre eles,
Santos, Saviani, Libâneo, Brandão, Saul, entre outros(as), escrevem sobre a forma de tratar
como o conhecimento deveria ser selecionado, organizado e distribuído na sociedade,
desencadeou grandes embates epistemológicos (se necessário volte e revise esse conceito
na aula 11), com repercussões significativas no cenário educacional brasileiro.
Além dessas discussões acadêmicas, muita coisa surgiu no cenário educacional, no
que diz respeito à legislação, na segunda metade da década de 90. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional - Lei no. 9394/96 - sancionada em 20 de dezembro de 1996, foi fruto
de várias tramitações, uma gestação penosa, como um parto-a-fórceps, em que a “mãe
educação” sofreu, já que a criança nasceu descaracterizada de suas feições originais.
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Com tudo isso, perguntam vocês: Quais as implicações para
o ensino de geografia?
Na verdade, é nesse contexto em que as questões voltadas à educação e, sobretudo,
à geografia nossa temática de discussão e seu currículo, enquanto espaço de construção
do conhecimento, começam a se tornar cada vez mais polêmicas, arenas de verdadeiros
embates em prol de uma maior eqüidade, como forma de garantir condições mínimas para
que os atores(as) sociais possam, gradativamente, ir resgatando a sua cidadania.
SÃ
O
Para a geografia, a produção acadêmica, nos últimos tempos, tem se dedicado a questões
mais subjetivas, rompendo assim, tanto com o positivismo quanto com o marxismo, na
busca de explicações mais plurais que promovam a interdisciplinaridade da geografia com
outros campos do saber.
Superando a fragmentação do conhecimento, busca-se, então, uma geografia que não
esteja centrada apenas na descrição empírica de paisagens, mas que trabalhe tanto com
relações sócio-culturais da paisagem, quanto com os elementos físicos e biológicos que
dela fazem parte, vislumbrando uma prática pedagógica que busque a explicação para que
aconteça a compreensão.
RE
VI
Parafraseando Milton Santos (2000), a sociedade será sempre tomada como um
referente, e como ela é sempre um processo e está sempre mudando, o contexto histórico
acaba por ser determinante dos conteúdos da educação.
O Brasil mudou. Pergunta-se, então: E a geografia do ensino fundamental e médio
e o fazer dos professores também mudaram? Será que o pensar e o fazer geográfico
sofreram alterações?
Após este estudo, vamos dar uma paradinha, para reflexão,
pesquisa e busca de sentido. Vamos lançar nossa âncora…
Atividade 2
Faça uma leitura atenta do texto e destaque a parte da legislação e suas implicações
no ensinar e aprender ao longo da história do ensino de geografia. Retire um
fragmento do texto de nossa aula, que você achou interessante e comente.
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sua resposta
O
SÃ
RE
VI
Continuando a viagem...
Momento 2 - (DES) CAMINHOS: O pensar e o
fazer geográfico
Continuando a viagem, enfrentaremos agora ventos que nos levarão até resultados
duma pesquisa realizada, pelos estudantes do doutorado da UFPB, no ano de XXXX, em
várias escolas públicas da Paraíba e do Rio Grande do Norte, com o objetivo de traçar um
breve diagnóstico, que nos dará uma visão dos (des)caminhos que vêm sendo percorridos,
principalmente aqui, no Nordeste Brasileiro.
Após aquela viagem pela história, o que mudou afinal? Venham conosco! Vamos juntos,
vamos desembarcar, ver os resultados obtidos durante a investigação.
Geográfico
MOITA, Filomena Maria
Gonçalves da Silva
Cordeiro. Caminhos
e (des)caminhos do
ensino de geografia. In:
XIII Encontro Nacional
de Geógrafos, 2002,
João Pessoa. Por uma
geografia nova na
construção do Brasil.
João Pessoa: AGB, 2002.
Após visitar algumas escolas públicas de algumas cidades do Brejo Paraibano e do
Rio Grande do Norte, uma visita que levou em conta o cotidiano de cada um, lento, mas
persistente, lembramos Gutiérrez (1999, p. 61), quando afirma que, “se a pedagogia é um
fazer, os caminhos que a ela conduzem são construídos e percorridos nesse fazer cotidiano
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e permanente”. Cabe ainda aqui recordar os versos do poeta espanhol António Machado: “se
hace camino al andar” (se faz o caminho ao caminhar).
