Agenda - Início

Propaganda
Da Europa
ao Novo Mundo
Agenda
1883-1945
w
Se vem aos Dias da Música comas suas crianças,
o CCB preparou-lhe uma programação alter­
na­­tiva. A Minha Mãe Gan­so é um concerto
especial narrado, para crianças com mais de
cinco anos.
Várias oficinas de música decorrem no Espaço
CCB Fábrica das Artes. Esco­las em Palco são
concertos dados por estudantes de escolas de
música de todo o país. Os Concertos Música
Livre dão a conhecer jovens talentos. O festival dispõe de um serviço de babysitting para as
crianças mais pequenas. A programação para a
°x
°.
família é refe­renciada com a imagem X
No capítulo Bilhetes ⁄ Salas saiba tudo sobre
os preços, as salas e o recinto (e regras de utilização), a participação nas oficinas e os espaços
de restauração disponíveis. No ­final da ­agenda,
pode encontrar um mapa do recinto Dias da
Música que o ajudará a localizar todos os espaços referenciados ao longo da agenda.
Sejam bem-vindos!
Desejamos-lhe um fim de semana repleto
de boas músicas.
a programação apresentada nesta agenda pode,
por motivos imprevistos, sofrer alterações.
3
4>5
A escolha dos concertos
6 Informações gerais
Preço dos bilhetes, informações
sobre as salas, o recinto e as oficinas
Resumo da programação
Sexta e sábado
12 > 15 Domingo
8 > 11
18 > 19
20 > 54
55 > 78
79 > 80
Apresentação dos concertos
Sala e horário, intérpretes e apresentação das obras
Concerto de inauguração
Concertos de sábado
Concertos de domingo
Concerto de encerramento
Aqui há conversas com...
82
84 > 89
90 > 91
92 > 93
95
Programação para famílias
Escolas em Palco
Concerto A Minha Mãe Ganso
Oficinas
Concertos Música Livre
Biografias
98 > 107 Orquestras e ensembles
107 > 119 Solistas
120 > 142 Compositores
Outras atividades
144
147
Mapa do recinto Dias da Música
Parceiros institucionais, patrocinadores
e apoios do festival
contracapa
1883-1945
Utilize-a como programa de sala nos concertos a
que vai assistir. Nos capítulos ­Concertos e Biografias, pode encontrar as informações deta­
lhadas sobre o programa, intérpretes e compositores. Nos intervalos dos concertos, o festival
oferece-lhe várias ativi­dades complementares
de entrada livre: Aqui há conversas com... ou
Concertos Música ­Livre. Consulte as programações nos capítulos respe­tivos. Em Resumo
da Programação apresentamos-lhe uma planificação geral da programação diária para poder
otimizar o seu dia.
O tema da edição de 2011
Da Europa ao
Novo Mundo
A agenda Dias Música é um guia, de distribuição gratuita, que junta todas as informações
importantes da 5.ª edição do festival Dias da
Música em Belém.
Entre a morte de Richard Wagner
e o fim da Segunda Guerra Mundial,
a música ocidental reinventa-se.
Ao apogeu do sinfonismo mahleriano sucedem-se
as ruturas do impressionismo (Debussy, Franck),
de Stravinsky e sobretudo do atonalismo,
representado pela Segunda Escola de Viena
(Schoenberg, Berg, Webern). Mas, tal como Dvořák
tinha anunciado nos últimos anos do século XIX,
emergem novas expressões musicais que ganham
corpo sobretudo nos Estados Unidos, recorrendo
às tradições afro-americanas: é a era dos blues
e do jazz e de uma primeira estética de fusão,
que dará origem a Copland e Gershwin.
A receção desses novos sons dá-se na Europa
do primeiro pós-guerra (depois de 1918),
com compositores como Ravel e Kurt Weill,
mas o movimento acentua-se depois da ascensão
ao poder do nacional-socialismo em 1933,
que leva ao êxodo de compositores e intérpretes,
na sua maioria para a América. Em pouco mais
de sessenta anos, a tradição musical europeia
roda sobre si mesma, criando novas formas
e novos formatos, gerando ruturas e polémicas,
e recriando universos sonoros abertos
às influências exteriores.
3
Como escolher?
Orquestras
e ensembles
Como é impossível
assistir à totalidade
dos 65 concertos
disponíveis nesta
edição dos Dias
da Música em Belém,
propomos-lhe alguns
critérios de seleção.
Interpretação
Escolha através da listagem
de participantes, organizada
por orquestras e ensembles
ou solistas.
Compositores
Selecione os concertos onde
os seus compositores preferidos
(ou os que pretende passar
a conhecer) são tocados.
Complete este critério,
consultando as obras tocadas
no programa de cada concerto
selecionado (capítulo Concertos).
Itinerários
Se ainda subsistirem algumas
dúvidas na escolha, propomos-lhe
um conjunto de 6 itinerários
temáticos para fazer diferentes
“viagens” musicais ao longo
do festival.
Coro de Câmara Lisboa Cantat
Jorge Carvalho Alves direção B10
Coro Teatro Nacional São Carlos
Emannele Pedrini direção B3
Coro Sinfónico Lisboa Cantat
Jorge Carvalho Alves direção C5
Dixie Gang B15
DSCH – Schostakovich Ensemble C14
Ensemble Boîte à Bijoux
Nuno Côrte-Real direção B7 ⁄ C6
Ensemble Mediterrain B11 ⁄ C8
Mahler Ensemble
Massimo Mazzeo direção C10
O Guardador de Canções B17
Orquestra do Algarve
Pedro Neves direção B2 ⁄ C9
Orquestra de Câmara Portuguesa
Pedro Carneiro direção B1 ⁄ C3
Orquestra Filarmónica de Brno
Leoš Svárovský direção A1 ⁄ B5 ⁄ C2 ⁄ C4
Orquestra Jazz de Matosinhos
Pedro Guedes ⁄ Carlos Azevedo direção B9
Orquestra Sinfónica Metropolitana
Cesário Costa direção B4 ⁄ C1 ⁄ C5
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Julia Jones direção B3
Quarteto Brodsky B32 ⁄ C26
Quarteto Lopes-Graça B29
Quarteto Pražák B30 ⁄ C23
Quinteto à-vent-garde C24
The Duke Ellington Orchestra B6
Trio Arriaga B25
Yogistragong
Elizabeth Davis direção C7
Solistas
Compositores
Ana Maria Pinto C5
António Rosado B12
Bernardo Sassetti B22 ⁄ C18
Carlos Damas B27
Chen Halevi C12
Dora Rodrigues C10
Edicson Ruiz C13
Eduarda Melo C5
Filipe Pinto-Ribeiro B16 ⁄ C3 ⁄ C14
Gary Hoffman B1 ⁄ C14
Gérard Caussé B16 ⁄ C14
H. J. Lim B24 ⁄ C1
Isabel Alcobia C5
Jack Liebeck B4 ⁄ C14
Jan Lisiecki B14 ⁄ C11
Javier Perianes B26 ⁄ C22
Jill Lawson B21
Joana Gama C21
João Merino C5
João Rodrigues C5
João Vasco B17
Jorge Moyano A1
José Brandão B17
Juan Garcia Collazos B27
Karin Lechner B18 ⁄ C15
Louis Lortie B8 ⁄ C20
Luis Rodrigues C5
Luísa Tender B21
Marcelo Nisinman C12
Mário Laginha B22 ⁄ C18
Mário Redondo B17
Marta Zabaleta B19
Martin Simpson B31 ⁄ C25
Mélanie Brégant B28
Miguel Borges Coelho B19 ⁄ C10
Nina Schumann
e Luís Magalhães B20 ⁄ C17
Óscar Carmo C3
Pavel Gomziakov B8 ⁄ C20
Pedro Jóia B23
Reginald R. Robinson B13 ⁄ C16
Rosa Maria Barrantes C12
Sergio Tiempo B5 ⁄ C13 ⁄ C15
Teresa Palma Pereira C19
Thomas Bloch B28
Tiago Pinto-Ribeiro C12
Aaron Copland B27 ⁄ C2 ⁄ C8 ⁄ C17
Alban Berg B30
Alberto Ginastera B12 ⁄ B18 ⁄ C13
Alexander Scriabin B24
Alexander von Zemlinsky B17 ⁄ C20 ⁄ C24
André Jolivet B28
Anton Webern B32 ⁄ C26
Antonín Dvořák A1 ⁄ B27 ⁄ C14
António Fragoso B12 ⁄ B27
Armando José Fernandes C14
Armandinho B23
Arnold Schoenberg B11 ⁄ C9
Arthur Farwell B17
Astor Piazzolla B28 ⁄ C12 ⁄ C13 ⁄ C15
Béla Bartók B16 ⁄ C19 ⁄ C26
Benjamin Britten B1 ⁄ B16 ⁄ B17
Bohuslav Martinů C11
Camille Saint-Saëns B11
Carl Nielsen C24
Carlos Gardel B23 ⁄ C12
Carlos Guastavino B18
César Franck B16
Charles Ives B17 ⁄ C9
Claude Debussy B10 ⁄ C22
Count Basie B9
Darius Milhaud B21
Dmitri Schostakovich B21 ⁄ B25 ⁄ C3
Duke Ellington B6 ⁄ B9 ⁄ B22 ⁄ C18
Edward Michael B28
Elliot Carter C13
Enrique Granados C21 ⁄ C22
Erich Wolfgang Korngold B4
Erik Satie B14 ⁄ C21
Ernest Bloch B25
Ernst von Dohnányi C8
Erwin Schulhoff C23
Étienne Rolin B28
Federico Mompou B12 ⁄ C22
Fernando Lopes-Graça B10
Filipe de Sousa B17
Franz Liszt C19
George Gershwin A1 ⁄ B17 ⁄ B18
⁄ B22 ⁄ C5 ⁄ C18 ⁄ C23
Gerald Finzi B10
Giovanni Bottesini C13
Gustav Mahler C4 ⁄ C10
Itinerários
Heitor Villa-Lobos B11 ⁄ B12 ⁄ B28 ⁄ C21
Hugo Wolf B10
Ignacy Jan Paderewski C11
Igor Stravinsky B32 ⁄ C2 ⁄ C17 ⁄ C26
Isaac Albéniz B18 ⁄ C22
Jean Sibelius B27
Jimmie Lunceford B9
Johannes Brahms B8 ⁄ B14
John Cage B17
John Musto B17
Johnny Green B22 ⁄ C18
Joly Braga Santos B2
José Vianna da Motta C19
Joseph Lamb B17
Juan Bautista Plaza B18
Karol Szymanowski C19
Kurt Weill B4
Leonard Bernstein B25
Leoš Janáček B30 ⁄ C4 ⁄ C21
Luís de Freitas Branco A1 ⁄ B29
Manuel de Falla B26
Marcelo Nisinman C12
Marjan Mozetich C11
Maurice Ravel B3 ⁄ B7 ⁄ B10 ⁄ B24
⁄ B32 ⁄ C1 ⁄ C6 ⁄ C11 ⁄ C15
Ned Rorem B17
Nikolai Myaskovsky C20
Nino Rota C13
Olivier Messiaen B14 ⁄ B19 ⁄ B28
Pablo Ziegler C15
Paul Bowles B17
Paul Hindemith C24
Pavel Haas C23
Pedro Datta C12
Pierre Boulez B28
Piotr Ilitch Tchaikovsky B1 ⁄ C15
Richard Strauss B2 ⁄ C5
Richard Wagner C3
Samuel Barber B17 ⁄ B29 ⁄ C17
Scott Joplin B13 ⁄ C16
Sergei Prokofiev B2 ⁄ C8 ⁄ C21
Sergei Rachmaninoff B5 ⁄ B14 ⁄ B18
⁄ B20 ⁄ B21
Silvestre Revueltas B29
Thomas Bloch B28
Witold Lutosławski C17
1 ⁄ Do Novo Mundo
Privilegia música das Américas.
A1 > B18 > B29 > B25 > B11 > B17 > B6
> C15 > C2 > C17 > C18 > C5
2 ⁄ Da Europa
Privilegia música da tradição erudita
europeia.
A1 > B8 > B24 > B20 > B26 > B5
> C11 > C20 > C21 > C14 > C5
3 ⁄ Espírito livre
Sobretudo géneros não-eruditos,
como ragtime, blues, jazz,
tango, gamelão.
B23 > B9 > B15 > B31 > B22 > B6
> C7 > C12 > C13 > C22
4 ⁄ Diversidade
Um pouco de todos os outros itinerários
para quem quer ter uma ideia geral
de festival.
B13 > B2 > B3 > B12 > B21 > B6
> C1 > C16 > C25 > C10 > C5
5 ⁄ Mal-amados
Música de compositores que tenham
tido vidas conturbadas emocional,
social, política ou profissionalmente.
B1 > B14 > B30 > B4 > B32
> C23 > C24 > C3 > C4
6 ⁄ Modernistas
Compositores cuja música
é original (por vezes revolucionária)
e que contribuíram para a riqueza
do período em questão.
B28 > B19 > B10 > B16 > B27
> C19 > C8 > C9 > C26
5
Recinto
Durante o festival, a circulação no CCB está condicionada. Os
espaços interiores estão reservados aos portadores de bilhetes para concertos ou de recinto Dias da Música. O bilhete de
recinto dá acesso às atividades complementares que acontecem nas zonas de circulação, como os Concertos no Espaço
Música Livre, as conferências Aqui há conversas com..., as
oficinas CCB Fábrica das Artes e as restantes atividades lúdicas, Aqui há pianos, Ver um conserto, O que é um piano e
aos espaços comerciais Fnac, Intermúsica, Imprensa Nacional
Casa da Moeda (INCM) e de restauração. O recinto abre às
11h30. Excecionalmente, o acesso aos concertos A Minha
Mãe Ganso (B7 e C6) e ao concerto Escolas em ­Palco C27
faz-se pela entrada principal do Pequeno Auditório (exterior
ao recinto). Pode entrar e sair do recinto sempre que
desejar (apresente o seu bilhete à entrada).
Salas
Só os concertos que decorrem no Grande Auditório
têm lugares marcados. Nas restantes salas, a ocupação
faz-se por ordem de chegada. Para ter mais opções de esco­
lha, antecipe a sua chegada. Não é possível a entra­da
nas salas após o início dos concertos.
No recinto e nas salas de concertos não é permitido fumar
(consulte a sinalética dos espaços para fumadores). Nas ­salas
de concertos não é permitido comer, beber ou efetuar qualquer tipo de gravação de som ou imagem. Não se esqueça
de desligar o seu telemóvel. Alguns dos concertos Dias
da Música serão gravados ou transmitidos em ­direto –
agradecemos antecipadamente a sua compreen­são e cola­
boração.
Oficinas
Para participar nas oficinas é necessário efetuar uma
marcação prévia à entrada do Espaço CCB Fábrica das
Artes (onde decorrem as oficinas), junto ao Jardim das
Oliveiras (fora do recinto Dias da Música). As crianças até
aos 7 anos só podem participar nas oficinas acompanhadas
por um adulto. A participação nas oficinas é exclusiva para
os portadores de bilhetes de concerto ou de recinto. As
marcações são limitadas à capacidade das salas. Consulte a
programação nas págs. 92 e 93.
Babysitting
Das 11h30 às 23h30 (até às 20h30, no domingo), o CCB,
em colaboração com A Fada Amiga, disponibiliza um serviço de babysitting na Sala Amadeo de Sousa Cardoso (em
frente da Sala Sophia de Mello Breyner). Este serviço de
apoio aos pais tem o custo de 1e ⁄ hora. O serviço é limitado à capacidade da sala. Ver pág. 144.
Bengaleiro
Deixe o seu casaco ou chapéu em segurança. Utilize gratuitamente o serviço de bengaleiro junto à entrada do Pequeno Auditório.
Estacionamento
O CCB dispõe de 2 parques de estacionamento, um com
acesso pela Rua Bartolomeu Dias (Parque B) e o outro (Parque A) com acesso pela Praça do Império (no sentido do
rio). As máquinas de pagamento situam-se nas entradas dos pisos 0 dos parques. As pessoas com mobilidade reduzida têm espaços de estacionamento reservados no
piso 0 do Parque A.
Restauração
Estão vários espaços de restauração a funcionar durante o
festival: Sandwich Bar junto ao balcão das informações, no
piso 1, Bar Terraço no piso 3 (com serviço de refeições em
self-service); o restaurante A Commenda no piso 1, e a Cafetaria Quadrante, já fora do recinto, junto à Praça do Museu
e do Jardim das Oliveiras (Espaço CCB Fábrica das Artes).
Há dois bares complementares em zonas de circulação, um
junto ao Espaço Música Livre e o outro junto à entrada para
o Grande Auditório.
Emergência
Em caso de emergência contacte de imediato um segu­
rança, um funcionário ou um assistente de sala. O CCB
dispõe de um serviço de emergência médica.
Linha de Informação CCB 213 612 555
www.ccb.pt
da programação
Grande Auditório 8,50e (galerias 5,50e)
Grande Auditório (concerto de encerramento) 10e
(galerias 5e)
Pequeno Auditório ⁄ Sala Luís de Freitas Branco ⁄ Sala
Almada Negreiros ⁄ Sala Sophia de Mello
Breyner ⁄ Sala Fenando Pessoa 6,50e
Pequeno Auditório (concertos CCB Fábrica
das Artes) 6,50e
Sala Amália Rodrigues (Escolas em Palco) 4,50e
Bilhete de recinto (atividades complementares) 3,50e
Não se aplicam os descontos habituais dos espetáculos CCB,
e também não é possível efetuar reservas de ­bilhetes.
Não necessita sair do recinto Dias da Música para adquirir
mais bilhetes para concertos. Dentro do festival, na receção
principal, no balcão de informações Dias da Música (piso 1),
funciona uma bilheteira alternativa. Todos os concertos
têm um número de referência (letra + número). Para ­facilitar
as compras, utilize esta designação para identificar os con­
cer­tos a adquirir.
Resumo
6
Bilhetes ⁄ Salas
Bilhetes
° x°
X
grande
auditório
piso 1
8,50e (5,50e galerias em pé)
lugares marcados
Pequeno
auditório
sala eduardo prado coelho
piso 1
6,50e
sem lugares marcados
Sala
Sala
Sala
Sala
piso 1
6,50e
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
Luís de freitas
Branco
sem lugares marcados
almada
negreiros
sem lugares marcados
concertos
alunos escolas
música 84 > 89
sophia de mello fernando
pessoa
breyner
sem lugares marcados
família >
sem lugares marcados
sala
amália
rodrigues
piso 2
4,50e
sem lugares marcados
concertos
música livre
espaço
música livre
95
foyer do grande auditório
piso 2
entrada livre
sem lugares marcados
A1
concerTo
inaugural
oficinas
92 > 93
Espaço
ccb fábrica
das artes
jardim oliveiras (exterior ao recinto)
entrada livre
sujeito a reserva
Sexta
18 > 19
21h
8
sementes de música
para bebés
Orquestra
Filarmónica de Brno
Leoš Svárovský dir. musical
Jorge Moyano piano
Obras de Freitas Branco,
Gershwin e Dvořák
10h
menores 5 anos + acompanhante
clube de jazz
maiores 8 anos
10h30
pedro e o lobo
5 > 7 anos + acompanhante
B7
11h
o carnaval
dos animais
90 > 91
A MINHA MÃE
GANSO
ENSEMBLE BOÎTE
À BIJOUX
11h30 abertura do recinto
11h
8 > 11 anos
TAMBÉM DOMINGO ÀS 11H,
CONCERTO C6
sementes de música
para bebés
11h30
10h > 14h30
Sábado
menores 5 anos + acompanhante
B33
12h
escolas em palco
ver programa detalhado naS págS. 84 > 89
13h
percussões
da metropolitana
o carnaval
dos animais
13h30
8 > 11 anos
14h
B1
20 > 21
Orquestra
de Câmara
Portuguesa
Pedro Carneiro
dir. musical
Gary Hoffman
B8
39
Pavel Gomziakov
violoncelo
Louis Lortie
piano
Obras de Brahms
violoncelo
Obras de Tchaikovsky
e Britten
B13
32
Reginald
R. Robinson piano
Ragtime
Temas de Scott Joplin
e Robinson
TAMBÉM DOMINGO ÀS 15H,
CONCERTO C16
continua na página seguinte
CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS
B18
39
Karin Lechner
piano
Obras de Albéniz, Gershwin,
Rachmaninoff, Ginastera,
Plaza e Guastavino
B23
44
Pedro Jóia
guitarra solo
Música dos portos
nos anos 20 e 30
Temas de Armandinho,
Carlos Gardel e Pedro Jóia
B28
49
Thomas Bloch
sementes de música
para bebés
Mélanie Brégant
clube de jazz
Obras de Piazzolla,
Villa-Lobos, Jolivet,
Bloch, Michael, Rolin,
Messiaen e Boulez
pedro e o lobo
ondes Martenot
acordeão
14h
menores 5 anos + acompanhante
maiores 8 anos
5 > 7 anos + acompanhante
14h30
>
15h > 24h
Sábado
° x°
X
grande
auditório
piso 1
8,50e (5,50e galerias em pé)
lugares marcados
Pequeno
auditório
sala eduardo prado coelho
piso 1
6,50e
sem lugares marcados
Sala
Sala
Sala
Sala
piso 1
6,50e
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
Luís de freitas
Branco
sem lugares marcados
almada
negreiros
sophia de mello
breyner
sem lugares marcados
sem lugares marcados
aqui há
conversas
com... 82
fernando
pessoa
sem lugares marcados
concertos
alunos escolas
música 84 > 89
Sala
sala
sala de leitura
piso 1
entrada livre
piso 2
4,50e
jorge de sena
família >
amália
rodrigues
sem lugares marcados
concertos
música livre
espaço
música livre
95
foyer do grande auditório
piso 2
entrada livre
sem lugares marcados
oficinas
92 > 93
Espaço
ccb fábrica
das artes
jardim oliveiras (exterior ao recinto)
entrada livre
sujeito a reserva
15h
violinhos
15h15 Jorge rodrigues
Fluxos e refluxos:
A música da Europa
ao Novo Mundo
16h
B2
22
Orquestra
do Algarve
Pedro Neves dir. musical
Obras de Joly Braga Santos
e Prokofiev
10
B9
B14
28
33
Orquestra Jazz
Jan Lisiecki piano
de Matosinhos
Obras de Satie, Brahms,
Pedro Guedes direção
Messiaen e Rachmaninoff
carlos azevedo direção
Temas de Duke Ellington,
Count Basie e Jimmie
Lunceford
B19
40
Marta Zabaleta
piano
Miguel Borges
Coelho piano
Visions de l’Amen
de Messiaen
B24
45
H. J. Lim piano
Obras de Scriabin e Ravel
B29
sementes de música
para bebés
B34
49
Quarteto
Lopes-Graça
Obras de Samuel Barber,
Revueltas e Freitas
Branco
15h30
menores 5 anos + acompanhante
o carnaval
dos animais
escolas em palco
16h
8 > 11 anos + acompanhante
ver programa detalhado naS págS. 84 > 89
escolas em palco
ver programa detalhado
naS págS. 84 > 89
clube de jazz
maiores 8 anos
17h
pedro e o lobo
5 > 7 anos + acompanhante
18h
B3
23
Coro do
Teatro Nacional
de São Carlos
Orquestra
Sinfónica
Portuguesa
Julia Jones dir. musical
Daphnis et Chloé de Ravel
20h
B4
24
Orquestra
Sinfónica
Metropolitana
Cesário Costa d. musical
jack liebeck violino
Obras de Korngold
e Kurt Weill
22h
B5
25
Orquestra
Filarmónica
de Brno
Leoš Svárovský
d. musical
Sergio Tiempo piano
Concerto para piano n.º 3
de Rachmaninoff
24h
<
B6
B10
29
Coro de Câmara
Lisboa Cantat
Jorge Carvalho
Alves direção
Obras de Hugo Wolf,
Debussy, Ravel, Gerald Finzi
e Lopes-Graça
B15
34 > 35
Dixie Gang
Jazz de Nova Orleães
B20
41
Nina Schumann
piano
Luís Magalhães
piano
B25
46
Trio Arriaga
Obras de Bloch, Bernstein
e Schostakovich
B30
18h
51
Quarteto Pražák
Obras de Alban Berg
e Janáček
Obras de Rachmaninoff
orquestra geração
Núcleo da escola sophia de Mello
breyner ⁄ oeiras
19h15 Thomas bloch
Ondas martenot
B11
30
B16
36
Ensemble
Mediterrain
Obras de Villa-Lobos,
Schoenberg e Saint-Saëns
Filipe
Pinto-Ribeiro piano
Gérard Caussé viola
Obras de Bartók, Britten
e César Franck
B12
B17
31
António
Rosado piano
Obras de Mompou, António
Fragoso, Villa-Lobos
e Ginastera
37 < 38
O Guardador
de Canções
Looney Tunes, Merrie
Melodies and Silly
Symphonies
Canções de Gershwin,
Ives, Britten, Barber, Bowles,
John Musto, entre outros
B21
42
Luísa Tender piano
Jill Lawson piano
Obras de Schostakovich,
Darius, Milhaud
e Rachmaninoff
B22
TAMBÉM DOMINGO ÀS 19H,
CONCERTO C18
piano
47
Javier
Perianes piano
Obras de Manuel de Falla
B31
52
Martin Simpson
voz e guitarra solo
48
Carlos Damas violino
Juan Garcia
Collazos piano
Obras de Fragoso, Sibelius,
Dvořák e Copland
B35
20h
escolas em palco
ver programa detalhado naS págS. 84 > 89
Blues
TAMBÉM DOMINGO ÀS 17H,
CONCERTO C25
B27
43
Mário Laginha
Bernardo
Sassetti piano
Temas de Ellington,
Gershwin e Green
B26
B32
big band júnior
21h
22h
53
Quarteto
Brodsky
Obras de Anton Webern,
Stravinsky e Ravel
Ensemble
da Escola de Jazz
Luiz Villas Boas
/ Hot Clube
26
The Duke Ellington
Orchestra
19h
CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS
23h
° x°
X
grande
auditório
piso 1
8,50e (5,50e galerias em pé)
lugares marcados
Pequeno
auditório
sala eduardo prado coelho
piso 1
6,50e
10h > 14h30
12
domingo
sem lugares marcados
Sala
Luís de freitas
Branco
piso 1
6,50e
sem lugares marcados
Sala
almada
negreiros
piso 2
6,50e
sem lugares marcados
Sala
concertos
alunos escolas
música 84 > 89
Sala
sophia de mello fernando
pessoa
breyner
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
sem lugares marcados
família >
sem lugares marcados
sala
amália
rodrigues
piso 2
4,50e
sem lugares marcados
concertos
música livre
espaço
música livre
95
foyer do grande auditório
piso 2
entrada livre
sem lugares marcados
oficinas
92 > 93
Espaço
ccb fábrica
das artes
jardim oliveiras (exterior ao recinto)
entrada livre
sujeito a reserva
sementes de música
para bebés
10h
menores 5 anos + acompanhante
clube de jazz
maiores 8 anos
10h30
pedro e o lobo
8 > 11 anos
11h
C6
C27
90 > 91
A MINHA MÃE
GANSO
ENSEMBLE BOÎTE
À BIJOUX
11h30 abertura do recinto
o carnaval
dos animais
escolas em palco
11h
5 > 7 anos + acompanhante
ver programa detalhado naS págS. 84 > 89
TAMBÉM SÁBADO ÀS 11H,
CONCERTO B7
sementes de música
para bebés
11h30
menores 5 anos + acompanhante
12h
permallets
13h
C1
55
Orquestra
Sinfónica
Metropolitana
Cesário Costa
dir. musical
H. J. Lim piano
C7
59
Yogistragong
Elizabeth Davis
direção
Gamelão
Música tradicional de Java
C11
64
Jan Lisiecki piano
Obras de Martinů,
Paderewski, Ravel
e Mozetich
C15
68
Karin Lechner piano
Sergio Tiempo piano
Obras de Tchaikovsky,
Piazzolla, Ziegler e Ravel
C19
71
Teresa Palma
Pereira piano
Obras de Liszt, Vianna
da Motta, Szymanowski
e Bartók
C23
75
13h
Quarteto
Pražák
Obras de Gershwin,
Pavel Haas e Schulhoff
o carnaval
dos animais
Obras de Ravel
13h30
5 > 7 anos + acompanhante
pequenos violinos
da metropolitana
sementes de música
para bebés
14h
menores 5 anos + acompanhante
clube de jazz
maiores 8 anos
pedro e o lobo
8 > 11 anos
14h30
continua na página seguinte
CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS
>
15h > 21h
domingo
° x°
X
15h
grande
auditório
piso 1
8,50e (5,50e galerias em pé)
lugares marcados
Pequeno
auditório
sala eduardo prado coelho
piso 1
6,50e
sem lugares marcados
C2
56
Orquestra
Filarmónica
de Brno
Leoš Svárovský
dir. musical
C8
60
Ensemble
Mediterrain
Obras de Prokofiev, Copland
e Ernst von Dohnányi
Obras de Stravinsky
e Copland
C3
57
Orquestra
de Câmara
Portuguesa
Pedro Carneiro
dir. musical
Filipe Pinto-Ribeiro
piano
Sala
Sala
Sala
piso 1
6,50e
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
piso 2
6,50e
Luís de freitas
Branco
sem lugares marcados
C12
65
Marcelo
Nisinman bandoneón
Chen Halevi clarinete
Tiago
Pinto-Ribeiro
contrabaixo
Rosa Maria
Barrantes piano
História do Tango
Tangos de Piazzolla, Gardel,
Nisinman e Datta
14
17h
Sala
C9
61 > 62
Orquestra
do Algarve
Pedro Neves
C13
66
Edicson Ruiz
contrabaixo
Sergio Tiempo
dir. musical
piano
Obras de Schoenberg
e Charles Ives
Obras de Bottesini,
Elliot Carter, Nino Rota,
Ginastera e Piazzolla
Óscar Carmo
almada
negreiros
sem lugares marcados
C16
32
Reginald
R. Robinson piano
Ragtime
Temas de Scott Joplin
e R. R. Robinson
sophia de mello
breyner
aqui há
conversas
com... 82
fernando
pessoa
sem lugares marcados
sem lugares marcados
C20
C24
72
Pavel Gomziakov
violoncelo
Louis Lortie piano
Obras de Myaskovsky
e Zemlinsky
Sala
jorge de sena
sala de leitura
piso 1
entrada livre
família >
concertos
alunos escolas
música 84 > 89
sala
amália
rodrigues
piso 2
4,50e
sem lugares marcados
58
Orquestra
Filarmónica
de Brno
Leoš Svárovský
<
63
Mahler Ensemble
Massimo Mazzeo
dir. musical
Dora Rodrigues
dir. musical
soprano
Obras de Mahler e Janáček
Sinfonia n.º 4 de Mahler
C5
21h
C10
C14
67
Schostakovich
Ensemble
Obras de Armando José
Fernandes e Dvořák
79 > 80
foyer do grande auditório
piso 2
entrada livre
sem lugares marcados
oficinas
92 < 93
Espaço
ccb fábrica
das artes
jardim oliveiras (exterior ao recinto)
entrada livre
sujeito a reserva
15h
escolas em palco
ver programa detalhado naS págS. 84 > 89
TAMBÉM SÁBADO ÀS 14H,
CONCERTO B13
sementes de música
para bebés
15h30
menores 5 anos + acompanhante
escolas em palco
C17
69
Nina Schumann
piano
Luís Magalhães
Piano
Obras de Stravinsky,
Barber, Copland
e Lutosławski
C21
73
Joana Gama piano
1912
Obras de Janáček, Satie,
Villa-Lobos, Granados
e Prokofiev
C25
52
ver programa detalhado
naS págS. 84 > 89
sérgio
16h15
azevedo
Catch me if you can:
A música portuguesa
no comboio da modernidade
C18
43
Mário Laginha
piano
Bernardo
Sassetti piano
Temas de Duke Ellington,
George Gershwin
e Johnny Green
74
Javier Perianes
piano
Obras de Mompou,
Granados, Debussy
e Albéniz
16h
5 > 7 anos + acompanhante
maiores 8 anos
17h
pedro e o lobo
voz e guitarra solo
8 > 11 anos
Blues
TAMBÉM SÁBADO ÀS 20H,
CONCERTO B31
brass ensemble
da metropolitana
C22
o carnaval
dos animais
clube de jazz
Martin Simpson
Obras de Wagner
e Schostakovich
C4
95
C28
76
Quinteto
à-vent-garde
Obras de Hindemith,
Zemlinsky e Carl Nielsen
trompete
19h
concertos
música livre
espaço
música livre
C26
77
Quarteto
Brodsky
Obras de Stravinsky,
Webern e Bartók
hélder bruno 18h15
martins
O jazz em Portugal
no início do século XX
C29
18h
19h
escolas em palco
ver programa detalhado naS págS. 84 > 89
ocpzero
TAMBÉM Sábado ÀS 22H,
CONCERTO B22
concerto de encerramento
Coro Sinfónico Lisboa Cantat
Orquestra Sinfónica Metropolitana
Cesário Costa dir. musical
com Eduarda Melo, Isabel Alcobia,
Ana Maria Pinto, João Rodrigues,
Luís Rodrigues e João Merino
Obras de R. Strauss e Gershwin
CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS
20h
Concertos
18
Concerto
Inaugural
A1
sexta-feira 15 abril 21h
Grande Auditório
Orquestra
Filarmónica
de Brno
Leoš Svárovský
direção
Jorge Moyano
piano
L u í s d e F r e i ta s B r a n c o
Paraísos Artificiais 1910
13’
George Gershwin
Rhapsody in Blue 1924
16’
Antonín DvoŘák
Sinfonia n.º 9, em Mi menor, op. 95,
Do Novo Mundo 1893 40’
I. Adagio. Allegro molto
II. Largo
III. Scherzo: Molto vivace
IV. Allegro con fuoco
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
Os Dias da Música deste ano, sob o lema “Da Europa ao Novo
Mundo, 1883-1945” começam com um concerto que é também uma viagem.
Começamos em Portugal. Luís de Freitas Branco é um dos primeiros compositores a trazer o fascínio pelos impressionistas
franceses. Paraísos Artificiais é um poema sinfónico inspirado
na versão francesa (de Baudelaire) das Confissões de um opió­
mano do inglês Thomas de Quincey. O tema decadente e as
harmonias desconhecidas do público português poderão explicar porque foi pateada na estreia em 1913.
A Rhapsody in Blue leva-nos não só através do espaço, mas entre mundos culturais diferentes. Gershwin era conhecido como
pianista e melodista na Broadway quando foi convidado para
escrever esta obra. Foi estreada em 1924 por uma orquestra de
jazz com o próprio Gershwin ao piano. A versão para orquestra sinfónica surgiu em 1926. O sucesso foi imediato, tendo a
crítica vaticinado que este compositor faria a ligação entre o
jazz e os intelectuais – centrados na música erudita e euro­peia.
Efetivamente, Gershwin alia um universo melódico do jazz,
incluin­do o tradicional icebreaker (literalmente o quebra-gelo,
um motivo inicial que chama a atenção do público) da Broad­
way, com o mesmo fascínio pelo Impressionismo (e simbolismo) francês que nutria Freitas Branco.
O concerto termina com a que será porventura a primeira grande obra de cariz intercontinental. Dvořák foi convidado pela
Sra. Thurber para dirigir o Conservatório de Nova Iorque. O
objetivo de levar compositores europeus era a colonização
cultural do novo mundo pela Arte do velho continente, criando ali uma “tradição” cultural à maneira europeia. Ao longo
dos quatro andamentos ouvem-se as sonoridades eslavas que
pontuaram desde sempre a música de Dvořák, com melodias
inven­tadas sobre o imaginário da música dos índios nativos da
América do Norte e dos espirituais negros dos escravos trazidos
de África.
Helena Romão
19
sábado 16 abril 14h
Grande Auditório
Orquestra de
Câmara Portuguesa
Pedro Carneiro
direção musical
Gary Hoffman
21
violoncelo
Variações sobre um tema rococó para violoncelo
e orquestra, em Lá maior, op. 33 1876 18’
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
H. R.
© nuno ferreira santos
Piotr Ilitch Tchaikovsky
Neste concerto teremos duas obras do género Tema e Variações. Inicialmente o compositor apresenta o tema musical e
depois, ao longo de diversos andamentos, vai repetindo o tema
sempre de formas diferentes, mais ou menos reconhecíveis.
Tchaikovsky era um admirador incondicional de Mozart e do
século XVIII. A partir da atmosfera dessa época, escreveu este
tema rococó. As Variações foram escritas para o violoncelista
Fritzhagen e por ele estreadas em 1877 sob a direção de Rubinstein. Fritzhagen, no entanto, ao rever a peça para a edição
e a estreia, fez grandes alterações: aumentou as cadenzas (partes solísticas) em duração e virtuosismo, modificou a ordem das
variações e retirou uma delas. Estando Tchaikovsky ausente de
Moscovo não o pôde evitar e foi esta versão que mais se popularizou desde então. A partitura original seria publicada apenas
já em meados do século XX.
À semelhança de Tchaikovsky, Britten tinha o domínio da
orques­tra e o apego ao Classicismo. Neste que foi o seu primeiro sucesso internacional, o compositor quis homenagear Frank
Bridge, seu primeiro professor de composição. Tendo recebido
uma encomenda para a famosa orquestra de Boyd Neel para
o Festival de Salzburgo, escreveu em dez dias um esquisso da
obra, tendo como base um tema do segundo dos Três Idílios
de Bridge. Cada uma das variações alude a uma época e um
estilo diferentes, cujo ambiente é recriado como se viajássemos
no tempo e por toda a Europa – Britten quis também que cada
um dos andamentos refletisse uma das características do seu
admirado professor.
Moderato assai quasi Andante – Thema: Moderato semplice
Var. I: Tempo della Thema
Var. II: Tempo della Thema
Var. III: Andante sostenuto
Var. IV: Andante grazioso
Var. V: Allegro moderato
Var. VI: Andante
Var. VII e Coda: Allegro vivo
Benjamin Britten
Variações sobre um tema de Frank Bridge,
para cordas, op. 10 1937 25’
Introduction and Theme
Var. 1: Adagio
Var. 2: March
Var. 3: Romance
Var. 4: Aria Italiana
Var. 5: Bourrée classique
Var. 6: Wiener Waltzer
Var. 7: Moto perpetuo
Var. 8: Funeral March
Var. 9: Chant
Var. 10: Fugue and Finale
© gérard proust
Concertos
20
Sábado
B1
B2
B3
Orquestra
do Algarve
Coro do
Teatro Nacional
de São Carlos
sábado 16 abril 16h
Grande Auditório
sábado 16 abril 18h
Grande Auditório
Pedro Neves
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Neste concerto poderemos ouvir três utilizações diversificadas de um conjunto orquestral muito semelhante: à orquestra de cordas das duas primeiras obras junta-se, na terceira,
os sopros, completando a orquestra clássica tal como existia
no tempo de Haydn e Mozart.
Nocturno foi uma das primeiras obras (talvez a primeira)
para orquestra de Joly, ainda muito influenciado pelo seu
professor Luís de Freitas Branco. É uma peça neoclássica e
modal, na tradição francesa da música admirada (e trazida
para Portugal) por Freitas Branco.
Richard Strauss era originário de Munique, cuja ópera foi
destruída em 1943. Metamorphosen, ou Metamorfoses em
português, foi a última obra sinfónica de Strauss e tem um
caráter de luto: pelo Teatro de Ópera da sua cidade e ainda por uma tradição cultural (a alemã), construída durante séculos e arrasada pelo nazismo em apenas 12 anos de
poder.
