UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA FÁBIO ANTÔNIO DO NASCIMENTO SETÚBAL / 0302102401 DESENVOLVIMENTO DE UM INDICADOR DE FAIXA DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA DE BAIXO CUSTO ATUANDO COMO SISTEMA PERMANENTE DE MONITORAMENTO DE RUÍDO BELÉM 2008 FÁBIO ANTÔNIO DO NASCIMENTO SETÚBAL / 0302102401 DESENVOLVIMENTO DE UM INDICADOR DE FAIXA DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA DE BAIXO CUSTO ATUANDO COMO SISTEMA PERMANENTE DE MONITORAMENTO DE RUÍDO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado da Faculdade de Engenharia Mecânica do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico Orientador: Prof. Dr. Gustavo da Silva Vieira de Melo BELÉM 2008 FÁBIO ANTÔNIO DO NASCIMENTO SETÚBAL / 0302102401 DESENVOLVIMENTO DE UM INDICADOR DE FAIXA DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA DE BAIXO CUSTO ATUANDO COMO SISTEMA PERMANENTE DE MONITORAMENTO DE RUÍDO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal do Pará . Submetido à banca examinadora constituída pelos integrantes: __________________________________________ Prof. Dr. Gustavo da Silva Vieira de Melo UFPA – Orientador, Presidente Prof. Dr. Eng. Newton Sure Soeiro UFPA Prof. Eng. Odorico Nina Ribeiro Neto CEFET/PA Julgado em ____ de _____________de 200_ Conceito:____________________________ BELÉM 2008 À minha noiva Patrícia, pela paciência, dedicação, companheirismo e incentivo. AGRADECIMENTOS • À minha família que suportou todos esses anos “difíceis” comigo sem questionamentos e cobranças; • Ao professor e orientador Gustavo da Silva Vieira de Melo pela amizade, confiança e orientação; • Ao professor Newton Sure Soeiro pelos ensinamentos e incentivos; • Ao professor e amigo Odorico Nina Ribeiro Neto, pelo apoio e ajuda indispensável no desenvolvimento deste trabalho; • A todos que constituíram e os que ainda constituem o Grupo de Vibrações e Acústica: Helder, Adriano, Érlison, Luiz Fernando, Roberta, Diana, Rodrigo, Reginaldo, Aviz, Márcio, Walter, Alexandre, Keliene, Bruno, Adry e Juliana Ruffeil; • À minha turma de graduação (2003) em Engenharia Mecânica, pela união durante toda a nossa jornada na UFPA; • Ao Grupo PET, especialmente ao prof. Luciano, pelo apoio, educação e conselhos, que me incentivaram a enfrentar a vida com responsabilidade e sabedoria; • Aos meus grandes amigos Alan Maurício e Renato José, pela amizade e fraternidade ao longo dos anos; • Aos meus amigos Leandro Rodrigues, Jorge Andrey e Raphael Barros, pela amizade, apoio e confiança. • Ao Seu Valter e D. Nata pela educação e incentivos indispensáveis para o meu amadurecimento. • Aos meus tios e tias pela educação e conselhos. • Aos meus irmãos Marcelo, Márcia, Marcilene, Patrícia e Flávio. • A toda equipe da empresa Áudio Sonorização, em que estagiei como técnico em eletrônica: Nonato, Rafael, Gil, Boro, Mauro, Jesus, Adriano, Beato, Ademir e outros. • Aos meus amigos técnicos de som, Dako, Júnior e Kleber. A curiosidade constante pela resolução De novos problemas é atributo seguro do Homem altamente inteligente. Dr. José Reis RESUMO Este trabalho descreve o projeto e implantação de um indicador de faixa de nível de pressão sonora que deverá exibir o valor do nível de ruído, em decibel ponderado na escala “A”, dB(A), coletado no ambiente investigado, funcionando como um sistema permanente de monitoramento. O instrumento exibirá como indicador de faixa de nível de ruído, três conjuntos de lâmpadas coloridas, a saber: um verde, um amarelo e outro vermelho. As lâmpadas verdes indicarão que o ruído no ambiente está aceitável para o conforto acústico das pessoas presentes nele e, portanto, não prejudicará as atividades a serem desenvolvidas. As lâmpadas amarelas indicarão que o ruído no ambiente está dentro da faixa permitida para o conforto acústico, sem prejudicar o desenvolvimento das atividades. Por fim, as lâmpadas vermelhas indicarão que o nível de ruído no ambiente está acima do nível permitido para a atividade no ambiente, podendo provocar estresse, desconcentração na atividade, dores de cabeça e outros sintomas causados pela exposição ao ruído no ambiente, mas sem causar, necessariamente, dano ao sistema auditivo. Estes valores terão como referência, valores indicados na norma brasileira NBR 10152 (1987). Para a construção do circuito eletrônico, utilizar-se-á um microfone de eletreto omnidirecional, um pré-amplificador, um filtro, que simulará a curva de ponderação “A”, um detector de RMS (Root Mean Square) e, por último, um circuito comparador que irá comparar o sinal de entrada com os valores de referência especificados. O pré-amplificador, o filtro e o detector de RMS irão adequar o sinal de entrada para as especificações do projeto e funcionarão desta forma como um condicionador de sinal. Com o desenvolvimento deste projeto, será possível monitorar, a um baixo custo, corredores de escolas, hospitais, ambientes externos e outros locais que possuam limites máximos de níveis de ruído estabelecidos por normas, uma vez que os componentes eletrônicos utilizados neste trabalho são todos comerciais e com uma boa precisão para o uso. A calibração deste protótipo terá como padrão o analisador PULSE da B&K e será calibrado através da comparação dos valores medidos no PULSE e no protótipo em desenvolvimento, a partir da geração de ruído rosa dentro de certo ambiente. Assim, o microfone a ser calibrado será colocado bem próximo do microfone conectado ao PULSE e, para cada valor máximo do nível de pressão sonora medido pelo PULSE, ajustar-se-á a tensão do circuito comparador para acender o grupo luminoso correspondente. Palavras-Chave: Medidor de nível de pressão sonora, ruído, componentes eletrônicos, conforto acústico. LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 - Pressão Acústica. Fonte: GERGES (2000) ..................................................... 20 FIGURA 2.2 - Comparação entre as escalas de pressão sonora e de níveis de pressão sonora. Fonte: Brüel & Kjaer (2007) .................................................................................................... 21 FIGURA 2.3 - Características do Ruído quanto a sua duração no tempo: (a) Ruído Contínuo; (b) Ruído intermitente; (c) Ruído Impulsivo ou de Impacto e (d) Ruído Tonal. Fonte: Brüel & Kjaer (2007) .................................................................................................... 22 FIGURA 2.4 - Efeitos do ruído sobre o organismo. Fonte: GERGES (2000) ......................... 23 FIGURA 2.5 - Curvas Isofônicas ............................................................................................. 24 FIGURA 2.6 - O Ouvido Humano ........................................................................................... 25 FIGURA 2.7 - Medidores de nível de pressão sonora portáteis de alguns fabricantes ............ 27 FIGURA 2.8 - Diagrama em blocos de um medidor de nível de pressão sonora básico. Fonte: HANS (2001) ................................................................................................................ 27 FIGURA 2.9 - Curvas típicas da resposta em freqüência de microfones. Fonte: GERGES (2000) ...................................................................................................................................... 28 FIGURA 2.10 - Filtros de ponderação A, B, C e D. ................................................................ 29 FIGURA 2.11 - Nível de Pressão sonora equivalente Leq para certo tempo de integração (T). Fonte: Ruído Ambiental – Brüel&Kjaer ................................................................................. 32 FIGURA 2.12 - Calibradores Acústicos de vários Fabricantes................................................ 33 FIGURA 3.1 - Circuito eletrônico composto de um resistor e um LED .................................. 36 FIGURA 3.2 - Microfone de Eletreto (Panasonic) e sua Resposta em Freqüência.................. 38 FIGURA 3.3 - Esquema Elétrico Típico de um Microfone de Eletreto. Fonte: Elliott Sound Products. ................................................................................................................................... 38 FIGURA 3.4 - Amplificador de Instrumentação ...................................................................... 39 FIGURA 3.5 - Circuito Não-inversor com Realimentação Negativa....................................... 40 FIGURA 3.6 - Circuito Inversor com Realimentação Negativa. ............................................. 41 FIGURA 3.7 - Resposta em freqüência da resistência, reatância capacitiva e reatância indutiva. .................................................................................................................................... 42 FIGURA 3.8 - Filtro Passivo Passa Baixa RC. ........................................................................ 42 FIGURA 3.9 - Resposta em Freqüência do Filtro Passa-Baixa RC. ........................................ 43 FIGURA 3.10 - Filtro Passivo Passa Alta RC.......................................................................... 43 FIGURA 3.11 - Resposta em Freqüência do Filtro Passa Alta RC.......................................... 44 FIGURA 3.12 - Filtro Passivo Passa Banda RC. ..................................................................... 44 FIGURA 3.13 - Filtro Passa Alta Ativo. .................................................................................. 45 FIGURA 3.14 - Filtro Passa Baixa Ativo................................................................................. 46 FIGURA 3.15 - Circuito Comparador...................................................................................... 46 FIGURA 3.16 - Característica de Transferência do Comparador. ........................................... 47 FIGURA 3.17 - Circuito Integrador. ........................................................................................ 48 FIGURA 3.18 - Circuito Integrador com Ganho Limitado em Baixas Freqüências................ 49 FIGURA 3.19 - Amplificador Logarítmico Transdiodo. ......................................................... 50 FIGURA 3.20 - Amplificador Anti-logarítmico....................................................................... 51 FIGURA 3.21 - Multiplicação de Dois Sinais de Entrada Usando Amplificadores Logarítmicos e Anti-logarítmicos............................................................................................. 51 FIGURA 3.22 - Regulador de tensão Positiva (à esquerda) e regulador de Tensão Negativa (à direita)....................................................................................................................................... 52 FIGURA 3.23 - Fonte Simétrica estabilizada (± 15V)............................................................. 52 FIGURA 4.1 - Protótipo do indicador de faixa de nível de pressão sonora: (a) Vista Frontal Externa; (b) Vista Frontal Interna; (c) Vista Frontal Interna (mostrador); (d) Vista Lateral externa e (e) Vista Superior Externa......................................................................................... 