Seguindo essas perspectivas apontadas pelo autor, apresentamos os resultados da
observação das aulas e da aplicação de questionários aos alunos do ensino fundamental de
5a a 8a séries, quando foi perguntado: “Qual a sua percepção sobre o ensino de geografia”?,
nas cidades de Jacaraú, Borborema, Nova Cruz (RN), Guarabira, Solânea, Bananeiras, Dona
Inês, Mamanguape e Araruna.
Perpassando o emaranhado de respostas nas mais diversas cidades, assim como as
observações de cada grupo, está o fazer pedagógico dos professores que lecionam a disciplina
de geografia. Ao investigar o real, a pesquisadora concluiu que o método utilizado permanece
na linha tradicional. Os alunos foram quase que unânimes em afirmar que as aulas são “chatas
e cansativas”, e “os assuntos são dados isolados, usando somente livro e quadro”.
SÃ
O
Sem recursos, os professores acabam utilizando, segundo os alunos, “livros, mapas, e
apostilas”. Outros declararam que “sentiam falta de um globo terrestre, pesquisa de campo e falta
de debates”. Em outra escola, os alunos afirmaram que dispõem de um laboratório, “porém este
ainda não está disponível aos alunos”(falas dos professores entrevistados durante pesquisa).
VI
CAMINHAR: avaliando o processo
RE
Vimos que novos ventos sopram e indicam uma nova direção para os cata-ventos da
educação. No entanto, as dificuldades apontadas pelos alunos, em todas as cidades, revelam
uma uniformidade em suas queixas que nos permite uma visão panorâmica da realidade.
Diante desse quadro apresentado pela investigação, podemos concluir dessa nossa viagem
que o fazer pedagógico sofreu poucas alterações apesar das mudanças na legislação atual.
Parafraseando Paulo Freire (2000), se mudar a legislação mudasse a metodologia
em sala de aula, era só fazer leis que tudo estaria resolvido. Por isso se faz necessário
questionar os conteúdos que compõem as diretrizes curriculares dos cursos de geografia e
a metodologia empregada nas aulas.
Milton Santos (2002)
SANTOS, Milton.
Deficientes Cívicos. São
Paulo: Folha online.
Disponível em: http://
www.uol.com.br/fol/
brasil500/dc_3_9.htm,
acesso em: 23maio/2007
Somos, muitas vezes, segundo Freire (2000, p.36), tentados a deixar as dificuldades que
os caminhos “verdadeiros podem nos colocar”. Porém, ainda segundo o autor, “é pensando
criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”(2000,
p.44), assim, ao nos encontrarmos no início do século XXI, estamos ainda com um quadro
do ensino de geografia que se pode afirmar nada animador, e ainda, não conseguimos
vislumbrar a “luz no final do túnel”.
Parafraseando Milton Santos (2002), em cada sociedade, a educação deve ser
concebida para atender, ao mesmo tempo, ao interesse social e ao interesse dos indivíduos.
É da combinação desses interesses que emergem os seus princípios fundamentais e são
estes que devem nortear a elaboração dos conteúdos do ensino, as práticas pedagógicas e a
relação da escola com a comunidade e com o mundo.
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Atividade 3
Reflita, discuta com seus colegas e tutor sobre as questões:
a) Será
possível um trabalho efetivo no ensino de geografia, partindo da
realidade próxima, num constante ir e vir dentro dessa realidade, rompendo
com o positivismo e abandonando postulados conservadores?
b) Quais os novos caminhos que são apontados no texto?
sua resposta
RE
VI
SÃ
O
c) Justifique sua resposta. Dê um exemplo.
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Enfim chegamos ao final desta rota.
Utopia algo irrealizável,
inatingível.
Acreditamos que é necessário “utopia”. Parece que, para fazer acontecer, temos que mergulhar
na investigação do real, das relações sociais contraditórias e todas as suas imbricações. Enfim,
temos que avançar na busca de novos caminhos para o ensino da geografia, porque, na verdade,
O tempo não pára,
não pára...
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára, não pára...