A obra é uma rede de texturas, em que cada instrumento é
escrito individualmente e não por naipes, como era então
habitual na escrita para orquestra, sem uma sensação de
descanso até quase ao fim. Nos últimos compassos, Strauss
escreveu “in memoriam...” numa possível referência à Marcha Fúnebre da Sinfonia Eroica de Beethoven.
A primeira Sinfonia de Prokofiev foi escrita no campo em
1917, no verão mais atribulado da História da Rússia, ­entre
a queda do czar e a implantação do governo soviético.
Prokofiev quis reavivar o espírito das sinfonias de Haydn.
Efetivamente há uma sonoridade remanescente do século
XVIII e uma estrutura também típica daquela época – como
se uma sinfonia de Haydn pudesse viajar no tempo e ser
não apenas tocada, mas reescrita à luz do século XX.
Sala com lugares marcados, exceto galerias
H. R.
direção musical
22
Joly Braga Santos
Nocturno para cordas 1944
7’
Richard Strauss
Metamorfoses, para 23 cordas solo,
op. 142 1945 26’
I. Adagio ma non troppo
II. Agitato
III. Adagio, tempo primo
Sergei Prokofiev
Sinfonia n.º 1, em Ré maior, op. 25,
Clássica 1916-1917 16’
I. Allegro con brio
II. Larghetto
III. Gavotte: Non troppo allegro
IV. Finale: Molto vivace
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Poucos como Ravel souberam aproveitar as cores únicas
dos instrumentos para dar forma e luminosidade às ideias
musi­cais.
Daphnis et Chloé é uma sinfonia coreográfica em que ­Ravel
pretendia “compor um grande fresco musical, menos próximo do arcaísmo que da fidelidade à Grécia dos meus sonhos (...)”. Esta aproximação a uma antiguidade sonhada
e o cruzamento entre Música e Pintura são característicos
do Impressionismo, de que foi um dos mais notáveis representantes.
Esta obra foi escrita para uma orquestra com uma larguíssima paleta de timbres – nos sopros, nas percussões e um
coro apenas com vogais, como timbre – que ilustram a
ação, por vezes de forma muito pictórica, como o chilrear
dos pássaros no início da terceira parte.
O argumento de Fokine baseia-se num conto grego de Longus do século II.
A ação começa num bosque sagrado, numa tarde de primavera. Daphnis e Chloé entram depois de um cortejo de
adolescentes. Dorcon corteja Chloé e compete com Daphnis dançando por um beijo dela. Subitamente, um grito denuncia a chegada dos piratas de Bryaxis, que raptam Chloé.
Daphnis desmaia junto à gruta de Pã, onde as ninfas lhe
pedem auxílio.
No segundo quadro os piratas dançam freneticamente e
forçam Chloé a dançar. Repentinamente a cena escurece
sob a sombra de Pã que assusta os bandidos.
O dia amanhece ao som do chilrear de pássaros. Daphnis
acorda e encontra Chloé, salva pelo deus flautista. Os dois
amantes dançam uma pantomima, evocando os amores de
Pã e Syrinx. Após mais uma dança de Dorcon, o bailado termina numa alegre festa em honra de Baco.
Sala com lugares marcados, exceto galerias
H. R.
Emanuele Pedrini
maestro convidado
Orquestra
Sinfónica
Portuguesa
Julia Jones
direção musical
Maurice Ravel
Daphnis et Chloé 1909-1912
55’
Parte I
Introduction et Danse religieuse
Danse générale
Parte II
Danse guerrière
Parte III
Danse générale
neste concerto será distribuida folha de sala
23
B4
B5
Orquestra
Sinfónica
Metropolitana
Orquestra
Filarmónica
de Brno
sábado 16 abril 20h
Grande Auditório
sábado 16 abril 22h
Grande Auditório
Cesário Costa
Leoš Svárovský
direção musical
Jack Liebeck
direção musical
Sergio Tiempo
violino
piano
Erich Wolfgang Korngold
Concerto para violino, em Ré maior,
op. 35 1945 24’
I. Moderato nobile
II. Romance: Andante
III. Finale: Allegro assai vivace
Kurt Weill
Suite da Ópera dos Três Vinténs
[Kleine Dreigroschenmusik],
para orquestra de sopros 1929-1912
I. Overture
II. Die Morität von Mackie Messer
III. Anstatt-dass Song
IV. Die Ballade vom angenehmen Leben
V. Polly’s Lied
VI. Tango-Ballade
VII. Kanonen-Song
VIII. Dreigroschen-Finale
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
22’
Dois compositores que embaraçam qualquer teoria acerca
da pretensa linha que separa a música (dita) séria da música
de entretenimento preenchem este programa. O austríaco
Korngold estabeleceu-se em Hollywood na década de 1930.
Aí, colocou ao serviço do cinema o estilo neorromântico
que lhe era próprio. Terminada a Segunda Grande Guerra,
decidiu voltar a compor para as salas de concerto, sendo
esta a primeira obra realizada nesse sentido. Logo percebeu
que seria a oportunidade para recuperar todas as melodias
que havia escrito e que pareciam condenadas ao universo
exclusivo da sétima arte – elas voltam aqui a libertar-se,
atra­vés do som preciso e envolvente do violino do canadia­
no Corey Cerovsek.
No que respeita a Weill, não seria difícil nos anos de 1920
imaginar boa parte da música que aquele jovem mostrava
em Berlim, tocada pelas bandas de jazz americanas. Certo
é que, em virtude da sua condição de judeu no contexto da
ascensão do Regime Nazi (também assim aconteceu com
Korngold), Weill estava em 1935 a caminho de Nova Iorque
e, naturalmente, dos teatros da Broadway. Consigo ­levava
a partitura d’A ópera dos três vinténs, a mesma que ali viria
a merecer 2611 representações sucessivas na década de
1950. Esta suite reúne os melhores momentos musicais da
obra.
sergei Rachmaninoff
Concerto para piano n.º 3,
em Ré menor, op. 30 1909
43’
I. Allegro ma non tanto
II. Intermezzo: Adagio attaca subito
III. Finale: Alla breve
© ana Somoihovich
24
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
Certamente um dos concertos para piano mais famosos de
todo o repertório, o Concerto n.º 3 de Rachmaninoff não
teve sempre o sucesso que hoje tem, sendo-lhe muitas vezes preferido o Concerto n.º 2 do mesmo compositor. No
entanto, é hoje uma obra muitíssimo popular, em parte,
provavelmente, por requerer grande virtuosismo do intérprete.
Foi estreado em Nova Iorque, em novembro de 1909, pelo
próprio compositor ao piano. Pouco tempo depois, Rachmaninoff voltava a interpretar o concerto, desta feita com
a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque dirigida por Gustav
Mahler – o encontro, do outro lado do Atlântico, de dois
gigantes da música europeia não deixa de ser uma curiosidade assinalável e bem representativa de um fenómeno
que se foi tornando cada vez mais real ao longo do século
que se iniciava.
De estrutura tradicional, com a divisão em três andamentos
rápido-lento-rápido, o concerto inicia-se com um tema majestoso de caráter russo que dá depois lugar a outro de cariz
mais rítmico, num ambiente de fluidez em que proliferam
novas ideias temáticas. O Adagio central é, como seria de
esperar, mais melancólico e lírico. A cadenza do piano lança
a música para o último andamento, o mais vigoroso dos
três. A obra acaba num ambiente triunfante.
Francisco Sasset t i
25
B6
B8
sábado 16 abril 24h
Grande Auditório
Brahms ficou conhecido como compositor e pianista, mas
em jovem tinha estudado violoncelo até um nível avançado
e manteve, portanto, uma especial afeição por este instrumento.
As Quatro Canções Sérias podem ser vistas como uma cantata fúnebre. Ouviremos aqui a transcrição da voz de barítono para o violoncelo, mas no original os textos são provenientes da Bíblia, na tradução de Lutero. Após a morte
do pai do seu amigo Max Klinger e o ataque cardíaco da
amiga de longa data, Clara Schumann, cuja morte Brahms
temia estar próxima, escreveu este ciclo de canções, que
terminou no dia do seu último aniversário, a 7 de maio de
1896. ­Clara morreu poucos dias depois e Brahms não lhe
sobreviveu senão alguns meses.
Este ciclo, ou cantata, todo ele sobre a morte, começa num
tom pessimista e vai-se progressivamente resignando, aceitando a ideia num ambiente de paz. A última canção é um
elogio do amor.
Dez anos antes o compositor passava os verões na Suíça,
nas margens do lago de Thun, onde tinha calma e inspiração para escrever uma enorme quantidade de obras, especialmente de câmara. A Sonata para violoncelo e piano
n.º 2 foi dedicada ao seu amigo violoncelista Hausmann,
com quem a estreou em Viena. Nesta sonata convive o liris­
mo e a intimidade da música de câmara com a experiência
de Brahms com a escrita orquestral. A maior dificuldade
para os intérpretes reside precisamente no equilíbrio sonoro, uma vez que ambos desempenham papéis igualmente
importantes, como numa contracena em teatro.
sábado 16 abril 14h
pequeno Auditório
sala eduardo prado coelho
The
Duke Ellington
Orchestra
Pavel Gomziakov
violoncelo
Louis Lortie
piano
Duke Ellington
Take The A Train
Cottonclub Stomp
Black and Tan Fantasy
Lushlife
The Mooche
Caravan
Jack The Bear
Isfahan
I Let A Song Go Out Of my
Heart ⁄ Don’t Get Around Much Anymore
Cottontail
Mood Indigo
Rockin in Rhythm
Johannes Brahms
Edward Kennedy “Duke” Ellington foi um dos compositores
mais prolíficos do século XX, tanto em termos de número de
composições, como em variedade de formas. O seu desenvolvimento foi dos mais espetaculares da história da música,
sublinhado por mais de cinquenta anos de realização sustentada como artista e entertainer. É considerado por muitos
como o maior compositor e bandleader da América.
Junte-se a uma das bandas mais importantes da história
do jazz, hoje liderada por Paul Mercer Ellington, neto do
lendário compositor. O concerto apresentado nesta edição
dos Dias da Música em Belém aborda alguns dos mais preciosos temas de Duke Ellington.
Vier ernste Gesänge (Quatro Canções
Sérias), op. 121 1896 19’
trans. para violoncelo e piano de D. Shafran
I. Denn es gehet dem Menschen wie dem Vieh
II. Ich wandte mich und sahe an alle
III. O Tod, wie bitter bist du
IV. Wenn ich mit Menschen und mit Engelszungen redete
Johannes Brahms
Sonata para violoncelo e piano n.º 2,
em Fá maior, op. 99 1886 28’
I. Allegro vivace
II. Adagio affettuoso
III. Allegro appassionato
IV. Allegro molto
H. R.
B7
sábado 16 abril 11h
pequeno Auditório
sala eduardo prado coelho
Programação para a família
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
Ensemble Boîte à Bijoux
ravel A Minha Mãe Ganso
(Ver. de Nuno Côrte-Real para 14 músicos)
ver págs. 90 > 91
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
© elias
26
Sala sem lugares marcados
27
B9
B10
sábado 16 abril 16h
pequeno Auditório
sala eduardo prado coelho
Orquestra Jazz
de Matosinhos
Pedro Guedes
direção ⁄ piano
28
Carlos Azevedo
direção ⁄ piano
Duke Ellington
Daybreak Express 1934
East St. Louis Toodle-Oo 1927
The Mooch 1928 (arr. Will Hudson)
Concerto for Cootie 1940
Ko-Ko 1943
Jack the Bear 1940
Count Basie
9:20 Special
1941 (comp. E. Warren,
B. Engvick ⁄ arr. Buster Harding)
Jumpin’ the Woodside 1938
sábado 16 abril 18h
pequeno Auditório
Ilustrar o nascimento e a afirmação das orquestras de jazz
e dar a conhecer alguns dos seus mais ilustres criadores,
praticantes e líderes é o objetivo deste projeto da Orquestra
Jazz de Matosinhos (OJM).
Sublinham-se as diferenças essenciais entre as várias funções da big band no jazz, primeiro enquanto grupo instrumental essencial à dança e ao entertainment nos grandes
ballrooms até atingir um estatuto artístico inerente à praxis
musical “pura” e “não utilitária”, já no contexto da sala de
concerto.
Neste concerto a OJM percorre dois momentos essenciais
da história das big bands: as suas origens, perpassadas por
uma certa ingenuidade do “jazz sinfónico”, com a afirmação do génio de Duke Ellington, um dos mais brilhantes e
elegantes condutores de grandes orquestras, e Jimmy Lunceford, proeminente chefe de orquestra; e o jazz dançante,
com a revelação do grande Count Basie.
Acompanha-se assim a evolução de uma das formações
instrumentais mais apaixonantes em toda a história do jazz
– a big band – enquanto organismo musical no interior do
qual a disciplina e coesão do coletivo, bem como a destreza
e criatividade do solista individual assumem, na sua ambivalência e peso relativos, uma interessante e incomparável
dialética, como elementos essenciais à arte de arranjar e
compor para grande orquestra de jazz.
adaptado de M anuel J orge Veloso
Jorge Carvalho
Alves
29
direção
Hugo Wolf
Sechs Geistlische Lieder
1881
17’
I. Aufblick ⁄ II. Einkehr ⁄ III. Resignation
IV. Letzte Bitte ⁄ V. Ergebung ⁄ VI. Erhebung
Claude Debussy
Trois Chansons de Charles D’Orléans
(excerto) 1908
6’
I. Dieu! Qu’il a fait bon regarder!
III. Yver, vous n’estes qu’un villain
Maurice Ravel
Trois Chansons (excerto) 1916
6’
I. Nicolette
II. Trois beaux oiseaux du paradis
Seven unaccompanied part songs, op. 17
(Robert Bridges) (excerto) 1934-1937 7’
Corner Pocket 1955 (arr. Freddy Green)
Tickle Toe 1940 (comp. ⁄ arr Lester Young)
Swinging the Blues 1939 (arr. Eddie Durham)
I. I praise de tender flower
II. I haved loved flowers that fade
III. My spirit sang all day
Jimmie Lunceford
Fernando Lopes-Graça
Stratosphere 1934 (arr. Willie Smith, Edwin Wilcox)
For Dancers Only 1937 (comp. Sy Oliver,
D. Raye, V. Schoen / arr. Sy Oliver)
(comp. R. Eldridge,
C. Battle / arr. Jimmie Lunceford)
Coro de Câmara
Lisboa Cantat
Gerald Finzi
(arr. Fletcher Henderson)
Uptown Blues 1939
sala eduardo prado coelho
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 102
Sala sem lugares marcados
Em Louvor do Sol (Afonso Duarte) 1956
Balada de uma heroína (José Gomes
Ferreira) 1953 5’
5’
Este programa, delineado numa perspetiva cronológica,
­inclui obras escritas entre 1881 e o pós Segunda Grande
Guerra, obedecendo a um percurso geográfico que nos
leva­rá do paralelo da cidade de Viena até ao de Lisboa,
passando por Paris e Londres. Sechs Geistliche Lieder,
obra escrita durante o mês de abril de 1881 pelo compositor austríaco Hugo Wolf, dá início a este concerto que vai
intencionalmente tomando a direção do ocidente à medi­
da que avança no tempo. A escola francesa do início do
século XX produziu duas obras incontornáveis na história
da música para coro a cappella, ambas escritas em Paris
e intituladas Trois Chansons, uma em 1908 da autoria de
Claude Debussy sobre textos de Charles d’Orleans, e ­outra
em 1916 da autoria de Maurice Ravel. Foram as únicas
composições para coro sem acompanhamento instrumental escritas por estes compositores. Gerald Finzi escreveu
entre 1934 e 1937 as Seven unacompanied part songs­
op. 17, obra da sua juventude, da qual as três primeiras
canções serão executadas neste concerto que termina com
duas composições emblemáticas de Fernando Lopes-Graça,
Em Louvor do Sol e Balada de uma heroína, obras escritas
em Lisboa, sobre textos de Afonso Duarte e José Gomes
Ferreira, respetivamente.
Jorge Alves
neste concerto será distribuida folha de sala
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
B11
B12
sala eduardo prado coelho
sala eduardo prado coelho
Ensemble
Mediterrain
António Rosado
sábado 16 abril 20h
pequeno Auditório
30
Matthieu Gauci-Ancelin flauta
Laura Ruiz Ferreres clarinete
Philipp Zeller fagote
Florian Doerpholz trompete
Gabriel Adorján violino
Álvaro Parra violino
Barbara Buntrock viola
Bruno Borralhinho violoncelo
Hiroaki Aoe contrabaixo
Christoph Berner piano
Heitor Villa-Lobos
Ciranda das sete notas, para fagote
e cordas, A. 325 1933 12’
Arnold Schoenberg
Kammersymphonie (Sinfonia de câmara)
n.º 1, em Mi maior, op. 9 (arr. A. Webern)
1906
20’
I. Langsam. Sehr rasch
II. Feurig. Hauptzeitmaß. Ruhiger. Sehr rasch
III. Viel langsamer. Fließender. Schwungvoll. Hauptzeitmaß
IV. Etwas ruhiger. Steigernd. Hauptzeitmaß
V. Etwas bewegter
Camille Saint-Saëns
Septeto, em Mi bemol maior, op. 65
1881
18’
I. Préambule ⁄ II. Menuet ⁄ II. Intermède ⁄ IV. Gavotte et Final
sábado 16 abril 22h
pequeno Auditório
piano
A Sinfonia de câmara de Schoenberg é um caso muito singular quando consideramos a dicotomia tradição/inovação:
revela-se simultaneamente um formidável testemunho de
novas experiências – a maioria delas apresentadas de maneira ainda incipiente em obras anteriores do compositor
– e, por outro lado, uma sólida consequência das bases
harmónicas formais do classicismo. Esta versão de Webern
para a mesma instrumentação do famoso Pierrot Lunaire
é quase tão frequentemente executada como a versão
original e representa um marco muito importante para formações camerísticas mistas.
Estreada no Rio de Janeiro no mesmo ano da sua composição, a Ciranda das sete notas transmite-nos o que de
melhor Villa-Lobos nos pode oferecer. O seu estilo tão particular encontra nesta invulgar instrumentação uma interessante combinação harmónica e tímbrica na qual o fagote
assume um papel claramente solístico. Um exemplo muito
atraente da música de câmara brasileira e daquele que é
possivelmente o compositor mais representativo e destacado do “novo mundo” português.
O Septeto em Mi bemol maior de Saint-Saëns é tido como
uma das principais obras do compositor, mas o rico e particular contexto da obra acaba por não ocupar um lugar tão
relevante nos programas de concerto, como seria realmente
merecido. Talvez pela rara instrumentação que combina um
sexteto de cordas e piano com a trompete? É no entanto
uma obra extremamente interessante, que combina uma
espécie de neobarroquismo com o romantismo natural e
reconhecido do compositor francês.
Federico Mompou
Variations sur un thème de Chopin
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
O catalão Mompou tinha como referências Poulenc e Fauré.
Com base num conhecido tema de Chopin, do Prelúdio em
Lá Maior, op. 28 n.º 7, escreveu este conjunto de variações.
Concebido em 1938 como um duo para piano e violoncelo,
o projeto foi abandonado e retomado em 1957, contando
apenas com o piano. Ao longo de cada uma das variações
podemos ouvir o progressivo afastamento relativamente ao
tema principal, que continua sempre subjacente.
António Fragoso morreu em 1918 com a epidemia da gripe
pneumónica e a sua obra esteve até recentemente quase
esquecida. Numa vaga de redescoberta da sua obra, a excelência da sua música tem ficado patente em numerosas
análises teóricas, concertos e gravações. Pela trágica coincidência de acontecimentos, mas também pela elevada promessa que representava a sua obra de juventude, Fragoso é
por vezes comparado na música ao papel que Amadeo de
Souza Cardoso teve na pintura portuguesa.
Tendo sido aluno de Luís de Freitas Branco à altura de composição deste Nocturno, é reconhecível a influência deste
seu professor e também dos compositores franceses que
admirava, nomeadamente Debussy.
Villa-Lobos, igualmente inclinado para os compositores
franceses, misturava estas referências com temas tradicionais brasileiros. Impressões Seresteiras resume no título esta
simbiose de impressionismo e nacionalismo.
Na Argentina, Ginastera, por seu turno, tinha estudado
com Copland nos EUA. Sendo esta sonata também mais
tardia, o nacionalismo, bem vincado em épocas de juventude, esta­va agora mais assimilado e integrado numa linguagem vanguardista. As referências argentinas, embora
presentes, são mais indiretas.
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
H. R.
1938-1957
25’
Thème. Andantino
Var. 1: Tranquille e molto amabile
Var. 2: Gracioso
Var. 3: para la mano izquierda. Lento
Var. 4: Espressivo
Var. 5: Tempo di Mazurka
Var. 6: Recitativo
Var. 7: Allegro leggiéro
Var. 8: Andante dolce e espressivo
Var. 9: Valse
Var. 10: Évocation. Cantabile molto espressivo
Var. 11: Lento dolce e legato
Var. 12: Galope y Epílogo
António Fragoso
Nocturno, em Ré bemol maior 1917
6’
Heitor Villa-Lobos
Impressões Seresteiras, do Ciclo brasilero,
A. 374 1936-1937 7’
Alberto Ginastera
Sonata para piano n.º 1, op. 22 1952
I. Allegro marcato
II. Presto misterioso
III. Adagio molto appassionato
IV. Ruvido ed ostinato
Bruno Bo rra lh inh o
16’
31
sábado 16 abril 14h
sala luís de freitas branco
Reginald
R. Robinson
piano
Ragtime
32
Temas de Scott Joplin
e Reginald R. Robinson
O Ragtime, que praticamente morreu com Scott Joplin
em 1917, foi apenas e em parte recuperado com a banda
sonora do filme The String de Marvin Hamlisch em 1973.
Curiosamente foi nesse mesmo ano que nasceu Reginald
R. Robinson, nascido e criado em Chicago e hoje um dos
maiores praticantes desta música e um dos seus maiores
compositores de sempre.
As suas primeiras experiências musicais foram passadas a
ouvir os discos tocados em casa dos seus pais e mais tarde,
em 1986, e depois de um workshop no liceu intitulado “De
Bach ao Bebop”, começou a dedicar a sua vida a um estudo
de fundo sobre esta música que incluiu análises sistemáticas
dos originais “piano rolls” da época.
Como tocar ragtime sem que a música soe a uma peça de
museu?
Nos seus concertos e em disco, Reginald R. Robinson desvenda um dos maiores mistérios à volta da sua música. É
como se ele tivesse mais de 100 anos e com vontade de
continuar a desbravar caminho com a maior genuinidade.
Sejam os ouvintes fãs de Ragtime ou não, a mestria e a
autenticidade que Robinson coloca na música que toca é
verdadeiramente impressionante. Desconstrói, constrói novamente e suavemente conclui cada uma das peças, que se
tornam em saudáveis e legítimas apropriações de algo que
não parece possível de acontecer.
Entre 1993 e 1998, Reginald R. Robinson gravou três
pérolas para a histórica etiqueta de Chicago Delmark. The
Strongman, Sounds in Silhouette e Euphonic Sounds desfi­
lam clássicos como Mapple Leaf Rag, Peacherine Rag, The
Entertainer ou Heliotrope Bouquet, todos de Scott Joplin,
até muitos originais escritos por si dentro desta linguagem
vintage que ajuda a renascer sem cheirar a mofo.
Neste momento e entre gravar, executar e compor, Reginald
está a trabalhar no seu mais ambicioso projeto de sempre,
um filme sobre a história e desenvolvimento do ragtime.
B14
sábado 16 abril 16h
sala luís de freitas branco
Jan Lisiecki
piano
© windsor Star
B13 ⁄ C16
Erik Satie
3 Gymnopédies 1888
9’
I. Lent et douloureux
II. Lent et triste
III. Lent et grave
Johannes Brahms
6 Klavierstücke, op. 118 (excerto) 1892
II. Intermezzo, em Lá maior
VI. Intermezzo, em Mi bemol menor
Olivier Messiaen
8 Prelúdios (excerto) 1828-1929
12’
I. La colombe
II. Chant d’extase dans un paysage triste III. Le nombre léger
Sergei Rachmaninoff
Morceaux de fantaisie, op. 3
(excerto) 1892
10’
I. Élégie, em Mi bemol menor
II. Prélude, em Dó sustenido menor
Ped ro Co sta
Este concerto repete-se no domingo
na sala almada negreiros às 15h
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
12’
Este concerto leva-nos pela conturbada passagem do século XIX para o XX, marcada pelo antagonismo entre movimentos artísticos diversos. As obras pertencem a universos
sonoros bastante distintos, como poderemos ouvir.
Satie foi um enfant térrible do seu tempo, sobre quem se
debatia se seria um génio ou um charlatão. As Gymnopaidiai,
origem do nome do ciclo, eram danças da Esparta Antiga
em que jovens dançavam nus para mostrar as suas capacidades marciais. As Gymnopédies têm uma sonoridade
muito simples, despida da complexidade tonal da música
do fim do século XIX.
Para Brahms, estas Klavierstücke ou Peças para Piano foram
as últimas que compôs para o seu instrumento. Brahms era
conservador na sua música, um típico Romântico. Ao chamar-lhes Intermezzo, libertava-se de qualquer estrutura de
base ou conotação emotiva, permitindo-se improvisar compondo.
O jovem Messiaen, ainda a terminar os estudos e sob a influência de Debussy, mostrava já os primórdios da sua linguagem única, com técnicas por ele inventadas ­– uma das quais
era a associação entre cores e sonoridades. No caso dos três
Prelúdios que ouviremos aqui, o compositor descre­veu o primeiro e o terceiro como alaranjados, com veios violeta; o
segundo corresponde ao cinzento, violeta e azul da Prússia
no início e no fim, e no centro é diamante e prateado.
Rachmaninoff foi considerado um dos grandes pianistas do
seu tempo. Estes Pedaços de Fantasia, Morceaux de fantaisie no original, de que ouviremos dois, não constituem um
todo. O Prélude gozou de sucesso instantâneo e duradouro, tendo passado a ser obrigatório como encore em todos
os concertos do compositor.
H. R.
33
B15
7. Jazz Me Blues
(Tom DeLaney – 1921)
Esta composição empresta o seu título ao primeiro disco do
Dixie Gang, gravado em 1999.
sábado 16 abril 18h
sala luís de freitas branco
8. Dippermouth Blues
(Joseph “King” Oliver – 1923)
Dippermouth é uma das alcunhas menos conhecidas do
trompetista Louis Armstrong. King Oliver foi o mentor de
Armstrong e foi também o responsável por trazer o seu
aprendiz para Chicago, onde este ganhou a fama que fez
dele o músico de jazz mais famoso do mundo.
Dixie Gang
Jazz
de Nova
Orleães
34
9. Tin Roof Blues
(Melrose, Rappolo, Mares, Brunies – 1923)
jazz. Um verdadeiro standard do repertório jazzístico. O título Originalmente gravado por New Orleans Rhythm Kings –
da música refere-se não a um tigre, mas sim a um cavalo de uma banda de brancos à semelhança de Original Dixieland
Jazz Band – que ganhou fama em Chicago.
corrida muito famoso nos EUA no início do século XX.
João Viana
cornetim
3. After You’ve Gone
(Layton, Creamer – 1918)
Originalmente gravado cantora Marion Harris em 1918, este
tema é muito apreciado entre músicos pela sua estrutura harmónica e melódica que, para a altura, era invulgar.
Matt Lester
saxofone e clarinete
Claus Nymark
trombone
Silas Oliveira
banjo
David Rodrigues
piano
Jacinto Santos
tuba
Rui Alves
bateria
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
O Dixie Gang celebra no próximo dia 6 de maio de 2011
vinte anos de carreira. Nestes vinte anos o grupo editou
dois CD e realizou inúmeros concertos, principalmente em
Portugal, mas também no estrangeiro.
O programa apresentado no concerto de hoje reflete o percurso da banda e igualmente a evolução do jazz tradicional
desde o seu primeiro registo fonográfico em 1917.
1. Original Dixieland One Step
(Jordan, LaRocca, Crandall, Robinson – 1917)
O primeiro disco de jazz foi gravado em Nova Iorque em
março de 1917 pela banda Original Dixieland Jazz Band.
As duas faixas gravadas foram Livery Stabel Blues e Original
Dixieland One Step. A nossa versão reproduz esta primeira
gravação.
2. Tiger Rag
(Da Costa, LaRocca, Edwards, Sbarbaro, Shields – 1917)
Igualmente gravado por Original Dixieland Jazz Band tornou-se um dos temas mais vezes gravado na história do
4. Fidgety Feet
(Nick LaRocca, Larry Shields – 1918)
Este tema exemplifica uma forma estrutural que hoje em dia é
muito pouco utilizada pelos músicos de jazz devido à sua complexidade: a marcha. Curiosamente o “rei da marcha”, John
Phillip Sousa, era de descendência portuguesa. Foi igualmente
o inventor do sousaphone, um instrumento muito utilizado no
jazz tradicional (e pelo nosso tubista Jacinto Santos).
5. Royal Garden Blues
(Clarence Williams, Spencer ­Williams – 1919)
Composição em homenagem ao Royal Gardens Café em Chicago que na década dos (loucos) anos vinte era um dos principais locais de divertimento noturno desta cidade. Este tipo de
local era chamado “black and tan clubs”, por permitir acesso
aos negros em igualdade com os brancos.
6. The Sheik of Araby
(Harry B. Smith, Ted Snyder, F. W
­ heeler – 1921)
Este tema foi composto em aproveitamento do enorme sucesso do filme mudo The Sheik (1921) e do seu ator principal Rudolph Valentino. Em tom de brincadeira o Dixie Gang rebatizou
o tema com o título “O Chico da Arrábida”.
10. Five Foot Two
(Ray Henderson, Sam M. Lewis, Joe Young – 1925)
Mais um exemplo de uma música bem-disposta dos “roaring twenties”, os loucos anos vinte.
11. Muskrat Ramble
(Edward “Kid” Ory, Ray Gilbert – 1926)
Muskrat Ramble foi inicialmente gravado por Louis Armstrong and his Hot Five. As gravações Hot Five e Hot Seven
são hoje consideradas entre as mais importantes gravações
na história do jazz.
12. I’m Confessin’ That I Love You
(Al J. Neiburg, Dan Dougherty, Eula W. Reynolds – 1930)
Outro verdadeiro standard que ao longo da história foi gravado por artistas tão díspares como Willie Nelson, Van Morrison ou Judy Garland.
13. Someday You’ll Be Sorry
(Louis Armstrong – 1947)
Este tema representa o revivalismo que o jazz tradicional
conheceu durante a década de 1940, quando o swing e o
bebop eram os estilos de jazz em voga.
14. Bourbon Street Parade
(Paul Barbarin – 1949)
Acabamos o nosso concerto com um tema que presta homenagem à cidade de Nova Orleães – considerada o berço
do jazz –, e as suas famosas paradas de rua.
Obrigado pela Sua atenção!
Pelo Dixie Gang, Claus Ny mark
35
B16
B17
Gérard Caussé
viola
Filipe
Pinto-Ribeiro
sábado 16 abril 22h
sala luís de freitas branco
© leonel de castro
sábado 16 abril 20h
sala luís de freitas branco
piano
36
Béla Bartók
Danças Populares Romenas, BB68, Sz. 56
1915
5’
I. Jocul cu bata (Dança do Bastão)
II. Brâul (Dança do Cinto)
III. Pe Loc (Dança Sapateada)
IV. Buciumeana (Dança de Bucium)
V. Poarga Românească (Polka Romena)
VI. Mărunţel (Dança Rápida)
Benjamin Britten
Lachrymae: Reflections on a Song
of Dowland, op. 48a 1950 15’
Tema: Lento
Var. 1: Allegretto, andante molto
Var. 2: Animato
Var. 3: Tranquillo
Var. 4: Allegro con moto
Var. 5: Largamente
Var. 6: Appassionato
Var. 7: Alla valse moderato
Var. 8: Allegro marcia
Var. 9: Lento
Var. 10: L’istesso tempo
César Franck
Sonata para violino e piano, em Lá maior
(trans. para viola e piano) 1886
I. Allegretto ben moderato
II. Allegro
III. Recitativo: Fantasia
IV. Allegretto poco mosso
30’
As Danças Populares Romenas, originalmente para piano
solo, são de tal forma célebres que delas se fizeram transcrições para instrumentos diversos. Trata-se de harmonizações de temas, para violino, tradicionais da Transilvânia,
onde Bartók e Kodály fizeram pesquisa e gravações musico­
lógicas – que deixaram um cunho relevante na música de
Bartók.
Rumo à Grã-Bretanha de Britten, ouviremos verdadeiras reflexões (como indica o título), mais do que variações sobre
uma canção de Dowland – compositor e alaudista inglês
dos séculos XVI-XVII. Foram diversas as ocasiões em que
Britten homenageou a música do passado, muito particularmente inglesa, na sua própria música e a forma das variações foi-lhe sempre querida.
De volta ao continente, o francês César Franck compôs
muito poucas obras de música de câmara e, no entanto,
esta sonata (originalmente para violino) teria sido suficiente
para dar fôlego renovado à música francesa, pouco dedicada à música de câmara até então.
Foi escrita para o violinista Ysaÿe, talvez como presente de
casamento. O dedicatário gostou de tal forma, que a tocou
em inúmeros concertos pelo mundo durante toda a sua carreira. Ao longo do tempo esta sonata tem sido transcrita e
tocada em diversos outros instrumentos.
No ponto alto do Romantismo francês, Franck, utilizando
ainda os modelos estruturais herdados do Classicismo, dá
maior ênfase à expressão de emoções que ao cumprimento estrito das estruturas propostas e atribui igual importância e protagonismo a ambos os instrumentistas. Os quatro
anda­mentos são ligados pelo reaparecimento dos mesmos
temas musicais de forma cíclica.
H. R.
O Guardador
de Canções
Ana Quintans soprano
Mário Redondo barítono
José Brandão piano
João Vasco piano
Looney Tunes,
Merrie Melodies
and Silly Symphonies
ARRANHA-CÉUS NA PRADARIA
Charles Ives
The new river (Charles Ives) 1921
Ann Street (Maurice Morris) 1921
1’
1’20
Samuel Barber
Solitary hotel (James Joyce) 1968-1969
37
2’40
Benjamin Britten
As it is, plenty (W. H. Auden) 1937
1’40
“Whoopee Ti Yi Yo”
ÍNDIOS E COWBOYS
Arthur Farwell
Song of the deadless voice (Indian song)
1912
2’40
John Musto
Penelope’s song (Didi Balle) 2000
3’20
Charles Ives
Charlie Rutlage (Dominick John “Kid”
O’Malley) 1920-1921 3’30
BLACK AND WHITE AND BLUE
George Gershwin
The real American folk song (is a rag)
(Ira Gershwin) 1918 2’30
Paul Bowles
Blue Mountain Ballads (Tennessee Williams)
(excerto) 1946
3’
Lonesome man
Sugar in the Cane
neste concerto será distribuida folha de sala
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
Joseph Lamb
Champagne Rag 1909
3’
>
LOONEY TUNES...
Charles Ives
Memories: Very pleasant (Ives) 1897
1’
John Cage
THE HARLEM RENAISSANCE:
Langston Hughes
Alexander von Zemlinsky
Afrikanischer Tanz 1937-1938
The wonderful widow of eighteen springs
(James Joyce) 1942 3’
Filipe de Sousa
Samuel Barber
John Musto
Monks and raisins (Garcia Villa)
1942-1943
1’20
Charles Ives
The circus band (Ives) 1899
2’
38
Dream variations 1951
Litany 1986
1’
2’
4’
GOD BLESS AMERICA!
Charles Ives
General William Booth enters into heaven
(Lindsay) 1914 6’
Ned Rorem
Alleluia 1946
Looney Tunes, Merrie Melodies and Silly Symphonies foi
pensado como uma série de cartoons musicais, representativos da diversidade da canção americana que, no limiar
do século XX, adquire a sua identidade própria. Não hesitamos em tomar de empréstimo as designações das curtas-metragens cinematográficas dos irmãos Warner, e do
próprio Walt Disney, que se tornaram um ícone da América
na primeira metade do século passado. Estes alucinantes
desenhos animados pareceram-nos servir a preceito para
sustentar o humor e o non sense manifestos em algumas
das canções apresentadas, designadamente na secção
central deste programa.
A abrir esta série de paisagens americanas, um conjunto
de canções que são instantâneos dos tempos modernos:
a poluição resultante do progresso, o trânsito infernal de
uma pequena rua na baixa de Manhattan (Charles Ives),
a infidelidade conjugal retratada por Samuel Barber num
tango que transpira a sensualidade da personagem Molly
Bloom (no Ulisses, de Joyce) e ainda, num registo meio
sério, meio jazzy, a crítica mordaz de W. H. Auden à vacuidade e à monotonia do american way of life, do carro e da
casa com jardim nos subúrbios, do relacionamento superficial entre o casal, rendido às convenções burguesas.
No contexto deste recital, não podiam faltar alguns apon-
<
2’50
tamentos sobre a vida no mítico oeste americano, daí as
canções sobre índios e cowboys, personagens indissociá­
veis do nosso imaginário cinematográfico.
Nos anos vinte, com o despontar da era do jazz, fundem-se indiscriminadamente as sonoridades provenientes dos
diversos ghettos culturais. Simultaneamente, irrompe um
movimento artístico e literário que ficou conhecido como
The Harlem Renaissance, cuja figura de proa era o escritor
e poeta Langston Hughes, ao qual destinamos um núcleo
de canções, no qual se inclui Dream Variations, parte de
um díptico saído da pena do compositor Filipe de Sousa.
Concluímos com um piscar de olhos ao sempre controverso relacionamento entre religião e política, que não deixa
de ser uma manifestação dos valores morais, espirituais e
cívicos que atravessam uma boa parte da sociedade americana. General William Booth enters into heaven, a canção
de Ives que precede o Alleluia final, é uma das mais formidáveis de entre as cerca de duzentas canções que este
compositor nos legou, tendo sido escrita em memória
do fundador do Exército de Salvação. A canção é prova­
velmente mais admirada na sua versão para baixo, coro
e orquestra de câmara, realizada em 1934 por J. Becker,
mas não deixa de ser um empolgante tour de force na sua
forma original.
Jo sé Bra nd ão
B18
sábado 16 abril 14h
sala almada negreiros
Karin Lechner
piano
Isaac Albéniz
Iberia (excerto) 1905-1909
12’
Evocación
El puerto
39
George Gershwin
3 Prelúdios 1936
8’
I. Allegro ben ritmato e deciso
II. Andante con moto e poco rubato
III. Allegro ben ritmato e deciso
Sergei Rachmaninoff
Prelúdio, em Sol sustenido menor,
op. 32 n.º 12 1910 3’40
Prelúdio, em Sol menor, op. 23 n.º 5
1903
4’
Prelúdio, em Sol maior, op. 32 n.º 5
1910
2’20
Juan Bautista Plaza
Sonatina Venezolana 1934
3’
Carlos Guastavino
Bailecito 1940
3’
Alberto Ginastera
Rondó sobre temas infantiles
argentinos, op. 19 1947 3’
Malambo, op. 7 1940
3’
A pianista argentina Karin Lechner traz-nos um panorama
da música durante toda a época abrangida pela temática
deste festival e que tem a particularidade de nos apresentar
uma perspetiva sul-americana. A maioria dos compositores
aqui apresentados foram também pianistas, e estas peças –
na maioria dos casos – são paradigmáticas na obra de cada
um deles. Na música erudita dominava o eurocentrismo,
“copiado” ou pelo menos transcrito para universos locais
noutras partes do mundo. Na passagem do século XIX para
o XX, a influência cultural era francesa, alemã e russa.
