Nota Técnica Conjunta sobre o Câncer de Próstata Nota Conjunta da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e TelessaúdeRS-UFRGS sobre o Câncer de Próstata. Considerando que: 1 - o Câncer de Próstata é o tumor maligno mais frequente na população masculina após Câncer de Pele, e causa importante de mortalidade nesta população; 2 – o Estado do Rio Grande do Sul e a cidade de Porto Alegre apresentam as mais altas taxas de incidência e mortalidade desta doença entre os estados e capitais do Brasil; 3 – o Câncer de Próstata é uma doença de agressividade biológica não uniforme que, na maioria dos indivíduos afetados, apresenta comportamento indolente e de lenta evolução, mas, que, numa pequena parcela dos indivíduos afetados, pode ter comportamento agressivo e abreviar sua expectativa de vida; 4 - as estratégias de rastreamento (detecção em indivíduos sem sintomas) do Câncer de Próstata atualmente existentes (dosagem de PSA) apresentam baixa acurácia, havendo necessidade de rastrear um grande número de indivíduos para encontrar Câncer de Próstata em pequeno número deles, e, para afastar ou comprovar a existência do Câncer de Próstata, estes indivíduos são submetidos a exames invasivos (biópsia) com potenciais efeitos adversos (morbidade); 5 - atualmente, não há teste diagnóstico que diferencie com precisão aqueles indivíduos com Câncer de Próstata indolente, que provavelmente não necessitam de tratamento, daqueles indivíduos com Câncer de Próstata agressivo, que certamente necessitam de tratamento; 6- e que os resultados dos estudos mais consistentes já publicados sobre rastreamento populacional sistemático do Câncer de Próstata apresentam incertezas quanto ao benefício global (ou seja, se o rastreamento traz mais benefícios que riscos); As instituições e serviços supracitados, à luz do conhecimento atual, 1. pela incerteza do benefício, avaliam não haver argumentos consistentes para recomendar o rastreamento populacional sistemático para o Câncer de Próstata e contraindicam esta ação como estratégia de saúde pública; 2. sugerem que os homens com expectativa de vida maior de 10 anos e: a. mais de 45 anos com fatores de risco (irmão ou pai com câncer de próstata, cor de pele preta ou resultado de PSA prévio > 2ng/mL) ou b. mais de 50 anos sem fatores de risco procurem as Unidades Básicas de Saúde, seu médico de família ou médico urologista para receber orientações sobre o rastreamento do Câncer de Próstata para que, em decisão compartilhada, decidam sobre a adequação ou não de realizar o rastreamento, pesando os potenciais riscos e benefícios dessa estratégia, assim como o estado de saúde, os valores e as preferências dos pacientes; 3. recomendam que a maioria dos homens com >70 anos não sejam submetidos ao rastreamento do Câncer de Próstata (salvo se em excelente estado de saúde e expectativa de vida >10 anos); 4. comprometem-se com a produção de materiais informativos para a população sobre o rastreamento do Câncer de Próstata, incluindo os riscos, benefícios e incertezas científicas do rastreamento, com intenção de auxiliar na decisão sobre realizar ou não o rastreamento; 5. reforçam que os profissionais médicos dispõem de diversas estratégias baseadas em orientações e recomendações de sociedades médicas para individualizar a necessidade ou não de rastrear o Câncer de Próstata para cada indivíduo específico; 6. reforçam a necessidade de que homens com qualquer sintoma relacionado ao aparelho urinário procurem atendimento médico para elucidação diagnóstica e conduta, visto que as recomendações sobre rastreamento só se aplicam a homens sem sintomas; 7. sugerem que o Novembro Azul seja um momento de conscientização da população masculina sobre a necessidade de práticas de vida saudável e a importância de procurar atendimento médico para diagnósticos oportunos; 8. e enfatizam para a população masculina do Rio Grande do Sul a importância de hábitos de saúde comprovadamente benéficos, tais como, praticar exercícios físicos, alimentar-se saudavelmente, evitar sobrepeso, não fumar e cuidar de sua saúde em geral. As instituições supracitadas estão atentas ao debate científico e se comprometem a atualizar estas recomendações de acordo com novas evidências que venham a surgir sobre rastreamento do Câncer de Próstata. Concordam com o conteúdo acima e assinam este documento: ________________________________ JOÃO GABBARDO DOS REIS Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul ________________________________ NANCY TAMARA DENICOL Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional Rio Grande do Sul ________________________________ MILTON BERGER Hospital de Clínicas de Porto Alegre ________________________________ JOSÉ GERALDO LOPES RAMOS Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul ________________________________ ERNO HARZHEIM TelessaúdeRS-UFRGS Também colaboraram na redação deste documento: ________________________________ NATAN KATZ ________________________________ MARCELO RODRIGUES GONÇALVES ________________________________ RICARDO ZORDAN ________________________________ BRASIL SILVA NETO ________________________________ GUILHERME BEHREND SILVA RIBEIRO