CDU 981.652 TOPONIMIA INDlGENA GONÇALO CARMEN : 801. 311 = 98 DO RIO GRANDE JrJNIOR'x, RODRIGUES HELENA DO MUNlcfPIO (Rio Grande) BRAZ MIRCO·H. RESUMO acidentes Toponímia Indígena geográficos com nomes do seu significado que antecede e origem. a fundação do Município indígenas eles são enfocados do município do Rio existentes dentro Grande, trata no município. do contexto dos Além histórico até o final do século XVIII. "Desconfiemos daqueles que IIOS redigem narrativas bem ordenadas dos tempos remotos. Estes pecam pelo gosto detestável de querer por força, tornar claro o que é confuso. A história dos homens e dos paises antigos parece uma roupa cheia de furos e cada orificio representa as coisas que ignoramos. De que serve, afinal ostentar um saber que dá a impressão de que o narrador conhece tudo, ao passo que o leitor pouco sabe?" Ibn Khaldun INTRODUÇÃO Este trabalho sobre toponímia indígena trata dos nomes dos acidentes geográficos existentes no município do Rio Grande com procedência indígena. Além do significado e da procedência destes nomes eles são relacionados com a história do município, no período que vai de sua fundação até o final do século XVIII. Por tratar a toponímia do nome de acidentes geográficos e devido ao enfoque que os relaciona com a história é necessário fazer uma introdução tanto sobre a geografia do município como sobre sua história. * *-l(. Formando do curso de História, cre denciad o pelo SPHAN como arqueólogo. Prof." titular do Dcp, de Bibliotcconomia e História. Responsável pelas disciplinas tória cio Rio Grande do Sul I c 11. Membro Rio-grandcnsc e da Academia Rio-Grandina \ BIBLOS. Rio Grande. 2: 55-90, 1987. do Centro de Estudos de Letras. Históricos de His- da Biblioteca 55 Não se poderia falar em topônimos indígenas sem apresentar o homem que os denominou, pois sem ele estes nomes não existiriam. I As fontes primárias são de difícil acesso, por isso muitas vezes foi necessário recorrer a trabalhos de outros autores sobre o assunto. O objetivo do trabalho é resgatar para a atualidade o significado, a procedência e a história dos nomes indígenas que convivem no nosso dia-a-dia. Muitos são os trabalhos sobre toponímia, mas nenhum específico sobre Rio Grande, só este fato talvez já justifique a sua realização. o MUNICÍPIO " .. aos novos povoa dores aos quaes mandareis também prever de instrumentos que vos remetem para cortar e lavrar madeiras, mover terras, matar gado e cul tivar os campos, como também dar sementes necess.ês p.a a dita cultura, e de víveres, e tudo o mais que se julgar precizo pa o estabelecirnen to de hua Nova Colonia segundo as informações que facilmt. podereis adquirir de pessoas práticas. " (RlHGRGS, Tr. 1,4, 1948, p. 6) DO RIO GRANDE Aspectos Geográficos O município do Rio Grande está localizado numa restinga na planície costeira do Rio Grande do Sul. É banhado pelas águas do canal que liga a Lagoa dos Patos ao oceano Atlântico, que é o seu limite sudeste. Encontra-se geograficamente situado entre os paralelos 310 47' 02" LaL Sul e 320 39' 45" Lat. Sul e, entre os meridianos 52003' 50" Long. Oeste e 52041' 50" Long. Oeste de Gw. (Vieira, 1983) 2 O município do Rio Grande possui uma área de 2680 Km , na qual encontramos as lagoas do Caiubá, Flores, Nicola, Verde, Jacaré e Peixe. No seu limite oeste encontra-se a Lagoa Mirim e ao norte é banhado pela Lagoa dos Patos e canal São Gonçalo, importante pelo fato de ser o sangradouro que liga as lagoas dos Patos e Mirim. (Vieira, 1983) No canal do Rio Grande estão localizadas as ilhas dos Marinheiros, Torotama, Pólvora, Cavalos, Mosquitos e Carneiros. Outras ilhas são encontradas no canal São Gonçalo como: Malandro, Martins Coelho, Grande e Pequena. (Vieira, 1983) Pelo fato de ser praticamente rodeado de água, a região do município do Rio Grande possui um grande potencial pesqueiro. Pode-se encontrar nesta região muitos mamíferos, além de uma variada e abundante fauna aquática, o que torna propícia a localização de grupos humanos. . Sua História no século XVIII Com o assédio que sofria a Colônia do Sacramento, localizada no Rio da Prata na margem oposta a Buenos Aires, por parte das tropas castelhanas, a corte portuguesa temerosa de perdê-Ia recomenda ao Governador das Capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, a execução do projeto de estabelecimento de uma Fortaleza na margem sul do Rio Grande de São Pedro, Este estabelecimento visava dar apoio a Colônia do Sacramento, bem como assegurar a manutenção da região ao sul de Laguna, o que fica patente nas cartas enviadas por D. João V a Gomes Freire de Andrade em 24 de março de 1736. " ... Da mesma forma norneareis outro official para ficar por Governador no Rio Grande de São Pedro no cazo que se execute o projeto desta nova colonia e da Fortaleza, a qual deveis mandar levantar da parte do sul no citio, que se julgar mais vantajoso ... " (RIHGRGS, Tr.l,4, 1948,p. 5) 56 Na mesma carta pode-se observar a preocupação de D. João V em que além de um estabelecimento militar se procurasse o assen tamento de colonizadores, para melhor assegurar a posse desta região. BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. Tal era a preocupação deste rei com os acontecimen tos que se desenrolavam no Rio da Prata, colocando em risco a perda de toda a região sul de seus dom ínios, que no dia 23 de março de 1736, que também enviou uma carta ao Coronel-do-Mar Luis de Abreu Prego que se encontrava no Prata. Alertando -o para a importância da posse da entrada do Rio Grande de São Pedro, e da região vizinha para um bom desfecho na luta que se desenvolvia no Prata. "E porque não he menos importante a de segurar a Bahia de São Pedro , e campanhas circunvizinhas, que igualmente pertencem aos meus domínios, do perigo a que estão expostas de que os Hespanhoes pretendão na presente ocasião usurpallas tão bem como já intentarão em outro tempo ... " "' .. o Conselho Ultramarino me tem representado em repetidas consultas a necessidade que ha, de povoarem -sc sem dilação as d.as camprnhas, levantando na margem do mesmo Rio da parte do Sul hua Fortaleza que sirva de dcfensa ao porto e de amparo aos povoadores, que quizerem estabelecer-se naquele citio. " (RIHGRGS. TI. 1,4, 1948, p. 9) Ainda visando a ocupação da margem sul do Rio Grande de São Pedra o Brigadeiro José da Silva Pais, encarregado do comando da expedição que se dirigia UIULOS. Rio Grandc . 2: 55-'10. Il)Ij7. 57 para o Rio da Prata e, obedecendo ordens de Gomes Freire de Andrada, ao fazer escala na Ilha de Santa Catarina em junho de 1736, entra em entendimento com Cristóvão Pereira de Abreu, antigo campeador das bandas do Rio Grande e, no momento Coronel-de-Ordenanças para que este se deslocasse até a margem sul do Rio Grande de São Pedro e aí se fortificasse e, percorresse a campanha arrebanhando cavalos e gado. A missão de Cristóvão Pereira tinha como objetivo, preservar a referida região do ataque dos espanhóis, permitindo assim uma posterior ocupação por parte das forças portuguesas,já que a situação no Prata revelava -se cada vez mais calamitosa. ". . . Fazendo a boca do Rio Grande de São Pedro, e como a barra deste Rio não permite entrar embarcação grande mandará V.S. tomar terra na parte, que os práticos escolherem mais propria, e passando a gente à banda do Sul, para executar na construção da Fortaleza tudo o que entender em complemento do que deterrninão as ditas instruções ... " (RIHGRGS, Tr. 1,4,1948.) No desempenho de sua missão Cristóvão Pereira, juntamente com um grupo .de aventureiros desloca-se em direção ao sul e lá chegando envia carta a Gomes Freire, datada do Rio Grande de São Pedro, de 8 de novembro de 1736, dando conta de que enviara já uma carta para a Colônia do.Sacramento. Na qual comunicava sua chegada à margem Sul do Rio Grande de São Pedro e, solicitava informações sobre o seu procedimento a seguir. "Chegando a este Rio Grande com bastante demora e não achando not.