Igreja do Bem A Igreja do Bem foi fundada em 12/2/2010, tendo como co-fundadores: Hindemburg Melão Júnior Linai Helena Barbosa Romolo Disconzi Neto Rodrigo Pereira Gosmann Eduardo André Both Alexandre Lerch Franco Ricardo Luís Gerber Presidente Secretária Tesoureiro Conselheiro Conselheiro Conselheiro Conselheiro SP – Pindamonhangaba SP – Pindamonhangaba RS – Canoas SC – Florianópolis RS – Porto Alegre RS – Porto Alegre RJ – Rio de Janeiro Conforme o Artigo 2o do Estatuto Interno, a Igreja do Bem tem por objetivo promover desenvolvimento espiritual, intelectual, cultural e social, em harmonia com a Natureza e com comunidade, mediante a educação e a conscientização. Combater a injustiça e a maldade oferecer modelos de conduta de retidão e lisura. Estimular a busca pela Verdade e pensamento crítico, a harmonia entre ciência e religião, por meio de atividades gratuitas abertas a todos que delas queiram participar. o a e o e O Artigo 3o do Estatuto Interno regulamenta o sacerdócio e reza que o ministério da Igreja do Bem é composto por três categorias eclesiásticas: Sacerdote (Sacerdotisa no gen. fem.), Magno Sacerdote e Sumo Sacerdote. Os Sacerdotes podem ser dirigentes das igrejas filiais quando nomeados pela Diretoria Geral e os Magno Sacerdotes podem supervisionar as atividades de todas as igrejas de um estado, província ou país, além de exercerem também as funções de Sacerdote em suas respectivas jurisdições. A categoria de Sumo Sacerdote é exclusivamente aplicada ao presidente fundador, tem caráter vitalício e garante diretos e poderes sobre todas as igrejas em quaisquer estados, províncias, países e eventualmente outros corpos celestes que venham a ser colonizados/povoados. Quem tiver interesse em participar da Igreja do Bem basta comparecer às nossas reuniões. É aberta a todas as pessoas e entidades conscientes interessadas. Para se ordenar Sacerdote é necessário atender às condições especificadas em nosso Estatuto. Parte da doutrina tem como inspiração a Fé Baha’í, uma parte se baseia nos ensinamentos de Jesus Cristo, outra parte nos ensinamentos de Buda, de Zoroastro, de Sócrates, entre outros, sendo a maior parte da doutrina de autoria própria e sem vínculo com as religiões atualmente conhecidas. Trata-se de uma religião nova, a “Religião do Bem”. Após a formalização dos registros da Igreja do Bem e emissão do CNPJ, colocaremos cópia do Estatuto à disposição dos interessados, para conhecem os detalhes de nossa estrutura administrativa. (está disponível desdea abril de 2010) Nossa doutrina está em constante composição, edição e atualização, acompanhando o dinamismo com que o conhecimento científico se recicla e se aprimora. Os alicerces principais sobre os quais se fundamentam os pormenores de nossa doutrina serão descritos aqui, à medida que forem concebidos. Nossa doutrina versa sobre: 1) 2) 3) 4) 5) Deus O Cosmo A Alma A Vida O Paraíso 6) Doutrina do Bem 7) Tabus e preconceitos Os textos a seguir sobre estes 7 alicerces são esboços preliminares, portanto sujeitos a alterações. Nossa religião não pretende ser popular nem acessível. Pretende expor o que considerarmos ser uma representação tão correta quanto possível sobre os 7 tópicos acima, e contar com simpatizantes que partilhem os mesmos ideais. Nossa igreja é aberta a toda e qualquer pessoa que trabalha pelo Bem e vive para o Bem, assim como a qualquer pessoa sinceramente convertida ao Bem. O Cosmo A diferença fundamental entre os modelos cosmológicos propostos a partir dos antigos gregos e os modelos anteriores é que os gregos realizavam experimentos engenhosos com o objetivo de compreender como o Universo funciona, como ele é, qual seu tamanho, por quais leis ele é regido, qual sua estrutura etc. Antes dos gregos, simplesmente inventavam qualquer ladainha para explicar como eles gostariam que o Universo fosse, sem se preocupar em compreender como o Universo realmente é. A partir dos gregos, passou a haver um compromisso sério com a verdade factual, ao contrário das lendas inventadas até então, completamente descompromissadas com a verdade. Os gregos se fizeram algumas perguntas que provavelmente todos, quando criança e mesmo depois de adultos, já devem ter feito: qual a distância da Lua? Qual o tamanho dela? De que ela é feita? E o Sol? E as estrelas? Mas além de se fazerem estas perguntas, os gregos formularam métodos para encontrar respostas. Não apenas respostas inventadas a esmo, como faziam os autores de mitologias. Eles investigaram as propriedades reais da Natureza, à luz da Lógica e da Matemática, para tentar dar respostas corretas e imparciais, e conseguiram avançar muito no conhecimento sobre o Universo. Todas as religiões possuem algum mito sobre a criação, como se houvesse a necessidade de haver uma criação. A maioria dos mitos difere entre si na essência e nos detalhes, alguns excessivamente fantásticos, outros mais plausíveis, alguns simplórios, outros mais sofisticados. A acessibilidade ao intelecto humano de uma teoria de Universo criado por um Deus depende dos conceitos de “Deus” e de “Universo”. Antes de começar, faremos uma distinção bem definida entre “Mundo” e “Universo”. O Mundo é nosso planeta Terra, enquanto o Universo é tudo que existe, inclusive outros planetas, o Sol, outras estrelas, galáxias, nebulosas, quasares, buracos-negros, matéria escura, espaço, tempo, leis físicas etc. Antes da Antiga Grécia, a noção de Universo era demasiado vaga para que possa ser examinada, mas por volta do século VII a.C. surgiram os primeiros modelos cosmológicos com algum teor científico, em que os primeiros filósofos tentaram formular um modelo de mecanismo celeste que não destoasse dos fenômenos observados e que possibilitasse fazer previsões, ou seja, tentavam ajustar a teoria à observação da realidade, ao contrário de modelos anteriores, que propunham esquemas mirabolantes de entidades invisíveis e estruturas intangíveis, como o planeta inteiro estar sobre a carapaça de uma tartaruga gigante, e esta tartaruga sobre a carapaça de outra, e esta sobre outra, e assim sucessivamente, sem especificar onde estaria suportada a primeira tartaruga sobre a qual ficariam todas as outras, e sem a menor evidência empírica de que houvesse de fato tartarugas empilhadas por baixo do Mundo, em vez de bananas empilhadas, ou cristais, ou um mar de sangue sustentando o Mundo. O modelo da tartaruga também é encontrado em outras versões, incluindo elefantes e outros animais. Uma invenção arbitrária e com probabilidades baixíssimas de ser uma representação fiel da realidade, inclusive porque nunca se viu uma tartaruga muito maior que um cavalo, quanto menos uma tartaruga maior que o Mundo inteiro. Muitos desses mitos sobre a criação não eram “teorias”, não tinham a pretensão de explicar ou representar satisfatoriamente o Universo. Eram apenas respostas despreocupadas que alguns adultos davam às crianças, quando indagados sobre isso e sobre outros assuntos que não sabiam responder. Essas explicações descabidas só foram incorporadas à mitologia dos povos devido ao respeito excessivo que tinham pelos mais velhos, a ponto de levarem a sério qualquer coisa que dissessem, por mais absurdo que pudesse parecer, bem como a falta de compromisso com a realidade e com a ciência dos povos mais primitivos, para os quais a repetição das lendas desempenhava o papel de entreter as pessoas à noite, enquanto um ancião conta as histórias, não havendo necessidade de que estas histórias fossem representações da realidade. Uma característica comum a vários modelos pré-científicos e alguns dos primeiros modelos científicos é que se pensava num Mundo finito, em que o oceano tinha margens que despencavam num abismo infinito. Tal modelo incutia medo nos navegadores e fez com que, durante séculos, navegassem apenas margeando os continentes, o que retardou muito a chegada à América e à Oceania, enquanto civilizações mais primitivas, como índios e outros povos nômades, ou bárbaras, com menos tempo para se dedicar à Filosofia e à Ciência, como os vikings, acabaram chegando à América antes dos europeus cultos e tecnologicamente mais desenvolvidos, porque não tinham um modelo de Universo que lhes causasse medo de navegar além de certos limites. Ainda é necessário um esclarecimento adicional, porque desde Aristóteles, no século IV a.C., sabe-se que a Terra é aproximadamente esférica e sabe-se inclusive seu tamanho aproximado, portanto desde o século IV a.C. se sabe que não existe tal abismo no oceano em que os navios caem, porém somente no final do século XV d.C. é que os primeiros europeus chegaram à América, e talvez por volta do século VIII d.C. que os primeiros vikings chegaram. Um dos motivos disso é que antes da invenção da imprensa, no século XV, o conhecimento não era muito disseminado, especialmente o conhecimento científico, portanto quando se diz que desde o século IV a.C. se sabe que a Terra é aproximadamente esférica, na verdade apenas os mais eruditos sabiam disso, e estes eruditos representavam uma pequena fração da população, e geralmente não eram eles que empreendiam as grandes navegações. Outro fator é que navegar a longas distâncias tinha altos custos, e precisava haver justificativas para financiar tais empreendimentos, como ocorreu no caso de Colombo. As concepções de Universo nas culturas mais primitivas são fantasiosas e sem qualquer vínculo com a realidade. Não havia estudos sistemáticos para tentar compreender o que são as estrelas, as nuvens, os planetas etc. Antes dos gregos, a maioria dos povos nem sequer reconhecia os planetas que se moviam entre as estrelas, e parece que até a época de Pitágoras ninguém havia notado que a estrela Vespertina e a Matutina eram o mesmo objeto (que, aliás, é o planeta Vênus, não uma estrela). Conheciam apenas o Sol e a Lua, usavam a Astronomia principalmente como acessório para a Agricultura. Os gregos esquadrinharam o céu, organizaram as estrelas em constelações e constataram que a maioria dos pontos brilhantes no céu permanecia sem se mover, em relação aos demais pontos brilhantes, não importando quantas horas, dias, meses ou anos fossem observados, inclusive Hiparco chegou a medir e catalogar sistematicamente as posições angulares de mais de 800 estrelas, inclusive o brilho aparente de cada uma, o que possibilitou confirmar que realmente não apresentavam movimento perceptível umas em relação às outras, dentro dos intervalos de tempo em que os registros foram considerados e dentro dos limites de precisão que conseguiam medir. Mas constataram que alguns poucos pontos brilhantes se moviam entre os demais. Os pontos de luz que ficavam parados uns em relação aos outros foram chamados “estrelas fixas”, enquanto os que se moviam lentamente entre as outras estrelas foram chamados “planetas”, que em grego significa “errantes”. Assim o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno eram planetas. A Terra não era considerada um planeta, pois do nosso ponto de vista ela não se move no céu. Os meteoros, também chamados “estrelas cadentes”, assim como os cometas e auroras boreais, eram considerados fenômenos atmosféricos, ou infralunares, seriam fenômenos que ocorriam perto do solo do Mundo, bem baixo em comparação às distâncias dos planetas e estrelas. Sabiam que a Lua estava mais alta que as nuvens porque viam frequentemente nuvens passarem em frente à Lua, mas nunca a Lua passar em frente a uma nuvem. E o Sol estava mais distante que a Lua porque nos eclipses solares era sempre a Lua que passava em frente ao Sol, mas nunca o Sol em frente à Lua. O formato do Mundo e do Universo também eram teorizados de diferentes maneiras. Antes de Anaximandro, se pensava que o Mundo fosse um plano quadrangular, ou insular de forma irregular, e o Universo uma semi-esfera. Anaximandro, no século VI a.C., foi o primeiro a propor que o Mundo era cilíndrico. Anaximandro chegou a essa conclusão com base na forma circular da sombra que a Terra projeta sobre a Lua durante os eclipses lunares. Ele compreendia que os eclipses da Lua acontecem porque apenas o Sol emite luz própria, enquanto a Lua brilha por refletir a luz solar, de modo que se um objeto se interpusesse entre o Sol e a Lua, então a Lua inteira, ou parte dela, ficaria em sombras, assim se o Mundo estivesse perfeitamente alinhado entre o Sol e a Lua, haveria uma sombra projetada sobre a Lua, e a forma dessa sombra, nesse caso, seria a mesma forma do objeto, isto é, do Mundo. Analisando os registros de diferentes eclipses, em que diferentes partes da Terra passaram em frente à Lua, chegou a essa conclusão. Porém uma sombra tem 2 dimensões, de modo que não havia como deduzir, apenas com base na forma da sombra, se a forma do Mundo, em 3 dimensões, era esférica ou cilíndrica, ou alguma outra que pudesse projetar uma sombra circular, já que muitas formas diferentes 3D podem produzir sombras circulares 2D. Na verdade, era possível deduzir a forma esférica, mas exigia mais observações ou um método diferente. Anaximandro deve ter ficado em dúvida se o Mundo era esférico ou cilindro, e resolveu esse dilema baseado em que a superfície visível da Terra aparenta ser plana – se desconsiderar as irregularidades do relevo – logo supôs que seria mais coerente admitir uma forma cilíndrica do que esférica. Mais tarde, Aristóteles, Eratóstenes, Possidônio e outros pensaram em métodos mais apropriados para determinar a forma da Terra, inclusive para medir a Terra usando apenas Geometria e a sombra de uma vareta. Outros filósofos gregos que estudaram Astronomia propuseram diferentes modelos cosmológicos, cada um dos quais tentava representar fielmente a realidade observada, e procuravam não inventar estruturas e entidades invisíveis para o modelo, a menos que estas fossem necessárias para explicar determinadas contradições que decorreriam se não houvesse os tais complementos, e assim chegaram razoavelmente perto de compreender e representar a situação real. Pitágoras, Parmênides, Filolau, Eudoxo e outros propuseram modelos cosmológicos com características próprias, cada um dos quais descrevia razoavelmente bem, para a época, a maioria dos fenômenos celestes observados, mas todos apresentavam inexatidões e contradições quando confrontados com a observação direta dos astros. O modelo cosmológico de Aristóteles era constituído por esferas de cristal, concêntricas, tendo o Mundo no centro, e em torno giravam os planetas e as estrelas fixas. Havia uma esfera para cada planeta e, no final, uma esfera para as estrelas. Por trás havia o Paraíso habitado pelos deuses. No Mundo subterrâneo, presidido por Hades, ficava o equivalente ao inferno. A idéia de colocar o Mundo imóvel no centro do Universo sobreviveu até o início do Renascimento, por