PIBID: SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO UMA PRÁTICA LÚDICA E INOVADORA BASEADA NOS DIREITOS HUMANOS Ana Paula Machado 1 - PUCPR Aline do Rocio Neves 2 - PUCPR Maria Luiza Ribeiro3 - PUCPR Sandra Maria Mattar Dias4 - PUCPR Grupo de Trabalho 8- Práticas e Estágios nas Licenciaturas. Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo tem por objetivo apresentar uma das atividades bem-sucedidas desenvolvidas pelo Programa de Iniciação à Docência no Colégio Estadual Santa Cândida, localizado em Curitiba/PR no ano de 2014. O estudo inicia-se relacionando as características da Sociologia no ensino médio, sua importância, os conteúdos consensuais à disciplina, seus parâmetros curriculares, dando uma introdução de seu caráter científico aos alunos. A instituição adotou como tema principal dos subprojetos Direitos Humano, portanto, a Sociologia que participa desde 2012 do PIBID da PUCPR assume este referencial em seus projetos com os alunos. Desta forma se tomará como base as Diretrizes Curriculares de Sociologia (2008) e autores como Florestan Fernandes, Anthony Giddens, Eva Maria Lakatos entre outros. Por meio dessas concepções teóricas busca-se refletir sobre as técnicas de ensino, organização do trabalho pedagógico, e metodologia utilizada no desenvolvimento da disciplina de Sociologia no ensino médio. A questão desafiadora identificada por nós discentes/docentes foi transformar conteúdos complexos em atividades didáticas, lúdicas e criativas que promovam a reflexão, o desenvolvimento crítico e cognitivo. Por meio do Programa de Iniciação à Docência, aprendemos na prática a ser professor, elaborar um plano de ensino, buscar fundamentação teórica, fazer um planejamento com antecedência e com base nas grades curriculares de Sociologia, afim de não perder a cientificidade da disciplina. Uma de nossas preocupações foi adotar a metodologia adequada, com o intuito de despertar o interesse e a dedicação dos alunos, usufruindo da tecnologia e de atividades lúdicas para alcançar êxito na atividade proposta. 1 Graduanda do 6º período do curso de Licenciatura em Ciências Sociais e bolsista do Programa de Iniciação a Docência da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: [email protected] 2 Graduanda do 6º período do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, ex-bolsista do Programa de Iniciação a Docência , atual bolsista no Programa de Iniciação Científica em Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Professora de Sociologia da Secretaria de Estado da Educação –SEED do Governo do Paraná. E-mail: [email protected] 3 Graduanda do 4º período do curso de Licenciatura em Ciências Sociais e bolsista do Programa de Iniciação a Docência da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: [email protected] 4 Coordenadora do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); e coordenadora do Programa de Iniciação a Docência (PUCPR). E-mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 35355 Através da prática desenvolvida no PIBID, criamos a atividade da “Forca dos Teóricos”, e por meio dela pudemos analisar o comportamento dos alunos ao serem recepcionados com uma aula expositiva diferente da convencional, onde eles foram os principais participantes. Palavras-chave: PIBID. Sociologia. Direitos Humanos. Introdução O presente artigo5 tem por objetivo apresentar o planejamento, fundamentação e aplicação da atividade “Forca dos Teóricos”, desenvolvida pelo Programa de Iniciação à Docência- PIBID, e subprojeto de Ciências Sociais no Colégio Estadual Santa Cândida, localizado na cidade de Curitiba/PR. Neste processo espera-se destacar o caráter científico da disciplina de Sociologia no Ensino Médio, visto que o conteúdo faz parte dos temas indicados nas diretrizes curriculares da disciplina. Programa de Iniciação à Docência– Objetivo Este artigo é fruto do Programa de Iniciação à Docência, desenvolvido no Colégio Estadual Santa Cândida, sob supervisão da Professora Marli Gouveia, formada na área de Ciências Sociais, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná e o Curso de Licenciatura em Ciências Sociais, cujos bolsistas participantes da experiência em questão foram: Aline do Rocio Neves, Ana Paula Machado, Claudio Pedrozo, Maria Luiza Ribeiro, e Marina Schulmaister. No ano de 2014, “Direitos Humanos” era o tema central do subprojeto de Ciências Sociais6. Nossos principais objetivos foram relacionar todas as propostas de atividades com o planejamento bimestral da professora supervisora, projeto