UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL INTERFERÊNCIA DA DENSIDADE E DA DISTÂNCIA DE Urochloa decumbens NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO EUCALIPTO. ALLAN LOPES BACHA Orientador: Prof. Dr. Pedro Luis da Costa Aguiar Alves Co-orientadora: Ms. Fernanda Campos Mastrotti Pereira Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Câmpus de Jaboticabal, para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Jaboticabal – SP 2º Semestre/2013 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, Antonio Jorge Bacha e Rose Mary de Oliveira Lopes Bacha, pelo amor, educação, apoio e conselhos que sempre me deram. Eles são um exemplo para mim, e sem eles eu não seria nada! Agradeço também ao meu irmão, Renan Lopes Bacha, pela amizade, ajuda, e sei que sempre poderei contar com ele; e a toda minha família, pois eles fazem parte do que eu sou. Agradeço também ao Prof. Pedro, uma pessoa que eu considero demais, por ter me acolhido em seu laboratório quando eu precisei, por ter depositado sua confiança em mim, pela paciência, pelo carinho, pela atenção e pela orientação. Também agradeço à Fernanda, uma pessoa muito inteligente e esforçada, por ter aceitado ser minha co-orientadora, pela ajuda e pelos conselhos. À Mariluce, que é a grande Mestra do laboratório, agradeço imensamente pela ajuda e pelos conselhos. Agradeço a todos os professores que eu tive o prazer de ter contato nesses anos de graduação, em especial os da licenciatura – Anselmo, Tati, Thais e Rose – pois aprendi muito com eles. Agradeço a todos do LAPDA, pela amizade, ajuda, e por tornar o ambiente de trabalho mais agradável. Ao pessoal da Bio09, meu muito obrigado por todos esses anos de convívio, pelas amizades, risadas e aprendizado; em especial ao Wagner e ao João Paulo, obrigado pela amizade e pela ajuda, continuem lutando, focados, com honestidade, que eu tenho certeza que o futuro será ótimo para vocês! A todos do Cursinho Ativo, muito obrigado, continuem na luta e parabéns pelo projeto. E claro, obrigado à minha Alma Gêmea, Jéssica Cristina Ruiz, por ser quem você é, por ser a razão da minha existência, por ser uma pessoa carinhosa, linda, inteligente, meiga, divertida. Você é demais! Amo você eternamente! Muito obrigado pela grande ajuda e por sempre estar ao meu lado! Agradeço a UNESP, por todas as oportunidades que pude usufruir dentro dessa Universidade fantástica, e a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o meu desenvolvimento e o desenvolvimento do meu trabalho e que torceram pelo meu sucesso. A todos vocês, meu MUITO OBRIGADO! iv SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................... v SUMMARY .......................................................................................................... vi 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1 2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 4 2.1. A cultura do eucalipto no Brasil .....................................................................4 2.2. Interação entre plantas daninhas e eucalipto ...................................................6 3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 10 3.1. Primeiro Experimento (capim-braquiária semeado) ..................................... 11 3.2. Segundo Experimento (capim-braquiária de rebrota) ................................... 15 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 17 4.1. Primeiro Experimento (semeadura do capim-braquiária) .............................. 17 4.1.1. Capim-braquiária (semeada) ................................................................ 26 4.2. Segundo Experimento (rebrota do capim-braquiária) ................................... 28 4.2.1. Capim-braquiária (rebrota) ................................................................... 35 5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 38 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 39 ANEXOS ............................................................................................................. 45 v RESUMO Devido à expansão da cultura do eucalipto para áreas anteriormente ocupadas por pastagens, bem como sua expressiva importância comercial no país, pesquisas com a finalidade de aperfeiçoar o manejo da cultura e obter maiores produtividades se fazem necessárias. Assim, para melhor compreender a relação entre o eucalipto e o capimbraquiária, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influencia desta planta daninha em diferentes densidades e distâncias no crescimento inicial do eucalipto (Eucalyptus grandis X E. urophylla). Foram conduzidos dois experimentos por 90 dias cada (de fevereiro a abril e junho a agosto 2013) em caixas de 100 litros com terra proveniente de um Latossolo Vermelho Escuro eutrófico. Os tratamentos consistiram na presença do eucalipto (central) e plantas de capim-braquiária nas densidades de 1 a 4 plantas por caixa (respectivamente 2,6; 5,2; 7,8 e 10,4 plantas m2). As distâncias variavam entre 5 e 15 cm entre braquiária e o eucalipto. Também foram feitas testemunhas para o capim-braquiária, que consistia na planta daninha na ausência do eucalipto. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. No primeiro experimento houve a semeadura do capim-braquiária, e no segundo utilizou-se a rebrota das plantas anteriormente semeadas. Foram avaliadas a altura, diâmetro do caule, número de folhas, área foliar e massa seca total. Os resultados obtidos nos dois experimentos demonstram que o capim-braquiária afetou negativamente o crescimento do eucalipto, não apresentando diferença significativa entre as distâncias de 5 e 15 cm. Com relação à densidade, no primeiro experimento, a partir de 1 planta daninha por caixa já ocorreu redução em seu crescimento. De 2 até 4 capim-braquiárias não foram encontradas diferenças significativas, porém, se comparados à 1 capim-braquiária os efeitos foram mais acentuados. No segundo experimento, a testemunha diferenciou significativamente dos demais tratamentos, os quais não diferenciaram significativamente entre si. Palavras-chave: Eucalyptus, Capim-braquiária, Competição. vi SUMMARY Due to expansion of eucalyptus cultivation to areas previously occupied by pastures, as well as its significant commercial importance in the country, research in order to improve crop management and obtain higher yields are needed. Thus, to better understand the relationship between eucalyptus and signal grass, the present study aimed to evaluate the influence of this weed in different densities and distances in the early growth of Eucalyptus (Eucalyptus grandis x E. urophylla). Two experiments were conducted for 90 days each (February-April and June-August 2013) in boxes of 100 liters with earth from an Oxisol Dark eutrophic. Treatments consisted of the presence of eucalyptus (central) and grass cover crops at densities 1-4 plants per box (respectively 2.6, 5.2, 7.8 and 10.4 plants m-2). The distances ranged between 5 and 15 cm between palisade signal grass and eucalyptus. Free weeds control to signal grass, which consisted of weed in the absence of eucalyptus have also been made. We used a completely randomized design with three replications. In the first experiment was the sowing of signal grass, and the second used the regrowth of plants sown earlier. The height, stem diameter, number of leaves, leaf area and total dry mass were evaluated. The results from the two experiments demonstrate that the signal grass adversely affected the growth of eucalyptus, with no significant difference between the distances of 5 and 15 cm. To the density in the first experiment, from 1 weed per box already occurred reduction in its growth. Two to 4 grass cover crops, no significant differences were found between them; however, compared to 1 signal grass the effects were more pronounced. In the second experiment, the free weed control differed significantly from the other treatments, which did not differ significantly among themselves. Key words: Eucalyptus, Signal grass, Competition. 1 1. INTRODUÇÃO Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas – ABRAF (2013), em todo o país, a área plantada de Eucalyptus e Pinus teve um aumento de 2,2% em relação a 2011, chegando, em 2012, a 6,66 milhões de hectares. Dessa porção, 76,6% representam plantações do gênero Eucalyptus e o restante (23,4%) refere-se à plantação de Pinus. Além disso, a produtividade média ponderada, que em 2005 era de 36,7 m³ ha -1 ano1 , atingiu, em 2012, 40,7 m³ ha -1 ano-1. Esse aumento está diretamente relacionado ao sucesso do melhoramento genético e à adoção de boas técnicas de manejo da cultura (STAPE et al., 2004), no qual incluem-se um bom manejo de plantas daninhas (PEREIRA, 2012). Os fatores que afetam negativamente o crescimento do eucalipto podem ser classificados em bióticos e abióticos. Dentre os bióticos, pode-se destacar a presença de plantas daninhas, que emergem espontaneamente e causam interferência no desenvolvimento do eucalipto, acarretando em um decréscimo de sua produtividade, pois competem por água, luz, espaço e nutrientes. Além disso, como relatam Pitelli; Marchi 2 (1991) e Toledo et al. (2001), elas podem liberar aleloquímicos, interferir em práticas culturais e até hospedar pragas e vetores de doenças nocivas ao homem. A planta daninha conhecida por capim-braquiária (Urochloa decumbens (Stapf) R. D. Webster (syn. Brachiaria decumbens)) é uma importante infestante da cultura do eucalipto, uma vez que esse setor florestal tem se expandido para áreas anteriormente ocupadas por pastagens (TOLEDO et al., 1999). O capim-braquiária apresenta algumas características intrínsecas à sua espécie, como um difícil controle (devido ao grande potencial de crescimento; a presença de elevadas quantidades de sementes, as quais podem ficar “dormentes” por um grande período de tempo; e a possibilidade de rebrotas mesmo após a aplicação de herbicidas) e elevada agressividade, e por isso, passou a ser uma das infestantes mais problemáticas em plantações comerciais de eucalipto. Toledo et al. (2001) e Dinardo et al. (2003), trabalhando com capim-colonião (Panicum maximum) e capim-braquiária, respectivamente, constataram que a presença dessas plantas daninhas causou efeitos negativos no crescimento do eucalipto, reduzindo o número de folhas, a área foliar e a massa seca dos ramos e folhas. Além disso, de acordo com Bleasdale (1960), Blanco (1972) e Pitelli (1985) o grau de interferência das plantas daninhas na cultura do eucalipto varia de acordo com: espécie/híbrido utilizado; densidade/distribuição/composição específica da comunidade infestante; ambiente de produção (condições climáticas e edáficas); e época/período de convivência entre cultura e plantas daninhas. Toledo et al. (2001) verificaram que a partir de 4 plantas m-² já havia interferência negativa do capim-braquiária sobre o eucalipto, mas as informações de como essa planta infestante interfere no crescimento da cultura em função da distância e também diante do surgimento de rebrota ainda são escassas. 3 O glyphosate é o herbicida mais utilizado para o controle de plantas daninhas na cultura do eucalipto, podendo ser utilizado antes do plantio – no controle de plantas daninhas e rebrotas remanescentes, no controle das plantas daninhas nas entrelinhas e de modo localizado no controle de “touceiras” de gramíneas infestantes. Já na linha do plantio, o controle é dificultado pelo fato de não existirem muitos herbicidas seletivos ao eucalipto e que sejam eficientes no controle de gramíneas. Sendo assim, há uma grande possibilidade de surgirem plantas infestantes na linha do plantio, as quais, mesmo em baixas densidades, poderão interferir no crescimento da cultura. Assim, para melhor compreender a relação de competição entre a cultura do eucalipto e a planta de capim-braquiária, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a interferência dessa planta infestante, em condições de semeadura e rebrota, em função de densidades populacionais e distâncias em relação a planta de eucalipto, no desenvolvimento inicial do eucalipto (E. grandis X E. urophylla). 