53 FIGURA 4.2 - Diagrama em blocos do Indicador de Faixa de Nível de Pressão Sonora........ 54 FIGURA 4.3 - Configuração utilizada na determinação da sensibilidade e calibração do microfone.................................................................................................................................. 55 FIGURA 4.4 - (a) Amplificador balanceado com Circuito de polarização do Microfone de Eletreto (b) Pinagem do CI TL072 da Texas Instruments. ....................................................... 56 FIGURA 4.5 - Amplificador de Instrumentação. ..................................................................... 58 FIGURA 4.6 - Filtro de Ponderação A. Fonte: ELLIOTT (2003). .......................................... 59 FIGURA 4.7 - Detector de RMS Verdadeiro. .......................................................................... 62 FIGURA 4.8 - Circuito Comparador........................................................................................ 63 FIGURA 4.9 - Circuito completo do Medidor de Nível de Pressão Sonora. ........................... 65 FIGURA 5.1 - Resposta em freqüência da etapa de pré-amplificação..................................... 69 FIGURA 5.2 - Resposta em freqüência do Filtro versus Curva de Compensação Padrão....... 71 LISTA DE QUADROS QUADRO 2.1 - Atenuação da Percepção auditiva A, B e C. Fonte: GERGES (2000). .......... 30 QUADRO 4.1 - Descrição e Cotação do material utilizado (Julho/2008) .............................. 63 QUADRO 4.2 - Valores máximos de níveis ruído em determinados ambientes. Fonte: NBR 10152 (1987). ....................................................................................................... 67 QUADRO 5.1 - Resposta em freqüência da etapa de pré-amplificação. ................................. 68 QUADRO 5.2 - Ponderações em freqüência e Limites de Tolerância para a Resposta A Fonte: IEC 61672-1- 2002 - Eletroacoustics – Sound Level Meters........................................ 70 QUADRO 5.3 - Valores das tensões de entrada e saída do detector de RMS.......................... 71 QUADRO 5.4 - Valores de Tensão para cada NPS ................................................................. 73 SIMBOLOGIA AC Corrente Alternada A fechada Ganho em Malha Fechada de um AMPOP c Velocidade do som C Capacitância CC Corrente Contínua f Freqüência em Hz f central Freqüência Central de um Filtro Passa Banda fC Freqüência de Corte f CRC Freqüência de Corte de um Filtro RC Passa Baixa ou Passa Alta GND Ground (terra, potencial elétrico de zero volts) GRC ( PA) Ganho de Tensão de um Filtro RC Passa Alta GRC ( PB ) Ganho de Tensão de um Filtro RC Passa Baixa I Corrente Elétrica IC Corrente do sinal que entra no Circuito LOG/ANTILOG L Aeq Nível de Pressão Sonora Equivalente Ponderado em “A” Leq Nível de Pressão Sonora Equivalente NPS Nível de Pressão Sonora P(t) Amplitude de Pressão Acústica Patm Pressão Atmosférica Estática P0 Pressão de Referência (2,0 × 10 5 Pa ) Pt (t) Amplitude da Pressão Acústica Total R Resistência Elétrica RG Resistência que seleciona o Ganho do Amplificador de Instrumentação RMS Raiz Média Quadrática RRMC Razão de Rejeição em Modo Comum T Temperatura em °C t Tempo de Integração do Amplificador Integrador U Diferença de Potencial Vbe Tensão de Saída do Circuito LOG/ANTILOG Vent Tensão de Entrada do Amplificador Operacional Verro Diferença entre os sinais de entrada de um AMPOP Vref i Tensão de Referência Inferior do Circuito Comparador de Janela Vref s Tensão de Referência Superior do Circuito Comparador de Janela Vsaída Tensão de Saída do Amplificador Operacional XC Reatância Capacitiva λ Comprimento de Onda ω Velocidade Angular SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15 1.1 Introdução ......................................................................................................................... 15 1.2 Justificativa ....................................................................................................................... 16 1.3 Objetivos............................................................................................................................ 17 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 17 1.3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 17 1.4 Organização do Trabalho ................................................................................................ 17 2 FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS DO SOM ................................................................ 19 2.1 Conceitos Fundamentais do Som .................................................................................... 19 2.2 O Som e os Seres Humanos ............................................................................................. 22 2.3 O Ouvido Humano ........................................................................................................... 24 2.4 Instrumentos de medição de Nível de Pressão Sonora ................................................. 26 3 FUNDAMENTOS DA ELETRÔNICA ............................................................................. 34 3.1 Componentes Elétricos e Eletrônicos.............................................................................. 34 3.1.1 Introdução ........................................................................................................................ 34 3.1.2 Resistores ......................................................................................................................... 34 3.1.3 Capacitores ...................................................................................................................... 35 3.1.4 Diodos.............................................................................................................................. 35 3.1.4.1 Diodo Zener .................................................................................................................. 35 3.1.4.2 Diodo Emissor de Luz - LED........................................................................................ 36 3.1.5 Transistores de Baixa Potência ........................................................................................ 37 3.1.6 Amplificadores Operacionais - AMPOP ......................................................................... 37 3.1.7 Microfone de Eletreto ...................................................................................................... 37 3.2 Aspectos Importantes Utilizados em Circuitos Eletrônicos.......................................... 39 3.2.1 Pré-Amplificadores.......................................................................................................... 39 3.2.2 Realimentação Negativa .................................................................................................. 40 3.2.3 Filtros RC ........................................................................................................................ 41 3.2.4 Filtros Ativos ................................................................................................................... 45 3.2.5 Circuito Comparador de Tensão ...................................................................................... 46 3.2.6 Circuito Integrador .......................................................................................................... 47 3.2.7 Circuito LOG/ANTILOG ................................................................................................ 49 3.2.8 Fontes de Alimentação Reguladas................................................................................... 51 4 METODOLOGIA................................................................................................................ 53 4.1 Introdução ......................................................................................................................... 53 4.2 Sensibilidade do Microfone ............................................................................................. 54 4.3 Pré-Amplificador Balanceado ......................................................................................... 55 4.4 Amplificador de Instrumentação .................................................................................... 57 4.5 Filtro de Ponderação “A” ............................................................................................... 58 4.6 Detector de RMS............................................................................................................... 59 4.7 Circuito Comparador....................................................................................................... 62 4.8 Circuito Completo ............................................................................................................ 63 4.9 Calibração ......................................................................................................................... 66 4.9.1 Materiais Utilizados......................................................................................................... 66 4.9.2 Procedimento de Calibração ............................................................................................ 66 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 68 5.1 Pré-Amplificador .............................................................................................................. 68 5.2 Filtro de Ponderação ........................................................................................................ 69 5.3 Detector de RMS............................................................................................................... 71 5.4 Circuito Comparador Logarítmico................................................................................. 72 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 74 6.1 Conclusões ......................................................................................................................... 74 6.2 Indicações para Trabalhos Futuros ................................................................................ 