Perspectiva semestral para o setor bancário da

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Data de Publicação: 16 de agosto de 2016
Relatório Perspectiva semestral para o setor bancário da América Latina em 2016:
Volatilidade econômica e externa testarão a resiliência dos credores
Analista principal:
Arturo Sanchez, Cidade do México, 52 (55) 5081­4468, [email protected] Contatos analíticos adicionais:
Edgard Dias, São Paulo, 55 (11) 3039­9771, [email protected] Alfredo Calvo, Cidade do México, 52 (55) 5081­4436, [email protected]
Cynthia Cohen Freue, Buenos Aires, 54 (11) 4891­2161, [email protected]
Jose M Perez­Gorozpe, Cidade do México, 52 (55) 5081­4442, jose.perez­[email protected] Ivana L Recalde, Buenos Aires, 54 (11) 4891­2127, [email protected]
A análise semestral da S&P Global Ratings do desempenho financeiro e operacional e da posição de crédito
dos bancos latino­americanos identificou os mesmos riscos econômicos e condições globais adversas que
projetamos em nossa perspectiva para 2016 (consulte "Will Pressure Increase On Latin American Banks In
2016", publicado em nosso Global Credit Portal em 28 de novembro de 2015). Esperamos que esses
fatores, combinados à contínua volatilidade do mercado, continuem representando os principais riscos para
os bancos no restante de 2016 e, em certo grau, em 2017.
Resumo
· A fragilidade econômica da América Latina tem prejudicado a qualidade dos ativos, rentabilidade
e captação de recursos (funding) dos bancos na região.
· A volatilidade nos mercados financeiros globais, os preços das commodities e a desvalorização
das moedas locais têm aumentado a pressão de crédito nos bancos.
· Analisamos os desafios dos sistemas bancários da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México,
Panamá e Peru para o restante de 2016 e para 2017.
Muitos dos riscos que começamos a observar há dois anos se concretizaram em 2015. Em nossa Avaliação
do Risco da Indústria Bancária (BICRA, ou Banking Industry Country Risk Assessment), revisamos as
classificações de risco econômico do Brasil, Colômbia e Peru para categorias mais fracas, refletindo nossa
visão dos crescentes riscos relacionados à resiliência econômica e posição externa, bem como maiores
desequilíbrios econômicos em decorrência da rápida expansão do crédito em meio à elevada carga de
dívida, que pode prejudicar a qualidade dos ativos e a rentabilidade dos bancos. Da mesma forma,
avaliamos como negativa a tendência do BICRA quanto aos riscos econômicos e da indústria do Brasil e ao
risco econômico do Peru (tabela 1). Em nossa opinião, a economia brasileira continua em profunda
recessão, o que poderá pressionar o funding do sistema ao reduzir a liquidez disponível dos bancos e o
acesso aos mercados de dívida. Além disso, continuamos atentos quanto ao potencial de rápida
deterioração na qualidade dos ativos, rentabilidade e capitalização dos bancos peruanos – caso a carga de
dívida do setor privado se torne excessiva se a economia não se recuperar. Atualmente, avaliamos as
tendências para os demais sistemas bancários da região como estáveis, embora estes continuarão
enfrentando os desafios decorrentes da frágil economia regional e as condições externas que podem
alimentar a aversão a risco dos investidores em relação aos mercados emergentes, consequentemente
elevando os riscos de funding e favorecendo a depreciação das moedas locais.
Tabela 1
Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA) de países selecionados da América Latina
Grupo
BICRA
Risco
econômico/tendência
Risco da
indústria/tendência
Argentina B­/Estável/B
9
9/Estável
8/Estável
Brasil
BB/Negativa/B
6
7/Negativa
5/Negativa
Chile
AA­/Estável/A­1+
Rating soberano (moeda
estrangeira)
3
4/Estável
3/Estável
Colômbia BBB/Negativa/A­2
6
7/Estável
5/Estável
México
BBB+/Estável/A­2
4
5/Estável
3/Estável
Panamá
BBB/Estável/A­2
5
6/Estável
5/Estável
Peru
BBB+/Estável/A­2
5
6/Negativa
3/Estável
Fonte: S&P Global Ratings.
