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UTILIZAÇÃO DA CROCHETAGEM MIO-APONEURÓTICA (CMA) NAS
ADERÊNCIAS PÓS-CIRÚRGICAS DE ARTROPLASTIA TOTAL DE
QUADRIL
Lívia Barcelos Buchdid1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em reabilitação em ortopedia e traumatologia com ênfase em terapia
manual – Faculdade Ávila
Resumo
A artroplastia consiste no remodelamento cirúrgico de uma articulação, tendo
como objetivo o alívio da dor e a restauração do movimento. A crochetagem mioaponeurótica (CMA) é uma técnica manipulativa também conhecida como Diafibrólise
Percutânea, utilizada no tratamento de processos álgicos do aparelho locomotor,
através da remoção das aderências e destruição dos corpúsculos irritativos interaponeuróticos ou mio-aponeuróticos com o auxílio de ganchos colocados sobre o
tecido e mobilizando-o. A finalidade da crochetagem mio-aponeurótica, é a fibrólise
das aderências do tecido de sustentação, situada entre as fascias, tendões, ligamentos e
ossos. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a utilização da
crochetagem mio-aponeurótica (CMA) nas aderências pós-cirúrgicas de Artroplastia
Total de Quadril.
Palavras- Chaves: Artroplastia Total de Quadril. Aderências . Crochetagem
Mio-aponeurótica
1. Introdução
Os tratamentos das afecções do quadril datam de séculos atrás onde, a era
moderna da reconstrução do quadril iniciou por volta de 1800. Schmaltz, em 1817, e
White, em 1821, relataram casos de ressecção artroplástica do quadril para o tratamento
de tuberculose em crianças. Apesar desses implantes terem proporcionado uma melhora
na função, nenhuma dessas hemiartroplastias promoveu um prolongado grau de alívio
da dor, buscado por pacientes com articulações artrósicas. Desse modo, desenvolveramse as substituições articulares totais do quadril. A era moderna da artroplastia por
substituição total da articulação teve início em 1958, por Sir John Charnley que
consistia em um componente femoral metálico onde se articulava com um componente
acetabular plástico, sendo ambos fixados com cimento ósseo de metilmetacrilato.
(SIZÍNIO, 2003).
A artroplastia total de quadril consiste no remodelamento cirúrgico de uma
articulação, estando indicada nos pacientes que apresentam uma articulação artrítica
dolorosa e incapacitante, refratária ao tratamento conservador.
Em algumas regiões do corpo, a formação ou desenvolvimento em excesso de
tecido conjuntivo ocorre-se em conseqüência de uma inflamação ou intervenção
cirúrgica, que pode desenvolver a aderência. Este tecido consiste em pele, fáscia
muscular, ligamentos, tendões e cápsulas articulares.
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Pós graduando em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual.
Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e
Direito em Saúde.
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Aderências são formadas por fibroses geradas entre ossos, músculos e planos
fasciais, devido à má organização do tecido conjuntivo; geralmente de origem
cicatricial, biomecânica ou metabólica ocasionando excesso de líquido residual. Estas
restringem a elasticidade normal e o deslizamento das estruturas envolvidas, tornando o
local doloroso à movimentação. (DANTAS, 2005; KISNER; C.,2005).
Criada por Kurt Ekman, a Crochetagem Mio-Aponeurótica (CMA) é uma
técnica da terapia manual que permite chegar em pequenas dimensões que seriam
dificilmente palpáveis utilizando somente as mãos. Também chamada de diafibrólise
percutânea, esta técnica consiste em um tratamento externo indolor praticado através de
instrumentos semelhantes à agulhas de crochets. Trabalhando na quebra de aderências e
fibroses entre os planos de deslizamento de músculos, tendões, ligamentos e nervos,
devolvendo a mobilidade e a função através do conhecimento em anatomia palpatória e
aplicação dos crochets sobre a pele. (VARGAS, 2003).
