DICIONÁRIO DE IMUNOLOGIA Autores da Edição Original: Ferencik M., Rovensky J., Matha V. Autores da Tradução e Edição em Português: Carlos Alberto von Mühlen Professor Titular de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Brasil. Doutor em Medicina pela Universidade Técnica do Norte do Reno-Westfália, Alemanha Henrique Luiz Staub Professor Adjunto de Reumatologia, Mestre em Imunologia pela Universidade de Londres e Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da PUCRS Carlos Augusto Pereira Instituto Butantan, Laboratório de Imunologia Viral, São Paulo, Doutor em Microbiologia e Imunologia pela Universidade Estadual de Campinas, São Paulo Soraia Attie Calil Jorge Instituto Butantan, Laboratório de Imunologia Viral, São Paulo, Doutora em Genética pela Universidade de São Paulo. Colaboradores: Edson Figueira dos Santos Hematologista, Diretor Administrativo do Laboratório Central de Patologia Clínica do Hospital São Lucas da PUCRS. Eduardo Luis Pochmann Médico Residente em Reumatologia do Hospital São Lucas da PUCRS. 2 Prefácio da Segunda Edição Ao preparar esta segunda edição, fomos influenciados por comentários de diversos leitores da primeira edição, e principalmente pelo rápido e contínuo progresso em Imunologia, lembrando que esta ciência cobre uma área de interesse tão ampla que é difícil decidir que itens devem ser incluídos e quais devem ser ignorados. Contudo, nesta edição revisada, um esforço foi realizado não apenas para atualizar o material, mas também para enfatizar sua importância médica e clínica, e aumentar o número de figuras e tabelas descritivas. Bratislava, Novembro de 2001 Os Autores Prefácio da Primeira Edição O campo da Imunologia é uma das áreas científicas que tem crescido com maior rapidez, tanto no âmbito da investigação clínica quanto no da experimental. Os fundamentos da Imunologia residem na biologia molecular, na bioquímica, na microbiologia, na química biofísica, na biotecnologia molecular e na medicina clínica. Consequentemente, ela se beneficia do progresso nestas áreas, tendo limites muito flexíveis. Conceitos em Imunologia, recentemente, sofreram e ainda sofrem mudanças radicais, as quais também se refletem em sua terminologia. Isto traz uma dificuldade adicional não apenas para os iniciantes na ciência, mas mesmo para muitos dos imunologistas estabelecidos. O objetivo deste livro é superar estas dificuldades e prover tanto imunologistas quanto não imunologistas com termos básicos encontrados na literatura imunológica contémporânea. A variação de termos e de definições da nomenclatura apresentados é vasta o suficiente para satisfazer as necessidades seja de biólogos, bioquímicos ou clínicos que requerem uma referência fácil e rápida à prática imunológica corrente). Mas o livro é também dirigido a estudantes, professores, médicos, e pesquisadores em todos os campos da biomedicina. Os Autores 3 α1-antitripsina – glicoproteína sérica, um inibidor de enzimas proteolíticas como tripsina, quimiotripsina e elastase. Atua como proteína de fase aguda. Seu gene está localizado no cromossomo humano 14, onde pode estar presente na forma de pelo menos 25 alelos. Alguns deles codificam produtos fisiológicos (fenótipo PiMM), outros são associados com condições patológicas. Como exemplo, o fenótipo PiZZ se associa frequentemente a enfisema, hepatopatias, cirrose e colelitíase. Os níveis séricos da α1-antitripsina estão aumentados em doenças inflamatórias. α1-microglobulina (α1M) – proteína sintetizada no fígado e que está presente no soro e urina. Pode formar complexos com IgA monomérica em casos de nefropatia por IgA, condição onde por vezes são encontrados níveis séricos elevados de α1M. α2-macroglobulina (α2M) – glicoproteína sérica que inibe diversas proteases, incluindo trombina, plasmina, calicreína, tripsina, quimiotripsina, elastase, colagenase e catepsinas B e G. É produzida principalmente pelos macrófagos. Regula o equilíbrio proteolítico em muitos processos extracelulares, particularmente aqueles associados à coagulação sangüínea, fibrinólise e inflamação. Complexos de α2M com proteases são proteoliticamente inativos e são rapidamente (em minutos) clareados da circulação. Os níveis séricos de α2M aumentam, caracteristicamente, na síndrome nefrótica, na dermatite atópica, no diabetes mellitus e na ataxia-telangiectasia. β2-microglobulina – molécula de baixo peso molecular (peso molecular de 11,815Da) composta de 100 resíduos de aminoácidos. É um dos componentes das cadeias leves dos antígenos de histocompatibilidade de classe I (→ antígenos HLA). Pequenas concentrações também estão presentes no soro. Os níveis séricos aumentam nas reações agudas a aloenxertos, em pacientes dialisados e naqueles com síndrome da imunodeficiência(AIDS). α-fetoproteína – antígeno oncofetal presente em baixas concentrações no soro humano. Seu nível é elevado no soro fetal, onde provavelmente participa da tolerância neonatal, graças à sua ação imunossupressora. Níveis elevados podem também ser detectados no soro 5 de gestantes cujo feto apresenta anormalidades no desenvolvimento (defeitos do sistema nervoso central, síndromes de imunodeficiência, anormalidades gastrointestinais e outras). Níveis elevados são também detectados no soro de pacientes com algumas neoplasias, particularmente hepáticas. α-hélice – estrutura tridimensional, helicoidal, formada por cadeias de aminoácidos e presente em muitas proteínas e peptídeos. (L)PMN – abreviação para leucócito polimorfonuclear (→ neutrófilo) – polymorphonuclear leukocyte. 5-hidroxitriptamina – 5HT, serotonina, metabólito do aminoácido triptofano. Mediador de reações de anafilaxia e do processo inflamatório. Apresenta efeitos sistêmicos similares aos da histamina. Na maioria das espécies animais, sua maior fonte são os mastócitos. Humanos são uma exceção a esta regra, uma vez que seus mastócitos não contêm 5HT. Nesta circunstância, a 5HT é produzida principalmente por plaquetas. A 5HT também funciona como neurotransmissor e hormônio, e é encontrada em vertebrados, invertebrados e plantas. 5-HPETE – 5-hydroperoxyeicosatetra??? acid – 5-hidroperóxi-eicosatetranóico, intermediário formado a partir da cascata metabólica do ácido araquidônico. Sob a ação das lipooxigenases, o 5-HPETE dá origem a leucotrienos e lipoxinas. Similarmente ao leucotrieno B4 (LTB4), é um fator quimiotático efetivo para neutrófilos, monócitos e macrófagos. O 5-HPETE, adicionalmente, induz a degranulação de mastócitos com liberação subseqüente de histamina e outros mediadores. abrina – lecitina tóxica obtida da semente de Abrus praecatorius. Aglutina eritrócitos. abzimas – em geral, a ligação dos idiotipos de anticorpos monoclonais com produtos de baixo peso molecular (haptenos) requer a ação de agentes catalisadores. Isto acelera a velocidade da reação, na qual o anticorpo atua de maneira similar a uma enzima. Abzimas são catalisadores eficientes produzidos pelo sistema imune e representam, 6 Fig 1. Metabolismo do Ácido Araquidônico. Fig 19. Metabolismo do Ácido Araquidônico. basicamente, uma tentativa de imitar a habilidade catalítica natural das enzimas. Anticorpos catalíticos têm uma função similar, mas estrutura diferente. aciclovir – agente antiviral, análogo da guanosina e inibidor da replicação de DNA viral. É particularmente útil em infecções por herpes simplex. acido araquidônico – molécula presente em fosfolipídios da membrana celular, de onde é liberado sob a ação da fosfolipase A2 ou C. O ácido araquidônico livre tem uma meia-vida curta e é rapidamente metabolizado ao longo de duas rotas metabólicas – a da ciclooxigenase e a da lipooxigenase (Fig. 1). A rota da ciclooxigenase origina prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. A rota da lipooxigenase produz leucotrienos em uma via, e lipoxinas na outra. ácido murâmico – 3-O-α-carboxietil-D-glicosamina, uma subunidade de peptidoglicano da parede bacteriana. 20 ACP (anafilaxia cutânea passiva) – teste cutâneo usado in vivo para demonstrar anticorpos homocitotrópicos que causam hipersensibi7 lidade de tipo imediato. É chamada de reação de Prausnitz-Küstner (PK) em humanos. É realizada injetando-se intradermicamente anticorpos homocitotrópicos (e.g. IgE) de animais sensibilizados em animais experimentais não-sensibilizados. Após algumas horas, o alérgeno (antígeno) contra o qual anticorpos IgE previamente injetados são dirigidos é administrado intravenosamente, juntamente com um corante, tal como o azul de Evans. Reação de hipersensibilidade imediata se desenvolve no local da injeção intradérmica, manifestando-se por coloração azul da pele. Na reação de PK anticorpos IgE de um indivíduo alérgico são administrados, intradermicamente, a um indivíduo não-alérgico. Após a injeção local do antígeno correspondente, obtêm-se a degranulação de mastócitos vizinhos. O resultado é a liberação de mediadores da anafilaxia e o aparecimento de edema e eritema locais. actina – proteína de 42 kD, muito abundante em células eucarióticas. Um dos principais componentes do complexo motor de actomiosina e da malha microfilamentar cortical. actinomicina D – antibiótico de Streptomyces spp. que se liga ao DNA, bloqueando o movimento da RNA polimerase e impedindo a síntese de RNA tanto em procariotos quanto em eucariotos. actomiosina – complexo de proteínas musculares formado por actina e miosina e que representa um sistema motor. O princípio do sistema motor é baseado no contato transitório da miosina com os filamentos de actina, o que faz com que a miosina sofra uma alteração conformacional antes que o contato seja desfeito. A hidrólise do ATP é acoplada ao movimento, uma vez que o ATP é necessário para restaurar a configuração da miosina antes da repetição do ciclo. ADA – adenosina-deaminase, enzima que cataliza a desaminação de adenosina e desoxiadenosina a inosina e/ou desoxiinosina. Sua deficiência causa dano ao metabolismo do DNA, manifestado por severos defeitos na função das células T (→ deficiência de adenosina). ADAM (desintegrina e metaloprotease) – família de proteases transmembrana que desempenham importante papel no controle de me8 Fig 2. A reação de citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC). Anticorpos reconhecem antígenos de superfície e interagem com estes através Fig 1. A reação de citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC). de seus domínios constantes pelo receptor Fc nas células killer, por exemplo, Anticorpos antígenos superfície interagem com estes através células reconhecem natural killer(NK). Apósde a ativação daecélula NK, as células-alvo são de porconstantes apoptose através dos mecanismos mediados e seusmortas domínios pelo receptor Fc nas células killer,por porgranzima exemplo,Bcélulas perforina. As proteínas e o DNA da célula-alvo sofrem desintegração e ocorre natural killer(NK). Após aapoptóticos, ativação da NK,removidos as células-alvo são mortas formação de corpos os célula quais são por fagócitos sem por reaçãoatravés inflamatória. apoptose dos mecanismos mediados por granzima B e perforina. As proteínas e o DNA da célula-alvo sofrem desintegração e ocorre formação de corpos apoptóticos, os quais são removidos por fagócitos sem reação inflamatória. canismos imunológicos, especialmente na solubilização de proteínas integrais transmembrana, como TNF e Fas. Tabela 1. Os grupos sangüíneos do sistema ABO humano. ADCC (antibody dependent cell-mediated cytotoxicity) – a citotoxi- Grupo sangüíneo Antígeno Anticorpo presente no soro de anticorpos é uma reaA cidade mediada por A células dependente anti-B B ção pela qual alguns B linfócitos T, células anti-A NK e células K podem lisar AB AeB e outras) através - infecciosos, células anti-A etumorais anti-B O células-alvo (agentes de anticorpos. O anticorpo se liga, via seu sítio de combinação, à célula alvo e, através do domínio Fc, aos receptores específicos na superfície de células citotóxicas (Fig. 2). Estabelecida esta ligação, a célula-alvo é lisada por substâncias liberadas pela célula citotóxica (perforinas). adenilato ciclase – enzima que produz cAMP (AMP cíclico) a partir de ATP e atua como um transdutor de sinal intracelular. adjuvante – substância orgânica ou inorgânica capaz de potencializar a resposta imune a um antígeno administrado simultaneamente (por exemplo, adjuvante de Freund). 9 1 adjuvante de Freund – mistura de óleo e emulgente que, sendo acoplados a uma solução aquosa de antígeno, forma emulsões. Nesta forma, a imunogenicidade do antígeno solúvel é aumentada. O adjuvante de Freund (AF) tem duas formas: o completo contém óleo, emulgente e micobactéria morta e ressecada; o incompleto não contém micobactéria. O AF completo estimula tanto respostas imunes mediadas por células quanto por anticorpos, enquanto o adjuvante incompleto estimula apenas respostas de anticorpos. Antígenos T- dependentes são administrados a animais experimentais juntamente com AF. O AF não é utilizado para imunização de humanos. Para tal propósito, o hidróxido de alumínio é mais freqüentemente utilizado. adressinas – outro termo utilizado para moléculas de adesão, tais como MAdCAM-1, membro da superfamília das imunoglobulinas. As adressinas estão envolvidas no controle da localização de células em migração, especialmente na redistribuição de linfócitos. AF → ver adjuvante de Freund. afinidade do anticorpo – força de ligação entre um determinante antigênico (epitopo) e um sítio de combinação no anticorpo (paratopo). agamaglobulinemia – condição na qual o soro de um indivíduo tem níveis totais de imunoglobulina G abaixo de 1g/dl. Pode ser causada por produção insuficiente de imunoglobulinas, geneticamente determinada. Conhecem-se os tipos Brutton e o tipo Suíço. O tipo Brutton é uma agamaglobulinemia congênita, ligada ao sexo masculino. O quadro clínico é marcado por infecções piogênicas. Não há produção de anticorpos após vacinação. A terapêutica de substituição inclui preparações de imunoglobulinas G endovenosas. O tipo Suíço de agamaglobulinemia está inserido no contexto da imunodeficiência severa combinada (IDSC). O quadro clínico é caracterizado por infecções fúngicas sistêmicas, em particular candidíase, bem como por infecções bacterianas, a exemplo do que ocorre na agamaglobulinemia de Brutton. A terapêutica de substituição com imunoglobulina não é usualmente bem sucedida, devendo ser considerado o transplante de medula óssea. 10 agamaglobulinemia congênita de Brutton → agamaglobulinemia. ágar – polissacarídeo isolado de algas. Dissolve-se em água quente, havendo formação de um gel da solução quando esta se resfria a temperatura laboratorial. agarose – constituinte do ágar, que forma géis semi-sólidos utilizados em algumas técnicas laboratoriais imunológicas. agentes mutagênicos – agentes que provocam um aumento nos índices de mutação. Incluem radiação ionizante (raios Roentgen e gama), luz UV (260 nm) e diversos químicos: análogos de bases (5-bromouracil, 2-aminopurina), agentes não-alquilantes (formaldeído, hidroxilamina, ácido nitroso), agentes alquilantes (muitos deles desenvolvidos de gases mostarda de enxofre e nitrogênio na I e II Guerras Mundiais) e agentes intercalantes (rompem a replicação de DNA). aglutinação – reação entre um antígeno insolúvel (corpuscular), localizado na superfície de células ou de outras partículas, e um anticorpo específico. Na aglutinação passiva, os anticorpos aderem a antígenos ligados passivamente a outras partículas. Na aglutinação reversa, anticorpos se ligam a partículas sólidas aglutinadas por antígenos solúveis. Se as partículas aglutinadas são eritrócitos, a reação é chamada de hemaglutinação. A aglutinação consiste em método mais sensível para detecção de imunocomplexos do que os métodos de precipitação. aglutinação passiva – também chamada aglutinação indireta. É a agregação de partículas e antígenos solúveis adsorvidos em sua superfície por anticorpo específico. O antígeno não é um constituinte natural das partículas; mais propriamente, ele está ligado a elas covalentemente ou, de forma mais usual, somente adsorvido a elas. aglutininas – anticorpos que reagem com antígenos na superfície de eritrócitos, bactérias, partículas de látex ou outras, e causam sua aglutinação em soluções aquosas. 11 aglutinogênios – antígenos que reagem nas reações de aglutinação. Os aglutinogênios mais comuns são antígenos do sistema ABO e de outros sistemas sangüíneos. agranulocitose – número marcadamente reduzido de granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) circulantes, devido à falência da mielopoiese. Diversos mecanismos fornecem a base desta condição, incluindo autoanticorpos, alguns agentes químicos ou drogas tóxicas. As manifestções clínicas incluem principalmente a suscetibilidade a infecções bacterianas. AINES (antiinflamatórios não esteróides ou não-hormonais) – grande grupo de drogas utilizadas no manejo de respostas inflamatórias prejudiciais, como a que ocorre na artrite reumatóide. Os AINES são anti-reumáticos eficazes, mas também são providos de efeitos antipiréticos e analgésicos consideráveis; representam, portanto, a terapêutica maior para a dor inflamatória. Como grupo, são as drogas mais freqüentemente consumidas no mundo. Entretanto, são causas freqüentes de efeitos colaterais, alguns dos quais de gravidade. A maioria destes efeitos se devem a dano do trato gastrointestinal e dos rins. A aspirina (ácido acetilsalicílico) é o representante mais antigo deste grupo. Tanto os efeitos terapêuticos quanto os paraefeitos dos AINES se consumam, principalmente, pela inibição das ciclooxigenases. Até o início dos anos 1990, acreditava-se que os efeitos benéficos e deletérios dos AINES eram causados por inibição de uma única ciclooxigenase (COX). Entretanto, hoje é sabido que existem duas formas da enzima: uma COX-1 constitutiva e uma COX-2 indutível, sendo a última isoforma expressa preferencialmente em locais de inflamação. Sugere-se que a inibição da COX-1 responda pelos paraefeitos, enquanto a inibição da COX-2 explica os efeitos terapêuticos benéficos de AINES. Pode-se, atualmente, distinguir os seguintes quatro maiores grupos de AINES com base em sua atividade inibitória de COX-1 e COX-2: 1) Inibidores seletivos da COX-1, representados pela aspirina em baixas doses utilizada na área cardiovascular (inibição seletiva de COX-1 em plaquetas). 2) Inibidores não-seletivos de COX, que inibem tanto COX-1 quanto COX-2 . Esta categoria inclui aspirina em altas doses, indometacina, piroxicam, diclofenaco e cetoprofeno. Estas drogas podem causar 12 significantes paraefeitos gastrointestinais e renais. 3) Inibidores seletivos da COX-2, que incluiriam meloxicam, salicilato, nimesulida e ibuprofeno, com paraefeitos gastrointestinais relativamente menores. Estas drogas mostram seletividade mais elevada para COX-2 do que para COX-1. 4) Inibidores altamente seletivos da COX-2 também chamados inibidores da COX-2, que incluem o coxibes. Demonstrou-se, recentemente, que AINES não são capazes de inibir apenas ciclooxigenases, mas que também poderiam regular a expressão de muitos genes inflamatórios via interação com uma superfamília de receptores nucleares, chamados receptores ativados por proliferadores de peroxissoma (PPAR). A isoforma PPAR-γ é expressa em monócitos e macrófagos, sendo sua ação principal suprimir a expressão das citocinas pró-inflamatórias IL-1β, TNF, IL-6 e outros mediadores inflamatórios. Mais importante, a ativação de PPAR-γ através do ligante natural PJ2, ou através de AINES, regula negativamente a ativação de macrófagos e a expressão de suas citocinas. AINES, nesta circunstância, antagonizam a atividade dos fatores de transcrição NF-κB, AP-1 e proteínas STAT. alelo – uma de duas ou várias formas alternativas de um gene, responsável por um fenótipo característico presente em um locus de um cromossomo específico. Desta forma, um alelo é expresso por genoma haplóide, o que determina variações intra-espécie em um locus gênico particular. alérgeno – antígeno capaz de induzir resposta alérgica ou de hipersensibilidade tipo I (atópica). Alérgenos incluem substâncias naturais tais como pólen de várias árvores, gramas e ervas, componentes e produtos de animais domésticos (pelo, excrementos), insetos ou venenos de insetos. alergia – condição de doença induzida por alérgeno. Alérgenos induzem resposta humoral (anticorpos) fundamentalmente às custas da IgE. Antígenos habituais (imunógenos) induzem a produção de anticorpos de outras classes (usualmente IgG e IgM). Anticorpos IgE específicos formados ao primeiro contato com um alérgeno específico ligam-se com alta afinidade a receptores para IgE na superfície de mastócitos e basófilos – estágio de sensibilização (Fig. 3). Havendo 13 Fig 3. Mecanismo da reação alérgica imediata. A Produção de anticorpos IgE contra alérgenos específicos e sua ligação aos receptores de alta afinidade (FceRI) nos mastócitos, bem como em granulócitos basófilos (fase de sensibilização). B Fig 5. Mecanismo da reação alérgica imediata. A Produção de anticorpos IgE No próximo contato com o mesmo alérgeno haverá ligação cruzada com IgE contra alérgenos e sua ligação aos receptores da deanafilaxia alta afinidade ligado na célulaespecíficos (fase efetora). C Liberação de mediadores (por exemplo e introdução dos sinais da reação inflamatória. (FceRI) noshistamina) mastócitos, bem como em clínicos granulócitos basófilos (fase de sensibilização). B No próximo contato com o mesmo alérgeno haverá ligação cruzada com IgE ligado na célula (fase efetora). C Liberação de mediadores da contato repetidohistamina) do indivíduo com o mesmo alérgeno, este da interliga anafilaxia (por exemplo e introdução dos sinais clínicos reação moléculas inflamatória. de IgE ligadas ao receptor FcεI, o que desencadeia a liberação de histamina e de outros mediadores de anafilaxia por parte de mastócitos e basófilos. Este segundo estágio (ativação) é algo mais 5 rápido, e é por esta razão que a resposta como um todo é denomi- 14 nada hipersensibilidade imediata. O mecanismo mencionado diz respeito à maioria das doenças alérgicas, incluindo asma brônquica, rinite alérgica, urticária e alergia a alimentos. A predisposição genética do indivíduo desempenha um importante papel no desenvolvimento de alergia. alergia a alimentos – mecanismos de hipersensibilidade do tipo I (anafilático) ou tipo III (mediada por imunocomplexos) onde um indivíduo responde a repetidos contatos com o mesmo antígeno (alérgeno) presente na comida. O processo pode resultar em distúrbios no trato digestivo (náusea, diarréia), edema de mucosas, urticária e eczema difuso. Alérgenos de alimentos estão mais freqüentemente presentes em ovos de galinha, peixe, leite de vaca, nozes, soja e outros alimentos. alergóide – alérgeno quimicamente modificado que, quando administrado, induz a produção de anticorpos da classe IgG ao invés de IgE, reduzindo assim as manifestações de alergia. alexina – termo histórico usado para se referir ao Complemento (em desuso atualmente). aloanticorpo – anticorpo contra aloantígeno. aloantígenos – antígenos que fazem indivíduos da mesma espécie e geneticamente distintos diferirem um do outro. Aloantígenos típicos incluem antígenos de grupos sangüíneos nos eritrócitos e antígenos de histocompatibilidade. aloenxerto – tecido transplantado entre indivíduos alogeneicos (geneticamente não- idênticos). alogênico– adjetivo expressando o relacionamento entre indivíduos da mesma espécie, geneticamente diferentes. alotipos – diferenças entre indivíduos da mesma espécie geneticamente não- idênticos, e que se manifestam por intermédio de determinantes antigênicos fenotipicamente identificáveis (alotopos) na superfí15 cie de algumas células, como grupos sangüíneos, antígenos de histocompatibilidade, imunoglobulinas, etc. alotipos de imunoglobulinas – marcadores geneticamente determinados (alotopos) na estrutura antigênica da imunoglobulina; não se encontram em todos os indivíduos de uma dada espécie, mas somente em alguns. Representam produtos de vários alelos do mesmo gene estrutural. Alotipos de imunoglobulinas em humanos são encontrados nos domínios constantes das cadeias pesadas gama (referidos como Gm), alfa (Am) e épsilon (Em), bem como no domínio constante das cadeias leves kappa (Km). Sua determinação é de importância em estudos populacionais, para caracterizar indivíduos geneticamente, para determinar suscetibilidade a algumas doenças, bem como para predizer o sucesso de transplante de medula alogênico. alotopo – determinante antigênico que determina o alotipo de uma molécula específica. alveolite alérgica – doença pulmonar que se desenvolve em trabalhadores na agricultura, repetidamente expostos à poeira orgânica (em particular feno mofado). É também denominada pulmão de fazendeiro. É causada por anticorpos IgG1 dirigidos contra antígenos do fungo. Quando a poeira mofada é inalada, tais anticorpos geram imunocomplexos nos pulmões, caracterizando uma hipersensibilidade do tipo III. Quando inala pó, o paciente apresenta dificuldade para respirar por várias horas. O processo pode resultar em pneumonite intersticial, fibrose pulmonar, e inflamação crônica. Algumas proteínas de origem animal (tais como, excremento de pombos), alguns microorganismos (por exemplo, aspergilos), farinhas, pó de café ou de madeira, alguns químicos (tais como, di-isocianatos usados na produção de plásticos) podem também induzir alveolite alérgica por mecanismo similar. Am – alotipo determinante da cadeia pesada da molécula de IgA. ambiceptor– termo cunhado por Ehrlich para se referir ao anticorpo contra eritrócitos, induzindo sua lise na presença de Complemento. 16 Originalmente o termo foi usado para anticorpos capazes de induzir lise de bactérias na presença de Complemento. amilóide – família de proteínas fibrilares polimórficas depositadas em diversos tecidos na amiloidose primária ou secundária. Suas moléculas têm uma estrutura típica de folha pregueada (β-estrutura antiparalela). Quimicamente há dois tipos conhecidos: AL (amilóide leve) e AA (amilóide associado). Fibras de amilóide AL são compostas de cadeias leves de imunoglobulinas ou seus fragmentos, enquanto as de amilóide AA são compostas de fibroproteínas de natureza nãoimunoglobulínica. O precursor de amilóide A (AA) é o amilóide sérico A (AAS) que pertence ao importante grupo de proteínas de fase aguda e é uma parte das proteínas de alta densidade (PAD). Além das duas formas acima, e em menor extensão, depósitos de amilóide também contêm componente P (AP), cujo precursor é o amilóide sérico P (ASP). amilóide A sérica (AAS) – termo comum para se referir à família de proteínas codificadas por diversos genes em espécies mamíferas. No mínimo seis isoformas são conhecidas em humanos, das quais as isoformas AAS1 e AAS2 comportam-se como proteínas de fase aguda. Concentrações séricas de AAS variam entre 2-3 mg/L sob condições fisiológicas, e podem aumentar até mil vezes na inflamação (similarmente à proteína C reativa). Do ponto de vista funcional, AAS são pequenas lipoproteínas que na fase aguda da inflamação se combinam com a terceira fração de lipoproteínas de alta densidade (HDL3). A AAS inibe a ativação de plaquetas induzida por trombina bem como a ativação de neutrófilos, contribuindo assim para prevenir o dano tecidual oxidativo durante a inflamação. A AAS tem um efeito benéfico na inflamação aguda transitória; entretanto, atua patologicamente no processo inflamatório crônico. amilóide P sérica (APS) – diferente dde AAS, a concentração sérica de APS em humanos não aumenta durante a fase inflamatória aguda. Ela é, entretanto, a principal proteína de fase aguda em camundongos. A APS ocorre em pequenas quantidades (10–15%) em depósitos de amilóide observados na amiloidose. A APS inibe a elastase. Assim, supõe-se que depósitos insolúveis de amilóide produzidos no 17 cérebro em algumas doenças neurodegenerativas (tal como doença de Alzheimer) são protegidos de degradação proteolítica. amiloidose – doença caracterizada por um distúrbio do metabolismo de algumas proteínas depositadas, na forma de amilóide, em diversos tecidos. A deposição de amilóide pode ser de origem inflamatória, hereditária ou neoplásica. A amiloidose primária (geneticamente determinada) é rara. A amiloidose secundária ou reativa se desenvolve ocasionalmente como resultado de diversas doenças crônicas como hanseníase, tuberculose, lupus eritematoso sistêmico e artrite reumatóide. É caracterizada pela deposição extracelular de fibras de proteína insolúvel em muitos tecidos, incluindo baço, fígado, rins, e nódulos linfáticos; pode ser fatal. Os depósitos contêm 85 a 90% de amilóide A (AA) e 10 a 15% de componentes de amilóide P (AP); a condição é assim referida como amiloidose AA. O componente AP também está presente em outras formas de amiloidose, incluindo aquela presente no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer. A amiloidose AL, caracterizada por depósitos fibrilares oriundos de cadeias leves de imunoglobulinas, se desenvolve freqüentemente em pacientes com mieloma múltiplo ou macroglobulinemia de Waldenströn. Usualmente afeta o coração, trato gastrointestinal, via respiratória, nervos periféricos e língua. A amiloidose pode também se desenvolver como um fenômeno do envelhecimento. AMP cíclico – adenosina-3’,5’-monofosfato. Molécula envolvida na transmissão de sinal ao interior da célula, como um segundo mensageiro. É formado de adenosina trifosfato sob a ação da enzima adenilato ciclase. anafilaxia – reação de hipersensibilidade imediata que se desenvolve quando há ligação de alérgenos a anticorpos IgE específicos previamente ligados, por intermédio de sua extremidade Fc, a receptores de alta afinidade na superfície de mastócitos e basófilos. Quando há ligação da molécula de antígeno a sítios de combinação desta IgE, mediadores de anafilaxia são liberados dos grânulos de mastócitos e basófilos, provocando sintomas clínicos locais ou sistêmicos. Anafilaxia local pode ocorrer na pele (urticária), membrana da mucosa 18 nasal (rinite), ou membranas do trato gastrointestinal (espasmos, diarréia). A manifestação sistêmica mais severa de anafilaxia, com efeitos potencialmente letais, é o choque anafilático. anafilaxia cutânea passiva – ver ACP. anafilotoxinas – fragmentos de C5a, C3a e C4a formados na ativação do Complemento, que causam aumento da permeabilidade vascular e contrações da musculatura lisa; além disso, estimulam a liberação de histamina e outros mediadores por mastócitos e basófilos. analgesia – estado de insensibilidade à dor, com o indivíduo plenamente consciente. anatoxinas – moléculas de toxina quimicamente modificadas, sem potencial tóxico. Podem ser usadas para induzir a produção de anticorpos que reagem de forma cruzada com as toxinas, com utilidade profilática e terapêutica. ANCA (anti-neutrophil cytoplasmic antibodies) – (anticorpos anticitoplasma de neutrófilos). Autoanticorpos potencialmente envolvidos na patogênese de vasculites sistêmicas e glomerulonefrites. São anticorpos dirigidos contra enzimas ou outras proteínas presentes principalmente nos grânulos azurófilos dos neutrófilos. Três tipos de ANCA podem ser encontrados na reação com neutrófilos no método de imunofluorescência indireta: (1) Fluorescência fina difusa citoplasmática dos grânulos (cANCA) é vista caracteristicamente na granulomatose de Wegener, poliarterite microscópica, glomerulonefrite necrotizante crescente e segmentar, e na síndrome de Chung-Strauss. O antígeno específico é a proteinase 3. (2) Fluorescência perinuclear é associada ao pANCA, sendo encontrada na maioria dos casos de poliarterite microscópica e glomerulonefrite. São anticorpos dirigidos contra mieloperoxidase, e eventualmente contra elastase, catepsina G, lactoferrina ou lisozima. (3) ANCA atípico manifesta-se por fluorescência nuclear e alguns padrões citoplasmáticos atípicos. Seus antígenos são as enzimas acima mencionadas, bem como outras proteínas até o momento não identificadas. 19 anemia – condição caracterizada por redução da concentração de hemoglobina ou da contagem de eritrócitos no sangue circulante. Pode ser primária ou secundária. Anemia primária pode ser causada por deficiência de ferro ou vitamina B12, aumento da destruição eritrocitária, ou perda sangüínea. Anemia secundária é observada, por exemplo, na doença renal crônica e nas doenças neoplásicas. Anemia aplástica é acompanhada por distúrbios não apenas dos eritrócitos, mas também de leucócitos e trombócitos. Anemia hemolítica é caracterizada pelo aumento da destruição dos eritrócitos. Pode ser congênita, ou adquirida devido a infecções, ação de algumas drogas ou químicos, ou devida a processo auto-imune. Anticorpos anti-eritrócitos podem ser detectados utilizando-se o teste da antiglobulina de Coombs. Eles incluem: aglutininas frias, usualmente anticorpos da classe IgM que se ligam a eritrócitos a temperaturas abaixo de 37º C. Não há indução de hemólise, a menos que Complemento esteja presente. Hemolisinas frias (anticorpos da classe IgG) reagem com o antígeno PI do sistema P. Autoanticorpos quentes da classe IgG têm um curso ótimo de reação a 37º C. Eles têm sido observados em diversas doenças, incluindo a síndrome de Wiscott-Aldrich, doença de Hodgkin, leucemias, lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, mononucleose infecciosa, sarcoidose, colite ulcerativa e administração de algumas drogas. anemia hemolítica – entidade caracterizada por contagem baixa de eritrócitos na circulação, como resultado de destruição aumentada, por razões internas ou externas. Estas incluem também auto-anticorpos; a condição, neste caso, é denominada anemia hemolítica auto-imune. anemia hemolítica auto-imune – condição caracterizada pela ação de anticorpos contra antígenos de eritrócitos. Os anticorpos, ao se ligarem a antígenos específicos, ativam Complemento, o que contribui para a hemólise. A maioria das anemias deste tipo pode ser classificada como quente ou fria. Anemias hemolíticas quentes são causadas principalmente por anticorpos IgG contra antígenos Rh, sendo a temperatura ótima de sua reação 37º C. Anticorpos frios são direcionados contra antígenos I e H e são usualmente do isotipo IgM, com interação ótima com eritrócitos a 4º C, embora a reação seja também positiva tanto a 25º C quanto a 31º C. 20 anemia perniciosa – (AP), enfermidade auto-imune caracterizada pela presença de gastrite atrófica, acloridria (falta de ácido clorídrico no fluido gástrico), síntese reduzida de fator “intrínseco” e reabsorção insuficiente de vitamina B12; o resultado é uma anemia de intensidade variável. Auto-anticorpos contra células gástricas parietais e contra o “fator intrínseco” são produzidos na maioria dos pacientes. anergia – condição caracterizada por ausência de resposta específica da imunidade celular. Um indivíduo anérgico é incapaz de responder a um teste cutâneo à maioria dos antígenos comuns aos quais ele entra em contato durante sua vida. Esses incluem os assim chamados antígenos anamnésticos. A anergia é observada mais freqüentemente em condições de imunodeficiência, processos malígnos (doença de Hodgkin), sarcoidose, etc. Supressão temporária da resposta celular pode ser também observada durante ou após o curso de algumas doenças contagiosas, incluindo sarampo, rubéola, influenza, herpes, infecção pelo vírus de Epstein-Barr e citomegalovirose. anergia clonal – situação na qual linfócitos são funcionalmente inativos, embora capazes de reconhecer antígenos através de seus receptores. Eles não possuem o segundo sinal co-estimulatório (apresentação de antígeno), o qual é também necessário para sua ativação. A anergia clonal está particularmente associada ao desenvolvimento de tolerância imunológica a auto-antígenos. angioedema hereditário – deve-se à deficiência geneticamente determinada do inibidor do componente C1 da via do Complemento. A doença é caracterizada por ataques recorrentes de edema do tecido subcutâneo e das submucosas. Como regra, não constitui quadro grave, exceto quando áreas anatômicas de alto risco são afetadas. Neste último caso, o paciente é ameaçado por asfixia, ou pela ocorrência de eventos como dor abdominal aguda. A administração de ácido épsilon aminocapróico, concentrado de inibidor C1, plasma fresco, inibidores da plasmina ou esteróides anabólicos compreendem boas abordagens terapêuticas. angiogênese – formação de novos capilares a partir de vasos sangüíneos pré-existentes. É também chamada de neovascularização, sendo 21 um importante componente das reações inflamatórias e processos de reparo subseqüentes. É comumente observada durante processos fisiológicos de crescimento e durante embriogênese, onde a formação de novos vasos sangüíneos a partir de angioblastos é referida como vasculogênese. Algumas doenças, como aterosclerose, artrite reumatóide e retinopatia diabética, são caracterizadas por neovascularização persistente. Angiogênese persistente e descontrolada está envolvida na geração de tumores, que a rigor não crescem além de 2 ou 3 mm e não provocam metástase, a menos que vascularizados. A angiogênese é um processo complexo regulado por interações de células endoteliais com fatores de crescimento, citocinas e proteínas da matriz extracelular, via moléculas de adesão. As citocinas fator de crescimento de fibroblastos básico (bFGF) e fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) estão entre as mais potentes citocinas pro-angiogênicas. animais transgênicos – conceitualmente, são animais transfectados com um gene estranho em seu genoma. Eles diferem dos outros animais da mesma espécie pela característica que tal gene codifica. Mais freqüentemente, camundongos transgênicos são construídos para estudar a participação de produtos de tais genes na regulação de respostas imunes, oncogênese, patogênese de várias doenças, etc. Para produzir um animal transgênico, um gene estranho é implantado no núcleo de ovos fertilizados por micro-injeção, sendo os ovos subseqüentemente transferidos a fêmeas pseudo-grávidas. antagonista do receptor da IL-1 (IL-1Ra) – citocina com importante papel tanto na fisiologia quanto no controle das respostas inflamatórias. São conhecidas três isoformas de IL-1Ra, uma das quais é secretada (sIL-1Ra), e duas são intracelulares (icIL-1RaI e icIL-1RaII). Enquanto a sIL-1Ra funciona tanto como inibidor local de IL-1 quanto como uma proteína de fase aguda, os papéis das duas variantes estruturais intracelulares de IL-1Ra não são claros. antibody-dependent cell-mediated cytotoxicity – ADCC. anticoagulante lúpico – anticorpos de classe IgG ou IgM produzidos em pacientes com lupus eritematoso sistêmico, síndrome antifos22 folipídica, neoplasias ou hipersensibilidade a algumas drogas. O auto-anticorpo pode também ser detectado em pacientes aidéticos com infecções oportunistas e em indivíduos normais. Os anticorpos são especificamente dirigidos contra fosfolipídios e co-fatores fosfolipídicos da via da coagulação. In vivo, se associam a eventos trombóticos. In vitro, inibem a hemocoagulação dependente de fosfolipídios. anticorpos – moléculas produzidas por células plasmáticas derivadas de linfócitos B após estimulação por antígeno específico, tendo duas características fundamentais no sistema imune adaptativo. A primeira é a especificidade dos anticorpos, que se fundamenta na ligação a determinantes antigênicos complementares (função de reconhecimento). A segunda concerne a funções biológicas chamadas efetoras, que incluem a ligação a receptores Fc em várias células, a ativação de Complemento, a capacidade de atravessar a barreira placentária, etc. Estas atividades são desencadeadas a partir da ligação a um antígeno específico, por segmentos da molécula de imunoglobulina diversos daquele do sítio de combinação. Anticorpos são encontrados no soro e em outros fluidos corporais e/ou no interior das células que os produzem. Podem ser divididos de acordo com sua estrutura (várias classes de imunuglobulinas), produção (anticorpos convencionais e monoclonais), dinâmica de produção (anticorpos primários e secundários) ou por outras carcterísticas (anti-idiotipo, citofílico, citotóxico, etc). anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos – ANCA. anticorpos anti-idiotipo – anticorpos contra determinantes idiotípicos de imunoglobulinas (Fig. 4). anticorpos anti-imunoglobulina – anticorpos contra determinantes antigênicos presentes em moléculas de superfície de imunoglobulinas. Podem ser, a princípio, anti-isotípicos, anti-alotípicos ou antiidiotípicos. Anticorpos contra determinantes isotípicos determinam a classe e subclasse a que o anticorpo pertence, podendo ser utilizados para determinar sua concentração por intermédio de vários métodos imunoquímicos, com finalidades diagnósticas. 23 Fig 4. O Princípio do Anticorpo anti-idiotipo. A Um anticorpo com seu respectivo idiotipo (Ab1) reconhece especificamente seu antígeno. B O Ab1 Fig 11. O Princípio do Anticorpo anti-idiotipo. A Um anticorpo com seu respectivo liga seu anticorpo anti-idiotipo (Ab2) com a mesma especificidade. Ab2 pede B da O imunização Ab1 liga seu idiotipo reconhece especificamente antígeno. uma(Ab1) imagem interna do epítopo do antígenoseu original. C Através com Ab2, resulta um Ab3, que possui a mesma especificidade que anticorpo anti-idiotipo (Ab2) com a mesma especificidade. Ab2 pedeAb1. umaEsse imagem princípio é útil para a produção de vacinas anti-idiotipo. interna do epítopo do antígeno original. C Através da imunização com Ab2, resulta um Ab3, que possui a mesma especificidade que Ab1. Esse princípio é útil para a produção de vacinas anti-idiotipo anticorpos bi-específicos – anticorpos em que ambos os sítios de combinação com o antígeno apresentam especificidade diferentes (ligam-se a antígenos diferentes). Não aparecem sob condições naturais, mas são preparados artificialmente por métodos de engenharia genética ou tecnologia de hibridomas. anticorpos catalíticos – anticorpos cujos domínios Fc, ou parte deles, são substituídos por enzimas covalentemente ligadas. Podem, por- 24 12 tanto, atuar como poderosos catalisadores. Seu uso como abzimas também é possível. anticorpos citofílicos – anticorpos que se encontram fixados à superfície celular via receptores Fc, e não via sítios de combinação. Assim, anticorpos IgE são ligados à superfície de mastócitos e basófilos via receptores de alta afinidade para o fragmento Fc da IgE. Enquanto fixados, seu sítio de combinação está livre para se ligar ao epitopo antigênico específico. anticorpos citotóxicos – anticorpos que reagem especificamente contra epitopos de superfície de células-alvo, resultando em ativação do Complemento, o que, por sua vez, danifica ou mesmo provoca a lise da célula-alvo. Anticorpos citotóxicos (principalmente da classe IgG) podem participar da injúria celular também pelo mecanismo de ADCC. anticorpos convencionais – moléculas produzidas no organismo de indivíduos seguindo imunização dirigida ou experimental, ao acaso, com antígeno completo (imunógeno). São caracterizados pela heterogeneidade; isto significa que não compreendem uma população de moléculas cujas cadeias de polipeptídeos comportem seqüências idênticas de aminoácidos. Em anticorpos convencionais, os sítios de combinação têm diferentes afinidades e, assim, especificidades com respeito a epitopos individuais do antígeno completo que induziu sua produção. Cada um dos epitopos dentro da molécula do antígeno estimula um clone de linfócitos B a produzir anticorpos. Desde que antígenos completos possuem vários epitopos, eles ativam vários clones de células B, e tais anticorpos são então chamados anticorpos policlonais. Anticorpos convencionais representam uma rede de anticorpos monoclonais contra vários epitopos de um antígeno completo. anticorpos bi-específicos – anticorpos monoclonais que não são produzidos em respostas imunes normais, mas que podem ser preparados através da tecnologia de hibridoma ou por métodos de engenharia genética. Eles expressam dois sítios de combinação com diferentes especificidades (cada um deles combinando-se com um epitopo diferente). 25 anticorpos heterocitotrópicos – anticorpos produzidos por determinada espécie animal e de alta afinidade para receptores Fc em células de diferentes espécies animais. anticorpos homocitotrópicos – anticorpos de maior afinidade para receptores Fc de células de espécies animais onde foram produzidos do que para receptores Fc de células de outras espécies animais. Em humanos, esta categoria é representada pelo anticorpo IgE. anticorpos humanizados – anticorpos monoclonais preparados pela tecnologia de DNA recombinante ou por métodos de engenharia genética. Suas moléculas têm sítios de combinação (anticorpos combinados) ou domínios variáveis inteiros (anticorpos quiméricos) derivados de camundongos ou ratos, embora as partes remanescentes das moléculas (domínios constantes) sejam codificadas por genes humanos (Fig. 5). Ao serem administrados no organismo humano com objetivos diagnósticos ou terapêuticos, tais moléculas humanizadas reduzem significativamente a resposta imune indesejável a antígenos estranhos – o mesmo sendo observado após a administração de anticorpos monoclonais cujas moléculas inteiras são codificadas apenas pelo genoma de camundongo. anticorpos monoclonais – cópias de moléculas de imunoglobulina com estrutura primária idêntica, especificidade de sítios de combinação idêntica e função efetora idêntica, e que são produto de um único clone de células plasmáticas derivadas dos linfócitos B. São formados espontaneamente em neoplasias de células plasmáticas ou de seus precursores (gamopatias), ou artificialmente sob condições laboratoriais utilizando-se tecnologia de hibridomas. Anticorpos monoclonais são dirigidos contra um único determinante (epitopo) de um determinado antígeno. A diferença entre anticorpos monoclonais e convencionais está evidente na Fig. 6. As características dos anticorpos monoclonais não diferem importantemente daquelas dos anticorpos convencionais. Os primeiros, no entanto, apresentam algumas vantagens significantes – eles representam individualidades químicas e são, portanto, monoespecíficos e agem em baixas concentrações; podem ser preparados em quantidades praticamente ilimitadas, mesmo quando são utilizados antígenos não muito pu26 Fig 5. Moléculas de Anticorpos quiméricas e humanizadas, bem como Fragmentos de Anticorpos. Anticorpo quimérico: um anticorpo monoclonal de rato (ou camundongo) é parcialmente humanizado através dos domínios Fc humanos. Pela Imunoterapia quiméricas com tais anticorpos, HAMAs (anticorpo Fig 37. Moléculas de Anticorpos e humanizadas, bem humano como anti-camundongo) podem ser induzidos contra os domínios das regiões variáveis Fragmentos Anticorpos. um anticorpo monoclonal de rato que de permaneceram nosAnticorpo pacientes e quimérico: seguir uma reação de hipersensibilidade. (ou camundongo) é parcialmente humanizado através dos domínios Fc humanos. Pela Imunoterapia com tais anticorpos, HAMAs (anticorpo humano antirificados. São utilizados principalmente em métodos laboratoriais camundongo)imunoquímicos podem ser induzidos os domínios regiões variáveis que analíticoscontra e de purificação, paradas o diagnóstico diferencial de doençaseinfecciosas virais, bacterianas e parasitárias. A permaneceram nos pacientes seguir uma reação de hipersensibilidade. utilizaçãos in vivo para o diagnóstico de tumores (radioimunocintilografia) bem como para sua terapia (imunotoxinas) tem sido recentemente preconizada. Nestas circunstâncias, anticorpos humanizados são utilizados de forma preferencial. 27 Fig 6. O princípio da síntese de anticorpos monoclonais e policlonais. A Anticorpo policlonal (acima): imunização com um antígeno completo mostra diferentes especificidades de anticorpos contra os epítopos a, b, c ou d. B policlonais (abaixo): a imunização do rato com Fig 57.Anticorpos O princípio da síntese deapós anticorpos monoclonais e anticorpos policlonais. A completos, os plasmócitos do baço vencem e ocorrem fusões com células Anticorpo policlonal (acima): imunização um clonadas: antígenoatravés completo mostra mielóides. As células do hibridoma são com para isso de uma diluição máxima da suspensão celular até uma única célula, culturas diferentes especificidades de anticorpos contra os epítopos a, b,vizinhas c ou d. B e uma nova reclonagem obrigatória podem se tornar um hibridoma isolado. Anticorpos policlonais após ade imunização do a, rato Isso produz então (abaixo): uma especificidade anticorpos contra ou b,com ou c, anticorpos ou d, – anticorpos monoclonais. completos, os plasmócitos do baço vencem e ocorrem fusões com células mielóides. As células do hibridoma são para isso clonadas: através de uma diluição anticorpos máxima danaturais suspensão celular até uma única culturas vizinhas e – estão presentes no soro decélula, indivíduos saudáveis pertencem obrigatória a diferentes podem isotiposse (IgM, IgGum e IgA). São chamados uma nova ereclonagem tornar hibridoma isolado. Isso “naturais” porque são gerados independentemente de b, exposição a d, produz então uma especificidade de anticorpos contra a, ou ou c, ou antígenos estranhos e na ausência de imunização deliberada. São anticorpos monoclonais. 28 16 polirreativos, uma vez que uma única molécula é capaz de reconhecer diversos antígenos próprios e não-próprios. São denominados, em conseqüência disto, auto-anticorpos naturais. Anticorpos naturais têm um papel importante na primeira linha de defesa contra infecções virais e bacterianas ao opsonizarem bactérias e vírus. Contribuem, além disso, para a depuração de auto-antígenos alterados e células senescentes, e têm funções imunorregulatórias. Demonstrou-se, por exemplo, que a maioria da IgE no soro normal é complexada com auto-anticorpos anti-IgE. anticorpos policlonais – ver ou → anticorpos convencionais. anticorpos quiméricos – anticorpos em que uma parte da molécula (domínios variáveis) é derivada de uma espécie animal, enquanto a outra parte (domínios constantes) vem de uma espécie diferente. Anticorpos humanizados constituem exemplo. anticorpos secretórios – são encontrados em secreções de várias membranas mucosas, onde participam de reações imunes locais. Em humanos, são representados principalmente pela IgA secretória. antigênico – adjetivo referindo-se às características gerais no que concerne ao antígeno. antígeno (Ag) – substância que apresenta potencial para induzir resposta imune, isto é, a produção de anticorpos, células efetoras e reguladoras, e reagir especificamente com os produtos desta resposta (anticorpos e células). Ambas as características acima são típicas de um antígeno completo (também chamado imunógeno), cuja molécula compreende um carreador e grupos determinantes (determinantes ou epitopos, Fig. 7). O número de determinantes antigênicos capazes de reagir com os sítios de combinação do anticorpo caracteriza a valência do antígeno. Um determinante antigênico isolado é um hapteno, que é capaz de atuar especificamente na resposta imune mas é incapaz, por si só, de gerar resposta adaptativa. É chamado de antígeno incompleto. Para preencher a função de um antígeno completo, qualquer substância deve possuir algumas características físicas, químicas e biológicas. As características físicas incluem fun29 Fig 7. Um antígeno completo é também um imunógeno. Fig 8. Um antígeno completo é também um imunógeno. damentalmente o tamanho (peso molecular acima de 10.000 daltons). Em termos químicos, são de importância a a presença de um veículo e de um um arranjo espacial apropriado. Em relação à característica biológica, a substância deve ser um organismo estranho, sendo que quanto maior a distância filogenética entre o organismo da qual se origina o antígeno e o organismo que responde ao mesmo, mais forte a atividade antigênica. Nenhuma das propriedades é suficiente quando isoladas; para o antígeno completo, todas as três características são necessárias. Antígenos são classificados de acordo com suas características físicas (corpuscular, ou seja, solúvel e insolúvel), natureza química (proteínas, polissacarídeos, DNA de fita simples, fosfolipídios e seus complexos mútuos como glicoproteínas, lipopolissacarídeos, etc), origem (exógena, endógena), de acordo com a forma como são reconhecidos pelos linfócitos, e de acordo com outros critérios. Antígenos naturais são macromoléculas presentes de forma inata como partes de uma variedade de organismos. Antígenos sintéticos são polipeptídeos artificialmente preparados e polissacarídeos com estrutura usualmente desconhecidas. Antíge- 8 nos conjugados são moléculas naturais com haptenos de estrutura conhecida artificialmente ligados. Antígenos exógenos derivam-se 30 usualmente de microorganismos e seus produtos, células estranhas, e/ou de alimentos. Antígenos endógenos podem se tornar autoantígenos e induzir reações auto-imunes. Se a cooperação de linfócitos T auxiliares for necessária para reconhecer o antígeno, trata-se de antígeno T-dependente. Se tal cooperação for desnecessária, e se os linfócitos B forem capazes de reconhecer o antígeno diretamente, o antígeno é chamado T-independente. antígeno cárcino-embriônico (CEA) – (CD66e) – está presente em tecido endodérmico fetal, sendo expresso novamente na superfície de células neoplásicas, em particular em câncer de cólon (antígeno oncofetal). antígeno de diferenciação – qualquer macromolécula estrutural de grande tamanho que pode ser detectada por reagentes imunes (principalmente por anticorpos monoclonais) e que também é associada com a diferenciação de um tipo particular, ou tipos, de célula. antígeno de Forssman – antígeno heterofílico encontrado no sangue e órgãos de diversas espécies animais (porco da guiné, camundongo, cavalo, carneiro, galinha, etc.) bem como em plantas e algumas bactérias. Anticorpos de Forssman são formados contra ele, podendo ser encontrados, em particular, no soro de pacientes em fase de recuperação de mononucleose infecciosa. antígeno específico da próstata (PSA) – antígeno marcador presente no soro ou tecido prostático de pacientes com adenocarcinoma de próstata. É uma glicoproteína produzida quando há proliferação benigna ou maligna de tecido prostático. Os níveis normais de PSA no soro de homens estão abaixo de 4 ng/mL. Aumentos significantes dos níveis de PSA são observados em 95% dos pacientes com adenocarcinoma prostático. Concentração sérica aumentada de outro marcador desta doença, fosfatase ácida prostática (PAP), é observada em não mais do que 60% dos pacientes. antígeno O – antígeno de superfície (somático) de bactérias Gram-negativas. É utilizado para sua classificação sorológica. Assim os antígenos O de Shigella possibilitam caracterizar os 40 sorotipos desta espécie. 31 Fig 8. A Estrutura do Vírus HIV-1 humano. Gp120, gp41 – glicoproteínas transmembrana do envoltório. P24 – proteína do nucleocapsídeo; 1 – Transcriptase reversa (enzima que torna possível a transcrição de RNA em DNA); Fig 34. Estrutura do que Vírus HIV-1 humano. gp41 – glicoproteínas 2 –AIntegrase (enzima integra o DNA viral noGp120, genoma); 3 – Protease. transmembrana do envoltório. P24 – proteína do nucleocapsídeo; 1 – Transcriptase reversa (enzima que torna possível a transcrição de RNA em DNA); O antígeno bacteriano é composto fosfolipídio, proteína e en2 – Integrase (enzima O que integra o DNA viral node genoma); 3 – Protease dotoxina (LPS), o último sendo a parte mais variável de sua molécula por conter a maioria dos epitopos imunogênicos. Um oligossacarídeo que é o precursor dos antígenos A e B do sistema de grupo sangüíneo ABO é chamado também de antígeno O (“zero” neste caso). antígeno p24 – proteína com peso molecular relativo de 24.000 daltons, localizada no envelope nuclear do vírus HIV, causador da AIDS (Fig. 8). É o indicador mais precoce a ser detectado no soro de indivíduos infectados, dentro de alguns dias após infecção (Fig. 9). Mais tarde, seu nível cai ou mesmo desaparece. Anticorpos contra a glicoproteína gp120 do envelope e proteína p24 do núcleo aparecem no soro um a três meses após a infecção. Esta mudança de antígeno p24 para anticorpos anti-p24 é chamada de soroconversão. Linfócitos T citotóxicos específicos dirigidos contra o HIV são produzidos paralelamente. Como conseqüência, a viremia se reduz e o estágio assintomático da doença se desenvolve, podendo durar por 2 –12 anos. Quando a doença progride, o antígeno p24 usualmente reaparece no soro. Ao mesmo tempo, ou com um leve retardo, surgem, via de regra, os sintomas clínicos de AIDS. Fig 35. O Complexo HLA e a Estrutura do Antígeno HLA de Classe I e II. O 32 antígeno HLA I é responsável pela apresentação de peptídeos endógenos e compõe-se de uma cadeia � e uma �. O antígeno HLA II apresenta peptídeos 13 Fig 9. Marca diagnóstica da infecção por HIV no soro ao longo do tempo. Fig 3. Marcadores diagnósticos da infecção por HIV no soro ao longo do tempo. antígeno TD (antígeno timo-dependente) – antígenos, geralmente protéicos, que, após reconhecidos por linfócitos B ou outras células Tabelaapresentadoras, 2. Proteínas de Fase Aguda (APPs) necessitam auxíliona daInflamação resposta de linfócitos TH (linAPPs positivas suas concentrações aumentam devido à inflamação fócitos T auxiliares) para a geração de anticorpos específicos. Principais APPs antígenos autóctones Associação do complemento Associação a elementos do sangue antígenos Protease Proteína amilóide sérica, Proteína C reativa – auto-antígenos. C2, C3, C4, C5, C9, B, C1-INH, C4bp Fibrinogênio, Fator de von-Willebrand de histocompatibilidade – antígenos codificados do com�1- Antitripsina, �1 antiquimotripsina plexo de histocompatibilidade maior (em humanos, no braço curto Proteínas ligadoras de metais do cromossoma 6). Estão expressos nahemoxigenase, superfície de todas as células Outras APPs �1-Glicoproteína, nucleadas de humanos eProteína outrosLigadora animais de (caso manosedos antígenos de histocompatibilidade de classe I) ou em células do sistema imune (antíAPPs negativas – suas concentrações caem na genos de histocompatibilidade deinflamação Classe II). Suas funções principais incluem: a) caracterização da identidade Albumina, Pré-albumina, químico-imunológica Transferrina, apoA1, apoAII, de �2-HS-glicoproteína cada indivíduo; b) atuação no reconhecimento de antígenos próprios e não-próprios; c) participação na apresentação de antígenos a células imunocompetentes; d) atuação como antígenos de transplante na rejeição a aloenxertos e em outras reações observadas no transplante de órgãos. 33 3 antígenos do transplante – antígenos de histocompatibilidade (antígenos HLA em humanos) que determinam a compatibilidade ou incompatibilidade de um doador de aloenxerto em relação ao sistema imune do receptor. antígenos eritrocitários – antígenos presentes na superfície de eritrócitos. Englobam, por exemplo, os marcadores do sistema ABO na espécie humana. antígenos H – o termo pode se referir a três diferentes tipos de antígenos: 1. antígenos de histocompatibilidade (produtos do complexo de histocompatibilidade maior). 2. antígenos H do sitema ABO de grupos sangüíneos. 3. antígenos flagelares de algumas bactérias Gramnegativas (por exemplo, Salmonellae). antígenos heterofílicos – antígenos com determinantes similares presentes em diversos organismos filogeneticamente distantes ou, em alguns casos, mesmo nas células de ambos animais e micróbios. Os anticorpos cuja formação é induzida por tais antígenos reagem de maneira cruzada com antígenos heterofílicos individuais. Tal heterofilia, ou inter-relação, existe, por exemplo, entre antígenos de estreptococos beta-hemolíticos do grupo A e antígenos do músculo cardíaco humano. Antígenos heterofílicos podem estar envolvidos na patogênese de algumas doenças, como febre reumática, mononucleose infecciosa, glomerulonefrite, etc. antígenos Ia – termo obsoleto para se referir a antígenos da resposta imune. Determinam a intensidade da resposta imune a antígenos exógenos. Demonstrou-se que antígenos Ia são representados por antígenos HLA de classe II em humanos. antígenos isogênicos – antígenos de um indivíduo geneticamente idêntico a outro de mesma espécie biológica. Na população humana, apenas gêmeos univitelinos apresentam isogenia antigênica. antígenos K – antígenos de superfície (capsulares) de bactérias Gramnegativas. Podem ser produtos de proteínas ou de polissacarídeos ácidos. 34 antígenos Lewis – juntamente com os antígenos do sistema ABO, estão entre os mais importantes antígenos de grupos sangüíneos. Seus determinantes são representados por oligossacarídeos projetando-se de moléculas de glicoproteínas. Determinantes Lea contêm L-fucose e N-acetilglicosamina, enquanto determinantes Leb contêm o trissacarídeo L-fucose-L-fucose-N-acetilglicosamina. O antígeno Lewis X em neutrófilos é o receptor para as selectinas E e P nas células endoteliais. Suas interações são de primordial importância para a transmigração de leucócitos de vênulas pós-capilares para tecidos onde a reação inflamatória se desenvolve. antígenos oncofetais – antígenos presentes em tecidos fetais e ausentes, ou presentes apenas em traços, em tecidos de adultos sob condições fisiológicas. Em tecidos de adultos, sua concentração pode aumentar em certos tumores. Assim, o antígeno carcinoembriônico (CEA) está presente em pulmões fetais, intestinos e pâncreas, bem como em tecido tumoral do trato gastrointestinal. Concentrações aumentadas deste antígeno podem ser úteis na confirmação do diagnóstico de adenocarcinoma de cólon. Similarmente, níveis de α-fetoproteína (AFP) estão aumentados no soro de cerca de 70% dos pacientes com carcinoma hepatocelular. antígenos seqüestrados – antígenos isolados anatomicamente e, portanto, separados do contato com linfócitos imunocompetentes. Incluem, entre outros, a proteína básica de mielina, esperma e antígeno lenticular do olho. Quando entram em contato, em injúria ou inflamação, com células do sistema imune, estas os reconhecem como não-próprios e deflagram resposta auto-imune contra os mesmos, o que pode ser danoso para o indivíduo. antígenos singenêicos – antígenos derivados de um indivíduo geneticamente idêntico e da mesma linhagem endogâmica. antígenos VLA – antígenos cujo nome se origina do fato de que eles aparecem na superfície de linfócitos apenas no estágio tardio de sua ativação. Compreendem as integrinas e apresentam uma cadeia β1 (CD29) comum. As integrinas participam na interação de linfócitos e outros leucócitos com proteoglicanos da matriz intercelular. 35 antígenos xenogênicos – antígenos de um indivíduo de uma espécie animal filogeneticamente diferente. antiinflamatórios não esteróides – AINES. antimetabólito – substância que é capaz de substituir um certo substrato ou produto intermediário em reações metabólicas, inibindo assim inteiramente a rota metabólica. Disto resulta um distúrbio na função normal da célula, sendo a proliferação alterada um exemplo. Drogas citostáticas, bem como imunossupressores, podem funcionar como antimetabólitos. antisoro – soro de um indivíduo imunizado contendo anticorpos contra o antígeno usado para imunização. É também chamado, com freqüência, soro imune ou hiperimune. antitoxina – produtos preparados sinteticamente para tratar pessoas picadas por cobras ou artrópodos venenosos. AP-1 – família do fator de transcrição ativador de proteína 1, o mais importante regulador da expressão nuclear dos genes em leucócitos. A expressão de AP-1 é induzida não apenas após a ligação de receptores de antígeno nos linfócitos, mas também após uma variedade de estímulos que afetam leucócitos. A AP-1 contribui para a regulação de um grande número de genes. Reconhece a seqüência de consenso TGACTA, que está na região promotora de muitos genes virais e celulares. Aumentos na atividade de ligação do DNA estão envolvidos na proliferação/diferenciação celular, despolarização da célula neuronal, e morte celular programada (apoptose). Duas subfamílias de proto-oncogenes, fos e jun, pertencem à família de AP-1. APC (antigen presenting cell) – célula apresentadora de antígeno. apoptose – morte celular que ocorre naturalmente ou de forma programada em organismos multicelulares, desempenhando importante papel no desenvolvimento e homeostasia destes animais. O termo origina-se da palavra grega que significa folhas caindo das árvores. A apoptose é observada em uma grande variedade de tecidos, tanto 36 de vertebrados quanto de invertebrados. A morte por apoptose deflagra a remoção de células que poderiam ser danosas ou que já tenham cumprido seu objetivo. A morte e destruição celular em muitos tecidos são balanceadas de forma precisa para manter adequado o número dos diversos tipos celulares. A ruptura deste balanço pode resultar em doença. A apoptose, por exemplo, envolve a remoção de linfócitos T que poderiam reagir com antígenos próprios e induzir respostas auto-imunes. Trata-se, entretanto, de um fenômeno biológico geral que interessa não apenas ao sistema imune. É regulado por fatores de crescimento, citocinas e oncogenes. Principalmente as células em proliferação, que não recebem sinalização adequada durante seu desenvolvimento, estão sujeitas à apoptose. O sinal para o processo apoptótico envolve usualmente a expressão de TNF ou Fas ligante na superfície celular. Tais sinais ativam a cascata da caspase e da desoxirribonuclease na célula; esta última decompõe o DNA em fragmentos de 50-300 kb, o que resulta em morte celular e divisão em corpúsculos menores (corpos apoptóticos). O mecanismo de apoptose é complexo, e dependendo dos indutores envolvidos, pode ser de origem extrínseca ou intrínseca (fig. 10). Apoptose distingue-se, morfológica e funcionalmente de outro tipo de morte celular chamado necrose (Fig. 11). Necrose é um processo degenerativo associado com inflamação e dano irreversível. A apoptose não é associada ao processo inflamatório, e sim conectada a auto-destruição celular. As características morfológicas na apoptose incluem formação de bolhas na membrana, contração do citoplasma e condensação da cromatina. A posteriori, ocorre fragmentação de células e formação de corpos apoptóticos. Os corpos apoptóticos são incorporados por fagócitos ou células da vizinhança. A apoptose desempenha importante papel não apenas no desenvolvimento e homeostase teciduais, mas fornece defesa contra oncogênese e infecções virais. Além disso, participa do processo de tolerância no sistema imune. O amplo significado desta forma de morte celular se relaciona também à percepção de que ela tem uma posição essencial no início de várias doenças. Células apoptóticas são freqüentemente vistas em diversas condições de doença, tais como (a) doenças autoimunes, (b) infecções pelo HIV e imunodeficiências adquiridas, (c) imunidade em transplante de órgãos e rejeição pós-transplante envolvendo rins, pulmões, coração, fígado e medula óssea, (d) hepatite 37 Fig. 10. Vias de apoptose extrínseca (tipo I) e intrínseca (tipo II). FADD (Proteina associada ao Fas contendo domínio mortal), Bcl – proto-oncogen cujos produtos pertencem a uma família de proteinas com influência regulatória na apoptose; TRADD (proteina tipo fator de necrose tumoral associada ao receptor e contendo domínio mortal); APAF-1 – fator ativador de protease de apoptose. Tipo I – receptores mortais, como Fas TNFR-1 (a) respondem ao estímulo de ligantes por ativação de proteinas intracelulres específicas (por exemplo FADD e TRADD), por meio de domínios mortais homólogos. (b) FADD e (c) TRADD ativam a pró-caspase 8, o que origina a ezima ativa caspase 8, a qual por sua vez ativa caspases efetoras diretamente (d) ou através de clivagem de Bid próapoptótica (e), a qual é transferida à mitocôndria. As caspases então ativam a DNAse, uma enzima que cliva o DNA de cromossomos em fragmentos. Tipo II – resposta a vários estímulos externos que liberam sinais próapoptóticos da mitocôndria, como citocromo C (f) ou Bcl-2 (g). O citocromo c cria complexos com pró-caspase 9 e a molécula APAF-1. Estes são chamados apoptossomo (h). Isto ativa outras caspases executivas (i) que induzem apoptose diretamente através da clivagem de outros substratos. 38 Fig 11. Diferenças morfológicas e bioquímicas da Apoptose ou Necrose. Granulócitos (particularmente neutrófilos) podem destruir patógenos e suas Fig 18. Diferenças morfológicas e bioquímicas da Apoptose ou Necrose. toxinas. Esse processo resulta em uma inflamação típica com muitas células Granulócitos (particularmente neutrófilos) podemKiller destruir patógenos mortas presentes no pus. Por outro lado, as células (células NK e célulae suas citotóxica), através do mecanismo de citotoxicidade, induzem apoptose. Célulascélulas toxinas. Esse processo resulta em uma inflamação típica com muitas potencialmente lesivas podem morrer sem haver inflamação. Esse mecanismo mortas presentes no pus. na Por outro lado,vírus as células (células NK e célula tem um papel importante defesa contra e célulasKiller tumorais. citotóxica), através do mecanismo de citotoxicidade, induzem apoptose. Células potencialmente lesivas podem morrer sem haver inflamação. Esse mecanismo viral crônica e recorrência de hepatite viral pós-transplante hepático, (e) tumores e quimioterapia de carcinomas e leucemias, f) diversas condições inflamatórias, e (g) distúrbios neurodegenerativos e doença de Alzheimer. tem um papel importante na defesa contra vírus e células tumorais. apresentação de antígeno – processo no qual o antígeno assume formato tal que possa ser reconhecido por linfócitos T, para que a partir de então uma resposta imune adaptativa seja deflagrada contra ele. A maior parte do conhecimento atual sobre reconhecimento de antígenos diz respeito a antígenos protéicos. A apresentação de proteínas exógenas é algo diferente daquela de antígenos de proteínas endógenas. No padrão exógeno de apresentação de antígeno, o antígeno deve primeiramente ser fagocitado pela célula apresen39 19 Fig 12. Apresentação de antígenos através de moléculas HLA classe II (caminho exógeno). Após a endocitose, a célula apresentadora de antígeno degrada o antíFig 9. Apresentação de antígenos através de moléculas HLA classe II (caminho geno exógeno em fragmentos peptídicos com 12 até 20 aminoácidos. Ao mesmo tempo são sintetizados no retículo endoplasmático rugoso moléculas de HLA antígeno em fragmentos peptídicospeptídicos com 12 até 20 aminoácidos. classe II.exógeno As vesículas contendo fragmentos fundem-se com outrasAo contendo MHC II. O peptídeo ligadoendoplasmático é transportado pelo MHC classe IIde mesmo tempo sãoclasse sintetizados no retículo rugoso moléculas para a superfície celular, onde ele pode ser reconhecido porfundem-se células T CD4. HLA classe II. As vesículas contendo fragmentos peptídicos com outras exógeno). Após a endocitose, a célula apresentadora de antígeno degrada o contendo MHC classe II. O peptídeo ligado é transportado pelo MHC classe II para a superfície celular, onde ele pode ser reconhecido por células T CD4. tadora de antígeno (APC), onde é processado. O processamento de antígenos exógenos é um processo complexo, no qual a molécula do antígeno é fragmentada nos endossomas das APC em fragmentos imunogênicos (peptídeos usualmente compostos de 12 a 20 aminoácidos); estes são posteriormente ligados a um sítio específico (fenda de combinação) dentro das moléculas de MHC (em humanos, HLA de classe II), sendo o complexo resultante transferido à superfície da APC onde pode ser reconhecido por linfócitos T auxiliares (Fig. 12). Células TH, por intermédio de seus receptores (TCR) reconhecem apenas complexos com peptídeos imunogênicos firmemente ligados na fenda de combinação de moléculas HLA de classe II. Fragmentos de peptídeos livres ou fracamente ligados não são reconhecidos, 10 40 Fig 13. Apresentação de antígenos através de Moléculas HLA I (o caminho endógeno). No interior da célula são sintetizadas (e raramente fagocitadas) Fig 10. Apresentação através de Moléculas HLA I (o caminho citosólicas quedesãoantígenos degradadas com ubiquitina pelo proteassoma, um proteínas endógeno). interior da célula são sintetizadas em (e fragmentos raramente peptídicos fagocitadas) e transformados complexo deNo proteases multicatalíticas, de 8 ouque 9 aminoácidos. Estescom são transportados o lúmen doum imunogênicos proteínas citosólicas são degradadas ubiquitina pelopara proteassoma, retículo endoplasmático (RE) através dos transportadores TAP1 e TAP2. As complexo de proteases multicatalíticas, e transformados em fragmentos peptídicos moléculas HLA I não deixam o RE a menos que liguem peptídeos. A ligação entre imunogênicos de 8classe ou 9I aminoácidos. são transportados o lúmen e o peptídeo éEstes impedida pela molécula para calnexina. Umdo a molécula MHC do TAP, onde ele aguarda semelhante complexo calnexina-HLA é posto próximo retículo endoplasmático (RE) através dos transportadores TAP1 e TAP2. As um fragmento peptídico. Em decorrência da proximidade de tal peptídeo, a moléculas HLA I não deixam o RE a menos que liguem peptídeos. A ligação entre calnexina dissocia-se, e o peptídeo pode se ligar à molécula MHC classe I. O acomplexo moléculaHLA MHCI-peptídeo classe I eé transportado o peptídeo épara impedida pela molécula calnexina. a membrana plasmática da célula,Um esta célula único onde é reconhecido pela célula T citotóxica. semelhante complexo calnexina-HLA é postoSepróximo do reconhecer TAP, onde um ele aguarda e normal peptídeo, próprio do organismo, este é tolerado. Se um peptídeo viral um fragmento peptídico. Em decorrência da proximidade de tal peptídeo, a ou de alguma proteína anormal for apresentado, a célula T citotóxica lisa a célula. calnexina dissocia-se, e o peptídeo pode se ligar à molécula MHC classe I. O complexo HLA I-peptídeo é transportado para a membrana plasmática da célula, ondesendo é reconhecido pela célulada T citotóxica. Se esta reconhecer único e este o princípio especificidade dacélula resposta imuneum subse- qüente. A ligação de um peptídeo imunogênico ao TCR representa o primeiro sinal ativador do clone de células TH correspondentes. Para serem ativados e desencadearem a resposta imune, os linfó- 11 citos TH devem receber também um segundo sinal (confirmatório, 41 co-estimulatório). Este segundo sinal é mediado pela interação de moléculas co-estimulatórias (tais como CD28 na superfície de linfócitos T ou CD80 na superfície de APC). Antígenos gerados em células infectadas por vírus ou antígenos associados a tumores são submetidos ao padrão endógeno de apresentação (Fig. 13); em certos casos, alguns antígenos extracelulares podem ser reconhecidos desta maneira. Neste caso o antígeno é primeiro degradado no citoplasma da célula-alvo, em uma organela denominada proteossoma. Neste padrão, peptídeos imunogênicos com aproximadamente 8 a 9 resíduos de aminoácidos são formados, combinando-se a posteriori com moléculas de HLA de classe I sintetizadas pela própria célula. O complexo resultante é então levado até a superfície celular, onde é reconhecido por linfócitos T citotóxicos (TC) que induzem a lise desta célula “marcada”. A habilidade de células TH para reconhecer peptídeos imunogênicos apenas quando complexados com antígenos HLA de classe II, e aquela de células TC para reconhecêlos apenas quando complexados com antígenos HLA de classe I, é chamada de restrição imunológica. A grande maioria dos antígenos é submetida a estes modelos de apresentação. Exceções são alguns antígenos de polissacarídios que podem ser reconhecidos diretamente por linfócitos B sem a assistência de linfócitos TH, ou superantígenos que ativam, de maneira não específica, grande número de clones de linfócitos T auxiliares. Exceção adicional diz respeito à apresentação de antígenos lipídicos e glicolipídicos, por vezes mediada por moléculas de CD1 e não pelo complexo HLA. AR – ver artrite reumatóide. ARIS (sistema de imunoensaio de reativação da apoenzima) – método imunoquímico para rápida determinação da presença e concentração de drogas e outros haptenos, em um procedimento similar àquele usando tiras indicadoras. Todos os reagentes necessários para a determinação de teofilina ou barbituratos, por exemplo, estão contidos em forma seca em tiras de papel filtro. Após colocação de gota de sangue contendo a droga testada sobre a tira, visualiza-se mancha colorida cuja intensidade é proporcional à concentração da droga. O método é rápido e particularmente apropriado para monitorar drogas em farmacologia clínica.˙O 42 ARN de interferência – fita dupla de ARN que induz a degradação de um transcrito com seqüência homóloga. É uma forma de silenciamento pós transcricional. arterite de células gigantes – vasculite de etiologia desconhecida, ocorrendo primariamente no idoso. Afeta predominantemente as artérias temporal e ocular, e mais raramente as artérias coronárias, renais e hepáticas. O diagnóstico e terapia precoces podem impedir a cegueira ou outras complicações decorrentes do dano de várias porções da artéria ocular e seus ramos. artrite – termo genérico utilizado para se referir à inflamação de uma ou diversas articulações. É caracterizada histologicamente por infiltração por células inflamatórias na articulação inteira, particularmente na membrana sinovial, cartilagem e osso. Cerca de 50% das células do infiltrado inflamatório são linfócitos, principalmente linfócitos inflamatórios TH1. A deficiência de linfócitos TH2 é um fator que contribui para o processo inflamatório, uma vez que estas células produzem citocinas anti-inflamatórias como IL-4, IL-10 e IL13. Sua deficiência altera o balanço no processo inflamatório. Outras células presentes no infiltrado inflamatório são neutrófilos, o que torna a celularidade distinta daquela do líquido sinovial, onde prevalecem mononucleares. Fatores quimiotáticos derivados de complemento ativado (C5a) e algumas quimiocinas (IL-8 em particular), assim como o GM-CSF produzido por células endoteliais e inflamatórias, contribuem para a acumulação e ativação de neutrófilos. Neutrófilos ativados liberam diversas enzimas proteolíticas no infiltrado, as quais contribuem para a destruição do tecido vizinho. O processo de artrite pode-se desenvolver aguda ou cronicamente. A artrite reumatóide pode ser mencionada como um exemplo de processo crônico. artrite idiopática juvenil – grupo heterogêneo de doenças inflamatórias sistêmicas que afeta crianças abaixo da idade de 16 anos. É caracterizada por dano inflamatório a articulações e tendões, bem como por um risco de dano ocular que pode não ser imediatamente reconhecido. 43 artrite psoriásica – artrite associada com psoríase, usualmente na ausência de fator reumatóide. Nódulos reumatóides também geralmente não são vistos. artrite reativa – inflamação articular estéril que se desenvolve secundariamente à infecção em sítio anatomicamente distante. A doença é sistêmica e não se restringe, usualmente, às articulações. As infecções que mais comumente geram artrite reativa são aquelas originadas no trato respiratório superior, órgãos urogenitais e trato gastrointestinal. A doença pode ocorrer na ausência de infecção clinicamente manifesta. artrite reumatóide (AR) – doença inflamatória sistêmica com predileção pelas articulações. É freqüente e potencialmente grave. Afeta todos os grupos etários, embora com incidência máxima em indivíduos jovens e mulheres pré-menopáusicas. A doença é de origem multifatorial, incluindo uma importante predisposição genética, Uma de suas características típicas é a inflamação crônica induzida por mecanismos auto-imunes. A progressão da AR é bastante variável. Exacerbações agudas podem se alternar com remissões. De forma geral, entretanto, a doença mostra progressão, e freqüentemente resulta em incapacidade. A doença encurta a expectativa de vida de indivíduos afetados em cerca de 10 anos. Processo inflamatório patológico se desenvolve no revestimento sinovial das articulações, bursas e tendões. Sinovite crônica resulta em erosão da cartilagem e osso subcondral, com subseqüente destruição da articulação. Uma variedade de sintomas extra-articulares, potencialmente sérios, se desenvolve como resultado de serosite, nódulos reumatóides ou vasculite. Cerca de 2/3 dos pacientes com AR cursam com fator reumatóide positivo no sangue periférico. asma brônquica – doença pulmonar caracterizada por episódios de obstrução da via aérea, inflamação brônquica com marcada eosinofilia, e resposta hiperativa a vários estímulos. O mecanismo intrínseco se inicia com antígenos sendo apresentados a linfócitos T, estímulo através de citocinas à produção a linfócitos B, síntese de IgE e degranulação do mastócito mediada por IgE. Os mediadores liberados por mastócitos e eosinófilos são broncoespásticos e bronco44 tóxicos. Além de histamina, os mediadores oriundos de mastócitos incluem metabólitos do ácido araquidônico (em particular LTC4), prostaglandinas (em particular PGG2), e tromboxanes. Eosinófilos liberam proteínas broncotóxicas (proteína catiônica eosinofílica e proteína básica maior). Mais freqüentemente, a asma é classificada em extrínseca (atópica, mediada por IgE), e instrínseca (idiopática ou associada a infecções). Aproximadamente 0,5% da população mundial é afetada pela asma, e sua morbi-mortalidade está em ascenção. É causa freqüente de incapacidade para o trababalho, limitações permanente e morte prematura. A imunopatologia da asma envolve fundamentalmente mecanismos de hipersensibilidade imediata ligados à função do linfócito T, do linfócito B, da IgE e de produtos do mastócito. aspirina – ácido acetil-salicílico, utilizado (sob grande variedade de compostos comerciais) como droga antiinflamatória, analgésica e antipirética. Atua no metabolismo de ácido araquidônico, na via da ciclooxigenase. Inibe principalmente a produção de prostaglandinas e tromboxanes. Encontra-se entre as drogas mais amplamente utilizadas no mundo; com a administração prolongada, entretanto, podem se desenvolver paraefeitos, incluindo nefropatia e reações atópicas. ataxia-telangiectasia – doença hereditária autossômica recessiva caracterizada por ataxia cerebelar, telangiectasias óculo-cutâneas, infecções sino-pulmonares repetidas e neoplasias freqüentes. Outros órgãos e tecidos podem estar afetados, incluindo o tecido endócrino, pele e fígado. Sintomas ocorrem já nos primeiros anos de vida, ou após os 10 anos de idade. Cerca de 40 % dos pacientes se apresentam com deficiência seletiva de IgA. Em alguns casos, deficiências de IgG2 e IgG4 são detectadas. Além da imunidade humoral, a função de células T se mostra também alterada, resultando em redução da contagem de células T periféricas e diminuição da resposta a mitógenos. A contagem dos linfócitos B periféricos é, entretanto, normal, assim como a atividade NK. O tratamento é usualmente sintomático. O transplante de células-tronco pode constituir tentativa terapêutica para alguns casos. Via de regra, os pacientes obituam entre 12 e 20 anos de idade. 