UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL EFEITO DA ADUBAÇÃO MINERAL NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA, TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL E FUNGITOXICIDADE IN VITRO DO CAPIM-CITRONELA PAULA TATIANA LOPES SEIXAS GURUPI - TO JANEIRO/2012 Trabalho realizado junto ao Mestrado em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins, sob orientação do Professor Dr. Henrique Guilhon de Castro, com apoio financeiro da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). BANCA EXAMINADORA _________________________________ Profº. Dr. Henrique Guilhon de Castro Universidade Federal do Tocantins (Orientador) _________________________________ Profº. Dr. Aloísio Freitas Chagas Júnior Universidade Federal do Tocantins (Avaliador) ________________________________ Profº. Dr. Ildon Rodrigues do Nascimento Universidade Federal do Tocantins (Avaliador) ________________________________ Drª. Dione Pereira Cardoso Universidade Federal do Tocantins (Avaliadora) UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL EFEITO DA ADUBAÇÃO MINERAL NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA, TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL E FUNGITOXICIDADE IN VITRO DO CAPIM-CITRONELA PAULA TATIANA LOPES SEIXAS Dissertação apresentada ao Mestrado em Produção Vegetal . da Universidade Federal do Tocantins, em janeiro de 2012, como parte das exigências para a obtenção do titulo de Mestre em Produção Vegetal. Gurupi – TO Janeiro/2012 DEDICATÓRIA Á DEUS, por iluminar todos os dias os meus passos nesta trajetória terrestre; Ao meu amado pai, Domingos Lopes Silva in memoriam; Ao meu esposo Edielson Marques da Silva, pelo apoio incondicional; À minha irmã de coração Eliane Araújo Miranda, pela amizade sincera; E a minha família em geral, que de alguma forma contribuíram para o meu desempenho profissional. AGRADECIMENTOS Á Deus, pela força nos momentos difíceis; À Universidade Federal do Tocantins pelo engrandecimento intelectual e profissional. Ao meu orientador Professor Dr. Henrique Guilhon de Castro pela paciência e orientação. Ao professor Gil Rodrigues dos Santos, pelo ensinamento e amizade, disponibilizando o Laboratório de Fitopatologia para realização dos experimentos. Ao professor Raimundo Wagner de Souza Aguiar, pela amizade e confiança em utilizar os equipamentos na realização dos experimentos. Aos colegas de Laboratório de Fitopatologia, Dalmárcia, Evelynne, Rúbia, Dione, Anielli, Francismar e Suetônio pela paciência e companherismo. Á todos os professores do Programa Mestrado em Produção Vegetal pelos ensinamentos. Aos colegas da V turma do Mestrado em Produção Vegetal; E a todos que de alguma forma contribuíram na realização desta dissertação. O conhecimento ilustra, mas a experiência assimilada traz a sabedoria; Quem estuda pensa que sabe; Quem experimenta descobre quanto ainda precisa aprender... Os problemas, os desafios em nossa vida aparecem pela necessidade que temos de aprender e evoluir! Zibia Gaspareto SUMÁRIO Página Lista de Tabelas.................................................................................... 4 Lista de Figuras.................................................................................... 5 Resumo da Dissertação....................................................................... 7 Dissertation Abstract............................................................................ 9 Introdução Geral................................................................................... 11 Revisão de Literatura........................................................................... 13 Plantas Medicinais do Gênero Cymbopogon......................................... Cymbopogon martinii (Roxb.) Wats.................................................... Cymbopogon citratus (DC) Stapf. ...................................................... Cymbopogon nardus L. Rendle ......................................................... 13 13 14 15 Metabólitos Secundários......................................................................... 16 Óleos Essenciais ................................................................................... 19 Potencial de Plantas Medicinais no Controle de Doenças..................... 21 Doenças Causadas por Fitopatógenos................................................... Crestamento gomoso da haste na cultura do Pepino......................... Fusariose ou gomose na cultura do Abacaxi...................................... 22 22 24 Influência da Adubação na Composição Química das Plantas Medicinais............................................................................................... 25 Capítulo I - Efeito da adubação mineral na produção de biomassa do capim-citronela (Cymbopogon nardus l.) em cinco épocas de avaliação................................................................................................ 27 Resumo................................................................................................... 28 Abstract................................................................................................... 29 Introdução............................................................................................... 30 Material e Métodos................................................................................. 32 Resultados e discussão.......................................................................... 34 Conclusões............................................................................................. 38 Capítulo II - Avaliação do teor e composição do óleo essencial de Cymbopogon nardus (l.) em três doses de adubação mineral.... 39 Resumo................................................................................................... 40 Abstract................................................................................................... 41 Introdução............................................................................................... 42 Material e métodos................................................................................. 44 Resultados e discussão.......................................................................... 47 Conclusões............................................................................................. 53 Capítulo III - Potencial fungitóxico do óleo essencial de Cymbopogon nardus l. (capim-citronela) sobre os fungos fitopatogênicos Fusarium subglutinans e Didymella bryoniae........ 54 Resumo................................................................................................... 55 Abstract................................................................................................... 56 Introdução............................................................................................... 57 Material e métodos................................................................................. 59 Experimento 01: Controle fitopatológico da fusariose (Fusarium subglutinans) pelo óleo essencial do capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) e do composto citronelal........................................................ 59 Experimento 02: Bioatividade de óleos essenciais na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino..................................................................................................... 60 Experimento 03: Bioatividade do óleo essencial de capim-citronela na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino.................................................................................... 61 Resultados e discussão.......................................................................... 62 Experimento 01: Controle fitopatológico da fusariose (Fusarium subglutinans) pelo óleo essencial do capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) e do composto citronelal........................................................ 62 Experimento 02: Bioatividade de óleos essenciais na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino..................................................................................................... 66 Experimento 03: Bioatividade do óleo essencial de capim-citronela na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino.................................................................................... 71 Conclusões............................................................................................. 75 Referências bibliográficas....................................................................... 76 LISTA DE TABELAS Página Tabela 1 - Características químicas do solo da área experimental, Gurupi - TO. ............................................................................................ 32 Tabela 2 - Valores médios de crescimento, equação de regressão ajustadas e coeficientes de determinação (R2) de quatro níveis de adubação mineral (0, 50, 100 e 150%) em capim-citronela (Cymbopogon nardus) nas variáveis: massa fresca, massa seca, altura, número de folhas e perfilhos, em função de cinco épocas de avaliação (EP), em Gurupi - TO. ............................................................ 35 Capítulo I Capítulo II Tabela 1 - Análise química do solo......................................................... 44 Tabela 2 - Resumo das análises de variância da variável teor do óleo essencial em três doses de adubação mineral de Cymbopogon nardus. .................................................................................................... 47 Tabela 3 - Concentração relativa (área %), obtida por cromatografia gasosa dos constituintes do óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus, em quatro doses de NPK..................................... 49 Capítulo III Tabela 1 - Valores médios, equações de regressão e coeficiente de determinação (R2) do crescimento micelial (mm) do fungo Fusarium subglutinans, em cinco concentrações (C) (C1 = 0; C2 = 250ppm; C3 = 500ppm; C4 = 750ppm; C5 = 1000ppm e C6 = 1250ppm) do óleo essencial do capim-citronela e do citronelal, em cinco épocas de avaliação................................................................................................. 62 Tabela 2 - Valores médios, equações de regressão e coeficiente de determinação (R2) do crescimento micelial (mm) do fungo Didymella bryoniae, em cinco concentrações (C) (C1 = 0; C2 = 250ppm; C3 = 500ppm; C4 = 750ppm; C5 = 1000ppm e C6 = 1250ppm) dos óleos essenciais (Eucaliptus sp, Lippia alba e Cymbopogon nardus) em cinco épocas de avaliação...................................................................... 67 Tabela 3 - Valores médios, equações de regressão e coeficiente de determinação (R2) do crescimento micelial (mm) do fungo Didymella bryoniae, em quatro concentrações (C) (C1 = 0; C2 = 150ppm; C3 = 300ppm; C4 = 450ppm; C5 = 600ppm) do óleo essencial do capimcitronela, em quatro épocas de avaliação............................................... 72 LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 – Plantio de capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) na área experimental da Universidade Federal do Tocantins, campus de Gurupi – TO. ........................................................................................... 16 Figura 2- Substâncias naturais produzidas pelo metabolismo primário e secundário das plantas (Fonte: Braz Filho, 2010). .............................. 19 Figura 3 - Ciclo primário e secundário do crestamento gomoso do caule do pepino, causado por Didymella bryoniae (Fonte: Santos et al., 2005). ................................................................................................ 23 Figura 4 - Sintomas da fusariose do abacaxi, causada pelo fungo Fusarium subglutinans f. sp. ananas (Fonte: Michereff, 2011). ............. 25 Capítulo II Figura 1 – Teor de óleo essencial de Cymbopogon nardus, em função de três doses de adubação mineral. ...................................................... 47 Figura 2 – Fórmulas estruturais dos constituintes monoterpênicos presentes no óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus (Identificados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa). ................................................................................................... 50 Figura 3 - Fórmulas estruturais dos constituintes sesquiterpênicos presentes no óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus (Identificados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa). ................................................................................................... 50 Capítulo III Figura 1 - Efeito de cinco concentrações 250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm do óleo essencial do capim-citronela (a) e do composto citronelal (b) no crescimento micelial de Fusarium subglutinans............................ 63 Figura 2 - Atividade fungitóxica do óleo essencial de capim-citronela (a) e do citronelal (b) sobre o crescimento micelial do patógeno Fusarium subglutinans em cinco épocas de avaliação. ......................... 