75 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... ·76 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 Introdução O som faz parte da vida do homem antes mesmo do seu nascimento. Através do som é possível apreciar belas músicas ou simplesmente os sons da natureza. Possibilita a comunicação falada entre pessoas. Permite diagnosticar e fazer avaliações qualitativas, como perceber, mesmo por telefone, se uma pessoa está triste ou alegre. Sinais sonoros são utilizados, também, como alerta contra incêndios. Mas apesar disso tudo, muitas vezes o som incomoda e, quando isso acontece, passa a ser denominado ruído. O grau de incômodo causado pelo ruído não depende somente de suas características ou do tempo de exposição a ele, mas da atitude das pessoas perante o mesmo. Para um engenheiro projetista de carros de “Fórmula 1”, o ronco do motor de um de seus carros é “música” para seus ouvidos, enquanto àqueles que moram às proximidades da pista de corrida, ouvir constantemente este tipo de ruído é extremamente perturbador. O incômodo causado pelo ruído não está relacionado somente a sua amplitude. Uma torneira gotejante ou o zumbido de um inseto pode incomodar mais do que o som de um trovão. O ruído pode quebrar uma taça de cristal, derrubar muros, rasgar os cones de altofalantes, mas o que é pior e mais importante, o ruído pode destruir o minúsculo aparelho designado a recebê-lo – o ouvido humano. Para impedir que isso aconteça, é necessário conhecê-lo e, para isso, é preciso medi-lo. Hoje em dia, existem vários tipos de medidores de ruído designados a captar, processar e exibir seus valores em mostradores. O nível de ruído pode ser expresso através de um único valor equivalente, em dB, conhecido como Leq (nível equivalente). Quando se utiliza algum filtro de ponderação, o nível passa a ser ponderado na escala (A), (B), (C) ou (D) onde cada uma é utilizada para um determinado nível e tipo de ruído. Dentre as ponderações mencionadas, a mais utilizada hoje em dia é a curva de ponderação (A), ficando os níveis sonoros expressos em dB(A). Além disso, os medidores podem apresentar os valores medidos na forma de gráficos representativos dos níveis de pressão sonora, em função do tempo e/ou da freqüência. O ouvido humano escuta somente um único valor global, que é a soma logarítmica de todos os níveis de energia de cada banda de freqüência, para toda a faixa audível, expresso através do LAeq (nível equivalente com ponderação A). Para cada tipo de ambiente, existe uma 16 técnica ou procedimento de medição que é normalizado. Dependendo das características do ruído, existe uma parametrização a ser realizada no instrumento, atendendo às normas regulamentadoras responsáveis pelo conforto acústico da sociedade. Para tanto, estes instrumentos possuem um custo elevado e o acesso a eles se torna difícil. Desta forma, este trabalho vem propor um protótipo de indicador de faixa de nível de ruído de baixo custo que ficará exposto no corredor do Laboratório de Engenharia Mecânica (LABEM) da Universidade Federal do Pará (UFPA) em tempo integral, com o intuito de despertar a consciência dos usuários do local, a fim de que passem a se preocupar com a poluição sonora e a contribuir para a manutenção dos níveis de conforto acústico, além de indicar se o nível de ruído no ambiente está dentro da faixa estabelecida em norma. 1.2 Justificativa É de suma importância que se monitore o ruído. Atualmente, ele é um dos mais importantes causadores de danos à saúde, pois é responsável pela falta de atenção, estresse, dores de cabeça e, principalmente, pelos danos ao ouvido humano. Em salas de aula, o ruído gerado por ventiladores, condicionadores de ar, conversas isoladas, telefones celulares e ruídos externos, fazem com que os professores tenham de forçar suas cordas vocais e reduzem consideravelmente o rendimento dos alunos, além de tornar a aula muito cansativa uma vez que o aluno terá que se concentrar para ouvir somente seu professor, “filtrando” os sons indesejáveis, o que é feito com menos esforço somente quando o assunto é muito interessante para o aluno. Tal análise é válida, não somente em escolas, mas em qualquer ambiente, tais como: hospitais, teatros, laboratórios, ruas e até mesmo os residenciais. Para tanto, utilizam-se medidores de nível de pressão sonora, quando se deseja determinar o nível de ruído no ambiente. Todavia, estes equipamentos possuem elevados custos associados, dificultando o acesso a projetos de monitoramento permanente do ruído. Assim, com base no alto custo dos medidores disponíveis no mercado e na necessidade de utilização de um instrumento para o constante acompanhamento dos níveis de ruído, é proposto o projeto de um protótipo, de baixo custo, de um indicador de faixa de nível de pressão sonora. O protótipo indicará através de três conjuntos de lâmpadas, apenas se o nível de ruído no ambiente está acima, abaixo ou dentro da faixa de valores definidos em 17 norma para o conforto acústico em determinado ambiente, o que reduzirá consideravelmente o custo do instrumento, proporcionando seu uso em grande escala. 1.3 Objetivos 1.3.1 Geral • Desenvolver um sistema permanente de monitoramento de ruído de baixo custo. 1.3.2 Específicos • Utilizar dispositivos eletrônicos e eletroacústicos para o desenvolvimento de um indicador de faixa de nível de ruído de baixo custo; • Calibrar o indicador de nível de ruído com base na comparação de sua resposta com as do analisador PULSE da Brüel & Kjaer, o qual pode atuar como um medidor de nível sonoro de alta precisão; • Contribuir para motivar, conscientizar e despertar a consciência das pessoas para a preocupação com a poluição sonora. 1.4 Organização do Trabalho Este trabalho contém 6 seções, distribuídas da seguinte forma: Na seção 1, foram apresentados a introdução, justificativa, os objetivos e a estrutura do trabalho. 18 A seguir, na seção 2, inicia-se uma descrição a respeito de alguns conceitos fundamentais do som, o relaciona com o Homem, fala sobre o ouvido humano e finaliza com um breve comentário sobre instrumentos de medição de nível de pressão sonora e calibradores acústicos. Na seção 3, são apresentados os componentes eletro-eletrônicos utilizados neste trabalho e termina descrevendo as características de alguns circuitos eletrônicos embarcados no projeto. A seção 4 apresenta a metodologia do trabalho, explicando a construção de cada etapa do projeto. A seguir são discutidos os resultados obtidos em cada etapa desenvolvida no projeto, desde a aquisição do sinal através do microfone de eletreto até sua resposta exibida por três conjuntos de LED’s – Diodos Emissores de Luz utilizados como mostrador. A seção 6 finaliza o trabalho com conclusões e sugestões para trabalhos futuros. Por fim, a lista de referências encerra o presente trabalho. 19 2 FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS DO SOM 2.1 Conceitos fundamentais do som O som é o efeito das oscilações de um meio elástico, dentro da faixa de áudiofreqüência e dentro de certos valores de amplitude. SILVA (2002) especifica duas definições para a palavra som: o som vibração ou perturbação física que percorre um meio qualquer, para a propagação e o som sensação sonora (psicofisiológica) que é captado pelo ouvido. O som é definido como a variação da pressão atmosférica dentro dos limites de amplitude e banda de freqüências aos quais responde o ouvido humano (GERGES, 2000). BISTAFA (2006) afirma que o som é uma sensação produzida no sistema auditivo, devido às vibrações das moléculas do ar que se propagam a partir de estruturas vibrantes. Em outras palavras, o som é caracterizado pela variação da pressão e que precisa de um meio físico para se propagar. A velocidade do som é função da temperatura do meio. c ≅ 331,5 + 0 ,6 ⋅ T (2.1) Em que: c é a velocidade do som (m/s) e T a temperatura (°C). Outra grandeza é o comprimento da onda acústica definida como: λ= c f (2.2) Em que: f é a freqüência em hertz e λ o comprimento da onda em metros. Para uma determinada freqüência, seu comprimento de onda é diretamente proporcional à temperatura do meio, uma vez que a velocidade do som é função direta da temperatura do meio (ver Eq. (2.1)). A Fig. 2.1 mostra o exemplo de uma onda acústica (flutuação da pressão total Pt(t)) em função do tempo. 20 Figura 2.1 – Pressão Acústica. Fonte: GERGES (2000). A amplitude de pressão acústica P(t) é o maior deslocamento das flutuações da pressão total Pt(t) com referência à pressão atmosférica estática (Patm). P(t) = Pt (t) − Patm (2.3) A menor variação de pressão que o ouvido humano pode captar é 20 μPa , na freqüência de 1 kHz (GERGES, 2000). A variação da pressão que produz a sensação de dor é, aproximadamente, 1012 vezes o valor do limiar de audição. Este valor é denominado de limiar da dor, a variação entre o limiar de audição até o limiar da dor é muito grande, portanto, sua contração se faz necessária através da escala logarítmica. Na Fig. 2.2 pode-se visualizar a utilização desta escala. Ao extrair o logaritmo de determinada grandeza como a pressão sonora, sua denominação passa a ser não mais pressão sonora e sim, nível de pressão sonora (NPS). A Eq. (2.4) descreve o NPS. ⎛ P (t ) ⎞ ⎟⎟ NPS = 10 log ⎜⎜ P ⎝ 0 ⎠ 2 (2.4) Em que: P0 é o valor da pressão de referência e corresponde ao limiar de audição de 2 × 10 −5 Pa baseado em 1kHz . 21 Figura 2.2 – Comparação entre as escalas de pressão sonora e de níveis de pressão sonora. Fonte: Brüel & Kjaer (2007). Existem várias classificações do ruído em função de sua duração no tempo. Dependendo do tipo de ruído utiliza-se uma parametrização adequada no medidor sonoro como, por exemplo, o tempo de integração: lento, rápido ou impulsivo. O ruído pode ser contínuo, proveniente das máquinas operando sem interrupções como ventiladores, bombas e aparelhos de ar-condicionado. Para determinar o nível sonoro dessa classe de ruído são necessários somente poucos minutos com um instrumento de medição manual. O ruído pode ser intermitente, quando sua duração é maior do que um segundo e se repete em intervalos também maiores do que um segundo, como, por exemplo, os provenientes da passagem de veículos ou aviões. Quando a duração do ruído é inferior a um segundo e se repete em intervalos superiores a um segundo, ele é classificado como ruído de impacto ou impulsivo como o ruído de explosões ou marteladas. 22 O ruído de componentes tonais é constituído de tons que se sobressaem em relação aos outros, como: zumbido de um pernilongo ou o ruído de uma serra elétrica. A Fig. 2.3 mostra esses tipos de ruídos existentes na natureza. (a) (b) (c) (d) Figura 2.3 – Características do Ruído quanto a sua duração no tempo: (a) Ruído Contínuo; (b) Ruído intermitente; (c) Ruído Impulsivo ou de Impacto e (d) Ruído Tonal. Fonte: Brüel & Kjaer (2007). 