45 aterosclerose – doença progressiva caracterizada pelo acúmulo de lipídios e elementos fibrosos nas grandes artérias. Nas sociedades ocidentalizadas, é a causa subjacente de cerca de 50 % de todas as mortes. A aterosclerose não é simplesmente uma conseqüência degenerativa inevitável do envelhecimento, mas, ao invés disto, uma condição inflamatória crônica que pode deflagrar um evento clínico agudo pela ruptura de uma placa e/ou trombose. As lesões precoces de aterosclerose consistem de acúmulo subendotelial de macrófagos engurgitados com colesterol, chamados de células espumosas. Eles formam estrias de gordura que não são clinicamente significantes, mas que precedem lesões mais avançadas. Estas são caracterizadas pelo acúmulo de restos necróticos, ricos em lipídios e células musculares lisas (CML). Tais lesões fibrosas são circundadas, tipicamente, por uma cápsula fibrosa consistindo de CML e matriz celular. As placas podem se tornar crescentemente complexas, com calcificação, ulceração na superfície luminar, e hemorragia na camada média do vaso. Muitos vírus, bactérias e mesmo parasitas são responsabilizados por afetar a deposição de placas ateroscleróticas. Entre eles, Chlamydia pneumoniae tem provavelmente maior associação a progressão das placas. Outros patógenos, entretanto, como Helicobacter pylori, vírus de Epstein-Barr e citomegalovírus podem estar também envolvidos na aceleração do processo aterosclerótico. Embora lesões avançadas possam crescer o suficiente para bloquear o fluxo sangüíneo, a complicação clínica mais importante é a oclusão aguda de uma artéria coronária ou cerebral devido à formação de trombo, o que resulta em infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. O acúmulo de colesterol LDL (low-density lipoprotein) na matriz subendotelial é um evento primário que dá início à aterosclerose. O acúmulo se intensifica quanto maior o nível circulante de LDL. Monócitos, transmigram através da monocamada endotelial da íntima, onde proliferam, diferenciam-se em macrófagos e captam as lipoproteínas, tornando-se células espumosas. O LDL nativo não é captado pelos macrófagos rapidamente. Torna-se quimicamente modificado por processos de oxidação, lipólise, proteólise e agregação. Esta modificações do LDL são pró-inflamatórias, e terminam por contribuir para a formação de células espumosas. Lipoproteínas de alta densidade (HDL) são providas de potente ação protetora contra a aterosclerose. A razão deste efeito protetor é o papel do HDL 46 na remoção do excesso de colesterol dos tecidos periféricos, além de propriedades antioxidantes. Por outro lado, o LDL minimamente oxidado estimula as células de revestimento endotelial a produzir diversas moléculas inflamatórias, incluindo adesinas (por exemplo ICAM-1, VCAM-1, selectina E), proteínas quimiotáticas (MCP-1) e fatores de crescimento, tais como M-CSF. O LDL oxidado pode também inibir a redução de óxido nítrico (NO), um mediador com múltiplas propriedades anti-aterogênicas, incluindo relaxamento dos vasos. Paralelamente à disfunção endotelial, há vários outros fatores capazes de modular a inflamação. Estes incluem forças hemodinâmicas (tensão de cisalhamento), níveis de homocisteína, hormônios sexuais e infecção. Os fatores de risco para aterosclerose podem ser agrupados em genéticos e aqueles preponderantemente ambientais. A abundância relativa das diferentes lipoproteínas plasmáticas parece ser de importância primária, uma vez que níveis elevados de lipoproteínas aterogênicas são um pré-requisito para a maioria das formas da doença. Com exceção do gênero, e do nível de lipoproteínas, cada um dos fatores genéticos envolve múltiplos genes. Fatores imunes parecem também estar envolvidos na patogenia da aterosclerose, uma vez que uma variedade de autoanticorpos contra componentes da placa ateromatosa são atualmente conhecidos. ativação – processo pelo qual um certo sistema (Complemento, por exemplo) ou algumas células (linfócitos, macrófagos, neutrófilos) se tornam plenamente funcionais. atividades biológicas do complemento – o sistema do complemento tem funções efetoras e regulatórias, nas quais um complexo de seus componentes terminais (MAC), fragmentos individuais dos primeiros componentes, receptores de superfície celular e reguladores humorais participam. Seus efeitos podem ser benéficos ou danosos ao hospedeiro. O princípio de seus efeitos benéficos compreende a defesa contra microorganismos patogênicos e células estranhas, participação em reações inflamatórias e na regulação da resposta imune. Os efeitos danosos (dano às próprias células e tecidos) se manifesta em reações imunopatológicas, como aquelas induzidas por imunocomplexos circulantes e auto-anticorpos citotóxicos. As principais ações biológicas do Complemento incluem reações citotóxicas e ci47 C3aR, C4aR, C5aR C3a, C4a, C5a - Degranulação de mastócitos, contração da musculatura lisa Fig 14. As Principais Funções biológicas do Complemento. 10 tolíticas (cujo agente responsável é o MAC), produção de anafilotoxinas (C5a, C3a e C4a), opsoninas (C3b, iC3b e fragmentos de C4b), e fatores quimiotáticos (C5a, C5adeArg, fragmentos BA) – Fig. 14. atopia – hipersensibilidade do tipo imediata (anafilaxia), deflagrada em resposta à exposição a alérgenos, e geneticamente determinada. É fundamentada em um aumento da resposta da IgE e ativação do mastócito, o que gera a liberação de mediadores anafiláticos mesmo sob exposição a baixas doses do alérgeno. A produção de IgE específica persiste anormalmente elevada, mesmo quando a estimulação alergênica não estiver mais presente. Os níveis totais de IgE usualmente permanecem elevados. Pacientes atópicos também cursam com hiperreatividade da musculatura brônquica à histamina e outros mediadores da anafilaxia. O grupo de doenças relacionada à atopia inclui asma, rinite, eczema e urticária, bem como alergia a alimentos. Atopia e anafilaxia não são sinônimos, pois atopia se refere a características geneticamente determinadas, enquanto que anafilaxia compreende a reação de hipersensibilidade imediata que ocorre mais freqüentemente em indivíduos atópicos do que na população normal. auto-agressão – autoimunidade que provoca dano. auto-anticorpos – anticorpos cuja produção foi induzida por autoantígenos. auto-antígenos – antígenos do próprio corpo que, sob condições específicas, pode induzir reações auto-imunes. A terminologia de transplantes designa autoantígenos como “antígenos autóctones”. 48 auto-imunidade – processo patológico caracterizado por uma resposta imune anormal contra autoantígenos. Sob condições fisiológicas, esta resposta se mantém suprimida ou ocorre apenas com objetivos regulatórios, de forma que seus produtos não danificam tecidos ou células autoantigênicos. Reações auto-imunes deletérias ao indivíduo se desenvolvem devido a distúrbios na homeostasia imune, isto é, quando há desequilíbrio entre fatores estimulantes e supressores do processo imunológico. Tais reações são chamadas “auto-agressivas”. auto-tolerância – habilidade do organismo de bloquear a estimulação de células imunocompetentes de responder a potenciais auto-antígenos. avidez (ou afinidade) do anticorpo – força de ligação entre anticorpo e molécula total de um antígeno multivalente. avidina – glicoproteína tetramérica da clara do ovo capaz de se ligar à biotina com afinidade e especificidade altas. A biotina pode se ligar a um anticorpo ou a enzima indicadora (tal como peroxidase). Este complexo pode reagir com avidina. Esta interação é utilizada em técnicas imunoenzimáticas e imunohistoquímicas no intuito de confirmar, com alta sensibilidade, a presença de antígenos (Fig 15). azatioprina – derivado nitroimidazol de 6-mercaptopurina, um antagonista das purinas. O fármaco inibe a síntese de DNA e pode, portanto, ser usada para o tratamento de leucemias. A droga suprime a resposta de células B e T, e pode também ser utilizada como imunossupressor em doenças de autoimunidade. O fármaco também reduz o número de células NK, neutrófilos e monócitos circulantes. B – fator B. B7 – proteína homodimérica (CD80) da superfamília das imunoglobulinas. Molécula coestimuladora de importância, expressa na superfície das células apresentadoras de antígenos. Ao interagir com seu ligante CD28, fornece o segundo sinal necessário para a ativação do linfócito T (ver apresentação de antígeno). 49 Fig 15. A Utilização da Avidina nas Reações Imunoquímicas. A Exemplo de reação antígeno-anticorpo de rato. A IgG de rato ligadaAa Exemplo um antígeno Fig 20.uma A Utilização da Avidina nasIgG Reações Imunoquímicas. de uma é conjugada com um anticorpo marcado com biotina, que reage com um reaçãocomplexo antígeno-anticorpo IgG de rato. A IgG de rato ligada a um antígeno é de avidina e sua enzima indicadora. B Há o surgimento de um sinal, no qual a avidina multiplica os sítios de ligação paraque a enzima indicadora. conjugada com um anticorpo marcado com biotina, reage com um complexo de avidina e sua enzima indicadora. B Há o surgimento de um sinal, no qual a avidina multiplica os sítios de ligação para a enzima indicadora. bactenecina – dodecapeptídeo cíclico armazenado em grânulos de neutrófilos bovinos; é dotado de atividade antibacteriana comparável a das defensinas. Atua também como perforina. 50 21 bactéria Gram-negativa – microorganismo não corados pelo corante de Gram. Seu envelope celular difere daquele das bactérias Grampositivas. O envelope celular de bactérias Gram-negativas é formado por membrana citoplasmática, espaço periplásmico, uma parede celular fina, uma membrana externa contendo lipopolissacarídeo (LPS), e cápsula (Fig. 16). bactéria Gram-positiva – bactéria que se cora com o corante de Gram. Seu envelope celular contém membrana citoplasmática, uma parede celular espessa e cápsula. bactericidade – eliminação de bactérias. bacteriófago lambda – vírus de DNA que infecta bactérias, isolado primeiramente de E. coli. É utilizado em biologia molecular como vetor Fig 16. A Construção da Parede bacteriana de Bactérias Gram negativos e Gram positivos. Fig 32. A Construção da Parede bacteriana de Bactérias Gram + e Gram -. 51 de clonagem, acomodando fragmentos de DNA de até 15 quilopares de bases de extensão. bacteriólise – destruição do envelope celular de bactérias e liberação de seu conteúdo interno no ambiente. bacteriolisina – anticorpo ou outra substância capaz de lisar bactérias. BALT (tecido linfóide associado aos brônquios) – tecido linfóide conectado aos brônquios Compreende parte dos órgãos linfóides secundários, responsável pelos homeostase imunológica de membranas mucosas (ver MALT). basófilos – o menos numeroso dos granulócitos, perfazendo menos que 0,5% dos leucócitos circulantes no sangue periférico. Expressam receptores de alta afinidade para o domínio Fc da IgE em sua superfície. Contêm, no citoplasma, grânulos que armazenam histamina e outros mediadores da anafilaxia. Após ativação, basófilos humanos sintetizam algumas citocinas regulatórias (IL-4, IL-13). Juntamente com os mastócitos participam das reações de hipersensibilidade imediata. BCG – Bacillus Calmette-Guérin – cepa viva atenuada de Mycobacterium bovis cuja virulência é reduzida. A habilidade de induzir imunidade contra infecções por Mycobacterium é preservada, entretanto. Alguns de seus componentes são providos de atividade imunoestimulatória e antitumoral inespecíficas. BCR – receptor antigênico de linfócitos B (ver receptores de antígeno). beriliose – doença causada pela inalação de poeira contendo berílio. A inalação origina uma pneumonia química aguda ou uma granulomatose pulmonar crônica semelhante à sarcoidose. Hipersensibilidade do tipo tardio está envolvida na patogênese desta condição. biblioteca de DNA –coleção que contém todas as seqüências possíveis de nucleotídeos (como fragmentos de DNA) que representa um certo genoma. 52 biotecnologia – ciência que trata de tecnologias envolvendo sistemas biológicos. blastogênese – um dos estágios do desenvolvimento celular. Caracteriza-se por aumento do metabolismo celular, em particular o protéico, e biossíntese de RNA e DNA. Morfologicamente, a blastogênese se manifesta por volume celular aumentado (blastos) e divisão celular. blot – método bioquímico ou imunoquímico que possibilita analisar DNA, RNA e características de proteínas (ver immunobloting). bolsa de Fabrício – o segundo (após o timo) órgão linfático central primário presente em pássaros. Está situada na porção externa do intestino, junto à cloaca. Regula o desenvolvimento ontogenético dos linfócitos B. No homem, e em outros mamíferos, a produção e diferenciação de linfócitos B se dá principalmente na medula óssea. bomba de cálcio – proteína de transporte responsável por deslocar o cálcio para fora do citoplasma. Usualmente, é uma ATPase presente em elevadas concentrações como proteína integral da membrana do retículo sarcoplasmático do músculo. BPI – proteína que aumenta a atividade bactericida. bradicinina – nonapeptídeo (Arg-Pro-Pro-Gly-Phe-Ser-Pro-Phe-Arg) do cininogênio de alto peso molecular que é fragmentado pela enzima calicreína. A bradicinina induz contração lenta e persistente da musculatura lisa, intensifica a sensação de dor, e participa de reações inflamatórias. BSA – albumina bovina sérica. btk – tirosina quinase de Bruton. bursina – tripeptídeo (lisil-histidil-glicilamida), originalmente isolado da bolsa de Fabrício de galinhas. Induz, seletivamente, a diferenciação de linfócitos B em aves e humanos. 53 C – Complemento. C1 – componente C1 do Complemento. É composto por três subunidades, C1q, C1r e C1s. No padrão clássico de ativação do Complemento, a subunidade C1q se liga a complexos imunes contendo anticorpos IgM ou IgG, o que representa o sinal para a formação do complexo macromolecular C1q-C1r-C1s, estabilizado por íons Ca2+. .A partir desta etapa, desencadeia-se a cascata completa da via clássica do Complemento. C2 – componente C2 do Complemento. A enzima C4b, que é formada na ativação dos componentes C1 e C4, cliva C2 em fragmentos C2a e C2b. O fragmento C2b é uma serina protease que participa na ativação adicional do Complemento. Forma-se o complexo C4b2a, que funciona como convertase de C3 da via clássica do Complemento. C3 – o componente C3 do Complemento tem uma posição central no que diz respeito a todos os padrões de ativação deste sistema. É uma glicoproteína composta de duas cadeias polipeptídicas. Sua molécula contém uma única ligação tioéster, cuja hidrólise forma a base do padrão alternativo de ativação do Complemento. Esta molécula é clivada pela C3-convertase em fragmentos C3a e C3b. C3a é uma anafilotoxina capaz de ativar mastócitos. C3b pode se comportar como componente da convertase de C5, ou como opsonina. A molécula C3 participa de reações imunoadesivas via receptores especiais expressos principalmente em fagócitos profissionais e algumas outras células. C3-convertase – enzimas que clivam C3 em fragmentos C3a e C3b. Duas delas são conhecidas: a convertase de C3 da via clássica, C4b2a; e a convertase de C3 da via alternativa, C3bBb. C4 – o componente C4 do Complemento é clivado por C1s nos fragmentos C4a e C4b. C4a, à semelhança de C3a, é uma anafilotoxina. Por sua vez, C4b é um dos componentes da convertase de C3 da via clássica (C4b2a). Deficiências de C4 e de C3 estão freqüentemente associadas à presença de lupus eritematoso sistêmico ou glomerulonefrite auto-imune. 54 C4bp – proteína que se liga a C4b, funcionando como molécula regulatória do sistema de Complemento. C5 – glicoproteína composta de duas cadeias polipeptídicas. É clivada pelas convertases de C5 nos fragmentos C5a e C5b. C5a, à semelhança de C31 e C41, é provido de atividades anafilotóxica e quimiotática. C5b se liga ao componente C6, deflagrando assim a produção do complexo de ataque à membrana (MAC). A deficiência de C5, muito rara, se manifesta por propensão a infecções por Neisseria spp. C6 – componente da via do Complemento que é parte do complexo de ataque à membrana (MAC). C7 – componente da via do C complemento que é parte do complexo de ataque à membrana (MAC). C8 – componente da via do Complemento que é parte do complexo de ataque à membrana (MAC). C9 – componente do complexo de ataque à membrana do Complemento (MAC) que funciona similarmente a uma perforina. Tendo se ligado ao complexo C5b678, a molécula de C9 se polimeriza e cria a estrutura final do MAC. O MAC provoca lise de células-alvo através da formação de um grande número de orifícios na membrana citoplasmática. cadeia J das imunoglobulinas – cadeia polipeptídica que é parte da molécula de imunoglobulinas poliméricas (IgM e IgA secretora). cadeia kappa (κ) – um dos tipos de cadeias leves das imunoglobulinas. cadeia L – cadeia leve da molécula de imunoglobulina. Pode ser de tipo kappa (κ) ou lambda (λ). cadeia lambda – um dos dois tipos de cadeias leves de imunoglobulinas. 55 Fig 17. O Domínio da Molécula de IgG1. O domínio variável é composto de parte da cadeia pesada (VH) e da cadeia leve (VL) da imunoglobulina. O domínio variável é a região onde o antígeno se liga. O resto da imunoglobulina Fig 44. O Domínio da Molécula de IgG1. O domínio variável é composto de parte é formado pelo domínio constante. da cadeia pesada (VH) e da cadeia leve (VL) da imunoglobulina. O domínio variável é a região onde o antígeno se liga. O resto da imunoglobulina é formado imunoglobulinas – cadeias polipeptícas das quais a molécupelo cadeias domínio de constante. la de imunoglobulina é formada. Cada molécula de imunoglobulina contém no mínimo duas cadeias leves (L) idênticas e duas cadeias pesadas (H) idênticas. Há dois tipos de cadeias leves: kappa (κ) e lambda (λ), e elas determinam o tipo da molécula de imunoglobulinaResumo (K ou L).das AsDoenças cadeias pesadas são classificadas em cinco diferentes Tabela 9. Imunes primárias isotipos: gamma (γ), mi (µ), alpha (α), delta (δ), e epsilon (ε), cada uma delas determinando a classificação em uma classe particular Deficiências primárias da Imunidade adquirida (específica) de imunoglobulina. A molécula das imunoglobulinas poliméricas Imunodeficiências de anticorpos Deficiência das classes Agamaglobulinemia ligada ao cromossomo X uma (IgM e IgA secretora) contém cadeiaseletiva de ligação (J). Ademolécuimunoglobulina (principalmente IgA) la de IgA secretória contém adicionalmente componente secretório Deficiência seletiva de anticorpos específicos Hipogamaglobulinemie temporária na infância (SC)– Figs. 17, 18 e 19. Imunodeficiências temporárias Deficiências da Imunidade celular caderinas – família de moléculas de adesão Ca2+-dependentes. Parti- Deficiência de adenosinaminase (ADA) Imunodeficiência combinada severa de células, ondededuas moléculas T-B- (ausência (SCID) cipam de interações homofílicas- SCID linfócitos T e B, mantêm-se as células NK)se combinam. idênticas com funções de receptor e contra-receptor - SCID T-B+ (ausência de células NK e linfócitos São conhecidos cinco grupos: caderinas E, N, P, T, e V. As caderinas T e presença de linfócitos B) E e P são expressas principalmente em células epiteliais, enquanto 56 2 Fig 18. Molécula de IgM no Soro. Mediante um elemento de ligação (cadeia J), resulta a forma típica pentamérica de IgM. Por isso o domínio constante não está disponível para a ligação nos receptores celulares, mas pode muito bem Fig 40. Molécula de IgM no Soro. Mediante um elemento de ligação (cadeia J), interagir com o componente C1q do complemento, ativando as reações da via resultaclássica a forma pentamérica de IgM. Por isso o domínio constante não está do típica complemento. disponível para a ligação nos receptores celulares, mas pode muito bem interagir com o componente C1q do complemento, ativando as reações da via clássica do complemento. Fig 19. Molécula de IgA secretora. O componente secretor é um dímero. 57 Fig 38. Molécula de IgA secretora. O componente secretor é um dímero. caderinas N o são em células mesenquimais. A caderina E é uma das principais moléculas de adesão envolvidas na morfogênese, agregação e migração celular, em particular durante o processo de desenvovimento embrionário. Participa também nas respostas imunes e cicatrização de feridas, mas principalmente na tumorigênese. A redução de sua expressão em células tumorais tem sido considerada como responsável por aumentar a habilidade do tumor primário em causar metástases. As caderinas são glicoproteínas transmembrana que transmitem sinais da superfície ao núcleo da célula, via proteínas intracelulares especiais, cateninas.. calcineurina – proteína fosfatase-específica para serina e treonina. Funciona como enzima ao remover grupos fosfato ligados aos aminoácidos acima mencionados. Esta desfosforilação de proteínas tem um efeito regulatório significativo em suas atividades biológicas. Nos linfócitos T, a calcineurina estimula o fator de transcrição NF-At, que por sua vez ativa a região promotora do gene para IL-2. Drogas imunossupressoras como ciclosporina A e FK506 se combinam em linfócitos com moléculas de imunofilinas, e o complexo resultante inibe a a ação calcineurina. O resultado é inibição da síntese de IL-2 e bloqueio da atividade de linfócios T. Este é o princípio da atividade imunossupressora destas drogas. cálcio – na forma iônica, o íon Ca2+ representa o sinal básico tanto para a vida quanto para a morte da célula. Elevações moderada do Ca2+ são necessárias para sua atuação como mensageiro intracelular, mas elevações prolongadas na concentração de Ca2+ podem ser letais. As células evitam a morte ao utilizar sinais de Ca2+ de baixa amplitude ou, mais usualmente, liberando os sinais de forma breve. No ambiente celular, o Ca2+ é derivado de duas fontes – externa e interna. Pode penetrar de fora da célula através de canais que se extendem pela membrana plasmática. Alternativamente, o Ca2+, pode ser liberado de depósitos internos, por canais no retículo endoplasmático. Concentrações de Ca2+ demasiadamente elevadas ou prolongadas podem levar à necrose celular devido a atividade de enzimas Ca2+-sensíveis que digerem proteínas. Além disso, cogita-se que o íon participa do processo apoptótico.. O Ca2+ está também envolvido na proliferação de linfócitos em resposta a antígenos estranhos. Tanto linfócito T, 58 quanto linfócito B reconhecem antígenos pelos seus receptores específicos de membrana. Quando tais antígenos ou seus fragmentos imunogênicos se ligam ao receptor (BCR ou TCR), inositol-1,4,5trifosfato é produzido, estimulando a liberação de Ca2+ dos depósitos internos. Quando estes depósitos se encontram vazios, a entrada de Ca2+ externo é ativada, possibilitando aos linfócitos manter um prolongado aumento de Ca2+. Níveis celulares aumentados de Ca2+ podem resultar em ativação de fatores de transcrição como NF-AT, com subseqüente ativação de genes no ambiente nuclear. calcitonina – hormônio polipeptídico produzido por células C da glândula tireóide. Caracteristicamente, induz hipocalcemia. calicreína – enzima proteolítica, componente dos sistemas de cininas e da hemocoagulação. Participa da síntese de bradicinina, ativa o fator de Hageman, e pode clivar diretamente o componente C5 da via do Complemento. calidina – decapeptídeo (lisil-bradicinina) sintetizado no rim; suas propriedades são similares àquelas da bradicinina. calnexina – proteína semelhante à lectina, que se liga ao cálcio; sua ação é particularmente importante no retículo endoplasmático. A calnexina mantém a conformação de cadeias α de polipeptídeos recentemente sintetizados de moléculas HLA de classe I, impedindo-os assim de reagir ao acaso com falsos peptídeos. Assim, a função de moléculas HLA de classe I de interagir com peptídeos endógenos se preserva no processo de apresentação de antígenos. À calnexina é atribuída, adicionalmente, um papel de biossíntese de moléculas HLA de classe II, de cadeias do receptor de antígeno da célula T, e das imunoglobulinas. A calnexina e a calreticulina atuam em combinação como “chaperones” para proteínas recentemente sintetizadas; além disso, impedem a degradação e a ubiquitinação proteossomal. calpaína – protease citoplasmática ativada por cálcio. calpastatina – inibidor citoplasmático da calpaína. 59 calreticulina – proteína do retículo endoplasmático que armazena cálcio. Em linfócitos T citotóxicos, se co-localiza com perforinas, sendo liberada com estas no processo de degranulação. câmara de Boyden – câmara de dois compartimentos usada para determinação laboratorial de quimiotaxia de fagócitos. cAMP – AMP cíclico. camundongo “knockout” – camundongos nos quais a expressão de um gene particular tenha sido completamente eliminada. A concepção destes animais destes animais é efetuada para melhor compreensão das propriedades de um determinado gene. camundongo nu/nu – camundongo nu. camundongo NZB/NZW – murino híbrido no qual se desenvolve, espontaneamente, uma doença assemelhada ao lupus eritematoso sistêmico humano. A doença é geneticamente determinada, associada com a produção de anticorpos antinucleares e formação de complexos imunes. O resultado é, entre outros problemas, glomerulonefrite, o que encurta a sobrevida destes animais. camundongo SCID – linhagem de camundongo com imunodeficiência combinada severa, geneticamente determinada. Os animais não apresentam resposta humoral e celular adequadas. Desta forma, este modelo murino pode funcionar como ¨tubos de testes vivos” para a implantação de linfócitos de outra espécie animal. Se linfócitos humanos são injetados, os camundongos serão capazes de produzir, após estimulação antigênica, anticorpos de isotipo humano. O defeito primário nestes animais se localiza na produção de células tronco de linhagem linfóide. camundongos bege – linhagem mutante de camundongos com deficiência de atividade NK, elevada incidência de tumores espontâneos e cor bege. Servem como modelo experimental da síndrome de Chédiak-Higashi em humanos. 60 camundongo nu – linhagem de camundongo em que falta cabelo (portanto “nus”) e timo. Assim, há ausência de linfócitos T funcionais nestes animais. Eles servem como modelo de deficiência geneticamente determinada de imunidade mediada por células T. Eles são também chamados de camundongos nu/nu. capsídio – revestimento proteico que recobre as nucleoproteínas centrais ou ácidos nucleicos de um vírion (partícula viral individual). cápsula – material espesso, semelhante a um gel, fixado à parede de bactérias Gram-negativas ou Gram-positivas. Cápsulas são, usualmente, compostas de polissacarídios muito hidrofílicos; podem contribuir para a patogenicidade do patógeno, inibindo a fagocitose. caquexina – outro termo para se referir ao fator de necrose tumoral – TNF. carcinogênese – tumorigênese. Desenvolvimento de câncer a partir de células normais, freqüentemente carcinomas de células epiteliais. O termo pode ser utilizado para conceituar transformação celular maligna. carcinogênio – agente capaz de deflagrar o desenvolvimento de um tumor maligno. Pode ser um químico, uma forma de radiação eletromagnética, ou um corpo inerte sólido. carcinoma – neoplasia maligna de uma célula epitelial; é o tipo tumoral mais comum. Os carcinomas originados de tecido glandular são freqüentemente chamados adenocarcinomas. cardiotrofina-1 (CT-1) – citocina (201 resíduos de aminoácidos) que pertence à família das citocinas IL-6. Liga-se a células hepáticas e induz a síntese de várias proteínas de fase aguda. Além disso, é um potente fator de sobrevida cardíaca e uma molécula capaz de aumentar a longa sobrevida de neurônios motores espinhais. caspases – proteinases específicas da cisteína aspartato, enzimas que clivam cadeias polipeptídicas entre o ácido aspártico e outros amino61 ácidos. As caspases têm papel fundamental no início do processo apoptótico, em reações inflamatórias (no tecido nervoso, em particular) e na conversão proteolítica de precursores inativos das citocinas. Como exemplo, a pró-interleucina-1β é convertida pelar caspase-1 (também conhecida como ICE – enzima conversora da IL-1β) em IL-1β ativa. Até o momento, 14 caspases de mamíferos são conhecidas, denominadas caspase-1 até caspase-14. A caspase-1 e 11 clivam precursores na síntese de citocinas maduras. As caspases-1, 4 e 5 participam principalmente de respostas inflamatórias; as caspases-8 e 9 propagam sinais apoptóticos, enquanto as caspases-3, 6 e 7 executam o programa apoptótico através da clivagem de várias proteínas vitais. Camundongos “knock-out” sem o gene da caspase-1 são incapazes de produzir IL-1, têm níveis reduzidos de IFN-γ, e são resistentes a choque endotoxêmico induzido por LPS. Camundongos sem o gene da caspase-3 são incapazes de eliminar neurônios danificados por apoptose, o que resulta em anormalidades diversas, principalmente no tecido cerebral. As caspases são sintetizadas como enzimas inativas precursoras de proteínas. Sua transformação na forma ativa ocorre quando a) do contato do Fas ligante com o receptor de TNF, sob a ação de granzima B; b) na liberação de perforinas de linfócitos T citotóxicos e células NK/ c) ou por autoproteólise. O resultado de reações proteolíticas nas quais caspases estão envolvidas é a interrupção do ciclo celular, eliminação dos mecanismos de homeostase e reparo, início da separação de células individuais do tecido adjacente, destruição de componentes estruturais da célula, e rotulagem de células programadas para fagocitose por macrófagos. As caspases não são apenas executores centrais da apoptose; são dotadas de importantes funções no controle da proliferação de células T, bem como na progressão do ciclo celular. As atividades das caspases são reguladas por vários inibidores naturais e sintéticos. catelicidinas – família de proteínas antimicrobianas com um suposto peptídeo N-terminal sinalizador, um domínio semelhante à catelina (inibidor da catepsina L), altamente conservado no centro, e um menos conservado domínio antimicrobiano C-terminal. Cerca de 20 membros das catelicidinas foram identificados em mamíferos, embora apenas uma catelicidina tenha sido identificada em humanos até o momento. A clivagem da catelicidina humana libera seu 62 domínio antimicrobiano C-terminal, um peptídeo chamado LL-37, uma vez que ele se inicia com dois resíduos leucina e tem um total de 37 aminoácidos. LL-37 foi encontrado em granulócitos e queratinócitos humanos. Outras catelicidinas foram encontradas na saliva humana (histatinas, uma família de peptídeos ricos em histidina), em neutrófilos bovinos (bactenecinas, indolicidina – um peptídeo de treze resíduos rico em triptofano), em neutrófilos porcinos (protegrinas, peptídeos de folhas β com 16-18 resíduos) e pele de sapo (magainins, um peptídeo de hélices α com 23 resíduos). catelinas – precursores de peptídeos antimicrobianos de largo espectro, isolados originalmente de neutrófilos porcinos. São processados a protegrinas contendo 16-18 resíduos de aminoácidos. catepsinas – enzimas proteolítica encontradas em células e tecidos. São chamadas “catepsinas” com alguma letra adicionada. Possuem uma variedade de funções e características. As mais importantes incluem catepsina D, que atua em pH ácido e que participa na degradação de várias proteínas intracelulares; catepsin G, que é encontrada nos grânulos azurófilos dos neutrófilos e é uma serina protease com atuação em pH neutro, e que é também microbicida; catepsinas B, L e S, que são proteases tiol (cisteína). cavéolas – pequenas invaginações da membrana plasmática, característica das células de muitos mamíferos, e associada com endocitose. São abundantes na superfície luminal de muitos endotélios, fornecendo um padrão vesicular para a circulação de moléculas sangüíneas. Possivelmente direcionam drogas ou genes no e/ou através do endotélio. Na microscopia eletrônica, as cavéolas são reconhecidas como fossas invaginadas, ou vesículas, que não possuem uma camada eletrodensa espessa (distintamente das vesículas revestidas), e têm um diâmetro uniforme de cerca de 80 nm. caveolinas – família de proteínas integrantes da membrana, associadas às cavéolas. Algumas são tecido-específicas. CD (grupo de diferenciação – cluster of differentiation) – grupo de marcadores de superfície de células, com base nos quais tipo, está63 gio de desenvolvimento e diferenciação, entre outras características celulares, podem ser determinadas. Podem ser detectados por meio de anticorpos monoclonais específicos, e, neste caso, são chamados antígenos. A nomenclatura CD é aceita tanto pela OMS como pela IUIS. Presentemente, inclui 339 diferentes antígenos CD. CD1 – glicoproteínas que se associam a β2-microglobulina para formar um dímero que se assemelha a antígenos HLA de classe I. Elas são, no entanto, muito menos polimórficas que as cadeias α dos antígenos HLA de classe I. São membros da superfamília das imunoglobulinas e são codificadas por aproximadamente cinco genes (CD1A, B, C, D, e E) no cromossomo1. As isoformas de CD1 foram divididas em dois grupos de homologia – CD1a, b, e c (grupo 1), e CD1d (grupo 2) – com base em similaridades de seqüência. O gene CD1E é divergente, embora mais estreitamente relacionado ao grupo 1 que ao grupo 2, sendo seu produto proteico indefinido. As isoformas de CD1 do grupo 1 estão localizadas na superfície de timócitos, células B, células dendríticas, células interdigitantes e células de Langerhans da pele, enquanto as de CD1d se encontram também em monócitos e macrófagos. Isoformas do grupo 1 estão envolvidas principalmente na apresentação de antígenos de lipídios e glicolipídios a linfócitos T que têm o isotipo α/β ou γ/δ de receptor antigênico. A isoforma CD1d apresenta antígenos glicolipídicos principalmente para células NK. Este tipo de reconhecimento de antígeno está envolvido, por exemplo, na defesa contra Mycobacteria e outros patógenos, bem como na patogênese de esclerose múltipla e de uma variedade de síndromes associadas a fosfolipídios. Células NK parecem reconhecer antígenos glicolipídicos próprios, mas a extensão na qual reconhecem antígenos microbianos ainda não é clara. CD2 – glicoproteína transmembrana presente principalmente em timócitos e linfócitos T maduros. É um receptor ao qual eritrócitos de carneiro adsorvem, representando a base de uma variedade de testes de roseta para determinar contagens de células T. O ligante natural do CD2 é a molécula de adesão LFA-3. CD3 – molécula complexa composta de cinco cadeias polipeptídicas que são conectadas pelo receptor antigênico de células T – TCR, 64 membros da superfamília das imunoglobulinas (Fig. 20). É um marcador típico de todos os linfócitos T maduros. Suas funções incluem transmissão de sinal do TCR ao interior da célula. CD4 – proteína da superfamília das imunoglobulinas, um marcador de superfície típico de células TH auxiliares. No entanto, é também encontrado, embora de forma menos intensa, na superfície de macrófagos, monócitos, células dendrítica, células de Langerhans e outras. Está envolvido na apresentação de antígenos exógenos por células apresentadoras de antígenos, via complexo com antígenos HLA de classe II. Funciona como receptor para o HIV. CD5 – glicoproteína de cadeia única presente em ambos linfócitos B e T. Dependendo de sua presença ou ausência, células B podem ser classificadas em duas sub-linhagens – CD5+ e CD5-. Células CD5+ produzem anticorpos naturais, em particular do isotipo IgM, que atuam na neutralização de antígenos próprios e na eliminação de esFig 76. A Transferência de Sinal através dos Receptores Toll (TLR) e dos truturas celulares danificadas. Contagens elevadas de CD5+ são obReceptores para IL-1 TRAP/MAL, Tollip – moléculas servadas em (IL-1R) algumasMyD88, doenças auto-imunes (diabetes melitoadaptativas juvenil, que, após a ligação na parte citoplasmática do IL-1RI ou TLR, a serinatireoidite de Hashimoto, lupus eritematoso sistêmico).ativam A razão para a elevação de auto-anticorpos nestas(IL-1R, circunstâncias estaria nacom altaILtreoninaquinase, introduzindo com isso o sinal. quinase associada + produção de IL-10 por células B CD5 . A IL-10 inibe a atividade de 1R. TRAF (fator associado ao receptor de TNF). células TH1, desviando desta forma o equilíbrio TH1/TH2 em direção Fig 20. O antígeno CD3 no complexo com dois receptores de célula TH2. Fig 77. O antígeno CD3 no complexo com dois receptores de célula TH2. 65 33 a uma maior atividade TH2, o que gera produção de auto-anticorpos. O ligante para o CD5 é CD72. CD8 – glicoproteína transmembrana, membro da superfamília das imunoglobulinas, e típico marcador de superfície de linfócitos T citotóxicos e T supressores. Está envolvido, embora não-diretamente, no reconhecimento de antígenos de superfície de células alvo. Na superfície de linfócitos T citotóxicos, interage com moléculas HLA de classe I previamente complexadas com peptídeos imunogênicos (ver apresentação de antígenos). CD11 – família de três diferentes glicoproteínas formando cadeias α (CD11a, CD11b, e CD11c); juntamente com a mesma cadeia-β (caracterizada pelo antígeno de diferenciação CD18), formam três moléculas heterodiméricas de integrinas leucoadesivas: FA-1 (CD11a/ CD18), Mac-1 ou CR3 (CD11b/CD18), e gp 150 ou CR4 (CD11c/ CD18). Participam, particularmente, de reações de adesão entre leucócitos e células endoteliais no início do processo inflamatório. Seus ligantes (contra-receptores) nas células endoteliais são as moléculas intercelulares de adesão ICAM-1 (CD54) e ICAM-2 (CD102). CD14 – glicoproteína que representa o receptor para o complexo de lipopolissacarídio (LPS) e para a proteína ligadora de LPS (LPB). É expressa em monócitos, macrófagos, granulócitos, linfócitos B e células dendríticas. O CD14 se associa com a superfície celular por intermédio da ligação com um glicolipídio, não sendo capaz de gerar sinal transmembrana. É provável que o complexo ternário LPSLPB-CD14 ative TLR4 (um dos receptores toll), o qual transloca o sinal intracelularmente. CD14 atua também como um receptor envolvido no reconhecimento e fagocitose de células apoptóticas. Em contraste com seu papel em respostas pró-inflamatórias seguindo-se estimulação com LPS, o CD14 dos macrófagos paralelamente atua na eliminação de outras células inflamatórias. CD15 – molécula de adesão polissacarídica, referido como antígeno de Lewis X. Está presente na superfície de eosinófilos e outros leucócitos. Reage com as selectinas E e P na superfície de células endoteliais 66 por meio de interações fracas. É uma das moléculas envolvidas na transmigração de leucócitos através do endotélio. CD16 – antígeno de diferenciação que funciona como receptor Fc de baixa afinidade para IgG (FcγIII). Está presente na superfície de neutrófilos, macrófagos, eosinófilos e células NK. Facilita a fagocitose de partículas opsonizadas por anticorpos IgG, e participa nas reações de ADCC. É considerado um marcador de superfície característico de células NK. CD18 – ver CD11. CD19 – antígeno presente na superfície de todos os linfócitos B, sendo marcador característico destas células. CD21 – antígeno presente caracteristicamente na superfície de linfócitos B e também em células dendríticas foliculares. Funciona como receptor para o fragmento C3 do complemento (CR2), bem como para o vírus de Epstein-Barr. CD22 – antígeno de superfície típico de todos os linfócitos B. Desaparece quando da transformação de linfócitos B em células plasmáticas secretoras de anticorpos. CD23 – receptor de baixa afinidade para IgE (FcεRII). CD25 – glicoproteína de cadeia única, formando a cadeia α do receptor da interleucina-2 (IL-2R). Está presente em linfócitos T e B ativados, e em macrófagos. CD27 – glicoproteína que participa, com seu ligante CD70, na diferenciação de células B em células plasmáticas. É um marcador de células B de memória. CD28 – homodímero de glicoproteína presente em linfócitos T, servindo como uma molécula co-estimuladora cujo ligante é o antígeno CD80 (B7) nas células apresentadoras de antígeno ou em linfócitos 67 B. A interação entre CD28 e CD80 fornece ao linfócito o segundo sinal co-estimulatório necessário para sua ativação. CD29 – subunidade β1 de integrinas. Juntamente com a cadeia α1 (CD49), forma uma das subfamílias das integrinas. CD31 – molécula de adesão também denominada PECAM-1. Está presente na superfície de granulócitos, monócitos, macrófagos, linfócitos B, células NK e células endoteliais. É de grande importância na migração trans-endotelial de leucócitos para sítios inflamatórios. CD32 – receptor de baixa afinidade para IgG agregada (FcγRII). Está presente na superfície de monócitos, neutrófilos, eosinófilos e células B. CD34 – ligante para L-selectina (CD62L). CD35 – antígeno que representa o receptor CR1 para os fragmentos C3b e C4b do Complemento. Está presente em várias células, incluindo neutrófilos, eosinófilos, monócitos, células B e eritrócitos. Desempenha importante papel na eliminação de complexos imunes circulantes. CD36 – receptor para colágeno e trombospondina. É expresso em macrófagos, monócitos e plaquetas. CD40 – molécula co-estimulatória presente na superfície de linfócitos B. Seu ligante é a molécula CD40L, expressa na superfície de linfócitos T auxiliares. A interação de CD40 com CD40L fornece à célula B o segundo sinal necessário para sua transformação em plasmócitos produtores de anticorpos. CD44 – molécula transmembrana encontrada na superfície de leucócitos, eritrócitos e plaquetas. Atua como um receptor para o ácido hialurônico. Desta forma, estas células podem se ligar, via molécula CD44, à substância intercelular entre leucócitos e células endoteliais, iniciando reações inflamatórias. A molécula pode também se ligar a células tumorais que se instalam durante o processo de formação de 68 metástases. A elevação da expressão de CD44 é encontrada, conseqüentemente, em células metastáticas. CD45 – glicoproteína de membrana presente em grande número de cópias em todas as células hematopoiéticas, com exceção de eritrócitos e plaquetas. Existem pelo menos oito isoformas, das quais a molécula CD45RA é um marcador típico de células T virgens, e CD45RO é um marcador típico de células T de memória e ativadas. As isoformas individuais diferem uma da outra pelo peso molecular, embora todas possuam uma porção citoplasmática com atividade de tirosina fosfatase de proteínas. Estas moléculas são capazes de provocar desfosforilação de unidades de tirosina de glicoproteínas de membrana e, desta forma, modular a transição de sinais de ativação no interior da célula. CD46 – é o fator regulatório MCP (proteína co-fator de membrana) do sistema do Complemento, encontrado na superfície de células hematopoiéticas e outras. Regula a ativação do Complemento pela clivagem do componente C3b, impedindo assim a ativação de outros componentes vizinhos. A presença deste fator em células trofoblásticas auxilia a mãe a tolerar seu feto. Tal achado é substanciado pela experiência clínica de que mulheres com deficiência de CD46 em células trofoblásticas tendem a cursar com abortos espontâneos. Outro fator regulatório do Complemento, o DAF (CD55) atua de forma similar. CD49 – família de pelo menos seis diferentes antígenos (CD49a – CD49f) que representam cadeias α (CD49a = α1, CD49b = α2, etc) de integrinas. Uma única cadeia de CD49 se associa com um único antígeno CD29 para formar uma molécula completa de integrina. CD49a e CD49b se ligam à laminina e colágeno, enquanto CD49c se conecta também à fibronectina. CD49 é receptor “de regresso” e pode também se ligar à fibronectina e VCAM (CD106). CD50 – molécula de adesão intercelular (ICAM-3), ligante para LFA-1 (CD11). É um membro da superfamília das imunoglobulinas, encontrado principalmente em leucócitos. 69 CD54 – molécula de adesão intercelular (ICAM-1), cujo ligante é LFA1 (CD11); é encontrada em células endoteliais e células dendríticas foliculares em particular. É também o receptor para rinovírus. CD55 – glicoproteína de cadeia única ligada ao fosfatidilinositol. É também denominada DAF. Está expressa na superfície de células hematopoiéticas e outras; atua na regulação do sistema do Complemento. CD56 – molécula de adesão, e principal antígeno de diferenciação das células NK. Está também presente em neurônios (N-CAM). CD58 – glicoproteína de adesão de cadeia única, encontrada em células hematopoiéticas e outras. É também chamada LFA-3 (antígeno-3 associado à função do leucócito). É o ligante para o antígeno CD2. CD62 – família de moléculas de adesão (selectinas) com três membros: CD62E (E-selectina, encontrada principalmente em células endoteliais); CD62L (L-selectina, encontrada na superfície de granulócitos e linfócitos); e CD62P (P-selectina, encontrada em células endoteliais e plaquetas). CD64 – glicoproteína de cadeia única que tem a função de receptor de alta afinidade para IgG (FcγRI). É encontrada em macrófagos e monócitos. CD66 – família de pelo menos cinco diferentes antígenos encontrados em neutrófilos (CD66a) e/ou todos os granulócitos (CD66b), e em algumas células tumorais. Antígenos similares são o CD66c, que é expresso tipicamente em neutrófilos e células de carcinoma de colo, e o CD66e que é também referido como antígeno carcinoembriônico (CEA). CD70 – glicoproteína, ligante para o CD27, que participa na co-estimulação de linfócitos B e T. CD71 – receptor da transferrina. 70 CD72 – glicoproteína heterodimérica, e marcador típico de linfócitos B. É o ligante para CD5. CD73 – 5-nucleotidase (ver deficiência de 5-nucleotidase). CD79 – grupo de duas glicoproteínas transmembrana, integrantes do receptor antigênico de linfócitos B. CD79a representa uma cadeia Igα (referido previamente como MB1), enquanto CD79b é uma cadeia Igβ (B29). Ambos são encontrados na superfície de linfócitos B maduros. CD80 – molécula co-estimulatória da superfície de células apresentadoras de antígeno (B7-1), incluindo linfócitos B. Seu ligante é o CD28. CD86 – antígeno estruturalmente relacionado ao CD80, encontrado principalmente em monócitos, células B ativadas e células do centro germinativo. É também referida como B7-2, sendo seu ligante o CD28. CD88 – marcador de superfície de granulócitos, mastócitos, macrófagos e células musculares lisas. Serve como receptor para a anafilotoxina C5a. CD89 – antígeno de superfície de neutrófilos, monócitos, macrófagos e células T e B. Atua como um receptor para o domínio Fc de IgA (FcαR). CD91 – glicoproteína expressa em monócitos e macrófagos, que serve como receptor para a α2-macroglobulina e para a proteína de choque térmico 96 (HSP96). CD95 – também chamado Fas, membro da superfamília dos receptores de TNF e importante indutor de apoptose. CD102 – molécula de adesão da superfamília das imunoglobulinas. É expressa em células endoteliais, linfócitos, e monócitos. É também referida como ICAM-2. Seu contrareceptor nos leucócitos é a integrina LFA-1 (CD11). 71 CD106 – molécula de adesão da célula vascular (VCAM-1) presente em células endoteliais; reage, na migração transendotelial de leucócitos, com moléculas de VLA-4 (CD49d/CD29) da superfície leucocitária. CD114 – antígeno na superfície de granulócitos; receptor de G-CSF. CD115 – antígeno encontrado em monócitos, macrófagos e placenta. Funciona como receptor para o fator estimulador de colônia de macrófagos (M-CSFR). CD116 – antígeno presente em monócitos, macrófagos, neutrófilos, eosinófilos, fibroblastos e células endoteliais. É o receptor para o fator estimulador de colônia de granulócitos e macrófagos (GM-CSFR). CD117 – antígeno presente em células progenitoras da medula óssea. É o receptor do fator de células tronco (SCFR), também chamado c-kit. CD118 – antígeno encontrado em uma variedade de células com a função de receptor de IFN-α,β. CD119 – antígeno expresso em macrófagos, monócitos e células epiteliais. É o receptor para interferon-γ (IFN-γR). CD120 – duas formas estão presentes em inúmeras células. Ambas, CD120a e CD120b são receptores para o fator de necrose tumoral (TNFRI e TNFRII) e são capazes de se ligar a TNF-α ou TNF-β. CD121 – antígeno encontrado em duas isoformas. Ambas são receptores de IL-1. CD121a é IL-1RI, e está presente em linfócitos T, timócitos, células endoteliais e fibroblastos. CD121b é IL-1RII, e está presente em células B, macrófagos e monócitos. CD122 – antígeno expresso em linfócitos T e B, células NK, e monócitos. É a cadeia-β do receptor da IL-2. 72 CD123 – antígeno encontrado na superfície de células hematopoéticas. Funciona como a cadeia-α do receptor da IL-3. CD124 – antígeno expresso em linfócitos T e B, e células endoteliais. Atua como receptor de IL-4 (IL-4R). CD125 – antígeno presente principalmente em eosinófilos e basófilos, atuando como cadeia-α do receptor da IL-5. CD126 – cadeia α do receptor de IL-6 em células B ativadas e células plasmáticas. CD127 – cadeia-α do receptor da IL-7. CD128 – antígeno encontrado em neutrófilos, basófilos e algumas subpopulações de linfócitos T. Atuando como receptor de IL-8 (IL-8R). CD130 – expresso em células B ativadas e, fortemente, em células plasmáticas; fracamente, é expresso na maioria dos leucócitos e células endoteliais como subunidade para IL-6, IL-11, LIF e receptores OSM. CD131 – produzido por células mielóides como cadeia-β comum para os receptores de IL-3, IL-5 e GM-CSF. CD132 – antígeno amplamente expresso. É a cadeia-γ comum para os receptores de IL-2, IL-4, IL-7, IL-9 e IL-15. CD136 – expresso em macrófagos como receptor do fator estimulador de macrófagos. CD141 – antígeno presente em células endoteliais. Também denominada trombomodulina. CD143 – molécula produzida por subgrupos de células endoteliais como enzima conversora da angiotensina (ECA). CD144 – também denominada E-caderina, molécula de adesão. 73 CD147 – antígeno de células endoteliais, monócitos, subgrupos de células T, plaquetas e eritrócitos. É também chamada neurotelina, sendo um indutor de metaloproteinase da matriz celular. CD154 – membro da superfamília do TNF (CD40 ligante). É produzido por células T ativadas, mastócitos e basófilos. CD158 – antígeno encontrado em duas isoformas – CD158a e CD158b – na superfície de células NK. Receptor inibitório para a célula NK. CD161 – glicoproteína produzida por células NK e subgrupos de células T. Sua molécula tem um domínio de lectina tipo C e funciona como receptor de NK (NKR-P1). CD162 – expresso em células T, monócitos e granulócitos. Denominada também P selectina (CD62P), ligante de glicoproteína. Molécula envolvida na fixação de leucócitos ao endotélio. CD178 – ver Fas ligante. CD180 – molécula da superfície celular que compreende repetições extracelulares ricas em leucina (LRR) e uma cauda citoplasmática curta. A LRR é associada com uma molécula chamada MD-1, e forma o complexo do receptor da superfície celular, RP105/MD-1. Este pertence à família dos receptores “toll-like” (TLR). RP105/MD-1, funcionando em conjunto com TLR4, controla o reconhecimento de LPS por células B. CD183 – receptor de quimiocina CxCR3. CD184 – receptor de quimiocina CxCR4. CD195 – receptor de quimiocina CCR5. CD204 – receptor scavenger (“lixeiro”) de macrófagos e monócitos. É utilizado na fagocitose de oxLDL por macrófagos no processo de aterosclerose. 74 CD210 – funciona como receptor de IL-10. CD212 – receptor de IL-12 (IL-12R). CD213 – receptor de IL-13 (IL-13R). CD217 – receptor de IL-17 (IL-17R). CD220 – receptor de insulina. CD230 – receptor da proteína príon. CD242 – ver ICAM-4. CD247 – cadeia-ξ do TCR. CDF – células dendríticas foliculares. cDNA – DNA complementar. Molécula de DNA que é complementar ao mRNA. Pode ser sintetizada por transcriptase reversa viral usando como molde a molécula de mRNA, ou ser utilizada como uma sonda para localizar um gene em investigação. Pode, ainda, ser clonada na forma de dupla fita. CDR – região determinante de complementaridade. Regiões hipervariáveis das cadeias de imunoglobulina. Formam parte do sítio de combinação com o antígeno. CEA – ver antígeno carcinoembriônico. celomócito– leucócito fagocitador amebóide circulante ou fixo; participa na defesa imune de invertebrados. células acessórias – termo obsoleto utilizado para células do sistema mononuclear fagocítico (macrófagos), e que cooperam com linfócitos T e B na produção de anticorpos e em outras reações imunológicas. A maioria destas células são classificadas atualmente como células apresentadoras de antígeno. 75 células-alvo – células contra as quais atuam mecanismos imunes. células apresentadoras de antígenos (APC) – células capazes de realizar a endocitose de proteína exógena, decompô-la em peptídeos imunogênicos e transportá-la até a membrana. Na superfície celular, os peptídeos são complexados com moléculas de histocompatibilidade de classe II. O receptor da célula T reconhece especificamente o peptídeo imunogênico complexado. APCs podem ser classificadas em primárias (macrófagos, células dendríticas, células de Langerhans, linfócitos B) ou secundárias (células endoteliais, células epiteliais do intestino, e outras). APCs primárias expressam constitucionalmente moléculas de histocompatibilidade de classe II na superfície, enquanto APCs secundárias o fazem após ativação. células B – população de linfócitos que contêm as moléculas CD19 e CD22 em sua superfície como marcadores de diferenciação, e que adquirem imunocompetência em pássaros na bolsa de Fabrício, ou em seu equivalente (medula óssea) em mamíferos. Após terem sido estimulados por antígeno, os linfócitos B se diferenciam em células produtoras de anticorpos (células plasmáticas). Eles são, desta forma, responsáveis pela especificidade anticórpica vista na resposta adaptativa. Durante seu desenvolvimento, passam por diversos estágios (Fig. 21); estes são controlados por citocinas e fatores de crescimento. Estágios individuais podem ser caracterizados de acordo com os marcadores CD e pela presença de imunoglobulinas de superfície. células citotóxicas – células capazes de eliminar, dada a sua atividade lítica, outras células (alvos), por exemplo células parasíticas, células infectadas por vírus e células de aloenxertos. O seu mecanismo de ação pode ser específico ou não específico. Ao atuarem especificamente, danificam apenas células que expressam o antígeno que induziu sua produção. Este é o mecanismo de ação de linfócitos T citotóxicos ou células K; esta última exerce sua ação lítica utilizandose de anticorpos específicos (ADCC). Ações citotóxicas inespecíficas por parte de células NK e macrófagos se materializam contra uma grande variedade de células-alvos. células de Küpffer – macrófagos ligados aos sinusóides hepáticos. 76 Fig 21. Estágios de desenvolvimento do Linfócito B. Fig 21. Estágios de desenvolvimento do Linfócito B. 77 1 células de Langerhans – células dendríticas presentes na pele e que funcionam como células apresentadoras de antígeno. Expressam antígenos HLA de classes I e II, CRI, CR3 e receptores Fc para IgG em sua superfície. células de memória – linfócitos B ou T produzidos após o primeiro contato com um antígeno específico. Podem proliferar, mas não secretam anticorpos nem se transformam em células efetoras da imunidade celular. Persistem no organismo por períodos prolongados de tempo e “recordam” o antígeno que provocou seu aparecimento. Tal ocorre porque células de memória reagem a repetidos contatos com tais antígenos mais prontamente, e são a razão para uma resposta imune secundária mais rápida e intensa. células de mieloma – células que se originam em mieloma múltiplo. células de Paneth – células epiteliais secretoras especializadas, carregadas de grânulos, localizadas na superfície inferior das criptas do intestino delgado. Liberam lisozima, fosfolipase A2 e α-defensinas entéricas após estímulo bacteriano ou colinérgico. células dendríticas – células mononucleares não-linfóides que participam, similarmente aos macrófagos, na apresentação de antígenos (ver células apresentadoras de antígeno). Diferem de macrófagos morfologicamente (tendo dendritos – Fig. 22), e também por maior habilidade para apresentar antígenos, capacidade fagocítica consideravelmente mais fraca, e números bastante reduzidos de lisossomas no citoplasma. Originam-se principalmente da linhagem das células linfóides, mas também podem derivar da linhagem celular mielóide, similarmente aos macrófagos. As células dendríticas formam um grupo heterogêneo, desde que também as células de Langerhans da pele, células digitantes da zona paracortical de linfonodos, bem como células dendríticas foliculares em órgãos linfóides são todas classificadas no mesmo grupo. células dendríticas foliculares (CDFs) – células localizadas nos folículos linfóides (ver linfonodo) próximas a agrupamentos de células B. A origem celular das CDFs é obscura, não sendo elas relacionadas a 78 Fig 22. Uma Célula Dendrítica do Folículo Linfático do Baço Humano. células dendríticas; compartilham com essas apenas sua morfologia ramificada. CDFs não são células apresentadoras de antígeno, uma vez que não expressam antígenos HLA de classe II em sua superfície. São importantes, entretanto, na maturação de células B, especialmente durante a resposta secundária de anticorpos. Esta resposta secundária depende principalmente de duas funções especializadas de CDFs. A primeira é sua habilidade de manter o antígeno intacto ou, através de receptores Fc não-fagocíticos, estabilizar complexos imunes em sua superficie durante longos períodos. Os imunocomplexos são ligados em “esferas” ao longo dos dendritos. Estas esferas se desprendem das CDFs como icossomas (corpúsculos revestidos de complexo imune) e podem ser captadas por células B no centro germinativo. A segunda concerne à expressão, na superfície da célula B, da molécula CD23, que é um ligante para o componente CR2 no complexo co-receptor CD19 na célula B. Estas propriedades, pensa-se, capacitam CDFs a conduzir a proliferação seqüencial e seleção de células B ativadas que resultam na maturação da resposta humoral. Por outro lado, a habilidade de CDFs em manter partículas antigênicas por um longo período em sua superfície pode ser uma desvantagem no caso desta partícula ser, por exemplo, HIV ou príon. Por este motivo, especula-se que CDFs estejam envolvidas nos processos patológicos envolvendo príons. 79 células efetoras – células executivas, usualmente linfócitos T que, ao serem ativados por antígenos apresentam ação citotóxica contra células-alvo que contêm o mesmo antígeno. Alternativamente, células efetoras podem ter efeitos supressivos ou estimulatórios no desenvolvimento da resposta imune. células endoteliais – células que revestem, numa única camada, a superfície interna dos vasos sangüíneos (endotélio vascular). Formam, assim, uma barreira polifuncional e seletivamente permeável entre o sangue circulante e a parede vascular. Além do mais, o endotélio vascular é considerado um importante órgão endócrino, fonte de numerosos fatores e mediadores que regulam a homeostasia do sistema cardiovascular e de outros sistemas. Células endoteliais são também um componente importante do sistema imune. Similarmente a fagócitos e neutrófilos, estão sob repouso, pré-ativadas ou ativadas. Células endoteliais são capazes de produzir não apenas fatores vasodilatadores, mas também vasoconstritores, além de várias citocinas. Quando ativadas, podem apresentar antígenos para células T. Têm um papel- chave na iniciação e no desenvolvimento das respostas de defesa, bem como de dano inflamatório (ver inflamação). Transmitem, em ambas as direções, informação entre os sistemas cardiovascular e imune, auxiliando em grande proporção a homeostasia do organismo como um todo. Por outro lado, também participam de algumas reações imunopatológicas, caso das vasculites. Síntese aumentada de anticorpos anti-células endoteliais pode ser observada no lupus eritematoso sistêmico, na rejeição aguda a aloenxertos, na doença de Kawasaki, e na granulomatose de Wegener. células espumosas – macrófagos com o citoplasma carregado de lipídios (especialmente oxLDL), encontrados em estrias de gordura na parede arterial. São originadas dos monócitos do sangue após adesão ao endotélio vascular e posterior migração através da íntima durante o processo de aterogênese (ver aterosclerose). células formadoras de placa – células que produzem anticorpos contra antígenos específicos, esses representados principalmente por eritrócitos ou bactérias. Sua quantificação pode ser feita in vitro através do cultivo em agar na presença de eritrócitos (que atuam 80 como antígeno) e Complemento. Se as células produzem anticorpos anti-eritrócitos, estas se ligam aos eritrócitos presentes, originando complexos imunes que ativam Complemento; este, por sua vez, lisa eritrócitos. Uma zona circular de hemólise se forma ao redor destas células (placa). Assim, o número de células que produzem IgM pode ser determinado. Similarmente, o número de células que produzem IgG contra antígenos solúveis pode ser determinado seguindo-se a ligação de antígeno à superfície de eritrócitos. células gliais – células especializadas que circundam os neurônios, fornecendo suporte mecânico e físico. Além disso, participam do isolamento elétrico entre os neurônios. células imunocompetentes – linfócitos com potencial geneticamente determinado para reagir a antígenos através de respostas imunes específicas. células interdigitantes – células intercaladas presentes principalmente na zona paracortical de linfonodos. Estão classificadas como células apresentadoras de antígeno. células K – ver células killer. células killer – células capazes de eliminar outras células, e que representam uma população celular heterogênea (incluem, particularmente, macrófagos ativados, neutrófilos, células NK a alguns linfócitos). Células killer em geral expressam receptores Fc para IgG, e assim são capazes de eliminar células-alvo marcadas com anticorpos específicos (ADCC). Tal anticorpo é ligado, pelo sítio de combinação, ao determinante antigênico correspondente na superfície da célula alvo; paralelamente, se adere, via região constante, ao receptor Fc na superfície da célula K. Desta forma, é estabelecido um contato entre a célula K e célula-alvo correspondente, o que representa o sinal para eliminação da última. Células T citotóxicas não pertencem a este grupo porque reconhecem o alvo de outras formas. células LAK – células killer ativadas por linfocinas. Das linfocinas, a IL-2 tem um efeito chave. Mais freqüentemente, células NK são ati81 vadas desta maneira, e menos freqüentemente linfócitos T citotóxicos. As células LAK são capazes de lisar também células-alvo que células NK menos ativas são incapazes de eliminar. O emprego de células LAK em alguns tumores têm sido tentado, com resultados variáveis. células M – células epiteliais especializadas do intestino. Transportam microorganismos e componentes macromoleculares de alimentos do lúmen intestinal às placas de Peyer e à vizinhança de linfócitos intraepiteliais (IEL). Os últimos se encontram livremente localizados no lado basoenteral dos enterócitos. Células M exercem a função de filtros para apresentação de antígenos intraintestinais, participando assim da regulação da resposta imune em mucosas. células mielóides – uma das duas linhagens de células sangüíneas (Fig. 59). Incluem megacariócitos (precursores das plaquetas), precursores de eritrócitos, de fagócitos mononucleares e de granulócitos. células NK (células natural killer, assassinas naturais) – grupo heterogêneo de células NK, em comum, expressam os antígenos de diferenciação CD16 (receptor Fc de baixa afinidade para IgG) e CD57 em sua superfície. Representam a terceira maior subpopulação de linfócitos. Compõem até 10 a 15% da contagem total de linfócitos no sangue periférico. Células NK não expressam receptores antigênicos (TCR) e molécula C3 em sua superfície. Morfologicamente, representam uma população heterogênea, com predomínio de linfócitos grandes granulares (LGL). Seus grânulos contêm dois tipos de substâncias tóxicas: perforinas e granzimas. Células NK eliminam principalmente células tumorais e células infectadas por vírus. Células infectadas por bactérias intracelulares podem ser eliminadas via mecanismo de ADCC ou espontaneamente, isto é, sem a presença de anticorpos específicos contra estruturas de superfície nas célulasalvo. Após estimulação, células NK clássicas rapidamente produzem IFN-γ e uma variedade de outros mediadores imunorregulatórios. Acreditava-se, inicialmente, que sua atividade não era restrita por antígenos HLA no contexto da citotoxicidade espontânea, o que as diferencia de linfócitos T citotóxicos. Atualmente sabe-se que células NK expressam dois tipos principais de receptores em sua superfície. 82 Um deles deflagra sua atividade citotóxica após conexão ao ligante, e o outro a desativa (receptores inibitórios – Fig. 23). A ativação da citotoxicidade é fornecida por receptores de citotoxicidade natural Tabela 15. Algumas doenças relacionadas a distúrbios na função NF-�B (NCRs) que pertencem à família da lecitinas. Até o momento, três destes receptores estão bem definidos: NKp46, NKp30 e NKp47. Linfoma de Hodgkin Mutação ouNKp46 redução édas moléculas NF-�B expresso tanto em células NK em repouso quanto nas atiLinfoma de Hodgkin, leucemia linfoblástica Ativação constitutiva da I�B-quinase vadas. e desempenha um papel-chave na lise de diferentes células aguda em crianças tumorais. NKp44 é o receptor expresso apenas em células NK ativalinfomas,com mielomas, leucemias Amplificação ou expressão exagerada genes Diferentes das. A ativação de NCRsdenecessita de cooperação co-receptores. Carcinomas e adenocarcinomas para NF-�BCélulas NK reconhecem antígenos HLA de classe I via desativação de para receptores inibitórios. Este reconhecimento umbrônquica, sinal negatiArtrite reumatóide, éasma Outras causas uma função NF-�B aterosclerose, doença de Alzheimer, Em diferentes aberrante vo, diferentemente do que ocorre com linfócitos T citotóxicos. carcinomas e melanomas outras palavras, ao reconhecer tais antígenos HLA na superfície da Ataxia teleangiectasia, eritematoso célula-alvo, as células NK permanecem em repouso.lúpus Entretanto, se Distúrbios da ativação de NF-�B sistêmico não há antígeno HLA presente na célula-alvo, a lise desta última é deflagrada. Isto significa que células NK atuam citotoxicamente nas Fig 23. Regulação da atividade das células NK através de dois tipos de receptores. 1 Reconhecimento célula NK do seucélulas NKR (receptor-NK) um dois antígeno Fig 64. Regulação dada atividade das NK atravésemde tipos de numa célula-alvo e morte desta célula por citotoxicidade. 2 Se for reconhecido receptores. 1 Reconhecimento daI célula NK dodaseu NKR (receptor-NK) pela célula NK o mesmo HLA na superfície célula-alvo, esta permaneceem um intocada. Se o HLA I na superfície da célula diminuir em sua concentração antígeno numa célula-alvo e morte desta célula por citotoxicidade. (por 2 Se for exemplo, em tumores e infecções por vírus), acontece o mesmo mecanismo reconhecido NK o mesmo I na NK. superfície da célula-alvo, esta descrito pela em 1, célula de morte celular através HLA das células permanece intocada. Se o HLA I na superfície da célula diminuir em sua concentração (por exemplo, em tumores e infecções por vírus), acontece o83 mesmo mecanismo descrito em 1, de morte celular através das células NK. células que têm número insuficiente de antígenos HLA de classe I em sua superfície. Tais células são principalmente células infectadas por vírus e células tumorais. Há três famílias de receptores inibitórios: 1. Receptores semelhantes à imunoglobulina das celulas killer (KIRs), que parecem funcionais em primatas mas não em roedores; suas moléculas são glicoproteínas monoméricas contendo tanto dois ou três domínios extracelulares semelhantes à imunoglobulina. 2. Receptores ILT/LIR, membros da superfamília das imunoglobulinas e que, juntamente com KIRs, reconhecem um grupo de alotipos de classe I (principalmente HLA-C e HLA-G) em vez de peptídeos complexos individuais de MHC classe I. 3. Heterodímeros CD94NK62A, que são receptores para HLA-E, uma molécula de MHC classe I não-clássica. Pertencem à superfamília de lecitinas de tipo C. Há diferentes tipos de receptores inibitórios na superfície de diferentes subpopulações de células NK. Eles tornam possível para as populações de células NK reconhecer células-alvos de diferentes antigenicidades. Receptores inibitórios não estão expressos apenas na superfície de células NK, mas também em células dendríticas, granulócitos e monócitos. O fato sugere que a função biológica destes receptores é ampla. células NKT – constituem a quarta linhagem linfóide que se distingue das clássicas células T, B ou NK. Células NKT compartilham algumas características tanto de células natural killer (NK) quanto de células T. As características chaves das células NKT incluem genoma centrado na geração de receptores das células T (TCR), restrição de CD1d e produção de altos níveis de citocinas, particularmente IL-4 e IFNγ. Contrastando com as células T convencionais, que reconhecem peptídeo antigênico no contexto de moléculas MHC de classe I ou de classe II clássicas, células NKT reconhecem glicolipídios apresentados por moléculas MHC não-clássicas (CD1), semelhantes às moléculas MHC de classe I; seu repertório é muito restrito. Constituem pequena percentagem das células T encontradas no timo e baço, mas uma proporção significante no fígado. Células NKT são fenotipicamente e funcionalmente heterogêneas. Além da expressão de CD3/ TCRαβ e produção de citocinas, células NKT podem exibir atividade lítica. Expressam de forma constitutiva Fas-ligante e podem eliminar células-alvo Fas+ induzindo apoptose. Podem, também, eliminar 84 células tumorais através de perforinas. Células NKT participam das respostas imunes contra uma variedade de agentes infecciosos. células nulas – subgrupo de linfócitos sem marcadores de diferenciação (CD) típicos para linfócitos B e T em sua superfície. São, fundamentalmente, células do tipo NK. células plasmáticas – plasmócitos. Células que produzem e secretam anticorpos. Representam o estágio final de diferenciação de linfócitos B após estimulação por antígeno. células T – linfócitos T. células T auxiliares – (TH ou TH/I). Importante subgrupo de linfócitos T regulatórios e efetores. Ampliam a resposta imune e auxiliam outras células (por exemplo linfócitos B) a desempenharem seus papéis na resposta adaptativa. As atividades regulatórias dos linfócitos T auxiliares se aplicam apenas à estimulação para antígenos timo (T)dependentes. Seu marcador de superfície típico é o antígeno de diferenciação CD4. No mínimo três subgrupos funcionalmente diferentes de células T auxiliares são conhecidos: células TH1, TH2 e TH3, que são morfologicamente idênticas mas diferem entre si pelo tipo de citocina sintetizada. Por exemplo, células TH1 são produtoras de IL-2 e gama-interferon (expansores da resposta celular), enquanto células TH2 sintetizam primordialmente IL-4, IL-6 e IL-10, indutores de resposta humoral ao ativarem linfócitos B. células T auxiliares “naive” – população de linfócitos T auxiliares virgens, que ainda não tiveram contato com antígenos (células TH0). Podem originar populações de células TH1, TH2 ou TH3. Seus marcadores de superfície incluem CD4 e CD45RA, enquanto células pré-ativadas (previamente expostas a antígenos) expressam os marcadores CD4 e CD45RO. Recém-nascidos apresentam proporções mais elevadas de células CD4+CD45RA+ do que de CD4+CD45RO+, enquanto o oposto ocorre em adultos. células T citotóxicas (CTL) – células TC. Subpopulação de linfócitos T efetora da imunidade mediada por células. Seu típico marcador de 85 superfície é o CD8. De forma específica, e restritas por moléculas HLA de classe I, eliminam células-alvo infectadas por vírus ou células tumorais. De maneira similar às células B, dependem de citocinas secretadas por linfócitos T auxiliares para se tornarem ativas. células T contra-supressoras – subclasse de células com função inversa à de células T supressoras. De acordo com os dados atuais, não representam um grupo celular particularizado; parecem se constituir em um subgrupo de células T citotóxicas. células T indutoras – células T auxiliares. células T supressoras – células Ts. Subgrupo de linfócitos T imunorregulatórios com a habilidade de suprimir respostas imunes já induzidas. Sabe-se atualmente que a atividade Ts é desempenhada por subpopulações de linfócitos T citotóxicos. células TC – linfócitos T citotóxicos. células TDH – linfócitos T envolvidos em reações de hipersensibilidade retardada (linfócitos T auxiliares). células TH – linfócitos T auxiliares. células TIL (linfócitos infiltrantes de tumor) – células similares a linfócitos T citotóxicos, porém muito mais efetivas na destruição de tumores. São providos de atividade antitumoral mais intensa do que a de células LAK. São também mais específicas do que células LAK. Além disso, são altamente citolíticas, em particular com respeito a células do tumor de onde foram isoladas. células-tronco – células precursoras não-diferenciadas que podem originar uma variedade de clones celulares especializados. Uma célula tronco pluripotente hematopoiética pode dar origem, sob diferenciação regulada, a linhagens de eritrócitos, plaquetas, macrófagos, granulócitos, células B e células T (Fig. 24). células TS – linfócitos T supressores. 86 Fig 54. Representação esquemática da estrutura de um linfonodo. Fig 55. O surgimento da linhagem linfóide e mielóide a partir da Célula Fig 24. O surgimento da linhagem linfóide e mielóide a partir da Célula Pluripotente. Pluripotente. células virgens – linfócitos B maduros que ainda não entraram em contato com antígenos. Tabela 12. Característica da subpopulação de linfócitos no sangue periférico Característica Células B Células T Células-NK Células-NKT 3–4 10 – 15 60 – 70 20 – 30 Porcentagem centiMorgan – (cM), unidade utilizada em genética no mapeamento do relativa (%) genoma. Corresponde a 1% de distância de freqüência de recombiCD3, CD122 CD16, CD56, CD2, CD3, CD4 ou CD19, CD20, entre dois locus gênicos de DNA. CD8 na moléculaCD57 CD24, CD72 Sinal de nação diferenciação 13 cGMP – GMP cíclico. CH50 – unidade de 50 % de eritrócitos lisados, usada para medir a atividade hemolítica do Complemento. chaperones – proteínas “acompanhantes” que mantêm a conformação (arranjo espacial) adequada de outras proteínas; além disso, reparam a conformação incorreta ou mantêm um determinado grupo de proteínas celulares na forma inativa, protegendo-as de interações intermoleculares improdutivas ou que as danifiquem. São membros das proteínas de estresse, ou proteínas de choque térmico (HSP). São capazes de transformar proteínas de conformação defeituosa (afuncionais) em proteínas funcionais via enzimas de retificação – 87 potentes causadas por microorganismos do gênero Neisseria. Fig 25. Efeito da Chaperone como enzima de auxilio à conformação (folding)– U –conformação molecular espacial imprópria para atividade protéica F – conformação molecular espacial correta para atividade protéica. A conformação molecular correta é produzida espontaneamente após a síntese proteica. A/M agregação durante dobramento incorreto e posterior aquisição de função U – Fig 25. –Efeito da Chaperone como enzima de auxilio à conformação (folding)– biológica inativa. A realização de A/M pode ser reparada através da enzima de conformação molecular espacial imprópria para atividade protéica F –conformação dobramento U. molecular espacial correta para atividade protéica. A conformação molecular correta é produzida espontaneamente após a síntese proteica. A/M – agregação durante dobramento incorreto e posterior aquisição de função biológica inativa. A as enzimas de desdobramento (Fig. 25). Proteínas “acompanhantes” realização sem de A/M pode ser reparadadeatravés da enzima de dobramento U. atividade de enzimas desdobramento e com função primária de manter a estrutura espacial da cadeia proteica são também chamadas chaperoninas. choque – reação generalizada do corpo a estímulo súbito e não-fisiológico, tanto do ambiente externo quanto do interno. Manifesta-se principalmente por redução da pressão arterial e distúrbios respiratórios. De acordo com a causa que o induz, é dividido em choque traumático, hemorrágico, cardiovascular, anafilático e séptico. Perfusão tecidual reduzida e suprimento insuficiente de oxigênio aos tecidos são considerados eventos fundamentais no choque. A posteriori, alterações da função mitocondrial (desacoplamento da fosforilação oxidativa) se sobrepõem. Atualmente, considera-se que distúrbio de enzimas mitocondriais, síntese aumentada de óxido nítrico (NO) e de intermediários reativos do oxigênio, assim como adesão aumentada de neutrófilos ao endotélio e ativação de citocinas próinflamatórias são consideradas como eventos subjacentes à redução 88 5 da pressão sangüínea. A condição de choque é, então, o resultado de um desequilíbrio entre NO, superóxido e seus metabólitos. choque anafilático – forma mais severa de reação anafilática, que se desenvolve dentro de segundos a minutos após a administração repetida de um alérgeno (algumas drogas e preparações diagnósticas; xeno-soro; picadas de abelhas, vespas e outros insetos; alguns componentes de extratos biológicos e alimentos). Pode rapidamente resultar em morte do indivíduo afetado. Manifesta-se por fraqueza, náusea, dor (cefaléia e dor torácica em particular), opressão, diarréia, tonturas, sufocação (devido à contração da musculatura brônquica) e redução da pressão arterial (devido a aumento da permeabilidade vascular e subseqüente extravazamento de sangue para os tecidos). A terapêutica deve ter início imediatamente após o surgimento do primeiro sintoma. A terapêutica inicial deve ser direcionada para a manutenção da via aérea livre e para o uso de hipertensores. choque endotóxico – choque que ocorre após exposição do organismo a grandes quantidades de endotoxinas bacterianas, particularmente de Gram negativos como Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa ou Neisseria meningitidis. Resulta em redução da pressão sangüínea e em hemocoagulação intravascular disseminada, o que gera formação de trombos em pequenos vasos. Como resultado, os vasos são obstruídos e o suprimento sangüíneo ao cérebro, pulmões e adrenais é interrompido. O diagnóstico precoce é crucial para a boa evolução do paciente. choque séptico – conseqüência drástica de uma infecção bacteriana. Bactérias que são classificadas com Gram-negativas em forma de bastão causam choque séptico mais comumente. Exemplos destas bactérias são Escherichia coli, Klebsiella, Proteus e Pseudomonas. Todas produzem lipopolissacarídeo (LPS) ou endotoxina. Nesta circunstância, LPS é desprendido pela bactéria e atinge a corrente sangüínea. Uma vez na corrente sangüínea, LPS se liga a proteína de ligação aos LPS (LBP). Esta última “libera” LPS para ligação ao receptor específico de LPS (CD14) na superfície de macrófagos e outros leucócitos. Esta resposta imune contra LPD é controlada por um gene específico (Tlr4 em camundongos), cujo produto é membro de 89 receptores toll-like da IL-1. Mutações no gene permitem que a bactéria prolifere sem controle; quando o sistema imune reage, ele o faz de forma intensa liberando (particularmente macrófagos) grandes quantidades de citocinas pró-inflamatórias na corrrente sangüínea. Estas incluem TNF, IL-1, IL-6, IL-12 e IFN-γ. Embora o mecanismo de ação não seja claro, a principal citocina pró-inflamatória envolvida parece ser o fator de necrose tumoral (TNF). A liberação exagerada destas citocinas leva a acentuada hipotensão, trombogênese e sangramentos espontâneos. Cerca de metade de todos os casos de choque séptico terminam em óbito (acima de um milhão de pessoas por ano no mundo). CIA – imunoensaio de quimioluminescência. CIC –imunocomplexos circulantes. ver imunocomplexos ciclofilina – proteína citoplasmática com atividade de proteíno-quinase. Catalisa a fosforilação de outras proteínas que subseqüentemente ativam os genes correspondentes para transcrever citocinas, particularmente em linfócitos T auxiliares. Tem alta afinidade para ciclosporina, esta interação é representativa do princípio da ação imunossupressora deste fármaco. ciclofosfamida – N,N-bis(2-cloroetil)-tetrahidro-2H,1,3,2-oxazafosforina-2-amino-2-óxido. Substância alquilante que altera a estrutura e, conseqüentemente as características do DNA. Além de sua atividade antitumoral, é dotada de significativa atividade imunossupressora, principalmente sobre linfócitos B. É largamente utilizada em doenças auto-imunes e tumorais. ciclosporina A – peptídeo cíclico fúngico composto de 11 resíduos de aminoácidos. É produzida pelo fungo Tolypocladium inflatum. É um potente imunossupresor, amplamente utilizado em doenças auto-imunes e na rejeição de aloenxertos. O mecanismo primário de ação implica ligação com a ciclofilina, subseqüente bloqueio da produção de IL-2 e expressão de Il-2R por linfócitos T auxiliares. A ciclosporina é também capaz de reduzir os níveis de vários fatores de transcrição, como AP-3 e NF-κB. 90 cininas – peptídeos formados dos precursores cininogênicos sob a ação de calicreína e outras cininogenases dentro do metabolismo do sistema das cininas. A mais importante das cininas é a bradicinina e a lisil-bradicinina, que efetivamente aumentam a permeabilidade vascular, induzem contração da musculatura lisa e atuam na sensação de dor. Estão classificadas entre os mediadores da inflamação. cininases – enzimas que inativam cininas. Há duas delas no plasma humano: cininase I ou carboxipeptidase N, que cinde a extremidade C-terminal da arginina das cininas e anafilotoxinas; cininase II, que é uma peptilpeptidase e que cinde a extremidade C-terminal do dipeptídeo Phe-Arg das moléculas das cininas. Desta forma, libera também angiotensina II da angiotensina I. cininogênios – glicoproteínas precursoras das cininas, sintetizadas no fígado. circulação de linfócitos – tráfego de linfócitos dentro do organismo. O tráfego compreende a migração de linfócitos entre sangue e sistema linfático, linfonodos, baço e tecidos. Menos de 10% do total de linfócitos se mantém circulante, enquanto os linfócitos remanescentes permanecem em tecidos e órgãos. Cerca de 70% dos linfócitos circulantes têm a habilidade de recircular, isto é, a capacidade de se mover em ciclos nos quais deixam a circulação sistêmica e retornam aos linfonodos, folículos linfóides e baço, onde o ciclo pode reiniciar. As células recirculantes são principalmente linfócitos T maduros com sobrevida longa, mas também linfócitos B. Cerca de 30% dos linfócitos circulantes não recirculam; estes são principalmente células T e B imaturas de meia-vida curta, que se tornam ativos e migram do meio intravascular ou que terminam seu ciclo dentro da própria circulação. Esta recirculação de linfócitos e conseqüente substituição de células não-funcionais, contínua, possibilita a estas células exercer vigilância imunológica em toda a economia corporal. cirrose biliar primária – doença inflamatória crônica do fígado, de etiologia provavelmente auto-imune. Afeta principalmente mulheres de meia idade. Durante os estágios iniciais, se manifesta por destruição 91 do epitélio de pequenos ductos biliares intra-hepáticos. A posteriori, ocorre infiltração inflamatória portal, resultando no desaparecimento dos ductos biliares e desenvolvimento de cirrose. Altos títulos de anticorpos antimitocôndria, bem como a presença de anticorpos antinucleares, podem ser detectados na maioria dos pacientes. Níveis séricos de IgM estão também usualmente elevados. Acredita-se que a citotoxicidade mediada por auto-anticorpos desempenhe papelchave na patogênese deste processo. citocalasinas – metabólitos fúngicos conhecidos por inibir a divisão citoplasmática, bloqueando a formação de microfilamentos contráteis. Inibem o movimento celular e induzem a extrusão nuclear. Demonstrou-se que citocalasinas também inibem a fagocitose, a agregação plaquetária e o transporte de glicose. citocinas – grupo numeroso de moléculas, particularmente glicoproteicas ou protéicas, que podem funcionar como hormônios locais. As citocinas influenciam, de forma parácrina ou autócrina, a direção, a intensidade e a duração das respostas imunes e inflamatórias, bem como outras manifestações fisiológicas e fisiopatológicas das células. Aquelas preferencialmente envolvidas no sistema imune são também chamadas imunocitocinas. Neurocitocinas são citocinas cujo sítio primário de ação é o sistema nervoso central. Citocinas estão conectadas em uma rede que é responsável pela comunicação intercelular dentro do sistema imune, bem como pela troca de informação entre o sistema imune e outros sistemas do corpo. Citocinas individuais têm, na rede, atividades pleiotrópicas, redundantes, sinérgicas e/ou antagonistas (Fig. 26). Citocinas incluem linfocinas, interleucinas, interferons, fatores de necrose tumoral, fatores estimulantes de colônias, fatores transformadores de crescimento, fatores de crescimento polipeptídicos, quimiocinas, proteínas de estresse, e outros (Tabela 1). citocininas – classe de hormônios de crescimento de plantas, promovem divisão e diferenciação celular. citocromo b558 – componente de membrana de NADPH oxidase, enzima envolvida na “explosão” respiratória em fagócitos profissionais. 