Volume 3, nº 2 - Agosto/Dezembro 2007

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Faculdade de Odontologia
Belo Horizonte - MG
GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
PROGRAMAS DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
Nível Acadêmico
Área de concentração: Clínicas Odontológicas
Ênfases:
Endodontia
Estomatologia
Periodontia
Prótese Dentária
Nível Profissionalizante
Áreas de concentração: Ortodontia e Odontopediatria, Implantodontia
CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO
Áreas:
Estomatologia
Dentística
Endodontia
Odontopediatria
Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais
Periodontia
Prótese Dentária
Radiologia e Imaginologia Odontológica
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
RESIDÊNCIAS EM ODONTOLOGIA
INFORMAÇÕES
Secretaria dos Programas de Mestrado – (0xx31) 3319-4414 / 3319-4508 – [email protected]
Secretaria de Pós-Graduação Lato sensu – (0xx31)3319-4411 / 3319-4409 – [email protected]
ARQUIVO BRASILEIRO DE ODONTOLOGIA
BRAZILIAN ARCHIVE OF DENTISTRY
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Reitor
Prof. Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Vice-Reitora
Profa. Patrícia Bernardes
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Diretor
Prof. Tarcísio Junqueira Pereira
COLEGIADO DO CURSO DE GRADUAÇÃO
Profa. Franca Arenare Jeunon (Coordenadora)
Profa. Ana Maria Abras da Fonseca
Prof. Dr. Paulo Franco Taitson
Prof. Rubens de Menezes Santos
COLEGIADO DOS PROGRAMAS DE MESTRADO
Prof. Dr. Roberval de Almeida Cruz (Coordenador)
Prof. Dr. Dauro Douglas Oliveira - Ortodontia
Profa. Dra. Claúdia Valéria R. S. Penido - Odontopediatria
Prof. Dr. Eduardo Nunes - Endodontia
Prof. Dr. Carlos Roberto Martins - Estomatologia
Prof. Dr. Élton Gonçalves Zenóbio - Periodontia
Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian - Prótese
Prof. Dr. Wellington Jansen - Implantodontia
RESIDÊNCIAS ODONTOLÓGICAS
Prof. Saint’Clair Batista Rabelo Neto (Coordenador)
ARQUIVO BRASILEIRO DE ODONTOLOGIA
EDITORES CIENTÍFICOS
José Antonio Valle Fróes
Paulo Franco Taitson
Paulo Isaias Seraidarian
Roberval de Almeida Cruz - Coordenador
COMISSÃO EDITORIAL
Antenor Araújo - UNESP
Antônio Mourthé Filho – PUC/MG
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Eustáquio Afonso Araújo – U St Louis
Fernando Borba Araújo - UFRGS
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Franca Arenare Jeunon – PUC/MG
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Gerson Bonfante - USP
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Paulo José Medeiros – UERJ
Ricardo Santiago Gómez - UFMG
Sigmar de Mello Rode – UNESP
Volnei Garrafa – UnB
Vinícius Eustáquio Jeunon – Prontocor
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A sil olo
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B d
O
COORDENAÇÃO DOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO
Profa. Dra. Alcione Maria S. Dutra de Oliveira (Coordenadora)
ESPECIALIDADES
Estomatologia
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Dentística
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Cirurgia
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Arquivo Brasileiro de Odontologia – Faculdade de Odontologia da PUC Minas Gerais
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
A772
Arquivo Brasileiro de Odontologia / Faculdade de Odontologia da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. – v.1, n.1- (2004)Belo Horizonte: FUMARC, 2004.
Anual
ISSN 1808-2998
1. Odontologia - Periódicos. I. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Faculdade de Odontologia
CDU: 616.314(05)
Índice
EDITORIAL ........................................................................................................................................ 85
Prof. Paulo Franco Taitson
I
EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LÍQUEN PLANO NO PROJETO DE LESÕES BUCAIS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ............................................................................................... 87
Epidemiology, diagnosis and treatment of lichen planus of the buccal lesions project in the State
University of Maringa
Mariliani Chicarelli da Silva, Lilian Cristina Vessoni Iwaki, Neli Pieralisi, Renata Sampaio
Silgueiro, Graciela Cristina Cândido
II
O CIRURGIÃO DENTISTA É CAPAZ DE IDENTIFICAR MANIPULAÇÕES EM IMAGENS RADIOGRÁFICAS DIGITAIS?... 95
Is the dentist capable to identify manipulations in digital radiographic images?
Fábio Ribeiro Guedes, Flávio Ricardo Manzi, Gláucia Maria Bovi Ambrosano, Solange Maria de
Almeida, Frab Norberto Bóscolo
III
HIPERTROFIA UNILATERAL DO MÚSCULO MASSETER: RELATO DE CASO .................................................... 101
Unilateral masseter muscle hypertrophy: a case report
Alexandre Eustáquio Camargos Rocha, Bruno Franco de Oliveira, Vinícius de Magalhães Barros,
Helenice de Andrade Marigo, Paulo Isaias Seraidarian
IV
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DE FRATURA MANDIBULAR APÓS REMOÇÃO DE TERCEIRO MOLAR .. 106
Considerations above the treatment of mandibular fracture after third molar removal
Antonio Luis Neto Custódio, Djalma Cordeiro Menezes Júnior, Frederico Beaklin Nehmy
Cavalcanti, Marcella Resende Serpa, Mauricio Greco Cosso, João Marcos Pires Faria
V
DETECÇÃO DE HPV POR PCR EM LESÕES DA CAVIDADE BUCAL – ATUALIZAÇÃO ................................... 114
pcr hpv detection in oral cavity lesions - atualization
Pedro Alves Campos, Anilton Cesar Vasconcelos, Almir Sousa Martins
VI
COMPLICAÇÕES FUNCIONAIS DECORRENTES DE MANDIBULOTOMIA ......................................................... 120
Mandibulotomy’s functional complications
Patrícia Vieira Salles, Vânia Duarte de Alvarenga, Patrícia Marques de Oliveira
VII
MANIFESTAÇÕES GERAIS DAS LEUCEMIAS AGUDAS NA INFÂNCIA. ASPECTOS BÁSICOS PARA O CONHECIMENTO
DO CIRURGIÃO-DENTISTA ................................................................................................................... 129
General manifestations of acute leukemia in children. basic aspects for dentists
Fernanda Medeiros Carneiro, Luis Cândido Pinto da Silva, Roberval de Almeida Cruz
VIII MANEJO DE PACIENTE COM CÁRIE DE DENTINA: RELATO DE CASO .......................................................... 146
Handling patient with dental caries in dentin: case report
Bruno César Ladeira Vidigal, Luciana Guimarães Almeida, Mônica Oliveira Santiago
IX
ANAIS DO I CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA ESTÉTICA DA PUC MINAS ........................ 152
Analls of the I International Meeting of Aesthetical Dentistry – FO/PUC Minas
X
NORMAS EDITORIAIS ........................................................................................................................ 164
Editorial
Entre as múltiplas tarefas que cabem aos editores de um periódico científico está a de pensar maneiras de atrair a submissão de bons
trabalhos, obter excelência na documentação e estimular a rotina da
leitura. Em busca da motivação e de melhoria constante das contribuições recebidas, o Arquivo Brasileiro de Odontologia têm, entre outras
ações, divulgado eventos científicos odontológicos. Neste número
estão os anais do I Congresso Internacional de Estética ocorrido na
PUC Minas.
Além de motivar a publicação de qualidade, cabe também à
Editoria Científica a orientação de seus colaboradores, no sentido de
evitar submissões ou comportamentos que dificultem os trabalhos da
Equipe Editorial, provocando atrasos e nos colocando sob risco de
erro. A propósito de fatos como esses, comungamos da proposição dos
Editores dos Anais Brasileiros de Dermatologia, em relação à leitura
do artigo de Jeffrey D. Bernhard (J Am Acad Dermatol. 2007;56:8878), que destaca a recorrência de 12 padrões inadequados de submissão
de artigos por parte de autores, alguns deles reiteradamente presentes
também em nossa rotina — não observação das normas da revista e,
até mesmo, tentativa de argumentação no sentido de “abrir exceções”;
submissão de artigos sem a devida revisão e releitura; autores renomados
que delegam funções de redação e não realizam a revisão do artigo de
forma apropriada antes da submissão; submissão de artigos rejeitados
por outros periódicos e submetidos ainda de acordo com as normas do
periódico precedente; ausência de mérito para constituir-se como coautor; e, ainda, submissão com falhas e lacunas na expectativa de que
editores e pareceristas possam contribuir com as melhorias necessárias.
Acrescente-se a má qualidade da documentação fotográfica, que forçosamente obriga à recusa de artigos com outras qualidades.
O Arquivo Brasileiro de Odontologia passou a fazer parte do
ranking do Qualis CAPES.
Prof. Dr Paulo Franco Taitson
Editor Científico Associado
Arquivo Brasileiro de Odontologia
85
Arq bras odontol 2007; 3(2):87-94
ISSN 1808-2998
EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LÍQUEN PLANO NO PROJETO
DE LESÕES BUCAIS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
EPIDEMIOLOGY, DIAGNOSIS AND TREATMENT OF LICHEN PLANUS OF THE BUCCAL LESIONS
PROJECT IN THE STATE UNIVERSITY OF MARINGÁ
Mariliani Chicarelli da Silva, Lilian Cristina Vessoni Iwaki, Neli Pieralisi,
Renata Sampaio Silgueiro, Graciela Cristina Cândido
Universidade Estadual de Maringá – UEM
Resumo - O líquen plano é uma doença mucocutânea crônica de etiologia desconhecida. A partir
da revisão bibliográfica, o trabalho se propôs a analisar os achados clínicos do líquen plano, coletados no
Departamento de Odontologia da UEM, bem como compará-los aos relatos literários. Foram consultados e
revisados 26 prontuários odontológicos do arquivo do projeto “Epidemiologia, Diagnóstico e Tratamento de Lesões
Bucais” no período de 1995 a 2005. Os dados foram tabelados e analisados, podendo-se concluir que o Líquen
Plano é uma doença comum em mulheres de meia idade, ocorrendo principalmente na sua forma reticular e com
localização preferencial na mucosa jugal. Quando há presença de dor e ardência, a utilização de medicamentos
(corticosteróides) permite o alívio dos sintomas. Além disso, a realização do exame histopatológico associado à
observação clínica da lesão é o método mais seguro para se estabelecer o diagnóstico final.
Descritores - líquen plano, epidemiologia, mucosa bucal, manifestações bucais.
INTRODUÇÃO
O líquen plano (LP) é uma doença mucocutânea crônica, de etiologia ainda desconhecida,
provavelmente de origem multifatorial, havendo
uma série de suposições como, por exemplo,
reação auto-imune, desordens emocionais, associação com doenças sistêmicas (diabetes mellitus,
doenças reumáticas, síndrome do “stress” crônico,
hipertensão arterial, infecções virais, predisposição
HLA, reações de drogas e doenças crônicas do
fígado).1,2,3,4,5,6,7,8,9 Desde sua descrição em 1869,
por Erasmus Wilson, pouco progresso tem sido
feito em relação à compreensão de sua etiologia
ou patogênese. Entretanto, a presença de um denso
infiltrado inflamatório nos cortes histopatológicos,
bem como a resposta favorável ao tratamento com
corticosteróides, são evidências sugestivas de que
as lesões do LP possam ser decorrentes de resposta
imunológica celular do tipo hipersensibilidade
IV.2,8,10
Embora o LP seja associado a alterações
emocionais3,4, os fatores psicológicos não são
responsáveis pela doença e suas lesões, visto que
estudos demonstrando altos níveis de ansiedade
nos pacientes não são capazes de determinar se
as alterações psicológicas observadas são causa
ou conseqüência das lesões.11,12
Sabe-se que o LP possui potencial de malignidade, principalmente nas formas atrófica e
erosiva/ulcerativa.1,2,5,7,13 Porém, o que mais gera
controvérsias é a taxa desse potencial, sendo que
varia de 1%, 1,5%, 2%, 3,2%, até 10%.1,7,8,10,14
Clinicamente, o LP possui amplo espectro
de abrangência, podendo se apresentar na pele,
na mucosa bucal, ou ambos, o que reflete sua
natureza mucocutânea.3,6,7,10,15 As lesões bucais
Arquivo Brasileiro de Odontologia
87
manifestam-se principalmente de três diferentes
formas: reticular, atrófica e erosiva/ulcerativa. 1,4,7,10,16 Raramente uma forma clínica se
transforma em outra.16 O tipo reticular é o mais
freqüente e caracteriza-se apenas pela presença
das estrias de Wickham na mucosa jugal, gengiva e língua.1,2,4,7,8,15,16 Estas estrias são geralmente assintomáticas, também presentes nas outras
formas de LP. O tipo atrófico apresenta-se como
áreas eritematosas e lisas, no qual a mucosa
encontra-se fina e inflamada, mas intacta.1,6,7
O tipo erosivo/ulcerativo é a forma mais grave
e provoca dor e ardência2,5,15,16; as erosões são
irregulares e recobertas por exsudato fibrinoso
e amarelo.1,5,6 Ainda é descrito o tipo em placa,
que é uma lesão branca, encontrada principalmente na língua de pacientes fumantes.1,6,16
A partir de revisão bibliográfica realizada,
este artigo se propôs a analisar os achados clínicos
de LP coletados no Departamento de Odontologia
da Universidade Estadual de Maringá, bem como
compará-los aos relatos literários, com referência
a idade, gênero, área de maior incidência, tipo
clínico mais freqüente, além de outros aspectos de
importância no âmbito da doença, a fim de facilitar
o diagnóstico e sua proservação.
MATERIAL E MÉTODO
Foram consultados e revisados 26 prontuários
odontológicos do arquivo do projeto “Diagnóstico,
Tratamento e Epidemiologia das Doenças da Cavidade Bucal”, do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Maringá, no período de
1995 a 2005. Todos os pacientes foram comprovadamente diagnosticados, por meio de exames
clínico e histopatológico, como portadores de
líquen plano.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
88
Os dados coletados foram colocados em
tabela, sendo uma para cada paciente, que possuía
os seguintes campos: nome do paciente, laudo
histopatológico, local onde foi realizado o exame
histopatológico, ano de realização do exame, procedência do paciente, gênero, idade, raça, exames
laboratoriais solicitados, associação com algum
fator, localização intrabucal, localização extrabucal, doenças sistêmicas relatadas pelo paciente,
descrição clínica da lesão, sintomas, duração e
tratamento.
Os dados foram distribuídos nos diferentes
itens estabelecidos para cada campo e foi realizada
a contagem em números absolutos, seguida de cálculo das porcentagens encontradas para cada item
classificado. Análises estatísticas também foram
realizadas, a partir das quais foram estabelecidos
os dados significantes para a confecção das tabelas
e gráficos.
RESULTADOS
Pode-se observar no Gráfico 1 que 69% dos
pacientes eram do gênero feminino, das quais a
maioria provinha de Maringá e era leucoderma
(85%). A idade média total dos pacientes foi de 46
anos (desvio padrão = 14), sendo que 65% tinham
até 50 anos. A idade média calculada apenas para
os pacientes do gênero feminino foi de 47 anos.
Gráfico 1 - Distribuição do líquen plano segundo a procedência, idade, gênero e etnia
O Gráfico 2 demonstra que a área de maior
incidência do LP foi a mucosa jugal (73%), seguida
da língua (23%), do palato e a mucosa labial, que
foram igualmente acometidos (8%), e a gengiva
(4%).
A Tabela 1 demonstra o predomínio do tipo
reticular em todas as regiões de incidência, com
exceção da mucosa labial, que foi igualmente acometida pelos tipos erosivo e reticular. O tamanho
das lesões foi muito variável, sendo que a média
de 33mm não é representativa, de acordo com os
dados estatísticos (desvio padrão = 33,3).
Quando se relacionou o laudo histopatológico com a coloração apresentada clinicamente
pelas lesões, verificou-se que das 20 lesões do
tipo reticular, 16 apresentaram coloração branca e
das seis lesões dos tipos erosivo e atrófico, cinco
apresentaram coloração vermelha (Tabela 2).
Gráfico 2 - Área de incidência do líquen plano
Tabela 1 - Descrição das lesões encontradas nos prontuários odontológicos do Projeto de Lesões Bucais
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
TAMANHO
MUCOSA JUGAL
Reticular - 74%
Atrófica - 5%
EROSIVA - 21%
Não relatado – 11%
3-11mm – 21%
1-5 CM – 68%
PALATO DURO
RETICULAR – 100%
1-2 CM – 100%
MUCOSA LABIAL INFERIOR
Reticular - 50%
EROSIVA - 50%
1-4 cm – 100%
LÍNGUA
Reticular - 67%
EROSIVA - 33%
Não Relatado – 17%
Até 3mm – 33%
1-3 CM – 50%
GENGIVA
RETICULAR – 100%
1-2 CM – 100%
Tabela 2 - Correlação entre a coloração clínica e o laudo histopatológico verificado nos prontuários odontológicos do Projeto de Lesões Bucais
Laudo Histopatológico
Vermelha
Branca
Total
Reticular
4
16
20
Erosivo
4
1
5
Atrófico
1
0
1
Total
9
17
26
Arquivo Brasileiro de Odontologia
89
De acordo com o Gráfico 3, verificou-se que
55% dos pacientes com o tipo reticular apresentaram algum sintoma e 45% relataram ausência.
Com relação aos tipos erosivo e atrófico, 50% dos
pacientes relataram dor e 50% ardência, ou seja,
todos os pacientes com os tipos erosivo e atrófico
tiveram algum tipo de sintoma.
Gráfico 5 - Tratamentos realizados
O tempo de duração das lesões foi muito
variável (mínimo: 20 dias e máximo: 15 anos refere-se à quantidade de tempo que se passou do
momento da entrevista ao aparecimento da lesão
segundo o paciente e não a sua completa permanência na cavidade bucal), sendo a média de 72
meses (Gráfico 6).
Gráfico 3 - Sintomas encontrados nos pacientes com líquen
plano
Conforme demonstra o Gráfico 4, 38%
dos pacientes não apresentaram qualquer fator
associado à doença, 32% fumavam, 15% tinham
ansiedade/stress e a mesma porcentagem apresentavam outras condições.
Gráfico 6 - Período de duração das lesões bucais
O Gráfico 7 mostra que 83% dos pacientes
foram submetidos à confirmação do diagnóstico
por meio do exame histopatológico e apenas 12%
dos indivíduos apresentavam lesões intrabucais
associadas a extrabucais.
Gráfico 4 - Aspectos emocionais e hábitos descritos nos
prontuários dos pacientes portadores de LP
Com referência ao tratamento realizado
(Gráfico 5), 96% das lesões estão sendo proservadas; a apenas 19% dos pacientes foi prescrito
algum medicamento para alívio dos sintomas, 11%
foram encaminhados ao dermatologista e 23%
receberam a combinação dos tratamentos.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
90
Gráfico 7 - Dados clínicos (exames laboratoriais e localização extrabucal) encontrados nos prontuários odontológicos
do Projeto de Lesões Bucais
correlação entre a coloração das lesões clinica-
DISCUSSÃO
mente descritas e o tipo de LP apresentado no
1,5,7,10,17
Assim como em uma série de estudos
,
laudo histopatológico, o que comprova a natureza
verificou-se que o LP foi mais freqüente nas
clínica esbranquiçada da forma reticular e o ca-
mulheres de meia-idade, visto que a maioria dos
ráter avermelhado das formas erosiva e atrófica,
pacientes era do gênero feminino com idade média
características muito importantes para o diagnós-
de 47 anos. Apesar dos tipos erosivo e atrófico
tico presuntivo. Entretanto, como o diagnóstico
serem as formas sintomáticas da doença e que ge-
diferencial do líquen plano é feito tanto para
ralmente levam o paciente a procurar uma clínica
lesões brancas, como a leucoplasia e a candidose,
odontológica, a maioria dos casos pesquisados teve
quanto vermelhas, como o pênfigo benigno e o
diagnóstico clínico e histopatológico comprovado
lúpus eritematoso discóide15, a realização da bi-
de LP reticular, que é a forma assintomática, ao
ópsia com a execução do exame histopatológico
contrário do que nos reportam estudos realiza-
é de suma importância para o correto diagnósti-
dos.8,10,17,18
co.3,9,10,13,19 É necessário não somente estabelecer
Semelhante aos achados de Silverman
10
o diagnóstico, mas principalmente eliminar outras
et al. , as regiões mais acometidas, em ordem
possíveis doenças com manifestações clínicas que
decrescente, foram a mucosa jugal, a língua, o
simulem o LP na mucosa bucal. Existem ainda
palato e a mucosa labial. Enquanto a gengiva
alterações com características clínicas e micros-
encontrava-se em segundo lugar conforme os
cópicas semelhantes, denominadas de reações
achados clínicos descritos na literatura, aqui sua
liquenóides, desencadeadas por fatores sistêmicos
ocorrência foi a menor registrada nos prontuários
ou locais, como o uso de alguns medicamentos
examinados. Isto torna evidente a maior ocorrência
ou materiais restauradores metálicos. O diag-
do LP na mucosa jugal, como relataram diversos
nóstico diferencial entre as duas lesões depende
autores.
1,4,5,7,10,18,19
do estabelecimento de uma relação causa-efeito,
As lesões bucais manifestam-se clinica-
no qual a regressão da lesão após eliminação do
mente principalmente de três formas diferentes:
provável agente causal confirma o diagnóstico de
reticular, atrófica e erosiva/ulcerativa.1,4,7,10 O
reação liquenóide.9
tipo reticular é o mais freqüente e caracteriza-se
Como esperado, os pacientes portadores de
por formar um emaranhado de linhas brancas, as
LP erosivo e atrófico apresentaram invariavel-
estrias de Wickham, com aspecto de rede.1,2,4,7,8,15
mente algum tipo de sintoma (dor ou ardência),
O tipo atrófico apresenta-se como áreas eritema-
reforçando os relatos publicados.2,6,8,15 Entretanto,
tosas e lisas, no qual a mucosa encontra-se fina
observou-se na forma reticular uma porcentagem
1,6,7
E por fim, o tipo
relativamente alta (55%) de pacientes com tal
erosivo/ulcerativo, que é a forma mais grave, no
queixa, o que foi contra o conceito de que a for-
qual as lesões são irregulares e recobertas por
ma reticular do LP é normalmente assintomática.
exudato fibrinoso amarelada.
Porém, apenas com a leitura dos prontuários, não
e inflamada, porém intacta.
Neste trabalho pode-se observar a concordância com a literatura, verificando-se a boa
foi possível encontrar uma causa aparente para o
referido resultado.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
91
Tomando-se como referência a hipótese de
lada, derivados da vitamina A e de tranqüilizantes.
que o LP seja decorrente de uma reação imunoló-
No caso da associação de candidose deve-se usar
gica celular, conforme relatam alguns autores2,10,
ainda antifúngicos.9
e considerando-se que os fatores psicológicos não
11,12
Tendo em vista o grande número de pacien-
,
tes com sintomas presentes, a utilização de medi-
a presença de ansiedade/stress em 15% dos pa-
camentos para alívio dos sintomas em 19% dos
cientes não estaria associada à doença, ou seja,
casos foi necessária e tal conduta foi relatada por
seriam consideradas entidades distintas. Da mesma
vários autores.2,5,7,10,15 Considerando-se ainda que
forma, o vício do fumo, apresentado por 32% dos
o LP é uma condição não curável5,10, e que a taxa
pacientes, além de outras condições, como uso de
de malignização, apesar de baixa, existe1,7,8,10,19,20,
medicamentos ou álcool, também encontradas em
a proservação das lesões, realizada em 96% dos
15% da amostra, não possuem qualquer associação
pacientes que compareceram à clínica, sem dúvi-
são responsáveis pelo aparecimento de lesões
10
com as lesões de LP.
da, é algo muito importante, quando se trabalha
O tratamento do LP é desafiador e a maioria
com esta doença, devendo os pacientes serem
das falhas se deve ao diagnóstico incorreto.19 Ten-
examinados 3 a 4 vezes por ano e questionados
do em vista que o LP é uma condição não curável,
sobre eventuais mudanças nas características ou
o tratamento é direcionado ao alívio dos sintomas
nos sintomas das lesões.8,17
de desconforto ou dor. Os medicamentos mais utilizados e mais efetivos são os corticosteróides sistêmicos de cursos breves ou tópicos.2,5,7,8,9,10,15,17,19
Foi sugerida a predinisona para a terapia sistêmica
e o fluocinonida para a tópica5,13,19, assim como
o uso de imunossupressores, como a ciclosporina7,10, porém ela é de pouca efetividade.19 Pode-se
sugerir ainda o uso de esteróides intralesionais
em única injeção submucosa de 0,5 a 1,0 ml de
acetato de metilpredinizolona, que faz com que a
lesão cicatrize em 1 semana, enquanto o sulfato
de hidroxicloroquina é útil no alívio da dor provocando a redução do eritema após 1 a 2 meses,
já as erosões requerem 3 a 6 meses de tratamento
CONCLUSÃO
Tendo em vista o exposto, pode-se concluir
que o líquen plano é uma doença comum em mulheres de meia-idade, ocorrendo principalmente na
sua forma reticular e com localização preferencial
na mucosa jugal. Quando há presença de dor ou
ardência, o que geralmente ocorre nas formas erosiva e atrófica, a utilização de medicamentos como
os corticosteróides permite o alívio dos sintomas.
Além disto, a realização do exame histopatológico
associado à observação clínica da lesão é, sem
dúvida, o método mais seguro para se estabelecer
o diagnóstico final.
antes da melhora. Nos casos em que o tratamento
clínico conservador falha, pode ser utilizado a dapsona. A azatioprina pode ser empregada em casos
ABSTRACT
resistentes e debilitantes.19 Alguns dermatologistas
The lichen planus is a chronic mucocuta-
empregam no tratamento das lesões de LP reticular,
neous disease of unknown etiology. The aim of
restrito à cavidade bucal, a cauterização com ácido
this study is to analyze the lichen planus´s clinical
tricloracético, bochechos com uréia e água desti-
aspects, as well as to compare them to the literary
Arquivo Brasileiro de Odontologia
92
reports. 26 clinical records from the archives of
Young SK. Diseases of the Oral Mucosa and the
the “Epidemiology, Diagnosis and Treatment of
Lips. Lichen Planus. Philadelphia: Saunders; 1996.
Buccal Lesions” extension project, in the Depart-
58-65 p.
ment of Dentistry at the State University of Ma-
6. Scully C, Flint SR, Porter SR. Atlas Colorido
ringá (Paraná - Brazil), over the period of 1995 to
de Doenças da Boca: Diagnóstico e tratamento.
2005, were consulted and revised. The data were
Doenças da pele e dos tecidos subcutâneos. 2ª Ed.,
controlled and analyzed. Ultimately, they led to
Rio de Janeiro: Revinter; 1997. p.251-5.
the conclusion that the Lichen Planus is a common
disease in middle-aged women, in its reticular form
and with preferential location in the mucosa. When
7. Reichart PA, Philipsen HP. Patologia Bucal.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000.
there is burning or pain, the use of medications
8. Prado JD, Boraks S, Blachman IT, Lopes MA.
(corticosteroids) relieves the symptoms. Besides,
Líquen plano bucal: aspectos de importância
the accomplishment of the lesion histopathological
para o cirurgião-dentista. Rev Odontol UNICID
exam associated with its clinical observation is the
1999;11(1);51-8.
safest method to establish the final diagnosis.
9. Dorta RG, Colai CS, Costa CG, Oliveira DT.
Conduta médica em pacientes com líquen plano
DESCRIPTORS
lichen planus, epidemiology, mouth mucosa,
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REFERÊNCIAS
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Recebido em: 22/10/2007
Aceito em: 06/11/2007
Correspondência:
Mariliani Chicarelli da Silva
Avenida Mandacaru 1550, Bloco S-08 Zona 07
87080-000 – Maringá - PR
Telefone: (044) 2101-9051
Fax: (044) 2101-9051
E-mail: [email protected]
Arquivo Brasileiro de Odontologia
94
Arq bras odontol 2007; 3(2):95-100
ISSN 1808-2998
O CIRURGIÃO DENTISTA É CAPAZ DE IDENTIFICAR MANIPULAÇÕES
EM IMAGENS RADIOGRÁFICAS DIGITAIS?
IS THE DENTIST CAPABLE TO IDENTIFY MANIPULATIONS IN DIGITAL RADIOGRAPHIC IMAGES?
