estudo de caso Evolução dos indicadores de qualidade da assistência médico-hospitalar do Hospital Dona Helena – Joinville-SC Evolution of medical and hospital care quality indicators at Hospital Dona Helena – Joinville, SC RESUMO Este trabalho tem como objetivo contribuir para o estabelecimento de um sistema de controle da qualidade da assistencia médica-hospitalar mediante o acompanhamento e análise de um determinado conjunto de indicadores. Nesse sentido, foi selecionado um conjunto de indicadores e avaliada a série histórica de 10 anos, a partir das bases de dados do Hospital Dona Helena. Neste trabalho se apresenta e discute a evolução desses indicadores no período de 1995 a 2004, comparadas com referenciais e indicadores de outros hospitais nacionais. Conclui-se que esses indicadores são reproduziveis e fáceis de serem apurados e controlados. Embora o “limite critico” seja específico para este Hospital, ele pode ser adotado provisoriamente como referência até que o “limite critico” da instituição que adotar este modelo possa ser estabelecido. ABSTRACT The purpose of this paper is to give a contribution towards the creation of a quality control system for medical and hospital care by monitoring and analyzing a group of indicators. For that purpose, the authors chose a group of indicators and evaluated a historical series of 10 years in the Hospital Dona Helena database. This paper presents and discusses the progress of such indicators from 1995 to 2004, compared to references and indicators of other Brazilian hospitals. Conclusion is that these indicators can be reproduced and are easy to assess and control. Although the “critical threshold” is specific for this hospital, it can be provisionally adopted as a reference till a “critical threshold” can be established for the institution that is adopting this model. Uriel Zanon1 Patrícia Laura Lopes Chaves2 Laene Veigsding Boldt2 Palavras-chave Indicadores de qualidade. Análise organizacional. Avaliação de resultados. Controle da qualidade. Keywords Quality indicators. Organizational analysis. Results evaluation. Quality control. Conflito de interesse: nenhum declarado. Financiador ou fontes de fomento: nenhum declarado. Data de recebimento do artigo: 17/ 9 / 2006. Data da aprovação: 8 / 1 /2007. 1. Médico Infectologista e Administrador Hospitalar, Doutor em Medicina Tropical, e Coordenador da CAC-Comissão de Avaliação e Controle do Hospital Dona Helena, Joinville, Santa Catarina. 2. Médico Auditor da CAC-Comissão de Avaliação e Controle do Hospital Dona Helena. Endereço eletrônico: [email protected] RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 131 INTRODUÇÃO Qualidade é a propriedade, atributo ou condição das pessoas ou das coisas, capaz de distingui-las uma das outras (Aurélio, apud Zanon, 2000). Em relação a bens ou serviços, é o grau de adequação dos mesmos às necessidades de alguém. A qualidade é definida através de atributos; cada atributo tem um custo que confere ao bem ou serviço um valor financeiro (Juran, apud Zanon, 2000). A busca da qualidade não é apenas uma nova meta gerencial proposta para produzir mais e melhor, com menos desperdício e menor custo. É uma nova postura comportamental, baseada em uma filosofia de vida estruturada sobre princípios científicos, éticos e morais (Scheckler, apud Zanon, 2000). Deixou de ser opcional, para ser prérequisito de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo (Nogueira, apud Zanon, 2000), em que uma empresa só sobreviverá se for a melhor do seu ramo de negocio (Falconi Campos, apud Zanon, 2000). A assistência hospitalar é extremamente onerosa, mas será que a sua qualidade corresponde ao seu custo? O setor hospitalar, pelos recursos financeiros que movimenta, atrai profissionais de outras áreas que nem sempre se submetem aos princípios que norteiam os profissionais de saúde (solidariedade humana, respeito ao ato científico e comprometimento com o paciente) e, por isso, criam um conflito ético que só pode ser administrado por um rigoroso controle de qualidade. A Qualidade da assistência hospitalar é muito mais do que: a) apresentar luxuosas instalações e