92 Fig. 26. Diferentes modos de ação de citocinas específicas. Sua deficiência está associada a formas severas de doença granulamotosa crônica, uma das imunodeficiências que afeta fagócitos. citólise – morte da célula devida à liberação de seu conteúdo interno, originalmente envolvido pela membrana citoplasmática. citomegalovírus – representante de vírus do grupo herpes (DNA), muito difundido. Infecções por citomegalovírus usualmente se manifestam em indivíduos imunossuprimidos, como transplantados, pacientes com AIDS ou sob terapia imunossupressora. A infecção 93 Tabela 21. Principais grupos de citocinas Gruppe Linfocinas Interleucinas fator de necrose tumoral Interferons Fator de estimulação de Colônias Fatores polipeptídicos de crescimento Fatores de transformação de crescimento Proteinas de estresse Quimiocinas CXCL CCL CL CX3CL citocinas MAF (Fator estimulante de macrófagos), MMIF (Fator inibidor da migração macrofágica), MCF (Fator Quimiotáxico de Macrófagos), LMIF (Fator inibidor da migração leucocitária), HRFs (Fator de liberação da Histamina), TF (Fator de transferência) Interleucina-1, interleucina-2 bis interleucina-21 fator de necrose tumoral- α (Caquexina), fator de necrose tumoral- β (Linfotoxina) Interferon-α, interferon-β, interferon-γ, interferonω, interferon-τ G-CSF (Fator estimulador de colônias de granulócitos), GM-CSF (Fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos), M-CSF (Fator estimulador de colônias de macrófagos), IL-3 (multi-CSF) aFGF (Fator de crescimento de fibroblastos ácidos), bFGF (FGF básico), EGF (Fator de crescimento da epiderme), NGF (Fator de crescimento neuronal), PDGF (Fator de crescimento derivado das plaquetas), VEGF (Fator de Crescimento Endotelial) fator de crescimento- α, fator de crescimento- β HSPs (Proteinas de choque térmico), GRPs (Proteina regulada por glicose), Ubiquitina, Superóxido-Dismutase (Mn) Interleucina-8, NAP-2 (βTG), PF4 (Oncostatina A), NAP-3 MCP-1, MCP-3, MIP-1α, MIP-1β, MIP-1, MIP-2, MIP-3, MIP-4, Eotaxina, RANTES Linfotactina Neurotactina (Fractalina) 1NAP – proteina ativadora de neutrófilos, βTG – β-Tromboglobulina, PF4 – fator plaquetário 4; 2MCP – proteina quimiotáxica de macrófagos, MIP – proteina próinflamatória de macrófagos, RANTES 94 afeta principalmente a retina, o trato gastrointestinal e o sistema nervoso. Pode ser transmitido pelo sangue. citometria de fluxo – termo comum, mas levemente impreciso, para se referir à técnica que utiliza o separador de células ativado por fluorescência (FACS). citômetro de fluxo – FACS. citotaxia – movimento celular dirigido ou não por citotaxinas. É também chamado quimiotaxia. citotaxigênio – precursores de citotaxina, na qual se transformam após ativação. citotaxinas – fatores quimiotáticos (quimiotaxinas). Substâncias que induzem quimiotaticamente o movimento celular. Tais movimentos podem ser positivos (quando as células se movem em direção à fonte de citotaxinas) ou negativo (quando as células se movem na direção oposta). citotoxicidade – habilidade de eliminar células vivas. c-kit ligante – citocina, também denominada fator de crescimento de mastócitos (MCGF) ou fator de célula tronco (SCF). Não funciona apenas como fator de crescimento de mastócitos, mas é também capaz de deflagrar a liberação de histamina e leucotrienos por estas células. classes de imunoglobulina – variantes de isotipos que diferem entre si pela estrutura dos domínios constantes das cadeias pesadas da imunoglobulina. Cinco classes de imunoglobulinas são conhecidas: IgG (contendo a cadeia pesada γ), IgM (µ), IgA (α ), IgD (δ), e IgE (ε). ClcN-oligosacárides – oligossacarídeos contendo glicosamina. Ligamse via pontes N-glicosídicas à asparagina da cadeia polipeptídica, contanto que esta possua a seqüência de sinal correspondente (AsnX-Ser-Thr, onde o X significa um resíduo de aminoácido). São en95 contrados nos domínios constantes das cadeias pesadas das imunoglobulinas. clonagem – processo pelo qual cópias genéticas são formadas. O termo se aplica a várias manipulações para o estabelecimento e formação de clones. clonagem de genes – inserção de uma seqüência de DNA em um vetor que pode então ser propagado em um organismo hospedeiro, gerando um grande número de cópias da seqüência. clone – em biologia clássica, uma população de organismos em propagação, tanto uni ou multicelular, derivada de uma única célula progenitora. Tais células e organismos são geneticamente idênticos, embora eventos mutacionais possam alterá-los. Em genética molecular, o termo se refere à molécula clonada de DNA. clone celular – população de células com configuração genética e fenotípica idêntica (genótipo e fenótipo idênticos) e que deriva da multiplicação de uma única célula. CML – linfólise mediada por células; lise de linfócitos mediada por células. É o princípio do método utilizado in vitro para monitorar a ação de linfócitos T citotóxicos. A abreviação CML é também utilizada para se referir à leucemia mielóide crônica. c-myc – proto-oncogene cujo produto proteico está envolvido na regulação da proliferação celular. Sua transcrição intensificada resulta em alguns tumores, tais como linfoma de Burkitt, câncer de colo uterino e câncer de pulmão. ciclooxigenases (COX) – enzimas presentes na maioria dos tecidos. Geram várias prostaglandinas e tromboxanases a partir do ácido araquidônico. São moléculas- alvo para a ação de drogas antiinflamatórias não-esteróides (DAINE). Há duas formas: COX-1 e COX2 (Fig. 26). A COX-1 é uma enzima constitutiva, e seus produtos (PGE2, PGI2 e TXA) são importantes fatores citoprotetores para a mucosa gástrica e para a regulação fisiológica da função de pla96 Fig 26. Os pontos de ação farmacológica dos medicamentos antiinflamatórios. COX – ciclooxigenase; NSAID – antiinflamatórios não-esteroidais; PG – prostaglandina; TX – tromboxano. g 63. Os pontos de ação farmacológica dos medicamentos antiinflamatório OX - ciclooxigenase; NSAID – antiinflamatórios não-esteroidais; PG quetas e do rim. A COX-2 é também uma enzima constitutiva, mas ostaglandina; TX – tromboxano. sua produção pode estar aumentada em mais de 20 vezes após estímulo inflamatório. Acredita-se, portanto, que ela seja, na verdade, a forma indutível. No rim, cérebro, e em outras células, a COX-2 é constitutivamente expressa, enquanto que em células inflamatórias ela induz a produção de grande quantidade de prostanóides. código genético –sequências de três nucleotídeos na molécula de mRNA, cada uma delas codificando um aminoácido específico. A tradução destas seqüências leva à formação dos peptídeos. codon –seqüência de três nucleotídeos na molécula de mRNA que é traduzido, durante a síntese de proteínas, em aminoácidos específicos de uma cadeia polipeptidíca. colagenases – metaloenzimas proteolíticas com especificidade pelo colágeno. São capazes de cindir colágeno puro. São liberadas na forma latente (pró-enzimas) nos tecidos e requerem ativação por outras proteases antes que degradem a matriz fibrilar. 97 colangite esclerosante primária – doença inflamatória crônica não-supurativa dos ductos biliares, de etiologia desconhecida. Afeta ductos biliares tanto extra-hepáticos quanto intra-hepáticos e resulta em colestase e remodelamento cirrótico. Auto-anticorpos do tipo pANCA, anticorpos anti-dsDNA e eosinofilia são demonstrados na maioria dos pacientes. Haplótipos HLA de classe II DR2, DR3 e DR6 ocorrem mais freqüentemente nestes pacientes do que na população geral. colectinas – lecitinas presentes no sangue de mamíferos e pássaros. Suas moléculas são compostas de cadeias polipeptídicas, cada uma contendo um segmento similar a colágeno e um domínio lecitina C-terminal. Os domínios lecitina se ligam de uma maneira específica a sacarídeos na superfície de microrganismos (opsonização). Moléculas de colágeno funcionam como ligantes do receptor de colectina em fagócitos (lectinofagocitose), e medeiam a ativação do Complemento via padrão de lecitina. Representantes típicos de colectinas em humanos são: proteína ligadora de manose (MBP), principal opsonina do soro humano, e proteínas A e D (SP-A, SP-D) do surfactante pulmonar. coleoptericina – peptídeo antibacteriano indutível encontrado na hemolinfa de um besouro tenebrionídeo após injeção de bactéria morta por calor. colite ulcerativa – doença inflamatória do colorretal caracterizada por úlceras de mucosa, infiltração da mucosa/submucosa por neutrófilos, macrófagos e linfócitos e subseqüente produção de abscessos crípticos. Linfócitos podem exercer atividade citotóxica em células epiteliais do cólon. É uma doença com um amplo espectro de manifestações clínicas. Os sintomas mais proeminentes incluem diarréias freqüentes, por vezes contendo sangue e muco. A etiologia permanece desconhecida. Supõe-se, entretanto, que mecanismos imunes participem na manutenção do curso crônico da doença. Citocinas inflamatórias e antiinflamatórias desempenham importantes papéis na etiopatogenia. Na colite ulcerativa, elementos como microrganismos e produtos alimentares induzem no paciente geneticamente predisposto uma resposta inflamatória exacerbada e de longa duração nas membranas mucosas. 98 Fig 27. As três vias de ativação do Complemento. PCR – Proteína C reativa, MBP – Proteína ligadora de manose, MASP – protease serina associada com Fig 50. As três vias de ativação do Complemento. PCR – Proteína C reativa, MBP MBP, MAC – Complexo de ataque à membrana. – Proteína ligadora de manose, MASP – protease serina associada com MBP, MAC – Complexo de ataque à membrana. complemento – abreviado como C; compreende um grupo de cerca de 40 glicoproteínas efetoras e regulatórias, algumas das quais encontradas no soro e outras na superfície celular. Glicoproteínas do Tabela complemento 10. Doenças nas quais o tratamento comna imunoglobulinas estão presentes no soro forma inativa,endovenosas e podem pode ser eficaz ser ativadas por diferentes vias: clássica, alternativa e lecitina. A formação do complexo de ataque à membrana (MAC) é o resultante Com grande probabilidade ligada ao cromossomo X Imunodeficiências comumprimárias das três vias de ativação,-- Agamaglobulina e é diretamente responsável pela CVID: Imunodeficiência variável habitual lise da célula-alvo (célula em cuja- superfície o IgG Complemento foi atiDeficiência de seletiva - Imunodepressão grave combinada vado.– Fig. 27). Elementos do C que reagem ao longo da via clássica são componentes chamados C1,- Rejeição C4, C2dee transplantes C3, com o componen- Leucemia crônica te C1 tendo três subunidades, C1q, C1r, elinfocitária C1s. Com a exceção de - Risco do recém nascido Imunodeficiências secundárias C1q, estes componentes também- AIDS participam na via de ativação da na infância - Doença Kawasaki lecitina, enquanto os componentes C5b,deC6, C7, C8 e C9 partici- Púrpura tromboitopênica idiopática (aguda) pam na formação do MAC. Os -fatores D e o componente Hemofilia,B,autoanticorpos contra o fatorC3 VIII Outras doenças são parte da via alternativa. Esta via está sob a ação regulatória do fator P (properdina) e dos fatores H e I. As outras glicoproteínas 99 9 regulatórias são denominadas de acordo com sua função respectiva, por exemplo C1-INH (inibidor de C1), C4-bp (proteína de ligação a C4), MCP (co-fator de proteína da membrana). Alguns receptores de moléculas do Complemento se ligam especificamente apenas a fragmentos de alguns componentes; por exemplo, os fragmentos C3b e iC3b se combinam apenas com o receptor CR1, enquanto fragmentos de C5a se conectam com o receptor C5aR. Os componentes individuais são ativados gradualmente por um mecanismo de cascata: a ativação de um componente usualmente produz uma enzima proteolítica ativa que cliva o próximo componente em dois fragmentos, um dos quais é uma protease que cinde outro componente, e assim sucessivamente. Alguns fragmentos não são enzimas proteolíticas; eles funcionam, antes, como co-fatores ou como agentes biorreguladores. complemento, MAC – abreviação para complexo de ataque à membrana. O complexo C5b678 tem a habilidade de perfurar a membrana citoplasmática e lisar eritrócitos heterólogos, enquanto o complexo C5b678(9)n é capaz de lisar células animais e de bactérias Gramnegativas. Um papel-chave é desempenhado por C9, que funciona como perforina, integrando o MAC com 6 a 18 moléculas. O complexo como um todo forma tubulações ocas que se incorporam à membrana citoplasmática da célula-alvo. Os orifícios transmembrana permitem a passagem de íons, água e outras substâncias de baixo peso molecular. Como o interior da célula tem uma pressão osmótica mais alta que a de seu meio subjacente, o resultado é intumescimento da célula, ruptura de sua membrana citoplasmática, e lise. complexo de histocompatibilidade principal, MHC – um entre vários sistemas de histocompatibilidade de posição dominante dentro de uma dada espécie animal. O MHC humano é denominado HLA. É um sistema de genes cujos produtos são potentes antígenos de transplante. As moléculas MHC pertencem à família das imunoglobulinas. As características típicas do MHC incluem complexidade, polimorfismo, habilidade de suas moléculas para regular a resposta imune e evocar reação em culturas de linfócitos mistos (MLC). O sistema MHC fornece singularidade imunoquímica para cada indivíduo dentro de uma população. 100 Fig 28. Mapa Gênico do Complexo HLA. Esse complexo gênico não contém apenas alelos do HLA classe I e II, mas também proteínas que são processadas e Fig transportadas 33. Mapa Gênico do Complexo HLA. Na Esse complexo não contém como peptídeos endógenos. região do HLA gênico III encontra-se o loci alelos para osdo componentes e hidrolases. apenas HLA classedo I ecomplemento II, mas também proteínas que são processadas e transportadas como peptídeos endógenos. Na região do HLA III encontra-se o loci para os componentes do complemento e hidrolases. complexo HLA – complexo de genes localizados no braço curto do cromossomo 6 e que codifica o sistema humano de histocompatibilidade maior. Estes genes são agrupados em várias regiões e sub-regiões, e seus produtos representam antígenos HLA de classe I (clássico: HLA-A, HLA-B, HLA-C, e não-clássico: HLA-E, HLA-F, HLA-G) ou antígenos HLA de classe II (HLA-D, HLA-DP, HLA-DQ, e HLADR). Genes para alguns componentes do Complemento, citocinas e algumas outras proteínas (mais de 40 ano todo) estão localizados entre os loci das classes I e II, e são usualmente chamados antígenos HLA de classe III, mesmo não atuando diretamente na histocompatibilidade (Figs. 28, 29 e 30). 101 12 Fig 29. O Complexo HLA e a Estrutura do Antígeno HLA de Classe I e II. O antígeno HLA I é responsável pela apresentação de peptídeos endógenos e compõe-se de uma cadeia α e uma β. O antígeno HLA II apresenta peptídeos exógeFig 35. OnosComplexo HLA a Estrutura do Antígeno HLA de Classe compõe-se de umaecadeia α e de β2-imunoglobulina. A especificidade das I e II. O moléculas de HLA é devida à recombinação de diferentes alelos no cromossomo antígeno HLA I é responsável pela apresentação de peptídeos endógenos e 6 e representa o Haplótipo-HLA de um indivíduo. Isso explica as diferenças na determinação diz respeito controle e HLA defesa II contra antígenospeptídeos compõe-se de uma genética cadeia no � que e uma �. O ao antígeno apresenta reconhecidos como estranhos. Por exemplo, doenças autoimunes estão asso13 ciadas a tipagem HLA já conhecida, e a maioria dos pacientes pode ter uma resposta melhor ou pior contra o mesmo tipo de infecção. complótipos – genes polimórficos para os componentes do Complemento C2 e C4 e fator B, localizados na região do complexo HLA e herdados como uma totalidade, isto é, como um único haplótipo. Há uma associação caraterística entre complótipos e haplótipos HLA. Em outras palavras, alguns haplótipos HLA estão associados a complótipos fixos. componente secretório da imunoglobulina (SC) – proteína com um peso molecular de 70.000 daltons, sintetizada por células epiteliais como parte de seu receptor para imunoglobulinas poliméricas (Fig. 31). É um componente da molécula de IgA secretória. Cadeia 102 CB - MHC de classe I Fig 30. Esquema simplificado das Regiões, Subregiões e loci do Complexo HLA. São mostrados os domínios gênicos para antígeno do HLA de classe I, II, e III. Os domínios gênicos sem contagem de alelos contêm pseudogenes capazes contém o loci B7, B8 e B9, de exercer funções de alelos. subregião DRSubregiões g 36. Esquema simplificado dasARegiões, e loci do nos Complexo HL quais se encontram também pseudogenes. No loci A encontram-se alelos que no loci B encontram-se alelos que a cadeia β. I, II, e III. a cadeia α;gênicos o mostradoscodificam os domínios para antígeno docodificam HLA de classe No HLA de classe I, todos os alelos codificam apenas a cadeia α. Loci para os componentes do complemento (C4B, C4A, C2) e fator B podem conter alelos com capacidade funcional bem como alelos sem essa capacidade. TNF- Fator de Necrose Tumoral. polipeptídica sintetizada por células epiteliais como parte de seu receptor para imunoglobulinas poliméricas. É parte da molécula de IgA secretória (Fig. 19). Na deficiência de IgA, SC pode se combinar com a molécula de IgM secretória. Receptores poli-Ig e o SC que se origina do mesmo regulam o transporte destas imunoglobulinas poliméricas à superfície de membranas mucosas, onde elas participam de mecanismos imunes locais. ConA – concanavalina A, uma lecitina isolada de Canavalia ensiiformis que se combina especificamente com monossacarídeos α-D-manose ou α-D-glicose. Os agregados formados compreendem parte de moléculas de glicoproteínas na superfície de eritrócitos e linfócitos T. O resultado destas ligações é, respectivamente, aglutinação de eritrócitos e ativação policlonal de linfócitos T. 103 Fig 38. Molécula de IgA secretora. O componente secretor é um dímero. Fig 31. Transcitose da imunoglobulina IgA. Um plasmócito produz moléculas diméricas de IgA associada com uma única cadeia J. Chegando numa barreira epitelial (por exemplo, epitélio intestinal), IgAplasmócito liga-se a uma molécula Fig 39. Transcitose da imunoglobulina IgA. aUm produz moléculas denomoinada Poli-Ig, é endocitada e transcitada. Na exocitose, o dímero IgA diméricas de IgA associada única cadeia Chegando numa barreira fixa a molécula de Poli IgR com comouma componente secretorJ.(SC). epitelial (por exemplo, epitélio intestinal), a IgA liga-se a uma molécula denomoinada Poli-Ig, é endocitada e transcitada. Na exocitose, o dímero IgA fixa a concentrações de imunoglobulinas – a determinação sérica molécula de Poli IgR normais como componente secretor (SC). de imunoglobulinas é de valor diagnóstico nas imunodeficiências humorais. Concentrações das classes individuais de imunoglobulinas e/ou subclasses de IgG podem ser medidas. Os resultados são expressos em gramas por litro (g/L) ou em unidades internacionais (IU), de acordo com a padronização estabelecida. Para uma população européia de meia-idade, os valores médios normais são os seguintes: IgG, 140 IU/mL ou 12,0 g/L; IgA, 125 IU/mL ou 2,3 g/L; IgM, 130 IU/mL ou 1,1 g/L; IgD, 35 IU/mL; IgE, 50 IU/mL. Mulheres, como regra, apresentam valores algo mais elevados que homens. condicionado – relacionado ou que diz respeito a estado de pré-ativação de uma determinada célula. Por exemplo, macrófagos podem estar em estado de repouso (não-ativados), condicionados (pré-ativados) ou ativados. Em cada um destes estados, a célula tem diferentes habilidades para executar determinadas funções. congênico – refere-se a animais criados com finalidade de identidade genética em todas, exceto uma região definida do genoma. 104 17 conglutinina – lecitina presente no soro e na superfície de várias células humanas e de outros mamíferos. Liga-se especificamente aos monossacarídeos N-acetil-glicosamina, L-frutose, L-glicose ou manose. Com base na interação de lecitina com monossacarídeos, pode-se obter agregação celular ou ativação do Complemento pela via da lecitina. convertases – enzimas proteolíticas que surgem na ativação de componentes do Complemento, cujo papel é clivar os componentes C3 e C5 em fragmentos C3a e C3b, e C5b; conseqüentemente, há dois tipos de convertases: convertases de C3 e convertases de C5. Elas diferem de acordo com a maneira como são formadas, se pela via clássica ou alternativa do complemento (Fig. 18). A convertase de C3 da via clássica compreende os fragmentos C4b2a, e a da via alternativa os fragmentos C3bBb. Por sua vez, a convertase de C5 da via clássica contém C4b2a3b, e a da via alternativa os fragmentos C3bBb3b. corticosteróides – hormônios esteróides produzidos no córtex adrenal em resposta a adrenocorticotropina. Há três grupos: glicocorticóides, mineralocorticóides e esteróides gonadais. Glicocorticóides (por exemplo, cortisona) regulam predominantemente o metabolismo de carbohidratos, enquanto que mineralocorticóides (por exemplo, aldosterona) regulam o balanço sódiol/água. COX – ver ciclooxigenases. CR1 – receptor para o componente C3b do Complemento e seus fragmentos. São conhecidos cinco receptores, referidos como C1 até C5. São encontrados principalmente na superfície de fagócitos profissionais e de algumas outras células. CRA (complexo relacionado à AIDS) – grupo de sintomas precedendo as manifestações clínicas da AIDS. crioglobulina – globulina plasmática anormal (IgG ou IgM) que precipita quando o soro é colocado em temperaturas baixas. cromatina – material corável no núcleo em interfase, consistindo de DNA e histona compactados em nucleossomas. 105 cromatografia – método físico-químico de separação analítica ou preparatória de substâncias gasosas ou substâncias em soluções líquidas entre duas fases: estacionária e móvel. De acordo com o princípio de separação e absorção, temos a cromatografia por troca iônica, por gel (em malha molecular), gasosa, por líquido em alta pressão (HPLC) e cromatografia de afinidade, incluindo cromatografia de imunoafinidade. Cromatografia de imunoafinidade pode ser utilizada para detectar a presença ou isolar varios anticorpos em seu estado puro, antígenos e haptenos. CRP – proteína C reativa. Proteína de fase aguda sintetizada por hepatócitos previamente estimulados por IL-1 e IL-6. Sua concentração no soro aumenta de cem a mil vezes durante reações inflamatórias. Pode estar aumentada em estados ateroscleróticos, uma vez que macrófagos ativados na placa ateromatosa sintetizam IL-1 e IL-6. CSF – fatores estimulantes de colônias. CsK – proteína tirosinoquinase. CTL – linfócitos T citotóxicos. D – fator D: serina protease que participa da via alternativa da ativação do complemento. DAF – fator acelerador do “decaimento”. Acelera a dissociação da convertase de C3 da via clássica do Complemento. Regula, assim, o sistema de ativação da via clássica. É uma glicoproteína de membrana presente na superfície de eritrócitos, leucócitos e plaquetas normais. Impede a amplificação da cascata do Complemento na superfície destas células, protegendo-as de injúria por Complemento autólogo. Sua deficiência resulta em hemoglobinúria paroxística noturna. DAG – diacilglicerol. É um segundo mensageiro, isto é, molécula que transmite sinais de receptores de superfície da célula para o seu interior. DAL – deficiência da adesão leucocitária. 106 DCJ – doença de Creutzfeld-Jacob. defensinas – família de peptídeos citotóxicos e de largo espectro antimicrobiano; são moléculas com 29-34 resíduos de aminoácidos e peso molecular de 3.500- 4.000 daltons, encontrados principalmente em neutrófilos e macrófagos de mamíferos. Podem atuar como perforinas. Contêm três pontes intramoleculares de dissulfeto de cisteína e uma ampla estrutura β. A família de defensinas de mamíferos contêm dois subtipos, designados defensinas α e β. Humanos produzem seis diferentes defensinas α e duas defensinas β. Quatro defensinas humanas, referidas como HNP-1 a HNP-4 (HNP = peptídeo do neutrófilo humano) são encontradas nos grânulos azurófilos de neutrófilos. As defensinas α humanas restantes (HD-5 e HD-6) são expressas em células de Paneth do intestino delgado. As defensinas β humanas HBD-1 e HBD-2 são produzidas em vários epitélios. Ao contrário das defensinas α de neutrófilos ou das células de Paneth, defensinas β epiteliais não são armazenadas em grânulos citoplasmáticos; sua concentração local pode ser regulada primariamente por sua taxa de síntese e secreção. Defensinas são capazes de eliminar muitas bactérias e fungos, e de inativar vírus com envelope na superfície através de sua atividade de perforina. Têm atividade citotóxica também nas células do hospedeiro, e participam assim, de processos inflamatórios e na defesa antitumoral. Seus efeitos quimiotáticos em células do hospedeiro foram demonstrados. Até o momento, não foram relatadas deficiências de defensinas, embora sua existência tenha sido proposta. deficiência da adesão leucocitária (DAL) – deficiência caracterizada pela ausência de glicoproteínas de adesão na superfície de neutrófilos e fagócitos mononucleares. Estas adesinas, β2-integrinas, são heterodímeros compostos de duas cadeias polipeptídicas – α (CD11) e β (CD18), e são representadas por moléculas LFA-1 (CD11a/CD18), CR3 (CD11b/CD18) e CR4 CD11c/CD18). Em decorrência disto, os fagócitos são incapazes de migrar de vênulas pós-capilares para sítios inflamatórios. A doença (LAD 1) é autossômica recessiva. Nas formas severas, moléculas de adesão estão totalmente ausentes, o que leva a infecções persistentes com alta mortalidade (crianças afetadas raramente sobrevivem 2 anos). A deficiência moderada é 107 caracterizada por redução do número de LFA-1, CR3 e CR4 para até 6-2,5% dos valores normais, o que gera infecções cutâneas recorrentes. Em uma síndrome similar chamada LDA-2, há deficiência de antígenos de carboidrato (antígenos Lewis) devido a um defeito da fucosil-transferase. A deficiência se caracteriza por um defeito no contato entre selectinas de neutrófilos e células endoteliais, o que leva à ativação defeituosa de β2-integrinas. Em geral, os achados clínicos nesta deficiência são mais leves do que aqueles vistos na LAD1. Ambas as formas da síndrome LAD são associadas com redução da quimiotaxia dos leucócitos. deficiência de 5’-nucleotidase – deficiência da enzima (EC 3.1.3.5) que cataliza a hidrólise de moléculas 5’-terminais de DNA ou RNA. A deficiência gera conseqüências similares à deficiência de adenosina deaminase. A atividade normal de 5’-nucleotidase em linfócitos B maduros excede aquela de linfócitos T maduros em cerca de 4 vezes. Atividades reduzidas da enzima são observadas na hipogamaglobulinemia, agamaglobulinemia ligada ao cromossomo X, e deficiência seletiva de IgA. deficiência de adenosina deaminase (ADA) – herança autossômica recessiva . A ADA catalisa a transformação de adenosina em inosina. É crucial para o metabolismo normal de desoxi-nucleotídeos, componentes da molécula de DNA. Há, conseqüentemente, acúmulo de metabólitos tóxicos das purinas (desoxi-adenosina e dATP, desoxiadenosina trifosfato) em linfócitos B e particularmente nos linfócitos T. O defeito compreende um dos mecanismos moleculares responsáveis pela imunodeficiência severa combinada – IDSC. Alguns pacientes com deficiência de ADA podem ser tratados com repetidas transfusões de eritrócitos normais contendo a enzima, enquanto outros necessitam transplante de medula óssea; terapia gênica mostra boas perspectivas. Quando não tratada, a deficiência de ADA é fatal. A maioria das crianças com esta deficiência não sobrevive dois anos, a menos que submetidas a tratamento. deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) – deficiência que, associada a outros defeitos, pode gerar a doença granulomatosa crônica. A deficiência de G6PD é considerada como entidade isolada 108 somente em casos onde a atividade desta enzima em neutrófilos cai para abaixo de 1% dos valores normais. Leucócitos deficientes não reduzem o nitro-blue-tetrazolium (NBT) e também não formam superóxido e peróxido de hidrogênio. A deficiência de G6PD em neutrófilos é usualmente combinada com sua deficiência em eritrócitos, que por sua vez se manifesta como anemia hemolítica. deficiência de grânulos específicos – afeta neutrófilos e monócitos. Grânulos específicos de leucócitos contêm um manancial de receptores de superfície, moléculas efetoras e moléculas regulatórias envolvidas na fagocitose. A deficiência destes fatores resulta em reduçao de quimiotaxia, da aderência e da atividade antimicrobiana de fagócitos profissionais; o quadro se manifesta como infecções piogênicas severas. deficiência de inibidor de C1 (C1-INH) – manifesta-se como angioedema hereditário. A deficiência é herdada como uma característica autossômica dominante, podendo ser evocada por três diferentes mecanismos: níveis reduzidos de C1-INH (deficiência parcial), molécula não-funcional (mutação do gene correspondente), ou presença de anticorpos anti-C1-INH. A deficiência do inibidor ativa a cascata da via clássica do Complemento, gerando C2 anômalo de intensa ação vasoativa. deficiência de mieloperoxidase (MPO) – doença autossômica recessiva que se manifesta quando a atividade de mieloperoxidase em neutrófilos e monócitos cai para abaixo de 1% dos valores normais. Leucócitos deficientes em mieloperoxidase têm atividade candidicida reduzida, particularmente em pacientes diabéticos. A deficiência de MPO é a enfermidade herdada mais comum relacionada aos neutrófilos. A deficiência completa ocorre em 1 a cada 400 indivíduos, e a parcial em 1 a cada 2.000 indivíduos. deficiência de purina nucleosídeo fosforilase (PNP) – a deficiência desta enzima é associada com inibição da síntese de DNA, em particular em linfócitos T; o defeito ocorre no metabolismo de guanina e hipoxantina. É uma doença autossômica recessiva caracterizada por níveis normais ou elevados de imunoglobulinas e contagens 109 periféricas reduzidas de linfócitos T. Estes respondem fracamente à estimulação com mitógeno. As contagens e atividade de linfócitos B podem ser normais. Pacientes com deficiência de PNP são bastante suscetíveis a infecções por vírus DNA. Transplante de medula óssea se apresenta como opção terapêutica. deficiência de transcobalamina II – deficiência específica da proteína que transporta vitamina B12. A deficiência resulta em hipogamaglobulinemia devido à inabilidade células B se diferenciarem em plasmócitos. A contagem de linfócitos B é usualmente normal. A doença é autossômica recessiva. A resposta humoral é grandemente diminuída, dado o prejuízo na geração de plasmócitos. Além do mais, a função fagocítica pode também estar alterada, particularmente a habilidade de eliminar estafilococos. A maioria dos sintomas pode ser tratada pela ingestão regular de vitamina B12, embora infecções respiratórias possam ocorrer mesmo em pacientes sob tratamento. deficiência de tuftisina – manifesta-se principalmente por atividade quimiotática e fagocítica reduzida de neutrófilos. A tufitsina é um tetrapeptídeo (Thr-Lys-Pro-Arg) considerado como um hormônio local de fagocitose. deficiência seletiva de IgA – é das mais comuns das deficiências seletivas de classes/subclasses de imunoglobulinas. Cerca de 0,2% dos doadores de sangue clinicamente saudáveis cursam com níveis de IgA reduzidos no soro e secreções mucosas. A situação se torna crítica quando os níveis séricos de IgA caem para abaixo de 10 mg/L. Os pacientes passam a apresentar infecções respiratórias e gastrointestinais recorrentes. Além disto, se tornam suscetíveis a fenômenos auto-imunes e reações de hipersensibilidade imediata como alergia alimentar e asma brônquica. A administração endovenosa de preparações de imunoglobulinas contendo IgA não é recomendada como terapêutica de substituição, já que pode desencadear choque anafilático. deficiências combinadas de B e T – manifestam-se por defeitos funcionais de ambas células B e T, resultando em disfunção humoral e 110 celular; por vezes, também a fagocitose se torna alterada. Exemplos típicos incluem: imunodeficiência severa combinada (SCID), ataxia telangietasia e síndrome de Wiskott-Aldrich. deficiências de células T – manifestam-se primordialmente por defeitos na função de linfócitos T; entretanto, podem ocorrer outras disfunções da fisiologia imune devido a anomalias de funções regulatórias atribuídas a subpopulações de linfócitos T. Deficiências típicas desta ordem: síndrome de DiGeorge, síndrome de Nezelof, deficiência da purina nucleosídeo fosforilase, deficiência de CD3. deficiências de Complemento – podem afetar componentes individuais ou glicoproteínas regulatórias do sistema do Complemento (C). A grande maioria das deficiências primárias do Complemento são herdadas de forma autossômica recessiva. A deficiência dos primeiros componentes da via clássica (C1q, C1r, C1s, C4, C2) se manifesta como uma síndrome similar ao lupus eritematoso sistêmico (LES). A deficiência mais severa é a de C3, que deflagra infecções piogênicas recorrentes. As deficiências dos componentes terminais (C5-C9), ou do MAC, se caracteriza por elevada suscetibilidade a infecções pelas Neisseria gonorrhoaea e meningitidis. As deficiências mais severas de proteínas regulatórias do Complemento incluem a do inibidor de C1, que resulta em angioedema hereditário, e a deficiência de DAF, associada à hemoglobinúria paroxística noturna. deficiências de fagocitose – insuficiência funcional de fagócitos profissionais que se manifesta por suscetibilidade aumentada a infecções por patógenos. Infecções por patógenos que dependem de fagocitose para sua eliminação (estafilococos, fungos) são as mais comuns. A deficiência pode ser primária (devido a defeitos genéticos) ou secundária quando adquirida (desnutrição, fatores ambientais, doenças infecciosas, efeitos tóxicos de drogas). Os principais defeitos primários de fagocitose incluem: doença granulomatosa crônica, deficiência da adesão leucocitária (síndrome DAL), síndrome de Job, síndrome de Chédiak-Higashi, deficiência específica de grânulos, deficiência de mieloperoxidase, deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) e deficiência de tuftisina. 111 deficiências de imunoglobulinas – podem ser induzidas por função anormal de linfócitos B ou por defeitos combinados T e B. Manifestam-se por níveis insuficientes de imunoglobulinas (hipogamaglobulinemia), função anormal (gamopatias), hipercatabolismo (velocidade de degradação excessivamente alta de moléculas de imunoglobulinas), perdas de líquidos corporais ou dano linfocitário (por exemplo por drogas ou vírus linfotrópicos). As deficiências humorais são de múltiplos subtipos; em comum, sua patogênese está associada à suscetibilidade a infecções, principalmente bacterianas. Diversas infecções recorrentes que resultam de tais deficiências podem ser resistentes à terapêutica antimicrobiana habitual. As deficiências primárias humorais de maior importância clínica incluem: deficiência de IgA, hipo ou agamaglobulinemia, deficiências de subclasses de IgG, deficiência de transcobalamina II, imunodeficiência severa combinada e ataxia telangiectasia. deficiências seletivas de imunoglobulinas – caracterizam-se por baixos níveis séricos de IgG, IgM ou IgA e/ou subclasses de IgG ou IgA. A deficiência seletiva de IgA é a mais freqüente (um caso por 600 – 800 doadores de sangue), seguida por deficiência de IgM e deficiência combinada de IgA + IgG ou IgA + IgM. Para deficiências de IgG, a administração regular de gamablobulina endovenosa é efetiva. O uso de preparações intravenosas contendo IgA não é recomendada em pacientes com deficiência seletiva de IgA, dado o risco de reações anafiláticas. degradação do antígeno – fragmentação do antígeno em porções menores. Quando ocorre dentro do lisossoma da célula apresentadora de antígeno, a degradação do antígeno dá origem a peptídeos imunogênicos (epitopos). degranulação – liberação do conteúdo de grânulos secretórios ou de lissossomas, seguida de fusão com a membrana e exocitose dos grânulos. O fenômeno de degranulação ocorre principalmente em fagócitos (conteúdo enzimático), e mastócitos (histamina e outros mediadores da anafilaxia). 112 deleção clonal – uma das duas principais hipóteses aplicáveis ao mecanismo de tolerância imunológica. De acordo com esta teoria, clones de células autorreativas são deletados durante a ontogenia para manter a autotolerância; alternativamente, pode haver remoção clones particulares durante o desenvolvimento de tolerância em adultos. O princípio da deleção se fundamenta na morte programada (apoptose) de clones inapropriadamente autorreativos de linfócitos. derivação antigênica – pequena alteração na estrutura de um antígeno viral. Resulta de uma mutação de ponto em um gene que codifica o antígeno correspondente. Como exemplo, derivações antigênicas ocorrem no vírus da influenza aproximadamente a cada dois anos. dermatite atópica – forma cutânea, geralmente eczematosa, de hipersensibilidade do tipo I (mediada por anticorpos IgE e mastócitos). dermatite de contato – forma cutânea de hipersensibilidade celular (tipo IV), ; Macrófagos e linfócitos TH desempenham papel fundamental na patogênese deste processo clínico. O quadro se desenvolve após contato de haptenos de baixo peso molecular com a superfície corporal. Após combinação dos haptenos com proteínas da pele, formam-se antígenos completos capazes de induzir resposta imune celular. Macrófagos ativados após fagocitose de antígenos se tornam capazes de acionar linfócitos TH de perfil 1. Citocinas liberadas por estes linfócitos (principalmente gama-interferon) reestimulam a atividade macrofágica. Como resultado, desenvolve-se eczema no local de contato da pele com os haptenos; estes podem estar presentes em vários metais (níquel de pulseiras, correntes, relógios, etc.), em compostos químicos (formaldeído, corantes, lanilina) ou em algumas drogas. Dermatites de contato podem se manifestar durante anos, com freqüência a vida inteira. A melhor terapêutica consiste em evitar o contato com os haptenos. desdobramento errôneo de proteínas – alteração nas estruturas secundária e terciária de uma proteína, o que resulta em uma proteína com nova conformação. 113 desintegrinas – peptídeos encontrados em venenos de diversas serpentes da família das víboras. Estas moléculas inibem a função de algumas integrinas das classes β1 e β2; foram primeiramente identificadas como inibidores da agregação plaquetária. desnaturação – processo através do qual a estrutura espacial (conformação) de proteínas e ácidos nucléicos se altera. O resultante é, via de regra, a perda da atividade biológica destes compostos. dessensibilização – tratamento de doenças alérgicas através de injeções repetidas de alérgenos em concentrações gradualmente crescentes (imunoterapia com alérgenos). É utilizada na terapia de alergias de tipo imediato. A utilização de alérgenos purificados é mais efetiva do que a mistura de alérgenos. desvio da hexose-monofosfato (HMPS) – via metabólica pela qual a glicose é metabolizada, sob a ação de pentoses (o ciclo é então chamado ciclo das pentoses), em CO2 e H2O. Desta forma, 12 mols de NADPH são produzidos de um mol de glicose. Estes podem ser então utilizados para reações adicionais, tais como combustão respiratória em fagócitos. determinante alotípico – ver alotopo. determinante antigênico –região na superfície da molécula do antígeno responsável por sua especificidade (epitopo). Em outras palavras, é a parte do antígeno hábil para reagir especificamente com o receptor (anticorpo ou receptor de célula T). Determinantes antigênicos podem ser do tipo sequencial ou conformacional. Determinantes sequenciais de antígenos proteicos compreendem uma seqüência específica de três a cinco resíduos de aminoácidos, geralmente reconhecidos pelo receptor da célula T. Antígenos conformacionais, cadeias polipeptídicas arranjadas espacialmente, são habitualmente reconhecidos por idiotipos de anticorpos. DGC – doença granulomatosa crônica. 114 diabetes melito ou mellitus – (DM), doença causada por distúrbio do metabolismo de sacarídeos, gorduras e proteínas. A causa fundamental é a deficiência relativa ou absoluta de insulina e/ou sua ação insuficiente. São reconhecidos quatro tipos básicos da condição – tipos I até IV, bem como diversos subtipos adicionais ligados a algumas doenças e síndromes. O tipo I é insulino-dependente, o tipo II é insulino-independente, o tipo III é secundário a outras doenças, e o tipo IV é o gestacional. Mecanismos imunológicos desempenham um papel significante, particularmente no DM tipo I. A predisposição é imunogeneticamente determinada pela associação com antígenos HLA-DR3, HLA-DR4, HLA-DQ2, e HLA-DQ8 do sistema de histocompatibilidade maior. Em termos etiopatogênicos, os haplótipos mencionados estão provavelmente envolvidos no processo de autoimunidade no contexto de infecção viral. Estas moléculas HLA estão inadequadamente expressos em células β das ilhotas de Langerhans pancreáticas, e se ligam a peptídeos imunogênicos; o complexo HLA-peptídeo é então apresentado para o receptor de célula T de linfócitos auxiliares. O resultante é a produção de anticorpos por linfócitos B ou ativação de linfócitos T citotóxicos auto-agressivos para a célula β. Quando outras moléculas HLA estão expressas nas células β, o processo auto-imune não é desencadeado, já que não há interação efetiva com peptídeos antigênicos nesta circunstância. Esta teoria encontra apoio na experiência clínica, onde o processo auto-imune em estágio precoce pode ser eventualmente interrompido ou atenuado por imunossupressores. Anticorpos são produzidos não apenas contra antígenos de células β, mas também contra insulina e receptores de insulina. Os últimos participam fundamentalmente da patogênese do DM tipo II. diabetes mellitus juvenil – termo sinônimo para diabetes mellitus insulino-dependente (tipo I). diacilglicerol – (DAG); glicerol substituído nos grupos hidroxila 1 e 2 por resíduos de ácidos graxos de cadeia longa. É formado na ativação de fosfatidil-inositol-4-5-bifosfato em linfócitos ou fagócitos. Atua com um segundo mensageiro na transmissão de sinais de ativação do receptor correspondente na superfície celular. O papel do DAG é ativar a quinase da proteína C que fosforila proteínas celulares, que desta forma se tornam ativas. 115 diapedese – passagem de células (granulócitos, linfócitos e monócitos) dos vasos sangüíneos através da parede intacta do vaso sangüíneo para tecidos adjacentes. DIBA – ensaio de imunoligação por pontos. Ver dot-immunobinding assay diferenciação celular – processo através do qual células precursoras (imaturas) se transformam em células maduras, o que representa o estágio final de desenvolvimento de uma dada linhagem celular. Apenas células completamente diferenciadas possuem todas as características biológicas necessárias. disgamaglobulinemia – termo antigo e pouco utilizado para se referir à deficiência seletiva de imunoglobulinas, em outras palavras níveis insuficientes de uma classe ou subclasse de imunoglobulinas (ver deficiências de imunoglobulinas). DNA – ácido desoxirribonucléico; material genético de todas as células e de muitas vírus. Sua molécula é um polímero composto de quatro tipos de nucleotídeos. Cada um deles consiste de 2-desoxirribose fosforilada ligada a uma de quatro bases, adenina, citosina, guanina e timina através do N-glicosídeo. DNA clonado – um gene ou parte de um gene que codifica um produto funcional e é, geralmente, utilizado na forma de cDNA para clonagem de genes de organismos superiores em bactérias. doença celíaca – distúrbio enzimático geneticamente determinado, no qual o organismo é incapaz de clivar gliadina e outras prolaminas (proteínas com alto conteúdo de prolina e glutamina). A gliadina é formada a partir do glúten presente em cereais, no trigo em particular. Uma substância similar, prolamina, está presente no centeio (secalina) ou na cevada (hordeína). Também pode se formar a partir da zeína presente no milho. A gliadina e outras prolaminas são tóxicas e danificam a mucosa intestinal, com desaparecimento das vilosidades e conseqüente disabsorção. Outros mecanismos imunopatológicos estão também envolvidos no dano à mucosa intestinal. An116 ticorpos contra gliadina e contra outros antígenos alimentares são encontrados no soro de pacientes. Imagina-se que estes se formem devido ao aumento da permeabilidade da mucosa intestinal durante o processo inflamatório induzido pela gliadina. Tanto quanto 95% dos pacientes são HLA-DQ2 positivos. O risco de desenvolvimento de doença celíaca é cerca de 60 vezes maior para indivíduos positivos para HLA-DR7/DR3 e HLA-DQ2. doença da célula I – doença humana caracterizada pela deficiência de hidrolases nos lissossomas; entretanto, altas concentrações desta enzima são encontradas em fluidos extracelulares. doença de Addison – Addison´s disease – desenvolve-se como uma conseqüência clínica de insuficiência secretória crônica das glândulas suprarrenais. Hipocorticismo periférico e primário são característicos. O hipocorticismo primário, mais freqüentemente, resulta de adrenalite auto-imune. A doença de Addison é associada, não raramente, com outras doenças auto-imunes como tireoidite de Hashimoto, configurando a síndrome de Schmidt. Diabetes melito, hipogonadismo, hipoparatireoidismo, ou dano auto-imune de algumas funções tróficas da hipófise (PAES – síndrome endócrina auto-imune multiglandular) podem também ser vistos em pacientes com doença de Addison. Tuberculose suprarenal ou outras infecções, linfoma das glândulas suprarrenais ou tratamento prolongado com bloqueadores de síntese de hormônios esteróides são causas menos freqüentes de hipocorticismo primário. Eventos associados à insuficiência aguda das glândulas suprarrenais incluem infarto hemorrágico após choque, condições associadas a sangramento ou hipercoagulação (síndrome antifosfolipídica, por exemplo). Hipocorticismo central (addisonismo pálido) é causado por tumores pineais e hipotalâmicos com crescimento expansivo, ou então por dano auto-imune à glândula pineal. Entretanto, a causa mais freqüente de insuficiência suprarrenal aguda é a descontinuação súbita do uso de glicocorticóides sintéticos; a interrupção causa inibição adicional da secreção endógena de ACTH, podendo levar à hipotensão e distúrbios eletrolíticos. doença de Behçet → vasculite sistêmica que afeta pele, membranas mucosas, olhos e SNC. Importantes achados relacionados à doença 117 incluem ulcerações orais recorrentes observadas pelo menos três vezes/ano e, no mínimo dois dos seguintes critérios: ulcerações genitais recorrentes, manifestações oculares (uveíte posterior, vasculite retiniana) e manifestações cutâneas (eritema nodoso, pseudofoliculite, lesões pápulo-pustulosas e patergia observada pelo médico). doença de cadeia pesada – condição rara do grupo das gamopatias monoclonais. Nesta circunstância, cadeias pesadas incompletas, monoclonais, de imunoglobulinas são encontradas em excesso no sangue e urina. Em termos moleculares, há defeitos do sítio de combinação da cadeia pesada com a cadeia leve (parte C-terminal do domínio VH e a maior parte do domínio CH1). Os defeitos têm sido descritos para as cadeias γ, α e µ. doença de Castleman – doença linfoproliferativa caracterizada por linfadenopatia, hipergamaglobulinemia, níveis elevados de proteínas de fase aguda e contagem elevada de plaquetas. Sua causa básica é, provavelmente, produção excessiva de IL-6. doença de Creutzfeld-Jacob (DCJ) – doença do grupo das prionoses. No passado, presumia-se, erroneamente, que fosse causada por vírus não-convencionais (“lentas”). Atualmente, são conhecidas três formas da doença: hereditária, espontânea (esporádica) e uma nova variante de DCJ. A forma hereditária é transmitida de pais para filhos, e representa cerca de 15 % de todos os casos de DCJ. Deve-se à mutação de ponto no gene da proteína príon. A forma esporádica de DCJ ocorre em indivíduos entre 55-70 anos de idade, mostra progressão rápida, e seus sinais clínicos típicos incluem demência e mioclonia (espasmos musculares de curta duração). A nova variante de DCJ é provavelmente causada pelo mesmo príon que provoca a encefalopatia espongiforme bovina (EEB), epidêmica no Reino Unido. Afeta populações mais jovens (18-38 anos) e é usualmente fatal em um ano. Surgiu devido a quebra de barreira inter-espécies, mais provavelmente pelo consumo de produtos obtidos de bovinos infectados. Entre 1996-2000, mais de uma centena de pessoas obituaram no Reino Unido devido a esta variante de DCJ. 118 doença de Crohn (DC) – doença inflamatória crônica que afeta a totalidade do trato gastrointestinal. Perfaz, juntamente a colite ulcerativa, o grupo das doenças inflamatórias intestinais. A etiologia destas doenças permanece indefinida. O infiltrado inflamatório na DC é granulomatoso, e atinge todas as camadas da parede intestinal. Ele contém neutrófilos, macrófagos, linfócitos T (principalmente TH1) e linfócitos B produtores de IgM. Recidivas segmentares das lesões são típicas, e ocorrem em várias partes do intestino; atingem, mais freqüentemente, entretanto, o íleo terminal. Na DC, os sintomas variam dependendo do local e da severidade da inflamação. Sintomas comuns incluem diarréia, dor abdominal, febre e perda de peso. Há várias hipóteses para a patogênese da DC. De acordo com a teoria imunológica, a inflamação se deve à superprodução local de citocinas (IL-1, IL-6, IL-8, TNF) e outros mediadores danosos ativados por antígenos e produtos de bactérias intestinais. Em termos laboratoriais, anticorpos contra o fungo Saccharomyces cerevisiae podem se constituir em marcadores de DC. doença de Graves – forma de hipertireoidismo (aumento da atividade da glândula tireóide), também chamada de doença de Graves-Basedow. É uma doença auto-imune caracterizada pela presença de autoanticorpos IgG estimulatórios. No caso, os auto-anticorpos estimulam os receptores do TSH nos tireócitos. Ao se combinarem com receptores do TSH, os anticorpos causam ativação celular de forma semelhante ao TSH. Por serem da classe IgG, atravessam a placenta, podendo evocar hipertireoidismo temporário no recém-nascido. A ocorrência de auto-anticorpos estimulatórios na doença de Graves constitui exemplo de reação de hipersensibilidade do tipo 5 (autoanticorpos estimulatórios). doença de Hodgkin – linfoma humano que se origina aparentemente em um linfonodo particular, disseminado-se a seguir para o baço, fígado e medula óssea. O achado histológico de células de ReedSternberg é característico. Em pacientes não-tratados, o defeito da imunidade celular se manifesta pela anergia a antígenos cutâneos comuns, decréscimo na contagem de linfócitos CD4+ e aumento na contagem de linfócitos CD8+. A resposta humoral contra antígenos solúveis usualmente não está alterada. A morte resulta fre119 qüentemente de inabilidade imunológica generalizada para com infecções. doença de Kawasaki – doença do grupo das vasculites sistêmicas. É considerada como um subtipo de poliarterite nodosa infantil. Caracteriza-se por curso febril, linfadenopatia não-supurativa, mucosite e lesões cutâneas. Afeta particularmente crianças abaixo dos 5 anos de idade. Embora ocorra com grande freqüência no Japão, a doença tem sido descrita de forma universal. O prognóstico é geralmente bom, mas cerca de 2% dos pacientes evoluem mal devido à vasculite coronária ou aneurismas coronários múltiplos. Admite-se que a doença se inicie após exposição viral; diversas anormalidades imunológicas advêm, principalmente hiperprodução de IL-1 e TNF. Anticorpos anti-células endoteliais (AECA) e anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos (ANCA, geralmente de padrão perinuclear) podem ser detectados. É possível que estes auto-anticorpos estejam envolvidos na gênese do dano vascular observado na doença. doença de Lyme – infecção crônica causada pela espiroqueta Borrelia burgdorferi, que escapa da eliminação pelo sistema imune. A doença foi assim denominada em uma referência à cidade de Old Lyme (Estados Unidos da América), onde foi observada pela primeira vez como uma epidemia de artrite reumatóide juvenil. É a zoonose mais freqüente nos Estados Unidos e em muitos outros países. Seus vetores de transmissão são os carrapatos. Muitos dos sintomas clínicos da doença de Lyme são imunomediados (por exemplo, envolvimento articular e quadro neurológico). doença de Niemann-Pick – severa doença lisossômica causada por deficiência de esfingomielinase. Um excesso de esfingomielina é armazenada em células espumosas (macrófagos) no baço, medula óssea e tecido linfóide. doença de Tay-Sachs – doença lisossômica, do grupo das lipidoses. Há, nesta circunstância, deficiência de hexosaminidase A, uma enzima que degrada o gangliosídeo GM2. É uma doença autossômica recessiva letal; células ganglionares cerebrais são particularmente afetadas. 120 doença do soro – modelo clássico de hipersensibilidade tipo III, por imunocomplexos. Caracteriza-se por reação sistêmica à exposição antigênica em largas doses. A administração repetida de soro heterólogo (por exemplo antitetânico, anti-raiva, albumina heteróloga) em animais deflagra tipicamente os eventos cutâneo-articulares e renais da doença. Estes se materializam devido a ação de complexos imunes circulantes, que se depositam na pequena circulação destes tecidos-chaves. Na raça humana, a doença pode ser manifestar após exposição a alguns fármacos ou soros heterólogos. doença granulomatosa crônica – DGC – defeito herdado severo ligado a NADPH oxidase, a enzima da explosão respiratória de fagócitos profissionais. O resultado é a geração insuficiente de superóxido e, conseqüentemente, peróxido de hidrogênio necessários para eliminar microorganismos fagocitados. Neutrófilos e monócitos de crianças afetadas são incapazes de eliminar microrganismos catalase-positivos como estafilococos, enterococos, pseudomonas e fungos. A DGC se manifesta na forma de infecções recorrentes e severas. Morte prematura pode ocorrer. A NADPH oxidase é uma enzima com vários componentes, alguns dos quais localizados na membrana plasmática, outros no citoplasma de fagócitos. A membrana citoplasmática contêm duas subunidades de citocromo b558–p21phox e gp91phox (o indicador phox significa o nome abreviado de phagocyte oxidase, p é proteína, gp é glicoproteína). O gene para gp91phox está localizado no cromossomo X. Gene ausente ou afuncional provoca a forma mais severa de DGC. Meninos com este defeito geralmente não sobrevivem além da primeira década de vida. Uma forma similarmente severa de DGC é associada à codificação defeituosa do gene p21phox, localizado no cromosomo 16; sua herança autossômica recessiva. Defeitos em genes codificando constituintes citosólicos de NADPH oxidase (p67phox, p47phox, e p40phox) seguem o mesmo padrão de herança. As manifestações clínicas associadas são mais suaves, e na maioria dos casos podem ser evitadas pela administração preventiva de interferon-γ recombinante. A maioria dos casos é diagnosticada precocemente na infância (prevalência é 1:200.000), mas alguns permanecem sem diagnóstico até a vida adulta. Aproximadamente dois terços dos pacientes são afetados através de um defeito no gene codificando a gp91phox , sendo o defeito no gene p22phox responsável 121 por apenas 5 % dos casos de DGC. A deficiência das proteínas citosólicas p47phox e p67phox é responsável por 20 % e 5 % dos casos de DGC, respectivamente. doença hemolítica do recém-nascido – anemia hemolítica do feto ou recém-nascido induzida pela transmissão placentária de anticorpos maternos IgG anti RhD+. A doença resulta de incompatibilidade de antígenos de grupos sangüíneoos mãe-feto (na maioria dos casos isto diz respeito aos antígenos do sistema Rh). O feto com antígenos RhD+ nos eritrócitos (herdados do pai) estimula a mãe RhD- a produzir anticorpos anti-RhD+ (classe IgG); estes, geralmente atravessam a placenta e lisam eritrócitos fetais na gestação subseqüente. A situação se torna recorrente e mais severa em gestações repetidas. Após a terceira gestação, a quantidade de anticorpos anti-RhD é tão considerável que eles podem causar anemia hemolítica fatal. A anemia é compensada pela liberação de eritrócitos imaturos ou eritroblastos da medula óssea fetal. Bilirrubina indireta é sintetizada a partir da hemoglobina dos eritrócitos destruídos, sendo liberada pelo feto, no útero e na circulação materna. Após o nascimento, no entanto, a bilirrubuna se acumula na circulação do recém-nato. Altas concentrações podem resultar na deposição de bilirrubina nos gânglios basais do cérebro, causando kernicterus. Clinicamente, este se manifesta por hipotonia, opistótono, espasmos, apnéia e eventualmente morte do recém-nato. Aqueles que sobrevivem podem apresentar coréia, retardo mental, e/ou perda da audição. Transfusão sangüínea de substiuição é utilizada como medida terapêutica. Após a primeira gestação, eritrócitos RhD+ fetais que atingem a circulação materna podem ser profilaticamente eliminados da circulação materna pela administração de anticorpos anti-RhD. Os anticorpos exógenos se ligam a eritrócitos que serão posteriormente removidos por macrófagos. doença mista do tecido conjuntivo (MCTD) – síndrome do tecido conjuntivo caracterizada por achados concomitantes de lupus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica e polimiosite. Fenômeno de Raynaud, edema de mãos, poliartrite, serosite e leucopenia não são infrequentes. A MCTC se caracteriza pela presença de altos títulos de anticorpos contra ribonucleoproteínas sensíveis a ribonuclease (anticorpos anti-U1-RNP) no soro dos pacientes. 122 doenças alérgicas – processos clínicos que resultam de reações de hipersensibilidade, geralmente a de tipo I ou imediata. Em um contexto mais amplo, algumas outras doenças de hipersensibilidade são também incluídas nesta categoria. Tais respostas imunopatológicas resultam em inflamação ou dano aos tecidos ou órgãos-alvos. doenças auto-imunes – afecções que se desenvolvem como resultado da ação autorreativa de auto-anticorpos ou de linfócitos T. Como conseqüência, dano tecidual em órgãos-chaves pode ser observado. A presença de auto-anticorpos em determinados indivíduos não é necessariamente imunopatológica. Para que a doença de autoimunidade se consuma, a produção regular de auto-anticorpos específicos é fator de importância. Conceitualmente, o antígeno que induz a produção de determinado auto-anticorpo deve ter capacidade de deflagrar achados clínicos em modelos animais. Além disso, a doença experimental deve ser transmitida a animais não-imunizados através da infusão de soro ou linfócitos (critério de Witebsky). Fatores genéticos e ambientais são de crucial importância no deflagramento de fenômenos auto-imunes. Doenças auto-imunes podem afetar diversos órgãos (sistêmicas) ou apenas um único órgão ou tecido (órgão-específica). Doenças auto-imunes sistêmicas incluem, por exemplo: lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, síndrome de Sjögren, esclerose sistêmica. Doenças auto-imunes órgão-específicas podem danificar: • o sistema endócrino – doença de Addison, doença de Graves, doença de Hashimoto, diabetes melito juvenil; • o sistema hematopoiético – anemia hemolítica auto-imune, neutropenia auto-imune; • o trato gastrointestinal – colite ulcerativa, doença de Crohn, hepatite crônica ativa, cirrose biliar primária; • o sistema neuromuscular – miastenia gravis, esclerose múltipla; • a pele – pênfigo vulgar; • o sistema cardiovascular – febre reumática; • o sistema renal – nefropatia por IgA, nefropatia membranosa idiopática. doenças conformacionais de proteínas – enfermidades associadas à formação de proteínas patológicas, que se originam por desdo123 bramento errôneo da molécula protéica. Estas doenças incluem as prionoses, bem como um grupo de mais de 15 enfermidades associadas à deposição de amilóide em diversos órgãos (doença de Alzheimer, de Parkinson e de Huntington). As alterações conformacionais da proteína levam à formação de proteínas anormais ricas em estrutura de folhas β, com alta tendência à agregação e resistentes à proteólise. doenças infecciosas – doenças causadas por microrganismos em multiplicação. Incluem vírus, doenças bacterianas e fúngicas, doenças por protozoários e por parasitas multicelulares. Ocorrem quando a velocidade de replicação do respectivo agente excede àaquela de neutralização pelo sistema imune.. Em indivíduos imunocomprometidos, as doenças infecciosas podem ser causadas não apenas por microorganismos patogênicos, mas também por micróbios comensais (infecções ditas oportunísticas). doenças lisossomiais – também conhecidas como doenças de armazenamento, nas quais a deficiência de uma enzima lisossômica particular leva a acúmulo da substância não digerida por aquela enzima, dentro das células. Elas não são imediatamente fatais, mas aparecem após alguns eventos neurológicos e esqueléticos. domínios de imunoglobulinas – segmentos de cadeias polipeptídicas leves ou pesadas nas moléculas de imunoglobulinas; têm estrutura tridimensional similar (arranjo espacial da cadeia de aminoácidos) entre elas. Cada domínio é composto de cerca de 110 resíduos de aminoácidos e é estabilizado por uma ligação dissulfídica intracadeia (Fig. 32). Os domínios individuais contêm sítios responsáveis por várias atividades biológicas das moléculas de imunoglobulinas. Todas as proteínas da superfamília das imunoglobulinas têm composição de domínio típica. dot-immunobinding assay (DIBA) – método imunoquímico desenvolvido como uma modificação da técnica de imunoblotting. O método utiliza membranas de nitrocelulose para determinar, a partir de manchas e usando anticorpos específicos, a quantidade de antígeno presente (de acordo com a intensidade da coloração da mancha). 124 Fig 32. Domínio das Moléculas de Imunoglobulinas e suas Funções. Um anticorpo é composto por um domínio variável (V) e um domínio Fig 13. constante(C), Domínio dasque Moléculas de Imunoglobulinas e suas(H) Funções. Um anticorpo são constituídos por cadeias pesadas e cadeias leves (L). A cadeia pesada e a cadeia leve formam juntas o sítio de ligação é composto por um domínio variável (V) e um domínio constante(C), do que são antígeno (BS) para o reconhecimento de um antígeno específico. Por isso o constituídos porvariável cadeias e cadeias leves (L). da A dobradiça cadeia pesada e a domínio tempesadas função de(H) reconhecimento. A região (H) ,dependendo isotipo do ou menos O fragmento cadeia éleve formamdo juntas o anticorpo, sítio demais ligação do flexível. antígeno (BS) para o constante liga-se, dependendo do seu isotipo, a diferentes receptores Fc das reconhecimento de um para antígeno específico. Por issoGlcN o domínio variável tem células, e é essencial a função efetora do anticorpo. – sítio de ligação parareconhecimento. oligossacarídeos A região da dobradiça (H) é ,dependendo do isotipo do função de anticorpo, mais ou menos flexível. O fragmento constante liga-se, dependendo do seu isotipo, a diferentes receptores Fc das células, e é essencial para a função drogas alquilantes fármacos utilizados tratamento citostático. efetora do anticorpo. GlcN –– sítio de ligação para para oligossacarídeos Atuam como agentes que alquilam o DNA, bloqueando a divisão celular (por exemplo, ciclofosfamida). Algumas delas são ocasionalmente usadas como drogas imunossupressoras. EAE – encefalomielite alérgica experimental. ECA – anticorpos anti-célula endotelial, anticorpos contra células endoteliais. ECE – enzima conversora de ET-1 (ver endotelinas). ECF – fator quimiotático para eosinófilos. É liberado de mastócitos em reações do tipo hipersensibilidade imediata. Regula a migração de eosinófilos de vasos sangüíneos intactos para focos inflamatórios. 125 14 ECM – matriz extracelular. ECP – proteína catiônica de eosinófilos. Juntamente com a proteína básica maior (MBP), compõe os principais produtos do núcleo cristalino dos grânulos grandes de eosinófilos. É citotóxica para alguns parasitas (por exemplo, Schistosoma. mansoni), eliminando-os por mecanismo semelhante aos das perforinas. edema angioneurótico – ver angioedema hereditário. EDRF – fator relaxante derivado do endotélio. Vasodilatador essencial, responsável pelo controle da pressão e do fluxo sangüíneos. Atualmente, parece claro que o EDRF é, na realidade, óxido nítrico. EEB – ver encefalopatia bovina espongiforme. EET → ver encefalopatia espongiforme transmissível. EFIS – Federação Européia das Sociedades de Imunologia. EGF – fator de crescimento da epiderme. EIA – ver imunoensaio enzimático. eicosanóides – metabólitos do ácido araquidônico. São também chamados prostanóides, e incluem leucotrienos, lipoxinas, prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanes. Provocam efeitos variados, incluindo vasodilatação ou vasoconstrição, atividade broncodilatora ou vasoconstritora, e regulam a reação inflamatória. ELAM-1 – “endothelial leucocyte adhesion molecule”. Termo obsoleto para se referir à selectina tipo E (ver selectinas), molécula de adesão expressa na superfície de células endoteliais. elastase – proteína neutra (EC 3.4.21.37) presente principalmente em grânulos azurófilos de neutrófilos. Tem atividade antimicrobiana, e é capaz de potencializar a ação citotóxica do sistema da mieloperoxidase. Está também envolvida em reações fisiopatógicas, em particular na inflamação induzida por leucócitos. A elastase é capaz de 126 desintegrar elastina (efeito relevante na patogênese do enfisema), e levar à lise de células endoteliais. Deficiência de elastase tem sido relatada como um dos achados da síndrome de Chédiak-Higashi. elastina – glicoproteína de estrutura enovelada e intercruzada aleatoriamente para formar fibras elásticas; é encontrada no tecido conjuntivo. eletrodos de anticorpos – tipo de eletrodos de imunoafinidade. São compostos de uma fina camada de polímeros hidrofóbicos (tais como cloreto de polivinil), com anticorpo imobilizado recobrindo um condutor de metal. Na imersão deste eletrodo numa solução contendo o antígeno ou hapteno correspondentes, a carga na superfície do eletrodo, sendo dependente da carga do anticorpo imobilizado, se altera. Quando combinado com um eletrodo de referência, o eletrodo de anticorpos pode ser usado para medir constantemente as concentrações do antígeno ou hapteno. Se é imobilizado o antígeno na superfície do eletrodo, em vez do anticorpo, obtém-se um eletrodo de antígeno, que pode ser usado de forma análoga ao anterior, para medir concentrações de anticorpo. eletroforese – método analítico de separação de moléculas como proteínas e ácidos nucleicos. Utiliza diferenças no tamanho/carga e, portanto, na velocidade de movimento de partículas em solução condutora sob influência direta de corrente elétrica. É executada em sistema onde haja dois eletrodos em solução livre, em um recipiente especial (cubeta) – eletroforese livre, ou em um suporte úmido com solução condutora. O suporte pode ser papel-filtro (eletroforese em papel), géis como agarose (eletroforese em agarose), poliacrilamida (eletroforese em poliacrilamida), etc. Moléculas diferentes têm cargas diferentes e se movem, portanto, para diferentes locais, onde surgem zonas visíveis no término da eletroforese. O uso de corantes permite a leitura da reação final. O método possibilita a separação de proteínas de certa mistura, ou o isolamento de moléculas em condições de pureza. eletroforese zonal – método laboratorial efetuado utilizando-se diversos carreadores (papel, aceticelulose, etc.). É empregada para sepa127 rar proteínas e outras substâncias através do tamanho e carga de suas moléculas. Após separação, as moléculas formam zonas típicas. eletroimunodifusão – termo antigo e pouco utilizado para se referir a eletroforese tipo foguete ou contracorrente (ver imunoeletroforese). ELISA – ensaio imunoabsorvente ligado à enzima, ou ensaio imunoenzimático (EIE). Método analítico que pode determinar quantitativamente níveis muito pequenos de antígenos, haptenos ou anticorpos presentes em misturas complexas. Um dos reagentes (anticorpo ou antígeno) é imobilizado pela ligação a um suporte sólido (usualmente a parede de uma placa de microfiltração ou pérolas de poliestireno). À adição do soro do paciente (contendo o antígeno ou o anticorpo em questão) segue-se a adição de anticorpos (IgG, IgM, IgA) marcados com enzima (peroxidase, ou fosfatase alcalina). Após a reação, as quantidades de imunocomplexos formadas são determinadas pela adição de substrato que reage com a enzima presente, produzindo uma reação de cor. ELISPOT – imuno-ponto ligado à enzima. Método imunoquímico que utiliza o princípio da ELISA. Pequenos pontos na membrana de nitrocelulose (sobre os quais células foram incubadas) são utilizados para detectar e determinar quantitativamente produtos de secreção de células, tais como anticorpos, enzimas, citocinas, etc. encefalomielite auto-imune experimental – doença neurológica experimentalmente induzida em murinos após imunização com proteína mielínica básica ou peptídeos encefalitogênicos de porcos da guiné. É, provavelmente, o modelo animal mais próximo da esclerose múltipla humana. encefalopatia espongiforme – doença neurológica caracterizada por longo período de incubação; o curso é geralmente fatal devido à degeneração espongiforme da substância cinzenta no córtex cerebral. Na raça humana, estão incluídos neste tipo de encefalopatia a doença de Creutzfeldt-Jacob e sua nova variante, a síndrome de GerstmannStraussler e a insônia familiar fatal. Em animais, a síndrome inclui a encefalopatia espongiforme bovina (EEB), scrapie de carneiros e 128 cabras e outras. No passado, acreditava-se que estas afecções eram causadas por vírus lentos; atualmente, sabe-se que os agentes causadores são príons (as menores partículas infecciosas conhecidas). encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – doença da “vaca louca”. Afecção neurodegenerativa fatal. Prionose transmitida a vacas alimentadas com restos de ovelhas infectadas com o príon scrapie. Uma epidemia de EEB surgiu em 1986 na Grã-Bretanha. Presentemente, a EEB está também difundida em vários países europeus, incluindo França, Espanha, Portugal, Alemanha, Repúblicas Tcheca e Eslovaca, bem como no Japão. Acredita-se que houve quebra de barreira entre as espécies ovina e bovina, na qual o príon de scrapie ovino se transformou em príon da EEB. Há também um volumoso corpo de evidências de que uma nova variante da doença de Creutzfeldt-Jacob seja causada pelo mesmo agente priônico responsável pela EEB em bovinos. Isto significa que houve nova quebra de barreira interespécies, neste caso entre bovinos e humanos. encefalopatia espongiforme transmissível (EET) – enfermidade degenerativa progressiva do sistema nervoso central. Protótipo das prionoses, grupo de entidades que inclui scrapie ovino, EEB, doença de Creutzfeldt-Jacob e outras. endocitose – “engolfamento” de partículas ou moléculas externas para o interior das células. Estão neste contexto a fagocitose e a pinocitose. A endocitose é consideravelmente facilitada quando executada via receptores de superfície celular. endotelinas – grupo de três moléculas (endotelina-1–ET-1, ET-2, e ET3) vasoativas de natureza peptídica. São formadas por um peptídeo contendo 21 resíduos de aminoácidos, incluindo 2 pontes dissulfeto dentro da cadeia. A ET-1 é quase que exclusivamente produzida no endotélio vascular, na forma de um precursor maior (ET-1 “grande”); compreende 38 resíduos de aminoácidos. O precursor se torna biologicamente ativo após ser clivado proteoliticamente pela enzima conversora de ET-1 (ECE). Quando comparadas a ET-1, a ET-2 e a ET-3 são produzidas em concentração substancialmente menor. Endotelinas atuam via receptores específicos (ETA e ETB). Em pequenas 129 concentrações, a ET-1 evoca vasodilatação; em concentrações mais elevadas, induz vasoconstrição permanente. Além de vasoconstrição, causa proliferação de células da musculatura lisa vascular e de células endoteliais. Deflagra, assim, angiogênese e remodelamento dos vasos sangüíneos. A ET-1 exibe também atividades quimiotáticas para neutrófilos e monócitos. Elevada produção de ET-1 tem sido observada em várias doenças associadas à vasoconstrição, no pós-infarto do miocárdio, e em casos de hipertensão, diabetes melito e insuficiência renal. Recentemente, uma nova endotelina de 31 aminoácidos, gerada pela clivagem da ET “grande” pela quinase humana, foi descrita; a mesma é dotada de ação constritora na musculatura lisa. endotoxinas – lipopolissacarídeos (LPS), componentes do envelope celular externo de bactérias Gram-negativas. São fatores importantes na virulência destas bactérias. Ao penetrarem no organismo, evocam efeiitos tóxicos e pirogênicos que afetam a imunidade natural. Podem ativar os sistemas do Complemento (via alternativa), da coagulação e da fibrinólise. São potentes indutores da síntese de TNF e IL-1 por macrófagos. Induzem a produção de anticorpos específicos, e têm atividade mitogênica em linfócitos B. Estes efeitos são de crucial importância na resposta do hospedeiro às infecções por bactérias Gram-negativas. Entretanto, podem também levar a respostas imunopatológicas, que variam de febre/calafrios até septicemia e falência múltipla de órgãos. O chamado choque endotóxico é mediado fundamentalmente pela ação do TNF, que acaba por estimular células endoteliais na síntese de adesinas e moléculas vasoativas. engenharia genética – termo geral que engloba o uso de várias técnicas experimentais na produção de moléculas de DNA contendo novos genes ou combinações de genes; geralmente utiliza a inserção de genes em células de hospedeiros onde clonagem genética possa ser obtida. enhancement – mecanismo que amplia a sobrevivência de células tumorais transplantadas em animais pré-imunizados com antígenos derivados das mesmas células tumorais. A razão fundamental é a produção de anticorpos contra epitopos antigênicos das células tumorais; desta forma, estes epitopos não podem ser reconhecidos por 130 células T citotóxicas ou células NK. Imagina-se que mecanismo similar opere na sobrevivência de longo prazo de órgãos alogênicos transplantados. ensaio imunoenzimático (EIE) – ver ELISA. ensaio imunorradioisotópico – método imunoquímico usado para determinar concentrações pequenas de antígenos/haptenos, com uma parte destes sendo marcada com isótopo radioativo. A técnica é então denominada radioimunoensaio (RIA). ensaio imunorradiométrico (IRMA) – método imunoquímico similar ao radioimunoensaio (RIA), a diferença entre os dois sendo o uso de anticorpo marcado com radionuclídeo no IRMA e o de antígeno marcado com radionuclídeo no RIA. enterotoxina – toxina termoestável produzida por bactérias. Associa-se à presença de sintomas de gastroenterite (vômitos, diarréia). enzima conversora da IL-1 (ICE) – cisteína protease citoplasmática, responsável única pela clivagem de pro-IL-1β em IL-1β madura. É membro da família das caspases. enzimas de restrição – Enzima que reconhece uma seqüência específica de bases em uma molécula de DNA e cliva a molécula naquela seqüência ou próximo dela. A seqüência de reconhecimento é chamada de sítio de restrição. Diferentes enzimas de restrição reconhecem e clivam diferentes sítios de restrição. Também são chamadas de endonucleases de restrição. enzimas lisossomais – enzimas presentes nos lisossomas, organelas citoplásmicas. A maioria delas tem pH ótimo para sua atividade dentro da faixa ácida; são capazes de desintegrar proteínas, polissacarídeos, polinucleotídeos e lipídios complexos em unidades básicas. Além destas hidrolases ácidas, leucócitos contêm também enzimas microbicidas e citotóxicas, proteinases que atuam em pH neutro, e/ou enzimas que regulam funções específicas. Entre estas funções reguladas por enzimas, destacam-se quimiotaxia e a produção de ra131 dicais óxidos; estes, por sua vez, são bactericidas mas também estão envolvidos com dano a tecidos próprios. enzimoterapia sistêmica (SET) – método terapêutico que usa preparações de enzimas combinadas (tais como Wobenzym), administradas mais freqüentemente de forma oral. Todas as preparações consistem de comprimidos cobertos por um filme ácido-resistente que protege seu conteúdo contra a ação do fluido gástrico. Os comprimidos se dissolvem apenas no intestino, onde eles são parcialmente absorvidos e podem agir sistemicamente. As enzimas presentes em preparações SET são hidrolases, e seus principais representantes são enzimas proteolíticas de origem animal ou de plantas. Otimizam a fagocitose e as reações inflamatórias (ação de imunonormalização). A SET é usada em cirurgia e medicina do esporte (tratamento de traumas), em doenças vasculares e no tratamento de linfedema, além de inflamações e processos imunopatológicos. É também utilizada como parte da terapia oncológica de largo espectro. A SET difere de enzimoterapia tópica, esta aplicada no tratamento de distúrbios digestivos e trombose de vasos coronários. eosinófilo – célula sangüínea pertencente ao grupo dos granulócitos, pela sua linhagem, e aos fagócitos profissionais, pela sua função. Contêm três tipos de grânulos (lisossomas) em seu citoplasma: específicos, primários e pequenos (Fig. 33). Grânulos específicos são característicos de eosinófilos. São grandes e elipsóides na forma, e apresentam núcleo eletron-denso. Contêm a proteína básica maior (MBP), a proteína catiônica eosinofílica (ECP), a neurotoxina e a peroxidase eosinofílica (EPO). Os grânulos primários são menores, e contêm várias enzimas hidrolíticas e proteínas específicas que se cristalizam para produzir cristais de Charcot-Leyden; estes são freqüentemente encontrados no escarro, fezes e tecidos de indivíduos com doenças caracterizadas por hipereosinofilia. Pequenos grânulos contêm principalmente arilsulfatase (que inativa leucotrienos) e histaminase. eotaxina – membro da subfamília das quimiocinas (CC). É um fator quimiotático particularmente potente para eosinófilos. É expressa principalmente no pulmão de pacientes com asma brônquica, bem 132 Fig 33. Um eosinófilo humano visto através de microscópio eletrônico. como em outros tecidos onde eosinófilos se acumulam. Seu receptor CCR3 é encontrado em eosinófilos, bem como em basófilos e linfócios TH2. A eotaxina pode liberar, via este receptor, mediadores de eosinófilos e basófilos que evocam contrações da músculo liso, aumento da permeabilidade vascular e a hiperreatividade das vias aéreas. Através de seu efeito em linfócitos TH2, contribui para a produção de citocinas (IL-4, IL-5) que ativam plasmócitos produtores de IgE. Estes eventos sugerem um envolvimento significante de eotaxina na patogênese da asma brônquica e de outras doenças alérgicas. epitopo – a foma mais simples de determinante antigênico presente em moléculas complexas de antígenos; é capaz de reagir com anticorpo ou com o sítio de ligação do receptor da célula T. EPO – peroxidase eosinofílica, enzima com características semelhantes àquelas da mieloperoxidase. equivalente da bursa de Fabricius – órgão hipotético que cumpre a função da Bursa de Fabricius dos pássaros no corpo de outros vertebrados. Em humanos e outros mamíferos, esta função é realizada 133 por um compartimento específico (não caracterizado até o momento, entretanto) na medula óssea, que atua como um órgão linfóide primário para o desenvolvimento e maturação de linfócitos B. eritrócitos – células vermelhas (de série eritróide) do sangue, anucleadas (em humanos e outros mamíferos), especializadas no transporte de oxigênio e com altas concentrações de hemoglobina. Eritrócitos têm forma discóide, com um diâmetro de 5,7-8,7 µm. A contagem normal de células vermelhas em homens é 4,5-5,9x109/L e em mulheres é 4,1-5,1x109/L. Os eritrócitos participam de forma fundamental no metabolismo de ferro. Eritrócitos de pássaros, peixe, anfíbios, e répteis são nucleados e elipsóides. eritropoetina – glicoproteína sintetizada nos rins. Regula a maturação dos precursores eritróides em eritrócitos maduros. esclerose sistêmica (SSc) – entidade clínica previamente referida como escleroderma difuso ou esclerose sistêmica progressiva. É uma doença crônica difusa que afeta a pele, o sistema locomotor e os órgãos internos. É caracterizada por alterações predominantemente fibróticas do tecido conjuntivo e dos vasos. Há produção excessiva de colágeno atípico, alterações na microvasculatura e hiperatividade humoral e celular. A doença é 4 vezes mais comum no sexo feminino. Mais freqüentemente, se inicia entre 45 a 56 anos de idade. Anualmente, há 5 a 10 novos casos por milhão. Rigidez (esclerose) da pele, fenômeno de Raynaud, e acometimento dos tratos gastro-intestinal e cardiorrespiratório são típicos da doença. esplenopentina – pentapeptídeo imunoestimulatório que estruturalmente apresenta a seqüência de aminoácidos 32-36 do hormônio esplênico esplenina: Arg-Lys-Glu-Val-Tyr. Esta seqüência é similar àquela de timopoetina, com uma substituição de Glu por Asp. A esplenopentina estimula a diferenciação de precursores de células T. espondilite anquilosante – também chamada doença de Bechterew. É uma doença inflamatória sistêmica que afeta predominantemente o esqueleto axial, incluindo articulações sacroilíaca e apofisárias. Fibrose e calcificação dos ligamentos axiais são típicos. Na grande 134 maioria dos casos afeta o sexo masculino, usualmente em idade precoce. A predisposição genética é ligada à presença de HLA-B27, haplótipo de classe I presente em 96% dos pacientes. A prevalência deste haplótipo na população geral européia é de cerca de 8%. Considera-se que a resposta imune dirigida contra alguns agentes infecciosos esteja envolvida na patogênese da doença. De interesse, antígenos da Klebsiella pneumonie apresentam similiaridade estrutural com seqüências da molécula do HLA B27; respostas cruzadas de anticorpo podem ocorrer nesta circunstância. estreptavidina – proteína produzida pelo Estreptomiceto Streptomyces avidanii. É capaz de formar complexos de alta afinidade com a biotina (de forma similar à avidina); a última é utilizada em vários métodos imunoquímicos para aumentar a sensibilidade da determinação de antígenos utilizando-se anticorpos combinados com biotina (técnica “sanduíche”). estreptolisina O – citolisina de origem bacteriana sintetizada por estreptococos β–hemolíticos do grupo A. Funciona como perforina, uma vez que, após se ligar à superfície da célula alvo, se polimeriza para produzir tubos espirais que perfuram orifícios no citoplasma da célula-alvo; o resultado é a lise da célula afetada (particularmente eritrócitos e leucócitos do hospedeiro). A determinação de anticorpos antiestreptolisina O (ASO) é utilizada no diagnóstico de infecção por este subtipo de estreptococo. Cerca de 2-3% dos indivíduos infectados por estreptococos β–hemolíticos do grupo A, geneticamente predispostos, evoluem com febre reumática aguda. eucarioto – célula cujo núcleo celular contém cromossomos circundados por membrana nuclear. euglobulina – proteína de natureza globulínica, insolúvel em água, mas solúvel em soluções salinas neutras. No passado, este era o termo utilizado para se referir a proteínas do soro que podiam ser precipitadas por sulfato de amônio 33% a 4 ºC. exclusão alélica – mecanismo que assegura que apenas um de dois alelos dos pais para as cadeias leves ou pesadas das imunoglobulinas 135 seja transcrito em um linfócito B. O mecanismo possibilita à molécula do anticorpo formado ter sítios de combinação idênticos, précondição para sua habilidade e eficiência funcional. exclusão isotípica – mecanismo que assegura que uma célula B pode sintetizar apenas um isotipo de cadeia leve de imunoglobulinas, isto é, apenas cadeia kappa ou lambda. exocitose – o oposto de endocitose. Mecanismo de transporte pelo qual moléculas intracelulares e outros componentes da célula alcançam o espaço extracelular na forma de grânulos. exon – segmento da molécula de DNA codificando para uma porção de um certo gene, e que é transcrito tanto em mRNA quanto traduzido na proteína correspondente. exotoxinas – proteínas ou polipeptídeos difusíveis produzidos extracelularmente por alguns microrganismos, como Corynebacterium diphtheriae (toxina diftérica), Clostridium tetani (toxina tetânica), C. botulinum (toxina botulínica) ou Vibrio cholerae (toxina colérica). Exotoxinas são termolábeis e podem ser manipuladas em termos de se eliminar sua toxicidade preservando-se a imunogenicidade. As exotoxinas assim manipuladas são referidas como toxóides. explosão respiratória – consumo aumentado de oxigênio por fagócitos profissionais baseado na ativação da NADPH oxidase, a enzima da explosão respiratória. Sob sua ação, superóxido e outros intermediários reativos do oxigênio (compostos de ação microbicida) são gerados. No entanto, radicais óxidos podem deflagrar ações imunopatológicas ao danificarem as próprias células e tecidos. expressão de genes – manifestação da informação de um gene via transcrição e tradução; o resultado é a síntese de determinada proteína, o que acaba por determinar o fenótipo associado àquele gene. expressão gênica heteróloga – Expressão de um gene que tenha sido introduzido numa célula que originalmente não o continha. 136 FACS – separador de células ativado por fluorescência. Equipamento que possibilita analisar e classificar uma mistura de células (por exemplo, do sangue) baseado na ligação destas células com anticorpos (usualmente monoclonais) marcados com corantes. Representa uma técnica referida como citometria de fluxo. O equipamento consiste de dois detectores: um deles classifica células de acordo com a intensidade de sua fluorescência, e o outro pelo seu tamanho. Os analisadores de células podem utilizar três marcadores fluorescentes ao mesmo tempo, atingindo assim uma alta resolução. Como exemplo, ao se empregar anticorpos monoclonais anti-CD4 marcados com fluoresceína, contagens de células T auxiliares no sangue periférico podem ser determinadas; o mesmo é verdadeiro para anticorpos anti-CD8 e contagens de linfócitos T citotóxicos, ou ou anti-CD3 para contagens de linfócitos totais. fagócitos – células capazes de engolfar (fagocitar), inativar e degradar material corpusculado (partículas), incluindo microrganismos. Fagócitos que se especializam em engolfar e eliminar microrganismos patogênicos e/ou outras partículas estranhas são denominados fagócitos profissionais. Incluem neutrófilos, eosinófilos, monócitos e macrófagos teciduais. A característica comum a estas células é a capacidade de fagocitar via receptores de imuno-aderência (receptores Fc de imunoglobulinas e receptores CR do Complemento). fagócitos profissionais – ver fagócitos. fagocitose – mecanismo de defesa, um dos principais eventos da imunidade inata. Neste processo, fagócitos engolfam microorganismos e outras partículas com diâmetro excedendo 0,1 µm. É um mecanismo complexo, e que compreende diversos passos interligados mutuamente (Fig. 34). Diversos receptores medeiam a ligação e ingestão das partículas fagocíticas. Estes receptores podem interagir com seus alvos diretamente, utilizando determinantes estruturais presentes na superfície dos alvos (fagocitose não-opsônica), ou indiretamente, pelo reconhecimento de opsoninas pelo hospedeiro (fagocitose opsonina-dependente). Esta última é efetivada principalmente por fagócitos profissionais, por receptores de imuno-adertência (FcγR, CR1 e CR3). A fagocitose opsonina-independente pode ser materia137 Fig 34. Os neutrófilos podem interagir com os antígenos através de seus grânulos intracelularmente (à esquerda) ou expulsar o conteúdo de grânulos para o meio Fig 60. Os neutrófilos podem interagir com os antígenos através de seus grânulos extracelular (à direita). ROI – Oxigênio reativo. intracelularmente (à esquerda) ou expulsar o conteúdo de grânulos para o meio extracelular (à direita). ROI – Oxigênio reativo. lizada principalmente através de receptores de lecitina (receptor de manose de macrófagos, receptor de β-glucano), e não é tão eficiente quanto fagocitose opsonina-dependente. Defeitos em qualquer dos da fagocitose resultam emgranulócitos deficiências deste processo. PratiTabelapassos 14. O Conteúdo de grânulos dos neutrófilos camente todasAzurófilos as células nucleadas de humanos têm Pequeno capacidade de de Conteúdo Específicos depósito fagocitose, mas a fagocitose como mecanismo inato grânulos de defesa cabe principalmente a fagócitos profissionais. Lisozima O processo que envolve Antimicrobiano Mieloperoxidase o engolfamento de partículas doLactoferrina ambiente extracelular é referido Lisozima como heterofagia; se o material engolfado se origina das células do Defensina 1 próprio organismo (organelas celulares danificadas), o processo é BPI chamado proteases neutras autofagia. Elastase Colagenase Gelatinase Catepsina G Ativador de ativador do fagolisossoma – Proteinase organela3celular formada na fusão de fagossoma com complemento plasminogênio lisossomas. Local, no fagócito, onde microrganismos ou outrasB céluHidrolases ácidas Catepsina B Fosfolipase A2 Catepsina las são inativados ou destruídos. (Fig.35). Catepsina D Catepsina D β -D-Glicuronidase β -D-Glicuronidase fagossoma – organela celular formada após a partícula α-Manosidase ter sido envolα-Manosidase vida pela membrana (Fig. 36). É também chamado Fosfolipasecitoplasmática A2 vacúolo fagocítico. 