Dissimilaridade genética de oito genitores de trigo estimados em dois ambientes Diego Baretta1, Eder Licieri Groli2, Thaís Raquel Hagemann3, Cristiano Lemes da Silva4, Rafael Nornberg5, Fernando Freo6, Carlos Busanello7, Luciano Carlos da Maia9, Giovani Benin8 e Antonio Costa de Oliveira9. 1 Acadêmico do curso de Agronomia, estagiário do Laboratório de Genômica e Fitomelhoramento - FAEM/UFPel - Pelotas/RS, Bolsista de Iniciação Científica CNPq. 2 E-mail [email protected]. Acadêmico do curso de Agronomia, estagiário do Laboratório de Genômica e Fitomelhoramento - FAEM/UFPel - Pelotas/RS, bolsista de iniciação científica 3 FAPERGS. Engenheira Agrônoma, Mestre em Agronomia FAEM/UFPel - Pelotas/RS. 4 Engenheiro Agrônomo, Estudante de Mestrado em Agronomia UTFPR - Pato Branco/PR. 5 Engenheiro Agrônomo, Estudante de Mestrado em Agronomia FAEM/UFPel - Pelotas/RS. 6 Acadêmico do curso de Agronomia, estagiário do Laboratório de Genômica e 7 Fitomelhoramento - FAEM/UFPel - Pelotas/RS, Bolsista de Iniciação Científica. Acadêmico do 8 curso de Agronomia, CESNORS/UFSM. Professor do Departamento de Fitotecnia UTFPR 9 Pato Branco/PR. Professor do Departamento de Fitotecnia - FAEM/UFPel - Pelotas/RS. A análise da distância genética é uma técnica auxiliar de grande importância em programas de melhoramento e um importante elo entre a conservação e a utilização dos recursos genéticos disponíveis. A estimativa de distância genética informa a respeito da organização do germoplasma, aumenta a eficiência da amostragem de genótipos, auxilia na definição de cruzamentos artificiais, na incorporação de genes de germoplasma exótico e até na recomendação de cultivares para determinada região quando o objetivo é intensificar a base genética dos cultivares sob cultivo. As estimativas de distância genética baseadas em características morfológicas e quantitativas, junto com o coeficiente de parentesco, são medidas clássicas de diversidade genética. Elas já foram utilizadas em quase todas as espécies vegetais cultivadas. Poucos devem ser os programas de melhoramento que, ao menos em seu início, não tenham utilizado estes estimadores de divergência na tentativa de predizer as melhores populações ou híbridos. (BARROSO e HOFMANN, 2003). Os estudos de distância genética fornecerem parâmetros para a identificação de genitores que possibilitem grande efeito heterótico na progênie e maior probabilidade de recuperar genótipos superiores nas gerações segregantes. O princípio básico desta metodologia é que genótipos geneticamente contrastantes apresentem alelos distintos, que, quando combinados em cruzamentos, resultem em progênies de elevado desempenho nos caracteres de interesse no melhoramento. A utilização da distância genética baseada em caracteres fenotípicos entre os genótipos é apontada como uma forma de prever a variabilidade genética entre as progênies (CRUZ; REGAZZI, 2001). Métodos hierárquicos, como o agrupamento UPGMA agrupa genótipos utilizando a média das distâncias entre todos os pares de genótipos para formação de cada grupo, e são umas das técnicas mais usadas por pesquisadores de diversas áreas, pois possibilita a formação de grupos dissimilares geneticamente. Dessa forma o objetivo deste trabalho foi determinar a distancia genética baseada em caracteres morfológicos entre oito genótipos de trigo semeados em dois ambientes distintos. 1 Foram utilizados oito cultivares de trigo indicados para o cultivo na região sul do Brasil, (BRS Tangará, Fundacep Cristalino, BRS Guamirim, Quartzo, Mirante, CD 114, CD 117 e Vaqueano), escolhidos por reconhecida performance agronômica. O experimento foi realizado na safra agrícola 2010 em Pelotas-RS e Pato Branco-PR em delineamento de blocos ao acaso, com três repetições. Foram avaliados nove caracteres morfológicos, de acordo com método estabelecido por Scheeren (1984): estatura de planta (EP), comprimento do colmo, em centímetros, desde a superfície do solo até o ápice da inflorescência, número de afilhos férteis por planta (NAFP), peso da espiga (PE), número de grãos por espiga (NGE), massa de 1000 grãos (MMG) e rendimento de grãos por planta (RGP). Os dados dos caracteres morfológicos foram submetidos à análise de variância, considerando