Com essas considerações, tem-se por objetivo no presente artigo, evidenciar a
utilização da crochetagem mio-aponeurótica (CMA) na quebra de aderências póscirúrgicas em artroplastia total de quadril para recuperar a mobilidade normal das
estruturas envolvidas.
2. Revisão Bibliográfica
Anatomia do Quadril
Segundo Dângelo e Fattini (2002), os ossos do quadril, que constituem a cintura
pélvica, unem-se anteriormente na sínfise púbica e posteriormente articulam-se com a
parte superior do osso do sacro. O fêmur é o osso da coxa, articulando-se superiormente
com o osso do quadril e inferiormente com a tíbia. Os ossos do quadril se unem
anteriormente na sínfise púbica e posteriormente com o sacro, formando a pelve. O
osso do quadril é um osso plano e suas funções incluem as de movimento (participa das
articulações com o sacro e o fêmur), de defesa (protege órgãos pélvicos), e de
sustentação (transmite aos membros inferiores o peso de todos os segmentos do corpo
situados acima dele). Em razão destas múltiplas funções o osso do quadril tem uma
estrutura complexa e sua formação envolve três ossos isolados: o ílio, o ísquio e o
púbis. Estas três peças ósseas se unem na região onde mais se faz sentir o peso
suportado pelo osso do quadril, isto é, no centro do acetábulo, fossa articular que recebe
a cabeça do fêmur. Assim, é nesse ponto que se dá a união entre o esqueleto
apendicular do membro inferior e a cintura pélvica.
De acordo com Palastanga et al (2000), o ílio é a lâmina larga superior para
fixação de ligamentos e grandes músculos. Ele forma o rebordo pélvico entre a
articulação do quadril e a articulação com o sacro.
O púbis é um osso angulado. O corpo do púbis projeta-se lateral e superiormente,
sob a forma do ramo superior, para unir-se com o ílio e o ísquio no acetábulo, formando
um quinto do acetábulo. O corpo é de forma quadrilátera, com superfície sinfisária oval;
ele é cruzado por várias cristas, às quais está fixada a fibrocartilagem da sínfise púbica,
e revestido com cartilagem hialina para a articulação cartilaginosa secundária que
constitui a sínfise púbica.
O ísquio é a parte póstero-inferior, sendo angulado e estando no mesmo plano
do púbis. O corpo do ísquio forma dois quintos do acetábulo.
O acetábulo é formado pela fusão dos três ossos; o ílio, ísquio e púbis
encontram-se em uma cartilagem em forma de Y que forma a sua junção epifisária. O
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quinto anterior do acetábulo é formado pelo púbis, pelos dois quintos pósterosuperiores pelo corpo do ílio, e os dois quintos póstero-inferiores, pelo corpo ísquio. A
densa parede do acetábulo consiste em uma porção articular semilunar coberta com
cartilagem hialina, aberta embaixo, a fossa acetabular. A fossa acetabular é formada
principalmente a partir do ísquio e sua parede é frequentemente fina.
O fêmur transmite o peso a partir do ílio para a extremidade superior da tíbia.
Este osso, que tem uma bela forma, é o mais longo e o mais forte no corpo e possui
uma diáfise e duas extremidades. (PALASTANGA et al, 2000).
De acordo com Dângelo e Fattini (2002), a cabeça do fêmur articula-se com os
ossos do quadril, encaixando-se no acetábulo para constituir uma articulação sinovial
de tipo esferóide, triaxial, denominada articulação do quadril.
Segundo Palastanga et al (2000), na profundidade da região glútea está situada a
articulação do quadril. Esta é uma articulação de bola e soquete capaz de movimentos
de muitas direções. Para produzir tais movimentos há um arranjo complexo de
músculos em torno da articulação, os quais atuam sobre a coxa em relação à pelve ou
sobre a pelve em relação à coxa. Os músculos anteriores à articulação tendem a ser
flexores; os posteriores, extensores; medialmente, adutores, e lateralmente, abdutores.
Tanto a rotação medial quanto a lateral ocorrem nesta articulação, em virtude da
obliqüidade de algumas fibras musculares.