sofisticados equipamentos; b) manter todos os formulários corretamente preenchidos; c) ter pacientes e funcionários satisfeitos; d) exibir um certificado na parede. Qua- 132 lidade hospitalar é algo tangível que depende da capacidade de gerenciar pessoas e equipamentos para o pleno desempenho da arte de diagnosticar, tratar, melhorar e curar doenças físicas e mentais. É algo que tem a ver com a solidariedade humana, a vida e a morte, mas que, não obstante, precisa ser avaliado objetivamente. O objetivo deste trabalho é contribuir para o estabelecimento de um eficiente sistema de controle de qualidade mediante a analise de indicadores coerentes. Por isso, apresenta e discute a evolução desses indicadores no período de 1995 a 2004. DEFINIÇÕES E INDICADORES Clínicas Os pacientes hospitalizados constituem uma população heterogênea em relação ao risco de apresentarem complicações infecciosas e não infecciosas e, ainda, de evoluírem para óbito. A estratificação é feita baseando-se no tempo de permanência e na nosologia. De acordo com esse critério, o primeiro passo consiste em separar os pacientes com um dia de permanência dos demais, colocando-os em uma unidade denominada Hospital Dia. Os pacientes restantes são classificados pôr clínica. Clínica é um conjunto de entidades nosológicas semelhantes reunidas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, 10a edição da OMS. Assim a população internada é estratificada nas seguintes unidades (Zanon, 2000): 1. Neonatologia – Inclui apenas o recém-nascido doente, que é caracterizado por uma das seguintes condições: peso inferior a 1.500 gramas, com instrumentação umbilical, vascular, respiratória ou vesical; evidência de infecção ou de indicação cirúrgica. Inclui os códigos P00 a P96 da CID 10. 2. Pediatria – Reúne pacientes não operados, com menos de 14 anos de idade. Inclui todos os códigos de diagnostico das doenças encontradas na faixa etária de 1 mês a 13 anos de idade. 3. Obstetrícia – Reúne pacientes admitidas para assistência a gravidez, parto e puerpério, com diagnósticos classificados entre os códigos O00 a O99 da CID 10, operadas e não operadas. 4. Ginecologia – Abrange todas as pacientes de doenças do aparelho genital feminino classificadas nos códigos N60 a N99 da CID 10, operadas e não operadas. 5. Medicina Clínica – Inclui apenas pacientes não operados, com mais de 13 anos de idade. Abrange as seguintes especialidades: Infectologia, Oncologia, Endocrinologia, Hematologia, Neurologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Pneumologia, Cardiologia, Gastroenterologia, Nefrologia, Urologia e Tráumato-ortopedia. 6. Cirurgia – Inclui todos os pacientes operados, exceto os de Obstetrícia e Ginecologia. Abrange todas as especialidades cirúrgicas classificadas de acordo com a Tabela da Associação Médica Brasileira (AMB). 7. Hospital Dia – Inclui todos os pacientes com apenas 24 horas de permanência no Hospital Dona Helena. 8. UTI Geral – Atende todos os pacientes com mais de 13 anos de idade que necessitam de cuidados intensivos. 9. UTI Neonatal – Atende recémnascidos que necessitam de cuidados intensivos. Qualidade Hospitalar A qualidade hospitalar pode ser avaliada por dois conjuntos de atributos que se complementam: a) qualidade administrativa (qualidade extrínseca, RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 atendimento, suporte operacional ou gestão do negócio) e b) qualidade médico-assistencial (qualidade intrínseca, qualidade da assistência). Qualidade Médico-Assistencial A Joint Comission of Health Care Organization (JCAHO) dos Estados Unidos define qualidade da assistência hospitalar como: “grau segundo o qual os cuidados com a saúde do paciente aumentam a probabilidade de efeitos indesejáveis, dado o atual estado de conhecimento” (apud Zanon, 2000). Considerando que, em síntese, a necessidade do paciente é a recuperação ou a melhora da doença que o aflige, a CAC do Hospital Dona Helena define operacionalmente qualidade da assistência médico-assistencial como aquela que pode oferecer (Zanon, 2000): (a) diagnóstico definitivo da doença, informando claramente ao paciente ou à sua família; (b) tratamento