2.2 O Som e os Seres Humanos Como visto anteriormente, por ser um tipo de som, o ruído é sentido de forma subjetiva pelas pessoas. BISTAFA (2006), afirma que ruído é todo som indesejável e que o som de uma serra elétrica ou o sobrevôo de um helicóptero seria, com certeza, qualificado como um ruído se a circunstância fosse a de tentar dormir. No entanto, esses mesmos sons seriam bastante agradáveis no caso de um supervisor de obras de construção civil monitorando as atividades de seus subordinados à distância, ou no caso de um náufrago, em um bote salva-vidas, no meio do Oceano Atlântico, aflito pela chegada do resgate. Entretanto, com a industrialização e o avanço tecnológico, os níveis de ruído se transformaram em uma das formas de poluição que mais atingem o Homem. O ruído está 23 presente em qualquer comunidade, em qualquer tipo de trânsito de veículos, nas escolas, nos processos industriais, em qualquer obra civil e etc. Os efeitos do ruído sobre os Seres Humanos atuam sobre a saúde e o bem estar dos mesmos e, principalmente, sobre sua audição. Quando uma pessoa é submetida a altos níveis de ruído, acontecem algumas alterações fisiológicas como a dilatação da pupila, hipertensão sangüínea, mudanças gastrointestinais e reação da musculatura do esqueleto que, dependendo do tempo de exposição, torna-se irreversível (GERGES, 2000). Surgem, também, alguns efeitos cardiovasculares gerando hipertensão arterial (FUSINATO, 2005). Um longo tempo de exposição a elevados níveis de ruído pode causar sobrecarga do coração causando secreções anormais de hormônios e tensões musculares (GERGES, 2000). A Fig. 2.4 mostra os principais efeitos do ruído sobre o organismo. Figura 2.4 - Efeitos do ruído sobre o organismo. Fonte: GERGES (2000). Quanto ao bem estar das pessoas, o ruído pode ser analisado de várias formas: exposição ao ruído no ambiente comunitário; efeito durante o sono; exposição durante as aulas e etc. 24 Nem tudo que se ouve é o que parece ser. O sistema auditivo não capta o som de forma linear, ele possui uma sensibilidade diferente na banda de 20 Hz a 20 kHz. Esta característica faz com que as pessoas tenham uma impressão errada do nível sonoro gerado por determinada fonte, em função da freqüência. A Fig. 2.5 mostra uma família de curvas de igual audibilidade sonora, cuja unidade é dada em fones. Figura 2.5 – Curvas Isofônicas. A Fig. 2.5 mostra que para ouvir um tom puro de 50 Hz com a mesma intensidade subjetiva de um tom puro de 1 kHz a 40 dB, é necessário aumentar em 25 dB o nível sonoro deste tom (65 dB - 40 dB). 2.3 O Ouvido Humano O ouvido humano é um órgão altamente sensível e responsável pela percepção e interpretação das ondas sonoras em uma faixa muito grande de freqüências (20 Hz a 20 kHz). 25 A captação do som até a sua percepção é uma seqüência de transformações de energia, iniciando pela sonora através do canal auditivo, passando para a mecânica através dos ossículos (Martelo, Bigorna e Estribo), onde esta é amplificada, passa à hidráulica na cóclea e finalizando com a energia elétrica dos impulsos nervosos que chegam ao cérebro (GERGES, 2000). Os principais componentes do ouvido humano poderão ser vistos na Fig. 2.6. Figura 2.6 – O Ouvido Humano O ouvido humano pode ser dividido em três partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. • O ouvido externo é constituído do pavilhão auditivo, canal auditivo e tímpano. O som é coletado pelo pavilhão auditivo seguindo pelo canal auditivo até o tímpano. • O ouvido médio é constituído por um conjunto de ossículos: o martelo que bate contra a bigorna, que por sua vez bate contra o estribo, funciona como braço de alavanca e, com isso, amplifica o som de pequena amplitude captado pelo tímpano e o leva até a membrana ligada à cóclea chamada de janela oval. A cóclea é o órgão responsável pela coleta desse som amplificado e possui uma geometria espiral cônica (GERGES, 2000). No ouvido médio existe um canal chamado Trompa de Eustáquio ligado à garganta e à boca e que é responsável pelo equilíbrio de pressão. 26 • O ouvido interno é constituído pela cóclea. Ela é responsável pela transmissão do som que chega à janela oval e o leva até o cérebro através de nervos. A cóclea é uma espiral cônica com três tubos comprimidos lado a lado (GERGES, 2000). O tubo de cima e de baixo se comunicam com o ouvido médio através da janela oval e redonda, respectivamente, ambos cheios de um líquido chamado perilinfa. O tubo do meio, chamado tubo coclear, também é cheio de um fluido denominado endolinfa. Nele, existem várias células ciliadas que distinguem as freqüências ao logo do comprimento da cóclea. Essas células não se regeneram. 2.4 Instrumentos de medição de Nível de Pressão Sonora O medidor de nível de pressão sonora é um instrumento utilizado na medição de níveis de ruído, sua resposta é dada em decibéis (dB). Todo instrumento utilizado, para a aquisição de sinais é constituído de um sensor, pré-amplificador, filtros, detector de RMS, circuito integrador, para o tempo de integração rápido ou lento e mostrador indicador de nível analógico ou digital. Para este último, é necessário converter inicialmente o sinal analógico para digital. Existem vários tipos de medidores sonoros, alguns são portáteis e outros não. Os medidores de nível de pressão sonora podem ser de três tipos quanto a sua exatidão para a ponderação (A) (IEC 61672, 2002): • Classe 0: 0,9 dB(A) • Classe 1: 1,2 dB(A) • Classe 2: 2,8 dB(A) A figura 2.7 mostra alguns tipos de medidores de nível de pressão sonora portáteis de vários fabricantes. 27 Figura 2.7 – Medidores de nível de pressão sonora portáteis de alguns fabricantes. O diagrama em blocos de um medidor de nível de pressão sonora básico é visto na Fig. 2.8. Figura 2.8 – Diagrama em blocos de um medidor de nível de pressão sonora básico. Fonte: HANS (2001). 28 Microfones são sensores utilizados para transformar energia mecânica em energia elétrica. Ele é, geralmente, o elemento de custo mais elevado em um medidor, pois a tecnologia empregada durante seu processo pode ser muito avançada. Os microfones foram construídos, não somente para captar os sons antes de serem amplificados, mas também para substituir o ouvido humano em áreas com elevados níveis de ruído, onde se torna inadequada a permanência de pessoas no local por um longo período de tempo. Entretanto, mesmo com todas as tecnologias empregadas, nenhum microfone consegue fazer o que o sistema auditivo faz: selecionar naturalmente um som específico entre vários sons de níveis distintos. Por exemplo, ao escutar uma música, é possível ouvir o som de cada instrumento tocado separadamente, apenas utilizando a concentração, mas isso causa esforço físico e mental (estresse). Existem vários tipos de microfones e, cada um tem sua curva característica de resposta em freqüência, podendo ser do tipo incidência aleatória, campo livre ou campo de pressão. O de incidência aleatória é utilizado em campos bastante refletores ou reverberantes (difusos), sua característica é omnidirecional, pois capta os sons vindos de todas as direções igualmente. Os microfones de campo livre são utilizados em ambientes isentos de reflexões, como em câmaras anecóicas. São supercardióides, ou seja, captam somente os sons vindos na direção axial de sua membrana. Por último, os de campo de pressão são microfones que captam somente os sons vindos na direção tangencial ao seu plano vibrante. A Fig. 2.9 mostra esses tipos de microfones. Figura 2.9 – Curvas típicas da resposta em freqüência de microfones. Fonte: GERGES (2000). 29 Os filtros de ponderação ou de compensação são circuitos eletrônicos que simulam o inverso das curvas isofônicas. São internacionalmente denominadas curvas de compensação A, B, C e D, criadas para produzirem a audibilidade em função da freqüência sonora. Como o ouvido não possui uma resposta linear com relação à freqüência a baixos NPSs, os medidores de nível de pressão sonora possuem circuitos que fazem uma correção ponderada em função das freqüências para simular a sensibilidade do ouvido humano. A Fig. 2.10 apresenta tais curvas de compensação. O circuito A aproxima-se da curva de igual audibilidade para baixos NPS, correspondendo ao inverso da curva de 40 fones (ver Fig. 2.5), Os circuitos B e C são análogos ao circuito A, entretanto, aproximam-se das curvas de igual audibilidade para médios e altos NPSs respectivamente, correspondendo ao inverso das curvas de 70 e 100 fones, respectivamente. Atualmente, somente o circuito A é utilizado, pois os demais não fornecem boa correlação em testes subjetivos. O circuito D foi desenvolvido para medições em aeroportos. Toda vez que um circuito de compensação é utilizado em um medidor de pressão sonora, é necessário colocar a letra correspondente, em parênteses, ao lado da unidade dB. Por exemplo, 30 dB (sem nenhum circuito de compensação) e 30 dB(A) (utilizando o circuito de ponderação A). O Quadro 2.1 mostra as coordenadas padronizadas para a elaboração das curvas dos circuitos de compensação A, B e C em função da freqüência. Figura 2.10 – Filtros de ponderação A, B, C e D. 30 Freqüência (Hz) Curva A dB (A) Curva B dB (B) Curva C dB (C) 10 -70,4 -38,2 -14,3 12,5 -63,4 -33,2 -11,2 16 -56,7 -28,5 -8,5 20 -50,5 -24,2 -6,2 25 -44,7 -20,4 -4,4 31,5 -39,4 -17,1 -3,0 40 -34,6 -14,2 -2,0 50 -30,2 -11,6 -1,3 63 -26,2 -9,3 -0,8 80 -22,5 -7,4 -0,5 100 -19,1 -5,6 -0,3 125 -16,1 -4,2 -0,2 160 -13,4 -3,0 -0,1 200 -10,9 -2,0 0,0 250 -8,6 -1,3 0,0 315 -6,6 -0,8 0,0 400 -4,8 -0,5 0,0 500 -3,2 -0,3 0,0 630 -1,9 -0,1 0,0 800 -0,8 0,0 0,0 1000 0,0 0,0 0,0 1250 0,6 0,0 0,0 1600 1,0 0,0 -0,1 2000 1,2 -0,1 -0,2 2500 1,3 -0,2 -0,3 3150 1,2 -0,4 -0,5 4000 1,0 -0,7 -0,8 5000 0,5 -1,2 -1,3 6300 -0,1 -1,9 -2,0 8000 -1,1 -2,9 -3,0 10000 -2,5 -4,3 -4,4 12500 -4,3 -6,1 -6,2 31 16000 -6,6 -8,4 -8,5 20000 -9,3 -11,1 -11,2 Quadro 2.1 – Atenuação da Percepção auditiva A, B e C. Fonte: GERGES (2000). O nível total (global) de pressão sonora é uma grandeza que fornece apenas um nível, sem informações sobre a distribuição de energia deste nível nas freqüências. É uma medida global RMS simples, que pode ser efetuada com um medidor de nível sonoro sem filtros parciais (por bandas de freqüência), somente com um detector de RMS e circuitos RC (resistor-capacitor) de constante de tempo de 125 ms (circuito rápido) ou 1 s (circuito lento). A Fig. 2.11 mostra o valor da média quadrática (RMS) em dB(A) num certo intervalo de tempo. Uma vez que o potencial de danos à audição devido à exposição a um dado ruído não depende somente do seu nível, mas também do tempo de exposição a este ruído, é possível estabelecer um valor único LAeq, que é o nível médio de pressão sonora equivalente integrado durante uma faixa de tempo especificada. O cálculo é baseado na energia do ruído contida na faixa de tempo estabelecida pelo medidor. Sua equação é definida como: L Aeq = 10 ⋅ log 1 T P 2 (t ) ∫0 P02 dt T (2.5) Em que: T é o tempo de integração (s); P(t) é a amplitude da pressão acústica instantânea; P0 ( ) é a amplitude da pressão acústica de referência 2 × 10 −5 N / m 2 ; LAeq representa o nível contínuo (estacionário) equivalente em dB(A), que tem o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível variável considerado. 32 Figura 2.11 – Nível de Pressão sonora equivalente LAeq para certo tempo de integração (T). Fonte: Brüel&Kjaer (2003). Para que se possa confiar no resultado de uma medição é necessário calibrar o sistema com um calibrador acústico que emite um tom puro de 1 kHz a um determinado nível (94 dB ou 114 dB). A finalidade do calibrador é de ajustar o ganho da cadeia de medição (microfone + pré-amplificador + medidor de nível sonoro). Os calibradores possuem sua classe de exatidão baseada na Norma IEC 60942 para: • Classe 0: ±0,15 dB • Classe 1: ±0,30 dB • Classe 2: ±0,50 dB A Fig. 2.12 mostra alguns tipos de calibradores acústicos. A calibração deverá ser efetuada antes e depois de cada série de medições, de preferência num ambiente com baixo nível de ruído, de acordo com a Norma NBR 10151. 