Debatiam-se ainda dois grandes grupos de correntes: os
pós-românticos, ligados a uma estética tonal vigente há
vários séculos, e os diversos vanguardismos, que tentavam
encontrar de diferentes formas novas linguagens musicais.
Foi também um tempo em que fervilhavam músicas urbanas nos EUA, como o jazz e os blues, o cabaret ou o fado na
Europa e o tango na América do Sul, entre muitas outras, e
em que, com fronteiras ainda a desenharem-se na Europa
e independências recentes na América (sobretudo no sul),
o nacionalismo estava presente na Arte como tentativa de,
mesmo que seguindo os modelos centro-europeus, conferir-lhe um tom próprio e encontrar uma voz específica em
cada país. O recurso mais habitual neste caminho foi a procura da tradição ou das emergentes músicas urbanas.
H. R.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
B19
B20
sábado 16 abril 16h
sala almada negreiros
Marta
Zabaleta
piano
40
Miguel Borges
Coelho
piano
Olivier Messiaen
Visions de l’Amen 1943
48’
sábado 16 abril 18h
sala almada negreiros
“Ámen reveste-se de quatro significados diferentes:
Ámen, que assim seja! O ato criador.
Ámen, eu me submeto, eu aceito. Que seja feita a Vossa
vontade!
Ámen, o anseio, o desejo de que assim seja, que Vós vos
deis a mim e eu me dê a Vós! Ámen, assim é, tudo está
fixado para sempre, consumado no Paraíso.”
“Ao juntar-lhe a vida das criaturas que dizem ámen pelo
simples facto de existirem, tentei exprimir as riquezas tão
variadas do Ámen em sete visões musicais.”
Olivier Messia en,
Nota do Autor in Vi si ons de l’Amen
Nina Schumann
piano
Luís Magalhães
piano
Sergei Rachmaninoff
Rapsódia Russa para 2 pianos,
em Mi menor 1891 10’
Danças Sinfónicas, op. 45
(ver. para 2 pianos) 1940
37’
I. Non allegro – Lento – Tempo I
II. Andante con moto (Tempo di valse)
III. Lento assai – Allegro vivace
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
“Deus disse: faça-se luz! E a luz fez-se!” (Génesis)
“No mistério dessa nebulosa primitiva que contém já a luz
em potência” (Messiaen), na obscuridade de um intangível
pianíssimo no extremo grave do segundo piano, surge o
Tema da Criação. Empreenderá depois uma lenta ascensão
até alcançar a luminosa claridade do seu registo mais agudo, num apoteótico crescendo em que os fugazes lampejos
de luz do primeiro piano se vão progressivamente transformando num imenso “carrilhão de luz” que evoca a vida dos
corpos gloriosos e o deslumbramento multicolor das pedras preciosas do Apocalipse, “que soam, se entrechocam,
dançam, enchem de cor e perfumam a luz da Vida” no
Paraíso.
É este o movimento essencial das Visões do Ámen (Visions
de l'Amen, no original), desde o seu início, até à Visão da
Consumação que conclui o ciclo, mas simultaneamente,
também, o gesto particular da Visão da Criação que o abre
e, desta forma, o prenuncia.
Entre estes extremos que se tocam sucedem-se a dionisíaca
dança das estrelas (segunda Visão), a agonia de Jesus no
Monte Calvário (terceira), o terno tema do desejo (quarta),
a exaltante pureza dos Anjos, Santos e do Cantos de Pássaros (quinta) e o implacável Juízo Final (sexta).
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Miguel Bo rges Co elh o
Sala sem lugares marcados
I. Amen de la Création
II. Amen des étoiles, de la planète à l’anneau
III. Amen de l’agonie de Jésus
IV. Amen du désir
V. Amen des anges, des saints, du chant des oiseaux
VI. Amen du jugement
VII. Amen de la consommation
As obras de Sergei Rachmaninoff influenciaram enormemente o desenvolvimento da composição para piano e também as práticas performativas. Ele não foi apenas um dos
mais prolíficos e inovadores compositores para este instrumento, mas também um dotado pianista, que estabeleceu
novos padrões, muito mais exigentes tecnicamente, para os
pianistas de concerto que se lhe seguiram.
A Rapsódia Russa é a primeira obra de Rachmaninoff a incorporar um tema tradicional russo na sua base. O desequilíbrio na distribuição de material entre os dois pianos
marca esta obra, que se divide em duas secções: Moderato
– Vivace – Meno mosso (em Mi menor) e Andante – Con
moto (em Sol maior). Existem certamente diferenças entre
a escrita dos dois andamentos: o primeiro é mais despojado e estático, enquanto o segundo é francamente mais
integrado texturalmente. Para um estudante de 18 anos,
compor uma peça com esta dificuldade técnica não é coisa
pouca, no entanto esta é talvez a sua obra para dois pianos
menos popular.
As Danças Sinfónicas, datadas de 10 de agosto de 1940,
foram criadas especificamente para dois pianos mas, com
estreia marcada para 3 de janeiro de 1941 com a Orquestra
de Filadélfia sob a direção do maestro Eugene Ormandy,
Rachmaninoff teve que completar a sua orquestração pressionado pela falta de tempo. Infelizmente, a receção da obra
não foi boa: os críticos alegaram que Rachmaninoff estava
a reutilizar material de obras anteriores e que o uso de ins­
trumentos menos comuns era mera cosmética que pouco
acrescentava efetivamente à obra. Curiosamente, a valsa do
segundo andamento recebeu comentários positivos. Originalmente, a ideia de Rachmaninoff para este trabalho era
compor um bailado e chegou mesmo a apresentar a versão
para piano da obra ao coreógrafo Michael Fokine.
Luís Magalhães
41
B22 ⁄ C18
Luísa Tender
piano
Jill Lawson
piano
42
Dmitri Schostakovich
Concertino, para dois pianos, op. 94
1954
10’
Darius Milhaud
Scaramouche, suite para 2 pianos, op. 165b
1937
10’
I. Vif
II. Modéré
III. Brasileira
Sergei Rachmaninoff
Suite para 2 pianos n.º 2, op. 17
1900-1901
I. Alla Marcia
II. Valsa
III. Romance
IV. Tarantella
24’
Composto em 1954 e dedicado a Maxim Shostakovich,
filho do compositor e então estudante no Conservatório
de Moscovo, o Concertino op. 94 de Dmitri Schostakovich
é uma obra para dois pianos rica em contraponto e certamente influenciada pelos Prelúdios e Fugas escritos por
Schostakovich no início dos anos 1950.
Scaramouche é uma das obras mais populares de Darius
Milhaud, professor e compositor francês nascido em 1892,
cuja música tonal e politonal denota fortes influências do
jazz e da música sul-americana. Esta obra em três andamentos é uma das composições para dois pianos mais divulgadas ao longo do século XX, tendo Milhaud escrito várias
versões da obra para outros grupos de instrumentos.
A Suite n.º 2, de Sergei Rachmaninoff foi composta em
1901 e dedicada a A. Goldenweiser. Esta obra em quatro
andamentos foi estreada no mesmo ano pelo pianista A.
Siloti e pelo compositor, em Moscovo. Os quatro andamentos são ricos em melodias longas e belíssimas. Do ponto de
vista harmónico, esta suite em Dó maior (uma das poucas
obras em modo maior de Rachmaninoff) é uma das obras
mais interessantes do compositor.
sábado 16 abril 22h
sala almada negreiros
Mário
Laginha
piano
Bernardo
Sassetti
43
piano
Temas de Duke Ellington,
George Gershwin
e Johnny Green
Luísa Tend er
© bernardo sassetti
sábado 16 abril 20h
sala almada negreiros
© beatriz batarda
B21
Este concerto repete-se no domingo
na sala almada negreiros às 19h
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
Eis um desafio apaixonante: em 2011, olhar para três compositores que marcaram a história da música do século XX
e enriqueceram definitivamente o cancioneiro norte-ameri­
cano. Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green
encontram-se entre os compositores com mais versões
interpretadas na história do jazz e da música improvisada.
Nestes dois concertos inéditos para os Dias da Música, a
quatro mãos e dois pianos, juntamos a visão pessoal que
deles temos. Bernardo Sasset t i e Mário Laginha
B23
B24
Pedro Jóia
H. J. Lim
sábado 16 abril 14h
Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER
sábado 16 abril 16h
Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER
guitarra solo
piano
Música dos portos
nos anos 20 e 30
Variações sobre o Fado
menor (Pedro Jóia)
Meditando (Armandinho)
Adiós muchachos (Carlos Gardel)
Fado em mi menor (Armandinho)
Por una cabeza (Carlos Gardel)
Fado Conde de Anadia (Armandinho)
Mano a mano (Carlos Gardel)
Maldito fado (Armandinho)
El dia que me quieras (Carlos Gardel)
Valsa sul-americana (Popular Peruano)
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Valses nobles et sentimentales
1911
16’
© mat henneck
44
Maurice Ravel
I. Modéré
II. Assez lent
III. Modéré
IV. Assez animé
V. Presque lent
VI. Assez vif
VII. Moins vif
VIII. Epilogue: Lent
Neste recital são apresentadas composições de dois músicos que marcaram o ambiente musical de duas cidades
distantes na geografia mas próximas no caráter. Lisboa e
Buenos Aires são duas cidades portuárias que naturalmente
receberam e enviaram muitas influências culturais ao longo
dos últimos séculos. Nas décadas de vinte e trinta do século XX, ambas viviam tempos difíceis mas muito ricos em
termos de produção musical. Músicos como Armandinho
­(Armando Augusto Freire) e Carlos Gardel construíam então os pilares do que viriam a ser as expressões modernas
do fado e do tango. As suas composições ainda hoje, quase
um século volvido, são referências das duas linguagens e
inspiraram gerações de novos músicos que prosseguiram,
década após década, um caminho de evolução então iniciado. Este reci­tal é também uma homenagem a esses anos
de grandes mudanças sociais, em que a música fazia as
pessoas sonhar e tinha uma verdade inquestionável livre de
qualquer artifício tecnológico.
Ped ro Jó ia
Alexander Scriabin
Sonata para piano n.º 5, op. 53 1907
Sonata para piano n.º 4, em Fá
sustenido maior, op. 30 1903 9’
I. Andante
II. Prestissimo volante
2 Poèmes, op. 32 1903
5’
I. Andante cantabile
II. Allegro
Maurice Ravel
La valse 1919-1920
10’
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
12’
Scriabin fez uma longa viagem interior e artística, patente nas suas sonatas, cuja escrita o acompanhou durante a
vida. Nelas está refletida a evolução na sua linguagem musical. As suas referências iniciais eram Chopin e Liszt, o que é
bem percetível nas suas obras de 1903. Este foi também um
ano de rutura, em que as suas obras misturam influências e
linguagens. Deixou a família, o ensino no Conservatório de
Moscovo e partiu pela Europa. Foi um ano de descoberta de
um mundo esotérico e místico que o acompanharia, com
cada vez maior intensidade, ao longo de toda a sua vida
­– foi provavelmente o ano mais produtivo da carreira do
compositor.
A Sonata n.º 4 é muito devedora do universo de Chopin,
e os 2 Poèmes são de cariz impressionista. Quatro anos
volvidos, a Sonata n.º 5 marcou o fim do seu período romântico. A ligação ao tonalismo manteve-se, mas através
de pequenas alterações aos acordes, Scriabin atribuía-lhes
significados místicos.
Em 1906, Diaghilev convidou Ravel a escrever um poema
coreográfico de homenagem às valsas de Johann Strauss.
Com o advento da I Guerra Mundial o projeto foi interrompido e no fim a visão de Ravel sobre as belas e leves
melodias de Strauss estava ensombrada pela imagem da
barbárie. Num “turbilhão fantástico e fatal”, Ravel transcreveu-a para o papel, mas com o distanciamento entre o
compositor e o coreógrafo, a produção acabou por não ser
levada à cena.
Entretanto, em 1911, o compositor havia já escrito um conjunto de valsas em que o seu interesse pelo passado é evidente. As Valses nobles et sentimentales homenageiam as valsas
homónimas de Schubert, e é sem dúvida o ­século XIX que se
ouve nestas oito pequenas peças, mesmo se Ravel não deixa
de as marcar pela sua forte personalidade musical.
H. R.
45
B25
B26
Trio
Arriaga
Javier Perianes
sábado 16 abril 18h
Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER
46
sábado 16 abril 20h
Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER
piano
Daniel Ligorio piano
Felipe Rodriguez violino
David Apellaniz violoncelo
Ernest Bloch
Três Nocturnos para trio com piano 1924
I. Andante
II. Andante quieto
III. Tempestoso
Leonard Bernstein
Trio com piano 1937
16’
I. Adagio non troppo; Allegro vivace
II. Tempo di marcia
III. Largo; Allegro vivo e molto ritmico
Dmitri Schostakovich
Trio com piano n.º 2, em Mi menor,
op. 67 1944 25’
I. Andante
II. Allegro con brio
III. Largo
IV. Allegretto
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
9’
Richard Rognstad diz-nos que a obra Três Nocturnos, composta em 1924, integra o segundo período composicional
de Bloch, marcado pelo estilo neoclássico e por uma forte
contenção na expressão. Estes Nocturnos revelam os diferentes aspetos da noite: no primeiro, a atmosfera é amena,
a noite está estrelada, tranquila e misteriosa; por sua vez,
o segundo evoca uma canção de embalar, com o seu tema
lírico evidente em expressivas e longas frases. Mantém-se a
serenidade e a harmonia do primeiro nocturno. Finalmente,
o terceiro contrasta com os anteriores pela sua força intempestiva, é o retrato de uma noite escura e inquietante, num
tom marcadamente impetuoso e apaixonado.
Composto em 1937, o Trio com Piano de Leonard Bernstein
antecedeu o enorme sucesso que o compositor obteve com
o musical On the Town, em 1944. Esta conseguida e ambiciosa obra é considerada uma composição juvenil de Bernstein e muitas vezes injustamente ignorada por isso mesmo.
É uma obra livre das influências do jazz, que posteriormente
marcaram o trabalho de Bernstein, e pode ser considerada
uma peça de puro classicismo pré-guerra.
O Trio com Piano n.º 2, op. 67 de Schostakovich é notável
por uma série de razões. Foi escrito em 1944, logo a seguir à Sinfonia n.º 8, com a qual partilha a estrutura; é um
lamento, quer pela morte do musicólogo Ivan Sollertinsky,
amigo do compositor, quer pelas vítimas do Holocausto; e
foi a sua primeira obra a utilizar o temas judaicos, um tributo que passa pela utilização das escalas e ritmos da música
tradicional judaica.
A obra teve a sua estreia em Leninegrado, a 14 de novembro
de 1944, interpretada pelo próprio Shostakovich ao piano,
com o violinista Dmitri Tsyganov e o violoncelista Sergei Shirinsky, ambos membros do Quarteto de Cordas Beethoven.
Felipe Ro d riguez
Manuel de Falla
Nocturno, G. 3 1896 4’30
Serenata andaluza, G. 13 1900
Canción, G. 14 1900 2’20
Cuatro Piezas Españolas, G. 37
1906-1909
17’
I. Aragonesa
II. Cubana
III. Montañesa
IV. Andaluza
Fantasía Baetica, G. 55
1919
13’
5’30
Manuel de Falla foi um dos compositores espanhóis de
maior relevância na transição do século XIX para o XX. As
suas referências culturais foram inicialmente Chopin e Liszt,
e mais tarde os impressionistas Debussy, Ravel ou Dukas.
Durante os anos vinte, Falla voltou a transformar o seu estilo, aproximando-se do neoclassicismo de Stravinsky.
O jovem Falla, ainda estudante no Conservatório de ­Madrid
e muito influenciado pela música de Chopin, escreveu o
Nocturno, a Serenata Andaluza e Canción. Embora a Serenata Andaluza tenha já alguns sinais do nacionalismo que
iria marcar a música dos anos seguintes, a sonoridade dominante é herdeira do Romantismo.
As Cuatro Piezas Españolas são pequenas miniaturas onde
Falla mostrou a sua primeira mudança de linguagem. Podemos facilmente ouvir a diferença entre esta obra e as anteriores. Em 1907, Falla radicou-se em Paris, onde tomou
contacto mais direto e assíduo com Debussy, Ravel e Dukas.
Estas quatro peças são assumidamente impressionistas na
harmonia e na estrutura, e nacionalistas na inspiração (com
a exceção da peça Cubana, com temática daquele país).
A assinalar a despedida do período impressionista Fantasía Baetica de 1919 está embebida de motivos sonoros da Andaluzia, entre os quais o cante jondo,
com as suas escalas próprias e a predominância
da guitarra. Nos tempos do Império Romano a
atual região da Andaluzia – com fronteiras um
pouco diferentes – era conhecida como Hispa­
nia Baetica. Ao tentar retratar a guitarra do
cante jondo andaluz, Falla escreveu esta obra
que em piano se revela de uma enorme dificuldade.
H. R.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
47
B27
B28
Carlos Damas
Thomas Bloch
Juan Garcia
Collazos
Mélanie Brégant
sábado 16 abril 22h
Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER
sábado 16 abril 14h
Sala fernando pessoa
violino
ondes martenot
acordeão
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
António Fragoso é considerado o compositor mais genial
que Portugal viu nascer. Infelizmente a morte prematura
aos vinte e um anos interrompeu um percurso produtivo
que tinha todas as condições para ter sido exemplar. A Sonata Inacabada foi a última obra escrita por Fragoso e na
qual trabalhava quando a morte lhe bateu à porta. Trata-se
de um único andamento ao estilo da música francesa da
época no qual se denota já uma maturidade impressionante.
Do sul da Europa saltamos até à Finlândia. Jean Sibelius
foi o mais reconhecido compositor deste país e mesmo da
Escandinávia. A Sonatina para violino e piano é o último
trabalho para violino escrito por Sibelius, foi composta em
1915. É uma obra escrita num estilo quase clássico basea­
da em alegres memórias de infância, Sibelius escreveu no
seu diário as seguintes palavras acerca desta obra “...o
céu da minha infância e as estrelas, muitas estrelas”.
Dvořák nasceu numa aldeia perto de Praga e emigrou
mais tarde para o Novo Mundo. A Sonatina para violino
e pia­no op. 100 foi escrita em Nova Iorque e foi a última
obra de câmara escrita durante a sua estada na América.
A obra é inspirada em melodias dos índios e espirituais
negros. É uma composição de caráter fresco e alegre, somente o segundo andamento tem um caráter nostálgico.
Hoe-Down é um dos andamentos de Rodeo, de Aaron Copland, um bailado baseado na vida dos rancheiros e cowboys
americanos. Hoe-Down é um tema típico das danças dos
cowboys. Copland, nativo dos Estados Unidos da América, foi um dos compositores mais representativos do seu
país do século XX, recorrendo em algumas das suas obras a
­temas da música tradicional americana.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Ca rlo s Da m a s
Sala sem lugares marcados
piano
48
António Fragoso
Sonata inacabada para violino e piano
1918
10’
I. Allegro
Jean Sibelius
Sonatina para violino e piano,
em Mi maior, op. 80 1915 15’
I. Lento – Allegro
II. Andantino
III. Lento – Allegretto
Antonín DvoŘák
Sonatina para violino e piano,
em Sol maior, op. 100 1893 20’
I. Allegro risoluto
II. Larghetto
III. Molto vivace
IV. Allegro
Aarond Copland
Hoe-Down, de Rodeo
(trans. para violino e piano) 1942
5’
Edward Michael
Song of the moon who sank in the lake
1928 – primeira obra escrita para ondes
Martenot
2’
André Jolivet
Cadenza (dedicada a Edgard Varèse)
1943
2’30
Astor Piazzolla
Tanti anni prima 1984
6’
Heitor Villa-Lobos
Dança do Índio branco
do Ciclo brasileiro, A.374 1936-1937
5’
Étienne Rolin
Space birds
2001
4’20
Pierre Boulez
Improvisation sur Le Soulier de satin
1945
2’30
Thomas Bloch
Formule 1945
3’30
Olivier Messiaen
L'eau, de Fête des belles eaux 1937
8’
Foi a 20 de abril de 1928 que Maurice Martenot (18981980), enquanto solista na obra Poèmes symphoniques de
Dimitrios Levidis, apresentou publicamente o instrumento
eletrónico que inventara pouco antes e ao qual deu o nome
de ondes musicales. O ondes martenot, nome que acabaria
por se estabelecer, foi um dos instrumentos eletrónicos que
mais sucesso obteve. Foram variadíssimos os compositores
que lhe dedicaram peças, ou papéis importantes em peças,
como Milhaud, Jolivet, Koechlin, Ibert, Honneger, Varèse ou
Messiaen (nomeadamente em Fêtes des belles eaux, Trois
petites liturgies de la présence divine, e a monumental Turangalîla-Symphonie). O sucesso do instrumento foi de tal
forma evidente que, em 1947, Martenot inaugurou as aulas
de ondes martenot no Conservatório de Paris.
Durante os anos, criaram-se várias versões do instrumento,
algumas das quais amadoras, e várias dezenas de músicos
nele se especializaram, incluindo Jeanne Loriod (segunda
mulher de Messiaen), Pierre Boulez, Tristan Murail, Jonny
Greenwood (do grupo Radiohead) e Thomas Bloch.
Neste concerto, o ondes martenot será acompanhado pelo
acordeão, num duo insólito. Entre outras peças, será apresentada a primeira obra escrita para o instrumento (Song of
the moon who sank in the lake de Michael), e duas obras
que não estão publicadas: Cadenza de Jolivet, escrita para
Varèse; e uma improvisação de Pierre Boulez, transcrita e
recentemente interpretada por Bloch, na Salle Pleyel, para
os festejos dos 85 anos do compositor francês.
49
B29
B30
sábado 16 abril 16h
Sala fernando pessoa
Quarteto
Lopes-Graça
Quarteto
Pražák
Luís Pacheco Cunha violino
Anne Victorino
d’Almeida violino
Isabel Pimentel viola
Catherine Strynckx violoncelo
Pavel Hula violino
Vlastimil Holek violino
Josef Kluson viola
Michal Kanka violoncelo
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
As três obras que compõem o programa proposto consti­
tuem outras tantas leituras das grandes correntes estético-musicais europeias da época em que se inserem – reinterpretadas e assimiladas no contexto de realidades socioculturais distintas, de contornos bem marcantes.
Luís de Freitas Branco, então um jovem de vinte anos, expressa no Quarteto todo o explosivo conflito das impressões
causadas pelas suas primeiras viagens a Berlim e Paris, o convívio com Debussy e Vianna da Motta, a audição de Pelleas
e da 9.ª Sinfonia de Beethoven, a implantação da República,
a que assistiria em Lisboa, a dicotomia do seu europeísmo e
da sua portugalidade.
Já Samuel Barber (nascido há precisamente 100 anos) adota, com toda a convicção patente na sua escrita, um estilo
neorromântico fluído, tributário da obra de um Mahler ou
de um Richard Strauss. O Adagio do seu Quarteto op. 11
mereceu, mais tarde, reconhecimento universal na versão
que Toscanini consagrou.
Se é já indubitável que Silvestre Revueltas ocupa posição
cimeira na música mexicana e de todo o continente americano, é, desde logo, imperativo dar a conhecer a sua obra
ao público português. As ressonâncias telúricas do seu nacionalismo de raízes pré-colombianas emanam uma fantástica energia vital, uma intensidade rítmica e um dramatismo
que explicam a extinção deste grande compositor, violinista
e maestro mexicano, exausto e exangue aos quarenta anos
apenas.
Sala sem lugares marcados
Luís Pa c h ec o Cunh a
Samuel Barber
Quarteto de cordas, em Si maior, op. 11
1936
16’
I. Molto allegro e appassionato
II. Molto adagio
III. Molto allegro. Presto
Silvestre Revueltas
Quarteto de cordas n.º 4,
Música de feria 1932 9’
Luís de Freitas Branco
Quarteto de cordas 1911
24’
I. Moderado
II. Vivo
III. Lento
IV. Animado
© helena gonçalves
50
sábado 16 abril 18h
Sala fernando pessoa
Alban Berg
Suite Lírica, para quarteto
de cordas 1925-1926 28’
I. Allegretto gioviale
II. Andante amoroso
III. Allegro misterioso
IV. Adagio appassionato
V. Presto delirando
VI. Largo desolato
Leoš JanáČek
Quarteto de cordas n.º 2,
Cartas Íntimas
1928
26’
I. Andante con moto
II. Adagio
III. Moderato
IV. Allegro
A Suite Lírica é uma obra introspetiva, com grande carga
emocional, escrita entre 18 de setembro de 1925 e 30 de
setembro de 1926. É uma das obras mais famosas e interpretadas de Berg, sendo que nela o compositor utiliza
a técnica dodecafónica introduzida por Schoenberg alguns
anos antes. Dedicada a Alexander von Zemlinsky, a peça
contém no entanto um “programa” escondido, revelado
com a descoberta de uma partitura anotada pelo próprio
Berg, que este ofereceu a Hanna Fuchs-Robettin e na qual
escreveu várias frases, nomeadamente a seguinte: “Que
este seja um pequeno monumento a um grande amor.” Os
dois mantinham uma relação secreta.
O quarteto de Janáček descreve o sonho de uma feliz relação amorosa em toda a sua amplitude: a paixão, a esperança e a angústia. É também uma
obra de maturidade, escrita pouco
antes da morte do compositor. Nos
últimos anos de vida, Janáček estava apaixonado por Kamila Stöss­
lova, uma mulher casada, bastante mais jovem que ele, e a quem
o compositor escrevia diariamente
aquando da composição do quarteto: “Comecei a escrever algo de
belo. Será a nossa vida. Chamo-lhe
Cartas de Amor.” O título seria depois alterado para Cartas Íntimas e
a viola d’amore que o compositor
pensara utilizar foi substituída por
uma viola d’arco. Cada andamento retrata um dos aspetos da relação que Janáček imaginava com
­Kamila. Sobre o primeiro andamento escrever-lhe-á: “A minha primeira impressão quando te conheci.”;
e sobre o terceiro: “É o número em
que a terra treme.”
F. S.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
51
sábado 16 abril 20h
Sala fernando pessoa
Martin
Simpson
voz e guitarra solo
Martin Simpson é simplesmente um dos mais talentosos
guitarristas de folk/blues do mundo e tem tido muitas
oportunidades de o mostrar, ao longo dos anos, em discos como A Closer Walk With Thee, em que toca arranjos
instrumentais seus de temas de gospel tradicionais, Smoke
and Mirrors, um trabalho mais focado nos blues e dedicado
à memória de Big Joe Williams, e Music for the Motherless
Child ao lado da tocadora de pipa, Wu Man.
No seu último disco, True Stories, Martin Simpson toca
mais uma vez o seu estilo camaleónico, misturando temas
tradicionais escoceses e blues, com colaborações de músicos como Danny Thompson e Martin Taylor. Neste trabalho
pode-se ouvir Simpson a desfilar o seu enorme talento em
instrumentos como o banjo, dobro, guitarra e guitarra barítono, além da sua voz que peculiarmente utiliza como um
prolongamento natural do seu virtuosismo guitarrístico.
Do repertório de Martin Simpson a solo pode-se sempre esperar uma mescla entre temas originais e temas tradicionais
do cancioneiro da música norte-americana, mas também
celta, num raro exemplo de como se podem misturar muitas coisas boas sem estragar nenhuma delas.
B32
sábado 16 abril 22h
Sala fernando pessoa
© ben tahovega
B31 ⁄ C25
Quarteto
Brodsky
Daniel Rowland violino
Ian Belton violino
Paul Cassidy viola
Jacqueline Thomas
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Este concerto traz-nos o fim de um romantismo já explorado
e a procura de novas sonoridades, linguagens e técnicas.
O Expressionismo, liderado inicialmente por Schoenberg,
Webern e Berg viria a desenvolver-se e dominar grande
parte do século passado – sobretudo nos centros alemão e
francês. O Impressionismo, por exemplo, teve grande relevo
até ao fim da II Guerra Mundial.
Langsamer Satz (Andamento Lento) é uma obra de juventude, quando Webern era ainda aluno de Schoenberg. É
uma peça densa e ambígua, que puxa o tonalismo a limites
extremos.
Stravinsky foi um compositor muito particular, oscilou entre diversas correntes artísticas sempre em busca de novas
soluções. A sua sonoridade alterou-se muito ao longo da
vida. Estas são três peças de caráter, diferentes no estilo e
na fonte de inspiração. Quando mais tarde foram orquestradas, Stravinsky deu-lhes títulos: Dança, Excêntrico e Cântico. Enquanto a primeira e a terceira são devedoras da sua
inspiração russa, a primeira contém mesmo algumas melodias originárias da tradição daquele país, a segunda – disse
o compositor – foi inspirada no palhaço Little Tick. É atonal,
mas como que uma versão própria do serialismo.
O Quarteto de Cordas de Ravel é outra obra de juventude
que revela já algumas das suas características, nomeadamente a forma cíclica: o tema inicial volta ao longo da obra,
de forma mais ou menos percetível e alterado. O arrojo da
sonoridade valeu-lhe ter perdido o Prix de Rome e as críticas
de Fauré, seu professor e dedicatário da obra. Consta, no
entanto, que Debussy terá reconhecido o talento do jovem
compositor e ter-lhe-á escrito que não mudasse nem uma
nota na partitura!
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
H. R.
Blues
52
Ped ro Co sta
violoncelo
Anton Webern
Langsamer Satz, para quarteto
de cordas 1905 10’
Igor Stravinsky
Três peças para quarteto
de cordas 1914 7’
Maurice Ravel
Quarteto de cordas, em Fá maior
1903
29’
I. Allegro moderato – Très doux
II. Assez vif – Très rythmé
III. Très lent
IV. Vif et agité
Este concerto repete-se no domingo
na sala fernando pessoa às 17h
53
B34
sábado 16 abril 16h
sala amália rodrigues
54
B35
sábado 16 abril 20h
sala amália rodrigues
Escolas em Palco
Programação
para a família
ver págs. 84 > 87
Domingo
sábado 16 abril 12h
sala amália rodrigues
Concertos
B33
C1
domingo 17 abril 13h
grande Auditório
Orquestra
Sinfónica
Metropolitana
Cesário Costa
55
direção musical
H. J. Lim
piano
Maurice Ravel
Concerto para piano,
em Sol maior 1931 22’
I. Allegramente
II. Adagio assai
III. Presto
Bolero 1928
14’
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
Um dos momentos que mais se destaca na biografia artística
de Maurice Ravel é a digressão por si realizada na América
do Norte em 1928. Nessa ocasião, apresentou-se em várias
cidades dos Estados Unidos e do Canadá, enquanto maestro e pianista; deu entrevistas e conferências; garantiu uma
notoriedade pública que logo se refletiu no crescente prestígio de que passou a gozar em toda a Europa. As duas obras
que se podem aqui ouvir reportam a esse período. Primeiro,
o célebre Concerto para piano em Sol maior, que todos os
pianistas gostam de tocar por se tratar de música feita por
um compositor que conhecia como poucos o instrumento.
Nalgumas partes, traduz-se um tributo a Mozart e a Saint-Saëns. Noutras, sobressaem sonoridades que relacionamos
com Gershwin, reconhecendo harmonias dos blues e ritmos
sincopados do jazz. Assim foi o fascínio de Ravel pelo Novo
Mundo. Ouve-se depois neste programa o Bolero, seguramente uma das obras musicais mais conhecidas em todo o
mundo. Assim que regressou da digressão americana, Ravel
fez estrear em Paris esta “sinfonia coreográfica”, como gostava de lhe chamar. O sucesso foi imediato, e maior ainda
quando Toscanini a dirigiu à frente da Filarmónica de Nova
Iorque, abrindo-lhe as portas de Hollywood.
C2
C3
domingo 17 abril 15h
grande Auditório
Orquestra
Filarmónica
de Brno
Orquestra
de Câmara
Portuguesa
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Este é um concerto dedicado a dois grandes bailados do século XX com as respetivas suites orquestrais; o primeiro para
a companhia de Diaghilev radicada em Paris – Ballets Russes
– e a segunda para a companhia de Martha Graham.
Pulcinella assinalou o início do período neoclássico de Stravinsky, o compositor que tantas vezes transformou a sua
linguagem. Sob proposta do coreógrafo, os temas melódicos são originários de Pergolesi e outros compositores italianos do Barroco. Stravinsky foi ainda buscar a estrutura
barroca do concerto grosso, em que o tutti alterna com o
concertino. A orquestra segue a instrumentação do Classicismo – sem percussão nem clarinetes – mas a sonoridade
é contemporânea. Efetivamente, os instrumentos são diferentes do que eram no século XVIII e também as técnicas
instrumentais evoluíram – e Stravinsky sabia explorá-las
como poucos.
A história, originária da comedia dell’arte, é uma comédia
de enganos, amores desencontrados, identidades trocadas
que, à maneira clássica, tem um final feliz.
Appalachian Spring, por seu lado, tornou-se conhecida
mundialmente por ser uma das primeiras marcas musicais
(eruditas) vincadamente nacionalistas dos EUA. Copland
citou poucos temas realmente populares, mas constituiu
um ambiente sonoro expressivo da mentalidade e cultura
norte-americanas. Escrita para um conjunto de câmara, de
13 instrumentos – grupo instrumental muito característico
do século XX.
A história da coreografia centra-se nos festejos de primavera no século XIX numa povoação de colonos nos montes
Apalaches, onde um jovem casal se vem instalar. Os mais
velhos contam histórias da conquista, de pureza e heroísmo, precisamente os pilares com que a cultura dominante
norte-americana desejava identificar-se.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
H. R.
Sala com lugares marcados, exceto galerias
Leoš Svárovský
56
domingo 17 abril 17h
grande Auditório
direção musical
Igor Stravinsky
Pulcinella (suite) 1920
23’
I. Sinfonia
II. Serenata
III. Scherzino
IV. Tarantella
V. Toccata
VI. Gavotta con due variazioni
VII. Vivo
VIII. Minuetto
IX. Finale
Aaron Copland
Appalachian Spring (suite)
1943-1944
25’
I. Very slowly
II. Fast
III. Moderate
IV. Quite fast
V. Still faster
VI. Very slowly (as at first)
VII. Calm and flowing
VIII. Moderate. Coda
Pedro Carneiro
direção musical
Filipe
Pinto-Ribeiro
piano
Óscar Carmo
trompete
Richard Wagner
Idílio de Siegfried 1870
18’
Dmitri Schostakovich
Concerto n.º 1 para piano, trompete
e cordas, em Dó menor, op. 35 1933
I. Allegretto
II. Lento
III. Moderato
IV. Allegro con brio
22’
Um concerto sinfónico íntimo, pessoal parece uma contradição. Será?
Na manhã de Natal de 1870, Cosima (filha de Liszt e segunda mulher de Wagner e cujo aniversário tinha sido no
dia anterior) acordou ao som de música ao vivo na sua casa.
O seu presente, dedicado também ao nascimento em 1969
do pequeno Siegfried, era este Idílio de Tribschen. Tribschen
era a povoação onde residiam e onde a família (os filhos dos
casamentos anteriores de Wagner e de Cosima) se tinham
reunido pouco tempo antes. A intenção do compositor era
que aquela obra se mantivesse no âmbito da intimidade
da família e dos amigos que tinham constituído a pequena
orquestra, o que justificava a simplicidade harmónica e temática e a exígua instrumentação, tão pouco características
de Wagner.
No entanto, em 1878, devido a graves problemas financeiros, viu-se forçado a publicá-la. Aumentou a orquestra para
35 elementos, deu-lhe o novo título Idílio de Siegfried e
enviou a partitura ao editor.
Na juventude, Schostakovich ganhava a vida como pianista
de concerto, mas também no acompanhamento de filmes
mudos. Em 1933 escreveu este Concerto bem-humorado,
leve, cheio de súbitas mudanças de atmosfera, com paráfrases ou referências a Beethoven e Haydn. A orquestra é
constituída por cordas e o trompete solista tem um papel
de segundo plano, comentando aqui e ali, destacando-se
apenas esporadicamente. A parte de piano, no entanto, foi
escrita para si próprio e foi Schostakovich que tocou na estreia e em diversos outros concertos e gravações.
H. R.
57
C4
domingo 17 abril 19h
grande Auditório
Orquestra
Filarmónica
de Brno
Leoš Svárovský
58
direção musical
Gustav Mahler
Adagio da Sinfonia n.º 10 (ver. KŘenek)
1910
23’
Leoš JanáČek
Taras Bulba 1915-1918
25’
I. Morte de Andrei
II. Morte de Ostap
III. Profecia e Morte de Taras Bulba
Da última sinfonia de Mahler apenas este Adagio (1.º anda­
mento) ficou praticamente terminado. No seu último ano
de vida os problemas entre ele e Alma agravavam-se, o que
dificultava e o levava a interromper a escrita. Os manuscritos e esquissos que deixou estão recheados de comentários
e desabafos relativos aos conflitos conjugais.
Em 1924, Alma publicou os fac similes com os esquissos e
partituras desta sinfonia, a partir dos quais Křenek completou os dois andamentos deixados mais avançados por Mahler: este Adagio e o que seria o 3.º andamento, Purgatório.
A sonoridade e a linguagem são as de um pós-romantismo
no dealbar do Expressionismo. De facto, as dissonâncias são
tão numerosas, que em determinadas alturas estão sobrepostas a quase totalidade das doze notas, embora com uma
explicação funcional.
Um lied – que se ouve neste andamento – quando tocado num violino, pode ultrapassar os limites vocais, como a
necessidade de respiração (que um cantor teria) ou a amplitude vocal, podendo desenvolver a expressão dos sentimentos.
O poema sinfónico do nacionalista Janáček representava
para ele a vontade da independência checoslovaca face ao
Império Austro-Húngaro. Para tal, procurou um romance de
Gógol sobre a oposição dos cossacos face à Polónia: Taras
Bulba. O primeiro andamento retrata o episódio da morte
do filho, Andrei, que, por amor, passou a combater no exército polaco e foi morto em batalha pelo próprio pai. O segundo retrata a morte do segundo filho, Ostap, capturado
e torturado, resistindo em silêncio até à morte. Finalmente
é Taras, o pai, que é preso e morto na fogueira, exclamando
já em chamas uma última frase patriótica. O compositor
quis assim apelar à rebelião e bravura do seu próprio povo
eslavo contra o domínio austro-húngaro.
H. R.
C5
C7
concerto
de encerramento
sala eduardo prado coelho
domingo 17 abril 21h
grande Auditório
ver págs. 79 > 80
domingo 17 abril 13h
pequeno Auditório
Gamelão
Yogistragong
Elizabeth Davis
direção
59
Música tradicional
de Java
Es Lilin, Pelog Bem
Pathetan, Pelog Barang, Manyura
Liwung, Ladrang, Slendro Suko Suko Bobro, Lancaren, Slendro
Jaranan, Pelog Bem, Semengat,
Lancaren, Pelog Barang
C6
sábado 16 abril 11h
pequeno Auditório
sala eduardo prado coelho
Programação para a família
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
Ensemble Boîte à Bijoux
ravel A Minha Mãe Ganso
(Ver. de Nuno Côrte-Real para 14 músicos)
ver págs. 90 > 91
este concerto tem o apoio
da embaixada da república
da indonésia
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
>
C8
C9
sala eduardo prado coelho
sala eduardo prado coelho
Ensemble
Mediterrain
Orquestra
do Algarve
Laura Ruiz Ferreres clarinete
Gideon Seidenberg trompa
Gabriel Adorján violino
Álvaro Parra violino
Barbara Buntrock viola
Bruno Borralhinho violoncelo
Christoph Berner piano
Pedro Neves
domingo 17 abril 15h
pequeno Auditório
60
Sergei Prokofiev
Abertura sobre Temas Judeus, op. 34
Neste concerto, apresentamos peças de música tradicio­nal
da ilha de Java que se traduzem numa enorme diver­sidade
de sons hipnotizantes, exóticos e sedutores. O gamelão,
que forma uma espécie de orquestra de percussão, é cons­
tituído por uma grande variedade de instrumentos de
bronze, conjuntos de tambores, gongos e metalofones,
­entre outros.
