Teoria Fundamental e Aspectos Elementares da música

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Teoria Fundamental e Aspectos
Elementares da música
Vinicius Silva
“Tende sempre o artista a consumir-se na exteriorização de
si mesmo. Toda a sua missão, toda a sua obra, ele
transforma na confissão de seu íntimo, e assim está
sempre a vagar a esmo, dentro do círculo mágico de suas
próprias vivências pessoais, pois, na verdade, é o artista
um ser humano que precisa levar ao extremo o sentido de
sua obra, pois para ele toda a sua autojustificação,
descloca-se da vida para a obra em si.”
(Hermann Hesse)
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A música é arte por excelência, através dela podemos expressar os sentimentos
mais inefáveis de nossa alma, e com ela podemos experimentar as mais variadas
sensações. É pois, a música, um objeto de estudo por muitos e muitos anos, mas
acima de tudo, um consolo ao ser humano, uma espécie de auxílio quando as palavras
não conseguem exprimir os sentimentos e as ideias.
Para que compreendamos a música em si, é necessário, antes, que falemos um
pouco do seu principal componente: o som.
O som.
O som é gerado através de vibrações em meios como, o ar , a água, o fogo, a
madeira, etc. Dessas vibrações surgem as ondas sonoras, que se propagam e fazem
com que o som se espalhe pelo espaço. No caso da música, obviamente, trataremos
de um único meio onde o som se propaga, o ar.
O som possui quatro propriedades fundamentais:
-Altura: é o que caracteriza o som como grave ou agudo. Na música utilizamos
das notas musicais para representar as alturas do som.
-Duração: Nenhuma nota, em qualquer música, será tocada pra sempre... isso é
totalmente impratícavel. Para isso existe a propriedade do som chamada duração. A
duração define quanto tempo o som durará desde o seu início.
-Timbre: Porque você diferencia facilmente o som de um violino do som de um
teclado? Já parou pra pensar nisso? Cada som tem uma característica especial, uma
“cor” , que o diferencia dos outros sons. Essa propriedade do som é chamada de
timbre.
-Intensidade: É o que caracteriza o volume do som, se ele é mais fraco (alguém
cochichando, por exemplo) , ou mais forte (alguém gritando).
Com algumas noções de como funciona o som, podemos agora adentrar no estudo da
música propriamente dita.
A Música.
A música e a arte do som. É tudo o que é produzido de som que expressa uma
ideia ou sentimento, a músicase vale do som para “dizer” algo, como uma língua de
um povo, por exemplo, mas com algumas diferenças.
Talvez, mais importante do que sabermos o que é a música, precisamos saber o
que ela não é:
-Não é uma linguagem normal: Não se fala música, a gente faz música. A
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música não é como as línguas comuns, em termos de significados., ela é uma
linguagem peculiar.
-Não é ruído: Embora o ruído possa fazer parte de uma produção musical, o
termo ruído está associado a desordem. Veremos, posteriormente, que isso não
corresponde à música e as suas divisões elementares.
-Não é totalizante: Uma música pode não ter o mesmo sentido para todos que a
ouvem. A interpretação de uma obra musical é subjetiva, depende das experiências
vivídas pelo ouvinte e por suas emoções particulares.
-Não é sua representação gráfica: Partitura não é música! A partitura vai se
transformar em música através do intérprete , do músico. Deve-se sempre distinguir a
notação musical da música em si, para que não haja desordens estéticas.
A música se divide em três partes fundamentais:
-Melodia: é a combinação de sons sucessivos. É por ela que podemos distinguir, por
exemplo, a música parabéns pra você da música asa branca, justamente porque elas
tem melodias diferentes, e isso é bem aparente. A melodia é o que comunica, é a voz
ativa da música, a porta-voz da obra musical.
-Harmonia: é a combinação de sons simultaneos (acordes). A harmonia é responsável
por sustentar a música, assim como os pilares de uma construção. Todo o campo
harmônico acomoda a melodia, que desliza por ele, e nele se desenha.
-Ritmo: é a combinação de valores sucessivos na música, de igual DURAÇÃO. Um
dos principais agentes responsáveis por colocar o ritmo na música são os
instrumentos de percussão, mas não são os únicos. Em música , tudo o que cria
cadências , que faz a música “caminhar”, ou “correr” é ritmo, ou pelo menos parte
dele.
Agora que já conhecemos um pouco sobre o que é a música, podemos conhecer
um pouco mais sobre os gêneros musicais.
Gêneros Musicais.