4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. A cultura do eucalipto no Brasil Eucalyptus é um gênero pertencente à família Myrtaceae, e nele estão inclusas cerca de 500 espécies. A maioria delas tem sua origem na Austrália, mas algumas são oriundas de outros países dessa região, como Papua-Nova Guiné, Indonésia e Filipinas (ELDRIDGE et al., 1994 apud CRUZ, 2007). Esse gênero tem como característica o crescimento satisfatório em qualquer condição edafoclimática, e por isso, apresenta uma ampla utilização em todo o mundo. Além disso, com o desenvolvimento de técnicas de clonagem nas últimas décadas, sua produtividade tem aumentado cada vez mais em regiões quentes e úmidas (ALFENAS et al., 2004). Segundo a ABRAF (2013), em todo o país, a área plantada de Eucalyptus e Pinus teve um aumento de 2,2% em relação a 2011, chegando, em 2012, a 6,66 milhões de hectares. Dessa porção, 76,6% representam plantações do gênero Eucalyptus, e o restante (23,4%) dizem respeito à plantação de Pinus. 5 No Brasil, as espécies de eucalipto tem seu uso voltado para a produção de lenha, carvão vegetal, marcenaria (madeira processada e serraria), papel e celulose, postes, construção civil, óleos essenciais; e também utilizadas na indústria química e farmacêutica. Isso é possível devido a sua alta produtividade e adaptabilidade, bem como por suas características físico-mecânicas (GONZÁLEZ, 2002). Assim, cada vez mais o setor florestal vem ocupando lugar de destaque frente a outros seguimentos industriais. As espécies de eucalipto mais utilizadas atualmente são: Eucalyptus grandis, E. urophylla, E. citriodora, E. saligna, entre outras. Dentre essas, a que apresenta a maior produtividade é o E. grandis Hill ex Maiden, entretanto, a E. urophylla S.T. Blake tem se destacado em plantações em regiões tropicais úmidas, devido ao ótimo vigor, grande capacidade de rebrota e à resistência ao cancro (EMBRAPA, 2003). Visto a importância dessas duas últimas espécies citadas, é que o híbrido Eucalyptus urograndis, oriundo do cruzamento entre E. grandis x E. urophylla, ganhou grande visibilidade no setor, pois apresenta maior densidade básica da madeira, altura, resistência ao cancro, viabilidade de produção de sementes, diâmetro à altura do peito, homogeneidade na qualidade da madeira e nos plantios clonais em larga escala (CORREIA et al., 1995); fazendo-a ocupar um lugar de destaque entre os híbridos mais utilizados (ABRAF, 2006). Segundo Alfenas et al. (2004), os processos de clonagem de eucalipto começaram na Austrália na década de 1970, sendo o enraizamento de estacas provenientes de mudas ou de brotações colhidas no campo as técnicas mais utilizadas. González (2002) ainda elucida que clones obtidos de propagação vegetativa mantém suas características superiores intactas por manterem o material genético uniforme (reprodução assexuada), sendo assim, é uma ótima forma de se obter ganhos de produtividade em um menor espaço 6 de tempo, pois o critério de seleção das árvores é feito com base na avaliação de suas características silviculturais. As florestas brasileiras de eucalipto estão entre as mais produtivas do mundo. Isso se deve à evolução nas técnicas de manejo, melhoramento genético e também às condições ambientais favoráveis. Por isso, segundo Tonini et al. (2004), as empresas têm investido cada vez mais em melhoramento genético, utilizando como principais técnicas a hibridação e a clonagem, sendo esta considerada a maneira mais eficiente de garantir a qualidade do produto, por manter o material genético da planta inalterado, e consequentemente, garantida a boa qualidade da madeira. Visto o avanço desse setor, e para que cada vez mais se mantenha uma alta produtividade com boas características da matéria prima, se faz necessário, dentre outros tratos culturais, um adequado manejo de plantas daninhas. 2.2. Interação entre plantas daninhas e eucalipto Pitelli (1987) define o termo interferência como um conjunto de respostas que uma cultura expressa em contato com a presença de plantas daninhas em um determinado ambiente. Tal interferência é devida, principalmente, à competição imposta pelas plantas infestantes, ou, ainda, por parasitismo ou alelopatia. Porém, a interferência das plantas daninhas no desenvolvimento da cultura está diretamente relacionada à características intrínsecas da comunidade infestante, como densidade, distribuição e composição específica. Porém, vale ressaltar, que características edafoclimáticas e da própria cultura (espaçamento utilizado, densidade do plantio, espécie do clone) também podem contribuir positiva ou negativamente em seu desenvolvimento (PITELLI, 1987). 7 Pitelli; Marchi (1991) elucidam que fatores abióticos (tais como pH do solo, disponibilidade de água, luminosidade) e bióticos (competição, comensalismo) podem afetar diretamente o crescimento de qualquer cultura florestal e, consequentemente, seus subprodutos. No caso do eucalipto, pode até resultar na diminuição da produção de celulose, carvão, madeira, etc. Dessa maneira, a interferência de plantas daninhas nas culturas florestais tem destaque, justificando a preocupação que se deve ter com seu manejo (PEREIRA, 2012). Assim, deve-se ter uma atenção especial ao controle dessas plantas infestantes principalmente no desenvolvimento inicial do eucalipto (até cerca de um ano de idade), pois é nesse período em que ocorre a maior interferência em seu crescimento. Diversos autores citam como as principais espécies de plantas daninhas que infestam áreas de eucalipto o capim-braquiária (Urochloa decumbens) capim-colonião (Panicum maximum), erva-quente (Spermacoce latifolia) e trapoeraba (Commelina benghalensis) (PITELLI; KARAM, 1988). Esse relato está relacionado, segundo Toledo et al. (1999), ao fato de o setor florestal estar, cada vez mais, se expandido para áreas anteriormente ocupadas por pastagens. Além disso, vale ressaltar que o capim-braquiária e o capim-colonião, por serem de difícil controle, apresentarem elevada agressividade e capacidade de reprodução, são bastante prejudiciais nas fases iniciais de crescimento dos eucaliptos (PITELLI; KARAM, 1988). Urochloa decumbens é uma