volta do século XVII, apesar de terem surgido muitas tentativas de explicar o Universo com outros modelos, alguns atribuindo ao Mundo um ou mais tipos de movimentos, outros apenas mudando a disposição dos planetas ou adicionando diversos movimentos circulares complementares ao movimento circular maior de cada planeta. Heraclides do Ponto, por exemplo, propôs que o Mundo seria o centro do sistema, porém nem todos os planetas girariam diretamente em torno do Mundo. Para Heraclides, os planetas Lua, Sol, Marte, Júpiter e Saturno giravam em volta do Mundo, enquanto Mercúrio e Vênus deveriam girar em volta do Sol e acompanhar o movimento do Sol em torno do Mundo. Esse mecanismo dava conta de explicar porque as distâncias angulares de Mercúrio ao Sol e Vênus ao Sol nunca excediam 28 graus e 46 graus, respectivamente, conforme se observava. Se eles girassem diretamente em torno do Mundo, ele julgava que não haveria como justificar essa peculiaridade destes planetas. Mercúrio e Vênus nunca podem ser vistos à meia noite, ou qualquer horário depois das 21:00h e antes das 3:00h, e o modelo de Heráclides conseguia explicar esse fato. Porém astrônomos posteriores, como Eudoxo e, principalmente, Ptolomeu, deram um jeito nesse detalhe, mediante a introdução de várias engrenagens, com círculos centrados nas órbitas, e outros círculos nas bordas destes círculos secundários. Surgiram, assim, os epiciclos, gradientes, excêntricos, deferentes, equantes etc., que são artifícios matemáticos para ajustar o modelo cosmológico à realidade observada. Com mais de 50 “remendos”, conseguiram um nível de precisão apropriado para atender aos padrões da época, em que os movimentos dos planetas podiam ser determinados e previstos com alguns anos (e até algumas décadas) de antecedência, sem diferir gravemente das posições reais observadas. Mas esses remendos deixavam o modelo demasiado complexo e difícil de operacionalizar, além de acumular pequenos erros que acabavam produzindo diferenças sensíveis a longo prazo. Na época de Tycho Brahe (século ~XVI), por exemplo, as posições de Júpiter e Saturno em uma conjunção prevista com base nas Tábuas Afonsinas, compiladas poucos séculos antes, apresentavam uma diferença de um mês em comparação ao momento real da conjunção. Um erro de um mês não é desprezível e o modelo precisava de revisão. Desde Anaximandro até Aristóteles, muitas idéias foram apresentadas, e com o passar dos anos foram sobrevivendo os modelos que apresentavam menos disparidades em comparação à observação empírica, e foram sendo adaptados para minimizar as diferenças observadas. Após alguns séculos de observação meticulosa e anotação rigorosa das posições dos planetas e estrelas, os gregos reuniram um conjunto amplo e preciso de dados para que pudessem formular um modelo mais consistente que qualquer outro antes deles, assim, por volta do século IV a.C., o maior filósofo da Antigüidade, Aristóteles, propôs um modelo tão bem fundamentado e tão elaborado e preciso que continuou a ser adotado por cerca de 2000 anos como a melhor representação para o Universo. Na opinião de Aristóteles, o modelo deveria ser o mais simples possível e o mais diretamente determinado pela observação dos fatos, portanto o Mundo deveria ficar no centro do Universo, e em torno dele giravam a Lua, o Sol, os planetas e as estrelas, pois era essa a intuição mais simples com base na observação direta. Aristóteles já sabia que o Mundo é aproximadamente esférico, pois quando os navios se afastam até desaparecer no horizonte, primeiro somem os cascos, depois a popa e por último os mastros vão sumindo gradualmente, indicando que a superfície do oceano é curva, e como esse efeito observado sobre os navios ocorre igualmente em qualquer direção que os navios se afastem, e qualquer que seja o ponto de partida onde esteja o observador, então o Mundo inteiro deve ser uma esfera. Além disso, como a forma da sombra projetada da Terra sobre a Lua durante os eclipses lunares é curva, e essa curva apresenta as mesmas propriedades não importando em qual ponto da Terra se esteja observando, isso também corrobora a tese de que a forma da Terra seja uma esfera, não um cilindro como pensava Anaximandro, em cujo caso algumas sombras deveriam aparecer mais alongadas ou mais estreitas, dependendo de onde fosse feita a observação, pois o disco do cilindro ficaria inclinado em diferentes ângulos em relação à fonte de luz. Aristóteles também escreveu extensos e detalhados tratados sobre Física, Lógica, Ética, Estética etc., e conhecia bem a Natureza, melhor que qualquer pessoa de sua época, antes e depois de sua época. Ele sabia, por exemplo, que objetos mais pesados, como pedras, caíam mais rapidamente do que os leves, como penas ou plumas. Tinha noções sobre a força centrífuga, e sabia que um objeto em rotação tende a lançar para longe do centro de giro qualquer coisa que esteja em sua superfície, sabia que quando se observa um objeto próximo com um dos olhos e depois com o outro olho, a posição do objeto parece mudar em relação ao cenário de fundo, devido ao efeito de paralaxe, além de muitos outros conhecimentos que lhe permitiram compreender o Universo melhor que qualquer outro antes e depois dele durante milênios. Assim ele procurou formular um modelo cosmológico que fosse consistente com os conhecimentos que se dispunha na época. Em primeiro lugar, ele descartou os modelos cosmológicos em que o Mundo se movia no espaço, pois se o Mundo fosse animado com algum tipo de movimento de rotação, a força centrífuga lançaria para longe tudo que há na superfície, e não é isso que observamos. Ele sabia também que a força centrífuga tem relação com a velocidade do giro, embora ele não soubesse a fórmula que se usa hoje em dia para realizar esse cálculo. Mas sabendo da importância da velocidade para determinar a força centrífuga, e sabendo o tamanho aproximado do Mundo, que ele próprio calculou em 300.000 stadia de circunferência, podia calcular que, nas proximidades do Equador, a velocidade de rotação do Mundo sobre o próprio eixo, caso o Mundo girasse, seria mais de 2.000 km/h, isso é cerca de 40 vezes maior que a velocidade de um cavalo muito veloz. Assim, ele supôs que a força centrífuga seria imensa e não fazia o menor sentido um modelo cosmológico em que o Mundo girasse. Em alguns modelos anteriores se falava que, além de o Mundo girar sobre o próprio eixo, como um peão, também girava em torno de um fogo central, o que fazia menos sentido ainda, porque além de adicionar mais força centrífuga, ainda deveria produzir um efeito de paralaxe ao observar as posições das estrelas, assim como quando se observa algo com um olho e depois com outro, ou quando se observa a posição de uma árvore próxima em relação às montanhas distantes, e depois se muda de posição e observa novamente a mesma árvore, causando um efeito em que a posição relativa da árvore em comparação às montanhas de fundo também muda. Se o Mundo se movesse no espaço em torno de um fogo central, ou em torno do Sol, como propunham alguns modelos, então seria esperado que houvesse paralaxe observável das estrelas. Além do mais, quando se anda de carruagem e se joga algo no chão, o objeto não cai reto, mas sim fica para trás, no entanto quando soltamos objetos na Terra eles caem retos, indicando que ela não está em movimento. Com todos estes bons argumentos, Aristóteles mostrou que somente os modelos cosmológicos que concebiam o Mundo imóvel seriam aceitáveis e lógicos. Quando Aristarco, cerca de um século depois, calculou as distância e tamanhos do Sol e da Lua, utilizando Trigonometria, e descobriu que o Sol era muito maior que a Terra (ele calculou o tamanho do Sol em 7 vezes o da Terra, embora o correto seja 109 vezes), concluiu que a Terra deveria girar em torno do Sol porque lhe parecia estranho que um corpo maior girasse em torno de um menor. Sua idéia foi rejeitada, e com razão, porque os argumentos de Aristóteles eram muito superiores, mais numerosos e mais bem fundamentados que os de Aristarco. Assim o modelo Geocêntrico, da Terra ocupando o centro do Universo, se manteve por 2 milênios, com pequenas adaptações feitas por Ptolomeu e outros, adaptações que visavam melhorar a precisão nas previsões sobre as posições dos planetas. Nos 20 séculos seguintes, quase nada mudou, apesar de algumas eventuais sugestões de Nicolau de Cusa, Roger Bacon e outros. No século XVI, Nicolau Copérnico propôs um método matemático para simplificar os cálculos das posições planetárias, em que se “fazia de conta” que o Sol estivesse no centro do Universo, enquanto a Terra, como os demais planetas, girariam ao redor dele. Copérnico não afirmou que esse modelo pudesse representar a realidade, mas apenas seria útil para facilitar os cálculos de efemérides. Foi somente no século XVII, com os trabalhos combinados de Kepler e Galileu, que se conseguiu refutar o modelo de Aristóteles e mostrar que o modelo Heliocêntrico, com o Sol como centro, era uma representação mais apropriada para o Universo. Galileu constatou que ao deixar um objeto cair do topo do mastro de um navio em movimento, este objeto caía quase em linha reta, perpendicular ao chão do navio, mesmo o navio se movendo rapidamente, porque o objeto estava se movendo junto com o navio antes de iniciar a queda, e preservava seu movimento próprio quando era abandonado em queda livre. Galileu entendeu o conceito de inércia melhor do que os gregos. Ele não chegou a entender como a força centrífuga não lançava para longe os corpos da superfície, nem ele nem Kepler, mas tanto ele quanto Kepler chegaram a afirmar em seus escritos que se duas pedras fossem deixadas em repouso, uma em relação à outra, e nenhuma força externa atuasse sobre elas nem imprimisse a elas qualquer movimento, ambos afirmaram que naturalmente as duas pedras tenderiam a se aproximar uma da outra até colidirem, devido a uma “força invisível” que faz os corpos se atraírem mutuamente. Eles intuíram a Lei da Gravitação, porém não foram capazes de explicá-la, aliás, ela não foi explicada até hoje, mas foi sistematizada e formalizada por Isaac Newton, quantificada por Henry Cavendish e aprimorada por Albert Einstein. Galileu fez vários experimentos de balística e rolamento de esferas em planos inclinados, que o ajudaram a compreender razoavelmente bem como a gravidade atuava nas proximidades da superfície da Terra, e Kepler formulou as três Leis do Movimento Planetário, que eram capazes de descrever bem como o Universo funcionava acima da esfera lunar. Mas nenhum deles conseguiu unir esses conceitos, cabendo essa façanha a Newton, menos de um século depois. Sem essa unificação de leis infra-lunares e supra-lunares, Galileu e Kepler não conseguiram convencer os contemporâneos de que o modelo Heliocêntrico era correto, principalmente porque não conseguiam explicar como a força centrífuga não lançaria os corpos para longe, no caso de a Terra ter um movimento de rotação. Muitos livros científicos distorcem parte dos fatos sobre Giordano Bruno, Galileu e outros. Mas o fato é que Galileu não conseguiu apresentar fatos e argumentos suficientemente consistentes para se opor às ideias de Aristóteles em todos os pontos relevantes. Conseguiu mostrar que Vênus, Mercúrio e Marte mudavam de tamanho aparente numa proporção compatível com o sistema heliocêntrico, mas não compatível com a versão vigente do modelo geocêntrico, mas isso poderia ser corrigido adicionando mais epiciclos ao modelo vigente. Galileu mostrou que Vênus e Mercúrio tinham fases, como a Lua, mas isso também poderia ser contornado por soluções como o modelo geocêntrico-híbrido de Tycho Brahe, entre outras possibilidades. Galileu mostrou que pelo menos alguns planetas não giravam diretamente em torno da Terra, como os 4 corpos que ele descobriu em torno de Júpiter (na época os satélites de Júpiter foram considerados planetas), mas isso não excluía a possibilidade de os demais girarem em torno da Terra. E alguns dos problemas centrais permaneciam não explicados por Galileu, como o efeito da força centrífuga, que seria esperado se a Terra tivesse movimento de rotação, e as paralaxes estelares, que deveriam ser observadas se a Terra girasse em torno do Sol. Como a mentalidade que imperava na época era de preservar tradições, com grande devoção aos mais antigos, as propostas revolucionárias de Galileu não foram aceitas. Como ele ainda ironizou o papa em um de seus livros, o resultado acabou sendo o mesmo que seria esperado na atualidade de um cientista que tentasse ridicularizar um presidente, um dono de emissora de TV ou qualquer pessoa de grande poder. Ele foi obrigado a se retratar e ainda foi mantido em prisão domiciliar por algum tempo. A reação da Igreja não foi muito diferente da que seria esperada de qualquer outra instituição que estivesse no poder. Antes de Newton lançar luz sobre as trevas, com suas obras sobre Mecânica Celeste, quase se poderia dizer que a preferência por um ou outro modelo cosmológico fosse questão de gosto. Nos modelos de Aristarco, Copérnico, Kepler e Galileu, havia o grave problema da força centrífuga, que não condizia com a observação de corpos em movimento circular e violava os conceitos vigentes sobre Física, bem como a inexistência de paralaxe perceptível, ao passo que nos modelos de Aristóteles e Ptolomeu não havia concordância entre as posições observadas e as previstas, bem como o brilho e tamanho dos planetas não coincidia entre teoria e observação. Estas diferenças de posição, brilho e tamanho poderiam ser explicadas por velocidades variáveis, ou adicionando epiciclos e outros complementos ao modelo, e o problema de ausência de paralaxe mensurável poderia ser explicado se as estrelas estivessem muito mais distantes do que os planetas, o que tornaria as paralaxes tão pequenas que não poderiam ser medidas. Mas o problema da força centrífuga parecia não ter explicação. Com a obra de Newton, isso mudou, e a unificação dos movimentos da Lua, da trajetória de projéteis próximos à superfície e a simples queda de uma maçã, todos representados matematicamente pela mesma Lei Universal da Gravitação, que era capaz inclusive de descrever os movimentos dos planetas, dos satélites de Júpiter e Saturno, e ainda de planetas e asteróides que só viriam a ser descobertos séculos depois, ficou firmada, de forma inequívoca, a tese de que os modelos Heliocêntricos eram representações mais fieis da realidade, estruturalmente falando, do que os Geocêntricos, sendo o modelo de Kepler, com órbitas elípticas, o mais fidedigno. Kepler mostrou que as posições dos planetas, medidas com altíssima acurácia para a época por seu mestre Tycho Brahe, se adequavam muito melhor a um modelo cosmológico em