Os músculos do quadril são descritos por Palastanga et al (2000) e Putz e Pabst
(2000) da seguinte forma:
• Glúteo máximo: Ele é o músculo principalmente responsável pela posição
ereta, liberando, desse modo, os membros anteriores de um papel de sustentação de peso
e capacitando-os a se tornarem os implementos de precisão que constituem hoje.
Origina-se na face glútea da asa do ílio (dorsal à linha glútea posterior); face posterior
do sacro, aponeurose toracolombar, ligamento sacrotuberal. A porção mais cranial
insere-se na tíbia abaixo do côndilo lateral (sobre o trato iliotibial). Entre o trocanter
maior e o trato iliotibial fica a bolsa trocantérica do músculo glúteo máximo. A porção
mais caudal insere-se na tuberosidade glútea, septo intermuscular lateral da coxa.
Função: Porção mais cranial: Extensão, rotação lateral, abdução; Porção mais
caudal: Extensão, rotação lateral e adução.
Suprimento nervoso: O glúteo máximo é suprido pelo nervo glúteo inferior,
valores de raízes L5, S1 e S2. A pele que cobre o músculo, no entanto, é suprida
principalmente por ramos de L2 e S3.
• Semitendinoso: Origina-se no túber isquiático (unido à cabeça longa do
músculo bíceps da coxa) e insere-se na tuberosidade da tíbia (face medial).
Função: Extensão, adução e rotação medial.
Suprimento nervoso: O semitendinoso é suprido pela divisão tibial do nervo
ciático, valores de raízes L5, S1 e S2. A pele que cobre o músculo é suprida
principalmente por S2.
• Semimembranoso: Origina-se no túber isquiático e insere-se na extremidade
proximal da tíbia (abaixo do côndilo medial), parte inferior da cápsula do joelho,
ligamento poplíteo oblíquo, fáscia do músculo poplíteo.
Função: Extensão, adução e rotação medial.
Suprimento nervoso: O semimembranoso é suprido a partir da divisão tibial do
nervo ciático, valores de raízes L5, S1 e S2. O suprimento nervoso à pele que cobre o
músculo é o mesmo que para o semitendinoso, isto é, principalmente a partir de S2.
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• Bíceps femoral: O bíceps da coxa está situado na face póstero-lateral da coxa,
originando-se de duas cabeças, como dá a entender o seu nome, separadas por uma
distância considerável. A cabeça longa origina-se no túber isquiático (unido ao músculo
semitendinoso) e a cabeça curta no lábio lateral da linha áspera (terço médio). As duas
cabeças vão inserir-se na cabeça da fíbula (separado em volta do ligamento colateral
fibular) irradia-se na fáscia da perna.
Função: Extensão, adução e rotação lateral.
Suprimento nervoso: A cabeça longa do bíceps da coxa é suprida pela porção
tibial do nervo ciático, enquanto a cabeça curta, pela porção peroneira comum; os
valores de raízes de ambos são L5, S1 e S2. A pele que cobre o músculo é suprida
principalmente por S2.
• Glúteo médio: Origina-se na face glútea da asa do ílio (entre as linhas glúteas
anterior e posterior) e insere-se no trocanter maior (ponta e margem mais lateral).
Função: Porção mais ventral: Abdução, flexão, rotação medial; Porção mais
dorsal: Abdução, extensão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O glúteo médio é suprido pelo nervo glúteo superior, valores
de raízes L4, L5 e S1. A pele que cobre este músculo é principalmente suprida por L1 e
L2.
• Glúteo mínimo: Embora este seja o menor dos músculos glúteos, ele toma a
maior fixação a partir da superfície glútea do ílio. Ele tem forma triangular, sendo largo
no topo e estreitando-se para um tendão embaixo. Se origina na face glútea da asa do
ílio (entre as linhas glúteas anterior e inferior) e insere-se no trocanter maior (ponta e
margem mais lateral).
Função: Parte mais ventral: Abdução, flexão, rotação medial; Parte mais dorsal:
Abdução, extensão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O glúteo mínimo é suprido pelo nervo glúteo superior,
valores de raízes L4, L5 e S1. A pele sobrejacente ao músculo é suprida principalmente
por L1.