Um gênero musical é um agrupamento de determinadas musicas por estilo e
forma. Cada gênero musical define um conceito, que é a sua ideia, e um modo de
composição, que determina coisas como a duração geral da música e suas partes, ou
movimentos. Existem quatro gêneros músicais conhecidos:
-Música Sacra: Foi o primeiro gênero musical, dele se originaram os outros
gêneros e formas de música, nele se começou a criar a teoria e a notação musical. O
gênero sacro teve origem em uma música denominada cantochão, utilizada nas
liturgias católicas. O cantochão dava às músicas uma serenidade sublime, era cantado
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à capella, através de longos vocalizes, que remetem uma paz interior que não se
conseguiu em nenhuma outra forma posterior de música. Com o desenvolvimento da
igreja católica, o canto sacro também se desenvolveu, e foi São Gregório quem fez
várias modificações nesse gênero, afim de desenvolver melhor as músicas, e para que
esse desenvolvimento acompanhasse o desenvolvimento da igreja. Foi daí que surgiu
a expressão Canto Gregoriano, o canto de São Gregório. Várias mudanças
continuaram sendo feitas nesse tipo de música, embora as características litúrgicas
sempre se mantessem rígidas, por isso as modificações sempre ficaram sujeitas às
condições litúrgicas. A Música Sacra continua sendo grande objeto de estudo de
vários téoricos e musicólogos.
-Música Erudita: Esse gênero veio após um desenvolvimento longo da teoria
musical, depois da criação da partitura como a conhecemos. A teoria musical, a
notação como a conhecemos, foi idealizada e principada por Philippe de Vitry (12911361) , ao qual é atribuído o título de “pai da notação moderna”. Com o grande
desenvolvimento da música e da teoria musical, esta começou a ser considerada como
arte, e aos poucos, não era ligada necessariamente à igreja. Essa fase marcou o
surgimento da música erudita, que perdura até os dias de hoje, e que desperta
interesse de várias pessoas. Possui um repertório amplo, cheio de peculiaridades,
melodias belíssimas, a através da música erudita, a música, em geral, se desenvolveu
de uma maneira jamais vista. É uma música de formas amplas, algumas sinfonias
chegam a ter mais de trinta minutos de duração. Entre seus maiores nomes destacamse: Johann Sebastian Bach, Antonio Vivaldi, Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwing
Van Beethoven, Fredérick Chopin, Franz Peter Schubert, entre outros.
-Música Popular: Com o desenvolvimento da música erudita, esta foi
modificando as suas formas, e começando a perder características fundamentais do
gênero. Foi daí que surgiu a música popular. A música popular se iniciou
fundamentalmente com o jazz, com os improvisos de instrumentos de sopro, com o
desenvolvimento do ritmo e dos instrumentos de percussão. A partir do jazz foram
surgindo outras formas , ate chegarmos a grande variedade de estilos que vemos hoje.
A música popular possui o que se chama de duração comercial, que nada mais é que
um encurtamento das longas durações da música erudita. A maioria das canções
possui, em média , três minutos, mas esse valor pode variar, e com certeza, varia.
-Música Folclórica: Esta música tem sua origem incerta, ela se desenvolveu
com o tempo, através das manifestações de cada grupo em particular. Possui formas
diferentes em cada povo que a produz. Realmente, é o gênero mais difícil de se
encontrar generalidades, mas basicamente, a música folclórica lida muito fielmente
com a cultura.
Evidentemente, não se foi abordado tudo sobre os gêneros, em termos de
história. O que foi aqui apresentado é um rápido conceito sobre os gêneros e as
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formas que os compõem, para que assim possamos compreender melhor, e ter uma
visão crítica mais ampla da música, para que possamos definitivamente pensar sobre
a música, refletir obre os aspectos elementares que a constitue, e assim, possamos nos
tornar mais aptos a praticar esta arte que é tão ampla e tão rica em peculiaridades.
A Estética na música.
A estética é a área da filosofia que estuda as concepções de forma e beleza, e a
maneira como o ser humano enxerga,ouve e perceb o meio em que
vive.Evidentemente, e inevitavelmente, tal área é usada nos estudos da música, pois é
de grande interesse de todo musico ou musicólogo compreender como as formas
sonoras agem no ser humano, como um discurso melódico influencia na vida de
quem o ouve, como melodia e expressão se relacionam.Enfim, abordar os aspectos
mais relevantes quando se diz respeito às várias formas e “figuras” que podem ser
formadas no âmbito musical.
É evidente que este não é um tratado de estética musical e nem o quer ser,
portanto irei abordar de forma resumida os aspectos mais importantes da estética
musical.
A estética aplicada à música enxerga cada obra musical como um discurso,
como um texto escrito, formado por frases, parágrafos e palavras.Por essa razão é tão
comum entre musicos se ouvir a palavra frase quando se refere a uma melodia, a uma
ideia musical.A parte da música que estuda as frases e seus submúltiplos e
denominada FRASEOLOGIA MUSICAL, e estabelece bem claramente a relação
entre uma obra musical e uma obra literária.Inúmeras são, pois, as semelhanças entre
música e literatura.Porém vale ressaltar que esta não é a única arte que é usada para
compreender a estética na música.
Goethe dizia que arquitetura é música petrificada, e com razão.Tecnicamente, a
arquitetura é a arte que mais se aproxima da música, devido aos seus métodos de
estruturação, sustentação, planejamento de espaços,etc.Assim como na arquitetura se
visa utilizar um espaço da melhor maneira possível, na música se visa utilizar o
espaço sonoro, formado por intervalos, acordes e melodias, da melhor maneira
possível.Música e arquitetura são praticamente vizinhos no território das artes.É
tarefa de ambas possibilitar conforto ao ser humano nos seus espaços específicos.