65 Figura 3 - Crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae sob efeito do óleo essencial de Eucaliptus sp em cinco épocas de avaliação........ 68 Figura 4 - Crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae sob efeito do óleo essencial de Lippia alba (a) e Cymbopogon nardus (b) em cinco épocas de avaliação. .................................................................... 69 Figura 5 - Efeito das alíquotas dos óleos essenciais de cinco espécies (A = capim-limão, B = hortelã, C = capim-citronela, D = erva-cidreira e E = eucalipto), no crescimento micelial de D. bryoniae aos 10 dias após repicagem. ..................................................................................... 71 Figura 6 - Atividade fungitóxica do óleo essencial de capim-citronela sobre o crescimento micelial do patógeno Didymella bryoniae em quatro épocas de avaliação. ................................................................... 73 RESUMO DA DISSERTAÇÃO O capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) pertence à família Poaceae, subfamília Panicoideae, e originada do Ceilão e da Índia. Possui em sua composição óleo essencial com alto teor de geraniol e citronelal. O óleo essencial do capim citronela e utilizado na fabricação de perfumes e cosméticos, sendo um ótimo repelente de insetos, com ação fungicida e bactericida. Produtos derivados de vegetais, tais como os óleos essenciais, vem sendo intensivamente estudados quanto à eficácia no controle alternativo de doenças de plantas, buscando a redução ou eliminação do uso de agrotóxicos. Porém, existem poucas informações a respeito das técnicas de cultivo do capim-citronela que sejam adequadas às condições edafoclimáticas do Estado do Tocantins. Diante da escassez desses dados, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito da adubação mineral no cultivo do capim-citronela em condições edafoclimáticas do sul do estado do Tocantins, analisar o teor e a composição do óleo essencial e estudar a bioatividade do capim-citronela. No capítulo I, foi avaliar a produção de biomassa do capim-citronela em cinco épocas de colheita (60, 88, 116, 144 e 172 dias após o transplantio) em diferentes dosagens de adubação mineral. As doses N, P2O5 e K20 foram realizadas conforme análise de solo (adaptação). Foram utilizadas doses intercaladas de 50% a mais ou a menos da dose recomenda de 100%. Foi utilizado delineamento em blocos casualizados em esquema de parcela subdividida com cinco repetições. Os adubos utilizados foram superfosfato simples (390 kg ha-1), cloreto de potássio (70 kg ha-1) e sulfato de amônio (250 kg ha-1). As variáveis analisadas foram massa fresca da parte aérea, massa seca da parte aérea, altura das plantas, número de folhas e perfilhos. A dose de adubação mineral que proporcionou maior ganho de biomassa foi de 150% da dose recomendada. No capítulo II, analisar o teor e a composição do óleo essencial do Cymbopogon nardus em três níveis de adubação mineral no sul do Estado do Tocantins. A dosagem de NPK foi realizada conforme análise química do solo em doses crescentes (50, 100 e 150%). A extração do óleo essencial foi realizada por hidrodestilação e a identificação dos compostos por CG/EM. Os melhores resultados foram obtidos nas doses de 100 e 150% devido ao aumento da produção de biomassa que proporcionou maior rendimento do óleo essencial, alcançando 1,67%. Foram identificados dez compostos no óleo essencial de capim-citronela. Os monoterpenos majoritários foram citronelal e geraniol. E o sesquiterpeno majoritário foi o elemol. No capítulo III, avaliar a atividade fungicida in vitro do óleo essencial das folhas de Cymbopogon nardus na inibição do crescimento micelial dos fungos Fusarium subglutinans e Didymella bryoniae. Na inibição do crescimento micelial do fungo F. subglutinans utilizaram-se cinco concentrações (250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm) do óleo essencial do capimcitronela e do composto citronelal. Na inibição do crescimento micelial do fungo D. bryoniae foi usada cinco concentrações (250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm) do óleo essencial de capim-citronela, capim-limão, hortelã, erva-cidreira e eucalipto.E em concentrações menores (150, 300, 450 e 600 ppm) foi usado o óleo essencial do capim-citronela para verificar o efeito fungicida na inibição do crescimento micelial do fungo D. bryonie. Os óleos essenciais foram distribuídos na superfície do meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Àgar) para avaliação do crescimento micelial nas diversas concentrações. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Na concentração de 1250 ppm foi observada a menor taxa de crescimento micelial do fungo F. subglutinans com óleo essencial do capim-citronela. Com óleo essencial de capim-limão houve 100% de inibição do crescimento micelial do fungo D. bryoniae. Na concentração de 600 ppm foi observada a menor taxa de crescimento micelial do fungo D. bryoniae com óleo essencial de capimcitronela. Palavras-chave: Cymbopogon nardus, óleo essencial, fungitoxicidade. DISSERTATION ABSTRACT The grass-citronella (Cymbopogon nardus L.) belongs to the family Poaceae, subfamily Panicoideae and originated from Ceylon and India. Has in its composition essential oil with high content of geraniol and citronellal. The essential oil of citronella grass and used in the manufacture of perfumes and cosmetics, with a good insect repellent with a fungicide and bactericide. Products derived from plants, such as essential oils, have been intensively studied for efficacy in the alternative control of plant diseases, aimed at reducing or eliminating the use of pesticides. However, little information about the techniques of cultivation of citronella grass that are appropriate to soil and climatic conditions of the State of Tocantins. Given the scarcity of such data, this work was to evaluate the effect of mineral fertilizers in the cultivation of citronella grass soil and climatic conditions in the southern state of Tocantins, analyze the content and essential oil composition and to study the bioactivity of grass–citronella. In chapter I, evaluate the biomass production of citronella grass into five harvest seasons (60, 88, 116, 144 and 172 days after transplanting) at different doses of mineral fertilization. Doses N, P2O5 and K2O were performed according to soil analysis (adaptation). The doses used were interspersed with 50% more or less than the recommended dose of 100%. We used randomized block design in a split-plot with five replicates. The fertilizers used were superphosphate (390 kg ha-1), potassium chloride (70 kg ha-1) and ammonium sulfate (250 kg ha-1). The variables analyzed were fresh weight of shoot, shoot dry mass, plant height, number of leaves and tillers. The dose of mineral fertilizer which provided greater biomass gain was 150% of the recommended dose. In chapter II, analyze the content and composition of essential oil of Cymbopogon nardus in three levels of mineral fertilizer in the southern state of Tocantins. The dose of NPK was performed according to chemical analysis of soil in increasing doses (50, 100 and 150%). The essential oil extraction was performed by hydrodistillation and identification of compounds by GC/MS. The best results were obtained with doses of 100 to 150% due to increased biomass production which gave higher yield of essential oil, reaching 1.67%. We identified ten compounds in the essential oil of citronella grass. The majority monoterpenes were citronellal and geraniol. And the majority was the sesquiterpene elemol. In chapter III, evaluate the in vitro fungicidal activity of essential oil from the leaves of Cymbopogon nardus in inhibiting the mycelial growth of Fusarium subglutinans and Didymella bryoniae. Inhibition of mycelial growth of the fungus F. subglutinans were used five concentrations (250, 500, 750, 1000 and 1250 ppm) of essential oil of citronella grass and compost citronellal. Inhibition of mycelial growth of the fungus D. bryoniae was used five concentrations (250, 500, 750, 1000 and 1250 ppm) of essential oil of citronella grass, lemon grass, mint, lemon balm and eucalipto. E in lower concentrations (150, 300, 450 and 600 ppm) was used essential oil of citronella grass to check the effect of the fungicide in inhibiting mycelial growth of the fungus D. bryonie. The essential oils were distributed on the surface of the culture medium PDA (Potato-Dextrose-Agar) for evaluation of mycelial growth in different concentrations. The experimental design was completely randomized with four replications. At a concentration of 1250 ppm was observed at a lower rate of mycelial growth of the fungus F. subglutinans with essential oil of citronella grass. With essential oil of lemon grass was 100% inhibition of mycelial growth of the fungus D. bryoniae. At a concentration of 600 ppm was observed at a lower rate of mycelial growth of the fungus D. bryoniae with essential oil of citronella-grass. Key words: Cymbopogon nardus, essential oil, fungitoxicity. INTRODUÇÃO GERAL Atualmente, há consenso de cientistas, indústrias e organizações ambientalistas que uma das iniciativas para reduzir a pressão sobre o meio ambiente e preservar os recursos genéticos é o desenvolvimento de sistemas que permitam o uso sustentável das espécies exploradas, por meio de cultivo com base em pesquisas agronômicas, visando produzir matéria-prima com qualidade e em quantidade (CORREA JUNIOR et al., 2009). As espécies medicinais ainda se encontram em estado selvagem e costumam apresentar ampla variabilidade genética (HOYT, 1992). O cultivo de uma espécie selvagem desencadeará mudanças na estrutura genética da população manejada, por meio das sucessivas gerações cultivadas. Essas mudanças são uma resposta evolutiva da população, que antes estava sujeita às pressões naturais de seleção e que sob cultivo está sujeita a pressões diferentes, causadas pelo homem (CORREA JUNIOR et al., 2009). A crescente procura por plantas medicinais e aromáticas é observada em diversos países, devido à tendência dos consumidores em utilizarem, preferencialmente, produtos farmacêuticos ou alimentícios de origem natural (MARTINAZZO et al., 2007). O uso de agrotóxicos na produção agrícola e a contaminação dos alimentos por estes elementos tóxicos têm sido preocupação no âmbito de saúde pública. Os agrotóxicos são ingredientes ativos com elevado grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, A reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer (ANVISA, 2011). De acordo com pesquisa divulgada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) os alimentos que foram contaminados com uma frequência maior de agrotóxicos foram: pimentão, uva, pepino, morango, couve, abacaxi, mamão, alface, tomate e beterraba. As funções fisiológicas dos princípios ativos nas plantas medicinais ainda não estão inteiramente esclarecidas, mas a sua produção está associada às relações entre a planta e o ambiente onde cresce, funcionando, por exemplo, como repelente ou atraente de insetos, protegendo contra doenças, herbivoria, radiação solar, etc. (KHANNA & SHUKLA, 1990). Na literatura brasileira não há informações sobre níveis de adubação mineral para o cultivo do capim-citronela no Estado do Tocantins e sua influência na qualidade e rendimento do óleo essencial. Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da adubação mineral no cultivo do capim-citronela em condições edafoclimáticas do sul do estado do Tocantins, analisar o teor e a composição do óleo essencial e estudar a bioatividade do capim-citronela. REVISÃO DE LITERATURA Plantas Medicinais do Gênero Cymbopogon O grupo das plantas aromáticas que produzem óleos essenciais abrange uma longa lista de espécies distribuídas em inúmeras famílias botânicas. A família que apresenta o maior número de espécies aromáticas é a família Lamiaceae, seguindo-se de outras menos representativas como as famílias Myrtaceae, Asteraceae, Verbenaceae (CASTRO & RAMOS, 2003). O gênero Cymbopogon (Poaceae) possui mais de 100 espécies nos países tropicais, inclusive no Brasil (LORENZI & MATOS, 2002), dentre as quais, aproximadamente 56 são aromáticas. A algumas delas deve-se dar atenção especial pelo seu grande uso na medicina popular e pelo teor de óleo essencial com as mais diferentes finalidades como o uso terapêutico, cosmético e/ou perfumaria. Cymbopogon martinii (Roxb.) Wats O Cymbopogon martinii mais conhecido como palmarosa, é uma planta perene nativa da Índia, no entanto, é cultivada em diferentes partes do mundo. Produzindo em torno de 40 a 60 t ano-1. A Índia é o principal produtor do óleo essencial, o qual é rico em geraniol (RAO et al., 2001; KLANUJA et al., 2005). A palmarosa é uma planta estolonífera formando densas e compactas touceiras, que pode atingir até 2 metros de altura, possui raízes fasciculadas, abundantes, alongadas e de coloração pardo-escuras. Os colmos são alongados, finos, numerosos, semi-eretos e verde-claros. Suas folhas são alternas, estreitas e possuem ápice agudo. Apresentam flores reunidas em espiguetas terminais de aspecto piramidal. É uma planta resistente a seca, apresenta certa tolerância a condições de salinidade, no entanto, é sensível a geadas, a umidades e baixas temperaturas (PATNAIK & DEDATA, 1997). O óleo essencial de palmarosa é rico em geraniol (70-90%), tendo como principais compostos químicos o geraniol (70-90%), o (E)-β-ocimeno, linalol, geranil acetato e β-cariofileno dependendo do material botânico e do método de extração do óleo essencial (RAO et al., 2001; KLANUJA et al., 2005). A composição química do óleo essencial pode variar devido a diversidade genética, o hábitat e os tratos culturais. A época da colheita, fontes geográficas, o horário, o modo de secagem do material vegetal, parte da planta e fatores ambientais, como umidade, água, solo e herbivoria também podem influenciar sobre a composição e o teor do óleo e com isso aumentar ou diminuir a resposta biológica. Outro fator importante para alta produtividade de óleo essencial rico em princípios ativos é a escolha do genótipo (ROSA et al., 2010). Cymbopogon citratus (DC) Stapf. O Capim-limão (Cymbopogon citratus) pertence a família das Poaceae, é uma erva perene originária da Ásia e sub-espontânea nos países tropicais, suas folhas são aromáticas, ásperas, estreitas e com mais de 50 cm de comprimento (MATOS, 2000). Diversos clones desta espécie são cultivados para produção comercial de óleo essencial, conhecido internacionalmente como óleo de lemon grass. O óleo essencial de capim-limão é largamente empregado como agente aromatizante em perfumaria e cosmética por seu forte odor de limão, bem como para obtenção do Citral, seu principal constituinte, atualmente vem sendo utilizado também como feromônio artificial para a captura de enxames (MATOS, 2000). Craveiro et al. (1981) citado por Nascimento et al. (2003), o componente mais importante do óleo essencial do capim-santo é o citral, sendo uma mistura de isômeros, geranial (α-citral) e neral (β-citral) que é utilizada pela indústria farmacêutica para síntese de ianonas e vitamina A, acompanhado de um pouco de mirceno. Tem ação calmante e espasmolítica comprovada, que é atribuída a presença do citral, considerando-se a atividade analgésica devida ao mirceno (MATOS, 2000). Segundo Leal et al. (2001) a composição química do óleo essencial de capim-santo pode ser bastante variável, conforme a diversidade genética, o habitat e os tratos culturais. Cymbopogon nardus L. Rendle O capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) (Figura 1) é uma planta originada do Ceilão e da Índia, utilizada na Indonésia, como chá calmante e digestivo (CRAVEIRO et al., 1981). A espécie Cymbopogon nardus L. Rendle é uma erva perene, cespitosa de 0,80-1,20 m de altura. Os colmos são eretos, lisos, semilenhosos, maciços, de cor verde-clara e internós longos sobre um rizoma curto amarelo-escuro, com inúmeras raízes fibrosas e longas. A planta C. nardus possui hábito de crescimento ereto, sendo as folhas longas de 0,5 – 1 m de comprimento e mais largas que as do capim-limão (Cymbopogon citratus), com margens ásperas, ápice agudo, face superior verde-escuro e inferior verde-oliva, podendo ser facilmente reconhecida pelo forte e agradável aroma de eucalipto. A inflorescência é em panícula, formada por racemos curtos e geminados, floresce na primavera e produz sementes atrofiadas. É facilmente propagada por perfilhos para formação de novos plantios. Permite até quatro cortes por ano nos plantios com finalidades industriais de extração de óleo essencial das folhas (MATOS, 2000; CASTRO & RAMOS, 2003). Figura 1 – Plantio de capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) na área experimental da Universidade Federal do Tocantins, campus de Gurupi – TO O capim-citronela (C. nardus) possui na sua composição óleo essencial com alto teor de geraniol e citronelal. O geraniol possui atividade anti-séptica, inibindo o crescimento de fungos e bactérias (MANN, 1995). O citronelal é utilizado como material básico para a síntese de importantes compostos químicos denominados iononas e para a síntese de vitamina A (CRAVEIRO et al., 1981). Metabólitos Secundários As plantas produzem uma infinidade metabólitos que é capaz exercer efeito regulador em outras plantas, microrganismos e animais, em vez de serem utilizados como nutrientes. Para as plantas os metabólitos bioativos têm uma importante função no ecossistema como substância de sinal, reconhecimento, defesa e inibição ou ainda como substâncias venenosas (LARCHER, 2000). Os compostos em sua maioria são frutos do metabolismo secundário tendo, portanto, função ligada à ecofisiologia da planta, isto é, ao relacionamento da planta com o ambiente que a envolve e às respostas metabólicas em sua fisiologia. O metabolismo secundário diferencia-se do primário basicamente por não apresentar reações e produtos comuns à maioria das plantas, sendo específico de determinados grupos (MARTINS et al., 2000). Os princípios ativos não se distribuem de forma homogênea nos vegetais e são instáveis. Dentro de uma mesma espécie podem existir diferentes quimiotipos ou raças químicas. Algumas características são bastante comuns entre eles dos quais esses compostos não são vitais para as plantas, são a expressão da individualidade química dos indivíduos diferindo de espécie para espécie de forma qualitativa e quantitativa, e são produzidos em quantidades mínimas. Além disso, essas substâncias podem ser produzidas naturalmente pela planta, ou serem produzidas mediante os estímulos específicos. A regulação do metabolismo secundário é dependente da capacidade genética da planta em responder a esses estímulos internos ou externos, e da existência desses no momento e magnitude apropriado, de fatores ambientais (clima, tipo de solo) e fatores técnicos (cultivo, manejo, fitossanidade) (MARTINS et al., 2000). Os metabólitos secundários pertencem a várias classes distintas de substâncias químicas, como alcalóides, terpenos, flavonóides, cumarinas, benzenóides, quinonas, xantonas, lactonas e esteróides, entre outras (DI STASI, 1996; MARTINS et al., 2000) e estão distribuídos em um grande número de famílias botânicas. O metabolismo consiste de dois tipos de substâncias, os metabólitos primários e os secundários. O metabolismo primário fornece as substâncias envolvidas nas funções básicas essenciais da vida celular – respiração e biossíntese de aminoácidos e outras substâncias necessárias para a vida da célula. Basicamente, todos os organismos convivem com os mesmos tipos de metabólitos primários e da incompetência para autoprodução de tais produtos, pela sua própria rota biossintética; surge a necessidade de providências para superar tal incapacidade orgânica pela busca de fornecimento usando fonte externa (BRAZ FILHO, 2010). Os metabólitos secundários são específicos das espécies e participam das interações intra e intercelular do próprio organismo ou com células de outros organismos, atuando em processos de polinização pela produção de substâncias que atraem os agentes vivos deste processo ou contribuem para a resistência dos organismos por meio de defesa contra pragas e outras doenças e estabelecendo a competência para a guerra química dos ajustes necessários à convivência e sobrevivência ambiental. Assim, por exemplo, o metabolismo primário assume importância transcendental no crescimento e rendimento agrícola e o metabolismo secundário contribui com os aromas, as cores dos alimentos e com a resistência contra pragas e doenças, mantendo a sobrevivência nas condições ambientais desfavoráveis (BRAZ FILHO, 2010). As principais funções dos metabólitos secundários nos vegetais são: proteção contra viroses, bacterioses, infecções fúngicas, herbivoria e também atuam para atrair ou repelir outros organismos e para resistir ao estresse ambiental. Assim os metabólitos secundários vegetais podem ser divididos em três grupos distintos quimicamente: terpenos, compostos fenólicos e compostos nitrogenados Os compostos terpenóides são derivados de isoprenóides via mevalonato, sintetizados a partir do acetil-CoA (TAIZ & ZEIGER, 2004). Os terpenos são classificados de acordo com o número de unidades de isopreno (u.i.) que os constitui: monoterpenos (C10, duas u.i.), sesquiterpenos (C15, três u.i.), diterpenos (C20, quatro u.i.), sesterterpenos (C25, cinco u.i.), triterpenos (C30, seis u.i.) e tetraterpenos (C40, oito u.i.) (CASTRO et al., 2004; TORSSELL, 1997). O mevalonato (C6) é um composto derivado da condensação de três moléculas de ácido acético, originando o isopreno (C 5) pela perda simultânea de água e CO2 (GEISSMAN & CROUT, 1969). O isopreno é composto de dois isômeros, o isopentenil pirofosfato (IPP) e o dimetilalil difosfato (DMAPP), os quais se ligam entre si, originando o geranil pirofosfato (GPP), com dez carbonos, que é o precursor de quase todos os monoterpenos (TAIZ & ZEIGER, 2004) (Figura 2). Figura 2- Substâncias naturais produzidas pelo metabolismo primário e secundário das plantas (Fonte: Braz Filho, 2010). Óleos Essenciais A exploração de óleos essenciais começou no Oriente antes de Cristo, tendo bases de produção na Pérsia, Índia, Egito e em outros países da região. No decorrer do tempo surgiram destilarias de óleos essenciais pelo mundo afora, mas somente com o advento da química fina a atividade tomou impulso, permitindo a manipulação de produtos com várias aplicações científicas (CHAVES, 1994). Neste caso, os óleos que contêm uma porcentagem alta de um único composto, são usados para o isolamento e purificação do composto majoritário. A presença dos componentes na essência, em maiores ou menores quantidades, afeta diretamente sua qualidade, ditando as possibilidades do aproveitamento industrial e, por conseqüência, o valor comercial do óleo bruto (ZAMBONI, 1983 e CRAVEIRO & QUEIROZ, 1993). Os óleos voláteis são raramente encontrados em gimnospermas, com exceção das coníferas (SIMÕES & SPITZER, 2004), como em Pinus densiflora e P. koraiensis (HONG et al., 2004). Nas angiospermas, ocorrem em menor freqüência em monocotiledôneas, podendo citar as famílias Poaceae e Zingiberaceae (SIMÕES & SPITZER, 2004), como em capim-citronela (Cymbopogon winterianus) e gengibre (Zingiber officinale). Dessa forma, os óleos voláteis são mais abundantes nas angiospermas dicotiledôneas, como nas famílias Asteraceae, Apiaceae, Lamiaceae, Lauraceae, Myrtaceae, Piperaceae e Rutaceae (SIMÕES & SPITZER, 2004). Os óleos voláteis podem ser sintetizados em todos os órgãos das plantas, como folhas (eucalipto), ramos (alecrim), raízes (vetiver), rizomas (gengibre), flores (rosa), frutos (anisestrelado), sementes (noz-moscada), madeira (pau-rosa) e casca do caule (canela), e são armazenados em estruturas especializadas como células parenquimáticas diferenciadas (Lauraceae, Piperaceae, Poaceae), bolsas lisígenas ou esquizolisígenas (Pinaceae e Rutaceae), canais oleíferos (Apiaceae), células epidérmicas e tricomas glandulares (Lamiaceae) (SIMÕES & SPITZER, 2004; BAKKALI et al., 2008). Óleos essenciais são substâncias obtidas de partes de plantas por meio de hidrodestilação, segundo definição da ISO (International Standard Organization). Seus constituintes são complexos e variáveis, como os hidrocarbonetos terpênicos, alcoóis simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas e compostos de enxofre, dentre os quais destacam-se aqueles de baixo peso molecular, como os monoterpenos com 10 carbonos e sesquiterpenos com 15 carbonos. Possuem características peculiares odoríferas, lipofílicas, líquidas e voláteis, conhecidos também como óleos voláteis, óleos etéreos ou essências, apresentam-se em diferentes concentrações, ocorrendo sempre um composto majoritário, e outros em menores quantidades (SIMÕES et al., 1999; SIMÕES & SPITZER, 2000 e DORAN & BROPHY, 1990). Os óleos essenciais, produtos originados do metabolismo secundário, são constituintes voláteis orgânicos responsáveis pela fragrância de muitas plantas e apresenta compostos terpênicos com grande potencial no controle fitossanitário, propiciando o desenvolvimento de técnicas que procuram diminuir os efeitos negativos de oxidantes, radicais e microrganismos que causam prejuízos nas indústrias alimentícias e na agricultura (BAKKALI et al., 2008). A exploração da bioatividade antimicrobiana e/ou elicitora de defesa utilizando compostos secundários presentes em óleos essenciais de plantas medicinais constitui-se em mais uma forma potencial para controle de doenças em plantas cultivadas e saúde alimentar (CARVALHO et al., 2008). Potencial de Plantas Medicinais no Controle de Doenças Na natureza, a maioria das plantas é resistente aos diferentes patógenos, e essa resistência pode estar relacionada à existência de fungicidas naturalmente produzidos (LEMOS et al., 1990). Portanto, espera-se que a descoberta de substâncias naturais, com efeito, fungitóxico possa contribuir no controle e manejo das doenças das plantas. Shahi et al. (2003) trabalhando com a espécie capim-limão (Cymbopogon flexuosus), verificaram que o óleo essencial apresentava uma potente bioatividade contra um grupo dominante de patógenos pós-colheita. Além de não apresentar atividade fitotóxica em frutos de maça (Malus pumilo), o óleo controlou em 100% a infecção por Botrytis cinerea, Phoma violacea e Penicillium expansum em pré e pós-inoculação, em concentrações de 20 e 30 μL mL-1, respectivamente. Para Palhano et al. (2004), o óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus) e o próprio citral (componente do óleo) aliado à alta pressão hidrostática apresentaram efeito inibitório na germinação de esporos de Colletotrichum gloeosporioides, agente causal da antracnose em frutos de mamão, sugerindo o uso desse óleo essencial e da alta pressão hidrostática no controle alternativo de doenças pós-colheita. Para Anthony et al. (2004), os óleos essenciais de capim-citronela (Cymbopogon nardus) e manjericão (Ocimum basilicum) tiveram ação fungicida em concentrações de 0,2 a 0,6% sobre Colletotrichum musae, Lasiodiplodia theobromae e Fusarium proliferatum, agentes causais de podridão pós- colheita em banana, e a combinação dos dois óleos exibiram efeito sinergístico nos ensaios “in vivo”. Doenças Causadas por Fitopatógenos Crestamento gomoso da haste na cultura do Pepino Um dos fatores limitantes na qualidade dos frutos é a podridão gomosa, causada por Didymella bryoniae, que pode causar prejuízos de até 100% na produção (VIDA et al., 2001). Por isso, torna-se importante realizar estudos que resultem no desenvolvimento de tecnologias para o manejo da doença, contribuindo para o aumento da qualidade, da quantidade e do valor comercial da produção. O crestamento gomoso da haste na cultura do pepino apresenta sintomas na parte aérea das plantas em qualquer estádio de desenvolvimento. Os ramos afetados exibem encharcamento com exsudação gomosa parda a cinza circunscrevendo o caule e promovendo a seca da parte localizada acima da lesão. Nas folhas aparecem manchas pardas a marrons, de formato circular (KUROZAWA et al., 2005) que se iniciam nos bordos e crescem em direção à nervura principal, com ou sem halo amarelo (VIANA et al., 2002). Em frutos, as lesões são menos freqüentes, mostrando-se pardacentas, circulares e profundas. Em estágios mais avançados da doença é possível observar pequenas pontuações escuras e circulares com exudado gomoso ou lesões, que correspondem aos corpos de frutificação do patógeno (KUROZAWA et al., 2005). O fungo sobrevive na ausência da cultura ou abaixo do solo, nos restos culturais doentes, plantas daninhas ou em sementes. É muito resistente ao sol e outras intempéries, permanecendo viável por vários anos no solo e nos restos culturais. Frutos doentes geralmente apresentam sementes infectadas, que constituem o principal meio de sobrevivência e transmissão do fungo (Figura 3) (SANTOS et al., 2005). Figura 3 - Ciclo primário e secundário do crestamento gomoso do caule do pepino, causado por Didymella bryoniae (Fonte: Santos et al., 2005). Fusariose ou gomose na cultura do Abacaxi A cultura do abacaxi (Ananas comosus) é acometida por diversas doenças nas diferentes regiões produtoras do mundo, tanto em condições de campo quanto em pós-colheita. De todas as doenças que afetam o abacaxizeiro no Brasil, a fusariose, causada pelo fungo Fusarium subglutinans é a mais destrutiva, com perdas estimadas que variam de 30 a 80% , podendo causar até 100% de perdas. O patógeno é capaz de acometer toda a planta (ALVES, 2006; ZACARONI et al., 2009). Os primeiros sintomas consistem na degradação das células parenquimatosas, que se transformam em uma goma viscosa, que exsuda através de aberturas naturais, principalmente a cavidade floral e ferimentos. Qualquer parte da planta adulta é susceptível, mas o fungo acomete, principalmente, as mudas e frutos (MICHEREFF, 2011). No fruto, a penetração do fungo ocorre principalmente pela cavidade floral e ferimentos, podendo os sintomas se manifestar em qualquer estádio de desenvolvimento do fruto. Internamente, pode-se observar que as lesões partem da cavidade floral avançando até o eixo central do fruto, apresentando, inicialmente, uma coloração clara e de aspecto encharcado, passando para amarelo e, finalmente, a um marrom escuro, terminando com a morte dos tecidos do fruto. Durante a fase de maturação, quando há a exsudação gomosa proveniente dos frutilhos, a parte afetada diminui de tamanho e toma uma coloração avermelhada (MICHEREFF, 2011). No estágio final, o fruto pode ser parcial ou totalmente afetado, tomando um aspecto mumificado. No caule, as lesões ocorrem só na parte basal, quer em plantas adultas, quer em mudas ainda aderentes à planta mãe e se manifestam por uma podridão gomosa. As plantas afetadas no caule sofrem interrupção no fluxo da seiva e as folhas tomam um aspecto amareloavermelhado ficando flácidas e murchas. Nas folhas, as lesões se localizam na parte basal, apresentam exsudação de goma rala, geralmente associada com a lesão do caule. Nas raízes provoca podridão. No estágio avançado da doença, as plantas apresentam podridão (Figura 4) (MICHEREFF, 2011). Figura 4 - Sintomas da fusariose do abacaxi, causada pelo fungo Fusarium subglutinans f. sp. ananas (Fonte: Michereff, 2011). Influência da Adubação na Composição Química das Plantas Medicinais Dentre os fatores de estresse que podem interferir na composição química da planta, a nutrição merece destaque, pois a deficiência ou o excesso de nutrientes pode interferir na produção de biomassa e na quantidade de princípio ativo (MAPELI et al., 2005). Na obtenção da matéria-prima de plantas medicinais, a técnica de cultivo deve atender ao objetivo de aumentar a produção de biomassa por área, sem comprometer o valor terapêutico da planta (CASTRO et al., 2004). Na agricultura, a adição de nutrientes, particularmente nitrogênio, é geralmente empregada para aumentar a produção de biomassa. No entanto, os nutrientes afetam não somente o metabolismo primário, mas também influenciam a produção de diferentes metabólitos secundários (GOBBO-NETO & LOPES, 2007). O estresse nutricional, usualmente, resulta em aumento nas concentrações de metabólitos secundários, exceto no caso da deficiência de nitrogênio e enxofre, em que a produção de metabólitos secundários contendo estes elementos é diminuída. Os níveis de fósforo e potássio podem ter efeitos na produção de metabolitos nitrogenados. Por outro lado, os metabólitos derivados do mevalonato parecem não mostrar correlações consistentes com mudanças na disponibilidade de nitrogênio, fósforo e potássio (GOBBO-NETO & LOPES, 2007). O conhecimento dos fatores nutricionais limitantes ao crescimento de plantas medicinais é de grande importância para seu cultivo e manejo. De acordo com Brasil (2006), a aplicação de adubos deve ser feita com moderação, conforme a análise de solo e as necessidades específicas das espécies. O desenvolvimento vegetal e a produção de óleos essenciais em plantas aromáticas são influenciados por vários fatores ambientais, incluindo condições edáficas. Neste sentido, os macronutrientes N, P2O5 e K2O atuam influenciando vários eventos bioquímicos do metabolismo primário e secundário das plantas (TAIZ & ZEIGER, 2009). CAPÍTULO I EFEITO DA ADUBAÇÃO MINERAL NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA DO CAPIM-CITRONELA (Cymbopogon nardus L.) EM CINCO ÉPOCAS DE AVALIAÇÃO RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de biomassa do capim-citronela em cinco épocas de colheita (60, 88, 116, 144 e 172 dias após o transplantio) em diferentes dosagens de adubação mineral. As doses N, P 2O5 e K20 foram realizadas conforme análise de solo (adaptação). Foram utilizadas doses intercaladas de 50% a mais ou a menos da dose recomenda de 100%. Foi utilizado delineamento em blocos casualizados em esquema de parcela subdividida com cinco repetições. Os adubos utilizados foram superfosfato simples (390 kg ha-1), cloreto de potássio (70 kg ha-1) e sulfato de amônio (250 kg ha-1). As variáveis analisadas foram massa fresca da parte aérea, massa seca da parte aérea, altura das plantas, número de folhas e perfilhos. A dose de adubação mineral que proporcionou maior ganho de biomassa foi de 150% da dose recomendada. Palavras-chave: Adubação mineral, capim-citronela, época de colheita. ABSTRACT EFFECT OF MINERAL FERTILIZATION ON THE PRODUCTION OF BIOMASS OF GRASS CITRONELLA (Cymbopogon nardus L.) IN FIVE TIMES THE EVALUATION The objective of this study was to evaluate the biomass production of citronella grass into five harvest seasons (60, 88, 116, 144 and 172 days after transplanting) at different doses of mineral fertilization. Doses N, P2O5 and K20 were performed according to soil analysis (adaptation). The doses used were interspersed with 50% more or less than the recommended dose of 100%. We used randomized block design in a split-plot with five replicates. The fertilizers used were superphosphate (390 kg ha-1), potassium chloride (70 kg ha-1) and ammonium sulfate (250 kg ha-1). The variables analyzed were fresh weight of shoot, shoot dry mass, plant height, number of leaves and tillers. The dose of mineral fertilizer which provided greater biomass gain was 150% of the recommended dose. Key words: Mineral fertilizer, citronella grass, harvest time. INTRODUÇÃO O capim-citronela (Cymbopogon nardus L.), planta originada da Índia e do Ceilão, é utilizado na Indonésia como chá calmante e digestivo. O gênero Cymbopogon pertence à família Poaceae, subfamília Panicoideae. O óleo essencial extraído de C. nardus possui alto teor de geraniol e citronelal e apresenta atividade repelente a insetos e ação fungicida e bactericida (CASTRO et al., 2010). O cultivo do capim-citronela é extensamente estudado ao nível mundial, em virtude do seu potencial industrial. Entretanto, no Brasil, pouco se sabe a respeito do seu manejo agronômico, principalmente no que se refere a tratos culturais, como adubação mineral. No caso das espécies medicinais, a adubação pode favorecer ou não a produtividade em termos de biomassa e também de princípios ativos (ANDRADE &CASALI, 1999). A partir dos dados de crescimento podem-se ampliar os conhecimentos a respeito da biologia da planta, permitindo o desenvolvimento de técnicas de manejo das espécies ou estimando, de forma bastante precisa, as causas da variação de crescimento entre plantas geneticamente diversas ou entre plantas crescendo em ambientes diferentes (CASTRO et al., 2007). O desenvolvimento vegetal e a produção de óleos essenciais em plantas aromáticas são influenciados por vários fatores ambientais, incluindo condições edáficas. Neste sentido, os macronutrientes N, P2O5 e K20 atuam influenciando vários eventos bioquímicos do metabolismo primário e secundário das plantas (TAIZ & ZEIGER, 2009). Segundo Sangwan et al. (2001), a aplicação de fertilizantes em plantas aromáticas normalmente afeta a produção de óleos essenciais e, portanto, há necessidade de se avaliar as exigências de cada espécie, bem como, o manejo adequado da adubação. Dentre os fatores de estresse que podem interferir na composição química da planta, a nutrição merece destaque, pois a deficiência ou o excesso de nutrientes pode interferir na produção de biomassa e na quantidade de princípio ativo (MAPELI et al., 2005). Na obtenção da matéria-prima de plantas medicinais, a técnica de cultivo deve atender ao objetivo de aumentar a produção de biomassa por área, sem comprometer o teor de princípio ativo (CASTRO et al., 2004). Objetivou-se com este trabalho avaliar a produção de biomassa do capim-citronela em cinco épocas de colheita em diferentes dosagens de adubação mineral nas condições edafoclimáticas do sul do estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período compreendido entre fevereiro e outubro de 2010 na Universidade Federal do Tocantins, na área experimental do Campus Universitário de Gurupi. A exsicata da amostra do material vegetal utilizada está depositada no herbário da Universidade Federal de Viçosa com o número VIC 30283. “As coordenadas geográficas locais de referência da cidade de Gurupi são 11º43’45” sul e 49º04’07” oeste, com altitude média de 300 m. A região apresenta clima do tipo B1wÀà- clima úmido com moderada deficiência hídrica segundo o método de Thornthwaite (SEPLAN, 2003). As mudas foram feitas por divisão de touceiras de plantas matrizes retiradas dentro da área experimental da Universidade Federal do Tocantins UFT em sacos de plástico. O substrato utilizado no preparo das mudas foi constituído por terra de subsolo, esterco bovino curtido e casca de arroz carbonizada, na proporção de 2:3:2. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo vermelhoamarelo eutrófico de textura média (EMBRAPA, 2006), cujas características químicas encontram-se na Tabela 1. Para a caracterização química, amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-20 cm e encaminhadas para análise no Laboratório de Solos da Universidade Federal do Tocantins. Tabela 1 - Características químicas do solo da área experimental, Gurupi - TO Profundidade cm 0-20 pH H2O 6,3 P K -3 mg dm 5,6 16,2 3+ 2+ 2+ Al H + Al Ca Mg SB T -3 -----------------cmolc dm ----------------0,0 2,7 1,6 1,3 3,0 3,0 V % 52,6 MO -3 g dm 10,8 Atributos químicos da profundidade de 0-20 cm; pH em água - Relação 1:2,5; P e K – extrator Mehich 1; 3+ 2+ 2+ -1 Al , Ca e Mg – Extrator KCl (1 mol L ); H + Al – Extrator SMP; SB = Soma de Bases Trocáveis; (T) = Capacidade de Troca Catiônica a pH 7,0; V – Índice de Saturação de Bases; e MO = matéria orgânica 2 2 7 (oxidação: Na Cr O 4N + H2SO4 10N). Como não há uma recomendação para plantas medicinais, adotou-se como parâmetro uma adubação de outra espécie da mesma família Poaceae, a espécie Braquiaria decumbens. A recomendação de adubação mineral conforme o livro 5ª Aproximação foi de 100 kg ha-1 P205, 40 hg ha-1 K2O e 50 kg ha-1 N. Foi utilizado no plantio 390 kg ha-1 de superfosfato simples e 70 kg ha-1 de cloreto de potássio e 250 kg ha-1 de sulfato de amônio. O sulfato de amônio foi aplicado após 30 dias do transplantio das mudas (RIBEIRO et al., 1999). Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados em esquema de parcela subdividida, com cinco repetições. As parcelas foram constituídas por três níveis de adubação mineral com fertilizantes NPK (50, 100 e 150% da dose recomendada) e as subparcelas por cinco épocas de avaliação (60, 88, 116, 144 e 172 dias após o transplantio). O espaçamento foi de 0,5 m na linha e 1,0 m entre linhas, contendo 45 mudas por parcela. Foram avaliadas as seguintes características: massa fresca da parte aérea, massa seca da parte aérea, altura da planta, número de folhas e número de perfilhos. Os números de folhas e perfilhos foram realizados por simples contagem manual. A determinação da altura das plantas foi realizada com o uso de fita métrica. Na obtenção da massa seca, amostras da massa fresca foram mantidas em estufa com circulação forçada de ar a 70 °C por 72 h, até atingir massa constante, em seguida pesada em balança analítica. Os dados foram interpretados por meio de análises de variância e de regressão. No fator adubação mineral, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. No fator época de avaliação, as equações foram ajustadas com base no teste “t” e os coeficientes angulares foram comparados pelo teste “t”. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para variável massa fresca da parte aérea não houve diferença significativa entre os níveis de adubação química na primeira e segunda época de colheita. Na quinta época de colheita, o tratamento com 150% de adubação química apresentou valor significativamente maior que os outros tratamentos. Observando-se uma maior taxa de crescimento 30,13 g dia-1, atingindo na última época de colheita 3.198,20 g planta-1 (Tabela 2). Castro et al., (2007), observaram no capim-citronela cultivados com adubação orgânica uma taxa de acúmulo de massa fresca de 25,22 g dia -1, atingindo total de 3305,63 g planta-1 aos 168 DAT. Na variável massa seca da parte aérea não houve diferença estatística na primeira e segunda época de colheita. Na última época de colheita o tratamento com 150% da dose recomendada de adubação foi superior aos demais, com taxa de crescimento de 8,73 g dia -1, atingindo na última época de colheita 913,64 g planta-1. A testemunha apresentou a menor taxa de crescimento na variável massa seca, 4,45 g dia-1, atingindo na última época de colheita 489,85 g planta-1 (Tabela 2). Os valores de massa seca da parte aérea foram inferiores em comparação com experimento realizado com adubação orgânica por Castro et al., (2007) onde foi observado um acúmulo de massa seca de 10,10 g dia -1 e aos 168 dias após transplante as plantas atingiram 1.275,05 g planta-1. A interação entre doses de P2O5 e N sobre massa fresca e seca de capim-citronela foi significativa indicando que a aplicação do P2O5, na forma de superfosfato simples, associado ao uso do N, na forma de sulfato de amônio, promoveu, de modo geral, maiores produções de biomassa comprovando a eficiência desses dois fertilizantes. Tabela 2 - Valores médios de crescimento, equação de regressão ajustadas e coeficientes de determinação (R2) de quatro níveis de adubação mineral (0, 50, 100 e 150%) em capim-citronela (Cymbopogon nardus) nas variáveis massa fresca, massa seca, altura, número de folhas e perfilhos, em função de cinco épocas de avaliação (EP), em Gurupi - TO. AD % Épocas de avaliação (dias após o transplantio) 60 88 116 144 172 (1) Equações de regressão (2) 2 R -1 Massa fresca da parte aérea (g planta ) 0 178,75 a 378,75 a 451,25 a 1105,00 b 1970,00 c Ŷ=-968,304+15,3884** 0,85 50 231,00 a 468,00 a 622,50 ab 1200,75 b 2192,50 c Ŷ=-985,861+16,6277** 0,85 100 227,75 a 532,00 a 810,75 bc 2078,50 a 3247,50 b Ŷ=-1764,7+27,0929** 0,89 150 238,50 a 561,00 a 893,75 c 2244,50 a 3615,75 a Ŷ=-1984,99+30,1348)** 0,88 -1 Massa seca da parte aérea (g planta ) 0 57,00 a 121,25 a 135,50 c 298,50 b 591,25 c Ŷ=275,396+4,4491** 0,82 50 74,25 a 149,75 a 187,00 bc 324,25 b 658,00 c Ŷ=-227,321+4,7928** 0,82 100 73,00 a 170,50 a 243,25 ab 561,50 a 974,00 b Ŷ=504,079+7,8321** 0,87 150 76,25 a 178,25 a 268,25 a 606,00 a 1084,75 a Ŷ=-570,125+8,7312** 0,87 -1 Altura (cm planta ) 0 49,00 a 56,00 a 58,25 a 75,75 b 92,50 c Ŷ=22,0750+0,3813** 0,88 50 51,25 a 53,00 a 61,25 a 79,75 b 99,00 b Ŷ=18,2036+0,4366** 0,88 100 49,50 a 54,50 a 58,75 a 81,25 ab 103,00 ab Ŷ=13,9893+0,4776** 0.89 150 52,25 a 58,50 a 60,25 a 60,25 a 106,25 a Ŷ=16,6214+0,4821** 0.86 Número de folhas 0 80,00 a 233,25 b 282,00 c 411,50 b 482,00 c Ŷ=-109,182+3,5080** 0,88 50 88,75 a 251,00 b 312,25 bc 419,75 b 509,25 c Ŷ=-102,639+3,6098** 0,95 100 92,75 a 275,50 ab 337,50 ab 520,00 a 603,50 b Ŷ=-105,636+4,5214** 0,94 150 95,25 a 309,50 a 533,00 a 661,75 a Ŷ=-167,129+4,8446** 0,95 374,75 a Número de perfilhos 0 26,25 a 52,75 a 62,75 b 102,25 c 127,00 b Ŷ=-29,785+0,8964** 0,93 50 30,50 a 54,50 a 75,50 b 108,25 bc 121,00 b Ŷ=-19,3036+0,8383** 0,97 100 32,50 a 57,25 a 94,75 a 119,75 ab 130,50 b Ŷ=-20,1429+0,9232** 0,91 150 29,75 a 61,75 a 103,50 a 124,50 a 150,50 a Ŷ=-32,0464+1,0866** 0,95 (1) Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ˃ 0,05). (2) ** = significativo a 1% de probabilidade pelo teste “t”; Em relação à variável altura das plantas não houve diferença significativa entre os níveis de adubação na primeira, segunda e terceira épocas de colheita. Na quarta e quinta época de colheita os níveis de adubação de 100 e 150% não diferiram das demais. A adubação de 150% de NPK apresentou a maior taxa de crescimento em altura, 0,48 cm dia-1, passando de 45,58 cm planta-1 aos 60 DAT para 99,54 cm planta-1 aos 172 DAT. No tratamento com 0% de NPK foi verificada a menor taxa de crescimento em altura das plantas 0,38 cm dia-1 e aos 60 DAT as plantas estavam com 45 cm, atingindo 87,66 cm planta-1 na última época de colheita (10 DAT). A altura da planta é um caráter importante no que se refere ao processo de colheita, a qual é feita manualmente. Plantas com maior altura favorecem a colheita e, conseqüentemente, seu rendimento. Entretanto, não há relatos na literatura de estudos que avaliaram a altura de plantas de capim-citronela para efeitos de comparação. Quanto à variável número de folhas, na primeira época de avaliação aos 60 DAT, não houve diferença significativa entre os níveis de adubação. No entanto, a partir da segunda época de avaliação houve diferença significativa entre as dosagens de adubação. Todos os níveis apresentaram tendência de crescimento contínuo ao longo do período avaliado. De acordo com a equação de regressão ajustada, as plantas apresentaram na ausência de adubação de adubação a taxa de crescimento diário de 3,50 folhas dias -1, atingindo 494,19 folhas planta-1 na ultima época de avaliação. No tratamento de 150% de adubação química foi observada a maior taxa de crescimento 4,84 folhas dia -1, atingindo 666,14 folhas planta-1 na última época de avaliação (Tabela 2). Na variável número de perfilhos as doses de adubação (50, 100 e 150%) não tiveram diferença estatística na primeira e segunda época de colheita. No nível de adubação de 150%, foi observada uma taxa de crescimento de 1,08 perfilhos dia-1, atingindo 154,84 perfilhos na última época de avaliação (Tabela 2). Por outro lado, Silva et al. (2003), trabalhando com capim-limão submetido a três tipos de adubação (esterco bovino, esterco bovino+NPK e NPK), observaram para o número de perfilhos por touceira que as adubações não promoveram diferenças significativas entre os tratamentos porém vale salientar que os perfilhos do tratamento adubação mineral + orgânica mostraram-se mais vigorosos, com um melhor desenvolvimento vegetativo. CONCLUSÕES O uso da adubação mineral promoveu aumento na massa fresca da parte aérea, massa seca, altura das plantas, número de folhas e perfilhos no nível de 150% da dose recomendada nas condições edafoclimáticas do sul do Estado do Tocantins. A maior dose de adubação mineral (150%) proporcionou maior produção de biomassa e consequentemente maior rendimento do óleo essencial de capim-citronela. CAPÍTULO II AVALIAÇÃO DO TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon nardus (L.) EM TRÊS DOSES DE ADUBAÇÃO MINERAL RESUMO O objetivo deste trabalho foi analisar o teor e a composição do óleo essencial do Cymbopogon nardus em três níveis de adubação mineral no sul do Estado do Tocantins. A dosagem de NPK foi realizada conforme análise química do solo em doses crescentes (50, 100 e 150%). A extração do óleo essencial foi realizada por hidrodestilação e a identificação dos compostos por CG/EM. Os melhores resultados foram obtidos nas doses de 100 e 150% devido ao aumento da produção de biomassa que proporcionou maior rendimento do óleo essencial, alcançando 1,67%. Foram identificados dez compostos no óleo essencial de capim-citronela. Os monoterpenos majoritários foram citronelal e geraniol. E o sesquiterpeno majoritário foi o elemol. Palavras-chave: óleo essencial, plantas medicinais, adubação mineral ABSTRACT EVALUATION OF CONTENT AND COMPOSITION OF THE ESSENTIAL OIL OF Cymbopogon nardus (L.) IN THREE DOSES OF MINERAL FERTILIZATION The objective of this study was to analyze the content and composition of essential oil of Cymbopogon nardus in three levels of mineral fertilizer in the southern state of Tocantins. The dose of NPK was performed according to chemical analysis of soil in increasing doses (50, 100 and 150%). The essential oil extraction was performed by hydrodistillation and identification of compounds by GC / MS. The best results were obtained with doses of 100 to 150% due to increased biomass production which gave higher yield of essential oil, reaching 1.67%. We identified ten compounds in the essential oil of citronella grass. The majority monoterpenes were citronellal and geraniol. And the majority was the sesquiterpene elemol. Key words: essential oil, medicinal plants, citronella grass. INTRODUÇÃO A família Poaceae é cultivada em larga escala, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, com distribuição irrestrita em regiões montanhosas, planícies e zonas áridas. O gênero Cymbopogon que compõem esta família tem sua importância econômica na produção de óleo essencial, como por exemplo, o capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) Rendle, originário do Ceilão e da Índia, conhecido pelo poder repelente do óleo essencial rico em citronelal (MARCO et al., 2007; CASTRO & RAMOS, 2003). Os óleos essenciais são misturas complexas e seus constituintes podem pertencer as mais diversas classes de compostos, porém os terpenos e fenilpropenos são as classes de compostos mais encontrados (CASTRO et al., 2010). O óleo essencial do capim-citronela possui alto teor de geraniol e citronelal. Está planta medicinal tem crescido em importância no Brasil devido à grande procura pelo seu óleo essencial, tanto no mercado interno, quanto para exportação. Apesar disso, existem poucas informações no Brasil a respeito das técnicas de cultivo dessa planta (MARCO et al., 2007; CASTRO et al., 2010). O desenvolvimento vegetal e a produção de óleos essenciais em plantas aromáticas são influenciados por vários fatores ambientais, incluindo condições edáficas. Nesse sentido, os macronutrientes N, P 2O5 e K2O atuam influenciando vários eventos bioquímicos do metabolismo primário e metabólitos secundários de plantas medicinais (TAIZ & ZEIGER, 2009). Entre os fatores de estresse que interferem na composição química da planta, a nutrição merece destaque, pois a deficiência ou o excesso de nutrientes pode interferir na produção de biomassa e na quantidade de princípio ativo (MAPELI et al., 2005). Objetivou-se com este trabalho analisar o teor e a composição do óleo essencial do capim-citronela em três níveis de adubação mineral (NPK) no sul do Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins, Câmpus de Gurupi, tendo as coordenadas geográficas locais de referência da cidade de Gurupi são 11º43’45” S e 49º04’07” W com altitude média de 300 m. A região apresenta clima do tipo B1wÁá - clima úmido com moderada deficiência