• Tensor da fáscia lata: Origina-se na espinha ilíaca ântero-superior e insere-se
na extremidade lateral da tíbia (sobre o trato iliotibial abaixo do côndilo lateral).
Função: Flexão, abdução e rotação medial.
Suprimento nervoso: O tensor da fáscia lata é suprido pelo nervo glúteo superior,
valores de raízes L4, L5, com a pele sobrejacente ao músculo sendo suprida por L1.
• Adutor magno: O músculo é, na realidade, composto de duas partes, uma
parte adutora e uma de músculo posterior da coxa, formando uma grande lâmina
triangular de músculo, com uma margem medial espessada. Origina-se no ramo inferior
do púbis, ramo e tuberosidade do ísquio (margem medial) e insere-se no lábio medial da
linha áspera (dois terços proximais), tuberosidade, tubérculos dos adutores (hiato dos
adutores entre ambas as inserções).
Função: Adução, rotação lateral, flexão (parte mais anterior), extensão (parte mais
posterior).
Suprimento nervoso: Em virtude das suas duas partes, o adutor magno possui
duplo suprimento nervoso. A parte adutora a partir do ramo isquiopúbico é suprida pela
divisão posterior do nervo obturador (L2 e L3), enquanto o músculo posterior da coxa a
partir da tuberosidade isquiática, pela divisão tibial do nervo ciático (L4), a pele que
cobre o lado interno da coxa sendo principalmente a partir de L3.
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• Adutor longo: O adutor longo é um músculo longo, delgado, triangular,
situado na face medial da coxa, sobrejacente à parte média do adutor magno. Origina-se
no púbis (abaixo da crista púbica até a sínfise) e se insere no lábio medial da linha
áspera (terço médio).
Função: Adução, flexão, rotação lateral (os feixes mais anteriores, rotação
medial).
Suprimento nervoso: O adutor longo é suprido pela divisão anterior do nervo
obturador, valores de raízes L2, L3 e L4. A pele que cobre a área do adutor longo é
suprida por L3.
• Adutor curto: O adutor curto também é um músculo triangular situado na
face medial da coxa. Origina-se no ramo inferior do púbis (mais perto do forame
obturador do que o músculo adutor longo) e insere-se no lábio medial da linha áspera
(terço proximal).
Função: Adução, flexão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O adutor curto é suprido pela divisão anterior do nervo
obturador, valores de raízes L2, L3 e L4. A pele que cobre a área do adutor curto é
suprida por L2.
• Grácil: Como o próprio nome diz, é um músculo longo, fino, situado no lado
medial da coxa. Ele é o mais superficial do grupo adutor. Origina-se no ramo inferior do
púbis (canto medial, ao longo da sínfise) e insere-se na extremidade proximal da tíbia
(medial à tuberosidade da tíbia).
Função: Adução, flexão e rotação lateral.
Suprimento nervoso: O grácil é suprido pela divisão anterior do nervo obturador,
valores de raízes L2 e L3. A pele que cobre esta área é inervada pelas
raízes L2 e L3; a parte superior, pelo nervo obturador e a parte inferior, pelo nervo
femoral.
• Pectíneo: É um músculo quadrilátero situado na parte superior e medial da
coxa, profundamente na virilha. Ele se mostra constituído de duas camadas, superficial
e profunda, e estas geralmente são supridas por nervos diferentes. Origina-se na linha
pectínea do púbis e insere-se na linha pectínea do fêmur.
Função: Adução, rotação lateral e flexão.
Suprimento nervoso: O pectíneo é suprido pelo nervo femoral a partir das suas
raízes L2, L3 e ocasionalmente pelo nervo obturador ou obturador acessório pela sua
raiz L3. A pele que cobre esta área da virilha é suprida a partir da raiz de L1.