político pedagógico da escola, sem deixar de correlacioná-las ao tema principal citado anteriormente. O projeto que iremos apresentar a seguir é proveniente de reuniões realizadas semanalmente, em conjunto com todos os grupos inseridos no Subprojeto de Ciências Sociais, a coordenação do subprojeto, representada pela professora Sandra Maria Mattar Diaz, e, os 5 O presente trabalho foi aceito no IV Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica (ENESEB), realizado entre os dias 17 e 19 de julho de 2015 na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), na Cidade de São Leopoldo –RS. Porém, o mesmo não foi apresentado, e por esse motivo não foi publicado. 6 Destacamos o Subprojeto de Ciências Sociais, porque dentro do Programa de Iniciação à Docência da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, existem subprojetos referentes às demais licenciaturas (matemática, química, física, biologia, entre outros), além de, um subprojeto interdisciplinar. 35356 bolsistas universitários com seus respectivos professores/supervisores, responsáveis pelo colégio estadual em que estávamos inseridos. Destacam-se das reuniões o compartilhar de experiências, e a construção do cronograma bimestral. Tabela 1 - Cronograma Bimestral Etapas 1º Etapa A inserção dos participantes do projeto PIBID nas escolas estaduais. 2º Etapa Inserção no ambiente escolar, percepções a respeito do quadro hierárquico da escola, desde funcionários da secretaria, passando pelos pedagogos até a direção. 3º Etapa A preparação das atividades e apropriação do conteúdo, de métodos e concepções de ensino. 4º Etapa Desenvolvimento das atividades (em grupo) 5º Etapa Aplicação das atividades desenvolvidas (em grupo) 6º Etapa Divulgação dos resultados para a coordenação e demais grupos inseridos no Subprojeto de Ciências Sociais. Fonte: Dados organizados pelas autoras. Todas essas etapas do cronograma constituem o Planejamento que contém os objetivos das atividades, a descrição sucinta delas, e previsão dos resultados esperados. A experiência a ser relatada neste artigo buscou seguir todas as fases do cronograma, e propôs a utilização de novas metodologias, uso de tecnologias, além de atividades lúdicas para trabalhar o conteúdo. Desenvolvimento O Projeto de Iniciação à Docência, realizado no primeiro semestre de 2014 no Colégio Estadual Santa Cândida, será aqui relatado pormenorizadamente devido à grande contribuição que teve e tem tido para o processo formativo de acadêmicos e de demais pessoas envolvidas. A atividade que vamos relatar a seguir foi desenvolvida com duas turmas do Ensino Médio Técnico Profissionalizante, 1º TA e 1º TB, onde os alunos têm de 14 a 15 anos de idade. O Colégio em questão tem uma ótima estrutura, salas de aula amplas, além de possuir laboratórios de informática, biblioteca, auditório, quadra de esportes, e sala de artes e teatro. Os professores 35357 têm todas as ferramentas possíveis para a interatividade e elaboração de aulas, podendo ainda realizar atividades interdisciplinares e extraclasses. Iniciamos o conteúdo de Sociologia com a apresentação das teorias clássicas, conforme o planejamento bimestral da professora supervisora, e planejamento do PIBID, de forma didática, lúdica e prática. Anteriormente ao primeiro contato com os alunos, nós bolsistas, futuros professores de Sociologia, predispusemo-nos a fazer observações que promovessem reflexões críticas a respeito da função do professor na sala de aula. Segundo a socióloga Eva Lakatos (1985), a Sociologia pode ser classificada como Ciências Sociais ou Ciências Humanas, e através dela podemos compreender a própria Sociologia e também outras áreas como: Antropologia, Política, Direito, Economia e a Psicologia Social. Esta ciência é responsável por estudar o comportamento individual e coletivo do ser humano e sua relação com o mundo e fenômenos sociais. A Sociologia surgiu para analisar o comportamento das pessoas na sociedade, e assim explicar porque agimos e como agimos diante de um determinado fenômeno. Além disso, Ramalho (2012) ressalta que “a forma como a Sociologia procura compreender o mundo social requer o uso de um método científico, por meio do qual os sociólogos podem observar medir, classificar, explicar e, então, compreender os fenômenos sociais”, mas, sem expressar suas opiniões pessoais sobre esses fatos. A Sociologia no ensino médio precisa promover um trabalho epistêmico reflexivo dos conteúdos pertinentes à disciplina de acordo com os parâmetros curriculares, sem