ê dos próprios, nem da Colonia, despachey quatro pessoas, p.a q. com toda a vigilaneia, e cautela vicem se podiam entroduzir hua carta em que dava p.te de acharme aqui com cento e oitenta e sete centos cavallos de EI Rey e de p.es q. me quizecem dizer o q. com estas forças podia obrar." (RIHGRGS, Tr. 1,4,1948, p. 16) Em janeiro do ano seguinte ainda encontrava-se Cristóvão Pereira de Abreu na margem do Rio Grande, como se pode observar pela carta do Brigadeiro José da Silva Pais a Martinho de Mendonça de Pina e Proença, datada do Rio da Prata, em 4 de janeiro de 1737, na qual comentava o envio de armas, e o pedido de que o mesmo lá se mantivesse. 58 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. . " ... Do Rio Grande sei se acha Christovão Per. a em hum rincâo com perto de 180 pessoas, que o acornpanhão, e 1500 cavallos e quasi 1800 cabeças de gado: eu lhe mandei armas e dizer lhe segurasse naquelle citio the eu o avizar ... " (RIHGRGS, Tr. 4,1946, p. 422·3) Tornava -se cada vez mais evidente que a posição no Rio da Prata era insustentável, tornando-se necessária a fortificação de um outro porto entre Laguna e Rio da Prata. Ou seria Maldonado ou Rio Grande de São Pedro, revelando-se posteriormente só ser possível a posse deste último. A fundação da cidade do Rio Grande se dá finalmente com a vinda do Brigadeiro José da Silva Pais, que se deslocando da Colônia do Sacramento e, na impossibilidade de fortificar-se em Maldonado pois este porto carecia de água potável e lenha. Dirige -se ele para Rio Grande onde chega a 19 de fevereiro de 1737, aí estabelecendo-se na extremidade norte de uma península, na margem Sul do Rio Grande de São Pedro. A posse deste local possibilitava a continuação do apoio à Colônia do Sacramen to. bem como facili tava a ocupação de uma grande área que se encontrava praticamente despovoada. Com a consolidação da ocupação do porto do Rio Grande, se desenvolve uma povoação com a vinda de índios e brancos de Laguna, além de um grupo de índios vindos de São Paulo para ajudar nas construções que se faziam necessárias. Eram muitas as pessoas que queriam estabelecer-se em Rio Grande. Em abril de 1737 Silva Pais escreve a Gomes Freire falando-lhe sobre o assunto. "São sem número os moradores que querem vir estabelecerse neste Rio Grande, e aqui me segura um Domingos Martins, que saiu da Colonia e tinha levado a sua familia para essa cidade, a vai buscar para aqui e algumas mais, porem espera se lhe de terreno para fazer as suas searas, e algum gado, como é costume." (Rodrigues, 1903, p. 238) Em fins de 1737 Silva Pais transfere-se para Santa Catarina, deixando a responsabilidade da nova povoação a cargo do Mestre-de-Campo André Ribeiro Coutinho. André Ribeiro Coutinho continua a obra de Silva Pais, aperfeiçoando as obras militares deixadas por ele, ao mesmo tempo que tratava do assentamento de novos colonos que ali chegavam. Muitos vinham da Colônia do Sacramento que havia sido ocupada pelos espanhóis em 1738. Como se pode observar das Memórias que André Ribeiro enviou a Gomes Freire relatando os serviços que prestara no governo militar do Rio Grande. BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. 59 "No caso de 1738 mandou V.Excia para o Rio Grande muitos casaes que tinham evacuado a praça de Colonia: alguns desta cidade (Rio de Janeiro) e outros da Villa de Laguna, além de muita gente de ambos os sexos para com todos se crear uma Povoação: para o qual fim levan tei casas à maior parte dos povoadores: dei aos lavradores terras, sementes e instrumentos. " (Fortes, 1937, p. 214-5) Com o decorrer dos anos é cada vez maior o número de colonos que chegam ao Rio Grande, sendo muitos provenientes das ilhas açorianas. Tendo o Conselho Ultramarino aconselhado a Silva Pais, então Governador dos territórios de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro, através de carta datada de Lisboa, em 26 de agosto de 1738, para que assentasse colonos vindos das ilhas no novo território, para que desenvolvessem o cultivo da terra e também servindo para sua defesa. " . visto se achar estabelecida a Fortificação do Rio Grande de São Pedro que V.Mag. e se sirva querer tomar a última resolução nas consultas que o conselho tem posto na RI. prezença de V.Mag. e para os transportes dos cazaes das ilhas para o mesmo estabelecimento porque só por este meio se poderá evitar a grande despeza que precizamente se ha de fazer com os transportes dos mantimentos do Ryo de Janeiro por falta de cultivadores que naquellas vastíssimas terras os fabriquem, além de ficarem estes tão bem igualmente servindo a sua necessaria defença ... " (RIHGRGS, Tr. 1,4,1948, p. 62) Em 1738 o Rio Grande de São Pedro desliga-se do governo de São Paulo e juntamente com Santa Catarina fica sob a jurisdição do governo do Rio de Janeiro. Após permanecer por três anos no governo do Rio Grande André Ribeiro Coutinho transmite seu cargo ao Coronel de dragões Diogo Osório Cardoso, no final do ano de 1740. Já que se encontrava há dois anos aqui o Coronel Diogo Osório Cardoso é responsabilizado pela revolta dos soldados do regimento de Dragões, descontentes com a falta de pagamento de seus soldos. Consegue-se no entanto acalmá-Ios pagando-se o soldo. 60 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. Em 1745 Rio Grande é elevado a categoria de vila, mas que só é efetivada em 1752. No governo de Diogo Cardoso continua a desenvolver-se a povoação do Rio Grande de São Pedro, tomando maior impulso com a chegada de famílias açorianas em 1747. (Monteiro, 1979, p. 43) Em 1750 é assinado o Tratado de Madri entre Portugal e Espanha. Através desse tratado era entregue aos espanhóis a Colônia do Sacramento, recebendo Portugal a região onde encontravam-se as missões jesuitas. Para tomar posse e demarcar esse novo território Gomes Freire de Andrada desloca-se para o sul, chegando em abril de 1752 ao Rio Grande de São Pedro. Em junho do mesmo ano o governo passa às mãos do Tenente-Coronel Pascoal de Azevedo. Com a chegada de Gomes Freire é dado novo estímulo à Vila do Rio Grande, pois o mesmo além de conceder sesmarias, manda construir uma nova igreja, já que a antiga capela havia incendiado com a explosão de um paiol de pólvora. Em 1754 como parte das medidas de segurança para o desenvolvimento da campanha de demarcação da zona missioneira, manda construir o pequeno Forte de São Gonçalo, assegurando dessa forma uma das suas linhas de comunicação. Gomes Freire retoma para o Rio de Janeiro em 1759, e em 1760 Rio Grande de São Pedro passa a ser governado por Inácio Elói de Madureira, A partir desse momento, Rio Grande de São Pedro passa a ser considerado comandância militar e a depender diretamente do Rio de Janeiro. Elói de Madureira no entanto não foi muito feliz no seu governo, pois além de desentendimento com seus auxiliares, durante a sua permanência à frente da nova Capitania é a mesma invadida por tropas espanholas. Em 1762 com a conquista da Colônia do Sacramento pelas forças espanholas, iniciou-se os preparativos para a invasão do território português. Diante dessa possibilidade são ordenados preparativos para a defesa do Rio Grande de São Pedro, procurando os portugueses reforçar às pressas a chamada Angustura de Castilhos, com a construção do Forte de Santa Tereza, do qual foi encarregado o Coronel Tomás Luis Osório. Tanto o Forte de Santa Tereza COmo o de São Miguel eram muito importantes pois protegiam o único lugar por onde poderiam passar as tropas espanholas para atacarem a Vila do Rio Grande. A carta enviada pela Junta Governativa, que assumira o governo após a morte do Conde de Bobadela, de 16 de janeiro de 1763 mostrava a preocupação pela sorte do Rio Grande, aconselhando a Elói de Madureira tomar precauções para a sua defesa e oposição ao avanço espanhol. "Prevenimos a vossa senhoria o seguinte e he que como essa Povoação do Ryo Grande de Sam Pedro Com razão se julga não ser defendida por ser hum lugar aberto neste caso mandará vossa senhoria quanto antes passar todas as pessoas que tem nella ao lado do Norte e tambern BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90,1987. 