Fábio Ribeiro Guedes1, Flávio Ricardo Manzi2, Gláucia Maria Bovi Ambrosano3,
Solange Maria de Almeida4, Frab Norberto Bóscolo5
Resumo - O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade dos cirurgiões dentistas em identificar
manipulações em imagens radiográficas digitais, permitindo uma discussão quanto à legalidade das imagens
radiográficas digitais. Foram selecionadas quatorze radiografias periapicais, as quais foram digitalizadas no formato
jpeg e por meio de um software doméstico, estas imagens foram manipuladas digitalmente. Estas imagens foram
apresentadas em um monitor de computador para duzentos avaliadores de diversas especialidades e acadêmicos,
que foram orientados a identificar as imagens que continham manipulação digital e o local desta alteração. Como
resultado, apenas 14,13% das imagens com manipulação foi corretamente interpretado pelos avaliadores, sendo
que não se observou haver diferenças estatisticamente significante (p>0,05) quando comparados os radiologistas
às demais especialidades, havendo diferenças significativas apenas em relação aos acadêmicos (p<0,05). Pode-se
concluir que as imagens radiográficas digitais manipuladas são difíceis de serem identificadas pelos cirurgiões
dentistas, inclusive pelos radiologistas.
Descritores - radiografia dentária digital, diagnóstico
Introdução
A radiografia é um importante método de
diagnóstico utilizado pelos dentistas, pois fornece
informações valiosas sobre as estruturas internas
do dente e tecidos ósseos, que seriam impossíveis
de se obter por meio do exame clínico, sendo
considerado como o principal e, algumas vezes, o
único meio de se explorar os detalhes das arcadas
dentárias, incluindo o tratamento realizado, sendo
útil quando aspectos legais estão envolvidos.
1
2
3
4
5
Um dos maiores objetivos dentro do radiodiagnóstico sempre foi reduzir a quantidade de
radiação ionizante e simultaneamente melhorar a
qualidade da imagem, e a radiografia digital apresenta estas duas características, uma vez que reduz
aproximadamente 50-80% da quantidade de radiação comparando com a radiografia convencional,
permite melhorar a imagem, utilizando recursos
digitais, como brilho, contraste e zoom, além de
otimizar o tempo de trabalho dos profissionais,
eliminando o tempo gasto com o processamento
químico.1,2,3
Professor Substituto da área de Radiologia da FO-UERJ;
Professor Adjunto de Radiologia da FO-PUC-Minas, Professor Colaborador da área de Radiologia Odontológica da FOP-UNICAMP;
Professora Titular de Bioestatística da FOP-UNICAMP;
Professora Associada de Radiologia Odontológica da FOP-UNICAMP;
Professora Titular de Radiologia Odontológica da FOP-UNICAMP
Arquivo Brasileiro de Odontologia
95
A radiografia digital pode ser obtida de
duas formas: diretamente, utilizando os sensores
digitais do tipo CCD (Charge Couple Device)
ou placas de armazenamento de fósforo como
receptores dos raios X, e indiretamente pela digitalização da radiografia convencional por meio
de scaners ou câmeras digitais.1,3,4 Independentemente do modo que esta imagem digital é obtida,
ela pode sofrer modificações, como alterações
no contraste, brilho, densidade ou tamanho da
imagem, de modo a melhorar as condições de
interpretação.5,6,7,8,9,10
Por outro lado, estas imagens apresentam
desvantagens, pois permitem alterações por meio
de programas gráficos disponíveis no mercado
para propósitos ilegais e antiéticos, modificando,
desta forma, o radiodiagnóstico final, tornando-as
passíveis de questionamento legal.1,2,5,11
Baseado nestas evidências, este trabalho teve
como objetivo avaliar a capacidade dos cirurgiõesdentistas em identificar manipulações em imagens
radiográficas digitais, permitindo uma discussão
quanto à legalidade das imagens radiográficas
digitais na Odontologia.
gráfico disponível no mercado Adobe Photoshop
versão 6.0 (Adobe Systems Inc.), de modo a
simular diversas condições nas especialidades
odontológicas como, por exemplo, a colocação de
um dente onde não havia (Figura 1), melhorar um
tratamento endodôntico incompleto, remover uma
lesão periapical ou reconstruir um dente alterado
(Figura 2). Posteriormente, as imagens foram
montadas aleatoriamente em uma apresentação
no programa Microsoft Powepoint (Microsoft
Corporation - EUA), com fundo da apresentação
na cor preta, contendo doze imagens manipuladas
e duas imagens não manipuladas. Estas imagens
foram apresentadas individualmente em um monitor de computador S-VGA com tela plana de 17
polegadas e resolução de 1024 x 768, em ambiente
escurecido, visando a melhor qualidade de interpretação das imagens. Para avaliação das imagens,
duzentos avaliadores de diversas especialidades
odontológicas sendo 23 radiologistas, 15 periodon-
Material e Métodos
Foram selecionadas quatorze radiografias
intra-orais, dos tipos periapical e interproximal,
do acervo da área de Radiologia da Faculdade
de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP e da
Faculdade de Odontologia da PUC-Minas. Elas
foram montadas em cartela plástica com as bordas
escuras e digitalizadas em um scaner (HP Scanjet
4C/T), de forma padronizada, com a resolução de
300 dpi e arquivadas no formato jpeg.
Após obtenção das imagens, elas foram
manipuladas digitalmente por meio do programa
Arquivo Brasileiro de Odontologia
96
Figura 1 – A – Imagem original; B – Imagem manipulada
onde foi acrescentada a imagem de um dente supranumerário incluso
o objetivo do trabalho, devendo apenas identificar
se as imagens apresentadas continham manipulação digital. No caso dos avaliadores suspeitarem
de manipulação da imagem radiográfica, deveriam
identificar o local em que a alteração ocorreu.
Os dados foram avaliados, tendo sido calculada a porcentagem de respostas corretas dentro de
cada especialidade e comparadas com as respostas
Figura 2 – A – Imagem original; B – Imagem manipulada
onde o elemento dentário 11, com reabsorção radicular, foi
totalmente reconstruído
tistas, 16 endodontistas, 17 profissionais de saúde
coletiva, 15 cirurgiões buco-maxilo-facial, 19
dos especialistas em radiologia, sendo utilizado
o teste Qui-quadrado, com nível de significância
de 5%.
Resultados
protesistas, 13 odontopediatras, 46 clínicos gerais
Observou-se que apenas 14,13% das ava-
e 36 acadêmicos de Odontologia, foram utilizados
liações apresentaram respostas corretas para as
nesta pesquisa. Por meio de um questionário, os
imagens com manipulação. A distribuição da
avaliadores foram orientados a desprezar qualquer
freqüência em relação às especialidades é descrita
erro de técnica nas radiografias, já que este não era
na Tabela 1.
Tabela 1 - Freqüência de respostas corretas em relação às especialidades
Especialidade
Freqüência de respostas corretas
Valor de p
Radiologia
41 (14,86%)
referência
Acadêmico
37 (8,56%)
0,0091
Periodontia
24 (13,33%)
0,6496
Endodontia
39 (20,31%)
0,1229
Saúde Coletiva
30 (14,71%)
0,9637
Cirurgia Buco-Maxilo-Facial
28 (15,56%)
0,8383
Clínica Geral
78 (14,13%)
0,7793
Prótese Dentária
33 (14,47%)
0,9042
Odontopediatria
29 (18,59%)
0,3116
Arquivo Brasileiro de Odontologia
97
Após a análise estatística, observou-se não haver
terminado tratamento, ou comprovem tratamentos
diferenças estatisticamente significantes, quando
não realizados, como realizado nas imagens desta
comparadas as respostas dos radiologistas às de-
pesquisa, o que tornaria estas imagens passíveis
mais especialidades, havendo apenas diferenças
de questionamento legal.
significativas em relação à resposta dos acadêmi-
O resultado desta pesquisa mostrou não haver
cos de Odontologia (p<0,05).
diferenças estatísticas entre as respostas dos cirur-
Para as imagens sem manipulação, obteve-se
giões-dentistas e especialistas, quando comparado
apenas 45,5 % das avaliações com respostas cor-
com os radiologistas, que são os profissionais mais
retas, sendo considerada ainda como porcentagem,
acostumados a observarem radiografias, havendo
indicando dificuldade por parte dos avaliadores
diferença apenas entre os acadêmicos de Odon-
para distinguir as imagens com manipulação das
tologia. Este resultado provavelmente se deve ao
imagens sem manipulação digital.
pouco contato dos acadêmicos com as radiografias.
Porém, apesar de não haver diferenças significativas entre os profissionais, a porcentagem de
Discussão
respostas corretas foi muito baixa (14,13%).
A radiografia digital é uma realidade da
Diversos meios foram propostos para se tornarem
Odontologia, uma vez que aumentou o uso de com-
legais as imagens radiográficas digitais. Tsang et
putadores nos consultórios. Esta técnica elimina o
al.3 descreveram que futuramente alguns softwares
processamento químico, reduzindo assim, o tempo
não permitirão falsificação da imagem ou será adi-
de trabalho, além de facilitar a comunicação entre
cionado um sinal de erro se a imagem for alterada.
o profissional e paciente e até o envio da imagem
Porém, este sinal pode ser removido digitalmente
a outros profissionais por meio da Internet.1,2,3
com a utilização de softwares de manipulação de
Nas radiografias digitais, a imagem é com-
imagem. Para evitar o uso de imagens alteradas,
posta por pixels, sendo esta passível de modifi-
os fabricantes deveriam investir em um software
cações benéficas como alterações no contraste,
específico ou em formato de imagem padrão, as-
brilho, densidade ou tamanho da imagem, visando
sim como ocorre na área médica, onde vem sendo
melhorar as condições de interpretação.6,7,8,9,10
utilizado o formato DICOM (Digital Imaging and
Por outro lado, ainda é bastante questionável o
Communications in Medicine), utilizado nos tomó-
valor legal, pois as imagens digitais permitem
grafos computadorizados e imagens por ressonân-
também alterações por meio de softwares grá-
cia magnética, que é formato de imagem que não
ficos, disponíveis no mercado para propósitos
permite qualquer tipo de alteração. Porém, o custo
ilegais e antiéticos, modificando desta forma o
da implementação deste sistema e a concorrência
radiodiagnóstico final.2,5,11 Para Horner et al.4, a
no mercado impedem que isto ocorra.
maioria dos cirurgiões-dentistas é honesta, visando
Bóscolo et al.5 sugeriram que as imagens
o melhor para seus pacientes e não tendo interesse
deveriam ser impressas no momento em que
em alterar qualquer imagem radiográfica. Porém
são adquiridas, como ocorre com os exames de
existem casos onde as radiografias são alteradas
tomografia computadorizada e ressonância mag-
para fornecer falsas evidências que justifiquem de-
nética, que também são imagens digitais, porém
Arquivo Brasileiro de Odontologia
98
com seu valor legal reconhecido. A desvantagem
deste método é a obrigatoriedade da impressão na
hora do exame, porém não há nada que impeça o
profissional de modificar a imagem e imprimi-la
posteriormente, como mencionado por Tsang et
al.3, uma vez que atualmente existem outros tipos
de falsificação como de dinheiro e documentos que
também são atos ilícitos perante a justiça.
meio de chaves públicas e privadas, que torna as
Um método proposto por Horner et al.4 seria
in digital radiographic images, allowing a discus-
a criptografia do nome do paciente e data da realização nos registros da imagem, o que impediria
sua modificação. Porém, este método só poderia
ser realizado em sistemas digitais diretos, deixando
em aberto as imagens digitalizadas de radiografias
convencionais. Taubes12 descreveu a aplicação
da criptografia como o método de certificação
das imagens digitais por uso de “chaves pública
e privada”, pois ele irá garantir a integridade das
imagens que ao serem manipuladas, indicam
se foram alteradas, podendo ser utilizado como
prova em processos judiciais. Atualmente a certificação de documentos digitais é o mais aceito
em processos judiciais, porém o que se observa, é
uma pequena porcentagem dos profissionais que
conhece e utiliza este método de validação para as
imagens digitais.
sion about the legality of the digital radiographic
imagens radiográficas digitais com valor legal em
processos judiciais.
Abstract
The aim of this study was to evaluate the capacity of the dentists in identifying manipulations
images. Fourteen periapical radiographs of the
archives of the Radiology area of the FOP-UNICAMP had been selected, and digitalized to JPEG
format, and by means of software, these images
had been digitally manipulated. These images
had been presented in a monitor of computer for
two hundred examiners of different specialties
and graduate students, who had been guided to
identify the images that contained digital manipulation and the place of this alteration. As result,
only 14.13% of the images with manipulation had
been correctly interpreted by the examiners, and
it was observed not to have significant differences
(p>0,05) when compared the radiologists with the
other specialties, having significant differences
only in relation to the graduate students (p<0,05).
It could be concluded that the manipulated digital
Conclusão
Devido à baixa porcentagem nas identificações, é difícil para os cirurgiões-dentistas
identificarem manipulações digitais em imagens
radiográficas, independente da especialidade. As
empresas fabricantes dos sistemas digitais devem
desenvolver mecanismos que impeçam estes tipos
de manipulações, como a utilização das imagens
no formato DICOM, como ocorre na área médica
ou o maior esclarecimento por parte dos profissionais quanto a certificação das imagens digitais por
radiographic images are difficult to be identified
for the dentists also the radiologists.
Descriptors
Dental digital radiography, diagnosis
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Arquivo Brasileiro de Odontologia
100
Correspondência:
Prof. Dr. Flávio Ricardo Manzi
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Av. Dom José Gaspar 500 - Prédio 45 – Clínica
de Radiologia
30.535-901 - Belo Horizonte – MG
Fones: (031) 3319-4591 // (031) 8895-7033
E-mail: [email protected]
Arq bras odontol 2007; 3(2):101-105
ISSN 1808-2998
HIPERTROFIA UNILATERAL DO MÚSCULO MASSETER: RELATO DE CASO
UNILATERAL MASSETER MUSCLE HYPERTROPHY: A CASE REPORT
Alexandre Eustáquio Camargos Rocha1, Bruno Franco de Oliveira1,Vinícius de Magalhães Barros1
Helenice de Andrade Marigo2, Paulo Isaias Seraidarian3
Resumo - A hipertrofia do músculo masseter é uma alteração incomum, de etiopatogenia ainda não
definida que se manifesta em jovens, na maioria das vezes, gerando desconforto estético. Neste caso, dentre as
possibilidades de tratamento, optou-se pela abordagem não cirúrgica, sendo utilizado um dispositivo interoclusal.
Após o período de 12 meses, observou-se regressão satisfatória da hipertrofia muscular.
Descritores - hipertrofia, músculo masseter
Introdução
Muitos autores creditam a Legg (1880) o
primeiro relato de hipertrofia do músculo masseter,
que consiste no desenvolvimento excessivo dessa
musculatura, sendo uma alteração relativamente
rara que acomete geralmente pacientes jovens e de
etiopatogenia ainda não definida e que, na maioria dos casos, leva o paciente a um desconforto
estético.1,2,3,4,5,6,7
Ainda que seu diagnóstico inicial seja geralmente clínico, o uso de imagens radiográficas
convencionais, tomografia computadorizada, ultrasonografia e ressonância magnética podem ser
fundamentais para sua confirmação, descartando
a possibilidade de outras doenças que acometem
a região parotídeo-massetérica, tais como: cistos,
hemangiomas, lipomas, inflamação das glândulas
parótidas, miosite ossificante e tumores malignos.3,5,6,8,9,10
devido à dor e queixa de desarmonia oclusal po-
O tratamento da hipertrofia do masseter pode
ser realizado através de métodos cirúrgicos1,3,9,11
e não cirúrgicos.4 O tratamento cirúrgico envolve
intervenções que são realizadas, apenas na musculatura comprometida, apenas na estrutura óssea
do ângulo mandibular ou a associação de ambos
os procedimentos.6
dem estar presentes, embora na maioria das vezes
Ajustes oclusais, uso de medicamentos
Clinicamente observa-se o aumento de volume do músculo masseter, uni ou bilateralmente,
de fácil delimitação, consistência suave à palpação
e geralmente assintomático.2,3,4,8 Em alguns casos,
sensibilidade à palpação, incapacidade funcional
5,6,9
a queixa principal seja estética.
1
2
3
espasmolíticos, tranqüilizantes e antidepressivos,
Professor convidado do Curso de Aperfeiçoamento do curso de Aperfeiçoamento em Oclusão, Disfunção Temporomandibular e Dor
Orofacial da PUC Minas;
Professora Adjunto da Faculdade de Odontologia da PUC Minas;
Professor Adjunto da FO e Coordenador do Curso de Aperfeiçoamento em Oclusão, Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial da
PUC Minas
Arquivo Brasileiro de Odontologia
101
dispositivos interoclusais e técnicas fisioterápicas
dos músculos da mastigação, presença de sons
são recomendados para o tratamento não cirúrgico
articulares e limitação de abertura. Entretanto, foi
dessa alteração.5,12,13
constatada a presença de linha alba na mucosa
Ultimamente, a toxina botulínica tipo A
jugal, língua festonada, mas ausência de facetas
tem sido utilizada como uma nova modalidade
de desgaste, caracterizando o bruxismo cêntrico
de tratamento não cirúrgico para a hipertrofia
(Figura 2).
do masseter.7 Esta já se apresenta consagrada no
Com o objetivo de descartar outras doenças
tratamento médico de alterações caracterizadas
que acometem a região parotídeo-massetérica, foi
por espasmos musculares involuntários, como as
solicitada tomografia computadorizada19, onde se
distonias e, mais recentemente, em tratamentos
constatou a alteração no volume ósseo do ângulo
cosméticos.14,15,16 Em relação ao tratamento cirúr-
esquerdo da mandíbula, local de inserção do mús-
gico, oferece como vantagens o fato de ser menos
culo masseter (Figuras 3 a 5).
traumática, com menores efeitos colaterais e de
17
melhor custo-benefício.
Diante dos dados obtidos na anamnese,
exame clínico e imaginológico, foi proposto como
O objetivo deste trabalho é relatar um caso
plano de tratamento a utilização de um dispositivo
de hipertrofia benigna de masseter, tratado por
interoclusal mandibular (placa oclusal), confeccio-
meio de um dispositivo interoclusal mandibular
nado em resina acrílica quimicamente polimeriza-
de recobrimento total, com padrão de desoclusão
da, durante as 24 horas do dia.13 Em fechamento,
balanceada bilateral.
as cúspides de contenção dos dentes antagonistas
contactavam simultaneamente e com mesma inten-
Descrição do caso
sidade a superfície oclusal plana desse dispositivo.
O padrão de desoclusão adotado incluía contato em
Paciente R.R.M.A, 20 anos de idade, pro-
canino no lado de trabalho e, no lado de balanceio,
curou a clínica do Curso de Aperfeiçoamento em
contato na região do segundo molar. Esse contato
Oclusão, Disfunção Temporomandibular e Dor
não impedia que a guia canino ocorresse no lado
Orofacial da PUC Minas, queixando-se incômodo
de trabalho.20 Dessa forma, obtiveram-se contatos
estético, devido a assimetria facial causada por
simultâneos no lado de trabalho e balanceio du-
aumento do volume do rosto no lado esquerdo,
rante a contração máxima isométrica voluntária
sem relato de sintomatologia dolorosa. Durante a
em posição lateral da mandíbula, em ambos os
anamnese, houve relato de onicofagia e histórico
lados (Figura 6). A cada consulta foram realizados
de caxumba e sarampo. Atualmente não apresenta
ajustes visando à manutenção do padrão oclusal
alteração sistêmica ou faz uso de medicamentos.
proporcionado pelo dispositivo. Melhora visual sig-
Durante a avaliação visual foi verificado um au-
nificativa na diminuição da hipertrofia do músculo
mento de volume no músculo masseter esquerdo
masseter esquerdo e conseqüente melhora estética
(Figura 1). Ao exame clínico não apresentou
em relação à simetria facial foram obtidos após a
nenhum dos três sinais clássicos, que segundo
utilização deste dispositivo (Figura 7). O paciente
De Boever
18
(1973), caracteriza a presença de
desordem temporomandibular: dor à palpação
Arquivo Brasileiro de Odontologia
102
mostrou-se satisfeito com a melhora alcançada,
após um período de tratamento de 12 meses.
Figura 1 - Vista frontal demonstrando o aumento do volume do músculo masseter
Figura 2 - Vista frontal demonstrando ausência de facetas de desgaste dentário
Figura 3 - Reconstrução tomográfica computadorizada tridimensional da face no plano frontal evidenciando a hipertrofia
muscular
Figura 4 - Reconstrução tomográfica computadorizada tridimensional evidenciando a hipertrofia muscular.
Figura 5 - Reconstrução tomográfica computadorizada tridimensional evidenciando o aumento do volume ósseo, principalmente do lado esquerdo, na região da inserção do músculo masseter
Fig. 6: Vista frontal demonstrando a utilização do dispositivo interoclusal
Fig. 7: Vista frontal demonstrando uma diminuição da hipertrofia muscular, após um
período de tratamento de 12 meses.
No caso descrito, a principal queixa foi es-
Discussão
tética, o que vai de encontro com as observações
A utilização do termo hipertrofia tem sido
de Oliveira et al.6. Presença de outros sintomas ou
discutida diante dos resultados das análises his-
sinais como: dor, sensação pesada na região do
topatológicas de materiais de biópsia, que têm
músculo masseter hipertrofiado ou limitação de
demonstrado haver o aumento no número de fi-
abertura3, não foram observados.
3,5
bras, e não do volume das células. Desta forma,
As afirmações sobre a etiologia desta altera-
parece-nos mais correto a utilização do termo
ção ainda são inconclusivas. Fatores como malo-
hiperplasia do músculo masseter para descrever
clusão, desordens da ATM, bruxismo excêntrico,
esta condição clínica.
pré-disposição genética e lesões vasculares vêm
Arquivo Brasileiro de Odontologia
103
sendo descritas na literatura como suas possíveis
causas. No caso apresentado, a já reconhecida
Conclusão
presença do bruxismo cêntrico e sua possível
Diante do resultado favorável obtido nesse
correlação com a hipertrofia do músculo masseter
caso, a técnica utilizada, por ser não invasiva e
foi considerada como o fator etiológico.3,5,7,9 Ainda
pela possibilidade de ser reversível, deveria ser
que o sucesso do tratamento leve a acreditar que
considerada pelo clínico, como alternativa segura
esta seria a hipótese etiológica mais correta, con-
e efetiva para o tratamento da hipertrofia do mús-
clusões categóricas a esse respeito parecem não
culo masseter.
ser possíveis, já que os seguintes questionamentos
ainda não foram definitivamente respondidos: sendo o apertamento uma condição muito freqüente,
Abstract
por que não é observada a maior prevalência de
Masseter muscle hypertrophy is an uncom-
hipertrofia do músculo masseter? E ainda, no caso
mon alteration of an etiopathogeny not yet defined
de esta ser realmente sua etiologia, porque não foi
that affects, most of the time, young individuals,
observada a hipertrofia bilateral?
causing an esthetic discomfort. Among treatment
Considerando as desvantagens das técnicas cirúrgicas, tais como risco decorrente da
anestesia geral, possibilidade de hemorragia,
edema, hematoma, infecção e lesão de estruturas
nobres5, optou-se inicialmente pelo tratamento
possibilities, a non-surgical approach was chosen
in the present case, with the use of an interoclusal
appliance. Following a 12-month-period, a satisfatory regression of the muscular hipertrophy was
observed.
conservador.
Diante da hipótese etiológica e levando-se
em consideração que a atividade parafuncional dos
Descriptors
Hypertrophy, masseter muscle.
músculos mastigatórios pode ocorrer no período
diurno, noturno ou ambos21, a recomendação do
uso do dispositivo interoclusal por 24 horas seria
o mais indicado neste caso.
Agradecimentos
Os autores agradecem a gentileza do Prof.
Em relação aos métodos de exames auxilia-
Dr Flávio Ricardo Manzi pela orientação na in-
res, a imagem por ressonância magnética provê
terpretação das imagens e suporte na bibliografia
mais informação do músculo masseter, como
pertinente.
outros músculos mastigatórios, em relação à tomografia computadorizada. Nesse caso a opção pela
tomografia computadorizado foi justificada para
verificação de assimetria esquelética associada.
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Recebido em: 15/05/2007
Aceito em: 21/09/2007
Correspondência
Alexandre Eustáquio Camargos Rocha
Av. Álvares Cabral 381, sala 1104
30.330-010 - Belo Horizonte – MG - Brasil
Telefone: (31) 32740822
Fax: (31) 32740822
Email: [email protected]
Arquivo Brasileiro de Odontologia
105
Arq bras odontol 2007; 3(2):106-113
ISSN 1808-2998
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DE FRATURA MANDIBULAR
APÓS REMOÇÃO DE TERCEIRO MOLAR
CONSIDERATIONS ABOVE THE TREATMENT OF MANDIBULAR FRACTURE
AFTER THIRD MOLAR REMOVAL
Antonio Luis Neto Custódio1, Djalma Cordeiro Menezes Júnior2, Frederico Beaklin Nehmy Cavalcanti3
Marcella Resende Serpa2, Mauricio Greco Cosso4, João Marcos Pires Faria4
Resumo - Os procedimentos cirúrgicos para a remoção de dentes impactados são associados a fatores de
risco ou complicações, como fraturas de dentes, lesão do nervo alveolar inferior ou lingual, hemorragias, fraturas,
alveolites e infecções secundárias. A fratura da mandíbula, durante ou após remoção do terceiro molar inferior, é
um evento incomum. O objetivo deste trabalho é descrever dois métodos de tratamento que foram empregados
na resolução de casos clínicos de fratura da mandíbula, decorrentes de extrações de terceiros molares inclusos.
Atualmente, diversas técnicas de fixação estão descritas na literatura, buscando atingir o maior número de requisitos
básicos para a melhor imobilização. O tratamento conservador é a conduta adotada, quando a fratura se encontra
em condição favorável. As indicações para a redução aberta incluem melhor aproximação das bordas do osso que
resulta em cicatrização endosteal e união mais rápida, prevenção de deslocamento e movimentação do segmento
proximal e a maior precisão na restauração da oclusão. Independente do método utilizado, a finalidade básica do
tratamento de fraturas deve ser o restabelecimento da oclusão funcional e a continuidade mandibular, além de
forma anatômica e função, promovendo ao paciente o restabelecimento integral de suas funções mastigatórias,
com o mínimo de seqüela possível.
Descritores - técnicas de fixação da mandíbula, fraturas mandibulares/complicações, fraturas
mandibulares/cirurgia, fraturas mandibulares/terapia
estando relacionada ao mal planejamento cirúrgi-
Introdução
co, a utilização de técnica cirúrgica inadequada, o
Os procedimentos cirúrgicos para a remoção
de dentes impactados são associados a fatores de
risco ou complicações, como fraturas de dentes,
lesão do nervo alveolar inferior ou lingual, hemorragias, fraturas, alveolites e infecções secundárias.
manuseio inadequado dos tecidos envolvidos, ou a
inadequação do instrumental para o procedimento
planejado, e está quase sempre associada ao emprego de força manual excessiva.
A fratura da mandíbula, durante ou após remoção
Entretanto, quando os terceiros molares es-
do terceiro molar inferior, é um evento incomum,
tão profundamente retidos, mesmo com o emprego
1
2
3
4
Professor Adjunto das Faculdades de Odontologia da PUC Minas e UFMG
Alunos do Curso de Especialização em CTBMF da PUC Minas
Graduado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Professor Adjunto da FO-PUC-MG
Arquivo Brasileiro de Odontologia
106
de pequena força, pode ocorrer fratura. As fraturas
devido talvez, à maior força na mastigação.2,3
podem ser oriundas também durante a remoção
O decréscimo da elasticidade do osso e
de dentes impactados da mandíbula severamente
a ocorrência de osteoporose, nas mulheres, são
atrófica ou quando estão associadas a lesões pa-
prováveis explicações para a ocorrência de fratu-
tológicas.
ras mandibulares, enfatizando a importância com
As fraturas de mandíbula decorrentes de ex-
relação à idade do paciente.4
trações de 3os molares podem ser de caráter trans-
As fraturas podem ocorrer no trans-opera-
operatória ou pós-operatória, sendo a segunda mais
tório ou num pós-operatório, sendo essa a mais
rara e ambas relacionadas com o tipo de técnica e
intensa das complicações associadas à extração de
condições físicas do paciente.
3os molares. Fraturas pós-operatórias ocorrem em
O objetivo deste trabalho é descrever dois
média por volta do décimo sexto dia, período em
métodos de tratamento que foram empregados na
que o tecido de granulação está sendo substituído
resolução de casos clínicos de fratura da mandíbu-
pelo tecido conjuntivo no alvéolo.1 A maioria de-
la, decorrentes de extrações de terceiros molares
las ocorre durante a mastigação, sendo relatadas
inclusos.
pelos pacientes por um som de crack e dor na
região da extração. Este período coincide com a
Revisão da Literatura
fase em que o paciente está se sentindo melhor, o
incômodo não mais existindo e ele conseguindo
A fratura de mandíbula devida a remoção de
mastigar normalmente. Sendo assim, é muito
terceiros molares, pode ser decorrente de muitos
importante aconselhar o paciente sobre o risco
fatores como, a instrumentação imprópria, forças
de fratura, enfatizando a necessidade de manter
excessivas sob o osso, confirmando a importância
a dieta mais macia, durante as primeiras semanas
do seccionamento do dente, antes de sua extração,
pós-cirúrgicas.
mal planejamento cirúrgico e manuseio inadequa-
A redução da mandíbula deve ser realizada
do dos tecidos envolvidos, sendo essas causas mui-
tão logo tenha sido diagnosticada, bem como o
1
to relacionadas ao profissional. O sexo e a idade
paciente comunicado imediatamente.5 O primeiro
são fatores importantes de risco, ocorrendo maior
e mais importante aspecto da correção cirúrgica
incidência em homens acima de 40 anos, talvez
é reduzir adequadamente a fratura, colocando os
devido à idade óssea, sendo necessário aconselhar
segmentos fraturados no relacionamento adequa-
o paciente sobre o risco de fratura, enfatizando a
do, através do bloqueio maxilomandibular, para
necessidade de dieta macia durante as primeiras
se obter a oclusão funcional.
semanas pós-cirúrgicas.
