ii. embriologia da laringe

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PROF. WALDIR CARREIRÃO FILHO
I.
INTRODUÇÃO
A laringe é um arcabouço esqueletomembranoso, formado por diversas cartilagens
que estão unidas entre si por diversos ligamentos e músculos, com as funções de respiração,
fonação e proteção das vias aéreas.
No adulto, a laringe tem cerca de 5 cm de comprimento, no sexo masculino, sendo um pouco
menor na mulher.
É bastante superficial anteriormente, enquanto suas demais relações são:
posteriormente: com a hipofaringe
lateralmente: com a glândula tireóide.
É constituída por nove cartilagens:
corniculadas (2) e cuneiformes (2).
tireóide,
cricóide,
epiglote,
aritenóides(2),
2
OSSO HIOIDE
Localizado acima da cartilagem tireóide.
Atua na fixação da laringe, através da membrana tireo-hióidea e da musculatura extrínseca
da laringe. Tem a forma de U, sendo formado por um corpo e cornos maiores e menores.
II. EMBRIOLOGIA DA LARINGE
Conceituamos como embrião o produto desde a concepção , formação do
zigoto e suas sucessivas divisões, até o terceiro mês de vida intra-uterina, a partir do
qual passa a denominar-se feto.
A gestação dura 280 dias ou 38 semanas
Da ovulação à implantação temos a primeira semana de desenvolvimento o organismo
humano e muda de uma simples célula viva para sua implantação numa esfera oca
denominada blastócito.
Na seqüência teremos a formação do disco germinativo bilaminar que corresponde a
segunda semana e o disco embrionário adquire simetria e apresenta extremidade
rostral e caudal, bem como superfície ventral e dorsal. No final da segunda semana
tem inicio a circulação utero-placentaria.
O disco germinativo trilaminar se forma durante a terceira semana, o disco
embrionário se torna curvo (dorsalmente convexo) particularmente para as
extremidades rostral e caudal, e um rebento neural começa a aparecer no plano
mediano.
Segue-se o período embrionário que vai da terceira à oitava semana do
desenvolvimento e é o período durante o qual as três camadas germinativas dão
origem aos seus próprios tecidos e sistemas de órgãos. Neste período ocorre a maioria
das Malformações Congênitas.
A camada germinativa ectodérmica dá origem aos órgãos e estruturas que mantem
contato com o mundo externo: SNC e sistema nervoso periférico, epitélio sensorial do
ouvido, nariz e olhos, pele, hipófise, gl. mamarias e sudoríparas, esmalte dos dentes. A
camada germinativa mesodermica, dará origem ao tecido muscular, cartilaginoso,
tecido subcutâneo da pele, todo o sistema vascular, sistema urogenital exceto bexiga,
baço e córtex adrenal. A camada germinativa endodérmica é a que mais nos interessa
neste estudo e fornece revestimento epitelial dos tratos gastrointestinal, trato
respiratório, e da bexiga. Também forma o parênquima da tireóide, paratireóide,
fígado e pâncreas. O revestimento epitelial da caixa do tímpano e da tuba auditiva
também tem origem endodérmica.
Finalizando teremos o período fetal que vai do terceiro mês até o nascimento,
caracterizado principalmente pela maturação funcional de toda as estruturas do feto.
Neste período há um risco decrescente de mal formações congênitas.
O sistema respiratório superior é composto por nariz, cavidades nasais, seios
paranasais, nasofaringe e orofaringe.
O sistema respiratório inferior é o que nos interessa mais, sendo formado pela laringe,
traquéia, brônquios e pulmões, e começa a se formar durante a quarta semana (26 a
27 dias).
3
Sua primeira indicação é uma saliência média, o sulco laringo traqueal da faringe
primitiva, em posição caudal em relação ao quarto par de bolsas faríngeas. Este sulco
laringo traqueal irá se aprofundar formando o divertículo laringo traqueal, acabando por
separar definitivamente o tubo digestivo do tubo respiratório. A porção mais cranial
deste divertículo irá formar a laringe. E caudalmente este tubo laringo traqueal irá se
bifurcar dando a formação dos brônquios.