que o Sol estivesse no centro do sistema e a Terra, assim como os outros planetas, girassem em torno dele em elipses, ficando o Sol num dos focos dessa elipse. O modelo cosmológico de Kepler, além de ser muito mais preciso para determinar as posições corretas dos planetas, conforme eram observadas na prática, e fazer previsões mais exatas das posições futuras, ainda possibilitava explicar melhor a diferença no brilho de Marte em diferentes épocas, as diferenças nos tamanhos de Vênus e Mercúrio ao telescópio, os movimentos de Vênus e Mercúrio, os movimentos dos satélites de Júpiter recém descobertos, e possibilitaram inclusive prever as propriedades dos movimentos de planetas, asteróides e cometas descobertos séculos depois. Assim, o modelo de Universo descrito por Aristóteles foi substituído pelo modelo de Kepler, graças à fundamentação teórica concebida por Newton para explicar porque a força centrífuga não lançaria os corpos para longe, pois havia uma força de atração, a gravitacional, que era mais intensa do que a centrífuga. Newton demonstrou isso geometricamente em seu Philosophiae Naturalis Principia Mathematica. As observações de Tycho foram extraordinariamente úteis para a boa formulação do modelo de Kepler, já que Tycho havia alcançado alguns resultados inéditos e outros muito raros, como a determinação de que algumas vezes Marte ficava mais próximo da Terra do que o Sol, com base nas medidas de paralaxe e reforçadas pela proporção de brilho, e havia constatado que a paralaxe de um cometa era tão pequena que não podia ser determinada, portanto estava muito mais distante que a Lua e não podia ser um fenômeno atmosférico como pensava Aristóteles (e Galileu), além de implicar que algumas órbitas, segundo o modelo Geocêntrico, se interpenetravam, descartando a hipótese das esferas de cristal, bem como a da imutabilidade da região supra-lunar. É interessante chamar a atenção para o fato de que enquanto Tycho era vivo, os argumentos de Kepler a favor do Heliocentrismo eram no máximo tão bons, ou até um pouco inferiores, aos argumentos de Tycho a favor do Geo-heliocentrismo, já que as idéias de Kepler sobre órbitas elípticas só floresceram após a morte de Tycho, e foi só quando chegou a esse ponto que as idéias de Kepler realmente superaram qualquer modelo precedente. O modelo de Tycho diferia do modelo de Heráclides do Ponto porque no modelo do antigo grego a Terra tinha um movimento de rotação, enquanto no modelo de Tycho a Terra permanecia totalmente estática no centro, um pensamento compatível com a preocupação dos cientistas da época em não contrariar o conceito de força centrífuga, porém menos acurado no que diz respeito à previsão sobre as posições dos planetas. Para Tycho, os planetas Vênus e Mercúrio também giravam em torno do Sol, e este, como os demais planetas, giravam em torno da Terra. Para representar a possibilidade de Marte algumas vezes ficar mais próximo do que o Sol, e outras vezes mais distante, Tycho revogou a idéia de esferas de cristal e admitiu a interpenetração das órbitas. Em alguns aspectos, o modelo de Tycho era até superior ao de Copérnico no que diz respeito à precisão para prever posições. A grande e importante inovação de Kepler foi a idéia de usar elipses, em vez de vários conjuntos combinados de círculos, para representar os movimentos planetários, bem como pensar em velocidades variáveis, que seriam mais bem explicadas num modelo com elipses do que num modelo com círculos. No filme recentemente lançado, Ágora, sobre a vida de Hipácia, o autor especula sobre Hipácia ter pensado em órbitas elípticas 1000 anos antes de Kepler, o que não conta com nenhum respaldo histórico e ainda conflita com o pouco que se sabe sobre a vida e a obra de Hipácia. Não há nenhum motivo para supor seriamente que alguém tenha cogitado a idéia de órbitas elípticas antes de Kepler, especialmente porque o ponto crucial que conduziu Kepler a perceber a necessidade de abandonar as órbitas circulares foi uma anomalia de apenas 0,1 grau na órbita de Marte, um nível de precisão inexistente na época de Hipácia e só alcançado com os sofisticados instrumentos de Tycho. Fazendo uma breve comparação: basicamente, o modelo de Aristóteles consistia em ter o Mundo no centro de tudo, em torno dele giravam a Lua, depois Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Por trás ficava uma esfera de estrelas fixas. Tudo girava em torno do Mundo, aproximadamente uma vez a cada dia. Além disso, as posições dos planetas mudavam em relação às posições das estrelas bem como as de uns planetas em relação aos outros, mas as posições das estrelas não mudavam entre si. Eram conhecidos os tamanhos aproximados da Terra e da Lua, a ordem de grandeza do tamanho do Sol, a distância da Terra à Lua e a ordem de grandeza das distâncias do Sol e dos planetas, sabia-se a distância relativa aproximada dos planetas com base nos períodos que levavam para descrever um ciclo completo ao longo da eclíptica, e se supunha que as estrelas estivessem um pouco mais afastadas que o planeta mais distante conhecido na época, que era Saturno, já que Urano, Netuno e Plutão só foram descobertos em 1781, 1846 e 1930. O tamanho estimado para o Universo na época era cerca de 500 milhões de quilômetros, bem menor do que hoje sabemos ser o Sistema Solar. No modelo de Kepler, o Sol ocupava o centro e, em torno dele, giravam Mercúrio, Vênus, a Terra, Marte, Júpiter e Saturno. A Lua girava em torno da Terra e acompanhava o movimento dela em torno do Sol, e 4 pequenos planetas (satélites) giravam em torno de Júpiter e acompanhavam o movimento dele em torno do Sol, tal como a Lua fazia com a Terra. Kepler estimava a distância da Terra ao Sol em cerca de 24 milhões de quilômetros, sendo a órbita de Saturno 10 vezes maior, o diâmetro do Sistema Solar era aproximadamente do mesmo tamanho do Universo de Aristóteles, com a diferença que para não haver paralaxe estelar perceptível, as estrelas não poderiam estar só um pouco mais afastadas do que Saturno. As estrelas deveriam estar muito mais afastadas do que se pensava na época de Aristóteles, milhares de vezes mais longe do que Saturno, caso contrário não haveria como explicar a ausência de paralaxe detectável. Se estavam tão distantes e mesmo assim eram vistas com brilho quase tão intenso quanto os planetas, isso indicava que eram muito brilhantes. Isso levou Giordano Bruno a supor que as estrelas poderiam ser outros sóis, e que pareciam pequenas por estarem muitíssimo distantes, e pensou também que as que pareciam menos brilhantes seria porque estavam mais afastadas, e que, além das estrelas visíveis, deveria haver muitas outras invisíveis, de tão distantes que se encontravam, chegando assim à concepção de um Universo infinito. Bruno pensou também que em torno destas outras estrelas poderiam girar planetas, alguns dos quais habitados. Quando Galileu apontou seu telescópio para o céu, confirmou a tese de Bruno de que havia muito mais estrelas do que aquelas que conseguimos observar sem o auxílio de instrumentos ópticos. Com isso, as teorias de Copérnico e Kepler, aliadas à invenção do telescópio, o Universo observável e concebível se tornou pelo menos milhares de vezes maior do que era considerado até aquela época, e possivelmente infinito. A compreensão sobre o que era o Universo, suas leis e mecanismos, também se refinou. Assim temos uma situação complexa a ser considerada. Um Universo de tamanho limitado, composto por alguns poucos planetas e uma casca delgada de estrelas, acima da qual estaria o Paraíso, é um modelo básico e composto por poucos elementos, como um grande relógio, e poderia ser criado por um Grande Arquiteto/Relojoeiro. Mas um Universo infinito, constituído por uma infinidade de estrelas e planetas, poderia ter sido criado? As idéias de Bruno, Galileu e Kepler colocaram a Igreja Católica em sérias dificuldades para explicar como um Deus poderia ter criado tal Universo, muitíssimo mais complexo e mais vasto do que se pensava até então. A solução mais simples foi considerar que Deus seria Onipotente, Onipresente, Onisciente, com poder ilimitado e capaz de criar um Universo infinito, inclusive. Entre os anos 1600 e 1700, os trabalhos de Galileu, Kepler e depois Newton revolucionaram completamente o conceito de Universo, bem como o tamanho e a complexidade do Universo observável, que aumentou milhares de vezes, podendo ser inclusive infinito. Na época de Newton também já se tinha uma idéia muito mais precisa sobre os tamanhos das órbitas, diâmetros dos planetas, massas etc., pois Jean Picard, em 1671, determinou o raio da Terra com uma precisão muito boa, e Cassini, em 1672, determinou a distância da Terra a Marte com erro menor que 10%, e a partir dela pôde calcular toda a escala do Sistema Solar, encontrando para a distância Terra—Sol cerca de 138.000.000 km. Até então, ainda não era possível calcular as distâncias das estrelas por meio de paralaxe, no entanto Huygens, com base na concepção de que as estrelas seriam outros sóis, supôs que o brilho intrínseco de uma estrela típica seria aproximadamente igual ao do Sol, e se o brilho delas parecia muito menor isso seria devido a estarem mais distantes, de modo que se conseguisse determinar a proporção de brilho aparente, conseguiria estimar a distância. Huygens, no século XVII, construiu um disco de bronze e fez furos de diferentes tamanhos, que representavam diferentes frações do diâmetro aparente do Sol quando posicionado o disco a determinada distância do olho, e observou a luz do Sol por estes furos para estimar qual deles mais se aproximava ao brilho de Sírius. Feito isso, constatou que o brilho aparente de Sírius corresponde a cerca de 1/30.000 do brilho aparente do Sol, logo deveria estar cerca de 30.000 vezes mais distante, ou 0,5 anoluz. Se ele soubesse que Sírius tem brilho intrínseco 20 vezes maior que o do Sol, teria estimado corretamente a distância em cerca de 10 anos-luz. Apesar de o valor encontrado ter sido subestimado, foi útil para oferecer pelo menos uma idéia aproximada sobre a distância das estrelas. Se Sírius era a estrela mais brilhante, e talvez a mais próxima (ou uma das mais próximas), qual a distância das mais afastadas? Com os telescópios da época eram visíveis estrelas de até mv 12 ou 13, portanto até 30.000 vezes mais distantes do que Sírius. Isso tornava o Universo observável supostamente quase 1 bilhão de vezes maior do que se pensava antes das descobertas de Kepler e Galileu. Em menos de 1 século, o conceito de Universo mudou radicalmente em estrutura, tamanho e propriedades gerais. No final do século XVIII, Herschel descobriu o movimento próprio do Sol em relação a outras estrelas e determinou o Apex Solar e, em seguida, mediu os movimentos próprios de várias outras estrelas. Embora as distâncias das estrelas sejam tão grandes que não fosse possível medir paralaxe anual, o movimento próprio que elas realizam é cumulativo e depois de várias décadas se torna possível detectar o quanto se moveram. Após determinar os movimentos de diversas estrelas, conseguiu esboçar um modelo da Galáxia em que vivemos, bem como formulou o conceito de Universos-ilha, que posteriormente foram chamados de “galáxias”. Um novo salto na percepção de quão grande e complexo é o Universo. No século XIX foram calculadas as paralaxes das primeiras estrelas, e em pouco tempo milhares de outras foram calculadas, sendo que atualmente se conhece as paralaxes de milhões de estrelas a menos de 3.000 anos-luz. Embora Huygens já tivesse estimado as distâncias estelares três séculos antes, não se dispunha de dados consistentes para sustentar que aquela metodologia fosse correta, já que partia da premissa de que as estrelas tivessem aproximadamente mesmo brilho intrínseco que o Sol, sem que houvesse fatos que corroborassem isso. Por outro lado, a medida por paralaxe tem fundamento geométrico e precisão inegável. Com as medidas das distâncias das estrelas por meio de paralaxe, foi possível confirmar que elas realmente apresentam luminosidade semelhante à do Sol, algumas mais, outras menos, mas tipicamente são bastante semelhantes ao Sol, ou seja, o Sol é uma estrela típica e cerca de 40% das estrelas são mais brilhantes que ele e 60% menos, portanto está quase perfeitamente na média. Com as medidas das distâncias de grande quantidade de estrelas, foram construídos gráficos comparando algumas de suas propriedades, e verificou-se que há uma estreita relação entre cor e luminosidade, sendo as azuis (mais quentes) geralmente mais luminosas que as brancas, estas mais luminosas que as amarelas e estas mais luminosas que as vermelhas (menos quentes). Isso em média, mas com algumas exceções, como estrelas vermelhas gigantes, supergigantes e hipergigantes. Também foi constatado que havia estrelas que eram parte de sistemas duplos ou múltiplos, compostos por várias estrelas ligadas gravitacionalmente, estrelas com brilho variável, cuja variação se repetia em períodos aproximadamente regulares, entre outras descobertas. O método de paralaxe permitiu de determinar as distâncias de estrelas próximas, mas torna-se cada vez menos eficiente e menos acurado para estrelas mais distantes. A estrela mais próxima conhecida é Próxima Centauri, a 4,27 anos-luz. Para medir sua paralaxe é necessário determinar um ângulo tão pequeno quanto 0,76 segundo de arco, ou 0,0000006 grau. Mesmo com auxílio de telescópios é muito difícil medir ângulos tão estreitos. Para estrelas a 4.000 anos-luz, é necessário medir ângulos 1.000 vezes menores, o que começa a ficar fora do alcance dos melhores instrumentos atuais. Isso implica que o método da paralaxe só possibilita medir distâncias até cerca de 3.000 anos-luz, impondo um limite sobre até que ponto se poderia conhecer as distâncias, e um limite relativamente estreito. No início do século XX, Henrietta Leavitt constatou que um tipo especial de estrelas supergigantes, chamadas “cefeidas”, apresentavam uma relação quase constante entre luminosidade e período de oscilação, de modo que ao calcular o período era possível saber sua luminosidade absoluta, e sabendo isso se podia comparar com seu brilho aparente e calcular sua distância. Bastava determinar a relação entre período e luminosidade para algumas cefeidas que estivessem suficientemente próximas para que sua paralaxe pudesse ser medida, para encontrar os parâmetros a serem usados numa fórmula geral que relacionasse o período com a luminosidade, e depois comparar a luminosidade intrínseca com o brilho aparente para calcular as distâncias daquelas que estivessem longe demais para que pudessem ter a paralaxe medida. A partir de então, os cálculos de distâncias muito maiores do que era possível por meio de