Atualmente, diversas técnicas de fixação
Com relação às condições físicas do pacien-
estão descritas na literatura, buscando atingir o
te, são possíveis causas de fraturas, a presença
maior número de requisitos básicos para que as
de infecções crônicas ou intensas que podem
imobilizações cumpram suas finalidades, tais
desmineralizar e destruir o osso; o tipo de impac-
como propiciar a recuperação das feridas, permi-
tação, que está relacionada com a quantidade de
tindo conforto ao paciente, e ser prático, eficiente
remoção de osso; o sexo, sendo mais em homens,
e acessível ao maior número de cirurgiões. A
Arquivo Brasileiro de Odontologia
107
imobilização deverá tentar opor-se à direção e
do osso que resulta em cicatrização endosteal e
aos sentidos das tendências de deslocamento dos
união mais rápida, prevenção de deslocamento e
fragmentos, propiciando a aproximação adequada
movimentação do segmento proximal e a maior
e estável das bordas da ferida óssea, para que a
precisão na restauração da oclusão. Algumas
mesma, bem como as partes moles, cicatrizem
dessas técnicas são osteossíntese a fio de aço e
fixação interna rígida (FIR). Esta utiliza placas
6
adequadamente.
Dentre os diversos tipos de tratamento, po-
e parafusos na região de fratura, para se obter a
dem ser citados: talas gessadas, imobilização ma-
contenção estável e eficaz, promovendo cicatri-
xilomandibular, bandagens, mentoneiras, máscaras
zação óssea primária, sem que seja necessária a
de “De Lair”, fixação externa, fios de Kirschner,
extensão do uso de BIM para imobilização. A
amarrio circunferencial, suspensões e osteossíntese, fixação interna, podendo ser conservadores ou
cirúrgicos. O tratamento conservador é a conduta
adotada quando a fratura se encontra numa condição favorável, sendo sua indicação sustentada
por fatores tais como: tipo de fratura, simples ou
composta e não favorável ao deslocamento; número adequado de dentes; condição e morfologia
dentária; estudo radiográfico; domínio da técnica
e conhecimento de oclusão dentária.
eliminação do BIM ou uso por período mínimo,
geralmente resulta em maior satisfação do paciente, pois diminui o desconforto pós-operatório,
acelera o retorno das funções maxilares, facilita
a administração da higiene oral e melhora a nutrição.8 O método FIR representa grande avanço
técnico cirúrgico, inclusive em casos de fraturas
múltiplas e está indicado também para pacientes
que necessitam do restabelecimento imediato da
função mastigatória, bem como para aqueles que
não cooperam.6
O bloqueio intermaxilar (BIM) caracteriza o
estabelecimento da relação oclusal adequada por
meio da fixação dos dentes.7 Para isso, a técnica
Caso Clínico 1
mais utilizada é a que utiliza um arco pré-fabrica-
Paciente do gênero feminino, 26 anos de
do adaptado e fixado aos dentes em cada arcada
idade, compareceu ao ambulatório do Hospital
com fios de aço e as arcadas fixadas entre si, po-
Odilon Behrens com queixa álgica em região pos-
sicionando os dentes em relações corretas. Esse
terior de mandíbula e aumento de volume (Figura
tipo de tratamento é chamado de redução fechada,
1). Ao exame radiográfico, foi observada imagem
porque não ocorrem abertura direta, exposição e
sugestiva de fratura de ângulo mandibular direito,
manipulação da área fraturada. Por outro lado, os
com fratura favorável ao deslocamento (Figura 2).
seguintes princípios cirúrgicos devem servir de
Relatou exodontia do 3o molar (dente 48) há 7 dias
parâmetros no tratamento das fraturas faciais: re-
passados. À oroscopia observou-se distopia oclusal
dução da fratura, fixação e contenção dos segmen-
severa (Figuras 3 e 4), limitação dos movimentos
tos ósseos e sua imobilização no local da fratura.
mandibulares e crepitação em região de ângulo
Além disso, a oclusão original deve ser restaurada
mandibular direito. Foi realizado o tratamento
e a infecção na área prevenida ou erradicada. Os
cirúrgico cruento, com fixação interna rígida,
autores afirmam que as indicações para a redução
odontossíntese e bloqueio intermaxilar. O acesso
aberta incluem melhor aproximação das bordas
utilizado foi o submandibular (Figuras 5 a 8).
Arquivo Brasileiro de Odontologia
108
Figura 1 – Vista frontal da paciente com aumento de volume na região do ângulo mandibular direito
Figura 2 – Detalhe da radiografia panorâmica, evidenciando a fratura com o deslocamento na região do ângulo mandibular direito
Figura 3 - Vista frontal da paciente com bloqueio maxilomandibular em oclusão habitual
Figura 4 - Vista lateral da mesma paciente
Figura 5 - Marcação cirúrgica para acesso submandibular
(Risdom)
Figura 6 - Acesso cirúrgico da fratura óssea da região do
ângulo mandibular direito
Arquivo Brasileiro de Odontologia
109
Figura 7 - Fixação interna rígida da fratura
Figura 8 - Sutura da ferida cirúrgica
Caso Clínico 2
na região de ângulo mandibular direito (Figura
9). O exame radiográfico demonstrou imagem
sugestiva de fratura de ângulo mandibular direito,
alinhada e desfavorável ao deslocamento (Figura 10). Optou-se pelo tratamento conservador,
sendo utilizado aparelho ortodôntico e bloqueio
intermaxilar por 30 dias, dieta liquida e pastosa
restrita (Figura 11). Ao controle clínico e radiográfico (Figura 12) pós-operatório de 45 dias, o
paciente apresentou-se com as funções mastigatórias restabelecidas.
Figura 9 – Vista frontal evidenciando a limitação da abertura bucal e a montagem do aparelho ortodôntico superior e
inferior de outro paciente
Figura 10 - Radiografia panorâmica evidenciando linha de
fratura alinhada na região do ângulo mandibular direito e
alvéolo do dente 48
Figura 11 - Paciente em oclusão através de bloqueio maxilomandibular com elásticos
Figura 12 – Radiografia panorâmica de controle, após 45
dias do tratamento conservador
Paciente do gênero feminino, 20 anos
de idade, compareceu à Clínica de Cirurgia da
Faculdade de Odontologia da PUC Minas, relatando dor intensa na região posterior direita da
mandíbula, com historia recente de exodontia do
elemento dentário 48. À oroscopia, observou-se
limitação de abertura bucal, trismo e crepitação
Arquivo Brasileiro de Odontologia
110
Discussão
baseada na direção do traço de fratura, se ela é
favorável ou desfavorável ao seu deslocamento.
Fratura de mandíbula devido à extração de
A técnica de BIM, através dos tipos diferentes de
terceiro molar é rara. Estudos mostram a incidên-
amarrios, tem como vantagens a simplicidade da
3
cia de 0,0049%. Quando ocorre, possivelmente
técnica, o atendimento primário, a obtenção da
tem como causa, o mal planejamento cirúrgico,
imobilização da mandíbula e o restabelecimen-
a utilização de uma técnica inadequada, o ma-
to da oclusão. Em compensação, os problemas
nuseio inadequado dos tecidos envolvidos ou a
associados incluem desconforto pós-operatório,
inadequação do instrumental para o procedimento
perda das funções maxilares, impossibilidade de
desejado. Esse tipo de fratura é conseqüência da
boa higienização bucal, de nutrição apropriada
instrumentação imprópria e excesso de força sobre
quantitativamente e qualitativamente, devendo o
o osso, confirmando a importância da odontossec-
paciente ser informado sobre a mudança necessária
ção para minimizar o emprego de forças durante a
para a dieta líquida e balanceada.
exodontia, o que ajuda a minimizar a possibilidade
de fratura mandibular.1,2,4,5
Tratamentos realizados com BIM apresentam menores índices de cooperação por parte do
Outro fator importante a ser considerado é a
paciente.8 Alguns deles até mesmo desfazem o blo-
idade do paciente. Estudos mostram que a maior
queio prematuramente. Por outro lado, foi relatada
incidência de fraturas pós-cirúrgicas ocorrem em
a menor freqüência de maloclusão e de parestesia
pacientes com idade acima de 40 anos. Esse fato
transitória de nervos, empregando-se esse tipo
se explica devido à desmineralização secundária,
de tratamento. Uma das técnicas de tratamento
à osteoporose e ou a presença de lesões císticas,
cirúrgico é a FIR, que utiliza placas e parafusos na
que favorecem ao enfraquecimento do sistema
região de fratura, para se obter a contenção estável
esquelético.1
e eficaz. Além disso, o FIR promove cicatrização
Dentes completamente impactados ocupam
óssea primária, sem que seja necessária a extensão
volume considerável da mandíbula e exigem maior
do uso de BIM para imobilização. A eliminação
remoção de osso durante a cirurgia, o que tende
do BIM geralmente resulta em maior satisfação
a enfraquecer a estrutura mandibular.3,4 Um fato
do paciente, pois, diminui o desconforto pós-ope-
importante a ser ressaltado é que a severidade da
ratório, acelera o retorno das funções maxilares,
localização antero-posterior do dente não parece
facilita a administração da higiene oral e melhora
influenciar na predisposição da fratura mas, no
a nutrição.
entanto, quanto mais verticalmente impactado
O acesso mais utilizado para as fraturas é o
estiver o dente, maior a probabilidade de ocorrer
submandibular, tendo como vantagem sua ampla
fratura mandibular.
abordagem, viabilizando a redução anatômica;
Outro aspecto importante é o tipo de tra-
além disto, apresenta baixo índice de contami-
tamento a ser empregado. Estudos mostram que
nação, por não haver, a rigor, comunicação com
certos profissionais priorizam tratamentos con-
o meio bucal e o fato do amplo acesso facilitar a
servadores como BIM, enquanto outros buscam
adaptação dos diversos tipos de fixação rígida,
sempre o tratamento como FIR. Essa escolha é
dentre outros. Entretanto, tem o inconveniente de
Arquivo Brasileiro de Odontologia
111
propiciar a cicatriz externa. Atualmente, com o
a faster union, the prevention of dislocation and
aprimoramento dos sistemas de fixação rígida, es-
also the movement of the proximal segment and
tão sendo indicados, preferencialmente, os acessos
the higher accuracy on the restoration of the oc-
intra-bucais. Esse método representa grande avan-
clusion. Independently of the chosen method, the
ço técnico cirúrgico, inclusive em casos de fraturas
basic finality of a fracture treatment shall be the
múltiplas e, está indicado também para pacientes
reestablishment of the functional occlusion and the
que necessitam do restabelecimento imediato da
mandibular continuity, which promotes the integral
função mastigatória, bem como aqueles que não
reestablishment of the mastication function of the
cooperam como os alcoólicos, dependentes de
patient, with a sequela as small as it is possible.
drogas, epilépticos, desdentados totais e outros.6
Descriptors
Conclusão
Techniques fixation of the mandible, man-
Independente do método utilizado, a finalidade básica do tratamento de fraturas deve ser o
dibular fracture/complication, mandibular fracture/surgery, mandibular fracture / terapy
restabelecimento da oclusão funcional e a continuidade mandibular, promovendo o restabelecimento
integral das funções mastigatórias do paciente,
com o mínimo de seqüela possível.
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mandible fracture during or after the removal of the
inferior third molar is an unusual event. The aim
of this paper is to describe two treatment methods
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due to extraction of lower third molar. Nowadays,
several fixation techniques are described to reach
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Recebido em: 24/09/2007
Aceito em: 05/11/2007
Correspondência:
Antonio Luis Neto Custódio
Av. Afonso Pena, 2770/1505 - Funcionários.
30.130 – 007 - Belo Horizonte - MG
e-mail: [email protected]
Arquivo Brasileiro de Odontologia
113
Arq bras odontol 2007; 3(2):114-119
ISSN 1808-2998
DETECÇÃO DE HPV POR PCR EM LESÕES DA CAVIDADE BUCAL – ATUALIZAÇÃO
PCR HPV DETECTION IN ORAL CAVITY LESIONS - ATUALIZATION
Pedro Alves Campos1, Anilton Cesar Vasconcelos2, Almir Sousa Martins3
Resumo: O câncer bucal representa um problema de saúde de abrangência mundial. Muitos trabalhos têm
relacionado os HPVs com a incidência do câncer bucal. Os principais tipos de HPV considerados cancerígenos
têm sido os HPVs 16 e 18. Os HPVs são vírus epiteliotróficos, nem todos de alto risco, mas freqüentes na mucosa
bucal. Numa revisão da literatura, é apresentado o estado da arte sobre a incidência de HPV na cavidade bucal,
seus tipos e presumível relação com os carcinomas da boca.
Descritores: HPV, carcinoma da boca, PCR
to benignas como malignas da cavidade bucal,
Introdução
detectados em papiloma de células escamosas,
O câncer bucal representa um problema sig-
condilomas, hiperplasias epiteliais focais e lesões
nificativo de saúde com abrangência mundial. Sua
malignas da boca.3,4 Entretanto, uma correlação
incidência corresponde a até 5% de todos os tipos
significativa de HPVs como agentes etiológicos
de cânceres, resultando em milhares de mortes.
indutores de instabilidade genética nestas lesões
Além da sua alta taxa de mortalidade, o câncer
bucal deixa, freqüentemente, deformações bucais
e maxilofaciais resultantes de tratamentos de radiação e cirurgias invasivas. Conseqüentemente, o
câncer bucal gera impactos psicológicos e físicos
devastadores no paciente.1
e o desenvolvimento de carcinomas bucais ainda
não está determinada, bem como os mecanismos
moleculares envolvidos não estão esclarecidos. Estudos nesta direção são necessários e dependem do
aprimoramento de ferramentas moleculares para
diagnóstico e caracterização destes vírus.
De particular importância no desenvolvimento do câncer bucal estão os carcinógenos
químicos relacionados ao tabagismo e a infecção
Revisão de Literatura
por papilomavírus humano (HPV). Entre os vários
Campos5 visou desenvolver protocolos de
fatores carcinogênicos, o HPV tem atraído muita
PCR convencionais e em tempo real para a de-
atenção devido: 1) ser freqüentemente encontrado
tecção e caracterização de HPVs considerados
em espécimes de câncer bucal e 2) o HPV é con-
como os mais importantes na possível etiologia
siderado como o mais importante agente causador
das lesões cancerígenas da boca. O autor procurou
do câncer cervical humano.2 Da mesma maneira
selecionar seqüências genômicas alvos para PCR,
que o câncer genital, os HPVs considerados de
levando em consideração as regiões de maior
alto risco estão também associados a lesões tan-
homologia em cada grupo específico de HPV.
1
2
3
Professor Titular de Patologia da PUC Minas
Professor Adjunto Doutor de Patologia da UFMG
Professor Adjunto Doutor de Fisiologia da UFMG
Arquivo Brasileiro de Odontologia
114
Foram analisadas as regiões codificadoras para
6
secundárias, relativamente pequenas, de 6-10 pb
as proteínas E6 e E7, por serem oncogênicas e
como alças tipo “cabeça-de-alfinete” (hair-pin-
as regiões L1 e L2 de importância imunológica,
loops). Estas seqüências repetidas invertidas que
7,8
por codificarem as proteínas do capsídio. Foram
possuem menor energia livre são as de menor es-
escolhidas as seqüências genômicas dos papilo-
tabilidade e com maior probabilidade de formação
mavírus de alto risco 16 e 31 do grupo A, 18 e 45
de estruturas secundárias. Tais estruturas podem se
do grupo C, 30 e 56 do grupo D. Também foram
tornar problema de difícil detecção no processo de
consideradas as seqüências genômicas dos HPVs
padronização de PCR. Breve análise da literatura
de médio risco 33, 35 e 58 (grupo A), 66 (grupo
demonstra que estas estruturas parecem não ser
D) e de baixo risco 6B, 11, 44 e 55 (grupo B) e
notadas nos trabalhos de HPV envolvendo PCR
59 (grupo C). Os resultados do alinhamento das
diagnóstico, embora atualmente outras viroses
seqüências no programa PC/Gene determinaram
sejam alvos deste assunto.12. As hair-pin-loops
a escolha dos oligonucleotídeos iniciadores que
são marcantes no genoma dos papilomavírus,
foram utilizados no trabalho. Desta ampla análise,
quando comparados com seqüências de outros
várias opções de primers e seus respectivos am-
organismos.
plicons foram identificadas para uso diagnóstico
Campos5 procurou testar os primers designa-
de um ou mais tipos de HPVs. Como estratégia,
dos para os diferentes grupos de HPVs seleciona-
foram selecionados fragmentos alvos entre 200 pb
dos, através de uma série de experimentos de PCR
9
a 422 pb, segundo a sugestão de Yap & McGee ,
convencionais, visando o estabelecimento de um
para rápida detecção e otimização das quantidades
protocolo único para todos os primers alvos. Para a
de produto da PCR, o que depende diretamente do
padronização geral, foram utilizados os DNAs pa-
tamanho de cada amplicon. O fato das seqüências
drões das linhagens celulares de carcinoma cervical
alvos selecionadas apresentarem concentrações de
HeLa e SiHa para HPV18 e 16, respectivamente,
GC entre 33% a 47% foi importante para facilitar
com vistas à melhor sensibilidade possível. Além
a amplificação por PCR. Embora alguns autores
disto, a sensibilidade de detecção dos primers foi
não recomendem o uso de inosina como base
melhorada, testando-se diferentes programas de
neutra em primers para PCR, outros recomendam
ciclos termais.9 Segundo Campos5, pequenas mo-
o procedimento10,11. Um par de primers para am-
dificações nas condições de PCR permitem que os
plificação de quatro seqüências alvos de HPV16,
primers escolhidos sejam capazes de detectar com
HPV31, HPV35 e HPV35H, permitiu que esses
sucesso os HPVs selecionados dos grupos A, B, C
primers selecionados fossem capazes de detectar
e D. A prevalência de HPV em células de mucosa
os quatro tipos de vírus de alto e médio risco do
bucal normal tem sido relatada com a estimativa
grupo A, pela simples substituição de uma base
de uma cópia de DNA genômico viral para cada
em cada primer por inosina.
mil queratinócitos, sugerindo a necessidade de
Analisando as regiões escolhidas como alvo
para PCR convencional, utilizando o programa
5
PCR com maior sensibilidade.13
Vários pesquisadores detectaram HPV em
PCGENE, Campos detectou a presença de inú-
carcinoma de célula escamosa de boca por PCR.
meras possibilidades de formação de estruturas
Os principais tipos de HPVs encontrados nesses
Arquivo Brasileiro de Odontologia
115
estudos foram os HPVs 6, 11, 16 e 1814, com prevalências que variaram de 10% a 100%. Snijders
et al.15 e Premoli-De-Percoco & Ramirez14 encontraram 21% e 60%, respectivamente. Campos5
realizou a triagem de 134 amostras de lesões de
boca, sendo 67 de carcinomas de células escamosas (26 de tecido fresco e 41 de tecido embebido
em parafina) e 67 de papilomas em parafina, para
os HPVs 6b, 11, 16, 18, 30, 31, 33, 35, 44, 45, 53,
55, 56, 58, 59 e 66.
A Tabela 1 publicada por Campos5 apresenta um resumo da detecção de HPVs por PCR
em tecido fresco de lesões de boca, nos últimos
cinco anos.
Tabela 1 - Resultados comparativos da ocorrência de HPVs dos grupos A, B, C e D em diferentes amostragens de lesões de boca obtidos por PCR
Autores
16
58/33
6b/11
Ostwald et al. (2003)
N=118
35
(30%)
Ha et al. (2002)
N=18
14
(78%)
Ringstrom et al. (2002)
N=89
18
(20%)
Chen et al. (2002)
N=27
24
(86%)
4
(15%)
Terai et al. (1999)*
N=30
2
(7%)
1
(3%)
Kojima et al. (2003)₤
N=77
11
(30%)
Campos (2005)
N=26
1
(4%)
44/55
5
(4%)
6
(23%)
8
(31%)
18
59
30/53
56/66
16
(14%)
20
(71%)
N=28
26
(87%)
4
(15%)
2
(8%)
7
(23%)
3
(12%)
(*) amostras normais de adultos
(₤) amostras normais de crianças de 3-5 anos
A análise por PCR convencional de todas
PCR em lesões da cavidade bucal. Avaliações de
as amostras (parafina e tecido fresco) detectou
amostras de mucosa bucal normal realizadas por
o total de 23% (31/134) de positividade para a
Terai et al.13 , com PCR in situ em 47 esfregaços
presença de DNA de papilomavírus humano,
de queratinócitos de boca de indivíduos adultos
sendo 34% (23/67) em carcinomas e 19,4%
normais, demonstraram 7% (2/30) de positividade
(13/67) em papilomas. Em estudos recentes em
para HPV16. Kojima et al.17 demonstraram a ocor-
carcinoma bucal de tecido fresco16, encontraram
rência de 14% (11/77) de HPVs na cavidade bucal
positividade de 43,2% (51/118) para HPVs 6, 11,
normal de crianças japonesas com idades de 3 a 5
5
16 e 18. Campos encontrou 61,53% (16/26) de
anos. É consenso geral que a prevalência de HPV
positividade em amostras de carcinoma de tecido
na mucosa bucal normal ou no estado patológico
fresco. Os achados acima demonstram uma gran-
é ainda controversa, dependendo da população e
de variabilidade na detecção de DNA viral por
do método de detecção empregado18. Entretanto os
Arquivo Brasileiro de Odontologia
116
achados até o momento sugerem que a cavidade
embebido em parafina, não sendo evidenciada ne-
bucal é reservatório de HPVs, desde a infância,
nhuma amostra positiva de carcinoma de parafina,
e que posteriormente doenças associadas com o
enquanto que a partir das amostras de carcinomas
papilomavírus humano, tais como carcinomas e
de tecido fresco foram detectadas 8/26 (30,76%)
outras lesões possam se desenvolver. Portanto,
amostras positivas. Estes dados comparados com
há necessidade de desenvolvimento e aprimo-
o de outros autores (Tabela 1) mostram que há
ramento de técnicas sensíveis e específicas para
uma presença comum destes HPVs na maioria dos
diagnóstico, no intuito de buscar futuros métodos
estudos com diferenças no número de ocorrências,
de profilaxia e tratamento.
o que pode ser atribuído à variabilidade popula-
Campos5 desenvolveu um método alternativo, relativamente rápido, de extração de DNA de
cional das amostras ou talvez por diferenças na
sensibilidade de cada PCR utilizado.
tecido em parafina que difere dos demais métodos
Os HPVs 18 e 45 do grupo C são conside-
que envolvem longa incubação em xilol. Ha et
rados de alto risco, sendo o 18 apontado como o
al.19 , utilizando PCR quantitativo em tempo real,
de maior associação com a carcinogênese bucal,
pesquisaram amostras de arquivos de carcinoma
juntamente com o HPV16 do grupo A.16,17,19,24,25 A
em parafina e detectaram HPV16 em 2,9% (1/34).
associação de HPV18 e carcinogênese sugerida por
A maioria das pesquisas de prevalência do HPV59
Ostwald et al.16 é posta em dúvidas pelos resultados
enfoca em lesões cervicais e considera este HPV
de alta ocorrência demonstrado por Terai et al.13
como confinado nas populações das Américas
em tecido bucal normal.
Central e do Sul20 , com relato recente de 2% em
trabalho realizado na África do Sul21 . O relato da
incidência deste HPV em lesões de boca é bastante
raro.22
Conclusão
Os HPVs 30 e 56 foram classificados como
sendo de alto risco por Lorincz et al.23 e de médio
risco por Bergeron et al.26 O HPV56 é tido como
infectando predominantemente a região anogenital, enquanto o HPV30, isolado raramente de
lesões do trato genital, é mais freqüentemente
Lorincz et al.23 classificaram os HPVs dos
correlacionado com o carcinoma de laringe.27
tipos 6, 11 e 44 como de baixo risco, sendo os
Campos5 desenhou primers semelhantes para
tipos 6 e 11 responsáveis pelas infecções benig-
mais de um tipo de HPV dentro desse grupo D,
nas do trato anogenital. O condiloma acuminado
isto é, com dois pares de primers foi possível tra-
é atribuído a esses dois tipos de HPVs em 93%
balhar com quatro tipos de HPVs. Para os HPVs
dos casos. O tumor de Buschke-Lowenstein, um
30 e 53, sem distinção, detectando positividade
carcinoma bem diferenciado de células escamosas
em 22% (9/41) de amostras de carcinoma em
que acomete a região urogenital, é também atri-
parafina, em 1,5% (1/67) de amostra de papiloma
buído aos HPVs 6 e 11. Tudo indica que os HPVs
de tecido incluído em parafina e em 11,5% (3/26)
6 e 11 estão associados ao HPV13 em infecções
das amostras de carcinoma de tecido fresco. Os
do trato ororespiratório. Campos em 20055 obte-
estudos destes HPVs são ainda insatisfatórios,
ve amplificação positiva de HPV 6b/11 em 2/67
mesmo que estejam correlacionados com câncer
(2,98%) amostras de papilomas obtidas de tecido
da cavidade bucal.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
117
Abstract
Oral cancer represents a health problem of
worldwide distribution. Several articles have
related HPVs to oral cancer incidence. The main
types of HPV that have been considered to be cancerigenous have been HPV 16 and 18. The HPVs
are epiteliotrophic virus; not all of them offer high
risk, but are frequent in oral mucosa. In a literature
review, we present the state of the art about HPV
incidence in oral cavity, their types, and presumable relation with oral cancinomas.
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Recebido em: 21/08/2007
Aceito em: 20/10/2007
Correspondência:
Pedro Alves Campos
Laboratório de Morfologia Microscópica (ICBS)
- PUC Minas
Av. D. José Gaspar, 500 – Prédio 23
30535-901 – Belo Horizonte – MG
Telefone: (031) 3319-41.60
E-mail:[email protected]
Arquivo Brasileiro de Odontologia
119
Arq bras odontol 2007; 3(2):120-128
ISSN 1808-2998
COMPLICAÇÕES FUNCIONAIS DECORRENTES DE MANDIBULOTOMIA
MANDIBULOTOMY’S FUNCTIONAL COMPLICATIONS
Patrícia Vieira Salles1, Vânia Duarte de Alvarenga2, Patrícia Marques de Oliveira1
Resumo - A mandibulotomia é uma abordagem cirúrgica de acesso para ressecção de tumores primários
de cavidade oral e orofaringe que não seriam acessíveis através da boca aberta ou pelo acesso de retalho inferior
da face. Esta cirurgia pode ser realizada em três locais diferentes: de forma lateral, pela linha mediana ou
paramediana. Conforme o local a ser realizado o ato cirúrgico, existem vantagens e desvantagens que deverão
ser levadas em consideração na hora da escolha da técnica cirúrgica. Entre as desvantagens apresentadas por
qualquer uma das técnicas descritas interessam ao fonoaudiólogo o comprometimento de estruturas e funções
do sistema estomatognático. O objetivo desta revisão foi levantar as alterações fonoaudiológicas decorrentes
da mandibulotomia. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico nos arquivos de literatura científica
nos bancos de dados da Medline e PubMed, entre os anos de 1999 e 2006. A atenção foi direcionada para as
principais complicações fonoaudiológicas advindas desta abordagem cirúrgica que interferem no funcionamento
do sistema estomatognático e no desempenho de suas funções. Por meio desta revisão de literatura concluiu-se
que, mesmo na mais aceita das abordagens cirúrgicas de mandibulotomia - a mandibulotomia paramediana,
alterações no sistema estomatognático ocorrerão, justificando-se a intervenção fonoaudiológica junto aos pacientes
submetidos a esta modalidade de tratamento cirúrgico, como forma de minimizar as complicações e seqüelas,
promovendo qualidade de vida.
