A arte de entender canções

Edição 22 - Ano 2
Segunda-feira, 27 de Abril de 2009
A arte de entender canções
M
úsica popular é realmente só
para ouvir? São apenas algumas
palavras acompanhadas por instrumentos musicais? Para provar
o contrário e mostrar que a música popular brasileira deve ser
analisada, pensada e refletida, de
forma a transmitir
uma mensagem, o
professor de Estética e Cultura de
Massa da Universidade Municipal
de São Caetano do
Sul, Herom Vargas,
apresentou o tema
“Música popular e
pensamento”, na
penúltima edição
do Tubaína Filosófica 2009. O encontro ocorreu na quarta-feira,
dia 22, às 18h, no Estúdio de TV
da Universidade.
Antes de apresentar algumas canções especialmente selecionadas para o Tubaína, o professor
Herom Vargas explicou a origem
da música popular brasileira, da
bossa-nova e dos principais letristas brasileiros, como Vinicius de
Moraes e Tom Jobim, sempre considerando a idéia de que a música popular, quando entendida e
absorvida, consegue transmitir
diversas idéias e pontos de vista
que acrescentam
muito ao nosso
dia-a-dia.
Para exemplificar essa capacidade, o públi-
co presente acompanhou duas
canções relacionadas ao tempo:
“Oração ao Tempo” e “Tempo
Rei”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, respectivamente. Nas duas
canções, são tratadas idéias diferentes relacionadas ao assunto,
utilizando-se de conceitos abstratos, concretos e metafóricos,
dependendo do ponto de vista.
A terceira canção da noite foi
“Metáfora”, também composta
pelo baiano Gilberto Gil. A letra
da música divide a palavra em
duas partes (“meta” e “fora”),
atribuindo diversos significados
para ambas e um resultado final
unindo todos os conceitos.
Outra música foi “O quereres”,
novamente de Caetano Veloso. O
professor Herom Vargas mostrou
que, nela, o cantor faz uma digressão e entende o conceito de
querer, relacionando-o a amar.
Assim, ele propõe um olhar diferenciado sobre o amor, fugindo
do tradicionalismo percebido nas
músicas românticas, que falam de
amores platônicos, impossíveis,
ou de alguém que já se foi.
Para finalizar, o cantor que esteve
em evidência foi Lenine, com a música “Olho de Peixe”. A letra remete
a um olhar geral sobre as coisas que
passamos, como
uma grande angular, lente fotográfica que amplia o
campo de visão da
câmera.
“Escolhi canções complexas e trouxe a música ao Tubaína para
mostrar que todos nós
somos capazes de absorver as idéias transmitidas pela MPB. O
exercício de analisar
as canções é importantíssimo,
porque existem grandes letristas
que conseguem passar informações e conhecimento”, comentou
o professor Herom Vargas.
Para a estudante do primeiro ano
de Recursos Humanos da USCS,
Bárbara Ustolin, a participação
no Tubaína Filosófica possibilitou
analisar de forma diferente a música popular brasileira. “O tema
música é importantíssimo e hoje
aprendi a ter um olhar diferenciado sobre as canções. Assim,
espero refletir e absorver tudo o
que puder nas músicas que ouço”,
explicou a estudante.
E o Tubaína Filosófica 2009 está
chegando ao fim. A última edição do evento acontece nesta
quarta-feira, dia 29, à partir das
18h no Estúdio de TV I, prédio D,
campus I da USCS. Com o tema
“Filosofia em quadros”, o professor de Teoria da Comunicação
da USCS, Roberto Elísio dos Santos encerrará mais uma temporada do Tubaína Filosófica.
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