Foi no ano de 1889, na Exposição Universal de Paris, que
o gamelão se tornou conhecido no Ocidente. O contacto
com este inusitado instrumento originou na época fortes
influências em compositores como Debussy e, mais tarde,
Messiaen, particularmente no que toca à utilização das escalas pentatónicas.
Eli zabet h D av ie s
<
1919
10’
Aaron Copland
Sexteto, para clarinete, piano e cordas
1937
15’
I. Allegro vivace
II. Lento
III. Finale: Precise and rhythmic
Ernst von Dohnányi
Sexteto, para piano, clarinete, trompa
e cordas, em Dó maior, op. 37 1935 25’
I. Allegro appassionato
II. Intermezzo: Adagio
III. Allegro con sentimento
IV. Finale: Allegro vivace, giocoso
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
domingo 17 abril 17h
pequeno Auditório
direção musical
A Abertura sobre Temas Judeus foi composta por Prokofiev
durante um período de residência nos Estados Unidos, mais
concretamente em Nova Iorque. Em contraste com outros
compatriotas como Rachmaninoff ou Stravinsky, Prokofiev
teve autorização direta do regime soviético para viajar para
o estrangeiro e esse tratamento privilegiado acabaria por
se revelar naturalmente muito benéfico, como podemos
verificar nesta obra, no que diz respeito ao contacto com as
correntes musicais emergentes em todo o mundo.
Copland foi sem dúvida um dos compositores americanos
mais importantes de sempre e a sua música é, nos dias de
hoje, convidada assídua dos palcos mundiais. O Sexteto é
uma adaptação de Copland da sua Short Symphony, naquela que foi uma tentativa de salvar a obra original, poucas
vezes executada por ser considerada demasiado difícil. Esta
versão para sexteto acaba por ser uma adaptação perfeita,
tendo conquistado a crítica de forma eloquente e passado a
ser uma das obras preferidas dos músicos de câmara.
Frequentemente associado aos estilos nacionalistas dos
seus conterrâneos Kodály e Bartók, a verdade é que a música de Dohnányi vai bem mais além das fronteiras do seu
país e demonstra uma clara influência do jazz europeu e
da música pré-cinematográfica que acabava de chegar dos
Estados Unidos. O seu Sexteto em Dó maior é uma obra
muito interessante e rica, infelizmente ainda pouco tocada
nos palcos internacionais, mas que merece um destaque
em tudo equiparável a outras obras de compositores que se
afirmaram com mais contundência.
Bruno Borralhinho
61
Arnold Schoenberg
Noite Transfigurada, op. 4
(ver. para orquestra de cordas) 1899
29’
I. Sehr langsam II. Breiter III. Schwer betont IV. Sehr breit und langsam V. Sehr ruhig
Charles Ives
Three Places in New England, S. 7
(ver. 1929 para orquestra de câmara)
19’
I. The St. Gaudens in Boston Common II. Putnam's Camp, Redding, Connecticut III. The Housatonic at Stockbridge
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
>
C10
domingo 17 abril 19h
pequeno Auditório
sala eduardo prado coelho
62
São duas obras cujas primeiras versões têm poucos anos de
diferença: Noite Transfigurada data do fim do século XIX;
e Three Places in New England sobre esquissos e excertos
escritos entre 1903 e 1912.
Para Schoenberg, Noite Transfigurada foi uma das mais importantes obras da sua primeira fase pós-romântica e nela
já se adivinha para breve o desaparecimento dos traços de
ligação ao tonalismo. A obra assemelha-se ao formato de
poema sinfónico, mas para um conjunto de câmara. A versão orquestral só viria mais tarde. A inspiração provém de
um poema de Richard Dehmel, que a música comenta sem
ilustrar:
Noite Transfigurada (Richard Dehmel)
Duas pessoas caminham por um bosque frio e ermo
a Lua segue-os, eles olham-na no alto.
A Lua corre sobre altos carvalhos;
Nem uma nuvem ensombra essa sua luz celestial,
que se estende pelos altos cumes.
A voz de uma mulher fala:
Eu carrego uma criança e não de Ti,
Eu caminho em pecado ao Teu lado.
Fui cruel comigo própria.
Já não acreditava na felicidade
e tinha no entanto uma enorme ânsia
de um propósito na vida, do prazer da maternidade,
e do dever; por isso me atrevi;
Então entreguei tremendo o meu ventre
por um homem estranho abraçada,
e ainda me senti abençoada.
Agora a vida vingou-se:
agora sou Tua, a Ti te enfrento.
Ela segue a passos hesitantes.
Olha para cima; a Lua acompanha-os.
O seu olhar obscuro afoga-se na luz.
A voz de um homem fala:
Mahler Ensemble
Que a criança que Tu geraste,
não seja na Tua alma um fardo,
ah, vê, quanto brilha o universo!
Há um brilho em tudo à nossa volta;
Tu mergulhas comigo num lago frio;
Mas um calor interior resplandece
de Ti em mim, de mim em Ti.
direção musical
Ele exaltará a criança do estranho,
Tu tornas-te minha, por mim fecundada;
Fizeste-me sentir também a mim como uma criança.
Ele abraça-a em torno das largas ancas
Os seus fôlegos beijam-se na brisa.
Duas pessoas caminham numa alta, brilhante noite!
Originário da Nova Inglaterra, que corresponde a toda a
zona nordeste dos EUA, de onde provém o imaginário ­desta
obra de Charles Ives.
O primeiro andamento evoca um monumento a um regimento de negros e ao seu coronel, que lutaram na Guerra
da Secessão, através de marchas militares e um espiritual
negro.
Seguidamente, um jovem que sonha encontrar o seu herói
general Putnam, adormece durante as celebrações do 4 de
julho. No seu sonho misturam-se as fanfarras tradicionais
dessa data numa sobreposição de ritmos.
Housatonic é o rio que banha Stockbridge, em cujas pradarias Ives passeou e onde os cânticos das igrejas ecoam pelos
campos em redor.
H. R.
Massimo Mazzeo
Dora Rodrigues
soprano
Mahler Ensemble Massimo Mazzeo direção musical Dora Rodrigues soprano
Nuno Ivo Cruz flauta ⁄ flautim Ricardo Lopes oboé ⁄ corne inglês João Pedro Santos clarinete ⁄ clarinete baixo Massimo Spadano violino Iskrena Yordanova violino Francesco Negroni viola Varoujan Bartikian violoncelo Pedro Wallenstein contrabaixo Richard Buckley percussão Pedro Silva percussão Nuno Lopes harmónio Miguel Borges Coelho piano
Gustav Mahler
Sinfonia n.º 4 (ver. de câmara de E. Stein)
1921
55’
I. Bedächtig, nicht eilen (Moderado, sem apressar)
II. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast
(Moderado, sem pressa)
III. Ruhevoll (Tranquilo)
IV. Sehr behaglich (Muito agradável)
Influenciada por Wagner, Bruckner, Tchaikovsky, Liszt e,
­sobretudo, Beethoven, a produção sinfónica de Gustav
Mahler é das mais importantes da história da música. Profundamente expressivas e pessoais, as suas sinfonias são
um dos legados culturais mais simbólicos da fin de siècle,
contendo nelas toda a monumentalidade, modernidade,
mas também toda a decadência dessa época.
Mahler escreveu nove sinfonias completas, deixou uma décima inacabada e, entre outras obras, escreveu também um
ciclo de canções intitulado Das Lied von der Erde (A Canção da Terra), muitas vezes considerado como uma sinfonia
“disfarçada”.
Foi na localidade de Maiernigg-am-Wörthersee, onde ­Mahler
passava o verão, que a Sinfonia n.º 4 foi concluída, no dia 6
de agosto de 1900. É a sinfonia mais “clássica” de Mahler e
também a que requer uma orquestra mais pequena.
A obra foi criada a partir do quarto andamento, a canção,
alegre e de cariz popular, Das himmlische Leben (A Vida
Celeste), originalmente composta para o ciclo Des Knaben
Wunderhorn (A trompa maravilhosa do rapaz). A utilização
da voz humana no contexto sinfónico é habitual em Mahler
e constitui uma influência direta da Nona Sinfonia de Bee­
thoven. A estreia da Sinfonia n.º 4 de Mahler deu-se em
Munique, a 25 de novembro de 1901.
A versão da obra hoje apresentada é uma adaptação para
ensemble de câmara efetuada por Erwin Stein (1885-1958)
em 1921 para a Sociedade para Apresentações Musicais
Privadas, fundada por Arnold Schoenberg.
neste concerto será distribuida folha de sala
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
63
C11
C12
Jan Lisiecki
Marcelo Nisinman
domingo 17 abril 15h
Sala Luís de Freitas Branco
© windsor Star
domingo 17 abril 13h
Sala Luís de Freitas Branco
bandoneón
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
O jovem pianista canadiano Jan Lisiecki apresenta-nos um
programa diversificado, com um panorama alargado sobre
a música do século XX.
Martinů vinha de uma aldeia checa e vivia e estudava em
Paris, à época de escrita destas Três Danças Checas. Entre as
guerras, as fronteiras estavam abertas e o compositor podia visitar a sua terra regularmente. Assim, conjugou nestas
danças o Impressionismo, cujas técnicas aprendia em Paris
e a música tradicional da Checoslováquia.
De Paderewski ouviremos duas obras, de épocas diferentes
em que trabalhou como pianista e compositor. A primeira
é a mais célebre peça deste compositor, quando o extravagante e antigo primeiro-ministro polaco enchia as maiores
salas dos EUA. O Nocturno, por seu lado, é anterior àquela,
do primeiro período em que como pianista percorria o mundo – antes de se dedicar à política do seu país.
Gaspard era o diabo que de noite sussurrava histórias macabras ao ouvido de Aloysius Bertrand. Com um velho fascínio por histórias soturnas, Ravel dedicou-se a estes contos,
inspirando neles este conjunto de pequenas peças. Ondine
refere-se à ninfa das águas que seduzia os homens mortais à sua armadilha fatal. Le gibet é a história de terror
em que um homem aparece pendurado à luz vermelha do
entardecer.
O concerto fecha sobre a única das obras que, não pertencendo de todo à mesma época, tem elementos estéticos de
parentesco. Quando compôs esta obra, e após um período de minimalismo, a música de Mozetich tornava-se pós­-romântica. Podemos portanto ouvir, ao longo destes três
andamentos e comparando com as obras anteriores, como
o pós-romantismo pode chegar a sonoridades diferentes.
Sala sem lugares marcados
H. R.
3 Danças Checas, H. 154 1926
64
10’
I. Obkrocák
II. Dupák
III. Polka
Ignacy Jan Paderewski
Menuet célèbre (Humoresque
de concert), em Sol maior, op. 14 n.º 1
1887
4’
Nocturno, em Si bemol maior,
op. 16 n.º 4 1896 5’
Maurice Ravel
Gaspard de la nuit (excerto) 1908
12’
I. Ondine
II. Le gibet
Marjan Mozetich
Três peças para piano solo 1984
I. Prélude
II. Adagietto
III. Toccata
15’
contrabaixo
© leonel de castro
Chen Halevi
Tiago Pinto-Ribeiro
clarinete
Bohuslav MartinŮ
© Serban mestecanoanu
piano
65
Rosa Maria
Barrantes
piano
História
do Tango
Astor Piazzolla
Histoire du Tango (arr. M. Nisinman) 1967
25’
I. Bordel
II. Café 1930
III. Night Club 1960
IV. Concert d’Aujourd’hui
Gardel ⁄ Le Pera ⁄
Battistella ⁄ Lattés
Cuando tu no estás (arr. M. Nisinman) 1932
Marcelo Nisinman
Chen’s Tango II 2009
8’
Pedro Datta
El aeroplano (arr. M. Nisinman) 1916
Marcelo Nisinman
Hombre Tango 2009
4’
6’
5’
Do novo mundo sul-americano à Europa, de Buenos Aires
a Paris: foi este o caminho percorrido pelo tango no início
do século XX. O ponto de partida deste concerto é a obra
de Astor Piazzolla, A Histoire du Tango, que, em quatro andamentos, descreve a história do tango argentino, partindo
da sua origem nos subúrbios de Buenos Aires, em finais do
século XIX quando o tango se tocava e dançava com graça
e picardia nos bordéis, e evoluindo com a utilização de novas harmonias e formas musicais, internacionalizando-se e
passando a ser tocado e ouvido nos grandes palcos mundiais. O programa do concerto contém ainda tangos tradicionais de Carlos Gardel, o mais famoso dos cantores de
tango, e do pianista e compositor argentino Pedro Datta.
Astor Piazzolla foi o grande responsável pela evolução do
tango, abrindo-o a influências da música erudita e do jazz,
e tornou-se, a partir dos anos 50 do século XX, o expoente
máximo do tango, do “novo tango”. Entre os discípulos de
Piazzolla, o seu “protegido” Marcelo Nisinman é conside­
rado o maior inovador do tango na atualidade. Nisinman é
o bandoneonista deste concerto, no qual poderemos ouvir
duas das suas mais recentes composições.
Rosa Maria Barrant es
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
C13
C14
Edicson Ruiz
DSCH
Schostakovich
Ensemble
domingo 17 abril 17h
Sala Luís de Freitas Branco
domingo 17 abril 19h
Sala Luís de Freitas Branco
contrabaixo
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Bottesini tinha a alcunha de “Paganini do contrabaixo”
pelo seu virtuosismo enquanto compositor. No Adagio
melancolico ed appasionato é de relevar o estilo herdado
do belcanto italiano e a exigência técnica.
Quando Elliott Carter compôs Figment III escreveu que
“sempre se tinha interessado pelo contrabaixo, pelo seu
timbre e tessitura especiais”. Escreveu solos para contrabaixo em diversas obras e decidiu compor uma obra integralmente para contrabaixo solo. Foi escrita em junho de 2007
para Don Palma, que a estreou em 2008.
A música de Nino Rota faz parte do nosso imaginário cinematográfico; é essa parte da sua obra que melhor conhecemos. Este Divertimento concertante, para contrabaixo e
orquestra no original, traz-nos de volta o cunho único deste
compositor.
As 3 Danzas argentinas de Ginastera são um folclore imaginário com um tratamento cromático e modal comparável
ao de Bartók. Só na terceira dança há excertos reconhecíveis de melodias tradicionais argentinas.
Ainda na Argentina, agora com base na música urbana,
­Piazzolla foi o compositor que mais expandiu as fronteiras
do tango: nacionais e musicais. Um pouco em toda a parte,
o tango que conhecemos é o de Piazzolla e, no entanto,
esse é o tango erudito, trabalhado, diferente daquele que
nasceu nas ruas.
Muerte del Ángel faz parte da Série del Ángel, composto
para a peça de teatro Tango del Ángel. Trata-se de uma
fuga sobre uma melodia inspirada no tango. Originalmente,
esta obra foi escrita para o Quinteto Nuevo Tango, que o
compositor tinha formado e que era composto por bandoneón, piano, violino, contrabaixo e guitarra elétrica.
Kicho é uma homenagem ao contrabaixista do Quinteto,
Kicho.
Sala sem lugares marcados
H. R.
Sergio Tiempo
piano
66
Giovanni Bottesini
Adagio melancolico ed appasionato
(Elegia para Ernst) c.1860-1880
8’
Elliot Carter
Figment III, para contrabaixo solo 2007
Nino Rota
Divertimento concertante (ver. para
contrabaixo e piano) 1968-1973
21’
Alberto Ginastera
3 Danzas argentinas, op. 2 1937
I. Danza del fiejo boyero
II. Danza de la moza donosa
III. Danza del gaucho matrero
Astor Piazzolla
La Muerte del Ángel 1962
Kicho 1969
6’
3’
8’
3’
com
Filipe Pinto-Ribeiro piano
Jack Liebeck violino
Gérard Caussé viola
Gary Hoffman violoncelo
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Armando José Fernandes começou por estudar engenharia
e só mais tarde se dedicou à música. Foi no entanto no
início da sua carreira musical que partiu para Paris para estudar com Nadia Boulanger e Paul Dukas. Cedo se deixou
impregnar pelo estilo deste último, mantendo no fundo a
sua referência da matriz portuguesa. A sua linguagem é,
em geral, acima de tudo cosmopolita.
Dvořák, por seu lado, só já como compositor confirmado
aceitou sair da sua Boémia natal para rumar aos EUA como
diretor do Conservatório de Nova Iorque. Há uma outra diferença substancial: Praga, não sendo um centro cultural da
dimensão de Paris ou Viena, era ainda assim uma cidade
importante no mundo musical. De certa forma, Dvořák já
se encontrava numa “metrópole” cultural.
No primeiro Quarteto deste concerto ouviremos como a influência dos professores e da vida parisiense, nomeadamente a corrente impressionista, deixou profundas marcas na
música de Armando José Fernandes.
No caso do Quarteto de Dvořák, há uma alternância e uma
conjunção entre o estilo influenciado por Brahms, seu mestre, e a música da sua terra natal, uma vila da Boémia. O
compositor substituía amiúde nos seus scherzos (um andamento de uma obra geralmente baseado numa dança e de
ambiente mais leve que os restantes) as tradicionais polkas
utilizadas na maior parte destes andamentos, por outras
danças populares da Boémia menos conhecidas. O piano
é aqui utilizado para simular nalgumas passagens a cítara
tradicional da música centro-europeia.
Sala sem lugares marcados
H. R.
Armando José Fernandes
Quarteto com piano 1953
22’
I. Allegro molto
II. Allegro moderato e scherzando
III. Adagio cantabile
IV. Allegretto grazioso
Antonín DvoŘák
Quarteto com piano n.º 2, em Mi
bemol maior, op. 87 1889 37’
I. Allegro con fuoco
II. Lento
III. Allegro moderato
IV. Allegro ma non troppo
67
C15
domingo 17 abril 13h
Sala almada negreiros
Karin Lechner
piano
Sergio Tiempo
C16
C17
domingo 17 abril 15h
Sala almada negreiros
domingo 17 abril 17h
Sala almada negreiros
Reginald
R. Robinson
Nina Schumann
piano
piano
68
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
H. R.
O Quebra-Nozes (excerto da suite trans.
por N. Economou) 1892
12’
I. Ouverture
II. March
III. Danse de la Fée Dragée
IV. Danse des Mirlitons V. Danse Russe: Trepak
Astor Piazzolla
Revirado
(ver. para 2 pianos) 1963
6’
Pablo Ziegler
El Empedrado 1994
6’
Pablo Ziegler
Asfalto
1993
5’
Maurice Ravel
Rhapsodie espagnole (ver. para 2 pianos)
1907
16’
I. Prélude à la nuit
II. Malagueña
III. Habanera
IV. Feria
Luís Magalhães
piano
Durante séculos, nas famílias mais abastadas os serões eram
passados a tocar música, não só a que era escrita propositadamente para pequenos ensembles (chamada música de
câmara), mas também reduções e arranjos de obras sinfónicas. Usavam-se os instrumentos que havia em casa: violino,
flauta, piano ou espineta, violoncelo ou viola da gamba,
consoante as regiões, a época e a abastança da família; ou
dois pianos, como hoje.
Assim, teremos a iniciar e a fechar o concerto precisamente
dois exemplos de reduções de obras escritas para grande
orquestra. De Tchaikovsky a Suite do Quebra-Nozes, famosíssimo bailado baseado num conto de fadas, que nos convida a ver o bailado na íntegra.
No final, Ravel visita na sua Rhapsodie espagnole a terra da
sua mãe, de origem basca e que cresceu em Madrid. Foi a
sua primeira grande obra orquestral, mas revela um compositor maturo na linguagem, nas técnicas e sobretudo na
sua grande marca: a mestria na orquestração. É uma peça
cheia de contrastes, ambientes calmos e agitações súbitas.
Malagueña é uma dança característica de Málaga, no sul de
Espanha. A Habanera é um género ligado sobretudo a cidades portuárias, uma vez que a sua origem é Cuba.
No meio do concerto teremos três momentos do novo tango argentino. Primeiro pela voz do seu mestre, Piazzolla, e
depois por um seu discípulo. Ziegler integrou um dos quintetos de Piazzolla e quando, por problemas de saúde, este
último deixou de tocar, Ziegler fundou um grupo para prosseguir o caminho do novo tango. Pela distância temporal as
obras de ambos são diferentes, sendo Ziegler mais influenciado pelo jazz.
Piotr Ilitch Tchaikovsky
piano
Ragtime
69
Temas de Scott Joplin
e Reginald R. Robinson
ver concerto B13,
pág. 32
Igor Stravinsky
Três andamentos de Petrouchka
(trans. para 2 pianos de V. Babin) 1911-1921
16’
I. Danse Russe
II. Chez Petrouchka
III. La semaine grasse
Samuel Barber
Souvenirs, op. 28 1951
16’
I. Waltz
II. Schottische
III. Pas de deux
IV. Two-step
V. Hesitation Tango
VI. Galop
Aaron Copland
El Salón México (ver. para 2 pianos de L. Bernstein)
1933-1936
9’
Witold Lutosławski
Variações sobre um tema de Paganini,
para 2 pianos 1941 5’
>
C18
C19
Mário
Laginha
Teresa
Palma Pereira
domingo 17 abril 19h
Sala almada negreiros
piano
Bernardo
Sassetti
piano
Temas de Duke Ellington,
George Gershwin
e Johnny Green
ver concerto B22,
pág. 43
domingo 17 abril 13h
Sala Sophia de Mello Breyner
piano
Franz Liszt
En rêve, S. 207 1885 3’
Nuages gris, S. 199 1881 3’
La lugubre gondola II, S. 200 1886
Bagatelle sans tonalité, S. 216a 1885
José Vianna da Motta
Karol Szymanowski
© bernardo sassetti
I. Sostenuto, molto rubato
2’
II. Allegramente, poco vivace
III. Moderato
2’
3’
IV. Allegramente, risoluto
3’
Béla Bartók
Out of Doors (Szabadban), BB89
(excerto) 1926
The Night´s Music
The Chase
5’30
2’
Lu í s Mag a lhã e s
<
8’
3’30
Cantiga d’amor, de Cenas Portuguesas,
op. 9 1893 7’
Mazurcas, op. 50 (excerto) 1924-1925
© beatriz batarda
70
Petrouchka é a história de uma boneca tradicional russa, feita de palha
e com um saco de serradura como corpo, mas que ganha vida e desenvolve emoções. De acordo com Andrew Wachtel, Petrouchka é um
trabalho que mistura música, ballet, coreografia e história num equilíbrio perfeito. Evoca o gesamtkunstwerk (obra de arte total) de Richard
Wagner, mas numa abordagem russa.
Souvenirs é uma das poucas peças de Samuel Barber que pode ser
considerada de estilo leve, ou referida como música de salão. A suite
para piano foi composta por sugestão de um amigo de Barber, Charles
Turner. Em Nova Iorque, os dois visitavam com frequência o Blue ­Angel
Club, onde ouviam com agrado um duo de piano popular, Edie e
Rack, que ficou conhecido por fazer arranjos de melodias populares
da época, incluindo algumas da Broadway, tornando-as mais ricas
musicalmente. Turner sugeriu que Barber compusesse uma peça num
estilo semelhante, mas com melodias originais. A obra foi originalmente composta para dois pianos, Barber dedicou-a a Turner e juntos
tocaram-na em festas que frequentavam em Nova Iorque e por toda
a Europa.
Lutosławski compôs bastante durante a Segunda Guerra Mundial,
sendo as Variações sobre um tema de Paganini de 1941 uma das suas
poucas obras desse período que escapou ilesa, já que a maior parte
saiu destruída da Revolta de Varsóvia. Por sua vez, depois da guerra,
Lutosławski foi sujeito a enormes pressões para se adaptar ao estilo
do regime estalinista e às regras do partido. As suas Variações são um
deleite, pelos momentos de clareza lírica e pela mestria e estilo com
que apresentam o tema do compositor e violinista italiano. Em 1978,
Lutosławski fez arranjos da peça para ­piano e orquestra, numa versão
com um equilíbrio perfeito entre notas dissonantes e momentos líricos
e com um estilo acessível marcado pelo virtuosismo que o próprio Paganini encontraria razões para respeitar.
El Salón México marcou a simplificação do estilo em Copland. Foi também um grande sucesso de público. Foram as apresentações deste
trabalho em Londres e Paris, em 1938 e 1939 respetivamente, que
causaram a popularidade internacional de Copland. A versão para dois
pianos da autoria de Bernstein é tecnicamente exigente, e cada atua­
ção é impressionante no seu virtuosismo. A popularidade de obras
como El Salón México mostra que o legado de Paganini está ainda
atual.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
Liszt, nos últimos anos da sua vida, abandonou o virtuosismo e a expressão exaltada das emoções que sempre o
caracterizaram, despindo a música de quaisquer artifícios,
para se dedicar à pura experimentação tímbrica e harmónica. Este percurso até aos limites da tonalidade já apontava
os caminhos trilhados pelos compositores vanguardistas do
início do século XX. Por isso, talvez não seja exagero considerar obras como as apresentadas no programa, não obs­
tante serem de um compositor romântico, como algumas
das mais pioneiras do período abarcado.
Vianna da Motta foi um dos mais brilhantes alunos de Liszt,
porém sempre optou por um estilo mais conservador. As
composições vanguardistas do mestre nunca o inspiraram,
contudo as tendências nacionalistas, latentes em obras
como as rapsódias húngaras, certamente terão aberto cami­
nho aos nacionalismos do fim do século, pelos quais Vianna
da Motta se deixou contaminar nas Cenas Portuguesas.
Já Szymanowski, após anos de composições de uma enor­
me modernidade, com clara aproximação ao impressionismo e posteriormente ao dodecafonismo, opta por regressar às raízes do folclore polaco, numa abordagem mais
intelectua­lizada e crua, diferente da adaptada aos salões de
Vianna da Motta.
Este tipo de abordagem influenciou decisivamente Bartók,
que se torna no expoente máximo da recolha e transposição
para música erudita do folclore. Em Out of Doors, dá um
passo em frente em relação ao seu predecessor. Em vez de
apresentar danças populares, procura transpor, através de
fragmentos, pequenos quadros, toda a natureza húngara
para a sua música.
Teresa Palma Pereira
71
C20
domingo 17 abril 15h
Sala Sophia de Mello Breyner
Pavel Gomziakov
violoncelo
Louis Lortie
piano
72
Nikolai Myaskovsky
Sonata para violoncelo e piano n.º 1,
em Ré maior, op. 12 1911 ⁄ rev. 1935 19’
I. Adagio – Andante (attacca:)
II. Allegro passionato – Adagio
Alexander von Zemlinsky
Sonata para violoncelo e piano,
em Lá menor 1894 30’
I. Mit Leidenschaft (Com paixão)
II. Andante
III. Allegretto
Poderemos, neste concerto, aperceber-nos da disparidade
de sonoridades que pode ter o Romantismo. Na Rússia,
mais colorido e excessivo, concentrado na melodia. Na Alemanha, este movimento era contido, após cada passagem
mais expressiva havia quase sempre um contrabalanço. A
preocupação era formal, embora sem desprezar a melodia.
Myaskovsky era conservador em termos artísticos, a sua sonoridade era romântica e russa – manteve sempre o caráter
exuberante da música nacional. Era um exemplar melodista, criando temas de enorme doçura. Algum exagero expressivo que ouvimos (e, neste caso, ouvimo-lo em ambas
as peças) é característico do Romantismo do século XIX.
Zemlinksky ficou para a posteridade como o único professor
“formal” de Schoenberg, que foi – com esta exceção – autodidata. Durante muito tempo foi apenas esta a qualidade
que permitiu ouvir o seu nome nos meios musicais. Só nas
últimas décadas a sua música voltou a ser tocada e estudada e devidamente valorizada.
Esta sonata tem uma curiosidade interessante: esteve perdida e presumidamente destruída durante mais de cem anos!
Foi encontrada por um jovem violoncelista nos pertences
do pai recentemente falecido, que a tinha comprado anos
antes sem lhe atribuir muita importância.
Tal como para muitos compositores da mesma época, a
música de câmara era especialmente importante na sua
formação. Este é o caso de uma obra de juventude, com
grande ligação estética a Brahms – em cuja sociedade musical dedicada à obra de jovens compositores foi a estreia
da Sonata.
H. R.
C21
domingo 17 abril 17h
Sala Sophia de Mello Breyner
Joana Gama
piano
1912
Leoš JanáČek
V mlhách (Nas Brumas) 1912
I. Andante
II. Molto adagio
III. Andantino
IV. Presto
Erik Satie
Véritables préludes flasques
(pour un chien) 1912 4’
I. Sévère réprimande
II. Seul à la maison
III. On joue
Heitor Villa-Lobos
Suite infantil n.º 1 1912
10’
I. Bailando
II. Nené vai dormir
III. Artimanhas
IV. Reflexões
V. No balanço
Enrique Granados
Libro de horas 1912
8’
I. En el jardin
II. El invierno – La muerte del Ruiseñor
III. Al suplicio
Sergei Prokofiev
Toccata, op. 11 1912
5’
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
Sala sem lugares marcados
14’
As obras deste recital visam proporcionar o contacto com
a produção musical de cinco compositores de cinco países
diferentes com um denominador comum: todas datam de
1912. Inspirada no folclore morávio e eslavo, a música de
Janáček é essencial numa referência à realidade musical da
atual República Checa. O ciclo Nas Brumas possui um ambiente extremamente melancólico, eventual reflexo da fase
que o compositor atravessava devido à morte prematura da
filha e às dificuldades na difusão da sua obra.
Foi no seguimento da inicial recusa, por parte do editor
Eugéne Demets, da publicação do ciclo Préludes ­flasques
(pour un chien), que Satie compôs o desconcertante ciclo
Véritables préludes flasques (pour un chien), obra de caráter
excêntrico, mas extremamente influenciada, em termos estilísticos, pelos estudos do compositor na Schola Cantorum.
Autor da Suite infantil n.º 1, o compositor brasileiro Villa-Lobos é conhecido por ter criado o seu próprio estilo atra­
vés da inspiração na música do seu país e da influência de
outro grande compositor, J. S. Bach.
Após o sucesso da estreia de Goyescas, e no auge da sua
fama como pianista e compositor, Granados compôs ­Libro
del Horas como expressão da sua admiração pela Idade Média, onde atinge um ambiente extremamente solene atra­
vés de uma escrita simples com influências harmónicas da
música espanhola.
Composta um ano antes da sua primeira saída da Rússia,
a Toccata op. 11 de Prokofiev é uma obra emblemática do
repertório pianístico, cujo caráter furioso e enérgico é alcan­
çado através de uma abordagem percussiva do piano.
Joana Gama
73
C22
C23
Javier Perianes
Quarteto
Pražák
domingo 17 abril 19h
Sala Sophia de Mello Breyner
domingo 17 abril 13h
Sala fernando pessoa
piano
Federico Mompou
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
A música espanhola foi muito inspirada, nesta época, pelos
franceses, sobretudo impressionistas. No entanto, no virar
de século dominado pelos nacionalismos, este caráter também não podia faltar.
Mompou, o mais recente de todos os compositores, teve
em Musica Callada uma das suas principais obras. O objetivo, segundo ele, era “atingir as profundezas da nossa alma.
[...] É calada, como se ouvida de dentro”. Ao ouvi-lo não
podemos evitar a lembrança de Satie.
De Granados, o mais antigo dos quatro, ouviremos também
miniaturas. É uma obra de juventude, em que as harmonias
aprendidas se mantêm, com pequenas notas propositadamente “ao lado”, como um desafio às regras.
Debussy passava horas a tocar ao piano a suite Iberia, de Albéniz. Os Prelúdios acabaram por tornar-se numa das suas
obras principais. Representam o culminar do Impressionismo na música para piano. Cada um dos prelúdios vale por
si separadamente, com uma sugestão de título que apenas
aparece no fim da partitura e que convida a uma viagem
pela imaginação. A designação A Rapariga dos Cabelos de
Linho é originária de uma canção irlandesa. Serenata Interrompida trata de uma serenata de um espanhol, à guitarra,
constantemente adiada. Seguidamente ouviremos as impressões de uma antiga catedral em ruínas, mas que ainda
comporta em si as memórias de tempos de imponência e
grandiosidade. Por fim, uma paródia à música dos salões
musicais do virar do século.
El Albayzín, da suite Iberia, tem o nome de um bairro ciga­no
em Granada: não como ilustração, mas como uma memória longínqua. Albéniz, que escreveu Iberia já doente, disse
que queria “escrever música espanhola com caráter internacional”. Este culminar do pós-romantismo foi mais tarde
uma referência para Messiaen.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Lullaby é uma obra de juventude de Gershwin, escrita em
1919. Embora tenha começado por ser um simples exercício, a personalidade musical do compositor é já bem visível
nesta pequena peça. Só foi publicada em 1968, ano a partir
do qual se tornou muito popular.
Pavel Haas e Erwin Schulhoff foram dois compositores checos, cujo enorme talento e originalidade têm sido redescobertos nas últimas décadas, embora ainda de forma relativamente tímida. Ambos tiveram destinos trágicos. Foram
vítimas dos nazis, que consideravam a sua música degenerada, e morreram em campos de concentração – Haas em
Auschwitz, onde morreu no mesmo dia que os compositores Viktor Ullmann e Hans Krása, depois de terem passado
pelo campo de Terezín, e Schulhoff em Wülzburg.
No terceiro quarteto de Haas, que foi um dos alunos mais
conhecidos de Janáček, é possível notar algumas das suas
maiores influências, como a música popular e o canto judaico e o jazz. Esta é uma obra intensa e muito expressiva, ou
não tivesse Haas sido quem afirmou o seguinte, aquando
da sua detenção em Terezín: “A nossa vontade de criar arte
sempre foi tão forte como a nossa vontade de sobreviver.”
Na obra de Schulhoff, nota-se desde logo as referências a
algumas danças muito populares, à boa maneira de uma
suite barroca. No entanto, a linguagem do compositor é de
grande modernidade, com influências da Segunda Escola
de Viena, do jazz e de melodias populares, e por vezes também irónica. As 5 Peças foram estreadas em Salzburgo, a 8
de agosto de 1924.
Sala sem lugares marcados
H. R.
Sala sem lugares marcados
F. S.
Musica Callada (excerto) 1959-1967
74
11’
N.º 1 Angelico
N.º 3 Placide
N.º 6 Lento – molto cantabile
N.º 8 Semplice
N.º 22 Molto lento e tranquillo
Enrique Granados
7 Valses poéticos c.1886
15’
Introducción: Vivace molto
Melodico
Tempo de vals noble
Tempo de vals lento
Allegro humorístico
Allegretto: Elegante
Quasi ad libitum: Sentimental
Vivo
Coda
Claude Debussy
Prelúdios (seleção do Livro I) 1910
15’
La fille aux cheveux de lin
La sérénade interrompue
La cathédrale engloutie
Minstrels
Isaac Albéniz
El Albayzín, da suite Iberia 1905-1909
7’
Pavel Hula violino
Vlastimil Holek violino
Josef Kluson viola
Michal Kanka violoncelo
George Gershwin
Lullaby 1919
7’
Pavel Haas
Quarteto de cordas n.º 3, op. 15 1938
23’
I. Allegro moderato
II. Lento ma non troppo e poco rubato
III. Thema con variazioni e fuga – Con moto
Erwin Schulhoff
5 Peças para quarteto de cordas 1923
I. Alla Valse Viennese (allegro)
II. Alla Serenata (allegretto con moto)
III. Alla Czeca (molto allegro)
IV. Alla Tango milonga (andante)
V. Alla Tarantella (prestissimo con fuoco)
16’
75
C24
C25
C26
Quinteto
à-vent-garde
Martin
Simpson
Quarteto
Brodsky
domingo 17 abril 15h
Sala fernando pessoa
76
domingo 17 abril 17h
Sala fernando pessoa
Rui Borges Maia flauta
Paulo Barros Areias oboé
Ricardo Gama Henriques clarinete
Hélder Vales trompa
Ricardo André Santos fagote
voz e guitarra solo
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Kleine kammermusik, op. 24 n.º 2, de Paul Hindemith,
­estreou em 1923 pelo Frankfurt Wind Chamber Music Ensemble. Curiosamente, o Quinteto de Nielsen teve neste
mesmo concerto uma das suas primeiras audições. O sentido de humor tão notório em Hindemith funde-se, neste
quinteto, com uma escrita repleta de engenho e virtuosismo
para pequeno ensemble. As influências de Stravinsky fazem
sentir-se através da politonalidade, da constante repetição
de notas ou de obsessivos ostinatos.
Alexander Zemlinsky escreveu Humoreske nos seus últimos
anos de vida. Harmonicamente convencional e com forma
rondo, demonstra que Zemlinsky, apesar de amigo e professor de Arnold Schoenberg nunca explorou caminhos
atonais. Uma obra simples que pretende ser um pequeno
interlúdio neste concerto.
O Quinteto, op. 43 de Nielsen estreou em 1922 pelo
Copenha­gen Wind Quintet. É um dos trabalhos mais
notáveis do compositor, sendo uma das obras de referência
para sopros. De acordo com Christian Felumb, oboísta do
Copenhagen Wind Quintet, Nielsen sentiu-se atraído por
esta formação durante um ensaio da Sinfonia Concertante
KV297b de Mozart. Admirou as variações que concluem
esta obra e a personalidade dos intérpretes, o que acabou
por ser preponderante na composição do quinteto. Nielsen
revela essa personalidade no som de cada instrumento,
como exemplo, pediu ao fagotista e ao clarinetista, sabendo que este último era muito temperamental, que tocassem
a variação V “como se fossem um casal a discutir, com o
marido (o fagote) a acalmar-se no fim”. Para o Tema com
Variações, Nielsen reutiliza o hino (“My Jesus, let my heart
find such a taste for Thee”) de Hymns and Sacred Songs
(1912-1916).
Sala sem lugares marcados
Rui Bo rges Ma ia
Paul Hindemith
Kleine Kammermusik, para quinteto
de sopros, op. 24 n.º 2 1922 15’
I. Lustig – Massig schnelle Viertel
II. Waltzer – Durchweg sehr leise
III. Ruhig und einfach
IV. Schnelle Viertel
V. Sehr lebhaft
Alexander von Zemlinsky
Humoreske (Rondo), para quinteto
de sopros 1939 5’
Carl Nielsen
Quinteto de sopros, op. 43 1922
I. Allegro ben moderato
II. Menuet
III. Praeludium: Adagio – Tema con variazioni:
Un poco andantino
26’
Blues
ver concerto B31,
pág. 52
domingo 17 abril 19h
Sala fernando pessoa
Daniel Rowland violino
Ian Belton violino
Paul Cassidy viola
Jacqueline Thomas
77
violoncelo
Igor Stravinsky
Concertino, para quarteto
de cordas 1920 7’
Anton Webern
6 Bagatelas, para quarteto
de cordas, op. 9 1913 5’
I. Mäßig
II. Leicht bewegt
III. Ziemlich fließend
IV. Sehr langsam
V. Äußerst langsam
VI. Fließend
Béla Bartók
Quarteto de cordas n.º 1,
em Lá menor, op. 7 1909
30’
I. Lento
II. Allegretto
III. Allegro vivace
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala sem lugares marcados
>
78
Este concerto apresenta-nos três dos compositores que determinaram as direções que a música prosseguiu durante o século XX.