Descritores - mandíbula; neoplasia; cirurgia; fonoterapia; reabilitação
celulares primários na cavidade oral no mundo
Introdução
ocidental. O trígono retromolar e a mucosa oral
O câncer é caracterizado pelo crescimento
são, contudo, os locais primários mais freqüen-
anormal das células, sendo o câncer de cabeça e
temente acometidos.2 Embora os carcinomas
pescoço aquele que engloba lesões de boca (lá-
espinocelulares sejam tumores primários bastante
bios, mucosa oral, gengivas, palato duro, língua e
encontrados na orofaringe, os linfomas costumam
assoalho de boca), orofaringe (amígdalas, palato
ser vistos devido a abundância de tecido linfóide
mole e base de língua), nasofaringe, hipofaringe,
na orofaringe, componentes significativo do anel
fossas nasais, seios paranasais, laringe, glândulas
de Waldeyer.3 A maioria dos pacientes com câncer
1
salivares e glândula tireóide.
de cavidade oral é do sexo masculino, embora
A língua e o assoalho da boca são os locais
tenha sido observada uma elevação da incidência
mais comuns de origem para carcinomas espino-
do sexo feminino nos últimos 50 anos.3 Segundo
1
2
Professora do Curso de Fonoaudiologia da PUC Minas
Aluna do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da PUC Minas
Arquivo Brasileiro de Odontologia
120
dados do Instituto Nacional do Câncer a estimativa
podendo ser isolada ou associada à radioterapia,
da incidência de novos casos de câncer para 2006
pois apresenta bons resultados de curabilidade.8
é de 10.060 casos entre homens e 3.410 entre as
Em tumores avançados os pacientes são tratados
4
com cirurgia e radioterapia pós-operatória devido
mulheres.
Dentre os fatores etiológicos para o desen-
ao alto índice de recidiva local.9
volvimento do câncer de boca citamos o tabagismo,
A abordagem cirúrgica a ser utilizada deverá
que tem aumentado significativamente o índice de
ser aquela que possibilite a adequada ressecção do
tumores nesta região, o etilismo, a má higiene oral
tumor com ampla margem de segurança, sendo os
e o uso de próteses dentárias mal adaptadas.5,6
acessos cirúrgicos mais freqüentemente utilizados
Existe uma grande diversidade de sintomas asso-
em cavidade oral a perioral, a elevação de retalhos
ciados ao câncer em região de cabeça e pescoço,
jugais, o retalho em viseira, a operação pull trou-
como rouquidão, estridor, falta de ar, dor, disfagia
ght, como as mandibulectomias e a mandibuloto-
e odinofagia, assim como, tosse, hemoptise, perda
mia, foco da presente revisão.10
de peso e halitose.1 Atenção especial deve ser dada
para a presença de úlceras ou massas nos lábios ou
cavidade oral que não sejam comuns, assim como,
Revisão de Literatura
estomatognático; a minimização das seqüelas do
Mandibulotomia ou osteotomia mandibular
é uma excelente abordagem cirúrgica através da
mandíbula, destinada a acessar a cavidade oral,
orofaringe, espaço parafaríngeal e base do crânio para a ressecção de tumores primários, que
de outra forma não seriam acessíveis através da
boca aberta ou pelo acesso de retalho inferior
da face. 11,12,13,14 Nos casos onde o tumor não
tem aproximação ou não invade diretamente a
mandíbula, a mandibulotomia permite manter a
forma e função mandibular, concomitantemente
ao acesso aumentado à cavidade oral. Em tais
casos, a mandibulotomia é mais recomendada
que a mandibulectomia.15
tratamento e a prevenção de segundos tumores pri-
A mandibulotomia pode ser realizada em
mários. Atualmente, as modalidades terapêuticas
três localizações diferentes: lateralmente, em linha
empregadas incluem as cirurgias, a radioterapia,
mediana e em linha paramediana. Para realização
a quimioterapia, os tratamentos com modalidades
deste procedimento operatório, faz-se necessária
combinadas, estratégias de prevenção primária e
a avaliação radiográfica da mandíbula, para evitar
secundária com alterações do estilo de vida e ainda,
que o acesso seja realizado em área de dentes sép-
para manchas brancas ou vermelhas nas gengivas,
língua ou mucosa, sangramentos incomuns, dor ou
entorpecimento da boca e dificuldades ou dores
ao mastigar.7
Influenciam na escolha do tratamento inicial
os fatores tumorais, relacionados às características
do tumor primário; fatores do paciente, relacionados ao paciente como idade, sexo, raça e fatores
médicos, relacionados à equipe de tratamento.
Os objetivos finais do tratamento de câncer de
cavidade oral são a cura da doença; a preservação ou restauração da forma e função do sistema
3
a quimioprevenção.
ticos, permitindo a seleção do local apropriado ao
A cirurgia é o método, por excelência, uti-
ato cirúrgico.3 A mandibulotomia lateral é realiza-
lizado no tratamento do câncer de cavidade oral
da através do corpo ou ângulo da mandíbula, apreArquivo Brasileiro de Odontologia
121
sentando desvantagens. Há uma tração muscular
desigual sobre os dois seguimentos da mandíbula,
que coloca o local da mandibulotomia sob tensão
significativa, causando atraso na cicatrização.
Devido a isso, o paciente pode requerer fixação
intermaxilar. Após a cirurgia, o acesso a linha de
sutura para manter a limpeza da cavidade oral é
prejudicada pela fixação intermaxilar, levando a
uma higiene oral insatisfatória e potencial risco
É importante relatar que modificações na
técnica original da mandibulotomia mediana têm
diminuído os altos índices de complicações. A
fixação com amarraduras tem sido largamente
substituída por mini placas de titânio que se tornou
padrão no uso de fraturas, ortognatia e procedimentos de reconstrução cirúrgica. Ao se evitar a
fixação intermaxilar, espera-se melhores resultados
de recuperação dos pacientes.21
genioglosso, levando a um retardo da recuperação
Por fim, temos a mandibulotomia paramediana que abole as desvantagens da mandibulotomia
lateral e evita as seqüelas da mandibulotomia de
linha média. Além da ampla exposição, há a preservação dos músculos geniohióide e genioglosso,
levando à preservação do complexo hiomandibular.22,23,24,25 Pesquisas destacam que mesmo com
todas as vantagens apresentadas, esta cirurgia
requer a ressecção do músculo milohióide, o que
também traz dificuldades na deglutição mesmo
que estas sejam mínimas. Por esses motivos a
mandibulotomia paramediana é a abordagem mais
utilizada quanto ao acesso a lesões maiores localizadas posteriormente na cavidade oral e tumores da
orofaringe.3,13 Cirurgiões da Filadélfia acrescentam
que não se sabe a extensão do comprometimento
do músculo milohióide, mas que preferem esta
técnica à mandibulotomia mediana, uma vez que
as duas podem trazer complicações, mas que a
paramediana é melhor por preservar uma maior
quantificação anatômica e funcional.24
da função de mastigação e deglutição.17 Israelenses
Enfim, a técnica ideal de mandibulotomia é
e americanos acrescentam que o músculo digás-
aquela que não requeira fixação intermaxilar, mas
trico também fica comprometido neste tipo de
que preserve a oclusão, permita um bom funcio-
de sepse da linha de sutura.2
Essa abordagem cirúrgica traz também
desvantagens anatômicas como desnervação dos
dentes distais no ponto da mandibulotomia e à pele
do mento, devido a transecção do nervo alveolar
inferior e ainda desvascularização dos dentes distais. Outro problema relaciona-se à radioterapia,
pois o ponto da mandibulotomia fica dentro do
campo lateral de radioterapia, levando ao atraso
da cicatrização e complicações locais. Por todos
estes fatores, a mandibulotomia lateral tem sido
abandonada.15,16
A mandibulotomia mediana caracteriza-se
pelo acesso entre os dois dentes incisivos centrais,
onde um deles requer extração para evitar o risco
de extrusão. Com esta abordagem evitam-se todas as desvantagens da mandibulotomia lateral,
mas este requer a ressecção de músculos que se
originam no tubérculo genial, o geniohióide e o
18,19
cirurgia.
Este músculo é responsável por elevar
namento das funções estomatognáticas, que não
o osso hióide como também a laringe durante a
requeira procedimentos secundários, sendo assim,
deglutição, assim como durante a mastigação e
livre de complicações.22 Mas não é isso que grande
a fala, ou abaixar a mandíbula.20 Devido a estas
parte da literatura acredita quando afirmam que
razões, a mandibulotomia de linha média também
a fixação rígida diminui os índices de complica-
não é a abordagem preferida.
ções.23 Esse achado não é universal.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
122
Atualmente, fixações internas com placas
e parafusos de titânio são um meio comumente
usado para estabilizar a mandibulotomia até que
se complete o procedimento. Depois da ressecção
do tumor, muitos pacientes requerem terapia por
radiação, que se torna prejudicado, uma vez que, o
uso de implantes metálicos é um grande potencial
de interferência deste procedimento.25
cimento das funções de respiração, mastigação,
deglutição e fala, visando o equilíbrio miofuncional, não importando se estes desequilíbrios estão
ocorrendo em pacientes com ou sem alterações
anatômicas. O trabalho visa prevenir, reabilitar ou
habilitar funções.27
O fonoaudiólogo tendo conhecimento dessa
unidade dinâmica que é a boca, possui melhor
No pós-operatório imediato, o paciente é
mantido com alimentação através de sonda nasogástrica por aproximadamente uma semana e nesse
momento faz-se uma tentativa de dar alimento em
consistência pastosa para ver se a deglutição é bem
sucedida. Caso o paciente seja capaz de tolerar
esta alimentação, é gradualmente reintroduzida
dieta branda nos dias seguintes. Aproximadamente
num tempo de três meses pós-cirurgia, o paciente
apresentará excelente mobilidade de língua, com
bom padrão de fala, mastigação e deglutição.2
compreensão das modificações neuromusculares
As estruturas que constituem a cavidade oral e
a orofaringe apresentam, enquanto funções básicas,
a mastigação, a deglutição e a produção da fala. Um
câncer, por si só, presente em uma destas estruturas
pode causar alterações nestas funções. A cirurgia de
acesso ao tumor, muitas vezes necessária, também
traz conseqüências funcionais consideráveis, justificando o trabalho fonoaudiológico com pacientes
submetidos a este tipo de cirurgia.1
e pescoço, com destaque para os procedimentos
Nos traumas de mandíbula, ocorre a necessidade de se trabalhar a musculatura oral, em
especial, as que estão envolvidas no movimento
da mandíbula. Tendo em vista a contribuição da
mandíbula à fala, à mastigação eficiente, à deglutição e à formação da parte inferior da face,
fraturas nesta estrutura devem receber cuidadosa
consideração.26
e quanto às etapas da reabilitação; o atendimento
Na área de Motricidade Orofacial, a Fonoaudiologia tem como objetivo maior, o restabele-
se traduz por acompanhamento da evolução do
e funcionais encontradas, o que o faz contribuir
significativamente para a obtenção de melhores
prognósticos, quer sejam estes no período préoperatório ou no pós-operatório.28
A partir das considerações anteriores é possível afirmar que a atuação fonoaudiológica na área
de câncer de cabeça e pescoço é vasta, englobando
a multiplicidade de seqüelas impostas por tratamentos que envolvem o combate ao câncer que
acomete o complexo anatomofuncional da cabeça
de cirurgias e radioterapia.29
Existe um programa básico de atuação fonoaudiológica aos pacientes submetidos a cirurgias
ablativas de câncer de cabeça e pescoço que aborda
quatro itens principais como a avaliação e orientação pré-operatória, visando o estabelecimento do
contato entre o terapeuta, o paciente e sua família,
além dos esclarecimentos quanto ao tipo de cirurgia
no pós-operatório imediato, cujo objetivo principal
é a retirada da sonda nasogástrica e a retomada
da deglutição por via oral; a fonoterapia, dirigida
especificamente às dificuldades do paciente, diferenciando os objetivos da reabilitação de acordo
com cada tipo de cirurgia e por fim, um programa
de refinamento das habilidades conseguidas, que
processo de reabilitação, visando a alta.30
Arquivo Brasileiro de Odontologia
123
Destaca-se ainda, que ocorrem mudanças,
aproximadas adequadamente. O que precisa estar
em graus variados, na posição dos tecidos moles
claro, é que o fonoaudiólogo é o profissional com
dos pacientes que são submetidos às cirurgias na
formação para atuar nas alterações miofuncionais
região maxilomandibular. Quando é feito um diag-
de forma a prevenir, reabilitar ou habilitar órgãos
nóstico interdisciplinar pré-cirúrgico, avaliam-se
e funções do sistema estomatognático.
criteriosamente as funções musculares associandoas à morfologia, para que haja e obtenção de um
bom prognóstico.31
Discussão
to de uso tópico, malhas compressivas, hidratação
Há consenso na literatura em relação aos fatores etiológicos para o desenvolvimento do câncer
de boca, destacando-se o tabagismo, o etilismo, a
má higiene oral e o uso de próteses dentárias mal
adaptadas como os principais fatores de risco.5,6,7
Já os sintomas apresentados pelos pacientes,
destacam-se a disfagia e a odinofagia para os cânceres de boca.1,7 Também houve concordância na
literatura no que se refere às formas de tratamento
para os tumores de cabeça e pescoço, onde a cirurgia, associada à radioterapia, são as modalidades
terapêuticas com melhores resultados de curabilidade.3,8,9 Estas modalidades terapêuticas geram
da pele e uso de fitas contensoras. Há ainda o uso
complicações tratadas pelo fonoaudiólogo.2,15,16
É importante retomar que na realização
da mandibulotomia, músculos importantes para
a mastigação e deglutição como o geniohióide,
genioglosso e/ou miloióide são seccionados, acrescentando-se também que na mandibulotomia lateral o processo de cicatrização pode estar atrasado
devido à própria abordagem cirúrgica.3
A cicatrização também é um campo de atuação fonoaudiológica dentro da mandibulotomia.
Após a fase cicatricial inicial de procedimentos
cirúrgicos são utilizados fatores como medicamen-
de massagens por meio de toques, pressões, ali-
A mandibulotomia ou osteotomia man-
samentos e trações que facilitam um padrão fun-
dibular é uma abordagem cirúrgica através da
cional objetivando uma postura ativa e adequação
mandíbula, destinada ao acesso à cavidade oral,
da tensão muscular. Esses exercícios promovem
orofaringe, espaço parafaringeal e base do crâ-
aquecimento, soltura, vascularização muscular e
nio para a ressecção de tumores primários, que
tecidual, contribuindo, de forma gradativa, para
de outra forma não seriam acessíveis através da
uma boa cicatrização. Essas massagens são indi-
boca aberta ou pelo acesso de retalho inferior da
cadas para todos os tipos de cicatrização e devem
face.3,11,12,13,14
ser realizadas durante os três primeiros meses,
permitindo ativar a maturação cicatricial.31,32
Diferentes autores destacaram que a mandibulotomia lateral põe sob tração desigual e
Não se pode descrever um tratamento metódi-
significativa os dois segmentos da mandíbula,
co para ser usado nos casos de mandibulotomias.
aumentando a tensão local, causando atraso na ci-
É preciso contar com a tendência individual de
catrização. Este acesso também leva a desnervação
cada organismo, o fechamento do plano cirúrgico
e desvascularização dos dentes distais ipsi-late-
de forma anatômica e a manutenção desse fecha-
ralmente, em função da secção do nervo alveolar
mento até que ocorra a formação de uma cicatriz
inferior, o que alteraria o modo mastigatório no
capaz de resistir a tensão local, mantendo as bordas
pós-operatório.3,13,15,16
Arquivo Brasileiro de Odontologia
124
A literatura pesquisada concorda que a
técnica por mandibulotomia mediana evita as
desvantagens da mandibulotomia lateral, mas
trás a ressecção de músculos como o genioglosso e gênio-hióide, o que leva a um retardo da
recuperação das funções de mastigação e deglutição.2,3,10,12,17,18,19,20 Por outro lado, não houve
consenso na literatura com relação ao comprometimento do músculo digástrico.18,19 Contudo, os
autores concordaram que modificações realizadas
a partir da técnica original têm diminuído os índices de complicações.14,21
A mandibulotomia paramediana é a técnica
de maior sucesso, pois abole as desvantagens da
mandibulotomia lateral e evita as seqüelas da
mandibulotomia de linha média, apresentando
assim melhores resultados.2,3,10,11,12,17,19,20,22,23,24,25
Além da ampla exposição local, há a preservação
dos músculos geniohióide e genioglosso, levando
à preservação do complexo hiomandibular.2,22,23,25
Esta abordagem operatória requer a ressecção do
músculo milohióideo, mas com comprometimentos mínimos à deglutição.24
Não se pode descrever um tratamento metódico de modo geral, pois a extrema variedade e
circunstâncias das diferentes abordagens cirúrgicas
fazem com que o tratamento seja orientado pelas
particularidades de cada caso.
Porém, nas três abordagens da mandibulotomia, percebeu-se o comprometimento gerado
pela mudança anatômica ou funcional do sis-
Assim, mesmo na abordagem paramediana,
que traz menos seqüelas para o sistema estomatognático, não deixa de traumatizar a mandíbula,
gerando necessidade de se trabalhar a musculatura
oral, em especial, as que estão envolvidas no movimento do osso mandibular e no desempenho da
função de mastigação.26
Por ser o fonoaudiólogo o profissional
responsável pela orientação e reabilitação das
modificações neuromusculares e funcionais orofaciais, houve consenso na literatura consultada
sobre a importância e necessidade da atuação
fonoaudiológica junto a pacientes submetidos a
mandibulotomia, trazendo benefícios quanto à
adaptação e recuperação das funções estomatognáticas.29,30,31
A atuação fonoaudiológica junto aos pacientes submetidos a cirurgias ablativas de câncer de
cabeça e pescoço visa a recuperação das funções
perdidas em decorrência da cirurgia ablativa, da
cirurgia de acesso ou do tratamento radioterápico. O contato entre terapeuta, paciente e família
realizado no período pré-operatório objetiva
dar esclarecimentos quanto ao tipo de cirurgia
e quanto às etapas da reabilitação.30 O trabalho
fonoaudiológico proporciona a retirada da sonda
nasogástrica e a retomada da alimentação por via
oral, restabelecendo as funções de mastigação e
deglutição. A reabilitação fonoaudiológica visa
também adequar a fala e a voz de acordo com as
estruturas remanescentes, por meio de exercícios
específicos à dificuldades do paciente.10,31
tema estomatognático. Conforme descrito pela
Também houve consenso sobre a importância
literatura, estes comprometimentos vão desde
do trabalho fonoaudiológico no campo cicatricial.
a desnervação dos dentes distais e da pele do
O uso de massagens por meio de toques, pressões,
mento ao atraso de cicatrização. A ressecção de
alisamentos e trações, objetivam uma postura ati-
músculos como o geniohióide, genioglosso e
va e adequação da tensão muscular, promovendo
miloióide alteram as funções de mastigação e
aquecimento, soltura, vascularização muscular e
deglutição.2,3,10,11,12,13,22,23,24,25
tecidual levando a uma boa cicatrização.31,32
Arquivo Brasileiro de Odontologia
125
Conclusão
Referências
A mandibulotomia é uma excelente forma de
acesso aos tumores de cavidade oral e orofaringe,
destacando-se a mandibulotomia paramediana que
causa menos alterações ao sistema estomatognático.
Em decorrência das alterações funcionais inerentes
a esta técnica de acesso operatória, a intervenção
fonoaudiológica justifica-se por minimizar complicações e seqüelas funcionais e estéticas, reabilitando o
paciente o mais precocemente possível, reintegrando
o sujeito à sociedade com qualidade de vida.
1. Angelis EC, Barros APB, Furia CLB, Martins
Abstract
nível em: <http://www.inca.org.br> Acesso em
Mandibulotomy is a surgical technique that
improves access to the oral cavity so it makes the
resection of tumors possible. The access to the oral
cavity would not be possible through open mouth
or through the base of the face. This surgery can be
performed by three different ways: through the lateral, median and paramedian line. Each way presents
advantages and disadvantages. To the speech and
language therapist interests the complications about
function and structures of stomatognathic system.
The purpose of this paper was to raise the complications results in speech, chewing and swallowing.
Literature review about the main complications caused in the stomatognathic system was investigated.
The conclusions indicate that although there were
fewer complications on paramedian mandibulotomy
to the somatognathic system the intervention of the
speech and language therapist is important to minimize muscles, chewing and swallowing problems
and to promote quality of life for the patients.
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Recebido em: 17/08/2007
Aceito em: 21/10/2007
Correspondência:
Patrícia Vieira Salles
Rua João Carlos, 664 – Sagrada Família
31.030-360 – Belo Horizonte – MG
Telefone: (031) 9238-1421 - Fax: (031) 32414277
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Arquivo Brasileiro de Odontologia
128
Arq bras odontol 2007; 3(2):129-145
ISSN 1808-2998
MANIFESTAÇÕES GERAIS DAS LEUCEMIAS AGUDAS NA INFÂNCIA. ASPECTOS
BÁSICOS PARA O CONHECIMENTO DO CIRURGIÃO-DENTISTA
GENERAL MANIFESTATIONS OF ACUTE LEUKEMIA IN CHILDREN. BASIC ASPECTS FOR DENTISTS
Fernanda Medeiros Carneiro1, Luis Cândido Pinto da Silva2, Roberval de Almeida Cruz3
Resumo - As leucemias, que se caracterizam pela proliferação de células anormais derivadas dos
elementos hematopoiéticos da medula óssea, são as neoplasias mais comuns na infância. Elas eram a causa
mais freqüente de óbitos entre crianças acometidas pelo câncer. Entretanto, com o desenvolvimento de novas
técnicas de tratamento, o número de vítimas fatais tem diminuído significativamente. A despeito disto, tem
sido observado aumento progressivo na incidência da leucemia linfocítica aguda. Infelizmente, a maioria dos
cirurgiões-dentistas possui pouco conhecimento científico para realizar o atendimento do paciente com este e
outros tipos de câncer, demonstrando clara deficiência em sua formação. A situação também é reflexo da não
inclusão do profissional da odontologia na equipe oncológica multidisciplinar. Assim, o objetivo deste trabalho
foi disponibilizar informações suficientes para que o cirurgião-dentista possa reconhecer e entender o paciente
com diagnóstico da doença, de maneira segura e eficiente, para proporcionar níveis satisfatórios de saúde bucal,
durante todo o período de terapia antineoplásica.
Descritores - neoplasias, leucemia aguda, câncer na infância
Introdução
Em grande número de definições e classificações para o paciente portador de necessidades
especiais há pouca ou nenhuma referência aos
indivíduos acometidos por neoplasias.2,17,43,45,55
Entretanto, estimou-se que, no ano de 2006, surgiram cerca de 472.000 novos casos de câncer no
Brasil.29 Diante desta constatação, pode-se inferir
que a não inclusão deste tipo de paciente nos sistemas classificatórios é falha, porque se trata de
numeroso grupo de pacientes, que requerem vários
cuidados durante a abordagem odontológica.
Desde a década de 70, tem sido observada a
evolução dos índices de cura das neoplasias malig1
2
3
nas na infância. Até 1980, a leucemia era a causa
mais freqüente de óbitos entre crianças acometidas
pelo câncer. A partir desse período, com o surgimento de novas técnicas de tratamento, o número
de vítimas fatais reduziu progressivamente.52 Atualmente no Brasil, crianças e jovens com leucemia
têm experimentado taxas de cura que variam de
70 a 80% dos casos. Entretanto, paralelamente
aos bons resultados, tem sido observado aumento
progressivo na incidência de outras neoplasias,
especialmente a leucemia linfocítica aguda, os
tumores do Sistema Nervoso Central (SNC), os
linfomas não Hodgkin e o tumor de Wilms.44
Câncer (ou neoplasia maligna) é o termo utilizado para designar um grupo de doenças que têm
Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais pela PUC Minas
Professor Assistente da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Professor Adjunto da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Arquivo Brasileiro de Odontologia
129
em comum a proliferação desordenada de células
de sustentação e, por ser predominantemente de
atípicas. Estas células anormais podem invadir os
natureza embrionária, é constituído basicamente
tecidos vizinhos ou ainda colonizar outras áreas do
de células indiferenciadas. Porém, geralmente,
46
A
respondem melhor aos tratamentos atuais. A
propagação à distância pode ocorrer por meio da
grande maioria dos cânceres pediátricos não
corrente sangüínea, do sistema linfático ou através
apresenta história familiar ou associação com
corpo, processo conhecido como metástase.
21
de cavidades ou canais naturais.
desordens genéticas ou congênitas. Raramente
A etiologia do câncer é muito variada e
é hereditário.4 As neoplasias mais comuns na
engloba fatores externos e internos ao organis-
infância são as leucemias, os tumores do SNC e
mo. Os fatores externos correspondem à ação do
os linfomas. O neuroblastoma, o tumor de Wilms,
meio ambiente e dos hábitos e costumes típicos
o retinoblastoma, o tumor germinativo, o osteos-
do contexto social e cultural no qual o indivíduo
sarcoma e o sarcoma também podem acometer
está inserido. Por outro lado, os fatores internos
crianças, sendo menos freqüentes.27
são, geralmente, pré-determinados geneticamente
O objetivo deste trabalho é proporcionar
e correspondem à capacidade do organismo de
informações suficientes para que o cirurgião-
se defender contra agressões. Estes dois fatores
dentista possa reconhecer e entender o paciente
podem interagir de inúmeras maneiras, o que de-
com diagnóstico de leucemia, de maneira segura
termina a probabilidade de transformação maligna
e eficiente, para proporcionar níveis satisfatórios
de células normais.26
de saúde bucal, durante todo o período de terapia
São vários os tipos de câncer, uma vez que
antineoplásica.
a doença pode se desenvolver em praticamente
qualquer região do corpo. Carcinoma é o câncer
que tem origem epitelial (epitélio de revestimento
ou glandular). Sarcoma, por sua vez, surge a partir
Biologia molecular dos
tumores infantis
das células de origem mesenquimal, encontradas
Como doença predominantemente genética,
nos tecidos de sustentação do corpo, como por
o câncer exige do profissional da saúde, que par-
exemplo, os ossos, as cartilagens e os músculos. Já
ticipa direta ou indiretamente do tratamento, a ter
o linfoma é um tipo de câncer derivado do sistema
conhecimentos básicos das alterações genéticas e
linfóide. E, por fim, a leucemia, que se caracteriza
moleculares da doença. Este conhecimento é im-
pela proliferação de células anormais derivadas de
portante nas abordagens terapêuticas mais adequa-
elementos hematopoiéticos da medula óssea.60
das e, no caso do cirurgião-dentista, direcionar sua
No câncer do adulto, as células mais afetadas são as do epitélio que recobre os órgãos,
atenção para o preparo do paciente que receberá o
tratamento médico.14
estando o surgimento de doenças malignas
Diferentes tipos de alterações (mutações)
relacionadas, na maioria das vezes, a fatores
no DNA ocorrem durante a replicação celular e
ambientais como, por exemplo, o uso do fumo ou
estas ocorrem em diferentes níveis (alterações de
do álcool. O câncer na criança geralmente afeta
pequena escala e em grande escala) em estruturas
as células do sistema sangüíneo e dos tecidos
diversas na observação microscópica.11
Arquivo Brasileiro de Odontologia
130
Durante o desenvolvimento da neoplasia,
sangüínea, as células leucêmicas podem invadir
as alterações genéticas ocorrem em duas classes
praticamente todos os órgãos, com preferência pelo
especiais de genes: os proto-oncogenes e os ge-
fígado e pelo baço.57 A inibição do crescimento e da
nes supressores de tumores. Os proto-oncogenes
diferenciação das células hematopoiéticas sadias
são mutações de genes celulares normais que
não se dá apenas pela ocupação física e pela com-
codificam um grupo de proteínas cuja expressão
petição nutricional. Existem inúmeras evidências
é o oncogene, na realidade, a verdadeira célula
de que as células leucêmicas também secretam
cancerígena. A mutação resultante causa um es-
substâncias inibidoras da mielopoiese.62
tímulo excessivo cujo resultado é a proliferação
A etiologia das leucemias ainda é obscura,
descontrolada das células do câncer, exacerbando
mas fatores genéticos e ambientais podem ser
sua atividade biológica. Os genes supressores de
importantes no seu desenvolvimento.31 Os fatores
tumor agem nas células, restringindo seu cresci-
de risco ambientais são denominados canceríge-
mento e multiplicação.41
nos ou carcinógenos e estes atuam modificando o
Entre os fatores hereditários, algumas
material genético das células. Os fatores genéticos
anomalias cromossômicas estão associadas com
são, na maioria das vezes, pré-determinados e es-
o risco aumentado para o desenvolvimento de
tão relacionados com a capacidade do organismo
neoplasias: síndromes de Down, de Bloom, de
de se defender das agressões externas.27 É grande
Klinefelter, de Beckwith-Wiedemann e de Turner;
a incidência de leucemia entre gêmeos univite-
anemia de Fanconi, ataxia-teleangectasia e neuro-
líneos, quando um deles é afetado. Além disto,
4,33,36,38,48,51,52,63
fibromatose.
foram relatadas famílias com elevada incidência
de casos de leucemia em membros de sucessivas
Aspectos gerais das
leucemias agudas na
infância
gerações.9,36,52
Com relação aos fatores ambientais indutores, destacam-se a exposição à radiação ionizante,
É na medula óssea que se formam as célu-
como exposição intra-uterina, radioterapia, expo-
las sangüíneas. Nela são encontradas as células
sição ocupacional, radiação decorrente da explo-
tronco multipotenciais, capazes de dar origem
são de artefatos atômicos; substâncias químicas
aos elementos figurantes do sangue: os glóbulos
e drogas (benzeno, cloranfenicol, fenilbutazona,
vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas.27,57
pesticidas a base de arsênico, agentes quimiote-
A leucemia é caracterizada pela proliferação expo-
rápicos alquilantes); infecções por alguns vírus,
nencial de clone alterado de uma célula mielóide
como o linfotrópico de células T humanas, o HTLV
ou linfóide, que progressivamente substitui as
I e II e o vírus Epstein Barr.9,36,52 O curso clínico,
células saudáveis da medula.1,36 As células leu-
as células afetadas, o tratamento e a sobrevida
cêmicas apresentam alterações na diferenciação,
variam de acordo com o tipo de doença. Por estes
maturação e apoptose celular e multiplicam-se
motivos, cada forma deve ser considerada indivi-
mais rapidamente que as células hematopoiéticas
dualmente.59
normais, que são substituídas, induzindo assim a
A leucemia é a neoplasia mais comum
falência da medula óssea.42 Uma vez na corrente
na infância, correspondendo a 30% de todos os
Arquivo Brasileiro de Odontologia
131
casos de câncer em pacientes com menos de 15
anos de idade.31,37,48,52,62 Sua classificação é baseada no curso clínico e no nível de maturação da
população neoplásica, como aguda ou crônica e
na análise morfológica da linhagem celular que
lhe deu origem, se linfocítica ou não linfocítica
(mielóide). De acordo com tal classificação, podem
ser descritas as formas: leucemia linfocítica aguda
(LLA); leucemia não linfocítica aguda, também
denominada leucemia mielóide aguda (LNLA/
LMA); leucemia linfocítica crônica (LLC); e leucemia mielóide crônica (LMC).9,42,24 As leucemias
mielóides surgem a partir das células que dão
origem aos granulócitos, eritrócitos ou plaquetas.
