AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO DE ÉMILE DURKHEIM Prof. Railton Souza OBJETO Na obra “As Regras do Método Sociológico”, publicada em 1895 Émile Durkheim estabelece um objeto de investigação para a sociologia e cria um método. O objeto de investigação são os fatos sociais, padrões de pensamento, comportamento e sentimentos que são genéricos, exteriores e coercitivos. MÉTODO O método de investigação de Durkheim é positivista. Explicativo (explicar, identificar e estabelecer as leis que regem as causas do comportamento social). Comparativo e evolucionista. O objeto do método são fatos sociais vistos como coisas objetivas (tudo que aquilo que é dado, e que se impõe à observação e é passível de descrição). O método de Durkheim é, portanto, objetivista (não considera a subjetividade), empirista(parte da observação empírica) e indutivista (busca generalizações a partir dos casos particulares). NEUTRALIDADE CIENTÍFICA Para Durkheim, o sociólogo ao estudar os fatos sociais, deveria despir-se de todo sentimento, juízos pessoais, opiniões formadas, enfim, de todo preconceito em relação ao objeto estudado. Tudo isso não livrou Durkheim de ser taxado de eurocêntrico por causa de seu método comparativo e evolucionista. EVOLUCIONISMO Seguindo a influência do organicismo, Durkheim concebe as sociedades como organismos vivos, que evoluem e se adaptam por si mesmos, ou seja, independentemente dos indivíduos. Assim, o social teria, para ele, vida própria e impor-se-ia sobre este. As sociedades evoluem de uma “horda”, estágio primitivo para estágios mais complexos. Assim seria possível comparar uma sociedade com a outro, identificando seu grau de evolução. FATOS SOCIAIS NORMAIS E PATOLÓGICOS Como qualquer organismo vivo, as sociedades podem apresentar estados de saúde (normalidade, coesão social, harmonia, consenso) e estados patológicos (como doenças, conflitos, revoluções, guerras, anomia, falta de consenso, ausência de regras, leis, desacordo). O fato social normal é aceito por todos e contribui para a evolução e adaptação do organismo social. Já o patológico é esporádico como as doenças. Coloca em risco a ordem e é rejeitado pelo organismo social. Os fatos sociais patológicos são análogos às doenças no organismo. São esporádicos, transitórios. RELAÇÃO INDIVÍDUO X SOCIEDADE A explicação dos fatos sociais deve ser buscada na sociedade e não nos indivíduos – os estados psíquicos, tais como emoções, ideias, sentimentos, na verdade, são consequências e não causas dos fenômenos sociais. Logo, o social se impõe ao indivíduo, determinando-o. EDUCAÇÃO É a assimilação, pelo indivíduo, de uma série de normas, princípios morais, religiosos, éticos, de comportamento... Isso nos leva a considerar que o homem, mais do que formador da sociedade, é produto dela. SOCIALIZAÇÃO, TERMO ANÁLOGO À SOCIALIZAÇÃO Por meio da socialização, o indivíduo aprende a se integrar ao meio. Ele faz isso por meio da assimilação de valores, crenças, hábitos e conhecimentos do grupo social ao qual pertence. Nesse sentido, o conceito de socialização é bem próximo ao de educação. Uma sociedade, para ele, só pode funcionar se tais valores, crenças e normas constrangem (reprimem) as atitudes e os comportamentos individuais provocando uma solidariedade básica, que orienta as ações dos indivíduos. Seja pela coercitividade da consciência coletiva ou da interdependência gerada pela acelerada divisão social do trabalho. INTERNALIZAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA Socialização primária é aquele que ocorre, por exemplo, na infância. A criança assimila valores, normas morais e costumes através dos contatos primários exercidos nos grupos primários (família, vizinhança ou escolinha). SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIA Digamos que alguns hábitos de estrangeiros que passam a viver no Brasil são ofensivos ou constrangedores aos olhos dos brasileiros. O grupo social vai coibi-lo, através de repreensões ou outras formas de coação, a agir de forma mais adequada. O estrangeiro, para evitar situações desagradáveis, passa a agir da maneira como o grupo exige. Como o tempo ele nem irá pensar que age de maneira diferente. Assim, o estrangeiro internalizou os novos valores, hábitos e costumes. A esse processo damos o nome de socialização secundária. SUICÍDIO Suicídio altruísta: são pessoas que dão a vida por uma causa como um soldado que lança seu avião no alvo inimigo. Suicídio egoísta: indivíduos preocupados, consigo mesmos, pouco integrados ao grupo. Suicídio patológico: aparece quando a sociedade passa por uma grande transformação, crise econômica, política e moral. Ex: crise de 1929 ou mesmo de 2008 e 2009. CRIME O crime é um fato social normal, pois está presente em todas as sociedades em qualquer tempo. Mas quando assume índices socialmente alarmantes provenientes de uma crise (anomia) torna-se patológico. CONSCIÊNCIA COLETIVA Durkheim usa a expressão “consciência coletiva” para expressar essa solidariedade comum que molda as consciências individuais. A família, o trabalho, os sindicatos, a educação, a religião, o controle social e até a punição do crime são mecanismos que criam e mantêm viva a integração da consciência coletiva. Portanto, a consciência coletiva é um conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema determinado que tem vida própria. SOLIDARIEDADE MECÂNICA Durkheim quer compreender qual é o elemento fundamental que garante a coesão social, a harmonia e o consenso em cada época. Segundo ele, nas sociedades pré-capitalistas onde os indivíduos (artesãos, tecelões, agricultores) por causa da ausência de uma acelerada divisão do trabalho eram autônomos do ponto de vista da produção econômica. Logo o que garantia a solidariedade, a coesão, era a consciência coletiva que exercia um papel coercitivo. A essa solidariedade ele deu o nome de mecânica. SOLIDARIEDADE ORGÂNICA Com a intensa divisão social do trabalho que foi acelerada com a industrialização nas sociedades capitalistas e com a urbanização, os indivíduos tornaram-se interdependentes no que diz respeito à produção econômica. Cada um passou a exercer uma função produtiva da divisão social do trabalho. A consciência coletiva tornou-se flexível, relativa. Portanto a solidariedade agora denominada orgânica, que garantia a harmonia social, passou a ser mantida pela divisão social do trabalho