Mas a estética musical não se resume apenas a relacionar a música com várias
artes de acordo com pontos em comum, e sim a compreender o que cada técnica de
composição e de execução trazem de novo e de agradavel ao ser humano. Por isso
outras palavras chaves surgem no âmbito da estética, como o ARRANJO MUSICAL,
INSTRUMENTAÇÃO,ORQUESTRAÇÃO,ADAPTAÇÃO,ESTRUTURAÇÃO,etc.
Como nossa intenção não é me alongar em determinado assunto, mas resumir os
aspectos mais elementares da música, sugiro um aprofundamento nos estudos sobre
estética musical, pois esta área é de extrema importância aos que desejam
compreender os processos criativos na música.A estética nos possibilita estudar desde
detalhes minuciosos dentro de uma obra musical, até grandes períodos da história da
música. Ela estuda detalhes em obras, mas também estuda as formas mais básicas de
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obras grandiosas, relacionando-as com outras obras.Estudar estética significa estudar
os efeitos da arte nas diferentes culturas e em diferentes épocas.Por fim, me cabe
dizer que o estudo da estética é o que integra a música à todas as outras artes,
colocando-as frente a frente e observando seu ponto comum: a busca pelo prazer e
divertimento humano.
História da Música.
Pessoas tem história, culturas tem história, países,
línguas, ciências, tudo tem uma história, uma linha de
desenvolvimento e de acontecimentos que explicam suas
participações na sociedade.A história da música não é
diferente.Ligada intimamente à história da arte, a história
da música estuda todo o processo de desenvolvimento
estético e técnico da música ao longo dos anos, e as
relações entre os estilos musicais e os fatos históricos das
épocas específicas.Mas esta área de estudo da história tem
um estudo particular, específico, dividido em períodos de
acordo com o estilo de composição de cada época.Vamos
agora estudar os principais períodos da história da música,
em uma divisão elementar e fundamental, mas ainda sim rica em informações.
ANTIGUIDADE:É o período que começa com as primeiras catalogações
históricas do uso da música, que é o seu uso litúrgico.Esse período é marcado por um
desenvolvimento ainda grosseiro da técnica musical e de um uso quase constante da
voz nas obras.
IDADE MÉDIA:Este período se inicia, aproximadamente, no século V .A
igreja católica monopoliza a música no início desse período,até o surgimento do
trovadorismo no fim do período.
RENASCENÇA:Se inicia no século XV, ao fim da Idade Média, e dura até o
século XVI, tempo relativamente curto.Sua principal marca é o uso do alaúde,
instrumento de cordas, que inicia as primeiras marcas do desenvolvimento harmônico
na música.
BARROCO:Este período brilhante na história da música se iniciou no século
XVI, no auge dos movimentos do absolutismo e da contrarreforma.Foi o início de
estudos avançados em harmonia, do uso de instrumentos como o cravo, a flauta, e as
violas da gamba e de braccio na musica. As melodias simples e as formas amplas
levam alguns estudiosos a chamar esse período de “urbanização da música”, não se
referindo a um estilo musical urbano, mas a uma mudança na estilística das
obras.Elas não possuem detalhes, como a arquitetura possui, mas sim formas amplas
e observações espaciais mais generalizadas, como na urbanização.Largamente
desenvolvido nas igrejas protestantes, este estilo tem nos canticos religiosos e nas
pequenas histórias suas características principais.
CLASSICISMO:Este período se inicia no meio do século XVIII e vai até o
inicio do século XIX.Se caracteriza, sem sobra de dúvidas, por clareza e simetria
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formal impecáveis.Perfeccionismo é a melhor palavra que descreve este período.As
formas eram matemáticas, bem harmonizadas, e as melodias eram perfeitamente
encaixadas na obra musical.Neste período florescem formas como a sonata, a sinfonia
e o concerto, sempre repletas de tratados e de formulas específicas.A orquestra foi
amplamente desenvolvida neste período.
ROMANTISMO:Este período se inicia ao fim do classicismo, no século XIX,
e se estende até início do século XX.Ludwing Van Beethoven foi quem transpôs as
barreiras e as formas rigidas do classicismo e trouxe este período.As formas passaram
a ser livres, a instrumentação passou a ser variada.Enfim, a liberdade formal tomou
conta do território musical.O desenvolvimento das obras para piano se desnvolveu de
forma notória neste período, principalmente através das obras de Frederick Chopin,
compositor polonês, que dedicou sua vida a compor verdadeiras preciosidades ao
piano.
MODERNISMO:É o período correspondente ao século XX,
aoproximadamente.Neste período a música toma rumos mais arrojados, como o
improviso, as musicas da salon, e o impressionismo.As vanguardas europeias
passaram a influir no estilo de compor, e as músicas passaram a ganhar ares
“tecnológicos”.
PERÍODO CONTEMPORÂNEO:Se iniciou no fim do século XX, e se estende
até os dias de hoje.Sua principal marca é o minimalismo, a atração pelos detalhes,
pelos sons e timbres diversos, pelo uso de recursos estéticos e pela aplicação de
intrumentos incomuns em orquestras.Este período, por fazer parte dos nossos dias,
ainda se desenvolve largamente.