O primórdio respiratório mantem sua comunicação com a faringe através do orifício
laríngeo.
Caso seja feito um corte frontal ao nível do aparelho faríngeo, pode ser
observável no assoalho da faringe primitiva (por enquanto são os arcos faríngeos) um
sulco que será o primórdio das vias aéreas inferiores, ao nível do 4º e 6º arcos, sendo
esse sulco chamado de sulco laringotraqueal.
Obs: o aparelho digestivo e respiratório tem origem do endoderma, logo esse sulco
também a terá.
Esse sulco laringotraqueal evolui para uma estrutura em forma de dedo de luva,
chamado de divertículo laringotraqueal, a qual irá evoluir para um tubo laringotraqueal
(24o dia).
A porção superior do tubo laringotraqueal irá originar a laringe, sua porção
média originará a traquéia e sua porção inferior originará os primórdios dos brônquios
e dos pulmões.
Verifica-se que a laringe desenvolve-se de um primórdio de duas partes: a supraglote
de um botão bucofaríngeo e a glote/subglote de um botão traqueobrônquico, sendo
que sua diferenciação ocorre entre a 4a e 10a semana. Agentes nocivos atuando no
desenvolvimento embrionário neste período podem causar malformações desta
estrutura, assim como de outros órgãos que estejam desenvolvendo-se neste período.
A laringe continuará sua evolução para formação de uma goteira ventral (endodérmica)
ao intestino primitivo, desenhando um tubo para trás do coração, que originará a
árvore pulmonar, enquanto que a parte alta deste tubo se diferenciará na laringe,
comunicando-se à faringe por uma fenda vertical (ádito da laringe), formada na 4a
semana. O trato digestivo vai se separando pela formação de um septo, que migra
ascendentemente.
Cada arco faringeo apresenta um tecido mesodérmico que contem no seu interior
células que irão desenvolver seus respectivos nervos, cartilagens, e vasos sanguíneos
Revestindo internamente os arcos branqueais temos a camada germinativa
endodérmica
Externamente os arcos faringeos são revestidos pela camada germinativa ectodermica
Já o mesênquima circundante (eminência hipobranquial) do 4o e 6o arcos branquiais
então proliferam para produzir uma forma “T”, envolvendo o adito e formando base de
língua e epiglote. A epiglote se desenvolve de um molde cefálico desta porção e deriva
do 3o e 4o arcos. As demais cartilagens surgem da porção ventral do 4o e 5o arcos. A
tireóide surge no 1o mês do 4o arco e condrifica por completo até o 6o mês. A cricóide
aparece como 2 metades na 6a semana, unificando-se verticalmente em um anel e
condrificando-se entre o 2o e 8o mês. Neste período, as aritenóides formadas na 5a
semana através de 2 saliências laterais do adito, já estão melhor definidas. A maioria
da laringe se desenvolve dos arcos de origem mesodérmica (4o-6o). O 3o arco,
contudo, é derivado da crista neural.
Entre a 7a e 10a ocorre um período crítico, com uma fusão epitelial (7a semana),
obliterando transitoriamente a laringe, que então é repermeabilizada (8a semana),
surgindo o ventrículo e a glote, onde os recessos pares laterais ligam-se caudal e
cefalicamente por pregas mucosas formando as verdadeiras e falsas cordas vocais (9a
4
semana). Conforme a epiglote se desenvolve, cranialmente surge uma prega mucosa
formando um muro entre aritenóides e epiglote (prega ariepiglótica).
A formação deste relevo lateral supraglótico, do septo aereodigestivo e o fechamento
transitório da laringe são a chave para a compreensão de possíveis malformações que
possam ocorrer no arcabouço laríngeo.