os efeitos de genótipos e locais como fixos. Com base nas médias dos caracteres avaliados foi estimada a distância generalizada de 2 Mahalanobis (D ) entre todos genótipos para cada ambiente e para a média de desempenho dos ambientes, por meio do programa computacional Genes (CRUZ, 2006). Com base na matriz de distância genética, foram construído dendrogramas utilizando o método de agrupamento da distância média (UPGMA). O ajuste entre a matriz de distâncias e o dendrograma foi estimado pelo coeficiente de correlação cofenética (SOKAL; ROHLF, 1962), por meio do programa computacional NTSYS pc 2.1 (ROHLF, 2000). Todos os dendrogramas revelaram ajuste adequado entre as representações gráficas das distâncias e a suas matrizes originais pois os coeficientes de correlação cofenética de elevada magnitude para os três conjuntos de dados sendo 0.946, 0.923 e 0.910 respectivamente para as Pelotas (Figura 01), Pato Branco (Figura 02) e para a análise conjunta dos dois ambientes (Figura 03), resultados estes semelhantes aos obtidos por Bertan et al. (2009) em trigo, de acordo com Viera et al. (2007), coeficientes de correlação cofenética superiores a 0,80 são relatados como eficientes na representação gráfica dos contrastes entre os genótipos avaliados. Os dendrogramas resultantes das análises de dissimilaridade genética revelam a formação de dois grupos de cultivares idênticos em cada local de cultivo. O primeiro grupo de cultivares foi composto pelos genótipos BRS Tangará, BRS Guamirim, Vaqueano, CD 114, Vaqueano, Quartzo e CD 117 e o segundo grupo foi constituído pelos cultivares Fundacep Cristalino e Mirante. Comparando os agrupamentos entre os ambientes verifica-se uma diferença sendo que em Pelotas o cultivar BRS Guamirim agrupou-se com Vaqueano enquanto que em Pato Branco agrupou-se com CD 114 indicando que condições ambientais diferentes podem alterar a similaridade genética entre cultivares de trigo. Dessa forma comprova-se que existe variabilidade genética entre os genótipos de trigo avaliados, constata pela mensuração multivariada de caracteres morfológicos. Sendo que as hibridações mais promissoras devem ser conseguidas a partir de cruzamentos dos genitores do Grupo I com os genitores do Grupo II, já que esses apresentam maior dissimilaridade genética para os caracteres estudados. 2 Figura 01. Dendrogramas resultantes da análise de agrupamento de genótipos de trigo obtido pelo método UPGMA (distância média) conduzidos em Pelotas-RS. O valor do coeficiente de correlação cofenética (r) foi de 0,946. FAEM/UFPEL, Pelotas, 2010. Figura 02. Dendrogramas resultantes da análise de agrupamento de genótipos de trigo obtido pelo método UPGMA (distância média) conduzidos em Pato Branco- PR. O valor do coeficiente de correlação cofenética (r) foi de 0,923. FAEM/UFPEL, Pelotas, 2010. 3 Figura 03. Dendrogramas resultantes da análise de agrupamento de genótipos de trigo obtido pelo método UPGMA (distância média) considerando a média dos ambientes Pelotas e Pato Branco. O valor do coeficiente de correlação cofenética (r) foi de 0,910. FAEM/UFPEL, Pelotas, 2010. Referências BERTAN, I.; CARVALHO, F.I.F.; OLIVEIRA, A.C.; BENIN, G.; VIEIRA, E.A. AND VALÉRIO, I.P. Morphological, pedigree, and molecular distances and their association with hybrid wheat performance. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.44, n.2, p.155-163, 2009. CRUZ, C.D. Programa genes: aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa: UFV, 648p., 2001. ROHLF, F.J. NTSYS-pc: numerical taxonomy and multivariate analysis system. Version 2.1. New York: Exeter Software, 2000. 83p. SOKAL, R.R.; ROHLF, F.J. The comparison of dendrograms by objective methods. Taxon, v.11, p.30-40, 1962. SCHEEREN, P.L. Instruções para utilização de descritores de trigo (Triticum sp.) e triticale (Triticum sp.). EMBRAPA-CNPT, 32p. (EMBRAPA-CNPT. Documentos, 9). Passo Fundo, 1984. VIEIRA, E.A.; CARVALHO, F.I.F.; BERTAN, I.; KOOP, M.M.; ZIMMER, P.D.; BENIN, G.; SILVA, J.A.G.; HARTWIG, I.; MALONE, G.; OLIVEIRA, A.C. Association between genetic distances in wheat (Triticum aestivum L.) as estimated by AFLP and morphological markers. Genetics and Molecular Biology, v.30, n.2, p.392-399, 2007. 4