perder de vista a complexidade dos fenômenos imbricados nas relações sociais e interpessoais que constituem o terreno da Sociologia e seu caráter científico. Neste sentido, planejamos a gincana intitulada “Forca dos Teóricos” que, utilizando uma forma lúdica e interativa, com base nos conteúdos estruturantes, teve como objetivo trabalhar as Teorias clássicas da Sociologia e alguns dos seus principais precursores como: August Comte, Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber desenvolveram a seguinte atividade. Descrição da Atividade Como se observa na tabela abaixo, elaborada pelos bolsistas, no primeiro dia foi ministrada uma aula expositiva dialogada sobre os principais teóricos da Sociologia e seus objetos de estudo. Selecionamos as palavras-chave relativas aos teóricos, dividimos a turma em dois grandes grupos e iniciamos a competição. 35358 Tabela-2: Descrição da Atividade Etapas Passo a passo da atividade “Forca dos Teóricos” 1º Fizemos uma aula expositiva sobre os principais teóricos da Sociologia e seus conceitos. 2º Selecionamos três palavras-chave relativas aos teóricos já estudados. 3º Elaboramos uma dica referente a cada palavra-chave. 4º Dividimos a turma em dois grandes grupos. 5º Aplicação das atividades desenvolvidas (em grupo). 6º Iniciamos a competição entre os dois grupos. Obs: Recursos utilizados: quadro negro e giz. Fonte: Dados organizados pelas autoras. Na aula posterior, entregamos aos alunos um suporte impresso contendo toda fundamentação teórica utilizada por nós, na elaboração da aula expositiva, este material continha o resumo do conteúdo abordado para que eles pudessem utilizar como fonte de estudo para a realização da prova bimestral7. Cabe ressaltar que, para a realização da gincana em questão, precisamos de duas aulas de 45 minutos, contando com a aula utilizada para exposição oral de apresentação dos teóricos e distribuição do material impresso. A Dinâmica No quadro negro, desenhamos a forca com o campo a ser preenchido pelas letras que compõem as palavras–chave. Figura 2 - Forca Representação da Forca 7 A prova bimestral foi aplicada pela professora supervisora, após a realização das atividades previstas no planejamento do Programa de Iniciação á Docência. 35359 Figura disponível em: http://planetkids.com.br/blog/post/0430/Vamos-brincar-de-forca Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nos anais do evento. Na tabela abaixo relacionamos as palavras-chave escolhidas e as dicas para a realização da atividade. Tabela-3: Palavras-chave e dicas para “Forca dos Teóricos” Palavras-chave Dicas Émile Durkheim Seu famoso primeiro princípio da sociologia era: "Estude fatos sociais como coisas”. Mecânica É um os dois tipos de solidariedade criados por Durkheim? Ciência Durkheim via a sociologia como uma nova? Karl Marx Que sociólogo criou a teoria da luta das classes? Mais Valia Através de qual meio os patrões recebem das horas “não pagas” aos seus funcionários? Proletariados Qual grupo é nome do grupo “economicamente explorado”? Augusto Comte Filosofo Frances do século XVIII considerado precursor da sociologia? Positivismo Teoria criada por Augusto Comte? Teológico Estagio “primitivo” da humanidade, onde todos creem que Deus ou outra força sobrenatural como criadora do universo? Tradicional Um dos três tipos de dominação segundo Weber Individuais Segundo Weber, normas e regras sócias são resultados de “ações...” Carismática Qual é o tipo de dominação é relacionada à crença? Fonte: Dados organizados pelas autoras. Regras da Atividade Antes de começar a atividade, orientamos os alunos em relação às regras para o seu desenvolvimento: - após colocar a palavra-chave no quadro, cada grupo deveria indicar uma letra, para colocar na forca. 35360 - caso um dos grupos tenha identificado a palavra-chave em questão, este poderia levantar a mão e responder. - se o grupo acertar recebe um ponto. - se o grupo errar, o ponto vai para o grupo adversário. - ao final da atividade, vence o grupo que tiver mais pontos. A atividade lúdica foi divertida e despertou a o interesse e participação dos alunos, mas, nossa intenção ao realizá-la, foi fixar os conceitos referentes ao conteúdo de Sociologia. Ao final da atividade, em ambas as turmas, o grupo vencedor ficou ansioso para saber qual seria a sua “premiação”, neste momento aproveitamos a oportunidade explicarmos o termo “meritocracia”, destacando a importância da atividade para o aprendizado. Fundamentação Teórica Positivismo- August Comte O filósofo francês August Comte imaginava um mundo em que as pessoas buscassem respostas na razão e não nas religiões, ele acreditava que a única forma de conhecimento verdadeiro era o científico, então criou uma teoria chamada Positivismo que reorganizaria toda a sociedade (SIMON, 1986, p.63). Para Comte uma teoria só poderia ser considerada válida se fosse comprovada através de meios científicos válidos. O autor estabelece que a sociedade evolui de acordo com três estágios e que estes estão interligados referentes a evolução da humanidade: 1) Estágio teológico: Fase inicial de evolução, os fenômenos são explicados por algo superior ou sobrenatural, como Deuses e espíritos. 