Os músculos da laringe dependem, inicialmente do desenvolvimento das cartilagens,
para então tomar sua direção. O primeiro músculo desenvolvido para uma forma
reconhecível é o ari-aritenoideo, seguido do músculo crico-aritenoideo
posterior.(embrião 9mm).No embrião de 11mm pode ser distinguido o primórdio do
músculo crico-aritenoideo lateral o único músculo da laringe oriundo do quarto arco é o
cricotireoideo, os demais músculos são derivados do sexto arco, por isso
a sua inervação do laríngeo superior.
III.
CARTILAGENS DA LARINGE
A)Tireóide: é a maior das cartilagens laríngeas, mediana e única. Apresenta 2 lâminas com
fusão incompleta na linha média. O ângulo entre as lâminas apresenta um dimorfismo sexual
o que torna a proeminência laríngea (“pomo de Adão”) mais evidente no sexo masculino.
B)Cricóide: é o único anel esquelético completo da laringe. Em cada lado da borda superior
da lâmina há uma faceta para articulação com a aritenóide correspondente. Une-se à
cartilagem tireóide na linha média pelo ligamento crico-tireóideo.
Sua borda inferior delimita o término da laringe e o início da traquéia e esôfago. Situa-se ao
nível de C6.
Entre as cartilagens tireóide e cricóide temos a membrana cricotireoidea onde pode-se
realizar a traqueostomia de urgência.
C) Epiglote: cartilagem única, em forma de folha. Desempenha uma importante função de
proteção da laringe durante a deglutição. Na sua porção anterior convergem 3 pregas
mucosas originadas na base da língua, a prega glossoepiglótica mediana e as pregas
glossoepiglóticas laterais. A depressão formada a cada lado da prega mediana é denominada
valécula.
D) Aritenóides: têm a forma de pirâmide de 3 lados, com ápice superior e base inferior.
Articulam-se com o bordo superior da cartilagem cricóide, em uma junta sinovial,consttituindo
uma articulação que mais participa mais ativamente das funções de respiração e fonação,
através das mudanças na posição das pregas vocais.
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E) Corniculadas (de Santorini): articulam-se com o ápice das aritenóides e têm forma cônica.
F) Cuneiformes (de Wrisberg): situam-se na prega ariepiglótica, anteriormente às cartilagens
corniiculadas, e têm forma de bastonetes
IV.
MÚSCULOS DA LARINGE
São classificados em extrínsecos e intrínsecos.
1-
Músculos extrínsecos
Atuam na movimentação e suspensão da laringe. Quase todos se inserem no osso
hióide, e pIIarticipam ativamente de deglutição e fonação. Podem ser divididos em elevadores
e depressores. Os elevadores incluem o digástrico, estilo-hióideo, genio-hióideo, milohióideo, estilofaríngeo e tireo-hióideo. Os depressores são o omo-hióideo, esterno-hióideo,
esternotireóideo e tireo-hióideo. São inervados pela alça cervical do XII.
2-
Músculos intrínsecos
Têm origem e inserção na própria laringe, atuando na movimentação das pregas
vocais. Todos são inervados pelo n. laríngeo recorrente do X, exceto o m. cricotireóideo,
inervado pelo n. laríngeo superior.
Cricotireóideo: Ação: Atua variando a distância entre a tireóide e a cricóide e a tensão da
prega vocal.

6
Cricoaritenóideo posterior: Ação: É o único abdutor das pregas vocais.afastam as
cordas vocais (dilatadores da glote)

Cricoaritenóideo lateral: Ação: promove rotação das aritenóides, aproximando seus
processos vocais. É portanto, adutor das pregas vocais.


Interaritenóideo: Ação: é adutor das pregas vocais.

Tireoaritenóideo: Ação: é adutor e alongador das pregas vocais, diminuindo sua tensão.
Vocal: Localiza-se medialmente ao tireoaritenóideo, ao qual se funde. Origina--se no
ângulo entre as lâminas da tireóide e se insere no processo vocal das aritenóides. Ele não se
prende ao ligamento vocal.

V.