A peça de Stravinsky foi-lhe pedida para um quarteto de cordas, cujo repertório era sobretudo clássico e romântico e que
procurava acrescentar-lhe uma obra contemporânea. Stravinsky escreveu então esta obra num só andamento, com uma
parte concertante para o primeiro violino. Há durante esta obra
a sensação de permanente desequilíbrio rítmico que apenas se
resolve no final, onde a peça termina sob a indicação do compositor sospirando.
As 6 Bagatelas são paradigmáticas do início do atonalismo.
Sem as estruturas anteriores, Webern apenas compunha miniaturas e explicava: “Eu tinha a sensação de que, uma vez os
doze sons tivessem aparecido, a peça tinha acabado.” Além
da dificuldade, esta afirmação encerra também a chave para
o aparecimento do dodecafonismo, alguns anos depois. No
prefácio da primeira edição da partitura, Schoenberg escreveu:
“Imaginem quanta sobriedade é necessária para se ser breve.
De um olhar podemos fazer um poema, de um suspiro um
romance. Mas exprimir um romance num só gesto, uma felicidade numa só respiração, uma tal concentração não é possível
sem excluir, na medida exata, o sentimentalismo…”
Os quartetos de cordas de Bartók, tal como os de Haydn e
Beethoven respetivamente, acompanharam a sua vida, a sua
carreira, a sua evolução. Neste Quarteto de cordas n.º 1, o
compositor mostra já que, tal como para Webern, o timbre era
um dos parâmetros a considerar – como a altura da nota ou o
ritmo; que a tonalidade ia alargar-se sempre mais e que o folclore húngaro pautaria a maioria das suas obras.
H. R.
C27
C5
C28
domingo 17 abril 21h
grande Auditório
domingo 17 abril 11h
sala amália rodrigues
domingo 17 abril 15h
sala amália rodrigues
C29
domingo 17 abril 19h
sala amália rodrigues
Escolas em Palco
Programação
para a família
ver págs. 84 > 87
Concerto
de encerramento
Coro Sinfónico
Lisboa Cantat
Orquestra
Sinfónica
Metropolitana
79
Cesário Costa
direção musical
Isabel Alcobia soprano (Bess)
Ana Maria Pinto soprano (Clara)
Eduarda Melo soprano (Serena)
João Rodrigues tenor (Sportin’ Life)
Luís Rodrigues barítono (Porgy)
João Merino barítono (Jaque)
Richard Strauss
Don Juan, op. 20
1888
18’
George Gershwin
Porgy and Bess (ver. reduzida) 1935
55’
neste concerto será distribuida folha de sala
<
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
Sala com lugares marcados, exceto galerias
>
80
Este poema sinfónico lançou a carreira de Richard Strauss,
designadamente ao longo da última década do século XIX.
Nessa época esclarecia-se insistentemente que este Strauss
nada tinha que ver com aquela família de compositores vie­
nenses que conquistou os salões europeus ao som das valsas. Porém, para perceber que assim era bastaria escutar os
primeiros compassos da obra apresentada neste programa.
É música intensa, carregada de dramatismo, imponente nos
recursos orquestrais que utiliza. Aqui, o mito de Don Juan
é pretexto para um quarto de hora de música que apetece
descrever como cinematográfica, tal é a influência que se
lhe reconhece no estilo das bandas sonoras que predominam na cultura do cinema ocidental.
Também dramático é o libreto de Porgy and Bess, a célebre
ópera de George Gershwin. Trata-se de uma tragédia amorosa que retrata as comunidades negras do sul dos Estados
Unidos no início do século passado. Neste ­concerto apresenta-se uma versão reduzida, que reúne as mais importantes
partes da partitura. Nela não poderia faltar, naturalmente, a
canção Summertime, a mesma que foi depois interpretada
por Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. Com Porgy and Bess,
Gershwin mostrou o caminho de uma música com identidade genuinamente americana, ­cruzando a velha tradição
operática europeia com as modernas sonoridades jazzís­
ticas.
<
Isabel Alcobia
Ana Maria Pinto
Eduarda Melo soprano
João Rodrigues
Luís Rodrigues
João Merino
cesário costa
15h15
Jorge Rodrigues
Fluxos e refluxos:
A música da Europa ao Novo Mundo
19h15
Thomas Bloch
Ondas martenot
Domingo
16h15
Sérgio Azevedo
Catch me if you can:
A música portuguesa no comboio de modernidade
18h15
Hélder Bruno Martins
O jazz em Portugal no início do século XX
atividade de entrada livre
sujeita à capacidade da sala
Família
Sábado
Programação para a
conversas
com...
Aqui há
82
Os Dias da Música continuam
nos intervalos dos concertos.
Sábado e domingo, na Sala Jorge
de Sena (Sala de Leitura)
.
° x°
X
Escolas
em Palco
84
As escolas de música são já uma presença habitual no festival Dias da Música em Belém. O concurso Escolas em
Palco resulta de uma parceria entre o Ministério da
Educação e o Centro Cultural de Belém e consiste numa
programação de concertos apresentados por alunos de
escolas de música de todo o país.
Selecionados por um júri de três elementos mediante um
conjunto de audições realizadas em Coimbra, Lisboa e
Porto, estarão em palco, ao longo de oito concertos, sábado e domingo na Sala Amália Rodrigues e no Espaço
Música Livre, alguns dos mais jovens e talentosos músicos
do nosso país.
Numa alusão ao presente tema dos Dias da Música, nesta
edição convidámos todos os participantes, desde as classes
de iniciação aos alunos mais avançados, a candidatarem-se
com repertório escrito durante o período 1883-1945. Este
desafio resultou numa programação muito rica e diversificada, cujo repertório inclui obras de mais de 50 compositores,
desde os grandes mestres europeus (como Brahms, Debussy,
Rachmaninoff ou Joly Braga Santos), até aos grandes compositores do “novo mundo” (como Gershwin, Piazzolla,
Scott Joplin ou Ginastera). A estes juntam-se ainda algumas
obras escritas por jovens alunos que participaram no Escolas
em Palco na modalidade de composição (ver concerto
C29).
A solo, em música de câmara ou em pequenas orquestras,
com instrumentos que vão desde o piano à harpa, desde o
violoncelo ao acordeão, nos concertos Escolas em Palco
tem a oportunidade de conhecer hoje alguns dos talentos
de amanhã.
Sábado
12h
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
J. Massenet Meditation (excerto da ópera Thais)
B33
sábado 16 abril
sala amália rodrigues
Escola de Música do Orfeão de Leiria
Academia de Música de Elvas
Manuel Rodrigues Coelho
Cécile Chaminade Concertino em Ré Maior
Luís Rosa
9 anos ⁄ Piano Iniciação
H. Pachulski Prelúdio em Dó menor
Academia de Amadores de Música
Vitória K. Simões
9 anos ⁄ Piano Iniciação
C. Debussy Le Petit Nègre
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
Pedro Amado Gomes 11 anos ⁄ Piano Básico
Pedro Cruz Vieira 11 anos ⁄ Piano Básico
William Gillock The Constant Bass
Pedro Amado Gomes
11 anos ⁄ Piano Básico
D. Kabalevski A Little Joke op, 27
Pedro Cruz Vieira
11 anos ⁄ Piano Básico
D. Kabalevski A Short Story op. 27
Escola de Música
do Conservatório Nacional
Bárbara Saraiva 16 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Prof. Ivan Kuznyetsov Piano
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
Guilherme Marques 18 anos ⁄ Violino
Secundário
Eugène Ysaye Sonata n.º 2, op. 27 - I. Obsession
Rita Cordeiro 18 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Guilherme Marques 18 anos ⁄ Violino Secundário
Sofia Cruz Vieira 17 anos ⁄ Piano Secundário
B34 sábado 16 abril
sala amália rodrigues
Academia de Música de S. Pio X
Pedro Carvalho 11 anos ⁄ Piano Básico
V. Zolotaryov Kindersuite n.º 1 ⁄ W (1.º e 5.º and)
Academia de Música de Lagos
Filipe Gaio Pereira 12 anos ⁄ Piano Básico
Catarina Afonso 12 anos ⁄ Piano Básico
S. Rachmaninoff Elegia, op. 3 n.º 9
Academia de Música de Paços de Brandão
Telmo Silva Costa 11 anos ⁄ Clarinete Básico
Prof.ª Isabel Castro Piano
Mariana Alves do Poço 13 anos ⁄ Piano Básico
André Messager Solo de Concours
E. Grieg Valsa em Mi menor, op. 38 n.º 7
Academia de Amadores de Música
Conservatório de Portimão
Joly Braga Santos
Joly Braga Santos Ária
F. Seitz Concerto n.º 4 op. 15 (3.º And.)
Mariana Soares 20 anos ⁄ Piano Secundário
Conservatório de Música do Porto
Miguel Sobrinho 12 anos ⁄ Violeta Básico
Prof.ª Eunice Bento Piano
A. Scriabine Prelúdio op. 9 n.º 1
Academia de Música de Óbidos
Carolina Marques Duarte 12 anos ⁄ Violino Básico
° x°
X
16h
F. Burgmüller Estudo, op.100 n.º 14 La Styrienne
D. Schostakovich Dance of the Dolls – 1. Lyric Waltz
Escola de Artes do Norte Alentejano
Portalegre
85
Óscar da Silva Serenata
Paulo Henrique Ferreira 11 anos ⁄ Acordeão Básico
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
os concertos que decorrem no espaço música livre
são de entrada livre (sábado 17h ⁄ domingo 16h)
Piano
Ezra Jenkinson Dance Of The Elves
Sofia Leong 13 anos ⁄ Violino Básico
Prof. Ricardo Martins Piano
A. Scriabin Estudo op. 42, n.º 4
os concertos que decorrem na sala amália
rodrigues são pagos (4,50e)
Prof.ª Luiza Yakovenko
Francisca Caldas de Brito 11 anos ⁄ Violino Básico
Prof.ª Elena Tsouranova Piano
Lia Yeranosyan 11 anos ⁄ Violino Básico
Prof. David Ferreira Piano
C. Beriot Concerto n.º 9, 1.º and.
>
João Diogo Machado 12 anos ⁄ Violino Básico
Prof. David Ferreira Piano
N. Rubinstein Roca
Academia de Música de Lagos
Nuno Lucas 15 anos ⁄ Piano Básico
S. Rachmaninoff Étude-Tableaux, op. 39, n.º 9
Academia de Música José Atalaya de Fafe
Carlos Brito Ferreira 17 anos ⁄ Clarinete
Secundário
Acordarte
Academia de Música de Lisboa
Orquestra de Cordas
Conservatório Regional do Algarve
Maria Campina
Ana Carolina Ginete 17 anos ⁄ Violino Secundário
Beatriz Perry da Câmara 14 anos ⁄ Violino Básico
Catarina Bazenga Fernandes 18 anos ⁄ Violino C. Livre
Inês Pais Gonçalves 19 anos ⁄ Violino Curso Livre
Isabel de Almeida Sousa 19 anos ⁄ Violino Curso Livre
Manuel Sant’Ovaia 14 anos ⁄ Violino Básico
Manuel Abecasis 13 anos ⁄ Violino Básico
Maria da Graça Varão 16 anos ⁄ Violino Básico
Maria Laranjo 15 anos ⁄ Violino Básico
Maria Leonor Jorge 19 anos ⁄ Violino Curso Livre
Maria Nunes Viseu 19 anos ⁄ Violino Curso Livre
Mariana Formosinho 13 anos ⁄ Violoncelo Básico
Marta Gomes de Melo 18 anos ⁄ Violino Curso Livre
Migual Isidoro Zink 15 anos ⁄ Violino Secundário
Miguel de Vasconcelos 18 anos ⁄ Viola Curso Livre
Miguel Soares Marques 14 anos ⁄ Violoncelo Básico
Nikola Vladimir Demirev 16 anos ⁄ Violino Secundário
Olof Sandros-Alper 8 anos ⁄ Violoncelo Curso Livre
Rita Simões de Matos 17 anos ⁄ Violino Secundário
Sara Tomé Varatojo 13 anos ⁄ Violino Básico
Prof. Teresa Rombo 35 anos ⁄ Violoncelo
Prof. Rui Simão 39 anos ⁄ Viola
Prof. Pedro Meireles Direcção
A. Ginastera Danças Argentinas
°x
°
X
Benjamin Britten Simple Symphony (1.º e 4.º andamentos)
I. Stravinsky Três peças para clarinete solo
Robert Sotto Mayor King 17 anos ⁄ Piano Secundário
86
Ana Raquel F. Martins 18 anos ⁄ Violoncelo Básico
Filipa Barros Alves 13 anos ⁄ Violoncelo Básico
Ana Mafalda Monteiro 17 anos ⁄ Violoncelo Secundário
Daniel Sousa Contrabaixo
Prof. Helder Tavares Direcção
17h
sábado 16 abril
espaço música livre
foyer do grande auditório (piso 2)
entrada livre
Academia de Música de Paços de Brandão
Orquestra Juvenil
Silvia Gandullo dos Santos 11 anos ⁄ Violino Básico
Inês da Costa Pais 12 anos ⁄ Violino Básico
Mariana Cabral Monteiro 12 anos ⁄ Violino Básico
Sofia Azevedo Peixoto 12 anos ⁄ Violino Básico
Ana de Castro Albergaria 13 anos ⁄ Violino Básico
Beatriz Amorim Rios 13 anos ⁄ Violino Básico
Sérgio Ferreira Paiva 13 anos ⁄ Violino Básico
Ivo Oliveira Pinto 14 anos ⁄ Violino Básico
Ana M. Pinto da Costa 15 anos ⁄ Violino Secundário
Patrícia Pereira Alves 15 anos ⁄ Violino Secundário
Raquel Oliveira Santos 15 anos ⁄ Violino Secundário
Álvaro Gandullo dos Santos 16 anos ⁄ Violino Secundário
Ana do Carmo de Sá Soares 16 anos ⁄ Violino Secundário
Mariana Pereira de Sousa 16 anos ⁄ Violino Secundário
Tatiana Costa Prata 16 anos ⁄ Violino Secundário
Gisela Teixeira dos Santos 17 anos ⁄ Violino Secundário
Rafaela Sousa Ramos 17 anos ⁄ Violino Secundário
Ana M. Faria Azevedo 12 anos ⁄ Violeta Básico
Raquel Pedrosa França 19 Violino Secundário
Ana S, Rodrigues de Sousa 15 anos ⁄ Violeta Secundário
Helena Guedes Silva 12 anos ⁄ Violoncelo Básico
<
Bela Bartók Danças Romenas
Conservatório Regional de Música
de Vila Real
Marta de Jesus Cunha 20 anos ⁄ Violeta Básico
Tiago Ferreira Rocha 14 anos ⁄ Violino Básico
Vivieen Barros Dias 15 anos ⁄ Violino Básico
Ana Carvalho Pinheiro 18 anos ⁄ Violino Secundário
Inês Guimarães Rento 16 anos ⁄ Violino Secundário
Ana Teixeira Valente 17 anos ⁄ Violino Secundário
Prof. Paulo Jorge Pereira Contrabaixo
Prof. Edmundo José Pires Direcção
Alberto Nepomuceno Serenata para Cordas
20h
B35 sábado 16 abril
sala amália rodrigues
Conservatório de Música do Porto
Ensemble de Flautas
Ana Catarina Ferreira 18 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Ana Rita Azevedo 17 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Joana Cardoso Teixeira 17 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Cristiana Catalão 16 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Ana Paula Barbosa 19 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Fábio Pinto da Costa 21 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Keith Amos Nursery Rhyme Suite
Domingo
Escola de Música da Póvoa de Varzim
Pedro Guilherme Ribeiro 20 anos ⁄ Contrabaixo Secundário
João Mesquita 18 anos ⁄ Piano Secundário
A. Piazzolla Kicho, para contrabaixo e piano
Academia de Música de Lagos
Júlia Azevedo
16 anos ⁄ Piano Secundário
J. Brahms Intermezzo op. 18 n.º 2
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
Mariana Secca
15 anos ⁄ Piano Secundário
87
11h
° x°
X
c27
domingo 17 abril
sala amália rodrigues
exccionalmente, a entrada para este concerto é efectuada
pela entrada principal do pequeno auditório (fora do recinto)
Escola de Música do Conservatório Nacional
C. Debussy Arabesco n.º 1 em Mi Maior
Rebeca Csalog 14 anos ⁄ Harpa Básico
Maria Manuela Fonseca
A. Hasselmans Canção de Maio op. 40
16 anos ⁄ Piano Secundário
S. Rachmaninoff Prelúdio em Sol menor op. 23 n.º 5
Academia de Música de Vale de Cambra
José Francisco Vilar 14 anos ⁄ Piano Básico
António Fragoso Dança
Academia de Música de Lagos
Júlia Azevedo 16 anos ⁄ Piano Secundário
Laura Quaresma 14 anos ⁄ Piano Secundário
J. Brahms Dança Húngara n.º 1
Orquestra de Cordas
Academia de Música José Atalaya de Fafe
Ana Filipa Peixoto 12 anos ⁄ Violeta Básico
Ana Margarida Santos 12 anos ⁄ Violoncelo Básico
Marco António Santos 12 anos ⁄ Violoncelo Básico
Alex Dominguez Ramos 13 anos ⁄ Violino Básico
Beatriz Isabel Morais Bento 15 anos ⁄ Violino Básico
Eva Soares Teixeira 15 anos ⁄ Violino Básico
David Dominguez Ramos 15 anos ⁄ Violino Básico
Eva Duarte Pereira 14 anos ⁄ Violino Básico
Inês Morais Bento 14 anos ⁄ Violino Básico
L. Mozzani Mazurca
Luís Miguel Silva Leite
17 anos ⁄ Guitarra Secundário
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
Isabela Luz dos Santos 16 anos ⁄ Flauta
Maria Manuela Fonseca 16 anos ⁄ Piano
Secundário
Secundário
J. Vianna da Motta Romance
Academia de Música José Atalaya de Fafe
Pedro Vitorino
17 anos ⁄ Clarinete Secundário
I. Stravinsky Três peças para clarinete solo
Conservatório de Música
do Choral Phydellius
Inês Fernandes Alves 11 anos ⁄ Violino Básico
Prof.ª Valentina Ene Piano
Ezra Jenkinson Dance Of The Elves
Escola de Música do Conservatório Nacional
Laurens Asamoah 12 anos ⁄ Violoncelo Básico
Prof. Tatiana Balyuc
Joly Braga Santos Tema e Variações
Maria Nabeiro 13 anos ⁄ Violoncelo Básico
Prof. ª Tatiana Balyuc Piano
Frank Bridge Cradle Song
Acordarte – Academia de Música de Lisboa
Manuel Abecasis 13 anos ⁄ Violino Básico
Prof. António Laertes Piano
F. Kreisler Prelúdio e Allegro
Escola Profissional Metropolitana
Ana Rita Pereira
18 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Jacques Ibert Peça para flauta solo
>
Conservatório Regional de Palmela
Ana Margarida Barrocas
18 anos ⁄ Piano Secundário
Conservatório de Música
de S. José da Guarda
S. Rachmaninoff Momento Musical op.16 n.º 4
Inês Aguiar
Escola Profissional Metropolitana
A. Barrios Mangoré Julia Florida
14 anos ⁄ Guitarra Básico
Ana Domingues 19 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário
Prof. Francisco Sassetti Piano
Escola de Música do Orfeão de Leiria
Georges Hue Fantaisie
A. Scriabin Estudo op. 8 n.º 12
Escola de Música do Conservatório Nacional
Conservatório de Música de Aveiro
Calouste Gulbenkian
Pedro Serra e Silva 19 anos ⁄ Violoncelo Secundário
Prof.ª Tatiana Balyuc Piano
L. JanáČek Conto (con moto – allegro)
João Lucas Santos
Inês Filipe
17 anos ⁄ Piano Secundário
19 anos ⁄ Piano Secundário
António Fragoso Nocturno em Ré bemol Maior
Acordarte – Academia de Música de Lisboa
88
°x
°
X
Maria Laranjo 15 anos ⁄ Violino Básico
Prof. António Laertes Piano
15h
F. Kreisler Schön Rosmarin
c28
domingo 17 abril
sala amália rodrigues
Conservatório de Música de Aveiro
Calouste Gulbenkian
Maria Laura Nunes
11 anos ⁄ Piano Básico
C. Debussy Doctor Gradus ad Parnassum
Conservatório Regional Silva Marques
Martim Severino
10 anos ⁄ Piano Básico
H. Pachulsky Prelúdio em Dó menor
Escola de Música de São Teotónio
Filipa Caldeira Janicas 11 anos ⁄ Piano Básico
Inês Raimundo Mendes 11 anos ⁄ Piano Básico
Conservatório de Música de Aveiro
Calouste Gulbenkian
Gonçalo Lélis 16 anos ⁄ Violoncelo Secundário
Prof.ª Patrícia Sousa Piano
G. Fauré Après un rêve
Conservatório Vale do Sousa
João Miguel Xavier
17 anos ⁄ Piano Secundário
S. Prokofiev Toccata, op. 11
16h
domingo 17 abril
espaço música livre
Scott Joplin Ragtime
foyer do grande auditório (piso 2)
Conservatório de Música de Aveiro
Calouste Gulbenkian
entrada livre
Ricardo Barros de Carvalho 11 anos ⁄ Flauta Básico
Maria Laura Nunes 11 anos ⁄ Piano Básico
C. Debussy Le Petit Négre
Tomás Garcia de Matos
13 anos ⁄ Piano Básico
Ernö Dohnányi Rapsódia op. 11 n.º 3, em Dó Maior
Escola de Música de São Teotónio
Maria Inês Figueiredo
13 anos ⁄ Guitarra Básico
Francisco Tarrega Lágrima
Pedro Xavier Figueiredo
18 anos ⁄ Piano Secundário
G. Gershwin I Got Rhythm
S. Rachmaninoff Prelúdio n.º 5, op. 23
Bernardo Santos
15 anos ⁄ Piano Secundário
A. Scriabin Prelúdios n.º 13 e n.º 14, op. 11
<
Escola Profissional Metropolitana
Fábio Costa Carvalho 15 anos ⁄ Saxofone Básico
Paulo Jorge Gonçalves 18 anos ⁄ Saxofone Secundário
Pedro Miguel Teixeira 15 anos ⁄ Saxofone Secundário
Pedro Miguel Melo 14 anos ⁄ Saxofone Básico
Silvia Ferreira Gonçalves 17 anos ⁄ Saxofone Secundário
Prof. António Luís Ribeiro Direcção
C. Gounod Pequena Sinfonia para Sopros (Finale)
Louis Vierne Saxophorgue
Conservatório de Música e Artes do Dão
Ensemble de Clarinetes
Ana Catarina Henriques 17 anos ⁄ Clarinete Curso Livre
Ana Rita Rodrigues 13 anos ⁄ Clarinete Básico
Ana Sofia Gomes 14 anos ⁄ Clarinete Básico
Anaisa Meireles Melo 13 anos ⁄ Clarinete Básico
Ana Beatriz Martins 12 anos ⁄ Clarinete Básico
Carlos Alexandre Almeida 12 anos ⁄ Clarinete Básico
David José Castanheira 15 anos ⁄ Clarinete Básico
Igor Ferreira Varela 13 anos ⁄ Clarinete Básico
João da Costa Neves 12 anos ⁄ Clarinete Básico
Márcia Fernandes Borges 13 anos ⁄ Clarinete Básico
Maria Margarida Gomes 12 anos ⁄ Clarinete Básico
Maria Teresa Pega 14 anos ⁄ Clarinete Básico
Prof. Sérgio Neves Clarinete
Prof. David Machado Clarinete
Kurt Weill Excertos da Ópera dos Três Vinténs
(arr. para 4 clarinetes)
c29
domingo 17 abril
sala amália rodrigues
Conservatório Regional de Gaia
Pedro Patrocínio Borges
Pedro Patrocínio Borges Prelúdio, op. 1 n.º 1 para piano
Ensemble de Saxofones
Afonso Salazar Nogueira 14 anos ⁄ Saxofone Básico
André Fernandes Almeida 17 anos ⁄ Saxofone Secundário
André Ferreira Terra batida, para 2 guitarras
Conservatório de Música de Coimbra
Jorge Oliveira
19 anos ⁄ Saxofone Soprano
e Composição Secundário
Tomás Oliveira Saxofone Alto Secundário
Pedro Nunes Saxofone Tenor Secundário
Joel Rodrigues Saxofone Barítono Secundário
Jorge Oliveira The Clowns, para quarteto de saxofones
Academia de Amadores de Música
Manuel Ferrer 16 anos ⁄ Violino e Composição Secundário
Cláudia Correia Piano Secundário
Manuel Ferrer Peça para Violino e Piano (no estilo das
Louanges do Quarteto Para o fim do Tempo de Olivier Messiaen)
Conservatório Regional de Gaia
Fábio Moreira Pinto 15 anos ⁄ Violoncelo Secundário
Prof. David Ferreira Piano
Paul Hindemith Trauermusik
Academia de Música e Dança do Fundão
Ana Carolina Rodrigues
16 anos ⁄ Piano Secundário
A. Scriabin Estudo op. 8 n.º 4
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo
João Moreira de Albuquerque
14 anos ⁄ Flauta de Bisel
Piano
Reinhold Krug Sonatine
Gabriela Figueiredo 17 anos ⁄ Saxofone Secundário
Pedro Fonseca 16 anos ⁄ Saxofone Secundário
Pedro Barbosa 17 anos ⁄ Saxofone Secundário
Eduardo Azevedo 15 anos ⁄ Saxofone Secundário
Academia de Música
Valentim Moreira de Sá
André Almeida Ferreira 18 anos ⁄ Guitarra e Comp. Secundário
Bruno Almeida Ferreira 20 anos ⁄ Guitarra Secundário
Prof. Ricardo Martins
Quarteto de Saxofones
J. Baptiste Singelée Allegro de Concert
Piano Secundário
Secundário
19h
16 anos ⁄ Piano e Composição Secundário
Conservatório de Música de Coimbra
Paulo Banaco
Bárbara Serrano de Freitas
Una Prijic Meu verde-branco, para canto e piano
17 anos ⁄ Piano e Comp. (aluno de Trombone) Secundário
Paulo Banaco Ventos Urbanos, para piano
Fernando Couto 17 anos ⁄ Piano e Composição Secundário
Natalie Gal (Escola de Música do Conservatório Nacional) Soprano
Secundário
Fernando Couto La mort des amants, para canto e piano
Escola de Música do Orfeão de Leiria
Una Prijic 20 anos ⁄ Composição (aluna de canto) Secundário
Ana Maria Ferreira Lopes Canto Secundário
Escola de Música do Orfeão de Leiria
André Almeida Ferreira 18 anos ⁄ Guitarra Secundário
Agustín Bárrios Un sueño en la floresta
Oficina de música
89
° x°
X
B7 ⁄ C6
sábado ⁄ domingo
16 ⁄ 17 abril 11h
pequeno Auditório
°x
°
X
A Minha
Mãe Ganso
Ensemble
Boîte à Bijoux
Xuan Du 1.º violino
Paula Carneiro 2.º violino
Ceciliu Isfan viola
Nuno Abreu violoncelo
Duncan Fox contrabaixo
Katharine Rawdon flauta ⁄ piccolo
Eldevina Materula oboé ⁄ corne inglês
Etienne Lamaison clarinete ⁄ clarinete baixo
David Harrison fagote ⁄ contrafagote
Bruno Hiron trompa
Coral Tinoco harpa
Helder Marques Celesta
Elizabeth Davis e Lídio Correia percussão
Nuno Côrte-Real direção musical
Katharine Rawdon coord . artística de projeto
Madalena Wallenstein guião e narração
André Godinho vídeo
Bárbara Falcão assistente de vídeo
Marta Carreiras figurinos
Ensemble Darcos Produção
Maurice Ravel
A Minha Mãe Ganso (Ma Mère l´Oye)
ver. de Nuno Côrte-Real para 14 músicos
1911-1912
50’
© André Godinho
90
Concerto
narrado
sala eduardo prado coelho
“Ravel… costumava contar-me histórias maravilhosas. Sentava-me no seu colo e começava invariavelmente da mesma
maneira:… ‘Era uma vez…’. A Bela no Bosque Adormecida, as
conversas da Bela e do Monstro e, acima de tudo, as aventuras do pobre rato que ele inventou de propósito para mim.”
Estas memórias sobre Maurice Ravel foram escritas em
1938 por Mimie Godebsky, cujo pai era grande amigo do
compositor. Mimie e o seu irmão Jean tocavam piano e
em 1908 Ravel ofereceu-lhes um presente especial: a Suite
para piano a quatro mãos Ma Mère l´Oye, que mais tarde orquestrou e que deu origem a um bailado. Por serem
peças infantis, estão escritas com grande poder descritivo,
pictórico, e com uma economia de meios surpreendente.
Os acompanhamentos simples e as melodias extremamente
comunicativas ganham um especial requinte na versão orquestral.
Para compor esta obra, Ma Mère l´Oye, Maurice Ravel ins­
pirou-se no livro de contos de fadas de Charles Perrault com
o mesmo nome e a cada um dos cinco andamentos deu o
nome das histórias que escolheu: 1 – Pavane para a Bela no
Bosque Adormecida; 2 – O Pequeno Polegar; 3 – Laiderronette, a Imperatriz dos Pagodes; 4 – As Conversas da Bela
e do Monstro; 5 – O Jardim das Fadas.
A Mãe Ganso é uma personagem conhecida dos contos de
fadas, uma mulher do campo contadora de histórias e “guardadora” da memória coletiva deste universo fantástico.
O espetáculo “A Minha Mão Ganso” nasce da vontade de
oferecer uma viagem pela música de Ravel, embrulhada
nestas pequenas histórias e em imagens projetadas que nos
transportam para este universo.
Em estreia nos Dias da Música 2011, o Ensemble Boîte à Bijoux apresenta a obra A Minha Mãe Ganso, de Ravel, num
concerto narrado, com redução orquestral para 14 instrumento e a direção do maestro e compositor Nuno Côrte-Real.
mais informações sobre os intérpretes
e compositores a partir da página 97
A entrada para este concerto é efetuada pela entrada principal
do pequeno auditório (exterior ao recinto)
Sala sem lugares marcados
91
° x°
X
°x
°
X
Oficinas
92
Nos dias 16 e 17 de abril encontra
no CCB Fábrica das Artes um conjunto
de oficinas pensadas para os mais novos.
As oficinas funcionam sábado e domingo
a partir das 10h, no espaço da Fábrica
das Artes (situado junto ao Jardim
das Oliveiras). As marcações deverão
ser feitas até ao dia 13 de abril pelo
tel. 213 612 899, ou no CCB Fábrica
das Artes nos dias do festival.
11h ⁄ 13h30 ⁄ 16h
sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril
espaço ccb fábrica das artes
maiores 8 anos
sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril
espaço ccb fábrica das artes
8-11 anos > sábado
5-7 anos > domingo
Oficina de mÚsica
Clube de jazz
Jazz = a arte de tocar
em liberdade
Nesta oficina de iniciação ao jazz, procura-se dar a conhecer
os instrumentos e as formações mais comuns deste estilo
de música. Se já tocares um instrumento não te esqueças
de o trazer.
10h ⁄ 11h30 ⁄ 14h
15h30
sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril
espaço ccb fábrica das artes
menores 5 anos
com acompanhante
Oficina de mÚsica
atividades de entrada livre
sujeitas a marcação prévia
no espaço ccB fábrica das artes
e à capacidade das salas
O espaço CCB fábrica das artes situa-se
no jardim das oliveiras, junto à praça do museu
(exterior ao recinto)
10h30 ⁄ 14h ⁄ 17h
Com antóniopedro / Ana Araújo
120’
10h30 ⁄ 14h30 ⁄ 17h
sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril
espaço ccb fábrica das artes
5-7 anos > sábado
com acompanhante
Sementes de
música para bebés
8-11 anos > domingo
Um convite à interação musical entre adultos e bebés ⁄ crian­
ças – cantar para dizer olá, dançar em roda, espreitar os sons
do alaúde, espreguiçar-se como o bicho-de-conta, tomar
banho, ficar em silêncio… descobrir os segredos guardados
no livro Sementes de Música (Ana Maria Ferrão e Paulo Ferreira Rodrigues) e abrir-lhes a porta para o jardim da imaginação.
Pedro e o lobo
Com Paulo Ferreira Rodrigues (voz ⁄ dinamização ⁄
conceção) e Diana Matos (alaúde)
40’
Oficina de criação musical
e movimento a partir
da obra de Prokofiev
Vamos conhecer a música, a história e as personagens de Pedro
e o Lobo. Através do movimento e da exploração musical iremos reinventar o destino para o Pato da história e para a música
que a acompanha, deixando o Pedro e todas as crianças que
já o conheceram felizes por o terem salvado.
Com Inês Tarouca / Maria Inês Fernandes
90’
com acompanhante
Oficina de criação musical
e movimento a partir
da obra de saint-saëns
O carnaval
dos animais
Entraremos neste Carnaval pela passerelle real acompanha­
dos pelos animais de Saint-Saëns, num universo onde o
movimento e a música se fundem. A partir desta exploração
iremos inventar novos animais e novas composições para
­oferecer a Saint-Saëns.
Com Nuno Cintrão / Marina Nabais
90'
sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril
espaço ccb fábrica das artes
para toda a família
Conversas
com músicos
Um convite lançado aos músicos que vão tocar nos palcos
dos Dias da Música em Belém. Nesta sala vais poder conhe­
cer músicos de verdade, ouvir e vê-los tocar mesmo perto
de ti e, finalmente, fazer todas as perguntas que sempre
desejaste fazer.
Horário e programa a definir com vários músicos
dos Dias da Música
93
° x°
X
Música
livre
Os dias da música continuam nos intervalos
dos concertos. Durante todo o fim de semana,
o Espaço Música Livre (piso 2) recebe
concertos informais de entrada livre.
Sábado
Domingo
13h
12h
Percussões
da Metropolitana
Marco Fernandes direção musical
15h
Violinhos
Permallets
Grupo de percussão
14h
Pequenos violinos
da Metropolitana
Inês Saraiva direção musical
17h
16h
ver programação pág. 86
ver programação pág. 88
19h
18h
Escolas em palco
Orquestra geração
Núcleo da Escola Sophia de Mello Breyner ⁄ Oeiras
21h
Big Band Júnior
Claus Nymark direção musical
Escolas em palco
Brass Ensemble
da Metropolitana
Reinaldo Guerreiro direção musical
20h
OCPZero
23h
Ensemble da Escola
de Jazz Luiz Villas-Boas
/ Hot Clube de Portugal
atividade de entrada livre
A hora de início dos concertos
pode sofrer ligeiros atrasos
Paulo Silva voz ⁄ Clara Lai piano
João Espadinha guitarra ⁄ Romeu Tristão contrabaixo
João Pereira bateria ⁄ Jorge Oliveira percussão
95
° x°
X
Biografias
Orquestras
e Ensembles
98
Coro de Câmara
Lisboa Cantat
Fundado em janeiro de 2006 como um dos
departamentos da Associação Musi­cal Lisboa Cantat, é constituído por 16 cantores
e dirigido por Jorge Carvalho Alves. Entre
as obras em que o coro já par­ticipou, destacam-se as seguintes: As Bodas de Fígaro,
W. A. Mozart (2006) e O Elixir do Amor, G.
Donizetti (2008) no Teatro da Trindade; a
peça de teatro A Casa da Lenha, sobre a
vida de Fernando Lopes-Graça, com texto
de António Torrado e encenação de João
Mota, numa co-produção do Teatro D.
Maria II ⁄ Teatro A Co­muna e que ganhou o
Prémio Bernardo Santareno 2007 para Melhor Peça de Teatro; cerimónia da entrega
de prémios do II Prémio Lopes-Graça de
composição, em Tomar (2007); concerto
pelas vítimas no Sudão – Fundação Ajuda
À Igreja Que Sofre (2007); Festival Música
em São Roque em 2007, 2008 e 2009; e
a participação anual na interpretação de
Missas de W. A. Mozart com a Orquestra
do Algarve. A sua discografia abrange
participações nos três volumes de Compositores Portugueses XX-XXI – volumes 1, 2
e 3; e Fernando Lopes-Graça – Obra Coral
a capella – vol. I, ambos promovidos pela
Associação Musical Lisboa Cantat. Foi dirigido pelos prestigiados maestros Cesário
Costa, Henrique Piloto, Laurent Wagner,
Osvaldo Ferreira, Nuno Côrte-Real, Clara
Coelho, e pelo seu maestro titular Jorge
Carvalho Alves.
Direção
JORGE CARVALHO ALVES
Iniciou a sua atividade como diretor coral
em 1985 com o Coro de Câmara Syntagma Musicum, obtendo o Prémio Novos
Valores da Cultura em 1988, atribuído
pela SEC. Entre os diversos agrupamentos que dirigiu, são de destacar: Coro
Sinfónico Lisboa Cantat (desde 1986),
Coro da Universidade Católica de Lisboa
(entre 1996 e 2002), Coro da UTL (desde
1998), Coro do Teatro Nacional de São
Carlos (entre 2001 e 2004), Coral Luísa
Todi (entre 2004 e 2007), Coro da Associação Vox Cordis (desde 2004) e Coro de
Câmara Lisboa Cantat (desde 2006). Foi
membro do Coro Gulbenkian (entre 1988
e 2001) e do quarteto vocal masculino
Tetvocal (entre 1998 e 2008). Lecionou as
disciplinas de Coro e Formação Musical no
Conservatório Regional da Covilhã e na
EPMEV. Orienta regularmente seminários
e master-classes de direção coral em Portugal e no estrangeiro. Discografia: Tributo
a S. M. o Rei da Tailândia (Key Records/03)
e Lado A (Magic Music/04) com os Tetvocal; Os Dias Levantados de António Pinho
Vargas (responsável da parte coral, com o
Coro do Teatro Nacional de São Carlos);
Missa e Responsórios de Carlos Seixas,
com o Coro Lisboa Cantat e Segréis de
Lisboa (Portugaler/03); Requiem de Eurico
Carrapatoso, com o Coro Sinfónico Lisboa
Cantat (Numérica/07); Compositores Portugueses XX/XXI – volumes 1, 2 e 3 com o
Coro Sinfónico Lisboa Cantat e o Coro de
Câmara Lisboa Cantat; e ainda, Fernando
Lopes-Graça – Obra Coral a capella – volu­
me 1 (Numérica ⁄ 10).
Coro Sinfónico
Lisboa Cantat
Iniciou as suas atividades em 1977. É um
dos agrupamentos da Associação Musical
Lisboa Cantat.
Tem-se apresentado com orquestras de renome, entre as quais: Orquestra do Algarve,
Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra
Filarmonia de Espanha, Orques­tra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfonietta
de Lisboa, Orquestra Nacional do Porto, Orquestra do Norte, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orques­
tra de Timisoara e Sinfonia de Varsóvia, em
salas como o Grande Auditório do CCB, a
Casa da Música do Porto, o Pequeno Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a
Igreja de São Roque, a Aula Magna, o Teatro
Nacional de São Carlos, a Igreja dos Jerónimos ou o Convento de Mafra, entre tantas
outras. Trabalhou com os maestros Marc
Tardue, Christopher Bochmann, Jose Cura,
Michael Zilm, Theodor Gushlbauer, Nicholas Kraemer, Martin André, Donato Renzetti, João Paulo Santos, Zoltan Pèsko, Olivier
Cuendet, Brian Schembri, Manuel Ivo Cruz,
Vasco Azevedo, Cesário Costa e Laurent
Petit-Girard. Foi convidado para parcerias
com o Coro Nacional do Teatro Nacional de
São Carlos (Requiem de Verdi e Gurrelieder
de Schoenberg) e com o Coro Gulbenkian
(Gurrelieder de Schoenberg). O repertório
engloba desde música coral a capella até
grandes obras corais sinfónicas como os
Requiem de Verdi, Mozart, Fauré, Brahms,
Duruflé e Carrapatoso (estreia mundial), a
Missa de Nelson e a Missa de Sta. ­Tere­sa
de Haydn, o ­Stabat Mater de Rossi­ni, a Carmina Burana de Carl Orff, a 9.ª Sinfonia de
Beethoven, a 3.ª Sinfonia de ­Mahler, a 2.ª
Sinfonia de Mendelssohn, a Sea Symphony
de Vaughan Williams, o Messias de Handel, A Criação de Haydn, a Cantata Verbum
Caro e Oratória Popular de Nuno Côrte-Real
­(estreia da versão sinfónica e estreia mun­
dial, respetivamente), a Cantata de Outubro
de Prokofiev (estreia em Portugal), Cantata
para um silêncio de Da­niel Schvetz (estreia
mundial) ou L’enfance du Christ de Berlioz.