2) Estágio metafísico: uma fase transitória do estágio teológico, os fenômenos sociais são explicados pelo abstrato, ou seja, ainda existe a idéia do sobrenatural ser a explicação das coisas, mas questiona mais especificamente o que vemos: a natureza, as pessoas, etc. 3) Estágio positivo: A sociedade atinge o auge pelo conhecimento científico,a última fase determina que o indivíduo deixe de questionar as coisas de forma abstrata ou somente imaginativa. Expressa-se pelas leis naturais. O progresso da humanidade se desenvolve exclusivamente dos meios científicos. 35361 Comte viveu numa Europa de época difícil nas relações humanas: a mudança do sistema feudal para o sistema capitalista e por conta disso, vária revoluções aconteceram: embora Comte percebesse, desde o início, a decadência irrecuperável da velha concepção religiosa do mundo, embora tivesse clareza que a unidade espiritual fornecida pelo catolicismo medieval (que, a seu tempo, tinha sido responsável pela direção moral e espiritual e pela “organicidade” da sociedade) estivesse definitivamente ultrapassada, ele recuperou em sua religião da humanidade a própria idéia da necessidade de uma unidade espiritual para a sociedade, que lhe pudesse dar sentido e direção e que possibilitasse fazer face à anarquia mental do ideário democrático burguês (SIMON, 1986, p.65). Para Comte, a sociedade estava caótica e o positivismo seria a chave para mudar essa situação, pois analisaria os fatos de forma científica e desta forma seria possível encontrar uma resposta, solucionar as problemáticas sociais e restabelecer a ordem, sendo o capitalismo e o abandono das crenças religiosas as principais formas de mudança. O princípio da ordem e o progresso deveriam ser o ponto de partida para a construção de novas sociedades.A observação dos fenômenos, ligando a imaginação á observação, e desta forma elaborar um sistema de valores adaptado a realidade de sua época, valorizando a ordem e o progresso. Fato Social – Émilie Durkheim Anthony Giddens (2012) ressalta que Émilie Durkheim considerava a sociologia como uma nova ciência, que poderia ser usada para elucidar questões filosóficas tradicionais ao examiná-las de maneira empírica. Acreditava que a vida social precisava ser analisada com a mesma objetividade que os cientistas estudam o mundo natural. O primeiro princípio de Durkheim é “Estude fatos sociais como coisas". Com isso, ele gostaria de dizer que a vida social poderia ser analisada tão rigorosamente como os objetos ou os eventos na natureza. Os principais temas que Durkheim estudou foram: a importância da sociologia como uma ciência empírica, a ascensão do indivíduo e a formação de uma nova ordem social, as fontes e o caráter da autoridade moral da sociedade. Além de se dedicar a discussões sobre religião, desvio comportamental e crime, trabalho e vida econômica. Para ele a principal preocupação intelectual da sociologia é o estudo de fatos sociais, ou seja, examinar os aspectos da vida social que modelam nossas ações como indivíduos. Ele acreditava que as sociedades têm uma realidade própria, muito maior do que simplesmente as ações e os interesses de seus membros individuais. 35362 Os fatos sociais são meios de agir, pensar ou sentir, externos aos indivíduos, que têm sua própria realidade fora das vidas e das percepções das pessoas individuais. Outro atributo dos fatos sociais é que eles exercem um poder coercitivo sobre os indivíduos, além de ser de extrema complexidade, por não poderem ser observados diretamente, e também, por conter propriedades reveladas indiretamente ao se analisar os seus efeitos ou ao se considerar tentativas de dar-lhes expressão, como leis, textos religiosos ou normas escritas de conduta. Ao estudar os fatos sociais, enfatizou a importância de se abandonar os preconceitos e a ideologia, uma postura científica requer uma mente aberta