COMPARTIMENTOS LARÍNGEOS
A cavidade laríngea é dividida em 3 andares:
1-Andar glótico: constituído pelas cordas vocais, que limitam entre si a rima da glote
2-Andar supraglótico: Vai do orifício superior da laringe até as pregas vocais. A superfície
interna do andar supraglótico (vestíbulo) apresenta nas suas paredes laterais duas pregas
mucosas denominadas falsas cordas vocais ou pregas ventriculares, que delimitam com
as cordas verdadeiras um espaço, o ventrículo laríngeo ou de Morgagni.
3-Andar infra glótico: Vai desde as cordas vocais até um plano que passa pela borda
inferior da cricóide
VI.
INERVAÇÃO E IRRIGAÇÃO DA LARINGE
1-
inervação sensitiva
A mucosa laríngea recebe sua inervação sensitiva a cada lado principalmente pelo ramo
laríngeo interno do nervo laríngeo superior, que inerva a laringe até as prega vocais A parte
inferior da laringe pode receber fibras sensitivas através do laríngeo recorrente.
2-
inervação motora
Todos os músculos intrínsecos, com exceção do cricotireóideo, são inervados pelo
nervo laríngeo recorrente (ou inferior) do vago. O cricotireóideo é inervado pelo nervo laríngeo
superior do vago
3-
irrigação da laringe
A laringe é irrigada pelas artérias laríngeas superior e inferior
A laringe tem uma rica rede linfática, sobretudo na supraglote; a exceção fica por conta das
pregas vocais, onde praticamente não existem linfáticos.
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VII.
HISTOLOGIA DA LARINGE
A mucosa da laringe é constituída, em geral, por epitélio cilíndrico ciliado,
epitélio característico de todo o trato respiratório, salvo ao nível das cordas vocais, que são
recobertas por um epitélio estratificado do tipo pavimentoso não queratinizado, que se
encontra igualmente sobre a face posterior da epiglote, e sobre a parte anterior das
aritenóides.
A prega vocal é uma estrutura vibrátil responsável pela produção do som durante a
fonação. É composta, fundamentalmente, por músculo e mucosa. A mucosa, por sua vez, é
composta por lâmina própria e epitélio escamoso estratificado, em sua borda livre. Uma
importante estrutura do epitélio é a membrana basal que se encontra em íntimo contato com
a lâmina própria. Observam-se pequenos vasos sangüíneos na mucosa da prega vocal, que
correm paralelamente à sua borda livre. Não se notam glândulas na mucosa.
A lâmina própria possui três camadas: superficial, intermediária e profunda. A camada
superficial da lâmina própria é também conhecida como espaço de Reinke. É uma camada
frouxa e flexível que vibra intensamente durante a fonação. As camadas intermediária e
profunda compõem o ligamento vocal. A lâmina própria é composta, principalmente, por
matriz extracelular, fibroblastos e vasos sangüíneos. A matriz extracelular é sintetizada pelos
fibroblastos e é constituídas por colágeno III, elastina, ácido hialurônico e fibronectina. Hirano
introduziu o conceito "cobertura-corpo", segundo o qual as cinco camadas histológicas da
prega vocal são agrupadas em três camadas baseadas nas propriedades mecânicas da
prega vocal. Epitélio e camada superficial da lâmina própria constituem a cobertura da prega
vocal. As camadas intermediária e profunda da lâmina própria formam a transição, o músculo
vocal compõe o corpo. O autor considera o epitélio como uma fina cápsula vibratória capaz
de conter a prega vocal durante a fonação. A camada intermediaria + profunda formam o
ligamento vocal. A elastina e o ac. hialuronico são os dois componentes mais importantes da
matriz extracelular da lamina própria. Agindo na proliferação, regeneração e reparo de
tecidos. Três vezes mais abundante no homem que na mulher. Talvez por isso os nódulos de
pregas vocais sejam mais freqüentes nas mulheres e raros nos homens
Membrana basal é uma fina camada de matriz extracelular especializada, sintetizada