Dificuldades econômicas persistirão no restante de 2016 O frágil crescimento econômico da América Latina e, alguns casos, a contração econômica, como no Brasil
(tabela 2), combinadas às variações nos preços de commodities e às condições não tão favoráveis da
economia global, têm forçado os sistemas bancários da região a revisarem suas estratégias de crescimento
de crédito (tabela 3). Consequentemente, como esperávamos, o crescimento do crédito começou a
desacelerar à medida que a demanda por crédito estagnou, embora alguns sistemas bancários ainda
registrem crescimento de dois dígitos no crédito. Os bancos também têm sido mais cautelosos na
concessão de crédito na tentativa de evitar um enfraquecimento na qualidade dos ativos, dado que alguns
setores da economia – especialmente aqueles relacionados a empréstimos ao consumidor e cartões de
crédito – em geral apresentam maior sensibilidade a ciclos econômicos. Apesar de nossa expectativa de
que o crescimento econômico deverá começar a se recuperar em 2017, a expansão do crédito não deverá
ser robusta, uma vez que os fatores externos continuarão alimentando as incertezas relacionadas aos
sistemas bancários latino­americanos.
Tabela 2
Crescimento do PIB em países latino­americanos selecionados
2011
2012
2013
2014
Argentina
6,2
(1,1)
2,3
2,6
Brasil
3,9
1,9
3,0
0,1
Chile
5,8
5,5
4,0
1,9
Colômbia
6,6
4,0
4,9
México
3,9
4,0
Panamá
7,8
Peru
6,5
2015
2016P
2017P
2,1
(1)
3,1
(3,8)
(3,6)
1,0
2,1
1,8
2,4
4,3
3,1
2,3
3,0
1,4
2,3
2,5
2,5
2,9
9,2
6,6
6,1
5,8
5,5
5,5
6,0
5,9
2,3
3,3
4,0
4,0
(%)
P ­ Projeção. Fonte: S&P Global Ratings.
Tabela 3
Crescimento do crédito em sistemas bancários latino­americanos selecionados
2011
2012
2013
2014
2015
2016P
2017P
(%)
Argentina
45,5
30,1
30,6
17,7
37,2
41,0
36,1
Brasil
19,2
16,4
14,7
11,1
6,7
3,5
5,2
Chile
17,3
14,6
13,3
10,2
12,8
8,7
10,2
Colômbia
22,4
15,2
13,6
15,2
16,2
10,5
12,5
México
15,7
12,0
10,2
10,3
14,8
12,0
12,5
Panamá
18,3
15,6
7,5
10,9
11,1
9,0
9,5
Peru
17,5
12,6
18,7
13,7
14,4
7,1
6,6
P ­ Projeção. Fonte: S&P Global Ratings.
Fatores externos atuam como um freio As condições externas voláteis continuam a representar desafios para os bancos latino­americanos.
Esperamos taxas de juros mais altas e continuidade das oscilações cambiais e nos mercados de capitais,
dada a saída dos investimentos dos mercados emergentes, que encareceu o funding para os bancos. Esses
últimos, entre outros fatores, têm sido responsáveis por um nível de emissão de dívida incomumente baixo
entre os bancos da região. No entanto, os confortáveis perfis de vencimento de dívida e os colchões de
liquidez adequados da maioria dos principais bancos latino­americanos mantêm o risco de refinanciamento
limitado.
A depreciação de moedas locais continua preocupante. Apesar de esperarmos que os bancos gerenciem as
exposições estrangeiras de seus portfólios de investimento ­ dadas suas bases de depósito amplas e
estáveis e dependência limitada de funding externo ­ o impacto indireto na qualidade dos ativos será
específico a cada país (tabela 4). O grau do impacto dependerá da carga de dívida corporativa e das
famílias, os níveis de dolarização dos sistemas bancários, e as dificuldades econômicas de cada país da
região. Nesse sentido, a qualidade de crédito dos bancos de pequeno e médio porte poderá se deteriorar nos
países cuja carga de dívida seja alta, enquanto seus sistemas bancários continuará a expandir a um ritmo
acelerado. Continuaremos monitorando o impacto das condições externas na América Latina, uma vez que
qualquer aumento da aversão ao risco na região poderá elevar os custos de funding e as pressões nas
moedas locais. Esses fatores, por sua vez, prejudicam a rentabilidade e qualidade dos ativos dos bancos.