à evidência dos sentidos e livre de ideias preconcebidas que vêm de fora. Luta das Classes- Karl Marx De acordo com Carone (1989), a luta de classes sempre existiu, foi assim na escravista (senhores de escravos - escravos), na feudalista (senhores feudais - servos) e assim é na capitalista (burguesia - proletariado). E em cada sociedade há uma luta constante das classes por interesses diferentes. Marx analisa mais a sociedade capitalista e fala que a divisão social ocorreu da apropriação dos meios de produção por um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo possuindo apenas seu corpo e capacidade de trabalho (proletariado). Sendo obrigados a trabalhar, onde são economicamente explorados e os patrões obtêm o lucro através da maisvalia. Giddens explica a mais-valia: digamos que um grupo de operários em uma fábrica seja capaz de produzir cem ternos por dia. A venda de 75% dos ternos proporciona ao fabricante uma renda suficiente para pagar os salários dos operários e o custo da fábrica e do equipamento. O rendimento proveniente da venda do resto das peças é tomado como lucro (GIDDENS, 2012, p.235). Para Marx, há uma relação de exploração entre as classes em todas as sociedades, porém, na atual sociedade moderna essa forma de exploração é menos óbvia. Ação Social- Max Weber Giddens em sua obra “Sociologia” afirma que para Weber, ação social é tudo aquilo que se relaciona ao outro, ou seja, quando há relação de um indivíduo com outro. Ele ainda acreditava que o papel do sociólogo é entender os sentidos das ações sociais. 35363 Segundo Weber, a sociedade existe concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Partindo do indivíduo e de suas motivações trilhava caminhos mais confiáveis para a tentativa de compreensão da sociedade como um todo. O conceito básico é o da ação social, entendida como o ato de se comunicar, de se relacionar, tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. Os “outros”, no caso, podem significar tanto um indivíduo, ou apenas vários indeterminados e até desconhecidos. Ex: o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros tantos, conhecidos ou não, estejam também dispostos a também aceita-lo como moeda de troca. Orientação Pedagógica A Sociologia no ensino médio sofreu uma intermitência conforme o governo e as política de cada período histórico na sociedade brasileira, sendo obrigatória e excluídas em alguns momentos. Assim, como as preocupações de o quê ensinar que toda disciplina sofre, a Sociologia passou também a lutar pela sua permanência e mostrar a sua importância na formação do aluno no ensino médio. Com a Lei Federal nº 11.634/2008, podemos dizer que a luta pela sua permanência nas escolas agora diminuiu, pois a lei garante a sua presença no currículo como disciplina obrigatória. Mas isso não quer dizer que a luta acabou, por que a sociologia ainda continua apenas no ensino médio e não em todos os níveis escolares. De acordo com Azevedo: não nos temos empenhado menos, em nossa Sociedade [Brasileira de Sociologia], em despojar a Sociologia de todos os preconceitos que costumam deformá-la, comprometê-la e desviá-la do espírito e dos métodos científicos. Esses preconceitos, como os perigos do diletantismo e da improvisação, [...], se estão ligados, por uma parte, à nossa velha mentalidade e tradições culturais, por outra, se prendem à base precária quase total, de uma firme orientação intelectual nos ginásios e colégios. A base do ensino superior não se levantou ainda entre nós, infelizmente, uma sólida educação secundária que nos permitisse reagir contra essas tendências, desenvolvendo, desde a adolescência, pelo estudo bem dirigido das ciências de observação e experiências, o sentido das realidades concretas, o espírito de exame, senso crítico e a orientação para as verdades positivas [...] (AZEVEDO, 2003, p. 26). A idéia principal na elaboração da dinâmica foi que os alunos reforçassem os aprendizados sobre conceitos importantes presentes nas teorias dos principais autores da sociologia e a sua importância no meio acadêmico. O objetivo central foi tornar a aula mais 35364 participativa por parte dos alunos, tanto individualmente quanto coletivamente. Para Silva (2003), o professor não é responsável apenas por ensinar os conteúdos exigidos pelos livros e sistema de ensino, mas sim por promover meios de educação completos que englobem os aspectos sociais, intelectuais, emocionais de cada aluno. Sua atuação precisa ser de forma mais integral; conhecendo seus alunos, sua