61 todas as mais munições de polvora e balla e ainda as de boca de sobrecellente poque dado o cazo de entrarem nella os castelhanos se não utilizem do que ahi pertencente a Real Fazenda ... " (Devassa, 1937, p. 9) Pelo conteúdo desta carta percebe -se que aJunta Governatíva não descartava a idéia da ocupação da vila pelos castelhanos. Na mesma carta num trecho posterior, é recomendado que se tivesse pronta as embarcações para a passagem do povo para a margem do norte, sendo a tropa a última a passar. Para o Coronel Luis Osório foi enviada uma carta datada também de dezesseis de janeiro, na qual lhe eram recomendadas as disposições que deveria tomar. " ... Porém assentando vossa senhoria com os seus Officiaes em conselho que hé impossivel resistir a força do inimigo será prudente acordo o retirarse para conservar a sua Tropa pella não deixar ou morta ou prizyoneira ... " (Deva~a, 1937,p. 10) 1II1 I Em 1769 é nomeado Governador do Rio Grande de São Pedro o Coronel do Regimento de Cavalaria Auxiliar do Rio de Janeiro José Marcelino de Figueiredo. Em 1776, mais precisamente na madrugada de 10 de abril é iniciado o ataque das tropas sob o comando do General Henrique Bohm, que em nome de Portugal libertariam a Vila do Rio Grande do domínio espanhol. No dia 7 é cantado Te Deurn, em agradecimento pela volta desta vila aos domínios portugueses. Com a ocupação dos espanhóis e a transferência do governo do Rio Grande de São Pedro para Viamão deixava de ser a Vila do Rio Grande o centro das decisões desta Capitania, mas mantendo contudo sua importância, por ser o porto que guardava a entrada desta região. o INDIGENA Contrariando as ordens da Junta o Coronel Tomás Luis Osório entregou-se às tropas espanholas, possibilitando desta forma o livre avanço dos espanhóis sobre Rio Grande. O Governador Elói de Madureira por sua vez também não havia tomado as precauções ordenadas e, ao saber da queda do Forte de Santa Tereza, cruza para a margem do Norte, deslocando -se mais tarde para Viamão, deixando o povo entregue a própria sorte. No dia 24 de abril de 1763 o Capitão espanhol D. José de Molina ocupa a Vila do Rio Grande, a mando de seu comandante D. Pedro de Cevallos que entra na vila a 12 de maio. Por treze anos permanece a Vila do Rio Grande ocupada pelas forças espanholas. Em 1764 D. Pedro de Cevallos determina que seja fundado um povoado próximo a Maldonado e que recebe o nome de S. Carlos, para onde são transferidas as famílias que se encontravam na Vila do Rio Grande e seus arredores (Povo Novo de Torotama, Ilhas do Martins e Torotama), quando da ocupação espanhola. Com a morte do Coronel Elói de Madureira em Santa Catarina é nomeado para Governador do Continente de São Pedro o Coronel José Custódio de Sá e Faria, em fevereiro de 1764. O novo Governador reorganiza as forças portuguesas. Em 1767 é tentado um assalto a Vila do Rio Grande, comandado por José Marcelino de Figueiredo, sendo o mesmo desfechado em 29 de maio, que no entanto fracassou devido a forte cerração que cobriu a lagoa e, separou as embarcações que transportavam as tropas para o assalto. Em vista disto José Marcelino reconduz as suas tropas para a margem Norte e ataca a guarda espanhola que lá havia, conseguindo desta forma estabelecer uma ponta de lança para futuras tentativas de reconquista da Vila do Rio Grande. Caçadores-Coletores No município do Rio Grande, através de pesquisas arqueológicas até agora realizadas se pode constatar que sua ocupação pelo homem ocorreu por volta de 500 anos antes de nossa era. Eram pequenos grupos de caçadores-coletores que ocupavam sazonalmente aterros, barrancos ou dunas próximos aos cursos d'água. Este grupo caçador-coletor desconhecia a cerâmica e, seus vestígios (materiallítico) são encon trados até aproximadamente o início de nossa era. A partir daí as pesquisas revelam o aparecimento de cerâmica entre o grupo de caçadores-coletores. Sua permanência na área é constatada até o início da colonização portuguesa na primeira metade do século XVIII. A cerâmica deste grupo de caçadores -coletores é classificada como Tradição Vieira. Estes caçadores-coletores viviam em pequenos grupos que se deslocavam continuamente devido ao seu modo de subsistência. O seu sistema econômico desenvolvia-se em um espaço geográfico determinado, sendo a divisão do trabalho baseada no sexo, e a divisão dos recursos alimentares feita através da partilha entre os componentes do grupo. Certamente havia intercâmbio matrimonial entre os diversos bandos locais pertencentes a uma mesma unidade lingüística. (Schmitz, 1976) No contato com os grupos horticultores desenvolvem uma agricultura incipiente, adotando também outros traços culturais inclusive elementos da sua cerâmica. Na época da chegada do europeu na região habitava o grupo denominado Charrua na zona de campo e Minuano nas margens das lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira. No entanto não há dados suficientemente esclarecedores para que possamos afirmar que haja um vínculo entre os elementos arqueológicos e históricos. Os Charruas e Minuanos eram nômades, ferrenhos adversários dos espanhóis e dos índios aldeados, tendo -se aliado aos portugueses auxiliando -os na defesa dos baluartes erigidos para proteger os núcleos recém fundados. Entre eles Rio Grande. Este auxilio aos portugueses já ocorre antes da fundação do Presídio de São Pedro, como se pode perceber na carta de Cristóvão Pereira a Gomes Freire de Andrada, de 8 de novembro de 1736, onde este comunica que já utilizava os préstimos dos índios Minuanos, porém com alguma desconfiança. 62 BlBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. 