19 138 Fig. 35. Formação do fagolisossomo. Microscopia eletrônica. Uma bactéria (b) é engolfada dentro do fagossomo, cuja membrana se fusiona com a membrana de um lisossomo, cujo conteúdo tóxico é liberado no fagossomo (as setas apontam para o local de fusão). Fig. 36. Formação do fagossomo (vacúolo fagocítico). Microscopia eletrônica. A seta aponta para o fungo Candida albicans sendo engolfado por um neutrófilo humano. Há outros 2 fungos engolfados à esquerda. 139 família de citocinas IL-6– todas as citocinas que atuam através de receptores que compartilham uma subunidade gp 130 comum. Esta família de citocinas inclui a IL-6, IL-1, fator neurotrófico ciliar , oncostatina M e cardiotrofina-1. família de peptídeos da calcitonina – família de pequenos peptídeos (32-51 resíduos de aminoácidos) altamente homogêneos, que atuam através de sete receptores de membrana acoplados à proteína G. Esta família de peptídeos inclui: adrenomedulina, potente vasodilatador, com receptores em astrócitos; amilina, provável regulador da função gástrica e do metabolismo de carbohidratos; calcitonina, envolvida no metabolismo ósseo; e peptídeo 1 e 2 relacionados ao gene da calcitonina, regulador da apresentação de antígenos, das junções neuro-musculares, da neurotransmissão sensorial e do tônus vascular. família src – família de tirosino-quinases de proteínas que incluem Fyn, Yes, Fgr, Lyn, LcK, Blk e Yrk, envolvidas na sinalização intracelular. São reguladas por fosforilação na extremidade C-terminal. família Tec – família de tirosino-quinases de proteínas intracelulares envolvidas na sinalização celular. Diferentemente da família src, não são reguladas por fosforilação C-terminal. A quinase Tec/ Btk se associa à ocorrência de imunodeficiências graves de célula B, como agamaglobulinemia ligada ao X e imunodeficiência ligada ao X; nestas circunstâncias há, respectivamente, diminuição do número de células B e resposta diminuída da célula B ao estímulo de superfície provido pelo BCR (sIgM). Fas(CD95)/Fas ligante (FasL) – compõem um par de glicoproteínas transmembrana, membros da superfamília dos fatores de necrose tumoral (FasL) e/ou da superfamília de receptores de TNF (Fas). Sua mútua interação é um sinal para a apoptose (morte programada da célula). Tais moléculas participam do processo de auto-tolerância periférica através da eliminação apoptótica de linfócitos T auto-reativos. A atividade insuficiente destas glicoproteínas devido a defeitos nos genes Fas ou FasL resulta na expansão de linfócitos T auto-reativos ou aumento da sobrevida destas células, com a subseqüente geração de processos auto-imunes ou neoplásicos. 140 fator B – proteína de cadeia única que atua na ativação do Complemento pela via alternativa (ver Complemento). O fator B é clivado pelo fator D, o que gera a convertase da via alternativa (C3bBb). A molécula de fator B é codificada por um gene que se localiza no complexo principal de histocompatibilidade. fator D – única proteína do sistema do Complemento que circula na forma ativa. Na ativação do Complemento pela via alternativa, o fator D cliva o fator B em fragmentos Ba e Bb. Sua deficiência, autossômica recessiva, é muito rara. A deficiência de fator D se caracteriza por concentrações muito baixas da proteína (cerca de 1% dos valores normais; os indivíduos afetados são altamente suscetíveis a infecções por Neisseria). fator de crescimento de fibroblastos (FGF) – também chamado fator de crescimento ligado a heparina (HBGF). Há dois tipos: FGF ácido (aFGF) ou HBGF-1 e FGF básico (bFGF) ou HBGF-2. Ambos são membros da superfamília das citocinas, e subfamília dos fatores de crescimento para células mesodérmicas e neuroectodérmicas. Além da atividade na promoção de crescimento, FGFs desempenham um importante papel na angiogênese. fator de crescimento de nervos – polipeptídeo de 118 aminoácidos (usualmente dimérico), dos quais os aminoácidos 1-81 mostram homologia com a pró-insulina. A molécula aumenta seletivamente o crescimento de neurônios colinérgicos que se projetam ao cérebro anterior; os mesmos degeneram na doença de Alzheimer. É encontrado em uma variedade de tecidos periféricos como fator quimiotrófico para neurônios simpáticos e sensoriais. fator de crescimento epidérmico (EGF) – citocina polipeptídica mitogênica ativa encontrada em uma variedade de tipos celulares, especialmente (mas não exclusivamente) epiteliais. fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) – membro da superfamília das citocinas. Há duas formas – IGFI e IGFII. São polipeptídeos de considerável similaridade com a insulina; atuam por dois receptores. As duas formas de IGF são capazes de gerar res141 postas biológicas semelhantes, incluindo mitogênese em cultura de células. fator de necrose tumoral (TNF) – previamente chamado TNF-α (ver caquexina). Típica citocina, reconhecida como mediador-chave em uma variedade de doenças inflamatórias. Acreditava-se que o TNF primava apenas por efeitos citostáticos e citotóxicos em células tumorais. Sabidamente, é provido de intensa atividade pró-inflamatória e pró-apoptótica (ver apoptose); atua como pirogênio endógeno, como mediador de efeitos tóxicos de endotoxinas (LPS), e como potente ativador de macrófagos e células endoteliais. Além disso, funciona como indutor da atividade da IL-1. Está associado a uma perda de peso patológica (caquexia – razão pela qual foi também denominado caquexina). O TNF humano é produzido como uma molécula precursora inativa de 26-kDa contendo 233 aminoácidos, ligada à membrana celular. A molécula precursora pode ser clivada proteoliticamente por uma enzima específica (enzima conversora de TNF ou ADAM-10 e –17) para produzir a molécula solúvel de TNF com 17-kDa, e com 157 aminoácidos não-glicosilados; prontamente um trímero ativo de 52 kDa é gerado, compondo a principal forma extracelular de TNF. Dois diferentes receptores de TNF são conhecidos: o receptor p55 não-indutível e o receptor p75 indutível; ambos podem ser clivados para produzir receptores solúveis de TNF. O TNF é também relacionado à atividade de linfotoxina a, previamente denominada TNF-β. Macrófagos e monócitos são os principais produtores de TNF. Linfócitos, células NK, neutrófilos, astrócitos e outras células também sintetizam TNF. Mastócitos são fontes importantes de TNF, que pode ser então armazenado em seus grânulos. Em pequenas concentrações locais, o TNF estimula atividades de defesa de linfócitos, neutrófilos, macrófagos e monócitos. Concentrações altas, reversamente, têm conseqüências danosas ao hospedeiro (picos febris, inflamação prejudicial, choque séptico, e caquexia). fator de restrição homólogo – glicoproteína regulatória do sistema do Complemento cujo papel é a proteção de eritrócitos contra a lise por Complemento autólogo (próprio). A deficiência do fator de restrição homólogo se associa à presença de hemoglobinúria paroxística noturna tipo III. 142 fator de transferência – extrato dializável de linfócitos que contém substâncias com peso molecular de até 10.000Da (mais freqüentemente 4.000 – 6.000 daltons). Pode transferir imunidade mediada por células, em particular hipersensibilidade de tipo retardado, de indivíduos sensibilizados para não-sensibilizados. Sua identidade molecular básica permanece não esclarecida. fator estimulador de colônias de macrófagos – ver M-CSF. fator estimulante de colônia de granulócitos – ver G-CSF. fator H – glicoproteína regulatória do sistema do Complemento. Está presente na circulação sangüínea e inibe a convertase de C3 da via alternativa do Complemento. Sua deficiência, autossômica recessiva, é muito rara e se manifesta por infecções piogênicas recorrentes. fator de Hageman – fator XII da cascata da coagulação. Sua ativação dispara a via intrínseca da coagulação sangüínea. fator I – glicoproteína regulatória do sistema do Complemento, provida de atividade serino protease. Cliva e, assim, inativa os fragmentos C3b e C4b, sendo portanto referida como inativador de C3b/C4b. A inativação de C3b para produzir iC3b resulta em efeito inibitório sobre a cascata do Complemento. Sua deficiência, herdada de forma autossômica recessiva, é raríssima e se manifesta por infecções piogênicas recorrentes. fator nefrítico – fator nefrítico C3 (C3NeF), ou auto-anticorpo contra C3-convertase (C3bBb) da via alternativa do Complemento. Este auto-anticorpo é encontrado no soro de pacientes com glomerulonefrite membrano-proliferativa. O fator nefrítico estabiliza a convertase, prolongando sua meia-vida; assim, induz ativação persistente da via alternativa do Complemento, originando seus fragmentos ativos que participam na inflamação danosa aos glomérulos. fator neurotrófico ciliar (CNTF) – também chamado neurotropina; promove a sobrevivência de uma variedade de células neuronais. É membro da família de citocinas IL-6. 143 fator P – ver properdina, glicoproteína regulatória que estabiliza as convertases de C3 e C5 da via alternativa do Complemento. Desta forma, facilita a ativação continuada desta via de ativação do Complemento. fator tímico sérico – ver timulina. fatores antimicrobianos – fatores que participam da eliminação de microrganismos após sua penetração no corpo. Encontram-se principalmente em fagócitos, na circulação sangüínea e naquelas superfícies do corpo que estão em contato direto com o ambiente externo. Fatores microbicidas são capazes de eliminar, particularmente, micoplasmas, bactérias, fungos e protozoários. fatores citotóxicos – substâncias capazes da danificar ou mesmo de provocar a lise de células. Fatores citotóxicos endógenos, atuando como componentes do sistema imune, participam na remoção de células infectadas por vírus, na defesa contra tumores e agentes infecciosos, na rejeição a aloenxertos, bem como em sintomas de hipersensibilidade do tipo retardado. Eles incluem intermediários reativos do oxigênio, complexo de ataque à membrana (ver Complemento, MAC), e outros como perforinas, proteases tóxicas (elastase, granzimas), granulisina, algumas citocinas e outras substâncias. fatores de crescimento – moléculas que pertencem à família das citocinas. Regulam crescimento e a atividade metabólica de uma variedade de populações celulares, sendo nomeados de acordo com isto. Aqueles que afetam a proliferação de colônias formando células hematopoéticas são chamados fatores estimuladores de colônias; aqueles que atuam em leucócitos são chamados interleucinas; aqueles que atuam em outras células recebem uma variedade de nomes, tais como fator de crescimento de nervos (NGF), fator de crescimento epidérmico (EGF), fator de crescimento de fibroblastos (FGF), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), etc. fatores de crescimento transformadores (TGF) – glicoproteínas, originalmente descritas como produtos de células transformadas por vírus. Estas glicoproteínas alteram (transformam) o fenótipo de 144 células normais em fenótipo neoplásico. São produzidas tanto em células normais quanto em células tumorais, e são membros de duas famílias: TGF-α e TGF-β. O TGF-β é mais difundido que TGF-α, sua molécula contêm duas cadeias polipeptídicas (A e B). Sua combinação pode originar três subtipos isomorfos: AA, BB e AB. São citocinas que regulam a tumorigênese, o desenvolvimento embrionário e o processo de cicatrização de tecidos danificados. O TGF-β também participa, em grau significativo, na regulação de respostas imunes dada a sua ação imunossupressora. fatores de diferenciação – substâncias (principalmente citocinas) que regulam o desenvolvimento da célula até um determinado estágio de diferenciação. fatores de transcrição (TFS) – também chamados fatores nucleares. Representam uma superfamília de proteínas necessária no reconhecimento de seqüências estimulatórias específicas em genes eucarióticos pela RNA polimerase II. São indispensáveis para a ativação da transcrição. A atividade inapropriada de fatores de transcrição pode causar doenças metabólicas, imunes, cardiovasculares, hematopoéticas, oncológicas, neurológicas e infecciosas. Tais doenças podem resultar de mutações ou expressão alterada de fatores de transcrição e de suas proteínas associadas. As doenças podem também resultar de alterações nas cascatas de transdução de sinal reguladas por fatores de transcrição seqüência- específicos. Há quatro superclasses maiores de fatores de transcrição: 1) As maiores famílias de TFs dentro da superclasse 1 são os fatores zíper de leucina básico (bZIP), que incluem AP-1 (proteína 1 ativadora) e cAMP, a proteína de ligação ao elemento de resposta (CREB), os fatores alfa hélice básicos (bHLH) (e.g. o TF mitogênico– MyoD), e os fatores leucina-hélice-alfa-hélice; estes incluem os fatores que controlam o ciclo celular Myc, Mad, Max, EF2 e proteínas de ligação ao elemento de resposta ao esterol (SREBSPs). 2) Membros da superclasse contendo domínios que são dobrados como um dedo e que, após ligação com zinco, se tornam estruturas chamadas “dedos de zinco”. TFs que se ligam ao DNA via domínios “dedos de zinco” incluem SP-1, Rgr, Gal4, GATA, Krueppel e receptores nucleares (RNs) Aos membros de RNs pertencem: PPARs, receptores de estrógeno, receptores de ti145 reóide, receptores de progesterona, receptores de andrógeno, receptores de glicocorticóides, receptores de ácido retinóico e receptores de vitamina D. 3) A superclasse 3 inclui fatores hélice-volta-hélice; a maioria destes inclui o “homeodomínio” dos fatores de transcrição (aproximadamente 800 “homeodomínios” completos contendo seqüências de 83 organismos distintos identificados até o momento). 4) Esta superclasse contêm 11 classes de TFs, incluindo aqueles para células T ativadas (NF-ATs), NF-κB, transdutor de sinal e ativador de transcrição (STAT), e p53. fatores estimulantes de colônias (CSF) – citocinas glicoprotéicas que regulam a proliferação e maturação de células progenitoras hematopoéticas, bem como a atividade funcional de células maduras. Os CSF que regulam a produção de granulócitos e macrófagos são os mais bem caracterizados. Há quatro deles: macrófagos (M-CSF), granulócitos (G-CSF), granulócito-macrófagos (GM-CSF), e multi-CFS (IL-3). Alguns deles se encontram prontamente disponíveis na forma recombinante; entre eles (principalmente o GM-CSF), alguns são utilizáveis no tratamento de tumores e algumas imunodeficiências. fatores homólogos de restrição do complemento (HRF) – fator presente na superfície de eritrócitos e plaquetas homólogos, protegendo-os da lise mediada por Complemento. Os HRF impedem a incorporação de C8 e C9 no complexo de ataque à membrana (MAC). fatores nucleares – proteínas também chamadas fatores de transcrição. Suas unidades regulatórias se ligam ao promotor de vários genes, estimulando (ou algumas vezes inibindo também) sua transcrição em mRNA. Alguns fatores de transcrição têm a habilidade de ativar diversos genes cujos produtos induzem várias reações fisiológicas ou patológicas. Muitos deles se encontram em estado inativo sob condições fisiológicas; podem ser ativados por vários estímulos extracelulares que atuam via receptores (antígenos, hormônios, citocinas) ou diretamente (vírus, estímulos inflamatórios gerados por dano celular). Fatores de transcrição podem, portanto, ser considerados como mensageiros nucleares que transformam sinais externos em alterações permanentes na transcrição de genes. Por exemplo, 146 o estímulo inflamatório gerado por citocinas de alerta (IL-1, TNF), outras citocinas pró-inflamatórias, quimiocinas, fatores quimiotáticos e reguladores de inflamação são codificados por cerca de uma centena de genes. A grande maioria deles é disparada por fatores de transcrição como fator nuclear kappa B (NF-κB), proteína 1 ativadora (AP-1), fator nuclear de células T ativadas (NF-AT), e fatores de transcrição que ativam o sinal de transdução (STAT). Uma relação sinérgica entre alguns fatores de transcrição tem sido observada. Como exemplo, há um comprovado sinergismo entre as ações do NF-κB e do AP-1 no fenômeno inflamatório observado na asma brônquica. Receptores de glicocorticóides presentes no citoplasma são também considerados fatores de transcrição. Após a ligação com glicocorticóides, estes receptores inibem as atividades de outros fatores de transcrição, e, assim, inibem o o processo inflamatório. Por sua vez, o ácido acetil-salicílico e outros antiinflamatórios atuam principalmente via ativação de PPAR e inibição de NF-κB. Fatores de transcrição estão sendo experimentados como alvo para novas drogas antiinflamatórias. A terminologia dos fatores de transcrição é trivial e deriva de sua função efetiva. Dois grandes grupos podem ser caracterizados, em princípio: fatores localizados em muitas linhagens celulares e os específicos para determinada célula. fatores quimiotáticos – substâncias que regulam o movimento celular direcionado (quimiotaxia). Podem ser denominados, de forma resumida, como quimiotaxinas. São classificados em endógenos e exógenos. O grupo de quimiotaxinas endógenas inclui principalmente quimiocinas, algumas citocinas, alguns prostanóides e fragmentos do Complemento (C5a, C3a), além de algumas proteínas (por exemplo, fibrina ou fibronectina). Os representantes típicos de quimiotaxinas exógenas incluem alguns oligopeptídeos bacterianos contendo N-formilmetionina (por exemplo, N-formil-metionil- leucil-fenilalanina). fatores reumatóides – auto-anticorpos (principalmente da classe IgM) dirigidos contra domínios Fc de uma IgG. Está presente em cerca de 70% dos pacientes com artrite reumatóide. Podem também ser detectado em outras doenças reumáticas, ou em algumas doenças infecciosas. 147 febre – elevação temporária na temperatura corporal acima do valor normal de 37º C, em seres humanos. Compreende uma das alterações sistêmicas que acompanha o processo inflamatório. É parte da reação fisiológica de defesa imune. O quadro febril decorre da ação dos pirogênios endógenos (em particular, IL-1, IL-6 e TNF) no centro termorregulatório no hipotálamo. Esta estimulação não é direta, mas mediada por PGE2, como um segundo mensageiro. O quadro febril ativa diversos processos imunes, o que pode resultar na eliminação mais rápida de patógenos ou outros estímulos inflamatórios. febre do feno – ver rinite alérgica. febre Q – doença aguda causada pela rickettsia Cociella burnetti. É uma zoonose transmitida por carrapato. febre reumática – doença inflamatória aguda não-supurativa que afeta principalmente a população infantil. Segue-se a infecções causadas por estreptococos β-hemolíticos do grupo A. A proteína M das cepas estreptocócicas reumatogênicas representa o principal fator relacionado à virulência deste patógeno; resposta de anticorpos é gerada contra esta e outras proteínas estreptocócicas. Tais anticorpos podem reagir de forma cruzada com epitopos no miocárdio humano. O dano ao músculo cardíaco não é necessariamente direto, mas sim via ADCC (reações de hipersensibilidade do tipo II). O quadro clínico se caracteriza por febre, poliartrite migratória, cardite (que pode resultar em dano às válvulas cardíacas), lesões cutâneas e coréia. Anticorpos anti-estreptolisina O (ASO), anti-hialuronidase estreptocócia (ASH) e antiestreptoquinase podem ser demonstradas no soro dos pacientes. febre reumática aguda – doença inflamatória aguda que se estabelece usualmente duas a quatro semanas após infecção de vias aéreas superiores causada pelo estreptococo β-hemolítico do grupo A. Pode resultar em injúria imunopatológica a alguns tecidos, incluindo músculo cardíaco, válvulas cardíacas, articulações, pele, sistema nervoso central e, mais raramente, pulmões. O mecanismo imunopatológico básico compreende a ação de anticorpos cruzados contra 148 antígenos estreptocócicos e autoantígenos presentes nos referidos tecidos, com resultante processo inflamatório autorreativo. Uma infecção estreptocócica precedente pode ser comprovada com base em títulos elevados de diversos anticorpos anti-estreptococo no soro destes pacientes. Estes incluem pricipalmente anticorpos contra anti-estreptolisina (ASLO), contra hialuronidase estreptocócica (ASH) e contra estreptoquinase. fenótipo – grupo de características pelas quais um genótipo individual específico é manifesto em determinado ambiente. FGF – ver fator de crescimento de fibroblastos. FIA – ver imunoensaio fluorescente. fibrina – polímero insolúvel formado a partir do fibrinogênio na via da coagulação sanguínea. A formação da fibrina é mediada pela ação da trombina e do fator XIII ativo (transglutaminase do plasma). Sob a ação das enzimas proteolíticas mencionadas, dois pequenos fragmentos (fibrinopeptídeo A e B) são inicialmente gerados; a clivagem deste dímero gera fibrinogênio solúvel, monômero ativo que subseqüentemente se polimeriza em fibrina. fibrinólise – processo através do qual polímeros de fibrina são hidrolizados (portanto, dissolvidos). A enzima fibrinolítica chave é a plasmina que cliva a molécula do fibrinogênio em cerca de 50 sítios. fibroblasto – célula de formato torneado, base do tecido conjuntivo. Fibroblastos sintetizam fibrilas e diversos componentes da matriz intercelular, em particular colágeno e fibronectina. Participam de diversas reações imunes e imunopatológicas; são células facilmente cultivadas em laboratório. fibronectina – dímero de glicoproteína, uma das moléculas básicas da matriz intercelular. A fibronectina facilita a adesão de células com fibrina e a interação de proteoglicanos. É um componente de membranas celulares, mas é também encontrada na circulação sanguínea, onde atua como opsonina. A fibronectina contribui para formação 149 do coágulo sangüíneo. Participa, também, na cicatrização de feridas após dano tecidual; pode se ligar, durante este processo, com macrófagos via receptores específicos. finger printing – técnica cujo princípio básico é a digestão de grandes moléculas (por exemplo, proteínas, DNA) através da ação de hidrolases seqüência-específicas; os fragmentos de tamanho médio gerados podem então ser submetidos à eletroforese em gel. FITC (isotiocianato de fluoresceína) – fluorófilo que é mais freqüentemente utilizado em ensaios de imunofluorescência (sua absorção máxima é a 492 nm, sua emissão máxima a 520 nm). fitohemaglutinina (PHA) – lecitina isolada do Phaseolus vulgaris. Aglutina eritrócitos e ativa particularmente linfócitos T, agindo nestes como mitógeno policlonal. fixação de Complemento – método sorológico que avalia a reação antígeno-anticorpo, na qual o Complemento se liga a imunocomplexos (reação de fixação de Complemento). Uma quantidade exata de Complemento é adicionada à reação (como soro fresco) e seu consumo (fixação a imunocomplexos) é proporcional à quantidade de antígeno ou anticorpo presentes. É um método sorológico sensível em termos de presença de um certo anticorpo ou antígeno. FK-506 – antibiótico macrolídeo produzido pelo fungo Streptomyces tsukubaensis. É uma substância imunossupressora que inibe a proliferação de linfócitos em concentrações menores que as da ciclosporina A (CyA). Apresenta, substancialmente, menos efeitos adversos que CyA. É utilizada no tratamento de pacientes transplantados, em particular renais, na prevenção da rejeição do aloenxerto. O mecanismo molecular de sua ação é semelhante ao da CyA: ligação a imunofilinas, e inibição do efeitos do fator de transcrição NF-AT mediados pela calcineurina no linfócito T. fluorescência – emissão (irradiação) de luz com um comprimento de onda diferente daquele usado para irradiar uma substância fluorescente. É, de fato, um tipo de luminescência com emissão de luz den150 Tabela 2. Lista de fluoróforos atuais. Substância colorante AMCA FITC DTAF R-PE CyChrome Cy2 Cy3 PE-Cy5 PerCP TRITC Texas Red Thodamine Red-X Acridinorange Iodeto Propidium GFP Nome AminometilcoumarinAcetato Isotiocianato de fluoresceina DichlorotriacinilaminoFluoresceina Ficoeritrina Carbocianina Indocarbocianina Ficoeritrina-Indodicarocianina Proteina Peridinina-Clorofila Tetrametilrodamina Isotiocianato Derivado Aminometilcoumarina-Acetato Sulfonil Clorido Rodamina Comprimento de onda nm (Extinção/Emissão) 350/450 495/525 495/528 488/578 568/672 490/508 553/575 488/674 470/680 550/590 595/620 570/590 490/620 536/611 395 e 470 / 509 e 540 tro de um intervalo mais curto que 10 segundos após a incidência da luz excitante. fluoróforo – substância capaz de gerar fluorescência. Pode servir como sonda fluorescente (FITC, RBITS, umbeliferonas, etc.) (Tabela 2). FMLP – F-Met-Leu-Phe,N-formilmetionil-leucil-fenilalanina, tripeptídeo produzido por muitas bactérias. Atua como agente quimiotático para fagócitos profissionais. 151 folha-β pregueada– estrutura secundária em proteínas, similar a uma folha de papel pregueada. Consiste de duas cadeias polipeptídicas quase completamente extendidas lado a lado, e ligadas por pontes de hidrogênio intercadeia. forças de Van der Waals – forças de atração fracas entre nuvens de elétrons de dois grupos de átomos com cargas elétricas fracionadas (e não inteiras), e de natureza oposta. Tais forças atuam em distâncias muito curtas; são significantemente envolvidas na interação antígeno-anticorpo. formação de anticorpos – pode ocorrer a nível corporal ou celular e molecular. Anticorpos são sintetizados por plasmócitos (células derivadas de linfócitos B) a partir da estimulação destas células por antígenos específicos. Um certo antígeno estimula apenas um entre vários clones de linfócitos B presentes na circulação este linfócito possui receptores antigênicos em sua superfície complementares aos determinantes daquele antígeno. Apenas antígenos timo-independentes são capazes de estimular diretamente linfócitos B. Antígenos timo-dependentes (a maioria) necessitam cooperação adicional de células apresentadoras de antígenos e linfócitos auxiliares TH2 (Fig. 37). Em nível corporal, o resultado da interação do antígeno com linfócito B correspondentes ocorre por meio da resposta mediada por anticorpo. Ela ocorre sob condições naturais durante o desenvolvimento do indivíduo, ou através da administração artificial de certos antígenos – vacinação, imunização. Em humanos, a vacinação é efetuada com o objetivo de proteger o indivíduo contra doenças infecciosas ou toxinas microbianas. Em animais, vacinação ou imunização são utilizadas visando a produção de anticorpos experimentais. A resposta de anticorpo ao primeiro contato de um indivíduo com um certo antígeno é chamada resposta primária. Esta não se desenvolve imediatamente: é a chamada fase de indução. É seguida pela fase de produção, durante a qual anticorpos podem ser demonstrados no soro de indivíduos imunizados (Fig. 38). Se o anticorpo tem repetido contato com o mesmo antígeno, desenvolve-se a resposta secundária do anticorpo. Sua fase de indução tem duração mais curta e a fase de produção é mais intensiva. Isto se deve ao fato de que ao primeiro contato o sistema imune retém o antígeno em sua 152 Fig 38. Resposta de Anticorpos da Célula B contra um Antígeno Timodependente. A célula B necessita da ajuda do linfócito T para a produção de Fig 15. Resposta de Anticorpos da Célula B contra um Antígeno Timograndes quantidades de anticorpos. O antígeno é primeiramente fagocitado pela dependente. A célula de B antígeno necessitae éda ajuda do pela linfócito a produção célula apresentadora reconhecido célulaTTpara auxiliar específica. de Esta célula ajuda o linfócito B a se tornar um plasmócito através dafagocitado liberação depela grandes quantidades de anticorpos. O antígeno é primeiramente citocinas. Pode haver liberaçãoe de IgA, IgG oupela IgE. célula Em contrapartida, pode célula apresentadora de aantígeno é reconhecido T auxiliar específica. haver uma resposta de anticorpos contra antígenos timo-independentes (por Esta célula ajuda o linfócito B a se tornar um oplasmócito através liberação exemplo, antígenos polissacarídicos) durante reconhecimento dada célula B sem de APC e sem a ajuda TH. Para isso são IgM. citocinas. Pode haverdeacélulas liberação de IgA, IgGformados ou IgE. anticorpos Em contrapartida, pode haver uma resposta de anticorpos contra antígenos timo-independentes (por exemplo, antígenos polissacarídicos) durante o reconhecimento da célula B sem sendo capazTHde reagir a são ele mais prontamente . Para isso formados anticorpos(memória IgM. APC e memória, sem a ajuda de células imunológica). Apenas anticorpos da classe IgG reagem nas respostas primária e secundária. Anticorpos IgM são particularmente úteis na fase aguda da resposta primária. fractalcina – outro termo para neurotactina (ver quimiocinas). 16 153 Fig 38. Resposta Primária e Secundária de Anticorpos. A resposta de anticorpos IgM ocorre com sucessivos contatos com o antígeno sempre com a mesma Fig16. Resposta A Primária e Secundária de Anticorpos. A resposta de anticorpos intensidade. quantidade de IgG formada num primeiro contato com o antígeno também não é muito alta. Típico da imunidade adaptativa (específica) IgM ocorre com sucessivos contatos com o antígeno sempre com a mesma é a produção de células de memória. Num próximo contato com o antígeno, são intensidade. A quantidade IgG formada num primeiro contato com o antígeno produzidos ainda mais de anticorpos, que surgem mais rapidamente e com uma maiornão afinidade. A afinidade do anticorpo ao antígeno vai aumentando cada vezé a também é muito alta. Típico da imunidade adaptativa (específica) que ele entrar em contato com o antígeno específico. produção de células de memória. Num próximo contato com o antígeno, são produzidos ainda mais anticorpos, que surgem mais rapidamente e com uma maiorfragmentinas afinidade. A afinidade do anticorpo antígeno vai aumentando cada vez – outro termo para seao referir a granzimas, serino-prote- ases citotóxicas nos grânulos de linfócitos T citotóxicos e que ele entrar em contatopresentes com o antígeno específico. células NK. O termo foi derivado de seu mecanismo de ação (apoptose e fragmentação do DNA na célula-alvo). fragmento F(ab)2 – duplo fragmento Fab. Fragmento que contêm ambos os sítios de combinação da molécula original de IgG. Ele é, de fato, a molécula de imunoglobulina sem as metades C-terminais da cadeia pesada que formam o fragmento Fc (Fig. 39). fragmento Fab – fragmento (porção) da molécula de imunoglobulina (usualmente IgG) capaz de se combinar com antígeno. É formado 17 154 Fig 39. Módulos de imunolobulines. Fc – fragmento constante. Fab – sítio de Figligação 12. Modelo de um Anticorpo. Fc de – fragmento constante. Fab – sítio ligação do antígeno. Cada cadeia imunoglobulina é constituída pordeduas pesadas e duas leves,de unidas por pontes dissulfídricas, de por modo que cada do cadeias antígeno. Cada cadeia imunoglobulina é constituída duas cadeias cadeia pesada se liga a uma cadeia leve, e as duas cadeias pesadas unem-se entre si. Essas cadeias formam o domínio variável (VL, VH) e o domínio constante (CL, pesada se liga a uma leve, e as duas cadeias pesadas unem-se CH), que depende da cadeia classe do anticorpo. Neste caso, onde as duas cadeiasentre são si. unidas, encontra-se uma região flexível. Essas cadeias formam o domínio variável (VL, VH) e o domínio constante (CL, CH), pesadas e duas leves, unidas por pontes dissulfídricas, de modo que cada cadeia que depende da classe do anticorpo. Neste caso, onde as duas cadeias são unidas, encontra-se uma região flexível. por degradação proteolítica, e contém um sítio de combinação (Fig. 40) entre o domínio variável da cadeia leve e o domínio variável da cadeia pesada. fragmento Fc – fragmento cristalizável da molécula de imunoglobulina formado pela framentação proteolítica desta última (Fig. 40). Representa a metade C-terminal de ambas as cadeias pesadas ligadas por pontes dissulfídicas. Não se liga ao antígeno, mas é veículo para outras importantes ações biológicas, sendo das mais significantes a habilidade de se ligar a receptores Fc e a ativação da via clássica do Complemento. 13 155 Fig 40. Fragmentação da Molécula de IgG1 humana através de uma Enzima Proteolítica. A dissociação por papaína resulta nos fragmentos Fab, que possuem um sítio de ligação para o antígeno, enquanto a dissociação por pepsina gera ligados da F(ab)2 – fragmentos com dois sítios deatravés ligação aode antígeno. Fig 45. fragmentos Fragmentação Molécula de IgG1 humana uma Enzima Proteolítica. A dissociação por papaína resulta nos fragmentos Fab, que possuem um sítiofragmento de ligação o antígeno, enquantoa a dissociação por das pepsina Fdpara – fragmento que representa metade N-terminal ca- gera pesadas das– imunoglobulinas. fragmentosdeias ligados F(ab)2 fragmentos com dois sítios de ligação ao antígeno. fragmento Fv – fragmento da molécula de imunoglobulina que compreende vários segmentos de cadeias leves e pesadas conectados por forças não-covalentes. Tem um único sítio de combinação. fragmentos moleculares das imunoglobulinas – fragmentos gerados na fragmentação (clivagem) enzimática ou química de moléculas de imunoglobulinas. Assim, a enzima papaína produz Fab (fragmento de ligação ao antígeno ) e Fc (fragmento cristalizável). Sob a ação da pepsina, são gerados fragmentos F(ab´) e pFc´. Fab contém um, e F(ab´) contém dois sítios de combinação da molécula original de IgG (Fig. 40). A degradação química provoca quebra das pontes dissulfídicas intercadeias ou de algumas ligações peptídicas. 156 4 FRAT – técnica de ensaio do radical livre. Método analítico imunoquímico que utiliza antígeno ou hapteno marcado com radicais livres estáveis; os elétrons apresentam giros não-pareados. Por este motivo, o método é também denominado imunoensaio do giro (SIA). função efetora de imunoglobulinas – todas as funções da imunoglobulina, exceto aquelas nas quais o sítio de combinação com o antígeno esteja envolvido. Elas incluem a habilidade de ativar Complemento, combinação com receptores Fc celulares, atravessar a placenta, etc. fusão celular – fusão de duas células em uma, produzindo uma célula híbrida que possui características de ambas as células. É utilizada principalmente na tecnologia dos hibridomas, quando células de mieloma (tumor) são fundidas com linfócitos sensibilizados, gerando clones de células híbridas (hibridomas) produtores de anticorpos monoclonais. fusina – proteína de superfície de linfócitos; foi originalmente descrita como co-fator essencial para que HIV ligado à molécula de CD4 se fundisse com a membrana celular e adentrasse à célula-alvo. Considera-se a fusina como um receptor de quimiocina. fusogenes – substâncias que aceleram a fusão de duas células. Um exemplo é o polietileno-glicol, com um peso molecular de 2.000 – 6.000 daltons. galectinas – família de proteínas que se ligam β-galactosídeo; apresentam propriedade imunomoduladoras e de regulação do crescimento celular. A galectina-1 medeia a adesão célula-célula e célula-substrato, além de induzir apoptose de células T. A galectina-3 se liga à IgE. GalN-oligossacarídeos – oligossacarídeos contendo galactosamina. São encontrados nas regiões de dobradiça das moléculas de IgA1 e IgD humanas. GALT (tecido linfóide associado ao intestino) – tecido linfático que reveste alguns segmentos do sistema digestivo. Compreende parte 157 dos órgãos linfáticos periféricos (MALT). GALT inclui placas de Peyer, nódulos linfáticos do apêndice e linfócitos na submucosa intestinal. gamaglobulina – fração das glicoproteínas do soro que exibe a mobilidade mais fraca na eletroforese em pH alcalino; migra em direção ao anodo. A maioria das imunoglobulinas e anticorpos está presente nesta fração do proteinograma. (fig. 41). gamopatias (G) – doenças caracterizadas pela produção inadequada de imunoglobulinas (Ig). Ao contrário das Ig normais, suas moléculas representam uma população homogênea, tanto estruturalmente quanto funcionalmente. Seu nome deriva da fração das proteínas do soro na qual as Ig estão presentes (gamaglobulinas). Gamopatias (G) surgem em conseqüência da ação de linfócitos B que respondem a certos antígenos pela produção de anticorpos ineficazes na resposta a sinais regulatórios; o resultado é a proliferação continuada destas células com produção patológica. As gamopatias podem ser monoclonais ou policlonais. Nas monoclonais, um único clone celular (células plasmáticas ou suas células B precursoras) prolifera incontrolavelmente, secretando moléculas ou parte de moléculas Fig 41. Distribuição das proteínas do soro durante eletroforese. 158 Fig 71. Distribuição das proteínas do soro durante eletroforese. (cadeias pesadas ou leves) idênticas a de uma certa classe de imunoglobulina. Nas gamopatias policlonais, dois, ou mais, raramente diversos clones celulares, se mantêm proliferando de maneira exacerbada, cada um deles produzindo anticorpos de especificidades diferentes. A imunoglobulina é secretada em grande excesso na circulação, podendo ser detectada no soro por eletroforese de zona ou imunoeletroforese. Ocasionalmente, gamopatias monoclonais não se manifestam por qualquer sinal clínico, podendo ser consideradas benignas nestas circunstâncias; na maioria dos casos, entretanto, elas cursam com proliferação celular maligna sintomática, com produção de anticorpos específicos. As gamopatias monoclonais incluem mieloma múltiplo, macroglobulinemia de Waldenström e doença das cadeias pesadas. No mieloma múltiplo, células plasmáticas malignas em proliferação são encontradas na medula óssea e produzem IgG, IgA, IgD ou IgE monoclonal. Proteínas de Bence-Jones, dímeros de cadeias leves, podem ser detectadas nestes casos. Na macroglobulinemia de Waldenström, a proliferação linfocitária atípica gera a secreção de quantidades excessivas de IgM monoclonal. Um excesso de cadeias pesadas γ (típicas da classe IgG), α (IgA) ou µ (IgM) incompletas pode ser detectado no soro de pacientes com doença de cadeias pesadas. G-CSF (fator estimulador de colônia de granulóticos) – é um membro da família dos fatores estimuladores de colônia (citocinas; glicoproteínas que regulam a proliferação e maturação de células precursoras hematopoiéticas). O G-CSF estimula principalmente a produção de neutrófilos e influencia sua atividade mesmo em sua forma madura. GDGF (fator de crescimento derivado do glioma) – fator de crescimento derivado de células de glioma. gene – unidade básica da hereditariedade localizada em um sítio específico do cromossomo (locus). Um gene pode ser caracterizado funcionalmente (seus produtos determinam uma capacidade específica ou característica fenotípica), ou estruturalmente (o segmento correspondente da molécula de DNA, ou RNA em vírus RNA). Um gene pode se manifestar fenotipicamente (ver fenótipo) em três formas funcionais principais: 159 1. Como um segmento da cadeia de DNA que codifica para a estrutura primária de um polipeptídeo (gene estrutural); 2. Como um segmento da cadeia de DNA que é transcrito na estrutura primária de tRNA, rRNA ou outros tipos de RNA não sujeitos à tradução; 3. Como um segmento de DNA (RNA em vírus RNA) que desempenha função regulatória (gene regulador). gene complexo (gene montado) – complexo de genes estruturais formado por rearranjos de segmentos de genes (subgenes). Por exemplo, um complexo de genes codifica para cadeias leves e pesadas de imunoglobulinas (Fig. 42), bem como para cadeias de receptores de antígenos de células T. gene dividido – também referido como gene mosaico. Contém introns e exons, e seu transcrito primário (hnRNA) necessita sofrer processamento pós-transcrição. gene simples – gene que não contém introns e exons; o transcrito primário não é submetido a ajustamento pós-transcripcional por processamento. gene src – gene transformador (indutor) do vírus do sarcoma de Rous. Seu produto tem atividade de proteino-quinase específica para tirosina. genes da resposta imune (genes Ir) – determinam a intensidade da resposta imune de um indivíduo a vários antígenos. Compreendem parte do complexo de histocompatibilidade maior (ver MHC); seus produtos eram originalmente denominados antígenos Ia. Atualmente eles são conhecidos como antígenos de histocompatibilidade de classe II. Na indução da resposta imune, fragmentos imunogênicos ligados a moléculas MHC (ver apresentação de antígeno) são apresentados a receptores de células T; a habilidade para formar estes complexos representa a expressão fenotípica do envolvimento de genes na resposta imune. Marcadores MHC de classse I se combinam com peptídeos imunogênicos sintetizados nas próprias células corporais. Moléculas MHC de classe II, diferentemente, se ligam habi160 Fig 42. Ilustração esquemática do Complexo de gene para a Cadeia pesada da Imunoglobulina e sua Translação em seu Produto final (cadeia µ). Os retângulos representam éxons, entre os íntrons. L – seqüência líder; V – (variável), D – (diversidades) e J – segmento gênico (Subgene). No DNA do embrião encontramse cerca de 250 subgenes V, 25 subgenes D e 5 subgenes J. Após a recombinação Fig 22. Ilustração do Complexo de gens para Cadeia pesada da gênica, cadaesquemática vez são combinados, para o domínio variável, umadeterminado constante. Atra-retângulos subgeneeV-, D-, Translação J- da matriz de em DNA. C – Produto gene para ofinal domínio �). Os Imunoglobulina sua seu (cadeia vés da ligação de determinado subgene V-, D-, J- com um gene C, resulta a de proteína fará(variável), parte transcrição mRNA, irá orientar representam éxons,de um entre os que íntrons. L –a produção seqüência líder; que V – D – da cadeia pesada. Esse primeiro passo é sempre a cadeia µ para IgM. Com isso, (diversidades) e J – segmento (Subgene). embrião encontramcombinaçãogênico com a cadeia leve λ ou κNo sãoDNA fixadosdo a especificidade após posterior da célula B, bem como seu isotipo. A célula B pode ser estimulada por citocinas se cerca de 250 subgenes V, 25 subgenes D e 5 subgenes J. Após a a trocar o isotipo do anticorpo secretado, mudando para outro segmento gênico para IgG3). célula B que tenha o isotipovariável, do C (porgênica, exemplo, Cγ3 recombinação cada vez sãoUma combinados, paratrocado o domínio um anticorpo secretado não pode mais secretar o anticorpo anteriormente produzideterminado V-, aoD-, J- dada matriz de DNA.mantida. C – gene para o domínio célula B permanece do. Asubgene especificidade antígeno constante. Através da ligação de determinado subgene V-, D-, J- com um gene C, resulta a transcrição um mRNA, que irá orientar processados a produçãonade proteína que tualmentede a peptídeos exógenos previamente célula apresentadora de antígenos. fará parte da cadeia pesada. Esse primeiro passo é sempre a cadeia � para IgM. histocompatibilidade genesacodificando para�antígenos de fixados a Com isso,genes apósdeposterior combinação– com cadeia leve ou � são histocompatibilidade; são responsáveis por compatibilidade (hisespecificidade da célula B, bem como seu isotipo. A célula B pode ser estimulada tocompatibilidade) ou incompatibilidade (histoincompatibilidade) de do dois anticorpo diferentes indivíduos, como pelapara outro por citocinasdeatecidos trocarderivados o isotipo secretado,bem mudando regulação de respostas imunes nas quais participam linfócitos T. segmento gênico C (por exemplo, C�3 para IgG3). Uma célula B que tenha trocado o isotipo do anticorpo secretado não pode mais secretar o anticorpo 161 anteriormente produzido. A especificidade ao antígeno da célula B permanece mantida. Eles são organizados em complexos ou sistemas, sendo o principal o MHC (complexo histocompatibilidade maior). genes Ir – genes que regulam a resposta imune de um indivíduo a antígenos específicos, em termos qualitativos e quantitaivos (ver genes de resposta imune). Compreendem parte do complexo de histocompatibilidade maior (MHC), e seus produtos são antígenos MHC de classe II. genes que codificam imunoglobulinas – são genes complexos. Três grupos (translocons) podem ser identificados, em diferentes cromossomos (Fig. 43): 1. Gene que codifica cadeias leves do tipo kappa. Esta se origina do rearranjo dos subgenes Lκ , Vκ , Jκ e do gene C. Um subgene Vκ (de todos os outros possíveis com seu subgene para a seqüência líder – L) e um subgene Jλ estão conectados ao mesmo tempo ao gene funcional, formando assim o gene para o domínio variável. Juntamente com o gene para o domínio constante (C), os dois codificam a cadeia kappa completa. Fig 43. Os Genes codificados da Cadeia de Imunoglobulina. Enquanto as Fig 47. Os Genes da codificados Cadeia de para Imunoglobulina. Enquanto regiões regiões V, J e Ccodificados (constante) são ambas as cadeias pesada eas leve, existe também o segmento D apenas para a cadeia pesada. Combinações entre V, J e C (constante) são codificados para ambas as cadeias pesada e leve, existe V,D e J produzem especificidade e ideotipo, e o domínio C produz o isotipo da também o segmentoresultante. D apenas para a cadeia pesada. Combinações entre V,D e J imunoglobulina produzem especificidade e ideotipo, e o domínio C produz o isotipo da imunoglobulina resultante. 162 2. Gene que codifica a cadeia leve lambda é rearranjado de subgenes similares – Lι- Vι- Jι e gene C. 3. Gene que codifica a cadeia pesada é formado pelo rearranjo de subgenes LH, VH, DH, JH combinados com um gene para os domínios constantes (ver também a Fig. 42). Cada um dos genes para os domínios constantes (Cµ, Cδ, Cγ, Cδ, Cα) é composto de vários exons e introns. genes que codificam o receptor de célula T – são genes complexos. Codificam quatro tipos de cadeias: alfa, beta, gama e delta. O receptor resultante é um heterodímero de cadeias α/β (TcR2) ou γ/δ (TcR1). O gene que codifica a cadeia alfa é formado pelo rearranjo de três segmentos de genes Lα , Vα , Jα e sua combinação com um gene Cα para o domínio constante. Sua organização é similar àquela do gene para a cadeia kappa. O gene para a cadeia β se assemelha àquele da cadeia pesada da imunoglobulina. É formado pelo rearranjo de quatro subgenes Lβ, Vβ, Dβ e Jβ, e sua combinação com um dos dois genes para os domínios β constantes, cada um deles sendo dividido em quatro exons. O gene para a cadeia γ se assemelha ao gene para a cadeia α, e o gene para a cadeia δ se assemelha ao gene para a cadeia β. genes V – genes que codificam os domínios variáveis de imunoglobulinas ou do receptor de célula T. genética das imunoglobulinas – parte da imunogenética que lida principalmente com a organização de genes que codificam as cadeias das imunoglobulinas, regulação de sua transcrição, ocorrência de formas polimórficas (alotipos) e mecanismos que formam a base da diversidade de anticorpos. genética do Complemento – parte da imunogenética que lida com a localização e organização de genes que codificam componentes do sistema do Complemento e seus polimorfismos. genética do Complemento – parte da imunogenética que trata da localização, estrutura e regulação de genes que codificam os componentes individuais do sistema do Complemento. Os genes para a maioria 163 das glicoproteínas do sistema do Complemento exibem duas formas maiores de variabilidade genética: 1. Ausência de um gene específico ou a existência de alelos zero no locus correspondente em alguns indivíduos dentro da população. Alelo zero codifica uma proteína afuncional ou simplesmente não-transcrita em produto protéico; o resultado é determinada deficiência, que pode gerar manifestações clínicas diversas (ver deficiências de Complemento). 2. A existência de polimorfismos nas proteínas do Complemento. A ocorrência de formas polimórficas foi descrita para a maioria dos componentes e fatores do Complemento, bem como para alguns reguladores da via do Complemento como C4-bp (proteína de ligação a C4) e CR1 (receptor de C3). A determinação de tais formas polimórficas (variantes alotípicas) é de importância na caracterização genética de indivíduos e para estudos populacionais. genética molecular – parte da biologia molecular que se ocupa com a estrutura, função e características de macromoléculas que participam na transferência de informação genética. genoma – grupo de genes dentro de uma célula (genoma celular) ou vírus (genoma viral). Nem todos os genes necessitam se manifestar funcionalmente em um dado ambiente e a um dado estágio de desenvolvimento. O genoma de células procarióticas compreende genes presentes no DNA nuclear e plasmídeos; o genoma de células eucarióticas inclui genes no DNA nuclear e mitocôndria e/ou cloroplastos (em células de plantas apenas). genômica – parte da biologia genética que estuda a estrutura de genes, bem como sua estrutura geral e localização nos cromossomos em termos de células individuais e organismo como um todo. Inicialmente, a genômica funcional seria distinta da genômica descritiva, aquela lidando com os produtos de expressão dos genes e esta com o comportamento (função) dos genes. Correntemente , o termo “genômica funcional” está sendo substituído pelo termo fenômica, que se derivou da palavra fenoma; esta equivale a genoma, mas, diferente do primeiro, expressaria a manifestação do fenótipo de um certo genoma , isto é, um grupo de proteínas, RNAs e vários metabólitos presentes na célula ao tempo da determinação. Mais freqüentemente 164 Iodeto Propidium GFP 536/611 395 e 470 / 509 e 540 Fig 44. Genoma e sua Divisão. a genômica é dividida em proteômica, transcriptômica e metabolômi- ca (Fig. 44).Divisão. A proteômica se refere ao estudo do proteoma, termo Fig 31. Genoma e sua cunhado em 1994 como um equivalente lingüístico de genoma. O proteoma descreve o grupo completo de proteínas que é expresso, e posteriormente modificado, pelo genoma inteiro durante o tempo de vida de uma célula. É também utilizado em um senso menos universal para descrever o complemento de proteínas expressas por uma célula em qualquer tempo. A geração de perfis de expressão de RNA mensageiros é referida como transcriptômica, uma vez que esta expressão está fundamentada no processo de transcrição. O complemento de mRNAs transcritos do genoma de uma célula é chamado de transcriptoma. Em determinado momento, há em uma célula não apenas um grupo de mRNAs e proteínas característicos mas também uma pletora de vários metabólitos que podem interagir mutuamente. Este grupo de metabólito representa o metaboloma e é estudado pela metabolômica. genótipo – equipamento genético (constituição) de um indivíduo específico que representa o grupo de alelos especificamente arranjados em seu genoma. giro – movimento mecânico ao redor do núcleo atômico a partir de sua natureza quântica. O princípio do giro é o movimento rotacio165 10 nal do elétron ao redor de seu próprio eixo. A medida do número de giros pode ter valores de +1/2 ou –1/2. Elétrons com número inverso de giro são pareados com átomos. Se algum átomo ou composto tem um ou diversos elétrons não-pareados, ele se torna um radical livre. glicocorticóides – membros da família dos corticosteróides. Há muitos anos são empregados como drogas antiinflamatórias e em terapia de substituição em endocrinologia. Porém seu uso foi ampliado para a terapia imunossupressora de pacientes transplantados e com doenças de autoimunidade. A síntese de glicocorticóides no córtex adrenal é dirigida por corticotropina (ACTH), hormônio da hipófise anterior, como resposta à ativação do eixo hipotálamo- hipófise-adrenal. Os glicocorticóides atuam via receptores de glicocorticóides (GR) em múltiplas células-alvos, tecidos e sistemas orgânicos. Em condições fisiológicas, influenciam a regulação não apenas do sistema imune mas também de outros sistemas: sistema cardiovascular (responsividade pressórica aumentada); rim (ação permissiva nas filtrações tubular e glomerular); sistema esquelético (manutenção do tônus muscular); SNC (desenvolvimento cerebral, comportamento fisiológico, regulação da excitabilidade neuronal); metabolismo lipídico (redistribuição da gordura corporal – aumento da lipólise por adipócitos); e metabolismo de carboidratos (ação hiperglicemiante devido à inibição das secreções de insulina e de glucagon). A ação destes hormônios pode afetar processos transcripcionais, traducionais e pós-traducionais referentes à síntese, processamento e secreção de proteínas; além disso, afetam o crescimento e a divisão celulares e o processo apoptótico. Seus efeitos imunossupressivos e antiinflamatórios são exercidos principalmente pela inibição da expressão de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, TNF, IFN-γ ) ou da inibição da expressão de receptores de citocina (IL-2R). Glicocorticóides também inibem o efeito de enzimas facilitadoras da liberação de mediadores inflamatórios, por exemplo, as formas induzíveis de ciclooxigenase (COX-2) e a síntese do óxido nítrico (iNOS). De interesse, alguns genes que codificam proteínas de potente ação antiinflamatória (por exemplo, inibidores de protease ou lipocortina) são ativados por glicocorticóides. Costicosterona e cortisol são representantes típicos de glicocorticóides naturais, enquanto prednisona, 166 prednisolona, triamcinolona e dexametasona são membros típicos de drogas glicocorticóides sintéticas. Além da terapia de substituição em condições de insuficiência adrenocortical, os glicocorticóides são usados para o tratamento de doenças inflamatórias como asma brônquica, artrite reumatóide e vasculites, bem como em enfermidades cutâneas como psoríase e eczema. Podem, também, ser úteis na supressão de rejeição após aloenxertias e no tratamento de alergias e condições de autoimunidade como esclerose múltipla e lupus eritematoso sistêmico. Glicocorticóides são, de maneira geral, bem tolerados quando utilizados agudamente, mesmo em doses altas. Com o tratamento crônico, entretanto, ocorre propensão a infecções e um número elevado de efeitos indesejáveis. Estes podem incluir alterações no metabolismo de carboidratos, de lipídeos e de proteínas, hipertensão arterial, ulceração péptica, diminuição da tolerância à glicose, miopatia, osteoporose, etc. glicoproteínas – biopolímeros cujas moléculas contêm sacarídeos além de resíduos de aminoácidos. glicosaminoglicanos – anteriormente chamados mucopolissacarídeos. Formam a porção polissacarídica de proteoglicanos, consistem de unidades dissacarídicas repetidas nas quais D-glicosamina ou D-galactosamina, ou seus derivados, estão sempre presentes. Os mais comuns incluem hialuronato, sulfato de condroitina, dermatan sulfato e heparan sulfato. glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) – enzima que participa do metabolismo de glicose (sua oxidação no desvio da hexose monofosfato). Em fagócitos profissionais, ela fornece NADPH, necessário para a explosão respiratória e formação de moléculas microbicidas. Quando sua atividade em neutrófilos cai para abaixo de 1% dos valores médios normais, materializa-se a deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase. glicosilação – processo através do qual glicoproteínas são formadas. Como regra, o resíduo sacarídeo é fixado a este complexo de proteínas em modificação pós-traducional sob a ação de enzimas glicosiltransferases. 167 gliomas – tumores neuroectodérmicos de origem neuroglial. Incluem astrocitomas, oligodendrogliomas e ependimomas derivados, respectivamente, de astrócitos, oligodendrócitos e células ependimais. glomerulonefrite (GN) – grupo de doenças caracterizado por inflamação e dano aos glomérulos renais. Mecanismos imunes estão envolvidos na patogênese da maioria dos casos de GN primárias e secundárias. Mais de 70% dos pacientes com GN cursam com depósitos de imunoglobulinas nos glomérulos, freqüentemente em conjunto com fragmentos de complemento. O dano aos glomérulos se deve à deposição de complexos imunes circulantes (por exemplo, no lupus eritematoso sistêmico) ou de anticorpos citotóxicos contra antígenos glomerulares. A síndrome de Goodpasture é um exemplo da ação de anticorpos citotóxicos reagindo contra a membrana basal glomerular. O complexo imune formado desta forma (similarmente aos depósitos de complexos imunes circulantes) ativa a via clássica do Complemento. O sistema do Complemento, por sua vez, pode danificar a membrana basal tanto de forma direta como através da ação de seus fragmentos quimiotáticos (C3a, C5a) para neutrófilos. O resultado é inflamação e dano glomerular adicional. glomerulonefrite membranoproliferativa – doença causada por imunocomplexos que alteram a função da membrana basal glomerular. Pode haver proliferação de células glomerulares, em particular nas regiões mesangiais. A doença ocorre de duas formas (tipos I e II). Na maioria dos casos, o tipo I exibe depósitos de imunocomplexos contendo IgG, C1q e C3 na camada subendotelial da membrana basal; no tipo II, estes depósitos, mais espessos, estão preferencialmente localizados nas paredes capilares. Pacientes com a condição de tipo II apresentam o fator C3 nefrítico no soro, que estabiliza a C3 convertase da via alternativa do Complemento. O resultado é a facilitação da clivagem de C3 e de sua posterior ligação a complexo imunes, com subseqüente hipocomplementenemia. glomerulonefrite membranosa – doença causada por imunocomplexos, na qual estes se depositam na camada subendotelial da membrana basal glomerular. Resultam espessamento da membrana e inflamação associados com ativação de Complemento. Além de imu168 noglobulinas, os depósitos de imunocomplexos contêm fragmentos de C3b. A doença pode ser idiopática (ocorrendo ao acaso) ou secundária a outras doenças (lupus eritematoso sistêmico, carcinoma pulmonar ou de cólon, algumas infecções), associada a defeitos metabólicos (diabetes melito) ou à ação de alguns metais (ouro, mercúrio). É a causa mais freqüente de síndrome nefrótica em adultos. A proteinúria se torna persistente em 70 a 90% dos indivíduos afetados, e metade deles desenvolve insuficiência renal após alguns anos. glucanos – polissacarídeos (na maioria β-,3-glucanos) contendo unidades de glicose. Podem ser isolados de paredes celulares de várias bactérias (Curdlan de Alcaligenes faecalis), leveduras (glucano de Saccharomyces cerevisiae) ou fungos superiores, como Lentinan de Lentinus edotes, Schyzophylan de Schyzophyllum communae, ou Pleuran de Pleurotus ostreatus. São ampliadores da resposta imune, especialmente da imunidade natural (agem na ativação de macrófagos); podem, portanto, ser utilizados como preparações imunoestimulatórias. GM-CSF (fator estimulador de colônias de granulócitos-macrófagos) – molécula que estimula o crescimento de colônias de neutrófilos, eosinófilos e macrófagos. Pertence à família dos fatores estimuladores de colônias. GMP cíclico – guanosina-3’,5’-monofosfato. Molécula que desempenha papel biológico semelhante ao AMP cíclico. gnotobiologia – disciplina científica que lida com a manutenção de animais livres de micróbios e com a monitoração das funções vitais destes animais. Tais animais (gnotobióticos) nascem sob condições estéreis e são mantidos em ambiente livre de micróbios artificialmente estabelecido, onde eles podem se desenvolver adicionalmente sob condições estéreis. Os animais respiram ar estéril, são alimentados com comida estéril, e entram em contato apenas com artigos estéreis. O conhecimento de gnotobiologia é utilizado no cuidado de recém-nascidos com perturbações severas no sistema imune (ver deficiências combinadas de células T e B) e de indivíduos expostos à irradiação radioativa. 169 granulisina – proteína antimicrobiana presente nos grânulos citoplasmáticos de linfócitos T citotóxicos e células NK. A granulisina, assim como as granzimas, é armazenada em grânulos citolíticos. Em linfócitos T citotóxicos, a exocitose desta molécula se segue à estimulação prévia do receptor da célula T. É um membro da família de proteínas semelhantes à saposina (proteínas que se ligam a lipídeos). Saposinas interagem com membranas lipídicas e ativam enzimas (glicosilceramidase, esfingomielinase) que degradam lipídeos. Como decorrência, ocorre aumento na concentração intracelular de ceramida, substância envolvida na apoptose ao iniciar a cascata da caspase. O modo de ação da granulisina, portanto, é claramente diferente daquele da perforina, outra molécula lítica presente em grânulos citotóxicos de linfócitos T citotóxicos. A granulisina tem um amplo espectro de atividade antimicrobiana contra bactérias Grampostivas, Gram-negativas, fungos e parasitas. granulocitopenia – contagem de granulócitos anormalmente baixa na circulação. granulócitos – leucócitos contendo grânulos típicos em seu citoplasma (principalmente lisossomas). De acordo com o tipo de corante com o qual eles podem ser histologicamente corados, reconhecem-se granulócitos neutrofílicos (neutrófilos), eosinofílicos (eosinófilos) e basofílicos (basófilos). Em vez de serem chamados de “granulócitos”, estas células são algumas vezes referidas como “leucócitos polimorfonucleares, PMN”; este nome, no entanto, não é exato neste contexto. O termo “leucócito polimorfonuclear” é sinônimo de “neutrófilo”. Granulócitos perfazem até 40-70 % de todos os leucócitos na circulação periférica. granuloma – estrutura organizada composta de células mononucleares. É achado típico de hipersensibilidade mediada por células. O granuloma se caracteriza por uma região central composta de células epiteliais, macrófagos maduros e ocasionalmente de células gigantes multinucleadas, que se imagina sejam o estágio final de desenvolvimento da linhagem de monócitos-macrófagos. Em certos casos, (por exemplo, tuberculose), esta porção central inclui zona de necrose caseosa, com células destruídas. A porção macró170 fago-epitelióide do granuloma é circundada por linfócitos, principalmente T. granulomatose de Wegener – doença provavelmente auto-imune, associada à produção de auto-anticorpos dirigidos contra o citoplasma de neutrófilos (ver ANCA). É caracterizada por necrose inflamatória granulomatosa tanto do trato respiratório superior quanto inferior, vasculite granulomatosa sistêmica e glomerulonefrite necrozante. grânulos dos leucócitos – organelas celulares circundadas por membrana no citoplasma de granulócitos, alguns linfócitos (ver LGL) e mastócitos. Alguns deles são lisossomas típicos. Os grânulos contêm enzimas hidrolíticas, moléculas citotóxicas, alguns receptores, vários mediadores e outras substâncias. Três tipos de grânulos são Tabela 3. O Conteúdo de grânulos dos granulócitos neutrófilos Conteúdo Azurófilos Específicos Antimicrobiano Mieloperoxidase Lisozima Defensina BPI1 Elastase Catepsina G Proteinase 3 Catepsina B Catepsina D β-D-Glicuronidase α-Manosidase Fosfolipase A2 Lisozima Lactoferrina proteases neutras Hidrolases ácidas Receptores da membrana plasmática Outros Sulfato de condroitina Colagenase Ativador de complemento Fosfolipase A2 Pequeno depósito de grânulos Gelatinase ativador do plasminogênio Catepsina B Catepsina D β-D-Glicuronidase α-Manosidase CR3, CR4, fMLPReceptores, Receptores de laminina Citocromo b558 Citocromo b558 MCF, Histaminase vitamina B12 ligada a proteinas 171 encontrados nos granulócitos neutrofílicos: azurofílicos, específicos e pequenos grânulos de armazenamento; diferem entre si em sua estrutura ao microscópio eletrônico, bem como em seu aparelhamento bioquímico (Tabela 3). granzimas – serino-proteases que pertencem à família da quimiotripsina, presente nos grânulos de linfócitos T citotóxicos e de células NK. As granzimas participam de reações citotóxicas nas quais estas células estão envolvidas. São também chamadas fragmentinas. Quatro subfamílias de granzimas (GrA, GrB, GrJ, e GrM) foram identificadas em humanos até o momento. grupos sangüíneos – grupo de antígenos codificados por alelos de um único locus, ou em vários locus estreitamente interligados. Podem ser definidos imunologicamente, geneticamente e biologicamente. São classificados em vários sistemas, por exemplo sistema ABO (Tabela 4), sistema Rh, sistema MN. São distribuídos em eritrócitos e sua determinação é de grande importância na medicina transfusional. Tabela 4. Os grupos sangüíneos do sistema ABO humano. Grupo sangüíneo Antígeno A B AB O A B AeB – Anticorpo presente no soro anti-B anti-A – anti-A e anti-B guanilato ciclase – enzima que cliva guanosina-5’-trifosfato (GTP) a guanosina-3’,5’-monofosfato (GMP cíclico). GVHR – reação do enxerto contra o hospedeiro. H – abreviação utilizada para se referir ao fator regulador do Complemento (fator H), hapteno, histamina, histocompatibilidade, ou à cadeia pesada da molécula de imunoglobulina. 172 H-2 – complexo de histocompatibilidade maior em camundongos. É codificado no cromossomo 17 e está dividido em subregiões K, I, S e D. A região K codifica moléculas de histocompatibilidade da classe I, também chamadas antígenos H-2K. A região I tem duas subregiões, I-A e I-E, cujos genes codificam antígenos de histocompatibilidade de classe II. São análogos aos antígenos de histocompatibilidade codificados na região HLA-D (→ HLA). A região S contêm genes para antígenos de classe III, enquanto a região D contêm genes para antígenos de classe I, chamados H-2D e H-2L. haplótipo – parte do fenótipo que determina o grupo de genes estreitamente interligados em um dos dois cromossomos pareados. É herdado como um todo (ao invés de genes individuais) de um dos pais. hapteno – antígeno incompleto. Substância de baixo peso molecular não imunogênica por si só, mas que pode reagir especificamente com anticorpos ou outros produtos da resposta imune. Um antígeno conjugado é formado pela ligação de um hapteno com um transportador macromolecular; o antígeno conjugado funciona como imunógeno, podendo gerar produção de anticorpos capazes de reagir com o hapteno puro. Tais anticorpos são de importância principal na quantificação de hormônios e outras substâncias de baixo peso molecular em fluidos biológicos, utilizando-se métodos imunoquímicos. Haptenos podem ser completos (geram reação de precipitação com anticorpos) ou simples – semi-haptenos (não geram tal reação). HBeAg – antígeno do nucleocapsídeo do vírus da hepatite B. Sua presença no soro marca o estágio infeccioso da doença. HBsAg – antígeno de superfície do vírus da hepatite B. hemaglutinação – reação sorológica na qual eritrócitos aglutinam e sedimentam devido à ação de anticorpos anti-eritrócitos ou algumas lecitinas. hemaglutinina – substância que induz a aglutinação de eritrócitos. Mais freqüentemente, é um anticorpo contra epitopos nas superfície 173 de eritrócitos; eventualmente, inclui algumas lecitinas ou glicoproteínas virais. hemofilia – doença hereditária causada por deficiência de fator VII, IX ou XI da cascata da coagulação do sangue. Manifesta-se por elevada tendência hemorrágica. A hemofilia A, causada por deficiência de fator VIII, pode ser tratada com sucesso pela administração do dito fator, isolado do sangue de doadores saudáveis. hemoglobinúria paroxística do frio – condição rara do grupo das anemias hemolíticas auto-imunes frias. Pode ser idiopática ou secundária à sífilis ou infecção viral. É caracterizada pela presença de hemoglobina na urina mediante exposição ao frio. Além de urina marrom-escuro, os pacientes podem apresentar calafrios, febre, diarréia, lombalgia, dor abdominal e dor em membros inferiores. hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) – forma rara de anemia hemolítica associada com hemólise intravascular durante o sono devido a aumento da sensibilidade de eritrócitos à lise por Complemento autólogo. Além de eritrócitos, neutrófilos e plaquetas são também suscetíveis à lise. As membranas citoplasmáticas destas células são deficientes em DAF (fator que acelera a decomposição das convertases do Complemento). Ativação espontânea do Complemento é marca registrada da HPN. A doença é caracterizada por leucopenia, trombocitopenia, deficiência de ferro e presença freqüente de hemoglobinúria. hemólise – dano à membrana citoplasmática de eritrócitos e liberação de seu conteúdo interno no ambiente externo. hemolisina – anticorpo ou outra substância capaz de lisar eritrócitos. heparina – glicosaminoglicano cuja principal unidade é dissacarídeo composto de D-glicosamina e ácido L-idurônico. Sua molécula contém muitos grupos sulfato. É produzida em mastócitos e células epiteliais, particularmente nos pulmões, fígado, pele e mucosa do trato digestivo. É um anticoagulante natural de grande importância, sendo utilizado com freqüência no tratamento de flebites e tromboses. 174 hepatite – inflamação do fígado que pode se manifestar por icterícia. Há várias formas de hepatites. As hepatites infecciosas são causadas por vírus, que podem ser de diversos tipos: A, B, C (não-A, não-B), D, E ou G. A hepatite tipo A é causada pelo vírus do tipo A da família de Picornaviridae. Manifesta-se por fadiga, tonturas, falta de apetite, distúrbios da função hepática, e/ou icterícia. A infecção é transmitida por alimentos e água contaminados; a fonte de infecção é sempre o homem. O vírus causador da hepatite B é do grupo “hepa-dna” de vírus (hepatite por vírus DNA). O vírus B contêm os seguintes antígenos, importantes do ponto de vista de diagnóstico: HBsAg de superfície, HBcAg central, e HBeAg. A infecção é transmitida apenas por via parenteral. O período de incubação é de 2 a 7 semanas. O HBsAg é usualmente positivo tão precocemente quanto 2 semanas antes do início dos sintomas clínicos, que se assemelham àqueles da hepatite A. O HBsAg desaparece cerca de 6 meses após a infecção, a menos que a doença evolua para um estágio crônico. A aparição de anticorpos anti-HBeAg marca período de involução do processo infeccioso. O aumento de anticorpos anti-HBc de classe IgM sugere infecção aguda recente. Anticorpos anti-HBs aparecem vários meses após o desaparecimento de HBsAg, e sugerem imunidade adquirida. O grupo de maior risco para hepatite B inclui profissionais da saúde, pacientes sob diálise, hemofílicos, drogados e homossexuais. A hepatite de tipo C é causada por um vírus RNA transmitido parenteralmente, em particular por transfusões de sangue; menos freqüentemente, a infecção é adquirida através de agulhas contaminadas em drogados, ou por intercurso sexual. Quando comparada à hepatite A ou B, a doença mostra um curso agudo mais brando, muitas vezes assintomático. Cronicidade e evolução para cirrose não são raros na hepatite C. Hepatocarcinoma pode ser uma complicação da doença. As hepatites crônicas representam um grupo heterogêneo de doenças que se caracterizam histologicamente por infiltrado inflamatório, necrose, regeneração e fibrose, mas sem sinais de remodelamento cirrótico. Hepatite auto-imune, cirrose biliar primária, colangite esclerosante primária, e algumas síndromes de sobreposição estão incluídas como causas de hepatite crônica. hepatite auto-imune – doença auto-imune do fígado que se desenvolve principalmente em mulheres jovens. Fraqueza, adinamia, 175 inapetência, dor epigástrica à direita, elevação da temperatura corporal e irregularidades menstruais podem ocorrer. A concomitância com outras doenças de autoimunidade (síndrome de Sjögren, proctocolite idiopática, tireoidite e outras) é freqüente. Anticorpos antinucleares (ANA) e anticorpos contra músculo liso e/ou actina (antiSM) são positivos na hepatitie auto-imune do subtipo I; anticorpos contra LKM (“liver-kidney microsome”) são detectados no subtipo II, caracterizado por início juvenil e rápida progressão para cirrose. A presença de anticorpos contra antígenos solúveis do fígado (antiSLA) é típica da hepatite auto-imune de subtipo III. A apresentação de antígenos proteicos em células apresentadoras (células de Kupffer e os próprios hepatócitos) constitui a base da imunopatogênese nesta enfermidade. Células T auxiliares), após ativadas, deflagram uma cascata de reações imunológicas através da ação de citocinas. Linfócitos TH1 ativam macrófagos/células de Kupfer, o que realimenta a apresentação de antígenos. A expressão de antígenos HLA de classe I na superfície dos hepatócitos aumenta a vulnerabilidade destas células. Linfócitos TH2 aumentam a produção de anticorpos por linfócitos B. Uma vez iniciado, o processo auto-imune pode danificar hepatócitos por diversos mecanismos. Estes incluem mecanismos humorais (ADCC) e celulares; o maior alvo da imunidade mediada por células é o complexo maior de histocompatibilidade. Embora associadas com manifestações sistêmicas, a maioria das alterações patológicas da hepatite auto-imune se relacionam ao fígado. Anticorpos não- órgão específicos dirigidos contra antígenos nucleares, músculo liso, microssomas e mitocôndria de fígado e rim não parecem desempenhar papel definido na imunopatogênese. hepatite crônica ativa – ver hepatite auto-imune. hepatócito – a célula epitelial do fígado. HETE – ácido hidroxieicosatetrênico, um intermediário da via da lipooxigenase na cascata metabólica do ácido araquidônico. A via dá origem a leucotrienos e lipoxinas. 176 heterodímero – polímero cuja molécula é composta de dois componentes similares, mas não idênticos (cadeias), similarmente às cadeias alfa e beta do receptor da célula T. heterogeneidade de anticorpos – diferenças na estrutura primária de anticorpos convencionais, surgindo como resposta a um antígeno multivalente (com diversos epitopos). As populações individuais destes anticorpos têm diferentes especificidades, afinidades e atividades. HEV – vênulas de endotélio alto. Vasos especializados, com endotélio alto (cúbico). Estão presentes principalmente no tecido linfático, onde capacitam linfócitos a migrar da circulação para os tecidos. O endotélio vascular alto em vênulas pós-capilares participa do processo de transmigração de leucócitos em direção ao sítio inflamatório. hibridação de ácidos nucléicos – combinação de cadeias de DNA parcialmente ou totalmente complementares, derivadas de várias moléculas de DNA de dupla fita (hibridação DNA-DNA) ou de uma combinação de uma cadeia de DNA com uma cadeia de RNA (hibridação DNA-RNA). Tais processos podem ser executados in vivo ou in vitro. No último caso, a hibridação representa a base para o método laboratorial determinar diferenças na estrutura primária de ambas as cadeias de DNA (pelo tamanho dos fragmentos obtidos após o uso de endonucleases de restrição). A hibridação é utilizada principalmente para determinar o rearranjo de subgenes (genes que codificam as imunoglobulinas ou receptor de célula T) e na avaliação do polimorfismo de genes como o observado em antígenos HLA, ou para identificar genes em geral. hibridação DNA-DNA – método que possibilita determinar a compatibilidade ou similaridade de certos segmentos (genes) da molécula de DNA em questão com fragmentos de DNA cujas seqüências de nucleotídeos são conhecidas (sondas). Segmentos idênticos da molécula de DNA interagem pelo pareamento de bases complementares (hibridação de ácidos nucléicos). Este método é denominado southern blot; é utilizado para identificar genes na molécula de DNA. 177 hibridação DNA-RNA – uma analogia à hibridação DNA-DNA, diferindo desta última porque uma molécula de RNA em vez de DNA interage com a sonda de DNA (método de northern blot). hibridoma – população de células que se origina de uma única célula, obtida da fusão de duas diferentes células somáticas. A fusão de um linfócito B pré-sensibilizado com uma célula de mieloma pode produzir uma célula híbrida capaz de produzir moléculas idênticas de imunoglobulina (ver anticorpos monoclonais). Quando se multiplica, a célula dá origem a um clone (hibridoma, um termo reduzido de mieloma híbrido). hidrolases – enzimas hidrolíticas localizadas principalmente nos lisossomas de células eucarióticas; são capazes de dividir várias moléculas poliméricas em componentes mais simples. hidrolases ácidas – enzimas hidrolíticas que têm um pH ótimo baixo. O nome se refere usualmente a proteases, fosfatases, glicosilases, nucleases e lipases encontradas no lisossoma. São liberadas durante a fagocitose ou em outras diversas reações imunopatológicas. hipergamaglobulinemia – aumento da concentração de imunoglobulinas circulantes. hipersensibilidade – reatividade ou sensibilidade aumentada de um indivíduo a um antígeno ao qual foi previamente exposto. Os antígenos podem incluir drogas ou agentes diagnósticos e constituintes do meio ambiente (poeira, pólen de plantas, componentes de origem animal, alguns alimentos). O termo é freqüentemente usado como sinônimo para alergia. As reações de hipersensibilidade (reações alérgicas) são divididas, de acordo com seu mecanismo de origem, em diversos grupos (ver imunopatologia). hipogamaglobulinemia – imunodeficiência que se caracteriza por concentração reduzida das classes maiores de imunoglobulinas (principalmente IgG) no sangue circulante. 178 hipogamaglobulinemia transitória da infância – redução fisiólogica das concentrações de IgG circulante em crianças entre 3 e 6 meses de vida. hiposensitização – dessensibilização. hipóxia – níveis anormalmente baixos de oxigênio no sangue e tecidos. histamina – amina bioativa formada por descarboxilação do aminoácido histidina. É um dos principais mediadores de anafilaxia. Evoca contrações de músculos lisos nos bronquíolos e pequenos vasos sangüíneos, aumenta a permeabilidade dos capilares sangüíneos e causa aumento da secreção da mucosa nasal. É encontrada em muitos tecidos, mas está particularmente concentrada em grânulos de mastócitos e basófilos, de onde é liberada em reações anafiláticas e anafilactóides. Atua via receptores H1, H2 ou H3. histaminase enzima também chamada de diamina oxidase; transforma histamina em ácido imidazol acético, inativando-a desta forma. histatinas – família de pequenos peptídeos catiônicos ricos em histidina (variando de 7-8 aminoácidos em comprimento); secretados na saliva, são dotados de potente atividade anti-fúngica, particularmente contra Candida albicans. histocompatibilidade – compatibilidade de tecidos de dois diferentes indivíduos. É determinada pelo grau de correspondência de antígenos de tecidos de um doador e de um receptor de um transplante. histoincompatibilidade – incompatibilidade de tecidos, o oposto de histocompatibilidade. histonas – peptídeos encontrados no núcleo de todas as células eucarióticas, onde formam complexos com DNA na cromatina e cromossomos. Têm peso molecular relativamente baixo e uma composição de aminoácidos altamente conservada; o conteúdo de arginina/lisina muito alto. As histonas podem ser agrupadas em cinco classes maiores: H1, H2A, H2B, H3, e H4. Em algumas doenças, particularmente 179 Tabela 5. HLA classe I clássicos e não-clássicos. Apresentação Clássicos HLA-A, -B, -C Não-clássicos HLA-E HLA-F HLA-G MICA, MICB1 CD1a,b,c CD1d Função Apresentação de peptídeos imunogênicos, ligantes para receptores de célula NK Quando elas falham na célula.-alvo, as células. NK são ativadas para uma atividade citotóxica Tolerância mãe-feto Tolerância mãe-feto, proteção do feto contra infecções Estrutura alvo para a ativação de alguns receptores das células NK Apresentação de antígenos lipídicos e glicolipídicos Apresentação de antígenos glicolipídicos, regulação da função da célula NKT MICB1 – MHC de classe I no lupus eritematoso sistêmico, anticorpos anti-histonas podem ser produzidos. histotopo – porção da molécula do MHC (antígeno de histocompatibilidade) que interage com o receptor da célula T. O nome foi derivado de “epitopo da molécula de histocompatibilidade”. HIV – vírus da imunodeficiência humana – termo utilizado para se referir ao vírus da imunodeficiência que causa a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA). É um retrovírus (família de vírus cujo genoma de RNA pode transcrever informação genética para o DNA de uma célula susceptível). A proteína de superfície do HIV (gp 120) (Fig. 8) pode se combinar com a molécula de CD4 na superfície de linfócitos T auxiliares, macrófagos, células dendríticas foliculares e microglia. Após a combinação com a molécula de CD4, a partícula de HIV penetra no citoplasma, onde pode iniciar sua multiplicação; lise de linfócitos T é o resultado, o que por sua vez gera um sério defeito na homeostase imunológica e os sinais clínicos associados à SIDA. Até o momento, dois tipos de HIV foram bem caracterizados: 180 Tabela 6. HLA de classe II clássico e não-clássico Apresentação Clássicos HLA-DR, -DQ, -DP Não- clássicos HLA-DO, -DM LAMP(LMP)1 TAP Função Glicoproteína com domínio transmembrana, presente em todas as APCs*, são importantes para a apresentação de peptídeos imunogênicos Encontradas apenas no citosol, são importantes para a apresentação de peptídeos proteicos Enzima proteolítica que faz parte do proteassoma Proteína transportadora que carrega o peptídeo imunogênico através da membrana do retículo endoplasmático para a apresentação de antígeno. LAMP – grande protease multifuncional, TAP – Transportador de peptídeos antigênicos, * APCs – células apresentadoras de antígenos HIV-1 e HIV-2. A demonstração de antígenos virais (p24 e gp120), bem como de anticorpos contra estes no soro de indivíduos infectados, são de importância capital no diagnóstico e prognóstico da SIDA (ver soroconversão). HLA – abreviação usada para se referir aos antígenos leucocitários humanos (ver antígenos de histocompatibilidade). São produtos do complexo de histocompatibilidade maior (complexo HLA). Duas classes são conhecidas, de acordo com sua estrutura e função: antígenos HLA de classe I (Tabela 5) e de classe II (Tabela 6). Moléculas HLA de classe I são compostas de duas cadeias polipeptídicas (alfa e beta2 microglobulina, sendo a cadeia alfa a única codificada no complexo HLA); são expressas na superfície de todas as células nucleadas. Moléculas HLA de classe II são também compostas de duas cadeias polipeptídicas (alfa e beta) que formam um heterodímero; são regularmente expressas na superfície de células do sistema imune (células apresentadoras de antígenos, linfócitos) e/ou em algumas outras células após ativação (células endoteliais, por exemplo) (Fig. 29). HMPS – desvio da hexose monofosfato. 181 g 72. Fig 45. Genes mosaicos são compostos de éxons, que codificam proteínas, e íntrons. Estes são retirados antes da produção do RNAm através da ação de Genesendonucleases. mosaicos são compostos de éxons, que codificam proteínas rons. Estes são retirados antes da produção do RNAm através da ação donucleases. hnRNA – RNA nuclear heterogêneo; molécula que representa o trans- crito primário da informação genética do DNA. O mRNA funcional é obtido a partir de processamento do hnRNA usado na síntese da proteína correspondente (Fig. 45). homeostasia – manutenção dos processos bioquímicos e biofísicos do corpo em equilíbrio dinâmico com o ambiente externo. Este equilíbela 18. Efeitos Reguladores Citotóxicos do nervoso, Monóxido de Nitrogênio brio é mantido com oeauxílio dos sistemas hormonal e imune, bem como com uma variedade de estruturas e órgãos anatômicos, dentro de limites fisiológicos definidos. Alterações patológicas ou mesmo morte resultam quando estes limites são excedidos. homopolímero – macromolécula composta de seqüências repetidas dos mesmos resíduos básicos. Polilisina, por exemplo, é o homopolímero do aminoácido lisina. hormônios tímicos – hormônios produzidos pelo timo. Grupo de mais de 40 peptídeos ou polipeptídeos diferentes cuja função principal é regular o desenvolvimento de linfócitos T e manter seus diversos subgrupos em equilíbrio fino. Os hormônios tímicos mais estudados incluem timopoetinas, timosinas e timulina. 