Utilização comercial dos oleodutos militares No seguimento da cedência de utilização das Instalações da Pol NATO, por um período de 25 anos, dando resposta ao despacho nº 4650/2016, de 22/03/2016, a ENMC está a desenvolver um conjunto de atividades com vista à operacionalização e ao melhoramento das instalações, tais como a verificação geral das infraestruturas existentes, a verificação do estado do oleoduto de ligação à Base Naval de Lisboa e à Base Aérea do Montijo (BA6), e ainda o desenvolvimento do estudo da viabilidade da ligação por Oleoduto, a Base Aérea do Montijo e o Aeroporto Humberto Delgado, entre outros. O Depósito Pol Nato O Depósito POLNATO de Lisboa (DPNL) é uma infraestrutura militar NATO de abastecimento de combustíveis, construída entre finais dos anos 60 e início dos anos 70, na Trafaria, Costa da Caparica e Praia do Rei para apoio das forças da aliança atlântica. Trata-se um complexo que reúne armazenagem, sistema de receção e distribuição de combustíveis líquidos, (ver figura infra). Este complexo é construído com base em conceitos militares, estando os seus depósitos construídos sobre estacaria, reforçados a betão (30cm) e enterrados, por conseguinte blindados e resistentes a impactos diretos. As áreas de operação também são protegidas com muros anti- sopro de explosões e os seus sistemas são redundantes, o DPNL está preparado para operar autonomamente, com produção própria de energia. Possui uma rede que permitia fornecer, diretamente, por oleoduto duas bases militares principais: a Base Naval de Lisboa (BNL), no Alfeite e a Base Aérea nº6, no Montijo. Possui, ainda, um terminal petrolífero marítimo: o maior e com maior capacidade do porto de Lisboa e está ligado ao cais de munições NATO do Portinho da Costa, servindo como porto alternativo. Com o fim da “guerra fria”, o sistema logístico de abastecimento - subjacente à relevância do DPNL - deixou de ser usado pelas forças da NATO e as forças nacionais não têm necessidade desta infraestrutura, pois os seus consumos, em combustível, são reduzidos. De realçar que os demais países da União Europeia têm vindo a adaptar essas infraestruturas da “guerra fria”, para atividades comerciais em beneficio dos consumidores, mantendo-os operacionais e com prioridade militar. Dadas as características específicas da sua infraestrutura, este complexo pode, e deve contribuir para o sistema logístico dos combustíveis líquidos nacionais. Neste âmbito, tem-se: o Um terminal petrolífero - o maior e com maior capacidade de carga e descarga do Porto de Lisboa - que pode receber navios até 280 metros1 e 50’000 toneladas de capacidade; 1 Edital da Administração do Porto de Lisboa o Um sistema logístico que pode servir quase todos os sistemas de armazenagem da margem-sul, tais como os da Oz, Banática, ETC e Galp, bastando expandir as linhas que ligam o DPNL ao Portinho da Costa, ou, ainda, através da linha DPNL-Base Aérea nº 6 fazer-se a ligação à LBC Tanquipor, no Barreiro. A existência da linha do Montijo permite abastecer a Base Aérea nº6, em especial se se confirmar a instalação do aeroporto complementar à Portela nesta localização, conforme planos anunciados, bem como permite, ainda, a possibilidade de se poder ligar diretamente, através de um oleoduto, ao Aeroporto da Portela que, atualmente, é abastecido via rodoviária. Tal como é sabido, o uso de oleodutos é a forma mais económica e segura de transporte de combustível, bem como a ambientalmente mais sustentável. Funciona a eletricidade (bombagem) e pode funcionar nos períodos de vazio. A título de exemplo, refere-se o uso de camiões-cisterna para abastecer o Aeroporto da Portela e a Grande Lisboa, numa cadência diária de cerca de 140 de jet fuel e 165 de gasóleo, que, respetivamente, consomem, em média, 25.000 litros de gasóleo diariamente, correspondendo a 2,2 Kg CO2/ton/300km, e que, em caso de acidente, representam um perigo rodoviário, estando, ainda, sujeitos a perturbações várias, tal como aconteceu em 2008, em que a Portela não foi abastecida atendendo à greve dos camionistas. Esta situação está bem explicitada no extrato do estudo infra sobre o impacto ambiental do oleoduto: Estudo internacional da BCG estima as emissões específicas de CO2 (Kg CO2/ton/300km) por tipo de transporte conforme gráfico anexo: camião comboio batelão oleoduto Em resumo O DPNL com a sua rede de pipelines pode, e deve significar: melhor segurança de abastecimento, garantindo uma eficiência energética e ambiental (usando eletricidade em vez de combustíveis fósseis e trabalhando no período de vazio), melhor segurança rodoviária e das populações, reduzindo o transporte rodoviário de produtos perigosos, melhor segurança de abastecimento, garantindo uma rede segura e múltipla de transporte de combustíveis na sua forma mais rentável e eficiente, duplo uso (civil e militar) sustentado numa infraestrutura já construída e que se degrada se não tiver utilização podendo, desta forma, contribuir para o bem-estar das populações e o desenvolvimento económico, mantendo-se operacional em situações de emergência e/ou de defesa nacional, através da utilização de oleodutos e de transportes marítimos, conforme recomendação da AIE – Agência Internacional de Energia2 garantindo, simultaneamente, a segurança de abastecimento e, mais importante ainda, a existência de uma reserva segura e com capacidade de distribuição, resiliente e redundante, de combustível de emergência. Objetivo Uma instalação conforme descrita supra é um ativo nacional, que se está a perder, absorve recursos nacionais e encontra-se subaproveitado enquanto utilizado unicamente para o armazenamento das reservas. Neste contexto, a ENMC, E.P.E. com o forte apoio do Senhor Secretário de Estado da Energia, está a colocar este ativo ao serviço de Portugal, aproveitando uma infraestrutura já construída disponibilizando-a para a economia nacional, sem custos para o erário publico. O objetivo passa pela sua disponibilização a privados que, efetuando o investimento, o usarão em benefício do sistema económico, criando-se sinergias e promovendo a competitividade, bem como, simultaneamente, aumentando a segurança energética nacional: Numa primeira fase, permitirá abastecer o Aeroporto da Portela, o previsto aeroporto do Montijo e as instalações de armazenagem petrolíferas existentes na margem sul do Tejo. Numa segunda fase, permitirá, também, a ligação de Lisboa ao oleoduto Aveiras - Sines, assim como, à central de combustíveis de Aveiras (CLC) tornando os sistemas de transporte de combustíveis, mais flexíveis, eficientes, competitivos e seguros. Simultaneamente, permite manter um sistema de reservas atualizado e um sistema logístico da defesa nacional operacional. 2 IEA/SEQ (2009)12 – “The Review Team recommends that the logistic, economic and environmental benefits of developing a national pipeline transportation grid be considered by the Portuguese administration”