33 Figura 2.12 – Calibradores acústicos de vários fabricantes. Ao utilizar um conjunto de equipamentos para uma medição, seus certificados de calibração deverão estar dentro do prazo de validade. 34 3 FUNDAMENTOS DA ELETRÔNICA 3.1 Componentes elétricos e eletrônicos 3.1.1 Introdução A eletrônica é a ciência que estuda a forma de controlar a energia elétrica através de mecanismos nos quais os elétrons têm papel fundamental. Ela é dividida em duas partes: analógica e digital. Além disso, estuda a utilização de circuitos formados por componentes elétricos e eletrônicos visando à geração, controle, transmissão, processamento e armazenamento de energia. Utilizando as características intrínsecas dos componentes eletroeletrônicos é possível manipular a energia elétrica e realizar as mais diversas operações matemáticas. A seguir, serão apresentados alguns componentes elétricos e eletrônicos utilizados neste trabalho. 3.1.2 Resistores São componentes elétricos que limitam a intensidade de corrente elétrica. O valor de sua resistência independe da freqüência, sendo função apenas da relação entre sua queda de tensão e a corrente que flui por si: R= U I (3.1) Em que: R é a resistência elétrica (Ω ) ; U é a queda de tensão no resistor (V ) e I a intensidade de corrente elétrica que passa pelo resistor (A). 35 3.1.3 Capacitores Um capacitor é um componente elétrico capaz de armazenar e fornecer cargas elétricas. Ressalta-se que os capacitores eletrolíticos possuem polaridades, as quais devem ser observadas no circuito. A capacidade de armazenamento de um capacitor é inversamente proporcional à freqüência do sinal de entrada, portanto, eles se comportam como um circuito aberto para sinais contínuos e um circuito fechado em sinais de freqüência elevada, conforme pode ser verificado na Eq. (3.2), em que ω é a freqüência angular (rad / s ) e C a capacitância (Farad). XC = 1 ωC (3.2) 3.1.4 Diodo O diodo é um componente eletrônico que conduz o sinal de entrada num único sentido (unidirecional). Este componente pode ser desenvolvido a partir do elemento químico silício ou germânio. Se for de silício, ele conduzirá o sinal de entrada somente quando a tensão em seus terminais for igual ou superior a 0,7 V. Se o diodo for de germânio, esta tensão, conhecida como tensão de joelho ou tensão de condução, será de 0,3 V. Por causa desta característica, os diodos são usados, entre outras aplicações, como retificadores. Eles atuam no processo de transformação de sinais alternados em sinais contínuos. Há diodos com interessantes funcionalidades, os quais serão descritos a seguir. 3.1.4.1 Diodo Zener O diodo zener, quando tem seu sinal de entrada invertido de polarização, se comporta como uma fonte de tensão estabilizada, diferentemente, dos diodos comuns. Sua principal 36 vantagem, durante a sua aplicação, é manter a tensão nos seus terminais aproximadamente constante. 3.1.4.2 Diodo Emissor de Luz - LED Os diodos emissores de luz são diodos comuns que, quando polarizados diretamente, emitem energia na forma de luz. Existem componentes em que vários LEDs estão dispostos sob a forma de traços ou pontos numa matriz, permitindo a apresentação de algarismos e letras (displays - mostradores). Na Fig. 3.1, é mostrado esquematicamente um circuito eletrônico no qual um resistor e um LED são utilizados. Neste circuito, os 9 V fornecidos pela fonte de alimentação (sinal de entrada) são divididos entre o resistor e o LED da seguinte forma: 7 V para o resistor e 2 V para o LED. Logo, para que uma corrente de 10 mA circule pelo circuito, o resistor deverá ter uma resistência elétrica igual a R = 700 Ω (7 V/ 10 mA). A importância desse resistor no circuito é limitar a corrente que flui através do LED impedindo que este se danifique permanentemente e fornecendo um brilho constante para o LED. Figura 3.1 – Circuito eletrônico composto de um resistor e um LED. 37 3.1.5 Transistores de Baixa Potência Antes de 1950, todos os equipamentos eletrônicos utilizavam válvulas. Em 1951, a empresa Schockley inventou o primeiro transistor de junção (MALVINO, 1997). Existem várias formas de se utilizar um transistor. Nos circuitos digitais são utilizados como chave. Já nos circuitos lineares são utilizados como fonte de corrente. Acionar um LED com um transistor fonte de corrente é um exemplo de circuito linear. Transistores são dispositivos semicondutores utilizados em várias aplicações eletrônicas. 3.1.6 Amplificadores Operacionais – AMPOP Amplificadores Operacionais são vários dispositivos semicondutores dispostos em um único invólucro, denominados circuitos integrados – CI. Dependendo de suas configurações em um circuito e de alguns componentes externos, é possível utilizá-los como circuitos lineares ou não-lineares. 3.1.7 Microfone de Eletreto Microfone de eletreto é um transdutor eletroacústico que transforma energia mecânica em energia elétrica e, em geral, possui uma resposta em freqüência bastante plana. Na Fig. 3.2 pode-se visualizar uma cápsula de microfone de eletreto e sua resposta em freqüência. 38 Figura 3.2 – Microfone de Eletreto (Panasonic) e sua Resposta em Freqüência. Fonte: ELLIOTT (2007) A Fig. 3.3 mostra o esquema elétrico de um microfone de eletreto. Observa-se que ele possui em sua cápsula, um transistor, necessitando, portanto, de uma tensão de polarização para funcionar corretamente. Figura 3.3 – Esquema Elétrico Típico de um Microfone de Eletreto. Fonte: ELLIOTT (2007). Segundo COSTA (2002), a alimentação que o eletreto utiliza é empregada para energizar o circuito pré-amplificador. Sua impedância é diretamente proporcional à freqüência, de modo que é sempre referenciada em 1000 Hz. 39 3.2 Aspectos importantes utilizados em circuitos eletrônicos 3.2.1 Pré-Amplificadores Os pré-amplificadores fazem parte da primeira etapa de qualquer condicionador de sinais. Sua função é aumentar a amplitude do sinal de entrada, melhorando a relação entre o sinal útil e o não-útil (relação sinal/ruído). Existem vários tipos de pré-amplificadores, sendo o mais utilizado na aquisição de sinais o amplificador de instrumentação, pois ele possui uma alta razão de rejeição em modo comum (RRMC), significando que este tipo de amplificador não amplifica sinais iguais injetados em seus terminais (MALVINO, 1997). A Fig. 3.4 mostra amplificadores operacionais arranjados como um amplificador de instrumentação. A idéia básica consiste na amplificação apenas da diferença dos sinais entre seus terminais de entrada V1 e V2. Em que: Vent = V 1 − V 2 . Todo ruído causado por interferência eletromagnética é comum nas duas entradas (V1=V2), portanto será anulado. A saída deste circuito é descrita por: ⎛ 2⋅R⎞ ⎟⎟ Vsaída = (Vent ) ⋅ ⎜⎜1 + R G ⎠ ⎝ Figura 3.4 – Amplificador de Instrumentação. (3.3) 40 3.2.2 Realimentação Negativa A Fig. 3.5 mostra um circuito com realimentação negativa. O divisor de tensão formado por R1 e R2 realimenta a entrada inversora. A tensão de realimentação é proporcional à tensão de saída. A diferença entre as tensões das entradas não-inversora e inversora é chamada de tensão de erro: Verro = V1 − V2 (3.4) Figura 3.5 – Circuito Não-inversor com Realimentação Negativa. Esta tensão multiplicada pelo ganho de tensão de malha aberta A, fornece a tensão de saída. O valor deste ganho de tensão é fornecido pelo fabricante do AMPOP, quando não existi nenhum componente de realimentação no circuito. Vsaída = A ⋅ Verro (3.5) Na prática, todos os AMPOP possuem um alto ganho de tensão em malha aberta A. Portanto: Vsaída R1 + R2 = Vent R2 (3.6) 41 Com isso, o ganho do circuito em malha fechada Afechada será: A fechada = Vsaída R1 = 1+ Vent R2 (3.7) Observa-se que o ganho de tensão de malha fechada só depende dos valores dos resistores R1 e R2. Tornando este ganho bastante estável. Quando a tensão de entrada é injetada na entrada inversora de um AMPOP o circuito é chamado de amplificador inversor, porque a tensão de saída é igual à tensão de entrada multiplicada com ganho do circuito, mas com a amplitude invertida ou defasado de 180°. Para este tipo de circuito, o ganho de malha fechada é dado pela Eq. (3.8), e seu circuito é visto na Fig. 3.6. A fechada = − R1 R2 (3.8) Figura 3.6 – Circuito Inversor com Realimentação Negativa. 3.2.3 Filtros RC Os filtros RC são circuitos constituídos somente de resistores e capacitores. Existem, entre outros, filtros passa alta e filtros passa baixa. A Fig. 3.7 mostra a resposta em freqüência do resistor, capacitor e do indutor, este último não será utilizado neste trabalho. 42 A idéia em um filtro RC (resistor-capacitor) consiste na manipulação das características intrínsecas do capacitor. Em altas freqüências, ele se comporta como um circuito fechado (baixa resistência) e em baixas freqüências, como um circuito aberto. A aplicação dos filtros passa alta e passa baixa pode formar o filtro passa faixa ou passa banda conforme mostram as Fig. 3.8 a 3.12. A Eq. (3.2) mostra a reatância capacitiva em função da freqüência, para os capacitores em geral. Sua capacitância é inversamente proporcional à freqüência, com isso, é possível amplificar ou atenuar o ganho de um sinal em cada faixa de freqüência estabelecida pela freqüência de corte. Figura 3.7 – Resposta em freqüência da resistência, reatância capacitiva e reatância indutiva. Figura 3.8 – Filtro Passivo Passa Baixa RC. A freqüência de corte para o circuito da Fig. 3.8 é dada por: f CRC = 1 2πRC (3.9) 43 O ganho de tensão para o filtro passa baixa RC é: G RC ( PB ) = 1 1 + (2πfRC ) 2 (3.10) A curva da resposta em freqüência para o circuito da Fig. 3.8 pode ser vista na Fig. 3.9. Figura 3.9 – Resposta em Freqüência do Filtro Passa-Baixa RC. A Fig. 3.10 mostra o circuito de um filtro passa alta RC. Figura 3.10 – Filtro Passivo Passa Alta RC. A freqüência de corte para o circuito da Fig. 3.10 é a mesma para um filtro passa baixa, portanto dada pela Eq. (3.9). O ganho de tensão para o filtro passa alta RC é: 44 GRC ( PA) = 1 ⎛ 1 ⎞ ⎟⎟ 1 + ⎜⎜ ⎝ 2πfRC ⎠ 2 (3.11) A curva da resposta em freqüência para o circuito da Fig. 3.10 pode ser vista na Fig. 3.11. Figura 3.11 – Resposta em Freqüência do Filtro Passa Alta RC. Um filtro passivo Passa Banda é mostrado na Fig. 3.12. Ele permite a passagem de sinais de tensão e corrente com freqüências situadas numa faixa intermediária, atenuando os sinais com freqüências abaixo ou acima dessa faixa. Este filtro possui duas freqüências de corte, a saber, freqüência de corte inferior e freqüência de corte superior. As freqüências de corte deste novo filtro serão as mesmas determinadas para os filtros passa alta e passa baixa, num circuito RC. Figura 3.12 – Filtro Passivo Passa Banda RC. 45 A freqüência central para o filtro passa banda da figura acima pode ser determinado através da seguinte equação: f central = 1 (3.12) 2π RC 3.2.4 Filtros Ativos Os filtros ativos são aqueles que necessitam de uma tensão de alimentação para funcionar, porque os componentes eletrônicos utilizados são, geralmente, transistores ou circuitos integrados. Para filtrar baixas freqüências, os indutores e capacitores são volumosos e caros. Usando amplificadores operacionais, é possível construir filtros ativos RC que produzem ama inclinação bastante íngreme associada com filtros passivos LC (indutor e capacitor). A Fig. 3.13 mostra um filtro passa alta ativo. O capacitor juntamente com o resistor de entrada forma o filtro passivo, enquanto que os resistores R1 e R2 representam o ganho em malha fechada do AMPOP. A Fig. 3.14 mostra um filtro passa baixa, apenas trocando o capacitor “C” e o resistor “R” de lugar na Fig. 3.13. Figura 3.13 – Filtro Passa Alta Ativo. 