paralaxe passaram a ser possíveis, por meio da observação de cefeidas, inclusive em galáxias relativamente distantes. Para galáxias tão afastadas que não fosse possível distinguir cefeidas individualmente, os cálculos não eram possíveis, no início, mas logo se descobriu uma nova “ponte” para conectar um método de cálculo a outro e assim determinar distâncias até os confins do Universo observável. O método complementar passou a ser a luminosidade das supernovas do tipo Ia. As supernovas do tipo Ia ocorrem quando uma anã-branca que seja par de um sistema simbiótico vai canibalizando material de sua companheira até que sua massa exceda o limite de Chandrasekhar, cerca de 1,44 massas solares. Quando isso acontece, ocorre a explosão, e como a massa está estreitamente associada à luminosidade resultante, então se o limite de massa é conhecido com precisão, a luminosidade também pode ser conhecida com precisão. Desse modo, conhecendo a luminosidade intrínseca e o brilho aparente, calcula-se a distância da supernova. Com a publicação da Teoria da Relatividade e todas as suas implicações, entre os quais o efeito Doppler, e com a descoberta de Hubble de que a grande maioria das galáxias apresenta desvio para o vermelho, postulou-se que esse desvio se deve à velocidade de afastamento, tal como previsto pela teoria da relatividade. Com isso é possível usar as cefeidas e as supernovas do tipo Ia para calcular as distâncias correspondentes a cada desvio para o vermelho das galáxias mais próximas, e assim calibrar o método do desvio para o vermelho e depois aplicá-lo aos cálculos das distâncias de objetos que não incluem cefeidas (quasares, por exemplo) ou que estejam tão afastados que não se possa observar cefeidas individuais nem supernovas do tipo Ia. Essa descoberta de Hubble o levou a supor que o Universo esteja em expansão e tenha tamanho limitado, cujo diâmetro foi calculado em cerca de 1,6 bilhões de anos-luz, na época, bem como sua idade foi estimada em 1,6 bilhões de anos, mas essa idade conflitava com as estimativas de Holmes para a idade da Terra baseada em datações de rochas antigas por Urânio e Tório, que era cerca de 2,2 bilhões de anos, portanto a Terra seria mais velha que o Universo. Essa contradição foi resolvida quando Baade constatou que havia pelo menos dois tipos de cefeidas: as jovens, massivas e ricas em metais, e as velhas, com menos massa e escassez metálica, cuja relação entre luminosidade e período diferia entre elas por um fator de aproximadamente 4, portanto a idade do Universo seria cerca de 4 vezes maior do que havia sido calculada. Ainda havia algumas dificuldades para calcular distâncias com base em cefeidas porque as placas de emulsão fotográfica não tinham sensibilidade uniforme em toda a superfície, dificultando a determinação precisa de oscilações pequenas no brilho dessas estrelas, a turbulência da atmosfera terrestre dificultava a observação isolada de uma cefeida em meio a bilhões de outras estrelas numa galáxia distante, a amostra de cefeidas suficientemente próximas e bem conhecidas para que suas distâncias e luminosidades pudessem ser determinadas com precisão e usadas para calibrar os parâmetros da fórmula não eram suficientemente numerosas para que se pudesse traçar uma boa curva de regressão, entre outras dificuldades. Foi somente com a invenção do CCD, o lançamento de telescópios espaciais acima da turbulência atmosférica da Terra, a descoberta de novos métodos estatísticos para estimativas de distância por “velas-padrão”, que possibilitaram melhorar a acurácia nas medidas, e a idade do Universo que era situada entre 5 e 20 bilhões de anos passou a ficar no estreito intervalo de 13,61 a 13,85 bilhões de anos. Essa idade é também corroborada por diversos métodos independentes, como idade de anãs-brancas velhas, idade de aglomerados globulares, abundância de elementos radioativos, temperatura atual da radiação de fundo, nucleossíntese dos elementos leves etc. Estes métodos produzem resultados entre 11 e 17 bilhões de anos, havendo boa concordância entre eles. Assim a idade do Universo aceita atualmente pela comunidade científica é cerca de 13,73 bilhões de anos, e considerando os efeitos relativísticos e a expansão do espaço-tempo, o diâmetro do Universo observável é cerca de 93 bilhões de anos-luz. De acordo com Allan Guth, autor da teoria sobre inflação nos primórdios do Universo para justificar a heterogeneidade na distribuição da energia (anisotropia), é possível que o Universo observável represente apenas 10^-26 do raio do Universo inteiro, ou seja, o Universo pode ser 100 trilhões de trilhões de vezes maior do que o Universo observável. Acredita-se que além do Universo observável possa existir muito mais galáxias e outros objetos fora de nosso alcance visual, bem como não se descarta a possibilidade de muitos outros Universos isolados do nosso, com leis próprias e que não podem ser detectados. Tal hipótese é muito coerente se se considerar o Princípio Antrópico, de que nosso Universo parece ser perfeitamente ajustado à existência da vida, já que se algumas das propriedades dele fossem ligeiramente diferentes, como a gravidade ser 1% mais intensa ou 1% menos intensa, a vida nunca chegaria a surgir. Ou seja: a probabilidade de o Universo ser como é, por mero acaso, é baixíssima. Isso indica que ou o Universo não surgiu por acaso, ou existe uma quantidade tão incomensuravelmente grande de Universos que, entre tantos, alguns casualmente acabaram reunindo as propriedades necessárias ao desenvolvimento da vida. O Princípio Antrópico é um argumento que alguns utilizam para apoiar a hipótese de que o Universo foi criado por uma entidade consciente e inteligente, por um Deus. É uma idéia plausível. E há mais argumentos que se pode somar a esse, de que um Criador é o responsável pela existência de nosso Universo, que a origem foi premeditada, não foi casual. Um conjunto de argumentos que me parece apropriado para apoiar a tese de um Criador é exposto no texto “Reflexões Ontológicas”, que agregaremos a estas escrituras no tópico sobre “Deus”. O conceito atual de “Universo” é praticamente o mesmo que se tinha na Idade Média e na Antigüidade: é o conjunto de tudo que existe. Até poucas décadas atrás, pensava-se num Universo finito em tamanho, massa e tempo de existência, porém atualmente se considera a possibilidade de um Universo infinito em tamanho e massa, bem como a possibilidade de existir desde sempre, sendo a região observável que chamávamos de “Universo” apenas uma bolha que representa uma parte ínfima numa estrutura muito maior, um Multiverso, no qual existem muitos (talvez infinitos) Universos. A questão semântica de haver algo maior que o Universo, sendo o Universo tudo o que existe, acaba incitando algumas críticas sobre a cunhagem do termo “Multiverso”, como impróprio. Seria o equivalente à ideia de Herschel de “Universos-ilha”, que depois passaram a receber o nome de “galáxias”, assim também é provável que o que atualmente se chama “Multiverso” passe a receber o nome mais apropriado “Universo”, enquanto o que até agora se pensava ser o “Universo” receba um nome diferente, como “nossa bolha espaço-tempo” ou algo assim. Então o que hoje se pensa ser a totalidade do que existe é parcialmente especulação, parcialmente conhecimento empírico indireto e parcialmente conhecimento empírico. Sabemos razoavelmente o que é o Sistema Solar, conhecemos precisamente as distâncias entre os planetas, a constituição de cada um, suas propriedades gerais. Sabemos razoavelmente bem o que é uma estrela e, com base em raias de absorção, supomos saber sua constituição química, com base em sua cor e brilho acreditamos saber sua temperatura superficial e central, acreditamos saber o ciclo evolutivo da vida de uma estrela de acordo com sua classe espectral, acreditamos conhecer a estrutura interna das estrelas e as reações que ocorrem em seu interior para fazê-las brilhar, acreditamos que estrelas se agrupam em galáxias, em aglomerados globulares, aglomerados abertos, e que as galáxias se agrupam em estruturas maiores, e estas estruturas em outras ainda maiores, até formar uma bolha observacional, além da qual não conseguimos obter informações, a menos que existam táquions ou outros meios de transmissão de informação que viagem mais rápido do que a luz no vácuo. As distâncias das estrelas mais próximas nós determinamos com base em paralaxe anual, o que provavelmente é correto, porque depende apenas de serem corretas as hipóteses sobre tamanhos e propriedades do Sistema Solar e da aplicabilidade da Geometria Euclidiana a um espaço quase plano. As distâncias das estrelas mais afastadas já são mais incertas, porque dependem de hipóteses sobre a constância de algumas propriedades de estrelas cujos períodos são proporcionais à luminosidade, as cefeidas, dependem de algumas propriedades estatisticamente constatadas na relação entre brilho, cor e espectroscopia de supernovas e outras velas-padrão, dependem da inexistência de outros processos ainda desconhecidos que possam causar efeitos semelhantes ao efeito Doppler, bem como da exatidão e universalidade da Teoria da Relatividade e das leis da Física como um todo, especialmente a Gravitação e a Termodinâmica. Se a velocidade da luz no vácuo não for a mesma em regiões muito afastadas, ou em épocas muito remotas, ou se o comportamento da gravidade não for igual em todas as partes, ou se algumas leis da Física tiverem comportamento local diferente daquele que rege o Universo em outras partes, se os grávitons não forem estáveis, isso implica diferenças brutais em tudo que se supõe saber sobre distâncias, tamanhos, massas, estrutura etc. Se deformações no espaço-tempo semelhantes a lentes gravitacionais, ou a presença de poeira e outras partículas interferirem no efeito Doppler, isso já muda completamente as distâncias que se acredita saber sobre os objetos mais afastados, bem como o tamanho do Universo (ou de nossa bolha observável). Então o “Universo bem conhecido” é na verdade uma minúscula esfera com raio de 1 kpc, muito menor que o “Universo observável” e muitíssimo menor que o Universo real. Em torno de nosso Universo conhecido se especula muita coisa, mas sabe-se muito pouco. O modelo atual de Universo tenta explicar e quantificar tudo quanto é possível observar, porém assim como os antigos estavam grosseiramente equivocados em quase tudo que pensavam sobre aquilo que mediam de forma indireta, e sobre aquilo que não conseguiam observar diretamente e apenas teorizavam, podemos estar igualmente enganados sobre o que pensamos saber hoje. Sabemos que o sistema Solar tem o Sol mais próximo ao centro em torno do qual giram os corpos do que qualquer outro objeto desse sistema, e que é satisfatório representar esse sistema com a Terra e os demais planetas girando em torno dele, bem como sabemos da presença de asteróides, planetas anões e cometas girando em torno do Sol, satélites girando em torno de planetas e de alguns asteróides, sabemos as distâncias entre os planetas, satélites, cometas etc. com alta precisão, sabemos as constituições químicas de suas atmosferas, suas superfícies e temos modelos que tentam representar também suas estruturas internas. Conseguimos enviar artefatos a outros planetas, satélites, cometas e outros corpos de nosso sistema solar, e é questão de tempo fazer chegar um artefato até outra estrela e a planetas de outro sistema estelar. Sabemos que as estrelas mais próximas estão muito mais afastadas que os planetas, sabemos que elas muito provavelmente são de fato outros sóis, conforme pensava Giordano Bruno, conseguimos calcular as massas, luminosidades e outras propriedades dessas estrelas, inclusive acreditamos conhecer a composição química delas com base em análise espectral. Temos uma noção razoável da posição do Sol na galáxia que acreditamos estar inseridos e sobre a direção e velocidade com que o Sol se move dentro da galáxia, temos uma idéia da quantidade de estrelas que essa galáxia parece ter. Não se sabe muito mais do que isso, porém há muitos modelos para tentar explicar muito do que não se sabe, mas se quer acreditar que se sabe. Conhecemos razoavelmente o sistema solar, que é o que os antigos pensavam ser o Universo quase inteiro, e temos uma boa noção sobre como é até as estrelas mais próximas, de modo que podemos descartar ou aceitar os modelos antigos sobre essa região, sabemos que o modelo de Kepler é mais apropriado que o de Aristóteles. Mas não temos uma idéia segura de como seja o Universo. Podemos afirmar também, com razoável segurança, que o Sistema Solar não deve ter sido criado separadamente do restante do Universo. Se ele foi criado, ele o foi como parte de uma estrutura maior, algo do tipo: foi criado o Universo, mediante um Big-Bang ou algum outro evento, e como parte dessa criação passou a existir também o Sistema Solar. A origem dos objetos do Sistema Solar provavelmente está associada à acresção progressiva de matéria, por ação da gravidade, em grânulos de um disco nebular em rotação, conforme idealizado por Kant e matematizado por Laplace, e depois amplamente corroborado pela observação de discos desse tipo em torno de estrelas jovens. Até onde sabemos, é improvável a participação de um Criador no Sistema Solar isoladamente, assim como não se observa um Criador produzindo outros sistemas estelares similares ao nosso. Porém não há impedimento para a aceitação da hipótese de que um Criador tenha produzido o Universo observável inteiro. Inclusive em nosso texto “Reflexões Ontológicas” mostramos que é muito provável que, num ambiente infinito, surjam e evoluam entidades a ponto de se tornarem tão poderosas que podem criar Universos inteiros. Portanto a idéia de que nosso Universo observável foi criado por uma Entidade consciente e inteligente é plausível. Com relação ao Universo ter sido criado ou ter tido uma origem espontânea, é irrelevante para nossa missão de propagar o Bem. Apenas desejamos dar uma abordagem introdutória ao assunto, para que se tenha uma noção básica do que é o Universo, do que se sabe e o que se acredita saber sobre o Universo, em contraste ao que alguns desejam impor dogmaticamente sobre o Universo. Um exemplo básico sobre as limitações do que se sabe sobre o Universo é recente “invenção” de matéria escura e energia escura como subterfúgio para ajustar os dados experimentais ao modelo teórico. Analisaremos apenas o problema que levou à invenção da matéria escura. Há problemas para os quais não existem soluções analíticas, e em tais casos não se consegue conceber equações para os resolver, mas se pode usar métodos exausttivos, com auxílio de computador, e encontrar, por “força bruta”, soluções que não se