individualidade, suas dificuldades podem fazer toda diferença no processo ensino-aprendizagem. Silva e Navarro (2012) ressaltam que o professor deve procurar se desenvolver intelectualmente, buscar novos conhecimentos. É um eterno aprendizado, porém, faz-se fundamental que desenvolva uma disposição em conhecer de forma individual o outro, o aluno que está inserido, cada qual em sua realidade, em suas diferenças. Sendo assim, cabe ao professor buscar atingir conhecimento pessoal, saber quem é e desenvolver meios para fazer com que suas aulas e construção do conhecimento passem a ser completos e fazer sentido na vida de cada aluno. Segundo as Diretrizes Curriculares de Sociologia (2008) 8, cabe aos envolvidos no ambiente escolar, sobretudo aos professores, refletir e decidir sobre as técnicas de ensino. “Nessa práxis, os professores participam ativamente da constante construção curricular e se fundamentam para organizar o trabalho pedagógico a partir dos conteúdos estruturantes de sua disciplina”. Desta forma: a partir da proposta pedagógica curricular, o professor elaborará seu plano de trabalho docente, documento de autoria, vinculado à realidade e às necessidades de suas diferentes turmas e escolas de atuação. No plano, se explicitarão os conteúdos específicos a serem trabalhados nos bimestres, trimestres ou semestres letivos, bem como as especificações metodológicas que fundamentam a relação ensino/aprendizagem, além dos critérios e instrumentos que objetivam a avaliação no cotidiano escolar (SEED-PR, 2008, p.26). Considerando o processo histórico, e as novas problemáticas sociais, que com o passar das décadas dão origem a temas que transversam as disciplinas, surge à necessidade de incorporá-los ao currículo escolar, e adotar estratégias para despertar a atenção e interesse do aluno em relação à disciplina. 8 Disponível em: <.www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_socio.pdf> Acesso em 03/04/2014. 35365 Conclusão A aplicabilidade da atividade “Forca dos Teóricos” foi uma experiência valiosíssima para nós enquanto discentes e futuros docentes. O PIBID merece destaque, afinal, anteriormente ao término de nossas graduações, o projeto nos propiciou a prática docente; e diferentemente dos estágios desenvolvidos como disciplina obrigatória, tivemos a possibilidade de trabalhar em grupo e produzir interdisciplinarmente, além de, aprender a desenvolver as ferramentas que vamos utilizar futuramente, no exercício da nossa profissão. Ao considerarmos todo o processo de criação, planejamento, desenvolvimento e aplicabilidade da atividade intitulada “Forca dos teóricos”, além da transformação de um relato de experiência em artigo científico, podemos considerar que concluímos exitosos a tarefa que nos foi concedida enquanto discentes/docentes, e, sem sombra de dúvidas, a estadia no programa será um diferencial em nossa formação. Em sala de aula, buscou-se manter caráter científico da disciplina de Sociologia, e a realização de uma atividade lúdica motivou o interesse e participação dos alunos, além de, propiciar um ambiente descontraído. A dinâmica contribuiu para a fixação e assimilação dos conceitos referentes ao conteúdo sociológico e seus principais autores. Essa experiência proporcionou a nós e aos alunos pelo trabalho coletivo, uma melhor interação social. REFERÊNCIAS AZEVEDO, F. Oração inaugural. In BARREIRA, C. A sociologia no tempo. São Paulo: Cortez, 2003. CARONE, Edgard. Classes Sociais e Movimento Operário. São Paulo: Ática, 1989. FERNANDES, F. A sociologia no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1977. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Penso, 2012. LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral: leituras, seminários e tópicos para discussão. São Paulo: Atlas, 1985. MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. 9. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. PILLA, Maria Cecilia Barreto Amorin; DIAS, Sandra Mattar; EYNG, Ana Maria. O PIBID na formação de professores de História e Sociologia: pressupostos e experiências. Editora Tec Imagem, Maringa, 2013. 35366 RAMALHO, José Rodorval. Sociologia para o Ensino Médio. Petrópolis, Rj:Vozes,2012. SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ (SEED-PR). Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná. Sociologia. 2008. SILVA, L.F Relação professor aluno. Rio de Janeiro, 2003. SILVA, O.G.; NAVARRO, E.C. A relação professor-aluno no processo ensinoaprendizagem. 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