pelas células epiteliais e fibroblastos da lâmina própria. Faz parte do epitélio e representa a
transição para a camada superficial da lâmina própria. Juntamente com o arcabouço fibroso
da lâmina própria, forma a sustentação da mucosa da prega vocal. É uma estrutura
importante para vibração da mucosa, pois, assim como a lâmina própria, promove
elasticidade e, ao mesmo tempo, resistência às pregas vocais. A membrana basal normal não
é observada, com detalhes, por meio de coloração pela técnica da hematoxilina-eosina,
rotineiramente utilizadas na microscopia óptica. Microscopia eletrônica é o melhor meio para
estudo desta estrutura. Ultraestruturalmente consiste de três camadas que são denominadas,
da superfície para profundidade, lâmina lúcida (ou pars rara), lâmina densa (ou lâmina basal),
lâmina fibro-reticular (ou sublâmina densa). Sua principal função é a adesão celular, que é
realizada por meio das fibras de ancoragem. Estudos demonstraram que as fibras de
ancoragem partem da lâmina densa para a camada superficial da lâmina própria, onde
mudam de direção para voltar à lâmina densa. As fibras de colágeno III da camada superficial
da lâmina própria passam através dos "elos" formados pelas fibras de ancoragem, formando
uma "corrente" que adere firmemente o epitélio da prega vocal à lâmina própria. Em relação à
sua composição química, técnicas de elétron imunoistoquímica demonstraram que a
membrana basal é composta, principalmente, por três tipos de macromoléculas: colágeno IV,
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laminina e proteoglicano heparan sulfato. Colágeno IV é o responsável pela força e
elasticidade da membrana basal, enquanto que laminina e proteoglicano heparan sulfato
estão implicados na adesão celular e no controle da passagem de substâncias através da
membrana basal. Fibronectina e entactina são glicoproteínas também encontradas na
membrana basal, porém não se sabe, ao certo, sua função. Colágeno VII também é
encontrado na membrana basal como o principal componente das fibras de ancoragem.
O músculo vocal ou músculo tireoaritenoideo é o principal corpo das pregas vocais
dando estabilidade e massa, e sua contração diminui o comprimento da prega vocal com
função fonatória e esfincteriana.
FISIOLOGIA DA LARINGE
A laringe apresenta quatro funções básicas, que são a proteção das vias aéreas, a fonação, a
respiração e a fixação da caixa torácica. A primeira e principal função filogenética é a
proteção das vias aéreas inferiores, sendo que a fonação se desenvolveu posteriormente.
I.
AÇÃO DURANTE A TOSSE
O reflexo da tosse está ausente ou é muito fraco no rescem nascido humano; isto
provavelmente está relacionado com a longa permanência do feto no útero durante a qual a
laringe deve permanecer aberta com a finalidade de permitir a passagem de líquido amniótico
à traquéia. A longa e contínua depressão da tosse pode ser a causa das freqüentes
alterações respiratórias nos neonatos
A tosse tem três fases: inspiratória, compressiva e expulsiva.
II.
FUNÇÃO DA LARINGE DURANTE A DEGLUTIÇÃO.
.
Nos humanos a respiração cessa durante a deglutição..
O fechamento da glote é uma ação reflexa do laringeo superior. Este fechamento inicia com
a aproximação das cordas vocais verdadeiras; seguidamente as cordas vocais falsas
aproximam-se uma contra a outra e contra a base da epiglote. A comissura posterior é
fechada pela rotação interna e aproximação das aritenóides.
III.
FUNÇÃO DA LARINGE DURANTE A RESPIRAÇÃO.
A glote abre durante uma fração de segundo antes de que o fluxo de ar passe ao seu interior
pela contração do diafragma; esta abertura é realizada pela contração dos músculos
cricoaritenoideos posteriores.
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IV.
REFLEXOS CARDIOVASCULARES INICIADOS NA LARINGE.