As leucemias linfóides originam-se de precursores
da linhagem linfóide.57
As formas agudas caracterizam-se pela proliferação e acúmulo de células hematopoiéticas
imaturas (blastos) e aparecem de maneira súbita,
resultando em rápida debilidade no estado geral
do indivíduo, podendo-o levar à morte em poucos
meses, se não diagnosticada e tratada precocemente. Nas formas crônicas, observa-se grande
aumento no número de células neoplásicas com
características de maturidade na medula óssea e
no sangue periférico. Neste caso, o curso clínico
da doença não é tão agressivo. A evolução é lenta
e insidiosa, podendo o paciente permanecer sem
sintomas por meses.10,37
As leucemias agudas são muito mais comuns que as formas crônicas, em toda a faixa
pediátrica.32,62 Entre elas, a LLA acomete 75 a
80% das crianças; as LMA correspondem de 15
a 20% dos casos e a LMC ocorre em apenas 5%.
A LLC inexiste em crianças.9,31,33,37,42,48,49,51,52,53
O pico de incidência de casos de LLA é observado na faixa etária que vai dos 2 aos 5 anos de
idade.36,37,64 Foi relata sutil predominância pelo
gênero masculino.22,33,36,39,48,54,57 A LMA é uma
doença rara em crianças, tendo incidência estável
até os 10 anos de idade, quando, então, apresenta
ligeiro aumento em sua prevalência.33,51 Apenas
no primeiro ano de vida a LMA é mais freqüente
que a LLA.62
O diagnóstico diferencial das leucemias
inclui doenças como: púrpura trombocitopênica
imune, anemia aplásica, artrite reumatóide juvenil,
leishmaniose visceral, mononucleose infecciosa
e infiltração da medula óssea por metástase de
outras doenças malignas. O atraso no diagnóstico
e o tratamento inadequado trazem conseqüências
negativas, podendo ser considerados como fatores
para o prognóstico desfavorável.33,48,52
A classificação das leucemias agudas é
baseada em características morfológicas, imunológicas e citogenéticas.48,50 Para evitar erros e
divergências de interpretação quanto às características morfológicas e citoquímicas dos blastos
leucêmicos na microscopia, foi criado o padrão
universal de classificação para as leucemias agudas.37,38, 51 Os subtipos morfológicos estão descritos
no Quadro 1.
Quadro 1 - Classificação morfológica das LLA17,36,57
Subtipo
DESCRIÇÃO
L1
Células pequenas, com citoplasma escasso, nucléolo pequeno, corresponde a 90% dos casos na infância
L2
L3
Células maiores e heterogêneas, nucléolos evidentes, citoplasma mais abundante corresponde de 5 a 15
% de todos os casos de LLA, sendo mais comum no adulto
Células maiores, muitos nucléolos, citoplasma abundante com vacúolos, células muito semelhantes às do
linfoma de Burkitt
Arquivo Brasileiro de Odontologia
132
A análise do cariótipo é também necessária,
uma vez que permite a visualização de vários marcadores clonais simultaneamente na mesma célula,
permitindo a determinação precoce da evolução de
algumas neoplasias.20
Aproximadamente 80% dos pacientes
apresentam algum tipo de alteração na estrutura ou no número de cromossomos nas células
neoplásicas.11,48 Entre as alterações estruturais
mais comuns nas LLA pediátricas podem ser
citadas: a translocação do cromossomo Phila-
delphia, t(9,22), identificada em 3 a 5%, que
está associada a mau prognóstico. 37,39,51,52 A
classificação das LMA depende da diferenciação
da linhagem de origem dos blastos leucêmicos
se mielóide, monocitária, eritroblástica ou megacariocítica.57,62
As LMA podem ser classificadas em 9 subtipos (Quadro 2), de acordo com a linhagem envolvida e o grau de diferenciação, a partir da análise
da morfologia e das características citoquímicas
das células leucêmicas.41,48
Quadro 2 - Classificação morfológica das LMA17,36,57
SUBTIPO
DESCRIÇÃO
OCORRÊNCIA
M0
Leucemia mielocítica com diferenciação mínima
M1
Leucemia mielocítica sem maturação
15-20%
M2
Leucemia mielocítica com maturação
25-30%
M3
Leucemia promielocítica
5-10%
Leucemia mielomonocítica aguda
Leucemia mielomonocítica aguda com anormal eosinofilia (variante)
20%
5-10%
M5
Leucemia monocítica aguda
2-9%
M6
Eritroleucemia
3-5%
M7
Leucemia megacariocítica
3-12%
M4
M4Eo
3%
Outra maneira de classificar as LMA é base-
cemias agudas estão relacionados com a própria
ada na existência ou não de algum fator predispo-
fisiopatologia da doença. Os achados clínicos
nente. Nas formas ditas primárias não é possível
iniciais são inespecíficos, como mal estar, febre,
associar a doença a alguma causa aparente e, nas
anorexia, perda de peso, apatia e fraqueza.37,50
secundárias, fatores facilitadores estarão presentes
Por estes motivos, torna-se difícil o diagnóstico
como, por exemplo, mielodisplasias ou anemia
diferencial com outras patologias não malignas,
aplástica pré-existentes.51,64
como a mononucleose infecciosa, infecção por
citomegalovírus e coqueluche. Entretanto, os sin-
Manifestações clínicas
das leucemias agudas na
infância
Os sinais e sintomas observados nas leu-
tomas não regridem e, pelo contrário, podem se
agravar.37 Deve-se ressaltar ser impossível o diagnóstico diferencial entre LLA e LMA, baseando-se
apenas nos achados clínicos iniciais isoladamente,
uma vez que são muito semelhantes em ambos
Arquivo Brasileiro de Odontologia
133
os casos, variando apenas a freqüência com que
39,52,54,62
ocorrem.
Com a invasão da medula óssea
por blastos, há a substituição dos elementos hematopoiéticos normais, reduzindo a produção das
séries vermelha, branca e megacariocítica, o que
leva, respectivamente, aos quadros de anemia,
granulocitopenia e trombocitopenia.10,57,62,64
As manifestações clínicas da pancitopenia
são: palidez da pele e mucosa, taquicardia, fadiga,
dispnéia após pequenos esforços devido à anemia;
infecções recorrentes ou que não respondem ao tratamento convencional, febre e ulcerações bucais,
em conseqüência da granulocitopenia; sangramentos, epistaxe, pequenas hemorragias, petéquias e
equimoses, devido a trombocitopenia.36,37,50
Os sinais e sintomas relacionados à infiltração das células leucêmicas nos órgãos irão
19
depender do grau e da localização da invasão. A
freqüência e a intensidade da infiltração variam de
indivíduo para indivíduo.52 Nas leucemias agudas
pode haver a infiltração dos gânglios linfáticos,
com seu conseqüente aumento. Geralmente, a adenomegalia se apresenta de forma generalizada e é
encontrada em 70 a 75% dos pacientes com LLA.
A infiltração leucêmica do periósteo ou das
articulações e a expansão da cavidade medular
dos ossos, pela invasão neoplásica, acarretam
dores ósseas e artralgia, podendo acometer até
40% dos pacientes.48 Nestes casos, o diagnóstico
diferencial com artrite reumatóide juvenil torna-se
importante, uma vez que os sinais e sintomas são
muito semelhantes.37
A infiltração gengival por blastos leucêmicos
é mais prevalente na LMA e está presente em torno
de 25% dos casos.1,8,19,33,38,65
O comprometimento dos testículos pode
ocorrer manifestando-se como crescimento indolor uni ou bilateral39,52,62 Este acometimento é
um sítio extra-medular relativamente incomum
na LMA.37,51
Em alguns indivíduos com leucemia aguda,
pode ser observada a ocorrência da síndrome da
veia cava superior. Esta se caracteriza pela formação de massa tumoral pela infiltração leucêmica mediastinal e pode resultar em dificuldade
respiratória, em conseqüência da compressão das
estruturas adjacentes.48,52,62
nos rins é comum. Entretanto, raramente observa-
O envolvimento do SNC, na chamada
neuroleucemia, pode ocasionar o aparecimento
de sintomatologia conforme o local acometido.62
Aproximadamente 5 a 10% dos pacientes possuem este comprometimento.52 Porém, apenas
5% destes indivíduos apresentarão sinais clínicos
da invasão do SNC ao diagnóstico.33,51 Entre as
manifestações mais comuns podem ser citadas:
náuseas, vômitos, cefaléia, fotofobia e paralisia de
nervos cranianos.28,39,51,52,62 Indivíduos com LLA
apresentam maior risco para o desenvolvimento
da neuroleucemia.36
se algum tipo de sintomatologia. A infiltração dos
A infiltração cutânea (leucemia cutis) é
pulmões e do coração também pode ocorrer, quase
pouco freqüente e acomete principalmente lactan-
sempre, sem manifestações clínicas.62
tes.37,52,62 Na maioria das vezes está relacionada à
13,18
Este achado é menos prevalente nas LMA.
A
esplenomegalia pode estar presente nas leucemias
agudas e, em geral, apresenta-se como aumento
discreto do baço, dificilmente ultrapassando 5
centímetros. Na LLA é observada a freqüência
próxima de 50% e na LMA em torno de 20% dos
casos.66 A hepatomegalia normalmente não é muito
pronunciada e pode ser observada em 30 a 50%
dos pacientes com leucemia aguda.48
Devido à grande vascularização, a infiltração
Arquivo Brasileiro de Odontologia
134
LMA e se apresenta como nódulos incolores ou
50,51
A anemia, que é caracterizada pela redução
Geralmente
no número de hemácias circulantes, na quantidade
os nódulos são assintomáticos, podendo medir
de hemoglobina e/ou do hematócrito, está quase
de poucos milímetros a vários centímetros, em
sempre presente no início clínico, embora valores
número de 1 até centenas.12
normais possam estar presentes.16 Geralmente, a
de coloração levemente púrpura.
Em alguns pacientes com LMA podem ser
encontradas formações tumorais sólidas extrame-
anemia é do tipo normocítica e normocrômica,
progressiva, podendo tornar-se grave.63
dulares, compostas por blastos leucêmicos deno-
Em crianças, o valor de referência para
minados coloromas. Os coloromas também podem
contagem de plaquetas varia de 150.000 a
ser denominados granulomas granulocíticos ou
450.000/mm³.15 Normalmente, a contagem de
mieloblastomas.33,57 É encontrado em menos de 5%
plaquetas está diminuída, quando surgem os
dos casos. São mais comuns na região de cabeça
primeiros sinais e sintomas das leucemias agudas
e pescoço, principalmente no crânio e nos ossos
e torna-se progressivamente grave.63 Entretanto,
faciais. Normalmente, apresenta-se em crianças
em 20% dos casos, esta contagem pode estar aci-
sob a forma de massa retrobulbar, que invade a
ma de 100.000/mm³.62 A redução da contagem de
região orbitária, levando a exoftalmia.37 Pode,
plaquetas para valores inferiores a 20.000/mm³
ocasionalmente, envolver a mandíbula ou maxila,
está relacionada à tendência a sangramento es-
simulando sintomas ou alterações dentárias seme-
pontâneo, tempo de sangramento prolongado,
51
lhantes aos abscessos.
surgimento de petéquias e equimoses. Valores
Os indivíduos acometidos pela LMA
acima de 50.000/mm³ geralmente não estão
apresentam maior risco de hemorragias.3 Além
relacionados ao surgimento de sangramentos
da trombocitopenia, podem desenvolver outros
espontâneos.16 Geralmente nas LLA, a trombo-
distúrbios de coagulação, como a coagulação
citopenia é de moderada a grave.63
intravascular disseminada e a fibrinólise. A co-
Quando estas células mais jovens são encon-
agulação vascular disseminada pode ocorrer em
tradas na circulação, sua presença deve obedecer
63
até 80% dos pacientes com LMA. Geralmente,
à chamada reação escalonada, significando que
com a progressão da doença, surge a febre. Esta
células mais diferenciadas devem sempre estar em
pode ser decorrente de algum processo infec-
maior número que as células imaturas no sangue
cioso ou da produção de citocinas pelas células
periférico. Portanto, o aparecimento da inversão
normais ou malignas.38,50,52
da fórmula leucocitária significa grave alteração
O hemograma nas leucemias agudas não
apresenta padrão único e quase sempre está alte-
na hematopoiese, sendo sugestivo do quadro de
leucemia aguda.61
rado.62 A anemia, a trombocitopenia e a presença
A primeira contagem de leucócitos varia
de blastos na contagem diferencial dos leucócitos
muito de paciente para paciente. Tanto leucopenia
são as alterações laboratoriais mais observadas
(principalmente na fase inicial da doença) quanto
nas leucemias agudas.9,61 Ocasionalmente, as alte-
leucocitose, são alterações qualitativas que podem
rações no hemograma podem ser muito discretas,
ser observadas.48 Na contagem diferencial dos
levando ao atraso no diagnóstico.51
leucócitos, formas imaturas e indiferenciadas são
Arquivo Brasileiro de Odontologia
135
encontradas no sangue periférico na maioria dos
doentes.59 Entretanto, em 19% dos casos de LMA
e em 20% dos casos de LLA não é possível observar a presença de células leucêmicas no sangue
circulante.52,64 Em alguns indivíduos, os leucócitos
podem ser encontrados em número muito elevado,
acima de 100.000/mm³. Este quadro é conhecido
como hiperleucocitose e está associado a grande
risco de mortalidade precoce, conseqüente, principalmente, ao infarto de vários órgãos como pulmões e SNC.48 Esta complicação é mais freqüente
na LMA e é atribuída a uma maior dimensão e
rigidez destes blastos.51
O diagnóstico definitivo das leucemias agudas requer o exame microscópico da medula óssea,
o chamado mielograma.28 Este exame é imprescindível para confirmar o diagnóstico da doença, mesmo que os achados laboratoriais e o exame clínico
sejam conclusivos.62 O estudo do tecido medular
costuma revelar alta celularidade com substituição
de grande parte do tecido hematopoiético por células leucêmicas.52 São necessários 30% ou mais
de blastos leucêmicos na medula óssea ou pelo
menos 20%, de acordo com a proposta da OMS,
para que o diagnóstico de leucemia aguda possa ser
fechado.35 Ocasionalmente, não é possível obter a
amostra para realização do mielograma, através da
aspiração medular. Neste caso, faz-se necessária a
realização da biópsia medular.48
O exame citológico do líquido cefalorraquidiano para pesquisa de blastos leucêmicos deve ser
realizado em todos os casos, para ser determinado
ou não o envolvimento do SNC.3,16
Prognóstico e tratamento
das leucemias agudas na
infância
Os fatores prognósticos são parâmetros relacionados à doença ou ao indivíduo, expressando
Arquivo Brasileiro de Odontologia
136
a possibilidade do paciente conseguir a remissão
total e contínua, ou seja, a cura. Estes fatores
podem ser de natureza clínica, laboratorial ou
genética.52
Na LLA pode-se determinar três categorias
de risco: baixo risco, risco padrão e alto risco. As
crianças de baixo risco possuem chances de cura
próximas a 80%. Os pacientes com risco padrão
possuem as mesmas chances de cura. Entretanto,
devem ser submetidos à terapia mais complexa e
intensiva de tratamento, para atingirem a remissão
completa. Os indivíduos classificados como de alto
risco possuem menos de 50% de probabilidade
de alcançar o sucesso terapêutico. Idade entre
1 e 10 anos, leucometria inicial menor do que
50.000/mm³ e LLA de linhagem B precoce são
considerados fatores de prognóstico favoráveis,
ou seja, de baixo risco.39,48 A presença do rearranjo
t(12,21)(p13,q22) coloca o paciente na categoria
de baixo risco, independentemente da idade ou
contagem de leucócitos.52 A hiperdiploidia das
células leucêmicas (mais de 50 cromossomos)
também é sinal de prognóstico mais favorável.37,38
Por outro lado, a resposta à terapia de indução é o
fator prognóstico mais importante. Muitos estudos
mostram que a ausência de células neoplásicas,
detectáveis por quaisquer métodos, na medula
óssea ou corrente sangüínea, após a fase de indução é indicativo de bom prognóstico e também
classifica o paciente como de baixo risco.52 Ao
contrário, a contagem de leucócitos elevada (acima de 50.000/mm³), idade abaixo dos 12 meses
ou acima dos 10 anos, LLA, grandes massas ganglionares e hepatoesplenomegalia, doença extramedular, principalmente no SNC ou testículos, ao
diagnóstico, presença de blastos na medula óssea
após 14 dias de indução, são indicativos de pior
prognóstico.37,39,52,62 Estado nutricional deficiente
diagnosticadas com LLA possuem a sobrevida
porém algumas fases são comuns a todos.48,52
A primeira fase, a indução da remissão, visa
diminuir a população leucêmica, possibilitando
assim o funcionamento normal da medula e a
melhora do quadro, quando aplicado o conceito
de terapia total, que consiste no uso combinado
de drogas com diferentes mecanismos de ação,
administradas nos períodos de indução, consolidação e manutenção pelo período de 2 a 3
anos. Pode ser também aplicada a profilaxia do
SNC, que se caracteriza pela administração intra-tecal de quimioterapia e radiação da medula
e do crânio.52 Durante a indução são usadas, pelo
menos, três tipos de drogas. As etapas seguintes
consistem na administração de quimioterapia
para eliminação definitiva do clone leucêmico
e variam conforme o tipo de leucemia. Na LLA
correspondem à consolidação, reindução, profilaxia do SNC e manutenção.28,36,39,48,62 Já na
LMA, após a indução, tem-se a chamada fase
livre de doença prolongada (mais de 5 anos) e,
de pós-remissão.38,52
e condição sócio-econômico-cultural precária são
também fatores desfavoráveis.48 Da mesma maneira, alterações genéticas como t(1,19), 11q23, t
99,22) (cromossomo Philadelphia) e hipoploidias
estão relacionadas com o mau prognóstico.37,52,62
Na LMA, a caracterização de grupos de
risco não está bem definida. Sabe-se, contudo,
que leucemias secundárias, presença de síndrome de mielodisplasia prévia, presença de blastos
leucêmicos após 1 ou 2 cursos de quimioterapia
intensiva, podem ser considerados fatores de mau
prognóstico, independentemente do regime terapêutico empregado.37,51,52,62
O tratamento das leucemias agudas na infância evoluiu muito nos últimos anos, a partir
do conceito de tratamento poliquimioterápico,
melhorando significativamente o prognóstico da
doença.37 Atualmente, 70 a 80% das crianças recém
grande parte destes indivíduos será considerado
curado. Entretanto, nos casos de LMA, o progresso
é mais limitado.48
Com boa terapia de suporte, para prevenir
infecções oportunistas e controle hemoterápico,
a taxa de remissão esperada é de 96%.48 Res-
Em qualquer tipo de leucemia aguda o tra-
posta negativa após esta primeira fase é sinal
tamento é baseado em duas importantes etapas:
de grande risco de falha terapêutica. A etapa
38
a de suporte e o tratamento específico. Antes
de consolidação consiste na administração de,
de iniciar a quimioterapia, algumas medidas de
logo após a indução, quimioterapia intensiva
suporte são essenciais. Visam diminuir os riscos
com agentes diferentes dos utilizados anterior-
de complicações relacionados a alterações da
mente, com a finalidade de reduzir o surgimento
hemostasia, desequilíbrio metabólico (principal-
de resistência cruzada. 28,37,48,62 Nas primeiras
mente causado pela síndrome da lise tumoral),
semanas após ser obtida a remissão, dá-se iní-
hiperleucocitose e infecções.51,52 O tratamento
cio a reindução. Esta consiste na repetição dos
tem como objetivo induzir a remissão clínica e
medicamentos usados na fase de indução e tem
hematológica da doença, manter esta remissão
importância no prognóstico, mesmo nos casos
através de quimioterapia e tratar das compli-
de baixo risco.28,52 Como as drogas usadas de
cações produzidas pela terapia e pela doença
forma sistêmica não atingiam níveis adequados
37
em si. As formas de tratamento das leucemias
no líquor, o SNC funcionava como reservatório
variam grandemente dependendo do subtipo,
de células neoplásicas.36,37 O programa profiláArquivo Brasileiro de Odontologia
137
tico do SNC visa destruir as células que possam
não tem demonstrado o mesmo resultado positivo
ter se infiltrado, evitando assim recidivas no
no índice de sobrevida, como ocorre na LLA.
local.52,64 A prevenção da neuroleucemia é feita
Porém este se faz necessário, uma vez que, em
durante todo o tratamento e consiste na aplicação
20% dos casos, os pacientes apresentam recidiva
intratecal, principalmente, de drogas específicas
no SNC, quando do uso exclusivo de quimiotera-
39,48
Atualmente, a
pia. A quimioterapia intratecal vem sendo a mais
radioterapia tem sido indicada apenas para pa-
utilizada, enquanto que a radioterapia é reservada
cientes com alto risco de desenvolver recidiva no
apenas para uso terapêutico, nos casos de neuro-
SNC, uma vez que a radiação pode resultar em
leucemia.51,52
e/ou de irradiação craniana.
complicações neurológicas irreversíveis, além
Aproximadamente 20 a 30% dos pacientes
de levar ao aumento na incidência de neoplasias
com LLA têm recidiva da doença. O tratamento
secundárias.
38,52
Entre os indivíduos considerados
nestes casos é bastante complexo e individua-
de alto risco estão os com infiltração do SNC,
lizado e geralmente consiste em quimioterapia
elevada contagem de leucócitos e com a presença
intensiva de longa duração.52 Na LMA, a recidiva
do cromossomo Ph.39,48,52 A fase de manutenção
é a principal responsável pela morte dos pacien-
da quimioterapia é feita com drogas ainda não
tes.51 A resistência às drogas ou a recaída da LMA
utilizadas e que serão administradas de modo
ocorre com cerca de 50% dos casos. Estes achados
contínuo, mantendo sempre o paciente sob
conferem um mau prognóstico e poucos doentes
constante controle hematológico, com o objetivo
atingem uma segunda remissão de longa duração.52
de impedir a reprodução de células leucêmicas
Nestes casos, o transplante de medula óssea tem
porventura ainda existentes.38,64 A duração do
sido o tratamento mais indicado.51,65 A quimiote-
tratamento de manutenção ainda não está bem
rapia tradicional causa severa mielossupressão,
definida, mas a maioria dos centros continua o
porque as células normais também são destruídas
tratamento pelo período de 2,5 a 3 anos.
37,52
O
pela medicação. Com o uso racional dos agentes
paciente é considerado curado se, após 5 anos,
quimioterápicos, as células malignas são preferen-
permanecer em remissão completa.
39
cialmente atacadas, mas todas as células normais
O sucesso obtido com o tratamento da LMA
em divisão (por exemplo, células hematopoiéticas,
tem progredido lentamente se comparado a LLA.
dos folículos pilosos, da mucosa, etc) também são
Crianças com diagnóstico de LMA possuem o
afetadas, resultando nos vários efeitos colaterais
pior índice de sobrevivência após 5 anos, do que
do tratamento.50
qualquer outro tipo de câncer infantil.52 Na LMA, o
Uma das mais recentes terapias para trata-
tratamento deve ser muito intenso e o prognóstico
mento das leucemias agudas utiliza anticorpos
ainda é reservado.37
monoclonais, direcionados apenas contra antíge-
O tratamento da LMA é dividido em duas
nos de células cancerosas. Desta forma, pode-se
fases, a indução e o tratamento pós-indução.
eliminar apenas os blastos leucêmicos, reduzindo,
Durante a indução busca-se a remissão completa
conseqüentemente, os efeitos colaterais da quimio-
da leucemia, através da severa imunossupres-
terapia. Atualmente vários anticorpos vêm sendo
são.37,38,42,48,50,51,58 O tratamento preventivo do SNC
avaliados em estudos clínicos.50,51
Arquivo Brasileiro de Odontologia
138
As complicações agudas da quimioterapia
intestinal. Entre as complicações neurológicas
podem ser limitantes para a continuação do trata-
mais observadas estão: neurite periférica (dimi-
mento. Entre as mais freqüentes estão as complica-
nuição do reflexo e dor na articulação mandibu-
ções hematológicas, infecciosas, gastrointestinais,
lar), trombose cerebral aguda e/ou hemorragia
metabólicas, neurológicas, pulmonares. Entretan-
(pela redução de anticoagulantes circulantes),
to, complicações cardíacas, reações de hipersensi-
convulsões, ataxia cerebelar aguda e disfunção
bilidade, hiperglicemia, hiperpigmentação, cistite
cerebelar. Entre as alterações pulmonares têm
hemorrágica (manifestada por hematúria) também
sido descritos três quadros de toxicidade aguda:
podem ocorrer. As complicações hematológicas
pneumonite ou fibrose, hipersensibilidade e
são mais comuns e incluem a granulocitopenia,
edema pulmonar.5
geralmente o primeiro sinal de depressão medular,
Anormalidades metabólicas ocorrem com
seguido de trombocitopenia e anemia. O grau de
freqüência e são conseqüentes principalmente
mielossupressão é dependente da intensidade das
drogas quimioterápicas e da quantidade de reserva
medular do paciente.5
da destruição maciça das células neoplásicas e
da liberação de metabólitos extracelulares, que
excedem a capacidade de secreção dos rins (sín-
No momento do diagnóstico ou durante o
drome da lise tumoral).63 Esta síndrome é mais
tratamento, a febre é sintoma relativamente comum
prevalente nas leucemias linfocíticas, principal-
e pode estar associada a infecções. Estes pacientes
mente nos casos de hiperleucocitose. Raramente
podem evoluir para sepsia de difícil controle.
51
ocorre em LMA.23
A granulocitopenia (contagem periférica de neutrófilos <500/mm³ ou entre 500 e 1000/mm³ com
tendência a queda) e as alterações nos linfócitos
Discussão
(resposta celular e humoral, respectivamente) pre-
Assim, iniciar a abordagem odontológica,
dispõem ao surgimento de infecções e à possível
antes do tratamento antileucêmico, seria essencial
evolução de quadro de choque séptico.30 As altera-
para reduzir a morbidade e melhorar a saúde geral
ções quantitativas e qualitativas dos granulócitos,
e a qualidade de vida dos pacientes, durante toda a
durante a quimioterapia, reduzem as respostas in-
terapia. Idealmente, todo paciente com câncer de-
flamatórias e, por este motivo, os sinais e sintomas
veria ser submetido à avaliação dentária rigorosa,
clássicos da inflamação podem estar mascarados
logo após o diagnóstico da doença.6,36,46,53,56,59
e retardados, dificultando o diagnóstico precoce
Um protocolo de cuidados odontológicos,
da infecção. Muitas vezes, a febre aparece como
quando aplicado sistematicamente, antes e duran-
o único sinal.40
te o tratamento do câncer, pode estar associado
As infecções bacterianas são as mais preva-
com a redução das complicações bucais, a melho-
lentes, porém deve-se considerar a possibilidade
ria da saúde bucal e a diminuição na incidência
de infecção fúngica ou viral. Os problemas gas-
de candidíase, mucosite, infecções e sangramento
trointestinais incluem náuseas, vômitos, diarréia,
gengival. Desta forma, a inclusão do cirurgião-
obstipação, mucosite, esofagite, pancreatite,
dentista na equipe multidisciplinar de oncologia
doença hepática e, mais raramente, obstrução
possibilita a melhora na qualidade de vida dos
Arquivo Brasileiro de Odontologia
139
pacientes, reduzindo as complicações que podem
a executar o tratamento odontológico da criança
levar a graves repercussões sistêmicas.34
por causa do diagnóstico.7
Foi publicado um estudo, quando foram
Portanto, não basta a conscientização das
entrevistados e examinados 33 pacientes com
equipes médicas sobre a relevância dos cuidados
diagnóstico de leucemia aguda, que estavam em
odontológicos para a melhor qualidade de vida
tratamento ou acompanhamento de manutenção.
dos pacientes com câncer. É preciso que os cirur-
Constatou-se que nenhum dos pacientes havia re-
giões-dentistas também se preparem para o correto
latado a presença do cirurgião-dentista na equipe
atendimento deste paciente. Preferencialmente,
multidisciplinar oncológica, na ocasião da entre-
devem receber formação adequada, para que pos-
vista. Além disto, apenas 30,3% dos pacientes
sam integrar a equipe multidisciplinar responsável
confirmaram ter recebido algum tipo de orientação
pelo tratamento do paciente com qualquer tipo de
quanto à saúde bucal. Mas em nenhum destes ca-
doença.
sos, foi utilizado um protocolo para o tratamento
Conclusões
odontológico.53
Por outro lado, foram entrevistados os
pais de 70 crianças com diagnóstico de LLA.