hídrica) segundo o método de Thornthwaite (SEPLAN, 2003). A exsicata com amostra do material vegetal de capim-citronela foi depositada no herbário da Universidade Federal de Viçosa com o número VIC 30283. O preparo das mudas foi realizado por divisão de touceiras e o transplante das mudas feito após 60 dias. No plantio foi utilizado o espaçamento de 1 m entre fileiras e 0,5 m entre covas. Foi utilizada adubação química, conforme análise de solo (Tabela 1), constando no plantio 390 kg ha-1 de superfosfato simples 70 kg ha-1 de cloreto de potássio e 250 kg ha-1 de sulfato de amônio. O sulfato de amônio foi aplicado após 30 dias do transplante das mudas. Tabela 1 - Análise química do solo. 3+ H + Al 2+ 2+ Profundidade pH P K Al Ca Mg SB cm H2O mg dm -3 -----------------cmolc dm ----------------- 0-20 6,3 5,6 16,2 0,0 T -3 2,7 1,6 1,3 3,0 3,0 V MO % g dm 52,6 10,8 -3 As amostras para extração do óleo essencial foram realizadas em três doses de adubação mineral (50, 100 e 150%) aos 172 dias após transplantio. O óleo essencial foi obtido por hidrodestilação, utilizando-se aparelho Clevenger a partir de amostras da parte aérea da planta desidratada (0,03 kg) em condições ambiente. As amostras foram colocadas em balão de fundo redondo contendo 1 litro de água destilada, que foi acoplado ao Clevenger e este, a um condensador. Após destilação por 2 horas foram recolhidos, aproximadamente 0,3 litro de hidrolato (água + óleo). O óleo foi extraído da fase aquosa com funil de separação, utilizando o pentano como solvente. Foram realizadas quatro extrações com 0,04 L de pentano. As frações orgânicas obtidas foram reunidas e secadas com sulfato de magnésio anidro, filtradas e o solvente foi removido sob pressão reduzida em evaporador rotativo a 40 ºC. A massa do óleo obtido foi determinada por pesagem em balança analítica, com precisão de 0,0001 kg. Na determinação do teor do óleo essencial foram utilizadas cinco repetições. As amostras de óleo essencial obtidas foram transferidas para frascos de vidro (envolto com papel alumínio) e armazenadas em geladeiras a 10 ºC, até o momento das análises. A identificação dos compostos do óleo essencial foi realizada por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massas (CG-EM) (CASTRO et al., 2004), em equipamento Shimadzu, modelo CG 17A, com detector seletivo de massa, modelo QP 5000. A coluna cromatográfica utilizada foi do tipo capilar de sílica fundida com fase estacionaria DB – 5, de 0,30 x 10-3 m de comprimento e 0,2543 x 10-3 m de diâmetro interno, utilizando hélio como gás carreador. As temperaturas foram de 220ºC no injetor e 300°C no detector. A temperatura do forno foi programada de 60° a 240°C, com acréscimo de 3°C a cada minuto. A temperatura inicial foi de 60ºC, seguido de um incremento de 3ºC por minuto ate atingir 240ºC, sendo mantida constante por 30 minutos. A identificação dos componentes foi feita por comparação dos espectros de massas com os espectros de massas disponíveis no banco de dados do equipamento, com a literatura e pelo índice de Kovat's (ADAMS, 2007). A quantificação dos componentes foi realizada utilizando um cromatografo a gás com detector de ionização de chama de hidrogênio em equipamento Shimadzu CG-17A. As análises para quantificação dos componentes foram realizadas nas mesmas condições descritas para a identificação dos constituintes. Essas análises foram realizadas em triplicatas. Os dados foram interpretados por meio de análises de variância e de regressão. No fator adubação mineral, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. No fator época de avaliação, as equações foram ajustadas com base no teste “t” e os coeficientes angulares foram comparados pelo teste “t”. A análise estatística foi realizada no programa SAEG (RIBEIRO JÚNIOR & MELO, 2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo da análise de variância da variável teor de óleo essencial, em três doses de adubação mineral encontra-se na Tabela 2. Tabela 2 - Resumo das análises de variância da variável teor do óleo essencial em três doses de adubação mineral de Cymbopogon nardus. Fonte de Variação GL Quadrado médio Adubação 3 0,1139** Resíduo 16 0,018 CV% 9,012 ** = Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F. Os maiores teores de óleo essencial foram obtidos nas doses de 100% (1,59%) e 150% de NPK (1,67%). Na dose de 50% foi de 1,42% e na dose zero (testemunha) foi obtido o menor valor em teor de óleo essencial (1,35%) (Figura 1). Figura 1 – Teor de óleo essencial de Cymbopogon nardus, em função de três doses de adubação mineral. Foi verificado que ao aumentar as doses de adubação mineral implicava na elevação dos teores de óleo essencial. Isso pode ser explicado pelo fato de que com o aumento das dosagens de adubação mineral maiores teores de N (faz parte da molécula de clorofila) estará disponível e consequentemente ocorrerá maior atividade fotossintética; P fornece energia para diversos processos metabólicos ligados ao crescimento das plantas e o K em maior disponibilidade eleva a translocação de açúcares para as regiões de crescimento (CORRÊA et al., 2010). Resultados diferentes dos obtidos no teor do óleo essencial de Cymbopogon nardus foram encontrados em vários trabalhos consultados. Marco et al. (2007) estudando diferentes espaçamentos, altura e épocas de cortes do capim-citronela, encontraram resultados variando de 3,52% a 4,18% de óleo essencial na matéria seca. Castro et al. (2007) observaram valor do teor do óleo essencial de capim-citronela sob adubação orgânica de 1,15%. No trabalho de Oliveira et al., (2011) houve rendimento do óleo essencial de C. nardus em torno de 2,27%. Na Tabela 3, constam que houve variação no número de compostos identificados do óleo essencial do C. nardus presentes nas quatro doses de adubação mineral. Foi obtido, na dose de 100% de NPK, o maior número de compostos (10) e, nas doses de 0, 50 e 150% de NPK, o menor número de compostos (09). Segundo Burt (2004), variações no rendimento de óleo essencial entre plantas pertencentes à mesma espécie podem ser atribuídas, principalmente, a diferença de época de colheita, tipo de solo, clima da região e umidade relativa do ar. Tabela 3 - Concentração relativa (área %), obtida por cromatografia gasosa dos constituintes do óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus, em quatro doses de NPK. Doses de adubação química % (NPK) Compostos 0% 50% 100% 150% IK Limoneno Linalol Óxido de rosa Citronelal Citronelol Geraniol Acetato de citronelila Acetato de geranila Germacreno D Elemol 1,30 0,36 15,44 2,20 26,15 2,30 3,62 0,87 12,19 1,27 0,15 21,30 3,56 13,51 1,70 3,17 0,79 11,47 2,01 0,13 0,13 17,48 1,13 23,29 1,30 2,69 0,63 10,32 1,15 0,17 18,32 11,82 24,51 1,65 3,12 0,68 12,03 1025 1094 1102 1148 1229 1256 1346 1377 1485 1533 NC 09 09 10 09 NC = número de compostos; IK = Índice de Kovats calculado Dez compostos químicos foram identificados no óleo essencial do capim-citronela divididos em monoterpenos e sesquiterpenos, mostrados na tabela 3 e nas figuras 2 e 3. O O CH3 CH3 CH3 Citronelal cis - Óxido de rosa CH3 OH CH2 H H OH CH3 CH 3 H3C OH Humuleno Cariof ileno Limoneno H Linalol Citronelol Geraniol H O O O O Ac - Muroleno Germacreno D CH3 CH3 Citronelal cis - Óxido de rosa Ac Acetato de citronelila Acetato de citronelol H Acetato geraniol Acetato dedegeranila CH3 CH OH Figura 2 – Fórmulas estruturais dos constituintes monoterpênicos 3 presentes no óleo CH2 essencial da parte Haérea de Cymbopogon nardus (Identificados por cromatografia H H OH gasosa acoplada à espectrometria de massa) CH3 CH 3 H3C Humuleno Cariof ileno Citronelol - Cadineno Geraniol - Cadineno H HO O Ac O Ac H OH Acetato de citronelol H H - Muroleno Elemol Acetato de geraniol Germacreno D - Cadinol Elenol H Figura 3 - Fórmulas estruturais dos constituintes sesquiterpênicos presentes no óleo essencial da parte aérea de Cymbopogon nardus (Identificados por cromatografia H gasosa acoplada à espectrometria de massa) - Cadineno - Cadineno Em todas as doses de adubação mineral foi obtida maior concentração HO relação H relativa de compostos monoterpênicos, em aos sesquiterpênicos. Foram identificados três compostos majoritários: o citronelal (monoterpeno), o geraniol (monoterpeno) e o elemol (sesquiterpeno). OH Elenol H - Cadinol Oliveira et al. (2011) estudando a composição química de óleos essenciais da espécie Cymbopogon, constataram no óleo essencial de C. nardus, os constituintes majoritários citronelal (34,61%), seguido de geraniol (23,18%) e citronelol (12,10%). De acordo com trabalho de Castro et al. (2007) foram identificados quinze compostos no óleo essencial de Cymbopogon nardus, divididos entre monoterpenos e sesquiterpenos, sendo o citronelal (36,67%) e o geraniol (25,05%) os compostos majoritários. Entre os sesquiterpenos, o elemol foi o composto encontrado em maior concentração. Gobbo-Neto & Lopes, (2007) explica que os metabólitos secundários representam uma interface química entre as plantas e o ambiente circundante, portanto, sua síntese é freqüentemente afetada por condições ambientais. Os óleos essenciais são produtos voláteis e, geralmente, apresentam uma constituição complexa. Em alguns casos, chegam a conter mais de uma centena de componentes distribuídos em quantidades variáveis. No caso do óleo essencial do capim-citronela, os componentes presentes no óleo é que promovem a eficácia do mesmo como repelente a insetos, ação fungicida, bactericida e utilização na fabricação de perfumes e cosméticos (REIS et al., 2006; CASTRO et al., 2010). Scherer et al. (2009) verificaram no óleo essencial do capim-citronela (Cymbopogon winterianus) os compostos majoritários β-citronelal (45%), geraniol (20,71%) e β-citonelol (14,49%). No óleo essencial de palmarosa (C. martinii), o geraniol constituiu cerca de 80%, sendo o acetato de geranila (12%) o segundo composto em maior porcentagem. Em óleos essenciais, os constituintes e as concentrações relativas não dependem somente da espécie da planta. Entre os vários fatores que influenciam a composição química, os mais importantes são a origem da planta, a parte da planta utilizada, o estágio de desenvolvimento da planta, as condições climáticas e de crescimento, como temperatura, solo, adubação e as condições de destilação e estocagem (OLIVEIRA et al., 2011). Segundo Amaral et al. (2008), a aplicação de fertilizantes em plantas aromáticas normalmente afeta a produção de óleos essenciais e, portanto, há necessidade de se avaliar as exigências de cada espécie, bem como, o manejo adequado da adubação. Tais fatores podem explicar as diferenças observadas entre as composições químicas e o teor do óleo essencial do capim-citronela de outros trabalhos já publicados. CONCLUSÕES O nível de adubação de 150% foi o mais favorável ao rendimento do óleo essencial de capim-citronela nas condições edafoclimáticas do sul do Estado do Tocantins. Os compostos majoritários do óleo essencial do capim-citronela foram citronelal, geraniol e elemol. CAPÍTULO III POTENCIAL FUNGITÓXICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon nardus L. (CAPIM-CITRONELA) SOBRE OS FUNGOS FITOPATOGÊNICOS Fusarium subglutinans E Didymella bryoniae RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade fungicida in vitro do óleo essencial das folhas de Cymbopogon nardus na inibição do crescimento micelial dos fungos Fusarium subglutinans e Didymella bryoniae. Na inibição do crescimento micelial do fungo F. subglutinans utilizaram-se cinco concentrações (250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm) do óleo essencial do capimcitronela e do composto citronelal. Na inibição do crescimento micelial do fungo D. bryoniae foi usada cinco concentrações (250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm) do óleo essencial de capim-citronela, capim-limão, hortelã, erva-cidreira e eucalipto.E em concentrações menores (150, 300, 450 e 600 ppm) foi usado o óleo essencial do capim-citronela para verificar o efeito fungicida na inibição do crescimento micelial do fungo D. bryonie. Os óleos essenciais foram distribuídos na superfície do meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Àgar) para avaliação do crescimento micelial nas diversas concentrações. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições. Na concentração de 1250 ppm foi observada a menor taxa de crescimento micelial do fungo F. subglutinans com óleo essencial do capim-citronela. Com óleo essencial de capim-limão houve 100% de inibição do crescimento micelial do fungo D. bryoniae. Na concentração de 600 ppm foi observada a menor taxa de crescimento micelial do fungo D. bryoniae com óleo essencial de capimcitronela. Palavras-chave: Bioatividade, plantas medicinais, óleo essencial. ABSTRACT POTENTIAL FUNGITOXIC ESSENTIAL OIL Cymbopogon nardus L. (GRASS CITRONELLA) ON PATHOGENIC FUNGI Fusarium subglutinans AND Didymella bryoniae The objective of this study was to evaluate the in vitro fungicidal activity of essential oil from the leaves of Cymbopogon nardus in inhibiting the mycelial growth of Fusarium subglutinans and Didymella bryoniae. Inhibition of mycelial growth of the fungus F. subglutinans were used five concentrations (250, 500, 750, 1000 and 1250 ppm) of essential oil of citronella grass and compost citronellal. Inhibition of mycelial growth of the fungus D. bryoniae was used five concentrations (250, 500, 750, 1000 and 1250 ppm) of essential oil of citronella grass, lemon grass, mint, lemon balm and eucalipto. E in lower concentrations (150, 300, 450 and 600 ppm ) was used essential oil of citronella grass to check the effect of the fungicide in inhibiting mycelial growth of the fungus D. bryonie. The essential oils were distributed on the surface of the culture medium PDA (Potato Dextrose Agar) for evaluation of mycelial growth in different concentrations. The experimental design was completely randomized with four replications. At a concentration of 1250 ppm was observed at a lower rate of mycelial growth of the fungus F. subglutinans with essential oil of citronella grass. With essential oil of lemon grass was 100% inhibition of mycelial growth of the fungus D. bryoniae. At a concentration of 600 ppm was observed at a lower rate of mycelial growth of the fungus D. bryoniae with essential oil of citronella-grass. Key words: Bioactivity, medicinal plants, essential oil. INTRODUÇÃO Os óleos essenciais são originados de metabólitos secundário de plantas e possuem composição complexa, destacando-se a presença de terpenos e fenilpropanóides (OLIVEIRA et al., 2011). O capim-citronela (Cymbopogon nardus), planta originada do Ceilão e da Índia, possui uso medicinal como calmante e digestivo. O gênero Cymbopogon pertence à família Poaceae, subfamília Panicoideae. Este gênero é constituído de oitenta e cinco espécies. No Brasil, óleo essencial de C. nardus tem sido tradicionalmente usado como repelente de insetos (CASTRO et al., 2007). O óleo essencial extraído de C. nardus possui alto teor de geraniol e citronelal. O geraniol possui atividade anti-séptica, inibindo o crescimento de fungos e bactérias. O citronelal é utilizado como material básico para a síntese de importantes compostos químicos denominados iononas e para a síntese de vitamina A. Esse óleo apresenta atividade repelente a insetos, e também ação fungicida e bactericida (CASTRO et al., 2007). Nesse enfoque, uma nova política agrícola através da agricultura alternativa tem sido desenvolvida, voltada à minimização desses impactos no ambiente e ao homem por meio do controle alternativo de doenças de plantas, o qual inclui o controle biológico, a indução de resistência em plantas (BETTIOL, 2001) e o uso de produtos alternativos no controle químico, como extratos e óleos vegetais, seja por sua ação fungitóxica direta, ou indiretamente por meio da ativação de mecanismos de defesa nas culturas tratadas. Na literatura é possível encontrar vários trabalhos que utilizam as propriedades antimicrobianas dos compostos secundários de plantas medicinais para o controle de agentes fitopatogênicos, como de mil-folhas (Achillea millefolium), capim-limão (Cymbopogon citratus), eucalipto (Eucalyptus citriodora) e mentrasto (Ageratum conyzoides) contra Didymella bryoniae (FIORI et al., 2000), cânfora (Artemisia camphorata) contra Bipolaris sorokiniana (FRANZENER et al., 2003), eucalipto (E. citriodora) contra Colletotrichum lagenarium (BONALDO et al., 2004), pimneta-longa (Curcuma longa) contra Alternaria solani (BALBI-PEÑA et al., 2006) eucalipto (Corymbia citriodora), capim-citronela (Cymbopogon nardus), nin (Azadirachta indica) e tomilho (Thymus vulgaris) em urediniósporos de Phakopsora pachyrhizi (MEDICE et al., 2007). Visto que a utilização de óleos essenciais oriundos de plantas medicinais tem mostrado resultados promissores no controle de patógenos de plantas, objetivou-se como este trabalho avaliar a atividade antifúngica do óleo essencial do capim-citronela sobre a inibição do crescimento micelial do fungo Fusarium subglutinans e Didymella bryoniae. MATERIAL E MÉTODO Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia, do Câmpus Universitário de Gurupi, Universidade Federal do Tocantins – UFT. As coordenadas geográficas locais de referência são 11° 43’ S de latitude e 49° 04’ W de longitude e altitude média de 300 m. A exsicata da amostra do material vegetal utilizado de capim-citronela (Cymbopogon nardus) foi depositada no herbário da Universidade Federal de Viçosa com o número VIC 30283. Experimento 01: Controle fitopatológico da fusariose (Fusarium subglutinans) pelo óleo essencial do capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) e do composto citronelal O isolamento do patógeno foi realizado a partir de frutos oriundos do município de Miranorte - TO (pólo de produção regional de abacaxi), com sintomas típicos de fusariose. Os procedimentos de isolamento constaram da desinfestação superficial de fragmentos de tecidos lesionados em solução de hipoclorito de sódio a 5%, por três minutos, lavagem em álcool 70%, por um minuto, e lavagem por três vezes consecutivas em água destilada esterilizada. Os fragmentos foram acondicionados em placas de Petri contendo o meio nutritivo BDA (Batata – Dextrose - Ágar). As placas foram incubadas por oito dias à temperatura de 25 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas. A extração do óleo essencial foi feita pelo método de hidrodestilação em equipamento Clevenger, com 1000 mL de água destilada e 100 g da folha desidratada do capim-citronela, por um período de 2 horas. Ao final, coletou-se o óleo essencial de capim-citronela (sobrenadante) com auxílio de uma pipeta, e posteriormente armazenou-se em frascos de vidro protegidos da luz envolto com papel alumínio. O composto citronelal foi adquirido na forma pura Para verificar o efeito do óleo essencial sobre o crescimento micelial, concentrações de 250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm do óleo essencial e do citronelal, foram colocados no centro de placas de Petri contendo BDA e distribuídos sobre a superfície do meio de cultura com auxílio da alça de Drigalsky. Em seguida, um disco de 6 mm de diâmetro contendo micélio de Fusarium subglutinans com cerca de 8 dias de idade em BDA, foi repicado para o centro das placas, vedadas com filme plástico e mantidas a 25º ± 2ºC em B.O.D. As avaliações foram realizadas por medições, após 48 horas da instalação do experimento e depois a cada dois dias, usando-se paquímetro digital para medir o comprimento das colônias, totalizando cinco épocas de avaliação. Os dados foram interpretados por meio de análises de variância e de regressão. No fator adubação mineral, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. No fator época de avaliação, as equações foram ajustadas com base no teste “t” e os coeficientes angulares foram comparados pelo teste “t”. Experimento 02: Bioatividade de óleos essenciais na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino O isolado de Didymella bryoniae (LAS-051) proveniente da cultura do pepino foi obtido da Coleção Micológica do Laboratório de Patologia de Sementes - LAPS, Departamento de Fitopatologia da UFLA, Lavras, MG. No procedimento de repicagem do fungo, foram incubadas em placas de Petri por oito dias à temperatura de 25 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas. A extração do óleo essencial foi realizada da mesma forma que no experimento 01. Foram testados cinco óleos essenciais: capim-citronela (Cymbopogon nardus), capim-limão (Cymbopogon citratus), eucalipto (Eucaliptus sp.), hortelã (Mentha piperita) e erva-cidreira (Lippia alba) in vitro sob o crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae, causador da doença crestamento gomoso da haste do pepino (Cucumis sativus). As concentrações testadas foram 250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm em cinco épocas de avaliação (2, 4, 6, 8 e 10 dias após repicagem).. Os óleos essenciais de Cymbopogon nardus e C. citratus tiveram a extração realizada por meio de hidrodestilação, usando o aparelho Clevenger, de acordo com experimento 01. Os demais óleos essenciais (Eucaliptus sp, Lippia alba e Mentha piperita) foram adquiridos em feira local. Experimento 03: Bioatividade do óleo essencial de capim-citronela na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino Para verificar o efeito do óleo essencial sobre o crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae, concentrações 150, 300, 450 e 600 ppm do óleo essencial do capim-citronela foram colocados no centro de placas de Petri contendo BDA e distribuídos sobre a superfície do meio de cultura com auxílio da alça de Drigalsky. Em seguida, um disco de 6 mm de diâmetro contendo micélio de D. bryoniae com cerca de 8 dias de idade em BDA, foi repicado para o centro das placas, vedadas com filme plástico e mantidas a 25 ± 2ºC em B.O.D. As avaliações foram realizadas por medições, após 72 horas da instalação do experimento e depois a cada dois dias, usando-se paquímetro digital para medir o comprimento das colônias, totalizando quatro épocas de avaliação. Os dados foram interpretados por meio de análises de variância e de regressão. No fator adubação mineral, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. No fator época de avaliação, as equações foram ajustadas com base no teste “t” e os coeficientes angulares foram comparados pelo teste “t” (RIBEIRO JÚNIOR & MELO, 2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Experimento 01: Controle fitopatológico da fusariose (Fusarium subglutinans) pelo óleo essencial do capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) e do composto citronelal Os tratamentos com óleo essencial de capim-citronela e citronelal propiciaram redução do crescimento micelial in vitro do fungo Fusarium subglutinans. O óleo essencial do capim-citronela nas alíquotas de 15, 20 e 25 µL aos 2 e 4 DAR (dias após repicagem) apresentaram 100% de inibição do crescimento micelial do patógeno (Tabela 1). Tabela 1 - Valores médios, equações de regressão e coeficiente de determinação (R2) do crescimento micelial (mm) do fungo Fusarium subglutinans, em cinco concentrações (C) (C1 = 0; C2 = 250ppm; C3 = 500ppm; C4 = 750ppm; C5 = 1000ppm e C6 = 1250ppm) do óleo essencial do capim-citronela e do citronelal, em cinco épocas de avaliação. Épocas de avaliação DAR (dias após repicagem) C 2 4 6 8 10 Equações de regressão R 2 Óleo essencial C1 20,27a 39,52 a 56,23 a 71,26 a 90,00 a Ŷ= 4,0915+8,5605** 0,9862 C2 6,52 b 14,43 b 25,45 b 39,32 b 56,39 b Ŷ=-8,9665+6,2310** 0,9144 C3 0,00 b 7,59 bc 14,38 c 23,15 c 36,30 c Ŷ=-10,1663+4,4081** 0,9178 C4 0,00 b 0,00 c 5,81 d 8,49 d 13,77 d Ŷ=- 5,1945 + 1,8013** 0,8829 C5 0,00 b 0,00 c 6,66 d 8,88 d 12,03 d Ŷ=- 4,3678 + 1,6466** 0,9103 C6 0,00 b 0,00 c 5,82 d 8,02 d 11, 60 d Ŷ=-4,2730+1,5518** 0,4977 Citronelal C1 20,71 a 43,46 a 63,21 a 74,25 a 90,00 a Ŷ=4,0915+8,5605** 0,9862 C2 7,43 ab 21,91 b 37,73 b 52,19 b 67,22 b Ŷ=-7,6593+7,4934** 0,9640 C3 3,38 b 16,16 bc 29,25 bc 42,87 bc 58,05 b Ŷ=-10,8833+6,8034** 0,9781 C4 0,00 b 10,38 bc 19,15 cd 30,33 cd 39,33 c Ŷ=-9,7458+4,9301** 0,9285 C5 0,00 b 6,01 c 16,26 cd 26,72 de 40,76 c Ŷ=-12,7188+5,1114** 0,9359 C6 0,00 b 3,58 c 8,25 d 15,78 e 27,52 c Ŷ=-9,1485+3,3623** 0,6841 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05). ** significativo a 1% de probabilidade, pelo teste “t”. Nas épocas de avaliação realizadas aos 6, 8 e 10 DAR o óleo essencial do capim-citronela nas concentrações de 750 a 1250 ppm diferiram estatisticamente dos outros tratamentos, apresentando maior efeito de inibição do crescimento micelial. De acordo com as equações de regressão ajustadas foi observado uma taxa de crescimento micelial na concentração de 1250ppm do óleo essencial de citronela de 1,55 mm dia -1, atingindo 11,25 mm na última época de avaliação. A testemunha apresentou taxa de crescimento micelial de 8,56 mm dia-1, atingindo na última época de avaliação crescimento micelial de 89,70 mm (Tabela 1 e Figura 1). 