46 Figura 3.14 – Filtro Passa Baixa Ativo. 3.2.5 Circuito Comparador de Tensão Comparador é um circuito não linear com AMPOP, pois a forma de onda do sinal da saída é diferente da forma de onda do sinal de entrada. Sua função é comparar a tensão de entrada com uma ou mais tensões de referência. A Fig. 3.15 mostra o circuito de um comparador de janela. Se a tensão de entrada estiver entre as duas tensões de referência, a saída será alta, caso contrário será zero. Figura 3.15 – Circuito Comparador. 47 As tensões de referência superior e inferior são obtidas por divisor de tensão: Vref s = R3 ⋅ V1 R 2 + R3 (3.13) Vref i = R5 ⋅ V2 R 4 + R5 (3.14) A Fig. 3.16 mostra a característica de transferência do circuito comparador. Observase que, quando a tensão de entrada situa-se entre V1 e V2, a tensão de saída é igual a V3. Quando a tensão situa-se abaixo ou acima das tensões V1 e V2, a tensão de saída é zero. Figura 3.16 – Característica de Transferência do Comparador. 3.2.6 Circuito Integrador O circuito integrador é um circuito que realiza a operação matemática de integração, pois ele produz uma tensão de saída proporcional à integral da tensão de entrada. A Fig. 3.17 mostra um circuito integrador com AMPOP. A tensão de saída e o tempo de integração são dados pelas equações (3.15) e (3.16), respectivamente. 48 Figura 3.17 – Circuito Integrador. t 1 v saída (t ) = − vent (t )dt RC ∫0 (3.15) Em que: t é o tempo de integração em (s). t= 1 RC (3.16) Um circuito integrador mais prático é mostrado na Fig. 3.18. O resistor R1 é colocado em paralelo com o capacitor de realimentação, para reduzir o ganho do circuito em baixas freqüências. Se não houvesse essa limitação, a tensão de compensação de entrada, embora pequena, seria integrada, provocando a saturação do AMPOP. A tensão de compensação de entrada é minimizada pelo resistor R2, que geralmente é igual à combinação paralela do resistor de entrada R com o resistor de realimentação R1 (Fig. 3.18). R2 = R1 ⋅ R R1 + R (3.17) A freqüência de corte deste circuito depende apenas do resistor e capacitor de realimentação. fC = 1 2πR1C (3.18) 49 Para freqüências de entrada menores do que fC, o desempenho do circuito da Fig. 3.18 se assemelha ao do amplificador inversor com ganho de tensão igual a: Vsaída R1 =− Vent R (3.19) Figura 3.18 – Circuito Integrador com Ganho Limitado em Baixas Freqüências. 3.2.7 Circuitos LOG/ANTILOG Os circuitos logarítmicos consistem em circuitos cuja saída é proporcional ao logaritmo do sinal de entrada. Os anti-logarítmicos são circuitos cuja saída é proporcional ao antilog do sinal de entrada. Um amplificador logarítmico é mostrado na Fig. 3.19. Para que um amplificador deste tipo possa funcionar normalmente, o seu elemento componente de realimentação deve ter características não-lineares, portanto é comum a utilização de diodos e transistores na realimentação. Com isso, a relação entre a queda de tensão neste componente e a corrente que flui através dele é dada por: Vbe = Vsaída = K ⋅ log(I C ) (3.20) 50 Mas, I C = I ent = Vent R (3.21) Portanto: Vsaída ∝ log(Vent ) . ⎛V ⎞ Vsaída = K ⋅ log⎜ ent ⎟ ⎝ R ⎠ (3.22) Figura 3.19 – Amplificador Logarítmico Transdiodo. Um exemplo de circuito anti-logarítmico é mostrado na Fig. 3.20. Observa-se que ele é idêntico ao circuito logarítmico com os componentes de entrada e de realimentação com suas posições trocadas. Os circuitos LOG/ANTILOG são muito utilizados como amplificadores multiplicadores. A Fig. 3.21 mostra a multiplicação de dois sinais de entrada utilizando circuitos logarítmicos e anti-logarítmicos. 51 Figura 3.20 – Amplificador Anti-logarítmico. Figura 3.21 – Multiplicação de Dois Sinais de Entrada Usando Amplificadores Logarítmicos e Anti-logarítmicos. 3.2.8 Fontes de Alimentação Reguladas Existem vários tipos de fontes de alimentação com tensões e correntes reguladas. Serão discutidas nesta sessão, apenas as fontes reguladas utilizando reguladores de tensão da família de CIs 78xx e 79xx de três terminais, porque estes foram os reguladores utilizados neste trabalho. O diodo zener apresentado na sessão 3.1.4.1 possui uma tensão constante na região de ruptura, por isso ele é utilizado como regulador de tensão. Os dígitos 78 e 79 significam que o regulador trabalha com tensões positivas ou negativas, respectivamente. Deste modo, o CI 7915 é um regulador de tensão com saída estabilizada em -15 volts CC. A Fig. 3.22 mostra um regulador 7815 e 7915, da esquerda para a direita. Na Fig. 3.23 é mostrado o diagrama esquemático da fonte simétrica adotada neste trabalho. 52 Figura 3.22 – (À esquerda) Regulador de tensão Positiva (À direita) regulador de Tensão Negativa. Figura 3.23 – Fonte Simétrica estabilizada (± 15V). Após apresentar os dispositivos e circuitos eletrônicos utilizados neste trabalho, a próxima etapa a ser abordada será a metodologia aqui adotada. 53 4 METODOLOGIA 4.1 Introdução Neste capítulo será descrita a metodologia utilizada na fabricação do indicador de faixa de nível de ruído desenvolvido neste trabalho. Tal indicador pode ser visto na Fig. 4.1 em cinco vistas e seu diagrama em blocos é mostrado na Fig. 4.2. O diagrama mostra cada etapa do circuito utilizado neste projeto, desde a etapa de amplificação do sinal até a etapa de visualização na saída. A tensão de “0 V” (GND –Ground) é utilizada como referência durante as etapas de análise. (a) (b) Sinal RMS de Saída Chave (Lento e Rápido) Sinal na saída do filtro Entrada de Microfone (c) (d) 54 (e) Figura 4.1 – Protótipo do indicador de faixa de nível de pressão sonora: (a) Vista Frontal Externa; (b) Vista Frontal Interna; (c) Vista Interna do mostrador; (d) Vista Lateral externa e (e) Vista Superior Externa. A Fig. 4.1 (e) mostra a região da fonte de alimentação. Esta região é constituída de uma chave liga/desliga (à direita), em que a posição zero desliga e a outra liga o instrumento. Possui um porta-fusível para fusível pequeno de 100 mA e uma outra chave (vermelha) para a seleção de voltagem (110V-220 V) AC. Figura 4.2 – Diagrama em blocos do indicador de Faixa de Nível de Pressão Sonora. 4.2 Sensibilidade do Microfone Primeiramente tentou-se determinar a sensibilidade do microfone baseado em COSTA (2002) com a fonte sonora gerando ruído rosa a 1,5m do microfone, mas não foi possível determinar o valor da tensão nos terminais do microfone devido à grande variação 55 desta. Posteriormente, tentou-se com a fonte gerando 1000 Hz e a tensão nos terminais do microfone continuava variável. Isto caracterizou a alta sensibilidade do microfone, que apesar de não determinada, favoreceu positivamente o tipo de microfone utilizado no projeto. Para que o microfone funcione corretamente, é necessário polarizá-lo e isto foi conseguido através da tensão de 15 V ligada em série com um resistor de 10 kΩ. A Fig. 4.3 mostra a configuração utilizada neste procedimento. Figura 4.3 – Configuração utilizada na determinação da sensibilidade e calibração do microfone. 4.3 Pré-Amplificador Balanceado O pré-amplificador balanceado é um dispositivo constituído de dois amplificadores operacionais. O CI TL072 é um circuito integrado de baixa potência (menor do que 1 watt) que possui internamente dois amplificadores operacionais. A Fig. 4.4 mostra o primeiro estágio do medidor e a pinagem do TL072. O amplificador U3A forma um circuito não inversor de tensão. O sinal do microfone é injetado no pino 3 do U3A via capacitor C9. Este capacitor, juntamente com o resistor R6 forma um filtro passa alta cuja freqüência de corte é dada por: fC = 1 = 0,15 Hz 2π × 10 5 × 10 −5 (4.1) 56 Esta freqüência bloqueia a tensão CC, porém, quase todos os sinais de baixa freqüência são injetados no amplificador não-inversor que amplifica o sinal do microfone em duas vezes. A fechada = 1 + 33 =2 33 (4.2) Observando a polarização do microfone via resistor R5, nota-se que esta tensão é necessária para a alimentação do transistor contido no interior da cápsula do microfone de eletreto. Dando continuidade, o sinal do microfone amplificado que sai via pino 1 do U3A entra no circuito inversor formado pelo segundo amplificador operacional do TL072, via pino 6. Este amplificador tem a função de apenas inverter a amplitude do sinal, pois seu ganho é unitário ( R7 = R8 ) (ver Eq. (3.8) e Fig. 3.6). A fechada = 33 =1 33 (4.3) A função deste circuito é de amplificar e balancear o baixo sinal captado pelo microfone antes de injetá-lo no próximo estágio (amplificador de instrumentação). Os capacitores C10 e C11 são chamados de capacitores de passagem. A função deles é barrar a passagem da corrente CC, caso ela exista, entre um estágio e outro. Já os resistores R11 e R12 limitam a corrente AC do sinal que será injetado nas entradas do amplificador de instrumentação (ver Fig. 4.4 (a)). (a) 57 (b) Figura 4.4 – (a) Amplificador balanceado com Circuito de polarização do Microfone de Eletreto (b) Pinagem do CI TL072 da Texas Instruments. 4.4 Amplificador de Instrumentação Existem CIs com amplificadores de instrumentação embarcados bastante eficientes, mas pela dificuldade em se obter tais circuitos integrados, se fez necessário projetar um amplificador de instrumentação utilizando amplificadores operacionais encontrados facilmente no comércio. Este circuito é formado por três amplificadores operacionais. Seu ganho depende apenas do valor de R13 (kΩ). Neste estágio, o ganho é determinado através da Eq. (4.4). Ganho = 1 + 50 = 51 1 (4.4) Isto significa que a amplitude do sinal na saída deste amplificador será o seu ganho multiplicado pela diferença das amplitudes dos sinais que entram nele via pinos 3 e 5 de U4, respectivamente. Cuidado deve ser tomado para não distorcer o sinal do microfone neste estágio. A vantagem em utilizar este circuito é que ele possui uma grande eficiência ao minimizar os sinais iguais que entram simultaneamente em suas entradas (pino 3 e pino 5 de U4). A Fig. 4.5 mostra o circuito do amplificador de instrumentação. Na saída desse estágio existe um filtro passa alta formado por C12 e R21 (ver Fig. 4.9), cuja freqüência de corte é: fC = 1 = 1,59 Hz 2π × 10 4 × 10 −5 O sinal na saída deste estágio segue para a entrada do filtro de ponderação A. (4.5) 58 Figura 4.5 – Amplificador de Instrumentação. 