63 "Os Minuanos sempre se achão neutraes, mas estão entrando em Montevideo e prometendo dar p.te de qualquer novid.e q. de cá ouver; e suposto intentava valerme deles fiando no conhecimento q. tem de mim, por ora me não animo a isso porq. são inconstantes e temo q. me vendão querendo conservar húa e outra parte". (RIHGRGS, Tr. 1, 4, 1948, p. 16) o indígena passa a ser utilizado nos serviços de campo e como soldado nos freqüentes confrontos entre Portugual e Espanha. O seu número vai aos poucos reduzindo-se, e à medida que o conquistador se apossa de suas terras eles são obrigados a pedir permissão para se estabelecerem em qualquer lugar. "Na guarda do Carnaquã cobria Rafael Pinto Bandeira essa fronteira, quando a 4 de janeiro de 78 apresentou-se um cacique Minuano com sua gente, cerca de 60 pessoas, declarando desejar estabelecer-se aquém do Jaguarão contando seu povo, que chegaria no máximo a 200 pessoas, e que estavam prontos para ajudar os portugueses, como sempre o fizeram." (Monteiro, 1979, p. 322) Da língua falada por eles muito raro são os vestígios que restaram, designando localidades ou acidentes geográficos. O europeu como não consegue dominá-lo completamente acaba por exterminá-Io. O seu fim como o de outros povos conquistados foi a assimilação ou o extermínio, sobrevivendo apenas os seus vestígios misturados à terra que absorveu seu sangue, nas vitrines dos museus e na memória Aqui é necessario abrir um parêntese para que se possa fazer a distinção entre os termos Tupiguarani e Tupi-guarani. O primeiro é usado para designar a tradição ceramista estudada pela arqueologia, o segundo designa a família lingüística falada pelo grupo agricultor de floresta subtropical no momento da chegada do europeu. Segundo Aryon Dall'Igna Rodrigues este grupo é classificado da seguinte forma lingüisticamente: Tronco - Tupi; família - Tupi-guarani; língua - guarani; dialetos - Kayová, Nandéva, Mbüa. (Melatti, 1970) Os cultivadores Tupiguarani penetram no Rio Grande do Sul numa expansão lenta de pequenos grupos que vão deslocando-se para o sul e para leste até ocupar completamente o território. O êxito de sua conquista se deve ao fato de serem agricultores, o que lhes conferia uma capacidade logística de acúmulo de alimento, sobrepondo-se desta forma aos grupos caçadores-coletores os quaís necessitavam suspender a luta para suprir o seu abastecimento. (Mentz Ribeiro, 1979) Ao estudar-se a dinâmica desse processo de expansão conclui-se que em determinado momento há um intercâmbio cultural e até mesmo um certo convívio entre os agricultores e o grupo portador da cerâmica de Tradição Vieira. "No período anterior à ocupação portuguesa percebe -se um contato intenso entre os dois grupos que chegam ao ponto de conviver na mesma aldeia." (Schmitz, 1976, p. 221) No entanto os agricultores recebem menos influência do grupo de caçadores-coletores do que estes daqueles. Com a chegada do europeu esta cultura indígena, que rapidamente se expandiu abrangendo uma área grande e exercendo uma forte influência sobre outros grupos vai, aos poucos, sendo liquidada por meio de sua destruição e absorção na nova sociedade que se impunha. daqueles que os respeitam. ........•• Horticultores de Floresta Subtropical Por volta do século IX de nossa era penetra na regiãô o grupo ,de qorticultores portadores da cerâmica denominada de Tradição Tupiguarani.. ' •......... Este grupo era especialista na ocupação dos matos.(floresta. sUbtropiçal), tendo se expandido dentro deste ambiente ocupando-o int~raImenté,'oc'así6nahdo com isso a expulsão de outros grupos. Na região do Rio Grande. estabél~cera.IÍl-se nos matos situados nos pontos elevados na bordadas lagoas, alémde n.9ssítiQS do grupo de Tradição Vieira. .. ..-.. Este grupo de horticultores no momento da penetração do europeu na região é denominado de Tupi-guarani, sendo inegável a vínculação entre a tradição arqueológica Tupiguarani e o grupo histórico Tupi -guarani. (Schmi tz, 1976) 64 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. I I ILI O T ~_-C_-A. 1Ut\iet- S_d.~ ••• • ü-ClMiic:laa IlU,. ~H'\Í:JIl" ~#.,,"- !; ~ ILl'OR DE EDUCAçAO BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. '. .; "Esta é a história do Guarani, primeiro o colonizador mais efetivo do mato subtropical, depois ou combustível de uma plantation periférica, ou parcela privilegiada dentro de um grande império colonial: os poucos sobreviventes são mestiços incorporados na classe baixa da pequena República subdesenvolvida ou indígenas disperses sem nenhum projeto que os possa entusiasmar." (Schmitz, 1976, p. 34) 65 TOPONÍMIA INDIGENA No município do Rio Grande não é difícil identificar os lugares em sua geografia, que possuem nomes de origem indígena. Quase todos os que existem são de origem Tupi-guarani. O que não se pode afirmar sobre os nomes indígenas encontrados na sua topografia é se teriam eles sido denominados pelo nativo ou pelos aventureiros que iam penetrando na região, em busca do gado disperso nos campos. Há autores que afirmam terem sido estes que.juntamente, com missionários teriam colocado estas denominações em língua indígena, na geografia brasileira. Um fator que temos que levar em conta é serem os aventureiros que penetravam na região sul, provavelmente originários da Capitania de São Paulo, onde era corren te o uso da língua geral até o fim do século XVII e início do século XVIII. Apesar desta língua ter resultado da evolução do Tupi disciplinado pelos missionários. Sérgio Buarque de Hollanda ao citar o comentário de D. Félix de Azara em sua "Viajes pur Ia América del Sur", deixa bem claro a importância do uso da língua geral pelos habitantes da Capitania de São Paulo. "Deve-se notar, de passagem que ao mesmo Azara não escapou as coincidências entre o que lhe fora dado observar no Paraguai e o que se afirmava dos an tigos paulistas. "Lo mismo escreve - ha sucedido exactamente em Ia imensa provincia de San Pablo, donde los portugueses, habiendo olvidado su idioma, no hablan sino el Guarani". QHollanda,1967:412) Acredita Sérgio Buarque que, apesar da generalização do texto de Azara, os paulistas do século XVII utilizavam, na maioria das vezes, a língua-geral, o que não ocorria com o português. O general Borges Fortes afirma categoricamente num trecho de seu trabalho "O Tupi na Corografia do Rio Grande do Sul", não ser o indígena o distribuidor destas denominações. Que apesar de transcrito aqui é visto com reserva, mas não se poderia omiti-Io pois haveria o risco de parcialidade. "Correspondenternente a observação fundamental que deve desde logo ser aprendida, é que tendo a pitoresca linguagem dos índios fornecido nomes que tanto aformoseiam a nossa geografia, não foram entretanto eles os distribuidores .de tais denominações" . (Fortes, 1930: 324) 66 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. No entanto é muito grande a possibilidade destas denominações terem sido dadas pelo próprio indígena, e transmitidas aos desbravadores da região, que da mesma forma que tomava posse de sua terra apossava-se de seus nomes. Muitas vezes modificando a sua forma e seu significado, mas colocando-os em suas cartas geográficas e transcrevendo -os em seus documentos. "Fomos aos poucos nos assenhoreando de nomes e frases guaranis mudando a acepção a uns mutilando a outros e aglutinando aqueles. Alguns exemplos darão razão ao nosso acerto. O índio, digamos isto preliminarmente fõra realmente conceituoso em .por nome às coisas" . (Martins, 1927 : 489) O que torna esta hipótese bastante plausível são os subsídios fornecidos pela antropologia e etnologia, que afirma darem os povos ágrafos denominações a todos os elementos que compõem o seu universo. "Um dos primeiros passos para entender o universo e agir dentro dele é ordenar seus elementos, classificando -os. Cada sociedade indígena dispõe de um sistema de classificação. (. . .) Ao aprender a língua falada em uma sociedade, um indivíduo entra em contato com uma maneira de classificar os elementos." (Melatti, 1983, p. 149) O indígena para uma eficiente relação com seu meio tinha necessidade de conhecer com detalhe o território que ocupava, atribuindo nome para seus elementos. "As atribuições do chefe Nambikuára exigem dele grande conhecimento do território percorrido pelo bando que dirige; deve conhecer os campos de caça e os locais onde existem árvores frutíferas, deve conhecer o itinerário aproximado dos bandos amigos ou hostis, tudo isso pela segurança e sobrevivência do grupo de que esta à testa." (Lévi-Strauss, 1957, p. 332) Ainda relacionando convém citar Beals e Hoijer. a língua de um grupo com o universo que o rodeia B18LOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. 