espécie originária da África do Sul que possui propagação por semente e através de rizomas. É uma planta perene, entouceirada, ereta ou decumbente (LORENZI, 2000). O capim-braquiária é uma espécie de planta daninha que frequentemente infesta lavouras anuais e perenes. Foi introduzida como planta forrageira e ainda é utilizada para 8 essa finalidade. Porém, se a área onde está plantada for utilizada para o cultivo de outra cultura (como o eucalipto, por exemplo), acaba por tornar-se uma planta daninha. Além disso, essa planta infestante vem apresentando um difícil controle, devido, provavelmente, ao resultado de um processo de seleção promovido pelos métodos utilizados de controle com herbicidas. Com relação à competição, Pitelli (1987) afirma que quanto mais próximas fisiológica e morfologicamente duas espécies são, mais parecidas serão suas exigências em termos de necessidades nutricionais e, por isso, maior será a competição pelos fatores limitantes no ambiente. Da mesma maneira, quanto maior a densidade da comunidade infestante, maior o número de indivíduos disputando os recursos do meio, e mais intensa será a competição sofrida pela cultura (PITELLI; KARAM, 1988). Dinardo (1996) trabalhando com capim-braquiária (U. decumbens) e capimcolonião (Panicum maximum Jacq), constatou que a partir de densidades de 4 plantas m-² já havia interferência de forma negativa no crescimento do eucalipto, sendo que a massa seca de folhas e ramos sofreram maior interferência. Costa (1999) observou, ao trabalhar com mudas de eucalipto em épocas distintas do ano, que a densidade crítica de interferência de erva-quente (Spermacoce latifolia Aubl.) variou entre 8 plantas m-² no verão e 4 plantas m-² no inverno; enquanto a trapoeraba (Commelina benghalensis L.) apresentou densidade crítica de 4 plantas m-². Bezutte et al. (1995), avaliando os efeitos da presença de capim-braquiária na cultura do eucalipto, constataram que a partir de 4 plantas m-² já ocorre interferência no crescimento inicial do eucalipto, reduzindo 18% a altura das plantas e 27% o diâmetro, aos 190 dias após o transplante das mudas. Na convivência durante 364 dias da mesma espécie da planta daninha com o eucalipto, houve, segundo Toledo et al. (2000), média de redução 9 de 68% para a altura, e 71% para diâmetro em relação às plantas que cresceram na ausência da cultura infestante. Ao trabalhar com eucalipto na presença de capim-braquiária, em diferentes distâncias (de 0 a 40 cm), Graat (2012) constatou que as características mais sensíveis à presença da planta daninha foram área foliar e massa seca do caule e da folha. O autor ainda elucida em seu trabalho que não houve diferença significativa entre as diferentes distâncias dos tratamentos. 10 3. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho constou de dois experimentos, ambos desenvolvidos em caixas de cimento amianto com capacidade para 100 L, por 90 dias após o plantio (DAP) das mudas, em área anexa ao Laboratório de Plantas Daninhas do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAV-UNESP, Câmpus de Jaboticabal – SP. As avaliações foram feitas quinzenalmente até 90 DAP, totalizando sete avaliações, sendo elas aos 0, 15, 30, 45, 60, 75 e 90 DAP. Para o eucalipto, foram determinados: a altura (do solo ao ápice da planta, com a utilização de uma régua de madeira de 100 cm), o diâmetro do caule (utilizando paquímetro, a 1 cm do solo) e o número de folhas (para o primeiro experimento; para o segundo, o número de folhas foi avaliado somente ao final dos 90 dias). As mudas utilizadas foram do clone GG100, um híbrido de Eucalyptus urograndis (E. grandis x E. urophylla), com cerca de 60 dias de idade. Essas se apresentavam com 11 excelente qualidade fitossanitária, sem ramificações, com cerca de 30 cm, 10 a 12 folhas e média de 1,25 mm de diâmetro do caule. Aos 90 DAP, os eucaliptos foram cortados em sua base, e suas folhas destacadas para determinação da área foliar (Licor, Li 3100). Folhas e caules foram colocados para secar em estufa de circulação forçada de ar (±70 ºC) por no mínimo 360 horas para determinação da massa seca total. As plantas de capim-braquiária foram cortadas em sua base e postas para secar em estufa de circulação forçada de ar pelo mesmo período para determinação da massa seca total. Os dados coletados quinzenalmente foram submetidos à análise de regressão, utilizando o modelo sigmoidal de Boltzmann, enquanto massa seca total e área foliar das plantas de eucalipto e a massa seca das plantas de U. decumbens foram submetidas à analise de regressão exponencial de primeira ordem. 3.1. Primeiro Experimento (capim-braquiária semeado) O primeiro experimento foi conduzido pelo período de 90 dias, durante os meses de fevereiro a abril de 2013, cujos dados de temperatura, precipitação e umidade relativa do ar encontram-se na Tabela 1. 12 Tabela 1. Dados de temperatura máxima (Tmax), temperatura mínima (Tmin), temperatura média (Tmed), umidade relativa do ar (UR), precipitação e número de dias com chuva (ND), durante o período de condução do primeiro experimento. Mês Tmax (ºC) Tmin (ºC) Tmed (ºC) UR (%) Precip. (mm) ND Fevereiro 31,0 20,1 24,3 78,8 145,2 15 Março 30,1 19,5 23,8 80,0 141,6 13 Abril 28,5 17,1 21,8 77,5 66,3 9 Foram utilizadas 51 caixas de cimento amianto com capacidade para 100 litros (com as medidas de 0,62 m x 0,62 m x 0,26 m) previamente preenchidas por terra provinda de um Latossolo Vermelho Escuro eutrófico cuja amostra foi submetida à análise química realizada no Departamento de Solos e Adubos da FCAV-UNESP. Os resultados encontram-se na Tabela 2. De acordo com a análise de solo, foi realizada uma calagem utilizando-se 4 t ha-1 de calcário. Tabela 2. Análise química de uma amostra de solo retirado da parcela experimental antes da calagem. 