• Psoas maior: É um músculo grande, grosso e poderoso situado principalmente
na cavidade abdominal. Dentro da sua substância é encontrado o plexo lombar. O psoas
maior tem relações importantes: na sua extremidade superior o diafragma e o ligamento
arqueado medial lhe são anteriores, enquanto mais abaixo, o rim, o psoas menor
(quando presente), os vasos renais e o ureter são relações anteriores. No lado direito, o
psoas maior tem a superposição da veia cava inferior e do íleo. O cólon ascendente e o
descendente jazem laterais aos psoas direito e esquerdo, respectivamente. Medialmente
fica a parte lombar da coluna vertebral, enquanto diretamente posteriores situam-se os
processos transversos das vértebras lombares. Os nervos lombares segmentares
emergindo dos forames intervertebrais estão situados diretamente atrás do músculo e
passam para a frente dentro da sua substância. A camada superficial origina-se dos
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corpos da 12ª vértebra torácica até a 4ª vértebra lombar (faces laterais), discos
intervertebrais; A camada profunda origina-se dos processos costais das 1ª a 4ª vértebras
lombares. Inserem-se no trocânter menor.
Função: Flexão, rotação medial (rotação lateral pela contração simultânea dos
músculos glúteos).
Suprimento nervoso: O psoas maior é suprido a partir dos ramos anteriores de L1,
L2, L3 e às vezes L4. O músculo somente aparece perto da superfície na área da virilha
e esta pequena área de pele é suprida por L1.
• Psoas menor: Origina-se nos corpos da 12ª vértebra torácica e a 1 ª vértebra
lombar (faces laterais) e insere-se na fáscia do músculo iliopsoas, arco iliopectíneo.
Função: Flexão, rotação medial (rotação lateral pela contração simultânea dos
músculos glúteos).
• Ilíaco: O ilíaco é um grande músculo triangular carnudo situado
principalmente na pelve. Origina-se na fossa ilíaca e espinha ilíaca ântero-inferior do
osso do quadril; cápsula anterior da articulação do quadril. Insere-se no trocanter menor
da região vizinha do lábio medial da linha áspera.
Função: Flexão, rotação medial (rotação lateral pela contração simultânea dos
músculos glúteos).
Suprimento nervoso: O suprimento nervoso ao ilíaco ocorre a partir do nervo
femoral, valores de raízes L2 e L3. A pele que cobre a área onde o tendão passa sobre a
borda da pelve é suprida por L1.
• Quadríceps femoral: Composto pelos músculos reto femoral (cabeça reta e
cabeça reflexa), vasto medial, vasto lateral, vasto intermédio e músculo articular do
joelho. A cabeça reta do reto femoral origina-se na espinha ilíaca ântero-inferior; a
cabeça reflexa na margem superior do acetábulo; o vasto medial no lábio medial da
linha áspera (dois terços inferiores); o vasto lateral no trocanter maior e lábio lateral da
linha áspera; o vasto intermédio na face superior do fêmur e o músculo articular do
joelho na face anterior do fêmur. Todos os músculos inserem-se na patela (margem
proximal e margem lateral), tuberosidade da tíbia (sobre o ligamento da patela),
extremidade proximal da tíbia (região lateral da tuberosidade da tíbia sobre os
retináculos da patela).
Função: Flexão.
Suprimento nervoso: O suprimento nervoso ao quadríceps femoral ocorre a partir
do nervo femoral, valores de raízes L2 e L3.
• Sartório: É o músculo mais superficial no compartimento anterior da coxa.
Sua parte inferior fica principalmente no lado medial anterior ao grácil. Trata-se de um
longo músculo em forma de fita e possui tendões achatados em cada extremidade. Ele
tem a reputação de ser o mais longo músculo do corpo, tirando o seu nome da sua
função, que é gerar a maioria das ações necessárias no membro inferior, para produzir o
sentar-se de pernas cruzadas, a posição que os alfaiates usam ao fazer roupas. Originase na espinha ilíaca ântero-superior e se insere na tuberosidade da tíbia (face medial).
Função: Flexão, rotação lateral e abdução.