182 HRF – fator de restrição homólogo. HSP – proteínas de choque térmico, do grupo de proteínas de estresse. São formadas em grande quantidade no ambiente celular em temperaturas que excedem a ótima, em resposta à radiação ionizante, metais pesados, anóxia, deficiência de glicose e condições de estresse celular. HSP formam uma superfamília de diferentes moléculas, diferindo entre si pelo peso molecular e pela função dentro da célula. Suas propriedades mais conhecidas incluem: a) função de chaperone (ver chaperones), isto é, a habilidade de proteger outras proteínas de desnaturação; b) ações de proteção celular, uma vez que inibem uma variedade de agentes proteotóxicos que podem induzir a perda da função da célula. HSP também exercem um efeito regulatório na produção de imunoglobulinas, assim como na expressão de antígenos HLA e de outras moléculas que participam das respostas imunes. HTC – linfócitos de tipagem homozigótica, derivados de um determinado indivíduo que é homozigoto para os genes da região D do complexo HLA. São utilizados para tipar antígenos HLA de classe II na reação de cultura mista de linfócitos (MLR). I – fator I. ibuprofeno – ácido 2-(4-isobutifenil) propiônico. Droga antiinflamatória não-esteróide que inibe as ciclooxigenases 1 e 2. iC3b – fragmento C3b do Complemento inativado (ver C3). Consiste em uma das mais importantes opsoninas. ICAM – molécula de adesão intercelular. Até o momento, são conhecidos quatro tipos: ICAM-1, ICAM-2, ICAM-3 e ICAM-4. Estruturalmente, todas elas são membros da superfamília das imunoglobulinas (Fig. 46). ICAM-1 (CD54) é uma glicoproteína de membrana encontrada em diversos tipos de células, incluindo células endoteliais e dendríticas. Liga-se ao receptor específico de β2 integrina (LFA-1), auxiliando assim diversas interações entre linfócitos T e células apresentadoras de antígeno (início da resposta imune), entre 183 Fig 2. Moléculas de adesão da superfamília das imunoglobulinas. Elas são também designadas como receptores de adesão e são expressas em diferentes também como– receptores são expressas diferentes tipos de designadas células: ICAM Molécula de de adesão adesão eintercelular; LFAem – Antígeno de função associada a linfócitos; – Antígenos de ativação tardia; tipos de células: ICAM – MoléculaVLA de adesão intercelular; LFA –muito Antígeno de VCAM – Molécula de adesão vascular; PECAM – Molécula de adesão da célula função associada a linfócitos; VLA – Antígenos de ativação muito tardia; VCAM – endotelial trombocítica; MAdCAM – Expressa no endotélio em mucosas e Molécula de adesão vascular; PECAM – Molécula de adesão da célula endotelial orienta a penetração de linfócitos no tecido linfóide associado a mucosas, como trombocítica; MAdCAM – Expressa no endotélio em mucosas e orienta a intestino. Fig 2. Moléculas de adesão da superfamília das imunoglobulinas. Elas são penetração de linfócitos no tecido linfóide associado a mucosas, como intestino. neutrófilos e células endoteliais (início da reação inflamatória), e/ou entre outros pares de células. Sua produção é estimulada por IFN-γ, TNF e IL-1. ICAM-2 (CD102), ICAM-3 e ICAM-4 (CD242) têm propriedades similares às do ICAM-1. São capazes de se combinar com LFA-1 e também com os receptores de Complemento CR3 e CR4. ICAM-2 é constitucionalmente expressa no endotélio, em linfócitos em repouso e em monócitos, e não é positivamente regulada por citocinas inflamatórias. icossomas – corpos cobertos por imunocomplexos (ver células foliculares dendríticas). ICE – enzima conversora de IL-1. 184 2 idiotipo – grupo de idiotopos no sítio de combinação de um certo anticorpo. Anticorpos anti-idiotipo podem ser produzidos contra idiotipos; de fato, tais anticorpos se constituem em anti-anticorpos. Seu sítio de combinação é complementar ao sítio de combinação do anticorpo primário, e sua estrutura espacial é idêntica à do determinante antigênico específico para este anticorpo primário. Anticorpos antiidiotipo podem, assim, ser conceituados como imagem interna do antígeno ou homoanticorpos (Fig. 4). Imagina-se que idiotipos e antiidiotipos constituam uma rede regulatória no organismo. idiotipos de imunoglobulinas –imunoglobulinas definidas por um grupo de determinantes antigênicos, particularmente em regiões hipervariáveis da cadeias leves e pesadas. Tal → idiotipo representa, na verdade, antigenicidade do sítio de combinação do anticorpo. Alguns idiotipos ocorrem no corpo de apenas um indivíduo (idiotipos privados), outros podem ser demonstrados em muitos indivíduos (idiotipos gerais ou de reação cruzada). idiotopo – epitopo (determinante antigênico) que é encontrado no domínio variável das cadeias polipeptídicas das imunoglobulinas. IFN – abreviação para interferon. IFN-α é o principal tipo de interferon produzido por leucócitos. Sua produção é induzida por células heterólogas, células infectadas por vírus, células tumorais e bactérias. Existem cerca de 15 isotipos, cujos genes estão localizados no cromossomo 9 humano. IFN-α recombinante (Intron a, Roferon A) é utilizado para tratar leucemiade células cabeludas, leucemia mielóide crônica, sarcoma de Kaposi, melanoma maligno, hepatite B e C crônicas, e algumas outras doenças. Interferon β é produzido principalmente por fibroblastos, e seus indutores são ácidos nucléicos virais ou de outra origem. Seu gene está localizado no cromossomo 9 também. IFN-β recombinante (Betaferon) é utilizado para tratar esclerose múltipla recorrente. IFN-α e IFN-β têm principalmente atividade antiviral e antiproliferativa, com menos efeitos imunorregulatórios. IFN-γ é um produto de linfócitos T auxiliares (TH1) e linfócitos T citotóxicos, ou células NK, as quais o sintetiza em resposta a antígeno específico ou mitó185 genos É considerado, portanto, uma linfocina típica cujo gene está localizado no cromossomo 12. Além dos efeitos antivirais e antiproliferativos, atua principalmente como um agente imunorregulatório. É capaz de ativar dezenas de genes. Assim, ativa principalmente macrófagos que adquirem, sob sua ação, a habilidade de matar bactérias intracelulares, lisar diversas células tumorais, além de expressar em sua superfície antígenos HLA de classe II. Estimula a expressão de antígenos HLA de classe I em diversas células, tornando-as assim mais suscetíveis à ação de linfócitos T citotóxicos. Facilita a diferenciação de linfócitos B e T. IFN-γ também está disponível, utilizado na profilaxia e tratamento de → doenças granulomatosas crônicas e algumas doenças virais. IFN-α e IFN-β atuam via receptor comum, e o IFN-γ tenha um receptor diferente. IFN-ϖ foi originalmente chamado IFN-α2. Suas características são similares àquelas de IFN-α. IFN-τ é produzido apenas no organismo de ruminantes (bovinos, carneiros, cabras). É secretado principalmente por trofoblastos embrionários. Tem efeitos antivirais e antiproliferativos. Sua estrutura é mais próxima àquela de IFN-ϖ. Ig – abreviação para imunoglobulina. Igα – cadeia polipeptídica (também referida como CD79) que pertence à superfamília das imunoglobulinas. Juntamente com Igβ (CD79b) formam um heterodímero que é componente do receptor antigênico dos linfócitos T (Fig.47). O heterodímero Igα/Igβ auxilia a molécula de imunoglobulina a se ancorar na membrana citoplasmática e participa na transmissão de sinal do antígeno no interior do linfócito B. IgA – classe de imunoglobulinas cujas moléculas podem ocorrer em duas formas: como IgA sérica (monomérica) ou IgA secretória (dimérica, cuja molécula contém, adicionalmente, uma cadeia J e um componente secretório SC). IgA secretória (S-IgA, Fig. 19) é encontrada em secreções mucosas onde participa de reações imunes locais. A transferência através de células epiteliais à superfície da mucosa é possibilitada pelo componente secretório, o qual é um resíduo do receptor poli-Ig na superfície de células epiteliais. Dois tipos de cadeias α são conhecidos: α1 e α2, as quais formam as subclasses IgA1 e IgA2. 186 Fig 47. O Complexo do Receptor de Antígeno da Célula B. secretóriado – um → dímero de IgA que Fig 23.IgA O Complexo Receptor de Antígeno dacontém Célula duas B. cadeias: cadeia J e componente secretório (CS), além das quatro cadeias pesadas e quatro leves. IgA secretória participa de mecanismos imunes locais nas membranas mucosas. IgD – imunoglobulinas com a função biológica menos conhecida. Além de monômeros de IgM, as moléculas de IgD são as mais freqüentemente incorporadas nas membranas citoplasmáticas de linfócitos B, operando como componentes de reconhecimento do → receptor de antígeno. IgE – presente, sob condições fisiológicas, nas menores concentrações de todas as Ig, incluindo anticorpos participando na defesa do organismo contra infecções parasíticas, bem como reaginas responsáveis por reações de hipersensibilidade imediata (→ alergia, → anafilaxia). Suas concentrações aumentam em infecções parasíticas, e são, particularmente altas em doenças alérgicas. 187 IGF – → fator de crescimento semelhante à insulina. IgG – classe de Ig mais comum em fluídos extracelulares. Suas moléculas são compostas de duas cadeias leves idênticas e duas cadeias pesadas idênticas, arranjadas espacialmente em domínios (Fig. 17). Quatro cadeias gama antigenicamente diferentes são conhecidas, formando quatro subclasses: IgG1, IgG2, IgG3, IgG4. Anticorpos da classe IgG são produzidos principalmente em resposta à administração repetida de antígenos solúveis. São os únicos capazes de atravessar a placenta humana. Quando combinados com antígeno (→ complexos imunes) ou quando agregados (agregados de suas próprias moléculas), ativam complemento pela via clássica. IgM – Ig com mais alto peso molecular relativo (900.000 e coeficiente de sedimentação 19S). Suas moléculas são compostas de cinco subunidades idênticas (cada uma delas com um peso molecular relativo de 180.000 e 8S), formando assim um pentâmero contendo, além de 10 cadeias leves e 10 pesadas, também uma cadeia J (Fig. 18). Pequenas quantidades de IgM circulante (abaixo de 5 %) formam hexâmeros. A principal subunidade 8S de IgM não é encontrada na circulação, mas ocorre apenas na forma de membrana, como um componente do receptor de antígeno na superfície de linfócitos B (Fig. 47). Em particular, anticorpos IgM são formados no primeiro contato do organismo com antígenos corpusculares. Eles mostram o mais forte efeito somado de multivalência, fazendo-os particularmente eficientes na aglutinação de bactéria e ativação da via clássica de ativação do complemento (depois que complexos imunes ou agregados tenham se formado). IL – abreviação para interleucina. IL-1 – glicoproteína com peso molecular de 17.000 Da que ocorre em duas formas: como IL-1α e IL-1β, as quais são codificadas por genes separados no cromossomo 2. Atuam via um receptor IL-R comum, encontrado em vários tipos de células. Conseqüentemente, os efeitos biológicos de IL-1 são pleiotrópicos. IL-1 é uma típica citocina próinflamatória sintetizada principalmente por fagócitos mononucleares bem como por muitos outros tipos de células, que atua como pirogê188 Fig 48. As principais Funções biológicas da IL-1. Esta, juntamente com IL-6 e TNF-α, são pirógenos endógenos. Até mesmo a queratina da pele produz IL-1, sendo uma resposta à irradiação solar e introduzindo uma reação inflamatória (queimadura solar). nio endógeno, estimula a proliferação de linfócitos B e T, expressão de receptores para IL-2, moléculas de leucoadesão nos neutrófilos e células endoteliais, quimiotaxia de neutrófilos, macrófagos e linfócitos, atividade citotóxica de células NK, proliferação e síntese por células epiteliais e fibroblastos de colágeno, síntese de prostaglandinas por macrófagos e no hipotálamo, síntese de proteínas de fase aguda em hepatócitos, etc. (Fig. 48). A IL-1 acompanha uma maioria de reações imunes intensas e patológicas. Atua, por exemplo, destruindo articulações em artrite reumatóide ou inflamações intestinais crônicas (colite ulcerativa, doença de Crohn). Este efeito danoso pode ser terapeuticamente bloqueado por anticorpos monoclonais anti-IL-1 ou por antagonistas naturais de seu receptor (IL-1RA). IL-1/receptores toll-like (TLRs) – superfamília de receptores numa resposta rápida de defesa à infecção e injúria tecidual, possivelmente tendo papéis na patogênese de muitas doenças humanas. Até esta data, seis TLRs de mamíferos/humanos são conhecidos (TLRs1-6). A maioria deles é composta de vários membros incluindo receptores para IL-1 (IL-1R) e IL-18 (IL-18R) e suas proteínas acessórias (IL-1RacP, IL-18RacP). Toll foi originalmente identificado como um gene de Drosophila (→ receptor toll). TLRs são caracterizados estruturalmente por um domínio citoplasmático toll/IL-1R (TIR) e por 189 18 repetições extracelulares ricas em leucina. TLRs ativam importantes cascatas de sinalização nas quais participam a quinase associada ao IL-1R- (IRAK) ou fator 6 associado ao receptor do TNF (TRAF-6) e fatores de transcrição (principalmente → NF-κB). Esta cascata de sinalização é iniciada após a ligação de um ligante a TLRs e é responsável pelo controle de mais de 90 genes, incluindo genes codificando citocinas, receptores de citocinas, fatores de crescimento, moléculas de adesão, componentes da matriz celular, e proteínas de fase aguda. Todas estas moléculas são de importância central para as respostas inflamatórias e imunes. A conservação da via de sinalização de IL-1/ toll entre diversas espécies suporta a importância deste mecanismo para as respostas do hospedeiro à invasão de patógenos e estresse ambiental. Os ligantes para TLRs incluem IL-1 e muitos componentes microbianos como → LPS, peptidoglicanos, lipoproteínas, → HSP60, mananos na parede de células de leveduras, peptídeos formilados e outros. O sistema mediado por TLR pode ser também importante no desenvolvimento humano, na manutenção de funções normais do organismo, em facilitar a endocitose de células apoptóticas e células lesadas, e na patologia de doenças cardiovasculares, bem como doenças neurodegenerativas e malignas. IL-2 – glicoproteína com peso molecular de 15.500 Da codificada por um gene no cromossomo 4 humano. Atua via receptor IL-2R que pode ocorrer na forma de baixa-afinidade, média-afinidade ou altaafinidade. É produzida por linfócitos TH1 na ativação por antígenos e IL-1. IL-2 é um fator de crescimento para ambos, linfócitos T e B, e fator ativador de linfócitos TC e células NK. Em linfócitos TH, estimula a produção de outras citocinas, tais como IL-4 e IFN-γ, bem como a atividade antitumoral de células LAK (Fig. 40). Suficiente produção de IL-2 e expressão de IL-2R são de importância principal para a imunidade mediada por células T. Produção reduzida de IL-2 é observada em pacientes com imunodeficiência severa combinada, síndrome de Nezelof, AIDS, diabetes mellitus tipo I e lupus eritematoso sistêmico. Estímulo da célula LAK tem aplicações em oncologia no tratamento de alguns tumores. IL-3 – glicoproteína com um peso molecular relativo de 20.000 Da, secretada principalmente por linfócitos TH1 e TH2 (Tabela 3), células 190 NK e mastócitos. Seu gene está localizado no cromossomo 5 próximo ao gene GM-CSF. Previamente era chamada fator estimulante de colônias multipotente (multi-CSF, → fatores estimulante de colônias). Atua via receptor comum para IL-3 e GM-CSF. É considerada como fator de crescimento para células tronco hematopoéticas, megacariócitos, eritrócitos, granulócitos, mastócitos e macrófagos (Fig. 41). IL-4 – é produzida principalmente por linfócitos TH2, mas também por mastócitos e basófilos, codificada por um gene no cromossomo humano 5. Estimula a proliferação de células B precoces, induz sua diferenciação e produção de IgM, IgG1 e IgE. Além disto, IL-4 também estimula a proliferação de linfócitos T, produção de células T citotóxicas antígeno-específicas, expressão de antígenos HLA, é um fator de ativação de macrófagos e fator de crescimento de mastócitos. Pela sua habilidade em alterar a produção de IgM para IgE, pode interferir substancialmente no desenvolvimento de reações alérgicas imediatas, desde que mediadas por IgE. IL-4 tem atividade antiinflamatória. IL-5 – é secretada principalmente por linfócitos TH2 e mastócitos ativados. Seu gene está localizado no cromossomo 5. As atividades pleiotrópicas mais importantes de IL-5 incluem ativação e estimulação da proliferação de células B e eosinófilos, estimulação de linfócitos T citotóxicos, habilidade de alterar a produção de anticorpos entre os isotipos IgM a IgA e aumentar a expressão de receptores para IL-2. Nestas atividades atua sinergisticamente com IL-2 e IL-4 principalmente. Juntamente com IL-3 e GM-CSF regula o desenvolvimento de eosinófilos. IL-6 – glicoproteína cujo gene está localizado no cromossomo 7. Foi chamada, inicialmente, de IFN-β2. É sintetizada por várias células, incluindo linfócitos TH2 e B, macrófagos, células endoteliais, fibroblastos, mastócitos e muitas linhagens de células tumorais. É considerada como uma típica citocina inflamatória. Sua produção é também induzida por muitas outras citocinas (IL-1, IL-2, TNF, IFN-γ, etc.). Atua como pirogênio endógeno e ativador da síntese de proteínas de fase aguda nos hepatócitos, como fator de finalização de 191 Fig 49. As principais funções biológicas da IL-6. Esta, assim como a IL-1 e TNFα, são pirógenos endógenos. Fig 42. As principais funções biológicas da IL-6. Esta, assim como a IL-1 e TNF-�, são pirógenos endógenos. crescimento na diferenciação de células B em plasmócitos, e como fator de crescimento de plasmocitoma e mieloma (Fig 49). Síntese anormal de IL-6 é observada em várias doenças, tais como artrite reumatóide, LES, AIDS, várias neoplasias, bem como rejeição aguda de enxertos. IL-7 – facilita a diferenciação de células tronco linfóides em células B e T precursoras precoces. Ativa macrócitos e estimula a proliferação de timócitos. Atua via receptores de alta afinidade da superfamília de receptores de hematopoietina. IL-8 – é uma → quimiocina, foi inicialmente chamada de proteína ativadora de neutrófilos, “neutrophil activation protein-1” (NAP-1). Seu gene está localizado no cromossomo humano 4, e codifica uma pequena proteína compreendendo apenas 79 resíduos de aminoácidos (peso molecular relativo de 8.400 Da). É produzida principalmente por monócitos, macrófagos e células endoteliais como uma resposta a vários fatores que induzem reação inflamatória. Atua via receptor de superfície específico de neutrófilos, e representa assim uma citocina quimiotática e de ativação chave. Além disto, também induz a expressão de integrinas β2 nos neutrófilos, a qual é de importância principal para sua migração transendotelial em focos inflamatórios. Acredita-se que esteja envolvida em reações patológicas nas quais participam neutrófilos, tais como síndrome da angústica respirató192 19 ria do adulto (SARA), fibrose pulmonar idiopática ou a fase tardia da asma brônquica. IL-9 – atua principalmente como fator auxiliar, coestimulatório de outras citocinas durante o desenvolvimento de células hematopoiéticas. Potencia, desta forma, a proliferação de alguns clones de células T auxiliares, linfócitos fetais na presença de IL-2, mastócitos após sua indução por IL-3, e eritrócitos em cooperação com eritropoietina. Seus principais produtores são linfócitos TH2 sob o efeito de IL-1. Seu gene está localizado no cromossomo 5 juntamente com genes para IL-3, IL-4, IL-5 e GM-CSF. Deleção deste segmento cromossômico é associada ao desenvolvimento de neoplasias (síndrome mielodisplásica e leucemia não-linfocítica aguda). IL-10 – é produzida principalmente por linfócitos TH2 e, numa menor proporção, também linfócitos TH0 (Tabela 3), além de monócitos, macrófagos e linfócitos B ativados. É uma proteína de peso molecular relativo de 18.000 Da (não contém qualquer sacarídeo). Inibe a produção de outras citocinas (IFN-γ, TNF, IL-2 e IL-3) por linfócitos TH1, CTL e células NK. Em macrófagos, inibe a síntese das citocinas pró-inflamatórias IL-1, IL-6, IL-8, GM-CSF e TNF, bloqueia a apresentação de antígenos e atua como uma substância imunossupressora e antiinflamatória natural. Tem sido sugerida, em decorrência disto, a possibilidade de suas aplicações clínicas no tratamento de condições inflamatórias crônicas e doenças autoimunes. IL-11 – tem muitas características biológicas similares à IL-6. As duas citocinas têm, entretanto, receptores diferentes, mas contêm a mesma subunidade gp130. IL-11 afeta de forma regulatória o sistema linfopoético e hematopoético em particular, células hepáticas e adipogênese. É o fator de crescimento para megacariócitos e, juntamente com IL-3, participa no desenvolvimento de plaquetas. Estimula células B na resposta de anticorpos a antígenos T-dependentes. É produzida por células auxiliares do tecido conjuntivo na medula óssea e por fibroblastos. Seu gene está localizado no cromossomo 5. Facilita o desenvolvimento de plasmacitoma, isto sugere seu papel em tumorigênese. 193 IL-12 – sua molécula é formada por heterodímeros de duas cadeias de glicoproteínas conectadas com pontes dissulfídicas. No homem, os genes para ambas as cadeias estão localizados em diferentes cromossomos: o gene para a cadeia polipeptídica p35 está localizado no cromossomo 3, e aquele para p40 no cromossomo 5. Os principais produtores de IL-12 são monócitos e macrófagos. IL-12 é um fator ativador para células NK, estimulando sua citotoxicidade em → reações ADCC, aumentando a expressão da molécula CD56, que é marcador de superfície típico destas células. Através de sua ação, células NK são transformadas em células LAK mais efetivas. Ela se assemelha à IL-2 neste aspecto, mas seu efeito é mais fraco (50 % menor). Além disto, IL-12 facilita a formação de CTL humanas específicas contra alguns tumores, estimula a proliferação de células TH e TC, e inibe a secreção de IgE estimulada por IL-4. É considerada o principal estimulador da produção de IFN-γ por linfócito TH1. Neste aspecto ela atua de maneira sinérgica com IL-18. Em vista desta ação imunorregulatória, IL-12 tem sido estudada no tratamento de doenças parasitárias e tumorais. Suas vantagens incluem baixa toxicidade e mínimos efeitos adversos. IL-13 – citocina antiinflamatória cujo gene está localizado no cromossomo 5 em estreita vizinhança com o gene para IL-4. É produzida principalmente por linfócitos TH2 ativados. Tem ação regulatória em diversas células do sistema imune, em particular em monócitos, macrófagos, linfócitos B e células NK. É um fator quimiotático para monócitos e macrófagos, mas inibe a produção neles de citocinas pró-inflamatórias, podendo, portanto, ser vista como um importante regulador antiinflamatório endógeno, similar à IL-10. Inibe a replicação de HIV-1 em macrófagos e monócitos, o que faz com que seja diferente de IL-3 e GM-CSF que, ao contrário dela, estimulam a replicação do agente causador de AIDS. Além disto, IL-13, similarmente à IL-4, estimula a proliferação e diferenciação de linfócitos B. IL-14 – glicoproteína com um peso molecular relativo de 55.000 Da, anteriormente referida como fator de crescimento de alto peso molecular de células B. É secretado principalmente por células dendríticas foliculares, células T dos centros germinativos, e algumas células tumorais. Sua maior função é aumentar a proliferação de células B, 194 induzindo e mantendo a produção de células B de memória. Receptores para IL-14 são encontrados em linfócitos B ativados, mas não naqueles em repouso. As moléculas de IL-14 mostram uma seqüência de aminoácidos similar à do fator Bb produzido na ativação do complemento pela via alternativa. IL-15 – glicoproteína com peso molecular relativo de 15.000 Da e função de citocina pró-inflamatória. É produzida por uma variedade de células e tecidos, incluindo macrófagos ativados, fibroblastos, músculos esqueléticos e rins. Aumenta a citotoxicidade de CTL e células NK. Neste aspecto assemelha-se à IL-2 e IL-12. Ela se liga ao receptor contendo três cadeias polipeptídicas, duas das quais são idênticas às do receptor para IL-2. Induz a proliferação de mastócitos, células T auxiliares e citotóxicas, incluindo aquelas que carregam o receptor antigênico γ/δ. Estimula a produção de IL-5 por clones de células T alérgeno-específicos, alterando assim o equilíbrio TH1/TH2 em favor de células TH2; participa, conseqüentemente, em respostas alérgicas mediadas pelas TH2. IL-15 é uma quimiotaxina efetiva para linfócitos T, reduz sua apoptose e induz a expressão de ligantes integrinas β de leucoadesão. Acredita-se que desempenhe um papel chave na manutenção de inflamação crônica no líquido sinovial em artrite reumatóide. Seu papel significante também em outros processos crônicos, tais como sarcoidose pulmonar, asma brônquica e colite ulcerativa, pode ser demonstrado. IL-16 – uma citocina imunorregulatória e pró-inflamatória cuja estrutura é bastante preservada nas várias espécies animais. É sintetizada por linfócitos citotóxicos (CD8+) na forma de um precursor de alto peso molecular (peso molecular de 80.000 Da) o qual dá origem, em células produtoras, a uma cadeia polipeptídica de peso molecular 14.000 Da, que se polimeriza em tetrâmeros. Estes representam a única forma biologicamente ativa de IL-16, secretados por linfócitos CD8+ em resposta a antígenos, histamina ou serotonina. IL-16 utiliza a molécula de CD4 como receptor, atuando assim não apenas em linfócitos T auxiliares, mas também em macrófagos e eosinófilos que carregam este antígeno de diferenciação em sua superfície. IL16 representa, para todas estas células, um fator quimiotático efetivo que também induz a produção por elas de outras citocinas, além 195 de expressão de antígenos de histocompatibilidade HLA-DR. IL-16 inibe em sua ligação a linfócitos CD4, a resposta imune desta célula ao HIV, sua infecção pelo vírus, bem como a replicação intracelular do agente causador da AIDS. Células epiteliais das vias aéreas de pacientes com asma, mas não de indivíduos saudáveis, podem também liberar IL-16 biologicamente ativa. Isto sugere um efeito terapêutico potencial de inibidores de IL-16. IL-17 – glicoproteína contendo 155 resíduos de aminoácidos com homologia significante a uma proteína do vírus do herpes linfotrópico (HVS13). É produzida por linfócitos T ativados na forma de um dímero. Estimula fibroblastos, células endoteliais e epiteliais a sintetizar IL-6, IL-8 e GM-CSF, sugerindo que possa participar em processos inflamatórios com o envolvimento de linfócitos T. IL-18 – citocina pró-inflamatória , originalmente descrita em 1989 como fator indutor de IFN-γ (IGIF). Esta atividade necessita, no entanto, de um segundo estímulo fornecido por IL-12, mitógenos ou agentes microbianos. Ambas as citocinas (IL-18 e IL-12) atuam em sinergia e desempenham um papel chave na indução da produção, particularmente por linfócitos TH1, de IFN-γ. IL-18 é produzida na forma de um precursor inativo principalmente por macrófagos ativados; o precursor é então dividido por caspase 1 (esta protease era antigamente chamada enzima conversora da IL-1β, ICE) em citocina ativa. IL-18 assemelha-se estruturalmente a IL-1β, e é codificada por um gene no cromossomo 9. Atua via um receptor específico, IL-18R, cuja forma solúvel (sIL-18) é capaz de neutralizar a ação de IL-18. O mais importante dos efeitos pró-inflamatórios de IL18 é sua habilidade de induzir a produção de TNF, IL-1β, CM-CSF, XCX e quimiocinas CC, Fas ligante e fator nuclear κB (NF-κB). Estímulo da expressão de Fas ligante em células NK e linfócitos T resulta numa atividade citotóxica aumentada destas células. IL-18 é, por outro lado, um ativador muito efetivo da replicação de HIV-1 (o agente causador da AIDS) em macrófagos humanos. Concentrações sangüíneas normais de IL-18 variam entre 50 e 150 pg/mL. Níveis tão altos quanto 200 até 1.200 pg/mL são medidos em pacientes com leucemia linfoblástica aguda, leucemia linfocítica crônica, leucemia mielogênica aguda e crônica. Superprodução de IL-18 resulta no au196 mento da produção de óxido nítrico (NO), o qual participa então, imediatamente, de uma série de reações patológicas. IL-19 – originalmente descrita em 1988 como um novo homólogo de IL-10. Seu gene está localizado no cromossomo 1, próximo àquele para IL-10. IL-19 compartilha a identidade de 21 % de aminoácidos com IL-10. Ela atua, no entanto, através de um receptor diferente, cuja identidade não foi ainda descoberta. É produzida por monócitos após a indução com LPS ou GM-CSF. Supõe-se que IL-19 seja uma substância antiinflamatória efetiva, pois é capaz de reduzir os elevados níveis de IFN-γ, TNF e IL-6, e, portanto pode ser implicada no tratamento de condições inflamatórias, de infecções virais e de outros patógenos intracelulares. IL-20 – descrita em 1999, é outro homólogo de IL-10 cujo gene está localizado no cromossomo 12, em estreita vizinhança ao gene para IFN-γ. Sua molécula é formada por uma cadeia polipeptídica com 183 resíduos de aminoácidos, e é expressa no timo e no embrião. Um receptor de IL-20 foi identificado como heterodímero de duas subunidades de receptores órfãos de citocina classe II. Ambas as subunidades do receptor são expressas em pele e são hiper-expressas em pele psoriática. Parece, portanto, que IL-20 tem um papel importante na função epidérmica e em psoríase. Atua, geralmente, como uma citocina pró-inflamatória porque estimula a produção de diversas proteínas de fase aguda. IL-21 – também chamada de fator indutível derivado de células T (ILTIF), é uma nova citocina (descrita em 2000). IL-19 humana é codificada pelo gene localizado no cromossomo 4q26-q27 como um precursor composto de 162 resíduos de aminoácidos. Após modificação pós-translacional é originada a proteína biologicamente ativa, compreendendo 131 resíduos de aminoácidos (peso molecular relativo de 15.000 Da). Apresenta significante homologia com as proteínas IL-2, IL-4 e principalmente IL-5. É provavelmente produzida apenas por linfócitos T periféricos ativados e atua através de IL-21R, o qual está em células B, bem como em células de linhagem B-, T e NK. O papel biológico de IL-21 não é bem conhecido. Pode participar no controle de proliferação e maturação de células NK, na proliferação 197 de células B maduras coestimuladas com anti-CD40, e na proliferação de células T coestimuladas com anti-CD3. IL-22 – é uma citocina humana descrita em 2000, relacionada à IL-10 (mostrando com esta uma identidade em 22 % dos aminoácidos), a qual é produzida por células T ativadas. Está localizada no cromossomo 12q15 em humanos. Diferente de IL-10, IL-22 não inibe a produção de citocinas pró-inflamatórias por monócitos em resposta a LPS nem afeta a função de IL-10 em monócitos, mas tem efeitos inibitórios modestos na produção de IL-4 de células T2. IL-23 – é uma citocina humana descrita em 2000, formada por uma combinação de fator p19 e de uma subunidade de IL-10. Células dendríticas ativadas secretam níveis detectáveis deste complexo. IL23 humana estimula a produção de IFN-γ e proliferação de células T blásticas em presença de PHA, bem como em células T CD45RO (células de memória). immunoblotting – compreende três passos: primeiro, a mistura de moléculas (proteínas e/ou fragmentos de DNA) é separada por eletroforese ou ponto isoelétrico em gel de poliacrilamida ou agarose; seguese a transferência (blotting) de moléculas separadas da fase gel para a sólida (mais freqüentemente uma membrana de nitrocelulose); no terceiro passo, as substâncias detectadas por reação com enzima específica ou anticorpo marcado com enzima específica ou isótopo radioativo (se proteínas foram separadas). O método é referido como western blotting. É utilizado para determinar antígenos ou anticorpos bacterianos e virais (diagnóstico de doenças infecciosas), auto-antígenos (doenças auto-imunes), isotipos individuais de antígenos polimórficos significantes, imunoglobulinas patológicas (→ gamopatias), bem como para caracterização genética de indivíduos em medicina forense. No caso de fragmentos de DNA, → southern blotting é utilizado. imune – pertencendo a, ou caracterizado por imunidade. imunidade – habilidade do organismo para resistir a agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e protozoários), células estranhas e células 198 Fig 50. A imunidade inata interage com a imunidade adquirida através de fatores humorais e celulares. Geralmente ambas as respostas ocorrem na mesma área. Anticorpos podem interagir com células Natural Killer. Fig 43. A imunidade inata interage com a imunidade adquirida através de fatore umorais e celulares. Geralmente ambas as respostas ocorrem na mesma área transplantadas de um indivíduo geneticamente diferente e possuin- do apenas células tumoralmente afetadasKiller. ou células afetadas por víAnticorpos podem interagir com células Natural rus e seus produtos, isto é, a habilidade de reagir a um antígeno com uma resposta imune favorável ao organismo. Esta resistência pode ser não específica (natural, inata) ou específica (adquirida, adaptativa) (Fig 50). Ambas são determinadas pela composição genética (genoma) de um indivíduo. Diversas estruturas anatômicas (tais como pele e mucosa) e sistemas fisiológicos (coagulação sangüínea, por Tabela 8. Resumo das Doenças imunes secundárias (adquiridas ) exemplo), os quais não fazem parte diretamente do sistema imune (representam resistência natural), bem como moléculas especializadas (sistema do complemento, muitas citocinas) e mecanismos Imunodeficiências secundárias da Imunidade Adaptativa (específica) celulares (fagocitose, células NK) são responsáveis por imunidade - Falha ou defeito na síntese de imunoglobulinas munodeficiências de anticorpos não específica. A atividade destes mecanismos imunidade natu-nefrótica - Redução seletiva dede IgG na síndrome ral não é determinada por prévio comaum certo antígeno, e - contato Imunossupressão longo prazo são, portanto, efetivos contra uma maligno variedade delinfócitos antígenosBinespecí- Tumor dos (ex. Linfoma de Burkit ficos, cujo sistema não possui memória imunológica. Ao contrário, munodeficiências celulares - Após infecções virais apenas quando há mecanismos de imunidade específica são ativados AIDS contato com um determinado antígeno (eles são portanto chamados munodeficiências combinadas - Doenças metabólicas (diabetes mellitus, não funcionamento renal) 199 Fatores nutricionais (proteínas, vitaminas, selênio e outros microelementos) Esplenectomia imunidade adquirida ou imunidade adaptativa), e são específicos. Atuam somente contra o antígeno que os ativou, têm memória imunológica, e são filogeneticamente mais novas que os componentes da imunidade natural. Ambas, células e moléculas, podem participar em imunidade específica e não específica. O principal mecanismo da imunidade não específica mediada por células é a → fagocitose e as → células NK, embora → linfócitos T efetores (citotóxicos) e regulatórios (auxiliares e supressores) sejam responsáveis por imunidade específica mediada por células. O componente mais significante da imunidade não específica humoral (molecular) é o sistema do → complemento, embora imunidade humoral adquirida tenha → anticorpos ( → imunoglobulinas) como seu mecanismo básico. imunidade adquirida – outra denominação para imunidade específica. imunidade anticâncer – resistência contra células tumorais e seus antígenos. Tem um componente não específico e um específico. As principais reações mediadas por células participam de ambos. Tumores que se desenvolvem espontaneamente são eliminados/destruídos de forma não específica principalmente por → células NK e → células LAK, embora linfócitos T citotóxicos e algumas → células K atuem especificamente (somente contra certos tumores) pelo mecanismo → ADCC. A condição para ação específica é que antígenos específicos associados a tumores na superfície de células tumorais transformadas sejam reconhecidos e a resposta imune seja gerada. imunidade antiinfecciosa – resistência do organismo contra microorganismos patogênicos e oportunisticamente patogênicos e suas toxinas. Geralmente é específica apenas contra um único ou vários microorganismos, e é adquirida após imunização natural do indivíduo (após a recuperação de uma doença) ou após vacinação. imunidade ativa – processo desenvolvido em indivíduo previamente exposto a um agente infeccioso ou vacinação. imunidade do transplante – resistência contra células, tecidos e seus antígenos (→ antígenos de histocompatibilidade) transferidos ao 200 organismo de um indivíduo a partir de um doador geneticamente não-idêntico. Pode haver dois tipos de resposta a antígenos de histocompatibilidade: → rejeição ao enxerto (reação hospedeiro contra enxerto, HVG) ou → reação enxerto contra hospedeiro (GVHR). Reação ao enxerto pode ser hiperaguda (mediada por anticorpos, e.g. na presença de diferenças entre grupos sangüíneos ou em xenotransplante), aguda (com a participação de CTL contra antígenos HLA estranhos) ou crônica (com a participação de antígenos fracos de histocompatibilidade). imunidade específica – também chamada imunidade adquirida. Significa a habilidade do organismo para responder a antígenos estranhos por resposta imune específica. Ela dá origem a anticorpos específicos, linfócitos efetores com memória imunológica capazes de reagir apenas com o antígeno que induziu sua produção. Eles não se tornam operativos imediatamente após o contato de determinado antígeno com o sistema imune, sendo necessários vários dias de latência durante os quais os clones de células proliferam e se diferenciam, e a produção de anticorpos é induzida. imunidade humoral – imunidade mediada por moléculas efetoras do sistema imune. Na maioria dos casos elas são → anticorpos, e este tipo é conseqüentemente chamado imunidade mediada por anticorpo. imunidade inata – outro termo para → imunidade não específica. imunidade mediada por células – imunidade envolvendo células do sistema imune (linfócitos – imunidade específica mediada por células, ou fagócitos profissionais – imunidade natural ou não específica). imunidade não-específica – (também chamada imunidade inata ou natural) – grupo de reações em nível de tecidos, células e moléculas presentes no organismo desde o nascimento, sendo sua atividade independente de contatos prévios com antígenos. São portanto capazes de atuar imediatamente após o contato do organismo com e.g. agentes infecciosos. Imunidade não-específica tem importância principalmente na eliminação de substâncias estranhas dos tecidos, 201 em defesa antiinfecciosa e anticâncer. O sistema imune não-específico utiliza apenas umas poucas, relativamente inflexíveis, populações celulares (e.g. → neutrófilos, → macrófagos, → células NK, → células NKT) e componentes solúveis (e.g. peptídeos antibacterianos, → complemento, → citocinas). imunidade natural – outro termo para → imunidade não-específica. imunização – procedimento pelo qual imunidade é induzida no organismo de um indivíduo. Ela ocorre em condições naturais durante a vida do indivíduo ou por intermédio de administração artificial do antígeno correspondente (particularmente microorganismos mortos ou atenuados e seus componentes) – através de → vacinação. Pode ser ativa (um antígeno é trazido ao organismo, e o organismo por si mesmo produz anticorpos específicos e linfócitos efetores), ou passiva (anticorpos específicos e/ou linfócitos produzidos por outro indivíduo são administrados). Imunização ativa é feita com o objetivo de proteger o indivíduo de certas doenças infecciosas (prevenção), enquanto que o objetivo da imunização passiva é usualmente intervenção terapêutica de doenças em progressão. imunização passiva – transferência de anticorpos específicos ou linfócitos sensibilizados de um hospedeiro imune (doador) a um hospedeiro não-sensibilizado (receptor). Contrastando com imunização ativa, a duração da imunidade após imunização passiva é substancialmente mais curta. Um exemplo é a administração de imunoglobulina a indivíduos imunodeficientes ou transferência transplacentária de anticorpos da mãe ao feto. imunoaderência – a habilidade de fagócitos profissionais de aderir a seus receptores de imunoaderência (FcR ou CR) de bactéria ou outras partículas opsonizadas por anticorpos ou ao fragmento iC3b do complemento. imunoadsorvente – substância insolúvel (veículo) à qual antígeno ou anticorpo é ligado. Com o anticorpo ligado, é usado para simples separação de antígeno específico, e vice-versa (cromatografia de imunoadsorção). 202 imunobiologia – parte da imunologia que estuda principalmente os princípios biológicos de defesa do hospedeiro contra infecção e com a evolução filogenética do sistema imune. imunocompetência – habilidade geneticamente determinada de alguns linfócitos em reagir a antígenos por resposta imune específica, tanto em termos qualitativos quanto quantitativos. Este é o mecanismo subjacente à habilidade de um indivíduo de responder a um dado antígeno. imunocomplexos – complexos formados na reação do antígeno (e/ou hapteno) com anticorpo. Podem formar-se em condições in vitro (sendo então a base para métodos analíticos imunoquímicos e diagnósticos) ou sob condições in vivo (facilitando assim a fagocitose de bactérias ou outras partículas opsonizadas por anticorpo ou capazes de induzir doença por imunocomplexos quando auto-anticorpos reagem com auto-antígenos). Nas condições ou na presença de soro sangüíneo, alguns componentes também podem ligar-se a eles. imunoconglutinina – anticorpos dirigidos contra componentes do complemento ou seus fragmentos, especialmente contra C3b e C4b, encontrados em altos títulos em pacientes com artrite reumatóide. imunodeficiência combinada grave (SCID) – grupo heterogêneo de doenças devidas a defeitos no desenvolvimento de células tronco da linhagem linfóide, resultando em disfunção severa de linfócitos B e T. É uma das imunodeficiências mais sérias, pois está associada com falta quase completa tanto de imunidade humoral quanto de imunidade mediada por células. Crianças com SCID mostram linfopenia severa (contagem reduzida de linfócitos periféricos), sendo os linfócitos na circulação periférica funcionalmente inativos. Durante os três primeiros meses de vida agamaglobulinemia total se desenvolve. A criança não tem timo ou tem apenas alguns remanescentes em sítios anatomicamente não tradicionais. Infecções recorrentes sérias, pneumonia, otite média crônica, diarréia crônica e sepsis desenvolvem-se precocemente após o nascimento. O organismo tornase rapidamente esquálido, em consequência de infecções contínuas. Crianças afetadas por SCID usualmente não vivem para atingir dois 203 anos de idade. Infecções podem ser prevenidas mantendo a criança logo após o nascimento em condições estéreis, o que se torna complicado e oneroso. SCID tem diversas formas, de acordo com o tipo de células afetadas e de acordo com os defeitos moleculares, em particular no que diz respeito à atividade de várias enzimas. As únicas terapêuticas disponíveis são o transplante de medula óssea ou a terapia gênica (substituição do gene em falta ou defeituoso). imunodeficiências – distúrbios nos mecanismos de ambas, imunidade específica e não específica, nos quais células T, células B ou ambos os tipos de linfócitos participam juntamente com células apresentadoras de antígeno, fagócitos profissionais, outras células acessórias, anticorpos, citocinas, o sistema do complemento e/ou componentes adicionais do sistema imune. A causa subjacente pode ser atividade insuficiente ou anormal de tais células, falta, afuncionalidade ou síntese reduzida de moléculas efetoras e regulatórias do sistema imune. Tais distúrbios podem afetar células do sistema imune em diversos estágios de seu desenvolvimento. Isto provoca uma variedade de sintomas clínicos, incluindo mais comumente distúrbios da imunidade anti-infecciosa e anticâncer. Do ponto de vista de sua origem, as imunodeficiências podem ser primárias (inatas, herdadas), devido a um gene ausente ou defeituoso, e secundárias (adquiridas durante o desenvolvimento ontogenético do indivíduo). Imunodeficiências secundárias são induzidas por uma variedade de fatores desfavoráveis, físicos, químicos, fatores biológicos ou psicossociais, e/ou nutrição insuficiente ou incorreta (Tabela 7). Ao contrário das imunodeficiências primárias, imunodeficiências secundárias usualmente se normalizam tão logo tal fator desfavorável cesse de atuar. A Tabela 8 mostra um quadro geral das mais importantes imunodeficiências primárias de acordo com a classificação da OMS de 1999. imunodifusão – movimento de difusão contradirecional de moléculas de antígeno e anticorpo, usualmente em gel de ágar ou agarose. A velocidade de movimento depende da concentração de ambos os componentes, bem como das constantes de difusão. Um precipitado é formado no local do gel onde antígeno e anticorpo se encontram, fornecendo evidência para a presença do antígeno ou anticorpo procurados. Um arranjo apropriado pode mesmo capacitar o investi204 Tabela 7. Resumo das Doenças imunes secundárias (adquiridas ) Imunodeficiências secundárias da Imunidade Adaptativa (específica) Imunodeficiências de anticorpos – Falha ou defeito na síntese de imunoglobulinas – Redução seletiva de IgG na síndrome nefrótica – Imunossupressão a longo prazo – Tumor maligno dos linfócitos B (ex. Linfoma de Burkitt) Imunodeficiências celulares – Após infecções virais – AIDS Imunodeficiências combinadas – Doenças metabólicas (diabetes mellitus, não funcionamento renal) – Fatores nutricionais (proteínas, vitaminas, selênio e outros microelementos) – Esplenectomia Deficiências secundárias da Imunidade Inata (natural) Distúrbio da fagocitose – Neutropenia Distúrbios na atividade do – Doenças de Imunocomplexos Complemento – Grave dano ao fígado gador a determinar, com base na área de precipitação, a concentração do componente investigado, tal como em imunodifusão radial simples. Métodos de imunodifusão são utilizados para demonstrar antígenos (se o anticorpo específico está disponível) ou anticorpos (se o antígeno está disponível). imunoeletroforese – técnica laboratorial que combina eletroforese e imunodifusão em gel de agarose ou ágar. Métodos imunoeletroforéticos podem ser utilizados para detectar igualmente a presença e a quantidade (concentração) de antígenos, e são substancialmente mais rápidos que métodos de imunodifusão. De acordo com o procedimento, cinco grupos básicos de métodos imunoeletroforéticos podem ser distinguidos: imunoeletroforese convencional de acordo com Grabar e Williams (é utilizada principalmente para determi205 Tabela 8. Resumo das Doenças Imunes primárias Deficiências primárias da Imunidade adquirida (específica) Imunodeficiências de anticorpos Agamaglobulinemia Deficiência seletiva das classes de imunoglobulina ligada ao (principalmente IgA) cromossomo X Deficiência seletiva de anticorpos específicos Hipogamaglobulinemie temporária na infância Imunodeficiências temporárias Deficiências da Imunidade celular Imunodeficiência – Deficiência de adenosinaminase (ADA) combinada severa – SCID T-B- (ausência de linfócitos T e B, mantêm(SCID) se as células NK) – SCID T-B+ (ausência de células NK e linfócitos T e presença de linfócitos B) – Deficiência de proteínaquinase-Jak-3 – Disgênese reticular Distúrbios dos – Síndrome de Di George Linfócitos T – Síndrome dos linfócitos não funcionais (ausência do antígeno HLA) – Distúrbio da expressão de HLA de classe I (defeito TAP) – Síndrome do Hiper-IgM – Síndrome de Wiskott-Aldrich – Síndrome de Chédiak-Higashi – Síndrome de Omenn – Linfohistiocitose hemofagocítica familiar – Síndrome linfoproliferativa ligada ao cromossomo W – Síndrome linfoproliferativa familiar com autoimunidade – Deficiência de CD3 – Síndrome do Hiper-IgE (síndrome de Job) Outras – Síndrome do Hiper-IgD imunodeficiências – Candidíase mucocutânea de anticorpos e – Ataxia Teleangiectasia células Deficiências primárias da Imunidade Inata (natural) Deficiência da fagocitose Distúrbio do – Síndrome de Kostmann número de – Neutropenia cíclica neutrófilos – Disgênese reticular 206 Tabela 8. Resumo das Doenças Imunes primárias Deficiências primárias da Imunidade Inata (natural) Deficiência da fagocitose Distúrbio do – Glicogenoses dos tipos Iib número de neutrófilos Distúrbios da – Doença granulomatosa crônica função fagocitória – Síndrome I-LAD – Síndrome II-LAD Deficiência de – Deficiência da cadeia α do receptor de IFN-γ enzimas lisossomais – Deficiência de grânulos específicos Deficiência de – Deficiência do inibidor de C1 Complemento – Distúrbio dos receptores para C3bi (síndrome-ILAD) – Deficiência da proteína ligadora de manose nar imunoglobulinas de mieloma), imunoeletroforese em coluna, contra-imunoeletroforese, eletroforese bidimensional (cruzada) e imunofixação. imunoensaio de fluorescência – FIA, fluoroimunoensaio, um método imunoquímico utilizado para determinar concentrações de antígeno (hapteno) ou anticorpo em misturas complexas de várias substâncias usando antígeno ou anticorpo marcados com corante fluorescente (fluoróforo). A quantidade da substância analisada é então determinada, com base na medida de → fluorímetros utilizando fluorescência ou contadores de fóton. imunoensaio de giro (SAI) – método imunoquímico que utiliza antígeno ou hapteno marcado com um radical livre estável (com um elétron com giro não-pareado para identificar o complexo imune formado. imunoensaio de quimioluminescência (CIA) – método imunoquímico utilizado para determinar concentrações de antígeno (hapteno) ou anticorpo, com um dos reagentes sendo marcado com → quimioluminóforo (→ quimioluminescência). 207 imunoensaio usando partículas – método imunoquímico utilizado para determinar concentrações de antígeno (hapteno) ou anticorpo, com um dos reagentes sendo adsorvido ou ligado quimicamente à superfície ou interior de partículas (eritrócitos, partículas de látex, ouro colóide, etc.). Na interação com o outro reagente, aglutinação ou lise de partículas ocorre, isto pode ser medido utilizando-se várias técnicas. imunoestimulação – aumento inespecífico no grau da imunidade natural (inata) ou específica de um indivíduo, manifestando-se por uma maior velocidade e intensidade da resposta imune a vários antígenos, em particular bactérias, vírus e células tumorais. Pode também ser alcançada pela administração de várias drogas imunoestimuladoras cujas ações são estudadas na → imunofarmacologia. imunofarmacologia – disciplina científica no limite da imunologia e farmacologia, que lida com os estudos dos efeitos supressivos ou estimulatórios de drogas naturais ou sintéticas no sistema imune e seus constituintes, com o objetivo de influenciar sua atividade de forma dirigida (terapêutica). imunofilinas – proteínas intracelulares com atividade peptidil-propilcis-trans-isomerase, a qual se combinam, especificamente com drogas imunossupressoras, tais como → ciclosporina A (CyA), → FK506 e → rapamicina. Uma imunofilina citosólica específica existe para cada um deles (→ ciclofilina para CyA) a qual, na combinação com o imunossupressor correspondente, perde sua atividade enzimática, e assim, a habilidade de transmitir ativação de sinal do receptor da célula T ao núcleo. Este é o princípio da ação imunossupressiva de imunofilinas. imunofixação – método imunoeletroforético que detecta antígenos separados diretamente em gel, com base em sua precipitação com o anticorpo específico. imunofluorescência – habilidade de uma certa molécula absorver luz ou outra energia e, subseqüentemente, de irradiá-la na forma de um fóton (luz com um comprimento de onda mais longo que o da luz absorvida). É utilizada em técnicas histoquímicas e imunoanalíti208 cas. Utilizando anticorpos marcados com corantes fluorescentes, os antígenos correspondentes podem ser localizados em cortes histológicos, desde que imunocomplexos formados emitam fluorescência e possam ser observados em microscópio de fluorescência. O mesmo princípio é também aplicado em imunoensaios de fluorescência sensíveis (→ imunoensaio de fluorescência). imunogenética – disciplina científica no limite da imunologia e genética lidando com a análise genética de moléculas efetoras e regulatórias do sistema imune (em particular antígenos do complexo de histocompatibilidade maior, imunoglobulinas, citocinas, componentes e fatores do complemento), bem como com o controle genético da resposta imune. imunogenicidade – habilidade de uma determinada substância (→ imunógeno) de induzir resposta imune. imunógeno– substância que, quando administrada num indivíduo apropriado (imunocompetente) induz resposta imune. Na realidade, este é um nome diferente para → antígeno completo. imunoglobulina de membrana – molécula de imunoglobulina cuja fração C-terminal tem cauda hidrofóbica adicional compreendendo cerca de 20 resíduos de aminoácidos. Isto a capacita a ficar ancorada na membrana citoplasmática de linfócitos B, onde se torna parte do receptor de antígeno (→ Ig-α, → receptores de antígeno). IgD e IgM monomérica, principalmente, têm esta função. imunoglobulina humana normal – preparação de imunoglobulina para uso intravenoso a partir do plasma sangüíneo de no mínimo 1.000 doadores saudáveis. Contém principalmente IgG e é utilizada em terapêutica de substituição (nas deficiências de produção de anticorpos), para profilaxia e terapêutica de algumas infecções e doenças imunopatológicas (→ preparações terapêuticas de imunoglobulinas). imunoglobulinas – (Ig), glicoproteínas de origem animal, incluindo todos os → anticorpos. Suas moléculas consistem de duas cadeias poli209 peptídicas leves e duas pesadas idênticas (Figs. 17 e 32) interligadas por pontes dissulfídicas. As cadeias são arranjadas espacialmente em domínios (→ domínios das imunoglobulinas) e moléculas. O primeiro domínio de ambas, cadeias leves e pesadas, é variável, os outros domínios são constantes. Nos domínios variáveis, a seqüência de aminoácidos na cadeia polipeptídica é diferente quando moléculas de anticorpos com diferentes especificidades são comparadas, embora permaneça a mesma nos domínios constantes. As regiões nos domínios variáveis onde aminoácidos podem variar grandemente em posições individuais são chamadas regiões hipervariáveis. Na molécula completa de Ig, as regiões hipervariáveis das cadeias leves e pesadas são arranjadas em estreita vizinhança espacial umas das outras, e formam o sítio de combinação que é responsável pela especificidade do anticorpo. De acordo com o tipo de cadeia leve, as Ig são classificadas em dois tipos: (K e L), e de acordo com o tipo de cadeias pesada em cinco classes (IgA, IgD, IgE, IgG e IgM). imunoglobulinas de mieloma – moléculas completas de imunoglobulinas ou suas partes, produzidas por células plasmáticas malignas ou seus precursores. São encontradas no soro sangüíneo de pacientes com mieloma múltiplo ( → gamopatias). preparações terapêuticas de imunoglobulinas – preparações purificadas de imunoglobulinas apropriadas para uso clínico. São prepara-das de plasma coletado de, no mínimo, 1.000 doadores saudáveis. As preparações de primeira geração (gamaglobulina sérica imune) podem ser administradas apenas intramuscularmente, embora preparações de segunda e terceira gerações (→ imunoglobulina humana normal) possam ser também administradas intravenosamente. Vários critérios de atividade e segurança, entretanto, devem ser satisfeitos. Por exemplo, as preparações devem conter IgG efetivamente pura que não pode estar na forma de agregados – os quais poderiam evocar reações adversas anafilactóides. A presença em preparações para uso intravenoso de IgA pode induzir a produção de anticorpos anti-IgA em indivíduos deficientes de IgA, resultando no desenvolvimento de efeitos adversos anafilactóides e anafiláticos em administrações subseqüentes. Preparações de imunoglobulina humana normal, tais como Sandoglobulin, Gamimmune, Venoglobuline, 210 Tabela 17. Doenças nas quais o tratamento com imunoglobulinas endovenosas pode ser eficaz Com grande probabilidade Imunodeficiências – Agamaglobulina ligada ao cromossomo X primárias – CVID: Imunodeficiência variável habitual – Deficiência de IgG seletiva – Imunodepressão grave combinada Imunodeficiências – Rejeição de transplantes secundárias – Leucemia linfocitária crônica – Risco do recém nascido – AIDS na infância – Doença de Kawasaki – Púrpura tromboitopênica idiopática (aguda) Outras doenças – Hemofilia, autoanticorpos contra o fator VIII Possibilidades – Mieloma múltiplo – Doenças autoimunes – Artrite idiopática juvenil – Miastenia gravis – Artrite reumatóide – AIDS Gamma-Venin, são utilizadas como terapêutica de substituição de deficiências de anticorpo primárias e secundárias, ou podem ser úteis no tratamento de algumas outras doenças (Tabela 17). Elas são administradas profilaticamente a indivíduos que não desenvolveram uma imunidade de anticorpos adequada ao tempo em que foram expostos, ou potencialmente expostos a uma infecção específica. Tais preparações contêm quantidades aumentadas de anticorpos, por exemplo, contra a toxina diftérica, contra o vírus causador da hepatite B, ou da raiva. Deve-se lembrar ao utilizar preparações de imunoglobulina para tratamento que elas possuem não apenas efeitos de substituição, mas também regulatórios e podem, portanto, influenciar a homeostasia imune do indivíduo numa direção tanto positiva quanto negativa. imunohematologia – disciplina científica no limite da imunologia e hematologia. Ela estuda principalmente a genética dos grupos san211 güíneos, seus antígenos e anticorpos. Tais antígenos são distribuídos em eritrócitos, leucócitos e plaquetas. imunohormônios – agentes imunorregulatórios com características de hormônios. São sintetizados num único tipo de células imunologicamente ativas e afetam, via receptores específicos, diferenciação e atividades funcionais de outras células. Alguns deles são de natureza hormonal típica (hormônios do timo – → timosinas), outros atuam principalmente como hormônios locais ( → citocinas). Os hormônios são secretados no modo endócrino e suas células alvo, às quais eles transmitem determinado sinal, podem estar localizadas em qualquer local do organismo. Hormônios locais são secretados de modo parácrino ou autócrino, e seus maiores efeitos são usualmente restritos a células vizinhas. Linfócitos, entretanto, têm a habilidade de migrar dentro de todo o organismo, e seus produtos imunorregulatórios (→ interleucinas, → linfocinas), embora sendo hormônios de natureza local, podem atuar também sistemicamente. imunologia – disciplina científica que estuda a estrutura, funções e reações do → sistema imune, as quais ocorrem durante a resposta deste a antígenos e outros fatores do ambiente, bem como a alterações no ambiente interno do organismo. Por seus conteúdos e objeto de estudo, pertence às ciências biológicas e médicas. É subdividida em diversas áreas, as mais importantes incluem → imunoquímica e imunologia (i) molecular, i. celular (estuda a origem, evolução, funções e interações das células do sistema imune), i antiinfecciosa (estuda antígenos derivados de bactérias, vírus e protozoários, seus relacionamentos com o desenvolvimento de doenças infecciosas, defesa do hospedeiro contra agentes infecciosos, desenvolvimento de vacinas e soro imune), alergologia (que estuda as condições em que se desenvolvea hipersensibilidade – → alergia), → i. de transplantes (estuda normas imunológicas que servem de base para que transplantes de tecidos e órgãos sejam bem sucedidos), i. tumoral (os assuntos de seu interesse são principalmente antígenos associados com células tumorais e mecanismos de imunidade anticâncer), i. do envelhecimento (que estuda alterações na reatividade e capacidade dos mecanismos imunes durante a ontogenia do indivíduo), → imunobiologia (que lida com estudos da evolução filogenética do sistema imune 212 Fig 51. As Seções da Imunologia. Fig 48. As Seções da Imunologia. em várias espécies biológicas), → psiconeuroimunologia (que estuda o relacionamento entre processos psicossociais, ou reações do sistema neuroendócrino, fenômenos do sistema imune, e ecoimunologia (i. ambiental – estuda os efeitos do ambiente geral e do ambiente de trabalho sobre os mecanismos da imunidade). Disciplinas adicionais também, tais como → imunotoxicologia, → imunofarmacologia, e → imunopatologia, se desenvolvem nos limites da imunologia (Fig. 51). Pelo uso dos resultados, i. é dividida em duas partes maiores: teórica (básica, experimental) e prática (aplicada). Até recentemente, i. se ocupava da aplicação dos resultados de i. experimental quase exclusivamente na prática médica (humana, veterinária) e seria referida, portanto, como i. clínica ou médica. A utilização na prática de conhecimento relacionado à imunologia está sendo correntemente difundida em diversas disciplinas de biologia e bioquímica, bem 213 7 como em algumas indústrias de produção (por exemplo, biotecnologias e produção de anticorpos monoclonais para tratamento de doenças). imunológico – pertencente à, ou caracterizado por imunologia. É utilizado principalmente em expressões fraseológicas tais como → tolerância imunológica, → reforço imunológico, etc. imunomodulação – ação na resposta imune com objetivos terapêuticos. Tal intervenção pode ter objetivos estimulatórios (→ imunoestimulação), objetivos supressórios (→ imunossupressão) ou seus objetivos podem ser a normalização da resposta imune. Para fins de imunonormalização, há drogas que agem sobre as funções aumentadas ou diminuídas do sistema imune a fim de que estas voltem aos níveis normais. imunonefelometria – medida da quantidade de imunocomplexos formados na reação de antígeno solúvel com anticorpo, baseada na intensidade de dispersão da luz. É uma espécie de reação de precipitação que permite determinar, utilizando-se um anticorpo conhecido, a concentração de antígeno solúvel, e vice-versa. Como regra, a medida é feita utilizando-se um nefelômetro a laser. imunopatologia – disciplina no limite da imunologia e patologia. Estuda alterações de doença que surgem como resultado de respostas imunes anormais, pobremente coordenadas (hipersensível) ou defeituosa (→ imunodeficiências), a razão básica de tais alterações e as oportunidades para seu diagnóstico. De acordo com Coombs e Gell, reações imunopatológicas (hipersensibilidade) são atualmente classificadas em quatro categorias: 1. Reações imediatas ou anafiláticas (→ anafilaxia) que, em humanos, são mediadas por anticorpos da classe IgE (Fig. 52). 2. Tipo citotóxico, no qual anticorpos IgG ou IgM contra antígenos das células e tecidos do próprio organismo são operativos, causando dano a eles, principalmente devido à ação do complemento ativado (Fig. 53). 3. Reações de imunocomplexos, em que imunocomplexos contendo antígenos solúveis são envolvidos, depositando-se em diversos tecidos e órgãos, tais como o sistema vascular, rins, tecido conjuntivo ou pele. Principalmente radicais 214 Fig. 52. Reação imediata ou de anafilaxia (alérgica, tipo I). Durante o primeiro contato de um indivíduo com o alergeno anticorpos IgE são formados e se ligam a receptores FcE de alta afinidade nos mastócitos e basófilos. Contato posterior com o mesmo alergeno faz uma ponte (cross-link) destas moléculas IgE e a célula degranula, liberando mediadores da anafilaxia. Fig. 53. Reação citotóxica tipo II. livres do oxigênio e enzimas lisossomais liberadas de neutrófilos participam na injúria causada a tecidos com imunocomplexos sedimentados (Fig. 54). 4. Hipersensibilidade de tipo retardado, na qual principalmente linfócitos T, macrófagos e algumas citocinas estão 215 Fig. 54. Reação tipo III, mediada por complexos imunes circulantes. Às vezes o complexo antígeno-anticorpo, ao invés de ser removido por células fagocíticas, permanece nos tecidos ou na circulação. Fagócitos e complemento são então ativados e causam dano severo na vizinhança. Isto ocorre de forma particularmente severa quando os imunecomplexos estão aderidos às paredes de vasos sangüíneos vitais, como aqueles do glomérulo renal. Fig. 55. Reação tipo IV, mediada por células ou retardada. Respostas T prolongadas são em geral acompanhadas por ativação de macrófagos. Nos órgãos sólidos isto resulta em formação de granuloma (por exemplo, granuloma por tuberculose). Quando o antígeno responsável entra pela pele, como na hipersensibilidade de contato, um rash eczematoso com edema se desenvolve no local. envolvidas (Fig. 55). Atualmente, somando-se a estes, um quinto tipo de respostas imunopatológicas é considerado, incluindo reações nas quais auto-anticorpos contra moléculas específicas estão en216 volvidos. Estes podem afetar sua função por estimulação patológica (como agonistas) ou inibição (antagonistas). Tireotoxicose pode ser apontada como um exemplo de hipersensibilidade estimulatória na qual auto-anticorpos falsamente estimulam receptores de TSH, enquanto que o mixedema primário (bloqueio dos receptores de TSH) ou a miastenia grave (bloqueio do receptor de acetilcolina) podem ser exemplos de hipersensibilidade inibitória. De acordo com esta classificação, a maioria de reações auto-imunes é classificada no segundo tipo (citotóxico). imunopotência – habilidade de alguma porção da molécula do antígeno de servir como determinante antigênico e assim induzir a produção e um anticorpo específico. imunopotenciação – intensificação (estimulação) da atividade do sistema imune. imunoprecipitação – produção de um precipitado (um coágulo fino) na reação de um antígeno solúvel com um anticorpo. Ocorre em solução ou em ambiente (usualmente, gel de agarose) semi-sólido (gel). Pode ser quantitativa ou qualitativa. Na imunoprecipitação quantitativa é possível determinar a dependência entre quantidades do precipitado e a proporção das concentrações de antígeno e anticorpo. imunoprofilaxia – prevenção de uma determinada doença infecciosa usando vacina, a qual induzirá imunização ativa, ou pela administração de soro imune (contendo anticorpos específicos) e/ou linfócitos específicos ativados, induzindo assim imunidade passiva. imunoquímica – disciplina científica no limite da imunologia e química. Estuda processos imunes a nível molecular, particularmente a estrutura, biosíntese, propriedades e interações de moléculas que participam nas reações imunes (antígenos e anticorpos) ou que têm um efeito regulatório no curso de tais reações (imunohormônios, citocinas, complemento, receptores, enzimas, inibidores, etc.). A imunoquímica inclui também o desenvolvimento de diversos métodos analíticos imunoquímicos e imunológicos. 217 imunoreceptores – família de receptores presentes em várias células hematopoéticas, incluindo principalmente os receptores de antígeno nos linfócitos T (→ TCR) e linfócitos B (→ BCR), além de diversos receptores para a porção Fc de Ig (→ FcR). Estes receptores são multiméricos, contendo subunidades que se aderem aos ligantes e cadeias envolvidas na transdução de sinal. Estimulação de imunoreceptores por seus ligantes leva a um rápido aumento da → fosforilação da proteína tirosino-quinase. Este sinal fundamenta todos os subseqüentes passos da ativação celular, incluindo diferenciação, proliferação e funções efetoras. Embora imunoreceptores sejam destituídos de atividade PTK intrínseca, eles recrutam PTKs intracelulares em resposta à ligação por seus ligantes. imunosenescência – a redução da função imune no idoso comparada com indivíduos jovens. É a deterioração do sistema imune no envelhecimento o que contribui para a aumentada mortalidade por infecções, e, possivelmente por doenças auto-imunes e câncer. imunosupressão – supressão das respostas imunes de um indivíduo por intervenções externas, em terapia imunosupressiva intencional ou ao acaso, e indesejável (por exemplo, devido à radiação ionizante, à ação de algumas drogas, em particular citostáticos, xenobióticos e toxinas bacterianas). Terapia imunosupressiva é utilizada após transplante de órgãos (em particular transplantes renais), tecidos e medula óssea para prevenir rejeição do enxerto, bem como para tratar algumas doenças auto-imunes ou outras com patogênese imunológica. imunoterapia – terapia de respostas imunes anormais por drogas imunoestimulatórias e/ou imunosupressivas ou produtos biológicos de origem natural ou recombinante (por exemplo, algumas citocinas), vacinas e soro imune, ou ainda → dessensibilização em doenças alérgicas. imunotoxicologia – estuda efeitos tóxicos e indesejáveis de várias toxinas naturais e industriais, substâncias nocivas e venenos agroquímicos (xenobióticos) no meio ambiente e ambiente de trabalho, bem como efeitos adversos e indesejáveis de drogas no sistema imune. 218 Os efeitos imunotóxicos de tais drogas podem refletir-se na supressão de reações do sistema imune (→ imunosupressão), resultando na resistência diminuída do indivíduo afetado a doenças infecciosas e neoplásicas ou, ao contrário, em sua estimulação patológica (→ imunoestimulação), resultando em incidência aumentada de doenças alérgicas e auto-imunes. imunotoxinas – conjugados (complexos) de → anticorpos monoclonais com compostos citotóxicos capazes de combinar-se, via sítio de conjugação do anticorpo, com o antígeno apropriado do alvo, mais freqüentemente uma célula tumoral e matar as células-alvo pela ação das substâncias tóxicas, sem danificar outras células no organismo. Várias toxinas (venenos) de bactérias e plantas, drogas citostáticas e radionuclídeos são utilizados como componente tóxico das imunotoxinas. Até o presente momento as imunotoxinas foram testadas experimentalmente na terapia de alguns tumores. imunoturbidimetria – método de precipitação para determinar a quantidade de antígeno ou anticorpo na sua reação em solução. Um espectrofotômetro é utilizado para medir a intensidade de luz (ao invés de dispersão, como é o caso na imunonefelometria) atravessando a solução turva (a turvação é devida a → imunocomplexos precipitados). indolicidina – → catelicidinas. indometacina – droga antiinflamatória não esteróide que bloqueia a produção de metabólitos do ácido araquidônico, inibindo → ciclooxigenases. infecção piogênica – infecção bacteriana associada com a produção de pus. inflamação – reação do organismo à injúria causada em suas células e tecidos. A injúria pode ser causada por fatores mecânicos, químicos, nutricionais ou biológicos. O papel da inflamação é diminuir ou eliminar o fator nocivo e o tecido danificado, e repará-lo. Inflamação pode ser dividida de acordo com uma variedade de critérios: 219 de defesa ou prejudicial, crônica ou aguda, superficial e profunda, etc. Quatro estágios de resposta inflamatória podem ser observados: resposta vascular, resposta celular aguda, resposta celular crônica, e cicatrização. Uma variedade de células do sistema imune participa da reação inflamatória (em particular neutrófilos, macrófagos, linfócitos T, células endoteliais, eosinófilos, mastócitos, plaquetas), sistemas multienzimáticos do plasma sangüíneo (o complemento, hemocoagulação, fibrinolítico, sistema das cininas), citocinas próinflamatórias e antiinflamatórias, proteínas de fase aguda, prostaglandinas e outros metabólitos do ácido araquidônico, bem como outros mediadores de inflamação. As principais células de inflamação aguda que regulam o desenvolvimento desta e que são as primeiras a aparecer no foco da inflamação são neutrófilos. Na inflamação crônica estão envolvidos principalmente macrófagos e linfócitos T. Na inflamação de defesa estas células produzem, durante a janela de tempo requerida, a quantidade necessária de mediadores, enzimas e citocinas pelos quais matam e destroem patógenos ou os próprios tecidos danificados. Se o estímulo inflamatório persiste ou se tais produtos são formados em quantidades excessivas e incontrolavelmente, inflamação prejudicial desenvolve-se, resultando no dano das próprias células e tecidos do organismo e levando à disfunção de vários órgãos e sistemas até a morte. Células relacionadas à inflamação podem desenvolver suas atividades somente se passarem da corrente sangüínea aos tecidos onde a reação inflamatória se desenvolve. Esta migração transendotelial (diapedese) de leucócitos das vênulas pós-capilares prossegue via uma série de interações de aderência entre moléculas presentes na superfície dos leucócitos e células vasculares endoteliais. É um processo que inclui diversos passos nos quais → selectinas, → integrinas e membros da superfamília das imunoglobulinas tais como → ICAM-1, → ICAM-2, → VCAM-1 e outros participam (Fig. 56). inibição de aglutinação – ocorre na reação de um antígeno ligado à superfície de uma célula ou outra partícula com anticorpo específico (→ aglutinação), que são neutralizados pelo antígeno ou hapteno presentes simultaneamente em estado livre, não ligados a uma superfície. Isto deve-se ao fato de que anticorpos combinam-se mais facilmente com antígenos livres do que com os ligados. 220 Fig 28. Diapedese: O Mecanismo de adesão e migração dos Leucócitos através da Vasculatura Endotelial. Fatores quimiotáticos recrutam granulócitos neutrófilos ao longo de um gradiente de concentração quimiotática na vasculatura endotelial para o local do tecido lesado. Seletinas primeiramente aderem fracamente ao leucócito, integrinas aderem mais fortemente, resultando na diapedese dos Fig 28. Diapedese: adesão e migração dos Leucócitos através leucócitos e O suaMecanismo migração para ode tecido. da Vasculatura Endotelial. Fatores quimiotáticos recrutam granulócitos neutrófilos 7 inibição de hemaglutinação passiva – método sorológico para determinar quantitativamente antígenos ou haptenos solúveis ligados passivamente à superfície de eritrócitos. Muitos antígenos podem ligar-se (adsorver-se) espontaneamente ou com o auxílio de alguns químicos à superfície de eritrócitos. Quando anti-soro específico (anticorpo) para o dado antígeno atua com o antígeno adsorvido na superfície de eritrócitos, eles aglutinam. Quando o mesmo antígeno ou hapteno é adicionado na forma solúvel, inibição da aglutinação é observada. O grau de tal inibição é determinado utilizando-se uma série de soluções de antígenos de concentrações conhecidas, com base na dependência determinada desta forma (curva analítica) concentrações de antígeno podem também ser determinadas nas amostras testadas. 221 inibição de precipitação – método sorológico similar à → inibição da aglutinação mas utilizando antígeno solúvel ao invés de particulado (insolúvel). Se o determinante antigênico (hapteno) é separado do antígeno completo, ele reagirá com o anticorpo mais prontamente que o antígeno completo, e inibirá portanto, a reação do antígeno completo com o anticorpo. inibidor de C1 – (C1-INH), uma glicoproteína regulatória do sistema de complemento que se liga a C1r e C1s para bloquear suas atividades (→ C1). Além do mais, facilita a dissociação do componente C1 ativado do complexo, impedindo assim ativação adicional do complemento. Sua deficiência resulta em → angioedema hereditário. integrinas – família de glicoproteínas heterodiméricas cujas moléculas contêm dois tipos de cadeias peptídicas: α e β (Fig. 57). São classificadas em subfamílias cujos membros sempre têm uma cadeia β comum, mas cadeias α diferentes. A subfamilia de integrinas β1 é chamada antígenos muito tardios (VLA-1 até VLA-6); a subfamília de integrinas β2 inclui adesinas leucocitárias com três membros bem caracterizados: LFA-1 (CD11a/CD18), CR3 (CD11b/CD18) e CR4 (CD11c/CD18), embora citoadesinas da subfamília β3 de integrinas sejam representadas por receptores para → vitronectina. Integrinas são moléculas de adesão de superfície responsáveis pela coesão de tecidos, interações de células durante o desenvolvimento embrionário em resposta imune, bem como pela ligação de células a moléculas da matriz intercelular tais como colágeno, laminina, fibronectina, etc. Além disto, têm um papel chave na colonização por linfócitos e outras células do sistema imune de tecidos e órgãos linfóides, na transmigração de leucócitos da microcirculação aos tecidos durante → inflamação (→ diapedese) e na interação de linfócitos com células apresentadoras de antígeno. intercrinas – família de pequenas citocinas, muito mais freqüentemente chamadas → quimiocinas. interferons – são classificados entre as → citocinas. Há cinco tipos de interferons (IFN) conhecidos em mamíferos e subdivididos em duas classes. A primeira classe inclui IFN-α, IFN-β, IFN-ϖ, IFN-τ, a segunda classe é representada por IFN-γ. 222 Fig 57. Integrinas. Elas são compostas de uma cadeia α e uma cadeia β juntas, nas quais as cadeias β estão indicadas nas suas respectivas famílias (CD29 – integrina-β1, CD18 – integrina- β2, CD16 – integrina-β3) e as cadeias variáveis α são específicas para a respectiva integrina. produz mais grupos de antígenos: Fig 49. Integrinas. Elas são compostas de Ela uma cadeia � e uma cadeia � juntas, VLA – antígenos de ativação muito tardia, LFA – antígenos associados à função nas quais leucocitária, as cadeiasCR� –estão indicadas nas suas respectivas famílias (CD29 – receptor de complemento, ECM – matriz extracelular (substância intracelular). integrina-�1, CD18 – integrina- �2, CD16 – integrina-�3) e as cadeias variáveis � são específicas para a respectiva integrina. Ela produz mais grupos de 223antígenos: VLA – antígenos de ativação muito tardia, LFA – antígenos associados à função leucocitária, CR – receptor de complemento, ECM – matriz extracelular (substância intracelular). interleucinas – → citocinas que participam nas interações regulatórias entre leucócitos. Até o momento são conhecidas 23 diferentes interleucinas, referidas por abreviações → IL-1 até → IL-23. intermediários do nitrogênio reativo (RNI) – seu representante maior é o → óxido nítrico formado sob a ação da enzima → NO sintase. Participam em numerosas reações de defesa, regulatórias, mas também prejudiciais nos sistemas imune, nervoso e cardiovascular. Óxido nítrico pode dar origem a óxidos de nitrogênio adicionais, ânions peroxinitrito, ácido nitroso e ânions nitrato. intermediários do oxigênio reativo (ROI) – moléculas instáveis com um elétron não-pareado (radicais livres) ou elétrons excitados (oxigênio isolado). O principal radical livre derivado de oxigênio molecular é → superóxido, que dá origem a peróxido de hidrogênio. Dele se origina o radical hidroxila. ROI são gerados em altas concentrações particularmente em fagócitos profissionais (neutrófilos, macrófagos), onde estão envolvidos na morte de microorganismos fagocitados. Eles são também agentes citotóxicos muito efetivos, que podem danificar as próprias células e tecidos do hospedeiro em reações imunopatológicas. introns – segmentos de polinucleotídeos da molécula de DNA que não são transcritos num produto protéico do gene correspondente. Formam lacunas nos genes, separando os segmentos codificantes (exons) uns dos outros. invasinas – proteínas produzidas por diferentes bactérias que promovem sua penetração em células de mamíferos. ionóforos – moléculas que permitem aos íons atravessar a camada dupla de fosfolipídios das membranas celulares. Podem ser de dois tipos: veículos ou canais. Veículos, como o antibiótico valinomicina, formam estruturas ao redor dos íons, difundindo-se livremente pela região hidrofóbica da camada dupla. Canais, como a gramicidina, formam poros aquosos contínuos pela camada dupla, possibilitando a difusão de íons através dela. 224 IRAK – quinase associada à IL-1R (→ IL-1/receptores toll-like). IRMA – ensaio imunoradiométrico isoantígenos – termo para se referir a antígenos pelos quais dois indivíduos da mesma espécie não idênticos geneticamente diferem um do outro. Previamente eram também chamados de antígenos homólogos. O termo isoantígeno é utilizado ainda em hematologia, embora tenha sido substituído em imunologia pelo termo → aloantígenos. isoelectric focusing – método analítico efetivo para separar misturas complexas de substâncias em campo de corrente elétrica direta por seu ponto isoelétrico. É feita em solução livre ou gel, similarmente a → eletroforese. O ponto isoelétrico é o valor de pH da solução de anfólitos no qual as quantidades de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions) em sua molécula são iguais. Neste valor, as moléculas da substância a ser separada têm uma carga total de zero, e não se movem no campo elétrico. Desde que um gradiente de pH é estabelecido dentro de um gel, as substâncias individuais a ser separadas se movem em direção aos locais de seu ponto isoelétrico, e lá elas focam (concentram). Os anfólitos são substâncias protéicas com diversas cargas positivas e negativas em suas moléculas. isohemaglutininas – anticorpos contra os principais antígenos dos eritrócitos presentes em alguns membros de uma determinada espécie biológica e dirigidos contra determinantes antigênicos nos eritrócitos de outros membros da mesma espécie biológica. isoimunização – imunização induzida por isoantígenos. isoprinosina – (inosimplex) é um complexo de sal p-acetamidobenzoato de N,N-dimetilamino-2-propanol:inosina numa relação molar de 3:1. Foi inicialmente desenvolvido como um agente antiviral, útil principalmente no tratamento de infecções por herpes simplex, herpes zoster, influenza e rinovírus. É utilizado, atualmente, como um imunoestimulante porque é capaz de aumentar a produção de citocinas tais como IL-1, IL-2 e IFN-γ e de aumentar a proliferação de linfócitos em resposta a estímulos antigênicos ou mitogênicos. 225 isotipos de imunoglobulinas – representam as várias → classes (e subclasses) de imunoglobulinas e → tipos. São dados pelos determinantes antigênicos presentes no domínio constante das cadeias leves e pesadas, e são idênticos em todos os indivíduos de uma dada espécie animal. Representam produtos de diversos genes estruturais, e podem ser determinados utilizando-se antisoro xenogenêico (por exemplo, soro de coelho contra IgG humana reagirá com IgG de todos os indivíduos da população humana, mas não com IgG de outras espécies biológicas). isquemia – fluxo sangüíneo inadequado que leva à → hipóxia tecidual. IUIS – International Union of Immunological Societies – organização internacional na qual Sociedades de Imunologia são associadas. JAK – quinase de Janus, a família das → proteínas tirosino-quinases intracelulares que se associam com receptores de citocinas e estão envolvidas em sinalizações em cascatal. Há vários tipos de quinases JAK. Por exemplo, JAK3 é associada com a cadeia γ de receptores para IL-2, IL-4, IL-7 e IL-15. A ligação de uma citocina ao receptor correspondente ativa JAK, o que resulta na fosforilação do receptor. Este é um sinal para STAT (Transdutor de Sinais e Ativador da Transcrição) associar-se ao receptor onde ele é também fosforilado por JAK. STAT fosforilado dissocia-se do complexo receptor-JAK, dimeriza-se e migra ao núcleo celular, onde ativa genes sensíveis to STAT. Jerne, técnica de placa – método que fornece evidência direta para a produção de anticorpos por linfócitos individuais em ágar ou agarose. Pode ser realizado de diversas maneiras. A técnica direta fornece evidência para a produção de anticorpos capazes de ligar complemento (usualmente IgM). A técnica indireta determina secreção de anticorpo, usualmente do isotipo IgG. A técnica da placa reversa possibilita determinar números totais de células produzindo imunoglobulinas, independentemente de sua especificidade de anticorpo. lactoferricinas – peptídeos N-terminal de lactoferrina com propriedades bactericidas. 