Historiadores e musicólogos travam longas discussões acerca do inicio e do
fim exato de cada período, e na verdade sempre o farão, por um único motivo: a
história é mudada não por um registro ou por um documento, mas é mudada pelo ser
humano, e pela sua convivência na sociedade.Cada movimento aqui apresentado foi
sendo gradualmente modificado em estilo até se transformar em outro período.A
história é viva, pois é feita por seres humanos.O modo como a música se desenvolveu
e seu estudo é de extrema importância para futuros músicos e musicólogos, pois nos
faz entender que por trás de cada instrumento, de cada nota, de cada partitura, há uma
história que foi vivida , e por isso deve ser respeitada, e acima de tudo, reaproveitada,
não como uma releitura do passado, mas como uma forma de se construir o futuro, se
utilizando dos mesmos moldes e das técnicas.Não se pode fazer história sem antes
estudá-la .
Notação Musical.
A notação musical é o que nos permite descrever uma música da forma mais
precisa possível, colocando, de forma gráfica, tudo o que determinada música possui,
em particular. O principal elemento da notação musical são as notas musicais, que
determinam a ALTURA do som, são elas:
[ # - Sustenido (aumenta meio tom da nota original)
b – Bemol (Diminui Meio tom da nota original)]
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-Ascendendo (Subindo) : Do Do# Ré Ré# Mi Fa Fa# Sol Sol# La La# Si Do
-Descendendo (Descendo) : Dó Si Sib La Lab Sol Solb Fa Mi Mib Ré Réb Do
Se analisarmos cuidadosamente as notas, veremos que cada sustenido corresponde a
um bemol, e vice-versa. Dizemos que essas são notas enarmônicas, ou seja, iguais,
por exemplo, Do# e Réb.
Podemos também representar as notas musicais por letras, chamadas cifras:
C – do; D – ré; E – mi; F – fa; G – sol; A – la; B – si; Esse tipo de escrita é
geralmente usado para representar os acordes, portanto, não se costuma usá-lo para
representar notas em particular.
Outra notação, utilizada somente em instrumentos de cordas dedilhadas, é a
tabblatura. A tablatura possui linhas na mesma quantidade que as cordas do
instrumento notado, e nela se colocam números, que representam as casas do
instrumento. Na tablatura, assim como na partitura, que veremos a seguir, as notas
colocas uma após a outra são tocadas separadamente, e as colocadas uma em cima da
outra são tocadas simultaneamente.
Acima está uma tablatura, com cifras em cima, indicando os acordes. Embora seja
simples de se entender e muito prática, a tablatura não costuma ser muito utilizada em
música. A partitura é o principal meio em que se escreve música, e por isso, é
largamente desenvolvida.
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Uma partitura se constitui de uma pauta musical, com linhas e espaços, nos
quais são escritos as notas.
Perceba o sinal no início da pauta: é a clave. A clave nos indica como as notas
estão dispostas na pauta. A clave de sol indica que a nota sol estará na segunda linha
da pauta, e a partir daí, se obtem as outras notas musicais.
Além da clave de sol, existe também a clave de fá e a clave de dó. A clave de
fá nos indica a localização da nota fá:
Aonde se encontrarem os dois pontos da clave de fá, é a linha em que se
encontrará a nota fá. Nesse caso,a nota fá está na quarta linha da pauta, o que indica,
por exemplo, que no espaço acima dela, estará a nota sol, e na próxima linha a nota
lá, e assim por diante. A clave de dó nos indica a localização da nota dó na pauta:
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Aonde as duas voltas do desenho, a de cima e a de baixo , se
encontrarem, é aonde estará a nota dó. Nesse caso, a nota dó está na terceira linha da
pauta, e a partir daí podemos localizar as outras notas.
Os instrumentos de som agudo utilizam a clave de sol para tocar suas melodias,
os instrumentos de som médio utilizam a clave de dó, e os instrumentos de som grave
utilizam a clave de fá.
Para determinarmos a DURAÇÃO das notas, utilizamos as chamadas figuras
musicais.
As figuras musicais nos indicam quanto tempo a nota dura em um compasso. O
compasso nada mais é do que um conjunto de tempos. Existem figuras que indicam
notas e figuras que indicam pausas, ou seja, silêncios.
Esta tabela mostra as figuras musicais e seus valores relativos. As figuras da
terceira coluna são as que indicam as notas, e as da quarta coluna são as que indicam
as pausas.
Utilizando as figuras, juntamente com o compasso, pode se determinar a
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DURAÇÃO das notas.
O compasso musical é representado por dois números, como se fosse uma
fração.
O número de cima indica quantos tempos o compasso possui, no caso, três. O
número de baixo indica que figura musical representa um tempo, nesse caso,
consultando a tabela, vê-se que é a semínima. Como a semínima representa um
tempo, nesse compasso, significa que a colcheia representa meio tempo, e a minima
representa dois tempos, e assim por diante.
Essa imagem estabelece uma relação entre as figuras musicais, muito útil para
se determinar os tempos das notas. Vejamos um outro exemplo de compasso musical:
Ao analisarmos, vemos que o compasso em questão possui seis tempos, e a
figura que vale um tempo é a colcheia (oito). Dessa forma, a semicolcheia irá valer
meio tempo, a semínima irá valer dois tempos, e assim por diante.