Suprimento nervoso: O sartório é suprido pelo nervo femoral, valores de raízes L2
e L3. A área de pele que cobre este músculo também é suprida por L2 e L3.
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• Piriforme: Tem forma triangular, com a sua base na pelve e o ápice na região
glútea. Origina-se na face pélvica do sacro (lateral e entre os forames sacrais anteriores
do 3° e 4° segmentos sacrais), incisura isquiática maior próximo do sacro. Insere-se no
trocanter maior (superfície medial da ponta).
Função: Rotação lateral, extensão e adução.
Suprimento nervoso: O piriforme é suprido a partir dos ramos anteriores do plexo
sacro, L5, S1 e S2; principalmente S1. A pele que cobre esta área é suprida pelas
mesmas raízes nervosas, mas deve-se lembrar que este é um músculo profundo e que o
glúteo máximo intervém entre os dois.
• Obturador interno: O obturador interno é também um músculo de forma
triangular, situado parcialmente na pelve e parcialmente na região glútea posterior à
articulação do quadril. Origina-se na circunferência do forame obturado (face medial) e
insere-se na fossa trocantérica.
Função: Rotação lateral, adução e extensão.
Suprimento nervoso: Este músculo é suprido pelo nervo para o obturador interno,
valores de raízes L5, S1 e S2. A pele que cobre esta região é principalmente suprida por
S3.
• Gêmeo superior: Origina-se na espinha isquiática e insere-se na fossa
trocantérica.
Função: Rotação lateral, adução e extensão.
Suprimento nervoso: O músculo é suprido pelo nervo para o obturador interno,
valores de raízes L5, S1 e S2.
• Gêmeo inferior: Origina-se no túber isquiático e insere-se na fossa
trocantérica.
Função: Rotação lateral, adução e extensão.
Suprimento nervoso: O músculo é suprido pelo nervo para o quadrado da coxa,
valores de raízes L4, L5 e S1.
• Quadrado femoral: É um músculo quadrilátero achatado, separado da
articulação do quadril pelo obturador externo. Origina-se no túber isquiático (margem
mais lateral) e insere-se na crista intertrocantérica.
Função: Rotação lateral, adução e extensão.
Suprimento nervoso: O músculo é suprido pelo nervo para o quadrado da coxa,
valores de raízes L5, L5 e S1.
• Obturador externo: É um músculo triangular. Origina-se na circunferência
do forame obturado (face lateral), membrana obturatória e insere-se no tendíneo na
fossa trocantérica.
Função: Rotação lateral, adução e flexão.
Suprimento nervoso: O músculo é suprido pelo ramo posterior do nervo
obturador, valores de raízes L3 e L4.
3. Biomecânica
Segundo Hamill (1999), a cintura pélvica incluindo a articulação do quadril,
exerce um papel integral no suporte do peso do corpo, e, ao mesmo tempo, oferece
mobilidade aumentando a amplitude de movimento do membro inferior. A articulação
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do quadril também tem ligamentos fortes e suporte muscular em todas as direções para
suportar e manter estabilidade na articulação.
4. Artroplastia Total do Quadril
A história da artroplastia é descrita por Sizínio et al (2003, p. 380), a partir da
era moderna da reconstrução do quadril que iniciou por volta de 1800. Schmaltz, em
1817, e White, em 1821, relataram casos de ressecção artroplástica do quadril para o
tratamento de tuberculose em crianças. Essa técnica operatória também pode ser
conhecida como cirurgia de Girdlestone (nome do cirurgião que, em 1943, relatou esse
procedimento com detalhes). Visto que uma mobilidade duradoura não podia ser
conseguida dessa maneira, muitos autores mudaram da artroplastia resseccional simples
para a artroplastia interposicional. Entretanto, nenhum dos materiais usados na
interposição produziu resultados duradouros, até que Smith-Petersen (1917)
desenvolveu a artroplastia interposicional do quadril com uma taça feita com vitálio, em
1940. A partir de então, muitos cirurgiões começaram a desenvolver endopróteses como
alternativa à artroplastia interposicional. Embora outros materiais tenham sido
utilizados na confecção, tais como o marfim (Hey-Groves, em 1927) e o acrílico (Judet,
em 1946), as endopróteses de metal, desenvolvidas por F.R. Thompson e A.T. Moore a
partir de 1950, tornaram-se implantes com reconhecido sucesso. Apesar de esses
implantes terem proporcionado uma melhora da função, nenhuma dessas
hemiartroplastias promoveu um prolongado grau de alívio da dor, buscado por pacientes
com articulações artrósicas. Desse modo, desenvolveram-se as substituições articulares
totais do quadril. A era moderna da artroplastia por substituição total da articulação teve
início em 1958, quando Sir John Charnley começou seu trabalho clássico com o
desenvolvimento de uma prótese, a qual consistia em um componente femoral metálico
que se articulava com um componente acetabular plástico, sendo ambos fixados com
cimento ósseo de metilmetacrilato.