pode demonstrar que são válidas, mas pode-se conjecturar que são representações com alguma possibilidade de serem válidas, e ter uma resposta incerta é melhor do que não ter resposta alguma. Um dos problemas para os quais não há solução analítica é o problema dos 3 corpos. Há, na verdade, algumas soluções para casos muito particulares em que 2 dos 3 corpos podem ser tratados como um sistema que substituiria um corpo, e o caso é tratado como se fossem 2 corpos (sendo que 1 é de fato 1 corpo, enquanto os outros 2 são 1 sistema binário). O Sistema Solar possui 8 planetas, mais de 150 satélites, mais de 100.000 asteroides conhecidos (e uma quantidade inumerável de asteroides desconhecidos, cometas e outros corpos). A Via-Láctea possui cerca de 400 bilhões de estrelas, cada uma das quais pode ser um sistema acompanhado de tantos corpos quanto o Sol. Portanto o Sistema Solar é constituído por muito mais do que 3 corpos, e a Via-Láctea muito mais ainda. Logo, não há método analítico que possibilite investigar o comportamento dessas estruturas, mas pode-se dar abordagens estatísticas, como se faz no estudo das moléculas que constituem os gases, por exemplo, em que não é necessário conhecer os movimentos individuais de cada uma das moléculas para determinar o comportamento global do gás; basta conhecer a velocidade média das moléculas para que se consiga conhecer algumas propriedades do tal gás. Mas no caso dos gases, os movimentos das moléculas são pseudoaletórios, enquanto nas galáxias não são, o que introduz uma complicação que cresce exponencialmente com o tempo que se deseja analisar o sistema. Enfim, não existem ferramentas matemáticas que possam descrever o comportamento de sistemas com mais de 3 corpos ao longo do tempo, mas existem ferramentas estatísticas que talvez possam dar uma abordagem razoável para sistemas com bilhões de corpos. O que falta é poder de processamento para isso. Então se faz simulações com menor quantidade de corpos e espera-se que o resultado possa ser representativo do que acontece também com a quantidade real de corpos. Além disso, trata-se uma estrela, composta por 10^55 átomos, como se fosse um ponto. O tempo no mundo real é um fluxo contínuo ou, se é discreto, os grânulos são tão pequenos quanto o tempo de Planck, que é cerca de 5,39*10^-44 segundo, mas nas simulações os grânulos de tempo podem ser 1 dia ou até 1 ano. Se o grânulo de tempo tiver 1 ano, a simulação passará por mais de 10 bilhões de interações. Se o grânulo for menor, a quantidade de interações será maior, e quanto maior, mais tempo leva para ser concluída, ou maior a capacidade de processamento necessária. O espaço também é possivelmente contínuo, ou tem granulosidade tão pequena quanto o comprimento de Planck , que é 1,616*10^-35 metro, mas nas simulações os grânulos de espaço podem ter 1 ano-luz ou mais. Essas diferenças de granulosidade e complexidade entre a situação real e a simulação são gritantes, e deveria haver todo um conjunto de testes de validação para mostrar que a simulação é capaz de produzir resultados confiáveis, inclusive estimando os limites de erro esperado entre a simulação e a situação real. Mas na prática não há tal preocupação por parte dos pesquisadores, cuja preocupação é publicar seus artigos, independentemente de os resultados representarem algum conhecimento legítimo e confiável. Portanto, não há uma boa razão para acreditar que os resultados dessas simulações sejam corretos, ou sequer a ordem de grandeza seja correta. Mas com base nos tais resultados, constatou-se que a forma das galáxias, especialmente as espirais, é diferente da que seria esperada com base na idade dessas galáxias (estimada com base nas estrelas mais velhas presentes nelas), sugerindo que a velocidade de rotação nas regiões mais próximas ao centro foi quase igual à velocidade de rotação nas regiões marginais, quando o esperado, com base na Teoria da Gravitação, seria que as estrelas nas regiões mais próximas ao centro tivessem velocidade muito maior. Além disso, as velocidades radiais medidas por efeito Doppler de estrelas próximas ao centro e afastadas do centro de cada galáxia, em diferentes galáxias, concordam com os resultados obtidos pelas simulações em computador. O que isso mostra é que algo está errado sobre o que se pensa saber sobre gravidade, ou sobre relação massa/luminosidade, ou sobre efeito Doppler, ou sobre Relatividade, ou uma combinação disso tudo. Para tentar explicar a diferença entre a velocidade teórica que seria esperada e a velocidade empírica medida, foram propostas diferentes explicações, sendo que uma delas foi a invenção da matéria escura. Algumas tentativas de solução tentam modificar ou introduzir novos parâmetros no modelo tradicional da Teoria da Gravitação, outras sugerem que podem ter ocorrido erros nas medidas do efeito Doppler, entre outras possibilidades. A hipótese da matéria escura é a que tem desfrutado maior popularidade entre os cientistas, porque tem algumas virtudes que as outras não têm: ela serve para explicar maior variedade de situações, inclusive colisões de aglomerados de galáxias, e porque é a mais fácil de operacionalizar. Apesar dessas vantagens sobre as outras tentativas de explicação, ela apresenta alguns problemas graves e que deveriam implicar rejeição. Veremos alguns: 1. Não existe uma função que seja capaz de descrever a distribuição da matéria escura, de modo que os adeptos dessa teoria têm total liberdade “poética” para posicionar a quantidade de matéria que quiserem nas posições que bem entenderem, até que os números possam concordar entre teoria e dados experimentais. Isso é o mesmo que faziam os gregos quando iam somando epiciclos ao modelo, para forçar os resultados teóricos a se ajustarem aos dados experimentais e, assim como o modelo geocêntrico dos grego era uma representação estruturalmente imprópria, o modelo de matéria também tem todas as probabilidades de ser uma representação imprópria para o fenômeno que ele pretende descrever. 2. As tentativas de simular a distribuição de matéria escura apresentam erros graves na região central das galáxias, e só conseguem descrever o comportamento nas regiões mais externas. 3. O modelo invoca a existência de 4 vezes mais matéria do que é observada, requer que essa matéria seja invisível e com baixíssima secção de choque. No gráfico acima, onde o autor diz que a diferença entre as velocidades de rotação é uma “evidência” da presença de matéria escura, mostra quão primária e dogmática é a visão de muitos pesquisadores. A diferença observada é uma evidência de que algo está errado com o que se pensa saber sobre gravitação, ou efeito Doppler, ou no tratamento dos dados brutos etc., e a matéria escura é apenas uma invenção esotérica para remendar o modelo de modo a manter concordância entre teoria e experiência. O mais terrível é que fazem experimentos que alegam servir para verificar a existência de matéria escura, quando na verdade tais experimentos já adotam a premissa de que qualquer anomalia gravitacional que será observada, se for atrativa será explicada pela matéria escura, se for repulsiva, pela energia escura, logo sempre os experimentos vão corroborar a existência dos fantasmas que inventaram, exceto nos casos em que não haja anomalia gravitacional. Isso evidentemente não é verificação ou corroboração de nada. É publicidade barata, feita por pesquisadores que, sem agregar qualquer conhecimento inovador ou útil, aproveitam-se da ignorância das pessoas sobre Metodologia Científica para vender uma ideia falsa de que estão realizando trabalhos relevantes para compreender a estrutura do Universo, quando no fundo estão meramente coletando dados e constando que estes dados não ajustam ao modelo vigente, ou seja, não conseguem entender o que estão fazendo. Para mascarar a insuficiência do modelo, empurram punhados convenientes de matéria invisível nas regiões necessárias para que os efeitos gravitacionais fiquem compatíveis com a experiência. Isso é tão sujo quanto os pacientes fictícios inventados por Cyril Burt para forjar dados estatísticos que corroborassem suas teorias, isso não é Ciência e, sob certo aspecto, é até mesmo criminoso, tão criminoso quanto qualquer forma barata de charlatanismo. A formulação da teoria é necessária, as tentativas de ajustar a teoria aos resultados experimentais são necessárias, o constante aprimoramento da teoria é necessário. O crime está em dizer que um resultado que parte da premissa de que matéria escura existe serve para comprovar a existência de matéria escura. É incrível que revistas especializadas aceitem para publicação algo desse nível. Uma analogia simples consiste em dizer que dentro dos relógios analógicos existem pequenos elefantes cor-de-rosa que empurram os ponteiros com as trombas, fazendo com que o ponteiro dos minutos dê uma volta a cada hora e o das horas dê 1 volta a cada 12 horas. Depois pega-se um relógio para verificar, e constata-se que de fato o ponteiro dos minutos dá uma volta a cada hora, e o das horas dá uma volta a cada 12 horas, PORTANTANTO está comprovado que os pequenos elefantes cor-de-rosa existem, estão dentro do relógio e estão fazendo isso. Parte do conhecimento científico atual é lixo dessa categoria. Aliás, mais de 99,9% dos artigos científicos são desse nível ou pior. Felizmente, entre os 0,1% de boa qualidade há muito conhecimento preciosíssimo e, a longo prazo, o lixo vai sendo filtrado e descartado, enquanto os diamantes vão sendo lapidados e colocados nos devidos lugares. A verificação sobre a existência de matéria escura poderia ser pela modelagem de como ela deve se distribuir na presença de corpos massivos, e então confrontar as distribuições necessárias para explicar os efeitos gravitacionais observados com as distribuições teóricas. Ou realizar experimentos na Terra que detectem neutralinos, gravitinos, ou sejam quais forem os componentes não-bariônicos, não-leptônicos e não-bosônicos da matéria escura. Embora se suponha que matéria escura seja muito pouco interativa, os neutrinos também são, e estão sendo detectados há décadas. E mais importante do que verificar a existência de matéria escura é tentar falsear essa teoria. Não há experimentos com o propósito de falsear a teoria. Isso é outro péssimo sinal, porque mostra parcialidade. Os autores dos experimentos não buscam a verdade, mas sim buscam forçar o resultado desejado. Experimentos para falsear a teoria resolveriam mais facilmente o assunto, e passariam a pensar numa explicação mais razoável. Em vez disso, tentar verificar a existência é uma forma de encobrir o problema e ir empurrando com a barriga. Os primeiros experimentos sempre devem ser com a finalidade de mostrar que a teoria é imprópria para representar determinado fenômeno. Se ela resiste às primeiras tentativas de falseamento, então pode começar a ser levada a sério. Sobre a alma Já no final do século XX, alguns pesquisadores, em diferentes institutos, investigavam e conjeturavam sobre a possibilidade de transmissão de informações de um meio inorgânico, como um HD, para um meio orgânico, como um cérebro, e vice-versa. Considerando que ambos os meios interpretam as informações em forma de sinais elétricos de presença ou ausência de corrente, podendo, talvez, envolver também intensidade da corrente e outras propriedades dos sinais elétricos, tudo indica que essa transmissão seja possível, desde que haja um “tradutor” apropriado. Se considerarmos o ritmo com que nossa tecnologia vem se desenvolvendo nos últimos 6.000 anos, especialmente nos últimos 200 anos, podemos concluir que nos próximos séculos ou milênios muito provavelmente seremos capazes de fazer esse tipo de transferência de dados, isto é, copiar o conteúdo de um cérebro para um HD ou alguma outra mídia de armazenamento e, em seguida, transferir estes dados do HD para um outro cérebro, ou ainda utilizar estes dados diretamente no HD, colocando este HD como parte de uma entidade inteligente constituída por um corpo inteiramente inorgânico, um robô, ou um andróide parcialmente orgânico e parcialmente inorgânico, ou ainda uma entidade constituída por energia ou por algo imaterial. Nesse contexto, todo o conhecimento adquirido por uma pessoa ao longo da vida pode ser transferido para outra pessoa, ou para um computador, para um robô ou para qualquer ente que possua um dispositivo de armazenamento e um de processamento capazes de armazenar, interpretar e processar os sinais que codificam as informações. Desse modo é possível que civilizações mais avançadas que a nossa sejam capazes de, quando uma pessoa está prestes a morrer, ou logo após a consumação da morte, coletar todas as informações contidas no cérebro do recém falecido, inclusive dados relacionados à personalidade dessa pessoa, sua auto-imagem, informações genéticas diversas que não constam no cérebro e tudo o mais, para depois transmitir estas informações a uma entidade etérea que passe a ter precisamente as mesmas características personalógicas e epistemológicas da pessoa que acabara de falecer, podendo ter opcionalmente uma capacidade de processamento igual, superior ou inferior, dependendo do poder de processamento da nova entidade, ou seja, pode-se preservar toda a informação de tudo que a pessoa vivenciou ao longo de sua existência corpórea em uma outra entidade imaterial, com a opção de ter uma lucidez superior àquela que a pessoa tinha enquanto estava presa a um corpo orgânico. Esta nova entidade que recebe a personalidade e as memórias da pessoa que faleceu pode ser entendida como a alma da pessoa. A alma nada mais é que uma entidade imaterial que preserva a mesma personalidade e a mesma memória da pessoa que estava viva, e preferencialmente passa a ter um poder de processamento superior para que faça melhor uso das informações de que dispõe. Uma civilização muito avançada pode ter interesse em preservar não apenas as almas de sua própria espécie, mas também de outras espécies de seu planeta e de outros planetas, inclusive do nosso planeta, já que as almas são arquivos vivos de história, que guardam informações preciosas e detalhadas. As almas são um acervo de valor inestimável, e para uma civilização muito evoluída é interessante zelar pela conservação de tal acervo, bem como se empenhar para a constante atualização e ampliação desse acervo. Portanto tal civilização, ou tais civilizações, já que pode haver muitas que façam isso, estariam de prontidão acompanhando a vida das pessoas, para que no momento da morte pudessem recolher os dados o mais rápido possível, antes que o cérebro comece a se deteriorar e perder informações. Esse processo de coleta e armazenamento pode demandar certa quantidade de energia e recursos, que não são infinitos, o que pode tornar necessário selecionar quais pessoas possuem memórias e personalidades que vale a pena que sejam preservadas, e quais não representariam perdas tão importantes no caso de suas memórias e personalidades serem perdidas juntamente com a decomposição do corpo físico. Isso significa que talvez animais não tenham tanta prioridade na preservação da personalidade e das memórias, o que estaria consoante com algumas religiões que afirmam que animais não possuem alma, enquanto outras religiões afirmam que todos os organismos vivos, inclusive plantas e seres unicelulares, possuem alma. Não dispomos de dados para assegurar que o correto seja uma ou outra possibilidade. Mas podemos concluir que se não houver recursos suficientes para armazenar todas as personalidades e memórias de todas as pessoas, é provável que sejam escolhidas apenas algumas pessoas para terem suas almas salvas e somente estas sejam imortalizadas, enquanto as demais perecem junto com o corpo físico. Quais os critérios que estas civilizações mais avançadas utilizam para selecionar as pessoas cujas almas serão salvas? A resposta é que, embora provavelmente civilizações diferentes adotem critérios ligeiramente diferentes em alguns detalhes, elas devem ter alguns parâmetros gerais comuns, tais como: 1) Pessoas que praticam o Bem e se harmonizam com a Natureza e com as outras pessoas, animais, vegetais. 