Revolução Cubana: diferentes interpretações A Revolução Cubana foi um processo revolucionário ocorrido na década de 1950, ocasionado pela excessiva exploração das camadas pobres por parte da elite nacional ligada ao capital estrangeiro e pela crise social iniciada na década de 1920. O objetivo era expulsar os dirigentes políticos do país, acabar com a intervenção norte-americana e o desleixo do governo para com as camadas menos favorecidas. Podemos falar em duas perspectivas da Revolução Cubana. A primeira como um processo de combate, pela tomada do poder por Fidel Castro e seus aliados, que com ele lutaram contra o regime Figura 1: Desenho da face de ditatorial de Fulgêncio Batista. Nesse sentido, foi um movimento Ernesto Guevara guerrilheiro que tomou como objetivo de luta demonstrar o descontentamento da população, diante da corrupção governamental, a falta de liberdade e a dependência em relação aos Estados Unidos e a intenção de instalar um governo revolucionário que acabasse com tais injustiças. Já a segunda interpretação percebe a revolução de 1959 como uma continuidade das lutas de independências iniciadas na segunda metade do século 19, e pode ser definida efetivamente como uma revolução, haja vista que houve um processo radical de ruptura política e social, que fez de Cuba o primeiro país socialista da América Latina e do mundo ocidental. Vejamos alguns antecedentes desse processo que se efetivou em 1959. No governo do ditador General Gerardo Machado (1925-1933), as ações da população, as greves e o crescimento dos grupos de esquerda preocuparam os EUA, que decidiram intervir em Cuba para barrar tais agitações e encaminhamentos ideológicos. Machado foi destituído e assumiu o ditador Fulgêncio Batista, um oficial nomeado chefe das Forças Armadas cubanas. Mas a população não se calou diante da ditadura de Batista. O movimento popular de resistência à ditadura e à intervenção norte-americana foi guiado por três líderes guerrilheiros, que almejavam derrubar o governo de Fulgêncio Batista: Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto Guevara (conhecido como Che Guevara). A luta armada ocorreu entre 1953 e 1959, iniciada com um pequeno grupo de guerrilheiros (Exército Rebelde) ocultado na selva de Sierra Maestra. Com a ajuda da população cubana, sobretudo dos camponeses, os revolucionários conseguiram várias vitórias contra as tropas do governo de Fulgêncio Batista. Figura 2: Raúl Castro (à esquerda), com Che Guevara, na fortaleza da Serra de Montanha de Cristal, Cuba, 1958. Batista renunciou em 31 de dezembro de 1958 e, a partir de então, Cuba entrou num momento de reorganização do Estado. Várias propostas estavam em voga, e nada havia sido definido, nem o sistema político que Cuba iria adotar. Em 1959, foi aprovada a lei que ajustava a reforma agrária, afetando o patrimônio da elite cubana e norte-americana. Após a promulgação da lei, como medida de protesto, os Estados Unidos pararam de importar o açúcar de Cuba, produto que sustentava a economia do país. Após tal boicote dos EUA, a União Soviética ofereceu mercado ao açúcar cubano. Não aceitando a ajuda soviética na economia cubana, os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com Cuba e invadiram a Baía dos Porcos, com o objetivo de derrubar o governo de Fidel Castro. Os EUA alegavam que Cuba estava planejando um ataque aos norte-americanos junto com a União Soviética. A invasão foi um fracasso, devido à resistência da população e dos guerrilheiros. Tal fracasso consolidou a Revolução Cubana e o prestígio de Fidel Castro como governante. Aliada à URSS, Cuba declarou-se socialista, tornando-se o primeiro país da América Latina a adotar tal sistema. A Revolução Cubana marcou a história dos movimentos revolucionários na América Latina, tornando-se o grande emblema do socialismo ocidental e da luta popular. Nem mesmo a Revolução Russa obteve a mesma repercussão que a vitória de Fidel Castro e seus companheiros tiveram na América Latina. Mas toda essa repercussão redundou em diferentes interpretações acerca da organização política, dos serviços educacionais, de saúde e moradia de Cuba. Enquanto alguns países e grupos viam em Cuba a esperança da reforma social na América, outros viam o país como uma ameaça ao sistema capitalista e à democracia neoliberal. Divergências que se estendem até o século 21. Ernesto Guevara, o “Che”, tornou-se o símbolo da Revolução Cubana e do socialismo na América Latina e em outros lugares do mundo. Sua face está presente em camisas, muros e objetos utilizados por muitas pessoas ao redor do mundo, sobretudo na América Latina. Muitos filmes e documentários foram lançados sobre a vida do revolucionário argentino, sendo a maioria deles produzidos no século 21. Por que a figura de Ernesto Guevara, bem como a sua vida e participação na Revolução Cubana, se tornaram objeto de artefatos culturais e cinematográficos? O que o “Che” representa para a América Latina, no século 21? Como o cinema o percebe e o representa? A fim de discutir e analisar tais questões, que tal assistir a um dos filmes contemporâneos sobre Che Guevara? Acesse ao filme denominado “Che – o argentino”, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=jLtRiHw1ViU. Referências AYERBE, Luís Fernando. A Revolução Cubana. São Paulo: Editora da UNESP, 2004. SADER, Emir. Revolução Cubana. Uma revolução na América Latina. Disponível em: <http://revolucoes.org.br/v1/sites/default/files/revolucao_cubana_0.pdf> ______. A Revolução Cubana. São Paulo: Moderna, 1985. Figura 1: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Che_Guevara.svg Figura 2: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Raulche2.jpg