4.5 Filtro de Ponderação “A” ELLIOTT (2003) projetou este filtro de ponderação “A” utilizando dois amplificadores operacionais e alguns resistores e capacitores. O filtro gera uma resposta em freqüência semelhante ao inverso da curva de igual audibilidade vista na Fig. 2.5 deste trabalho, para um nível de intensidade sonora de 40 dB em 1000 Hz. Por isso, ele só é eficiente neste nível de intensidade e, portanto, não representa exatamente o ouvido humano. A Fig. 4.6 mostra o esquema elétrico do filtro de ponderação “A”. Em geral, o filtro é passivo. Pois o amplificador de entrada é utilizado apenas para realizar o casamento de impedâncias entre os estágios, enquanto que o de saída (amplificador inversor) é responsável pelo ajuste de ganho do circuito. Este filtro é do tipo passa banda com freqüência central em 1000 Hz. Para a validação do filtro utilizou-se um gerador de sinais e um osciloscópio. Injetouse 1000 Hz em sua entrada a 1 V e mediu-se a saída, ajustando o ganho do circuito através do R33 até medir-se 1 V em sua saída. A partir daí, variou-se a freqüência no gerador em terços de oitava, abaixo, até a freqüência de 16 Hz e acima, até 20 kHz mantendo a tensão constante em 1 V na entrada do filtro. Para os valores das ponderações por banda de freqüência, a norma IEC 61672-1 (2002) estabelece uma equação para esses valores que representam a curva de ponderação “A”: ⎡ f 42 ⋅ f 4 ⎢ A( f ) = 20 log ⎢⎣ f 2 + f12 f 2 + f 22 1 / 2 f 2 + f 32 ( )( ) ( ) (f 1/ 2 2 + f 42 ⎤ ⎥ − A1000 ⎥⎦ ) (4.6) 59 Em que: A1000 = −2 dB; f1 = 20,6 Hz; f 2 = 107,7 Hz; f 3 = 737 ,9 Hz; f 4 = 12194 Hz. O sinal na saída deste amplificador segue via C20 e R35 (ver Fig. 4.9) até a entrada do amplificador intermediário. Neste ponto, segue uma amostra deste sinal até uma saída BNC localizada na lateral direita do medidor, logo acima da entrada do microfone que também é BNC (ver Fig. 4.1 (d)) que pode ser monitorada por um analisador de sinais, para uma possível manutenção do instrumento. Figura 4.6 – Filtro de Ponderação A. Fonte: ELLIOTT (2003). 4.6 Detector de RMS Este circuito foi baseado no projeto de um True Detector (NATIONAL, 1973). A Fig. 4.7 mostra o esquema elétrico deste circuito. O sinal que entra via capacitor C20 e resistor R35 neste estágio é convertido em um sinal CC no pino 1 de U9. A tensão deste sinal medida com um multímetro na escala CC é igual ao valor da tensão de entrada medida com um multímetro na escala AC. O sinal é retificado e filtrado para se obter uma saída CC. Este circuito providencia uma tensão CC na saída igual ao valor RMS da tensão de entrada. O amplificador inversor U7A transmite o valor absoluto do sinal que entra independente da polarização do mesmo, para os amplificadores U7B e U8B. Se o sinal que entra for positivo, a saída do U7A será fixada em -0,7 V (Amplificador inversor), portanto, D10 será polarizado inversamente bloqueando a passagem de corrente através dos resistores 60 R40 e R42. Porém, o sinal positivo que entra passará pelos dos resistores R38 e R39 até as entradas de U8B e U7B, respectivamente. Agora, quando o sinal de entrada for negativo, este aparecerá na saída do AMPOP U7A positivo e fluirá através do diodo D10 até as entradas dos amplificadores U7B e U8B via resistores R40 e R42, respectivamente, e se somarão com os sinais discutidos anteriormente. Os amplificadores U7B até U9A juntamente com os transistores U10A até o U10D formam a etapa logarítmica (multiplicação/ divisão). A corrente de entrada dos amplificadores operacionais U7B até U9A fluem através dos transistores logarítmicos. O sinal que entra no amplificador operacional U9A é proporcional à tensão VBE do transistor U10D. VBE (U 10 D ) = VBE (U 10 A) + VBE (U10C ) − VBE (U10 B ) (4.7) A tensão entre a base e o emissor VBEs de cada transistor é proporcional ao logaritmo das correntes que fluem através de seus coletores ICs. log [I C (U 10 D )] = log [I C (U 10 A)] + log [I C (U 10C )] − log [I C (U 10 B )] (4.8) Ou I C (U 10 D ) = I C (U 10 A) ⋅ I C (U 10C ) I C (U 10 B ) (4.9) Em que, I C (U 10 A) , I C (U 10 B ) , I C (U 10C ) e I C (U 10 D ) são as correntes dos coletores dos transistores U10A até U10D, respectivamente. Uma vez que I C (U 10 A) é igual a I C (U 10C ) , pois estão em série no circuito, a corrente do coletor do transistor U10D é proporcional ao sinal de entrada, então o quadrado do sinal que entra no detector é gerado. Logo, o quadrado da corrente do sinal de entrada flui através do coletor de U10D. A média é finalizada por um dos capacitores C28 ou C28A. Estes capacitores fazem com que o amplificador operacional funcione como um integrador cujo tempo de integração é dado por: TLento = C 28 ⋅ R 49 (4.10) 61 Ou TRápido = C 28 A ⋅ R 49 (4.11) Estes capacitores são conectados no circuito através de uma chave tipo alavanca localizada na lateral direita do medidor (Fig. 4.1 (d)). Sua posição para baixo produz uma constante de tempo de aproximadamente 1 s (lenta) e para cima, uma constante de tempo de, aproximadamente, 125 ms (rápida). A saída filtrada do U10D realimenta U10B para produzir uma divisão contínua do sinal, onde esta divisão será proporcional ao sinal de saída, produzindo uma raiz média quadrática RMS verdadeira na saída. O termo “verdadeira” significa que este detector exibe o valor RMS em sua saída independente da forma de onda em sua entrada. Os pares de transistores U10A e U10B, U10C e U10D são pares casados de transistores, o circuito integrado LM3046 possui cinco transistores em seu interior, tendo o mesmo ganho de corrente cada. Isto é necessário, para se obter uma boa calibração deste circuito. O resistor variável R45 é responsável pela calibração do circuito, que é realizada da seguinte maneira: segundo a National Semiconductor Corporation, uma tensão contínua de 10 VCC é aplicada à entrada do circuito enquanto a saída (pino 1 do U9A) é monitorada por um multímetro até que se meça 10 VCC na saída, ajustando o resistor variável. Este ajuste do ganho do amplificador logarítmico soma ou subtrai as tensões logarítmicas geradas pelos transistores. Isto corrige a imprecisão dos resistores e as pequenas variações das tensões base-emissor VBE de cada transistor. 62 Figura 4.7 – Detector de RMS Verdadeiro. 4.7 Circuito Comparador Este estágio é responsável pelos ajustes das tensões de referências para cada nível de pressão sonora. Para o nível admissível no período diurno, utilizou-se a norma NBR 10152 (1087), que especifica um nível de pressão sonora para áreas escolares de circulação, entre 45 – 55 dB(A). Isto significa que: • Se o nível de pressão sonora, no ambiente, estiver abaixo de 45 dB(A), somente o grupo de luzes verdes acenderá; • Se o nível de pressão sonora do ambiente estiver entre 45 – 55 dB(A), somente o grupo de luzes amarelas acenderá; • Se o nível de pressão sonora do ambiente estiver acima de 55 dB(A), somente o grupo de luzes vermelhas acenderá; Cada luz é gerada por um grupo de nove LEDs ligados numa associação série- paralela. Os transistores são utilizados, para acionar os LEDs. A Fig. 4.8 mostra a configuração do circuito comparador. 63 Figura 4.8 – Circuito Comparador. 4.8 Circuito Completo A Fig. 4.9 mostra o circuito completo do medidor de nível de pressão sonora, desde sua entrada até sua saída. O Quadro 4.1 mostra a lista de componentes utilizados no projeto e o custo total do mesmo. O valor da potência do medidor é igual a 5 W. Para a determinação deste valor mediu-se a corrente na entrada de energia elétrica do protótipo, quando ligado em 127 VAC e, multiplicando estes valores posteriormente determina-se a potência do indicador, especificando, assim, seu baixo consumo de energia. Quantidade 53 22 06 02 01 01 01 14 02 31 04 Descrição Resistores Capacitores Circuito Integrado – TL072 Circuito Integrado – LM339 Circuito Integrado – LM3046 Regulador – LM7815 Regulador – LM7915 Diodos Comuns Diodos Zener LEDs Trimpot Custo total R$ 2,65 10,00 9,00 6,00 5,00 3,00 3,00 2,80 0,40 12,4 4,00 64 01 01 01 01 01 Transformador ±15/1A Fusível 100mA (Pequeno) Cabo de Energia Placa de Circuito Impresso Caixa Plástica cinza TOTAL 20,00 0,20 3,00 5,00 35,00 116,45 Quadro 4.1 – Descrição e Cotação do material utilizado (Julho/2008) . 65 Figura 4.9 – Circuito completo do Medidor de Nível de Pressão sonora. 66 4.9 Calibração 4.9.1 Materiais Utilizados Para efetuar a calibração do medidor os seguintes materiais foram utilizados: • Osciloscópio; • Multímetro digital; • Fonte sonora; • Analisador de ruído B&K – Pulse. 4.9.2 Procedimento de Calibração Gerou-se ruído rosa dentro do ambiente e posicionou-se o microfone do protótipo próximo do microfone do analisador de ruído (Fig. 4.3). Ao medir-se 45 dB(A) no Pulse, ajustou-se internamente a tensão através do resistor variável (R41) para que os LEDs amarelos começassem a acender e mediu-se a tensão de referência para este nível. A mesma metodologia foi realizada para o nível de 55 dB(A) onde ajustou-se a tensão não mais através do R41 e sim, através do resistor variável R40. Os valores de 45 e 55 dB(A) foram escolhidos levando-se em consideração a norma NBR 10152 (1987). Este procedimento de ajuste pode ser feito para qualquer faixa de nível de pressão sonora normalizado. O Quadro. 4.2 mostra alguns valores máximos de níveis de ruído em determinados ambientes. 67 Locais dB(A) Apartamentos, Enfermarias, Berçários, centros cirúrgicos 35-45 Laboratórios, Áreas para uso do Público 40-50 Serviços 45-55 Bibliotecas, salas de música, Salas de desenho 35-45 Salas de Aula, Laboratórios 40-50 Circulação 45-55 Apartamentos 35-45 Restaurantes, Salas de estar 40-50 Portaria, Recepção, Circulação 45-55 Dormitórios 35-45 Salas de estar 40-50 Salas de concertos, Teatros 30-40 Salas de conferências, Cinemas, salas de uso múltiplos 35-45 Hospitais Escolas Hotéis Residências Auditórios 40-50 Restaurantes Escritórios Salas de reunião 30-40 Salas de gerência, Salas de projetos e de administração 35-45 Salas de computadores 45-65 Quadro 4.2 – valores máximos de níveis ruído em determinados ambientes. Fonte: NBR10152 (1987). Notas: a) O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade; b) Níveis superiores aos estabelecidos no quadro acima são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano à saúde. 68 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Pré-Amplificador O Quadro 5.1 mostra a resposta em freqüência do circuito pré-amplificador balanceado. Observa-se que este circuito possui uma grande linearidade na faixa de audiofreqüência (20 Hz – 20 kHz) para o ganho teórico do amplificador não-inversor igual a “2” e igual a “1” no amplificador inversor. A tensão de entrada utilizada foi de 2 mV (senoidal), a qual foi utilizada durante toda a análise da resposta em freqüência do medidor. Este tipo de circuito eletrônico utilizado nesta etapa de amplificação do sinal de entrada foi escolhido devido a sua simplicidade e seu ganho estável em freqüência para a faixa de trabalho. Na próxima etapa, o amplificador de instrumentação além de possuir uma alta razão de rejeição em modo comum (RRMC), possui também um ganho em freqüência estável (Fig. 5.1). Observa-se que o ganho teórico deste estágio é igual a 51, (ver Eq. (4.4)). A Fig. 5.1 mostra as respostas em freqüência desta etapa. O ganho de qualquer estágio de amplificação é dado pela razão entre a tensão de saída e a tensão de entrada. 