Constatou-se que a maioria dos pais prefere que
seus filhos recebam o atendimento odontológico
de rotina ou de emergência na instituição onde
está sendo realizado o tratamento médico. As
principais razões apontadas para a escolha foram
a comodidade e a confiança depositada na equipe responsável pelo tratamento. Foi detectado
ainda que menos da metade das crianças que
São muitos os avanços obtidos no tratamento
do câncer. Doença que há alguns anos era considerada fatal, hoje apresenta taxa de cura bastante
expressiva. Esta constatação se aplica muito bem
ao caso das leucemias agudas na infância. No entanto, apesar de todas as conquistas, permanecem
muitos tabus. Para grande parte da população,
receber o diagnóstico de câncer é o mesmo que
estar condenado à morte.
rotineiramente visitavam o cirurgião-dentista não
Infelizmente, a maioria dos cirurgiões-den-
retornaram ao consultório odontológico, após
tistas possui pouco conhecimento científico para
receberem o diagnóstico de LLA. Alguns pais
realizar o atendimento do paciente com câncer.
disseram que não levaram seus filhos simples-
Isto mostra que, ainda hoje, a deficiência em sua
mente por falta de tempo, devido à doença ou por
formação. Esta situação também é reflexo da não
acreditarem que eles não apresentavam qualquer
inclusão do profissional da odontologia na equipe
tipo de problema dentário. Entretanto, outros pais
oncológica multidisciplinar.
se mostraram relutantes em levar suas crianças
Entretanto, para o atendimento do paciente
ao cirurgião-dentista de costume, temendo (com
com leucemia ou outro tipo de câncer, é necessário
ou sem razão) que este não tivesse conhecimento
mais do que o conhecimento técnico e científico.
suficiente sobre leucemia e, por isto, não fosse
O cirurgião-dentista, além de estar muito bem
capaz de executar o tratamento com segurança.
preparado para lidar com as complicações físicas,
Por fim, pequeno número de pais relatou que pro-
também tem de estar preparado para lidar emocio-
curaram o cirurgião-dentista, mas este se recusou
nalmente com o paciente e seus familiares. A abor-
Arquivo Brasileiro de Odontologia
140
dagem da criança deve ser cuidadosa. Apesar da
gravidade da doença, sempre que possível, ele deve
dialogar durante a anamnese, para poder entender
e, até mesmo, aprender a lidar com a nova realidade. A aceitação do tratamento é imprescindível
para que se obtenha resultado positivo, durante o
período de tratamento. O equilíbrio emocional da
família e do paciente e a relação de confiança que
constroem com o profissional só proporcionarão
benefícios para as crianças acometidas.
Abstract
Leukemias that are characterized by abnormal cell proliferation derived from bone marrow
are the most common neoplasia in infancy. They
were the most frequent cause of deaths among
children affected by cancer. However, with the
development of new techniques of treatment, the
number of fatal victims has diminished significantly. In spite of this, it has been observed gradual
increase in the incidence of the acute lymphoblastic leukemia. Unfortunatelly, the majority of
the dentists possesss little scientific knowledge to
carry through the attendance of the patient with
this and other types of cancer, being demonstrated
clear deficiency in its formation. The situation
also is reflected of the inclusion of the professional in the oncologyc multidisciplinar team.
Thus, the aim of this study is to provide general
information to the dentist leading with treatment
of children with acute leukemia diagnosis in safe
and efficient way, providing sactisfactory levels
of buccal health, during all the period of cancer
therapy.
Descriptors
neoplasia, acute leukemia, cancer in children
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Recebido em: 20/08/2007
Aceito em: 06/11/2007
Correspondência:
Prof. Luis Cândido Pinto da Silva
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Av. D. José Gaspar, 500 – Prédio 46
30535-910 – Belo Horizonte – MG - Brasil
E-mail: [email protected]
Arquivo Brasileiro de Odontologia
145
Arq bras odontol 2007; 3(2):146-151
ISSN 1808-2998
MANEJO DE PACIENTE COM CÁRIE DE DENTINA. RELATO DE CASO
HANDLING PATIENT WITH DENTAL CARIES IN DENTIN. CASE REPORT
Bruno César Ladeira Vidigal1 , Luciana Guimarães Almeida1 , Mônica Oliveira Santiago2
Resumo - No Brasil, desde a década de 1970, a filosofia de promoção de saúde bucal propõe nova forma
de atuar em Odontologia e apresenta um novo olhar sobre do tratamento da cárie dentária, buscando formas
mais conservadoras e com desconforto mínimo para o paciente. Na clínica, ao serem atendidos pacientes com
extensas lesões de cárie, dúvidas são levantadas em relação ao diagnóstico preciso e de quando e como intervir.
A compreensão da cárie dentária como resultado do processo que gradualmente dissolve a superfície do esmalte e
avança para seu interior, possibilita o correto manejo de lesões extensas, buscando intervenções menos traumáticas,
com tratamentos mais conservadores e com mínimo desconforto para o paciente. Além disto, a cárie de dentina
pode ser caracterizada como aguda ou crônica e, para diferenciá-la é necessário o diagnóstico preciso, seguido de
tratamento adequado. Neste artigo é relatado o caso de uma paciente, com 16 anos de idade, com extensas lesões
de cárie. O tratamento foi realizado da forma mais conservadora possível. Inicialmente foi realizada a técnica de
restauração atraumática com ionômero de vidro, com posterior restauração definitiva dos dentes.
Descritores - diagnóstico bucal, cárie dentária, clínicas odontológicas
acesso aos serviços odontológicos, promovendo
INTRODUÇÃO
o acúmulo das demandas. Em relação à saúde bu-
Nos últimos anos, tem havido a redução ex-
cal no Brasil, são encontradas discrepâncias entre
pressiva dos problemas cárie e doença periodontal
regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas, e entre
na maioria dos países industrializados e mesmo
estratos sociais muito diferenciados. Fenômenos
em alguns países em processo de desenvolvimen-
de “polarização” podem ser observados, tanto em
to. O marcante declínio tem sido confirmado por
termos de acesso, como em termos de necessidade
numerosos estudos epidemiológicos e é atribuído,
de tratamento4 e em alguns estudos epidemioló-
principalmente, ao amplo uso de fluoretos nas
gicos.5 Grandes diversidades regionais podem ser
pastas dentifrícias. Outros fatores intervenientes
também identificadas.6 Da mesma forma, entre
são relacionados às mudanças nos critérios de
diferentes regiões de uma mesma cidade podem
diagnóstico, no padrão de consumo de açúcar,
ser encontradas discrepâncias significativas.
amplo uso de antibióticos, melhoria na higiene
Desde a década de 1970, a filosofia de promo-
bucal, controle periódico profissional de biofilme
ção de saúde bucal propõe nova forma de atuar em
1,2,3
Entre-
Odontologia, apresentando um novo olhar sobre o
tanto, ainda existem parcelas da população sem
tratamento da cárie dentária, buscando formas mais
dentário e uma variação cíclica natural.
1
2
Graduando de Odontologia da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Professora Assistente (Clínicas Integradas) da FO PUC Minas
Arquivo Brasileiro de Odontologia
146
conservadora e com desconforto mínimo para o pa-
infectada) e selamento da cavidade com material
ciente. Na clínica, ao serem examinados pacientes
adesivo, possibilitando a remineralização da cama-
com extensas lesões de cárie, algumas questões
da mais interna (dentina afetada). È preconizado
devem ser levantadas em relação ao diagnóstico
ainda que, em abordagem com a técnica TRA
preciso e de quando e como intervir.
(tratamento restaurador atraumático), todas as
No diagnóstico e tratamento do problema cá-
fissuras e áreas adjacentes sejam seladas, durante
rie dentária, várias reflexões e mudanças de atitude
a mesma sessão.9
devem ocorrer. Para o correto manejo de lesões
Neste artigo é relatado o caso de uma paciente
de 16 anos de idade, com extensas lesões de cárie.
O tratamento foi realizado da forma mais conservadora possível, por meio de remoção profissional
de biofilme dentário, informações, orientações e
motivação para higiene bucal, além da remoção
mecânica de parte do tecido cariado. Inicialmente
foi realizada a técnica de restauração atraumática
com ionômero de vidro, com posterior restauração
definitiva dos dentes.
cariosas extensas, é fundamental o diagnóstico
preciso, bem como o conhecimento do processo
de progressão da doença. Isto significa que há
necessidade de se registrar não apenas o número
de cavidades, mas principalmente sua localização
e aspecto.7,8 Do ponto de vista biológico, qualquer
sinal ou lesão de cárie, independentemente da
severidade com que se apresenta, é o resultado
final da atividade metabólica presente ou passada
no biofilme e sua relação com o esmalte dental.2
Fatores e condições que influenciam a atividade
da doença cárie determinam significativamente a
CASO CLÍNICO
do a cárie de dentina, que pode ser caracterizada
Paciente M.A.F., 16 anos de idade, gênero
feminino, feoderma, compareceu à Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da PUC Minas,
queixando-se de dor nos dentes. A paciente era
proveniente de Nova Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com população de baixo poder aquisitivo e com demanda por tratamento
acumulada. Até o ano de 2006, não haviam locais
que atendessem a população gratuitamente. Só a
partir de agosto daquele ano é que foi inaugurada a
1ª Clínica Odontológica, através da parceria entre
a Universidade, a Casa de Apoio à Criança Carente
como aguda ou crônica. Para estabelecer essa
e a Prefeitura Municipal de Contagem.
definição da conduta de controle ou, até mesmo,
procedimentos restauradores.
A cárie dentária é o resultado de um processo
que gradualmente dissolve a superfície externa e
mais resistente do dente (esmalte) e avança para
seu interior, rumo à dentina. Quando o corpo da
lesão do esmalte atinge um volume de poros superior a 50%, a camada superficial geralmente se
desintegra. Então, a massa microbiana invade a
dentina periférica já desmineralizada, caracterizan-
diferenciação, é necessário o diagnóstico preciso,
2,8
para a intervenção adequada.
Durante o primeiro atendimento, procedeuse à anamnese, com o levantamento da história
É ideal a associação de procedimentos
médica pregressa do paciente. Ao exame clínico
curativos e preventivos. Dentro deste contexto
observou-se higiene bucal deficiente, além de
é destacado o conceito de intervenção mínima,
dentes com grandes cavidades, apresentando con-
com remoção da camada mais externa (dentina
sistência escurecida e amolecida que, aos testes de
Arquivo Brasileiro de Odontologia
147
vitalidade, responderam de forma positiva, com
declínio lento ao frio e negativo à percussão. Ao
exame radiográfico foram constatadas extensas
lesões cariosas, com envolvimento de aproximadamente ¾ de dentina nos elementos dentários
11, 12, 21, 22 e 37 (Figura 1 a,b,c). Ressalta-se
que nos dentes 21 e 37, a cárie estava muito próxima da polpa. Clinicamente não foi identificada
exposição pulpar e radiograficamente não foram
identificadas alterações na lâmina dura da região
apical destes dentes. O diagnóstico foi de cárie
profunda associada à pulpite reversível.
a
c
b
Figura 1 – a) Radiografia interproximal dos dentes posteriores, lado direito; b) Radiografia periapical anterior superior, técnica
do paralelismo, evidenciando extensas lesões de cárie nos elementos 11, 12, 21 e 22; c) Radiografia interproximal dos dentes
posteriores, lado esquerdo. Observar extensa lesão de cárie no elemento 37
A paciente foi tratada da forma mais conservadora possível, através de remoção profissional
de biofilme dentário, informações, orientações e
motivação para higiene bucal, além da remoção
mecânica de parte do tecido cariado. Foi realizado o tratamento restaurador atraumático (TRA)
modificado, utilizando-se o cimento de ionômero
de vidro, conforme preconizado por Bresciani9
e Zanata10, buscando paralisar a evolução do
processo carioso com a remoção parcial de dentina, bem como devolver estética satisfatória à
paciente. O acesso à lesão foi realizado por meio
de instrumento rotatório de alta velocidade, sendo o tecido amolecido removido parcialmente,
utilizando-se uma colher de dentina. Então, as
cavidades foram lavadas com água de hidróxido
de cálcio, recebendo uma camada de pasta de
hidróxido de cálcio. O cimento de ionômero de
vidro foi introduzido com instrumento adequado,
com o auxílio de matriz de poliéster. Depois, o
excesso de material da restauração foi removido
com lâmina de bisturi no 12.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
148
Como os elementos 36, 11, 12, 21 e 22 apresentavam-se com sintomatologia dolorosa, caracterizando uma pulpite reversível e cárie estava
muito extensa, foi colocado pó de hidróxido de
cálcio e cimento de ionômero de vidro para selar
a cavidade. Após 90 dias, a paciente foi reavaliada
por meio de exame clínico e novas radiografias
foram executadas (Figura 2 a,b). Foi evidenciada
a formação dentina reparativa, entre a antiga lesão
e a polpa dental.
b
a
Figura 2 a e b - Radiografias periapicais anterior
superior e posterior, técnica do paralelismo, realizadas após 90 dias, evidenciando a formação de
dentina reparativa, entre a lesão cariosa e a polpa,
e restauração provisória com ionômero de vidro.
Para concluir o tratamento, realizou-se a
remoção de todo o cimento de ionômero de vidro
dos dentes anteriores (Figuras 3 e 4), procedendo-se as restaurações estéticas definitivas, com
o emprego de resina composta fotopolimerizável
(Figuras 5 e 6).
Figura 6 - Detalhe do sorriso da paciente, mostrando as restaurações nos elementos dentários
12,11,21,22.
DISCUSSÃO
O declínio da cárie tem causado forte impacto na condução do tratamento clínico.1 Estudos
mostram que a velocidade de redução é maior nas
classes mais abastadas, tanto na presença quanto
na ausência de flúor na água.3
Figuras 3 e 4 – Procedimentos de remoção da
restauração provisória. Observar a presença de
dentina reacional (elementos 11 e 21). Apesar da
grande destruição coronária, não houve comunicação pulpar, possibilitando a retirada do tecido
cariado com segurança.
Figura 5 – Visão frontal intrabucal da paciente,
após confecção das restaurações em resina.
A paciente em questão apresentava grande
número de lesões de cárie, envolvendo a metade
interna da dentina. Ela era proveniente de uma
região com baixo poder aquisitivo e com carência
de serviços de Saúde Pública. Apresentava grande
necessidade de intervenções cirúrgico-restauradoras e a instituição de medidas preventivo-promocionais, a fim de controlar a doença cárie. Uma
lesão leva pelo menos 4 anos para progredir através
do esmalte de dentes permanentes e a progressão
é mais lenta em indivíduos mais velhos, especialmente em países industrializados.2,7
O tratamento adequado está diretamente
relacionado com o diagnóstico preciso. Há necessidade de se registrar não apenas o número de
cavidades, mas principalmente sua localização
e aspecto. Fatores e condições que influenciam
a atividade da doença cárie determinam significativamente a definição da conduta de controle
e, até mesmo, procedimentos restauradores.7 A
associação entre procedimentos curativos e preArquivo Brasileiro de Odontologia
149
ventivos é ideal, na condução do tratamento de
process that gradually dissolves the surface of the
paciente com grande número de lesões de cárie.9
tooth from the enamel through the interior of the
No caso da paciente em tela, foi realizada a asso-
tooth, makes possible a correct handling of extensi-
ciação de procedimentos preventivo-promocio-
ve injuries, searching interventions less traumatic,
nais, bem como adequação de meio e posterior
with more conservative treatment and minimum
restauração definitiva dos elementos dentários
discomfort for the patient. Moreover, the dentine
que receberam anteriormente TRA. O objetivo
caries can be characterized as acute or chronic and,
do tratamento restaurador atraumático é reduzir
to carry through this differentiation is necessary a
a quantidade de extrações dentárias, utilizando-
adequate diagnosis, followed by the treatment. In
se uma técnica de baixo custo. É preconizada
this article the case of 16 years-old patient, with
a utilização de cimento de ionômero de vidro,
extensive lesions of caries, is presented. The tre-
pelas suas características, especialmente em
atment was carried out from a conservative way.
adultos.10 Utilizou-se esta técnica para restabe-
Initially the technique of atraumatic restoration
lecer o contorno adequado dos dentes anteriores
treatment with glass ionomer was carried through
e proporcionar a estética razoável, bem como
and then definitive restoration was made.
aguardar a reação dentinária, formando a camada
hipermineralizada, que permite a remoção completa do tecido cariado em etapa posterior, sem
DESCRIPTORS
oral diagnosis, dental caries, dental clinics,
o risco da exposição pulpar.
caries diagnosis, treatment
CONCLUSÃO
O diagnóstico e planejamento adequados
REFERÊNCIAS
contribuem de forma significa para o sucesso do
1. Thylstrup A, Qvist V. Is Health Promotion the
manejo de pacientes com grande número de lesões
Main Issue of Preventive Dentistry? In: Gugge-
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Promoção de Saúde – Um Desafio para as Novas
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Disponível em: <http:// www.fob.usp.br/revista
or www.scielo.br/jaos>. Acesso em: 27 de junho
de 2007.
Recebido em: 19/08/2007
Aceito em: 21/10/2007
Correspondência:
Mônica de Oliveira Santiago
Faculdade de Odontologia da PUCMINAS
Avenida D. Jose Gaspar 500 – Prédio 45
30.535-901 - Belo Horizonte - MG
Telefones: (031) 3319-4169/ 3319-4376
E-mail: [email protected]
Arquivo Brasileiro de Odontologia
151
Arq bras odontol 2007; 3(2):152-163
ISSN 1808-2998
ANAIS DO 1o CONGRESSO INTERNACIONAL DE
ODONTOLOGIA ESTÉTICA
1o Encontro de Ex-Alunos da
Faculdade de Odontologia
Período de realização: 21 e 22 de setembro de 2007
AVALIAÇÃO ULTRA-ESTRUTURAL DA INTERFACE
ADESIVA APÓS DIFERENTES TÉCNICAS DE
CIMENTAÇÃO DE PINOS DE FIBRA DE VIDRO
Luciana Rigueira Abou-Id, Rodrigo de Castro Albuquerque,
Gerluza Aparecida Borges Silva
Departamento de Odontologia Restauradora – Faculdade de
Odontologia; Departamento de Ciências Morfológicas –
Instituto de Ciências Biológicas, UFMG.
Foi realizada a pesquisa com o objetivo de avaliar, in vitro, através
de microscopia eletrônica de varredura, a interface adesiva de pinos de fibras de vidro (Reforpost nº3, não serrilhados Ângelus®)
cimentados em 48 pré-molares humanos e unirradiculares. As
amostras foram divididas em 6 grupos: grupo IA - adesivo Lok
(SDI) e cimento resinoso Post-Cement Hi-X (Bisco) ambos de
cura química; grupo IB - adesivo Excite DSC (Ivoclar/Vivadent)
de cura dual e cimento Post-Cement Hi-X; grupo IC - adesivo
One Step (Bisco) fotoativável e cimento Post-Cement Hi-X; grupo IIA - adesivo Lok e cimento resinoso de cura dual Variolink
II (Ivoclar/Vivadent); grupo IIB - adesivo Excite DSC e cimento
Arquivo Brasileiro de Odontologia
152
Variolink II; grupo IIC - adesivo One Step e cimento Variolink II. A
associação Lok e Post Cement Hi-X obteve os melhores resultados
em relação à uniformidade da camada híbrida, interface adesiva
sem fendas e densidade de prolongamentos resinosos nos três
terços radiculares avaliados. A associação One Step e Variolink II
apresentou os piores resultados. O terço apical foi o substrato mais
crítico para todos os critérios e materiais avaliados. Concluiu-se
que a utilização de um sistema adesivo de cura química, associado
ao cimento resinoso também de cura química, demonstrou ser a
melhor alternativa para o protocolo de cimentação adesiva de
pinos de fibras de vidro.
Referências
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root canals. Am J Dent 2002;15(4):227-31.
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procedures for bonding fiber posts into a root canal: a microscopic
investigation. J Endod 2002;28(5):355-60.
Apoio financeiro: CAPES
TRATAMENTO ESTÉTICO MULTIDICIPLINAR:
PERIODONTIA E DENTÍSTICA
Cleverton Corrêa Rabelo, Rodrigo Bicalho Queiroga
O equilíbrio estético do sorriso depende de vários fatores, dentre
eles, os aspectos periodontais e da harmonia proporcionada pela
arquitetura dentária são de fundamental importância. A presença
do “sorriso gengival” e a desarmonia nas formas dos dentes pode
contribuir para a aparência insatisfatória do sorriso. Este caso
clínico descreve uma paciente de 16 anos de idade, cuja queixa
principal era a presença de dentes pequenos. Após realizar os
exames clínicos e periodontais detalhados, fotografias do sorriso,
modelo de estudo foi definido um diagnóstico, estabelecendo um
plano de tratamento em 3 etapas. A primeira etapa era corrigir a
desproporção dos dentes em largura e altura, eliminando a presença
do sorriso gengival. Para corrigir esta desproporção e o desnível
entre o lábio superior e margem gengival foi feito um planejamento
em modelo de estudo da altura ideal dos dentes selecionados, assim
foi possível a realização de um procedimento cirúrgico de retalho
de espessura total reposto com osteotomia. Em uma segunda etapa, respeitado o tempo necessário para a cicatrização tecidual, foi
realizado um clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10
% por 20 dias. Após 7 dias, para a estabilização da cor, iniciou-se a
terceira etapa onde foi planejado uma remodelação dos dentes com
resina composta, seguindo o que foi determinado no encerramento
diagnóstico, sendo a referência estética do sorriso, melhorando a
arquitetura dentária. Os fundamentos estéticos de cor em resina
para dentes anteriores foram usados. O tratamento foi concluído,
atingindo as necessidades relatadas pelo paciente e até superando
suas expectativas.
Referências
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MALOCLUSÃO DE CLASSE II, DIVISÃO I,
POR RETRUSÃO MANDIBULAR
e os incisivos superiores estão protruídos e vestibularizados com
conseqüente aumento da sobressaliência. A má-oclusão de classe II
esquelética ocorre por protrusão maxilar, retrusão mandibular, ou
ambas. Sua etiologia está associada principalmente ao fator genético
de desenvolvimento dos ossos cranianos e da face. O diagnóstico
é feito por meio de exame clínico em conjunto com as análises
de modelos e cefalométrica. Diante do exposto, o propósito do
trabalho foi relatar o caso clínico de uma paciente, de 12 anos e 11
meses de idade, tratada na Clínica de Ortodontia, que possuía maloclusão de Classe II, divisão 1, por retrusão mandibular, associada
à atresia maxilar, perfil convexo e ausência de selamento labial.
Ela foi tratada em duas fases. Na primeira utilizou-se o ativador
do tipo Herbst associado a um Hyrax, para avançar a mandíbula
e corrigir a mordida cruzada posterior proveniente deste avanço.
Em seguida, utilizou-se o AEB cervical associado ao Lip Bumper
e elástico de Classe III, para conseguir espaço no arco inferior,
dissolver apinhamentos e evitar a projeção dos incisivos inferiores.
Na segunda fase, trabalhou-se com aparelho fixo superior e inferior.
Ao final do tratamento, a paciente tinha 17 anos e 2 meses de idade
e foi obtida excelente oclusão, apresentando a relação de Classe I,
arcos parabólicos, selamento labial passivo e melhora significativa
no perfil. Concluí-se que o tratamento proposto foi efetivo para
corrigir a maloclusão de classe II, divisão 1, apresentada inicialmente pela paciente.
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classe II esquelética com controle dentário em massa. Rev Clin
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Klinger de Castro Marinho, Ênio Tonani Mazzieiro; Tarcísio
Junqueira Pereira
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
RESISTÊNCIA MECÂNICA DE RETENTORES INTRARADICULARES DE FIBRA DE VIDRO SUBMETIDOS A
DIVERSOS TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE
A maloclusão de classe II, divisão 1 de Angle é definida como a
alteração ântero-posterior da maxila em relação à mandíbula, decorrente de desarmonias das bases ósseas ou desvios morfológicos
dentários, no qual os primeiros molares permanentes inferiores
se apresentam em relação distal aos correspondentes superiores,
Leandro Silveira Carneiro, ; Henrique Leôncio Morais Assis,
Cristiana Monteiro de Castro Silva Costa; José Flávio Batista
Gabrich Giovanini; Mauro Henrique Nogueira Guimarães Abreu
O objetivo foi verificar a influência dos tratamentos de superfície
Arquivo Brasileiro de Odontologia
153
em retentores intra-radiculares de fibra de vidro em sua resistência
mecânica. Utilizou-se 50 pinos de fibra de vidro REFORPOST®
(Angelus Prod. Odont.) divididos em 5 grupos conforme o tratamento de superfície: grupo controle (GC): nenhum tratamento;
G1: condicionamento com ácido hidrofluorídrico a 10% (HF), por
1min; G2: HF por 3min; G3: microjateamento (Al2O3 – 50μm)
por 5seg; G4: (Al2O3 – 50μm), por 10seg. Após serem lavados
com jato de ar/água e imersos em água em cuba ultra-sônica, os
pinos foram armazenados em frascos livres de umidade à temperatura ambiente. Então, foram fixados em cilindro metálico,
deixando 5,0mm de superfície livre. Este conjunto foi acoplado a
dispositivo idealizado para deixar esses pinos com uma inclinação
de 45º em relação à base do mesmo. O dispositivo foi posicionado
em máquina de ensaios Universal Instron®, aplicando-se carga
de flexão, a uma velocidade de 0,5mm/min. A análise estatística
envolveu o teste de Kolmogorov-Smirnof, sendo a distribuição
da variável tensão normal (p=0,935) e Análise de Variância,
com teste Tukey, para comparação desta variável nos 5 grupos
(p<0,05). Não houve diferença estatisticamente significativa entre
os valores de tensão (p=0,308). Os valores médios de tensão de
flexão e de desvio-padrão para cada um dos grupos foram: GC:
29,74 ± 3,4MPa, G1: 32,41 ± 2,25MPa, G2: 30,68 ± 3,02MPa,
G3: 30,93 ± 1,73MPa, G4: 30,87± 2,86MPa. Concluiu-se que
a resistência mecânica à flexão não foi alterada em função dos
tratamentos de superfície.
ANÁLISE DAS TENSÕES DE DESOCLUSÃO NA
PRÓTESE IMPLANTOSSUPORTADA
“PROTOCOLO BRÅNEMARK”
Gustavo Diniz Greco, Wellington Correa Jansen, Janis Landre
Jr,, Paulo Isaías Seraidarian
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
O sucesso de uma reabilitação oral, utilizando-se o “protocolo de
Brånemark”, é amplamente determinado pela transmissão das cargas funcionais da desoclusão. Este trabalho analisou, pelo método
dos elementos finitos tridimensionais (3D), as tensões geradas por
diferentes padrões de desoclusão em uma prótese total inferior,
implantossuportada. Foram desenvolvidos modelos 3D, compostos
por 5 implantes como pilares, com 13mm de altura por 3.75mm de
diâmetro, localizados na região intra-forame mentual, componentes protéticos de 3 mm de altura, unidos por uma infra-estrutura
metálica em níquel-cromo, com 12mm de cantilever bilateral,
recoberto por resina acrílica e 12 dentes artificiais. O programa
SolidWorks® foi utilizado no pré e pós processamento dos dados.
As propriedades mecânicas foram inseridas no modelo e estabeleceu-se um carregamento de 15 N nos pontos pré-determinados.
