Vacinação para “gente grande”. A vacinação é uma das mais importantes formas de evitar as chamadas doenças “imunopreviníveis”. E ao contrário do que se pode pensar, não é privilégio para as crianças, mas também para idosos, adolescentes e adultos. Outras pessoas em condições especiais também merecem atenção neste aspecto, como profissionais de saúde, pacientes que vão ser transplantados e pessoas que vão viajar para determinados destinos. Talvez a maior importância da vacina seja que ela não protege apenas o indivíduo vacinado, mas toda uma comunidade. Doenças como a varíola, já erradicada do mundo desde 1977, e a poliomielite, em processo de erradicação, são exemplos do impacto desta ação. As vacinas são formadas a partir das bactérias ou vírus inteiros, ou de seus fragmentos. Os microrganismos podem estar vivos, mortos ou enfraquecidos. Podem ser aplicadas via oral (gotas) ou parenteral (injeção). Após a vacinação, o organismo vai reconhecer este “corpo estranho”, e montar um exército de defesa contra este “inimigo”. Assim são formados os anticorpos que vão circular pelo nosso organismo, conferindo o que se chama de imunidade. De uma outra vez, quando o nosso organismo for desafiado pela doença real, o exército de defesa já terá esta “memória” e vai recrutar os soldados (anticorpos) que virão bem mais rápido e em maior número para lutar contra o “inimigo”, que agora é o verdadeiro! Pronto. O indivíduo está protegido! Existem as vacinações de rotina (calendário vacinal infantil) e as de campanha, que como o nome já diz, são feitas de forma pontual e voltadas para populações específicas, a exemplo dos idosos (vacinas contra gripe), que é anual. Uma não exclui a outra, ou seja, um idoso deve cumprir o calendário de vacina contra o tétano, por exemplo, mas também deve ir a todas as campanhas de vacinação contra gripe também. Vamos conhecer um pouco as vacinas para os adultos: • Dupla adulto (dt) – contra tétano e difteria: Protege o indivíduo do tétano e da difteria. O tétano é uma doença infecciosa causada pela toxina do bacilo que entra a partir de ferimentos da pele, ou mesmo pelo coto do umbigo do recém nascido. Provoca espasmos e contrações pelo corpo, gerando dificuldade de engolir e até respirar. A difteria, por sua vez, é uma infecção muito contagiosa também causada por toxina de um bacilo, que atinge a garganta, nariz e faringe. A vacina dt é dada no músculo do braço ou coxa, e deve ser dada a cada 10 anos como reforço para quem já tomou a vacina na infância. Quem nunca foi vacinado, tem que tomar as 3 doses com intervalo de 2 meses entre cada dose. Muito importante: a mulher grávida deve estar com a vacina em dia para evitar o tétano neonatal. Para ela, se a última dose tem www.medicinadoexercicio.com • mais que 5 anos, é hora de receber o reforço, e depois da gravidez volta a ser a cada 10 anos. Vacina contra febre amarela: A febre amarela é causada por um vírus, que por sua vez é transmitido por um mosquito. Curioso é que o mosquito da dengue (Aedes aegypti) pode transmitir a doença em sua forma urbana, o que não ocorre no Brasil desde 1942. No Brasil a forma encontrada é a febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, e provoca quadro grave de febre hemorrágica que pode até levar à morte. A vacina é fabricada a partir de vírus vivo enfraquecido ou atenuado. É administrada via subcutânea no braço, em uma dose única, com reforço a cada 10 anos. Devem tomar esta vacina todas as pessoas que moram ou vão se deslocar para regiões onde o vírus da febre amarela circule entre macacos ou acometa pessoas. A vacina deve ser dada de 10 a 15 dias antes de entrar na zona endêmica. O mapa abaixo mostra as áreas de risco para transmissão da doença no Brasil. SVS-Ministério da Saúde • Vacina contra sarampo e rubéola: O sarampo é uma doença muito contagiosa que provoca um quadro semelhante a uma gripe forte. Faz o indivíduo ficar vulnerável à pneumonia e diarréia e pode até levar à morte, principalmente em crianças pequenas. A rubéola é uma infecção muito contagiosa também, e provoca um quadro de febre com manchas avermelhadas pelo corpo. O seu risco maior é para mulheres grávidas, que podem transmitir ao feto, podendo provocar surdez, cegueira, retardamento, má-formação e anomalias cardíacas, e até mesmo abortamento. A vacina é formada a partir de vírus vivos atenuados de sarampo e de rubéola. É aplicada por via subcutânea no braço. Quem deve tomar é o homem adulto até 39 anos, porque após esta idade é muito raro contrair sarampo, e profissionais de saúde, do turismo e www.medicinadoexercicio.com quem for viajar para fora do país, uma vez que o sarampo é comum em outras localidades do mundo. Mulheres não grávidas entre 12 e 49 anos também devem receber. Deve tomar quem não recebeu na infância, e durantes as campanhas contra rubéola em mulheres. Apenas uma dose protege para toda a vida. A Organização Panamericana de Saúde cita para o grupo de adolescentes a vacina contra hepatite B, que é feita a partir de engenharia genética e aplicada no músculo do braço ou na coxa. Esta vacina, entretanto, pode e deve ser indicada para adultos que nunca tiveram hepatite B, doença do fígado que pode ser transmitida via sexual e por transfusão sanguinea e que, em alguns casos, quando se torna crônica, pode levar a cirrose ou mesmo câncer do fígado. São apenas 3 doses para completar o esquema. Diferente das anteriormente citadas, entretanto, não está disponível nos postos para adultos (acima de 19 anos) sem algumas condições especiais, como profissional da saúde, por exemplo. Neste caso, portanto, é administrada em clínicas particulares de vacina. A rigor as vacinas não provocam maiores efeitos colaterais, podendo causar alguma vermelhidão local, leve dor, e mesmo alteração temporária de temperatura. Ao contrário do que se pensa, também, febre baixa, coriza, diarréia leve e resfriados comuns não contra indicam a vacinação. Para finalizar, o indivíduo tem que estar atento para sua situação vacinal, assim como crianças e idosos. As doenças imunopreviníveis têm que ser evitadas como atitude de amor próprio e preocupação social. Procure seu médico para mais informações e BOA SAÚDE! Maria Aparecida Teixeira Infectologista [email protected] www.medicinadoexercicio.com