67 "El lenguaje hace más aún: proporciona Ias categorías y divisiones de Ia experiencia en términos de Ias cuales los que hablan contienden con el universo que los rodea." (Beals e Hoíjer, 1974, p. 631) No tempo que decorreu do seu aparecimento, pela primeira vez em cartas geográficas e citações em documentos, até o momento atual houve modificações na grafia destes nomes, sua substituição por outros dados pelo colonizador, e ainda existiram outros que se perderam para sempre. Mas assim mesmo e independente de quem tenha sido o autor destes topônimos na geografia do Rio Grande eles mantiveram-se até o momento, tornando-se parte do cotidiano desta terra e de seu povo. Alguns Topônimos - seu significado e sua história Caiubá Nome de uma pequena lagoa no município do Rio Grande, localizada entre a Lagoa Mirim e o oceano Atlântico. Observando a "Carta de Todo o Terreno Comprehendido desde a barra do Rio Grande de S. Pedro a the Castilhos Pequeno que corre entre a costa do mar e alagoa de Merim levantada em 1737", feita pelo Brigadeiro José da Silva Pais constata-se a existência da Lagoa do Caiubay. (ver mapa anexo) Na concessão de sesmaria a Francisco Xavier por André Ribeiro Coutinho o nome desta lagoa aparece escrito Cayubá (Docca, 1924, p. 63), tendo sofrido uma modificação em relação ao escrito na carta geográfica de Silva Pais. Passando a denominar além da lagoa os campos que a rodeavam. Em 1739 havia duas estâncias que tinham onome de Cayubá. Uma a "Estância de Cayubá" de Miguel Moreira e a outra "Estancia do Capão de Cayubá" de Francisco Xavier Luis, o mesmo que recebera a sesmaria em 1738, a qual se confrontava de um lado com a lagoa e do outro com o pântano que está na parte do mar. Os nomes destas duas estâncias aparecem na portaria do Coronel Diogo Osório Cardoso de 29 de abril que determinava aos estancieiros, marcar o gado e cavalgaduras, sob pena de os perderem. (AAHRGS, 1977, p. 95-6) No mapa de Olmedilla de 1775 aparece, segundo o padre Carlos Teschauer, uma pequena lagoa denominada Callua situada ao norte do F. Taity e ao sul de Pueblo Nuevo. Na concessão de sesmaria de 1790 a João Duarte aparece o nome da lagoa como Cajubá. (Docca, 1924: 63) Na "Corografia Brasilica ou relação Histórico-Geográfica do Reino do Brasil" de Aires Casal, publicada em 1817 é escrito novamente o nome desta lagoa como Cajuba. No século XX no entanto ela aparece em vários mapas como Caiubá ou Caiuvá. . Souza Docca em seu trabalho, Vocábulos Tupis na geografia Rio -grandense, nos apresenta várias grafias e vários significados para o nome desta lagoa. Primeiramente ele cita Teodoro Sampaio, que dá a seguinte grafia e significados: Caibú 68 BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. Ca-ybu. a fonte das vespas ou dos marirnbondos ; Caá-ybú. o olho d'água da ma tu. Docca ainda nos dá Caa-yuba, o mato amarelo ou Ca-yuba. a vespa amaiclu: Cayuvá - Caá-upá , a lagoa da mata, ou Cai-upa. a lagoa dos macacos. Docca Cala também na tradução de Alfrcdo Carvalho Caiubá - Acayu-yha. o cajueiro ..Com o mesmo significado mas escrito Caiuvá aparece na "História das Terras e Mares elo Chuí", de Péricles Azarnbuja. Segundo o vocabulário Tupi -Guarani de Francisco da Silve ira Bucno , temos Caiuá, morador, habitante da mata. De Caá. mata e ua, morador (Bucno, 1982: 83): Poderíamos ter ainda Caá-y-uba. mato da cana d'água, sendo esta cana usada na confecção das flechas dos indígenas. De Caá, mato. erva, planta em geral. Y. água. rio, líquido e ubá, cana caniço. flecha fei ta ele caniço. (Bueno. 1982. p. 341 ) Como foi dito acima Alfredo Carvalho e Péricles Azambuja nos dão a tradução como sendo o cajueiro, mas corno nesta região não se encontra cajueiro é provável que ambos tenham se enganado. Mas no entanto poderemos ter Caá-yuá que significa mato de juá. este sim um fru to amarelo mui to comum nesta região. Segundo Francisco Bueno juá seria derivado de ayuá, o fruto de espinhos. (Bucno. 1982: 123) Uma lagoa pequena mas com um nome escrito em várias formas e com significados tão diversos, que será ou não o significado que lhcs atribuíram os seus denominadores. A última hipótese é a que procura relacionar o nome da lagoa com o nome do grupo Kayová, um dos três em que são divididos os Guaranis. "Kayová é o terceiro grupo. também conhecido como Te üi e Tcmbckuá. A pronúncia do nome (corrutcla talvez de Kaá y yguá) oscila entre Kaiuá e Kadjova com as formas intermcdíárias Kaiouá c Kayová". (Schadcn, 1974, p. 3) o fato que acarreta esta relação é terem os Tupi-guaranis habitado vários lugares no município do Rio Grande. principalmente próximo aos cursos d'água e sobre as dunas na borda das lagoas. O que não se pode afirmar é ter habitado nesta região um grupo específico que possu isse a denominação Kayová. Egon Schaden fala em migrações deste grupo em direção a cosia atlântica há vários decênios. E por que não a algumas centenas de anos') "Das fon tes bi bliográficas existen tes deprende-se que outrora. isto e. há vários decênios, os Kayová também empreenderam migrações em direção da costa atlântica. Para época recente não há indicações neste sentido." (Schaden, 1974. p. 173) BIBLOS, Rio Grande'. 2 : 55 -90. 1987. 69 Somcn te se conseguirá alguma indicação a rcspci to da ocupação das prox imidadc s da lagoa nos séculos passados, por um grupo ind ígena e a que cul tura pertenciam através de pesquisa arqueológica no local. "Na resposta ao enviado de Castela, por ocasião da fundação da Colônia do Sacramento, a Mirim se chama Lagoa dos Patos. " (Campos Júnior, 1903, p. 159) Mirim Lagoa no município do Rio Grande. Suas águas além do município do Rio Grande. banham os municípios de Santa Vitória do Palmar e Jaguarão, e ainda a República do Uruguai. Mirim na língua Tupi significa pequeno, breve, pouco. Teria recebido este nome por ser menor do que a lagoa dos Patos. Como o diz Aires Casal na sua Corografia Brasilica ... , editada em 1817. datada Em 1680 portanto esta lagoa já seria conhecida, porém com nome trocado. Anos mais tarde, Manuel] ordão da Silva numa carta ao Rei de Portugal, de 1698, fala de uma lagoa denominada pelo indígena de Paramom. " ,- A Lagoa Mirim que quer dizer pequena, comparativamente àqueloutra(Lagoa dos Patos), sendo 26 léguas de comprimento com 7 para oito na maior largura ... " (Casal, 1976, p. 68) A primeira carta geográfica em que aparece esta lagoa com seu nome escrito Merim. provavelmente seja a levantada pelo Brigadeiro José da Silva Pais em 1737 (ver mapa anexo). Que segundo Borges Fortes teria sido o primeiro a divulgar a ,L1:\ existência. "É notável a descoberta da Lagoa Mirim. Nenhuma referência se encontra a seu respei to nos documentos e cartas geográficas até o advento de Silva Pais." (Fortes, 1980, p. 120) . Entrando pelo rio, à mão esquerda, está a ilha das Garças; mais adiante, perto, está o Rio Eume rim , capaz de sumaca. Entrando por ele, tem quatro rios à mão direita; saem em uma lagoa a que o gentio chama Pararnorn, que quer dizer mar." (Cesar, 1981.p. 53) Guilhermino Cesar autor do trabalho no qual se encontrou esta referência, em nota ao pé de página explica que, em lugar de Paramom, deve-se ler Pararne ri ou Pará-mirim, que significa mar pequeno. Concluindo