Esta é uma visão geral sobre a notação musical, e obviamente, não é uma
visão completa. A compreensão de uma partitura musical requer muito estudo e
prática.
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Iremos agora conhecer um pouco mais sobre os instrumentos musicais e as
vozes.
Os Instrumentos e as Vozes.
Os instrumentos musicais são muitos, dos mais variados, mas podemos
classifica-los de acordo com algumas características. Veremos primeiro a clasificação
etimológica dos instrumentos, de acordo com seus aspectos básicos:
-Autófonos: O som é produzido pelo próprio instrumento.
-Membranofones: O som é produzido por uma membrana acoplada no
instrumento.
-Aerófonos: O som é produzido quando se aplica ar sobre o instrumento.
-Cordofones: O som é produzido pela vibração das cordas do instrumento.
Essa classificação e'pouco utilizada por músicos, se restringe a musicólogos e
a pesquisadores. Veremos agora, a classificação dos instrumentos por famílias, e os
instrumentos que fazem parte de cada família.
-Instrumentos de sopro madeira.
Flauta Transversal, Flautim ou Piccolo , Flauta Doce, Oboé, Corno Inglês ou
French Horn, Clarinete ou Clarineta, Saxofone (fig.) , Fagote e Contrafagote.
-Instrumentos de sopro – família dos metais.
Trompa, Trompete (fig.) , Corneta, Flicórnios, Trombones e Tubas.
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-Instrumentos de Cordas Friccionadas.
Violino (fig.) , Viola, Violoncelo, Contrabaixo e Rabeca.
-Instrumentos de cordas Dedilhadas.
Bandolim,
Violão (fig.) , Guitarra, Harpa, Viola Caipira, Banjo, Cavaquinho, Baixo e Craviola.
-Instrumentos de percussão.
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Som determinado (possuem notas determinadas): Tímpanos, Xilofone, Celesta,
Glockenspiel e Sinos Tubulares.
Som indeterminado (não possuem notas determinadas): Bombo, Pratos, TamTam, Tambores (fig.) ,Triângulo, etc.
-Instrumentos de teclado e cordas:
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Cravo e Piano (fig.)
-Instrumentos de teclado e sopro
Orgão (fig.) e Sanfona.
Assim como os instrumentos, as vozes também possuem classificações. Elas
são classificadas de acordo com suas estensões, com as ALTURAS que elas atingem
tanto no grave como no agudo.
Vozes Femininas:
-Soprano: é a voz de extensão mais aguda.
-Mezzo-Soprano: é a voz de extensão média
-Contralto: é a voz de extensão mais grave do naipe feminino.
Vozes Masculinas:
-Tenor: é a voz mais aguda do naipe masculino.
-Barítono: é a voz masculina de extensão média.
-Baixo: é a voz mais grave de todas.
Uma criança sempre possui voz de soprano, independente de ser menino ou
menina, só após a puberdade é que as vozes vão se distinguindo através dos naipes.
Também é óbvio que a voz depende de vários fatores, dentre eles, a genética, portanto
, certas mutações podem gerar vozes que alcançam estensões muito grandes, que
ultrapassam os limites dos naipes. Essas vozes são chamadas de vozes absolutas.
Agora que já conhecemos os instrumentos e a classificação das vozes,
passaremos ao último assunto a ser tratado, que fala sobre o regente e seu papel nos
grandes grupos.
O regente.
O Regente é, sem dúvida, uma das mais importante figuras na música, seu
papel de direção, de condução e de liderança fazem dele uma pessoa indispensável no
cenário músical. Antigamente, os pequenos grupos não se utilizavam de regentes, o
solista principal da peça somente entreolhava os outros músicos e a música seguia.
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Com o aumento do número de integrantes nos grupos, nas orquestras, se fez
necessária a presença de alguém que dirigisse a peça, que , além de cadenciar o ritmo,
de marcar o tempo e o compasso, desse a obra uma expressão particular, e uma
interpretação individual, já que não se podia fazer com que cada um interpretasse a
peça a seu modo, o que causaria um caos total. Necessitava-se , também de alguém
que destacasse as dinâmicas, ou seja, a INTENSIDADE do som nos diferentes
momentos da peça musical, alguém que pudesse dar entradas aos instrumentos em e
faze-los parar em determinado momento, e principalmente, ajudar os integrantes,
caso algum deles errasse durante a execução da obra. Dessa necessidade surgiu o
regente, com todas essas funções destacadas, e muitas outras, dependendo do tipo de
grupo musical.
Inicialmente, o regente batia nochão com um bastão de madeira, para marcar
os tempos. Mas, conforme foi se desenvolvendo a música, percebeu-se que esse ruído
era incomodo e distraía os ouvintes da parte principal da peça. Foi aí que surgiu a
batuta, uma vareta fina, usada como referencia para marcar o tempo e o compasso. A
batuta concentra a antenção dos integrantes num único ponto, além de ser muito mais
discreta que o bastão de madeira, usado anteriormente.