13 Foram feitos tratamentos com 1, 2, 3 e 4 plantas de capim-braquiária por caixa, sempre na presença do eucalipto. Essas quantidades de BRADC correspondem às densidades de 2,6; 5,2; 7,8 e 10,4 plantas m-2 . Cada caixa representou uma parcela experimental. Sementes de capim-braquiária foram semeadas nas diagonais da caixa (cerca de 5 sementes por cova de plantio), com distâncias de 5 e 15 cm entre estas e o eucalipto (central) (Figura 1). Após aproximadamente 15 dias foi realizado o desbaste das plântulas, mantendo-se apenas uma. Além dos tratamentos já citados, foram feitas testemunhas do eucalipto (na ausência do capim-braquiária) e das plantas de capim-braquiária [para todas as densidades e distâncias, na ausência do eucalipto (Figura 2)] totalizando 51 parcelas experimentais. A irrigação foi feita sempre que necessário. Figura 1. Exemplos dos tratamentos utilizados, com 2 e 4 plantas de capim-braquiária respectivamente. 14 Figura 2. Exemplos dos tratamentos utilizados, com 2 e 4 plantas de capim-braquiária respectivamente, na ausência do eucalipto. O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados, com 17 tratamentos (4 densidades de capim-braquiária, 2 distâncias entre o capim-braquiária e o eucalipto, testemunhas só com plantas de capim-braquiária (BRADC) para cada um desses tratamentos e uma testemunha só com eucalipto), com três repetições. Os tratamentos utilizados encontram-se expostos na Tabela 3. Para evitar a interferência de qualquer outra planta daninha, estas foram removidas mediante capina manual, sempre que necessário. 15 Tabela 3. Tratamentos utilizados nos dois experimentos realizados. Número do tratamento Distância entre o capim-braquiária e o eucalipto Quantidade de capimbraquiária por parcela experimental Eucalipto 1 5 cm 1 BRADC Presente 2 5 cm 2 BRADC Presente 3 5 cm 3 BRADC Presente 4 5 cm 4 BRADC Presente 5 15 cm 1 BRADC Presente 6 15 cm 2 BRADC Presente 7 15 cm 3 BRADC Presente 8 15 cm 4 BRADC Presente 9 5 cm 1 BRADC Ausente 10 5 cm 2 BRADC Ausente 11 5 cm 3 BRADC Ausente 12 5 cm 4 BRADC Ausente 13 15 cm 1 BRADC Ausente 14 15 cm 2 BRADC Ausente 15 15 cm 3 BRADC Ausente 16 15 cm 4 BRADC Ausente 17 Eucalipto na ausência de capim-braquiária 3.2. Segundo Experimento (capim-braquiária de rebrota) O segundo experimento, que visou analisar a interferência da rebrota das plantas de capim-braquiária no desenvolvimento inicial do eucalipto, foi desenvolvido no período entre junho e agosto de 2013, cujos dados de precipitação, umidade relativa do ar, temperaturas, e número de dias de chuva, encontram-se na Tabela 4. As caixas utilizadas foram as mesmas do experimento anterior, suplementadas com adubação utilizando 400 kg 16 ha-1 do formulado NPK 4-14-8. Foram mantidos os mesmos tratamentos e o mesmo delineamento experimental com as três repetições. Tabela 4. Dados de temperatura máxima (Tmax), temperatura mínima (Tmin), temperatura média (Tmed), umidade relativa do ar (UR), precipitação e número de dias com chuva (ND), referente aos dias que o segundo experimento foi conduzido. Mês Tmax (ºC) Tmin (ºC) Tmed (ºC) UR (%) Precip. (mm) ND Junho 27,2 15,4 20,1 79,3 31,4 6 Julho 26,3 12,4 18,2 72,5 33,0 2 Agosto 29,0 12,3 19,8 57,0 0,0 0 No dia do plantio do eucalipto todas as plantas de capim-braquiária foram cortadas em sua base para que o desenvolvimento do eucalipto pudesse ser avaliado nas condições propostas. 17 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Primeiro Experimento (semeadura do capim-braquiária) Com exceção da altura das plantas de eucalipto para distância a 5 cm do capimbraquiária (Figura 3), todas as outras características avaliadas no primeiro experimento aos 90 dias após o plantio (DAP) apresentaram diferença significativa da testemunha para os demais tratamentos. Mantendo a exceção citada, observou-se que o tratamento com uma planta de capim-braquiária (BRADC) diferiu significativamente dos que apresentavam 2, 3 ou 4 plantas de capim-braquiária. Densidades a partir de 2 BRADC não diferenciaram significativamente entre si (Figuras 4 a 10). Aos 30 DAP, para todas as características avaliadas no primeiro experimento, não foi encontrada diferença significativa entre os tratamentos (Figuras 3 a 10). Já aos 60 DAP, pode-se observar, para a distância de 5 cm, que a testemunha não se diferenciou de maneira expressiva do tratamento com 1 BRADC, porém, ambos diferiram dos demais 18 tratamento. Para 15 cm, todos os tratamentos na presença de BRADC diferenciaram da testemunha, mas não entre si. Aos 90 DAP, tanto para a distância de 5 cm quanto 15 cm, as plantas da testemunha cresceram cerca de 20% a mais do que as do tratamento com uma planta de capimbraquiária. Em comparação ao tratamento com 2 BRADC, o crescimento das plantas da testemunha foi, em média, 36% maior (Figuras 3 e 4). Figura 3. Altura do eucalipto (cm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 19 Figura 4. Altura do eucalipto (cm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. Analisando o efeito de densidades de capim-braquiária no desenvolvimento inicial do eucalipto, Toledo et al. (2000; 2001) obtiveram resultados semelhantes aos expostos. Em seus trabalhos, foram encontrados, para o mesmo período após o plantio, redução de 18,47% na altura dos eucaliptos para a densidade de 4 capim-braquiária m-² (equivalente a 1,5 BRADC na área utilizada no presente trabalho), não havendo diferença significativa em densidades maiores de capim-braquiária. Com relação ao diâmetro do caule, aos 60 DAP é possível observar que para densidades de 2, 3 ou 4 plantas daninhas por caixa, já houve uma diferença significativa em relação à testemunha e ao tratamento com apenas uma BRADC, tanto para 5 quanto para 15 cm. Para uma planta de capim-braquiária, aos 90 DAP, o diâmetro do caule foi 20 menos sensível à interferência imposta pela planta daninha do que as demais características avaliadas, pois obteve um crescimento de 11,94% menor que a testemunha na distância de 5 cm, e 7,44% menor que a testemunha para 15 cm. Em contraponto, as plantas dos demais tratamentos cresceram, em média, no mesmo período, 39,7% a menos que as da testemunha, tanto para 5 cm quanto para 15 cm, não havendo diferença significativa entre eles (Figuras 5 e 6). Tais dados condizem com os obtidos por Toledo et al. (2001) no que diz respeito ao diâmetro do caule, pois, em maiores densidades da planta