Tabela 4
Qualidade dos ativos em sistemas bancários latino­americanos selecionados
2011
2012
2013
2014
2015
2016P
2017P
(%)
Argentina
1,2
1,5
1,5
1,8
1,6
1,7
1,8
Brasil
3,6
3,6
2,8
2,7
3,4
4,5
4,9
Chile
2,6
2,2
2,1
2,1
1,9
2,1
2,3
Colômbia
1,6
1,8
2,0
2,0
2,0
2,3
2,3
México
2,8
2,9
3,9
3,6
3,0
3,0
3,0
Panamá
0,9
0,7
0,7
0,9
1,0
0,9
0,9
Peru
1,5
1,7
2,0
2,3
2,4
2,6
3,1
P ­ Projeção. Fonte: S&P Global Ratings.
Quais as nossas expectativas para os principais sistemas bancários latino­
americanos? Argentina: Recessão continuará pressionando os bancos em 2016 O setor bancário argentino continua enfrentando dificuldades econômicas e alta da inflação. Projetamos uma
contração de 1% no PIB real em 2016, caracterizada pela inflação de 40% em base anual, que resultou em
um significativo declínio no aumento do salário real e nos gastos das famílias em termos reais. Em 2017,
esperamos crescimento do PIB real de 3,0% à medida que o consumo se recupera, parcialmente em razão
do efeito de uma nova lei de pensões, a qual estabelece que deverão ser realizados pagamentos retroativos
a aposentados a partir do mesmo ano.
Esperamos que a rentabilidade dos bancos se reduza dos altos níveis (em maio de 2016 o retorno sobre
ativos [ROA, return on assets] totalizava 4%) e que as perdas de crédito aumentem em 2016. Isso seria
mitigado por possíveis melhoras na rentabilidade, possibilitadas pela flexibilização de muitas restrições
impostas pelo governo anterior aos bancos, incluindo limites de tarifas e taxas de juros dos empréstimos.
No primeiro semestre de 2016, os bancos se beneficiaram das altas taxas de juros das cartas de crédito do
banco central, mas as taxas se reduziram entre maio e junho de 2016, e esperamos que diminuam ainda
mais quando o governo for capaz de reduzir a alta inflação.
Apesar dos desafios econômicos da Argentina, os índices de qualidade de ativos dos bancos permanecem
resilientes, com empréstimos em atraso totalizando 1,8% dos empréstimos totais em maio de 2016. Porém,
dada a persistência da recessão, esperamos que os empréstimos problemáticos (NPLs, ou nonperforming
loans) se deteriorem para 2% ou ligeiramente acima desse nível no segundo semestre.
Brasil: Contração econômica tem prejudicado os bancos Os grandes bancos brasileiros têm mantido a alta rentabilidade, apesar de dois anos de queda no PIB. Uma
recessão mais longa do que o esperado comprova a pressão na qualidade dos ativos e a forte redução na
disponibilidade e demanda de crédito que temos observado no Brasil. No entanto, o ciclo de crédito de longo
prazo do país alcançou seu pico em 2014, e recentemente revisamos a avaliação de nosso BICRA de uma
fase de expansão para uma fase de correção. Em nossa opinião, o sistema financeiro brasileiro está apenas
começando um longo processo de desalavancagem mediante a redução da rentabilidade dos bancos a
níveis similares àqueles de seus pares em outros mercados emergentes. A fase de correção levará a uma
queda mais forte na rentabilidade dos bancos públicos, dado o crescimento e precificação agressivos nos
últimos anos. Além disso, a qualidade de capital dos grandes bancos brasileiros tem se deteriorado, dados
que os ativos fiscais diferidos – sobretudo em razão das provisões de crédito – agora representam
aproximadamente 50% das bases de capital desses bancos. Também revisamos significativamente para
baixo nossas estimativas para índices de capital ajustado pelo risco para os bancos brasileiros, após os
significativos aumentos nos ativos ponderados pelo risco como resultado das revisões do BICRA e dos
rebaixamentos do rating soberano.