É necessário que saibamos fazer uma boa interpretação dos sinais feitos pelo
regente, e que sejamos capazes de aplicá-los à música.Evidentemente, um regente é
treinado e qualificado para se fazer entender, para que sua linguagem seja a mais
clara e objetiva possível, mas é necessário que o músico esteja aberto a uma
interpretação ampla dos sinais expressivos do regente da peça musical.Cada regente
tem seu modo particular de conduzir o grupo musical, seu estilo próprio, mas
existem alguns sinais e gestos que são mais ou menos comuns a todos os regentes,
como os gestos da mão direita, que sinaliza os tempos dos compassos.É necessário
saber também que o regente tem liberdade sobre a obra, sobre sua unidade
interpretativa, portanto é o regente quem deve induzir todo o grupo para que se
aproximem o máximo possível da sua própria visão da obra musical.O regente deve
estudar a fundo a peça antes de ensaiá-la com o grupo e de apresentá-la.Por isso um
bom regente está em constante e inevitável processo de aprendizado.Vejamos agora
alguns sinais comuns dos regentes.
-Os tempos dos compassos:
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Esta figura mostra os gestos do regente em dois tipos de compassos, o ternário
(¾), e o quaternário (4/4). Existem outros tipos de gestos para outros tipos de
compassos, mas estes são os mais usados, e os mais necessários de serem aprendidos.
Outra coisa a se ressaltar: No início da música, quando o regente ergue os
braços, os instrumentos devem estar posicionados. Logo após o regente erguer o
braço, o próximo gesto a ser feito por ele é o levare. O levare, é a introdução ao
primeiro compasso da música. Geralmente o levare dura um ou dois tempos, depois
disso, a música começa. Quando se chega ao final da peça musical, o regente faz o
último gesto, denominado corte. O corte marca o final da peça, no exato momento do
corte todo o som deve ser cessado, mas os instrumentos só podem sair de posição
quando o regente abaixa o braço.
Os gestos do regente podem ser classificados como ativo, passivo e súbitoativo.
-Gesto ativo: É o gesto marcado, decisivo, forte, que marca as partes fortes da
música.
-Gesto Passivo: É o gesto suave, indeciso, calmo, que marca as partes leves da
música.
-Súbito-Ativo: O regente começa o tempo com o gesto passivo, e na segunda
metade do tempo, o gesto se torna ativo, fazendo com que a música ganhe um rítmo
marcado no contratempo, ou seja, na segunda metade dos tempos.
Outro gesto muito importante do regente é a fermata e a suspensão. A fermata é
um sinal em forma de coroa colocado sobre a nota, que indica que a mesma pode ser
tocada a vontade, em termos de DURAÇÃO, ou seja, por quanto tempo quiser. No
caso, a fermata é aplicada à vontade do regente, não à vontade de cada músico. O
regente inicia e corta a nota com fermata. A suspensão é exatamente a mesma coisa,
mas em vez de ser aplicada às notas, é aplicada às pausas, ou seja, as pausas podem
durar quanto tempo o regente desejar.
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A fermata:
A suspensão:
O regente também é responsável por dar as eventuais entradas dos
instrumentos. As entradas nada mais são do que o reinicio de algum instrumento,
depois de determinados tempos ou compassos sem tocar. Cabe ao regente, indicar
essas entradas, e o inicio das grandes pausas, chamadas de esperas.
Uma boa interpretação do regente é fundamental para qualquer musico, de
qualquer gênero, e o conhecimento dos seus gestos sempre é necessário.Ele é o
diretor da execução musical, é quem acompanhará o grupo desde os ensaios até a
apresentação, por isso é necessário manter com o regente um bom convívio,
preservando sempre o respeito ao mesmo, pois ele é uma autoridade no meio
musical.Todo e qualquer maestro é respeitado no meio musical, pois são eles que
cuidam e zelam pelo patrimônio musical de cada cultura.
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Considerações Finais.
Para que se compreenda a música e suas peculiaridades, é
sempre necessário muito estudo e dedicação. Foram
apresentados aqui, os aspectos mais fundamentais para qualquer
pessoa que se interesse por música. Com esses conhecimentos, é
possível iniciar uma carreira musical, ou mesmo aprender a
música sem nenhum compromisso profissional. A expressão na
música requer sentimento, muito mais do que teoria, mas a
teoria é sempre uma ferramente necessária para que consigamos
nos expressar através da música. A música possui em si várias
areás de estudo, e várias profissões: Músico, Compositor,
Arranjador, Músicólogo, Produtor, etc.
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Um bom músico, um bom artista, acima de tudo, deve ser um bom Ser
Humano, e trazer toda a sua vivência, todo o seu interior, para a obra musical, para
que assim se realize o processo criativo da música. Muito importante, também, é que
se faça perguntas: sobre todos os aspectos da música, sobre tudo o que existe ou
existiu na música. Um espírito questionador conseguirá sempre aproveitar ao máximo
a música e suas divisões.
Um dos manuscritos de Johann Sebastian Bach.
Anexos.
Deixo, ao fim desta publicação, alguns pequenos textos escritos por mim, que
utilizo em sala de aula.Espero que sejam de grande proveito a todos os estudantes de
música.