O
Resumo
O QUE TROUXEMOS DESSE TRECHO DE NOSSA VIAGEM
Nessa rota, navegamos por vários canais e aprendemos que o fazer e o pensar
pedagógico sofreu influências ao longo da história. Inicialmente uma geografia
com um currículo marcado pelo positivismo, com fortes tendências de estudos
regionais, influenciada pela escola francesa de Vidal de La Blache. Uma
ciência que não era dos homens e dos lugares, mas com métodos e teorias
de uma geografia tradicional, insuficiente para se aprender a complexidade do
espaço. Veio a legislação que influenciou, mas não foi só ela que foi a causa
das mudanças no ensinar e aprender. Afinal, você aprendeu que só a lei não é
suficiente. Dessa forma, a legislação mudou, os tempos mudaram, com ele o
mundo a sociedade, a educação e o ensino da geografia. Entre as mudanças,
surgiram educadores com visões críticas, que apresentaram outras formas
como o conhecimento deveria ser selecionado, organizado e distribuído na
sociedade. Essas idéias desencadearam grandes embates epistemológicos, com
repercussões significativas no cenário educacional brasileiro que apontaram
novos caminhos para o cenário educacional.
RE
VI
Versos da música “O tempo
não pára” de Arnaldo
Brandão e Cazuza (CD
Cazuza ao vivo, Rio de
Janeiro , Polygran – Philips,
1988.
Disponível em: whiplash.
net/materias/bandas/cazuza.
html,
acesso em: 25junho/2007.
SÃ
Utopia
Auto-Avaliação
Essa é a hora da reflexão, da construção do seu DIÁRIO DE BORDO. Você fez
a viagem, leu os textos, respondeu às atividades, visitou os sites, mas, com
certeza, foi mais além. Para saber se você atingiu os objetivos realize a questão
que se segue. Se tiver dúvidas, procure tirá-las voltando ao texto e buscando
ajuda do tutor e/ou de colegas cursistas:
O ensinar e o aprender da geografia mudou ao longo da história? Faça uma
síntese dessas mudanças explicando as causas e as conseqüências.
10
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sua resposta
O
SÃ
VI
RE
Milton Santos
Leituras Complementares
A seguir você encontra um vídeo sobre Milton Santos, disponível no site http://www.
nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Educacao/MiltonSantos.htm. Uma leitura a mais, uma nova
interface, para complementar o estudo realizado nesta aula.
Encontro com Milton Santos
O vídeo apresenta imagens e uma entrevista com Milton
Santos. Em resumo o vídeo mostra que devemos considerar
a existência de três mundos: um mundo como nos fazem
ver; um mundo que se apresenta tal como ele é, um terceiro
mundo como pode ser, uma terceira globalização.
http://www.youtube.com/watch?v=IzTjR_X47pc
Milton Santos. Baiano
de Brotas de Macaúbas
– Bahia. Geógrafo e livre
pensador brasileiro, dizia
que a maior coragem,
nos dias atuais, é pensar,
coragem que sempre teve.
Disponível em: http://
www.nossosaopaulo.com.
br/Reg_SP/Educacao/
MiltonSantos.htm,
acesso em: 25 maio/2007.
Encontro com
Milton Santos
Disponível em: http://
www.youtube.com/
watch?v=IzTjR_X47pc,
acesso em: 27 de
maio/2007.
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11
Referências
BRASIL/MEC. Lei 9394/96: Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Diário
Oficial – 23/12/96, Imprensa Nacional, Brasília, DF:MEC,1996.
BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília/DF: MEC/SEF,1996.
_________/ CNE/CEB. Resolução n.3, de 26/06/98. Institui diretrizes curriculares nacionais
para o ensino médio, Brasília/ DF:MEC, 1999.
_________/ CNE/CEB. Resolução n.1, de 07/04/99. Institui diretrizes curriculares nacionais
para a educação infantill, Brasília, DF:MEC, 1999.
O
_________/ CNE/CEB. Resolução n.2, de 07/04/98. Institui diretrizes curriculares nacionais
para o ensino fundamental, Brasília, DF:MEC, 1998.
SÃ
CANDAU, Vera Maria. (org.) Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro, DP&A,
2000. (200p.)
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
VI
__________. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. São
Paulo: Paz e Terra, 1998.
RE
GUTIÉRREZ, F. Ecopedagogia e cidadania planetária. Guia da Escola Cidadã, Instituto Paulo
Freire. São Paulo: Cortez, 1999.
MASCARIN, S. R. Refletindo sobre o ensino de geografia neste final de século. In Cadernos
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Aula 13 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação
Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data:
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