o autor ser esta a forma como era designada a Lagoa Mirim no século XVIII. No século XVIII, além da carta geográfica de Silva Pais, a Lagoa Mirim aparece numa Outra que traz a assinatura Fr. Est. do Loreto, de 1739, (Fortes, 1980: 120), e na de D'Anville de 1748, em que aparece a Lagoa Mirim ligada por um canal ao Rio Grande. (Teschauer, 1921, p. 234) Na cópia da carta geográfica sobre a qual se fez e se firmou o Tra tado de Limites assinado em 13 de janeiro de 1750, pelos Ministros Plenipotenciários dos Reis de Espanha e Portugal em Madri no ano de 1751, esta lagoa aparece como Laguna de Imeri. (Ver mapa anexo) Nos diz ele que na carta geográfica dos padres Techo e Ovale de 1703 no IUc',!1 da Mirim se via apenas alguns montes (ver mapa anexo). Ainda segundo ele a Lagoa Mirim. apesar de ser divulgada e talvez explorada pela primeira vez já seria conhecida Uo\ espanhóis devido a nomes que ficam nas suas imediações serem de proccdcncia espanhola, como Palrnaritos e Curral de Paio. Em alguns documentos do século XVIII o seu nome aparece grafado de várias formas mas todas semelhantes a da carta geográfica de Silva Pais; como 110 registro do despacho do Mestre-de-Campo André Ribeiro Coutinho sobre o transporte de couros na Lagoa Mirim em 1738. "Ainda não incorporada à geografia universal a Lagoa Mirim cabe indiscutivelmente a Paes a primazia de trazê-Ia ao conhecimen to da ciência, levantando -Ihe a primeira planta." (Fortes, 1980. p. 122) " ... como arrecadador dos quin tos e ma is (ilegível) e do dito Brigadeiro cobrar o frete a duzen tos e quaren ta réis de cada como de Touro que vier nas embarcações de EI- Rei da borda e Lagoa de Meri." (AAHRGS. 1977. p. 58) Porém de Campos citação. 70 folheando Júnior "Notas o Alrnanaque Li terário e Estatístico de 1903, no trabalho para a História do Rio Grande do Sul", aparece a seguinte BIBLOS. Rio Grundc, 2 : 55 -90, 19H7. Também no registro de uma petição de 1738, de Francisco Lopes da Silva e de Antonio dos Anjos feita ao Mestre-de-Campo André Ribeiro Coutinho. e também referindo-se ao transporte de couros nesta lagoa. BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90, 1987. 71 " ... a querem os suplicantes mandá-Ia para a mesma cond ução de couros da Lagoa de Merirn para este porto.. ,. (AAHRGS. 1977. p. 74) um bom ajudante que foi por cabo, levando cavalinhos de frisa, e mais cinco peças de libra e de duas, e todas as mais munições e ferramentas que entendi seriam necessárias, as mandei para a borda da Merim ... " . (Fortes, 1980, p. 118) Numa portaria e instruções do Brigadeiro José da Si'va Pais ao Maioral da Esiáncia Real de Torotama José da Silveira sobre o que deve fazer para melhorar a proteção à referida estância. o nome da lagoa aparece escrita na forma atual. "Como se tem reconhecido que a guarda de que estava encarregado o cabo -deesquadra João Barbosa não cobre todos os passos que há na Barra de Mirim, (palavra ilegível) se conserve naquele posto quatro soldados subordinados ao cabo -de -esquadra Pedra Teixeira, para fazerem ali uma sen tinela, e os mais se recolherão ao corpo." (AAHRGS, 1977, p. 182) Às vésperas da invasão espanhola no Rio Grande de São Pedra sua utilidade é citada pela Junta Governativa em carta ao Coronel Tomás Luis Osório, em 16 de janeiro de 1763. " ... Porém assentando vossa senhoria com os seus Officiais em conselho que hé impossível resistir a força do inimigo será prudente acordo o retirarse para coservar a sua Tropa pella não deixar ou morta ou prizyoneira e o mesmo destino poderá seguir a que guarnece o Forte de Sam Miguel por que sendo os inimigos senhores da campanha tambem a guarnição deste cortaram os socorros não só por terra mas ainda os que lhe poderem vir pella Lagoa de Merim ... " (Devassa, 1937, p. 10) Ainda podemos citar a grafia Imeri que, segundo Souza Docca, é a forma como está registrado o nome da lagoa Mirim no mapa das Côrtes. (Docca, 1924, p. 129) A Lagoa Mirim no século XVIll tinha grande importância pois permitia o deslocamento de embarcações ao longo de suas margens até São Miguel para fins de comércio. principalmente de couros. "Concedo licença aos suplicantes para mandarem a mesma canoa a transportar couros pela Lagoa de Mirim sem se afastar jamais da costa que COrrer pelas partes das nossas terras desde o arroio de Thay até a en trada do Rio de São Miguel." (AAHRGS, 1977, p. 75) Além de ser importante para o comércio, a Lagoa Mirim tinha também grande utilidade do ponto de vista militar. Si.lva Pais ao se dirigir às terras ao sul onde construiria o Forte de São Miguel dela se utiliza para transportar armamento pesado e soldados, como se pode ver de sua carta ao Conde de Galveas, em 1738. " ... e com efeito fazendo embarcar no dia 28 de setembro em falua segunda (embarcação que ali mandei fazer chata no fundo) e armada com quatro peças de libra, e de meia, e em lima lancha, e canoa de voga os 30 infantes à ordem de 72 13/I3LOS. Rio Grande. 2 : 55-9U. /987. À medida que o homem "civilizado" foi penetrando nos territórios que circundavam a Lagoa Mirim e se apossando das melhores terras o indígena que habitava suas margens ou mudou-se para outro lugar ou ficou sob o domínio do conquistador. Taim Arroio existente no município do Rio Grande, lançava suas águas na Lagoa Mirim, comunicando esta com a Lagoa das Flores. Localizado aos 320 32' Lat. Sul e 52038' 30" Log. Oeste de Gw. Na carta geográfica levantada por Silva Pais em 1737 já aparece o arroio Tairn. Neste mesmo ano Silva Pais fortifica o passo do arroio I'aim, estabelecendo ali um posto avançado, que passa a ser chamado de Guarda do Arroio Taim. A instalação deste posto às margens do arroio tinha a finalidade de proteger o acesso ao Rio Grande de São Pedro, pois esta guarda fechava um dos caminhos existentes entre a Lagoa Mirim e o oceano. Além de proteção a guarda servia para controle do gado arrebanhado e conduzido por aquele caminho devendo pagar os quintos. Como se vê de uma petição feita ao Brigadeiro José da Silva Pais em dezembro de 1737. BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. 73 ". . . e levado do seu zelo fez uma representação do evidente perigo em que se achava a Guarda do Arroio Tahy, por se acharem inúteis as .defensas que por ele dito cabo -de -esquadra havia mandado construir o Brigadeiro José da Silva Pais no tempo da sua comandancia; cuja inutilidade havia causado a mudança do terreno por lhe faltarem as águas com o rigor do verão, e trazendo a planta e relação daquele sitio ao Governador André Ribeiro Coutinho, ouvindo-o ele e reconhecendo a sua capacidade e o evidente perigo em que se achava a dita guarda lhe ordenou construisse um forte em lugar mais próprio para a defensa, o que prontamente executou ... " (AAHRGS, 1977, p. 124,125) "E será obrigado a pagar neste porto os quintos dos couros ou xarque do que carregar a sua embarcação e do gado que . correr apresentará certidão do que entrar pela Guarda do. Arroio de Taim para satisfação do que se dever a S.M. dos quintos de que se lhe passará certidão." (AAHRGS, 1977, p. 45,46) Em fins de 1738 numa ordem do Mestre -de -Campo André Ribeiro Coutinho, Taim aparece escrito de outra forma. " ... Ordeno que no dito campo e seus rincões compreendidos desde a guarda de Xueu e Forte de São Miguel até os passos de Tehim, Albardão e Mangueira pelas margens do mar e Lagoa de Merin se não trabalhe mais na faina dos couros nem na corredoria das vacas." (AAHRGS, 1977, p. 78) Do mesmo ano num despacho também de André Ribeiro concedendo uma