2) Pessoas cuja vida seja repleta de experiências culturalmente enriquecedoras e úteis, que tenham adquirido ao longo da vida muito conhecimento sobre Ciência, Arte, Tecnologia, Literatura etc. 3) Pessoas com personalidade branda, que não criem nem se envolvam em conflitos a menos que haja motivos graves, como lutar contra injustiças e maldades. São critérios consensualmente coerentes para que as almas selecionadas vivam em paz e harmonia entre si, produzam conhecimento, gerem prazer e felicidade para todas e para cada uma. Também é provável que existam diferentes estágios em que as almas salvas, dependendo de quão bem atendem aos critérios de seleção, recebam um escore de “bondade”, e com base nesse escore sejam estratificadas e levadas a formar comunidades com outras almas com escores de bondade semelhantes. Assim pessoas como Sócrates, Buda, Madre Tereza teriam suas almas levadas aos níveis mais altos de bondade e conviveriam entre si, com acesso a determinados privilégios e prazeres inacessíveis às outras almas. Pessoas como Newton, Galileu, Einstein, Arquimedes etc. teriam suas almas levadas a regiões celestes nas quais ficariam outras almas com personalidades e memórias semelhantes, a fim de que possam se integrar melhor umas com as outras. Pessoas como Hitler, os assassinos e pessoas maldosas em geral, provavelmente não teriam suas almas salvas e, com a morte do corpo, elas deixam de existir. É interessante como podemos construir uma estrutura lógica e científica fundamentando a existência da alma, e como ela fica basicamente igual, na essência, às crenças que se tem sobre a alma tal como é tradicionalmente concebida num contexto esotérico. De certo modo, pode ser que essa formulação tenha sido influenciada pelo conhecimento prévio de como é um conceito tradicional de alma, e o novo conceito tenha sido modelado para se adequar ao tradicional. Mas mesmo que tenha sido esse o caso, o conjunto de fatos e argumentos é bem articulado de modo a sustentar essa teoria. Ainda que seja uma teoria momentaneamente esotérica, porquanto não se dispõe de meios até o momento para testá-la, é uma teoria que busca embasamento na Ciência contemporânea, não em mitologia, folclore e lendas de povos antigos. O importante e o interessante é que esse modelo de alma tem altas probabilidades de ser uma representação razoavelmente fidedigna do que realmente acontece no Universo, não requer que se tenha fé para acreditar que seja assim, mas discernimento e conhecimento para julgar. Conforme já foi dito “a verdadeira fé nasce da dúvida”, e realmente deve ser assim. Não se pode exigir que a pessoa tenha fé em algo improvável, incrível, sem similar no cotidiano, sem que se apresente a menor evidência de que aquilo seja real e sem usar bons argumentos para apoiar tal crença. A fé deve nascer naturalmente, quando uma hipótese é submetida a dúvidas severas e o caso é perscrutado com o máximo rigor, e mesmo assim não se pode apontar falhas ou refutar a tese, então a fé surge como um entendimento de que aquilo provavelmente é real e correto. Não se confia numa pessoa simplesmente porque ela diz que se deve confiar nela, mas sim porque a conduta dela inspira confiança. Nossa missão não é inventar um conjunto de dogmas e os tentar impor às pessoas, forçandoas a crer em algo por lavagem cerebral ou coagindo pelo medo de castigos divinos. Nossa intenção é tentar interpretar como realmente pode ser um processo físico ou metafísico real subjacente à existência de Deus, da alma, da vida, do Universo. Em lugar de castigos e prêmios, deve-se pensar em conseqüências. Quais as conseqüências de levar uma vida improdutiva, injusta, imoral, antiética? Tanto na vida terrena como na vida pós-corpórea, os atributos que se conquista ao longo de uma vida produtiva, justa, ética, inspiradora, moralizante acabam rendendo melhores frutos. Há muitos detalhes sobre a alma que não temos como saber, mas podemos deduzir. É possível que no processo de transferência de dados do cérebro para a alma não façam essas coletas exclusivamente no momento da morte, mas também várias vezes ao longo da vida, para garantir que no caso de uma morte súbita, em algum momento que a pessoa não esteja sendo supervisionada para a transferência, não se perca o conteúdo total, mas apenas do último período após a última transferência, como os backups constantes. Isso demandaria mais recursos para essas transferências constantes, e pode ser que algumas pessoas recebam mais transferências que outras, dependendo do quanto suas almas precisam ser integralmente armazenadas e da disponibilidade de recursos para estes backups freqüentes, já que backupear muitas vezes a mesma pessoa implicaria deixar de backupear outras pessoas, assim é necessário pesar quanto vale a pena atualizar os dados de uma pessoa mês a mês ou dia a dia, e com isso utilizar os recursos que poderiam ser usados em 700 outras pessoas inteiras ou mais. Uma pessoa como Gandhi, por exemplo, vale por quantas pessoas comuns? Armazenar um dia da produção de Isaac Newton vale por quantas vidas inteiras de pessoas comuns? Sob este prisma, começam a se evidenciar alguns fatos bastante preocupantes: muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos. Na Idade Média se dizia que apenas 1 em cada 144.000 pessoas ia para o Céu, e realmente a proporção pode ser aproximadamente nesse nível. Digamos que a disponibilidade de recursos possibilite salvar 1% das almas, no entanto algumas almas sejam backupeadas 1 vez por dia, portanto consumindo 27.000 vezes mais recursos que uma alma típica, então com estes 1% de recursos apenas 0,01% ou 0,001% das almas seriam efetivamente salvas, que dá 1 em 10.000 a 1 em 100.000. Mas também é possível que haja recursos abundantes para salvamento de almas, e quase todas ou pelo menos cerca de 10% sejam salvas, ainda que algumas não inteiras. Então a cada 10 pessoas, 1 é salva. Pode ser também que haja tanta abundância de recursos que todas as almas sejam salvas, porém algumas são direcionadas a regiões celestes maravilhosas, compatíveis com a vida exemplar que tiveram, para conviver em clima de amor e felicidade com outras que foram como elas durante a vida, enquanto outras almas são enviadas a regiões bem menos agradáveis, para conviver com outras almas de pessoas de personalidades comparáveis, bem como com acesso a menos privilégios e benefícios. O interessante é que em todos os casos temos indícios de que é preferível levar uma vida correta e justa. O exercício constate do Bem em todas as suas facetas tende a produzir bons frutos e recompensar a pessoa generosa e íntegra. E mesmo que não fosse pela recompensa, o que é certo deve ser feito simplesmente por ser certo, independentemente de qualquer recompensa, conforme prega o Zoroastrismo e outras religiões. Aliás, a pessoa não precisa ser vinculada a nenhuma religião para que sua alma seja salva. Basta que ela viva em harmonia com tudo e com todos. Não é o ato de ir à igreja, rezar, cantar, doar algo ou pedir algo a Deus que fará da pessoa alguém melhor. A maneira de pensar e agir é que fazem da pessoa um bom ou um mau modelo de virtude ou vicissitude. Muitas pessoas vão à igreja todos os dias, mas são incapazes de ajudar a uma pessoa necessitada, não respeitam a natureza, fuxicam a vida alheia, injuriam, mentem etc., de modo que o fato de freqüentarem assiduamente uma igreja em nada contribui para o salvamento de sua alma nem para que sua alma seja levada a regiões celestiais mais sublimes e habitadas por boas almas. O processo de transmissão de informações dos cérebros das pessoas recém falecidas para as almas não requer proximidade física, assim como os sistemas wireless de transmissão de dados ou tecnologias muito superiores, de modo que o procedimento pode ser realizado sem que ninguém perceba. O monitoramento das vidas das pessoas também pode ser feito à distância, portanto não haveria meios de detectar o que está havendo. Deus O texto “Reflexões Ontológicas” me parece apropriado e oportuno para preencher o capítulo sobre “Deus”. Foi escrito em 2000, mas a maior parte do conteúdo permanece atual, exigindo apenas poucas atualizações em relação a quantidades de satélites conhecidos e detalhes de importância menor, que não afetam a essência, bem como algumas revisões gramaticais e de alguns pormenores. Transcreveremos a seguir o texto devidamente atualizado e revisado: Reflexões Ontológicas Por Hindemburg Melão Jr. 25/11/2000 Esse texto foi escrito no início de 2000. Cerca de seis meses depois, foi apresentado ao nosso amigo L.D. Agora está sendo disponibilizado na rede. L.D. é um profundo conhecedor de religiões diversas, possui um website sobre humanismo secular, no qual oferece muitas informações sobre religiões, seitas e doutrinas filosóficas, desde os mais tradicionais segmentos do Cristianismo até as seitas mais bizarras (de pessoas que se dizem a reencarnação de Jesus, de “empresas” que comercializam o nome de Deus etc.), passando pelas religiões mais conhecidas (Budismo, Islamismo, Judaísmo, Kardecismo, Xintoísmo, Zoroastrismo, Agnosticismo) e pelas mais raras (Bahá’í, Deísmo). L.D. é ateu-budista e, logo que o conheci, enviei-lhe o texto seguinte com a intenção de persuadi-lo a mudar suas crenças. Depois de alguns meses sem resposta, escrevi a ele perguntando se tinha se ofendido com minha hipótese. Ele disse que não. Apenas estava pensando numa resposta... Logo que ele enviar essa resposta, será publicada como extensão desse texto. Se, por um lado, ainda não recebi a resposta de L.D., por outro tenho recebido muitas mensagens de outras pessoas, a maioria das quais elogia o texto ou faz críticas construtivas. Em 14/01/2003 recebi um e-mail de L.S.V., opinando sobre esse texto. Alguns dias depois (23/01/2003), L.S.V. nos apontou um erro nesse texto, relativo a uma informação sobre ônibus espaciais. Solicitei confirmação dos nossos amigos Bob Seitz e Steve Schuessler, que já trabalharam na NASA, e os dados de Leonardo foram confirmados. A informação errada já foi suprimida. O primeiro a enviar comentários foi nosso amigo Ricardo Luis Gerber e, entre as pessoas que se manifestaram, acho que, apesar das falhas na maneira como eu tentei me expressar, o Ricardo foi o único que interpretou o que eu tive a intenção de transmitir. Além dele, também recebi mensagens de outras pessoas muito inteligentes, com destaque para P.S., que até agora é o autor das críticas mais pertinentes. Já recebi e-mails de um blog e de algumas pessoas que não se identificaram. Entre as críticas que eu julguei necessário enviar alguma resposta, acredito que alguns parágrafos da mensagem que enviei a P.S. sejam particularmente interessantes e podem tornar a idéia do texto mais clara, por isso esses fragmentos serão incluídos. Para poupar tempo a quem já leu o texto inteiro, vou colocar os novos parágrafos em vermelho. Um dos pontos defendidos por Paulo Santoro, com o qual eu concordo, é que, embora a razão humana seja limitada e não sejam conhecidos organismos providos com razão ilimitada, a razão em si pode ser ilimitada. Mesmo que a existência da razão precise ser precedida pela existência de um ser racional, ainda assim podem existir seres com razão ilimitada. As palavras dele sobre esse assunto são transcritas em verde. Os novos parágrafos foram adicionados a "Razão imperfeita" e "Conclusões". Nesse texto pretendo demonstrar que a probabilidade de que "Deus existe" tende a 1. A tese se baseia em nossa percepção tosca, em nossa razão imperfeita, em nosso conhecimento limitado e na imensidão do desconhecido. Deixamos de lado o conteúdo da Bíblia, cuja interpretação deve ser figurativa. O texto recorre a alguns termos do jargão científico que talvez precisem ser consultados pelo leitor, a fim de conseguir um entendimento pleno da hipótese desenvolvida. Percepção imperfeita: Quando observamos uma laranja, podemos reconhecer sua forma aproximadamente esférica, sua cor alaranjada e distinguir alguns detalhes em sua superfície. Podemos tocá-la e sentir sua temperatura e sua textura. Podemos sentir o cheiro exalado por ela e também podemos conhecer seu sabor. Nossa audição não pode captar nenhum som emitido por ela, o que nos leva a crer que ela não é um objeto sonoro. Não podemos saber se existem outras propriedades sensíveis a serem consideradas na laranja, porque possuímos apenas 5 sentidos. Isso não é motivo para acreditarmos que existem apenas 5 sentidos. Sabemos de peixes que vivem na profundeza escura dos oceanos, onde a luz solar praticamente não chega, por isso os olhos desses peixes são desnecessários e a natureza se encarregou de atrofiá-los e, depois, suprimi-los. São peixes que nascem sem olhos e jamais podem conhecer o sentido da visão. Se eles fossem criaturas inteligentes, não conseguiriam entender o que é a visão, por mais detalhada que fosse a explicação que recebessem, não teriam como entender a diferença entre vermelho e azul, por exemplo. O livro “A terra dos cegos”, de Herbert George Wells, parece descrever muito bem nossa incapacidade de reconhecer um sentido que nos falta, tentando deduzi-lo a partir dos sentidos que possuímos. Seguramente, um cego pode saber sobre os comprimentos de onda que definem as cores, mas não podem conhecê-las do mesmo modo que uma pessoa provida com