5 µL 5 µL 10 µL A 10 µL B T T 25 µL 15 µL 25 µL 15 µL 20 µL 20 µL Figura 1 - Efeito de cinco concentrações 250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm do óleo essencial do capim-citronela (a) e do composto citronelal (b) no crescimento micelial de Fusarium subglutinans. Resultados foram alcançados com óleo essencial de manjericão (Ocimum gratissimum) nas doses de 20, 40 e 60 µL, que inibiram totalmente o crescimento micelial in vitro dos fungos Rhizoctonia solani, Sclerotium rolfsii, Phytophthora sp. e Alternaria alternata (BENINI et al., 2010). Diniz et al. (2008) verificaram a ação fungicida do óleo de hortelã (Mentha arvensis L.) com a alíquota de 100 μL que propiciou a inibição de 100% no crescimento micelial dos fungos Aspergillus sp., Penicillum rubrum e Fusarium moniliforme, comprovando a eficácia do uso de óleo essencial no controle de patógenos in vitro. Pereira et al. (2011) observaram que doses a partir de 1000 µL L -1 dos óleos essenciais de canela (Cinnamomum zeylanicum), tomilho (Thymus vulgaris), erva-cidreira (Lippia alba) e capim-citronela (Cymbopogon nardus), inibiram completamente a germinação de conídios de Cercospora coffeicola. O óleo de cravo-da-índia (Sizygium aromaticum) e árvore de chá (Melaleuca alternifólia) inibiram completamente a germinação de conídios a partir de 1500 e 2000 µL L-1, respectivamente. Da mesma forma Rozwalka et al. (2008) verificaram que o óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus) apresentou atividade antifúngica sobre o desenvolvimento micelial de Colletotrichum gloeosporioides. Lima et al. (2008) relataram a eficiência do óleo essencial de capim-citronela (Cymbopogon nardus L.) no controle da ramulose (Colletotrichum gossypii) na cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.). De acordo com Amaral & Bara (2005), os óleos essenciais, possivelmente atuam na parede celular dos fungos, causando o vazamento do conteúdo celular. E esse efeito também foi observado por Rasooli et al. (2006), usando microscopia eletrônica de transmissão, onde o óleo essencial de Thymus eriocalyx promoveu danos severos para as paredes, membranas e organelas celulares de Aspergillus niger. O mecanismo de ação dos monoterpenos envolve, principalmente, efeitos tóxicos à estrutura e à função da membrana celular (OLIVEIRA et al., 2011). Em relação ao composto citronelal foi observado 100% de inibição do crescimento micelial do fungo nas concentrações de 750, 1000 e 1250 ppm na primeira época de avaliação. Na última época de avaliação (10 DAR), as alíquotas de 750 a 1250 ppm diferiram estatisticamente das outras concentrações. Na concentração de 1250 ppm do composto citronelal observou-se uma taxa de crescimento micelial do fungo de 3,36 mm dia-1, atingindo na última época de avaliação 24,48 mm (Tabela 2 e Figura 2). (a) (b) Figura 2 - Atividade fungitóxica do óleo essencial de capim-citronela (a) e do citronelal (b) sobre o crescimento micelial do patógeno Fusarium subglutinans em cinco épocas de avaliação. O maior efeito de inibição do óleo essencial do capim-citronela no crescimento micelial do fungo Fusarium subglutinans em relação ao composto citronelal pode estar relacionado com a interação dos vários compostos constituintes do óleo essencial. Desta forma, o maior efeito de inibição do óleo essencial é devido ao sinergismo existente entre os compostos do óleo essencial do capim-citronela, que atuam de forma conjunta, o que propiciou um maior efeito fungistático do que o composto citronelal. Experimento 02: Bioatividade de óleos essenciais na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino O óleo essencial de Eucaliptus sp. proporcionou crescimento micelial do fungo em todas as concentrações testadas. A testemunha apresentou diferença significativa em relação todas às concentrações testadas em todas as épocas de avaliação. De acordo com a equação de regressão ajustada foi observado uma taxa de crescimento micelial de 7,78 mm dia-1, atingindo 94,22 mm na última época de avaliação. A concentração de 1250 ppm apresentou taxa de crescimento micelial do fungo 4,73 mm dia-1, atingindo 44,47 mm aos 10 DAR (Tabela 2 e Figura 3). Tabela 2 - Valores médios, equações de regressão e coeficiente de determinação (R2) do crescimento micelial (mm) do fungo Didymella bryoniae, em cinco concentrações (C) (C1 = 0; C2 = 250ppm; C3 = 500ppm; C4 = 750ppm; C5 = 1000ppm e C6 = 1250ppm) dos óleos essenciais (Eucaliptus sp, Lippia alba e Cymbopogon nardus) em cinco épocas de avaliação. Épocas de avaliação DAR (dias após repicagem) Equações de regressão R 2 Óleo essencial de Eucaliptus sp. C 2 4 6 8 10 C1 23,42 a 53,54 a 72,14 a 76,18 a 90,00 a Ŷ= 16,3252 + 7,7891** 0,89 C2 11,19 b 22,82 b 40,71 b 52,68 b 68,03 b Ŷ=-3,9697 + 7,1763** 0,91 C3 9,85 b 20,02 bc 30,82 c 41,20 c 55,95 c Ŷ=-2,4392 + 5,6686** 0,96 C4 10,03 b 19,67 bc 29,98 c 40,07 c 48,38 cd Ŷ=0,4942 + 4,8558** 0,98 C5 7,85 b 16,73 bc 26,37 c 36,24 c 46,13 d Ŷ=-2,1542 + 4,8036** 0,99 C6 6,99 b 15,13 c 25,98 c 35,34 c 44,22 d Ŷ=-2,8635 + 4,7332** 0,99 Óleo essencial de Lippia alba C1 23,42 a 53,54 a 72,14 a 76,18 a 90,00 a Ŷ= 16,3252 + 7,7891** 0,89 C2 1,82 b 17,40 b 41,72 b 59,01 b 68,82 b Ŷ=-14,9257 + 8,7803** 0,91 C3 0,00 b 0,00 c 9,76 c 25,58 c 50,41 c Ŷ=-20,7710 + 6,3207** 0,78 Óleo essencial de Cymbopogon nardus C1 23,42 a 53,54 a 72,14 a 76,18 a 90,00 a Ŷ= 16,3252 + 7,7891** 0,89 C2 0,00 b 0,00 b 5,17 b 15,81 b 28,69 b Ŷ=-12,0220 + 3,6595** 0,75 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05). ** significativo a 1% de probabilidade, pelo teste “t”. Perini (2009) constatou o efeito inibitório de 100% do óleo essencial de eucalipto sp sob crescimento micelial do fungo Pyricularia grisea na concentração de 90 µL. Figura 3 – Crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae sob efeito do óleo essencial de Eucaliptus sp em cinco épocas de avaliação. No óleo essencial de Lippia alba foi observado crescimento micelial somente nas concentrações de 250 e 500 ppm. Em relação ao óleo essencial de Cymbopogon nardus verificou-se crescimento micelial somente na concentração de 250 ppm (Tabela 2 e Figuras 4 e 5). O óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus) inibiu em 100% o crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae em todas as concentrações testadas (250, 500, 750, 1000 e 1250 ppm) e do óleo essencial de hortelã (Mentha piperita) houve crescimento somente na concentração de 250 ppm aos 10 DAR (Figura 5). Figura 4 - Crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae sob efeito do óleo essencial de Lippia alba (a) e Cymbopogon nardus (b) em cinco épocas de avaliação. O óleo essencial de erva-cidreira (Lippia alba) na concentração de 500 ppm aos 4, 6, 8 e 10 DAR apresentou diferença significativa em relação a concentração de 250 ppm. De acordo com a equação de regressão ajustada foi observado uma taxa de crescimento micelial na concentração de 500 ppm do óleo essencial de erva-cidreira de 6,32 mm dia-1, atingindo 42,44 mm na última época de avaliação (Tabela 2). O óleo essencial de capim-citronela (Cymbopogon nardus) proporcionou inibição de 100% no crescimento micelial do fungo nas concentrações de 500, 750, 1000 e 1250 ppm. No entanto, foi observado na concentração de 250 ppm, um crescimento micelial do fungo a partir de 6 DAR. De acordo com a equação de regressão ajustada foi observado uma taxa de crescimento micelial do fungo de 3,65 mm dia-1, atingindo 24,57 mm aos 10 DAR (Tabela 2 e Figuras 4 e 5). Perini (2009) observou inibição de 100% no crescimento micelial do fungo Pyricularia grisea usando o óleo essencial de capim-citronela nas alíquotas de 30, 60, 90, 120 e 150 µL. A T 5µL 15µL 10µL 5µL 5µL 5µL L L 25µL 20µL 5µL 15µL 20µL L T B 5µL 5µL L 20µL 5µL 15µL L 5µL L 5µL 5µL 5µL 15µL 5µL 15µL 15µL 10µL 25µL 5µL 15µL 5µL 5µL L L L T 5µL T D C 5µL 10µL 10µL 5µL 5µL 5µL L L L 15µL 20µL 25µL 15µL 20µL 25µL 5µL 15µL 15µL 5µL 15µL 15µL 5µL 5µL 5µL 5µL L L L L 5µL 5µL 5µL 5µL L L E T 5µL 5µL L 10µL 5µL L 15µL 15µL 5µL 5µL L 20µL 25µL 15µL 15µL 5µL 5µL 5µL 5µL L L Figura 5 - Efeito das alíquotas dos óleos essenciais de cinco espécies (A = capimlimão, B = hortelã, C = capim-citronela, D = erva-cidreira e E = eucalipto), no crescimento micelial de D. bryoniae aos 10 dias após repicagem. Resultados semelhantes aos obtidos nesse trabalho, utilizando plantas medicinais no controle de doenças de plantas, têm sido relatados por vários pesquisadores. Valarini et al (1994) trabalhando com óleo essencial do capimlimão (Cymbopogon citratus) observaram inibição total do crescimento micelial de Fusarium solani, Sclerotinia sclerotiorum e Rhizoctonia solani. Zeni et al. (2004) verificaram efeito inibidor do óleo de Eucalyptus citriodora sobre Botrytis cinérea. Em outro trabalho, Lima (2007) estudando o óleo essencial de citronela (C. nardus) observou inibição total do crescimento micelial do fungo Colletotrichum gossypii. Com intuito de testar concentrações inferiores foi instalado outro experimento com o óleo essencial do capim-citronela. Experimento 03: Bioatividade do óleo essencial de Cymbopogon nardus (capim-citronela) na inibição do crescimento micelial do fungo Didymella bryoniae da cultura do pepino Os tratamentos com capim-citronela demonstraram redução do crescimento micelial in vitro do fungo Didymella bryoniae. O óleo essencial do capim-citronela nas concentrações de 300, 450 e 600 ppm aos 3 DAR (dias após repicagem) apresentaram 100% de inibição do crescimento micelial do patógeno. No entanto, somente a concentração de 600 ppm apresentou 100% de inibição em todas as épocas de avaliação. Em todas as épocas de avaliação (3, 5, 7 e 9 DAR) o óleo essencial do capim-citronela apresentou diferença estatística entre todos os tratamentos (150, 300, 450 e 600 ppm) em relação a testemunha (Tabela 3). Tabela 3 - Valores médios, equações de regressão e coeficiente de determinação (R2) do crescimento micelial (mm) do fungo Didymella bryoniae, em quatro concentrações (C) (C1 = 0; C2 = 150ppm; C3 = 300ppm; C4 = 450ppm; C5 = 600ppm) do óleo essencial do capim-citronela, em quatro épocas de avaliação. Épocas de avaliação DAR (dias após repicagem) Equação de regressão R 2 C 3 5 7 9 C1 46,34 a 69,85 a 79,06 a 90,00 a Ŷ= 9,6936 + 9,8044** 0,9080 C2 6,59 b 17,05 b 31,52 b 58,30 b Ŷ= -12,6900 + 7,0770** 0,8774 C3 0,00 c 6,78 c 12,32 c 29,23 c Ŷ= -8,0286 + 3,5391** 0,8268 C4 0,00 c 0,00 d 5,87 c 12,15 d Ŷ= -3,9408 + 1,5093** 0,7444 C5 0,00 0,00 0,00 0,00 Ŷ= 0 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05). ** significativo a 1% de probabilidade, pelo teste “t”. Houve decréscimo no crescimento micelial conforme se aumentou as concentrações do óleo essencial do capim-citronela. De acordo com as equações de regressão ajustadas foi observada uma taxa de crescimento micelial na concentração de 450 ppm de 1,50 mm dia-1, atingindo 11,15 mm na última época de avaliação. Na concentração de 600 ppm houve 100% de inibição do crescimento micelial do fungo em todas as épocas de avaliação. A testemunha apresentou taxa de crescimento micelial de 9,80 mm dia -1, atingindo na última época de avaliação crescimento micelial de 88,35 mm (Figura 6). Figura 6 – Atividade fungitóxica do óleo essencial de capim-citronela sobre o crescimento micelial do patógeno Didymella bryoniae em quatro épocas de avaliação. Os resultados comprovam o efeito fungicida na concentração de 600 ppm do óleo essencial do capim-citronela sobre fungo D. bryoniae. No trabalho de Medice et al. (2007), verificaram que os óleos essenciais de eucalipto citriodora (Corymbia citriodora), capim-citronela (Cymbopogon nardus), nin (Azadirachta indica) e tomilho (Thymus vulgaris) nas concentrações de 0,01%, 0,5%, 0,3% e 1% respectivamente, inibiram a germinação dos urediniósporos de Phakopsora pachyrhizi. Estes dados mostram que todos os óleos essenciais estudados apresentam efeito fungistático direto sobre o fungo. E em outro trabalho também verificou o efeito fungitóxico destes óleos (SCHWAN-ESTRADA et al., 2003). Segundo Rozwalka et al. (2008), o óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus) sobre Colletotrichum gloeosporioides, propiciou inibição do crescimento micelial de 100% utilizando concentração de 10 mL na superfície da placa. Fiori et al. (2000) utilizaram os óleos essenciais de capim-limão (Cymbopogon citratus), mentrasto (Ageratum conyzoides) e eucalipto (Eucaliptus citriodora) observaram 100% de inibição do crescimento micelial e germinação de esporos de Didymella bryoniae com uma concentração de 20 µL. Bonaldo et al. (2007) observaram que o óleo essencial de eucalipto (Corymbia citriodora) em todas as concentrações testadas (5, 10, 20, 40 e 60 μL), inibiu o crescimento micelial e a germinação de conídios de Alternaria alternata e Colletotrichum sublineolum e escleródios de Sclerotium rolfsii. Segundo Silva (2001), a reunião de vários componentes na composição de óleos essenciais, pode atuar em harmonia sinergética e apresentar uma ampla gama de atuação fungicida ou fungistática. Os resultados obtidos demonstraram que o óleo essencial de capimcitronela (Cymbopogon nardus) teve ação fungitóxica significativa contra os fitopatógenos testados. Isto indica, portanto, boas perspectivas para uso experimental desses óleos no controle dos fitopatógenos em condições de casa-de-vegetação e de campo. A possibilidade de uso de produtos de origem natural, que apresentam baixa toxicidade, se traduz em vantagem por ser um procedimento menos agressivo ao meio ambiente. CONCLUSÕES - Experimento 01: Óleo essencial do capim-citronela foi mais eficaz na inibição do crescimento micelial do fungo Fusarium subglutinans do que o composto citronelal. - Experimento 02: O óleo de capim-limão e hortelã inibiu em 100% o crescimento micelial do fungo em todas as concentrações. Os demais óleos essenciais demonstraram efeito fungistático. - Experimento 03: O óleo essencial do capim-citronela com a concentração de 600 ppm inibiu 100% do crescimento micelial do fungo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectroscopy. 4 ed. Allured Publishing Corporation, 2007. 804p. ALVES, G. A. R. 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