infestante, os autores não constataram diferença significativa entre elas na interferência do eucalipto. Figura 5. Diâmetro do eucalipto (mm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 21 Figura 6. Diâmetro do eucalipto (mm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. Com relação ao número de folhas, não houve diferença significativa para as diferentes distâncias analisadas. Aos 60 DAP já é possível observar diferença significativa entre a testemunha, e os demais tratamentos (Figuras 7 e 8). Aos 90 DAP, essa diferença apresenta-se de forma ainda mais expressiva, sendo que as plantas do tratamento com uma planta de capim-braquiária apresentaram 56% (média das duas distâncias) menos folhas que a testemunha. Já as plantas dos tratamentos com duas, três ou quatro BRADC não apresentaram diferença significativa entre si, e obtiveram média de 79% de folhas a menos que a testemunha (Figuras 7 e 8). Cruz et al. (2010) analisando a interferência do capim-colonião sobre o desenvolvimento inicial do eucalipto, verificaram que o número de folhas, bem como a área foliar, foram afetadas significativamente na presença da planta daninha. Estes dados 22 corroboram com os expostos no presente trabalho, bem como com os encontrados no trabalho de Toledo et al. (2001). Para massa seca total (MST), não houve diferença significativa entre os efeitos das distâncias de 5 e 15 cm. Porém, houve redução média de 48% na MST para a densidade de uma planta de capim-braquiária em comparação a testemunha. Com relação aos demais tratamentos, que não diferenciaram de maneira expressiva entre si, a diferença para com a testemunha foi, em média, 82,55% menor (Figura 9). Tarouco et al. (2009) obtiveram resultados semelhantes ao analisarem a convivência de eucaliptos com diversas plantas daninhas. Os autores observaram que, em longo prazo (cerca de 400 dias), a diferença de massa seca entre os eucaliptos expostos à convivência com as plantas infestantes, dos que não foram expostos, chegou a 400%, evidenciando que com o aumento do período de convivência o grau de interferência na cultura também é aumentado. 23 Figura 7. Número de folhas do eucalipto em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. Figura 8. Número de folhas do eucalipto em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para as plantas de capim-braquiária semeadas a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 24 Para a área foliar não houve diferenciação significativa entre os tratamentos com 2, 3 e 4 BRADC. Também não foram constatadas diferenças significativas entre as duas distâncias analisadas. Entretanto, proporcionaram redução média de 88,5% se comparados à testemunha. A área foliar para uma BRADC foi 55,82% (média das duas distâncias) menor que a da testemunha (Figura 10). Tais dados corroboram com os obtidos por Toledo et al. (2001), no qual os autores avaliaram plantas de Eucalyptus grandis na presença de BRADC, e encontraram redução de 63,26% na área foliar para a densidade de 4 plantas m2 da planta infestante. Figura 9. Massa seca total (g) do eucalipto em relação ao número de plantas de capimbraquiária semeadas, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média. Diante do exposto, há de se ressaltar a possibilidade do clone utilizado no presente trabalho ser mais suscetível à competição do capim-braquiária do que outros clones; além 25 disso, estavam em ambiente controlado, sem a ausência de água ou nutrientes. Autores como Bleasdale (1960), Blanco (1972) e Pitelli (1985) afirmam que o grau de interferência sofrido pela cultura é dependente das espécies, o que inclui os clones. Silva et al. (1997) constataram que plantas de Eucalyptus grandis são menos sensíveis à convivência de Brachiaria brizantha e comparado a Eucalyptus citriodora, corroborando com a afirmação feita pelos autores acima. Ainda sobre interferência entre diferentes espécies, Souza et al. (1993), ao analisarem o efeito de duas espécies de plantas daninhas (capim-braquiária e capimcolonião) no desenvolvimento inicial do eucalipto, constataram que a interferência causada na cultura pelo capim-braquiária foi mais acentuada em comparação a ocasionada pelo capim-colonião. Figura 10. Área foliar (cm²) do eucalipto em relação ao número de plantas de capimbraquiária semeadas, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média. 26 Graat (2012), trabalhando com diversas distâncias de capim-braquiária em relação ao eucalipto, relata que as características que mais sofreram com a competição da planta daninha foram à matéria seca (do caule e das folhas), a área foliar e o número de folhas do eucalipto, com reduções de 71,19%, 65,84%, 69,84% e 35,08%, respectivamente. Dinardo et al. (2003) analisando, em diferentes densidades, a interferência do capim-colonião no eucalipto, constataram que a partir de 4 plantas m-² já existe decréscimo no desenvolvimento do diâmetro do caule, número de folhas, altura, massa seca e área foliar. Esses dados corroboram com os resultados encontrados no presento trabalho. Vale ressaltar ainda o trabalho de Toledo et al. (2003), no qual os autores determinaram a necessidade do controle de uma faixa de 100 cm ao longo da linha de plantio para que a interferência das plantas daninhas no desenvolvimento inicial do eucalipto fosse reduzida. Nessa mesma linha de pesquisa, Silva et al. (2012) trabalhando com eucalipto em duas cidades distintas (Araraquara e Altinópolis) do estado de São Paulo, verificaram que foi necessário o mínimo de 75 cm de faixa tratada, a partir da linha de plantio, para minimizar a interferência das plantas daninhas no desenvolvimento inicial do Eucalyptus grandis. 