atual, comprovadamente eficaz, consentido pelo paciente ou familiar responsável; (c) assistência de enfermagem que cumpra fielmente a prescrição médica e assegure ao paciente atenção, carinho e respeito. (d) internação isenta, ou com um mínimo de intercorrências, infecciosas e não infecciosas; (e) assistência pelo menor preço sem comprometer os itens acima citados. A avaliação desses atributos é feita pela CAC mediante monitoração dos seguintes indicadores: (a) falta de informação médica no prontuário do paciente (FIM); (b) queixa sem diagnostico (QSD); (c) pacientes com complicações infecciosas hospitalares (PCIH); RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 (d) tipos de complicações infecciosas hospitalares (TCIH); (e) complicações não infecciosas hospitalares (CNI); (f) consumo de antibióticos (ATB); (g) mortalidade; (h) letalidade. Falta de Informação no Prontuário do Paciente (FIM) O prontuário é um registro detalhado e ordenado dos dados de um paciente. Inclui informação individual e familiar, seus hábitos e antecedentes, detalhes de sua doença, de seu estado geral e da sua evolução, bem como os procedimentos, diagnósticos e terapêuticos, indicados e efetuados, seus resultados e um resumo final da doença com diagnóstico(s) definitivo(s). Do ponto de vista legal, graças ao prontuário do paciente é que os médicos podem provar que a assistência era adequada ao quadro clínico que o paciente apresentava naquele momento. Se não existir informação no prontuário, ou se a mesma foi incompleta, o médico perde a possibilidade de poder comprovar o que realmente fez e, conseqüentemente, a assistência não pode ser considerada de boa qualidade. De acordo com o artigo 69 do Código de Ética Médica, “é vedado ao médico deixar de elaborar prontuário para cada paciente”. Constitui portanto uma infração ao Código de Ética deixar de registrar no prontuário todas as observações relativas ao diagnostico e tratamento do paciente (Gauderer, 1993). É uma temeridade considerar a assistência hospitalar de boa qualidade se os registros médicos ou de enfermagem não existem ou são insatisfatórios. Queixas Sem Diagnóstico (QSD) Todo paciente tem o direito de ter um diagnóstico estabelecido em lin- guagem clara, que possa ser por ele compreendida (Gauderer, 1993). O diagnóstico é uma variável que pode afetar decisivamente o curso da doença, porque sem ele o tratamento se limita ao alívio dos sintomas, que apesar de necessário, não altera o curso da doença. O diagnostico depende da formação e experiência do médico, da disponibilidade de recursos tecnológicos específicos e, também, do tempo de permanência no hospital. O grupo XXVIII da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID10) consiste em: (a) “casos para os quais não se possa chegar a um diagnóstico mais preciso, mesmo depois que todos os fatos que digam respeito ao caso tenham sido investigados; (b) sinais ou sintomas existentes no momento da primeira consulta que se mostrem de caráter transitório e cujas causas não possam ser determinadas; (c) diagnósticos provisórios atribuídos a um paciente que não retorne a consulta para aprofundamento da investigação do diagnostico ou para assistência; (d) casos encaminhados aos outros locais para investigação ou tratamento antes que o diagnostico fosse feito; (e) casos para os quais não foi possível estabelecer um diagnóstico mais preciso por qualquer razão”. A característica comum desse grupo é, portanto, a falta de um diagnóstico definitivo para a queixa que levou o paciente ao hospital. Estudo realizado em 1989, envolvendo 12 hospitais brasileiros, com 27.424 pacientes, revelou que a taxa mediana de queixas sem diagnóstico é de aproximadamente 4% em pacientes clínicos e de 2% em pacientes ci- 133 rúrgicos. Baseado nestes dados a CAC considera que taxas superiores a estas demonstram a ocorrência de falta de diagnóstico em proporção incompatível com assistência de boa qualidade (Zanon, Lopes Chaves e Senra, 2000). Pacientes Com Complicações Infecciosas Hospitalares (PCIH) As infecções hospitalares foram definidas como conjunto de patologias mal classificadas, pouca coisa em