226 lactoferrina – proteína que contém ferro, presente em leite e em grânulos específicos de neutrófilos onde participa de mecanismos bactericidas por intermédio da captação, do meio ambiente, de ferro necessário pelos microorganismos para crescimento e multiplicação. laminina- glicoproteína de alto peso molecular (900.000 Da) que contém três subunidades de polipeptídeos. É uma molécula de adesão e é parte da matéria intercelular onde se combina com colágeno de tipo IV, heparina e glicosaminoglicanos. Desta maneira, participa na formação de membranas basais de muitos tecidos, incluindo os vasos sangüíneos. Está envolvida na adesão dos neutrófilos e quimiotaxia. É o fator morfogenético de células epiteliais e hepatócitos e capacita, através da ligação a receptores nas células nervosas, agregação destas células e formação de dendritos. Diversas formas dela são produzidas por macrófagos, células endoteliais, epiteliais e de Schwann, sendo produto de vários genes. LDL – lipoproteínas de baixa densidade. lectinas – proteínas e glicoproteínas capazes de reconhecer e se ligar a uma variedade de mono-, di- e trissacarídeos. Induzem aglutinação de eritrócitos e outras células, são mitógenos policlonais (não-específicos) para linfócitos (e.g. fitohemaglutinina, concanavalina A). Isto se torna possível pelo fato de que a maioria das células possuem glicocálix em sua superfície, contendo várias cadeias de oligossacarídeos. Originalmente, lectinas eram isoladas de plantas superiores; seria demonstrado mais tarde, entretanto, que elas estão também presentes em animais (sendo denominadas → colecitinas em humanos e outros mamíferos) e microorganismos. lectinofagocitose – fagocitose na qual a interação entre receptor de lectina na superfície do fagócito e monossacarídeos ou oligossacarídeos na superfície de um micróbio ou outras partículas está envolvida na adesão de partículas ao fagócito. lepra – doença causada por Mycobacterium leprae e que ocorre de diversas formas. As formas básicas polares incluem lepra lepromatosa e lepra tuberculóide. Lepra lepromatosa é caracterizada por nume227 rosos Mycobacterium leprae em replicação, produção intensa de anticorpos específicos e de auto-anticorpos, mas ausência de imunidade mediada por células. Na lepra tuberculóide somente pequenas quantidades de agentes infectantes estão presentes nos tecidos e apenas uma resposta de anticorpo muito fraca, ou mesmo ausente, mas uma forte resposta de células T são observados. As outras formas de lepra são intermediárias entre as duas formas básicas. LES – → lupus eritematoso sistêmico. leucemia – proliferação não-regulada de leucócitos malignos caracterizada pela presença no sangue de números excessivos de glóbulos brancos. De acordo com o tipo de célula afetada a leucemia pode ser linfocítica, mielocítica ou monocítica, aguda ou crônica. A doença é uma condição generalizada severa. leucócitos – células sangüíneas brancas que se originam de tecido mesenquimal. Participam nas reações de defesa do organismo. Representam várias linhas de desenvolvimento, incluindo → linfócitos (B, T, NKT e células NK), → granulócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos) e fagócitos mononucleares (monócitos sangüíneos e macrófagos teciduais) compondo o → sistema fagocítico mononuclear. leucócitos polimorfonucleares – (PMNs) termo algo ambíguo utilizado pela maioria dos autores para se referir a → neutrófilos, embora outros entendam que se refere apenas a → granulócitos. leucocitose – aumento transitório nas contagens de leucócitos no sangue periférico. Desenvolve-se freqüentemente em doenças infecciosas. leucopenia – contagem leucocitária reduzida no sangue periférico. Pode ser inata ou se desenvolver em algumas doenças infecciosas, ou pode ser uma manifestação de hematopoiese prejudicada devido a algumas drogas, e.g. analgésicos. leucotrienos (LT) – metabólitos do ácido araquidônico produzidos sob a ação da enzima 5-lipooxigenase (Fig. 1). Os mais importantes de228 les são LTB4, que é um fator quimiotático para neutrófilos, monócitos e macrófagos; e LTC4, LTD4 e LTE4 (anteriormente chamado substância de reação lenta da anafilaxia – SRS-A), os quais aumentam a permeabilidade vascular e induzem contração duradoura da musculatura lisa (principalmente brônquica). levamisole – originalmente uma droga anti-helmíntica (contra vermes parasitas – helmintos) a qual é usada correntemente como um eficiente agente imunoestimulatório. LFA-1 (antígeno 1 associado à função linfocitária) – (→ CD11a/CD18) é uma → integrina dos leucócitos. É particularmente importante para interações de adesão de leucócitos com células endoteliais na inflamação, e de linfócitos T com células apresentadoras de antígeno em ambas, respostas imunes e inflamatórias. LFA-2 – → CD2. LFA-3 – ligante para → CD2 (também conhecido como LFA-2) que é um fator de diferenciação de linfócitos T. LFA-3 é um membro da superfamília das imunoglobulinas. LGL (large granular lymphocytes) – subpopulação de linfócitos periféricos com grânulos típicos no citoplasma contendo → perforinas e outras substâncias citotóxicas. Eles têm atividade NK (células NK) e são capazes de matar células tumorais e infectadas por vírus através da indução de apoptose (Fig. 58). LIF (fator inibidor de leucócitos) – linfocina (similar a → MIF) que inibe a migração de leucócitos do sítio de reação inflamatória. ligante – um grupo de átomos ou uma molécula que reage de uma maneira específica com determinados sítios em outra molécula ou com um receptor na superfície da célula. E.g., hormônios são ligantes específicos para seus receptores correspondentes. O termo “agonista” é usado, também, para ligante farmacologicamente ativo. linfadenite – inflamação de linfonodos. 229 Fig. 58. Um linfócito granular grande (célula NK) matando uma célula tumoral. Foto de microscopia eletrônica. linfadenopatia – uma enfermidade dos linfonodos, em geral com aumento de seu volume. linfático – pertencente a, ou caracterizado em geral por linfa. É utilizado freqüentemente também para se referir a órgãos ou tecidos compostos apenas por linfócitos. O termo → linfóide tem um significado ligeiramente diferente. linfoblasto – um linfócito aumentado que mostra uma elevada síntese de RNA e proteína. Surge freqüentemente na estimulação de linfócitos induzida por antígeno ou mitógeno, resultando em seu crescimento e diferenciação em linfócitos efetores ou regulatórios que participam nas reações imunes. 230 linfocinas – → citocinas produzidas principalmente por linfócitos T. Representam proteínas imunorregulatórias ou glicoproteínas de natureza não-globulínica que facilitam a proliferação, crescimento e diferenciação celular. As linfocinas melhor estudadas incluem → MAF, → MIF, → LIF, → fator de necrose tumoral (TNF – caquexina e linfotoxina), fator quimiotático de macrófagos (MCF), fator mitogênico linfocitário (LMF), interferon-γ e diversas interleucinas. linfocítico – pertencente a, ou caracterizado por linfócitos. linfócitos – células principais do tecido linfóide, linfa e sangue. São ovais, com um diâmetro de 7 a 12 µm, com um grande núcleo central circundado por uma fina borda de citoplasma. Linfócitos maiores têm mais citoplasma, principalmente sem grânulos. Uma exceção a isto são os grandes linfócitos granulares (→ LGL) cujo citoplasma contém grânulos. De acordo com sua função, produção de citocinas, marcadores de superfície e infraestrutura, quatro maiores populações de linfócitos são caracterizadas: linfócitos B (células B), linfócitos T (células T), células NK e células NKT. Como regra, células NK são idênticas aos LGL. Linfócitos B são responsáveis pela imunidade específica mediada por anticorpos, linfócitos T por imunidade específica mediada por células, células NK por imunidade não-específica mediada por células (em particular contra células tumorais e infectadas por vírus), e células NKT por imunidade específica contra tumores e vários agentes infecciosos, incluindo Micobactérias. As populações individuais dos linfócitos podem ser reconhecidas por seus antígenos de diferenciação (→ CD) sumarizados na Tabela 9. Os linfócitos em repouso (metabolicamente “adormecidos”) tornam-se ativados por antígenos ou mitógenos, transformando-se em metabolicamente ativados, isto é, → linfoblasto que sofre, sob a ação de diversas citocinas, divisão e diferenciação dando origem a linfócitos de memória e efetores que participam na resposta imune. linfócitos B – células B. linfócitos naives – linfócitos que ainda não tiveram contato com seu antígeno específico, e não tiveram, portanto, a oportunidade de ser ativados e sofrer diferenciação em células de memória e/ou efetoras. 231 Tabela 12. Característica da subpopulação de linfócitos no sangue periférico Característica Porcentagem relativa (%) Sinal de diferenciação típico Outros sinais Principal função Células B 20 – 30 Células T 60 – 70 Células-NK 10 – 15 CD19, CD20, CD24, CD72 BCR, FcR, LFA-3 Ligação a anticorpos CD2, CD3, CD4 ou CD8 TCR, LFA-1, LFA-3 Defesa celular específica CD16, CD3, CD122 CD56, CD57 LFA-1 Defesa natural contra tumores, vírus Células-NKT 3–4 TCRα/β, FasL Algumas atividades das células T e NK BCR – receptor de antígeno da célula B, TCR – receptor de antígeno da célula T, LFA – antígeno associado à função leucocitária, FasL – ligante-Faz Todos os linfócitos que deixam os órgãos linfóides centrais (primários) são naive, i.e. aqueles que deixam a medula óssea são linfócitos B naive e aqueles que deixam o timo são também linfócitos T naive. linfócitos T – linfócitos que, tendo se formado na medula óssea de células tronco hematopoéticas, adquirem imunocompetência, i.e. suas características morfológicas e funcionais típicas, no timo. São também chamados células T. Sua principal característica é a presença de receptores de antígeno especiais (→ receptores de antígeno) em sua superfície num complexo com a molécula do marcador de diferenciação (antígeno) → CD3. Células T representam uma população heterogênea compreendendo duas subpopulações maiores: linfócitos TH auxiliares e linfócitos TC citotóxicos. Linfócitos T citotóxicos são também referidos de forma abreviada como CTL. Marcadores de diferenciação CD2 e CD3 estão presentes na superfície de todas as células T; além disto, linfócitos TH são caracterizados também pelo marcador CD4, e CTL pelo marcador CD8. O termo linfócitos T “auxiliares” é derivado de sua função, o princípio da qual é auxílio a linfócitos B no reconhecimento da maioria dos antígenos e em disparar a resposta imune. Linfócitos T citotóxicos são células 232 + ++ fator de crescimento β interleucina ++ 13 interleucina + 17 ST2 - típicas cujo++ efetoras maior papel é lisar outras células infectadas por Citotoxinas vírus ou por outros parasitas intracelulares, células transformadas ++ ++ fator de necrose por tumor ou células com antígenos de histocompatibilidade nãotumoral -βpróprios na superfície. Tais células-alvo são reconhecidas de uma perforina ++ granzimaforma-específica e em - cooperação - com antígenos - HLA de classe ++ I (→ restrição de MHC). Eles participam também nas reações de rejeição Fig 59. Funções auxiliares dos linfócitos T em camundongos Células T precur- II da célula apresentadora de antígeno, peptídeos no Fig soras 74. reconhecem Funções auxiliares dosMHC linfócitos T em camundongos Células T cuja interação é estabilizada através do CD4. Após a coestimulação, a célula T libera IL-2 autócrino e parácrino e prolifera.O tipo de citocina que estimula a antígeno, cuja interação é estabilizada através do CD4. a coestimulação, célula define o seu destino: quando a IL-12 de uma célulaApós apresentadora de an- a tígeno encontra a célula T auxiliar, ela transforma-se na célula proinflamatória célula TH libera IL-2 autócrino e parácrino e prolifera.O tipo de citocina que TH tipo TH1. Se a célula T auxiliar encontra a IL-4, ela transforma-se numa céestimula a célula define o Tseu destino: a IL-12 de uma na célula TH2 ou 3. Células TH2 quando possuem um papel importante lula antiinflamatória H B a aproduzirem classeela de anticorpos que na alergia por estimularem as células apresentadora de antígeno encontra célula T uma auxiliar, transforma-se induzem uma reação de anafilaxia (IgE em humanos, IgG1 em camundongos). 31 As células TH3 atuam como reguladores da imunidade e supressão. Em humanos, essa polaridade existente entre os três tipos de células TH não se expressa tanto, e pode-se encontrar também células TH0 multipotentes. Para isso, as citocinas das células TH2 auxiliam a indução de IgG4, uma classe de anticorpo, que não existe em camundongos precursoras reconhecem peptídeos no MHC II da célula apresentadoraH de 233 Tabela 19. Populações e subpopulações dos linfócitos T População de linfócitos SubpoTH0 pulação Antígeno CD2, CD3, diferencial CD4, CD45A Produção IFN-γ, de citociIL-2, IL-3, nas IL-4, IL-5, TNF, GMCSF Moléculas Classe II HLA Principal Precursofunção res virgens das células TH Auxtliares TH1 CD2, CD3, CD4, CD26 IFN-γ, IL-2, Linfotoxina, IL-3, IL-17, GM-CSF Classe II regulação da inflamação, defesa contra vírus e bactérias intracelulares, participação na reação de hipersensibilidade tipo IV TH2 CD2, CD3, CD4, CD30 IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-9, IL10, TNF, GM-CSF Classe II reage juntamente com a célula B e desvio para fenótipo atópico TH3 Citotóxico CD2, CD3, CD2, CD3, CD4 CD8 TGF- β, IL-10 Linfotoxina IFN-γ, IL-3, GMCSF Classe II Classe I regulação da resposta imune e do processo de cura células efetoras da defesa específica contra vírus e tumores após transplantes de tecidos ou órgãos de doadores geneticamente não-idênticos. Antígenos exógenos, por outro lado, após terem sido processados em células apresentadoras de antígenos (→ apresentação de antígeno) são reconhecidos por linfócitos T auxiliares em cooperação com antígenos HLA de classe II. A população destas células inclui ainda, além de linfócitos auxiliares e citotóxicos, linfócitos de memória também chamados células TM. No passado, a existência de uma subpopulação adicional de linfócitos T supressores (células TS) era suposta. De acordo com a opinião recente, linfócitos T supressores são idênticos a linfócitos T citotóxicos (Fig. 59). A subpopulação de células TH tampouco é homogênea: quatro grupos podem ser distinguidos dentro dela, células TH0, TH1, TH2 e TH3 que secretam diferentes grupos de citocinas (Tabela 10). Células TH0 naive são 234 precursoras de TH1, TH2 e TH3. Tais células não têm ainda estado em contato com um antígeno, e carregam marcadores de diferenciação CD4 e CD45RA. Células TH que já estiveram em contato com um antígeno carregam os marcadores de diferenciação CD4 e CD45RO, e são referidas como células de memória ou condicionadas. linfócitos T gama/delta – 5% dos linfócitos T que têm receptores de células T em sua superfície, compostos de cadeias polipeptídicas γ e δ. linfócitos T, ativação – processo pelo qual expansão de um clone (proliferação de um determinado clone) de células TH naive inicia, possibilitando assim sua participação em imunidade anticorpo-específica ou mediada por células. Para este objetivo, o receptor de antígeno de um determinado clone celular tem que reconhecer, em cooperação com antígenos HLA de classe II, o peptídeo imunogênico específico formado pela apresentação de antígeno exógeno via célula apresentadora de antígeno. O sinal primário de estimulação tem que ser confirmado por no mínimo um sinal coestimulatório adicional que pode ser fornecido por algumas moléculas na superfície de células apresentadoras de antígeno e linfócitos T auxiliares ou citotóxicos. Ligação do peptídeo imunogênico complexado com molécula do MHC pelo complexo TCR/CD3 leva à ativação de duas vias interrelacionadas que geram sinais (Fig. 60): (1) A fosforilação de resíduo tirosina da cadeia CD3ξ pela proteína quinase Lck associada a CD4 ativa a família da quinase syk ZAP-70. Subseqüentemente, fosfolipase Cγ1 (PLCγ1) é fosforilada e ativada, o que é seguido pela geração de outros sinais (DAG – diacilglicerol e IP3 – inositol 1,4,5-trifosfato que eleva Ca2+ intracelular e a atividade da proteína quinase C. (2) Eventos precoces na transdução de sinal mediada por CD28 incluem ligação e ativação de fosfoinositídeo 3-quinase (PI3-quinase) e talvez uma PTK. Ambos os sinais de TCR e CD28 parecem estar integrados ao nível da quinase de proteínas ativada por mitógenos (MAP-quinase) JNK. A quinase de proteína JNK fosforila o fator de transcrição Fos/Jun e ativa, portanto, o fator de transcrição AP-1, o qual é crucial para a ativação do gene que codifica IL-2 ou algumas outras citocinas. Assim, vias intracelulares de transdução de sinal mediadas pela ligação de receptor da célula T são um tanto com235 Fig. 60. Diagrama esquemático das vias de sinalização mediadas pelo receptor de célula T (complexo TCR/CD3), co-receptor CD4 e receptor co-estimulatório CD28. Fosfolipase. Quinase – fosfoinositide 3-quinase. Proteina quinase C. Tirosina-quinase proteica. Fatores de transcrição. plicadas, entretanto três membros participam nelas: segundos mensageiros de baixo peso molecular, diversas quinases de proteínas e fatores de transcrição. linfócitos T, auxiliares – subpopulação de linfócitos com o marcador de diferenciação de superfície CD4. Têm funções tanto regulatórias quanto efetoras. Eles auxiliam linfócitos B no reconhecimento de fragmentos imunogênicos derivados de antígenos de proteínas exógenas, produzem várias citocinas (→ linfocinas, → citocinas) e participam na defesa contra microorganismos parasitas intracelulares (e.g. Listeria, Brucella, etc.). Dividem-se em quatro grupos: células 236 TH0, TH1, TH2 e TH3. Linfócitos TH1 têm receptor para IL-1, produzem IFN-γ, IL-2 e linfotoxina, principais citocinas para ativação de macrófagos, células NK e CTL. Eles têm efeitos regulatórios nas reações inflamatórias (são também chamados, portanto “inflamatórios”) e resposta imune mediada por células, são capazes de matar parasitas intracelulares. Estão também envolvidos nas reações de tipo hipersensibilidade retardada (→ células TDH). Linfócitos TH2 secretam IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10 e participam em particular na regulação da resposta imune mediada por anticorpos. A relação celular exata TH1/TH2 predetermina se o tipo de resposta imune mediada por célula ou anticorpo prevalecerá no contato com antígeno. Recentemente, a existência de um quarto grupo, linfócitos TH3 tem sido especulada. Células TH3 produzem principalmente TGF-β e estão envolvidos no processo de cicatrização. Fig. 61. Representação diagramática da seqüência de eventos de uma reação citotóxica efetuada por uma célula T citotóxica ativada. 237 Fig. 62. Atividade de linfócitos T citotóxicos. linfócitos T, citotóxicos (CTL) – subpopulação de linfócitos T que carrega o marcador (antígeno) de diferenciação de superfície CD8. Eles representam células efetoras da imunidade específica mediada por células. Derivam-se de precursores de linfócitos T citotóxicos após o reconhecimento de peptídeos imunogênicos gerados de antígenos endógenos derivados de vírus que infectam a célula alvo ou de células transformadas por tumor, e subseqüente ativação por IL-2. No contato com a célula alvo e ativação, → perforinas e enzimas proteolíticas (→ granzimas) citotóxicas são liberadas na superfície, devido ao fato que íons Na+ e água penetram na célula alvo e íons K+ escapam, resultando em aumento de volume osmótico e subseqüente morte e lise celular (Fig. 61). CTL possuem → Fasl em sua superfície, sendo capazes, portanto de também lisar células alvo que expressam Faz pelo mecanismo de → apoptose (Fig. 62). linfócitos T, receptor de antígeno – receptor na superfície de linfócitos T (tanto auxiliares quanto citotóxicos) que liga, de uma forma específica, fragmentos imunogênicos existentes em antígenos exógenos ou endógenos (→ apresentação de antígeno). É um membro da superfamília das imunoglobulinas, sendo no entanto, codificado por genes diferentes daqueles que codificam imunoglobulinas ou re238 ceptor de antígeno de linfócito B (→ receptores de antígeno). É um dímero que consiste de cadeias polipeptídicas α e β ou γ e δ. Portanto, existem dois tipos de receptores de antígeno nas células T: TCR1, ontogenética e (é provável) filogeneticamente mais antigo, formado por cadeias γ e δ, e presentes em cerca de 5% de linfócitos periféricos; e TCR2, formado por cadeias α e β e presente na superfície de 95% de linfócitos periféricos. linfócitos T, supressores – subpopulação de linfócitos TS cujo papel é suprimir resposta mediada por anticorpo pelas células B, bem como inibir imunidade específica mediada pelas células TH e TC. Desde que seus marcadores de diferenciação (CD8) são os mesmos que os de linfócitos T citotóxicos, não se supõe que linfócitos TS existam como uma subpopulação separada; mas que sejam idênticos a linfócitos TC. linfóide – adjetivo que expressa características associadas com tecidos contendo células linfóides. As células representam duas linhas: células que se assemelham morfologicamente a linfócitos ou seus precursores, e linfócitos clássicos. Células linfóides organizam-se em órgãos e tecidos tais como → linfonodos, → timo, → baço, → placas de Peyer, → tecido linfóide associado à mucosa (→ MALT), tecido linfóide associado ao intestino (→ GALT) ou tecido linfóide associado aos brônquios ( → BALT). O adjetivo → linfático seria utilizado apenas em relação ao sistema linfático. linfoma de Burkitt – doença maligna dos linfócitos B que afeta principalmente crianças na África equatorial. A causa básica é a translocação (alteração) do oncogene c-myc de seu locus fisiológico no cromossomo 8 a uma posição patológica no cromossomo a4, resultando no desencadeamento do processo neoplásico. Pacientes têm anticorpos contra o vírus de Epstein-Barr em seu soro. linfomas – tumores malignos do tecido linfóide, mais freqüentemente de linfonodos, que produzem uma massa tumoral distinta. Diferem de leucemia, na qual as células são circulantes. Incluem tumores derivados tanto da linhagem linfóide quanto da mononuclear-fagocítica. Linfomas são classificados em doença de Hodgkin e linfomas 239 Tabela 11. Linfomas Não-Hodking pela classificação alemã de Kiel NHL pouco maligno NHL altamente maligno Linfoma de células B Leucemia linfática crônica Leucemia das células capilares Imunocitoma Mieloma múltiplo (plasmocitoma) Imunoblastoma Linfoma de Burkitt Linfoma de células T Micoses fungoides da zona T Linfoblastoma Tabela 12. Linfomas Não-Hodking através da classificação – REAL Leucemia pró-linfocitária (PLL) Leucemia linfática crônica (CLL, a maioria é linfática-B, raramente T) Leucemia das células capilares (HZL ou HCL) Linfoma folicular Linfoma de Burkitt Micoses fungoides Lynfoma-MALT) Linfoma-ALC Doença Linfoproliferativa Angioimunoblástica Imunocitoma Plasmocitoma não-Hodgkin (e.g. linfoma de Burkitt, linfoma de grandes células) (Tabelas 11 é 12). linfonodo – órgão linfóide secundário (→ órgãos linfóides) relativamente pequeno (cerca de 0,5 cm de diâmetro) que é o maior sítio de resposta imune. Origina-se da rede de captação do sistema linfático. É circundado por uma cápsula e contém linfócitos, macrófagos e células dendríticas. Seu núcleo é constituído de medula circundada por um córtex. Linfócitos B e T encontram-se localizados em zonas separadas. A córtex contém centros germinativos com linfócitos B, enquanto que linfócitos T concentram-se na zona paracortical (Fig. 63). A linfa penetra neste órgão a partir dos vasos linfáticos aferen240 Fig 63. Representação esquemática da estrutura de um linfonodo. Fig 54. Representação esquemática da estrutura de um linfonodo. tes na periferia e atinge os vasos linfáticos eferentes. A paracórtex contém vênulas pós-capilares que possibilitam aos linfócitos transmigrar da circulação (→ linfócitos, circulação). linfotoxina – um dos fatores de necrose tumoral (TNF-β). É produzida principalmente por linfócitos TH1 sob estimulação induzida por antígeno ou mitógeno. Inibe o crescimento de tumores tanto in vivo quanto in vitro, e bloqueia a transformação de células induzida por carcinogênicos. Participa também na defesa contra infecções virais e parasitárias. Foi uma das primeiras linfocinas descobertas, considerada correntemente como um membro da família das citocinas. lipídio A – a metade hidrofóbica de lipopolissacarídeos de bactérias Gram-negativas. lipocortina 1 – também chamada anexina 1, é um membro de 37 kD das anexinas, uma superfamília de proteínas encontrada numa granFig 55. O surgimento da linhagem linfóide einvertebrados mielóide a epartir da Célula de variedade de organismos (vertebrados, plantas). Membros desta família são caracterizados por um domínio homóloPluripotente. go, o qual normalmente contém uma repetição quádrupla de cerca de 70 aminoácidos e dá à proteína uma habilidade especial de ligar Ca++ e fosfolipídios negativamente carregados. Lipocortina 1 está distribuída por todo ode organismo, principalmente em Tabela 12.amplamente Característica da subpopulação linfócitos no sangue periférico macrófagos, neutrófilos e neurônios cerebrais. Glicocorticóides (mas Característica Porcentagem relativa (%) Células B 20 – 30 Células T 60 – 70 Células-NK 10 – 15 Células-NKT 3–4 Sinal de diferenciação CD19, CD20, CD24, CD72 CD2, CD3, CD4 ou CD8 CD16, CD56, CD57 CD3, CD122 241 13 não mineralocorticóides ou esteróides sexuais) aumentam sua síntese e alteram sua disposição subcelular (fixação aumentada na membrana plasmática externa). Aqui, ela inibe por um mecanismo não bem conhecido a liberação de ácido araquidônico e, assim, bloqueia a geração de prostaglandinas e leucotrienos. Esta é uma das mais importantes ações antiinflamatórias de glicocorticóides. O modo de ação extracelular de lipocortina 1 na função da célula é ainda matéria de especulação, mas há evidências crescentes de que proteínas específicas que se ligam à lipocortina 1 na superfície de monócitos, macrófagos e neutrófilos humanos podem desempenhar um papel importante nas propriedades antiinflamatórias da proteína. Tem sido demonstrado que leucócitos sangüíneos isolados de pacientes com artrite reumatóide têm capacidade reduzida de se ligar à lipocortina 1. O interessante é que auto-anticorpos contra liporcortina 1 têm sido encontrados no soro de alguns pacientes com doenças inflamatórias crônicas, tais como → artrite reumatóide e → lupus eritematoso sistêmico. Lipocortina 1 desempenha também um papel chave na regulação da secreção de glicocorticóides por servir como um mediador da poderosa ação de resposta negativa de esteróides na glândula pituitária e hipotálamo. lipooxigenases – enzimas que participam no metabolismo do → ácido araquidônico. Há duas: 15-lipooxigenase, que produz → lipoxinas, e 5-lipooxigenase, que produz → leucotrienos. lipopolissacarídeo (LPS) – complexo de endotoxina (sendo conseqüentemente também chamado → endotoxina) que se origina do envelope celular de bactérias Gram-negativas. Contém lipídio A e um componente de polissacarídeo. Tem uma variedade de funções biológicas, incluindo atividade mitogênica para linfócitos B. Se liberado em altas concentrações pode induzir → choque endotoxêmico. lipoproteínas – importante grupo de proteínas séricas no qual o núcleo lipídico com a superfície coberta por uma monocamada de fosfolipídios é envolto por proteínas específicas (apolipoproteínas). São classificados, de acordo com a densidade, como quilomicra, de grandes partículas de baixa densidade, lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), baixa densidade (LDL) e de alta densidade 242 (HDL). Todas são importantes no transporte de lipídios (especialmente colesterol). lipossomas – estruturas lipídicas esféricas artificiais de camada única ou de múltiplas camadas formadas por soluções de lipídios em solventes orgânicos dispersos em meio aquoso. São utilizados experimentalmente como modelos de membrana plasmática e terapeuticamente para a liberação de drogas ou outras substâncias no interior de células, já que lisossomas podem fundir-se com a membrana plasmática. lipoxinas (LX) – bem caracterizadas são LXA4 e LXB4. Ambas são formadas na cascata metabólica do ácido araquidônico pela atividade de 15-lipooxigenase, através do ácido 15-hidroperixieicosatetraenóico. Lipoxinas controlam a síntese de outros eicosanóides pela estimulação da produção de prostaglandinas. LXA4 e LXB4 são capazes de inibir a atividade de células NK. lisinas – fatores capazes de induzir dano à membrana citoplasmática e assim lise de células alvo. Elas incluem principalmente → perforinas, o componente C9 do complemento (→ complemento, MAC), produtos de linfócitos T citotóxicos e de células NK, bem como diversas toxinas de microorganismos e animais. lisossomas – organelas presentes no citoplasma de todas as células nucleadas. São particularmente numerosas no citoplasma de fagócitos profissionais (→ fagolisossoma). Elas são típicas por seu equipamento de enzimas hidrolíticas (lisossomais). Lisossomas fagocíticos contêm também diversos agentes antimicrobianos, proteases neutras típicas e componentes de alguns receptores (→ grânulos leucocitários). Auto-anticorpos podem ser formados contra algumas enzimas lisossomais dos leucócitos (→ ANCA), associados a algumas vasculites e outras doenças auto-imunes. lisozima – enzima que rompe pontes β-1,4-glicosídicas de polissacarídeos. Seu antigo nome era muramidase. É encontrada em clara de ovos, lágrimas, saliva, secreções nasais, pele, grânulos específicos de leucócitos e soro sangüíneo. É capaz de clivar glicopeptídeos da parede celular de algumas bactérias Gram-positivas (principalmente 243 não-patogênicas) e assim induzir sua lise osmótica. Também é capaz de danificar outros microorganismos, mas em cooperação com alguns outros fatores antimicrobianos (complemento, IgA secretória, proteases leucocitárias, etc). locus – sítio específico dentro da molécula de DNA num cromossomo onde um gene específico está localizado. Um locus contém somente um dos possíveis alelos do gene em questão. LPS – → lipopolissacarídeo. LTB4 – → leucotrienos. lupus eritematoso sistêmico (LES) – doença auto-imune típica de etiologia desconhecida com curso polisintomático crônico. Pode afetar articulações, pele, rins, sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso e hematopoiético. Afeta principalmente mulheres em idade fértil. A progressão da doença é variável e difícil de prever. Artrite, glomerulonefrite, vasculite, lesões cutâneas típicas podem desenvolver-se em pacientes com LES e seu SNC. Pulmões ou coração também podem ser afetados. As manifestações também incluem sintomas gerais como fadiga, perda de peso, fotossensibilidade, serosite, leucopenia e anemia hemolítica. Rins são afetados em até 75% dos pacientes em centros terciários. LES pode também ser induzido por algumas drogas como procainamida, hidralazina, D-penicilamina, isoniazida, etc. Atividade aumentada de linfócitos B com produção de auto-anticorpos contra antígenos intracelulares e disfunção de linfócitos T é típico de LES. A patogênese inclui deposição de imunocomplexos em tecidos alvo (glomérulo, plexo coróide, etc.) os quais, juntamente com citocinas e moléculas de adesão, participam no desenvolvimento de inflamação prejudicial. A prova de anticorpos contra DNA de dupla hélice (anti-dsDNA), anticorpos anti-Sm, anti-cromatina, anticorpos contra ribonucleoproteína ribossomal (anti-rRNP) ou também anticorpos anti-fosfolipídios são importantes para que se estabeleça o diagnóstico correto. MAC – complexo citolítico de ataque à membrana (→ complemento, MAC). 244 Fig 63. Fagocitose da bactéria Francisella tularensis por um macrófago peritoneal de rato. Na parte de cima da figura vê-se que, para formar o fagossoma, a membrana plasmática do macrófago sofre invaginação, englobando a bactéria. macrófagos – células grandes, a maioria das vezes mononucleares, com 16 a 22 µm de diâmetro, usualmente derivadas de monócitos no sangue, ligadas a vários tecidos. Alguns macrófagos normais depositados em certos órgãos, e.g. pulmões, são capazes de se multiplicar diretamente. Eles são parte do → sistema de macrófagos mononucleares (MPS), e pertencem aos fagócitos profissionais que representam os componentes principais da defesa natural (não-específica) do organismo contra micróbios patogênicos (→ fagocitose) (Fig. 63). Representam uma população celular um tanto heterogênea no organismo humano, diferindo cada um por seu desenvolvimento, localização anatômica e missão biológica. Podem ser divididos em macrófagos normais e inflamatórios. Macrófagos normais incluem macrófagos de tecido conjuntivo (histiócitos), macrófagos hepáticos (células de Kupffer), macrófagos pulmonares (macrófagos alveolares), macrófagos de linfonodos e baço (macrófagos livres e fixos), macrófagos da medula óssea (macrófagos fixos), macrófagos de fluídos serosos (macrófagos pleurais e peritoniais), macrófagos cutâneos (histiócitos, células de Langerhans) e macrófagos de outros tecidos. Macrófagos inflamatórios são encontrados em diversos exsudatos inflamatórios, onde têm funções efetoras e regulatórias significantes. Derivam-se 245 BCR – receptor de antígeno da célula B, TCR – receptor de antígeno da célula T, LFA – antígeno associado à função leucocitária, FasL – ligante-Faz Fig 64. Ativação e Funcionamento dos Monócitos/Macrófagos. Através da fagocitose, macrófagos ativados pela ligação a receptores ou IFN gama participam de parte da imunidade natural (inata), mas também participam e potencializam da imunidade adquirida (específica). APC – célula apresentadora de antígeno, Fig 56. Ativação e Funcionamento dos Monócitos/Macrófagos. IFN – interferon, TNF – fator de necrose tumoral, GM-CSF – fator estimulante Através da de colônias de granulócitos e macrófagos, MCP – proteína quimiotática para fagocitose, macrófagos ativados pela ligação a receptores ou IFN gama participam monócitos, CR – receptor para o fragmento C3bi do complemento, SR – receptor , TLRnatural – receptores Toll, IL-1RI receptores do tipo 1 para IL-1. de parte da scavenger imunidade (inata), mas– também participam e potencializam da imunidade adquirida (específica). APC – célula apresentadora de antígeno, IFN – que exclusivamente monócitos GM-CSF em circulação. interferon, TNFquase – fator de necrosede tumoral, – Macrófagos fator estimulante de podem estar em três estágios quanto a seu aspecto funcional: residen- colônias de granulócitos e condicionados macrófagos,(pré-ativados) MCP – eproteína quimiotática para tes (não-ativados), ativados. Ativação porpara citocinas (→ MAF, →C3bi MIF, → ou alguns monócitos, CRé–induzida receptor o fragmento dointerferons) complemento, SR – receptor componentes de microorganismos. Somente macrófagos ativados scavenger , TLR receptores Toll, IL-1RI receptores do tipo 1 para IL-1. são–totalmente funcionais, sendo–de grande importância para a defesa natural contra parasitas intracelulares e células tumorais. Além dos efeitos antimicrobianos e tumoricidas, os macrófagos também atuam durante os estágios iniciais da resposta imune específica como → células apresentadoras de antígeno e como → células K capazes de matar, na presença de anticorpos, células que carregam em sua superfície antígenos específicos para aqueles anticorpos (Fig. 64). Isto 246 14 se torna possível pela presença de → receptores Fc (FcR). O anticorpo combina-se, via porção Fc de sua molécula, com o FcR na superfície do macrófago e, via seu sítio de combinação, com determinantes antigênicos na superfície da célula alvo. O contato das duas células resulta na morte da célula alvo pelo mecanismo de citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos (→ ADCC). Além de Tabela 13. Produtos de secreção dos macrófagos Grupo Produto Microbicidas e citotóxicos Oxigênio reativo Nitrogênio reativo Oxigênio e nitrogênio independentes Tumoricidas Pirógenos endógenos Reguladores da inflamação Lipídeos bioativos Oligopeptídeos bioativos Componentes do complemento/-fatores Fatores da coagulação Citocinas Proteases neutras Inibidores das proteases Enzima hidrolítica lisossomal Proteínas do estresse Superóxido, peróxido de hidrogênio, cloramina Monóxido de nitrogênio, nitritos, nitratos Proteases neutras, lisozima, enzimas lisossomais Peróxido de hidrogênio, monóxido de nitrogênio, TNF-α, C3a, proteases, arginases IL-1, IL-6, TNF-α, MIP-1 Prostaglandina, prostaciclina, tromboxanos, leucotrienos Glutationa C1, C4, C2, C3, C5, B, D, P, I, H V, VII, IX, X, protrombina, ativador do plasminogênio IL-1, IL-6, IL-8, IL-12, TNF-α, IFN-γ, proteínas inflamatórias de macrófagos (MIP-1, MIP-2, MIP-3), fator estimulante de colônia (M-CSF, GM-CSF, G-CSF), PDGF Elastase, colagenase, angiotensinaconvertase α2-macroglobulina, α-1- inibidor de protease, inibidor de plasmina e de colagenase proteases ácidas (catepsina D e L), peptidases, lipases, lisozima e outras glicosidases, ribonucleases, fosfatases, sulfatases Proteínas do choque térmico, proteína reguladora de glicose 247 suas funções no sistema imune, macrófagos também participam em algumas reações metabólicas, e.g. metabolismo do colesterol, vitamina D ou ácido araquidônico. Também são células secretórias importantes (Tabela 13), produzindo diversas substâncias citotóxicas, lipídios bioativos, componentes do complemento, alguns fatores de coagulação, citocinas, enzimas proteolíticas e outras, bem como seus inibidores, proteínas de estresse e fatores envolvidos na remodelação de tecidos. Isto os capacita a interferir, em uma extensão significante, em numerosos eventos fisiológicos e fisiopatológicos no organismo. macroglobulinemia de Waldenström – doença similar ao mieloma múltiplo (→ gamopatias), mas de severidade mais leve, afeta pessoas idosas e está associada com concentrações séricas aumentadas de IgM monoclonal e à presença na medula óssea de linfócitos semelhantes a plasmócitos que produzem IgM. Devido às concentrações aumentadas de IgM, a viscosidade sangüínea está também aumentada, piorando assim as condições circulatórias. Pacientes desenvolvem freqüentemente hemorragias cutâneas, anemia, desconforto abdominal que resulta de um baço e fígado aumentados, bem como problemas neurológicos decorrentes de síndrome de hiperviscosidade sangüínea. macroglobulina – termo utilizado para se referir a glicoproteínas séricas de alto peso molecular de natureza imunoglobulínica com peso molecular relativo ao redor de 900.000 Da, incluindo → IgM de origem monoclonal, resultante de uma população homogênea de moléculas. Suas concentrações séricas aumentam em macroglobulinemia bem como em algumas leucemias, colagenoses, reticulocitoses, condições com infecção crônica e câncer. MAF (fator ativador de macrófagos) – fator que ativa macrófagos, uma linfocina típica que aumenta a habilidade de macrófagos para lisar células tumorais e microorganismos intracelulares. É um amálgama heterogêneo de proteínas idênticas a → MIF. Interferon-γ tem também a mesma atividade. magaininas – peptídeos antimicrobianos, isolados originalmente de pele de sapo e outros anfíbios. Suas moléculas de α-hélice são com248 postas por 23 resíduos de aminoácidos e têm largo espectro de atividade contra bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Pertencem à família das → perforinas. MALT (tecido linfóide associado à mucosa) – tecido linfóide nas membranas mucosas, incluindo células linfóides na camada epitelial e na lâmina própria submucosa. Os principais sítios anatômicos de sua ocorrência incluem intestino (GALT – tecido linfóide associado ao intestino), brônquios (BALT, tecido linfóide associado aos brônquios) e pele (SALT, tecido linfóide associado à pele). MALT é responsável pela implementação de imunidade específica local, em direto contato com antígenos estranhos. Juntamente com IgA secretória, representam os principais componentes da imunidade de mucosas. MAP-quinases (quinases de proteínas ativadas por mitógenos) – família de → quinases de proteínas com importantes funções na mediação de sinais disparados por → citocinas, fatores de crescimento e estresse ambiental, envolvidos na proliferação, diferenciação e morte celulares. MAP-quinases são ativadas pela dupla fosforilação de resíduos de treonina e tirosina por outras quinases, coletivamente chamadas MAP-quinases (MKKs). Os substratos de MAP-quinases incluem diversos → fatores de transcrição. marcador Gm – o alotipo determinante na cadeia pesada de IgG1, IgG2 e IgG3 humanas. → Alotipos são produtos de alelos individuais do mesmo gene estrutural. Até o momento, 18 diferentes alotipos Gm são conhecidos na população humana. marcador Km – marcador de alotipo na cadeia kappa da imunoglobulina humana. Era chamado marcador Inv na literatura mais antiga. marginação – aderência firme de leucócitos ao endotélio vascular (→ inflamação). mastócitos –Representam uma população celular heterogênea que difere uma da outra pela forma e tamanho (10 – 30 µm de diâmetro) e contendo em seu citoplasma numerosos grânulos eletrodensos 249 Tabela 14. Os Mastócitos liberam Produtos da Anafilaxia Mediador Mediadores pré-formados Histamina Proteases neutras Triptase Quimase Carboxipeptidase Hidrolases ácidas β-Hexoaminidase β-D-Glicuronidase β-D-Galactosidase Enzimas oxidantes Peroxidase Superóxido-dismutase Citocinas Inflamatórias Tipo TH2 Quimiocinas Proteoglicanos Heparina Condroitinsulfato Mediadores recém sintetizados Produtos da ciclooxigenase PGD2, PGE2, PGF2 Produtos da lipooxigenase LTB4 LTC4, LTD4 LTE4 Fator de ativação de trombócitos (PAF) 250 Atividade biológica Aumento da permeabilidade vascular e do retorno venoso Aumento da hiperreatividade do músculo liso brônquico por histamina, ativação de C3 Aumento da secreção de muco Separação do final-C da angiotensina I Catepsina G Dissociação de moléculas de polissacarídeos Formação de oxigênio reativo TNF-α, GM-CSF IL-4, IL-5, IL-6, IL-13 IL-8, RANTES, MIP-1α, MCP Regula o efeito das proteases neutras Broncoconstrição Quimiotaxia de neutrófilos e granulócito eosinófilo Broncoconstrição, aumento da secreção de muco, quimiotaxia de eosinófilos Quimiotaxia dos eosinófilos, aumento do retorno venoso Broncoconstrição, aumento do retorno venoso Fig 65. Mecanismo de liberação de mediadores por mastócitos. Anafilaxia: reação de hipersensibilidade que aparece através da união de um alérgeno com anticorpos específicos IgE.; anafilatóide: sobre o cruzamento do domínio Fig 7. Mecanismo de mediadores por mastócitos. constante de de IgE,liberação por exemplo, através de lecitina ou anticorposAnafilaxia: anti-IgE, oureação sobre ligação cruzada com FcεRI através de lecitina, ou autoanticorpos anti-IgE com de hipersensibilidade que aparece através da união de um alérgeno etc; anafilatoxina, sobre a ligação do receptor da membrana, através de interação anticorpos IgE.;(medicamentos) anafilatóide: ousobre o cruzamento diretaespecíficos com a membrana por trauma. Na primeira do fase domínio os mediadores dos mastócitos são liberados, e reagem rapidamente. constante de IgE, por exemplo, através de lecitina ou anticorpos anti-IgE, ou sobre ligação cruzada com Fc�RI através de lecitina, ou autoanticorpos anti-IgE etc; anafilatoxina, sobre ligação do receptor da membrana, de interação típicos. Sãoa encontrados principalmente em tecidoatravés conjuntivo, na oral e superfícies cutâneas, ao Na redor de vasos direta commucosa a membrana (medicamentos) ou bem por como trauma. primeira fase os sangüíneos. Carregam receptores de alta afinidade para os domínios Fc da IgE em sua superfície, os quais determinam, juntamente com → basófilos, sua participação chave em reações alérgicas de tipo imediato (mediadas por IgE). IgE específica que foi produzida no primeiro contato com um dado antígeno individual (chamado neste caso de → alérgeno) combina-se com estes receptores. No segundo contato, ou subseqüentes, tal antígeno estabelece uma ponte para moléculas de IgE previamente ligadas a mastócitos, dando o sinal para sua degranulação. Na degranulação, histamina e outros → mediadores dos mastócitos são liberados, e reagem rapidamente. 251 7 mediadores de anafilaxia são liberados dos grânulos dos mastócitos (Tabela 14). Estes podem ser liberados não apenas em resposta a alérgenos específicos, mas também sob a ação de anticorpos anti-IgE ou → anafilotoxinas C3a e C5a para as quais os mastócitos têm receptores superficiais específicos (Fig. 65). Além dos mecanismos imunes acima mencionados, o conteúdo dos grânulos pode ser liberado pela ação de fatores físicos (alta temperatura, radiação ionizante), substâncias químicas (toxinas, venenos, proteases) e mediadores endógenos (proteinases teciduais, proteínas catiônicas dos eosinófilos e neutrófilos). Isto predetermina os mastócitos para uma importante participação nos processos inflamatórios. Duas populações maiores de mastócitos podem ser distinguidas no homem com base no conteúdo das proteases neutras. O tipo MCTC contém triptase, quimase, uma enzima que se assemelha à catepsina G, e carboxipeptidase nos grânulos, sendo encontrada principalmente na pele normal e submucosa intestinal. O tipo MCT contém apenas triptase, e prevalece na mucosa intestinal normal e parede alveolar pulmonar. matriz extracelular (MEC) – diversos materiais produzidos por células e secretados no meio circundante, mas o termo é usualmente utilizado para se referir à porção não celular de tecidos animais. A MEC é particularmente grande em tecidos conjuntivos. Em termos gerais há três componentes maiores de MEC: elementos fibrosos (particularmente → colágeno, → elastina, ou reticulina), proteínas de ligação (por exemplo, → fibronectina, laminina) e moléculas de ocupação de espaços vazios (usualmente glicosaminoglicanos). Além de servir como um esqueleto estrutural composto de macromoléculas para suportar a adesão celular e integridade tecidual, a MEC funciona como um reservatório para uma miríade de mediadores inflamatórios, incluindo citocinas e quimiocinas. Estas podem produzir o sinal intrínseco para direcionar e coordenar a adesão de leucócitos a moléculas da MEC e migração em direção a seus sítios de destinação (→ inflamação). MBP (proteína ligadora de manose) – proteína que liga manose. É uma lecitina que liga especificamente manose presente em oligossacarídeos na superfície (glycocalyx) de microorganismos e/ou outras células. Facilita, desta forma, fagocitose principalmente de leveduras 252 e protozoários, incluindo Pneumocystis carinii, sendo portanto, considerada como uma das maiores opsoninas do soro sangüíneo. Além disto, MBP é capaz de ativar complemento pela via da lecitina (Fig. 27). A abreviação MBP pode, entretanto, aplicar-se também à proteína básica da mielina ou proteína básica principal (→ eosinófilo). MC – → mastócito MCAF – → MCP-1. MCP (proteína cofator de membrana) – (→ CD46) é encontrado na superfície de leucócitos periféricos e plaquetas. Controla a ativação de complemento, aumentando a degradação de convertases do complemento por mecanismo similar ao de → DAF. MCP-1 (monocyte chemoattractant protein-1) – também chamada MCAF (fator ativador e quimiotático de macrófagos). É uma → citocina envolvida na regulação de reações inflamatórias como o fator quimiotático para monócitos ou macrófagos e, em menor grau, para basófilos, linfócitos e células NK. É eficiente na indução de degranulação de basófilos e mastócitos. São também conhecidas, além de MCP-1, as proteínas MCP-2 e MCP-3. Estas últimas representam eficientes fatores quimiotáticos para eosinófilos, monócitos e macrófagos, mas não para neutrófilos. MCR (fator quimiotático de macrófagos) – citocina que estimula a migração de macrófagos ao longo do gradiente de concentração. M-CSF (fator estimulante de colônias de macrófagos) – É um → fator estimulante de colônias da família de citocinas de glicoproteínas que controlam a produção e maturação de células hematopoéticas de linhagem mielóide, bem como suas atividades funcionais. mediadores de anafilaxia – substâncias que são liberadas de → basófilos e → mastócitos em sua ativação por mecanismos imunes ou não-imunes. Participam de reações inflamatórias e alérgicas. Podem ser divididos em mediadores pré-formados e sintetizados de novo (Tabela 8). Mediadores pré-formados são armazenados em 253 grânulos em forma disponível e são assim capazes de atuar imediatamente na liberação. Grânulos de basófilos e mastócitos humanos contêm histamina, uma variedade de enzimas proteolíticas agindo em pH neutro (triptase, quimase, carboxipeptidase), hidrolases ácidas, diversas citocinas e alguns proteoglicanos (heparina e sulfato de condroitina). Mediadores sintetizados de novo agem com uma defasagem no tempo, já que devem que ser neo-formados. Seus representantes típicos incluem metabólitos do ácido araquidônico (particularmente prostaglandinas e leucotrienos) e o fator ativador plaquetário (PAF). megacariócito – grande célula multinucleada da medula óssea, da linhagem mielóide, precursora das plaquetas. meio HAT – meio de cultura seletivo utilizado em → tecnologia de hibridoma para preparar anticorpos monoclonais. O nome foi derivado do fato de que ele contém hipoxantina, aminopterina e timidina. Apenas células híbridas formadas pela fusão de linfócitos produzindo o anticorpo requerido com células de mieloma são capazes de crescer e proliferar neste meio. Desta forma, tais células são selecionadas entre outras células presentes. melanócitos – células que sintetizam pigmentos de melanina. melanoma maligno – um dos tumores mais malignos. Deriva-se de melanócitos cutâneos em geral (eventualmente também da retina pigmentada), e se desenvolve através da ativação da melanina epidérmica: melanócitos, queratinócitos adjacentes, células de Langerhans, infiltrado do cório superior (acima de tudo mastócitos, fibroblastos, endotélio capilar, histiócitos, e linfócitos). Quatro formas clínicas são caracterizadas: 1. melanoma lentiginoso maligno (MLM) – uma protuberância marrom-negra desenvolve-se no lentigo central na face, com prognóstico favorável. 2. Melanoma de disseminação superficial (MDS) – crescimento de um foco irregularmente pigmentado. Se removido no estágio de crescimento horizontal, seu prognóstico é favorável. 3. Melanoma nodular (MN) – de vários tamanhos, protuberância pigmentada irregular que erode e sangra. Metastatiza rapidamente, e seu prognóstico é bastante desfavorável. 254 4. Melanoma lentiginoso acral (MLA) – é um tumor de tipo MDS e MN em locais que não contêm folículos pilosos (áreas plantares dos pés, dígitos, palmas de mãos). Seu prognóstico é desfavorável. memória imunológica – habilidade do organismo em reagir à administração repetida do mesmo antígeno com uma resposta imune mais rápida e mais intensa. Torna-se operacional com respeito tanto à resposta de anticorpos quanto à de imunidade mediada por células. É de natureza duradoura. Linfócitos B e T são células de memória. metabolômica – → genômica. métodos de aglutinação – processos fundamentados na reação de antígeno (aglutinogênio) na superfície de partículas (eritrócitos, bactéria, partículas de látex) com anticorpo solúvel (aglutinina). Isto origina um agrupamento de células ou outras partículas (aglutinado), o qual pode ser detectado a olho nu ou microscopicamente. A reação é chamada de aglutinação. Se o anticorpo se combina com uma partícula sólida e este complexo reage com antígenos solúveis, o processo é denominado aglutinação reversa. Métodos de aglutinação pertencem à bateria de reações sorológicas usadas para determinar grupos sangüíneos, para diagnosticar doenças infecciosas, artrite reumatóide e outras doenças. Métodos de aglutinação são 10 a 500 vezes mais sensíveis que métodos de precipitação. métodos de imunodifusão – são feitos em géis de ágar ou agarose (→ imunodifusão) e são utilizados para detectar a presença ou concentração de antígenos ou anticorpos solúveis (imunoglobulinas). métodos de precipitação – utilizam a reação de antígenos solúveis com anticorpo solúvel, que precipitam no ponto de reação recíproca (→ imunoprecipitação). métodos eletroforéticos – possibilitam separar e identificar moléculas individuais de misturas complexas, com base em suas cargas elétricas diferentes (→ eletroforese). Eletroforese zonal é utilizada principalmente para triagem e detectar a presença no soro de imunoglobulinas patológicas ou para medir suas concentrações (→ gamopatias). 255 métodos imunoeletroforéticos – uma combinação de métodos eletroforéticos e de imunodifusão (→ imunoeletroforese), que podem ser utilizados para separar misturas complexas de moléculas (particularmente proteínas) em campo elétrico produzido num gel. Após difusão e reação com anticorpos específicos ocorre precipitação, formando-se anéis de precipitação ou semicírculos de vários tamanhos e formas, por meio dos quais podem ser determinadas a presença de algumas imunoglobulinas, suas concentrações ou anormalidade de suas moléculas (→ gamopatias). métodos imunoenzimáticos – → imunoanálises enzimáticas. métodos imunoquímicos – qualquer método cujo princípio é a reação de determinantes antigênicos (epitopos) com o sítio de combinação de anticorpos (paratopo). De acordo com a forma do antígeno e do anticorpo (solúvel ou insolúvel), ambiente no qual a reação ocorre (solução, gel, → imunoadsorvente) e os métodos de detecção utilizados para o complexo imune formado (olho nu, coloração com corantes histológicos ou marcação de um dos reagentes com isótopo radioativo, enzima, corante fluorescente, radical livre ou outro marcador), há numerosas modificações de métodos. Isto inclui, por exemplo, métodos sorológicos (aglutinação, precipitação, fixação de complemento), de imunodifusão, imunoeletroforéticos, imunoenzimáticos, de imunoradioisótopos, imunofluorescentes, imunoquimioluminescentes e outros. métodos sorológicos – métodos imunoquímicos realizados em líquido para determinar a presença de antígeno ou anticorpo no sangue ou outros líquidos biológicos. Três grupos podem ser distinguidos, principalmente: precipitação, métodos de aglutinação e métodos que utilizam a fixação de complemento. MHC – → complexo principal de histocompatibilidade. miastenia gravis – doença auto-imune na qual auto-anticorpos podem ser detectados contra receptores nicotínicos de acetilcolina em células de músculo esquelético e/ou contra outras estruturas. Como resultado, o acoplamento neuromuscular é quebrado, desenvolven256 do-se fraqueza muscular progressiva e mesmo morte. Representa um exemplo típico de condições de hipersensibilidade de tipo 5 (→ imunopatologia). Afeta pessoas de qualquer idade, com prevalência de 0,5 – 14 casos/100.000 habitantes, prevalecendo na década dos trinta anos. A maioria dos pacientes mostra anormalidades tímicas (timoma, um tumor de origem tímica). Pacientes que não têm este tumor apresentam ocorrência mais freqüente de haplótipos com antígenos HLA-A1, -B8, e –DR3 (em desequilíbrio de ligação) ou HLA-B7 e –DR2. “micro array”- também chamado de “gene chip, DNA chip ou gene array”, é uma biblioteca de DNA distribuídos ordenadamente em uma superfície sólida. Técnica utilizada para monitoramento de expressão global gênica de vários genes simultaneamente micrófagos – termo original de Metchnikoff para → neutrófilos, mas atualmente praticamente abandonado. micróglia – população heterogênea de células no SNC com função de macrófagos (Fig. 66). São derivados da medula óssea e, similarmente a macrófagos de outros tecidos, podem se encontrar num estado residente ou ativado. Expressam constitutivamente em sua superfície a molécula de adesão CD11b, o antígeno geral dos leucócitos CD45, e antígenos MHC de classe II. Podem atuar, portanto, como células apresentadoras de antígeno e participar em respostas imunes e inflamatórias no tecido cerebral. microglobulina – → β2-microglobulina. microscopia confocal – Microscopia que utiliza uma fonte laser para a excitação dos fluoróforos. Com um conjunto de lentes o microscópio é capaz de focar um cone de luz laser em diferentes profundidades. Mudando-se o ponto focal é possível analisar vizualizar o objeto, ponto a ponto. mieloma múltiplo – doença neoplásica (plasmacitoma) na qual um único clone de células plasmáticas ou seus precursores proliferam de forma descontrolada na medula óssea, produzindo anticorpos mo257 Fig 66. Microglia ativada do cérebro em um paciente com Alzheimer mórbido. Para que as células da microglia façam a apresentação de antígeno, elas expressam moléculas de HLA coradas com anticorpos monoclonais contra HLA-DP e HLA-DR. noclonais em excesso (patológicos), que podem ser demonstrados no soro sangüíneo (→ gamopatias). Isto resulta na redução da massa óssea, e pode levar a fraturas ósseas espontâneas patológicas. mieloperoxidase (MPO) – enzima presente nos grânulos azurofílicos de neutrófilos. Seu gene está localizado no cromossomo 17q22. Juntamente com peróxido de hidrogênio e cofator oxidável (Cl- ou I-), compõem o sistema da mieloperoxidase, o mais efetivo mecanismo antimicrobiano e citotóxico em leucócitos humanos e outros mamíferos. Indivíduos deficientes em MPO mostram suscetibilidade aumentada a infecções causadas por Candida albicans. MIF (fator inibidor de migração dos macrófagos) – algumas vezes também chamado MMIF. É uma linfocina típica produzida por linfócitos T na ativação induzida por antígeno ou mitógeno. Inibe a migração de macrófagos que atingiram o sítio de reação inflamatória. Contém uma mistura de moléculas de proteínas idênticas a → MAF. Apresenta atividade semelhante a IFN-γ. 258 miopatias inflamatórias idiopáticas – doença inflamatória adquirida de origem desconhecida, afetando músculos transversalmente estriados. São classificadas entre as doenças reumatológicas sistêmicas e caracterizadas pela presença de fraqueza muscular simétrica, predominantemente proximal, por evidência, na biópsia, de dano a fibras musculares, níveis elevados de enzimas musculares ou mioglobina, e pela presença de sinais miopáticos multifocais na eletromiografia. Alterações cutâneas típicas desenvolvem-se em dermatomiosite, com outros sistemas como articulações, pulmões, coração e sistema digestivo sendo afetados em freqüências variáveis. Associação com neoplasias é provável, particularmente em pacientes idosos e quando há acometimento cutâneo. Auto-anticorpos anti-sintetase (anti-Jo-1, em particular) são específicos de miosite associada com artrite, fibrose pulmonar intersticial, alterações cutâneas acrais referidas como “mão de mecânico” e fenômeno de Raynaud. Além disto, anti-SRP (anticorpos contra a partícula de reconhecimento de sinal) se associa à presença de afecção cardíaca, anticorpos anti-Mi-2 se associam à distribuição de exantema clássico em forma de V no tórax superior, em geral por fotossensibilidade. MIP-1 (proteína 1 macrofágica inflamatória) – é uma → quimiocina e ocorre em duas formas isomórficas (MIP-1α e MIP-1β). É produzida por macrófagos, monócitos e linfócitos T. Participa na regulação de reações inflamatórias agudas, particularmente através de dois mecanismos: como pirogênio endógeno, afetando o centro termoregulatório hipotalâmico sem o envolvimento de prostaglandinas (PGE2), e como um fator quimiotático para macrófagos, monócitos, basófilos, linfócitos e células NK, mas não para neutrófilos. Além de MIP-1, há também MIP-2 que é, entretanto, um fator quimiotático apenas para neutrófilos e não um pirogênio endógeno, atuando de forma similar à IL-8. mitógeno da erva-dos-cancros – (PWM, pokeweed mitogen) é uma lecitina derivada da erva-dos-cancros (Phytolacca americana), mitógeno policlonal tanto para linfócitos B quanto T. mitógenos – agentes que ativam a síntese (replicação) de DNA, induzem transformação blástica e divisão de linfócitos ou outras células. 259 Diferentemente do antígeno, mitógenos ativam a divisão mitótica não apenas de um único clone linfocitário, mas de muitos clones (ativação policlonal). Com esta finalidade, lecitinas de plantas (fitomitógenos), principalmente, são utilizadas na prática. Tais mitógenos para células T são → fitohemaglutinina (PHA) e concanavalina A (→ ConA). O mitógeno por excelência para linfócitos B humanos é a → proteína A derivada de Staphylococcus, embora o mitógeno da erva-dos-cancros (PWM) isolado de Phytolacca americana L. seja um mitógeno policlonal tanto para linfócitos B quanto para T. MLC (cultura mista de linfócitos) – é preparada pela mistura de linfócitos isolados de dois diferentes indivíduos, um dos quais é usualmente um potencial doador de enxerto, e outro o potencial receptor de enxerto. Desde que dois indivíduos não são geneticamente idênticos (exceto os gêmeos homozigóticos), diferentes antígenos de histocompatibilidade na superfície dos linfócitos do doador ativarão linfócitos do receptor, e vice-versa. Como resultado, ocorre síntese de DNA (medida com base na incorporação de timidina tritiada) e proliferação de linfócitos. A este fenômeno se denomina mixed-lymphocyte reaction, MLR. O teste é importante em transplante de medula óssea e órgãos, para determinar o grau de histocompatibilidade entre doador e receptor. MLR – reação mista de linfócitos → MLC. módulos de imunoglobulinas – a forma superior de organização espacial da molécula de imunoglobulina. É uma formação que surge da interpenetração espacial das cadeias polipeptídicas de dois domínios vizinhos, variáveis ou constantes (Fig. 39). moléculas de adesão – glicoproteínas ou lecititinas de superfície celular envolvidas na ligação direta de uma célula à outra, ou ao substrato. Participam na interação entre células do sistema imune, em particular durante seu retorno para órgãos linfóides primários e secundários, e em respostas inflamatórias. O contato entre as células e/ou entre elas e a matriz extracelular pode ser firme (persistente) ou transitório. A adesão firme é vista na organogênese e na formação tecidual (no sistema imune, são importantes no retorno de linfócitos aos órgãos 260 linfóides). A adesão transitória é observada em vários eventos fisiológicos (embriogênese, circulação de linfócitos, resposta imune) e patológicos (injúria inflamatória, metástases, aterosclerose). Moléculas de adesão pertencem a diversas famílias como selectinas, integrinas, membros da superfamília de imunoglobulinas (ICAM-1, VCAM-1, PCAM-1, galectinas e caderinas). Algumas delas se encontram também circulantes sob forma solúvel (principalmente as oriundas das superfamílias das integrinas e das imunoglobulinas). Estas moléculas solúveis podem também ser usadas como marcadores de atividade em várias doenças (por exemplo, sICAM-1 e sVCAM-1 no lupus eritematoso sistêmico e granulomatose de Wegener). monocinas – citocinas produzidas principalmente por fagócitos mononucleares – macrófagos e monócitos. Seus representantes típicos são IL-1 e TNF. monócito – célula grande (16 –22 µm de diâmetro) com núcleo em forma de rim e numerosas organelas no citoplasma (lisossomas, mito- Fig 67. Um monócito humano através de microscópio eletrônico. Tão logo sai da circulação sangüínea e chega ao tecido, o monócito se transforma em macrófago. N – núcleo; AG – grânulos azurófilos; SG – grânulos específicos; V – vacúolo; M – mitochondrion. 261 côndrias e vacúolos pinocíticos) (Fig. 67). É encontrado no sangue periférico (perfazendo 2 –10% da contagem total de leucócitos no homem). Quando migra aos tecidos transforma-se num macrófago tecidual. É parte do → sistema de fagócitos mononucleares (MPS) e é um fagócito profissional. mononuclear phagocyte system (MPS, sistema monocítico-fagocitário) – compreende monócitos no → sangue, macrófagos teciduais e suas células precursoras na medula óssea. As características comuns destas células incluem fagocitose ativa, pinocitose e habilidade para se aderir a diversas superfícies. Monócitos e macrófagos têm receptores para os domínios Fc de imunoglobulinas e componente C3b do complemento em sua superfície. Isto os capacita a efetuar uma fagocitose bastante eficiente. Expressam antígenos MHC de classe II em sua superfície, devido ao que são capazes de efetuar a função de → células apresentadoras de antígeno. O termo MPS substitui, correntemente, o termo antigamente utilizado de “sistema retículoendotelial” (→ RES). MPO – → mieloperoxidase. MPS – → sistemas de fagócitos mononucleares. mRNA – RNA mensageiro. mudança antigênica– alteração ampla e repentina na estrutura de um gene que codifica um antígeno viral específico. Como resultado, surgem novas variantes antigênicas, o que se observa particularmente em rinovírus, infecções por vírus da influenza e pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Se, em decorrência de uma mudança antigênica, um vírus adquire antígenos inteiramente novos, contra os quais a população não está imunizada, ele pode induzir epidemias (por exemplo, surtos de gripe “Espanhola” ou de “Hong Kong” no passado). muramil dipeptídeo (MDP) – imunoestimulante não-específico descoberto originalmente como o substituto minimamente ativo para → BCG intacto no → adjuvante de Freund. Seu mecanismo de ação 262 é a ativação de macrófagos para secretar → fatores estimulantes de colônias, IL-1 e TNF, resultando na estimulação de precursores na medula para produzir aumento do número de progenitores de granulócitos e de monócitos maduros. O período de granulocitopenia e risco de infecções secundárias são reduzidos, portanto, permitindo quimioterapia mais freqüente e/ou intensa (especialmente em pacientes com câncer). Há várias preparações sintéticas de MDP. Eles são potentes adjuvantes isolados e oleosos. Infelizmente, como acontece com muitos outros peptídeos, MDP tem uma meia-vida sérica curta devido a seu peso molecular, requerendo altas e freqüentes doses para ser ativo. Além disto, agentes como MDP são fortemente pirogênicos, devido presumivelmente, pelo menos em parte, a sua habilidade de induzir IL-1. mureína – complexo de peptidoglicano cruzado da parede celular interna de todas as Eubacteria. mutações – alterações permanentes na seqüência de DNA de um organismo, a qual pode surgir de muitas diferentes maneiras: erros na replicação, erros devidos a eventos de recombinação, agentes mutagênicos químicos, irradiação, alterações espontâneas. Podem ser de diversos tipos: substituição de bases, deleção de um ou mais pares de bases, inserção de um ou mais pares de bases, etc. Podem resultar na produção de um produto gênico não-funcional ou mesmo nenhum produto, mas podem também ter conseqüências sérias pela formação de uma proteína anômala. NADP – fosfato nicotinamida adenina dinucleotídeo. NADPH oxidase – enzima da → cadeia respiratória. É composta de cadeia de transporte de elétrons contendo no mínimo seis itens, alguns deles estando presentes no citoplasma (p40phox, p67phox), outros presentes na membrana citoplasmática (p21phox, gp19phox – subunidades de citocromo b58) ou possuindo função regulatória (rac – GTP proteína de ligação). Na estimulação de neutrófilos, monócitos ou macrófagos, todos os componentes se combinam, dentro da membrana citoplasmática, para formar um complexo ativo único que transmite elétrons de NADPH (fosfato nicotinamida adenina 263 dinucleotídeo reduzido) a oxigênio molecular, originando superóxido. Deste, outros → intermediários do oxigênio reativo (ROI) são derivados. Defeitos ou deficiência de componentes de NADPH oxidase reduzem a atividade antimicrobiana e citotóxica de neutrófilos e monócitos, e representam a causa básica da → doença granulomatose crônica. nanobactéria – bactéria com a menor parede celular descoberta em sangue de humanos e de bovinos. Podem produzir apatita em meio que mimetize fluídos teciduais e filtrado glomerular. Seus agregados assemelham-se muito àqueles encontrados em calcificações teciduais e cálculos renais. NAP-2 – proteína de ativação de neutrófilos. É uma → quimiocina e tem efeito similar ao de → IL-8. natural killer cells – → células NK. NBT – azul de nitrotetrazólio. É utilizado de forma semelhante ao INT (iodonitrotetrazólio) para testar a habilidade de fagócitos profissionais em ativar seu metabolismo de oxigênio ( → explosão respiratória). NCAM – neural cell adhesion molecule, um membro da superfamília das imunoglobulinas, importante na adesão intercelular de células neurais e algumas células embrionárias. necrose – morte local de células ou tecidos devido a dano químico ou físico e/ou interrupção total do suprimento de sangue ao tecido afetado. Difere de → apoptose (morte celular programada) em que restos celulares e teciduais que resultam de necrose têm que ser removidos por fagócitos durante a reação inflamatória. Sua migração ao local de necrose é dirigida por necrotaxia. nefropatia por IgA – tipo de glomerulonefrite na qual depósitos contendo IgA e C3 são encontrados em áreas mesangiais, os quais podem ser detectados utilizando-se microscopia de imunofluorescência. Ocorre mais freqüentemente em homens jovens seguindo infec264 ções respiratórias, e é acompanhada por hematúria e/ou moderada proteinúria. Os níveis de IgA no soro sangüíneo estão aumentados e complexos imunes circulantes estão presentes. neoantígeno – antígeno com determinantes antigênicos novos, formados pela modificação da molécula original de um antígeno próprio ou que é parte de um antígeno expresso por células transformadas por tumor. Neste caso, é denominado antígeno associado a tumor. neoplasia – refere-se, usualmente, a crescimento novo, tendo assim o mesmo significado que tumor (benigno ou maligno). neoplásico – adjetivo que descreve células que exibem neoplasia. neopterina – metabólito da guanosina trifosfato sintetizado por macrófagos na estimulação por IFN-γ. Os níveis séricos e urinários de neopterina em pessoas infectadas pelo HIV-1 aumentam na proporção da progressão de AIDS. Níveis aumentados de neopterina juntamente com contagens reduzidas de linfócitos T auxiliares (CD4+) são os principais marcadores utilizados para reconhecer a transição da fase assintomática da infecção pelo HIV-1 em direção à AIDS clinicamente manifesta. neovascularização – outro termo para se referir à → angiogênese, processo durante o qual novos capilares são formados de vasos sangüíneos existentes. Ocorre sob condições fisiológicas durante a embriogênese (vasculogênese), sob condições fisiopatológicas na cicatrização e remodelamento de tecidos lesionados, bem como sob condições patológicas durante o crescimento de tumores, e em algumas doenças (e.g. em artrite e retinopatia diabética). neuraminidase – enzima que cliva ligações glicosídicas entre ácido neuramínico e outros monossacarídeos. Ácido neuramínico é parte das glicoproteínas de superfície de muitas células e fornece a elas uma carga negativa global. Células tratadas com neuraminidase perdem a carga negativa e aglutinam, portanto, mais facilmente (a intensidade das forças repulsivas entre as células que têm a mesma carga é reduzida). Além do mais, células tratadas com neuraminidase ativam 265 complemento pela via alternativa. Neuraminidase é produzida por alguns vírus e bactérias. neuroregulina – fator de crescimento e diferenciação de células epiteliais, gliais e musculares em cultura. Seu receptor é a tirosina quinase. neurocinas – → citocinas produzidas pelo, e atuando dentro, do sistema nervoso, em particular no SNC. neurocininas – pertencem às → taquicininas, um grupo de neuropeptídeos sensoriais. Existem duas: neurocinina A (também conhecida como neurocinina α ou neuromedina L) e neurocinina B (também conhecida como neurocinina β ou neuromedina K). neuroimunologia – trata do estudo de inter-relacionamento e comunicação entre os sistemas nervoso e imune sob condições fisiológicas e patológicas. neurotactina – quimiocina CXXXC ancorada à membrana (397 resíduos de aminoácidos no homem), expressa predominantemente no cérebro. É um quimiotático para neutrófilos e sofre regulação positiva nos vasos capilares e micróglia durante inflamação. neurotelina – → CD147. neurotransmissor – substância encontrada em sinapses químicas, liberada de terminal pré-sináptico em resposta à despolarização por um potencial de ação, difundindo-se através da fenda sináptica e se ligando a um canal iônico mediado por ligante na célula pós-sináptica. Isto altera o potencial de repouso da célula pós-sináptica e, assim, sua excitabilidade. Têm tal função a acetilcolina, noradrenalina, ácido gama-aminobutírico, dopamina e serotonina. neurotrofinas – moléculas com estruturas estreitamente relacionadas, conhecidas por suportar a sobrevivência de diferentes neurônios. Elas incluem o → fator de crescimento neural o → fator neurotrófico ciliar, a neurotropina-3 e o fator neurotrófico derivado do cérebro. 266 Fig 68. Um neutrófilo humano do sangue periférico visto através de microscópio eletrônico. N – núcleo; AG – grânulos azurófilos; SG – grânulos específicos; V – vacúolo. neutrófilo – um → granulócito, também denominado granulócito neutrofílico ou leucócito polimorfonuclear (PMN) (Fig. 68). Neutrófilos estão na circulação sangüínea (45 – 70% da contagem total de leucócitos circulantes) ou em tecidos, onde permanecem em particular durante reação inflamatória (→ inflamação). São fagócitos profissionais típicos, já que possuem receptores de imunoaderência em sua superfície, através dos quais podem engolfar efetivamente anticorpos ou partículas opsonizadas pelo fragmento iC3b do complemento (incluindo microorganismos patogênicos). A enzima → NADPH oxidase fica ativada em sua membrana citoplasmática após contato com partícula fagocitável, ou pela ação de fatores quimiotáticos. Dispara, então, a produção de agentes antimicrobianos oxigênio-dependentes e citotóxicos (→ ROI) os quais, juntamente com fatores oxigênio-independentes (→ defensinas, → BPI, → lactoferrina, → proteases neutras), efetivamente lisam células fagocitadas. Os agentes antimicrobianos oxigênio-independentes estão presentes em estado pré-formado em grânulos (grânulos de leucócitos). Grânulos de leucócitos são da maior importância para a defesa contra parasitas extracelulares (Fig. 69). Semelhantemente aos macrófagos, 267 Fig 69. As principais funções biológicas dos neutrófilos. ig 62. As principais funções biológicas dosem neutrófilos. neutrófilos também podem ocorrer três estados funcionais: re- sidentes, condicionados (pré-ativados) ou ativados. Os neutrófilos ativados possuem a mais forte atividade antimicrobiana e citotóxica, que também pode ser responsável pelo dano causado aos tecidos do próprio organismo em situações patológicas. neutropenia auto-imune – é causada pelo aumento da destruição de neutrófilos e/ou supressão do crescimento de células mielóides devido a anticorpos séricos, os quais nem sempre conseguem ser detectados. Pode ser primária ou secundária, resultando de doenças auto-imunes. Os pacientes podem sofrer de infecções recorrentes ou ser assintomáticos. NF-κB – fator nuclear kappa B originalmente descrito como ativador da transcrição de genes para o tipo kappa de imunoglobulinas em linfócitos B (daí seu outro nome: fator transcricional). Mais tarde, demonstrou-se que por esta via ele é capaz de ligar-se a um elemento regulatório de mais de 40 genes e iniciar sua transcrição numa 268 ig 63. Os pontos de ação farmacológica dos medicamentos antiinflamató variedade de células e tecidos. NF-κB não é um único fator, mas sim uma família de fatores transcricionais compostos de duas subunidades com peso molecular de 50 kDa (p50) e 65 kDa (p65). Estão presentes na forma de um complexo inativo com uma proteína inibidora chamada IκB no citoplasma de várias células. Fosforilação de IκB por IκB quinase, em resposta à maioria dos ativadores, provoca a proteólise do complexo em proteossoma e liberação subseqüente de NF-κB do complexo. Isto permite a ele translocar-se ao núcleo e estimular a expressão de seus genes alvo. Ativação de NF-κB ocorre rapidamente em resposta a uma variedade muito grande de estímulos, incluindo citocinas pró-inflamatórias, fatores de crescimento, moléculas de adesão, produtos bacterianos, infecções virais, estresse fisiológico, físico e oxidativo, ligantes de receptores e algumas drogas farmacêuticas e agentes químicos. A subunidade de ligação p50 apresenta alta homologia à oncoproteína viral v-Rel. Portanto, sua contrapartida celular c-Rel pode ser importante no controle da atividade de NF-κB. Os membros da família Rel/NF-κB de fatores de transcrição formam uma das primeiras linhas de defesa contra doenças infecciosas e estresse celular. Iniciam uma resposta altamente coordenada em múltiplos tipos celulares que efetivamente neutraliza a ameaça à saúde do organismo. A ruptura dos mecanismos regulatórios que controlam a especificidade e extensão desta Tabela 15. Algumas doenças relacionadas a distúrbios na função NF-κB Mutação ou redução das moléculas NF-κB Ativação constitutiva da IκB-quinase Amplificação ou expressão exagerada de genes para NF-κB Outras causas para uma função NF-κB aberrante Distúrbios da ativação de NF-κB Linfoma de Hodking Linfoma de Hodking, leucemia linfoblástica aguda em crianças Diferentes linfomas, mielomas, leucemias Carcinomas e adenocarcinomas Artrite reumatóide, asma brônquica, aterosclerose, doença de Alzheimer, diferentes carcinomas e melanomas Ataxia teleangiectasia, lúpus eritematoso sistêmico 269 resposta, que resulta em ativação aberrante de NF-κB, ao contrário, pode ser uma das causas primárias de uma vasta série de doenças humanas (Tabela 15). Assim, o estudo concentrado do NF-κB pode levar ao desenvolvimento de novos agentes farmacêuticos, os quais estima-se venham a fornecer novos tratamentos para muitas doenças inflamatórias e câncer. NF-AT – fator nuclear (→ fatores nucleares) envolvidos na ativação de linfócitos T e também na regulação da transcrição dos genes de IL-2 e IL-4 (em combinação com outros fatores transcricionais). NGF – → fator de crescimento neural. NO – → óxido nítrico. NO sintase – sintase do óxido nítrico, enzima que separa o óxido nítrico do grupo guanidina da L-arginina na forma de radical livre (NO.), produzindo L-citrulina. NO. dá origem a → intermediários de nitrogênio reativo (RNI) adicionais. A enzima ocorre em três isoformas no organismo humano: NO sintase neuronal constitutiva – nNOS, endotelial constitutiva – eNOS ou indutível – iNOS. nNOS neuronal é encontrada em neurônios e músculos esqueléticos, eNOS endotelial em células endoteliais, e iNOS indutível principalmente em macrófagos, mas também em muitas outras células de origem epitelial, mielóide ou mesenquimal. O óxido nítrico apresenta importantes funções fisiológicas (participação na inflamação de defesa, respostas imunes, regulação do sistema cardiovascular e nervoso) bem como patológicas (inflamação prejudicial, dano citotóxico direto aos tecidos). No mecanismo imune, atua como uma molécula regulatória e efetora, podendo causar danos. NO sintetizado pelo endotélio (eNOS) participa na regulação da pressão sangüínea através de relaxamento da musculatura lisa vascular, enquanto que no sistema nervoso NO. atua principalmente como neurotransmissor de neurônios nitrérgicos (não-adrenérgicos e não-colinérgicos). NOD camundongos (diabéticos não-obesos) – linhagem mutante de camundongos na qual diabetes melitus tipo I desenvolve-se espontaneamente. É um modelo de doença auto-imune com herança autos270 sômica recessiva, na qual linfócitos T matam células β pancreáticas produzindo escassez de insulina. Camundongos NOD diferem de camundongos NON (normais não-obesos) em que no primeiro a região de genes codificando antígenos de classe II da região IA do MHC estão ausentes. A região correspondente no cromossomo humano contém genes para antígenos HLA-DQ. northern blotting – método baseado nos mesmos princípios de → imunoblotting. A diferença é que é utilizado para a análise de RNA e pequenos fragmentos de DNA ao invés de proteínas, que se segue a separação eletroforética, blotting em membrana de celulose e hibridação com sondas radioativamente marcadas (segmento curto de DNA com seqüência conhecida de nucleotídeos). NOS – → NO sintase. OGMs – Organismos geneticamente modificados. Toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material genético (ADN ARN) que tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética oncogenes – genes capazes de induzir transformação tumoral (neoplásica) de células. Assim, podem ser considerados → carcinogênicos. Podem ser derivados de genes normais denominados → proto-oncogenes, ou de vírus DNA (oncoDNA) ou RNA (oncorna) oncogênicos (Fig. 70). Oncogenes derivados de vírus são chamados oncogenes virais (v-onc). Proto-oncogenes e oncogenes celulares (c-onc) são componentes normais de qualquer genoma (o genoma humano contém mais de 20 deles). Sob condições fisiológicas, regulam o crescimento celular pela codificação de fatores de crescimento, seus receptores ou proteínas regulatórias que atuam como interruptores para ativar ou desativar a transcrição de vários genes. Se os produtos têm uma estrutura defeituosa ou são expressos excessivamente devido a mutação, translocação do oncogene correspondente a uma localização não fisiológica no cromossomo original, ou devido à sua amplificação, então eles induzem crescimento celular incontrolável (maligno). Oncogenes virais têm um efeito similar também, tornando-se incorporados ao acaso, e, portanto em localização não-fisioló271 Fig 70. Ilustração esquemática das possíveis atividades de um proto-oncogene e a formação de tumores. Fig 69. Ilustração esquemática das possíveis atividades de um proto-oncogene e a formação de tumores. gica dentro do genoma do indivíduo afetado. A ação de oncogenes é regulada por anti-oncogenes ou genes onco-supressores. oncogênese – processo que resulta no desenvolvimento de tumores. Deve-se à transformação maligna de células que se mantêm proliferando não-fisiologicamente e de forma incontrolável. Tal transformação celular pode ocorrer espontaneamente devido a mutações e/ou rearranjos ao acaso de alguns genes (oncogenes celulares e proto-oncogenes) ou pode ser induzida por influências químicas, físicas ou biológicas chamadas → carcinogênios. oncostatina M – citocina multifuncional da família das citocinas IL-6. É produzida por células T ativadas, inibe o crescimento de células tumorais e estimula a produção de IL-6 por células endoteliais. Fig 70. Selectinas e seus ligantes. Os receptores de selectina são expressos em opsoninas agentes ecapazes de se para ligar os porseus umaligantes extremidade de sua HEV diferentes tipos de–células, o exemplo está indicado. molécula à superfície de bactérias, eritrócitos ou outras partículas, enquanto sua outra extremidade se liga à superfície de fagócitos, EGF – Fator de crescimento da epiderme, CCP –para Proteína de controle do facilitando assim o contato mútuo necessário a fagocitose. O processo é chamado sãopara encontradas princomplemento, PSGL – Liganteopsonização. glicoproteínaOpsoninas P-Selectina P Selectina. cipalmente no soro sangüíneo e incluem 1) anticorpos atuando via – pequenas vênulas com grande quantidade de moléculas de adesão endoteliais, 272 27 receptores Fc, 2) fragmentos do complemento C3b e iC3b atuando via CR1 e CR3, 3) proteínas que se ligam à manose e 4) outras lecitinas capazes de se ligar a determinados sacarídeos na superfície de partículas e a receptores de lecitina na superfície de fagócitos, fibronectina e produtos de degradação da fibrina. As mais importantes são os anticorpos e fragmentos do complemento que agem como mediadores da fagocitose através de fagócitos profissionais. organização dos genes das imunoglobulinas – → genes codificando imunoglobulinas. órgãos linfóides – órgãos nos quais as células predominantes são linfócitos, mas que contêm também outras células imunocompetentes. Órgãos linfóides primários e secundários são reconhecidos. Os órgãos linfóides primários humanos incluem timo e medula óssea, sendo o último considerado o equivalente da bolsa (ou bursa) de Fabrício nos pássaros. Órgãos linfóides primários são sítios onde linfócitos B (medula óssea) ou linfócitos T (timo) amadurecem. Órgãos linfóides secundários incluem linfonodos, baço, tecido linfóide associado à mucosa (→ MALT) e amígdalas (Fig. 71). Há sítios onde linfócitos B e T reagem com → células apresentadoras de antígeno, expandindo a resposta imune. ortotópico – adjetivo usado em transplantologia para se referir ao posicionamento do órgão ou tecido transplantado ao local ao qual ele é usualmente localizado no organismo. osteoartrose (OA) – doença articular freqüente, também chamada osteoartrite, cuja incidência cresce com o aumento da idade, e que afeta tipicamente pequenas articulações da mão, articulações que suportam peso nos membros inferiores, e a coluna vertebral. Trata-se de um grupo de doenças heterogêneo que podem ter origem etiológica distinta, mas que compartilham uma evolução clínica, radiológica, patológica ou biológica semelhante. A OA representa falência da articulação afetada como um resultado da desregulação do metabolismo, principalmente da cartilagem articular, resultando em alterações de suas características mecânicas. As alterações anatômicas e patológicas observadas incluem destruição focal da cartilagem 273 Fig 71. Órgãos linfáticos primários e secundários no corpo humano. Fig 53. Órgãos linfáticos primários e secundários no corpo humano. juntamente com áreas sugerindo tentativas de remodelamento do organismo na forma de osteoesclerose e formação de osteófitos. É típica a rigidez e a dor pré-cinéticas, principalmente matinais de curta duração. A função torna-se limitada gradualmente. Em radiografias 274 a OA é caracterizada por estreitamento do espaço articular, desenvolvimento de cistos, esclerose subcondral, formação de osteófitos e o desenvolvimento de deformidades. A OA mostra um desenvolvimento muito variável, de progressão bastante lenta, havendo entretanto, formas com progressão rápida. osteoblastos – células derivadas de precursores mesenquimais, localizadas nas superfícies ósseas onde a matriz óssea é formada ativamente. Representa a célula chave do remodelamento ósseo. Produzem colágeno do tipo I, proteínas não-colagênicas, tais como osteocalcina, osteonectina, sialoproteínas ósseas e fosfatase alcalina. A última tem um papel chave principalmente na mineralização, aumentando a concentração de fosfatos inorgânicos e reduzindo, através do aumento do pH, a solubilidade de cálcio. osteocalcina – o maior polipeptídeo não-colagênico da matriz óssea extracelular, composto de 49 resíduos de aminoácidos. É formado por um precursor maior de 76-77 resíduos de aminoácidos e se liga à hidroxiapatita. Seu nível sérico representa um marcador específico da atividade osteoblástica e formação óssea. Os valores de referência variam entre 3 e 27 µg/L de soro, sendo dependentes da idade, gênero e ritmo circadiano. osteoclastos – originam-se de uma linhagem diferente daquela das outras células ósseas, isto é, do compartimento hematopoético, mais precisamente da unidade formadora de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CFU). Osteoclastos são grandes células multinucleadas, algumas vezes mononucleadas, que estão situadas na superfície cortical ou trabecular do osso, freqüentemente em depressões chamadas lacunas de Howship, ou dentro do osso cortical. Estão situados na extremidade das unidades de remodelamento, perfurando os canais vasculares nos quais novos osteoclastos serão formados. O papel dos osteoclastos é de absorver osso/cálcio e manter a homeostasia do cálcio nos líquidos corporais. osteomielite – inflamação óssea causada por infecção. osteopatia – doença dos ossos. 