4.1.1. Capim-braquiária (semeada) Na presença da planta de eucalipto, a massa seca dos tratamentos com uma planta de BRADC foi de cerca de 100 g para ambos os espaçamentos utilizados (5 e 15 cm). Já na ausência do eucalipto, a massa seca de uma planta de BRADC foi de aproximadamente 190 e 130 g, para os espaçamentos 5 e 15 cm, respectivamente (Figura 11). As massas secas de duas plantas de BRADC, na presença de uma planta de eucalipto foi de cerca de 120 e 100 g para os espaçamentos 5 e 15 cm respectivamente. Já 27 na ausência do eucalipto, e para os mesmos espaçamentos, as massas secas de duas BRADC totalizaram 220 e 280 g, aproximadamente. Já para os tratamentos que continham três plantas de BRADC, a massa seca oscilou entre 180 e 220 g, independentemente da presença ou ausência da planta de eucalipto, para espaçamentos de 5 e 15 cm respectivamente. Os tratamentos com quatro plantas de BRADC, tanto na presença quanto na ausência da planta de eucalipto, apresentaram massa seca de cerca de 150 gramas para os espaçamentos analisados (Figura 11). Figura 11. Valores de massa seca das plantas de capim-braquiária semeadas, em relação à sua densidade, para as diferentes distâncias (5 e 15 cm) na presença e ausência do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 28 4.2. Segundo Experimento (rebrota do capim-braquiária) Na rebrota das plantas de capim-braquiária, percebe-se que para todas as características do eucalipto avaliadas (altura, diâmetro, número de folhas, massa seca total e área foliar) e independentemente das distâncias estudadas no experimento, houve diferença significativa entre a testemunha e os demais tratamentos, os quais não diferiram significativamente entre si. Convertendo as densidades utilizadas no presente trabalho para plantas m², nota-se que a partir de 2,6 plantas m-² (1 BRADC) já há redução nas características avaliadas do eucalipto, as quais não evoluem na mesma proporção em que as densidades aumentam (Figuras 12 a 18). Bezutte et al. (1995), Dinardo (1996), Costa (1999), Toledo et al. (2001) e Dinardo et al. (2003), trabalhando com diversas plantas daninhas em relação ao eucalipto, encontraram que a partir de 4 plantas m-² já existe interferência significativa das plantas infestantes sobre a cultura. Deve-se ressaltar que para os trabalhos acima citados, foram utilizadas mudas das respectivas daninhas (as sementes foram semeadas, estabelecidas em substrato e posteriormente transferidas para as parcelas experimentais), enquanto no presente trabalho foi utilizada a rebrota da planta infestante. A maior interferência da BRADC no eucalipto, quando em baixas densidades (2,6 plantas m-²) encontrada no presente experimento, provavelmente se deve ao fato de a planta daninha já estar com seu sistema radicular totalmente estabelecido no momento em que as mudas de eucalipto foram plantadas, competindo pelos recursos naturais de forma mais eficaz que as plantas recém estabelecidas. Para a altura do eucalipto, a partir dos 45 dias após o plantio (DAP) já é possível observar a interferência negativa das plantas infestantes no eucalipto. Aos 90 DAP, os 29 tratamentos que continham a planta de capim-braquiária demonstraram crescimento menor de, em média, 47,36% para a distância de 5 cm e 48,42% para a distância de 15 cm, em comparação ao tratamento sem BRADC, não apresentando diferença significativa entre si (Figuras 12 e 13). Figura 12. Altura do eucalipto (cm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para a rebrota das plantas de capim-braquiária a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 30 Figura 13. Altura do eucalipto (cm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para a rebrota das plantas de capim-braquiária a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. Já o diâmetro do eucalipto se mostrou mais sensível à competição imposta pelo capim-braquiária do que a altura, pois já aos 30 DAP nota-se uma diferença expressiva entre a testemunha e os demais tratamentos. Aos 90 DAP, o eucalipto apresentou reduções de 54,10% quando em convivência com plantas de capim braquiária a 5 cm e 56,42% para 15 cm (Figuras 14 e 15). Toledo et al. (2001), para o mesmo período de avaliação, constataram que a interferência do capim-braquiária transplantado reduziu em 18,47% a altura e 27,78% o diâmetro do eucalipto em relação ao tratamento sem BRADC (testemunha). Dinardo et al. (2003) verificando a interferência do capim-colonião no desenvolvimento inicial do 31 eucalipto, verificaram que aos 190 DAP houve redução para a altura em 22,5%, e para o diâmetro em 46,6% em relação à testemunha, o que demonstra que a presença do capimbraquiária na rebrota, mesmo em menores densidades (2,6 plantas m-²), afeta o crescimento da cultura de forma mais acentuada em comparação à outra espécie de planta daninha que fora transplantada, ainda que durante um período de convivência mais longo. Figura 14. Diâmetro do eucalipto (mm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para a rebrota da planta de capim-braquiária a 5 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 32 Figura 15. Diâmetro do eucalipto (mm) em relação aos dias após o plantio, em diferentes densidades para a rebrota da planta de capim-braquiária a 15 cm do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. Com relação ao número de folhas, massa seca total e área foliar, o padrão encontrado foi semelhante, no qual a testemunha diferiu significativamente dos demais tratamentos, os quais não diferiram entre si (Figuras 16 a 18). Com relação às distâncias, não houve diferença significativa entre 5 e 15 cm. Contudo, essas características se mostraram ainda mais sensíveis se comparadas às duas primeiras (altura e diâmetro). Para o número de folhas, houve redução de 82,45% para 5 cm e 82,60% para 15 cm quando comparadas ao tratamento sem BRADC (Figura 16). A massa seca total foi reduzida em 86,81% com a convivência com capim-braquiária a 5 cm, e 88,55% menos a 15 cm quando comparada a testemunha (Figura 17). 