Atualmente conta com cerca de 100 ele­
mentos na sua formação principal e tem
contribuído para a divulgação da música
erudita portuguesa, estreando regularmen­
te obras de compositores portugueses contemporâneos. É coro associado da temporada 2010/2011 do CCB. Desde 1986, é
diri­gido por Jorge Alves, seu maestro titular.
Direção
JORGE CARVALHO ALVES
Ver pág. 98
de Ópera, sedeada no Teatro da Trindade,
obtendo o Prémio de Música Clássica conferido pela Casa da Imprensa. Participou
em estreias mundiais de autores portugueses, casos de Fernando Lopes-Graça
(D. Duardos e Flérida) e António Victorino
d’Almeida (Canto da Ocidental Praia). Em
1980 é criado um primeiro núcleo coral a
tempo inteiro, sendo a profissionalização
do coro consumada em 1983, sob a dire­
ção de Antonio Brainovitch.
A sua plena afirmação artística acontece
quando Gianni Beltrami assume a direção
em 1985, beneficiando de condições de
trabalho até então inéditas em Portugal.
Nesta fase assinalam-se as seguintes
intervenções: Oedipus Rex (Stravinsky);
­Ascensão e Queda da Cidade de Maha­
gonny (Weill); Kiú (De Pablo); L’Enfant et
les Sortilèges (Ravel); e Dido and Aeneas
(Purcell). Registe-se a participação em
Gran­de Messe des Morts (Berlioz), em
Turim, a convite da RAI. Depois da morte
de Gianni Beltrami, João Paulo Santos assume a direção, constituindo-se como o
primeiro português no cargo em toda a
história do Teatro de São Carlos. Sob a sua
responsabilidade registam-se os seguintes
êxitos: Mefistofele (Boito); Blimunda e Divara (Corghi); Sinfonia n.º 2 (Mahler), com
a Orquestra da Juventude das Comunidades Europeias; Die Schöpfung (Haydn);
Faust e Requiem (Schnittke); Tannhäuser e
Die Meistersinger von Nürnberg (Wagner);
e Le Grand macabre (Ligeti), entre outros.
Participou no concerto de encerramento
da Expo’98.
Tem atuado sob a direção de algumas das
mais prestigiadas batutas, como Antonino
Votto, Tullio Serafin, Vittorio Gui, Heinrich
Hollreiser, Richard Bonynge, García Navar­
ro, Wolfgang Rennert, Franco Ferraris,
Harry Christophers, Michel Plasson e Pedro
de Freitas Branco.
Coro do
Teatro Nacional direção
de São Carlos
EMANUELE PEDRINI
Foi criado em 1943, sob a direção de Mario
Pellegrini. Entre 1962 e 1975 cola­borou
nas temporadas da Companhia Portuguesa
Nasceu em Livorno (Itália) em 1972. Vive
em Veneza. Diplomou-se em canto lírico,
direção coral e orquestração pelo Con-
servatório Arrigo Boito de Parma, e em
composição pelo Conservatório Benedetto
Marcello de Veneza. Em 2005 diplomou-se com a menção “summa cum laúde”
em direção de orquestra pelo Conser­
vatório de Veneza sendo o primeiro aluno
de todos os conservatórios e instituições
de música da região de Triveneto a diplomar-se naquela disciplina. Entre 1990 e
1996 dirigiu o Coro Lirico Lombardo. De
1998 a 1999 foi maestro do Coro do Teatro Arena Sferisterio de Macerata, tendo
recebido os maiores elogios e excelentes
críticas. Desde 2004 ocupa o cargo de
diretor artístico e diretor musical da Associação Cultural Musical Quodlibet de Mogliano Veneto, constituída por orquestra
e coro. Em 2010 licenciou-se em direção
de orquestra na Academia Musical de
Pescara, sob a orientação do maestro Donato Renzetti. Paralelamente, ocupa-se da
preparação artística e direção de importantes festivais de música em colaboração
com prestigiados maestros, dentro e fora
de Itália. Na presente temporada inicia
funções de maestro convidado do Coro
do Teatro Nacional de São Carlos.
Dixie Gang
Constituído por Rui Alves, Jacinto Santos,
Silas de Oliveira, David Rodrigues, Paulo
Gaspar, Claus Nymark e João Viana, o Dixie
Gang é um(a) bando(a) de malfeitores musicais que iniciou a sua atividade em 1991.
Os seus membros tinham, na sua maioria,
um registo criminal já considerável, tendo
demonstrado desde muito tenra idade
tendências aberrantes e gostos esquisitos
pela música praticada no princípio do sécu­
lo na cidade de Nova Orleães, capital das
terras de Dixie (Dixie Land).
Os seus modelos são portanto os grandes
criminosos americanos (gangsters) dessa
época, tais como Jelly Roll Morton, King
Oliver, Louis Armstrong, Kid Ory, Bix Beider­
becke e Sidney Bechet, que com os seus
bandos (gangs) estenderam as suas ativi­
dades a quase todos os locais mal-afamados da América do Norte.
>
99
100
há registos das suas atividades por todo
o território português, num dos territórios
das Tríades orientais (Macau) e até já
ousaram fazer uma incursão internacional
a Bratislava. Mais recentemente travaram
batalhas em diversas províncias espanholas, como a Catalunha, a Galiza e o País
Basco, e também em Rimini e em Paris.
Os Dixie Gang têm tido a colaboração
de outros criminosos e criminosas musi­
cais quer nacionais (não se conhece uma
listagem completa porque a maioria gosta
do anonimato), quer estrangeiros (caso
de Max Roach num encontro informal
no Estabelecimento Prisional da Praça da
Alegria, mais conhecido como Hot Club
de Portugal.
DSCH
Schostakovich
Ensemble
Resulta do encontro de músicos notáveis,
mestres nos seus instrumentos, que se
movem por um profundo prazer em fazer
música de câmara e por uma cumplicidade artística que os coloca em posição
de destaque. O DSCH foi criado em 2006,
ano do centenário do nascimento do compositor Dmitri Schostakovich, e apresentou
concertos em países como Portugal, Rússia, França, Suécia, Estónia ou Espanha,
obtendo excelente recetividade por parte
da crítica e do público. Agrupamento de
geometria variável, o DSCH contou já
com a participação dos músicos F. PintoRibeiro, E. Nebolsin, J. Van Dam, R. Bar-rantes, P. Moraguès, R. Ortega, T. Samouil,
C. Cerovsek, L. Ferschtman, Ph. Graffin,
G. Caussé, V. Mendelssohn, N. Tchitch,
I. Charisius, Ch. Poltéra, P. Gomziakov, J.
Grimm, G. Hoffmann, T. Pinto-Ribeiro, P.
Carneiro, entre outros. Aborda um vasto
repertório com obras de diversos compositores, de Bach a Schumann, de Beethoven
a Gubaidulina, de Brahms a Ravel, desta­
cando-se projetos como a integral da
obra de música de câmara com piano de
Schostakovich, as Schubertíadas, a inte-
gral dos Trios com piano de Beethoven, e
ainda colaborações com artistas de outras
áreas como P. Nozolino, G. Albergaria ou
B. Batarda. Gravou recentemente um concerto com obras de Haydn e Mendelssohn
transmitido pelo canal francês de música
Mezzo. O DSCH – Schostakovich Ensemble é ensemble em residência no Centro
Cultural de Belém e tem a direção artística
de Filipe Pinto-Ribeiro.
Ensemble Boîte
à Bijoux
Em estreia nos Dias de Música 2011, o
Ensemble Boîte à Bijoux foi criado com o
propósito de apresentar a obra Ma Mère
l’Oye de Ravel, sob a direção do maestro
e compositor Nuno Côrte-Real, coordena­
ção artística de Katharine Rawdon, numa
versão narrada e com multimédia a partir
de uma ideia de Madalena Wallenstein.
Um ensemble novíssimo em folha, formado
por alguns dos melhores instrumentistas
do país, o Ensemble Boîte à Bijoux propõe
explorar, numa atmosfera íntima, o espírito de tocar em conjunto música para
orquestra de câmara. Como uma pequena
caixa de joalharia, o ensemble guarda as
suas “joias”: a música que toca e a ins­
piração dos músicos que a tocam. O Ensemble Boîte à Bijoux tem dimensão para
executar repertório de todas as épocas e
junta músicos portugueses e residentes em
Portugal de todas as gerações, incluindo a
mais nova, e que se associam às principais
orquestras do país ao mesmo tempo que
se mantêm ativos como solistas. Compõem
o Ensemble Boîte à Bijoux, Xuan Du (1.º
violino), Paula Carneiro (2.º violino), Ceciliu
Isfan (viola), Nuno Abreu (violoncelo), Duncan Fox (contrabaixo), Katharine Rawdon
(flauta ⁄ piccolo), Eldevina Materula (oboé
⁄ corne inglês), Etienne Lamaison (clarinete
⁄ clarinete baixo), David Harrison (fagote ⁄
contrafagote), Bruno Hiron (trompa), Coral
Tinoco (harpa), Helder Marques (celesta),
Elizabeth Davis e Lídio Correia (percussão).
Direção
Nuno Côrte-Real
Nasceu em Lisboa em 1971. Em 1995 concluiu o Curso Superior de Composição da
Escola Superior de Música de Lisboa, onde
estudou com Carlos Caires, Roberto Perez,
Christopher Bochmann, António Pinho Vargas e António Sousa Dias. Viveu na Holanda entre 1996 e 2002, tendo concluído o
Curso de Composição do Conservatório
de Roterdão com os professores Klaas de
Vries, Peter Yan Wagemans e Rene Uijlenhoet (música eletrónica). Paralelamente,
estudou direção de orquestra no Conservatório de Roterdão com Jurjen Hempel
e Jos van der Sijde e, depois, na Academia
Nacional Superior de Orquestra com Jean
Marc Burfin. Tem dirigido várias orquestras
e agrupamentos, como a OrchestrUtopica,
a Filarmonia das Beiras, o Ensemble Darcos,
a Camerata du Rhône (França), o Coro Lisboa Cantat e a Orquestra do Norte. Tem
efetuado um trabalho sistemático no tratamento da música tradicional portuguesa.
No mundo da ópera e do teatro trabalhou
com Michael Hampe, Maria Emília Correia, Paulo Matos, Margarida Bettencourt,
Jorge Sequerra, Inês de Medeiros, Carlos
Antunes, João Henriques e Beatriz Batarda
e adaptou para português várias óperas.
Em 2007 apresentou as óperas de câmara
A Montanha e O Rapaz de Bronze, encomendas da Fundação Calouste Gulbenkian
e Casa da Música, respetivamente. Durante
2004/2005 foi professor de composição na
Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto. Foi compositor residente
da OrchestrUtopica em 2005. Em março
de 2011 estreou uma ópera encomendada
pelo Teatro Nacional de São Carlos, com
libreto de Vasco Graça Moura.
ENSEMBLE
MEDITERRAIN
Fundado em 2002, em Berlim, pelo seu
diretor artístico, o violoncelista português
Bruno Borralhinho, o grupo conta na sua
trajetória com apresentações em salas e
festivais de grande importância em países
como Alemanha, França, Itália, Espanha,
Portugal, Suíça, Bósnia Herzegovina,
Chile, Argentina ou Brasil. Do Konzerthaus
de Berlim ao Palau de la Música de Barcelona, do Teatro Oriente de Santiago do
Chile ao Festival de Sarajevo, do Teatro
Municipal de São Paulo à Salle Gaveau de
Paris, os seus concertos foram aclamados
unanimemente pelo público e pela crítica.
Compromissos em 2011 incluem as estreias absolutas no Uruguai e no Japão.
O formato ensemble livre permite uma
abordagem flexível e diversificada em
termos de repertório (do trio ao octeto
ou mesmo à orquestra de câmara), con­
seguida através da incorporação de músi­cos
convidados de orquestras alemãs de grande
qualidade e prestígio, como as filarmónicas
de Berlim, Dresden ou Munique, as óperas
de Dresden, Berlim ou Frankfurt, as orquestras das rádios de Estugarda, Friburgo
ou Hamburgo, etc.
O Ensemble Mediterrain gravou para os
selos discográficos CCR e Dreyer&Gaido,
e os seus concertos são frequentemente
transmitidos pela Deutschlandradio Kultur, Antena 2, Rádio USM (Chile), Radio
Nacional de España, Catalunya Música e
União Europeia de Radiodifusão.
MAHLER
ENSEMLBLE
Criado em torno de uma das maiores figuras da música do século XX, o Mahler Ensemble reúne-se para interpretar um dos
trabalhos mais populares do sinfonismo
deste extraordinário compositor numa
versão nunca até hoje ouvida em Portugal: a Quarta Sinfonia num arranjo para
ensemble de câmara.
O instrumental mahleriano é aqui adaptado e reduzido para piccolo, flauta, oboé,
corno inglês, clarinete, clarinete baixo,
harmónio, piano, percussão, cordas e
soprano, na elaboração camerística preparada por Erwin Stein para o Verein für
musikalische Privataufführungen, agrupa-
mento que Arnold Schoenberg criou em
1918 com o objetivo de divulgar a música
nova.
Dirigido por Masimo Mazzeo e constituído
por Nuno Ivo Cruz, Ricardo Lopes, Nuno
Silva, Nuno Lopes, Miguel Borges Coelho,
Richard Buckley, Carlos Almeida, Masimo
Spadano, Iskrena Yordanova, Francesco
Negroni, Varoujan Bartikian, Pedro Wallenstein e pela soprano Dora Rodrigues,
este agrupamento é uma reunião de
amigos que se têm escolhido ao longo dos
anos graças a uma “afinidade eletiva”,
reconhecendo-se enquanto intérpretes e
artistas com um sentido comum em termos de ética e abordagem à arte musical.
Depois de outras experiências partilhadas,
reúnem-se agora para enfrentar a aventura
da interpretação de uma obra do grande
compositor boémio Gustav Mahler, numa
versão rara de um dos seus trabalhos mais
paradigmáticos.
Direção
Massimo Mazzeo
Diplomado pelo Conservatório de Veneza,
aperfeiçoou-se sucessivamente em viola-d’arco com os maestros Bruno Giuranna
e Wolfram Christ, em música de câmara e
quarteto de cordas com os membros dos
celebrados Quarteto Italiano e Quarteto
Amadeus. Em seguida, fez parte de algumas das mais representativas orquestras
do panorama musical italiano: a Orquestra
dell’Accademia Nazionale di Santa ­Cecilia,
a Orquestra da RAI (Radio Televisione
Italia­na) e como coordenador de naipe da
Orquestra Internazionale d’Italia. Atuou
com prestigiadas orquestras de câmara
como I Virtuosi di Roma, I Virtuosi di Santa
Cecilia, Accademia Strumentale Italiana,
Musica Vitae Chamber Orchestra (Suécia),
Caput Ensemble de Reiquiavique e com o
European Soloists Chamber Ensemble.
Na área da música antiga, depois de ter
colaborado com as formações Ensemble
Aurora, Academia Strumentale Italiana e
artistas como Rinaldo Alessandrini, entre
outros, forma, em 2004, a orquestra barroca Divino Sospiro, que num prazo de
tempo muito curto se afirma como uma
das realidades de referência em Portugal.
No domínio da música contemporânea
tem colaborado com os artistas Luciano
Berio, Salvatore Sciarrino, Mauricio Kagel,
Aldo Clementi, Franco Donatoni, Alessandro Solbiati, Wolfgang Rihm, merecendo
felicitações públicas por parte do compositor Giacomo Manzoni.
Massimo Mazzeo tem gravado para as
editoras BMG, Erato, Harmonia Mundi
France, Deutche Armonia Mundi, Nuova
Era e Movieplay.
De 1996 até 1998 foi diretor artístico do
Festival Roncegno Musica em Itália, onde
se estrearam grandes personalidades
da cena artística atual. Em Portugal, foi
convidado pela Reitoria da Universidade
de Évora como diretor artístico do Festival Assembleia das Nações Estrangeiras,
assim como do curso Encontros do Espírito Santo. É professor de viola barroca
e música de câmara (práticas históricas ­de
interpretação) na Universidade de Évora.
O GUARDADOR
DE CANÇÕES
Sob a direção artística dos pianistas José
Brandão e João Vasco e seguindo o teste­
munho de projetos como o The Songmakers’ Almanac ou o New York Festival
of Song, O Guardador de Canções tem
como objetivo a instituição de um fórum
consagrado à canção, apresentando um
leque alargado de cantores, programas
estimulantes com temáticas imaginativas
e contemplando a negligenciada canção
portuguesa.
A viagem de (re)descoberta deste infindá­
vel repertório de miniaturas, em que música e poesia despertam o enlevo de cantor,
pianista e público, teve início na edição
2010 dos Dias da Música em Belém, com
o recital No Teatro das Emoções, e conhe­
cerá novo capítulo na edição de 2011,
com o programa Looney Tunes, Merrie
Melodies and Silly Symphonies.
>
101
Orquestra
de Câmara
Portuguesa
102
Em pouco tempo, a OCP atingiu um ele­
vado patamar de performance artística,
confirmado pelo público e pela crítica. A
OCP trabalhou já em ensaios com compositores como Emmanuel Nunes e Sofia
Gubaidulina, e colaborou com os solistas,
nacionais e internacionais, Jorge Moyano,
Sergio Tiempo, Arnaud Thorette, Bruno
Borralhinho, Dmitri Makhtin, Alexandrina
Pendatchanska, Elina Vähälä, Diemut Poppen e Adrian Florescu, Geir Draugsvoll,
Gary Hoffman, Filipe-Pinto Ribeiro e Heinrich Schiff, entre outros.
Aclamado pela crítica internacional como
um dos mais originais músicos da atualidade, Pedro Carneiro assegura a direção
artística da Orquestra de Câmara Portuguesa, onde lidera um grupo excecional de
virtuosos instrumentistas, represen­tantes da
mais nova geração de talentos musicais.
A partir de 2007, o Centro Cultural
de Belém integrou a OCP na sua programação, primeiro como Orquestra
Associada e depois como Orquestra em
Residência. Desde então, a presença nos
Dias da Música em Belém tem sido uma
constante, com a apre­sentação de dois
programas.
A OCP é um projeto com credibilidade e
pertinência social e cultural, que nasce de
uma ação genuína de cidadania proativa,
estando também a levar à prática diversos projetos de responsabilidade social:
“O meu amigo toca na OCP”; a “OCP-solidária”; e a “OCPzero” – orquestra de
estudantes que tem a sua estreia nesta
edição dos Dias da Música.
Direção
PEDRO CARNEIRO
Pedro Carneiro estudou em França, Inglaterra e Itália, com Sylvio Gualda e David
Corkhill (percussão), Leigh Howard S­ tevens
(marimba) e Emilio Pomàrico (direção de orquestra). Desenvolve uma intensa atividade
como concertista e chefe de orquestra, convidado em inúmeras orquestras e festivais,
nos mais importantes centros musicais do
mundo. O seu extenso repertório abrange
clássicos do século XX: Stockhausen, Reich,
Carter e Xenakis, assim como transcrições
de obras de Bach, Schumann ou Debussy.
Os seus companheiros de música de câmara incluem os pianistas Michael Houstoun
e Artur Pizarro, assim como o Quarteto
Arditti, Quarteto Tóquio e o Cuarteto Latinoamericano – com quem tem apresentado e gravado um novo repertório para
marimba e quarteto de cordas.
É diretor artístico e maestro principal da
Orquestra de Câmara Portuguesa, um
agrupamento dedicado à promoção da
nova geração de músicos portugueses, associado ao Centro Cultural de Belém.
Foi artista associado do Centro Cultural do
Belém, na temporada 2007/2008, e para
a presente temporada de 2009/2010 é
maestro e diretor da Orquestra de Câmara
Portuguesa, formação em residência no
CCB.
Orquestra
do Algarve
A Orquestra do Algarve estreou-se no
FIMA, em 2002, sob a batuta do maestro Álvaro Cassuto. Criada ao abrigo de
um programa promovido pelo Ministério
da Cultura, tem como fundadores, além
da Região de Turismo e da Universidade
do Algarve, um núcleo de câmaras municipais algarvias: Albufeira, Faro, Lagos,
Loulé, Portimão e Tavira. Posteriormente,
Alcoutim, Castro Marim, Olhão, Lagoa,
São Brás de Alportel, Vila Real de Santo
António, Silves e Vila do Bispo tornaram-se municípios associados.
A Orquestra do Algarve tem uma atividade
multifacetada, com programação destinada às populações locais e turistas. Promove também ações pedagógicas, junto
de camadas escolares, e formativas, para
jovens músicos.
O seu currículo conta com apresentações
nos principais palcos nacionais. Foi convidada, em 2007, para o concerto de celebração da assinatura do Tratado de Lisboa.
No estrangeiro, realizou em 2004 a sua
primeira digressão, marcando presença
em Itália e Espanha. Desde então, capitais
europeias como Bruxelas (2006), Viena
de Áustria (2007) e Londres (2008) foram
palco de concertos.
Na presente temporada, Osvaldo Ferreira
acumula as funções de maestro titular e
diretor artístico. Nicolas Koeckert é artista
associado da OA.
Direção
Pedro Neves
Pedro Neves nasceu em 1975, em Águeda.
O seu percurso musical inicia-se no Con­
servatório de Aveiro, onde estudou
violoncelo com Isabel Boiça. Mais tarde
ingressa na Academia Nacional Superior
de Orquestra, em Lisboa, onde conclui
o grau de bacharelato. No mesmo ano
obtém uma bolsa de estudos da Fundação
Calouste Gulbenkian para continuar o
seu aperfeiçoamento artístico, na Escola
de Música Juan Pedro Carrero, em Barcelona.
Pedro Neves interessa-se muito cedo pela
direção e começa o seu percurso como
maestro em 1988 na Sociedade Recreativa
e Musical 12 de Abril, sedeada na sua terra natal, da qual é diretor artístico desde
1992. Estudou direção de orquestra com
o reconhecido pedagogo e maestro Jean
Marc Burfin na Academia Nacional Superior de Orquestra, aprofundou os seus
conhecimentos com Emílio Pomarico em
Milão, e frequentou master-classes com
Alexander Polishchuk.
Foi convidado para dirigir a Orquestra
Metropolitana de Lisboa, a Orquestra
Nacional do Tejo, a Filarmonia das Beiras,
a Orquestra de Câmara Portuguesa, a Orquestra do Algarve, a Orquestra Nacional
do Porto e a Orquestra Esproarte, da qual
foi maestro titular de 2004 a 2008 e com
a qual mantém atualmente uma colaboração regular.
Orquestra
Filarmónica
de Brno
As suas origens remontam à década de
1870, quando a sua antecessora Czech
Symphony Orchestra se estabeleceu sob
os auspícios de Leoš Janáček.
Atualmente, a orquestra apresenta cerca
de 40 concertos anualmente no histórico
edifício Besední dům, onde está sedeada,
e séries de concertos regulares no Teatro
Janáček.
Desde 1956, data da sua fundação enquanto Orquestra Filarmónica de Brno,
apresentou-se mais de 700 vezes em concerto, não só na Europa, mas também nos
Estados Unidos e na Ásia.
Trabalhou com vários consagrados maestros, incluindo Karel Ancerl, Jiri Belohlavek,
Sir Charles Mackerras, Kurt Masur e Yehudi
Menuhin, entre outros. Teve também o
privilégio de colaborar com solistas de
exceção, como Yefim Bronfman, Rudolf
Buchbinder, Elina Garanca, Sophia Jaffé,
Wilhelm Kempff, Olga Kern, Gidon Kremer, John Lill, Johannes Moser, Julian
Rachlin, Sviatoslav Richter ou Fazil Say.
É conhecida como a Orquestra de Janáček,
o que não deixa de ser verdade, já que
Brno, a cidade onde o compositor viveu
e trabalhou, foi sempre o centro da sua
música. Desde a sua fundação, em 1956,
a Orquestra Filarmónica de Brno fez mais
de 300 apresentações centradas nas obras
de Janáček e gravou a totalidade das suas
cantatas e peças sinfónicas.
Desde o início da sua carreira, foi maestro titular das seguintes orquestras: Prague
Chamber Opera (1985-87), Janáček’s Phi­
lharmonic Ostrava (1991-93), State Philhar­
monic Brno (1991-1995), Sinfo­nietta Žilina
(1995-2000), Pardubice Chamber Phi­lhar­
monic (1997-2009) e Prague National Theatre Ballet Orchestra (2001-2002). Foi também, entre 2003 e 2005, diretor artístico
e maestro titular da Prague State ­Opera.
Atualmente, é maestro convidado da Slovak Philharmonic e membro honorário da
Filarmónica de Brno.
Dirigiu ainda outras prestigiadas orques­
tras: Orchestre de Pays de la Lorraine
Metz, Mozarteum Orchester Salzburg,
Bach Collegium München, Beethoven
Orchester Bonn, Residentie Orkest den
Haag, Orquestra Metropolitana de Lisboa,
Shanghai Radio Symphony Orchestra,
The Colorado Music Festival Orchestra,
Dortmunder Philharmoniker, Stuttgarter
Philharmoniker e Tokyo Metropolitan Symphonic Orchestra, entre muitas outras, e
trabalhou com vários solistas de exceção.
É convidado com regularidade a participar
em importantes festivais (Prague Spring,
Moravian Autumn Brno, Festspiele Euro­
päische Wochen Passau, George Enescu
Festival Bucharest, Musica Sacra Festival in
Nuremberg, Colorado Music Festival, Settimane Musicali di Ascona.
É professor na Academia de Artes Musi­
cais de Praga, desde 2000.
Direção
ORQUESTRA
JAZZ DE
MATOSINHOS
Nascido em 1961, estudou flauta no Conservatório de Praga e direção na Academia
de Música de Praga. Iniciou a sua carreira
no Teatro Nacional de Praga como assistente de Zdeněk Košler.
Em 1991, foi convidado pela Fundação Herbert von Karajan para colaborar com Geor­
ge Solti, Claudio Abbado e a Vienna Phi­
lharmonic nos Sommerspiele Salzburg.
Criada em 1999, a Orquestra Jazz de
Matosinhos é uma das mais dinâmicas formações do jazz português atual. Sob dire­
ção de Carlos Azevedo e Pedro Guedes,
desenvolve um trabalho que privilegia a
criação de repertório próprio e a orga­
nização de projetos específicos, para os
quais vem convidando solistas, maestros e
compositores de relevo internacional. Pela
diversidade dos programas que apresenta,
Leoš Svárovský
pela edição discográfica internacional
regular e pelo crescimento continuado, a
OJM cumpre hoje a função de uma verdadeira orquestra nacional de jazz.
Nestes onze anos de atividade, destacamse o concerto de encerramento da Porto
2001, a recriação de Sketches of Spain
com o Remix Ensemble, a apresentação da
música de Carla Bley, a gravação com Lee
Konitz do CD Portology, e os muitos concertos com o saxofonista, e a gravação do
CD OJM invites Chris Cheek. Destacam-se
também concertos com John Hollenbeck,
Dee Dee Bridgewater, Orquestra Nacional
do Porto, Maria Rita e Kurt Rosenwinkel,
com quem gravou Our Secret World,
disco apresentado em concertos no clube
Iridium (Nova Iorque) e no Berklee Bean
Town Jazz Festival (Boston); e ainda com
Joshua Redman, Chris Cheek, Mark Turner
e Andy Sheppard.
A OJM cruzou fronteiras e atuou em Bru­
xelas, Milão e em Nova Iorque, no Carnegie Hall. De destacar ainda a colaboração
que desenvolve com a compositora norte-americana Maria Schneider.
Direção / Piano
Pedro Guedes
Inicia os estudos de piano aos cinco anos
e mais tarde ingressa no Conservatório de
Música do Porto. Frequenta a Escola de
Jazz do Porto onde é aluno de Mário Lagi­
nha.Em 1992 é admitido na New School
for Jazz and Contemporary Music em
Nova Iorque. Durante este período estuda
com alguns dos mais reputados músicos
de jazz: Richie Beirach, Fred Hersh, Brad
Meldhau, Jim Hall, Joe Chambres, entre
outros.
Em 1997 funda e dirige a Héritage Big
Band que mais tarde dará origem à Orquestra de Jazz de Matosinhos.
Em 1997 é admitido na University of
Southern California em Los Angeles onde
frequenta o curso de pós-graduação em
Scoring for Motion Picture and Television,
que concluiu em maio de 1998 com dois
prémios: um concedido pela USC – International Student Award e um prémio de
>
103
composição – Harry Warren. Atualmente
é coordenador da área de jazz na Escola
Superior de Música e Artes do Espetáculo
no Porto.
Direção / Piano
Carlos Azevedo
104
Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música do Porto em 1982.
Frequentou o Curso Superior de Composição da Escola Superior de Música do
Porto e fez o mestrado em Composição na
Universidade de Sheffield (Inglaterra).
Como compositor teve execuções das suas
obras no Festival de Música de Espinho,
no CCB, nas V Jornadas Internacionais de
Música da Oficina Musical e na Universidade de Sheffield. Durante a Porto 2001,
foram tocadas as suas obras: In Motion e
Um Natal Português pela ONP e Granito
pelo Duo Contracello.
Em 2003 e 2004 foi finalista do Brussels
Jazz Orchestra International Composition
Contest Award, tendo ganho o primeiro
prémio com a obra Does It Matter em
2004. Atualmente, lidera o seu trio e dirige
a Orquestra de Jazz de Matosinhos juntamente com Pedro Guedes. É professor de
Análise e Composição na Escola Superior
Música e Artes do Espetáculo.
Orquestra
Sinfónica
Metropolitana
Espelho da mais-valia que representa a
transversalidade do projeto da Metropolitana, a Orquestra Sinfónica Metropolitana
é a formação constituída pelos músicos
da Orquestra Metropolitana de Lisboa e
pelos melhores elementos da Orquestra
Académica Metropolitana, juntos em concerto para dar corpo ao grande repertório
sinfónico, que passa a ter um espaço
regular na programação de Cesário Costa.
Esta formação, que vinha já obtendo
resultados visíveis, aplaudidos quer pela
crítica especializada, quer pelo público
que assistia às apresentações, assumiu
recentemente o nome que lhe é merecido: Orquestra Sinfónica Metropolitana.
Foi escolhida pelo Centro Cultural de
Belém como orquestra em residência em
três edições do festival Dias da Música em
Belém, estatuto que representa um desafio
e também uma importante plataforma de
exposição a novos públicos que sempre
acorrem a esta iniciativa. Na temporada passada, a Orquestra Sinfónica Metropolitana
desafiou-se com a 5.ª Sinfonia de Mahler,
num concerto dirigido por Michael Zilm,
uma das presenças importantes e habi­
tuais nas programações da Metropolitana.
Em maio de 2010, apresentou uma nova
produção de A Sagração da Primavera, de
Stravinsky, com coreografia de Olga Roriz e
direção musical de Cesário Costa.
Direção
Cesário Costa
Nascido em 1970, é um dos mais ativos
maestros portugueses da sua geração. Depois do Curso Superior de Piano em Paris,
completou com nota máxima o mestrado
em direção de orquestra (Würzburg, Alemanha). Em 1997 venceu o III Concurso
Internacional Fundação Oriente para Jo­
vens Chefes de Orquestra e foi bolseiro do
Festival de Bayreuth. Desde então dirigiu as
orquestras Royal Philharmonic, Sinfónica
de Nuremberga, Sinfónica Portuguesa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Nacional do
Porto, Orquestra Metropolitana de Lisboa,
Orquestra do Algarve, Remix Orquestra,
Ensemble für Neue Musik, Arhus Sinfonietta, Filarmónica da Macedónia, Orquestra
Filarmónica de Roma, Filarmonia Sudecka,
Orquestra de Extremadura, Sinfónica de
Liepaja, Plural Ensemble e Orquestra de
Câmara da Rádio Romena. Apresentou-se
na Europa, Ásia, Cabo Verde e América
Latina com repertório que vai do barroco
ao contemporâneo. Fez a estreia absoluta
de mais de 80 obras, colaborando com a
maioria dos compo­sitores portugueses
contemporâneos. Dirigiu concertos com
António Menezes, António Rosado,
Branford Marsalis, Boris Berezovky, David
Russell, Elisabete Matos, Gerardo Ribeiro,
Mário Laginha, Ute Lemper, entre outros
solistas, e trabalhou com os encenadores
Luís Miguel Cintra e Terry Jones, entre ou­
tros. Paralelamente à sua atividade como
maestro, tem sido professor em diversas
escolas de música e na Universidade Cató­
lica. É maestro titular da OrchestrUtopica,
e, desde dezembro de 2008, presidente
da Metropolitana (Associação Música –
Educação & Cultura) e diretor artístico da
Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Orquestra
Sinfónica
Portuguesa
Criada em 1993, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) é um dos corpos artísticos do
Teatro Nacional de São Carlos e tem vindo
a desenvolver uma atividade sinfónica
própria, incluindo uma programação regular de concertos e participações em festivais de música nacionais e internacionais.
Colabora regularmente com a Radiodifusão
Portuguesa através da transmissão dos
seus concertos pela Antena 2 e da participação em iniciativas como o Prémio Pedro
de Freitas Branco para Jovens Chefes de
Orquestra, Prémio Jovens Músicos-RDP e
Tribuna Internacional de Jovens Intérpretes.
No âmbito de outras colaborações, partici­
pou no concerto de encerramento do 47.º
Festival Internacional de Música y Danza
de Granada (1997); no concerto de Gala
de Abertura da Feira do Livro de Frankfurt;
no concerto de encerramento da Expo 98;
no Festival de Música Contemporânea de
Alicante (2000); e no Festival de Teatro
Clássico de Mérida (2003).
Trabalhou com prestigiados maestros,
co­mo Rafael Frühbeck de Burgos, Alain
Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda,
Harry Christophers, George Pehlivanian,
Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros.
A discografia da orquestra conta com dois
CD para a etiqueta Marco Polo, com as Sinfonias n.º 1 e n.º 5, e n.º 3 e n.º 6, de Joly
Braga Santos, as quais gravou sob a direção
do seu primeiro maestro titular, Álvaro Cassuto, a quem se seguiu José Ramón Encinar
(1999/2001) e Zoltán Peskó (2001/2004)
no mesmo cargo. Donato Renzetti desempenhou funções de “primeiro maestro convidado” até à temporada 2006/2007.
Direção
Julia Jones
Desde a temporada 2008/2009 do Teatro
Nacional de São Carlos ocupa o lugar de
maestro titular da Orquestra Sinfónica
Portuguesa. Nasceu em Inglaterra, e vem
afirmando cada vez mais uma carreira de
sucesso internacional com apresentações
regulares nos principais teatros líricos da
Europa. Os seus compromissos recentes
incluem a direção musical de, entre outras
obras, O Morcego, As Bodas de Fígaro e
Kàtia Kabanová no São Carlos, Così fan
tutte na Royal Opera House Covent Garden, The Damnation of Faust de Berlioz
na Ópera de Frankfurt, Otello e Macbeth
na Ópera Estatal de Hamburgo, Così fan
tutte, Die Zauberflöte e La Bohème na
Ópera Estatal de Viena, Aïda, Otello e
Madama Butterfly na Staatsoper de Berlim e Lohengrin no Teatro Comunale de
Florença, onde obteve grande êxito junto
do público e da crítica.
Entre 1998 e 2002 ocupou o cargo de
maestro titular da Ópera de Basileia onde
foi aclamada na direção musical das
produções de Otello e Macbeth, de Verdi,
Idomeneo de Mozart e Der Rosenkavalier
de R. Strauss. Nas salas de concerto já
dirigiu um vasto número de orquestras,
incluindo a Orquestra da Rádio de Viena
e a Sinfónicas de Montreal, a Scottish
Chamber Orchestra, a Filarmónica de Estrasburgo e Orquestra Nacional de Bélgica,
entre outras.
Quarteto
Brodsky
Desde a sua formação, em 1972, o Quarteto Brodsky já se apresentou em mais de
dois mil concertos em alguns dos mais
importantes palcos do mundo e participou
em mais de 50 CD.
Uma curiosidade natural levou o grupo a
explorar várias direções artísticas e continua a colocá-los não apenas entre os
mais conceituados intérpretes de música
de câmara, mas também como detentores
de uma rica e variada existência musical.
A energia e o talento de Daniel Rowland
e Ian Belton no violino, Paul Cassidy na
viola e Jacqueline Thomas no violoncelo
atraíram já numerosas aclamações e pré­
mios. Por sua vez, a preocupação e dedicação ao trabalho educacional possibilita
a partilha de experiências musicais e o
contacto com as gerações mais novas.
QUARTETO
LOPES-GRAÇA
Vencedor do Prémio Autores – RTP/SPA
2010, na categoria Melhor Trabalho de
Música Erudita, com o CD Música Portuguesa para Um Quarteto, com obras de
Fernando Lopes-Graça e António Victorino
d’Almeida, este quarteto é constituído por
músicos com notáveis carreiras solísticas e
camerísticas com output especializado em
música de câmara.
Esteve presente nas edições da Festa da
Música no Centro Cultural de Belém de
2005 e 2006 e nos Dias da Música em
Belém em 2008; na Temporada Em Busca
de Um Salão Perdido, no Salão Nobre do
Conservatório; no Festival de Música de
Paços de Brandão; no Centro de Artes de
Belgais; no Teatro D. Maria II (por ocasião
do aniversário de Lopes-Graça); no Festival de Évora (Música nos Claustros); e no
primeiro aniversário do Centro Artístico de
Braço de Prata. Foi recentemente contemplado com um subsídio da Direção-Geral
das Artes (Ministério da Cultura), ao abrigo do qual realizou 12 concertos em vários
pontos do país. Deslocou-se a Andorra,
em dezembro último, com um programa
vocacionado para a divulgação da cultura
portuguesa naquele principado.
Tem dedicado especial atenção às obras
de compositores portugueses, con­tando
já com uma dezena de obras, e pretende
explorar gratificantes dinâmicas de criação/ recriação.
QUARTETO
PRAZAK
O Quarteto foi criado durante os estudos
dos seus vários membros no Conservatório
de Praga. Desde então, tem atraído a aten­
ção, sobressaindo na tradição checa de quartetos pelo seu virtuosismo musical. Há mais
de trinta anos que se apresenta por todo o
mundo. São convidados regulares das mais
importantes capitais europeias da música,
como Praga, Paris, Amesterdão, Bruxelas,
Milão, Madrid, Londres, Berlim e Munique,
e foram convidados para inúmeros festivais
internacionais, onde colaboraram com os
artistas Menahem Pressler, Jon Nakamatsu,
Cynthia Phelps, Roberto Diaz, Josef Suk e
Sharon Kam, entre outros.
Nos Estados Unidos da América e Canadá,
o Quarteto Prazak tocou em Nova Iorque,
Los Angeles, São Francisco, Dallas, Houston, Washington, Filadélfia, Miami, St.