Os resultados obtidos demonstraram que o padrão de desoclusão
em guia canino (GC) gera tensão maior na região do primeiro implante e na oclusão balanceada bilateral (OBB), as tensões foram
maiores em toda a infra-estrutura. A tensão máxima encontrada
na simulação da OBB foi 3.22 vezes maior que a encontrada na
GC. Concluiu-se que o padrão de desoclusão em GC é ideal para
esse tipo de prótese.
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Arquivo Brasileiro de Odontologia
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A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO
MULTIDISCIPLINAR EM PACIENTES FISSURADOS
Ana Paula Carvalho Gomes Ferreira, Ludimila Kasbergen Silva,
Hélio Henrique de Araújo Brito, Bruna Coser Guignone
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
A fenda labial, com ou sem envolvimento do palato, é a segunda
deformidade congênita mais comum envolvendo a face e os maxilares. Na tentativa de se obter resultados funcionais e estéticos
favoráveis, o planejamento e a seqüência do tratamento ortodôntico,
cirúrgico e restaurador em pacientes fissurados requer uma abordagem multidisciplinar envolvendo especialidades como a cirurgia
plástica, a cirurgia buco-maxilo-facial, a ortodontia e a dentística.
Após a reparação cirúrgica do tecido mole na fissura labial e na
fenda palatina, deve-se realizar, mais tarde, a reparação dos defeitos
ósseos no processo alveolar e no palato duro. A realização de enxerto ósseo é indicada e a presença de osso enxertado fornece uma
boa matriz para a movimentação dentária e consequentemente para
o tratamento ortodôntico. Procedimentos ortodônticos pré-enxerto,
como expansão da maxila, alinhamento e nivelamento, se fazem
necessários em quase a totalidade dos casos. Além da cirurgia e da
ortodontia, a participação da dentística também é de fundamental
importância no tratamento desses pacientes, já que essa especialidade é responsável pela reconstrução estética final dos dentes, como
nos casos da transformação de caninos em incisivos laterais devido
à alta freqüência de agenesias desses últimos dentes na área da fissura. O objetivo desse trabalho é mostrar, através da apresentação
de um caso clínico de um paciente fissurado tratado na Clínica de
Ortodontia da PUC Minas, o tratamento multidisciplinar no qual
foi realizado um enxerto ósseo alveolar, o tratamento ortodôntico
e, por fim, o tratamento restaurador estético permitindo assim a
correção ortodôntica e a melhora estética do paciente através da
interação entre várias especialidades da Odontologia.
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ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DUAS TÉCNICAS
CIRÚRGICAS PARA RECOBRIMENTO RADICULAR
COM A MATRIZ DÉRMICA ACELULAR
Patrícia Freitas Andrade, Maria Emília Cansanção Felipe,
Márcio Fernando de Moraes Grisi, Sérgio Luís Scombatti Souza,
Daniela Bazan Palioto, Arthur Belém Novais Jr
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP
O objetivo deste estudo clínico, controlado e randomizado foi
comparar duas técnicas cirúrgicas para o tratamento de recessões
gengivais com a matriz dérmica acelular (MDA), avaliando-se o
grau de recobrimento radicular, resultado estético e desconforto
pós-operatório. Foram selecionados 15 pacientes, apresentando
recessões gengivais bilaterais classe I de Miller, as quais foram
aleatoriamente designadas ao grupo controle (GC) ou grupo teste
(GT). O GC foi tratado com um retalho amplo e incisões verticais
relaxantes e o GT com a técnica cirúrgica proposta, na qual incisões
relaxantes não foram realizadas. Os parâmetros clínicos avaliados
foram: profundidade de sondagem (PS), nível clínico de inserção
relativo (NCIR), recessão gengival (RG), altura e espessura de mucosa ceratinizada (AMC e EMC, respectivamente), resultado estético
e desconforto pós-operatório. As medidas clínicas foram realizadas
previamente às cirurgias e após 12 meses. O teste t pareado de Student foi utilizado para a análise estatística. Não houve diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos para os parâmetros
clínicos no baseline (p>0,05). Após 12 meses, houve uma diferença
estatisticamente significante entre os grupos somente para a AMC,
qual favoreceu o GC. A porcentagem de recobrimento radicular
foi de 74,32% para o GT e 83,28% para o GC (p>0,05). Ambas as
técnicas proporcionaram um recobrimento radicular significante,
bom resultado estético e mínimo desconforto pós-operatório.
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Apoio financeiro FAPESP (05/50974-5)
REABILITAÇÃO DE MAXILA ATRÓFICA SEM
ENXERTO ÓSSEO UTILIZANDO IMPLANTES
ZIGOMÁTICOS
Irfêo Saraiva Camargo, Marcos Kuabara, Renato Gomes,
Lea Souza, Edílson Ferreira
A reabilitação protética em maxilas atróficas foi um desafio na
Odontologia. A utilização de implantes osseointegrados possibilitou
o tratamento destes casso e consequentemente os resultados tornaram-se mais satisfatórios, dando ao paciente conforto, eficiência e
qualidade de vida. Varias técnicas foram idealizadas e desenvolvidas
para restabelecer a estrutura óssea perdida e reduzir a extensão
cirúrgica e o tempo de tratamento. A técnica de fixação zigomática,
desenvolvida por Branemark possibilitou o tratamento de maxilas
atróficas sem a necessidade de enxerto ósseo. A cirurgia tornouse menos invasiva, com menor custo e com tempo de tratamento
reduzido, podendo ser feita inclusive a técnica de carga imediata.
Este trabalho clínico descreve a reabilitação protética, utilizandose implantes zigomáticos e convencionais na região anterior, com
carga imediata simultânea na maxila e na mandíbula. A paciente
do sexo feminino, 64 anos, apresentava raízes residuais cariadas
com indicação para exodontia na maxila. Após exames clínico e
radiográfico detalhado e sugestões de planejamento, a paciente
decidiu pela fixação zigomática e implantes convencionais para
ao tratamento. A cirurgia foi realizada em ambiente hospitalar
com analgesia geral. Foram instalados 02 implantes zigomáticos
e 5 implantes convencionais, sendo que em 2 implante não conseguimos obter a estabilidade desejada. Os abutments minipilares
foram selecionados e em seguida foi realizada a síntese e depois
a confecção de index e moldagem com guia multifuncional,
concomitantemente a cirurgia da maxila realizamos a cirurgia da
mandíbula utilizando também a carga imediata. A prova da estrutura
metálica e o registro oclusal foram realizados no dia seguinte e a
entrega e ajuste no final, das peças protocolo superior e inferir, no
2º dia de tratamento.
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USC , Bauru.
Nkenke E et al. Anatomic site evaluation of the zygomatic bone for
dental Implant placement. Clin. Oral Impl Res 2003;14:72-9.
Rigollizzo M. Osso zigomático: Bases anatômicas para ancoragem
de implantes osseointegrados. 2002. 160 p. Dissertação de Mestrado. USC, Bauru.
INFLUÊNCIA DA ALTERAÇÃO NOS TEMPOS DE CONDICIONAMENTO DE TRÊS SISTEMAS CERÂMICOS:
UMA ANÁLISE VISUAL
Nancy Kudsi Carvalho, Antônio Fernando Monnerat, Luiz Felipe
Gomes Santos, Renata Santos Vianna
Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro
O estudo aborda o tratamento interno de estruturas cerâmicas de
três sistemas: IPS Empress 2, IPS Empress Esthetic e cerâmica
Felspática (Noritake); e demonstra visualmente o aspecto das mesmas quando submetidas a condicionamento com ácido fluorídrico
com adequado tempo de exposição, superexposição e subexposição. Objetivo: Propiciar ao clínico a visualização das condições
da estrutura cerâmica quando o protocolo de condicionamento
ácido ideal é realizado, e quando o mesmo não é obedecido,
fornecendo parâmetros para identificação dessas alterações e da
condição ideal. Métodos: Os três sistemas foram subdivididos
Arquivo Brasileiro de Odontologia
155
em três grupos, contendo cada qual, 3 peças cerâmicas (uma
unidade de cada sistema mencionado). Todas as amostras receberam condicionamento com ácido fluorídrico a 10% (Cond Ac
Porcelana®, FGM). No grupo I realizou-se subcondicionamento
das peças; no grupo II realizou-se condicionamento pelo tempo
adequado de acordo com os sistemas utilizados, e no grupo III
super-condicionamento. Grupo I: IPS Empress Esthetic: 20 segundos; IPS Empress 2: 10 segundos; cerâmica Feldspática: 30
segundos; Grupo II: IPS Empress Esthetic: 1 minuto; IPS Empress
2: 30 segundos; cerâmica Feldspática:1 minuto e 30 segundos;
Grupo III: IPS Empress Esthetic: 2 minutos e 30 segundos; IPS
Empress 2: 1 minuto e 30 segundos; Cerâmica feldspática: 4
minutos. Discussão: O tratamento interno das restaurações cerâmicas é um procedimento conhecidamente minucioso, devido
a alta sensibilidade da técnica, é importante que todos os protocolos sejam seguidos criteriosamente tendo em vista a obtenção
do sucesso da cimentação. Conclusão: A visualização dos sinais
clínicos de alteração do tempo de exposição ao ácido fluorídrico
e respeitando o protocolo de uso do produto, obtém-se maior
efetividade e longevidade da cimentação resinosa.
FECHAMENTO DE DIASTEMA ANTERIOR
ASSOCIANDO ORTODONTIA E DENTÍSTICA
RESTAURADORA
Michelle Barroschi, Tatiana Campos Salles Silva, Andréia
Salvador Castro
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Paciente de 27 anos, sexo masculino, feoderma, compareceu à
Clinica de Especialização em Dentística, encaminhado pela Disciplina de Ortodontia da mesma instituição para finalização estética
do tratamento ortodôntico. Foram realizados os exames clínico e
radiográfico, confecções de modelos de estudo com o objetivo
de restabelecer as proporções dentais e a harmonia do sorriso no
enceramento diagnóstico. A desproporção entre altura e largura
dos dentes 11 e 21 resultou na impossibilidade de, apenas com o
tratamento ortodôntico, eliminar o espaço interdentário (diastema).
Previamente à etapa restauradora, realizou-se o clareamento caseiro
com peróxido de carbamida 16% (Whiteness, FGM, Brasil), durante 15 dias. O material de escolha para o fechamento do espaço
, utilizando-se a técnica adesiva direta, que destaca-se por ser uma
solução rápida, com baixo custo e que dispensa a execução de
desgaste dental, foram as resinas compostas Durafill® e Estheticx®, que , por terem polimento superficial e translucidez próxima
a do esmalte dental , proporcionaram um mimetismo da interface
dente/ restauração.O polimento foi realizado com discos Sof-Lex
Pop On (3M) e pasta Enamelize (Cosmedent, EUA). A interação
entre ortodontia e dentística teve como objetivo final obter um
sorriso harmônico e equilibrado, proporcionando a melhora da
auto-estima do paciente.
Referências
Baratieri LN. Odontologia Restauradora: Fundamentos e Possibilidades. São Paulo: Liv. Santos Ed., 2001.
Chaves Filho AR, Ueta AY, Nóbrega AA. Reconstituição estética e
funcional de dentes anteriores com resina composta: restabelecendo
a guia do dente canino. Int J Braz Dent 2006;2(4):378-85.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
156
TRAUMATISMO DENTÁRIO: RELATO DE UM
TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR
Ênio Tonani Mazzieiro; Bruna Coser Guignone, Ana Paula de
Carvalho Gomes Ferreira,
Ludmila Karsbergen Silva
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
A intrusão traumática de dentes representa um dos mais sérios problemas de saúde pública em crianças e adolescentes, sendo a queda
o principal fator etiológico. A intrusão consiste no deslocamento do
dente para dentro do seu alvéolo em conseqüência de um impacto
axial direto e representa o trauma mais comum da primeira infância.
Alem disso, quando na fase de dentadura decídua, a estreita proximidade entre os dentes decíduos e os germes dos permanentes intraósseos possibilita que a força de um impacto severo seja transmitida
ao germe do permanente. Este impacto resulta em compressão e
lesão do ligamento periodontal, injúrias à polpa do dente intruído
e possível deslocamento e/ou alteração do desenvolvimento do
dente permanente. Este trabalho tem como objetivo apresentar o
tratamento de uma paciente com histórico de traumatismo dentário
severo durante a infância, resultando em dilaceração coronária
e reabsorção radicular extensa dos incisivos centrais superiores
permanentes, que foram extraídos, sendo os espaços das extrações
fechados pela mesialização dos incisivos laterais. Ao final do tratamento ortodôntico, foi realizada a intervenção periodontal para o
recontorno das margens gengivais dos dentes anteriores superiores e
a intervenção da dentística restauradora para a reanatomização dos
incisivos laterais e dos caninos. Esses procedimentos devolveram
à paciente um sorriso estético e agradável.
Referências
Arenas M et al. Severe trauma in the primary dentition- diagnosis
and treatment of sequelae in permanent dentition. Dent Traumatol
2006;22:226-30.
Mussig E et al. Applications for direct composite restorations in
orthodontics. J Orofac Orthop 2004;65 (2):164-79.
Simeone P et al. Interdisciplinary treatment planning for single-tooth restorations in the esthetic zone. J Esthet Restor Dent
2007;19(2):79-88.
CLAREAMENTO DENTÁRIO. EFEITO DO
CLAREAMENTO EXÓGENO COM LED E DO
CLAREAMENTO CASEIRO
Andréia Salvador Castro; Gustavo Gomes Oliveira
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
A alteração de cor dos dentes muitas vezes interfere no equilíbrio estético do sorriso e o clareamento dentário tornou-se uma
possibilidade de tratamento menos invasivo. Conhecer a etiologia, o grau de escurecimento dentário e idade do paciente são
fundamentais para o correto planejamento. A escolha do agente
clareador é de extrema importância, pois ao longo do clareamento,
os processos de des/remineralização podem ocorrer na estrutura
dental, devendo-se compreender o efeito de seus componentes
sobre os tecidos duros dentais. A utilização do clareamento no
consultório com luz tem sido divulgado por fabricantes, mas es-
tudos demonstraram que o caseiro é mais eficaz, apesar da falta
de estudo clínico controlado com pacientes tratando hemi-arcadas
com diferentes técnicas.
O objetivo deste trabalho foi comparar duas técnicas de clareamento
de dentes naturais vitalizados: clareamento caseiro com moldeira
individual e técnica de consultório ativada por LED. Foram selecionados 2 pacientes que utilizaram na hemiarcada superior direita
o gel Whiteness 35% (FGM, Brasil) ativado por LED, seguindo as
recomendações do fabricante e na hemi-arcada superior esquerda
o gel Whiteness (FGM, Brasil) à 16%, durante 3 horas, 2 vezes
ao dia. O período de tratamento foi de 7 dias para as 2 técnicas.
Após avaliação dos resultados, o clareamento caseiro mostrou-se
mais eficaz do que o tratamento com o LED estando de acordo com
pesquisas científicas, que têm demonstrado que clareadores caseiros
prescritos por dentistas clareiam os dentes o dobro da quantidade
dos clareadores de consultório. Estudo clínico mais controlado
encontra-se em andamento. As vantagens desta técnica caseira
são: ter agente clareador em baixa concentração, causar menor
sensibilidade pós-operatória e ser mais segura.
Referências
Baratieri LN. Odontologia Restauradora - Fundamentos e Possibilidades. São Paulo: Liv. Santos Ed., 2001. p.672-722.
-International Journal of Brazilian Dentistry 2006;2:136-43.
-International Journal of Brazilian Dentistry 2007;3:288-94.
TRATAMENTO ESTÉTICO COM CERÂMICAS
EMPRESS E-MAX EM DENTES COM TETRACICLINA
GRAU IV
Guilherme Figueiredo Azevedo Senna, Shalimar Campos Sales
Carvalho, Stael Lage Affonso
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Paciente S .P., 32 anos, sexo masculino, leucoderma procurou a clínica do Curso de Especialização em Dentística da FO-PUC Minas,
insatisfeito com as manchas amarronzadas e o apinhamento dentário
presente. Após avaliação, foi diagnosticado manchamento por
tetraciclina grau IV. Após a tentativa de realização de clareamento
dentário com a técnica de consultório (1 sessão) utilizando o Led
– marca DMC e o gel Peroxide Lazer 37% (DMC) e clareamento
caseiro com o gel Whitenness a 16%, o tratamento planejado para
recuperar a estética do sorriso do paciente foi a utilização de cerâmicas Empress e -max (Ivoclar Vivadent). A seqüência clínica
foi idealizada após enceramento diagnóstico sobre um modelo de
gesso. Foram confeccionadas preparo de facetas para porcelana
Empress e-max nos elementos 15 ao 25. Contudo, para solucionar
o apinhamento dental, fez-se necessário o tratamento endodôntico
dos elementos 11 e 22 e a mudança do preparo para coroa total dos
elementos 14 ao 24. O trabalho foi cimentado utilizando o cimento
Uni Cem 3M - ESPE.
Referências
Deliperi S, Congiu MD, Bardwell DN. Integration of composite and
ceramic restorations in tetracycline-bleached teeth: a case report. J
Esthet Restor Dent 2006;18(3):126-34.
Pinto MCGL, Monteiro GQM, Carvalho PRB, Melo GFB. Manchamento por tetraciclina: como tratar? Rev Fac Odontol Porto
Alegre. 2005;46(1):54-8.
Matis BA, Wang Y, Eckert GJ, Cocran MA, Jiang T. Extended
bleaching of tetracycline-stained teeth: a 5-year study Oper Dent
2006;31(6):643-51.
PROVISÓRIOS DIAGNÓSTICOS PARA FACETAS
DE PORCELANA EM DENTES MANCHADOS COM
TETRACICLINA
Fernanda Castro Dantés, Anna Paula Rezende Pereira
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
A paciente A.C.M.O., 35 anos, leucoderma, procurou a clínica do
Curso de Especialização em Dentística Restauradora da FO-PUC
Minas, apresentando um quadro de tetraciclina severa. Foi proposto
como tratamento, facetas de porcelana nos elementos 11, 12, 13, 14,
15, 21, 22, 23, 24, 25 e dentes inferiores de pré-molar a pré-molar.
Antes da confecção das facetas foi feito o clareamento caseiro
com peróxido de carbamida 16%, a fim de verificar se alcançaríamos algum grau de clareamento, o que diminuiria a quantidade
de desgaste feito na hora dos preparos. Houve uma alteração de
cor considerável, permitindo uma maior preservação de estrutura
dentária. Em seguida, foi enviado o modelo de estudo com fotografias ao laboratório para confecção de provisórios diagnósticos
para ser trabalhado o desgaste e alteração morfológica dos dentes
em questão. Na sessão seguinte, com os provisórios, iniciou-se os
preparos de facetas de canino a canino e adaptação dos mesmos.
Foram cimentados com resina flow, permitindo avaliar e planejar
melhor, juntamente com a paciente, a forma e a cor das restaurações
definitivas. Desta maneira, facetas provisórias constituem etapa
de grande importância no procedimento de facetas de porcelana,
uma vez que ajudam no planejamento e protegem o dente sensível
após preparo.
Referências
Baratieri LN et al. Odontologia Restauradora – Fundamentos e
Possibilidades. São Paulo: Liv. Santos Ed. 2006.
Carvalho MM et al. Facetas laminadas de porcelana: caso clínico.
Rev Odont Univ Santo Amaro 1999;4(1):38-42.
Sadan A, Lemon RR. Combining treatment modalities for tetracycline-discolored teeth. Int J Period Rest Dent 1998;18(6):564-71.
Teixeira HM et al. Reabilitação da estética com facetas indiretas
de porcelana. J Bras Dent Est 2003;2(7):219-23.
TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR COM EXODONTIA
DE INCISIVOS CENTRAIS SUPERIORES
Tony Vieira Faria, Mariana Maciel Tinano, Larissa de Paula
Marques, José Maurício Barros Vieira
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
O tratamento odontológico interdisciplinar, quando conduzido de
maneira coerente, resulta em ganho considerável para o paciente,
especialmente após a escolha de procedimentos pouco usuais, mas
necessários para a melhora de casos considerados complexos. Este
painel demonstra a condução de um caso onde a interdisciplinaridade
bem conduzida resultou em enormes benefícios para a paciente.
Essa se apresentou a clínica da PUC Minas, com 15 anos e 10
Arquivo Brasileiro de Odontologia
157
meses de idade, com histórico de trauma por queda envolvendo
os incisivos centrais superiores. Os elementos foram avulsionados
e reimplantados, fazendo-se necessária a realização de tratamento
endodôntico no incisivo central superior direito à época do trauma.
O diagnóstico facial, esquelético e dentário, mostrou que a paciente
era portadora de maloclusão de Classe II, Divisão 1 de Angle, com
mordida profunda. Constatou-se através das radiografias periapicais
a presença de reabsorção radicular no incisivo central superior
esquerdo e reabsorção interna no incisivo central superior direito
determinando a necessidade do retratamento endodôntico deste
elemento. Como havia prognóstico desfavorável para os dentes 11
e 21, optou-se pela sua extração. Trata-se de opção fora dos padrões
convencionais de extração, mas que se adequava a situação apresentada clinicamente pela paciente. O plano de tratamento constituiu-se
ainda de fechamento de espaços, movimento mesial dos incisivos
laterais, colocando-os no lugar dos incisivos centrais, os caninos no
lugar dos incisivos laterais, buscando, dessa forma, uma harmonia
entre os elementos intra-orais presentes. Após a mesialização dos
elementos 12 e 22 e a obtenção da função adequada, foi observada a
necessidade estética da paciente, com a execução de gengivoplastia e
a reanatomização dos elementos anteriores buscando uma condição
estética favorável, ilustrando assim, uma conduta clínica adequada
ao integrar diferentes especialidades odontológicas.
Referências
Czochrowska EM, Skaare AB, Stenvik A, Zachrisson BU. Outcome
of orthodontic space closure with a missing maxillary central incisor. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;123(6):597-603.
Kokich VG, Crabill KE. Managing the patient with missing or
malformed maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial
Orthop 2006;129(4 suppl):S55-63.
Oliveira LB, Marcenes W, Ardenghi TM, Sheimam A, Bönecker M.
Traumatic dental injuries and associated factors among Brazilian
preschool children. Dent Traumatol. 2007;23 (2):76-81.
TRATAMENTO DA CLASSE II.
RELATO DE UM CASO CLÍNICO
Larissa de Paula Marques; Hélio Henrique Araújo Brito; Mariana
Maciel Tinano, Tony Vieira Faria
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
A maloclusão de classe II de Angle representa uma das mais
freqüentes na prática clínica, apesar de não ser a de maior prevalência. A ortodontia atualmente dispõe de várias opções para o seu
tratamento. O objetivo deste trabalho é apresentar o caso clínico de
uma paciente com maloclusão de classe II, tratada com extrações
dentárias. A paciente R.C., de 15 anos e 10 meses de idade, leucoderma, braquicefálica do gênero feminino, apresentou-se na clínica
de pós-graduação em Ortodontia da PUC Minas, com a queixa:
“meus dentes são feios e incomodam”. O diagnóstico facial mostrou a paciente com perfil convexo, ângulo naso-labial diminuído,
simetria facial, selamento labial e uma protrusão labial. Esqueleticamente a paciente foi classificada como classe II e tinha uma AFAI
diminuída. Já no aspecto dentário a paciente apresentou uma classe
II 1° divisão, sobressaliência e sobremordida aumentadas, desvio
de linha média inferior de 2 mm para esquerda e apinhamento de
2,5 mm superior e 5,5 mm inferior. Iniciou-se o tratamento com
Arquivo Brasileiro de Odontologia
158
aparelho extra bucal combinado associado à placa de Cetlin, com
o objetivo de corrigir a relação molar de Classe II e preparar a
ancoragem no arco superior. Após esta etapa foi montado aparelho
fixo superior e inferior e exodontia dos primeiros pré-molares: 14,
24, 34 e 44. Foi realizado o alinhamento e nivelamento e a retração
dos caninos com mecânica de deslize. Em seqüência colocou-se o
arco com alças em T e mecânica segmentada para intrusão e retração
simultânea dos dentes anteriores. Após a remoção dos aparelhos
fixos, foram inseridas as contenções removíveis superior e inferior.
O tratamento foi eficiente para a correção da classe II e alcançou
resultado satisfatório estético e funcional.
Referências
Chung CH, Wong WW. Craniofacial growth in untreated skeletal
Class II subjects: A longitudinal study. Amer J Orthod Dentofacial
Orthop 2002;122(6):619-26.
Popowich K, Nebbe B, Heo G, Glover KE, Major PW. Predictors
for Class II treatment duration. Amer J Orthod Dentofacial Orthop
2005;127(3):293-300.
Wahl N. Orthodontics in 3 millennia. More early 20th-century appliances and the extraction controversy. Amer J Orthod Dentofacial
Orthop 2005;128(6):795-800.
Wahl N. Orthodontics in 3 millennia. Two controversies: early
treatment and occlusion. Amer J Orthod Dentofacial Orthop
2006;130(6):799-804.
DIFERENTES ABORDAGENS ORTODÔNTICAS DE
MALOCLUSÃO DE CLASSE II
EM GÊMEAS HOMOZIGÓTICAS
Larissa de Paula Marques, Mariana Maciel Tinano, Hélio
Henrique Araújo Brito, José Maurício de Barros Vieira
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Várias são as abordagens que podem ser oferecidas para o tratamento de uma determinada maloclusão. De acordo com as particularidades do caso, diferentes opções de tratamento podem ser realizadas,
alcançando resultados satisfatórios. O objetivo desse trabalho é
apresentar a comparação de resultados entre duas abordagens de
tratamento para a maloclusão de Classe II, 1a divisão de Angle,
realizadas em gêmeas homozigóticas. Para a correção desse tipo de
maloclusão, extrações dentárias podem representar uma opção de
tratamento em pacientes sem potencial de crescimento. O padrão de
extração, entretanto, pode diferenciar-se, buscando obter em cada
caso o melhor resultado possível. As pacientes R.C. e R.C., gêmeas
homozigóticas, com 15 anos e 10 meses de idade, compareceram
à clínica de ortodontia da PUC Minas para tratamento, apresentando como queixa principal a estética do sorriso. As pacientes
eram portadoras de maloclusão Classe II, 1a divisão de Angle,
com protrusão dos incisivos centrais. O tratamento ortodôntico foi
realizado com extrações dentárias em ambas as pacientes, porém o
padrão de extrações realizado foi diferente nos dois casos. Na segunda paciente o padrão de extrações foi atípico, sendo os incisivos
centrais extraídos, devido à história de traumatismo e diagnóstico
de reabsorção radicular. Com a remoção desses dentes, todos os
elementos dentários da arcada superior foram mesializados, ficando
os incisivos laterais na posição dos centrais. Através da atuação
interdisciplinar, os dentes foram reanatomizados. Mesmo com
abordagens ortodônticas diferentes para um mesmo tipo de maloclusão, os resultados finais em ambos os casos foram satisfatórios.
Os objetivos estéticos e funcionais foram alcançados.
Referências
Czochrowska EM, Skaare AB, Stenvik A, Zachrisson BU. Outcome
of orthodontic space closure with a missing maxillary central incisor. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;123(6):597-603.
Kokich VG, Crabill KE. Managing the patient with missing or
malformed maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial
Orthop 2006;129(4):55-63.
Oliveira LB, Marcenes W, Ardenghi TM, Sheimam A, Bönecker
M. Traumatic dental injures and associated factors among Brazilian
preschool children. Dent Traumatol 2007;23(2):76-81.
Simeone P, DePaoli C, DePaoli S, Leofredi G, Sgro S. Interdisciplinary treatment planning for single-tooth restoration in the esthetic
zone. J Esthetic Restor Dent 2007:19(2):79-88.
ABORDAGEM ESTÉTICA NO TRATAMENTO DA
MALOCLUSÃO DE CLASSE II
COM EXTRAÇÃO DE INCISIVOS CENTRAIS
SUPERIORES
A Odontologia Restauradora vem evoluindo e buscando soluções
cada vez mais estéticas para suprir as exigências dos pacientes, na
busca de um sorriso perfeito. O caso clínico apresentado refere-se
à recuperação estética e funcional do elemento dentário 21, por
meio da utilização de um fragmento obtido a partir de um dente
extraído, técnica essa conhecida como “Restauração Biológica”.
Inicialmente foram realizados os exames clínico, radiográfico e
tratamento endodôntico, posteriormente um preparo para coroa
total foi confeccionado. Um dente 21, extraído, de cor e dimensões
aproximadas do remanescente dentário foi selecionado e recortado.
Durante a prova do fragmento notou-se que este apresentava-se
ligeiramente mais escurecido que os dentes adjacentes sendo
então submetido ao clareamento in vitro. Em uma sessão seguinte
realizou-se a colagem do fragmento por meio da técnica adesiva.
Atualmente, nenhum material restaurador sintético substitui por
completo, as propriedades originais dos tecidos dentários, propriedades estas apresentadas pelas Restaurações Biológicas, o que lhes
confere vantagem sobre os materiais restauradores existentes. Os
resultados obtidos, altamente satisfatórios, levam a concluir que
essa técnica pode ser considerada alternativa às demais, podendo
ser realizada com sucesso, rapidez e menor custo.