visão normal. É possível que existam muitas outras propriedades sensoriais que desconhecemos, o que representaria mais uma limitação ao nosso conhecimento sobre o Universo. Voltando à laranja: nós podemos empregar todos os nossos sentidos, em conjunto, mas isso não seria suficiente para saber que a laranja é constituída por células, e essas células por moléculas, e estas por átomos, e estes por prótons, nêutrons e elétrons, sendo os elétrons partículas elementares, enquanto os prótons e nêutrons são constituídos por quarks. Isso significa que nossa percepção é incompleta. Podemos distinguir as propriedades dos objetos com os quais interagimos, mas apenas dentro de estreitos limites. Se colocarmos uma gota de limão numa jarra com água e bebermos um gole, não seremos capazes de distinguir seu sabor do da água de outra jarra na qual não tenha sido pingado o limão. Enfim, nossas sensações nos fornecem informações imprecisas e incompletas. Podemos até mesmo ser driblados por nossos sentidos: se durante alguns minutos deixarmos uma mão dentro de um balde com água quente, enquanto a outra mão permanece num balde com água fria, e depois mergulharmos as duas mãos, simultaneamente, num balde com água à temperatura ambiente, teremos sensações diferentes nas duas mãos. Está claro, portanto, que a maneira como experimentamos a realidade não é totalmente confiável. Razão imperfeita: Pode parecer inconsistente usar a razão para mostrar que a razão não funciona. Na verdade, não é inconsistente, porque a intenção é apenas mostrar que a razão é limitada, por isso não podemos acreditar com excessiva confiança naquilo que a razão sugere ser a verdade. Todos os dias o Sol nasce no Leste e se põe no Oeste. Assistimos à Lua, aos planetas e às estrelas acompanharem o mesmo movimento, de Leste para Oeste. “Evidentemente”, isso acontece porque eles estão girando em torno de nós... Outra possibilidade seria que o chão, no qual nos encontramos, estivesse girando no sentido contrário, mas essa hipótese deve ser descartada, porque se o chão sob nossos pés estivesse se movendo, então quando deixamos uma pedra cair, ela não percorreria uma trajetória perpendicular ao solo, mas um trajeto inclinado. Além disso, seríamos arremessados para longe do centro de giro, do mesmo modo que acontece quando giramos um objeto preso à extremidade de um cordão, afinal, sabemos que esse objeto tenderia a ser arremessado para longe, se não houvesse o cordão segurando-o. Nossa lógica intuitiva, portanto, sugere que o Sol e todos os objetos celestes estão girando em torno de nós, não havendo margem para outra suposição. Essa “lógica” é tão bem fundamentada que permaneceu vigente por cerca de dois mil anos. Milhões de pessoas pensaram sobre essa questão ao longo desses 2000 anos, mas praticamente ninguém conseguiu refutar a teoria de que tudo gira em redor da Terra. Se vivêssemos no século V da Era Cristã, a verdade, para nós, seria isso, e louco de quem discordasse. Essa seria a verdade que aprenderíamos nas universidades, e acreditar nela seria sinal de sabedoria. Discordar dela seria indício de ignorância, de incapacidade para compreender o Cosmo e sua lógica subjacente. Hoje sabemos que o Sol permanece aproximadamente em repouso, em relação ao baricentro de nosso sistema planetário, enquanto a Terra e os demais planetas giram em volta dele. Esse exemplo nos mostra que nossa lógica é falha e pode nos conduzir a erros graves e ainda nos manter fiéis a esse erro por milênios! Do mesmo modo que Aristóteles errou sobre o sistema cosmológico que representa o Universo, 25 séculos atrás, por desconhecer gravitação, empuxo, viscosidade etc., também podemos errar em muitas coisas, quando tratamos dos assuntos relacionados aos horizontes de nosso conhecimento. Isso não acontece apenas devido à nossa falta de informação, mas também à nossa falta de capacidade de discernimento. O clássico problema das 3 portas, sobre o qual podemos encontrar a história detalhada em http://www.willamette.edu/cla/math/articles/marilyn.htm, é apenas uma questão “elementar” de Lógica, envolvendo rudimentos de probabilidades, mas foi resolvido incorretamente por milhares de Ph.Ds. em Matemática, inclusive autores de dezenas de livros sobre Teoria das Probabilidades. O matemático Paul Erdös também o resolveu incorretamente e, mesmo depois que lhe mostraram a solução correta, ele insistiu em defender a solução errada durante alguns dias. Paulatinamente, ele foi se convencendo e acabou aceitando que estava errado. Paul Erdös é considerado por alguns acadêmicos “o maior matemático do século XX”. Até onde sei, a primeira pessoa que resolveu corretamente esse problema foi Marilyn vos Savant, que está registrada no Guinness por ter o QI mais alto do Mundo. Quando o problema me foi apresentado pelo nosso amigo Rafael Zakowicz, eu também errei e demorei alguns minutos para perceber o erro. Eu só consegui compreender o problema com clareza quando o Rafael citou um exemplo com 100 portas, em vez de 3. Mas o meu caso não conta, porque eu sou tão burro que quando me mostraram um problema semelhante, mesmo eu conhecendo a solução, eu cometi o mesmo erro!! Até agora, só conheci uma pessoa que acertou esse problema (e que seguramente não tinha conhecimento prévio da solução da Marilyn): nosso amigo Petri Widsten. Entre a lista de erros institucionalizados que tenho visto e corrigido, um deles é o método de cálculo de IMC, conforme expliquei no livro “IMC na balança”, o método usado pela NASA, pela ESA e por outros centros de pesquisa para cálculo das distâncias das estrelas a menos de 3.000 anos-luz, diversos erros na metodologia de aferição do nível cognitivo, diversos erros em estratégias para investimentos, metodologia para seleção e avaliação de tais estratégias, problemas com a Teoria da Evolução de Darwin e Wallace etc. Esses problemas são difíceis? Eu creio que não. Em nossas vidas, lidamos diariamente com centenas ou milhares de problemas práticos muito mais difíceis, mas os resolvemos “nas coxas”. Um exemplo é decidir sobre qual é o momento ótimo para ir dormir, ou qual a quantidade ótima de alimentos a ser ingerida (e estas são só questões quantitativas, comparativamente simples). Nós nos damos por satisfeitos com estimativas grosseiras, porque esses problemas são tão duros que temos consciência de que é preferível dar uma solução “nas coxas”, porém rápida, a ficar eternamente indeciso, como o asno de Buridano. Isso pode nos causar a falsa impressão de que estamos resolvendo bem nossos problemas cotidianos, quando na verdade os tratamos terrivelmente mal. O fato é que o problema das três portas, citado acima, está muito abaixo da média dos problemas do Mundo real, porém está no limiar do que a humanidade inteira pode resolver num intervalo de algumas décadas. Ao examinar esse problema, estamos lidando com uma questão que envolve raciocínio e imaginação, pois não há como dissociar uma da outra quando tratamos de problemas que beiram os limites de nossa capacidade. Nesses casos, precisamos canalizar todos os recursos cognitivos de que dispomos e orientá-los aos pontos chave da questão. Mesmo assim, na maioria das vezes chegamos a conclusões incorretas. E o pior é que nos iludimos com nossas falácias, porque não percebemos (ou custamos a perceber) nossos próprios vícios. E tem que ser assim, porque em quase todos os casos é melhor ter uma atitude errada e uma decisão errada do que não ter atitude ou decisão nenhuma. Se tivéssemos que premeditar cada passo e cada gesto com exatidão matemática, simplesmente não viveríamos. Mensagem enviada por P.S. sobre o trecho acima, em vermelho: Todos esses dados são perfeitos. Mas deixe-me tentar ser claro em meu ponto de vista (será difícil para mim, estou longe de tê-lo “pronto”). Quando você cita esses casos, você revela, não uma limitação da razão, mas um retardamento em sua aplicação. Por isso acho que temos aqui um problema com o sentido da palavra “limite”. Quando eu penso que a razão é “ilimitada”, não estou pensando na capacidade individual das pessoas, mas sim no mecanismo que a racionalidade pressupõe. Assim, minha idéia é coerente com os seus dados: embora as pessoas tenham ficado muito tempo sem encontrar certas soluções, essas soluções não deixam de ser consideradas “elementares” segundo “rudimentos” da lógica. E acabam por ser encontradas. Eu não sei se entendi corretamente, mas me parece que você está separando a razão do ser racional. Nesse caso, eu acho que a razão pode, em teoria, ser ilimitada, embora não exista nenhum organismo conhecido que possua razão ilimitada. P.S: É isso o que eu queria dizer. Conhecimento limitado de uma amostragem limitada: Na Antigüidade eram conhecidos 7 planetas (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) e as estrelas fixas. Os cometas e meteoros eram considerados fenômenos atmosféricos. Era tudo que havia em ‘nosso Universo’, cujo tamanho era estimado em cerca de 500 milhões de quilômetros. Alguns ousavam especular sobre o que havia além da esfera de estrelas, mas não passavam de adivinhações. Hoje sabemos que nosso sistema planetário contém 4 planetas grandes e fluidos, 4 planetas pequenos e rochosos e 1 planeta peculiar (Plutão), milhares de cometas e asteróides, além de quase 100 satélites orbitando em redor de 7 desses planetas. [Nota em 15/2/2010: o trecho acima foi escrito em 2000. Em 2006, a União Astronômica Internacional convocou um comitê para redefinir “planeta”, e desde então Plutão passou a ser considerado um “darf planet” ou “planeta-anão”, assim como Ceres, Sedna, Qaoar e outros; a quantidade de satélites conhecidos atualmente também cresceu consideravelmente, sendo mais de 100]. Existem em torno de 200 bilhões de estrelas em nossa galáxia, algumas com sistemas planetários semelhantes ao nosso, e existem centenas de bilhões de galáxias no Universo observável, galáxias como a nossa, e elas estão espalhadas pelo espaço, distribuídas em aglomerados ou isoladas em grandes regiões vazias. Também existe poeira escura, quasares e buracos-negros. Todos esses objetos estão, em média, apresentando um ”desvio para o vermelho” em relação ao nosso planeta, o que nos leva a acreditar, com base na Teoria da Relatividade, que estão todos se afastando de nós, qualquer que seja a direção para onde olhamos. Para não incorrer no erro de julgar que estamos no centro de um Universo em expansão, admitimos que nosso Universo é uma hiperesfera ou algum outro tipo de politope, no qual o espaço 3D em que vivemos é a hiper-superfície desse politope. Desse modo, todos os pontos se afastam mutuamente e essa velocidade de afastamento é proporcional à distância entre os corpos, qualquer que seja o ponto de referência. Podemos determinar o tamanho de nosso planeta, comparando a sombra projetada por duas varas espetadas perpendicularmente ao solo, em diferentes latitudes, em datas separadas pelo intervalo de meio ano tropical (a refração atmosférica prejudicará um pouco o resultado). Com o auxílio de potentes telescópios, podemos observar com acurácia a posição relativa do Sol e do planeta Vênus, a partir de dois pontos diferentes situados na superfície da Terra, durante as conjunções entre esses corpos (trânsitos de Vênus) e, comparando as diferenças entre as imagens obtidas nos locais de observação, podemos, por meio da paralaxe, calcular a distância entre nosso planeta e o Sol (a conjunção entre os astros assegura a simultaneidade da observação). Por um método análogo, podemos calcular as distâncias das estrelas mais próximas, observando-as de diferentes pontos de nossa órbita ao redor do Sol. Com base nas Leis de Kepler e de Newton, podemos usar a distância até Vênus para calcular as distâncias de todos os demais planetas e outros corpos do Sistema Solar. Com base em tipos peculiares de estrelas, chamadas “Cefeidas”, cujo brilho varia em períodos regulares e cujo período é, em média, proporcional ao seu fluxo energético, podemos nos aproveitar das distâncias conhecidas das cefeidas próximas para determinar as distâncias daquelas que estão mais afastadas, porque nesses casos os nossos instrumentos não nos permitiriam determinar a distância por meio da paralaxe, pois as distâncias são muito grandes, tornando imperceptível o efeito paraláxico. Assim, podemos usar o período das cefeidas situadas numa galáxia próxima para saber sua luminosidade intrínseca, que, comparada à sua luminosidade aparente, nos fornece a distância da galáxia. Por se tratar de um método estatístico, a exatidão das medidas depende do número de cefeidas observadas nas galáxias e, como esse número não excede algumas centenas, geralmente envolve grande margem de erro. Voltando ao ponto em que falávamos sobre a expansão do espaço, podemos usar as distâncias calculadas para as galáxias mais próximas para determinar as das mais afastadas, com base na comparação do desvio para o vermelho entre umas e outras. Novamente trata-se de um método estatístico, porque todos os corpos são dotados com um movimento próprio e um movimento é apenas o acompanhamento da expansão do Universo, como peixes num rio com forte correnteza, cada um dos quais tem seu movimento próprio e, além disso, todos acompanham o fluxo da correnteza. Nos casos de objetos muito afastados, prevalece o desvio para o vermelho produzido pela expansão do espaço-tempo, mas para objetos próximos o movimento próprio é mais significativo. A galáxia de Andrômeda, por exemplo, que está a “apenas” 2,54 milhões de anos-luz, tem desvio para o vermelho tão pequeno, por estar muito próxima, que seu movimento próprio supera folgadamente seu movimento de expansão e, como seu movimento próprio aponta em nossa direção, isso faz com que ela apresente ‘desvio para o azul’. Com o método do desvio para o vermelho, sabemos que as galáxias e quasares mais distantes detectáveis até agora encontram-se a cerca de 93 bilhões de anos-luz (ou 880 sextilhões de quilômetros). Esse número é pouco preciso e, até pouco tempo atrás, acreditava-se que não fosse possível observar objetos a mais de 13,7 bilhões de anos-luz. Assumimos isso como raio da hiperesfera que representa ‘nosso Universo observável’. Tudo o que podemos observar encontra-se nessa região. Se existe algo além, nosso conhecimento atual não consegue apreender. O que conhecemos (ou julgamos conhecer) não é tudo que existe. É apenas uma pequena fração do que conheceremos no futuro, do mesmo modo que o Universo na concepção dos antigos gregos era uma pequena fração do que conhecemos hoje. No futuro próximo também conheceremos apenas uma fração do que será conhecido num futuro mais distante. Provavelmente, nunca conheceremos tudo. É estranho que estejamos incorrendo no mesmo erro do