comum, exceto a condição de incidirem em pacientes hospitalizados. Não são, portanto, uma entidade nosológica (uma doença específica classificada), mas síndromes diferentes que, genericamente, foram chamadas de infecção hospitalar, porque se manifestam durante a internação ou após a alta. Infecção hospitalar é uma denominação incorreta, porque o processo infeccioso não depende do ambiente hospitalar, mas da doença, do estado geral do paciente e do tipo de tratamento a que foi submetido. Não se trata de uma doença infecciosa em sentido estrito, mas da complicação de uma doença preexistente ou do tratamento realizado (Zanon, Lopes Chaves e Senra, 2001). As complicações infecciosas hospitalares variam com o grau de complexidade da assistência. Em geral quanto mais complexo for o hospital, mais graves serão os pacientes e maior a probabilidade de complicações infecciosas hospitalares. Trata-se, portanto, muito mais de um indicador de risco, do que de qualidade. Complicações Não Infecciosas (CNI) As complicações não infecciosas são intercorrências diversas, que complicam a doença ou os procedimentos médicos cirúrgicos e retardam a recu- 134 peração ou a cura do paciente. Esse indicador foi adotado no HDH, em 1992, tendo como base a observação feita por Haley em 1990, de que 2/3 dos pacientes de um hospital universitário no Texas apresentavam complicações não infecciosas durante a internação. A freqüência de CNI depende da doença do paciente, do seu estado geral e dos cuidados que recebe no hospital. Considerando as taxas observada em 12 hospitais brasileiros a CAC considera as que forem superiores a 2,0 por cem pacientes saídos como evidencia de assistência de má qualidade. Consumo de Antimicrobianos (ATB) Os antimicrobianos estão entre os medicamentos mais caros e de maior consumo no Hospital. A qualidade de sua prescrição pode ser avaliada levando-se em conta: a) que devem ser indicado apenas para infecções suscetíveis; b) que a antibioticoprofilaxia deve restringir-se aos casos indicados na literatura especializada. A desobediência a estes princípios leva à prescrição indiscriminada, que é um indicador de má qualidade, porque expõe o paciente a efeitos colaterais indesejáveis, seleciona germes resistentes e aumenta o custo da hospitalização. Mortalidade A taxa de mortalidade é a relação proporcional entre o número de óbitos verificados em uma clínica ou no hospital como um todo e o total de pacientes saídos dessa clínica ou do hospital em determinado período. Esse indicador expressa o risco do paciente falecer na instituição e, conseqüentemente, a complexidade do atendimento. Por definição, quanto melhor for o hospital mais graves serão seus pacientes, mais complexos os procedimentos, maior a ocorrência de complicações e maior a taxa de mortalidade. Letalidade A taxa de letalidade é a relação proporcional entre o número de óbitos devidos a determinada doença ou condição e o numero de pacientes com essa doença ou condição, verificados em uma clínica ou no hospital como um todo em determinado período. A letalidade é avaliada em função da doença básica e das complicações infecciosas: Letalidade sem infecção avalia o risco de óbito relativo a doença básica e Letalidade com Infecção avalia o risco de óbito atribuído a doença responsável pela hospitalização complicada por infecção comunitária ou hospitalar. MÉTODOS Após a alta do paciente os registros do Resumo de Internação são conferidos com os dados do prontuário e digitados no Sistema TASY. Trimensalmente são extraídos dados desse Sistema e, depois de analisada a sua consistência, os indicadores são apurados pelo Sistema Epi-Info e transferidos para planilhas Excel para analise estatística. Os testes de significância estatística são processados pelo Sistema Epi-Info. Os relatórios gerados são apresentados ao SGQ (Sistema de Gestão da Qualidade) do HDH. RESULTADOS E DISCUSSÃO Falta de Informação no Prontuário do Paciente (FIM) As taxas de FIM declinaram de 3,2 por cem pacientes saídos em 1996 para 0,5 por 100 pacientes saídos em RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 2004, mostrando uma tendência declinante. O limite