4.1 Estágios da Inflamação e Regeneração Tecidual
Segundo Kisner (2005), após qualquer agressão ao tecido conjuntivo, seja devido
lesão mecânica (incluindo cirurgia), seja a um irritante químico, a resposta vascular e
celular é semelhante. A irritabilidade ou sensibilidade do tecido, é o resultado dessas
respostas, e é geralmente dividida em três estágios de inflamação e regeneração sendo o
primeiro estágio a reação inflamatória ou estágio agudo, o segundo estágio é o de reparo
e regeneração ou estágio subagudo e o terceiro estágio o de maturação e remodelamento
ou estágio crônico.
De acordo com Kisner (2005), o primeiro estágio envolve respostas celulares,
vasculares e químicas dentro do tecido. Geralmente esse estágio dura de 4 a 6 dias, a
menos que a agressão seja perpetuada.
O segundo estágio começa do 2º ao 4º dia após a lesão dos tecidos e a
inflamação começa a diminuir. Iniciam-se a resolução do coágulo e o reparo do local
lesado. Isso geralmente dura mais uns 10 a 17 dias (14-21 dias após a ocorrência da
lesão), mas pode durar até seis semanas. A síntese e a deposição de colágeno
caracterizam esse estágio.
O terceiro estágio é a maturação e o remodelamento do tecido onde a retração
da cicatriz devido à atividade dos miofibroblastos geralmente se acha completa por
volta do 21º dia e a cicatriz pára de aumentar de tamanho, de modo que do 21º ao 60º
dia há uma predominância de fibroblastos facilmente remodelados. O processo de
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maturação começa no estágio subagudo avançado e continua por vários meses. A
maturação e o remodelamento do tecido cicatricial ocorrem à medida que as fibras de
colágeno se tornam mais espessas e se reorientam em resposta às sobrecargas colocadas
sobre o tecido conjuntivo.
5. Crochetagem Mio-aponeurótica (CMA)
Segundo Kiffer (2004), é uma técnica manipulativa também conhecida como
Diafibrólise Percutânea, utilizada no tratamento de processos álgicos do aparelho
locomotor, através da remoção das aderências e destruição dos corpúsculos irritativos
inter-aponeuróticos ou mio-aponeuróticos com o auxílio de ganchos colocados sobre o
tecido e mobilizando-o.
Para Eckman apud Nascimento et al, baseada na utilização de ganchos, esta
técnica tem como princípio, a quebra de aderências do sistema mio-esquelético, com o
objetivo de romper pontos de fibrose, ocasionados pelo acúmulo de cristais de oxalato
de cálcio na aponeurose, o que causa irritação. A finalidade da crochetagem mioaponeurótica, é a fibrólise das aderências do tecido de sustentação, situada entre as
fascias, tendões, ligamentos e ossos.
5.1 Histórico
Segundo Ribeiro Jordão (2004), a técnica foi fundada pelo Fisioterapeuta sueco
Kurt Eckman, que foi colaborador do Dr. James Cyriax na Inglaterra, durante anos após
a Segunda Guerra Mundial. Frustrado pelos limites palpatórios das técnicas
convencionais, inclusive a massagem transversa profunda de Cyriax, desenvolveu
progressivamente uma série de ganchos e uma técnica de trabalho especifica para eles.