licença a Francisco Lopes da Silva e Antonio dos Anjos, há uma referência ao arroio Taim mas escrito de forma diversa da anterior. Em 1763 numa carta da Junta Governativa ao Coronel Tomás Luis Osório, aconselhando-o sobre como proceder em caso de ataque da posição ocupada por ele, por forças espanholas, o arroio é chamado de rio e vem escrito na sua forma inicial, que foi a que se manteve até o momento. " ... e esta averiguação também lhe deve servir para puder retirar a tempo a artilharia e munições por se não expor a perdellas ou já encaminhadoas ao passo do Ryo Taim ou ao Ryo de Sam Miguel por onde podem baixar embarcadas ou por donde julgar mais facil e seguro." (Devassa, 1937, p. 10) "Concedo licença aos Suplicantes para mandarem a mesma canoa a transportar couros pela Lagoa de Merim sem se afastar jamais da costa que corre pelas partes das nossas terras desde o arroio de Thay até a entrada do Rio de São Miguel." (AAHRGS, 1977,p. 75) Depois em 1739 no registro de uma portaria de André Ribeiro sobre as obrigações de seus oficiais, vem mencionada a Guarda do Taim, porém com sua grafia diferindo das anteriores mais uma vez. O comandante do Reduto de Tay tomará o gado que lhe for preciso para susten to de dois meses dos seus soldados, ... " (AAHRGS, 1977, p. 100) " ... Ainda no governo de André Ribeiro Coutinho a fortificação da Guarda do Arroio Taim havia se deteriorado, tendo ele ordenado a construção de um forte num lugar mais apropriado, e que foi executado pelo cabo-de-esquadra João Gomes de Melo. 74 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. Por esta carta pode -se ver que a guarda do arroio Taim continuava a exercer a sua função em defesa de um ponto estratégico para se atingir a Vila do Rio Grande. No mapa levantado pelo cosmógrafo D. Juan de La Cruz Cano y Olmedilla no ano de 1775, aparece entre as lagoas Samarumbú e Mirim um F. Taity, é o que constata Teschauer em suas "Investigações sobre as origens do Rio Grande do Sul", sendo a forma mais estranha com a qual se encontra este nome. (Teschaver. 1921, p. 235) Nas memórias do General Henrique Boehn mais uma vez se comprova a importância estratégica da guarda do arroio Tairn para a defesa da Vila do Rio Grande no século XVIII, pois, após a expulsão dos espanhóis, escrevendo ao Marquês de Lavradio em 22 de abril de 1776 ele comentava que os Dragões haviam ocupado a guarda do arroio Taim, precavendo-se desta forma da possibilidade de um contraataque espanhol. BIBLOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. 75 · . Le Dragons occupent 1es Postes avancés de l'Arroyo Tahim, de l'Albardão , et du Sangradouro de Mirim." (Bbehn, 1979,p. 201) Com o Tratado de Santo Ildefonso entre Portugal e Espanha firmado em 1777, que delimitava os territórios sul- americanos dos dois países, ficou acertado que haveria um espaço neutro que separasse as terras pertencentes as duas coroas. Este espaço neutro ficaria entre o Chuí e o arroio Taim. Os limites portugueses passariam sobre o leito deste arroio, no qual em 1784 foram colocadas três marcos de pedra, destacando mais uma vez a importância deste pequeno acidente geográfico. Com o passar dos anos nas proximidades da Guarda do Arroio Taim formou-se uma povoação que cresceu lentamente, passando a distrito municipal de Rio Grande por decreto imperial de 24 de outubro de 1832. (Docca, 1925, p. 181) Esta povoação que recebera o nome de Taim é elevada a categoria de Freguesia em 6 de maio de 1846, através de provincial. (Faria, 1914) Não fosse esta povoação que recebera o nome Taim, o mesmo teria desaparecido da geografia do município de Rio Grande, pois no dia 14 de dezembro de 1878 uma chuva torrencial abateu-se sobre esta região, avolumando as águas das lagoas Flores e Caiubá. Dias depois ao baixarem as águas o arroio Taim havia desaparecido, obstruindo (digo) obstruído pelos detritos depositados pela enxurrada em seu leito. (Montenegro, 1895) Sobre a palavra Taim, Souza Docca afirma ser de origem Tupi, derivado de Tagí que significa o braço ou galho de rio, (canal, furo), já que o arroio Taim seria um canal que ligava as lagoas Flores e Mirim. (Docca, 1925, p. 179) No entanto Péricles Azambuja dá para ltaim ou Taim o significado de arroio das pedras. Segundo ele esta denominação seria recente, do tempo em que foram levantadas as fortificações da guarda do arroio Taim, e que as mesmas teriam sido construídas com a ajuda dos índios Minuanos, e que seriam eles os autores desta denominação (Azambuja, 1978, p. 190). O curioso é ser uma região em que não há pedras. As únicas pedras que existiam neste arroio foram os marcos da demarcação de limites colocados em 1784, e como o nome Taim é encontrado em cartas geográficas e documentos a partir de 1737 fica difícil afirmar o seu significado e a sua procedência, aceitando-se apenas a sua origem indígena. João da Silva Souza no mesmo ano aparece Toruritama. (Monteiro e Trápaga, 1983, p. 14) Na carta geográfica levantada por Silva Pais em 1737 aparece a denominação Rincão de Turoretama entre o canal que liga as lagoas Mirim e dos Patos, e o Rincão do Mercador. No início da ocupação do Rio Grande de São Pedro este rincão era utilizado para se colocar a cavalhada e o gado que pertencia à coroa portuguesa. Em 1738 André Ribeiro Coutinho determina o seguinte sobre este rincão. " ... o Rincão de Tororitarna é realengo, e nele pastará a cavalhada e vacaria que estiver da parte do Sul do Rio Grande de São Pedro; nele haverá um maioral, um domador e cinco peões dos quais serão destinados só para tratar do gado vacum; e à medida que crescer a cavalhada, se aumen tará o número de peões ... " (AAHRGS, 1977, p. 111) No entanto esta denominação não se limitava apenas ao rincão onde estava a estância real, mas abrangia uma área bem mais extensa, incluindo o canal que liga as lagoas dos Patos e Mirim, além de uma ilha no canal do Rio Grande. Na carta geográfica de Silva Pais aparece o canal de ligação entre as lagoas, porém não há nenhuma denominação para ele. Em 1748 na carta geográfica de D'Anville ele já aparece denominado Turerutama (Docca, 1921, p. 233-4). Mais adiante em 1757 na concessão de sesmaria a Monoel Leite Vieira este canal é denominado de Tororetama (Docca, 1922, p. 219). E ainda na carta da junta Governativa ao Coronel Tomás Luis Osório datada de 1763 ele é escrito de forma um pouco diferente. ". . . por que sendo os inimigos senhores da campanha também à guarnição deste cortaram não só por terra os socorros mas ainda os que lhe poderem vir pella Lagoa de Merim pondo no Sangra douro de Turoretama quem os embarasse no Ryo de Sam Miguel." (Devassa, 1937, p. 10) Torotama Nome atual de uma ilha no município de Rio Grande. No passado este nome foi escrito de diversas formas e denominava uma região bem mais extensa. Souza Docca dá o seguinte significado para este nome: Torore tama, a região, a terra dos tatús (Docca, 1922, p. 219). NoVocabulário Tupi-Guarani/ Português do professor Silve ira Bueno encontramos o mesmo significado Torotama - toró, espécie de tatu; tama, região lugar por eles habitado. (Bueno, 1982, p. 600) Nos documentos do século XVIII este nome aparece escrito nas formas mais diversas. Em 1738 numa portaria de André Ribeiro Coutinho está escrito Rincão de Tororatama. Ainda no mesmo ano ele aparece na concessão de sesmaria a José Ferreira Chaves, Torororitama (Docca, 1922, p. 219). Já na que é concedida a 76 BIELOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. Quanto à ilha denominada Torutama há referência nas concessões de sesmaria a Luiz de Vasconcelos e Souza em 1780 e 1782, (Monteiro & Trápaga, 1983, p. 15 -6), na de Manoel Marques de Souza em 1779 e na de Antonio Cabral de Mello em 1782. (Docca, 1921, p. 219) Pelo fato do Rio Grande de São Pedro ser uma região de litígio entre Portugal e Espanha, o sangradouro de Turoretama adquire importância estratégica, pois quem detivesse a sua posse controlaria o tráfego de embarcações entre as lagoas dos Patos e Mirim bem como o acesso a região ao norte dele. Em vista disso Gomes BIELOS, Rio Grande, 2 : 55 -90, 1987. 