Esperamos que os bancos de grande porte continuem a reportar resultados satisfatórios em 2016, uma vez
que alguns deles decidiram aumentar o refinanciamento de empréstimos de devedores corporativos em meio
a condições econômicas muito mais frágeis do que observado há alguns anos. No entanto, essa tendência
pode aumentar as exigências de provisão em um futuro próximo. Dessa forma, esperamos que seja mais
difícil para os bancos atenuar a pressão em seus resultados financeiros em 2017 do que em 2016,
especialmente se a economia brasileira não começar a crescer. Nesse cenário, uma deterioração na
qualidade dos ativos poderia afetar sua rentabilidade ainda resiliente. Os bancos brasileiros apresentaram
um notável histórico de desempenho durante as várias crises financeiras e econômicas do Brasil. Contudo,
consideramos a atual situação como bastante peculiar, dada a exposição ao crédito de varejo e atacado
sem precedentes de todos os bancos em meio à estagnação econômica do Brasil.
Chile: Os fundamentos do setor, embora sólidos, não estão imunes às condições econômicas e
externas Esperamos que o crescimento econômico abaixo dos níveis históricos persista no Chile em 2016 e 2017,
considerando os preços das commodities mais baixos e a volatilidade global. Projetamos crescimento de
1,8% no PIB real em 2016 e uma taxa ligeiramente superior em 2017, comparado à média de 2% em 2014 e
2015 e de 5,1% em 2011­2013. A taxa de desemprego deve continuar em alta, à medida que o fraco
crescimento e as condições políticas desfavoráveis pesam nos investimentos. As reformas trabalhistas e na
educação propostas aumentaram a polarização social e política e reduziram a popularidade do governo e sua
capacidade de aprovar tais reformas. Esperamos que o crédito aumente a taxas nominais de 8%­9%
anualmente em 2016 e 2017, mantendo a penetração de crédito do Chile no nível mais alto da América
Latina, em torno de 90% do PIB, contra 87% no fim de 2015.
Apesar do crescimento econômico e de crédito mais fraco do Chile, os índices de qualidade dos ativos do
setor não se enfraqueceram, com NPLs de aproximadamente 1,9% no fim de 2015, comparado à média de
2,2% dos últimos cinco anos. Esperamos que as taxas de inadimplência aumentem, mas permaneçam
abaixo de 2,5% em 2016 e 2017, nível esse ainda em linha com aquele de países com risco econômico
similar. Também esperamos que os bancos mantenham níveis de provisão adequados. A persistência do
fraco crescimento econômico e o aumento do desemprego limitarão a capacidade dos devedores
corporativos e de varejo de cumprirem o serviço de suas dívidas. Estamos monitorando potenciais quedas
na qualidade dos empréstimos para os setores de mineração e serviços relacionados, construção, e, por
motivos específicos, aos setores de pesca e de serviços financeiros não bancários. Além disso, estamos
monitorando o efeito de uma lei trabalhista recém­aprovada, que fortalece os sindicatos e poderá
sobrecarregar as pequenas e médias empresas (SMEs, ou small­ to medium­size enterprises), as quais são
responsáveis pela maior parte dos empregos no Chile.
Esperamos que a rentabilidade dos bancos seja prejudicada, que as provisões para cobrir empréstimos
problemáticos aumentem, e que as margens se reduzam. Entretanto, a inflação persistentemente acima das
expectativas em 2016 deverá atenuar o impacto da menor rentabilidade, dada a posição estruturalmente
mais alta de ativos indexados à variação cambial (Unidad de Fomento) dos bancos comparado aos
passivos. Esperamos que o retorno sobre os ativos médios (ROAA, return to average assets) do setor caia
para 1,0%­1,1%, comparado a 1,2% em 2015 e à média de 1,3% dos últimos cinco anos.