Arritmia, bradicardia, e ocasionalmente parada cardíaca podem acontecer como resultado de
estímulos a nível laríngeo, particularmente em crianças ( fato bem conhecido por
laringoscopistas). O mecanismo parece estar relacionado com a estimulação de fibras
nervosas originárias dos baro-receptores
V.
FONAÇÃO
A laringe tem quatro funções primárias na fala :
I. Como um mecanismo fonatório ela é capaz de tornar um fluxo aéreo de ar contínuo em
fluxo alternante , o que do ponto de vista acústico é muito mais interessante .
II. Como um mecanismo de controle de freqüência ela é capaz de manipular a entonação de
modo útil lingüisticamente .
III. Como um mecanismo de controle de intensidade é capaz de usar níveis contrastantes de
volume .
IV. Como um mecanismo de controle de qualidade é capaz de produzir marcadores sutis de
origem geográfica e social e marcadores próprios do indivíduo ( idade , sexo , humor e
estado de saúde) .
A produção do som se origina na laringe como um tom fundamental que é então modificado
por várias câmaras de ressonância acima e abaixo da laringe . O som é finalmente
convertido em fala por ação da faringe , língua , pálato, lábios e estruturas relacionadas. A
freqüência fundamental do tom é produzida por vibrações das cordas vocais entre si como
resultado da passagem do fluxo de ar de baixo .
A fonação está dividida em 4 partes: o fole pulmonar, o vibrador laringeo, o ressoador
nasobucofaringeo, e os articuladores(lingua, dentes, lábios, palato duro e mole).
Resumindo a vibração das cordas vocais emite som fundamental que aumenta de
intensidade e é enriquecido de harmônicos (som de freqüência múltipla do som fundamental)
isto no próprio laringe, indo adquirir timbre na cavidade faringea, bucal e nasal, ao mesmo
tempo que é articulada as palavras na cavidade oral.
SEMIOLOGIA DA LARINGE
I. INTRODUÇÃO:
Embora existam numerosas causas de inflamações laríngeas, a gama de sintomas
produzidos é pequena. A queixa mais comum é a rouquidão, que pode ser de duração e
severidade variáveis. Dor é um sintoma comum. A rapidez da evolução clínica, os sintomas
associados e história de doenças concomitantes auxiliam no diagnóstico.
10
Devem ser distinguidas as patologias laríngeas agudas das crônicas. Em adultos, a evolução
da doença pode ser de apenas algumas horas, porém normalmente decorrem alguns dias
desde o início dos sintomas até a procura do médico especialista. Já nas crianças, devido ao
tamanho reduzido da via aérea e da cartilagem aritenóide, grau de edema de mucosa e
exsudato formado, a evolução da doença costuma ser bem mais rápida. Deve ser lembrado
ainda, que nem todas as condições inflamatórias agudas são infecciosas.
As infecções crônicas são mais indolentes, levando mais de semanas desde a sua instalação
até o início dos sintomas. A resposta inflamatória estimula a fibrose, podendo esta levar a
alterações permanentes na função laríngea.
II. ANAMNESE:
Doenças agudas da laringe são, com freqüência, precedidas por infecção no trato respiratório
superior. Já os abscessos laringeos são freqüentemente precedidos por situações que
alteram a integridade da estrutura laríngea, como radioterapia, condronecrose e trauma
(interno ou externo).
História de infecções prévias, locais ou sistêmicas, deve ser sempre aventada, principalmente
quando se suspeita de doença fúngica ou granulomatosa. O sistema imune do paciente deve
ser sempre avaliado; pacientes que receberam quimioterapia e pacientes aidéticos têm baixa
resposta imune, permitindo que muitos microrganismos sejam patógenos das vias aéreas
superiores.
Tabagismo associado a etilismo em pacientes de 50 a 60 anos aumenta o risco de
neoplasias malignas de laringe. Exposição passiva à fumaça ou agentes irritantes químicos
podem levar à irritação laríngea crônica. Intubação orotraqueal prolongada pode levar às
alterações laríngeas.