16 Tensão (mVAC) pino1 U3 - Tensão (mVAC) pino7 U3 - Tensão (mVAC) pino1 U5 387.0 20 4.230 4.25000 395.0 25 4.260 4.26000 403.0 Freq. (Hz) 31.5 4.240 4.23000 408.0 40 4.270 4.26000 412.0 50 4.270 4.25000 414.0 63 4.260 4.23000 416.0 80 4.250 4.2800 416.0 100 4.240 4.2500 416.0 125 4.250 4.2700 416.0 160 4.240 4.2500 416.0 200 4.250 4.2500 416.0 250 4.240 4.2700 416.0 315 4.230 4.2700 416.0 400 4.240 4.2500 416.0 500 4.250 4.2600 416.0 69 630 4.250 4.200 416.0 800 4.270 4.290 416.0 1000 4.200 4.250 416.0 1250 4.270 4.220 416.0 1600 4.280 4.250 416.0 2000 4.240 4.270 416.0 2500 4.230 4.250 416.0 3150 4.260 4.270 415.0 4000 5000 6300 4.270 4.270 4.260 4.260 4.270 4.230 413.0 413.0 413.0 8000 4.270 4.260 416.0 10000 4.270 4.270 408.0 12500 4.250 4.2700 406.0 16000 4.270 4.2700 405.0 20000 4.270 4.2700 396.0 Quadro 5.1 – Resposta em freqüência da etapa de pré-amplificação. Resposta em Freqüência 0,8 0,6 Ganho (dB) 0,4 0,2 0,0 -0,2 -0,4 -0,6 -0,8 -1,0 20 31,5 50 80 125 200 315 500 800 1250 2000 3150 5000 8000 12500 20000 Freqüência (Hz) Amplificador não-inversor Amplificador inversor Amplificador de instrumentação Figura 5.1 – Resposta em freqüência da etapa de pré-amplificação. 5.2 Filtro de Ponderação O Quadro 5.2 mostra os valores das bandas de freqüência, tensão medida na saída do filtro (Pino7 U6) (ver figura 4.9) e o nível de tensão (dBV). A Fig. 5.2 mostra a resposta em freqüência do Filtro versus a curva de compensação padrão. Nota-se, em comparação com a norma IEC61672 (2002), que o erro está dentro dos valores aceitáveis na norma, para os medidores Classe 1 na faixa de 20 Hz a 20 kHz. Portanto, o sinal na saída deste filtro sofre 70 uma variação em sua amplitude, em função da freqüência, proporcional à curva de ponderação “A”. Freqüências Nominais (Hz) 10 12,5 16 20 25 31,5 40 50 63 80 100 125 160 200 250 315 400 500 630 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150 4000 5000 6300 8000 10000 12500 16000 20000 IEC 61672-1 Ponderações (dB) Limites de Tolerância A Classe 1 -70,4 +3,5; − ∞ +3,0; − ∞ -63,4 +2,5;-4,5 -56,7 -50,5 ±2,5 +2,5;-2,0 -44,7 -39,4 ±2,0 -34,6 ±1,5 ±1,5 -30,2 -26,2 ±1,5 -22,5 ±1,5 ±1,5 -19,1 -16,1 ±1,5 -13,4 ±1,5 ±1,5 -10,9 -8,6 ±1,4 -6,6 ±1,4 ±1,4 -4,8 -3,2 ±1,4 -1,9 ±1,4 ±1,4 -0,8 0 ±1,1 +0,6 ±1,4 ±1,6 +1,0 +1,2 ±1,6 +1,3 ±1,6 ±1,6 +1,2 +1,0 ±1,6 +0,5 ±2,1 -0,1 +2,1;-2,6 -1,1 +2,1;-3,1 -2,5 +2,6;-3,6 +3,0;-6,0 -4,3 +3,5;-17,0 -6,6 -9,3 +4,0; − ∞ Filtro Erro (dBV – dB) 9,1 6,1 3,7 0,9 0,3 0 0,4 0,2 0,3 0,5 0,4 0,4 0,7 0,5 0,6 0,5 0,5 0,3 0,2 0,1 0 -0,1 -0,1 -0,1 -0,1 0 0,1 0,2 0,4 0,7 1,2 1,8 2,4 3,2 Ponderações (dBV) A -61,3 -57,3 -53,0 -49,6 -44,4 -39,4 -34,2 -30,0 -25,9 -22,0 -18,7 -15,7 -12,7 -10,4 -8,0 -6,1 -4,3 -2,9 -1,7 -0,7 0 0,5 0,9 1,1 1,2 1,2 1,1 0,7 0,3 -0,4 -1,3 -2,5 -4,2 -6,1 Quadro 5.2 – Ponderações em freqüência e Limites de Tolerância para a Resposta A. Fonte: IEC 61672-1 (2002). 71 Curva Padrão Versus Filtro Eletrônico 10 0 Ganho (dBA) -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 10 12.5 16 20 25 31.5 40 50 63 80 100 125 160 200 250 315 400 500 630 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150 4000 5000 6300 8000 10000 12500 16000 20000 -80 Freqüência (Hz) Ponderação A Filtro Eletrônico Figura 5.2 – Resposta em freqüência do Filtro versus Curva de Compensação Padrão. 5.3 Detector de RMS A tensão RMS na saída deste circuito medida com um multímetro na escala CC é igual ao valor da tensão RMS em sua entrada medida com o mesmo multímetro na escala AC. Para uma tensão de pico de 1 V injetada em sua entrada e medida com um osciloscópio, a tensão de saída será igual à aproximadamente 707 mV medida com um multímetro na escala CC. O Quadro 5.3 mostra os valores das tensões de entrada e saída desta etapa do medidor onde se observa sua linearidade em função da freqüência do sinal de entrada. Na freqüência de 16 Hz e 20 Hz não se pode medir a tensão devido o valor ser muito pequeno e instável. Freq. (Hz) 16 Tensão (mVAC) pino7 U6 - Tensão (mVCC) pino1 U9 - 20 - - 25 5.23 5.27 31.5 9.23 9.24 40 15.8 15.7 50 26.1 26.1 63 42.4 42.4 80 67.5 67.8 100 98.7 99.8 72 125 141 141 160 198 200 200 263 264 250 336 340 315 426 527 400 526 560 500 622 640 630 720 740 800 815 840 1000 887 900 1250 953 953 1600 1000 1000 2000 1020 1030 2500 1040 1030 3150 1030 1010 4000 1020 989 5000 6300 984 936 982 936 8000 861 866 10000 772 780 12500 667 688 16000 546 540 20000 428 429 Quadro 5.3 – Valores das tensões de entrada e saída do detector de RMS. 5.4 Circuito Comparador Logarítmico O Quadro 5.4 mostra os valores das tensões de referência e seus NPS correspondentes. A tensão de 79 mV representa um nível de ruído no ambiente igual a 45 dB(A), enquanto que o valor de tensão de 250 mV representa o nível de 55 dB(A). Estes valores de tensão foram ajustados para serem os valores das tensões de referência inferior e superior na etapa do circuito comparador e foram medidos com relação ao GND, no pino 5 de U7 e pino 9 de U6, respectivamente. Portanto, se o sinal de entrada estiver abaixo de 45 dB(A), os leds verdes acenderão e se estiver entre 45 e 55 dB(A), acenderão os leds amarelos e acima de 55 dB(A) os leds vermelhos acenderão. Os baixos valores para as tensões de referência devem ao fato de não se ter um estágio de amplificação do sinal após o circuito detector de RMS. Este fato provocou uma dificuldade no ajuste dos valores das tensões de referência. 73 Tensão (mV) NPS (dB(A)) Vref - inferior 79 45 Vref - superior 250 55 Quadro 5.4 – Valores de Tensão para cada NPS. 74 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6.1 Conclusões Com relação ao indicador de faixa de nível de pressão sonora, concluiu-se que, não há necessidade de se utilizar medidores de custo elevado para o monitoramento de ruídos em ambientes escolares, pois utilizando pouco componentes eletrônicos é possível desenvolver um indicador de faixa de nível de ruído relativamente aceitável para o monitoramento, com um custo muito baixo e que fornece uma resposta confiável e segura dos níveis de ruído de forma visivelmente fácil de verificar. Concluiu-se também que, antes da instalação do equipamento em ambientes não escolares, deve-se ajustar internamente o mesmo para cada nível normalizado. O fato da fonte de alimentação se encontrar embarcada ao circuito de condicionamento do sinal aumenta o risco de interferências eletromagnéticas e faz-se necessário realizar uma blindagem contra estas interferências ou utilizar uma fonte de alimentação externa. A utilização deste protótipo em locais como sala de aula ou corredores próximos a ela faz com que os alunos e outras pessoas que se encontram nestes ambientes adquiram a consciência de não fazer barulhos que possam vir a perturbar as aulas provocando um baixo rendimento escolar ou um esgotamento físico do aluno que deseja se manter concentrado durante as aulas, Além, do esforço extra das cordas vocais do professor. Com relação ao custo verificou-se a viabilidade de se construir indicadores como esse em grande escala, que possam ser distribuídos por vários pontos de uma escola, despertando a consciência, atenção e sensibilizando as pessoas contra a exposição a níveis excessivos de ruído. Finalmente, verificou-se ser possível utilizar toda a base teórica de amplificadores operacionais para o projeto de um simples indicador de faixa de nível de ruído permanente utilizado no combate à poluição sonora. Utilizando uma etapa de conversão analógica para digital é possível transformar este indicador de faixa de nível de ruído em um medidor de nível de pressão sonora. 75 Em geral, o microfone é um dos componentes de custo mais elevado em um medidor de nível de pressão sonora, porém o microfone utilizado no protótipo é de baixo custo e, mesmo assim, possui uma excelente resposta em freqüência para a finalidade deste trabalho. 6.2 Indicações para Trabalhos Futuros Recomenda-se para trabalhos futuros: ¾ Transformar o circuito do indicador de faixa de nível de pressão sonora em um medidor de nível de pressão sonora, apenas acrescentando uma etapa de conversão analógica para digital em sua saída. ¾ Construir vários pontos de monitoramento de ruído distribuídos no campus 01 da UFPA e interligá-los via internet a uma central de monitoramento, o que possibilitará a criação do mapa acústico do campus em tempo real, a fim de observar quais as áreas mais ruidosas para que se possa tomar alguma iniciativa de controle do ruído nestas regiões. ¾ Expandir o sistema de monitoramento permanente de ruído para o centro da cidade de Belém, já que esta foi considerada uma das cidades mais ruidosas do Brasil. ¾ Projetar mais estágios de amplificação do sinal do microfone depois do filtro e depois da saída do detector de RMS, para que os valores das tensões de referência no circuito comparador aumentem e, com isso, aumentar a facilidade de ajustes dessas tensões. ¾ Utilizar a saída do indicador não somente para acender os LEDs, mas também para acionar um aviso sonoro, ou luminoso, ou ambos, dependendo do que se considerar plausível para determinada situação, sempre que o nível de ruído no ambiente exceder um determinado valor estabelecido em normas, apenas ajustando internamente as tensões de referência no circuito. 76 REFERÊNCIAS BISTAFA, Sylvio R. Acústica Aplicada ao Controle de Ruído. São Paulo: Edgar Blücher, 2006. Brüel&Kjaer. Environmental Noise. Disponível em: <http://www.bksv.gcom/Library/ Primers.aspx>. Acesso em: 16 out. 2007. COSTA, Dênio G. Microfone: Características e Aplicações. In: Primeiro Seminário de Engenharia de Áudio – SemEA, Anais... Belo Horizonte, 2002. ELLIOTT. Elliott Sound Products. Disponível em: <http://sound.westhost.com/projects.htm> Acesso em: 16 ago. 2007. FUSINATO, Vitorino A. Minicurso de Acústica e Ruído. In: XV Semana da Física.Universidade Estadual de Maringá - Paraná, 2005. GERGES, Samir N. Y. Ruído: Fundamentos e Controle. 2. ed. Florianópolis. NR Editora, 2000. HANS, Ramon F. Avaliação de Ruído em Escolas. Rio Grande do Sul: 2001. Dissertação (Mestrado de Engenharia Mecânica)-Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2001. INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC 61672: ElectroacousticsSound level meters. – Part 1: Especifications. Geneva, 2002. INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC 60942: ElectroacousticsSound calibrators – Especifications. Geneva, 2003. MALVINO, Albert P. Eletrônica, v.1 e 2., 4. ed. São Paulo: Markron Books, 1997. NATIONAL: True rms Detector. Disponível em: <http://www.national.com/ms/LB/LB25.pdf> Acesso em: 26 nov. 2007. 77 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: Acústica-Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento. Rio de Janeiro, 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Níveis de ruído para conforto acústico – Procedimento. Rio de Janeiro, 1987. SILVA, Pérides. Acústica arquitetônica e condicionamento de ar. 4. ed. Belo Horizonte: Edtal, 2002.