Os reguladores financeiros também deverão enviar uma proposta de uma nova lei para bancos ao
Congresso este ano, a qual incorpora aspectos da implementação de Basileia II e III, regime de resolução e
supervisão bancária. Avaliaremos o impacto da lei após sua aprovação, mais especificamente as novas
proteções de capital (capital buffers) e suporte do governo durante a crise financeira.
Colômbia: Desaceleração econômica continuará contendo o crescimento do crédito Em nossa visão, a economia colombiana deverá desacelerar novamente este ano em razão das quedas nos
preços globais do petróleo, o que esperamos que pressione ainda mais a demanda doméstica em 2016. A
Colômbia reportou crescimento de 3,1% no PIB real em 2015, o qual deverá diminuir para 2,3% em 2016,
recuperando para 3,0% somente em 2017, em nossa visão. O crédito cresceu para 14% em 2015, e
esperamos que modera a um nível de 10%­11% em 2016. Nosso cenário­base considera uma queda na
demanda doméstica, resultante da queda no consumo privado, além de investimentos mais fracos nas obras
públicas em 2016. Esperamos que um crescimento das hipotecas a um ritmo mais acelerado do que para
empréstimos comerciais e ao consumidor. Em nossa visão, os bancos comerciais limitaram a concessão de
crédito ao consumidor nos últimos anos, devido ao aumento no endividamento das famílias. Para 2017, o
crédito deverá expandir na faixa de 12%­13%, considerando o maior crescimento econômico e a
implementação de projetos associados ao programa de infraestrutura “4G” do governo. A penetração dos
bancos na Colômbia – medida pelos empréstimos totais sobre o PIB – tem crescido consistentemente, e
esperamos que o índice de crédito ao setor privado fique em torno de 46%­48% em 2016 e 2017.
Para 2016 e 2017, esperamos crescimento econômico mais fraco do que nos últimos anos, alta da inflação,
maior depreciação do peso, desaceleração da concessão de crédito, e que o PIB per capita permaneça
abaixo de US$6.500 em 2016 e 2017 na Colômbia, nível esse muito baixo. Todos esses fatores podem
prejudicar as métricas de qualidade dos ativos. Acreditamos também que a baixa dos preços do petróleo
poderá pressionar essas métricas, não em razão da elevada exposição dos bancos ao setor de petróleo e
gás, mas porque afetarão a força da economia e, consequentemente, a demanda doméstica. (Consideramos
que a exposição ao setor de energia dos bancos colombianos não seja um fator significativo em seus
balanços). Em 31 de maio de 2016, os ativos inadimplentes (NPAs, ou nonperforming assets) totalizavam
2,0%, abaixo do pico de 2,7% em 2009, com cobertura de reserva de 2,1x. As perdas de crédito ficaram em
1,9% no fim de 2015, com média de 1,5% nos últimos cinco anos. Estimamos que as perdas de crédito
estejam atualmente em torno de 2,0%­2,5% dos empréstimos totais. Esperamos que aumentem ligeiramente
em 2016 e 2017.
México: A fraca recuperação econômica pode restringir o crescimento do crédito no segundo
semestre de 2016 Os bancos mexicanos continuam registrando fortes lucros, qualidade dos ativos adequada, e índices de
capitalização sólidos. No acumulado do ano, o crescimento do crédito seguiu a tendência do crescimento da
economia. Em nossa visão, o aumento do crédito reflete a melhora do desempenho dos setores automotivo,
de turismo e de aeronáutica, bem como os mercados de capitais mais restritos, dado o menor apetite pelos
mercados emergentes e a demanda dos investidores por retornos mais altos. As duas últimas condições
tornam o financiamento dos bancos comerciais mais atrativo para as grandes empresas mexicanas.
Entretanto, esperamos que o crescimento do crédito diminua no segundo semestre de 2016, dada a
recuperação econômica mais lenta do que o esperado e a abordagem mais conservadora dos bancos
mexicanos em resposta a isso. Esperamos que o crédito cresça em torno de 12% em 2016.
Se as condições econômicas melhorarem em 2017, esperamos uma expansão do crédito em torno de 13%,
considerando um crescimento de 2,9% do PIB em nosso caso­base. Como esperávamos, os indicadores de
qualidade dos ativos têm melhorado gradualmente à medida que a economia se recupera em 2016.