33 Dentre todas as características avaliadas no presente experimento, a área foliar foi a que se mostrou mais sensível à presença da planta infestante, uma vez que para a convivência a 5 cm, a área foliar foi 88,74% menor que a testemunha, e para 15 cm, os valores foram 90,63% menor (Figura 18). Graat (2012) analisando a interferência do capim-braquiária no eucalipto, em diferentes distâncias, verificou que as características que se apresentaram mais sensíveis à competição imposta pela planta daninha foram área foliar, número de folhas, e massa seca do caule e das folhas. Resultados similares foram obtidos por Cruz et al. (2010), que verificaram que as características do eucalipto mais sensíveis à convivência com o Panicum maximum (capim-colonião) foram massa seca (das folhas e do caule) e área foliar. Deve-se ressaltar que informações relacionadas ao efeito da rebrota de plantas daninhas e sua interferência nas culturas são muito escassas, despertando a necessidade de maiores estudos, visto o grau de interferência na cultura mesmo em pequenas densidades. 34 Figura 16. Número de folhas do eucalipto em relação ao número de plantas de capimbraquiária na rebrota, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média. Figura 17. Massa seca total (g) do eucalipto em relação ao número de plantas de capimbraquiária na rebrota, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média. 35 Figura 18. Massa seca total (g) do eucalipto em relação ao número de plantas de capimbraquiária na rebrota, para as distâncias de 5 e 15 cm. As barras indicam o erro padrão da média. 4.2.1. Capim-braquiária (rebrota) Na presença de uma planta de eucalipto, a massa seca da BRADC foi de cerca de 120 e 160 g para os espaçamentos 5 e 15 cm, respectivamente. Já na ausência do eucalipto, a massa seca de uma planta de BRADC foi de aproximadamente 210 e 290 g, para os espaçamentos 5 e 15 cm, respectivamente (Figura 19). As massas secas de duas plantas de BRADC, na presença de uma planta de eucalipto foi de cerca de 120 e 210 gramas para os espaçamentos 5 e 15 cm, respectivamente. Já na ausência do eucalipto, e para os mesmos espaçamentos, as massas secas de duas BRADC totalizaram 200 g, aproximadamente (Figura 19). 36 Já para os tratamentos que continham três plantas de BRADC, a massa seca oscilou entre 150 e 170 g, para 5 e 15 cm respectivamente, na presença ou ausência da planta de eucalipto. Os tratamentos com quatro plantas de BRADC apresentaram massas secas de 150 e 180 gramas na presença da planta de eucalipto, para 5 e 15 cm respectivamente. Já na ausência do eucalipto, as massas secas foram de aproximadamente 150 e 210 gramas, para os mesmos espaçamentos analisados. É possível perceber que a massa seca da BRADC, quando rebrotada, é maior que quando semeada, indicando que um sistema radicular bem formado e presente incrementa o potencial competitivo da planta daninha. 37 Figura 19. Valores de massa seca do capim-braquiária em relação à sua densidade na rebrota, para as diferentes distâncias (5 e 15 cm) na presença e ausência do eucalipto. As barras indicam o erro padrão da média. 38 5. CONCLUSÃO Os resultados obtidos indicam que, tanto para plantas oriundas de semeadura quanto para as de rebrota, o capim-braquiária afeta negativamente o crescimento inicial do eucalipto a partir da densidade de 1 planta por caixa (2,6 plantas m-2) independentemente da distância (5 ou 15 cm), sendo o efeito mais acentuado quando oriundas de rebrota. 39 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAF – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTAS. Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2012. 2013. Disponível em: <www.abraflor.org.br/estatisticas.asp>. 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Valores de R², A1, A2, x0 e dx para altura, diâmetro e número de folhas do eucalipto, para as distâncias de 5 e 15 cm, da BRADC semeada. y = A2 + (A1-A2)/(1 + exp((x-x0)/dx)) R² A1 A2 x0 dx 1 BRADC 0,99 19,7 84,9 47 16,8 2 BRADC 0,99 25,9 62,5 46,1 13,2 3 BRADC 0,98 12,7 94,9 70,1 40,8 4 BRADC 0,99 27,5 63 38,3 9,05 TEST 0,99 27,9 101,6 57 11,8 1 BRADC 0,99 24,5 79,4 48,8 13,3 2 BRADC 0,97 26,1 67,1 52,6 15 3 BRADC 0,99 23 72,1 58,1 51,6 4 BRADC 0,99 26,9 72,1 53,5 16,4 TEST 0,99 27,9 101,6 57 11,8 1 BRADC 0,98 -0,91 15 40,2 20,9 2 BRADC 0,99 -0,35 9,6 30,6 18,7 3 BRADC 0,99 -1,68 8,4 17,3 18,1 4 BRADC 0,99 -6,91 12,3 13 37,9 TEST 0,99 0,51 15,3 42,1 13,6 1 BRADC 0,98 0,4 14,3 42,6 15,5 Diâmetro 2 BRADC 0,99 -2,46 9,3 18,5 23,2 15 cm 3 BRADC 0,99 -1,44 9,1 24,0 20,8 4 BRADC 0,99 1,20 8,4 32 11,4 Altura 5 cm Altura 15 cm Diâmetro 5 cm 46 Número de Folhas 5 cm Número de Folhas 15 cm TEST 0,99 0,51 15,3 42,1 13,6 1 BRADC 0,99 5,66 162,2 41,2 7,5 2 BRADC 0,99 9,6 89,3 31,5 2,2 3 BRADC 0,99 8,7 72,7 31,6 3,2 4 BRADC 0,98 10,3 91,3 31,9 2,96 TEST 0,88 7,2 361,4 55,4 8,4 1 BRADC 0,96 7,04 171,4 40 6,3 2 BRADC 0,99 12 93,2 33,4 4,2 3 BRADC 0,99 9,2 72,9 31,4 2,2 4 BRADC 0,98 9,4 80,2 32,4 4,7 TEST 0,88 7,23 362,9 55,5 8,5 Anexo 2. Valores de R², y0, A1 e t1 para área foliar e massa seca total do eucalipto, para as distâncias de 5 e 15 cm, para BRADC semeada. y = A1 * exp(-x/t1) + y0 R² y0 A1 t1 5 cm 0,99 216,7 7401,9 0,90 15 cm 0,98 101,6 7589 0,95 Massa Seca 5 cm 0,99 11,08 77,8 0,76 Total 15 cm 0,99 10,2 79,8 1,06 Área Foliar 47 Anexo 3. Valores de R², A1, A2, x0 e dx para altura e diâmetro do eucalipto, para as distâncias de 5 e 15 cm, para BRADC rebrotada. y = A2 + (A1-A2)/(1 + exp((x-x0)/dx)) Altura 5 cm Altura 15 cm Diâmetro 5 cm Diâmetro 15 cm R² A1 A2 x0 dx 1 BRADC 0,99 -84,7 65 -124,1 88,8 2 BRADC 0,95 -355,3 60,7 -273,4 101,1 3 BRADC 0,99 -40,4 51,0 -79,2 54,1 4 BRADC 0,99 30,3 48 18,7 20,6 TEST 0,98 38,5 192,1 101,2 29,2 1 BRADC 0,96 -33,5 521,8 914,6 480,1 2 BRADC 0,98 30,6 49,5 46,4 21,3 3 BRADC 0,94 -292 100,2 -556,7 343 4 BRADC 0,98 24,1 50,8 16,9 22,6 TEST 0,98 30,5 192,1 101,2 29,2 1 BRADC 0,92 1,6 45,8 225,9 69,9 2 BRADC 0,97 -25 8,5 -124,0 81,4 3 BRADC 0,98 2,6 5,8 28,9 15,4 4 BRADC 0,99 3,14 6,7 58,3 19,2 TEST 0,99 2,8 17,1 61 19,8 1 BRADC 0,99 2,4 6,7 45,5 22,3 2 BRADC 0,95 2,8 5,6 42,4 23,9 3 BRADC 0,98 -16,7 7,1 -101,4 62,6 4 BRADC 0,98 1,0 6,9 27,9 22,9 TEST 0,99 2,8 17,1 61 19,8 48 Anexo 4. Valores de R², y0, A1 e t1 para número de folhas, área foliar e massa seca total do eucalipto, para as distâncias de 5 e 15 cm, para BRADC rebrotada. y = A1 * exp(-x/t1) + y0 R² y0 A1 t1 Número de 5 cm 0,99 43,2 235,9 0,35 Folhas 15 cm 0,97 37,2 242,4 0,36 5 cm 0,98 617 5299,4 0,27 15 cm 0,91 448,7 5476,1 0,27 Masa Seca 5 cm 0,99 10,7 75,3 0,2 Total 15 cm 0,88 7,9 78,3 0,28 Área Foliar