Efeitos da Crochetagem Mio-aponeurótica (CMA)
Vargas et al (2002), menciona que esta técnica atua sobre as restrições de
mobilidade de qualquer elemento conjuntivo de desordens mecânicas ou bloqueios
funcionais, o que causa respostas vegetativas e estimula a circulação linfática e
sangüínea, melhorando o deslizamento das fáscias. Pois é possível quebrar as fibroses e
aderências originadas por cristais de oxalato de cálcio, de origem cicatricial traumática
ou cirúrgica, que estão concentrados entre os planos profundos de deslizamento de
músculos, tendões, ligamentos e nervos devolvendo o movimento livre entre os tecidos,
que causavam além de irritação, limitação da amplitude articular, devolvendo a função.
5.2 Alterações Musculares
Segundo KISNER; COLBY (2005), qualquer fator que comprometa a
mobilidade, que cause restrições dos tecidos moles, pode também comprometer o
desempenho muscular. Esse comprometimento pode levar a limitações e incapacidades
funcionais na vida de uma pessoa.
5.3 Aderências
De acordo com KISNER; COLBY (2005), durante a imobilização, após trauma
ou como uma complicação cirúrgica, as fibras de colágeno se aderem às estruturas ao
redor, restringindo a elasticidade normal e o deslizamento das estruturas envolvidas.
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5.4 Indicações
Segundo RIBEIRO JORDÃO (2004), a técnica é indicada para qualquer
patologia articular, músculo-tendinosa ou ligamentosa que contenha uma fibrose ou
formação de aderência; processos álgicos inflamatórias ou não-inflamatórias; neuralgias
originadas por irritação mecânica dos nervos periféricos; aderências causadas por
traumas que levam a um derrame tecidual; aderências consecutivas a fibrose cicatricial
iatrogênica cirúrgica; síndromes tróficas dos membros e outras alterações tráumatoortopédicas.
5.5 Contra-indicações
Esta técnica é contra-indicada em todas as afecções dermatológicas,
principalmente àquelas que causem fragilidade cutânea como, processos inflamatórios
agudos (hiperalgias insuportáveis), feridas abertas, cicatrizes recentes, pele hipotrófica,
ulcerações, dermatoses (eczema, psoríase), idosos com a pele demasiadamente fina, ou
fragilidade capilar sangüínea, tais como varizes venosas, adenomas, uso de
anticoagulante, reações hiperhistamínicas, segundo Ribeiro Jordão.
6. Metodologia
A pesquisa será de caráter exploratório e observacional. Segundo Oliveira
(2002), uma pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. O método de pesquisa utilizado
será a pesquisa bibliográfica, que, de acordo com o mesmo autor, é desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
A pesquisa bibliográfica gera subsídios para melhor compreensão do assunto e assim
aproximar teoria e prática. O levantamento bibliográfico ocorrerá consultando artigos
de periódicos nacionais, internacionais e eletrônicos no sistema Medline, Scielo entre
outros, utilizando os seguintes descritores: Artroplastia Total de Quadril, Aderências,
Limitação da Amplitude Articular, Crochetagem Mio-aponeurótica.
Conclusão
Desta forma, podemos afirmar que a Artroplastia Total de Quadril, por ser uma
técnica cirúrgica, causa comprometimentos a nível tecidual e limitações funcionais
devido às aderências que comumente ocorrem. As aderências teciduais restringem a
elasticidade normal e o deslizamento das estruturas envolvidas. Causam dor e limitação
de movimentos, levando o paciente a sentir desconforto e incapacidade de realizar as
suas atividades.
Contudo, sendo a técnica de Crochetagem Mio-aponeurótica (CMA), uma
técnica manipulativa, a mesma se faz importante pois, proporciona um tratamento
completo e eficaz, diminuindo as aderências nos tecidos pós-cirúrgicos e permitindo
assim o retorno às suas atividades da vida diária.
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