Louis, Nova Orleães, Berkeley, Cleveland,
­Tucson, Denver, Búfalo, Vancouver, Toronto
e Montreal. A digressão de 2010/2011
levou-os a vinte cidades norte-americanas,
acrescentando às anteriores Salt Lake City
e Tulsa.
O Quarteto Prazak grava exclusivamente
para a Praga ⁄ Harmonia Mundi e, até à
data, lançou mais de trinta CD premiados.
Em 2010, Pavel Hula substituiu o primeiro
violino fundador Vaclav Remes, impossibilitado de continuar a tocar devido a uma
doença na mão esquerda. Pavel Hula foi,
durante muitos anos, o primeiro violino
do Kocian Quartet, sendo amigo de longa
data do Quarteto Prazak.
Quinteto
à-vent-garde
Fundado em Lisboa no ano de 2002 por
Rui Borges Maia, Paulo Barros Areias, Ricar­
>
105
The Duke
Ellington
Orchestra
Liderada por Paul Mercer Ellington, neto
do lendário Duke Ellington, esta é uma das
mais importantes bandas da história do
jazz. Os seus espetáculos são eventos de
alta energia, invocando a sofisticação, estilo
e swing contagiantes de Duke Elling­ton.
Duke sintetizou muitos dos elementos da
música americana – a canção menestrel,
o ragtime, o Tin Pan Alley, os blues e as
dotações americanas da tradição musical
europeia – num estilo consistente que,
apesar de tecnicamente complexo, tem
uma franqueza e simplicidade de expressão
praticamente inexistente na música erudita
do século XX.
Paul Mercer Ellington, atualmente o maestro
e bandleader da Duke Ellington Orchestra,
é também compositor e produtor. Depois
de estrear a sua primeira composição para
a Big Band no Avery Fisher Hall, no Lincoln
Center, recebeu uma enorme ovação do
público.
Trio Arriaga
Considerados pela crítica especializada
como uma referência da sua geração,
Felipe Rodriguez, David Apellániz e Daniel Ligorio, membros do Trio Arriaga, são
presença habitual em importantes festivais
e teatros da Europa, Ásia e América.
Formados em países como França, Inglaterra e Alemanha receberam durante
a sua carreira sábios conselhos de prestigiados artistas como M. Vengerov, P.
Zukermann, B. Canino, B. Greenhouse e
M. Pressler (Trio Beaux Arts), F. Helmerson,
N. Gutman e P. Farulli (Cuarteto Italiano),
entre outros.
Gravaram para prestigiadas editoras como
a Naxos, a Sony, a Col Legno ou a Verso
e, enquanto solistas, atuaram com as
mais importantes orquestras de Espanha
e outras internacionais, entre as quais a
Orquestra Sinfónica Gulbenkian de Lisboa, Real Orquestra Sinfónica de Sevilha,
Orquestra Sinfónica de Valência, Ensemble
Orquestral de Lyon, Orquestra Nacional
de Honduras, Orquestra de Câmara Leós
Janáček, Orquestra de Barcelona e Nacio­
nal da Catalunha e Orquestra da Rádio
Televisão Espanhola.
A título individual, os três músicos foram
laureados em diversos concursos nacionais
e internacionais, como o Concurso Nacio­
nal Permanente de Juventudes Musicales
de España, o Concurso Internacional Tibor
Varga, o Concurso Internacional Joaquín
Rodrigo, o Kendall Taylor Beethoven Prize,
o Quilter Internacional Compatition, entre
outros.
Os seus próximos compromissos artísticos
contam com participações nos festivais de
Valladolid, San Sebastián e Puerto Rico
(Festival Pablo Casals).
Yogistragong
Formado há dois anos na sequência do
primeiro curso da escola de gamelão de
Java na Fundação Oriente, Yogistragong é
diri­gido por Elizabeth Davis e Tri Suhatmini.
A intenção do grupo é divulgar a música
tradicional da ilha de Java, investindo
numa aproximação entre Portugal e a Indonésia através da fusão das duas culturas.
Entre as atividades deste agrupamento
destacam-se concertos promovidos em
2009 e 2010 na Fundação Oriente, incluindo o concerto inaugural de Festival
de Cultura da Indonésia, em conjunto
com o grupo de gamelão de Instituto Seni
da Indonésia. Em novembro de 2009, Yogistragong participou num concerto inovador com a OrchestrUtopica no Centro
Cultural de Belém.
Direção
Elizabeth Davis
Licenciada pela Universidade de Nottin­
gham, onde estudou com James Blades
e Alan Cumberland, estudou também na
Hochschule de Hamburgo, sob a orientação de Robert Hinze. Licenciou-se ainda,
e com distinção, em tímpanos e percussão
na Royal Academy of Music (Londres).
Foi timpanista da Orquestra Sinfónica do
Porto, entre 1989 e 1993, e, desde então,
é coordenadora do naipe de percussão da
Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Destaque-se o papel que tem vindo a
desempenhar na divulgação da música con­
temporânea nos países onde tem trabalha­
do (Inglaterra, França, Itália, Austrália e
Portugal), executando obras encomendadas a compositores ingleses, australianos
e portugueses. Atua regularmente dentro e fora de Portugal, destacando-se as
participações no Festival Internacional de
Darmstadt, onde foi intérprete premiada
em 1987, e nos festivais de Música Contemporânea da Fundação Gulbenkian e
do Porto 2001. Representou Portugal na
World Orchestra for Peace, sob a direção de
Valery Gergiev, no Royal Albert Hall. Traba­
lhou com as orquestras Sinfónica da BBC,
de Câmara da Europa, do Convent Garden
e, como solista, com a Orquestra Sinfónica
Portuguesa, Orquestra Nacional do Porto e com a OrchestrUtopica. Colaborou com
os agrupamentos Lontano, Koenig Ensemble e Sinfonietta. Fundou o Machinamundi, com a flautista Katherine Rawdon.
A convite da Fundação Oriente e em con­
junto com a Embaixada da Indonésia estu­
dou gamelão em Yogyakarta, em Java
no ano de 2007 e, consequentemente,
lan­çou a primeira escola de gamelão em
Portugal.
Ana Maria Pinto
Solistas
106
do Gama Henriques, Hélder Vales e Ricardo
André Santos, cinco jovens instrumentistas
oriundos de vários pontos do país, o Quinteto à-vent-garde formou-se na classe de
música de câmara da Escola Superior de
Música de Lisboa, orientados pelos pro­
fessores Olga Prats e Nuno Inácio, com
os quais finalizou música de câmara com
classificação máxima.
Em maio de 2007, terminou uma especialização em música de câmara no Instituto Internacional de Música de Câmara
de Madrid, no departamento de sopros
dirigido pelos professores Jacques Zoon,
Hänsjorg Schellenberger, Eduard Brunner,
Radovan Vlatkovic e Klaus Thunemann,
e realizaram master-classes com Maurice
Bourgue, Jaime Martín, Karl Heinz Steffens e Hugh Seenan.
Consequentemente, foram membros da
Orquesta de Cámara de la Reina Sofia
sob a direção de Ralph Gothoni, Hansjörg
Schellenberger, Jesús Lopez Cóbos e Antoni Rós Marbá.
O Quinteto à-vent-garde apresentou-se
nas principais salas da Península Ibérica
em concertos difundidos pela RDP ⁄ Antena
2 e pela TVE. Foram semifinalistas no 4.ème
Concours International de Quintette à Vent
Henri Tomasi, em Marselha, e premiados
pela RDP nas edições de 2004 e 2005 do
Prémio Jovens Músicos.
Natural do Porto, iniciou os seus estudos
de canto no Conservatório de Música da
mesma cidade com a professora Palmira
Troufa. Em 2001, é admitida na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, na
classe do professor Rui Taveira, e em 2005
na Universität der Künste, em Berlim,
onde estudou primeiro com o professor
Robert Gambill e mais tarde com a professora Dagmar Schellenberger, com quem
trabalha atualmente.
Do seu repertório destacam-se os papéis
de Susanna (Le nozze di Figaro), Elle
(La voix humaine), Blanche de La Force
(Dialogues des Carmélites), Musetta (La
Bohème), Kumudha (A flowering tree de
John Adams); e, em concerto, as obras
Nelson Messe de J. Haydn, Ein deutsches
Requiem de J. Brahms, Lobgesang de F.
Mendelssohn, Scheherazade de M. Ravel,
O Abismo e o Silêncio e Shyir de João
Pedro Oliveira.
Trabalhou com os maestros Marc Tardue,
Cesário Costa, Ferreira Lobo, Pedro Neves,
Fernando Eldoro, Errico Fresis, Lutz Köhler,
Lawrence Foster, Joana Carneiro e Michel
Corboz. Realizou diversos recitais líricos
em Portugal, Espanha e Alemanha com
os pianistas Cristóvão Luiz, David Santos,
Nuno Vieira de Almeida e Ángel Gonsález.
Em agosto de 2009 gravou canções de
Fernando Lopes-Graça e Vianna da Motta
com o pianista Nuno Vieira de Almeida.
Foi bolseira da Fundação Walter-Kaminsky
e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 2011, interpretará o papel principal
da ópera Don Sanche de Franz Liszt, uma
produção que terá lugar na Hungria, nas
cidades de Miskolc e Budapeste, na Eslováquia, em Kosice, e na Alemanha, em
Bayreuth.
ANA QUINTANS
Licenciada em escultura, estudou ainda na
Escola de Música do Conservatório Nacio­
nal e no Flanders Operastudio em Gent.
Iniciou-se profissionalmente em 2005 com
Monteverdi e dedica ainda hoje a maioria
>
107
108
do seu trabalho à música dos séculos XVII
e XVIII. Nesse âmbito, cantou Poppea,
Drusilla e Amore em L’Incoronazione di
Poppea de Monteverdi; Argie em Les
paladins de Rameau; Belinda em Dido
and Aeneas e Second Witch em The Fairy
Queen de Purcell; Musique em Les Plaisirs
de Versailles de Marc-Antoine Charpentier; Spinalba de F. A. Almeida; Lisetta em
Il Mondo della Luna de Avondano; Ismene
em Antígono de Mazzoni; e Atalante em
Serse de Handel.
No domínio da ópera do século XX e contemporânea, cantou os papéis de Scoiatollo em Il scoiatollo in gamba de Nino
Rota; Lion e Bird em Fables de Ned Rorem;
Yasmin em Raphael, reviens! de Bernard
Cavanna; e Nancy em Evil Machines de
Luís Tinoco.
Apresenta-se em recital com regularidade,
tendo neste domínio completado a sua
formação em master-classes com Graham
Johnson, Sarah Walker e Tom Krause.
Acompanhada por Hein Boterberg e José
Brandão realizou vários recitais temáticos
e, em junho de 2011, interpretará com o
pianista português, na Ópera de Lille, uma
seleção de poemas de Shakespeare com
música de Purcell, Quilter, Berlioz, Haydn,
Vaughan Williams, Britten, entre outros.
Gravou Requiem de Fauré com a Sinfonia Varsóvia e Michel Corboz; Judicium
Salomonis de Charpentier com LAF e William Christie; As Sementes do fado com
Os Músicos do Tejo; e Kleine Musik com
obras de Schutz e Ivan Moody, com Sete
Lágrimas.
António Rosado
Tem uma carreira reconhecida nacional
e internacionalmente, corolário do seu
talento e do gosto pela diversidade, expressos num extenso repertório pianístico
que integra obras de compositores tão
dife­rentes como Georges Gershwin, Aaron
Copland, Albéniz ou Liszt. Apresentou-se
em palco, pela primeira vez, aos quatro
anos de idade. Os estudos musicais iniciados com o pai tiveram continuidade
no Conservatório Nacional de Música de
Lisboa, onde terminou o Curso Superior
de Piano, com 20 valores. Aos dezasseis
anos parte para Paris, onde vem a ser discípulo de Aldo Ciccolini no Conservatório
Superior de Música e nos cursos de aperfeiçoamento em Siena e Biella (Itália).
Em 1980, estreou-se em concerto com a
Orchestre National de Toulouse, e desde
essa data tem tocado com inúmeras orquestras internacionais e notáveis maestros como: Georg Alexander Albrecht,
Moshe Atzmon, Franco Caracciolo, Pierre
Dervaux, Arthur Fagen, Léon Fleischer, Silva Pereira, Claudio Scimone, David Stahl,
Marc Tardue e Ronald Zollman. Também
na música de câmara tem colaborado com
os prestigiados músicos Aldo Ciccolini,
Maurice Gendron, Margarita Zimermann,
Gerardo Ribeiro ou Paulo Gaio Lima.
Laureado pela Academia Internacional
Maurice Ravel e pela Academia Internacional Perosi, António Rosado foi distinguido pelo Concurso Internacional Vianna
da Motta e pelo Concurso Internacional
Alfredo Casella de Nápoles. Em 2007 foi
distinguido pelo Governo francês com o
grau de Chevalier des Arts et des Lettres.
O seu primeiro disco gravado na década
de oitenta, em Paris, é dedicado a Enescu.
Outros discos se seguiram, nomeadamente: as obras para piano de Vianna da
Motta; um CD comemorativo dos 150
anos da passagem de Liszt por Lisboa;
a Fantasia de Schumann; e a Sonata de
Liszt. Com o violinista Gerardo Ribeiro
gravou as Sonatas para piano e violino de
Brahms; e com o pianista Artur Pizarro o
disco intitulado Mozart in Norway.
BERNARDO SASSETTI
Começa a sua carreira profissional em
1987 com o Quarteto de Carlos Martins e
o Moreiras Jazztet. Participa em inúmeros
festivais com os músicos Al Grey, John
Stubblefield, Frank Lacy e Andy Sheppard,
entre outros. Nos primeiros 15 anos de
carreira apresenta-se por todo o mundo
ao lado de Art Farmer, Freddie Hubbard,
Paquito D´Rivera, Benny Golson, integrado
na United Nations Orchestra e no quinteto
de Guy Barker, entre outros.
Como compositor, escreveu suites para
piano e orquestra e para dois pianos e
orquestra, entre muitas outras peças para
pequenas formações.
Das gravações editadas em seu nome
registam-se as seguintes: Salssetti; Conrad
Herwig + Trio Bernardo Sassetti – Live;
Mundos; Nocturno (1.º Prémio Carlos
Paredes); Mário Laginha/Bernardo Sassetti; Índigo, Livre; Grândolas (em duo
com Mário Laginha); Ascent (1.º Prémio
Carlos Paredes); banda sonora do filme
Alice (2005); Unreal – Sidewalk Cartoon;
banda sonora da peça de teatro Dúvida
e 3 Pianos, em trio com Mário Laginha e
Pedro Burmester; e Motion (2010). Como
concertista, apresenta-se, atualmente, em
piano solo, em trio com Carlos Barretto e
Alexandre Frazão, em duo com o pianista
Mário Laginha ou em trio de pianos com
Mário Laginha e Pedro Burmester.
Carlos Damas
Nasceu em Coimbra. Com a idade de três
anos entrou para o Conservatório Regional.
Em Lisboa estudou violino com Vasco Brôco, Leonor Prado (aluna de Carl Flesch) e
Ale­xandra Mendes. Estreou-se como solista aos quinze anos, acompanhado pela então Orquestra da Radiodifusão Portuguesa.
Viveu em Paris, onde foi aluno de Jacqueline
Lefèvre e do mestre Ivry Gitlis. Durante a sua
estada na cidade manteve encontros regulares com Sir Yehudi Menhuin, que o orientou no plano artístico e violinístico. Fez a estreia em Paris do Concerto para violino do
compositor português Luís de Freitas Branco. Em 1997 teve o privilégio de ser o único
músico ocidental a ser convidado a participar
no Quinto Festival de Artes da China. Carlos
Damas tem-se apresentado nas mais importantes salas de concerto e festivais interna­
cionais, em recital, a solo com orquestra e
em formações de música de câmara.
O compositor Sérgio Azevedo dedicou-lhe
as suas Sonatas para violino solo, bem
como a peça Reflections on a Portuguese
Lullaby, que teve a sua estreia em San
José, nos Estados Unidos.
O seu CD Modern Solo Violin Music,
editado pela Dux Recordings de Varsóvia,
mereceu os elogios da crítica especializada
internacional. Assinou, entretanto, contrato com a editora Naxos e o primeiro CD
sairá em 2011, com as Sonatas para violino
e piano de Luís de Freitas Branco. Também
em 2011 irá gravar em CD a obra de câmara de António Fragoso para a editora
Brilliant Classics.
Carlos Damas foi recentemente convidado
para lecionar master-classes no Peabody Ins­
titute em Baltimore, conceituada universidade norte-americana, e para se apresentar
em vários concertos no ano de 2011 em
Washington D.C.
Chen Halevi
Considerado um dos clarinetistas de
referência da atualidade, Chen Halevi tem
interpretado com igual sucesso recitais,
concertos ou música de câmara, num
repertório que abrange vários períodos e
estilos musicais.
Como solista, colaborou com algumas das
mais importantes orquestras da América,
Europa e Japão, e com vários consagrados agrupamentos de música de câmara.
Participa regularmente nos mais famosos
festivais de música do mundo.
É conhecido pela sua paixão pela música
contemporânea, tendo tido o privilégio
de interpretar várias peças a si dedicadas
por eminentes autores do nosso tempo.
Recentemente, na temporada de outono
de 2010, interpretou Kraft, do finlandês
Magnus Lindberg, com a New York Phi­
lharmonic. Doppelgaenger, o mais recente
concerto para clarinete do compositor alemão Sven Ingo Koch, encomendado pelo
Bayerischer Rundfunk é uma das aguardadas estreias que acontecerá em breve.
Em 2007, fundou a ClaRecords com o
obje­tivo de encomendar, produzir e gravar
novos trabalhos de reconhecidos ou ­jovens
promissores compositores da atualidade.
A ClaRecords trabalha também com autores de outros géneros artísticos, procurando promover o diálogo entre as várias formas da arte do século XXI.
Halevi dedica-se igualmente ao ensino,
promovendo master-classes um pouco
por todo o mundo e lecionando clarinete
na Hochschule für Music Trossingen, na
Alemanha.
Dora Rodrigues
Diplomou-se no Conservatório Calouste
Gulbenkian, completou a licenciatura na
Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto, e prosseguiu os seus
estudos em Itália. Atualmente estuda com
Elisabete Matos, em Madrid, e também
com Enza Ferrari.
Estreou-se com o Círculo Portuense de
Ópera. No Teatro de São Carlos, destacam-se as participações nas óperas Ariadne
auf Naxos, que interpretou também em
Modena e Ferrara, La Bohème, Così fan
Tutte, L’Elisir d’Amore, Four Saint in Three
Acts, a tetralogia Anel de Nibelungo, ­assim
como em vários concertos integrados no
âmbito das temporadas sinfónicas.
Projetos recentes incluem a sua estreia
na ópera D. Chisciotte de Manuel Garcia
no Teatro de la Maestranza, em Sevilha.
Na última temporada gravou com a Royal
Liver­pool Philharmonic Il Segreto di Susanna, de Wolf-Ferrari. Apresentou-se com a
Orquestra da União Europeia em Londres
com Laurent Pillot, concerto gravado ao
vivo pela etiqueta The Classical Recording
Company. Foi também selecionada para
participar no conceituado BBC Cardiff
Singer of the World, onde se apresentou
com a Welsh National Orchestra sob a
direção de Paul Daniel.
Trabalhou sob a direção musical de Dona­
to Renzetti, Emilio Pomarico, Ferreira
Lobo, Cesário Costa, João Paulo Santos,
Jonathan Webb, Marc Tardue, Michael
Zilm e Laurence Foster, entre outros, e dire­
ção cénica de Graham Vick, Bob Wilson,
João Lourenço, Luís Miguel Cintra, Tony
Servillo, Mario Martone e Nuno Carinhas.
Em 2003 cantou ao lado de Jose Carreras
num tributo em sua homenagem realizado
em Coimbra, sob a direção do maestro
Ferreira Lobo.
Em 2001 foi-lhe atribuído o Prémio Ribeiro
da Fonte, pelo Ministério da Cultura.
Edicson Ruiz
Nasceu em Caracas em 1985. Aos 11 anos
iniciou-se no contrabaixo. Desde então,
teve como professores e mentores Felix
Petit, Janne Saksala e ainda Klaus Stoll,
da Academia da Orquestra Filarmónica de
Berlim.
Apenas com 15 anos, Edicson Ruiz foi o
mais jovem vencedor de sempre do 1.º
Prémio da Sociedade Internacional dos
Contrabaixistas, em Indianápolis. Dois anos
depois, integrou a secção de contrabaixos
da Filarmónica de Berlim, tornando-se o
mais jovem músico a integrar a orquestra.
Tem também uma intensa atividade enquanto solista, apresentando-se frequentemente em recital ou acompanhando
outras orquestras em diversas salas e
conceituados festivais. Gravou transmissões ao vivo para a rádio e a televisão
na Europa, na Venezuela e nos Estados
Unidos. Integra ainda o Philharmonic’s
Double Bass Sextet.
Em 2002, o governo venezuelano honrou
Edicson Ruiz com a “Orden José Felix
­Ribas” e, um ano depois, foi eleito um dos
Junior Chamber International’s Ten Outs­
tanding Young Persons of Venezuela.
Peças escritas especialmente para Edicson Ruiz e estreadas por ele incluem D K
Son, de Efrain Oscher, e Concertos para
Contrabaixo da autoria do venezuelano
Paul Desenne e do mexicano Arturo Pantaleón.
Eduarda Melo
Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian
de Braga. Recentemente foi galardoada
com o 2.º Prémio no prestigiado Concurso
Internacional de Canto de Toulouse.
>
109
110
Em concerto, destacam-se as interpreta­
ções de Requiem de Mozart, Giuditta
de Francisco António de Almeida, Pulci­
nella de Stravinsky e O King de Berio.
Em ópera, foi Giannetta (Elisir d’Amore,
Donizetti), Ruth (Paint Me, Luís Tinoco),
Musetta (La Bohé­me, Puccini), Frasquita
(Carmen, Bizet), Young Woman (The Saint
of Bleecker Street, Menotti), Vincenette
(Mireille, Gounod), Spinalba (La Spinalba,
Francisco António de Almeida), Ascanio (Lo
Frate Nnamorato, Pergolesi), Zemina (Die
Feen, Wagner), Vespina (L’Infedeltà Delusa,
­Haydn), Elle (La Voix Humaine, Poulenc),
Maria Luisa (La Belle de Cadix, Lopez),
Cherubino (Bodas de Fígaro, Mozart),
Gismonda (Ottone, Handel), Papageno
(Flauta Mágica, Mozart), João Pestana e
Fada do Orvalho (Casinha de Chocolate,
Humperdinck), Madame Robin (Le Fifre
enchanté, Offenbach), Vera (A Little Madness in the Spring, António Pinho Vargas),
Pastora (A Montanha, Nuno Côrte-Real) e
Rapaz de Bronze (Rapaz de Bronze, Nuno
Côrte-Real).
Foi dirigida pelos maestros Marc Min­
kowsky, Martin André, Cesário Costa, Ma­
nuel Ivo Cruz, Laurence Cummings, William
Lacey, Jean-Sébastien Béreau, Franck Ollu,
Jérémie Rhorer e Michael Zilm.
Destacam-se, como compromissos futuros, os papéis Stefano, em Romeo et
Juliette, de Gounod, e Nádia em La Veuve
Joyeuse de Lehàr.
Filipe Pinto-Ribeiro
Nasceu em 1975 no Porto. É um dos
músicos portugueses com maior prestígio
internacional. Pianista laureado, apresenta-se assiduamente nas mais importantes
salas de concerto e festivais em Portugal
e no estrangeiro. As suas interpretações,
profundamente emocionais e eruditas, são
reconhecidas como ímpares pelo público e
pela crítica especializada.
Estudou no Conservatório Tchaikovsky de
Moscovo sob a orientação da professora L.
Roschina, tendo concluído com a máxima
classificação o doutoramento em perfor­
mance musical – piano. Gravou diversos
CD que obtiveram excelente recetividade
por parte do público e da crítica musical.
Apresenta-se frequentemente a solo com
diversas orquestras e maestros, como as
orquestras filarmónicas da Eslováquia e da
Arménia, a Orquestra Nacional do Porto, a
Metropolitana de Lisboa, a Charlemagne
Orchestra for Europe e a Orquestra de
Câmara do Kremlin, sob a direção, entre
outros, de J. Nelson, C. Olivieri-Munroe,
M. Rachlevsky, L. Izquierdo, B. Van de
Velde e M. Tardue. Tem-se apresentado
em parceria com os músicos G. Caussé,
J. Van Dam, P. Moraguès, A. Kniazev, C.
Cerovsek, E. Nebolsin, G. Hoffmann e C.
Poltéra, entre outros. É diretor artístico do
DSCH – Schostakovich Ensemble, ensemble em residência no Centro Cultural de
Belém. Orienta frequentemente master-classes e é professor de piano na Universidade Católica Portuguesa.
Gary Hoffman
Nasceu em Vancouver, no Canadá. Fez
a sua estreia em recital, aos 15 anos, no
Wigmore Hall de Londres. Com 22 anos
tornou-se o mais jovem docente a ser
nomeado na história da Indiana University
School of Music, onde permaneceu oito
anos. É frequentemente convidado para
orientar master-classes.
É um dos mais importantes violoncelistas
da atualidade. Nas suas memoráveis interpretações alia à maestria instrumental
a beleza do som e a sensibilidade poética.
A sua projeção internacional acontece
depois de ter sido o primeiro americano a
ganhar o Concurso Internacional de Violoncelo Rostropovich de Paris, em 1986.
Como solista, atuou com as principais
orquestras do mundo, nomeadamente as
de Chicago, Cleveland, Filadélfia, Londres,
Montreal, Toronto e São Francisco, sob
a direção dos afamados maestros A.
­Previn, C. Dutoit, J. Levine, K. Nagano, M.
Rostropovich, A. Davis e H. Blomstedt. É
frequentemente convidado por diversos
quartetos de cordas, como o Emerson,
Tóquio, Borromeo, Brentano e Ysaye, e
é membro da Chamber Music Society do
Lincoln Center. Em recital, já se apresentou
nas principais salas mundiais, e é habitualmente convidado para tocar em importantes festivais, como os de Aspen, Bath,
Helsínquia, Verbier, Schleswig-Holstein,
San­ta Fé, Marlboro, o Festival Interna­
cional de Música de Mstislav Rostropovich
em Evian, o Festival Casals em Prades ou o
Mostly Mozart, entre outros.
Gravou para a BMG (RCA), Sony, EMI e Le
Chant du Monde. Atualmente, reside em
Paris. Toca num violoncelo Nicolo Amati
de 1662, instrumento que pertenceu a
Leonard Rose.
Gérard Caussé
É considerado um dos grandes intérpretes
dos nossos dias, sendo um dos poucos
que, desde Primrose, conseguiu destacar
a viola-d'arco como instrumento solista.
Este reconhecimento é extensivo às gra­
vações que realizou, tanto do repertório
solista como do repertório de câmara,
recebendo grandes elogios da crítica musical internacional. Colabora regularmente
com outros destacados músicos, como E.
Krivine, C. Dutoit, K. Nagano, G. Kremer,
M. J. Pires, A. Dumay e F. Duchable. Foi
diretor artístico e maestro da Orquestra
de Câmara Nacional de Toulouse, entre
2002 e 2004. Recentemente tocou com as
seguintes orquestras: Orquestra Nacional
de França, Filarmónica da Rádio France,
Orquestra Nacional de Lille, Orquestra
do Capitólio de Toulouse, Filarmónica
de Montpellier, Orquestra de la Suisse
Romande, Filarmónica do Luxemburgo e
Orquestra Sinfónica de São Paulo, entre
outras. Revelou-se internacionalmente
du­ran­te os anos setenta, como membro
fundador e viola solista do Ensemble Intercontemporain de Pierre Boulez. Desde
então, destacou-se como intérprete do
repertório contemporâneo, tendo-lhe sido
dedicados mais de dez concertos. Percorreu também uma importante carreira
como solista de concerto, com as mais
prestigiadas orquestras mundiais, interpretando um extenso repertório, desde o
Barroco, passando por Mozart, até Bruch,
Berlioz, Bartók, Stravinsky, Britten, Walton
e Martinů. Toca uma viola Gasparo de Salo
de 1560 e é professor no Conservatório de
Paris. A sua ampla discografia inclui mais
de 35 gravações para a EMI, Erato, Philips,
Teldec, Virgin Classics, Harmonia Mundi e
Deutsche Grammophon.
H. J. LIM
Um dos segredos mais bem guardados da
música coreana, H. J. Lim revelou-se na
cena musical internacional em novembro
de 2009, através da circulação no YouTube
do seu recital no Stadtcasino de Basileia,
que incluía a integral dos Etudes-Tableaux
de Rachmaninoff e a integral dos Etudes
de Chopin. Devido ao grande número de
visitas, o vídeo serviu para a constatação
de que, atualmente, o público de música
clássica está muito presente online e,
claramente, H. J. Lim conquistou-o.
Esta pianista de 24 anos iniciou os seus
estudos musicais com apenas três, sob a
orientação de Jong-Sun Kim. O seu talen­
to foi rapidamente reconhecido e aos 12
anos, H. J. Lim mudou-se para França, onde
veio a diplomar-se com distinção no Conservatoire National Région de Compiègne,
vencendo o 1.º prémio da classe de Marc
Hoppeler.
Em agosto de 2010, em Paris, H. J. Lim
apresentou a integral das sonatas para
piano de Beethoven durante oito dias
consecutivos, em 2011 regressou à Coreia
do Sul para a sua aguardada estreia em
recital no prestigiado Centro de Artes de
Seul. Apresenta-se também esta temporada em importantes salas e festivais internacionais, como o Stadtcasino de Basileia,
a Sala Verdi em Milão, o Festival de Moulin
d’Andé, o Festival Schloss Mirabell em
Salzburgo, o Festival Europeu de Música
Clássica em Nápoles, o Festival Bayreuth
Easter, o Festival De Rode Pomp em Gent e
o Festival Kamermuziek em Houtland.
Isabel Alcobia
Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, na classe da cantora Filomena Amaro e
posteriormente, como bolseira do Governo
espanhol, na Escola Superior de Canto de
Madrid onde concluiu o Curso Superior
de Canto na classe de Marimi Del Pozo,
em 1994. Ainda nesse ano seguiu para os
Estados Unidos da América onde concluiu,
como bolseira do Ministério da Cultura, o
mestrado em Canto na Universidade de
Cincinnati, em 1996, com Barbara Honn.
Frequentou diversos cursos de aperfeiçoamento e interpretação em Portugal e no
estrangeiro, tendo trabalhado com Helmut
Lips, Isabel Penagos, Helena Lazarska e
Gundula Janowitz.
Tem desenvolvido intensa atividade solística em Portugal, Espanha e EUA, e também pelo Oriente, tendo já atuado com
o Coro e Orquestra da Capella Real de
Madrid, o Coro e a Orquestra Gulbenkian,
o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e
a Orquestra Sinfónica Portuguesa, com a
Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Coro
Regina Coeli de Lisboa, o Chamber Choir
de Cincinnati, a Cincinnati Philarmonia Orquestra e a Cincinnati Concert Orquestra,
a Orquestra da Juventude Musical Portuguesa, a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e
a Orquestra Filarmonia das Beiras.
Na ópera são de destacar as interpretações
de Euridice (Orfeo), Pamina (A Flauta
Mágica), Musetta (La Bohème), Giannetta (O Elixir do Amor), Julieta (Romeu e
Julieta), Gilda (Rigoletto) e Isabel (Floresta
de Eurico Carrapatoso). Obteve diversos
prémios em concursos de canto, sendo de
salientar o 1.º Prémio no concurso de canto em Cleveland International Einsteddfod
(Inglaterra), e ainda no concurso Three
Arts scholarship, em Cincinnati (EUA).
É professora de Canto no Departamento
de Comunicação e Arte da Universidade
de Aveiro.
jack liebeck
Em 2002, Jack Liebeck estreou-se em reci­
tal no Wigmore Hall com lotação esgotada.
Apresentou-se em muitos dos mais importantes festivais, como o Harrogate, Reims
e Spoleto.
Em 2009 assinou um contrato de exclusividade com a editora SONY Classical, e o seu
último disco com a integral das sonatas de
Brahms foi lançado em julho de 2010 e foi
muito aclamado pelos críticos.
Foi nomeado para os Classical BRITS 2010
como “Young British Performer of the Year”.
Das suas recentes atuações destacamos
o Concerto de Dvořák com a Queensland
Symphony Orchestra, o Concerto de Sibelius, Poème de Chausson e Introduction
and rondo capriccioso de Saint-Saëns, com
a BBC National Orchestra of Wales, e dois
concertos de música de câmara com Brett
Dean no Wigmore Hall. Em breve pode ser
ouvido no Concerto de Bruch com a London Philharmonic Orchestra.
É professor de violino na Royal Academy of
Music e também diretor artístico do Oxford
May Music Festival. Toca no violino “ExWi­lhelmj” de J. B. Guadagnini de 1785.
Jan Lisiecki
Aclamado mundialmente pela crítica, o
canadiano Jan Lisiecki é, aos 15 anos, uma
das mais surpreendentes revelações da
música da atualidade.
A sua estreia com orquestra aconteceu
quando tinha apenas nove anos e, desde
então, atuou mais de cinquenta vezes
com orquestras de todo o mundo, em
salas como o Carnegie Hall, o Warsaw
Philharmonic Concert Hall, o Seoul Arts
Centre e a Salle Cortot. Partilhou o palco
com intérpretes consagrados como Yo-Yo
Ma, Pinchas Zukerman, James Ehnes e
Emanuel Ax.
O seu CD de estreia, uma gravação de
duas apresentações ao vivo dos concertos de Chopin com a Sinfonia Varsóvia e
Howard Shelley, foi lançado em 2010 e
venceu o prestigiado Diapason d’Or Découverte. Outros prémios incluem o Grand
Award na Canadian Music Competitions
e no Canadian Music Festival, ambos em
2008, o prémio Révélations Radio-Canada
>
111
Musique em 2010 e Jeune Artiste des Radios Francophones em 2011. Saiu igualmente vencedor noutras competições nos
Estados Unidos, Itália, Inglaterra e Japão.
Futuros compromissos incluem apresentações no prestigiado Verbier Festival, o
concerto de abertura da temporada da
Orchestre de Paris, sob a direção de Paavo
Järvi, e recitais que constituirão a sua estreia em diversas cidades europeias. Lisiecki assinou recentemente pela prestigiada
editora com a Deutsche Grammophon.
JAVIER PERIANES
112
Nasceu em Nerva, Huelva, em 1978. O
jovem pianista apresentou-se já em con­
ceitua­dos festivais e salas de concerto,
como os festivais de Santander, Granada,
Canárias, Peralada e San Sebastián, o
Auditório Nacional de Madrid, o Palau
de la Música de Barcelona, o Palau de les
Arts Reina Sofía, o Carnegie Hall em Nova
Iorque, o Concertgebouw em Amesterdão,
os conservatórios de Moscovo e Xangai,
os festivais internacionais de Ravinia e Gilmore em Chicago, o Festival de La Roque
D’Anthéron e o Konzerthaus de Berlim
Perianes trabalhou sob a direção de consagrados maestros como Daniel Barenboim,
Rafael Frühbeck de Burgos, Daniel Har­ding,
Jesús López Cobos, Lorin Maazel, Libor
Pešek Vasili Petrenko, Josep Pons e Antoni
Wit, entre outros.
Compromissos recentes e futuros incluem
concertos com orquestras espanholas e
internacionais, entre elas a Joven Orquesta
Simón Bolívar da Venezuela, sob a batuta
de Rafael Frühbeck de Burgos e Diego
Matheuz, a Orquestra de la Comunitat
Valenciana com Zubin Mehta, e a BBC
Symphony com Josep Pons.
As suas mais recentes gravações incluem
Música Callada de Mompou, Impromptu e
Klavierstücke de Schubert e as sonatas de
Manuel Blasco de Nebra.
Jill Lawson
Nasceu no México em 1974. Aos oito
anos iniciou os seus estudos de piano
na Academia de Música de Antuérpia.
Diplomou-se em 1995 com Magna cum
Laude em piano e música da câmara no
Conservatório Real de Antuérpia, na classe
de Levente Kende.
Em 1992, foi aceite na prestigiosa escola Chapelle Musicale Reine Elisabeth em
Waterloo (Bruxelas) e após três anos foi
premiada com grande distinção.
Continuou os seus estudos com Jan Wijn
no Conservatório de Amesterdão e com
Leon Fleisher e Ellen Mack no Peabody
Institute em Baltimore, onde, em 2004,
obteve o mestrado de Música em piano e
música de câmara.
Foi distinguida com vários prémios em competições nacionais e internacionais, como
por exemplo o 2.º Prémio no Concurso
Internacional Vianna da Motta (1997), o 4.º
Prémio no Concurso Internacional Schubert
(Dortmund, 2001), 1.º Prémio no Concurso
Cidade de Covilhã (2001) e 2.º Prémio no
Concurso de Interpretação (Estoril, 2001).
Apresenta-se frequentemente em recitais
a solo ou, como solista, com numerosos
agrupamentos de câmara e orquestras,
na Europa e nos EUA, ou ainda acompanhando cantores. Colabora frequentemente com a Academia Nacional Superior
de Orquestra – Metropolitana.
Joana Gama
Nasceu em Braga, onde iniciou os seus
estudos musicais. Licenciou-se em 2005
na Escola Superior de Música de Lisboa
e concluiu, em 2010, o mestrado em
interpretação na Universidade de Évora,
sob a orientação de António Rosado. Foi
galardoada no Prémio Jovens Músicos nas
categorias de piano, acompanhamento ao
piano e música de câmara. Tem colaborado com os agrupamentos portugueses
Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras,
Lisbon Ensemble 20/21, OrchestrUtopica
e Sond’Ar‑te Electric Ensemble. Apresentou‑se em concerto em Espanha, França,
Inglaterra, Escócia, Bulgária, Noruega e
Japão, e em salas portuguesas como o
Teatro São Luiz, Museu do Oriente, Casa
da Música ou Theatro Circo. Tocou a solo
no festival Música Portuguesa Hoje (2008);
e nos Dias da Música em Belém (2010) no
CCB. Foi a pianista escolhida para representar Portugal no projeto Music Masters
on Air, que envolve a música de Franz
Liszt, e na estreia de obras para piano de
vários compositores europeus no Festival
do Estoril (2011). O seu gosto por projetos
multidisciplinares levou-a a participar em
Antropia, documentário de Eduardo Brito,
Danza Ricercata, com a coreógrafa Tânia
Carvalho e Benny Hall, peça de teatro de
Esticalimógama.
João Merino
Licenciou-se na Escola Superior de Música
e Artes do Espetáculo, classe de Oliveira
Lopes, tendo-lhe sido atribuído o Prémio
Eng. António de Almeida, que distingue
os melhores alunos finalistas das universidades artísticas portuenses.
Aperfeiçoou técnicas com o tenor Francisco Lázaro, em Barcelona, e com João
Lourenço, em Lisboa.
Apresentou-se nas óperas: Cosi fan tutte,
Bodas de Fígaro, D. Giovanni e Flauta
Mágica, de Mozart; Barbeiro de Sevilha e
La occasione fa il ladro, de Rossini; La Traviata e Rigoletto, de Verdi; Tosca e Gianni
Schichi, de Puccini; e Maria de Buenos
Aires, de Piazzolla, entre outras. Como
ator, foi D. Alonso em D. João, de Molière,
numa encenação de Ricardo Pais.