passado, ao julgar que nosso Universo conhecido reúne tudo que existe. Nosso Universo apresenta algumas características de um buraco-negro. O raio do Universo corresponde aproximadamente ao raio de Schwarzschild que teria uma esfera cuja massa fosse igual a da soma dos corpos observados, ou melhor, supondo que o Universo seja isotrópico, a quantidade de massa observada num determinado volume não-seleto deve representar a densidade média, e a partir daí se pode estimar a massa do Universo inteiro, que corresponde à massa que teria um buraco-negro com o raio do Universo observável. Se estamos vivendo no interior de um buraco-negro ou não, de todas as maneiras existe a possibilidade de haver muita coisa fora de nosso Universo observável, talvez outros Universos com outras leis físicas, completamente distintas das nossas, com seres diferentes de nós e muitas coisas inimagináveis. Mas nada disso está ao alcance de nossas pesquisas (até o momento). Conclusões: Onde queremos chegar é que se nosso conhecimento é limitado, formulado a partir de percepções imperfeitas e incompletas, analisadas por uma razão deficiente e tendenciosa, então não podemos ter certezas. Podemos apenas levantar suspeitas e formular conjecturas mais ou menos pertinentes. Quando consideramos que a mente está imanentemente associada ao cérebro e achamos que a vida não pode existir fora do corpo, não temos nenhuma segurança de que as informações de que dispomos sejam corretas, nem de que as conclusões baseadas nessas informações sejam corretas. Não podemos sequer entender uma laranja ou um grão de pó, mas alguns pensam que são capazes de entender o suficiente para decidir se existe ou não um Ser que criou nosso Universo e, como não conseguem ter a mais remota idéia de como seria tal Ser, concluem que tal Ser não existe. Não estão errados. Simplesmente estão tentando entender algo maior que o Universo com base em informações derivadas de uma minúscula região que conhecem, e usando argumentos tão primários e falaciosos que nem ao menos lhes permite resolver corretamente problemas de lógica incomparavelmente mais simples. É impressionante a pretensão de alguém que não pode resolver problemas básicos, como o das 3 portas, citado pouco acima, julga-se em condições de decidir se Deus existe. O que existe para ser conhecido é imensuravelmente mais vasto do que os objetos que estão ao alcance de nossa análise, e, entre os que estão ao nosso alcance, temos um conhecimento muito superficial e subjetivo. A lógica é uma ferramenta criada por nossa mente imperfeita, por isso é também imperfeita. A lógica não é capaz de lidar com muitas questões. Nossa razão é tão severamente embotada que não nos permite solucionar, num período menor que 3 séculos, um teorema que deriva de uma equação simples, composta por 3 termos (Último Teorema de Fermat: x^n + y^n = z^n). E mesmo com todas essas limitações, somos tão pretensiosos que nos julgamos capazes de determinar se existe ou não existe um Ser Superior que criou a pequena região que chamamos de Universo, como se essa região representasse muito. Certamente representa muito para nós, porque nosso Universo se mostra imenso diante de nossas insignificantes dimensões, mas nosso Universo é uma partícula desprezível em comparação ao que pode existir. O fato é que além das fronteiras de nosso Universo espaço-temporal pode haver muito mais do que somos capazes de imaginar. Houve época em que se pensava que nosso Mundo era único (a Terra não era considerada um planeta). Depois houve época em que se considerava que nosso sistema solar era único. Depois houve época em que se pensava que não havia nada além da Via-Láctea. E hoje pensamos que não existe nada além de nosso espaço-tempo. Isso mostra que não aprendemos muito nos últimos 27 séculos, porque ainda temos a mesma mentalidade conservadora. Os poucos trabalhos especulativos sobre o que pode haver além do nosso horizonte observável, não recebem muita atenção de nossos contemporâneos, mas serão relembrados pelos futuros pesquisadores, quando eles encontrarem evidências de que existe algo além, e que estamos tão errados em julgar que nosso Universo contém ‘tudo’ como estavam nossos antepassados em todas as outras vezes que fizeram esse mesmo julgamento. [Nota 15/2/2010: com a descoberta de movimentos anômalos em diversas grandes estruturas fora de nossa galáxia, bem como a descoberta de objetos com desvio para o vermelho muito acima de 1, aliás, alguns acima de 6, aventou-se algumas hipóteses sobre a existência de matéria escura, energia escura e “multiverso”, de modo que nos últimos 5 anos a idéia de que podem existir muitos Universos além do nosso está tendo considerável penetração na comunidade científica e sendo levado a sério como um modelo capaz de representar a realidade]. Talvez a totalidade de objetos e seres não seja infinita, mas seguramente é muito maior do que nosso pequenino Universo espaço-temporal. Com nossos conhecimentos atuais, sabemos que é quase certa a existência de vida em outros planetas. A evidência estatística é tão forte que nenhum pesquisador sério duvida disso. É possível que haja um milhão de planetas habitados por civilizações muito mais desenvolvidas que a nossa. Esse número não é um palpite. É resultado dos trabalhos de grandes expoentes da Ciência, entre os quais citamos Carl Sagan, Frank Drake, Melvin Calvin e Philip Morrison. Nosso planeta existe há 4,6 bilhões de anos e a vida está evoluindo aqui há cerca de 3,5 bilhões de anos. Só nos últimos 0,000006 bilhão de anos (6.000 anos) começamos a desenvolver a escrita, nos organizarmos em civilizações razoavelmente complexas e passamos a desenvolver tecnologias sofisticadas. Do ano 1000 para o 2000, a humanidade deu um salto do obscurantismo medieval para a era espacial e da informática. Como será nossa tecnologia no ano 3000? E no ano 4000? O desenvolvimento é exponencial. E se pensar que estes intervalos de 1000 anos representam apenas 0,000001 éon, como deve ser uma civilização que tenha surgido só um pouco anos da nossa, há 3,6 bilhões de anos, em vez de 3,5, isto é, 0,1 éon mais avançada ou 100.000.000 de anos mais avançada? De que será capaz tal civilização? E mesmo não tenha surgido pouco antes, mas que tenha evoluído um pouco mais rápido, ou por um caminho evolutivo mais promissor. Já conseguimos substituir órgãos de nosso corpo por próteses capazes de desempenhar a mesma função, conseguimos clonar animais, reproduzir tecidos orgânicos com células tronco, em mais algumas décadas se acredita que será possível reconstituir tecidos lesados com nanorobôs, entre muitas outras conquistas. De seremos capazes daqui a 100.000.000 anos? Ou de que são capazes civilizações 100.000.000 de anos mais antigas que a nossa? Até aqui estamos pensando apenas em termos de pequenos organismos de origem planetária, orgânica, material. Pode haver organismos inorgânicos, com origem em nuvens inter-estelares, ou no interior de estrelas, quasares etc. Que pensar então de como podem ser entidades que tenham surgido fora de nosso Universo, sujeitas a leis físicas diferentes, e podem estar evoluindo há trilhões de anos, centilhões de anos, Googolplexanth anos ou Aleph anos? Seres que nem sequer evoluíram num local onde existe tempo e espaço tais como os concebemos? Seres que evoluíram fora do nosso Universo, sujeitos a leis naturais distintas. O que podemos saber sobre tais seres? Certamente nada podemos saber, nem sequer se existem. Mas, se existe algo infinito fora de nosso Universo, ou mesmo que não seja infinito, mas se for incomensuravelmente maior que nosso Universo e povoado por algo equivalente a civilizações e seres cognitivos, nesse transUniverso inevitavelmente existirão seres de uma variedade infinita (ou pelo menos uma variedade muitíssimo maior do que em nosso Universo), e em meio a essa variedade, alguns serão muitíssimo evoluídos, capazes de construir Universos como o nosso com a mesma facilidade com que fazemos um bolo de chocolate. Fora de nosso Universo espaço-temporal pode haver vida muito diferente dos seres que habitam planetas, e tais seres podem dominar processos capazes de gerar Universos como o nosso. Numa escala mais ampla, podemos ainda supor que o conjunto dentro do qual está inserido nosso Universo e outros Universos de grandeza semelhante, representa apenas uma parte de outro grupo maior, que reúne conjuntos de Universos, que, por sua vez estaria incluído num grupo de grupos de conjuntos... e assim sucessivamente... Enfim, a imensidão do que “pode existir” nos conduz à idéia quase forçada de que existem seres muito superiores a nós, e seres cuja consciência incomensuravelmente mais evoluída lhes permite criar Universos como o nosso. Se esses seres são vários ou se é um único, não podemos saber, nem sequer podemos saber se o conceito de unidade e pluralidade faz sentido, porque vários deuses podem ser um Deus único, pode não haver diferença. Nossa razão é extremamente débil, por isso inibe o desenvolvimento de idéias ousadas sempre que essas idéias não se apóiam nas “muletas” fornecidas pela nossa lógica. Mas se jogarmos fora essas muletas e nos deixarmos guiar pelas asas da imaginação, então poderemos transcender e enxergar além dos horizontes. Assim, fica muito fácil aceitar e acreditar na existência de Deus. Se os argumentos expostos acima ficaram mais ou menos claros, então pode-se aceitar que a existência de Deus não é apenas possível, mas muitíssimo provável. Se os argumentos ficaram bem claros, então a existência de Deus nos parecerá bastante evidente. O único axioma que precisamos aceitar para admitir a existência de Deus é que o infinito tem existência física. Partindo das premissas de que “existe infinito” e “existe Evolução”, sendo que esta evolução é um processo contínuo (embora oscilante) que atua sobre organismos animados, eu acho que a conclusão é que a probabilidade tende a 1. Quando digo “eu acho”, estou sempre tendo em conta que minha razão pode estar me iludindo. [O que estou dizendo neste último parágrafo está implícito no texto precedente, e como as pessoas geralmente são mais bem persuadidas pelas conclusões a que elas próprias chegam do que pelas conclusões que lhes são apresentadas por inteiro, eu julguei, na época que escrevi esse texto, que seria desnecessário incluir essas explicações, mas neste caso talvez seja melhor tornar explícita essa declaração, a fim de evitar interpretações equivocadas.] Há muita ficção que depois de certo tempo a Tecnologia torna realidade. Independentemente de humanos terem inventando o conceito de Deus e da variedade de perfis de divindades de que se tem registro, isso não exclui a possibilidade de existência de uma entidade que reúne quantidade suficiente de propriedades fundamentais que só poderiam estar presentes em um Deus, tais como a capacidade de criar estruturas que denominamos “universos” e uma larga gama de poderes como interromper o fluxo do tempo, reposicionar objetos em diferentes lugares de um determinado universo, ou de mover de um universo para outro, decompor e recompor estruturas complexas como transformar um lago em um cavalo, inclusive tendo o Cavalo uma massa de repouso diferente e ambos estando em campos gravitacionais não relativísticos. Qualquer pessoa do século XXI equipada com algumas trivialidades tecnológicas, se pudesse ser colocada com estes recursos na época dos antigos egípcios, poderia fazer mais que eles atribuíam a alguns deuses. E se passaram menos de 6.000 anos de lá para cá. Como será a tecnologia na Terra daqui a 10.000 anos, ou 100.000 anos ou 1.000.000 de anos? Num Universo que supostamente existe há pelo menos 13.000.000.000 de anos, sendo que nossa Terra existe há apenas 4.600.000.000 de anos, cerca de 1/3 da idade do universo observável teórico. Pode haver civilizações que tenham alcançado um estágio equivalente ao nosso estágio atual 5.000.000.000 de anos antes, e que agora estão 5 bilhões de anos à nossa frente, com uma tecnologia inimaginável. Além dos limites do universo observável, pode objetos muito mais complexos, fontes de energia muito mais poderosas que estrelas ou mesmo quasares, que sirvam para abastecer uma civilização tecnologicamente muito superior a qualquer civilização contida em nosso pequeno universo observável. Para uma entidade consciente de uma destas civilizações que existam há centilhões de anos, ou googolplexianth anos, criar um universo pode ser algo tão simples quanto apertar um botão, ou ter um pensamento e o Universo de materializa conforme este pensamento. Acho improvável que seria necessário 7 dias para criar um Universo, creio que seria pouco mais que o tempo de Planck (se isso representar de fato um limite em nosso universo). Orações Uma oração não precisa ser a repetição da mesma ladainha. Deve ser a formulação de um ou mais pedidos ou agradecimentos. Deve ser direta, objetiva, específica, deve pleitear algo bom e justo, que contribua para a felicidade, harmonia, aprimoramento pessoal. Pedir pela saúde de parentes e amigos que estejam adoecidos, pela felicidade dos que estão tristes ou deprimidos, pela paz dos que estão aflitos. Agradecer por tudo, e por motivos específicos. A oração pode ser improvisada conforme as circunstâncias, não precisa seguir um roteiro predefinido. Também pode seguir um modelo padronizado. O modelo a seguir pode ser repetido todos os dias ou com a frequência que se queira. Não vejo necessidade de termos muitos modelos de orações, creio que uma seja suficiente para expressar o que é necessário, e cada pessoa pode acrescentar o que precisar para complementar seu caso específico. Oração do Bem Deus, o Senhor sabe de nossas necessidades melhor do que nós, sabe de nossas fraquezas e imperfeições, e nos concedeu o Livre Arbítrio, mas precisamos de Sua ajuda para que nossas decisões sejam corretas, contribuam para a harmonia do Universo e para o Bem geral. Queremos usar nosso livre arbítrio com bondade e sabedoria, para disseminar o Bem por todo o Universo e ajudar todas as criaturas e seres para que façam o mesmo. Pedimos que ilumine todas as mentes e almas de todos os seres com o dom do perdão. Que todo o mal, toda a maldade, todo o rancor sejam eliminados de tudo no Universo e todos os seres mereçam ser felizes. Que todos trabalhem para a eliminação do sofrimento, da dor e de tudo que causa mal, e exerçam a prática do Bem em todos os momentos. Que a vida seja um dom aproveitado com sabedoria. Que, a cada dia, cada ser e cada criatura consiga se aproximar o máximo possível de ser bom e merecer todo o Bem, e receber o Bem não apenas na medida de seu mérito, mas sim um pouco acima de seu mérito, como incentivo para sua evolução e elevação espiritual. Obrigado.