Entretanto, dado a lenta recuperação – e que deverá continuar no curto prazo –, não esperamos que a
qualidade dos ativos melhore nos próximos dois anos. Recentemente, os bancos priorizaram a concessão
de crédito comercial – empréstimos consignados e financiamentos imobiliários –, o que deverá favorecer a
estabilidade da qualidade dos ativos. Os NPAs caíram para 2,8% em 30 de junho de 2016, comparado a
3,0% no fim de 2015 e 3,6% em 2014. Esperamos que permaneçam estáveis em torno de 3% nos próximos
dois anos. Esperamos que as perdas de crédito também permaneçam estáveis em torno de 2,6%, graças ao
desempenho consistente dos empréstimos ao consumidor. A rentabilidade dos bancos continua forte,
embora tenha sido pressionada pela competição e pelas taxas referenciais mais baixas em 2015. Em nossa
visão, o recente ciclo de aperto monetário deverá ajudar os bancos a aumentarem suas margens financeiras
(NIMs, ou net interest margins), melhorando assim seus resultados. Esperamos que o ROAA dos bancos
fique próximo a 1,4% e o retorno sobre o capital, próximo a 13,5% no mesmo período.
Panamá: Sólido desempenho operacional e financeiro, mas os riscos reputacionais aumentaram O principal risco para o sistema bancário do Panamá para o restante de 2016 será o crescente risco
reputacional, em vez de um enfraquecimento nos fundamentos de crédito. Há algum tempo atrás, o
regulador do Panamá comemorava a saída do país da "lista negra" da Força Tarefa de Ação Financeira
(FATF, na sigla em inglês). Entretanto, logo em seguida surgiram os escândalos do "Panama Papers" e do
"Waked Case". Esses eventos, que desencadearam a saída de alguns credores internacionais
(principalmente bancos europeus) da América Latina para cumprirem suas estratégias de mitigação de risco
(de­risking), aumentaram as incertezas relacionadas ao funding do sistema no Panamá. No entanto, seu
sistema bancário tem se mostrado resiliente. O governo e as autoridades regulatórias panamenhas reagiram
rapidamente a esses eventos de modo a evitar maiores interferências nas operações dos bancos
domésticos. Entretanto, o "Waked Case" continua a destacar as vulnerabilidades da estrutura institucional
do Panamá, apesar das recentes melhoras na supervisão dos riscos de lavagem de dinheiro ­ após a FATF
incluir o país na "lista negra" ­ e os esforços do governo para aderir a acordos internacionais de cooperação
fiscal. Acreditamos que haja espaço suficiente para melhoras regulatórias com vistas a para aprimorar a
estrutura institucional e regulatória do país.
Apesar desses fatores, esperamos que os bancos panamenhos encerrem 2016 em uma base sólida, com
crescimento de cerca de 9% no crédito. Embora as NIMs continuem pressionando a rentabilidade em meio à
alta competição, os resultados dos bancos continuam em linha com nosso cenário­base. Projetamos retorno
sobre ativos médios ajustados em torno de 1,3% até o fim de 2016, uma vez que as provisões devem
consumir apenas 7%­8% da receita operacional total, refletindo as sólidas métricas de qualidade dos ativos.
Nesse sentido, os NPLs e as perdas de crédito têm permanecido bastante gerenciáveis, apesar do maior
risco reputacional, das fracas atividades comerciais na zona de livre comércio localizada na cidade de
Colon, e da desaceleração econômica. Ainda assim, a economia panamenha continua a expandir a uma
taxa mais alta do que outros países latino­americanos: esperamos que seu PIB cresça 5,5% em 2016 e
2017. Nesse contexto, embora projetemos NPLs estáveis em torno de 1% para 2016 e 2017, esperamos
que as perdas de crédito aumentem para 0,7% até o fim de 2017, comparado a 0,4% no fim de 2015.
Contudo, os NPLs continuam inferiores àqueles de outros sistemas financeiros da América Latina.