Referências
Busato CN, Barbosa NA, Reichert L, Hernandez PAG, Macedo RP,
Silva S, Reston EG. Dentística – Colagem Dentária. São Paulo:
Artes Médicas, 2006. 303p.
Costa NA, Rabacov PT. Restaurações biológicas: uma alternativa para a reconstrução de dentes posteriores. J Bras Dent Estet
2003;1(4):280-84.
Pegoraro CN, Domingues LA, Trassi PMMM. Onlay biológica:
uma alternativa para restauração de dentes posteriores severamente destruídos. Relato de caso clínico. Rev Dental Press Estética
2006;3(1).
Mariana Maciel Tinano, Tony Vieira Faria,
José Maurício de Barros Vieira,
Guilherme Figueiredo Azevedo Senna
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
O tratamento interdisciplinar apresenta-se como solução de casos
complexos. O tratamento estético com reanatomização das estruturas
dentárias e recontorno gengival pode trazer benefícios estéticos e
funcionais após o tratamento ortodôntico. Este relato de caso mostra
a abordagem interdisciplinar no tratamento da paciente R.C, com
15,8 anos , que apresentava uma maloclusão de Classe II, 1a divisão
de Angle, e história de trauma nos incisivos centrais devido à uma
queda . Radiograficamente foi diagnosticada a reabsorção radicular
no incisivo central esquerdo e reabsorção interna da raiz no incisivo
central direito. Com o prognóstico desfavorável, no tratamento ortodôntico foi planejado a remoção dos dentes 11 e 21, mesialização
dos incisivos laterais, colocando-os o lugar dos incisivos centrais e
recolocação de todos os demais dentes da arcada superior. Após o
término do tratamento ortodôntico realizou-se o tratamento cosmético com a transformação dos incisivos laterais em incisivos centrais,
dos caninos em incisivos laterais, e dos pré-molares em caninos.
Inicialmente, uma gengivoplastia foi feita com eletro bisturi para
remoção de 1mm de gengiva e obtenção de adequada harmonia entre
incisivos laterais e caninos. Posteriormente a reanatomização dos
elementos dentários foi iniciada. Diferentes cores de resina composta
foram utilizadas no mesmo dente para encontrar o melhor resultado
possível. Ao final do tratamento cosmético excelentes resultados
estéticos e funcionais foram obtidos.
Referências
Czochrowska EM, Skaare AB, Stenvik A, Zachrisson BU. Outcome
of orthodontic space closure with a missing maxillary central incisor. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;123(6):597-603.
Kokich VG, Crabill KE. Managing the patient with missing or
malformed maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial
Orthop 2006;129(4):55-63.
Mussing E, Lux CJ, Staehle HG, Stellzig-Eisenhuer A, Komposch
G. Applications for direct composite restoration in orthodontics. J
Orofac Orthop 2004;65(2):164-79.
“RESTAURAÇÃO BIOLÓGICA” PARA
RECONSTRUÇÃO ESTÉTICA E FUNCIONAL DE
DENTES EXTENSAMENTE DESTRUÍDOS: COROA
TOTAL
Adriana Maria Botelho, Karine Taís Aguiar Tavano,
Thiago Peixoto Motta, Thalita Mara Oliveira Paes
Curso de Odontologia da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri
REABILITAÇÃO ORAL COM PLANEJAMENTO
MULTIDISCIPLINAR
Gustavo Diniz Greco, Marcos Dias Lanza, Valdete;
Rocha Costa, Wellington Márcio Santos
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
O tratamento protético restaurador deve ser precedido por uma
avaliação periodontal dos dentes pilares para que o planejamento
Arquivo Brasileiro de Odontologia
159
integrado proporcione um prognóstico favorável e uma condição
clínica ótima à realização do tratamento protético periodontal. Em
caso de desequilíbrio periodontal, procedimentos podem e devem
ser coadjuvados com a reabilitação protética a fim de restabelecer
a saúde e função do paciente. A odontologia restauradora deve ser
realizada em ambiente livre de inflamação. É necessária avaliação
criteriosa quanto ao estado do tecido gengival, alterações do contorno gengival, profundidade de sondagem, mobilidade dentaria,
presença de sangramento e exsudato, e avaliação do suporte natural.
Uma reabilitação oral, atualmente, deve levar em consideração
também, em seu planejamento, a possibilidade de instalação de
implantes osseointegráveis. Este trabalho descreve um caso clínico
de uma reabilitação oral envolvendo cirurgias periodontais, levantamento de seio maxilar com instalação de implantes no mesmo
tempo cirúrgico, prótese parcial fixa implantossuportada e próteses
parciais fixas suportadas por pilares dentários avaliados criteriosamente segundo os conceitos periodontais pertinentes.
Referências
Alonso AA, Albertine JS, Bechelli AH. Oclusion y Diagnóstico en
Reabilitacion Oral. Buenos Aires: Ed Med Panamericana, 2004.
p.437-9.
Baratieri LN. Odontologia Restauradora – Fundamentos e Possibilidades. São Paulo: Liv. Santos Ed., 2001. p.200.
Henriques SEF. Reabilitação Oral. Filosofia, Planejamento e Oclusão. São Paulo: Liv. Santos Ed., 2003. p.233-62.
UTILIZAÇÃO DO PILAR INTERMEDIÁRIO
PERSONALIZADO PROCERA® ZIRCÔNIA
Sérgio Luiz Drummond, Emílio Akaki
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Os implantes osseointegrados assim como as suas próteses são
um recurso imprescindível na odontologia restauradora atual.
Seguindo a tendência do mimetismo às estruturas dentárias, recentemente foram introduzidas o alumina e a zircônia como material
de confecção dos pilares intermediários. Vários são os processos
de obtenção destes componentes estéticos, entre eles o sistema
Procera® que utiliza a tecnologia CAD/CAM para a obtenção de
pilares intermediários personalizados. Apesar de suas inúmeras vantagens, principalmente estéticas, sobre os sistemas convencionais
que utilizam o metal como substrato, o seu preço ainda é um fator
limitante. Em certas situações clínicas, fica ainda mais evidente as
suas vantagens tornando-se quase que a única opção de tratamento.
Neste caso clínico, a paciente sofreu a perda do elemento 21. Foi
colocado no seu lugar um implante osteointegrável de plataforma
4.1 hexágono externo. Após a fase de osseointegração foi constatado
que a plataforma do implante ficou a apenas 1 mm de profundidade
do nível gengival. Caso fosse utilizado um sistema convencional, a
cinta metálica poderia ficar visível . Optou-se então pela utilização
de um pilar intermediário de zircônia. Obtidos os modelo em gesso
do paciente, foi conectado um UCLA calcinável sobre o análogo do
implante e esculpido o pilar intermediário em cera e resina acrílica.
Após a definição da forma, este foi levado a um scanner Procera®
modelo 50 para a etapa da digitalização tridimensional e posterior
fabricação. Devido ao posicionamento desfavorável do implante,
foi necessário a confecção de um coping de alumina sobre o pilar
Arquivo Brasileiro de Odontologia
160
intermediário onde foi aplicada a cerâmica de recobrimento. Os
sistemas metal-free também podem ser utilizados nas prótese sobre implantes a partir da sua plataforma resultando em um ganho
estético considerável.
Referências
Cardoso AC. Passo-a-passo da prótese sobre implante: da 2a etapa
cirúrgica à reabilitação final. São Paulo: Liv. Santos Ed., 2005.
Tan PL, Dunne JT. An esthetic comparasion of a metal ceramic crown and cast metal abutment with an all-ceramic crown and zirconia
abutment: a clinical report. J Prosthet Dent 2004;91(3):215-8.
Telles D; Coelho AB. Próteses SobreImplantes.com. Rio de janeiro: sobreimplantes.com, 2006. Disponível em <http://www.
sobreimplantes.com/materialAcadê-mico.asp#livro>. Acesso em:
25/06/2007.
Vigolo P, Fronzi F, Majzoub Z, Cordioli G. An in vitro evaluation of
titanium, zirconia, and aluminia procera abutments with hexagonal
connection. Int J Oral Maxillofac Implants 2006;21(4):575-80.
AUSÊNCIA CONGÊNITA DE INCISIVOS LATERAIS
PERMANENTES: UMA ABORDAGEM CLÍNICA
Roberta Camargos Carneiro, Thiago Pacheco Heringer,
Wellington Pacheco
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
O tratamento de pacientes com agenesias de incisivos laterais
superiores levanta várias importantes considerações envolvendo
a quantidade de espaço, idade do paciente, tipo de má oclusão e
condições dos dentes adjacentes. Estes pacientes procuram tratamento por vários motivos. Sorriso desagradável, desarmonia dos
arcos dentários e desvio da linha média estão entre as queixas mais
freqüentes. A base para o bom diagnóstico e plano de tratamento
efetivo reside na cuidadosa consideração das características faciais
e dentárias de cada paciente. O ortodontista exerce importante papel
para posicionar o elemento dentário em espaços específicos para a
reconstrução estética. O tratamento restaurador é sempre necessário
para recriar a forma e cor ideais do incisivo lateral. O objetivo deste
trabalho é mostrar, através da apresentação de um caso clínico, a
importância da interação das várias especialidades da odontologia
no tratamento de uma paciente portadora de agenesia do incisivo
lateral superior. Paciente A.C.M.L., leucoderma, idade 13 anos,
gênero feminino, chegou à clínica de Ortodontia da PUC-MG com
o objetivo de melhorar seu sorriso. Na avaliação clínica, a paciente
apresentou simetria facial, perfil reto, selamento labial passivo,
relação de molar classe I, chave de caninos classe II, linha média
superior desviada para a esquerda, devido à agenesia do incisivo
lateral superior esquerdo. A paciente foi submetida a tratamento
ortodôntico com a exodontia dos primeiros pré-molares inferiores e
do incisivo lateral superior direito e conseqüente reposicionamento
e reanatomização dos caninos superiores.
Referências
Araújo EA, Oliveira DD, Araújo MT. Diagnostic protocol in cases
of congenitally missing maxillary lateral incisors. World J Orthod
2006;7(4):376-88.
Armbruster PC, Gardiner DM, Whitley Jr, JB, Flerra J. The congenitally missing maxillary lateral incisor. Part 2: Assessing dentists’
preferences for treatment. World J Orthod 2005; 6(4):376-81.
Kokich VO, Kinzer GA. Managing congenitally missing lateral incisors. Part 1: Canine substitution. J Esthet Restor Dent
2005;17(1):1-6.
Lima Filho RMA, Lima AC, Oliveira JHG, Ruellas ACO. Tratamento de classe II, divisão 1, com ausência congênita de incisivo lateral
superior. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial 2004;9(5):95-101.
Suguino R, Furquim LZ. Uma abordagem estética e funcional
do tratamento ortodôntico em pacientes com agenesias de incisivos laterais superiores. R Dental Press Ortod Ortop Facial
2003;8(6):119-57.
RECUPERAÇÃO ESTÉTICA DO SORRISO ATRAVÉS
DE COLAGEM DE FRAGMENTOS DENTÁRIOS E
AFASTAMENTO MECÂNICO: CASO CLÍNICO
Carla Mendonça Almeida, Walison Arthuso Vasconcellos
Curso de Odontologia, Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, UNIMONTES
Frequentemente, tem sido relatado traumatismos em dentes anteriores que ocasionam fraturas e as dificuldades em restaurá-los
adequadamente. Os traumas dentários, principalmente aqueles que
envolvem os dentes anteriores, influenciam a função e a estética do
indivíduo, podendo gerar desconforto e sintomatologia dolorosa. As
fraturas de esmalte e dentina sempre exigem restauração, podendo
envolver a colagem do fragmento coronário, restauração em resina
composta e o uso de facetas ou coroas de porcelana. O fragmento
de esmalte e dentina poderá ser trazido ao consultório no momento
do traumatismo ou ainda ser recuperado depois. As colagens de
fragmentos são mais eficazes do que as restaurações com resinas
compostas para recuperar a estética, a função e restabelecer o
equilíbrio emocional do paciente. O objetivo é expor, a partir do
caso clínico, a eficácia da colagem de fragmento dentário/autógena
para o restabelecimento da estética, função e equilíbrio emocional
do paciente. Paciente jovem, do sexo masculino, apresentou-se à
Clínica Integrada da UNIMONTES, tendo como queixa principal
a fratura dos incisivos centrais superiores. Trouxe consigo os
fragmentos resultantes do traumatismo acondicionados em leite.
Após a avaliação clínica e radiográfica dos elementos dentários
fraturados (11 e 21), a opção de escolha para este tratamento foi
a colagem dos fragmentos. Após a profilaxia com pedra pomes e
água dos remanescentes dentários e dos fragmentos, procedeu-se
a seleção da cor. A adaptação dos fragmentos foi provada e em
seguida realizou-se o isolamento absoluto do campo operatório.
Verificou-se dificuldade em se adaptar simultaneamente os fragmentos, porém, sua adaptação individual foi possível. Canaletas
foram confeccionadas na superfície fraturada de cada elemento
empregando uma broca 245 em alta rotação. Procedeu-se o condicionamento com ácido fosfórico 37% dos fragmentos dentários
e remanescentes coronários por 15 e 30 segundos em dentina e
esmalte. As superfícies foram lavadas e secas e o sistema adesivo
(Single Bond®, 3M) foi aplicado no remanescente e fragmento
do dente 11. Após a polimerização por 40 segundos, a resina flow
(Tetric Flow®, Vivadent) na cor A2 foi aplicada no fragmento e
reposicionamento sobre o remanescente dentário. Após a remoção
do excesso, procedeu-se a polimerização por 40 segundos por cada
face. Para a colagem do elemento 21, foi realizado afastamento
mecânico com afastador Elliot, a fim de se conseguir espaço para
a adequada adaptação do fragmento. Em seguida, procederam-se
as mesmas etapas para a colagem do elemento 11. Após a colagem,
foram realizados o acabamento e polimento. O resultado final foi
bastante satisfatório, possibilitando a devolução da forma e função
dos elementos dentários, além da estética favorável. As fraturas
podem se apresentar das mais variadas formas, podendo envolver
somente o esmalte ou esmalte e a dentina, com ou sem exposição
pulpar. Em fraturas, os dentes mais comumente envolvidos são os
incisivos, devido ao seu posicionamento mais anterior na arcada. A
colagem de fragmento é uma alternativa mais conservadora que as
restaurações em resinas compostas em dentes anteriores, visando
o restabelecimento das características morfológicas, mecânicas e
estéticas desses dentes. Além disto, permite a abordagem imediata
do dente traumatizado, sem desgaste da estrutura remanescente e
maior durabilidade do tratamento. A fratura de dentes anteriores é
uma situação urgente, acompanhada de trauma emocional do paciente e seus acompanhantes. A colagem de fragmento autógeno,
em casos bem indicados e com criteriosa execução, se mostra uma
técnica com excelentes resultados.
Referências
Araújo Jr EM. Tratamento restaurador de dentes fraturados. Int J
Braz Dent 2006;2(3):
Araújo Jr EM. Tratamento estético restaurador de dente anterior
fraturado. Int J Braz Dent 2007;3(3):
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Marson FC, Sensi LG, Belli R, Monteiro Jr S, Araújo E. Colagem
transcirúrgica de fragmento dental: relato de caso clínico. Int J
Braz Dent 2006; 2 (3):.
Vasconcellos RJH, Marzola C, Genu PR. Trauma dental aspectos
clínicos e cirúrgicos. Disponível em: http://www.actiradentes.com.
br/ revista/ 2006/textos/ 45RevistaATO-Trauma_dental-Aspectos_C-2006.pdf 2006. Acessado em: 01/09/07.
RESTAURAÇÕES ESTÉTICAS NA FINALIZAÇÃO DO
TRATAMENTO ORTODÔNTICO: RELATO DE UM
CASO CLÍNICO
Victor Hugo L. S. Nunes, Daniel Dutra Rego,
Leonardo H.L. Araújo, Enio Tonani Mazzieiro,
Dayse Aparecida Pieroli
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
A ausência congênita de um ou mais elementos dentários e a anomalia de forma na região ântero-superior do arco causam dificuldades
nas finalizações ortodônticas, devido à quebra do equilíbrio estético
do sorriso. Nesses casos, os procedimentos restauradores diretos
podem ser utilizados para o fechamento de diastemas, como também
para a reanatomização da forma e do tamanho dos dentes, permitindo resultados estéticos satisfatórios. Esse trabalho apresenta um
caso clínico interdisciplinar, de uma paciente do sexo feminino,
sob tratamento ortodôntico, que apresentava agenesias congênitas
múltiplas e anomalia de forma dos incisivos superiores. O tratamento ortodôntico foi conduzido com o objetivo de se adequar os
espaços protéticos, permitindo a reabilitação oclusal do paciente
Arquivo Brasileiro de Odontologia
161
por meio de implantes, próteses e restaurações estéticas diretas
na região ântero-superior, de canino a canino, estabelecendo uma
linha de sorriso adequada e estética onde o tratamento ortodôntico
apresentava limitações para sua finalização.
Referências
Araujo Jr. EM, Zimmermann GS. Tratamento estético multidiciplinar: Clínica. Int J Braz Dent 2007;3(2):45-69.
Baratieri LN, Araujo Jr. EM, Monteiro Jr. S. Composite Restorations in Anterior teeth: Fundamentals and Possibilities. São Paulo:
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Mussig E et al. Applications for direct composite restorations in
orthodontics. J Orofac Orthop 2004; 65(2):164-79.
Simeone P et al. Interdisciplinary treatment planning for single-tooth restorations in the esthetic zone. J Esthet Restor Dent
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Goldstein REA. Como criar restaurações estéticas através de efeitos
especiais: Estética em Odontologia. São Paulo: Liv. Santos Ed.,
2000. p.133-85.
REMODELAÇÃO ESTÉTICA DOS CANINOS NA
AUSÊNCIA DE INCISIVOS LATERAIS SUPERIORES
Luiz Felipe Gomes Santos, Nancy Kudsi Carvalho, Ana Carolina
Rangel Ramos, Nilda de Barros Soares, Queila Oliveira Braga
Faculdade de Odontologia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
A necessidade de encontrar uma solução estética para ausência
dos dentes anteriores coloca o cirurgião-dentista diante de um
problema complexo em virtude da posição estratégica que estes
dentes assumem na oclusão e na estética. O objetivo deste trabalho
é relatar um caso clínico de ausência de incisivos laterais superiores
onde foi realizada a técnica da remodelação estética dos caninos. O
paciente do sexo feminino, 14 anos de idade, apresentava ausência
de incisivos laterais superiores e diastemas na região ântero-superior. Optou-se, então, por uma intervenção conservadora através
da remodelação dos caninos, conferindo-lhes forma de incisivos
laterais. Procedeu-se então à reanatomização dos caninos superiores, transformando-os em incisivos laterais. As restaurações foram
realizadas respeitando a função dos incisivos laterais e dos caninos
durante os movimentos excursivos da mandíbula. A remodelação
é um procedimento bastante complicado, visto que o canino é um
dente muito diferente no que diz respeito à cor, à forma, à largura,
ao comprimento e ao contorno. A intervenção da dentística restauradora só é possível quando os caninos mesializam, permitindo,
assim, a realização de uma remodelação estética destes. A solução
foi alcançada com a utilização de procedimentos conservadores,
onde se obteve como resultado o estabelecimento de um padrão
estético mais favorável e a manutenção da função dos elementos
dentários na oclusão, fato que deve ser levado em consideração no
momento da escolha da técnica aplicada para cada caso. Diante de
tais modificações, houve uma melhora significativa no convívio
social da paciente visto que o padrão estético exerce grande influência na qualidade de vida dos indivíduos.
Referências
Basso FM, Oliveira ACBM, Ribeiro, JGR, Lima DM, Cândido
MSM. Correção de um sorriso esteticamente comprometido. Relato
Arquivo Brasileiro de Odontologia
162
de caso clinico. JBD. J Bras Dent & Est 2006;5(19):260-7.
Cardoso PC, Gondo R, Vieira LCC, Andrada MAC. Princípios
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Pfeifer JM et al. Conceitos de estética envolvidos no fechamento
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composta. Rev Ibero-Am de Odontol Estet e Dent 2004;3(10):12231.
CLAREAMENTO ENDÓGENO EM DENTE
DESVITALIZADO – RELATO DE CASO
Priscila Nunes Teixeira, Rodrigo Bortolini Sguizzato,
Rubens de Menezes Santos, Sabrina Alves Teixeira
Faculdade de Odontologia da PUC Minas
O propósito desse estudo foi relatar o caso clínico e os resultados
obtidos durante e após o clareamento endógeno de um dente desvitalizado escurecido, tratado na Clínica Integrada da FO PUC Minas
por alunos da graduação. Considerando-se a notória importância do
sorriso nas relações humanas, o clareamento endógeno de dentes
não-vitais constitui-se em uma alternativa para tratar problemas
de ordem estética, removendo os pigmentos do elemento dental,
devolvendo ou aproximando de sua cor original e translucidez
normal. Encontra-se o ano de 1878 como o início do clareamento
dental. Em 1924 é proposto o clareamento endógeno utilizando uma
solução saturada de Perborato de sódio e Peróxido de hidrogênio,
sendo tal solução uma das mais usadas ate hoje. Neste estudo
abordamos o clareamento endógeno através do uso de agentes
clareadores (Superoxol e Perborato de sódio) com o uso da técnica
direta, para verificar a eficácia desse tipo de tratamento estético em
dentes escurecidos. Obtivemos uma boa resposta ao tratamento
desde a primeira sessão. Foram necessárias três sessões, indicando
que o Superoxol associado ao Perborato de sódio se mostrou muito
efetivo no tratamento clareador. Este se constitui em uma alternativa
conservadora, visto ser uma forma menos invasiva e onerosa para a
resolução de problemas de ordem estética, devolvendo ao paciente
a sua estima através da melhor aparência de seu sorriso.
Referências
Fraga RC, Lucas–Fraga LR. Dentística: Bases Biológicas e Aspectos Clínicos. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Medsi, 2001.
Conceição EM et al. Dentística: Saúde e Estética. Porto Alegre:
Artmed, 2002. p.227–44.
Vieira D et al. Clareamento Dental. São Paulo: Liv. Santos Ed.,
2003
REABILITAÇÃO EM MAXILA ATRÓFICA EM
ENXERTO ÓSSEO UTILIZANDO IMPLANTES
INCLINADOS
Irfeo Saraiva Camargo, Marcos Kuabara, Renato Gomes,
Maurício Rodrigues
Maxilas atroficas são grandes desafios para reabilitações com implantes osseointegrados. Técnica reconstrutivas tem sido indicada
para possibilitar a reabilitação com implantes osseointegrados,
porem são tratamentos longos de maior morbidade e custo para
o paciente. Branemark em 1989 desenvolveu a técnica da fixação
zigomática, estudos com implantes inclinados e o conceito “allon-4” por Malo em 1993 se tornaram alternativas de tratamento
que tentam simplificar e minimizar o tratamento de pacientes com
maxilas atróficas. O objetivo deste trabalho é mostrar a reabilitação
de uma maxila atrófica sem enxertos ósseos, com implantes inclinados de forma que a emergência do implante inclinado seja a mais
posterior possível reduzindo o cantilever da prótese, aumentando
a área da barra protética e melhorando a biomecânica. Paciente
masculino, 60 anos, leuconderma, apresenta maxila atrofia. Dentre
as opções de tratamento, a escolha foi por implantes inclinados e
pelo protocolo cirúrgico em dois estágios devido à característica da
densidade óssea encontrada no exame de tomografia computadorizada. Exame clínico minucioso, estudo com imagem diagnostica e
planejamento reverso foram realizados. Fixação de seis implantes.
Componentes angulados permitindo que a inserção do parafuso
não interfira na área estética e funcional. Barra em ouro unindo os
implantes reduzindo o stress transferido ao osso e aos implantes
individualmente. Aplicação de uma resina indireta que personaliza
mais o trabalho e não colocaria em risco a estabilidade dimensional
da estrutura metálica, principalmente em próteses fixas sobre implantes parafusados as onde e fundamental que a adaptação ocorra
de forma passiva. O paciente recebeu instruções de higienização e
manutenção da prótese instalada. Implantes zigomáticos, “all-on-4”
e ou implantes inclinados constituem abordagens das técnicas de
ancoragem que são alternativas de tratamento com previsibilidade
de sucesso para maxilas atróficas sem procedimentos de reconstrução de rebordo alveolar desde que seja corretamente indicada
e planejada.
Referências
Duyck J, Van Oosterwyck H, Vander Sloten J, Cooman M, Puers
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implants supporting fixed prostheses: An in vivo study. Clin Oral
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Krekmanov L, Kahn M, Ranger B, Lindstrom H. Tilting of posterior
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Int J Oral Maxillofac Implants 2000;15: 405-14.
Arquivo Brasileiro de Odontologia
163
Normas Editoriais
I. INFORMAÇÕES GERAIS
A revista Arquivo Brasileiro de Odontologia é uma publicação científica da Faculdade
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Título em inglês
Abstract
Descriptors
Arquivo Brasileiro de Odontologia
164
Texto
1 - Artigos originais devem obedecer à seqüência: Introdução, Revisão da Literatura, Material
e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões e Referências Bibliográficas.
2 - Artigos de atualização poderão ter o número de referências reduzido.
3 - Relatos de casos devem obedecer a seguinte seqüência: Introdução, Descrição do caso,
Discussão, Referências e Autores (5, no máximo).
III. REFERÊNCIAS
O estilo dos Requisitos Uniformes para Originais submetidos a Periódicos Biomédicos,
conhecido como Estilo de Vancouver, foi elaborado pelo Comitê Internacional de Editores de
Revistas Médicas – ICMJE (http://www.icmje.org) e baseia-se, em grande parte, no padrão
ANSI, adaptado pela U.S. National Library of Medicine (NLM). Estes dados foram retirados e adaptados, em sua maioria, do documento original que pode ser acessado através do
endereço: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html
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no texto. Na lista de referências, as referências deverão ser numeradas consecutivamente,
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até seis autores, citar todos os autores, separados por vírgula. Exemplo: Halpern SD, Ubel
PA, Caplan AL. Solid-organ transplantation in HIV-infected patients. N Engl J Med. 2002
Jul 25;347(4):284-7.
Autor(es) (pessoa física) – mais de seis autores - Quando o documento possui mais de
seis autores, citar todos os seis primeiros autores seguidos da expressão latina et al.
EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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• Os títulos dos periódicos devem ser abreviados pela lista de abreviaturas de periódicos do Index Medicus (base de dados Medline), que pode ser consultado no endereço:
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após o título para separá-lo do ano. Exemplos: N Engl J Med., Neurology.
• Para abreviatura dos títulos de periódicos nacionais e latino-americanos, consulte
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último ponto para separar do ano. Exemplos: Femina., Rev Bras Reumatol., Rev Bras
Hipertens.
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os dígitos iguais. Ex: p.320-329; usar 320-9
• Denomina-se número (fascículo) a identificação da seqüência do volume, sendo que
o algarismo fica entre parênteses. Ex.: 347(4).
• Periódico com paginação contínua em um volume: mês e número podem ser omitidos
(opcional). Ex.: Halpern SD, Ubel PA, Caplan AL. Solid-organ transplantation in HIV-infected
patients. N Engl J Med. 2002;347:284-7.
LIVROS E MONOGRAFIAS
• Na identificação da cidade da publicação, a sigla do estado ou província pode ser
também acrescentada entre parênteses. Ex.: Berkeley (CA); e quando se tratar de país pode
ser acrescentado por extenso. Ex.: Adelaide (Austrália);
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• Quando for a primeira edição do livro, não há necessidade de identificá-la;
• A indicação do número da edição será de acordo com a abreviatura em língua portuguesa. Ex.: 4ª ed.
• “Editor” é um termo em inglês que se refere ao editor literário.
Autor(es) do livro. Título do livro. Edição. Cidade de publicação: Editora; Ano de
publicação. Ex., Murray PR, Rosenthal KS, Kobayashi GS, Pfaller MA. Medical microbiology. 4ª ed. St. Louis: Mosby; 2002.
CAPÍTULO DE LIVRO
Autor(es) do capítulo. Título do capítulo. “In”: nome(s) do(s) autor(es) ou editor(es).
Título do livro. Edição. Cidade de publicação: Editora; Ano de publicação. página inicialfinal do capítulo.
Meltzer PS, Kallioniemi A, Trent JM. Chromosome alterations in human solid tumors.
In: Vogelstein B, Kinzler KW, editores. The genetic basis of human cancer. New York: McGraw-Hill; 2002. p. 93-113.
IV. ILUSTRAÇÕES
As tabelas, figuras, fotografias e gráficos devem ser enviados em folhas separadas,
numeradas em algarismos romanos e com legendas individualizadas. As fotografias devem
ter o formato mínimo de 9 x 12 cm. Eventuais despesas para scanner de cromos/slides devem ser discutidas. As fotografias escaneadas deverão ser gravadas em formato TIFF com
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