77 " ... Tambem incluo a V.S. as copias das ordens que dey ao Cel, de Dragoens José Cazemiro Roncally que sahio de R.o Pardo pela parte de S. Gonçalo e vão notadas com os ns. 1~ e 2~, e a copia da carta que daqui lhe escrevi debaixo do n. 3~. Ao mesmo Coronel de Dragoens deve V.S. socorrer em cazo de lhe impedirem a passagem do R.~ chamado Sangradouro de Merim com o numero de Tropa que julgar conveniente, ... " (Monteiro, 1979, p. 188) Freire de Andrada em 1754 manda construir o pequeno forte de São Gonçalo as suas margens, para proteger a sua retaguarda quando ele se dirigisse às Missões. (Barreto, 1973) Na carta da Junta Governativa a Tomás Luis Osório em 1763 se destaca a importância deste forte na defesa do sangradouro e de toda a região, pois a sua ocupação pejos espanhóis poderia comprometer o abastecimento e o envio de socorro para a nova fortaleza de Santa Tereza, posto avançado dos portugueses. " ... Entendendo vossa senhoria que a força do inimigo se pode fazer oppozição e essa nova fortaleza pode embaraçar a en trada do Paiz por essa parte estando esta em estado de defensa a deve guarnecer e sustentar porem com advertencia de que o inimigo lhe não possa cortar os socorros de que ha de carecer pois este o poderá impedir ao mesmo tempo por junto da fortaleza de Sam Miguel e por Sam Gonçalo por onde se faz prezísso trazer espias e partidas que avizem dos movimentos daquellas campanhas ... " (Devassa, 1937, p. 10) Durante alguns anos o canal continua denominado de Sangradouro de Turoretama ou ainda Sangradouro de Mirim. Com a ocupação da Vila do Rio Grande e regiões próximas pelas tropas castelhanas o canal passa a receber destes a denominação do forte que ficava na sua margem. "EI astuto Pombal había ido preparando en Rio Grande una expedicion contra Ias posesiones espafíolas en dicho punto. En 23 de Mayo de 1767 se descubrió tropas portuguesas en Ia Sierra de los Tapes, pertencientes al domínio espaãol y confinante con el rio de San Gonzalo, acuartelandose y fortificandose en Ia estancia deI P. Marques, território de Ia corona de Espana." (Arana, 1937,p.334) No final de 1775 em carta ao Marquês de Lavradio, em que relatava os preparativos para a retomada da Vila do Rio Grande, o General Henrique Boehn fala sobre a necessidade de com a ajuda de Deus assenhorear-se do canal, chamando-o de Sangradouro de Mirim. " ... Ce Poste embarassant toujours notre communication avec Je Rio Pardo, quoique Dieu nous aidât à rechasser les Espanhols du Bord Méridional de Cette Riviêre et nous rendit Maitres du Sangradouro Mirin." (Boehn,1979,p.89) No ano seguinte em outra carta ao Marquês de Lavradio datada de 10 de maio o General Boehn faz uma referência muito esclarecedora sobre a denominação que era dada pelos espanhóis ao sangradouro. " ... J'avois dans ce mêrne voyage pour objet d'examiner les passages du Sangradouro de Mirim (que les Espanhol appellent Rio de St. Gonzalo Gazu) ... " (Boehn, 1979,p. 120) Porém ainda em 1780 o canal era chamado pelos portugueses de Sangradouro de Mirim. (Rodrigues, 1898, p. 233) No século XIX no entanto já se havia afirmado o nome de São Gonçalo para denominar o canal de Turerutama. " ... está também prolongada com a costa e desagua para a dos Patos por um canal de 14 de comprido, largo, vistoso e navegável, que é o mencionado Rio de São Gonçalo." (Casal, 1976, p. 68) No pequeno mapa manuscrito de Millau de 1770, cujo original se encontra no depósito Hidrográfico de Madri aparece o nome de S. Gonzalo para substituir o de Turerutama (Docca, 1921, p. 236). Na mesma época os portugueses ainda fazem distinção entre o forte e passo de São Gonçalo e o canal que é denominado de Sangradouro de Merim. Na ordem de José Custódio de Sá e Faria a José Marcelino de Figueiredo, sobre o ataque a Vila do Rio Grande em 1767 é eviden te esta distinção. 78 BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90,1987. BIBLOS, Rio Grande, 2: 55-90, 1987. 79 Este nome permanece até os dias de hoje, tendo caído no esquecimento a sua primeira denominação que o ligava ao indígena habitante de suas margens. Na região que ficava entre o canal de Turerutama e a ilha do mesmo nome no início da ocupação do Rio Grande de São Pedro formou-se uma povoação com as famílias vindas da Colônia do Sacramento e das ilhas açorianas. Esta povoação era conhecida como Povo Novo de Torontama (Bóehn, 1979, p. 120), ou ainda Povo Nuevo de Torretama (Teschauer, 1921, p. 242). Com o passar dos anos perde a denominação Torotama ficando conhecida apenas por Povo Novo. O que se pode constatar é que os nomes indígenas além de sofrerem modificações, são muitas vezes substituídas por nomes dados pelo conquistador, perdendo-se para a história de uma terra e de um povo. Umbú i Com este nome existia em 1748 um capão no município do Rio Grande, como se pode observar na concessão de sesmaria a Pedro Teixeira Cardoso, e que possuía as seguintes confrontações: Terras na cabeceira do Arroio das Corticeiras, para noroeste e terminam no capão chamado "Umbu". (Monteiro & Trápaga, 1983, p. 15) Teodoro Sampaio o traduz como o que faz beber; o que dá a beber, referindo-se aos tubérculos grandes do umbú que guarda água em suas raízes. (Docca, 1925,p.223) Atualmente, ainda existe um capão com este nome no lugar denominado Barra Falsa, segundo o morador da região, Ariano Souza (comentário pessoal). CONCLUSÃO Ao terminar este trabalho sobre toporurma indígena no murucipio do RíoCrande constata-se que muitas são as perguntas à espera de resposta. Pelo fato de ele ter sido realizado com um tempo limitado muitas destas perguntas não puderam ser respondidas, pois foram muitas as fontes que ficaram por consultar. Espera -se que ele tenha cumprido a sua missão de trazer um pouco de luz sobre a denominação indígena e a história dos acidentes geográficos de nossa terra. ABREVIATURAS AAHRGS - Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. RIHGRGS - Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. ABSTRACf Rio Grande gcographical accidents Municipal District with nativo names Native that signification and origin, they have been focalized until the eighteenth centery end. 80 Toponymy the district trcats in the historical BIBLOS, 01' the has. Besidcs the Rio Grande, context 2 : 55 -90, 1987. REFERíNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL. Porto Alegre, 1977. v.1. ARANA, Henrique. Expedicione de Don Pedra de Cevallos ai R ia Grande y R ia de Ia Plata. In: CONGRESSO DE HISTÓR.IA E GEOGRAFIA SUL RIOGRANDENSE, 2, Porto Alegre. Anais. .. Porto Alegre, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. 1937. v. 1. AZAMBUJA, Péricles. História das Terras e Mares do Chuí. Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brinde, 1978. BAR RETO, Abeillard. Bibliografia Sul Riograndense. Rio de Janeiro, Conselho Federal de Cultura, 1973. v. 1 BASTOS, Manoel E. Fernandes. A estrada da Laguna ao Rio Grande. 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