O Violão na música erudita.
As origens do violão são incertas, mas é fácil lembrar de seus antecessores.O
monocórdio, instrumento que, como o próprio nome diz, possuía apenas uma corda,
foi certamente o primeiro instrumento de cordas e a inspiração para a concepção não
só do violão,mas de toda a família dos instrumentos de cordas.Nele se iniciaram os
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estudos teóricos sobre o som se propagando em uma corda, dos quais Pitágoras é,
sem dúvida, o maior colaborador.
Após longos estudos sobre o monocórdio, esse foi dando origem a outros
instrumentos como a cítara, na antiguidade e o alaúde, na Idade Média.O alaúde
chega a ter forma muito parecida com o violão, e sonoridade muito próxima a dos
violões de corda de aço.Não são raros os casos em que obras escritas para o alaúde
são tocadas ao violão.
A literatura do violão.
A literatura do violão é bastante reduzida no campo da música erudita.É um
instrumento que aparece por vezes em concertos,atuando como solista.Dentre os
principais compositores que incluiram o violão nas suas obras, destacam-se: Villa
Lobos,Carruli,Carcassi,Paganini,Browner,dentre outros.
O som do violão na orquestra soa como um misto entre o cravo e a harpa.É
responsável por cadências rítmico-harmônicas,por constantes degraus musicais.O
discurso musical flui no violão.Seus sons claramente destacados criam na obra
musical a sensação de organização do discurso, além de trazer clareza
fraseológica.Sua ampla extensão faz com que ele seja extremamente útil, tanto em
acompanhamentos,pilares harmônicos e estruturas acordais quanto em desenhos
horizontais, em melodias e em contrapontos.Na verdade, em muitos casos, o violão
sustenta a obra musical sozinha, com acompanhamento e solo, harmonia e
melodia.Muito rica é a obra erudita para violão solo, que soa com muita clareza e
mantém sua independência, como em um piano ou em um cravo, sem necessitar de
acompanhamento.
O violão sempre foi alvo de grandes estudos no meio musical, suas amplas
possibilidades sonoras fizeram dele um instrumento muito singular no campo
musical.
A Música e a Notação Musical.
A notação musical agiliza a vida do músico e do estudante.Ela ajuda na
representação da obra musical e na sua posterior execução.Porém, é necessário
diferenciar a música da notação musical.
A notação musical se inicia a partir do momento em que a música começa a ser
representada graficamente, independente do metodo de escrita.Toda necessidade de
MEMORIZAÇÃO e de TRANSCRIÇÃO da obra musical é colocada no sistema de
notação.A escrita nos permite executar a obra com mais precisão, com a
expressividade desejada pelo autor.
A música se inicia no momento em que se utiliza o som de maneira artística, de
maneira linguística.O som musical é o principal agente da obra, sua execução é o que
determina o que de fato é música.
Nesse estágio, observando as duas definições dadas, podemos afirmar
claramente que existe uma grande diferença entre música e notação musical.A
notação musical estabelece parâmetros para a execução musical, porém, a mesma só
existe quando existir a presença de som musical, ou seja:a notação musical é uma
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LINGUAGEM ESCRITA e a música é uma LINGUAGEM SONORA.
Estruturação Musical.
Toda obra musical possui uma estrutura, e passa por análises por parte do
intérprete, arranjador e do compositor.É necessário manter um certo equilíbrio
estrutural da obra.Assim como um edificio precisa se manter em pé, tambem uma
obra musical precisa se sustentar em sua poética e estilística.
As oitavas mais baixas são o alicerce da estruturação musical.Porém, seu
excesso causa demasiado peso na estrutura,o que é sonoramente desagradável.
As oitavas mais altas são as estruturas principais.Porém, seu excesso também
causa sensações desagradáveis musicalmente, causa sdencaçõpes de estridência, de
grito, de ruído.
É necessário um equilíbrio entre as diferentes oitavas musicais, além do
equilíbrio do plano tímbrico.
Alguns recursos nos permitem preencher oitavas vazias, tirar excesso de
intrumentos em uma oitava, valorizar a melodia como parte que é sustentada pela
harmonia, dentre outros recursos estético-musicais.
O Discurso Musical
O discurso musical é o que comunica a mensagem expressa através da
linguagem musical.Assim como no discurso falado, um discurso musical
claro,coeso,convincente e verossímel atrai a atenção do fruidor, do ouvinte.Ele pode
se desenvolver de várias formas:Visando um certo naturalismo sonoro, que torne
quase imperceptível as nuances da técnica musical, imposto pela sonoridade colocada
e com uma técnica instrumental claramente visível,um discurso
ornamental,harmônico,dissonante,dentre várias outras formas de organização das
obras musicais.
O discurso musical conta uma história,atravez de suas frases e incisos.Estudar
os diferentes discursos musicais nos faz perceber e distinguir a estilística, a poética e
a linguagem de cada autor.Cada compositor fala sobre assuntos diferentes,de formas
diferentes dentro da linguagem musical, mas o principal a se saber é que a obra
musical traz sempre, dentro de si, sua própria expressão e comunicação.
O gênero e a forma.