critico superior para esta taxa foi estabelecido em 2,8 por 100 pacientes (gráfico 1). Queixas Sem Diagnóstico (QSD) As taxas de QSD dos pacientes clínicos declinaram de 2,0 por 100 pacientes saídos, para 1,0 por 100 pacientes em 2004. Considerando os resultados desta série histórica o limite crítico superior de 4% adotado anteriormente foi reduzido para 2% (gráfico 2.1). As taxas dos pacientes cirúrgicos evoluíram de 2,5 por 100 pacientes saídos em 1996 para 0,1 por 100 pacientes em 2004. Levando em conta os dados dessa série histórica o limite critico superior para este indicador foi estabelecido em 1,0 (gráfico 2.2). Pacientes com Complicações Infecciosas Hospitalares (PCIH) Considerando o hospital como um todo, as taxas de pacientes com complicações infecciosas hospitalares evoluíram de 1,8 por 100 pacientes em 1999, para 1,5 por 100 pacientes em 2004, com tendência a diminuir. O limite crítico superior estabelecido para esta série histórica é de 1,9 por 100 pacientes (gráfico 3). Estratificando o Hospital por clínica verifica-se que na UTI Neonatal a taxa de PCIH regrediu de 20,2 por 100 pacientes em 1998 para 16,7 por 100 pacientes em 2004, com limite crítico superior estabelecido em 23,6 por 100 pacientes (gráfico 3.1). Na UTI Geral essas taxas declinaram de 9,4 por 100 pacientes em 1998, para 6,9 por 100 pacientes em 2004, com limite critico superior de 10,8 por 100 pacientes (gráfico 3.2). No conjunto formado pelas demais clínicas (Neonatologia, Pediatria, Obstetrícia, Ginecologia, Medicina Clínica, RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 Gráfico 1 – Falta de informação médica no prontuário. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 2 – Queixas sem diagnóstico após três dias de internação. Hospital como um todo. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 2.1 – Queixas sem diagnóstico após três dias de internação dos pacientes clínicos. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. 135 Gráfico 2.2 – Queixas sem diagnóstico após três dias de internação dos pacientes cirúrgicos. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 3 – Evolução dos pacientes com complicações infecciosas hospitalares do hospital como um todo. Período de 1998 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 3.1 – Evolução dos pacientes com complicações infecciosas hospitalares da UTI geral. Período de 1998 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 3.2 – Evolução dos pacientes com complicações infecciosas hospitalares da UTI neonatal. Período de 1998 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 3.3 – Evolução dos pacientes com complicações infecciosas hospitalares de outras clínicas*. Período de 1998 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 4 – Pacientes com complicações não infecciosas (CNI). Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Cirurgia e Hospital Dia) essas taxas variaram de 0,8 por 100 pacientes em 1999 para 0,7 por 100 pacientes em 2004 com um limite critico superior de 0,9 por 100 pacientes (gráfico 3.3). A freqüência de pacientes com PCIH é compatível com a baixa mortalidade 136 (veja gráfico 6) e o pequeno tempo de permanência (quatro dias) do HDH, que são características de hospitais, cuja clientela é constituída exclusivamente por pacientes privados ou detentores de planos e seguros de saúde. Complicações Não Infecciosas (CNI) A taxa de complicações não infecciosas evoluiu de 0,7 por 100 pacientes em 1995 para 1,2 por 100 pacientes em 2004. O limite critico calculado foi de 1,2 por 100 pacientes (gráfico 4). RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 Entre as 875 complicações não infecciosas verificadas, a maioria (84%) consistiu de: hemorragia e hematomas, falhas de indução ao parto, queda de leito, ulcera de decúbito, deiscência da cicatriz cirúrgica; constipação, perfuração e laceração, fístulas e complicações traumáticas do recém-nascido. Consumo Profilático de Antimicrobianos (ATB) A taxa de consumo profilático do HDH como um todo passou de 21,6 por 100 pacientes, em 1995, para 34,2 por 100 pacientes em 2004. O limite critico calculado foi de 40,4 por 100 pacientes (gráfico 5). Avaliação feita no segundo trimestre de 2004 demonstrou que havia concordância com a literatura especializada em; 82% na escolha do antibiótico; 65% na indicação da profilaxia e 42% na maneira de aplicá-la. Mortalidade A taxa de mortalidade total do hospital como um todo oscilou entre 0,9 por 100 pacientes e 1,6 por 100 pacientes. O limite critico estabelecido foi de 1,7 por 100 pacientes (gráfico 13). Entre pacientes clínicos, a taxa de mortalidade variou de 1,5 por 100 pacientes em 1995 a 2,9 por 100 pacientes em 2001, ultrapassando nesse ano o limite critico de 2,7 por 100 pacientes (gráfico 6.1). Entre pacientes cirúrgicos a taxa de mortalidade variou de 0,3 por 100 pacientes em 1995 a 0,9 por 100 pacientes em 1999, 2000 e 2003, mas não ultrapassaram o limite critico estabelecido de 1,2 por 100 pacientes (gráfico 6.2). A mortalidade no HDH é baixa, porem aumentou progressivamente de 0,9% em 1995 para 1,6% em 1999 e 2001. A série histórica apresenta uma RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006 Gráfico 5 – Antibiótico profilático. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 6 – Mortalidade total. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 6.1 – Mortalidade de pacientes clínicos. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. 137 Gráfico 6.2 – Mortalidade de pacientes cirúrgicos. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. Gráfico 7 – Letalidade com infecção. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. tão administrativa. Eles constituem a base para avaliação da gestão médico-assistencial e a eventual introdução de modificações corretivas no processo. Embora o limite crítico seja específico para este Hospital, ele pode ser adotado provisoriamente como referência até que o limite crítico da instituição possa ser estabelecido. REFERÊNCIAS Gauderer, E.C. Os direitos do paciente. Jornal de Pediatria, 1993; 69 (3):194-196. Gráfico 8 – Letalidade sem infecção. Período de 1995 a 2004. Hospital Dona Helena – CAC. discreta tendência de aumento, decorrente, provavelmente, do aumento da gravidade do estado geral dos pacientes. Letalidade: A taxa de letalidade nos pacientes sem infecção oscilou de 0,5 por 100 pacientes, em 1995, a 1,0 por 100 pacientes em 1999 e 2001 mantendo-se todavia abaixo do limite crítico de 1,1 por 100 pacientes (gráfico 6). A taxa de letalidade nos pacientes com infecção evoluiu de 0,2 por 100 138 pacientes em 1995 a 0,5 por 100 pacientes em 2001 e 2003, quando atingiu o limite crítico (gráfico 7). CONCLUSÃO Este estudo apresenta um conjunto de indicadores objetivos da qualidade médico-assistencial. Esses indicadores são reproduzíveis e fáceis de serem apurados e controlados. Seu limite crítico representa o valor máximo das variações normais inerentes às principais variáveis do processo: condição do paciente, gestão da assistência e ges- Haley, R.W., Linch, P., Mullin, C., et al. An epidemiologic description of infectious and non-infectious complications of hospitalization. Abstract 29 of 3rd International Conference on Nosocomial Infections. Atlanta, USA, 1990. Zanon, U., Marangoni, D.V. Complicações Infecciosas Hospitalares. In Schecheter, M. e Marangoni, D.V. Doenças Infecciosa: conduta diagnostica e terapêutica. Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, 1999. Zanon, U. Etiopatogenia das Complicações Infecciosas Hospitalares. In Couto, R., Pedrosa, T. e Nogueira J.M. Infecção Hospitalar e Outras Complicações Não Infecciosas da Doença. 3a Ed. MEDSI, Rio de Janeiro, 2003. Zanon, U., Lopes Chaves, P.L. e Senra, E.F. Queixas sem diagnóstico: uma forma objetiva de avaliar um aspecto da qualidade da assistência médicohospitalar. Prática Hospitalar. 2000; 8, 21:23. Zanon, U. Qualidade da Assistência Médico-hospitalar, Conceito, Avaliação e Discussão dos Indicadores de Qualidade. Revista de Administração em Saúde. 2000;2(8):24-26. Zanon, U., Lopes Chaves, P.L. e Senra E.F. Freqüência de complicações não infecciosas (CNI): um indicador objetivo da qualidade da assistência médico-hospitalar. Revista de Administração em Saúde, 2001;4(13):24-26. RAS _ Vol. 8, No 33 – Out-Dez, 2006