275 osteopontina (Opn) – também conhecida como ETA-1 (ativador 1 precoce do linfócito T), é uma fosfoproteína contendo arginina-glicinaaspartato (RGD). A seqüência RGD é um → motivo da integrina comum a muitas proteínas da matriz extracelular (ECM), e assim, Opn tem sido classificada como uma proteína da ECM. Estudos recentes sugerem que Opn é também uma nova citocina que regula imunidade precoce mediada por células. A Opn é constitutiva em osso e nas superfícies epiteliais, e é positivamente regulada em células endoteliais, da musculatura lisa e mononucleares inflamatórias durante respostas patológicas. Aumenta a expressão de citocinas TH1 e inibe a de TH2. Opn parece regular a deposição de cálcio em tecidos lesionados ou inflamados (calcificação distrófica), e participar na patogênese de aterosclerose e crescimento tumoral. osteoporose (OP) – doença metabólica sistêmica caracterizada por redução do conteúdo da massa óssea, com distúrbio da microarquitetura óssea, provocando fragilidade óssea e assim trazendo elevado risco de fratura em traumatismos mínimos. As manifestações clínicas incluem fraturas ósseas (antebraço – fratura de Colles, corpo vertebral e fêmur proximal); dor estática crônica na coluna, mais freqüentemente entre a escápula e a região lombar; dor aguda, pronunciada, localizada na coluna vertebral, algumas vezes com irradiação para a face frontal do tórax e abdome; exagero da cifose torácica com perda de altura corporal e redução do peso corporal. óxido nítrico – mediador dos sistemas imune, nervoso e cardiovascular. Sua molécula contém um elétron não-pareado, sendo portanto, um radical livre. É produzido pela → NO sintetase. A Tabela 16 lista as funções regulatórias e citotóxicas deste composto. oxigênio singleto – forma de oxigênio molecular (1O2) cuja valência de elétrons está em um nível energeticamente mais elevado comparado ao oxigênio tripleto (3O2) normal. Ao retornar ao nível normal emite luz, que se manifesta como quimioluminescência. É produzido principalmente em neutrófilos e macrófagos e se acredita tenha efeitos antimicrobianos e citotóxicos. P – abreviação para → properdina, p – abreviação para proteína. 276 Tabela 18. Efeitos Reguladores e Citotóxicos do Monóxido de Nitrogênio Sinal Regulador da Intervenção do NO Ativação da Guanilciclase- produção de GMPc Vasodilatação e Relaxamento Muscular Agregação Plaquetária Transmissão de Sinal através de neurônios... Detenção da Quimiotaxia de neutrófilos Detenção da proliferação dos linfócitos T Efeitos Citotóxicos do NO Detenção Da respiração mitocondrial na célula- alvo Produção de ânions de peroxinitritos tóxicos DNA- Indução de Apoptose Dissociação das cadeiasrisco de transformação em uma célula maligna p53 – fosfoproteína contendo 393 resíduos de aminoácidos, produto de um gene supressor de tumores. O gene é freqüentemente inativado ou mutado em tumores. PACIA (imunoensaio de contagem de partículas) – imunoensaio que utiliza contagem de plaquetas. Usa principalmente partículas de látex cobertas por anticorpo que aglutina no contato com antígeno específico. Em contraste aos métodos clássicos de aglutinação, as quantidades de antígeno presentes não são medidas pelas quantidades de aglutinado formado, mas sim pela contagem do número de partículas que não reagem (quanto menor a contagem de partículas, maior a concentração de antígenos). Partículas são contadas em contadores automáticos. PADGEM – → P-selectina. padrões moleculares associados a patógenos – → PAMPs. PAF (fator ativador plaquetário) – fator que ativa plaquetas. É uma mistura de fosfolipídios (lipídios bioativos – análogos da acetil-al277 quil-glicerol-éter fosfatidilcolina) que induz agregação de plaquetas e neutrófilos, monócitos e macrófagos, estimula a liberação de enzimas dos lisossomas, aumenta a permeabilidade vascular, causa redução transitória das plaquetas no sangue e hipotensão, mas não tem qualquer efeito na contração de músculos lisos. Estão envolvidos em reações inflamatórias e alérgicas, bem como em choque por endotoxinas e anafilático. São produzidos por granulócitos, macrófagos e células endoteliais. A produção de PAF é inibida por → glicocorticóides por intermédio da → lipocortina. PAGE – abreviação de eletroforese com gel de poliacrilamida. palíndromo – segmentos de DNA de dupla fita com seqüências de nucleotídeos rotacionalmente simétricas. Em outras palavras, cada uma destas fitas tem uma seqüência idêntica dentro do segmento, sem considerarmos se lida a partir da esquerda ou da direita, para trás ou para frente. PAMPs (padrões moleculares associados a patógenos) – o motivo através do qual o sistema imune inato pode discriminar entre um grande número de patógenos potenciais e o que é próprio, com o uso de um número restrito de receptores. Há duas classes principais de padrões de reconhecimento de receptores: aqueles que mediam a → fagocitose e aqueles que levam à ativação de vias pró-inflamatórias (→ IL1/receptores toll-like). Motivos associados a patógenos incluem mananos na parede celular de leveduras, peptídeos formilados e vários componentes da parede celular bacteriana, tais como → LPS, lipopeptídeos, peptidoglicanos e ácido teicóico. papaína – enzima proteolítica originada de plantas (derivada de Carica papaya, mamão), utilizada para clivar moléculas de IgG em fragmentos Fab e Fc. É utilizada também em combinações de enzimas utilizadas com objetivos terapêuticos (α-enzimoterapia sistêmica). PAR (receptores ativados pela protease) – quatro deles são bem caracterizados: PAR1 a PAR4. Possuem sítios de clivagem específicos para trombina, tripsina e, possivelmente, outras proteases de serina com seu domínio extracelular N-terminal. Na clivagem destes sítios espe278 cíficos o agora novo N-terminal para cada receptor funciona como um “ligante fixo” e se liga intramolecularmente a um sítio, provavelmente na segunda alça extracelular, para iniciar o acoplamento de proteína G e sinalização da célula. Este mecanismo único de autoclivagem separa PARs de outros receptores de proteases e, portanto, podem ser considerados “sensores“ de atividade proteolítica ao invés de receptores no senso tradicional. O papel fisiológico de PARs, com exceção da ativação de plaquetas, permanece grandemente desconhecido. Proteases que ativam PARs podem ter papéis importantes tanto no comportamento antiinflamatório agudo quanto pró-inflamatório crônico das barreiras defensivas do organismo, o endotélio e o epitélio. A localização predominante de PARs no endotélio e epitélio e a descoberta de enzimas tais como tripsina dentro destes tecidos, juntamente com o acoplamento de PARs a vias citoprotetivas, fornecem informação nova em sinalização autócrina e parácrina dentro destas barreiras críticas. parácrino – adjetivo que indica que um hormônio ou citocina atua em células na vizinhança imediata de sua formação apenas (localmente). paraproteínas – imunoglobulinas monoclonais homogêneas encontradas no plasma de pacientes com mieloma múltiplo ou macroglobulinemia de Waldenström (→ gamopatias), crioglobulinemia, plasmacitoma, amiloidose, doença de cadeias pesadas, linfomas e leucemias principalmente. parasitas – parasitas orgânicos que utilizam o hospedeiro como uma fonte de nutrição e freqüentemente como seu meio ambiente natural. Atuando assim, ameaçam os tecidos do hospedeiro e provocam doenças. Na prática médica, o termo parasita usualmente inclui vermes e protozoários, tema de estudos da parasitologia médica. paratopo – outro termo para se referir ao sítio de combinação de anticorpos (→ imunoglobulinas, o sítio de combinação do antígeno) ao qual o epitopo na molécula do antígeno se liga especificamente. patogênico – adjetivo que expressa a capacidade de causar doença. 279 patognomônico – que diz respeito a sinal ou sintoma que é diagnóstico, específico de uma doença. PBMC (células mononucleares do sangue periférico) – mistura de monócitos e linfócitos, obtida após separação e remoção de granulócitos. PCR (reação em cadeia da polimerase) – técnica laboratorial que permite a produção automatizada de milhões de cópias de um determinado segmento da molécula de DNA dentro de poucas horas. É realizada marcando-se um segmento de DNA contendo o gene desejado na molécula de DNA de dupla fita, isolada de e.g. um linfócito utilizando oligonucleotídeos complementares (sondas ou primers). O segmento é então amplificado (multiplicado) através de ciclos repetidos de desnaturação, resfriamento e ligação de iniciadores (“primers”) com alongamento subseqüente (síntese adicional) utilizando DNA polimerase termoestável. Um ciclo dura cerca de 3 minutos e as moléculas de DNA presentes são sempre duplicadas em número. Em outras palavras, dentro de 60 minutos uma molécula de DNA pode, em teoria, dar origem a 220 cópias, isto é, mais do que dois bilhões de cópias. Isto pode ser utilizado para diagnóstico pré-natal de infecções e outras doenças geneticamente determinadas, para estudar sua patogênese, para caracterização genética de indivíduos e populações, bem como para buscar soluções para os problemas mais básicos e atuais da biologia molecular e medicina. PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas) –uma citocina do grupo dos fatores de crescimento polipeptídicos. Além de plaquetas, das quais é liberado na coagulação sangüínea, é também secretado por fibroblastos, células da musculatura lisa vascular e macrófagos ativados. É efetiva apenas em forma de um dímero composto de duas cadeias, A e B, das quais três diferentes isoformas podem resultar: AA, BB ou AB. Tem efeitos pleiotrópicos – regula o crescimento de tecido conjuntivo e cicatrização de ferimentos, estimula a proliferação de fibroblastos e produção de polímeros básicos da matriz celular, tais como fibronectina e ácido hialurônico, tem efeitos quimiotáticos em fibroblastos, monócitos e neutrófilos, induz vasoconstrição e liberação de enzimas lisossômicas, está envolvido na 280 patogênese de aterosclerose e doenças fibroproliferativas tais como glomerulonefrite, fibrose pulmonar, mielofibrose, etc. PECAM (molécula de adesão plaquetário-endotelial) – molécula de adesão também chamada CD31, da superfamília das imunoglobulinas. Inicialmente pensava-se que participasse na aderência plaquetária ao endotélio vascular. Sabe-se agora que está também presente na superfície de leucócitos e células epitieliais, principalmente em áreas de conexões intercelulares, onde participam da diapedese de leucócitos, i. e. sua transmigração de vênulas pós-capilares aos tecidos adjeacentes durante a reação inflamatória. PEG – abreviação para polietilenoglicol, uma molécula sintética com peso molecular variável. É usado para agregar proteínas solúveis, incluindo complexos imunes circulantes, e como um fusógeno em tecnologia de hibridoma para preparar → anticorpos monoclonais. penfigus vulgaris – doença que se manifesta como dano bolhoso à pele e membranas mucosas (particularmente na cavidade oral, genital e orifício anal). Anticorpos IgG dirigidos contra antígenos de membrana em particular podem ser demonstrados no soro e pele durante o estágio agudo da doença. Tem-se especulado, portanto, que é uma doença auto-imune que afeta indivíduos de meia idade, transformando-se numa condição crônica. Pode ser associada com algumas outras doenças auto-imunes, tais como → miastenia gravis. pepsina – protease ácida do estômago de vertebrados. perforinas – glicoproteínas com potencial citolítico presentes em grânulos de linfócitos T citotóxicos e células NK. Após liberadas na superfície de células alvo elas se polimerizam para formar poliperforinas, que perfuram a camada dupla de fosfolipídios da membrana citoplasmática, fazendo orifícios nesta última. O dano à membrana resulta em morte e lise da célula afetada. Também são similares os mecanismos de ação do componente C9 do complemento, → defensinas neutrofílicas, citosinas eosinofílicas bem como de alguns vírus, toxinas microbianas (e.g. estreptolisina O) e toxinas de insetos (e.g. melitina de abelhas e vespas) ou ainda de detergentes catiônicos. 281 PFC – → células formadoras de placa. PGs – prostaglandinas. PHA – abreviação para fitohemaglutinina, o mitógeno principal de linfócitos T. Seu efeito estimulatório é mais forte em linfócitos T auxiliares do que em citotóxicos. pinocitose – engolfamento de material solúvel por células. Na macropinocitose, gotas de fluidos ou partículas de 0,1 a 1,0 µm de diâmetro são engolfadas, em micropinocitose o diâmetro das moléculas engolfadas é menor que 0,1 µm e o processo ocorre via receptores específicos (pinocitose mediada por receptores), que são de lecitina principalmente. pirogênio – agente que induz febre por ação direta no mecanismo termoregulador do hipotálamo. Pirogênios podem ser exógenos (e.g. lipopolissacarídeo de bactérias Gram-negativas) ou endógeno, tais como IL-1, IL-6, TNF e PGE2 (→ febre). PKA – quinase da proteína A (→ quinases das proteínas). PKC – → quinase da proteína C. placas de Peyer – aglomerações de tecido linfóide na submucosa intestinal, compostos de linfócitos, plasmócitos, centros germinativos e regiões timo-dependentes. Encontram-se entre os órgãos linfóides secundários (periféricos), sendo parte da imunidade associada à mucosa (→ MALT). plaquetas – células discóides anucleadas (3µm de diâmetro) encontradas em grande número no sangue (2,25 x 1011/L). Participam na coagulação do sangue e hemostasia. plasma sangüíneo – fluido amarelo ttranslúcido que perfaz 50 – 55% do volume sangüíneo. É composto de 92% de água, 7% de proteínas e um resíduo compreendendo sais inorgânicos, hormônios, sacarídeos, lipídios, gases e outras substâncias. Quando é feita a remoção de 282 fibrinogênio e fatores de coagulação sangüínea obtém-se o chamado soro. plasmaferese – técnica na qual até 2,5 L de sangue são gradualmente retirados da circulação de um indivíduo, separando células sangüíneas e plasma através de máquina e filtros especiais. Componentes indesejáveis (e.g. toxinas, auto-anticorpos) são removidos do plasma ou tal plasma é substituído por plasma saudável misturado com as células sanguíneas originais e reinjetado no mesmo indivíduo. Esta técnica é utilizada e.g. para eliminar auto-anticorpos em → miastenia gravis ou → síndrome de Goodpasture. plasmídeos- são moléculas circulares de DNA de mdupla fita que estão separadas do DNA genômico. Geralmente ocorrem em bactérias e por vezes também em organismos eucarióticos (ex: o anel de 2-micra em Saccharomyces cereviesiae). O seu tamanho varia entre 1 e 250 kbp (milhares de pares de bases). Existem entre uma, para grandes plasmídeos, até cinquenta cópias de um mesmo plasmídeo numa única célula plasmina – enzima proteolítica do plasma sangüíneo formada durante a fibrinólise de um precursor inativo, o plasminogênio. Plasmina catalisa a hidrólise de fibrina, facilitando assim a dissolução do coágulo sangüíneo nos vasos sanguíneos. Além de sua atividade fibrinolítica, participa também em reação inflamatória, estimula a proliferação de linfócitos B, aumenta a produção de anticorpo e a capacidade de várias células citotóxicas. plasmocitoma – tumor de células plasmáticas. É também chamado → mieloma ou mieloma múltiplo (→ gamopatias). pleiotrópico – que tem múltiplos efeitos ou atividades. PMA (acetato de forbol miristato) – potente promotor co-carcinogênico ou tumoral, ativa a cadeia respiratória de fagócitos profissionais através de estimulação irreversível da proteína quinase C. PNP – → fosforilase de nucleosídeo de purina. 283 poliarterite nodosa – (PAN), uma vasculite sistêmica necrotizante que afeta artérias musculares de tamanho pequeno e médio. A etiologia não é inteiramente compreendida. A deposição de complexos imunes na parede arterial é considerado um mecanismo fisiopatológico significante. Neste caso, reação inflamatória é induzida por complemento ativado e neutrófilos (→ imunopatologia). É freqüentemente associada com hepatite B, tuberculose, infecções estreptocócicas e infecção pelo HIV, embora estas não sejam causas determinadas da doença. Dois tipos de PAN são presentemente conhecidos: 1. PAN clássica definida como inflamação necrotizante de artérias de tamanho pequeno e médio, mas sem vasculite afetando arteríolas, capilares ou vênulas e sem glomerulonefrite. 2. Poliaterite microscópica ou, mais exatamente, poliangiite representando vasculite necrotizante com deposição mínima ou ausência completa de complexos imunes; afeta pequenos vasos, i.e. capilares, vênulas ou arteríolas. Arterite necrotizante de artérias de tamanho pequeno e médio pode estar presente de forma simultânea. A segunda forma ocorre bem mais freqüentemente que a primeira. poliartrite – doença inflamatória de diversas articulações (acima de 4 articulações acometidas) que afeta principalmente o tecido conjuntivo. Este termo é usado principalmente para se referir a doenças reumatológicas que afetam crianças (artrite juvenil idiopática) e adultos (artrite reumatóide). policondrite recidivante – doença auto-imune rara de etiologia desconhecida com manifestações inflamatórias episódicas, mas potencialmente progressivas. Estruturas cartilaginosas por todo o organismo estão primariamente envolvidas. A condição pode estar associada com outras doenças auto-imunes. poli-IgR – → receptor poli-Ig – um receptor para imunoglobulinas poliméricas, presente na superfície de células epiteliais e que se liga especificamente a dímeros de IgA sintetizados por plasmócitos localizados abaixo do epitélio mucoso. Após endocitose deste complexo o receptor poli-Ig degrada-se parcialmente, produzindo um componente secretório, possibilitando assim que a IgA secretória seja transportada através da célula epitelial à superfície da mucosa (→ imunoglobulina, componente secretório, Fig.31). 284 polimialgia reumática – síndrome clínica da meia idade e do idoso, caracterizada por dor e rigidez na região cervical, ombro e cintura pélvica, acompanhada freqüentemente por sintomas constitucionais e elevação de provas laboratoriais de fase aguda (proteína C reativa e hemossedimentação). A resposta clínica a pequenas doses de corticóides pode ser dramática. polimorfismo – multiformidade, um fenômeno em biologia: diversas formas morfológicas ocorrendo dentro de uma única população de uma mesma espécie. É observada também ao nível de moléculas de proteínas. Isto é polimorfismo genético o qual surge devido ao fato de que o lócus de um determinado gene em indivíduos de uma dada população pode conter uma de diversas variantes (→ alelos). Estes codificam diversas variantes do produto protéico correspondente. O complexo principal de histocompatibilidade (→ HLA em humanos) é considerado como o mais polimorfo. PPARs (receptores ativados pelo proliferador do peroxissoma) – membros da superfamília dos receptores de hormônios nucleares de → fatores de transcrição ativados por ligantes. A subfamília PPAR consiste de três membros: PPAR-α, -d(β) e γ. PPAR-γ é um fator de transcrição ligado ao DNA cujas ações regulatórias transcricionais são ativadas após ligação ao agonista. Os agonistas incluem o ligante natural PGJ2, → AINES e drogas da classe das tiazolidinedionas, usadas na terapia antidiabética. PPAR-γ ativado (após ligação ao agonista) inibe a expressão de muitos genes pró-inflamatórios, a saber, os que codificam citocinas, → ciclooxigenase-2 e ativação de macrófagos. prebióticos – → probióticos. pré-calicreína – precursor de → calicreína, enzima que divide o cininogênio produzindo → bradicinina e outras → cininas, o que pode ativar o mecanismo intrínseco da coagulação sangüínea. precipitação – → imunoprecipitação. precipitina – anticorpo que reage na imunoprecipitação. 285 precipitinogênio – antígeno solúvel que reage na imunoprecipitação. príon (partícula infecciosa proteinácea) – a menor partícula infecciosa conhecida até o momento, composta apenas de proteína e componente sacarídeo. Ela não contém nenhum dos ácidos nucleicos. A proteína do príon humano (PrP) é um produto de um único gene localizado no braço curto do cromossomo 20. Seu mRNA tem como produto 253 aminoácidos, contém cinco repetições de octapeptídeos amino-terminais, dois sítios glicosilados e uma ponte dissulfídica. A forma patológica de PrP é responsável por → encefalopatias espongiformes transmissíveis. Para diferenciar a proteína normal daquela presente no material infeccioso, os produtos dos príons têm sido chamados PrPC (para proteína do príon celular) e PrPSc (para → proteína do príon associada ao scrapie), respectivamente (Fig. 72). As duas proteínas são idênticas em tamanho e seqüência N-terminal, e têm um padrão de glicosilação similar. Surpreendentemente, após digestão restrita por protease, PrPC foi completamente degradada, enquanto PrPSc foi clivada apenas parcialmente. Assim, PrP parece ter no mínimo duas formas distintas: um estado proteasesensível, encontrado de forma ubíqua, e um estado protease-resistente, encontrado em quadros de doenças relacionadas com príon (→ prionoses). As estruturas primárias de PrPC e PrPSc são idênticas, mas há uma diferença na estrutura secundária e tridimensional. Tem sido demonstrado que o conteúdo de α-hélice na PrPC é de 40%, com poucas placas β, enquanto que PrPSc contém 50% de placas β e apenas 20% de α-hélice (Fig.66). Além disto, PrPC é uma proteína solúvel, enquanto que PrPSc é inflexivelmente insolúvel, forma agregados no parênquima cerebral infectado e é capaz de se auto-replicar. PrPSc é também capaz de transferir sua conformação patológica à PrPC. O gene PrP é expresso constitutivamente no cérebro e outros tecidos de animais e humanos saudáveis. A função fisiológica de PrP é desconhecida, havendo entretanto, evidências crescentes de que ela tenha uma atividade de → superóxido dismutase (SOD), já que células deficientes em PrP mostram sensibilidade aumentada a estresse oxidativo. prionoses – ou encefalopatias espongiformes transmissíveis (TCE) são um grupo de enfermidades neurodegenerativas fatais associadas 286 Fig 72. Modelo estrutural da proteína do prion humano (Prp) normal e patológica. A principal parte da molécula de PrPC é formada por três domínios com Fig 67. Modelo estrutural da proteína primária normal e patológica. A principal estrutura de α hélice, enquanto a maior parte da cadeia polipeptídica é mostrada C SC através da estrutura cadeia dobrada com β. estrutura de � hélice, molécula PrP parte danamolécula de PrP é formada pordatrês domínios enquanto a maior parte da cadeia polipeptídica é mostrada na molécula PrPSC através da estrutura da cadeia dobrada �. com alterações conformacionais da proteína príon. A característica central da doença por príon é a conversão pós-translacional da conformação normal da proteína príon celular codificada pelo hospedeiro (PrPC) à sua isoforma anormal (conformação anômala), designada PrPSc. Há diversas conformações diferentes da PrPSc humana (patológicas) que têm diferentes graus de patogenicidade e infectividade. Prionoses são, portanto, consideradas um membro básico do novo grupo de → doenças de conformação de proteínas. Prionoses são biologicamente únicas no sentido de que o processo de doença pode ser desencadeado através de mutações herdadas na linha germinativa no gene da proteína príon, infecção – por inoculação, ou em alguns casos por exposição dietética a tecidos contendo PrPSc, ou ainda por eventos esporádicos raros que geram PrPSc. Eles incluem Kuru, → doença de Creutzfeld-Jacob, síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker e insônia familiar fatal em humanos, bem como → scrapie em ovelhas, → encefalopatia espongiforme bovina (EEB), encefalopatia infecciosa de martas, etc. Os príons são espécie-específicos, a EEB, entretanto, surgiu mais provavelmente 287 25 pela alimentação de animais bovinos com farinha de carne e osso preparada de animais que morreram de scrapie, quebrando desta forma a barreira interespécies e causando o príon da EEB. Similarmente, uma nova variante da doença de Creutzfeld-Jacob tem sido mais recentemente reconhecida. Ela é causada pelo EEB príon que quebra novamente a barreira interespécies. Diferente de outras doenças infecciosas, prionoses não causam nenhuma resposta imune específica. Surpreendentemente, o sistema imune parece ter um comportamento como o de um cavalo de Tróia, ao invés daquele de uma fortificação protetiva durante a infecção por príon. Embora as principais alterações patológicas durante o curso da doença ocorram no cérebro, o agente infeccioso se acumula precocemente no tecido linfóide. O desenvolvimento consecutivo de doença clínica depende da presença de um sistema imune intacto, incluindo células B maduras e células foliculares dendríticas. PRIST (teste radioimunoabsorvente com papel) – método laboratorial para determinar a concentração de IgE sérica total utilizando pequenos discos de papel impregnados com anticorpo anti-IgE. probiótico – o termo é derivado da língua grega e significa “para a vida”. Foi primeiro utilizado em 1965 para descrever “substâncias secretadas por um microorganismo que estimulam o crescimento de outro” e foi assim contrastado com o termo antibióticos. Poucos anos mais tarde ele foi utilizado para a definição de “organismos e substâncias que contribuem para o equilíbrio intestinal”, sentido em que é utilizado atualmente. No presente, um probiótico é caracterizado como “uma preparação de ou um produto que contém microorganismos definidos viáveis em número suficiente, os quais alteram a microflora (por implantação ou colonização) num compartimento do hospedeiro (humano ou animal) e pelos quais exercem efeitos benéficos na saúde neste hospedeiro”. Os efeitos na saúde atribuídos ao uso de probióticos são numerosos. Aqueles que são bem documentados incluem: 1) menor freqüência e duração de diarréia associada com antibioticoterapia, infecção por rotavírus, quimioterapia e diarréia do viajante; 2) estimulação da imunidade humoral e celular, regulação imune, particularmente através do controle balanceado de citocinas pró-inflamatórias e antiinflamatórias; 3) 288 redução de metabólitos desfavoráveis, e.g. amônia e enzimas prócancerogênicas no colo; e 4) melhora na digestão de lactose e outros sacarídeos. Há evidência crescente de que probióticos podem ser utilizados como instrumentos inovadores para aliviar inflamação intestinal, normalizar disfunção da mucosa do intestino, e diminuir reações de hipersensibilidade. Todos os efeitos benéficos na função do sistema inume são efetuados através de → MALT. Há também alguma evidência de efeitos saudáveis com o uso de probióticos para o seguinte: 1) redução de infecção por Helicobacter pylori; 2) redução de sintomas alérgicos através da manutenção do equilíbrio entre linfócitos TH1 e TH2; 3) alívio da constipação; 4) alívio da síndrome do colo irritável; 5) efeitos benéficos no metabolismo mineral, particularmente densidade e estabilidade ósseas (prevenção de osteoporose); 6) prevenção de câncer; e 7) redução das concentrações plasmáticas de colesterol e triacilglicerol (evidência fraca). Probióticos podem ser usados na forma de alimentos funcionais ou de preparações farmacêuticas. Os gêneros mais freqüentemente usados são Lactobacillus e Bifidobacterium. Além de probiótico há o termo prebiótico, definido como “ingrediente não digerível do alimento que afeta beneficamente o hospedeiro, estimulando seletivamente o crescimento e/ou um número limitado de lactobactérias no colo”. O termo simbiótico é utilizado quando um produto contém tanto probióticos quanto prebióticos. procariotos – organismos, a saber, bactérias e cianobactérias (antigamente conhecidas como alga azul-verde) caracterizados por possuírem um cromossomo simples de DNA sem membrana nuclear. Ocasionalmente têm dois destes cromossomos, usualmente de estrutura circular sem membrana nuclear. processamento de antígenos – → apresentação de antígenos. properdina – também chamada fator P. Tem uma função regulatória na ativação do complemento pela via alternativa (→ complemento). Esta via foi também referida previamente como sistema properdina. Indivíduos com deficiência de properdina (menos de 20% dos níveis séricos normais) são especialmente suscetíveis a infecções por Neisseria. 289 prostaciclina – um metabólito do ácido araquidônico (PGI2). Tem efeito inibitório na agregação plaquetária, é um agente vasodilatador efetivo, e aumenta a permeabilidade vascular.Tem efeito oposto àqueles de → tromboxanos. prostaglandinas (PGs) – família de lipídios biologicamente ativos formados do ácido araquidônico sob a ação da enzima ciclooxigenase (Fig. 1). São hormônios locais e são encontradas praticamente em todos os tecidos de humanos e outros mamíferos. Estão envolvidas na regulação de reações inflamatórias, em particular prostaglandina E2 (PGE2), a qual é um pirogênio endógeno, causa vasodilatação, aumenta a permeabilidade vascular e reduz a pressão sangüínea. PGD2 tem características similares às de PGE2 (exceto pelo efeito pirogênico) e é liberada em reações anafiláticas com a participação de IgE. Tanto PGE2 quanto PGD2 impedem a agregação plaquetária, e PGE2 inibe a expressão de moléculas de classe II do MHC na superfície de linfócitos T e macrófagos. O envolvimento de prostaglandinas na regulação da resposta inflamatória é melhor documentado pelo fato de que uma droga antiinflamatória clássica como o ácido acetilsalicílico (aspirina) atua inibindo a ciclooxigenase, a enzima responsável pela biosíntese de prostaglandinas. prostanóides – diversas famílias de lipídios biologicamente ativos produzidos dentro da cascata metabólica do ácido araquidônico, o qual é parte dos fosfolipídios da membrana celular. Ácido araquidônico hepático é liberado de fosfolipídios sob a ação da fosfolipase A2 ou C, e é então metabolizado sob a ação de três enzimas: ciclooxigenase, 5-lipooxigenase e 15-lipooxigenase (Fig. 1). → Tromboxanos, → prostaciclina e → prostaglandinas são produzidas ao longo da via da ciclooxigenase; → leucotrienos ao longo da via da 5-lipooxigenase; e → lipoxinas ao longo da via de 15-lipooxigenase. Prostanóides podem ser produzidos não apenas no metabolismo do ácido araquidônico, mas também de outros ácidos graxos não-saturados, principalmente do ácido eicosapentaenóico. Prostanóides originados na cascata do ácido eicosapentaenóico têm estrutura química um pouco diferente daqueles da via do ácido araquidônico. Isto determina que tenham funções antiinflamatórias, e não pró-inflamatórias. 290 proteases – enzimas proteolíticas capazes de degradar cadeias de proteína em fragmentos menores até aminoácidos livres. De acordo com o local onde elas são capazes de clivar (hidrolisar) ligações peptídicas na cadeia polipeptídica, são divididas em dois grupos maiores: proteinases (endopeptidases) que são capazes de romper ligações peptídicas no interior da cadeia de proteína produzindo fragmentos polipeptídicos, e peptidases (exopeptidases) que apenas dividem os aminoácidos terminais e/ou dipeptídeos ou tripeptídeos, ou hidrolisam pequenos oligopeptídeos. Peptidases são divididas em carboxipeptidases (dividem o aminoácido terminal da extremidade C-terminal da cadeia polipeptídica) e aminopeptidases (dividem o aminoácido N-terminal). Usualmente várias diferentes proteases cooperam para degradar uma determinada proteína. proteases neutras – enzimas proteolíticas que são otimamente ativas em pH neutro. Lisossomas (grânulos azurofílicos) de neutrófilos contêm → elastase, catepsina G e protease 3, com função anti-bacteriana e atividade citotóxica. Estas proteases de serina estão intimamente envolvidas na degradação intralisossômica de microorganismos fagocitados ou de restos celulares, bem como na modulação de atividades de citocinas e de seus receptores. Além disto, podem ser liberadas de neutrófilos e podem desempenhar, portanto, papéis cruciais nos processos proteolíticos extracelulares nos locais de inflamação. proteases transmembrana – superfamília de ectoenzimas que mediam a proteólise de vários substratos (incluindo peptídeos bioativos, proteínas integrais e componentes da matriz extracelular) e adesão célula-célula ou célula-matriz. As proteases de membrana que participam nestes processos são segregadas a diversas subfamílias: as ectopeptidases, as metaloproteases de matriz tipo membrana (MTMMPs), a ADAM (desintegrina e metaloprotease), as meprinas e as secretases. A ectopeptidase enzima conversora de angiotensina, por exemplo, está envolvida no processamento de angiotensina I, bradicinina, substância P e gastrina. proteossoma – organela celular localizada no citoplasma de células e que desempenha um importante papel na apresentação de antígeno 291 com a participação de moléculas HLA de classe I (Fig. 13). Tem uma forma semelhante à de um barril e consiste de 12 a 14 subunidades circularmente arranjadas. Contém em seu interior enzimas proteolíticas especiais capazes de dividir antígenos em trânsito em fragmentos de peptídeos. Os mais adequados deles são aqueles consistindo de 8 ou 9 resíduos de aminoácidos, pois apenas estes podem se ligar aos sulcos de combinação de antígenos HLA de classe I (→ apresentação de antígenos). protegrinas – → catelinas. proteína 1 de adesão vascular (VAP-1) – molécula endotelial não-clássica, indutível por inflamação, envolvida na rolagem específica para subtipos de leucócitos sob cisalhamento fisiológico (→ inflamação). Molecularmente, VAP-1 pertence a uma classe especial de aminoxidases da superfície celular. A reação enzimática em si e os produtos finais biologicamente ativos podem potencialmente regular o estado adesivo da parede do vaso. VAP-1 é armazenada dentro de grânulos intracelulares em células endoteliais em repouso, sendo translocada durante inflamação. proteína A – proteína localizada na parede celular de Staphylococcus aureus capaz de se ligar às regiões Fc das moléculas de IgG (com exceção da subclasse IgG3 em humanos). Aceita-se que ela protege a bactéria contra os efeitos de anticorpos da classe IgG impedindo sua interação com complemento e receptores Fc na superfície de fagócitos profissionais. Proteína A é utilizada na purificação de anticorpos IgG, sua detecção por → técnicas de ELISA, bem como mitógeno policlonal para linfócitos B. proteína acessória do receptor da IL-1 (IL-1RacP) – após a ligação de IL-1 a IL-1R, IL-1R forma um complexo com IL-1RacP, o que é o primeiro passo de ativação de IL-1R. proteína B – proteína estreptocócica que se liga apenas a porções Fc das moléculas de IgA. É utilizada em técnicas analíticas e de purificação para IgA sérica ou secretora. 292 proteína bactericida indutora de permeabilidade (BPI) – proteína dos grânulos de neutrófilos que se liga à endotoxina, tendo propriedades antibacteriana e anti-endotoxina. É uma proteína catiônica de cadeia única com peso molecular de 55 kD, encontrada nos grânulos azurófilos dos neutrófilos e, numa menor extensão, em eosinófilos. Exibe forte atividade antimicrobiana contra bactérias Gram-negativas e neutraliza, de forma potente, a atividade endotóxica de lipopolissacarídeos → LPS, purificados e associados ao envelope bacteriano. A BPI é um antígeno alvo de auto-anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos (→ ANCA). BPI-ANCA estão presentes em fibrose cística, doença inflamatória intestinal, vasculites e colangite esclerosante primária. A presença de BPI-ANCA parece associada à atividade elevada de doença inflamatória e maior dano orgânico. proteína básica da mielina (MBP) – proteína fortemente catiônica, um componente maior de lipoproteínas da bainha de mielina, tanto no sistema nervoso central quanto no periférico. Ocorre sob diversas formas, diferindo pelo peso molecular e função biológica. É um auto-antígeno conhecido, imaginando-se que imunidade patológica mediada por células e por anticorpos esteja envolvida no processo de desmielinização observado em esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barré e na pan-encefalite esclerosante subaguda. Uma doença de desmielinização semelhante – → encefalomielite auto-imune experimental pode ser produzida por imunização com MBP isolada em roedores, e esta condição pode ser transmitida por administração de linfócitos T auxiliares isolados dos animais doentes. proteína C reativa – → CRP, proteína de papel fundamental em opsonização. proteína catiônica eosinofílica – é encontrada em grandes grânulos específicos de eosinófilos, conhecendo-se quatro diferentes tipos: MBP – proteína básica maior, ECP – proteína catiônica eosinofílica, EDN – neurotoxina derivada do eosinófilo, e EPO – peroxidase eosinofílica. Pequenas quantidades estão também presentes em basófilos. Participam na defesa contra helmintos, bem como em reações inflamatórias e alérgicas nas quais eosinófilos estão envolvidos. 293 proteína de Bence-Jones – dímeros compostos de cadeias leves idênticas de imunoglobulinas (somente kappa ou lambda) produzidos em mieloma múltiplo e transformação maligna de células plasmáticas (→ gamopatias). Estão presentes no soro e urina, sendo sua secreção diária proporcional à intensidade da doença. Têm uma característica interessante: precipitam a 40 – 60º C e se redissolvem a 100º C. proteína M – este termo pode ter dois significados: 1. molécula completa ou incompleta de anticorpo monoclonal produzida em → mieloma múltiplo. 2. antígenos de superfície tipo-específicos de Streptococcus β-hemolítico do grupo A, que os protege de fagocitose e representa um fator importante de sua virulência. proteína S – molécula de adesão (sendo idêntica à vitronectina plasmática) com efeito regulatório no sistema de complemento. Na ativação do complemento ela se mantém ligada ao complexo C5b67, impedindo assim a ligação de outros componentes (C8, C9) e polimerização de C9. Como resultado, inibe a formação do complexo citolítico de ataque à membrana (→ complemento, MAC). proteínas adaptadoras – importantes interruptores moleculares que conectam → imunoreceptores com vias de sinalização intracelular. Carecem de atividades enzimáticas ou transcricionais e sua principal função é integrar sinais mediados por receptores a nível intracelular e acoplar complexos de receptores transdutores de sinal a sistemas efetores intracelulares organizando um conjunto dinâmico de andaimes de sinalização. As proteínas adaptadoras podem ser separadas em proteínas que exercem funções regulatórias positivas e que possuem capacidades regulatórias negativas. proteínas catiônicas – proteínas cuja cadeia polipeptídica carrega uma carga total positiva. Este termo tem sido utilizado, em imunologia, para se referir a proteínas com atividade antimicrobiana, encontradas em grânulos (lisossomas) de neutrófilos. Atualmente, com o conhecimento de sua estrutura e características, elas são classificadas em diversos grupos, incluindo → defensinas, → elastase, catepsina G e outras proteínas neutras. 294 Tabela 18. Proteínas de Fase Aguda (APPs) na Inflamação APPs positivas – suas concentrações aumentam devido à inflamação Principais APPs Proteína amilóide sérica, Proteína C reativa Associação do complemento C2, C3, C4, C5, C9, B, C1-INH, C4bp Associação a elementos do Fibrinogênio, Fator de von-Willebrand sangue Protease α1- Antitripsina, α1 antiquimotripsina Proteínas ligadoras de metais Outras APPs α1-Glicoproteína, hemoxigenase, Proteína Ligadora de manose APPs negativas – suas concentrações caem na inflamação Albumina, Pré-albumina, Transferrina, apoA1, apoAII, α2-HS-glicoproteína proteínas catiônicas granulares – proteínas básicas presentes nos grânulos (lisossomas) de fagócitos profissionais. Em particular, elas são típicas dos grânulos de neutrófilos e eosinófilos (proteínas catiônicas eosinofílicas). Dois grupos destas proteínas estão presentes nos grânulos azurófilos de neutrófilos: aquelas com atividade de enzima (→ mieloperoxidase e proteases neutras tais como → elastase e catepsina G) e aquelas sem atividade de enzima (→ BPI e defensinas). proteínas da fase aguda (PFAs) – glicoproteínas mediadoras cuja produção varia significativamente em resposta a reações inflamatórias. São produzidas principalmente por hepatócitos, mas também por monócitos, células epiteliais, fibroblastos e outras células. Dividemse em dois grandes grupos: PFA positivas e negativas (Tabela 18). A concentração sérica das PFA positivas aumenta em estados inflamatórios, enquanto a das PFA negativas diminui. Este aumento é de mais de mil vezes para as principais PFAs, embora as concentrações de outras PFAs positivas aumentem somente 50% ou 2 a 3 vezes em inflamação. As principais PFAs positivas humanas incluem a proteína C reativa (PCR) e o amilóide sérico A (ASA). As principais funções biológicas das PFAs incluem opsonização, neutralização direta de processos inflamatórios, redução da extensão do dano causado 295 Fig 73. Citocinas induzem a produção de Proteínas de Fase Aguda (APPs) no fígado. macrófagos possuem um papel fundamental naAguda produção de no IL-6 Fig 4. Os Citocinas induzem a produção de Proteínas de Fase (APPs) e TNF-α, citocinas conhecidas como pirógenos endógenos, provocando febre. fígado. Os macrófagos possuem um papel fundamental na produção de IL-6 e Elas estimulam, no fígado, a produção de Proteínas da Fase Aguda, que atuam TNF-�, citocinas na conhecidas como pirógenos endógenos, provocando febre.(ProteElas como opsoninas imunidade inata ou natural. No diagnóstico a PCR estimulam, no fígado, a produção A deSAP Proteínas da Fase Aguda,sérica) que atuam comona ína C Reativa) está aumentada. (proteína amilóide aumenta inflamação bem como na natural. maioria No dosdiagnóstico tumores amiloidais. Glicocortiopsoninas crônica, na imunidade inata ou a PCR (Proteína C cóides e insulina inibem a produção. Reativa) está aumentada. A SAP (proteína amilóide sérica) aumenta na inflamação crônica, bem como na maioria dos tumores amiloidais. Glicocorticóides e insulina inibem a produção. pela inflamação, participação no reparo de tecidos e sua regeneração. A transcrição de genes para PFAs é estimulada por TNF-α, IL-1, IL-6, IL-11 e outras citocinas, enquanto glicocorticóides e insulina apresentam efeitos inibitórios (Fig. 73). proteínas de estresse – proteínas intracelulares cuja síntese fica aumentada na exposição de células a condições estressantes. → proteínas de choque térmico produzidas por células (de bactérias até mamíferos, incluindo humanos) imediatamente ao serem expostas à temperatura mais alta que a ideal. Proteínas reguladas pela glicose cuja síntese é induzida pela deficiência de glicose, bem como outros fatores de estresse que ainda precisam ser melhor compreendidos. 4 proteínas de mieloma – → gamopatias. proteínas de choque térmico (HSP, hsp ou Hsp) – são sintetizadas de duas formas: 1. sob indução por temperatura elevada ou outro fator 296 de estresse, chamado HSP indutor; 2. continuamente sem qualquer agente estressante, chamadas HSPs constitutivas ou cognatas, referidas principalmente como HSCs. Além das condições ambientais estressantes, fatores fisiopatológicos (infecções, inflamação, neoplasias, etc.), fatores imunológicos (por exemplo, fagocitose, algumas citocinas, radicais livres, transplante tecidual), mas também condições fisiológicas normais (ciclo celular, desenvolvimento embrionário, diferenciação celular, etc.) podem induzir a produção de HSPs. A seqüência de aminoácidos de HSPs é similar nas células de vários organismos, de unicelulares até humanos. Elas atuam similarmente como → chaperones (proteínas de acompanhamento), protegendo a estrutura correta (biologicamente ativa) de outras proteínas. São de importância principal para a defesa da célula contra agentes proteotóxicos, e interferem com numerosos mecanismos imunes como fatores regulatórios. proteína recombinante – Proteína heteróloga obtida em organismos geneticamente modificados. proteínas séricas – proteínas presentes no soro sangüíneo. Mais de 200 são atualmente conhecidas, perfazendo um sistema enzimático complexo (complemento, hemocoagulação, fibrinolítico, cinina) ou atuando independentemente e com uma variedade de missões funcionais. As funções de muitas delas permanecem desconhecidas, embora suas concentrações sejam freqüentemente utilizadas como um importante critério diagnóstico. proteinases – → proteases. proteínas-G – proteínas que se ligam a GTP. Elas podem ser de duas classes principais: proteínas-G heterodiméricas, que se associam com receptores da superfamília dos sete domínios transmembrana e estão envolvidos na transdução de sinais, e pequenas proteínas-G citoplasmáticas. proteinúria – ocorrência anormal de proteínas na urina. proteoglicanos – complexos de proteínas e polissacarídeos de alto peso molecular característicos do tecido estrutural de vertebrados, 297 tais como osso e cartilagem, mas presentes também na superfície de células. proteólise – clivagem (degradação) de proteínas por enzimas proteolíticas (proteases). proteoma – o termo, cunhado em 1994 como um equivalente lingüístico ao conceito de → genoma, é usado para descrever o conjunto completo de proteínas que é expresso, e modificado seguindo expressão, pelo genoma inteiro durante a vida de uma célula. É também utilizado num sentido menos universal para descrever o complexo de proteínas expresso por uma célula num único tempo. proteômica – refere-se ao estudo do → proteoma usando tecnologias de separação e identificação de proteínas em grande escala. Torna possível determinar muitas proteínas simultaneamente a fim de compreender a função de um estado restrito e especial de uma célula (fisiológico e/ou patognomônico). A proteômica é muito importante na identificação de proteínas como marcadores de doença e alvos para terapia. pró-timócito – célula tronco hematopoiética que migra da medula óssea, via circulação sangüínea, ao timo. Lá, estas células pré-T sofrem diferenciação em linfócitos T maduros, os quais são então liberados na circulação. Uma porção deles se estabelece em órgãos linfóides secundários, onde sofrem um processo de diferenciação adicional sob a participação de antígenos. Apenas 1 – 2% de pró-timócitos sobrevive a este processo de maturação. A maioria deles (em particular aqueles que seriam capazes de reconhecer antígenos próprios e induzir resposta imune contra eles) são eliminados por apoptose. proto-oncogenes – oncogenes → celulares (abreviação c-onc) são genes presentes em DNA normal de mamíferos e seres homólogos com oncogenes retrovirais (v-onc) que participam na regulação de proliferação e diferenciação normais de células. Mutação ou recombinação com genoma viral e translocação subseqüente no cromossomo pode transformar proto-oncogenes que participam em carcinogênese (desenvolvimento de tumores). Mais de 30 diferentes proto298 oncogenes são conhecidos, tais como c-foc, c-mic, c-ras, c-src, etc. Se e.g. o oncogene c-mic está localizado em seu sítio normal no cromossomo 8, sua transcrição é bastante fraca. Se entretanto, ele é translocado, torna-se ativado como no caso do linfoma de Burkitt, carcinoma da cérvice uterina, câncer pulmonar ou leucemia prómielocítica. protoplasto – célula bacteriana e/ou vegetal da qual a parede celular foi removida, e o citoplasma é coberto apenas pela membrana citoplasmática. PSA – → antígeno específico da próstata. pseudo-alergia – reação similar à anafilaxia que pode ocorrer em alguns indivíduos repentinamente, mais freqüentemente após refeições. É uma reação anafilactóide que pode ser iniciada também por fatores psicológicos, defeitos metabólicos ou devida a outras razões desconhecidas. pseudogene – seqüência (segmento) de DNA similar àquele de um gene verdadeiro, mas que não codifica proteína funcional, usualmente por causa de defeitos na sua expressão. psiconeuroimunologia – estuda as inter-relações e ligações entre os sistemas neuroendócrino e imune no estresse mental. Correntemente, é uma disciplina se desenvolvendo intensamente que integra o conhecimento de imunologia, neurologia, psiquiatria e psicologia. psoriasis vulgaris – uma doença de pele de ocorrência bastante freqüente que se manifesta por pápulas escamosas de base eritematosa. Sua etiologia permanece desconhecida, mas tem havido relatos de que está associada com algumas anormalidades imunológicas tais como contagem reduzida de linfócitos T auxiliares, presença de depósitos de IgG, IgA e componente C3 do complemento nas lesões. proteínas quinase C (PKC) – família de serina/treonina quinases de proteínas que desempenham uma parte importante na sinalização intracelular. Elas podem ser cálcio-dependentes ou cálcio-indepen299 Fig. 74. O papel das quinases de proteinas na transdução do estímulo extracelular para respostas intracelulares. Várias moléculas extracelulares se ligam aos seus receptores de superfície e ativam quinases de proteinas. Algumas quinases de proteinas são componentes intrínsecos de receptores e são diretamente ativadas após ativadas pelo ligante.Outras quinases de proteinas são indiretamente ativadas por modificações nos níveis de segundos mensageiros específicos, incluindo cAMP, cGMP, diacilglicerol e Ca+2. A ativação de uma quinase de proteina específica produz um aumento da fosforilação de proteinas seletivas, assim propagando a resposta ao ligante. Fosfatases de fosfoproteinas, as quais desfosforilam proteinas específicas, também são reguladas por ação de segundos mensageiros, tanto direta quanto indiretamente. dentes. PKCs clássicas são cálcio-dependentes e podem ser ativadas por diacil-glicerol liberado por fosfolipase C de fosfatidilfosfolipídios. proteínas quinase– enzimas que catalisam fosforilação de proteínas. Seu termo genérico é ATP(GTP): fosfotransferases de proteínas. Elas são responsáveis pela transferência de fosfato de doador (usualmente nucleosídeo trifosfato – ATP) a grupos hidroxila de tirosina, serina ou treonina na cadeia polipeptídica da molécula-substrato. Poucas proteínas quinase parecem fosforilar resíduos de tirosina, bem 300 como de serina/treonina. Esta fosforilação resulta numa atividade alterada da molécula de proteína e na transmissão de sinal regulatório da superfície da célula a seu interior, gradualmente até o núcleo da célula. Proteínas quinase na membrana citoplasmática tornamse ativadas, recebendo tal sinal através de receptores específicos via hormônios, neurotransmissores, antígenos e outros ligantes (Fig. 74), enquanto que ativação intracelular é dada por segundos mensageiros tais como cAMP, CGMP, Ca2+, 1-2 diacilglicerol, inositol trifosfato ou outra proteína quinase. Proteínas quinase são bastante difundidas e multimembros da família das enzimas participam, juntamente com fosfoproteína fosfatases (enzimas que dividem o grupo fosfato), na regulação das atividades celulares mais básicas, tais como crescimento, divisão, resposta imune, secreção de várias substâncias, etc. Proteínas quinase reconhecem sítios de fosforilação dentro de seqüências particulares de aminoácidos, chamadas seqüências de consenso ou motivos (motifs) de reconhecimento. O grau de especificidade das proteínas quinases varia. Proteínas quinases específicas fosforilam uma única proteína ou diversas delas estreitamente relacionadas. Proteínas quinase multifuncionais, por outro lado, modificam muitos alvos diferentes. A maioria dos efeitos de AMP cíclico nas células eucarióticas é mediada pela ação de uma única proteína quinase A (PKA) ou proteína quinase dependente de cAMP (cAPK). Similarmente, diacilglicerol, um segundo mensageiro da cascata de fosfoinositídio ativo → proteína quinase C e → tirosina quinase (PTK) estão envolvidas na transmissão intracelular de sinais de → imunoreceptores durante a ativação de linfócitos (→ linfócitos T, ativação). Para a função biológica de linfócito T → a via da MAP-quinase é também muito importante. PTKs – → tirosina quinases de proteínas. pulmão do fazendeiro – → alveolite alérgica. purificação de imunoglobulinas – utiliza métodos específicios e não específicos. Métodos inespecíficos para preparar imunoglobulinas purificadas incluem os mesmos métodos utilizados para obter proteínas purificadas em geral (precipitação com sais ou solventes orgânicos, particularmente o etanol, vários métodos cromatográfi301 cos e eletroforéticos). Imunoglobulinas das cinco classes, mas com anticorpos de várias especificidades, podem ser preparadas utilizando-se estes métodos. Métodos específicos baseiam-se nas interações entre determinantes antigênicos e o sítio de combinação do anticorpo específico (imunoafinidade → cromatografia). Estes possibilitam purificar apenas imunoglobulinas que mostram atividade específica de anticorpo contra o antígeno a partir do qual o → o imunoadsorvente foi preparado. purina nucleosídeo fosforilase – enzima envolvida no metabolismo de nucleosídeos de purina. Sua deficiência está associada com afuncionalidade principalmente de linfócitos T, a qual se manifesta por → imunodeficiência combinada grave (SCID). quimerismo – fenômeno no qual células (ou partes de uma molécula) de indivíduos geneticamente diferentes coexistem em um organismo (→ anticorpos quiméricos). quimiocinas – superfamília de mais de 40 pequenas proteínas básicas com peso molecular entre 8.000 e 11.000 Da, representando um dos → grupos de citocinas. Atuam em concentrações de 1 a 100µg/mL via receptores específicos, principalmente como fator quimiotático para vários leucócitos, o que dá a elas seu nome (citocinas quimiotáticas). São liberadas por, efetivamente, todas as células, e sua produção é induzida por agentes infecciosos, substâncias irritantes externas e diversas citocinas. Possuem importantes atividades inflamatórias e regulatórias, em particular em células hematopoiéticas e para o intercâmbio de linfócitos entre a circulação e órgãos linfáticos. Quimiocinas são consideradas citocinas pró-inflamatórias de segundo grau, uma vez que são menos pleiotrópicas que citocinas de primeiro grau (IL-1, IL-6, TNF-α, etc.). Elas são também chamadas intercrines. Este nome é baseado numa tentativa de distinguir entre os dois grupos de citocinas pró-inflamatórias não relacionadas entre si no tocante a sua estrutura e genética. Quatro subfamílias podem ser distinguidas, nas quais polipeptídeos individuais da superfamília das citocinas são classificados, com base em se os primeiros dois dos quatro resíduos não intercambiáveis de cisteína em suas moléculas são adjacentes (-C-C-) ou separados por um único (-C-X-C-) ou três 302 Fig quatro 75. As quatro Estruturas MolecularesdadaSubfamília Subfamília das Fig 26. As Estruturas Moleculares dasQuimiocinas. Quimiocinas. C – C – Cisteína, X – aminoácido, L – Ligante; Cys-Cys – pontes dissulfídricas. Cisteína, X – aminoácido, L – Ligante; Cys-Cys – pontes dissulfídricas. aminoácidos diferentes (-C-XXX-C-), ou ainda se eles contêm apenas um único par de resíduos cisteína (-C-) (Fig. 75). A subfamília –C-X-C- é chamada de quimiocinas α ou quimiocinas CXC (ou, de acordo com a nomenclatura mais recente, quimiocinas CXCL, onde a letra “L” significa ligante para distinguí-la de CXCR, onde “R” significa receptor), e seus genes estão localizados no cromossomo 4. A subfamília –C-C- é também conhecida sob o nome quimiocinas β ou 303 quimiocinas CC (CCL), seus genes estão localizados no cromossomo 17. O grupo de quimiocinas α inclui, por exemplo, → IL-8, proteína 2 ativadora de neutrófilos (NAP2), fator plaquetário 4 (PF4), e ainda todos fatores quimiotáticos e ativadores da maioria dos neutrófilos. Os membros da subfamília de quimiocinas β atuam quimiotaticamente principalmente em monócitos e macrófagos, mas também em eosinófilos, basófilos, linfócitos e células NK. Quimiocinas CC incluem, por exemplo, a proteína quimiotática de monócitos (→ MCP1 até MCP5), proteína inflamatória de macrófagos (→ MIP 1, MIP 3), → RANTES e eotaxina, uma quimiocina particularmente efetiva para eosinófilos. Até o momento há apenas um único membro da família das quimiocinas C (CL) (quimiocinas γ), a linfotactina, a qual é fator quimiotático para linfócitos e células NK, mas não para neutrófilos e macrófagos. As quimiocinas CX3C (CX3CL) (quimiocinas γ) têm apenas um único representante, neurotactina ou fractalcina, o qual é fixo diretamente à membrana celular via um longo pedículo de mucina e induz adesão e migração de leucócitos. Quimiocinas CXC atuam via cinco receptores chamados CXCR1 até CXR5. Dez receptores são conhecidos para quimiocinas CC (CCR1 até CCR10), tendo sido identificado até o momento um único receptor para neurotactina (CX3CR1). Estes receptores são encontrados em várias células e participam numa variedade de atividades, além de regular a inflamação. Assim, CXCR4 é um co-receptor para HIV1 e, portanto, tem um importante papel na patogênese da AIDS. Experimentos em camundongos têm mostrado que CCR2, cujo ligante é MIP-1, tem um papel chave em iniciar a aterosclerose. quimiocinese – movimento (migração) estimulado, mas não direcionado de células. quimioluminescência – geração de luz visível durante certas reações químicas exergônicas (que liberam energia). Compostos com elétrons excitados podem ser gerados nestas reações. Quando elétrons retornam ao seu nível energético basal emitem um quantum (fóton) de luz, o qual pode ser medido por luminômetros. quimioluminóforo – composto capaz de emitir luz em reação quimioluminescente. 304 quimiotaxia – movimento ativo de fagócitos ou células em geral a favor (quimiotaxia positiva) ou contra (quimiotaxia negativa) o gradiente de concentração de um fator quimiotático. É uma migração celular estimulada e direcionada. quimiotaxinas – outro nome para fatores quimiotáticos quinases – enzimas que fosforilam proteínas, alterando assim suas atividades biológicas. quinases syk – grupo de → tirosino-quinases que, juntamente com as quinases src (→ família src), iniciam a transdução de sinal após a ligação ao receptor da célula B. radical hidroxila – tem um elétron não pareado (•OH) atuando, portanto, como um agente oxidante altamente efetivo. Retira elétrons de muitos compostos, produzindo ânion hidroxila e radical livre: •OH + R = OH– + R•. Ele é formado em diversas reações, particularmente em fagócitos profissionais, e é considerado um dos agentes mais tóxicos a nível molecular. radical livre – um átomo ou grupo de átomos (composto) com um elétron não pareado (livre). Ele é marcado por um ponto no símbolo químico correspondente (por exemplo, •OH, •CH3). Radicais livres são altamente reativos (podem induzir reações em cadeia), mas usualmente têm existência muito curta, de frações de segundos. radical superóxido – também chamado ânion superóxido ou superóxido (O2-• –). É gerado por redução de um elétron de oxigênio molecular sob a ação de → NADPH oxidase, presente principalmente em fagócitos profissionais, mas também durante a respiração na mitocôndria e algumas outras reações. Ele dá origem a peróxido de hidrogênio e outras espécies de reativos do oxigênio que participam em reações antimicrobianas e citotóxicas. radioimunocintilografia – método que utiliza anticorpos monoclonais contra antígenos associados a tumores. Tais anticorpos conjugados com radionuclídeos e injetados no organismo de um indivíduo afe305 tado por uma doença neoplásica ligam-se apenas a células tumorais marcando-as, assim, especificamente. Radioimunocintilografia possibilita a identificação de tumores do organismo humano pesando tão pouco quanto 0,1 a 1.0 g, incluindo metástases. radioimunoeletroforese – → eletroforese que utiliza antígeno ou anticorpo marcado com isótopos radioativos para identificar linhas de precipitação. radioimunoensaio (RIA) – método analítico para determinar a concentração de antígenos solúveis ou haptenos. Utiliza antígeno ou hapteno marcados com isótopos radioativos que inibem competitivamente a ligação de antígeno marcado ao anticorpo específico. A dependência desta inibição na concentração do antígeno analisado é obtida utilizando-se um grupo de soluções padrão de antígeno não marcado de concentrações conhecidas. Este foi o primeiro método que possibilitou quantificar vários proteo-hormônios, neuropeptídeos e outras substâncias em fluidos biológicos complexos. RANTES – abreviação para a expressão Regulated upon Activated Normal T Expressed and presumably Secreted chemokine (Quimiocina Expressa e presumivelmente Secretada, regulada com a ativação de células T normais). É um polipeptídeo composto de 68 resíduos de aminoácidos, uma → quimiocina, sendo o fator quimiotático para monócitos, macrófagos, eosinófilos, linfócitos e células NK e, desta forma, um importante mediador de inflamação. rapamicina – antibiótico imunossupressor eficiente com estrutura similar àquela de → FK506, mas com um mecanismo de ação diferente. Suprime a proliferação tanto de linfócitos B quanto de T, síntese de linfocinas e resposta de células T à IL-2. Suas concentrações imunossupressoras efetivas são substancialmente menores que as concentrações correspondentes de FK506 ou ciclosporina. RAST (teste radioalergoabsorvente) – teste que pode ser utilizado para demonstrar a presença, no soro de pacientes alérgicos, de IgE específica. 306 reação de Arthus – vasculite necrozante local desencadeada pela deposição de complexos imunes na parede vascular de vasos cutâneos. Pode ser induzida pela injeção intradérmica de antígenos solúveis a animais experimentais com altos títulos de anticorpos IgG circulantes contra tal antígeno. Uma reação inflamatória local desenvolve-se dentro de horas com dano celular e até mesmo necrose tecidual. A reação cutânea é caracterizada pela infiltração de neutrófilos, edema e eritema. A reação de Arthus é rara em humanos. Pode surgir após a administração parenteral de algumas drogas em particular. → Alveolites alérgicas, observadas no pulmão do fazendeiro, aspergilose pulmonar e/ou → artrite reumatóide eram considerados variações desta reação no passado. Está claro, atualmente, que as entidades de doença acima não se devem à deposição local de imunocomplexos apenas, mas que sua patogênese é muito mais complexa, incluindo a participação de diversos tipos de células do sistema imune. reação de fixação de complemento – método sorológico sensível para detectar a presença de antígeno ou anticorpo. Usa o fato de que se apenas pequenas quantidades de imunocomplexos se formam na reação de antígeno com anticorpo não originando precipitado visível, esta pequena quantidade é suficiente para fixar o complemento simultaneamente adicionado. A presença de antígeno ou anticorpo é então detectada com base na redução de complemento originalmente adicionado à reação. reação de Prausnitz-Küstner – → PCA. reação do enxerto contra hospedeiro (GVHR) – reação complexa induzida por células imunocompetentes do enxerto contra um indivíduo histoincompatível incapaz da reagir ao enxerto por reação imune (→ reação ao enxerto). Tal inabilidade pode ser secundária à imunossupressão artificial (administração de drogas imunossupressoras ou radiação ionizante), ou natural (indivíduos imaturos, defeitos genéticos). Ela está envolvida principalmente em transplante de medula óssea. Os órgãos-alvo danificados na GVHR incluem principalmente a pele, o trato digestivo, o fígado e tecidos linfóides. 307 reação do hospedeiro versus o enxerto – reação do receptor ao transplante, com o envolvimento de ambos, anticorpo e mecanismos imunes mediados por células, contra o tecido ou órgão transplantados (→ rejeição do enxerto) estranhos (histoincompatíveis). reação HGV – reação do hospedeiro versus o enxerto. reação PK – → PCA. reações alérgicas – respostas a antígenos (alérgenos), resultando em reatividade excessiva ou anormal do sistema imune (hipersensibilidade). São estudadas em imunopatologia. Em termos estritos, reações alérgicas compreendem uma hipersensibilidade imediata (mediada por mastócitos e IgE) a vários antígenos ambientais, tais com pólen de plantas, toxinas de insetos, alimentos, etc. reações anafilactóides – assemelham-se a reações anafiláticas, mas têm diferentes mecanismos desencadeadores. Anticorpos IgE não participam no desenvolvimento de reações anafilactóides, mas a liberação de histamina e outros mediadores de anafilaxia de mastócitos e basófilos é desencadeada via uma variedade de substâncias, tais como meios de radiocontraste, algumas drogas (aspirina, por exemplo), venenos de cobras e insetos, ou → anafilotoxinas formadas na ativação do complemento. reações anafiláticas – ocorrem em quase todas as espécies de vertebrados. São causadas por ligação de antígenos (alérgenos) a anticorpos homocitotróficos (IgE em humanos), os quais se encontram previamente ligados à superfície de mastócitos e basófilos com subseqüente liberação de histamina e outros mediadores de anafilaxia. Podem desenvolver-se de diversas maneiras, dependendo da espécie biológica e do tecido ou órgão primários. Liberação sistêmica de histamina ou outros mediadores pode ocorrer ao contato repetido com o alérgeno, resultando em choque anafilático dentro de segundos. Estas reações mediadas por anticorpos IgE são, portanto, denominadas reações de tipo imediato. 308 reações atópicas – reações anafiláticas em indivíduos atópicos (→ atopia). Tais indivíduos têm predisposição genética para o desenvolvimento de doenças alérgicas de hipersensibilidade imediata, tais como asma brônquica, febre do feno, urticária, eczema, alguns distúrbios do trato gastrointestinal, etc. reações citotrópicas – induzidas por anticorpos citotrópicos (→ reaginas). reações cruzadas – a habilidade de anticorpos cuja produção tenha sido induzida por um certo antígeno de também reagir com outro antígeno com determinantes antigênicos (epitopos) idênticos ou similares. Como regra, são antígenos homólogos (similares) que reagem de forma cruzada dando evidência de que sítios de combinação de alguns anticorpos não são estritamente monoespecíficos. Também, → antígenos heterofílicos são similares neste aspecto, isto é, antígenos presentes em vários organismos freqüentemente muito distantes do ponto de vista filogenético. Antígenos heterofílicos participam na patogênese de algumas doenças, por exemplo na → febre reumática, onde anticorpos direcionados contra o estreptococo têm reação cruzada com uma seqüência definida da miosina muscular cardíaca. reações de hipersensibilidade – resultam de reatividade aumentada (hipersensibilidade) do sistema imune, e suas conseqüências usuais incluem dano às próprias célula e tecidos do organismo (→ imunopatologia). reações do transplante – resultam de resposta imune relacionada à transplantação (→ imunidade de transplantação). reaginas – antibióticos homocitotrópicos que em humanos são da classe IgE, responsáveis por reações alérgicas de tipo imediato (→ anafilaxia). receptor – complexo de átomos ou moléculas que formam um sítio com afinidade estereoquimicamente (espacialmente) específica para uma determinada substância chamada → ligante (agonista em farmacologia). Os receptores estão usualmente localizados na superfície celular, 309 mas algumas vezes eles podem se situar no lado interno da membrana citoplasmática ou no citoplasma. A ocupação pelo ligante (agonista) do receptor fornece um sinal para a célula reagir por uma determinada resposta fisiológica (ou em alguns casos também patológica). Ligação de inibidor (antagonista) bloqueia a função do receptor. Receptores são utilizados por neurotransmissores, hormônios, antígenos, citocinas e/ou outros mediadores para transmitir seus sinais, esta é a maneira como a informação é intercambiada entre as células. Uma célula pode transmitir informação à outra célula diretamente sem qualquer mensageiro químico. Isto ocorre quando o receptor de uma célula reage com o contra-receptor (efetor) de outra célula. receptor antigênico – receptor na superfície dos linfócitos que se liga a fragmentos imunogênicos do antígeno na resposta imune (→ receptores de antígeno). receptor ativador da protease – → PAR. receptor da célula B – → receptores de antígenos. receptor de C3a – receptor que liga C3a. Está presente em neutrófilos (estimulação da agregação, liberação do conteúdo dos lisossomas, e produção de radicais de oxigênio), macrófagos (ativação, estimulação da secreção de IL-1) e mastócitos (estimulação da liberação de mediadores de anafilaxia). receptor de C5a – receptor ao qual C5 se liga especificamente. Está presente em mastócitos e basófilos (anafilaxia), fagócitos profissionais (quimiotaxia, liberação do conteúdo dos grânulos, estimulação da produção de radicais do oxigênio) e plaquetas, com estímulo de agregação e liberação do conteúdo dos grânulos. receptor toll –produto do gene toll de Drosophila requerido para o desenvolvimento dorso-ventral durante a embriogênese. Em adultos da mosca das frutas o receptor toll está envolvido em defesa antifúngica. Recentemente descobriu-se que os receptores toll-like (TLR) são semelhantes aos receptores de IL-1 (IL-1R) e que ambos são membros da superfamília IL-1R/TLR (Fig. 76). Esta superfamília de recepto310 Fig 76. A estrutura dos Receptores Toll e dos Receptores IL-1R. São conhecidos dois receptores para IL-1: IL-1RI, que transfere o sinal para o interior da célula, e IL-1RII, que não transfere sinal. TIR – Receptor Toll/IL-1. Fig 75. A estrutura dos Receptores Toll e dos Receptores IL-1R. São conhecidos dois receptores para IL-1: IL-1RI, que transfere o sinal para o interior da célula, e IL-1RII, que não transfere sinal. TIR – Receptor Toll/IL-1. g 76. A ceptores Fig 77. A Transferência de Sinal através dos Receptores Toll (TLR) e dos Receptores para IL-1 (IL-1R) MyD88, TRAP/MAL, Tollip – moléculas adaptativas que, após a ligação de na parte citoplasmática TLR, ativam a serinaTransferência Sinal atravésdo IL-1RI dos ou Receptores Toll (TLR) e d treoninaquinase, introduzindo com isso o sinal. (IL-1R, quinase associada com IL-1R.IL-1 TRAF(IL-1R) (fator associado ao receptor de TNF). Tollip – moléculas adaptativ para MyD88, TRAP/MAL, 32 e, após a ligação na parte citoplasmática do IL-1RI ou TLR, ativam a serin surgiu cedo nacom evolução encontrados emquinase muitas espécies. oninaquinase, res introduzindo issoe osãosinal. (IL-1R, associada com Sua função é responder rapidamente à infecção e dano secundário. . TRAF (fator associado ao receptor de TNF). O papel da superfamília IL-1R/TLR é crítico para diversos aspectos de inflamação e defesa do hospedeiro (Fig. 77). Na alça intestinal, 311 por exemplo, receptores toll são capazes de discriminar entre antígenos de alimentos e antígenos de agentes patogênicos. Induzem tolerância a antígenos alimentares e a resposta imune a antígenos patogênicos. De acordo com conhecimentos recentes supõe-se que receptores toll-like sejam sensores primários do sistema imune inato. Estas moléculas carregam um motivo de sinalização também conhecido como receptor tolll/da interleucina 1 (TIR). receptores de antígenos – são encontrados apenas em linfócitos B e T. Os receptores nestes dois tipos de células diferem um do outro, sendo codificados por diferentes genes, embora sejam membros da superfamília das imunoglobulinas. Aqueles encontrados na superfície das células B são referidos como BCR, sendo sua molécula constituída por monômeros de IgM ou outra imunoglobulina (IgD, por exemplo) ancorada na membrana fosfolipídica citoplasmática de dupla camada, via dois heterodímeros compostos de cadeias Ig-α , Ig-β ou Ig-γ (Fig. 47). O receptor das células T é referido como TCR e contém um par de cadeias polipeptídicas α e β, ou γ e δ, podendo ocorrer de duas formas: TCR1 e TCR2. Combina-se num complexo com o antígeno de diferenciação → CD3 (um marcador típico de linfócitos T), o qual é constituído por cinco cadeias polipeptídicas (Fig. 20). TCRα/β (TCR2) é encontrado em cerca de 95 % dos linfócitos T periféricos, porém TCRγ/δ (TCR1) em apenas cerca de 5 % deles. BCR e TCR têm importância capital no reconhecimento do antígeno (BCR) ou seus fragmentos imunogênicos (TCR) pelo linfócito correspondente, representando o primeiro passo na ativação dos linfócitos e sua participação na resposta imunogênica. receptores de complemento – são distribuídos em várias células, conhecem e se ligam especificamente a fragmentos de alguns componentes e fatores do sistema do complemento. Podem ser divididos em dois grupos: 1) CR1 até CR4 cujos ligantes são C3b e fragmentos dele derivados; 2) receptores para outros componentes do complemento, tais como receptor para C1q (C1qR), anafilotoxinas (C5aR) ou fator H (HR) (Tabela 19). receptores de imunoaderência – são encontrados principalmente na superfície de fagócitos profissionais onde participam em fagocitose 312 Tabela 11. Receptores do Complemento Receptor CR1 (CD35) Ligante C3b, C3bi, C4b, C4bi CR2 (CD21) C3d, C3dg, C3bi, EBV C3bi CR3 (MAC-1, CD11b/CD18) CR4 (p150.95, CD11c/CD18) C1qR C3bi C1q C5aR C5a C3aR, C4aR, C5aR C3a, C4a, C5a Funções – Opsonização e remoção de antígenos (clearance) durante a fagocitose – Persistência do antígeno nas células dendríticas foliculares – Clearance de imunocomplexos sobre os eritrócitos – Regulação do complemento – Ativação da célula B – Adesão, extravasamento, fagocitose (macrófagos, neutrófilos) – Adesão, extravasamento, fagocitose (macrófagos, neutrófilos) – Ligação a imunocomplexos na fagocitose (macrófagos, neutrófilos) – Aderência, fagocitose, expressão de CR1 e CR3 (macrófagos e neutrófilos) – Degranulação de mastócitos, contração da musculatura lisa mais efetivos de bactérias, imunocomplexos e outras partículas cobertas por anticorpos ou fragmentos C3b, iC3b e/ou C4b do complemento. Partículas cobertas por anticorpos são reconhecidas por → receptores Fc, embora partículas opsonizadas por C3b ou C4b liguem-se a CR1 e CR3. CR1 em primatas está também distribuído em eritrócitos e participa na eliminação de imunocomplexos da circulação sangüínea. receptores decoy – receptores que não completam sua função porque eles reconhecem certas citocinas inflamatórias com afinidade e especificidade elevadas, mas são estruturalmente incapazes de assinalar ou apresentar o agonista (ligante) aos complexos de receptores de sinalização. Atuam como uma armadilha molecular para os componentes dos receptores de sinalização. O receptor para interleucina-1 313 314 Macrófagos Neutrófilos Eosinófilos Recepção. Liberação de grânulos Efeito FcγRI (CD64) 108M-1 Tipos celulares Afinidade Ligação Receptor Recepção Nenhum. Recepção. Inibição FcγRII-A FcγRII-B1 (CD32) 2x106M-1 2x106M-1 IgG1 > IgG3,4 > IgG2 Linfócitos B Macrófagos Neutrófilos Eosinófilos Plaquetas Tabela 4. Receptores Fc em Humanos Macrófagos Neutrófilos Eosinófilos Plaquetas Langerhans Recepção. Liberação de grânulos 2x106M-1 IgG1=IgG3 FcγRII-B2 Células NK Macrófagos Neutrófilos Eosinófilos Langerhans Induz a citotoxicidade da célula NK FcγRIII (CD16) 5x105M-1 IgE Liberação de grânulos Mastócitos Basófilos Eosinófilos Langerhans 1010M-1 IgA1, IgA2 FcεRI Eosinófilos Células de Kupffer FcαRI (CD89) 1,5x107M-1 do tipo II (IL-1RII) foi o primeiro decoy puro a ser identificado. Receptores decoy têm sido subseqüentemente identificados para membros das famílias e receptores de fatores de necrose tumoral e de IL-1. receptores Fc – sítios de ligação para os domínios Fc das moléculas de imunoglobulina, presentes na superfície de leucócitos e/ou alguns outros tipos celulares. Cada uma das classes de imunoglobulinas tem seu tipo específico de FcR (Tabela 20). Assim, há receptores Fc específicos para IgG, IgE, IgM, e IgA. FcR para IgG e IgE são encontrados em diversas isoformas, usualmente como receptores de alta afinidade e de baixa afinidade. FcγR estão envolvidos significantemente em fagocitose e citotoxidade celular anticorpo-dependente (→ ADCC). receptores H – receptores através dos quais a → histamina exerce seus efeitos. Há três receptores: H1, H2 e H3 nas células-alvo. Através do receptor H1, histamina contrai a maioria dos músculos lisos, causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade vascular, atuando nas vênulas pós-capilares; através do receptor H2 ela estimula a secreção gástrica. A completa significância do receptor H3 ainda precisa ser estabelecida. Das diversas funções da histamina, a estimulação da secreção gástrica ácida e mediação da hipersensibilidade do tipo I, tais como urticária e rinite alérgica, estão dentre as mais importantes. recombinase V(D)J – enzima que se liga aos segmentos V, D e J (subgenes) em seu rearranjo para fazer um gene funcional para o domínio variável da cadeia pesada de imunoglobulina, ou segmentos V e J para o gene para o domínio variável da cadeia leve da imunoglobulina. É ativa apenas em células tronco de linhagem linfóide, já que contêm o conjunto completo de todos os subgenes possíveis, a partir dos quais um dos conjuntos V, D ou J é utilizado após a maturação dos linfócitos B. Uma enzima similar regula também o rearranjo dos subgenes V, D e J que codificam domínios variáveis das cadeias polipeptídicas do receptor de antígeno do linfócito T. região da dobradiça – região flexível de uma cadeia polipeptídica, por exemplo, nas moléculas de imunoglobulina entre as regiões Fab e Fc. 315 região de dobra das imunoglobulinas – a parte flexível da molécula da imunoglobulina que liga suas regiões → Fab e Fc (Fig. 40). É a região entre o primeiro e o segundo domínio constante das cadeias pesadas com pontes dissulfídicas entre as cadeias; este é o local de ação de enzimas proteolíticas que clivam a molécula. região J – segmento de junção de cadeias pesadas e leves de imunoglobulinas entre o domínio constante e variável. É um produto do segmento J do gene (→ genes codificando para imunoglobulinas). região J (junção) das imunoglobulinas – região da cadeia leve ou pesada que liga os domínios constantes com os variáveis. É codificada pela região J (subgene) do gene complexo para imunoglobulinas (complexo de genes, Fig. 42). A região J consiste de 13 a 17 resíduos de aminoácidos. região V de imunoglobulinas – região variável da cadeia polipeptídica da molécula de imunoglobulina que faz o domínio variável. A seqüência de aminoácidos é variável ao invés de constante, visto que vários anticorpos têm aminoácidos diferentes nas várias posições destes segmentos. Este é o princípio básico da enorme diversidade de especificidades de anticorpos das moléculas de imunoglobulinas. regiões hipervariáveis das imunoglobulinas – são regiões de cadeias polipeptídicas dentro do domínio variável, onde aminoácidos individuais variam nas posições individuais. Há seis destes sítios: três nas cadeias leves e três nas pesadas (Fig. 78). No arranjo espacial final da molécula das imunoglobulinas estes sítios estão arranjados em estreita vizinhança um do outro, formando o sítio de combinação do anticorpo. Regiões hipervariáveis são também chamadas CDR (regiões determinantes de complementaridade). rejeição de enxerto – reação imunológica através da qual o sistema imune do aceptor destrói o tecido ou órgão transplantado, por exemplo, o rim. Ela é também denominada de reação HvG (hospedeiro versus enxerto). Pode ser hiperaguda (devida, por exemplo, a diferenças em grupos sangüíneos, em particular dentro do sistema ABO, entre o transplante, ou enxerto, e o receptor, sendo induzida por anticorpos, 316 Fig 78. A Região Hipervariável da Cadeia leve da Molécula de Imunoglobulina. Fig 46. A zonas Região Hipervariável da Cadeia da Molécula Imunoglobulina. Três hipervariáveis (círculos escuros) leve na região variável da de imunoglobulina são para a ligação ao antígeno específico. Eles ligam-se a regiões complemenTrês zonas hipervariáveis (círculos escuros) na região variável da imunoglobulina tares do epítopo do antígeno (CDR1, CDR2, CDR3). Nesses locais, as células B, são para a ligação específico. Eles ligam-se a regiões num próximo contatoao com antígeno o antígeno, podem sofrer mutações pontuais (hipermutação somática) a fim de tornar a ligação ao antígeno mais forte (aumentar complementares do epítopo do antígeno (CDR1, CDR2, CDR3). Nesses locais, as a afinidade). O efeito da maturação da afinidade é importante nas infecções e célulasnaB,vacinação. num próximo contato com o antígeno, podem sofrer mutações pontuais (hipermutação somática) a fim de tornar a ligação ao antígeno mais forte (aumentar a afinidade). O efeito da maturação da afinidade é importante nas infecções tão e naprecocemente vacinação. quanto durante o transplante ou com o retardo de apenas algumas horas), aguda (devida a linfócitos citotóxicos do receptor dirigidos contra antígenos HLA do transplante, se desenvolvendo dentro de vários dias a semanas após o transplante), ou crônica (devida a anticorpos contra antígenos de histocompatibilidade fracos, desenvolvendo-se mais de 60 dias após o transplante). Rel/NF-κB – família de cinco → fatores de transcrição estruturalmente relacionados, evolucionariamente conservados, que formam uma das primeiras linhas de defesa contra doenças infecciosas e estresse celular. Estas proteínas iniciam uma resposta altamente coordenada em múltiplos tipos celulares que efetivamente neutralizam a ameaça à saúde de um organismo. Reciprocamente, ruptura do mecanismo 317 5 regulatório que controla a especificidade e extensão desta resposta, o qual resulta na ativação de → NF-κB, pode ser uma das causas primárias de uma vasta série de doenças humanas. Rel é um fator de transcrição que foi inicialmente identificado como o → produto de oncogene do retrovírus letal de aves Ver-T. Sua região N-terminal de 300 aminoácidos tem seqüência similar à região N-terminal de NF-κB. resposta de anticorpo – resposta imune mediada pela produção de anticorpos específicos contra os epitopos do antígeno indutor (→ formação de anticorpo). resposta imune – um complexo de células e reações mediadas por moléculas pelas quais o organismo responde a antígenos. É mediada por mecanismos de imunidade (resposta imune não-específica) natural (inata) e mecanismos de imunidade adquirida (resposta imune específica). Resposta imune não-específica é mediada principalmente por granulócitos, macrófagos, células NK, complemento e algumas citocinas. Linfócitos são responsáveis por resposta imune específica na qual, sob estimulação de antígeno, são secretadas várias moléculas regulatórias e efetoras (citocinas) conduzindo à formação de células produtoras de anticorpos (de linfócitos B a plasmócitos) e/ou de células efetoras e regulatórias da imunidade mediada por células (linfócitos T), capazes de reagir especificamente apenas com o antígeno que induziu sua produção. A resposta imune a certos antígenos é geneticamente determinada tanto nas espécies biológicas quanto nos indivíduos. Pode ser benéfica para o indivíduo (desenvolvimento de imunidade – uma defesa específica e.g. contra certas doenças infecciosas), danosa (reações imunopatológicas ou autoimunes) ou indiferentes (tolerância imunológica), onde o sistema imune não responde a um dado antígeno e, portanto, tolerando-o (Fig. 50). restrição do MHC– restrição pelo complexo principal de histocompatibilidade envolvida no reconhecimento de peptídeos imunogênicos (→ apresentação de antígeno) por linfócitos T. Tal peptídeo apresentado por uma → célula apresentadora de antígeno (e.g. um macrófago) a um linfócito T auxiliar fornece o sinal para o início da resposta 318 imune apenas se as células forem portadoras de marcadores (antígenos) MHC de classe II idênticos. Similarmente, o reconhecimento de um antígeno endógeno (e.g. viral) na superfície de uma célulaalvo por linfócitos T citotóxicos é restrita pelos mesmos antígenos MHC de classe I na superfície de ambos os tipos de células. retrovírus – vírus cujo genoma é feito de RNA de fita única e que contém transcriptase reversa, uma enzima que transcreve uma seqüência de nucleotídeos na molécula de RNA em uma seqüência de nucleotídeos correspondente em uma molécula de DNA, tornando-se assim integrado ao genoma da célula hospedeira. Isto capacita os retrovírus a serem utilizados para incorporar genes estranhos (segmentos de DNA) no genoma de uma determinada célula. Experimentos estão sendo realizados para usar esta terapia genética para substituir genes em falta ou defeituosos, cujos produtos são indispensáveis para a vida plenamente desenvolvida de humanos ou outros organismos. Por outro lado, algumas retrovírus causam doenças tais como AIDS ou leucemia de células T. RIA – → radioimunoensaio. ricina – lecitina tóxica (alcalóide) presente em sementes da planta Ricinus communis. É um heterodímero que contém cadeias α (tóxicas) e β (de natureza de lecitina). Ricina reage com resíduos galactoseterminais de glicoproteínas da superfície celular, facilitando assim a penetração da molécula inteira de ricina no interior da célula onde ela inibe efetivamente a síntese proteica. A cadeia α pode se tornar conjugada com anticorpos monoclonais específicos, originando αimunotoxinas. rigina – tetrapeptídeo Gly-Gln-Pro-Arg regulatório, cuja seqüência é encontrada em domínios CH3 da IgG. Acredita-se que facilite a fagocitose. rinite alérgica – doença de hipersensibilidade do tipo imediata que ocorre no ambiente nasal. Resulta da liberação de mediadores de mastócitos (histamina principalmente) após contato com alérgenos no epitélio nasal. 