Peru: Perdas de crédito dos bancos peruanos deverá se estabilizar em 2016 Após a vitória acirrada das recentes eleições gerais no Peru, Pedro Pablo Kuczynski se comprometeu a
reduzir impostos, diminuir a burocracia e aumentar os gastos com infraestrutura necessários para atrair
investimentos no Peru e elevar o crescimento econômico acima de 5%. Projetamos um crescimento de
4,0% no PIB em 2016, contra 3,3% em 2015, impulsionado pelo crescimento de dois dígitos na produção de
cobre. O Presidente Kuczynski deverá adotar uma política voltada ao mercado e suportar os contínuos
investimentos não apenas no setor de mineração do país, mas também em infraestrutura. O índice de
preços ao consumidor deverá convergir para o centro da meta de 1%­3% no próximo ano, à medida que os
choques de oferta (principalmente relacionados a alimentos) se dissipem.
As perdas de crédito continuaram a aumentar no primeiro semestre de 2016, sobretudo em razão da
qualidade de crédito mais fraca das SMEs, das microempresas, e dos empréstimos ao consumidor,
refletindo a desaceleração econômica e a alta carga de dívida. Entretanto, esperamos que essa métrica se
estabilize no segundo semestre de 2016, à medida que o crescimento econômico ganha força. O
crescimento do crédito permaneceu fraco no primeiro semestre de 2016, dadas as incertezas relacionadas
às eleições e os menores gastos públicos. Entretanto, esperamos uma recuperação no crescimento do
crédito no segundo semestre do ano.
A rentabilidade do sistema tem permanecido sólida nos últimos anos, mas esperamos uma redução em
razão dos custos de funding mais elevados. Esperamos que o banco central diminua a oferta de operações
compromissadas (repos) para substituição de empréstimos em moeda estrangeira para moeda local, uma
vez que os empréstimos denominados em dólar se reduziram aos níveis da meta. Os repos têm
representado uma competitiva fonte de funding para os bancos nos últimos dois anos. Em nossa visão, à
medida que os bancos se concentram na expansão de seu funding de varejo, a competição resultará em
custos de funding mais altos.
Distribuição dos ratings e perspectivas dos bancos latino­americanos
Critérios e Artigos Relacionados Critérios
Critério geral: Metodologia de rating de grupo, 19 de novembro de 2013.
Métricas Quantitativas para a Avaliação de Bancos Globalmente: Metodologia e Premissas, 17 de
julho de 2013.
Revisão dos ponderadores de risco de mercado para bancos em nossa metodologia de capital
ajustado pelo risco, 22 de junho de 2012.
Bancos: Metodologia e Premissas de Rating, 9 de novembro de 2011.
Metodologia e premissas para avaliação do risco da indústria bancária de um país, 9 de novembro de
2011.
Metodologia e premissas de capital de bancos, 6 de dezembro de 2010.
Critério Geral: Uso de CreditWatch e Perspectivas, 14 de setembro de 2009.
Commercial Papers I: Bancos, 23 de março de 2004.
Artigos
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de 2016.
Brazil's Weak Economy And Global Volatility Are Clouding Latin America's Credit Outlook, 8 de julho
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Does The Regulatory Designation Of Systemically Important Mexican Banks Have Ratings
Implications?, 12 de maio de 2016.
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Do Oil And Gas Companies Pose A Risk To Mexico's Banks Amid Currently Low Oil Prices?, 16 de
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Will Lower Federal Tax Revenue Transfers Sour Loans For Mexico's Banks?, 25 de fevereiro de 2016.
Will Pressure Increase On Latin American Banks In 2016?, 18 de novembro de 2015.
Fatores externos e fragilidade econômica continuam desafiando os 30 maiores bancos da América
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Higher U.S. Interest Rates Could Be Bittersweet For Mexican Banks, 4 de agosto de 2015.
Um potencial aumento nas taxas de juros nos EUA afetaria os bancos brasileiros?, 30 de julho de
2015.
Bancos latino­americanos devem priorizar qualidade dos ativos com desaceleração no crédito, 22 de
julho de 2015.
Will Peru's Banking Sector Become Dependent On Central Bank's Funding?, 15 de julho de 2015.
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