Sintomas de desconforto subesternal, sensação de corpo estranho na garganta e eructação
freqüente são sintomas que fazem o médico suspeitar de inflamação laríngea secundária a
refluxo gastro-esofágico.
Pacientes com afecção da articulação cricoaritenóidea normalmente apresentam
manifestações de doença em outras articulações antecedendo o envolvimento laríngeo.
Rinoscleroma pode apresentar sintoma inicial em laringe, porém sintomas nasais e
paranasais iniciais são mais freqüentes. Edema laríngeo pode ser a primeira manifestação
em patologias infecciosas ou no edema angioneurótico.
III. EXAME FÍSICO E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS:
Na avaliação de pacientes com afecção laríngea, é obrigatório um exame detalhado
das estruturas da cabeça e pescoço, incluindo visualização da laringe e ausculta pulmonar.
Deve-se procurar por sinais de inflamação auricular, otite média serosa, limitações na
mobilidade da articulação temporomandibular e linfonodos cervicais.
Laringoscopia indireta e se possível fibroscopia devem ser realizadas para melhor
avaliação da mobilidade das cordas vocais, presença de edema e eritema laríngeos,
granulomas e estenose laríngea. A tomografia computadorizada permite avaliação de edema
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de tecidos moles, destruição cartilaginosa e adenopatia cervical. A ressonância magnética
pode acrescentar informações de partes moles não possíveis de serem visualizadas pela
tomografia computadorizada.
A laringoscopia direta pode ser necessária para inspeção detalhada da laringe e
obtenção de material para anatomopatológico e cultura. Em alguns casos, broncoscopia e
esofagoscopia também são indicados.
Anamnese – antecedentes familiares como tuberculose e sífilis - antecedentes alérgicos –
infecções gerais anteriores – local de trabalho – infecções anteriores de nariz, seios
paranasais, boca e faringe – hábitos como fumo e álcool, devem sempre ser investigados.
Sintomas – podem estar relacionados com a deglutição, com a respiração ou com a fonação:
DISPNEIA – ROUQUIDÃO – AFONIA – ODINOFAGIA – TOSSE
A rouquidão precoce é mais comum nas lesões de glote.
A dispneia da laringe tem características próprias sendo acompanhada de tiragem e
cornagem.
Tiragem – dado pela musculatura auxiliar da respiração, principalmente supraesternal e
supraclavicular.
Cornagem – é o ruído da passagem do ar no local de obstrução durante a inspiração
Exploração da laringe –
exame externo– inspeção e palpação região cervical, palpação dolorosa, desvios laterais do
bloco laringico, desaparecimento da creptação laringea.(CA de Laringe)
exame interno– exploração endoscópica
laringoscopia indireta
e
laringoscopia direta
qualquer pessoa com rouquidão que persista por mais de três semanas, deve ser submetida
a uma investigação endoscópica mais profunda. Faz-se inspeção, palpação instrumental e
biopsia.
1. laringoscopia indireta –. O espelho é introduzido por uma das comissuras labiais, sendo
que a língua é tracionada para fora da boca por uma gaze.O espelho laringeo é
introduzido na faringe de encontro a úvula girado 45 graus para baixo. Em crianças o
exame fica prejudicado por falta de colaboração. Usa-se narcose.
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As porções anteriores da laringe(epiglote) aparecem na porção superior do espelho,
enquanto as porções posteriores( aritenoides) aparecem na porção inferior do espelho.
Usa-se as vogais “e” “i” para elevar a epiglote e aproximam-se as cordas vocais.
Comissura anterior – é o encontro anterior das cordas vocais, próximo a cartilagem tireóide
Comissura posterior ou interaritnoidea– entre as extremidades posteriores da cordas
vocais. Reflexo nauseoso – anestesia tópica da parede posterior do orofaringe e base de
lingua
2. Laringoscopia direta – introdução de tubo per-oral no paciente em decúbito dorsal com
ligeira hiper extensão da cabeça. Usa-se anestesia geral. O laringoscópio de suspensão
permite ao cirurgião trabalhar com as duas mãos livres.
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