319 risco relativo – (RR), diz respeito à associação entre antígenos HLA e algumas doenças. RR expressa quantas vezes mais freqüentemente uma determinada doença ocorre em indivíduos que possuem o antígeno correspondente comparado a indivíduos em que falta tal antígeno. Em outras palavras, RR representa numericamente o aumento da probabilidade para um indivíduo tornar-se afetado por uma determinada doença associada a um antígeno HLA comparado com um indivíduo em que falta tal antígeno: p+.kRR= -------------p-.k+ onde p+ significa o número de pacientes portando um determinado antígeno HLA, p- significa o número de pacientes em que falta o antígeno, k- é o número de controles (indivíduos saudáveis) em que falta o antígeno, e k+ é o número de controles (indivíduos saudáveis) que possuem o antígeno. RIST (teste radioimunoabsorvente) – método radioimunoanalítico de fase sólida utilizado para quantificar IgE total no soro sangüíneo. RNA mensageiro (RNAm) – molécula de RNA de fita única que especifica a seqüência de aminoácidos de uma ou mais cadeias polipeptídicas. Transporta a informação dos genes aos ribossomas onde ela é traduzida em proteínas. RNI – → intermediários do nitrogênio reativo. ROI – → intermediários do oxigênio reativo. roseta E – forma-se através da ligação espontânea de eritrócitos de carneiro aos respectivos receptores (→ CD2) na superfície de linfócitos T humanos periféricos. Esta formação é em forma de roseta ou flor (Fig. 79). Um método utilizando formação de roseta E foi usado no passado para determinar contagens de células T no sangue periférico. roseta EA – é formada na interação de eritrócitos de carneiro cobertos com anticorpos IgG com os receptores Fc na superfície de células B. 320 Fig 79. O Princípio da Formação da Roseta-E. Fig 30. O Princípio da Formação da Roseta-E. É de forma similar à roseta → E. No passado o método de roseta EA possibilitou determinar a contagem de linfócitos T periféricos. Ela contudo, não era específica, já que outras células também possuindo receptores Fc em sua superfície podiam reagir desta mesma maneira. O nome foi derivado de eritrócito (E) e anticorpo (A). Tabela 4. Receptores Fc em Humanos Receptor Afinidade Ligação Tipos celulares Efeito rosetas – células de um determinado tipo que cobrem uma célula de FcγRI FcγRII-B2 FcγRIII outro tipoFcγRII-A produzindoFcγRII-B1 uma formação semelhante à de uma FcεRI estrela. (CD32) (CD64) (CD16) O método de roseta foi utilizado em imunologia no passado para 6 -1 6 -1 -1 contagens de linfócitos T 6com na5Mformação deM-1→ 108determinar M-1 2x10 M 2x10 M 2x10 M-1 base 5x10 1010 rosetas E. Formam-se por aderência semelhante à estrela de eritróciIgG1 > IgG3,4 > IgG2 IgG1=IgG3 IgE tos de carneiro, via moléculas LFA-3 em sua superfície e a moléculas Macrófagos Linfócitos Macrófagos Macrófagos Células NK Mastócitos CD2 na superfície de células T humanas (Fig. 79). O número destas Neutrófilos Neutrófilos B Neutrófilos Macrófagos rosetas se relaciona à contagem de células T presentes. OutroBasófilos exemEosinófilos Eosinófilos Eosinófilos Eosinófilos plo pode ser a formação de → roseta EA que foiNeutrófilos utilizada no passado para determinar contagens de linfócitos B. Plaquetas Plaquetas Eosinófilos Langerhans SAA – → amilóide A sérico. Recepção. Recepção Nenhum. Liberação Recepção. Langerhans Langerhans Recepção. Induz a Liberação Liberação citotoxicidade de grânulos FcαRI (CD89) 1,5x107M-1 IgA1,IgA2 Eosinófilos Células de Kupffer SAIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida símia) – doença de grânulos da célula NK de análoga à → AIDS queInibição afeta macacos do gênero Rhesus. É causada grânulos pelo retrovírus SIV o qual mostra uma homologia considerável com HIV-2. Sua homologia com HIV-1 é substancialmente menor. SAL – → soro anti-linfócito. Tabela 5. Lista de fluoróforos atuais. Substância colorante Nome AMCA Aminometilcoumarin- 321 Comprimento de onda nm (Extinção/Emissão) 350/450 SAP – → amilóide P sérico. saponinas – glicosídios de origem vegetal que produzem soluções de água fortemente espumosas (similar ao sabão). São utilizadas como aditivo para clarear e emulsificar preparações. Devido a seus efeitos imunoadjuvantes e à habilidade de estimular células B, foram utilizadas no passado para aumentar a imunoreatividade de algumas vacinas. Esta atividade é, entretanto, questionável, desde que muitas delas são tóxicas e induzem lise celular (em particular de eritrócitos) por um mecanismo similar àquele do complemento ativado. saposinas – família de proteínas que se liga a lipídios. Interagem com lipídios de membrana e ativam enzimas que degradam lipídios, tais como glicosilceramidase e esfingomielinases. Isto leva a um aumento na concentração de ceramida intracelular, a qual está envolvida na indução de → apoptose ao iniciar a → cascata da caspase. Um membro das saponinas é a → granulisina, que é um importante fator citotóxico de → CTL. sarcoidose – doença granulomatosa sistêmica que afeta linfonodos, pulmões, olhos e pele. Sintomas pulmonares ocorrem em mais de 90% dos pacientes. É uma reação de hipersensibilidade granulomatosa com um curso similar àquele da tuberculose ou infecções por fungos. Sua etiologia permanece desconhecida. Contagens reduzidas de linfócitos T circulantes e defeitos em reações de hipersensibilidade retardada são de importância diagnóstica, considerando que a produção de imunoglobulina está aumentada, resultando em hipergamaglobulinemia policlonal. Lesões teciduais contêm células inflamatórias e granulomas com macrófagos ativados, células epitelióides e células gigantes multicelulares. sarcoma de Kaposi – sarcoma de células fusiformes misturadas com tecido angiomatoso. É um acompanhante razoavelmente freqüente em infecção pelo HIV causando AIDS ou imunossupressão prolongada. SCF (fator de célula tronco) – fator (de crescimento) para células tronco também chamado → c-kit-ligante, já que serve como ligante para 322 a família dos receptores de tirosina-quinase codificados por protooncogene c-kit. A ligação de SCF a c-kit ativa a tirosina-quinase deste receptor e resulta em estimulação de proliferação de precursores de células B precoces. Este fator participa também na estimulação da proliferação de outras células tronco hematopoéticas. SCH – → síndrome de Chédiak-Higashi. SCID – → imunodeficiência combinada grave. scrapie – encefalopatia espongiforme de carneiros e cabras causada por → príons. SCT – → síndrome do choque tóxico. Sefadex (Sephadex) – termo comercial para se referir a um gel de dextran usado em cromatografia de gel filtração, em particular com o objetivo de isolar diversas proteínas. Sefarose (Sepharose) – termo que se refere a uma forma de agarose utilizada principalmente para a preparação de imunoadsorventes para cromatografia de imunoafinidade (→ cromatografia). segmento D do gene – (segmento de diversidade do gene); parte do gene para a cadeia pesada da imunoglobulina (H). Codifica parte da região hipervariável do domínio VH e está localizado entre os segmentos VH e JH (→ genes codificando imunoglobulinas). segmento J do gene – segmento codificando a região de junção entre os domínios constantes e variáveis nas cadeias leves ou pesadas de imunoglobulinas (→ genes codificando para imunoglobulinas). seleção clonal – a base fundamental da ativação de linfócitos na qual antígenos seletivamente estimulam apenas aqueles linfócitos que expressam receptores apropriados para ele, os quais se dividem e se diferenciam. Apenas uma pequena população de linfócitos é ativada por este mecanismo, enquanto que a grande maioria deles permanece em seu estado inativo. Geralmente é o processo pelo qual um ou 323 mais clones, isto é, células expressando uma sequência particular de genes, são selecionados de uma população mista por processos que ocorrem naturalmente. selectina P – → selectinas. selectinas – família de glicoproteínas de moléculas de aderência de leucócitos com três membros: selectina L (CD62L, nome anterior MEL-14), selectina P (CD62P, nome anterior PADGEM), e selectina E (CD62E, nome anterior ELAM-1). Os nomes foram derivados do tipo de células na superfície das quais a respectiva selectina ocorre: selectina L em leucócitos, selectina P em plaquetas e, na indução de citocinas, também em células epiteliais, e selectina E em células endoteliais. Suas moléculas têm um domínio lecitina N-terminal através do qual podem se combinar com ligantes específicos (Fig. 80). Estes são determinados sacarídeos em moléculas de adesão similares à mucina. Este é o princípio subjacente a suas funções biológicas, já que interações lecitina-sacarídeo deste tipo (lecitinas)→ estão envolvidas principalmente na ligação de leucócitos ao endotélio vascular e subseqüentemente em sua migração de vênulas pós-capilares a tecidos inflamados (→ inflamação). selênio (Se) – elemento essencial para a manutenção do estado de oxidação-redução normal de cada célula, ótima função imune e prevenção de malignidade. Em muitas partes da Europa a ingestão de Se é baixa, apenas 30-40 µg/dia, a qual é insuficiente porque a dose recomendada é no mínimo duas vezes mais elevada. Uma ingestão de Se de até 450 µg/dia é considerada segura, embora ingestão dietética excedendo 900 µg/dia seja tóxica. Os alimentos contêm formas orgânicas de Se tais como selenometionina e selenocisteína em diversas proteínas ou formas inorgânicas como selenita. Formas orgânicas parecem ser reutilizadas pelo organismo mais eficientemente que formas inorgânicas. A maior parte do Se presente nos tecidos e sangue é incorporado em selenoproteínas e a maioria delas (e.g. glutationa peroxidase) parece catalisar reações de óxido-redução. Imunologicamente, a habilidade de selenoproteínas de proteger o hospedeiro de estresse oxidativo é vitalmente importante, desde que muitos sistemas de defesa do hospedeiro contam com os efeitos mi324 rmação de tumores. Fig 80.eSeletinas seus ligantes. receptores de seletina são expressos em expressos 70. Selectinas seus eligantes. OsOsreceptores de selectina são diferentes tipos de células, e o exemplo para os seus ligantes está indicado. HEV vênulase com quantidade de os moléculas adesão endoteliais, rentes tipos– pequenas de células, o grande exemplo para seusdeligantes está indicado. H EGF – Fator de crescimento da epiderme, CCP – Proteína de controle do complemento, – Ligante glicoproteína P-Seletina para P Seletina. equenas vênulas comPSGL grande quantidade de moléculas de adesão endoteli F – Fator de crescimento da epiderme, CCP – Proteína de controle crobicidas de espécies de radicais livres gerados por para macrófagos ou mplemento, PSGL – Ligante glicoproteína P-Selectina P Selectina. neutrófilos. Inflamação como um processo para remover infecções e tecidos danificados gera também grande estresse oxidativo. Se sistemas antioxidantes não estão funcionando corretamente, as células do hospedeiro serão danificadas. Deficiência de Se deprime a efetividade do sistema imune de uma forma geral. O mais importante é a redução da produção de anticorpos, quimiotaxia de neutrófilos, atividade de neutrófilos e macrófagos, incluindo atividade candidicida, bem como diminuição do número de células T citotóxicas. Por outro lado, a contagem de células T auxiliares bem como agregação de plaquetas e síntese de leucotrienos está aumentada. Isto significa que deficiência de Se causa principalmente perturbação da imunidade celular. Seu decréscimo relacionado com a idade pode ser parcialmente revertido com a suplementação com Se. Suplementação dietética de Se mantém-se como promessa no tratamento de condições inflamatórias e na proteção de carcinogênese. Deficiência de Se pode prejudicar a resposta imune do hospedeiro, aumentando portanto, o risco de doenças como infecções bacterianas e virais, 325 certos tipos de cânceres (cânceres de pele, gastrointestinal, próstata e de pulmão), doenças das coronárias (aterosclerose) e doenças alérgicas (asma atópica). semi-hapteno – um → hapteno simples (inibidor) que não reage com anticorpo específico e, portanto, não ocasionando uma reação de precipitação visível. Pode ser demonstrado apenas indiretamente com base na inibição da reação antígeno-anticorpo ou reação de anticorpo com hapteno completo, do qual o semi-hapteno se deriva. separador de células ativado por fluorescência – → FACS (fluorescence-activated cell sorter). sepsis – séria condição patológica na qual microorganismos patogênicos (ou suas toxinas) saem de seu foco inicial indo para a circulação e contaminando o organismo inteiro. Sua conseqüência é freqüentemente fatal. Infecções do sangue com bactérias Gram-negativas, das quais grandes quantidades de endotoxina (LPS) são liberadas, resultam em → choque séptico. serotonina – 5-hidroxitriptamina, uma amina biogênica formada por descarboxilação e hidroxilação do aminoácido triptofano. É encontrada em mastócitos de roedores e plaquetas humanas, bem como no trato digestivo e sistema nervoso central. Participa em reações anafiláticas em roedores, mas não no homem. Induz contrações da musculatura lisa, aumentando a permeabilidade de pequenos vasos enquanto que induz vasoconstrição em grandes vasos. serpinas – inibidores de serino-proteases, tais como C1 inibidor, α1-antitripsina, anti-trombina. SFC – → síndrome da fadiga crônica. SIDA – → síndrome da imunodeficiência adquirida silicose – condição de doença crônica que se desenvolve após inalação durante longo tempo de partículas de sílica e que progride também após a poeira de sílica ter sido eliminada do ambiente no qual o in326 divíduo vive ou trabalha. Macrófagos pulmonares engolfam as partículas de poeira, mas são incapazes de eliminá-las do organismo, o que resulta em sua ativação contínua, com excessiva produção de IL1 e outras citocinas. Uma inflamação crônica resulta, com proliferação de tecido conjuntivo substituindo o tecido pulmonar normal. simbióticos- → probióticos. síndrome antifosfolipídica (SAF) – síndrome antifosfolipídica é definida pela presença de tromboses recorrentes venosas, arteriais ou ambas, abortamentos de repetição e anticorpos antifosfolípides (anticoagulante lúpico e níveis elevados de anticorpos anticardiolipina – aCL é o mais comum). Não há sinais clínico-laboratoriais típicos de qualquer outra doença na forma da doença identificada como SAF primária. A SAF secundária é associada com outras doenças, mais freqüentemente LES, doenças inflamatórias reumáticas, doenças auto-imunes, neoplasias, uso de algumas drogas e infecções. síndrome da fadiga crônica – SFC, doença caracterizada por fadiga persistente (isolada) idiopática, com início definido com exatidão, a qual não cessa após repouso. Causa importantes restrições às atividades de vida do paciente comparando-se ao período anterior, não sendo proporcional ao esforço físico despendido. A causa permanece desconhecida, mas tem sido sugerido que infecção (em particular de etiologia viral), defeito primário no sistema imune, distúrbio no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, ou fatores neuropsiquiátricos possam ter participação. Anormalidades têm sido detectadas em parâmetros imunes como contagem e função de linfócitos, em particular de células NK, elevação dos níveis de algumas citocinas e presença de autoanticorpos detectáveis por imunofluorescência no teste do fator antinuclear. Não existe teste laboratorial que possa ser considerado como específico para SFC. Acima de tudo, infecção e razões neurológicas e psiquiátricas devem ser excluídas, além da investigação de parâmetros imunes. O diagnóstico de SFC como uma entidade nosológica específica é muito difícil, e a síndrome da fadiga crônica pode ser confundida com outras condições clínicas que cursam com fadiga crônica, como a síndrome fibromiálgica (fibromialgia) ou a doença dos soldados que retornaram da Guerra do Golfo em 1990. 327 síndrome da hiperglobulinemia E (HIE) – doença hereditária autossômica recessiva rara na qual o indivíduo afetado mostra altos níveis de IgE sérica, excedendo 3.000 IU/mL. Está associada a abscessos recorrentes de pele, seios paranasais, pulmões, olhos e ouvidos. “Abscessos frios” da pele causados por Staphylococcus aureus e Candida albicans são típicos. A causa básica é a imunodeficiência primária de fagocitose devida à deficiente atividade das enzimas glutationaredutase e glicose-6-fosfato desidrogenase. Anticorpos IgG contra IgE são também produzidos, e seus complexos na ligação a fagócitos mononucleares induzem liberação de citocinas que estimulam a reabsorção de cálcio ósseo. A decorrência disto é osteoporose com o desenvolvimento de fraturas. Pacientes com HIE têm redução da resposta de anticorpo a vacinas e antígenos do complexo maior de histocompatibilidade, bem como redução das contagens de linfócitos CD8+ no sangue periférico. A doença se estabelece em crianças e é também chamada de síndrome de Jó – numa menção a Jó, personagem bíblico, que provavelmente foi afetado por esta enfermidade. Também afeta pessoas mais idosas e é considerada como uma síndrome geriátrica típica. síndrome da hiperglobulinemia M– uma dentre as imunodeficiências primárias que afetam a produção de anticorpos. Níveis séricos do anticorpo IgM são normais ou elevados, mas níveis de IgG e IgA estão marcadamente reduzidos, ou mesmo indetectáveis. Pacientes com esta síndrome sofrem de infecções recorrentes, podendo desenvolver neoplasias tão precocemente quanto na infância. É transmitida via cromossomo X ou como uma condição autossômica dominante. síndrome da imunodeficiência adquirida – doença infecciosa causada pelo retrovírus HIV (human immunodeficiency virus). Há dois genótipos deste vírus: HIV-1 e HIV-2. Ambas causam sérios defeitos no sistema imune. A pandemia atual de síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) é principalmente causada pelo HIV-1, mais patogênico. A SIDA é transmitida tanto por contato homossexual quanto heterossexual, assim como por transfusão de sangue ou produtos sanguíneos infectados, e pelo uso intravenoso de drogas, agulhas infectadas, transplante de órgãos e tecidos de doadores infectados, e 328 por parte de mães doentes a seus filhos após o parto e/ou pela amamentação. Células infectadas pelo HIV carregam o antígeno de diferenciação CD4 na sua superfície (em particular linfócitos T auxiliares e macrófagos). Sintomas inespecíficos aparecem após a infecção: aumento da temperatura corporal, tonturas, sudorese, artralgia, cefaléia e dores musculares, diarréia, aumento de linfonodos, podendo ocorrer também problemas neurológicos. Os achados clínicos podem incluir artrite, síndrome de Reiter, artrite psoriásica e doença articular idiopática, miosite, poliomiosite, vasculites e doença semelhante à síndrome de Sjögren com xerostomia e xeroftalmia. Os sintomas permanecem por alguns dias até duas semanas. A maioria dos indivíduos infectados pode não os desenvolver e este período passa como assintomático. Cerca de duas semanas após a infecção, antígenos virais (p24, gp41) aparecem no sangue das pessoas infectadas, desaparecendo algum tempo mais tarde, anticorpos contra alguns antígenos do HIV (anti-p24 e anti-gp41) podem ser detectados no sangue, sendo os marcadores diagnósticos da infecção e, ao mesmo tempo, de seu estado latente sem sintomas clínicos. Este estágio pode durar até 12 anos, e termina com a reativação da doença, que leva à morte em 6 a 30 meses. O quadro de reativação inclui redução da concentração de anticorpos contra antígenos do HIV (anti-p24) e reaparição destes antígenos no sangue. Este fenômeno é denominado soroconversão (Fig. 9). A contagem de linfócitos T auxiliares no sangue periférico cai também. Uma queda abaixo de 0,2x109 é considerada sinal de SIDA severa, mesmo se os sintomas ainda não se desenvolveram. As manifestações mais freqüentes incluem infecções causadas por microorganismos não patogênicos em circunstâncias normais (pneumonia causada por Pneumocystis carinii em até 50% dos pacientes) e alguns tumores que se desenvolvem rapidamente (sarcoma de Kaposi em cerca de um terço dos indivíduos afetados). Demência e alterações de funções psicomotoras desenvolvem-se em cerca de dois terços dos pacientes, provavelmente decorrentes de infecção direta pelo HIV nas células gliais do cérebro. Alguns pacientes não desenvolvem um quadro típico de SIDA após infecção pelo HIV; desenvolvem, ao invés disto, uma série de manifestações que caracterizam o chamado Complexo Relacionado à SIDA (em inglês, AIDS Related Complex – ARC), desacompanhado de infecções e tumores. ARC pode, no entanto evoluir para um quadro clínico de 329 SIDA. O diagnóstico de SIDA é baseado em testes sorológicos e imunológicos (determinação da contagem de linfócitos CD4+ e/ou da relação CD4+/CD8+ no sangue periférico), no quadro clínico e história do paciente. O tratamento disponível, até o momento, tem sido parcialmente efetivo, porém com o mérito de ter transformado a SIDA numa doença crônica. O princípio é a inibição da proliferação do HIV em células infectadas com medicamentos como azidotimidina e zidovudina, estendendo assim os períodos sem sintomatologia clínica. Cura completa ainda não pode ser obtida. síndrome de Chediak-Higashi – (SCH), doença autossômica recessiva rara caracterizada por albinismo óculo-cutâneo parcial com fotofobia, neuropatia periférica, neutropenia, gengivite, infecções piogênicas recorrentes e neoplasias freqüentes, desenvolvendo-se tão precocemente como na infância. Os neutrófilos contêm grânulos azurófilos gigantes (marcador diagnóstico típico observado na microscopia eletrônica), que liberam lentamente substâncias antimicrobianas neles contidas, resultando num retardamento da morte das bactérias fagocitadas. Além disto, os neutrófilos mostram também deficiência na quimiotaxia e redução da atividade de algumas enzimas lisossomais. Defeitos no aparelho lisossomal e do citoesqueleto não são encontrados apenas em neutrófilos, mas também em outras células humanas. Imagina-se que se deva ao gene LYST defeituoso, cujo produto tem a função de regulador intracelular do movimento do lisossomo. Pacientes com SCH têm também redução da atividade NK. Como não se conhece terapêutica dirigida à causa, a condição tem um prognóstico ruim. Devido a infecções não tratáveis ou complicações associadas (mais freqüentemente síndrome similar a linfoma), os indivíduos afetados apenas raramente atingem a idade adulta. “Camundongos beges” mostrando a mesma anormalidade, incluindo o gene LYST defeituoso, e servem como um modelo animal para SCH. Gatos, animais bovinos, e martas também sofrem de uma doença similar. síndrome de DiGeorge – imunodeficiência primária, geneticamente determinada, associada com timo insuficientemente desenvolvido ou ausente, ausência de glândulas paratireóideos e malformações faciais (orelha, mandíbula e lábio superior). Devido à função insu330 ficiente das glândulas paratireóides hipocalcemia aguda com manifestações tetânicas desenvolve-se nas crianças afetadas, tão cedo quanto na primeira semana de vida. Se não for administrada terapia adequada, uma séria imunodeficiência desenvolve-se dentro de vários meses, manifestando-se como infecções recorrentes, evocadas principalmente por germes oportunistas. A causa fundamental é afuncionalidade de linfócitos T, cujas contagens na circulação são, no entanto normais. Como falta seu estágio de maturação no timo, os linfócitos T são incapazes de reconhecer antígenos ou responder à estimulação mitogênica. Como regra, a função dos linfócitos B e os níveis de imunoglobulinas são normais. Anticorpos específicos, entretanto, estão ausentes, desde que os funcionalmente insuficientes linfócitos T auxiliares são incapazes de transmitir as informações necessárias aos linfócitos B. A terapia possível inclui transplante de timo fetal ou administração de hormônios tímicos e preparações de imunoglobulinas. O prognóstico é, contudo, desfavorável. síndrome de Down – é causada por trissomia do cromossomo 21, manifestada por retardo mental, distúrbios imunes e anormalidades cardíacas congênitas. A área do locus cromossômico 21q22 contém genes para proteínas importantes para o sistema imune e nervoso (CuZn-superóxido dismutase, cadeia β de integrinas leucoadesivas, receptores de interferon, etc.). Sua expressão aumentada participa na desorganização tímica e maturação anormal de linfócitos T, resultando em sua função deficiente e aumento da suscetibilidade a infecções, com freqüência mais elevada de neoplasias e doenças auto-imunes que aquela vista na população normal. síndrome de Felty – tipo de artrite reumatóide associada com esplenomegalia e granulocitopenia. Os pacientes sofrem também de infecções bacterianas e úlceras que não cicatrizam nas extremidades inferiores. síndrome de Goodpasture – doença auto-imune causada por anticorpos contra a membrana basal dos glomérulos e/ou alvéolos, ou contra o domínio não colágeno da molécula de colágeno tipo IV. Como resultado, desenvolve-se vasculite progressiva, afetando principalmente pequenos vasos, causando hemorragia pulmonar e glo331 merulonefrite aguda membrano-proliferativa com morte rápida do indivíduo afetado. síndrome de Jó – → síndrome de hiper-IgE. síndrome de Nezelof – sua causa básica é hipoplasia tímica, levando à falta de um compartimento onde linfócitos T possam aprender a desenvolver corretamente suas atividades típicas, o que resulta em defeitos severos da imunidade mediada por células T. Ela se assemelha à → síndrome de DiGeorge. É diferente desta última, entretanto, pela inexistência de hipoparatireoidismo e pelo fato de vasos miocárdicos não serem afetados. síndrome de Sjögren – doença auto-imune crônica que afeta principalmente glândulas exócrinas (salivar e lacrimais). Linfócitos infiltram o componente funcional do epitélio, resultando numa redução da secreção exócrina. Secura de membranas mucosas é, portanto, típica, particularmente na cavidade oral e conjuntivas. A síndrome tem duas formas, primária e secundária. A forma secundária é associada com outras doenças auto-imunes, mais freqüentemente artrite reumatóide, LES ou cirrose biliar primária. A presença de anticorpos contra antígenos de ribonucleoproteínas pequenas Ro/SSA e La/SSB é de importância diagnóstica. Associação positiva tem sido estabelecida entre HLA-DR3 e SS primária (sem outra doença auto-imune associada), bem como entre HLA-DR4 e SS secundária associada a artrite reumatóide. Cerca de 90% dos pacientes são mulheres com 40 – 60 anos de idade. síndrome de Wiskott-Aldrich – imunodeficiência hereditária recessiva ligada ao cromossomo X. Os meninos afetados mostram redução da imunidade mediada por células T, reações de hipersensibilidade retardada e produção de anticorpos contra antígenos polissacarídicos. Contagens periféricas de linfócitos B são normais. Níveis séricos de IgM são marcadamente reduzidos, enquanto níveis de IgA e IgE são elevados e níveis de IgG são usualmente normais. Manifesta-se durante o primeiro ano de vida como trombocitopenia severa que resulta em sangramentos, infecções recorrentes e eczema. Falta sialoforina (CD34) na superfície dos linfócitos, uma glicoproteína de 332 membrana envolvida em processos de ativação e regulatórios. A doença freqüentemente resulta em neoplasias malignas, em particular do sistema linfóide, e tumores epiteliais. A condição dos pacientes pode ser melhorada por transplante de medula óssea. O prognóstico geral, entretanto, não é favorável. síndrome do choque tóxico (SCT) – é causada por toxina bacteriana produzida por Staphylococcus aureus, que atua como → superantígeno (TSCT –1 – Toxina da Síndrome do Choque Tóxico). Suas manifestações incluem febre, dor articular e erupção cutânea acompanhada de edema das mãos, conjuntivite e edema facial. Durante o segundo estágio da síndrome desenvolvem-se úlceras na cavidade oral e ocorre descamação da pele, em particular de mãos e pés. A TSCT-1 transita em vários órgãos e os sintomas podem ser, portanto diversificados, incluindo hipotensão, artralgia, náusea, vômito, sintomas neurológicos, até sofrimento respiratório tipo SARA em adultos. Os sintomas podem ser algumas vezes leves, assemelhandose àqueles de influenza (resfriado comum). síndrome do leucócito preguiçoso – nome antigo para condições semelhantes não-identificadas, associadas com quimiotaxia leucocitária insuficiente e que se manifestam por aumento de suscetibilidade a infecções bacterianas. Algumas causas para a esta redução da quimiotaxia já são conhecidas e a terminologia correspondente tornouse mais precisa (por ex., síndrome DAL). síndrome do linfócito nu – imunodeficiência primária autossômica recessiva, cujo princípio básico é uma redução marcada até a falta completa de antígenos HLA de classe I ou II, ou ambos, na superfície dos linfócitos, levando células imunocompetentes a cooperar insuficiente ou incorretamente. Como resultado, desenvolve-se uma elevada susceptibilidade a vários agentes infecciosos. Pacientes com esta síndrome sofrem infecções oportunísticas e recorrentes, diarréia crônica e anemia aplástica. Além disto, a contagem de linfócitos T (principalmente células CD4+) está usualmente reduzida, a contagem de linfócitos B é normal ou levemente aumentada, e níveis de imunoglobulinas bem como respostas imunes específicas estão reduzidos. 333 síndrome nefrítica – complexo clínico cujo início é caracterizado por hematúria, com eritrócitos e cilindros hemáticos na urina, oligúria (eliminação reduzida de urina), azotemia (níveis sangüíneos elevados de compostos do nitrogênio) e hipertensão. Proteinúria limitada pode também ocorrer. A causa subjacente é reação inflamatória nos glomérulos que causa dano às paredes vasculares, possibilitando aos eritrócitos alcançar a urina. síndrome nefrótica – complexo clínico manifestado por proteinúria maciça (perda urinária maior que 3,5g de proteínas diariamente), edema generalizado, hipoalbuminemia, hiperlipidemia e lipidúria. Alguns pacientes desenvolvem deficiência severa de IgG devido à perda urinária e hipercatabolismo. Componentes de baixo peso molecular do complemento podem também ser perdidos na urina, contribuindo para o defeito de fagocitose secundário à deficiência de opsonina. Há uma variedade de motivos causando síndrome nefrótica, como LES, amiloidose, trombose de veias renais, glomerulonefrite (GN) membranosa, GN crônica, em indivíduos em terapêutica com metais pesados e ouro, insuficiência cardíaca severa de longa duração, infecções como lues e malária, e doença de Hodgkin. Quase sempre, no entanto, seu princípio é reação imunopatológica com a participação de complexos imunes (→ glomerulonefrite). síndromes de superposição– combinação de características clínicas e laboratoriais de mais de uma doença reumática ou auto-imune, presente no mesmo paciente e freqüentemente definida por testes sorológicos específicos. As síndromes de superposição incluem mais freqüentemente polimiosite, dermatomiosite e esclerose sistêmica com síndrome de Sjögren, e, menos freqüentemente, artrite reumatóide e lupus eritematoso sistêmico. Manifestam-se clinicamente como fenômeno de Raynaud, artralgia, artrite, miosite, serosite e pneumopatia intersticial. singeneico – que se relaciona a ou caracterizado por identidade genética entre indivíduos da mesma espécie biológica, usualmente entre membros de linhagens endogâmicas de animais. É utilizado para se referir ao relacionamento entre estes dois membros da espécie após transplante de tecido ou órgão, um deles sendo o doador e o outro o receptor. 334 sintetase do óxido nítrico – → NO sintetase. sistema ABO (H) – O sistema genético mais importante dos antígenos eritrocitários. Consta de quatro grupos fenotípicos maiores: A, B, AB e O, determinados por três alelos (H, A e B) que podem formar diversas variantes adicionais (por exemplo A1, A2, etc.). A base é o antígeno H (glicoproteína), presente nas pessoas de grupo sanguíneo O. Se o monossacarídeo N-actil-galactosamina é adicionado ao antígeno H, o antígeno A é formado, caracterizando o grupo sangüíneo A. Similarmente, a adição de D-galactose ao antígeno H gera o grupo sangüíneo B. Pessoas com o grupo sangüíneo AB carregam os dois antígenos, A e B. O sistema ABO é muito importante nas transfusões sanguíneas e nos transplantes de órgãos, uma vez que anticorpos contra antígenos do sistema ABO podem ser detectados no soro dos receptores. sistema do complemento – → complemento. sistema imune – (SI) órgão difuso que é composto por vários tecidos, células e moléculas. É parte do supersistema neuro-endócrino-imune, o qual proporciona a recepção e processamento de toda a informação necessária para humanos e outros organismos superiores manterem-se vivos. O SI é baseado em tecido linfático concentrado em órgãos linfóides ou existindo na forma de células livres (→ linfócitos, → leucócitos). Órgãos linfóides são centrais (primários) e periféricos (secundários). Além de linfócitos, as células do SI mais importantes incluem → células apresentadoras de antígeno, → fagócitos (macrófagos e neutrófilos em particular), e algumas outras. As principais moléculas participando em reações do SI incluem → anticorpos (→ imunoglobulinas), componentes e fatores do sistema do complemento (→ complemento), vários → imunohormônios, → citocinas, e outras substâncias imunorregulatórias, numerosos receptores na superfície de células imunologicamente ativas, tais como → receptores de antígenos, → receptores de imunoaderência, → receptores Fc, etc. A principal função do SI é reunir informação dos ambientes externo e interno para processá-la logicamente e responder através da chamada → resposta imune. Como resultado, uma reação adaptativa de defesa ocorre (indução de imunidade). Algumas vezes, 335 entretanto, também imunidade aos tecidos do próprio organismo, células e suas estruturas pode ocorrer, com resposta dita auto-imune e ocorrendo imunopatologia aberrante (→ imunopatologia). Neste aspecto o SI se assemelha ao sistema neuroendócrino, com o qual é ligado de duas maneiras num único sistema de superinformação que representa condição crucial para a existência de todos os organismos superiores. A característica do SI mais significante é sua habilidade para reconhecer estruturas moleculares próprias e diferenciá-las de estruturas não próprias (→ antígeno). Sob condições fisiológicas o SI tolera antígenos próprios e totalmente funcionais, inativando e decompondo aqueles não próprios no processo de resposta imune a células estranhas (na superfície de microorganismos ou células transplantadas). Esta última resposta pode ocorrer também contra células próprias, mas funcionalmente prejudicadas (transformadas por tumor ou vírus). sistema mieloperoxidase –sistema antimicrobiano e citotóxico mais efetivo dos leucócitos. Contém → mieloperoxidase, peróxido de hidrogênio e cofator oxidável como componentes e age de duas formas: 1. MPO + H2O2 + CL– 2. MPO + H2O2 + I– Compostos clorosos até o cloro livre formam-se sob a ação da primeira reação, sendo agentes tóxicos diretos. Para as células-alvo os compostos clorosos são até mil vezes mais tóxicos que peróxido de hidrogênio. O resultado da atividade da segunda forma é a ação de iodo livre que se liga a proteínas da célula-alvo, destruindo assim suas atividades biológicas. sistema principal de histocompatibilidade – complexo de genes que codifica antígenos de transplantes. Se há diferenças entre doador e receptor quanto a estes antígenos, pele, outros tecidos e órgãos sofrem rejeição após o transplante por rejeição aguda dentro de três semanas. Devido à sua complexidade e polimorfismo, este sistema é mais freqüentemente referido como um “complexo” (→ complexo principal de histocompatibilidade), MHC. Além do MHC, toda espécie animal apresenta também diversos sistemas de genes codificando antígenos H fracos (mH, histocompatibilidade menor). 336 Diferenças em antígenos fracos entre doador e receptor originam rejeição do enxerto mais tarde que após três semanas, ou não levam à rejeição (tolerância ao enxerto). sistema reticuloendotelial – → SRE. sistema Rh – grupo de antígenos na superfície de eritrócitos humanos e de macacos Rhesus (portanto, Rh). São codificados por genes localizados no cromossomo 1 que contêm no mínimo três pares de alelos: Dd, Cc e Ee. O mais importante, do ponto de vista clínico, é o antígeno D. Indivíduos em que há sua falta (RhD-) e que recebem transfusão sangüínea contendo eritrócitos que carregam RhD+ podem produzir anticorpos dirigidos contra eles. Na transfusão subseqüente de sangue RhD+, anticorpos anti-RhD podem induzir reações transfusionais severas. Em mulheres grávidas RhD- que carregam um feto com eritrócitos RhD+ (antígeno RhD herdado do pai), eritrócitos fetais que atingem a circulação materna (e.g. durante o parto ou em amniocentese) podem induzir a formação de anticorpos anti-RhD. Durante gestações subseqüentes estes aloanticorpos induzem doença hemolítica do recém-nascido. Diferente de aloanticorpos contra antígenos do grupo sangüíneo ABO, anticorpos anti-Rh não aglutinam eritrócitos Rh-positivos, uma técnica especial tem, portanto, sido utilizada para fornecer evidência de sua presença (→ teste de Coombs). sistema sacarídeo-lecitina – grupo de receptores de lecitina (→ lecitinas) na superfície de um tipo celular e seus ligantes (mono-, di, e trissacarídeos) na superfície de outras células, ou moléculas de glicoproteínas. Suas interações mútuas são específicas e se admite que sejam a base do sistema morfogenético de animais inferiores que representam o ancestral do sistema de histocompatibilidade. O sistema sacarídeo-lecitina participa em reações de aderência específicas e transferência de informações entre as células, bem como na renovação biológica de glicoproteínas e glicolipídios. sítio de combinação do antígeno das imunoglobulinas – espaço confinado limitado pelas regiões hipervariáveis de uma cadeia pesada e uma cadeia leve. Este é o local onde o determinante antigênico 337 (epitopo) é especificamente ligado e é, conseqüentemente, também chamado de paratopo. SIV (vírus da imunodeficiência símia) – um lentivírus de primatas, homólogo com → HIV e que causa → SAIDS. SOD – → superóxido dismutase. soro antilinfocitário (SAL) – soro preparado imunizando-se uma espécie (coelho ou cavalo, por exemplo) com linfócitos de outra espécie (humanos, por exemplo). Quando administrados, anticorpos deste soro ligam-se aos linfócitos receptores, induzindo desta forma imunossupressão. SAL era administrado inicialmente a pacientes transplantados para prevenir rejeição. Anticorpos monoclonais contra alguns antígenos de diferenciação nos linfócitos T, bem como agentes imunossupressores modernos, são utilizados atualmente com este objetivo. soro hiperimune – soro preparado a partir de animais que receberam injeções repetidas de um antígeno específico. Contém concentrações (títulos) muito altas de anticorpos policlonais contra aquele antígeno. soro imune – → anti-soro. soroconversão – ocorrência de anticorpos específicos no soro de um indivíduo que era previamente negativo. O termo é utilizado freqüentemente para se referir a anticorpos que aparecem contra alguns antígenos virais tais como HBsAg ou HBeAg do vírus da hepatite B, ou relativo ao HIV → antígenos (Fig. 9). sorologia – lida com o estudo de reações in vitro de anticorpos presentes no soro sangüíneo com antígenos (→ métodos sorológicos). southern blotting – é utilizado para a identificação de determinados segmentos da cadeia polinucleotídica da molécula de DNA. DNA é primeiramente extraído da célula, dividido em fragmentos por endonucleases de restrição, sendo os fragmentos submetidos à eletroforese em gel de agarose para separar, e, subseqüentemente, serem 338 transferidos para uma membrana de nitrocelulose. Hibridização com uma sonda marcada com radionucleotídeo (seqüência conhecida de polinucleotídeos) mostra então se tal seqüência específica está presente em alguns dos fragmentos obtidos ou não. Se tal seqüência é típica de um determinado gene, sua presença no DNA isolado pode assim ser demonstrada e, além disto, pode ser usada para isolar e amplificar o gene utilizando o → método da PCR. splicing – processo pelo qual introns (seqüências intervenientes) são removidos de hnRNA (RNA nuclear heterogêneo) para produzir mRNA (RNA mensageiro) maduro, que contém apenas exons (seqüências codificadoras de proteínas). SRE – sistema reticuloendotelial, termo raramente utilizado na atualidade para o sistema fagocítico do organismo. O termo foi cunhado por Aschoff, que o utilizou para incluir células com base em sua habilidade de fagocitar microorganismos e outras partículas e reter corantes vitais. A denominação tem sido substituída pelo termo → sistema mononuclear fagocítico. SRS-A (substância de reação lenta da anafilaxia) – mistura de LTC4, LTD4 e LTE4 (→ leucotrienos) que induzem lentas contrações dos músculos lisos dos brônquios e contribuindo assim de forma importante para os sintomas de asma brônquica. STAT (transdutor de sinal e ativador de transcrição) – família de → fatores de transcrição que cooperam com → JAK ou outras tirosinoquinases de proteínas na transdução de sinais dos receptores celulares ao núcleo (e.g. após a ligação de citocinas). Isto dispara a transcrição de diferentes genes envolvidos principalmente em respostas imunes e inflamatórias. subclasses de imunoglobulinas – variantes de imunoglobulina com determinantes antigênicos característicos no domínio constante das cadeias pesadas. Quatro subclasses na classe IgG (IgG1, IgG2, IgG3, IgG4) e duas subclasses na classe IgA (IgA1 e IgA2) são conhecidas para as imunoglobulinas humanas. São de importante determinação laboratorial na suspeita de imunodeficiências. 339 substância P – neuropeptídeo sensorial que contém 11 resíduos de aminoácidos. É encontrado principalmente no sistema nervoso de vertebrados. No SNC pode desempenhar função semelhante àquela de neurotransmissores, enquanto que em nervos periféricos e outros tecidos desempenha o papel de um hormônio local (taquicinina). Tem ação hipotensora e vasodilatadora e pode induzir contração de músculo liso. Além disto, afeta também diversos mecanismos imunes, incluindo estimulação da fagocitose por fagócitos profissionais por um mecanismo similar ao da → tuftsina, estimulação da produção de citocinas inflamatórias de alarme (TNF, IL-1, IL-6) e prostaglandinas, e, em particular, pela linhagem de células mononucleares. Atua via receptores específicos e tem efeitos pró-inflamatórios, especialmente em doenças das vias aéreas (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica). sulfato de condroitina – polímeros repetidos de ácido glicurônico e resíduos de N-acetil glicosamina sulfatada com propriedades altamente hidrofílicas e aniônicas. É o maior componente da matriz extracelular e do tecido conjuntivo de animais, importante formador da estrutura da cartilagem articular. superanticorpos – grupo de anticorpos que, além de serem capazes de se combinar com antígenos, mostram também algumas ourtras atividades. Na maioria das vezes ligam-se a segmentos conservados (constantes) de domínios variáveis, e são capazes de se ligar também a nucleotídeos e superantígenos, envolvendo-se em interações mútuas e catalisando algumas reações químicas. De forma semelhante aos superantígenos das → células B, que são capazes de se combinar com vários anticorpos com especificidades diferentes, os superanticorpos são capazes de se combinar com uma variedade de ligantes em locais de sua molécula diferentes do sítio clássico de combinação com o antígeno. As atividades de superanticorpo podem estar envolvidas na imunidade protetora a infecções microbianas como parte das respostas imunes inatas, bem como em doenças auto-imunes aberrantes. superantígenos – em similaridade a antígenos normais, podem ser de dois tipos: timo-dependentes e timo-independentes. Sua caracterís340 DNA- Indução de Apoptose - Dissociação das cadeias- risco de transformação em uma célula maligna Fig 81. Superantígenos estimulam células-T inespecíficas para a produção excessiva de citocinas. Um tipo de superantígeno liga inespecificamente a cadeia Fig 73.β do Superantígenos células-T paraclasse a II produção TCR (receptor deestimulam antígeno da célula B) cominespecíficas a cadeia α do HLA na superfície de uma célula de antígeno Disso resulta quea cadeia excessiva de citocinas. Um tipoapresentadora de superantígeno liga(APC). inespecificamente até 25% de todos os clones da célula T auxiliar são ativadas para a produção de � do TCR (receptor célulado B)Choque com aTóxico. cadeia � do HLA classe II na citocinas. Podede ser antígeno induzida a da Síndrome superfície de uma célula apresentadora de antígeno (APC). Disso resulta que até 25% de todos os clones da célula T auxiliar são ativadas para a produção de tica comum é que estimulam, inespecificamente, clones de linfócitos citocinas. Pode serSuperantígenos induzida a Síndrome do Choqueque Tóxico. T e B. timo-dependentes não requerem pro- cessamento por células apresentadoras de antígeno ao mesmo tempo estimulam 5 a 25% de todos os clones de linfócitos T auxiliares presentes no organismo de um indivíduo ao ligar-se não especificamente à cadeia β de seu receptor de antígeno (→ TCR) e simultaneamente à → cadeia α de antígenos de classe II do MHC (Fig. 81). Como resultado desta ligação, grandes quantidades de citocinas são liberadas de linfócitos TH ativados, o que afeta desfavoravelmente o hospedeiro de duas maneiras: por toxicidade sistêmica e supressão de resposta imune específica. Superantígenos da célula T são produzidos por uma variedade de patógenos, incluindo bactérias, micoplasma e vírus. Eles podem ser divididos em duas classes: 1. Superantígenos bacterianos sendo proteínas solúveis, tais como en341 29 terotoxina estafilocócica ou toxina da síndrome do choque tóxico (TSCT). 2. Superantígenos virais, sendo proteínas de membrana produzidas por vírus endógenos. O segundo tipo é representado por Superantígenos da célula B (ou superantígenos T-independentes). Tal superantígeno T-independente típico é a → proteína A do estafilococo. Além de superantígenos de linfócito B exógenos, há também superantígenos de linfócito B endógenos que estimulam estas células a se expandir continuamente. Eles são representados por alguns segmentos constantes dos domínios variáveis de imunoglobulinas perfazendo o receptor de antígeno da célula B, o qual pode reagir inespecificamente com → moléculas CD5 presentes em sua vizinhança, induzindo assim sua transformação em células produtoras de anticorpo. Supõe-se que superantígenos desempenhem um papel importante na patogênese de algumas doenças neurodegenerativas (esclerose múltipla) e auto-imunes (artrite reumatóide, diabetes mellitus insulino-dependente e psoríase). superfamília de imunoglobulinas – grupo de moléculas de glicoproteínas que são codificadas por genes com homologia de evolução, isto é, com um ancestral comum. Os membros da superfamília de imunoglobulinas têm alguns segmentos de cadeias polipeptídicas em suas moléculas com estrutura espacial idêntica àquela da cadeia da imunoglobulina (→ domínios de imunoglobulinas). Três tipos de domínios espacialmente homólogos têm sido identificados nos membros da superfamília de Ig: variável (V), constante (C), e domínio H. Assim, mais de 40 membros da superfamília são conhecidos, cujas principais funções são reconhecimento (imunoglobulinas α β γ δ κ ι λ µ ε → receptores antigênicos em células T, antígenos de classe I e II do complexo de histocompatibilidade maior, antígenos de diferenciação CD2, CD3,CD4, CD8, receptores para os domínios Fc das imunoglobulinas – FcR), adesão (união) ou reguladores de interações celulares. Dentre as moléculas de adesão, tais membros são, por exemplo, ICAM-1 (CD54 – molécula de adesão intercelular), ICAM2 (CD102), VCAM-1 (CD106 – molécula de adesão da célula vascular), e PECAM-1 (CD31 – molécula de adesão plaqueta-célula endotelial). Além de moléculas de reconhecimento, também receptores para imunoglobulinas poliméricas (p-IgR) e aqueles para o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) têm função regulatória. 342 superóxido – radical aniônico livre formado na transferência de um elétron ao oxigênio molecular: O2 + e → O2• –. Esta transferência é operada por algumas enzimas, em particular NADPH oxidase de fagócitos profissionais e de algumas outras células (→ explosão respiratória). Superóxido origina → intermediários reativos do oxigênio adicionais, com efeitos antimicrobianos e citotóxicos. superóxido dismutase (SOD) – grupo de enzimas que catalisa a dismutação (transformação) do superóxido em peróxido de hidrogênio e oxigênio molecular. É de importância para a eliminação de superóxido que se forma em células aeróbicas. De acordo com o metal que contêm em sua molécula, três tipos são conhecidos: CuZn-SOD, Mn-SOD e Fe-SOD. TAP-1, TAP-2 (transportadores associados ao processamento antigênico) – são moléculas que ligam ATP e estão presentes na superfície do retículo endoplasmático das células. Formam um heterodímero envolvido no transporte de peptídeos curtos (formados por 8 ou 9 resíduos de aminoácidos) do citoplasma ao lúmen do retículo endoplasmático (Fig. 9). Estes peptídeos são gerados em proteossomas a partir de qualquer antígeno sintetizado endogenamente (intracelularmente) (e.g. viral). Tendo sido transportados pelo heterodímero TAP-1/TAP-2, eles se ligam no retículo endoplasmático a antígenos HLA de classe I em formação, sendo transportados à superfície celular, onde podem ser reconhecidos por um linfócito T citotóxico que destrói subseqüentemente a célula alvo na qual tal antígeno anormal (não-próprio) foi sintetizado. Taq polimerase – DNA polimerase termoestável isolada da bactéria termofílica Thermus aquaticus, com atividade ótima a 80ºC. Catalisa a reação em cadeia da polimerase (→ PCR) que possibilita sintetizar, em condições laboratoriais, enormes quantidades de cópias de um determinado gene ou outros segmentos da cadeia de DNA. taquicininas – grupo de neuropeptídeos sensoriais que compartilham uma seqüência N-terminal comum Phe-X-Gly-Leu-MetNH2, e existem em espécies de mamíferos e não-mamíferos. Três destes peptídeos: → substância P (SP), neurocinina A (NKA) e neurocinina B 343 (NKB) satisfazem em mamíferos os critérios para serem consideradas como neurotransmissores, tanto no sistema nervoso central, quanto periférico ou entérico. Todos contêm de 10 a 11 resíduos de aminoácidos e obtêm uma ampla variedade de respostas de neurônios, células do sistema imune, músculo liso, endotélio e glândulas exócrinas. Sua atividade é realizada através de três receptores diferentes: TK1 (o qual tem afinidade preferencial por SP), TK2 (atividade preferencial por NKA) e TK3 (atividade preferencial por NKB). Todos estes receptores pertencem à superfamília de receptores acoplados à proteína G. TCR – receptor de antígeno do linfócito T (→ linfócitos T, receptor de antígeno). TdT (deoxinucleotidil transferase terminal) – enzima que liga mononucleotídeos às cadeias 3’-terminais do DNA. É encontrada em linfócitos imaturos B e T, não estando contida porém, em linfócitos maduros. Forma a base da diversidade de anticorpos e do receptor de antígenos de linfócitos T através da ampliação, na ligação de subgenes V, D e J, dos rearranjos para produzir um gene específico para o domínio variável (→ domínios de imunoglobulinas). Isto ocorre através da fixação de nucleotídeos extras sem a necessidade de um molde, sendo como resultado um grande número de especificidades possíveis de sítios de combinação do anticorpo (→ genes codificando para imunoglobulinas). tecido linfóide – tecidos cujos maiores componentes são → linfócitos. Está localizado principalmente em → órgãos linfóides. tecido linfóide associado ao intestino – → ver GALT. tecnologia de hibridoma – método para preparar células híbridas de duas diferentes células, isto é, células com características de ambas as células progenitoras ancestrais. Usualmente, linfócito B é fundido com uma célula de mieloma, produzindo uma célula híbrida que dá origem ao → hibridoma, cujas células são idênticas e produzem → anticorpos monoclonais. 344 tecnologia recombinante – o principal método de engenharia genética que pode ser utilizado para isolar um determinado gene (um segmento da molécula da fita de DNA) de um organismo (célula) e multiplicá-lo num organismo diferente. É utilizada para preparar DNA recombinante. teoria da seleção clonal – cada linfócito “virgem” presente no organismo, antes de se encontrar com um antígeno, possui um receptor distinto para um antígeno particular. Linfócitos com receptores que se ligam a antígenos próprios são eliminados precocemente no desenvolvimento, antes de se tornarem capazes de responder, assegurando a tolerância ao que é próprio. Quando um antígeno reage com um receptor em um linfócito maduro, esta célula é ativada para transformar-se numa célula blástica (linfoblasto), começando então a dividir-se. Ela origina uma progênie clonal idêntica, em que os receptores de todas as células ligam-se ao mesmo antígeno. A especificidade antigênica é assim mantida quando a progênie prolifera e se diferencia em células efetoras. Uma vez que o antígeno é eliminado por estas células efetoras, a resposta imune cessa. Algumas células não se tornam efetoras, mas permanecem como linfócitos de memória, as quais possibilitam ao hospedeiro responder mais rápida e intensamente a um desafio posterior com o mesmo antígeno. teoria instrutiva – uma das → teorias a respeito da formação de anticorpo, atualmente considerada insustentável. Sugere que o antígeno atue como um molde para a produção do anticorpo específico. teorias a respeito da formação de anticorpos – tentam explicar não apenas a maneira como os anticorpos são produzidos, mas também a origem de sua natureza diversa. A primeira teoria que tentou explicar o mecanismo de formação de anticorpos foi a teoria da cadeia lateral formulada por Ehrlich já quase no final do século XIX. Seguiram-se as teorias de instrução, baseadas na suposição de que antígenos reagem com células que produzem anticorpos e as “instruem” sobre qual anticorpo devam sintetizar. Estas teorias incluem também a teoria do molde (Brienl & Haurowitz, 1930), de acordo com a qual o antígeno atua diretamente na cadeia facilmente moldável da molécula de anticorpo na qual ele grava, como um molde, sítios de combinação específicos 345 (Pauling, 1940). As idéias contemporâneas são explicadas pela teoria da seleção clonal (Jerne, 1955; Burnet, 1959). De acordo com esta última, o sistema imune é capaz de reconhecer antígenos via receptores antigênicos nos linfócitos. Cada um dos linfócitos circulantes é capaz de reconhecer apenas um único antígeno (seleção) do qual um dos epitopos naturais é complementar a seus receptores (este é o caso de células B nas quais → BCR e antígenos polissacarídeos estão envolvidos) ou do qual um dos peptídeos imunogênicos (epitopo isolado) é complementar a seus receptores (este é o caso de células T nas quais → TCR e antígenos de proteínas estão envolvidos). Tendo havido o reconhecimento de tal antígeno, geralmente por centenas de linfócitos, estes começam a se proliferar e a se diferenciar. Um tipo de linfócito dá origem assim a uma linha (clone) de células que produzem moléculas idênticas de anticorpos com a mesma especificidade de seus sítios de combinação e a mesma complementaridade a um dos epitopos do antígeno que os estimulou. Desde que antígenos têm diversos epitopos diferentes, uma mistura de anticorpos é formada com uma variedade de especificidades (→ anticorpos convencionais). A primeira tentativa de explicar a origem genética desta teoria de diversidade foi feita pela teoria germinativa, de acordo com a qual o genoma de um indivíduo contém genes para qualquer especificidade de anticorpo que possa ser necessária. A teoria tornou-se insustentável depois que o código genético foi descoberto, já que efetivamente o genoma inteiro seria necessário para codificar apenas anticorpos. A teoria da mutação somática supõe a existência de substancialmente poucos genes germinais, e sustenta que as várias especificidades surgem de mutações de ponto em genes para os domínios variáveis durante o desenvolvimento de células produtoras de anticorpo (linfócitos B). A teoria da recombinação somática é similar à precedente, com a diferença que pressupõe-se que as especificidades individuais surgem por recombinações mútuas. Correntemente reconhece-se que → genes que codificam imunoglobulinas são → genes complexos e que todas as especificidades possíveis de anticorpos (estimadas ao redor de 10 milhões para o homem) são codificadas por apenas cerca de 400 a 500 segmentos de gene (→ genes que codificam as imunoglobulinas). terapêutica imunomodulatória – terapia cujo objetivo é uma intervenção regulada na atividade do sistema imune de um determinado 346 indivíduo. É feita com o objetivo de aumentar sua atividade atual (→ imunoestimulação) ou vice-versa (→ imunossupressão). Idealmente, atinge-se uma imunomodulação na qual atividades reduzidas ou aumentadas são ajustadas para atingir apenas valores normais. terapia gênica – tratamento de uma doença, causada pelo mau funcionamento de um gene, através da transfecção estável de células do organismo com o gene normal. terapia de doenças auto-imunes – inicialmente, drogas antiinflamatórias eram usadas com este objetivo. Entretanto, tratam apenas as conseqüências da doença de base. Drogas imunossupressoras foram utilizadas mais tarde, suprimindo não apenas a resposta auto-imune, mas a resposta imune como tal. Conseqüentemente, o estado do sistema imune do indivíduo tratado tem que ser continuamente monitorado e drogas imunoestimulatórias têm que ser utilizadas para restaurar o sistema imune se necessário. O uso de peptídeos imunogênicos sintéticos tem também sido considerado, os quais são capazes de bloquear a região de combinação do antígeno (→ apresentação de antígeno) ao qual peptídeos derivados de auto-antígenos são ligados, sendo capazes de bloquear assim o desenvolvimento de doença auto-imune específica. teratógeno – agente capaz de causar malformações em embriões. terminologia do transplante – terminologia usada em transplantologia: → rejeição de enxerto, → reação do enxerto contra hospedeiro, → transplante. teste cutâneo – teste no qual a substância testada (usualmente antígeno) é injetada na pele ou aplicada na superfície cutânea para determinar a resposta imune do hospedeiro. Mais freqüentemente, é utilizado como → teste tuberculínico ou teste para determinar hipersensibilidade do hospedeiro a vários alérgenos. teste de Coombs – teste que permite detectar imunoglobulinas (anticorpos não aglutinantes) na superfície de eritrócitos. No teste de Coombs direto, anticorpos de coelhos ou de outro anti-isotipo con347 tra IgG humana são adicionados a eritrócitos isolados, na superfície dos quais a presença de anticorpos não-aglutinantes é presumida. Aglutinação de eritrócitos sugere positividade. O teste é utilizado para dar evidência da presença de anticorpos não aglutinantes nos eritrócitos, tais como anticorpos maternos anti-Rh(D)+ na superfície de eritrócitos fetais em incompatibilidade Rh (→ doença hemolítica do recém-nascido). No teste de Coombs indireto, o soro do paciente é adicionado a eritrócitos de um doador saudável. Os eritrócitos são então lavados e anticorpo anti-isotipo contra igG humana é adicionado. Aglutinação de eritrócitos é observada se o soro do paciente continha anticorpos não aglutinantes. teste de Mantoux – teste com → tuberculina injetada intradermicamente. Uma reação positiva sugere hipersensibilidade retardada (→ imunopatologia) a Mycobacterium tuberculosis, indicando contato prévio com este microrganismo. teste de tuberculina – resposta em 24 a 48 horas à injeção intradérmica de → tuberculina. Se positiva, como manifestado por vermelhidão e induração ao redor do local da injeção, demonstra reação do tipo retardado (→ imunopatologia) e imunidade celular contra M. tuberculosis, adquirida pelo hospedeiro no contato com o micróbio. Este não é, entretanto, um teste de significância diagnóstica absoluta para averiguar a presença de tuberculose ativa. teste do NBT – teste similar ao → teste de INT, com a única diferença que, no primeiro, é utilizado azul de nitrotetrazólio (NBT) ao invés de INT, não sendo os resultados usualmente quantificáveis. teste INT – método analítico que utiliza solução de iodonitrotetrazólio (INT) que produz cor, na incubação com leucócitos na presença de partículas fagocitáveis, fornecendo evidência de que células são capazes de produzir → superóxido e outros → intermediários reativos do oxigênio. A intensidade da coloração é proporcional à habilidade dos leucócitos em matar bactérias fagocitadas. tétano – doença causada pela bactéria Clostridium tetani, cujos esporos persistem em solo, mas podem proliferar anaerobicamente numa fe348 rida infectada. O agente causal é a toxina tetânica, uma neurotoxina liberada por autólise bacteriana. TGF – → fatores de crescimento transformadores. timo – glândula endócrina que produz timosinas, timopoetinas, timulina e outros imunohormônios. É um órgão linfóide primário no qual linfócitos T amadurecem e se diferenciam para ser subseqüentemente capazes de reconhecer antígenos estranhos. Ao mesmo tempo, este é o local onde a maioria dos clones auto-reativos de linfócitos T são eliminados (removidos), sendo um dos mecanismos mais importantes de tolerância a auto-antígenos. O timo consiste de porção medular e córtex. O córtex, que representa cerca de 85% do peso total da glândula, contém timócitos, células epiteliais e macrófagos. O compartimento medular é composto principalmente de timócitos. O peso do timo diminui com o aumento da idade, sendo maior na puberdade (30 – 40 g). timócitos – linfócitos presentes no timo. Compõem-se em geral de linfócitos imaturos em vários estágios de desenvolvimento. timopentina – o pentapeptídeo Arg-Lys-Val-Tyr, que é uma parte efetiva da timopoetina. timopoetina – polipeptídeo que contém 49 resíduos de aminoácidos. É secretada pelas células epiteliais do timo, de natureza imunohormonal. Induz a diferenciação de timócitos, tem efeitos de imunonormalização através dos quais modifica atividades deficientes ou excessivas do sistema imune. Afeta também a transmissão neuromuscular. timosinas – grupo de cerca de 30 polipeptídeos imunohormônios secretados a partir do timo. Regulam a maturação e diversas atividades de linfócitos. São formadas de um precursor maior – protimosinas. A mais difundida é a timosina α1 cuja molécula é formada por 28 resíduos de aminoácidos. Estimulam a atividade de linfócitos T auxiliares, resposta de anticorpo, imunidade antiviral, antifúngica e antitumoral. Suas concentrações séricas decrescem com o aumento 349 da idade. Supõe-se que a perda de timosinas possa ser uma das muitas razões do envelhecimento. timulina – nonapeptídeo que contém o íon zinco. É formada no timo, de onde é secretada no sangue. Aumenta a atividade de algumas subpopulações de linfócitos T (supressores, em particular os citotóxicos). É capaz de restaurar a responsividade a mitógenos de linfócitos, em animais timectomizados. tipos de imunoglobulina – diferem umas das outras por sua estrutura antigênica (epitopos específicos) nos domínios constantes das cadeias leves. São conhecidos dois tipos: kappa (também marcado como “K”) e lambda (“L”); o tipo lambda tem alguns subtipos adicionais. Similarmente às classes e subclasses, também tipos e subtipos podem ser determinados utilizando-se antisoros. tipos de imunoglobulinas – → imunoglobulinas, tipos. TIR – receptor toll/da interleucina 1 (→ receptor toll). tireoidite de Hashimoto – também chamada de doença de Hashimoto ou tireoidite auto-imune, onde podem ser detectados auto-anticorpos IgG contra diversos auto-antígenos, principalmente contra peroxidase da glândula tireóide e tireoglobulina. Como regra, é caracterizada por desenvolvimento lento, culminando entre a quarta e quinta décadas de idade. Afeta mulheres dez vezes mais freqüentemente que homens. Trata-se de uma doença inflamatória que provoca danos, sendo a glândula tireóide infiltrada por macrófagos, linfócitos e células plasmáticas, resultando em aumento de seu volume e redução da produção de hormônios, os quais têm que ser terapeuticamente substituídos. tirosino-quinase de Bruton (btk) – tirosino-quinase da → família tec que é defeituosa; → agamaglobulinemia de Bruton. Mutação em btk leva à imunodeficiência de células B. tirosino-quinases de proteínas (PTKs) – família de → quinases de proteínas que fosforilam proteínas nos resíduos de tirosina. Podem ser 350 uma parte de diferentes receptores ou operar dentro da célula. Na ativação de linfócitos estão envolvidas principalmente quatro classes de PTKs não-receptores, Src, Syk/Zap-70, Tec e CSK. As quinases Src e Syk/Zap-70 são vistas como PTKs proximais responsáveis pelo início e amplificação de sinal, respectivamente. Quinases Tec estão envolvidas na cascata de sinalização. A quinase Csk está implicada na inibição da ativação celular. título de anti-soro – a mais alta diluição de um anti-soro (soro imune) que ainda reage com antígeno em reações sorológicas. Essa diluição é determinada pela adição a um volume constante de antígeno, o anti-soro, gradualmente diluído por solução salina fisiológica, usualmente em séries geométricas (1:2, 1:4, 1;8, etc.). É utilizada para exprimir concentrações relativas ao invés de quantidades absolutas de anticorpos contra um determinado antígeno presente numa dada solução. TLRs – receptores toll-like (→ receptores toll-like/IL-1, → receptor toll). TNF – → fator de necrose tumoral tolerância imunológica –ausência de resposta específica do sistema imune a certos antígenos, os quais, em outras circunstâncias, induziriam resposta imune no mesmo indivíduo. É baseada no fato de que a reatividade de um clone de linfócitos capaz de responder especificamente a um dado antígeno tenha sido reduzido ou inteiramente suprimido, e/ou aquele clone tenha sido eliminado do organismo. Um indivíduo tolerante com respeito a um certo antígeno (chamado então → tolerógeno) tem preservada a habilidade de responder a outros antígenos. Tolerância imunológica, portanto, mostra a mesma especificidade que imunidade. Pode ser natural (não responsividade espontânea aos próprios antígenos), que surge durante o desenvolvimento ontogenético do indivíduo (também chamada autotolerância) ou secundária (não responsividade a antígenos estranhos). Tolerância a alguns antígenos pode também ser induzida artificialmente sob condições experimentais. tolerógeno – antígeno que induz tolerância imunológica. 351 toxina – substância tóxica de origem biológica, capaz de induzir a formação de anticorpo. Tais anticorpos são chamados antitoxinas, e são capazes de neutralizar efeitos danosos da toxina contra a qual são dirigidos. Toxinas podem ser produtos de microorganismos (toxina tetânica, toxina diftérica, toxina botulínica), plantas (e.g. ricina, abrina) ou animais (cobras, escorpiões, abelhas, vespas). toxóide – toxina microbiana com toxicidade inativada, mas imunogenicidade preservada. É utilizada, portanto, para induzir imunidade protetora contra exotoxinas microbianas, tais como a toxina tetânica ou a toxina diftérica. transcrição – síntese de RNA pela RNA polimerase que utiliza um molde de DNA. É o primeiro passo da transferência de informação genética do DNA através do RNA em proteínas. transcriptase reversa –DNA polimerase dependente de RNA, uma enzima que sintetiza DNA na cadeia matriz de RNA, i. e. transfere a informação genética de RNA para DNA. Esta enzima está presente em vírus cujo genoma é feito de RNA. transcriptômica– parte da → genômica que estuda eventos realizados durante a transcrição do gene, especialmente a expressão de um grupo específico de mRNAs presentes na célula em condições fisiológicas e patológicas. O conjunto destes mRNAs é chamado transcriptoma. transdução – a transferência de um determinado segmento da cadeia de DNA (que codifica usualmente um determinado gene ou sua porção) mediada por vírus de uma célula doadora, para célula receptora onde tal informação genotípica pode se manifestar fenotipicamente. transfecção – transferência de DNA de dupla fita isolado de uma determinada célula ou preparado por tecnologia recombinante para uma célula eucariótica receptora do hospedeiro. Pode ocorrer sua integração subseqüente no DNA cromossômico da célula receptora, replicação e expressão de proteínas pelo referido DNA, na célula hospedeira. 352 transformação – o termo tem diversos significados. Originalmente foi usado para se referir à transferência de DNA ou de seus fragmentos de uma célula bacteriana para uma célula bacteriana próxima, onde a informação genética introduzida poderia manifestar-se, ela própria, fenotipicamente (transformação procariótica). Correntemente o termo é utilizado em biologia molecular para se referir a um processo químico ou elétrico através do qual uma célula do hospedeiro é forçada a aceitar DNA estranho de forma que o último se torna parte do genoma da célula e é transferido às células filhas. Transformação neoplásica – transformação de células somáticas numa célula tumoral. Transformação de linfócitos – estimulação de linfócitos em repouso por antígenos, citocinas, lectinas ou outros mitógenos devido aos quais a célula sofre transformação blástica com subseqüente divisão celular, proliferação e diferenciação em células que produzem anticorpos (células B) ou células que produzem citocinas e citotoxinas (linfócitos T). transformação blástica – transformação de uma célula em repouso numa célula blástica que sofre blastogênese. No caso de linfócitos, isto é induzido por antígenos ou mitógenos. transgenose – transferência de um gene clonado (DNA clonado) para um genoma eucariótico. tradução – tradução de informação genética, codificada pela seqüência de nucleotídeos na molécula de mRNA, numa seqüência de aminoáciidos (estrutura primária) de cadeias polipeptídicas de proteínas. transplante – substituição de um órgão (em particular rim, coração, pulmões, pâncreas e pele) ou tecido (medula óssea) por um órgão ou tecido derivado de outro indivíduo (doador), da mesma ou de diferentes espécies. A transplantação pode ser autoplástica (transferência de um órgão ou tecido, e.g. pele, de um local a outro no mesmo indivíduo), singenêica (transferência entre indivíduos da mesma espécie geneticamente idênticos – no homem entre gêmeos idênticos), alogenêica (transferência entre indivíduos da mesma espécie geneticamente não-idênticos) ou xenogenêica (transferência entre indivíduos de diferentes espécies biológicas). O tecido ou órgão a 353 ser transplantado sem a reconstituição do leito vascular é chamado enxerto (pele, músculo, etc.), enquanto que o termo transplante se refere a um órgão transplantado (tal como rim) com vasos sangüíneos renovados. Em transplantação ortotópica o transplante ou enxerto é transferido ao mesmo local onde o órgão original (e.g. coração) estava localizado. Em transplantação heterotópica (e.g. rim), ele é colocado num local diferente. O órgão transplantado pode se derivar de um doador vivo ou de um indivíduo falecido recentemente (cadáver). A taxa de sucesso de transplantes depende do grau de compatibilidade de antígenos de histocompatibilidade (→ HLA em humanos) entre doador e receptor. Quanto maior a compatibilidade, maior a probabilidade de sobrevivência de um transplante funcional. Reações imunes que se desenvolvem após transplante de enxertos ou transplantes geneticamente não-idênticos resultam em rejeição (→ rejeição do enxerto), e são estudadas pela imunologia de transplantes. transposon – elemento que pode modificar seu posicionamento, uma pequena seqüência móvel de DNA que pode se replicar e inserir cópias ao acaso em locais dentro dos cromossomos. trissomia – cópia adicional de um cromossomo de maneira que há três cópias, ao invés de duas, em um organismo diplóide. O melhor exemplo conhecido é a trissomia do cromossomo 21 na síndrome de Down. trombocitopenia – contagem reduzida de plaquetas no sangue periférico. tromboxanos (TX) – metabólitos do ácido araquidônico formados sob a ação da enzima → cicloxigenase. Seus maiores representantes são TXA2 e TXB2. TXA2 é produzida principalmente por monócitos, macrófagos e plaquetas. Induzem agregação plaquetária, contração de músculo liso e estreitamento de vasos sangüíneos e vias aéreas. tuberculina – solução estéril de proteínas preparada de um meio no qual Mycobacterium tuberculosis foi cultivado. É utilizada para → teste de tuberculina. 354 tuftsina – tetrapeptídeo Thr-Lys-Pro-Arg considerado como uma citocina que regula quimiotaxia, fagocitose e explosão respiratória de neutrófilos e macrófagos. Sua seqüência está presente entre as posições 289 e 292 na cadeia pesada da IgG. A partir deste local ela é proteoliticamente dividida por duas enzimas presentes no baço. Esplenectomia, conseqüentemente, causa sua deficiência. turbidimetria – método espectrofotométrico usado para medir turbidez, e.g. aquela devida à formação de complexos imunes na combinação de anticorpos com antígenos. Significa medida da redução de intensidade de luz que atravessa diretamente a solução turva. ubiquitina (Ub) – polipeptídeo que consiste de 76 resíduos de aminoácidos altamente conservados e presentes em todas as células nucleadas de eucariotos. É uma proteína de estresse celular com função chaperone (acompanhante). Na combinação com outras proteínas sintetizadas intracelularmente, dá sinal para sua degradação proteolítica. Isto ocorre em proteossomas do aparelho lisossômico, originando peptídeos imunogênicos que se ligam a moléculas de antígenos HLA de classe I recém sintetizadas (via endógena de → apresentação de antígeno). Proteínas para degradação podem ser modificadas em um ou mais resíduos de Lys com uma única metade Ub (mono-ubiquitinados). Ubiquitinação desempenha um papel importante não apenas na apresentação de antígenos, mas também em muitos processos celulares, incluindo progressão do ciclo celular, transcrição de genes e transdução de sinal. Ubiquitinação desregulada contribui para transformação maligna porque as contrapartes oncogênicas de proteínas normalmente ubiquitinadas são resistentes à ubiquitinação. unidades formadoras de colônias (CFU-S) – camundongos irradiados podem ter seu sistema imune reconstituído pela injeção de células da medula óssea de um animal não irradiado. As células injetadas formam colônias no baço (daí – S, spleen), cada colônia representando a progênie de uma célula tronco pluripotencial. urticária – manifesta-se por erupção pruriginosa de cor rosa-avermelhada com um centro mais claro e bordas indistintas. Usualmente a 355 causa básica é reação alérgica de tipo I ( → imunopatologia), mais freqüentemente baseada num alérgeno alimentar, substância química ou droga farmacológica. vacina – antígenos capazes de estimular anticorpo específico ou resposta mediada por célula T, conferindo imunidade contra os microorganismos. vacinação – administração por injeção, ingestão ou inalação de uma vacina para induzir imunidade ativa (protetora) em humanos ou animais contra uma determinada doença. valência – número de sítios de combinação (paratopo) para antígeno numa molécula de anticorpo, ou número de determinantes antigênicos (epitopos) numa molécula de antígeno pela qual este último pode mais tarde se combinar com o anticorpo. Exceto para IgM e IgA secretória, anticorpos têm dois sítios de combinação, embora antígenos possam ter diversos epitopos. VAP-1 – → proteína 1 de adesão vascular. varíola– doença infecciosa viral causada por Poxvírus variolae. Seus sintomas incluem exantema, pústulas, aumento da temperatura do organismo e calafrios, fígado e baço aumentados. De acordo com o curso clínico, reconhecemos a forma clássica (varíola maior) e a forma mais leve (varíola menor). No passado, a doença causava grandes surtos afetando amplas áreas geográficas. Hoje em dia, graças aos programas de vacinação bem sucedidos da OMS, ela não ocorre na população humana. variolação – inoculação intracutânea de pus de lesões de pele de pacientes afetados por → varíola em humanos saudáveis, para induzir imunidade. Foi utilizada no passado, resultando entretanto em muitas pessoas com infecção severa, freqüentemente com conseqüência letal. vasculite – grupo heterogêneo de doenças, freqüentemente de etiologia desconhecida, caracterizadas por inflamação e necrose da parede 356 vascular. Além do sistema arterial, algumas vasculites afetam também o sistema venoso. De acordo com o fator etiológico presumido, vasculite pode ser primária ou secundária. Vasculite primária desenvolve-se como o principal distúrbio dos vasos sangüíneos, enquanto que vasculite secundária é associada com outras doenças primárias. Vasculite primária que afeta vasos de tamanho grande, médio e pequeno incluem arterite de Takayasu e arterite temporal de grandes células. A → granulomatose de Wegener e a síndrome de Churg-Strauss afetam predominantemente vasos de tamanho médio e pequeno. Vasculites secundárias podem ser de origem infecciosa, podem se desenvolver durante doenças sistêmicas do tecido conjuntivo, neoplasias malignas ou após uso de algumas drogas. Os mecanismos imunopatológicos envolvidos na patogênese das vasculites incluem: 1) Formação e deposição de complexos imunes patológicos. 2) Resposta auto-imune a algumas enzimas lisossômicas de neutrófilos (→ ANCA). 3) Resposta imune mediada por células com o desenvolvimento de granulomas. 4) Dano vascular, em particular devido à ação de → ROI. VCAM-1 – molécula 1 de adesão celular vascular que carrega o marcador de diferenciação CD106. É um membro da superfamília das imunoglobulinas e é encontrada na superfície de células endoteliais. Reage especificamente com a molécula de adesão VLA-4 (CD49d/ CD29) na superfície de leucócitos. Estas interações capacitam leucócitos a aderir ao endotélio vascular e migrar subseqüentemente (diapedese) para os tecidos vizinhos. vetor de clonagem – um plasmídeo ou vetor viral que pode ser utilizado para transferir DNA de um tipo de célula a outro. É usualmente delineado tendo sítios de restrição convenientes que possam ser seccionados para gerar extremidades aderentes às quais o DNA a ser clonado pode ser facilmente ligado. vigilância – → vigilância imunológica. vigilância imunológica – função do sistema imune de reconhecimento e eliminação de microrganismos ou outras células próprias antigenicamente modificadas (desorganizadas) e seus componentes. 357 Este é o mecanismo pelo qual células tumorais são eliminadas, em particular, o qual ocorre espontaneamente no organismo durante a vida de qualquer indivíduo. Células NK e NKT principalmente, mas também macrófagos ativados e linfócitos T citotóxicos, participam na vigilância anti-tumor. Desta forma, a vigilância imunológica propicia uma estrutura perfeita, sem falhas das células, tecidos e do organismo como um todo, de acordo com seu genoma individual. vinblastina – alcalóide que causa lise de células rapidamente proliferantes. É utilizada em quimioterapia de leucemias, doença de Hodgkin, doenças linfoproliferativas e outras neoplasias malignas. vincristina – alcalóide com características similares àquelas da → vinblastina. viróide – partícula menor que um → vírus. Contêm uma molécula curta de RNA circular. Viróide causa algumas doenças em plantas. viroimunoensaio – método imunoquímico que possibilita a detecção de quantidades de antígenos ou haptenos usando anticorpo específico, enquanto o antígeno (hapteno) é marcado por um bacteriófago. Antígeno (hapteno) conjuga-se com um bacteriófago apropriado para induzir infecção e lise da bactéria correspondente durante seu crescimento em meio Agar. O anticorpo contra o antígeno (hapteno) reduz o número de bactérias lisadas. vírus oncogênicos – vírus capazes de induzir transformação maligna da célula. Podem ser vírus DNA (e.g. papilomavírus) ou vírus RNA (e.g. retrovírus). virulência – expressão quantitativa da patogenicidade de um microorganismo ou um vírus a uma determinada espécie animal. vírus – partícula infecciosa que contém DNA de fita simples ou fita dupla ou RNA coberta por um envelope proteico – capsídeo. Vírus não possuem aparelho proteosintético, podendo assim se replicar (multiplicar) apenas no interior de células de plantas ou de animais, nos quais usualmente penetram via receptores específicos. Causam 358 numerosas doenças em humanos, animais e plantas. Viírus de procariotos são conhecidos como → bacteriófagos. vírus de Epstein-Barr (EBV) – membro da Herpetoviridae que causa a mononucleose infecciosa e, na presença de outros fatores, tumores tais como linfoma de Burkitt e carcinoma nasofaríngeo. Tem a habilidade de transformar células B humanas em linhas celulares estáveis. O genoma do EBV e seus produtos gênicos podem ser detectados em um número significante de biópsias de linfonodo em doença de Hodgkin. EBV libera uma proteína específica que tem extensa homologia seqüencial com IL-10. Ambas são capazes de inibir a síntese de citocinas por clones de células T. Vírus DNA – vírus no qual o ácido nucléico é DNA de fita dupla ou única. Os grupos principais de vírus DNA de fita dupla incluem papovavírus, adenovírus, herpesvírus, poxvírus e grandes bacteriófagos, enquanto que vírus de fita única são parvovírus e colifagos FX174 e M13. vitiligo – doença cujos sintomas incluem perda da pigmentação da pele devido a auto-anticorpos contra melanócitos. vitronectina – glicoproteína com potencial de aderência similar ao da fibronectina e laminina. Está presente no soro em concentrações de cerca de 20 mg/L. Reage com diversas proteínas da cascata da hemocoagulação e fibrinolítica, bem como com o complexo C5b67 do complemento, impedindo assim sua incorporação nos fosfolípides de membranas de células autólogas, impedindo também seu dano. Muitas células têm receptores de vitronectina por intermédio dos quais são capazes de, na presença de vitronectina, se espalhar sobre a superfície sobre a qual aderem. western blot – → ver imunoblotting. xenogênico – que pertence a ou caracterizado por um relacionamento genético entre dois indivíduos de espécies animais diferentes. O termo é utilizado principalmente em terminologia de transplante. Um enxerto cutâneo ou um transplante de órgão cujo doador for 359 um indivíduo de uma espécie animal diferente, é referido como xenoenxerto ou xenotransplante. Ele contém xenoantígenos os quais formam xenoanticorpos. Zap70 – → tirosina quinase. Mutação em Zap70 pode causar uma forma de → SCID. zidovudine – Inibidor da transcriptase reversa, enzima necessária para a transcrição de informação genética de RNA viral em DNA do hospedeiro. É utilizada no tratamento da SIDA. zimosan – complexo polissacarídeo isolado da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae. Contém principalmente β-D-glucans e manans. Ativa complemento pela via alternativa e se liga a receptores para o fragmento C3b do complemento. zinco – elemento de grande importância para o funcionamento correto do sistema imune. É parte de mais de 300 enzimas, um constituinte estrutural de muitas proteínas com zinc-finger, um íon regulatório na estabilidade de muitas proteínas envolvidas na síntese de ácidos nucleicos e proteínas. Pode também impedir a formação de radicais livres. Além disto, zinco protege contra o estresse oxidativo induzido por citocinas pró-inflamatórias e subseqüente ativação de NF-κB e AP-1 → fatores de transcrição. Sua deficiência provoca disfunção reversível de linfócitos T, atrofia tímica, redução seletiva das contagens de linfócitos T auxiliares circulantes, bem como função defeituosa de macrófagos e granulócitos. Tudo isto resulta em aumento da suscetibilidade a infecções e cicatrização insatisfatória de ferimentos. Zinco mantém o balanço entre linfócitos TH1 e TH2. Este balanço é perturbado em deficiência de zinco e infecção, usualmente observada no envelhecimento. Em pacientes idosos, suplementação com a dose diária recomendada de zinco por entre um e dois meses restaura o balanço TH1 – TH2 e reduz os fatores de risco imunes para o início de infecção (principalmente de resfriado comum e tosse). Entretanto, este efeito benéfico é dependente da dose de zinco utilizada, da duração do tratamento e da competição entre zinco e ferro. Baixas doses de zinco por um curto período de tempo podem ser tóxicas para o sistema imune. Neste contexto, zinco pode acumu360 lar-se em veias e cérebro com para-efeitos perigosos, incluindo um aumento no nível tanto de LDL quanto de colesterol, e morte de células neuronais. zona de equivalência – relação da concentração antígeno e anticorpo na qual complexos imunes precipitantes são formados in vitro (precipitação quantitativa). Se tal condição é alcançada in vivo, complexos imunes são depositados na microvasculatura causando doença de hipersensibilidade do tipo III. 361