Toda obra musical possui uma FORMA específica, que é a sua estrutura
interna, a forma como ela pe organizada tematicamente.Da mesma forma, toda obra
musical pertence a um GÊNERO , que é o agrupamento de obras, que pode ser feito
tendo como base a ESTILÍSTICA e a POÉTICA, o tipo de local onde a obra
pretende ser executada,a temática básica da obra, dentre outros fatores.
Estudar os gêneros e formas musicais significa entender como cada música é
criada, o motivo pelo qual ela é criada e em que condições ela é criada.Esse estudo
permite conhecer a fundo todo o universo musical, todas as obras dentro dos seus
gêneros, conhecer todo o processo histórico que ocorre dentro do processo
musical,como funcionava a sociedade no período em que predominava cada gênero
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musical.
A Sintaxe Sonora.
A melodia tem, na música, caráter discursivo, ou seja,se assemelha a língua
falada, em todos os seus elementos morfo-sintáticos.Assim como uma oração falada
possui , em sua estrutura, sujeito, verbo e predicado, em uma melodia é possível
identificar elementos IDENTIFICADORES (Sujeito), elementos de AÇÃO (verbo) e
elementos QUALITATIVOS (predicado).Vale ressaltar que, em fraseologia musical, a
CÉLULA é o que corresponde a uma palavra na língua faklada ou escrita.Na língua,
uma mesma palavra ou expressão pode se repetir ao longo do discurso,criando um
aspecto de coesão,de verossimiliança.Em fraseologia isso também ocorre.A repetição
de uma célula dentro de uma obra musical faz a mesma se denominada MOTIVO.Em
outras palavras, quando uma célula aparece repetidas vezes na obra musical, ela passa
a ser denominada MOTIVO.
O discurso musical se estrutura dentro da forma como parte integrante e ,a o
mesmo tempo singular, pois ela,por si só,carrega uma temática pŕopria.
O Barroco e a “Urbanização Musical”.
O período Barrroco suscitou no meio musical várias inovações na linguagem,
tais como a polifonia, o contraponto, o uso constante da mesma figura rítmica e a
evolução gradual do plano tímbrico.Dentre o ramo da poética, as características são
constantes e visíveis:um estilo teocentrista,as vezes até ecumênico,buscando
comunicar sobre Deus com uma certa universalidade, a constante aristocracía, que o
timbre do cravo proporcionava de forma brilhante, o largo desenvolvimento do canto
coral em enredos religiosos, tais como a lendária Paixão Segundo São Mateu, de
Johann Sebastian Bach, o naturalismo, presente no fim do período, com o largo
desenvolvimento do discurso musical, e um constante formalismo de temas em
recolhida estrutura rítmica.
O Barroco e suas formas amplas é considerado por muitos como um difusor da
“Urbanização Musical”.Com a descoberta da polifonia e do contraponto, os
compositores primavam pela obra em si, num âmbito mais geral por isso se observa
nas obras barrocas uma amplo desenvolvimento da fachada musical e das formas
externas, enquanto a infra-estrutura da obra apenas acompanhava o discurso
musical.De fato,a grande preocupação era com a sustentação harmônica, com as
linhas de baixo e a polifonia, o que gera em toda obra barrocauma estrutura
plenamente reforçada.O campo harmônico barroco é simples, sem muitos acidentese
acordes dissonantes, com exposições de acordes perfeitos durante a obra.Todavia, não
se pode chamar de descaso à melodia essas características barrocas.Bach nos prova
isso com brilhantes discursos musicais de caráter reflexivo e épico-religioso.Pode-se
dizer que , no Barroco, por vezes, a melodia se via como consequência, e não como
causa da harmonia.A melodia, de certa forma, se auto-criava dentro das cadências
harmônicas, o que ampliou a poética naturalista-religiosa do período.Também não
são raras , principalmente em Bach, as obras onde se explora um mesmo tema em
diferentes graus da escala musical, como uma cadência deslizando pelo campo
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harmônico musical, o que, por vezes, soa como uma experiência musical, uma
descoberta, do recém-chegado campo da escala musical e da polifonia, fato que se
comprova no primeiro prelúdio do “Cravo Bem Temperado”, de Bach, que aliás, foi o
seio da escala musical moderna.
As Formas no Classiscismo.
No clascissismo, a busca pela perfeição formal cria formas metodológicas
rígidas, quase inquebráveis, onde até a tonalidade musical se via presa aos parâmetros
da forma.Dentre os exemplos de formas rígidas do clascissismo,podemos citar:
Concerto para solista e orquestra:
Allegro
Largo Allegro
Sonata/Sinfonia:
Introdução - Allegro - Minueto
- Largo/Andante - Allegro/Rondó/Dança
Forma-Minueto:
ABA, sendo o movimento B denominado trio.Muitas vezes, evitando-se a
retranscrição do tema A, se usa a expressão Da capo al fine.
Forma-Rondó:
ABACADAE... Sendo a letra A denominada refrão, estribilho ou tema, e as outras
partes chamadas de coplas.
Observa-se, porém, que apesar da rigidez formal,as formas se alteram
gradativamente, se preparando para o romantismo e a liberdade formal.
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