Em concerto, interpretou obras como
Messias de Handel; Magnificat e Weina­
chtoratorium de Bach; Criação de Haydn;
Missas e Requiem de Mozart; 9.ª Sinfonia
de Beethoven; Stabat Mater de G. Rossini;
Requiem de Fauré; e Carmina Burana de
C. Orff.
Apresentou-se em Portugal, Espanha
e Itália sob a direção dos consagrados
maestros Cesário Costa, F. Totan, Giovanni
Andreoli, Gregor Bühl, H. Dyck, Ivo Cruz,
Jean Marc Burfin, J. P. Santos, Johannes
Stert, J. F. Lobo, Julia Jones, J. Lombana,
Lothar Koenigs, Martin Andre, Michail Ju-
rowski, Miguel Ortega, Rui Massena, Omri
Hadari, Toby Hoffman e Xaver Poncette.
Em cena, teve como encenadores André
e. Teodósio, C. Avilez, C. Gruber, C. von
Götz, E. Saggi, N. Graça-Silvestre, Nuno
M. Cardoso, Paulo Matos, P. Konwitschny,
R. Carsen e T. Coleman.
João Rodrigues
Nasceu em Lisboa. Estudou canto na Escola de Música do Conservatório Nacional
com Filomena Amaro e na Escola Superior
de Música de Lisboa com Luís Madureira,
Helena Pina Manique e Elsa Saque.
Integrou os elencos de Porgy and Bess de
Gershwin, Die Meistersinger von Nürnberg
e Parsifal de Wagner e Salome de Strauss,
no Teatro de São Carlos, Le Vin Herbè de
F. Martin no Teatro Aberto, Il Matrimonio
Segreto de Cimarosa, Così fan Tutte de
Mozart, Die Zauberflöte de Mozart, Raphael, reviens! de B. Cavanna, na Fundação
Calouste Gulbenkian, Susana de A. Keil, A
Floresta de Eurico Carrapatoso no Teatro
São Luiz, A Vingança da Cigana de Leal
Moreira, Francesca da Rimini de Rachmaninoff, Bataclan de Offenbach, Jerusalém de Vasco Mendonça e Paint Me de L.
Tinoco na Culturgest.
Cantou com as orquestras da Juventude
Musical Portuguesa, Conservatório da
Covilhã, Gulbenkian, das câmaras de Cascais e Oeiras, Sinfonietta de Lisboa, Filarmonia das Beiras, Sinfónica Portuguesa,
Metropolitana de Lisboa e do Algarve.
Cantou em estreia absoluta O Meu Poe­
mário Infantil de Eurico Carrapatoso, concerto com transmissão direta para a União
Europeia de Rádios, e Oratória Popular de
Nuno Côrte-Real. No Teatro São Luiz, rea­
lizou um recital integrado no Ciclo Novos
Cantores com o pianista Nuno Vieira de
Almeida. Participou ainda no concerto
final da temporada 2007/2008 do Teatro
de São Carlos, na 1.ª edição do Festival
ao Largo, sob a direção do maestro David
Levi. Trabalha regularmente com João
Lourenço.
JOÃO VASCO
Professor de piano no Conservatório Nacional, divide-se entre o ensino e os palcos. Atuou em Espanha, França e Irlanda
e apresentou-se também, a solo ou em
agrupamentos de câmara, em salas como
o CCB, a Gulbenkian, a Culturgest ou o
Teatro D. Maria II.
Fundador da Associação Novo Círculo de
Cultura Musical e do projeto O Guardador
de Canções (estreado no CCB, na edição
de 2010 dos Dias da Música em Belém),
dedica especial atenção à divulgação da
música portuguesa e ao Lied, tendo, neste
âmbito, colaborado com os cantores Rui
Baeta, Luís Madureira, Job Tomé, Alexandra Moura, entre outros.
Em outubro de 2010 apresentou o CD AlémFado, uma compilação de fados com arranjos para piano solo por compositores do jazz
e da música clássica como Mário Laginha,
Vasco Mendonça ou João Madureira.
Em 2011 apresentará mais dois trabalhos
discográficos: Poème Inachevée, com a soprano Alexandra Moura; e 20 Fingers – De
Mozart a Chico Buarque, projeto de piano
a quatro mãos com Eduardo Jordão. É
licenciado pela Escola Superior de Música
de Lisboa e mestre em Artes Musicais pela
Universidade Nova de Lisboa.
Jorge Moyano
Nasceu em 1951. Iniciou os seus estudos
musicais na Fundação Musical dos Amigos
das Crianças. Em 1968, concluiu o Curso
Superior de Piano no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, na classe de
Maria Cristina Lino Pimentel, tendo posteriormente frequentado vários cursos de
aperfeiçoamento sob a orientação de mestres como Helena Moreira de Sá e Costa,
Karl Engel, Claude Helfer, entre outros.
Entretanto, em 1974 terminou o curso de
Engenharia Civil, e somente em 1975, ano
em que entrou para o conservatório como
professor de piano, passou a dedicar-se
exclusivamente à música.
Detentor de diversos prémios nacionais,
exerce atualmente funções docentes na
Escola Superior de Música de Lisboa, e
mantém simultaneamente atividade como
concertista. Nessa qualidade, podem refe­
rir-se as suas participações nas temporadas
de concertos da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro Cultural de Belém, e
ainda em diversos festivais: Sintra, Algarve,
Macau, Galiza, La Roque Anthéron, entre
muitos outros. Participou regularmente na
Folle Journée em Nantes e em Tóquio e na
Festa da Música em Lisboa. Apresentou-se
em concerto em vários países como Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Itália,
Jugoslávia, Canadá, Tunísia.
Tem atuado com variadas orquestras, entre as quais se destacam a Sinfónica Portuguesa, Nacional do Porto, Gulbenkian,
Metropolitana de Lisboa, Sinfónica de
Tóquio, Orquestra de Câmara da Comunidade Europeia, Ensemble Música Viva e
Virtuosi di Kuhmo.
É convidado como membro do júri de
concursos nacionais, tendo igualmente integrado os júris dos concursos internacio­
nais Vian­na da Motta, Cidade do Porto e
Jovens Músicos da Comunidade Europeia.
Editou um CD com obras de Schumann.
José Brandão
Nasceu no Porto. Fez os seus estudos de
piano sob a orientação de Helena Sá e
Costa. Diplomado, em 1986, pelo Conser­
vatório da mesma cidade, foi ainda nesse
ano premiado com o 2.º lugar, ex-æquo,
no Concurso Nacional de Piano da Juventude Musical Portuguesa. Licenciou-se em
Ciências Musicais pela Universidade Nova
de Lisboa.
Na Guildhall School of Music and Drama,
realizou o curso de pós-graduação em
acompanhamento ao piano, tendo-lhe
sido atribuídos os prémios para melhor
pianista acompanhador nos concursos
John Ireland’95 e Schubert Lieder’96.
Naquela escola estudou com Graham
Johnson, complementando o seu aperfeiçoamento em acompanhamento vocal
em cursos com Paul Hamburger, Martin
>
113
Katz e Ruben Lifschitz. Foi-lhe conferido o
grau de Mestre em Música (piano/música
de câmara) pela Universidade de Aveiro,
com uma dissertação sobre as canções de
Filipe de Sousa.
É professor na Escola de Música do Conservatório Nacional, exercendo ainda
funções docentes na Escola Superior de
Música de Lisboa. Esta temporada apresenta-se com a soprano Ana Quintans
na Ópera de Lille, num recital dedicado a
Shakespeare.
Juan Garcia
Collazos
114
Nasceu em Saragoça. Discípulo de Paul
Badura-Skoda, iniciou a sua formação
musical aos onze anos de idade com
Maria Ángeles Balestín. Ingressou posteriormente no Conservatório Superior de
Música de Saragoça, onde concluiu os estudos de composição, música de câmara
e piano. Prosseguiu os estudos de piano
e pianoforte no Conservatório Sweelinck
de Amesterdão, na qualidade de bolseiro.
Estudou piano e música de câmara na
Universidade de Wisconsin-Milwaukee,
nos Estados Unidos da América. Frequentou cursos de aperfeiçoamento com
Dominique Merlet, Stanislav Pochekin,
Stephen Proustman, Almudena Cano,
Ferenc Rados, Lazar Berman, Miguel
Zanetti e Edelmiro Arnaltes, entre outros.
Regressou a Espanha para se aperfeiçoar
com Olga Semouchina, que o acompanha
desde 2000 e que o marcou como músico.
Apresenta-se regularmente a solo e com
orquestra, como membro de grupos de
câmara e acompanhando cantores, tendo
atuado em várias cidades de Espanha,
Portugal, Estados Unidos, Suíça, Holanda,
República Dominicana e Argélia. Interpreta um largo repertório que se estende
do período Barroco até aos nossos dias,
tendo participado em estreias absolutas
de obras contemporâneas. Atualmente é
responsável pelo departamento de piano
no Conservatório Profissional de Música
de Teruel, em Espanha.
KARIN LECHNER
Nasceu em Buenos Aires. Passou grande
parte da sua juventude em Caracas, na
Venezuela, onde iniciou os estudos musi­
cais com a sua mãe, Lyl Tiempo. Aos
cinco anos fazia a sua primeira apresentação pública e aos onze estreava-se com
orques­tra.
Mudou-se entretanto para a Europa, onde
prosseguiu os seus estudos com Maria
Curcio e Pierre Sancan, tendo recebido
ainda aconselhamento musical de Martha
Argerich, Nelson Freire, Daniel Barenboim,
Nikita Magaloff e Rafael Orozco.
Já com 13 anos, Karin Lechner apresentou-se em Washington e, na mesma
tem­porada, no concerto de abertura do
Holland Festival na famosa sala Concertgebouw com a Amsterdam Philharmonic.
Desde então, a sua carreira internacional
intensificou-se, tendo marcado presença
em diversas salas europeias, bem como
nos Estados Unidos, Argentina, Venezuela,
Brasil, México, Uruguai e Japão.
Ao longo da sua carreira, colaborou com
outros prestigiados intérpretes de música
de câmara, como Micha Maiski, Martha
Argerich, Janos Starker e Barbara Hendricks, e apresenta-se regularmente a quatro mãos com o seu irmão, Sérgio Tiempo,
com quem gravou já diversos álbuns.
Aos 13 anos, gravou pela primeira vez
para a EMI obras de Bach, Schumann e
Chopin. Desde então já gravou diversos
álbuns que incluem obras de Beethoven,
Mozart, Schumann, Ravel e Brahms.
Louis Lortie
Pianista franco-canadiano aclamado na
Europa, Ásia e Estados Unidos, estudou em
Montreal com Yvonne Hubert, em Viena
com o especialista em Beethoven Dieter
Weber e com Leon Fleisher, entre outros.
Estreou-se com a Montréal Symphony com
apenas 13 anos, apresentando-se com a
Toronto Symphony três anos depois. Em
1984 ganhou o primeiro prémio na Busoni Competition e foi também laureado
na Leeds Competition.
Apresentou as obras completas de Ravel
em Londres e em Montreal para a BBC e a
CBC e é também conhecido pelas suas interpretações de Chopin. A sua identificação
com as obras de Beethoven consolidou-se
com a apresentação da integral das suas
sonatas para piano no Wigmore Hall de
Londres, no Toronto’s Ford Center, na
Berliner Philharmonie e na Sala Grande do
Conservatório Giuseppe Verdi em Milão. O
jornal Die Welt descreveu as suas apresentações em Berlim como “possivelmente
o melhor Beethoven desde os tempos de
Wilhelm Kempff”. Na sua Montreal natal,
como pianista e também como maestro,
interpretou os cinco concertos para piano
de Beethoven e a integral de concertos
para piano e orquestra de Mozart com a
Orquestra Sinfónica de Montreal.
Lortie fez mais de 30 gravações para a
etiqueta Chandos, cobrindo o repertório
desde Mozart a Stravinsky. A sua gravação
das Variações Eroica de Beethoven venceu
o prémio holandês Edison, em 1991, e o
seu CD com obras de Schumann (incluindo
Bunte Blätter) e Brahms foi considerado
um dos melhores do ano pela BBC Music
Magazine.
Luís Rodrigues
Barítono. Estudou no Conservatório Nacional com José Carlos Xavier e na Escola
Superior de Música de Lisboa com Helena
Pina Manique. Cantou os papéis de Harlekin
(Ariadne auf Naxos), Ping (Turandot), Figaro
(Il barbiere di Siviglia) e Guglielmo (Così fan
tutte) no Teatro Nacional de São Carlos; Papageno (Die Zauberflöte) e Sumo-Sacerdote
(Samson et Dalila – versão de concerto) na
Fundação Calouste Gulbenkian; Mr. Gedge
(Albert Herring) e Eduard (Neues vom Tage)
no Teatro Aberto; Semicúpio (Guerras do
Alecrim e Manjerona) no Acarte, Teatro
da Trindade e Teatro Nacional D. Maria II
(Prémio Bordalo de Imprensa 2000 para
Música Erudita); Marcello (La Bohème) com
o CPO e a ONP no Coliseu do Porto, e com
o São Carlos no CAE da Figueira da Foz;
Tom (The English Cat) com a Cornucópia e a
ONP no Rivoli e São Carlos; Guarda-Flores­
tal (A Raposinha Matreira) com a Casa da
Música no Rivoli; Yoshio (Hanjo) com o São
Carlos na Culturgest; Giorgio Germont (La
Traviata), o papel titular de Don Giovanni e
Iago (Otello) com a Orquestra do Norte; e
Belcore (L’elisir d’amore), Figaro (Il barbiere
di Siviglia) e Escamillo (Carmen) com a EVI
e a ON. Mais recentemente foi Arsénio
em La Spinalba e Marcaniello em Lo frate
‘Nnamorato no CCB, com Os Músicos do
Tejo. Participou na estreia das óperas Outro
Fim, de António Pinho Vargas, e Jerusa­
lém, de Vasco Mendonça, na Culturgest.
Intérprete de reconhecida versatilidade,
Luís Rodrigues apresenta-se também regularmente em concerto e oratória ou em
recitais de música de câmara.
Luísa Tender
Toca piano desde os quatro anos e fez a
sua formação base no Conservatório de
Música do Porto e na Escola Superior de
Música das Artes do Espetáculo do Porto.
No final do curso, em 1997, viajou para os
Estados Unidos onde estudou com Vitalij
Margulis, sendo-lhe atribuída uma bolsa
de estudo da Universidade da Califórnia.
Voltou à Europa em 2000, onde esteve
dois anos no Royal College of Music, em
Londres.
Em 2002 e 2003 recebeu aulas de piano
de Artur Pizarro em Brighton, no Reino
Unido, e em 2004 obteve, após concurso
eliminatório de execução instrumental, o
Diplôme Superieur d´Exécution da École
Normale de Musique de Paris, onde foi
aluna de Marian Ribycki.
Atualmente a lecionar em regime de exclusividade na Escola Superior de Artes
Aplicadas de Castelo Branco, Luísa Tender
continua em permanente formação. A sua
aposta numa formação internacional e
variada prende-se, sobretudo, com a vontade de atingir um nível de competência
muito elevado.
Bach and Forward foi o seu primeiro CD.
Lançado em fevereiro de 2009, gravado no
Royal College of Music, em Londres, ­inclui
interpretações de obras de J. S. Bach, F.
Schubert e C. Debussy. No final de 2009
lançou Página Esquecida, em dueto com
o violoncelista Bruno Borralhinho, editado
pela Dreyer & Gaido (Berlim).
Marcelo Nisinman
Nasceu em Buenos Aires, em 1970. Estudou
bandoneon com Julio Pane e composição
com Guillermo Graetzer em Buenos Aires e
Detlev Müller-Siemens em Basileia.
É convidado com regularidade para colaborar com os mais consagrados músicos,
agrupamentos e orquestras. Tocou, entre
outros, com Gidon Kramer, Gary Burton,
Fernando Suarez Paz, Assad Brothers, a
Philadelphia Orchestra dirigida por Charles
Dutoit, a WDR Big Band dirigida por Vince
Mendoza, a Arpeggione Chamber Orchestra e a Philharmonic Orchestra of Belgrad.
As suas composições caracterizam-se pela
originalidade, partindo das suas origens
em Buenos Aires, são também ricas em
novas formas e técnicas, criando um estilo
muito pessoal que quebra as regras da
chamada “Musica Porteña”.
Em 2008 Marcelo Nisinman foi compositor em residência no Festival de Música de
Câmara de Oxford e, desde então, tem
sido convidado para participar, enquanto
compositor ou intérprete, em vários festivais, incluindo o Festival de Música de Câmara de Kuhmo, na Finlândia, e o Sonoro
Festival, em Bucareste.
Nisinman compôs também alguns traba­
lhos vocais, entre os quais se destacam
Desvios (2009), com texto de Carlos Trafic,
e a sua Nova Versão de Maria de Buenos
Aires (2010), ambos lançados pela Acqua
Records. O seu trabalho Tango foi gravado
pelo agrupamento contemporâneo dina­
marquês Tango Orkestret.
Mário Laginha
Com uma carreira com mais de 20 anos,
Mário Laginha encontrou na sólida formação clássica as ferramentas para evoluir
como intérprete e compositor, desenvolvendo uma identidade própria. É isso que
lhe permite escrever para formações tão diversas como a Big Band da Rádio de Hamburgo, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Filarmónica de Hanôver, o
Remix Ensemble, o Drumming – Grupo de
Percussão e a Orquestra Nacional do Porto.
A sua carreira tem sido construída ao lado
de outros músicos, de forma constante e
intensa, e com raras exceções (o primeiro
disco a solo, Canções e Fugas, foi editado
apenas em 2006).
O seu duo com Maria João resulta num
dos casos mais consistentes e originais da
música portuguesa, com dez discos gravados e a participação nos mais importantes
festivais de jazz do mundo. Com Bernardo
Sassetti partilha o mesmo instrumento,
formação pouco frequente na área do
jazz. Com muito em comum, e também
com acentuadas diferenças, conseguem
um equilíbrio invulgar. Juntaram-se pela
primeira vez em 1998 e gravaram desde
então dois álbuns. Pedro Burmester (com
quem tem um disco gravado) tem sido a
sua principal ponte com a música clássica,
desde finais dos anos oitenta. Em trio com
o Bernardo Moreira e Alexandre Frazão,
talvez a sua formação mais próxima do
jazz, gravou os CD Espaço e Mongrel. Com
grande criatividade, enorme solidez rítmica
e imensa riqueza harmónica e melódica,
tem estado ao lado de músicos excecionais,
como Wolfgang Muthspiel, Trilok Gurtu,
Gilberto Gil, Lenine, Armando Marçal,
Ralph Towner, Manu Katché, Howard Johnson e Django Bates, entre outros.
Mário Redondo
Nasceu em Lisboa, em 1971. Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito de
Lis­boa. Completou o curso de Formação
de Atores na Escola Superior de Teatro e
Cine­ma, e frequentou o Curso de Canto
do Conservatório Nacional. Apresentou-se, como cantor ou ator, em várias salas
de espetáculo nacionais e internacionais.
Na área da ópera, destacam-se as suas
criações de Geronimo em O Matrimónio
Secreto de D. Cimarosa; Sid em Albert
>
115
116
Herring de B. Britten; Sam em Trouble in
Tahiti de Bernstein; Roberto em Os Fugitivos de J. E. Rocha; Lockit em Beggar’s
Opera de Gay/Britten; Ivan Iakovlevitch em
O Nariz de Schostakovich; Conde em As
Bodas de Fígaro de Mozart; Angelotti em
Tosca de Pucinni; e D. Fernando em Fidelio
de Beethoven.
Mantém ainda uma atividade regular de
concerto e recital, destacando-se Swing,
Dig The Rhythm, com música de L. Berns­
tein; Histórias Americanas – A Música de
Leonard Bernstein; Missa em Si menor, de
Bach; e Night Waltz – a música de Paul
Bowles.
Na área do teatro, destacam-se os espetáculos O Rapaz de Papel; O Último Tango
de Fermat; Ópera de Três Vinténs, no papel de Mack da Naifa; Os Sonhos de Eins­
tein, no papel de Einstein; Sweeney Todd,
no papel de Sweeney Todd; Evil Machines;
O Misantropo; O Príncipe de Homburgo; e
Ensaio Aberto.
Em 2008 foi nomeado para o Globo de
Ouro de Melhor Ator de Teatro pelo seu
trabalho em Sweeney Todd.
MARTA ZABALETA
Nasceu em Legazpia (Guipúscoa). Iniciou
os seus estudos musicais com A. Rodrí­guez,
trabalhando depois no Conservatório de
São Sebastião com J. A. Medina. Estudou com D. Merlet no Conservatório de
Paris e com D. Bashkirov, A. Pouvsun e G.
Eguiazarova na Escola Superior de Música
Reina Sofia. Especializou-se em reper­tório
espanhol com Alicia de Larrocha e T. Montenys, na Academia Marshall de Barcelona.
Foi galardoada em prestigiados concursos
internacionais como o Paloma O’Shea de
Santander, Chopin de Darms­tadt e Pilar
Bayona de Saragoça.
Colabora assiduamente com as orquestras
Sinfónica da Galiza, Extremadura, Euskadi,
RTVE, Valência, Bilbau, English Chamber
Orchestra, Sinfónica de Berlim, Sinfónica de
Londres, Granada, Comunidad de Madrid,
Castela e Leão, Krefeld, sob a direção dos
maestros Sir Colin Davis, S. Comissiona,
L. Pfaff, G. Chmura, Harry Christophers,
C. Mandeal, G. Varga, J. Bell, S. Bereau,
M. Venzago, G. Pehlivanian, G. I. Ramos,
M. Bragado, J. J. Mena e C. Wilkins. Colaborou com os quartetos Enesco e Ysaye,
Alternance, Projecto Gerhard, e trabalha
regularmente com o violoncelista Asier
Polo, com quem debutou no Carnegie
Hall de Nova Iorque. Estreou o Concerto
para piano e orquestra Hitzaurre-bi de R.
Lazkano no Festival de Estrasburgo e o
Libro para piano de F. G. Pastor no Festival
Internacional de Santander.
Gravou dois CD com a obra para piano
solo de Rodrigo (EMI – Catálogo Internacional), um CD (Claves) com o Concerto
Basco de Escudero, um CD (RTVE) com o
Concerto para dois pianos e orquestra de
M. Pompey, e um com o violoncelista Asier
Pólo para o BBK.
É professora no Centro Superior de Música
do País Basco, Musikene.
Martin Simpson
Nasceu em Scunthorpe, Inglaterra, em
1952. Mudou-se para os EUA no final da
década de 1980, depois de já ter vários
discos editados a solo desde o início dos
anos 1970 e de ter trabalhado ao lado
de grupos como a Albion Band, Steeleye
Span e com a cantora June Tabor.
Nos EUA continuou a documentar a estreita fronteira entre o folk inglês e as músicas
tradicionais americanas, o country e os
blues, mas também a explorar o contacto
com outras formas musicais como fez ao
lado de Wu Man, cruzando o exotismo
da música oriental com os blues e o folk,
resultando numa música completamente
nova e original. Ao longo da sua carreira
foi nomeado 23 vezes nas 11 edições dos
BBC Radio 2 Folk Awards, mais vezes do
que qualquer outro intérprete, vencendo
por duas vezes o prémio para Músico do
Ano. Ganhou ainda outros prémios, o seu
Prodigal Son foi Álbum do Ano em 2007,
e continua uma carreira em permanente
ascensão com uma música que ora é mais
ritmada e groovy, ora mais melancólica,
por vezes também interpretada no banjo
e na ban­jola. “Um mestre”, escreveu a
revista Mojo sobre este virtuoso.
MÉLANIE BRÉGANT
Acordeonista residente em Lyon, foi a primeira diplomada do novo curso de acor­
deão, aberto em 2002, do Conservatório
Superior de Música de Paris. Depois disso,
obteve na mesma escola o diploma de
Perfectionnement Soliste Instrumental.
Foi laureada com o 1.º Prémio do concurso
Avants-Scènes, em 2007, o Grande Prémio
Internacional Jeunes Talents, em 2008, e
ainda Revelação Clássica de l’Adami em
2009. Apoiada pela Fondation Meyer, apre­
senta regularmente recitais de descoberta
do acordeão nas músicas originais russas,
na música contemporânea e em trans­
crições. Como solista, apresentou-se já em
diversas salas europeias e com diferentes
formações, de entre as quais se destacam
a Orquestra Nacional de Lille e a Orquestra
de Câmara de Genebra. É também solista
convidada dos grupos de música contemporânea 2E2M, Court-Circuit, Vortex, Op
Cit e Instant Donné e participa nos espetáculos Zoo Musique de Jacques Rebotier,
Têtes Pansues de Jonathan Pontier, Bas­tien
et Bastienne, ópera de Mozart com arran­
jos para viola, violoncelo e acordeão, e
Passages, onde, além de acordeonista, participa como atriz e mimo. Leciona, desde
outubro de 2010, na Ecole Nationale de
Musique de Villeurbanne, em França.
no, incluindo o Prémio para a Interpretação da Obra Contemporânea no XIV Concurso Internacional de Música da Cidade
do Porto e, em 1998, o Prémio Revelação
Ribeiro da Fonte, atribuído pelo Ministério
da Cultura.
Atuou em Portugal, Espanha, França,
República Checa e Brasil, nomeadamente
no CCB, Casa da Música, Gulbenkian, São
Carlos, Euskalduna (Bilbau), Rudolfinum
(Praga) e em festivais como os de Sintra,
Póvoa de Varzim, Dias da Música, Folles
Journées (Nantes), Festival Mozart (Corunha) e Quincena Musical (São Sebastião
– Espanha).
Foi solista com as seguintes orquestras:
Orquestra do Algarve, Orquestra APROARTE, Orquestra de Câmara de Praga, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra da
EPMVC, Orquestra Filarmonia das Beiras,
Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Nacional do
Porto, Orquestra Sinfónica Portuguesa e
Sinfonieta de Lisboa. Fez as primeiras audições de Lopes-Graça e J. P. Oliveira.
Gravou um CD duplo com obras de Jorge
Peixinho (Numérica) e, com o violoncelista
Michal Kanka (Praga Digitals), as sonatas
para violoncelo e piano de Weinberg
(Choc Disc e Diapason 5 das revistas Le
Monde de la Musique e Diapason, respetivamente). Gravou ainda as obras para
violoncelo e piano e piano solo de Ernest
Bloch (Diapason 5).
É professor na Escola Superior de Música e
Artes do Espetáculo no Porto.
MIGUEL BORGES
COELHO
NINA SCHUMANN
E LUÍS MAGALHÃES
É natural do Porto. Iniciou os seus estudos
de piano com Amélia Vilar, prosseguindo
a sua formação no conservatório daquela
cidade com Isabel Rocha.
Como bolseiro da Fundação Gulbenkian
estudou na Hochschule fur Musik Freiburg,
com Vitalis Margulis, e na Escuela Superior
de Música Reina Sofia, com Dmitri Bash­
kirov e Galina Egyazarova.
Venceu vários concursos nacionais de pia-
Residentes na África do Sul, onde também
são professores na Universidade de Stellenbosch, os pianistas Nina Schumann,
sul-africana, e Luís Magalhães, português,
formam o duo TwoPianists. Juntos criaram
uma das mais importantes editoras de
música erudita e juntos são considerados
como os melhores intérpretes de Rachmaninoff. Com o disco dedicado a este
compositor, Complete Works for Two
Pianos, ganharam bravos elogios da crítica
especializada mundial. O website allmusic.
com coloca-os entre os 10 melhores do
ano de 2010.
Óscar Carmo
Iniciou os seus estudos musicais em
1998, na Escola Profissional de Artes da
Beira Interior (Covilhã), na classe de Rui
Borba (trompete) e Fernando Jorge Ribeiro
(música de câmara), sendo finalista no ano
de 2004/2005, quando concluiu o curso
de instrumento. Em 2005 ingressou na
Academia Nacional Superior de Orquestra
na classe de Sérgio Charrinho, Rui Mirra e
David Burt (trompete, música de câmara).
Efetuou cursos de aperfeiçoamento com
Allen Vizzuti, Michael Sachs, Matthias
Höfs, Thomas Stevens, Pierre Dutot, entre
outros. Colaborou em várias orquestras
de jovens, entre as quais a Orquestra de
Sopros da União Europeia e a Orquestra
de Jovens da Cidade do Luxemburgo. É
convidado regularmente a colaborar com
a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a
Orquestra do Algarve. Atualmente é membro da Orquestra de Câmara Portuguesa.
Pavel Gomziakov
Nasceu em 1975 na cidade de Tchaikovsky,
na região russa de Ural. Iniciou os seus
estudos de violoncelo com apenas nove
anos e aos 14 mudou-se para Moscovo
para ingressar na Escola Gnessin, e, mais
tarde, no Conservatório de Moscovo, onde
estudou com Dmitri Miller. Estudou ainda
com Natalia Shakhovskaya na Escola Superior de Música Reina Sofia, em Madrid,
e com Philippe Muller no Conservatório
Nacional de Paris. Como solista e músico
de câmara, apresentou-se em várias salas
de concerto em todo o mundo, tendo
colaborado com os consagrados artistas
Eldar Nebolsin, Zakhar Bronn, Augustin
Dumay, Louis Lortie, José Luis Garcia,
Asencio Jesus Lopez Cobos, Antoni Ros
Marbà, Christopher Wareen-Green, Trevor
Pinnock, e muitos outros.
Desde a sua apresentação, em 2007, com
Maria João Pires no Festival Escorial, em
Espanha, os dois percorreram as mais
prestigiadas salas da Europa, América do
Sul e Ásia, entre elas o Théâtre Champs
Elysées (Paris), o Victoria Hall (Genebra), o
Teatro Real (Madrid), a Konzerthaus (Vie­
na), o CCB (Lisboa) e o Sumida Tryphony
Hall (Tóquio). A gravação da Sonata para
Violoncelo de Chopin que ambos fizeram
em 2009 para a Deutsche Grammophon
recebeu a nomeação para os Grammys.
Em abril de 2010, Gomziakov estreou-se
com enorme sucesso nos Estados Unidos
da América com a Chicago Symphony Orchestra, sob a batuta de Trevor Pinnocke,
e foi de imediato convidado a colaborar
de novo com esta orquestra na temporada
2011/2012.
Pedro Jóia
Inicia o estudo da guitarra aos sete anos
de idade com o professor Paulo Valente
Pereira na Academia dos Amadores de
Música. Aos 14 anos transfere-se para
o Conservatório Nacional onde, mais
tarde, conclui o curso de guitarra sob a
orientação do professor Manuel Morais.
A partir dos 16 anos inicia o estudo da
guitarra flamenca, primeiro de forma
autodidata e mais tarde frequentando
cursos de verão com os guitarristas Paco
Peña e Gerardo Nuñez. É, no entanto,
com Manolo Sanlúcar que estabelece
uma relação de aluno mais duradoura,
até aos seus 25 anos. Desde os 19 anos,
apresentou-se a solo ou integrado em
diversas formações em diversos países
da Europa, Ásia, América do Sul e África.
Tem cinco CD gravados em nome próprio
e prepara, em 2011, a edição de um disco
ao vivo gravado com a Orquestra de Câmara Meridional. Compõe regularmente
música para teatro e curtas-metragens
cinematográficas. Lecionou na Universidade de Évora entre 1997 e 2003. No
mesmo ano partiu para o Brasil onde
residiu até 2007, trabalhando com presti­
giados músicos como Ney Matogrosso, Ya-
>
117
mandú Costa e Gilberto Gil, entre outros.
Em 2008 vence o Prémio Carlos Paredes
com o disco À espera de Armandinho,
onde aborda a obra do guitarrista lisboeta
da primeira metade do século XX, Arman­
do Augusto Freire.
Reginald
R. Robinson
118
Pianista de ragtime, jazz e blues clássicos
do principio do século XX, nasceu e foi
criado em Chicago. O seu interesse pelo
ragtime surgiu em 1986, ainda no liceu
e após um programa de artes financiado
pela cidade. O programa chamava-se
De Bach ao Bebop e foi liderado pelo
trompetista de jazz Orbert Davis. O workshop abrangia estilos muitos diferentes,
de Beethoven a Miles Davis, mas o pianis­
ta interessou-se sobretudo pelo ragtime,
particularmente ao ouvir The Entertainer
de Scott Joplin. Após esta experiência,
Reginald procurou informar-se sobre este
estilo clássico do jazz, consultando livros
e enciclopédias. Leu várias obras sobre o
grande compositor Scott Joplin e pediu à
sua mãe para lhe comprar um teclado.
Em 1987, como os seus pais não podiam
pagar-lhe as aulas de piano, iniciou a
sua aprendizagem consultando todos
os livros de música que ia encontrando
em sua casa, analisando nota a nota as
transcrições de ragtime e comparando-as
a gravações fidedignas de piano rolls da
mesma música. Em 1988 conseguiu um
emprego para pagar algumas lições no
American Conservatory of Music.
Em 1992 foi encaminhado para o pianista
Jon Weber, de quem se tornou amigo e
que o ajudou a gravar o seu primeiro registo em estúdio. Posteriormente enviou este
registo para o produtor Robert Koester da
Delmark Records, que de imediato assinou
com ele um contrato. Reginald gravou três
CD para esta lendária editora.
Entre gravar, executar e compor, Reginald
está a trabalhar no seu mais ambicioso projeto de sempre, um filme sobre a história e
desenvolvimento do ragtime.
Rosa Maria
Barrantes
Nasceu em Lima, no Peru. Iniciou os estudos
de piano na sua cidade natal e apresentouse desde muito cedo em diversas salas de
concerto. Em 1991 ingressou na Universidade Católica do Chile, concluindo com
distinção a licenciatura em música – piano,
em 1996, na classe de Maria Iris Radrigán.
Estudou no Conservatório Tchaikovsky de
Moscovo sob a orientação da professora
e pianista Natalia Troull, onde concluiu o
doutoramento em performance musical
– piano. Estudou ainda música de câmara
com Alexander Bakhchiev. Como solista,
ou integrada em agrupamentos de música
de câmara, apresentou-se em vários países
europeus e americanos, participando frequentemente em festivais internacionais
de música e colaborando com os músicos
Filipe Pinto-Ribeiro, Tatiana Samouil, Justus
Grimm, Anna Samuil, Ramón Ortega, Yuri
Kissin, Lara Martins, Zlata Rubinova, entre
­outros. Gravou um CD em duo com Filipe
Pinto-Ribeiro, interpretando obras de G.
Fauré, E. Satie, C. Debussy, F. Poulenc e M.
Ravel (Numérica 1119). Foi pianista acompanhadora na Universidade das Artes de
Berlim e na Escola Superior de Música de
Lisboa. É professora de piano no Instituto
Piaget, no Conservatório Metropolitano de
Lisboa e na Escola Profissional Metropolitana.
SERGIO TIEMPO
Nasceu em Caracas, na Venezuela. Iniciou
os estudos de piano com a sua mãe, Lyl
Tiempo, aos dois anos e estreou-se em
concerto com apenas três. Mais tarde, na
Fondazione per il Pianoforte, em Como,
Itália, trabalhou com Dimitri Bashkirov,
Fou Tsong, Murray Perahia e Dietrich Fis­
cher-Dieskau.
A sua estreia profissional aconteceu quando tinha 14 anos, no Concertgebouw,
em Amesterdão. Pouco tempo depois,
apresentou-se noutras importantes salas
europeias e iniciou uma digressão pelos
Estados Unidos da América. Desde então,
tocou com as mais consagradas orquestras
mundiais e é frequentemente convidado
para os mais conceituados festivais. Atua
regularmente sob a batuta do seu compatriota e amigo Gustavo Dudamel e com a
Orquestra Simón Bolívar.
Fez já numerosas gravações, muito aclamadas pelo público. Para a EMI e com a
etiqueta Martha Argerich Presents, gravou
Pictures at an Exhibition, de Mussorgsky,
Gaspard de la Nuit, de Ravel, e três Nocturnos, de Chopin. Para a Deutsche Grammophon, gravou várias vezes com Mischa
Maisky. Mais recentemente, gravou com a
irmã, Karin Lechner, uma compilação de
música francesa para dois pianos intitulada
La Belle Epoque, para a Avanti Classic.
Na presente temporada, Tiempo regressa
à Orchestre Philharmonique de Radio
France, em Paris, e inicia uma digressão
pela América do Sul. Prepara-se para
várias apre­sentações no Reino Unido,
estrean­do-se com a BBC Symphony, a City
of Birmingham Symphony e a Northern
Sinfonia, bem como com a australiana
Queensland Orchestra e a neozelandesa
Auckland Phi­lharmonia. Faz ainda a sua
primeira apresentação em recital no
Queen Elizabeth Hall em Londres, inserido
na International Piano Series 2011.
TERESA PALMA
PEREIRA
Iniciou os seus estudos pianísticos aos sete
anos. Licenciou-se na Escola Superior de
Música de Lisboa, com 19 valores, sob
orientação de Tania Achot. Estudou ainda
com Artur Pizarro, Grigory Gruzman e Jan
Michiels e participou em master-classes
com Helena Sá e Costa, Sequeira Costa,
Paul Badura-Skoda, Dimitri Bashkirov, entre
outros. Atualmente estuda com Claudio
Martinez-Mehner.
Foi laureada com vários prémios nacionais
e internacionais, como o 1.º prémio no
Concurso Internacional Maria Campina,
o 2.º prémio da Fundação Rotária Portuguesa, o Diploma de Mérito no Concurso
Città di Barletta, em Itália, e o 2.º Prémio
e menção especial do júri no Concours
International de Piano Son Altesse Royal la
Princesse Lalla Meryem, em Marrocos.
Após concluir mestrado em Performance,
realizou uma pós-graduação no Conser­
vatório Real de Bruxelas, onde venceu um
concurso para se apresentar como solista
com a Orquestra de Câmara de Bruxelas.
Realizou recitais em diversas salas portuguesas e internacionais: Palácio Foz,
Auditório Ruy de Carvalho, Fundação
Engenheiro António Almeida, Ordem dos
Médicos no Porto, Centro Cultural Gulbenkian e Embaixada Portuguesa em Paris,
Conselho da Europa em Estrasburgo, Embaixada Portuguesa em Brasília e Palácio
de São Clemente no Rio de Janeiro.
Atualmente, está a trabalhar no seu Doutoramento em Performance Musical, sob a
orientação da Professora Sofia Lourenço,
no CITAR (Centro de Investigação em
Ciências e Tecnologia das Artes).
Thomas Bloch
Vive em Paris. Solista famoso, especializado
em instrumentos raros (ondas Martenot,
harmónica de vidro, Baschet, waterphone,
entre outros), compositor e produtor, as
suas atuações vão desde a música clássica
e contemporânea a canções, rock, música
para teatro, ópera, improvisação, música
para filmes e música para ballet.
Depois de ter recebido o 1.º Prémio em
ondas Martenot no Conservatoire Natio­
nal Supérieur de Musique em Paris (com
Jeanne Loriod) e ter feito um mestrado
em musicologia na Universidade de Estrasburgo, ensina ondas Martenot no
Conservatório de Estrasburgo, é diretor
musical do Festival de Música de Evian
(França) e é responsável pelas exposições
dos seus instrumentos no Museu de Música de Paris. A sua carreira conta já com
várias colaborações famosas: Tom Waits,
Marianne Faithfull, Bob Wilson, Milos Forman (Amadeus), Daft Punk/Gaspar Noé
(Enter the void), Emilie Simon/Luc Jacquet
(The march of Penguins), Valery Gergiev,
Michel Plasson, Myung-Whun Chung,
Paul Sacher, Roger Muraro, Philippe Sarde,
Isabelle Huppert, Manu Dibango, Fred
Frith, Phil Minton, Arno, Marc Almond
(Soft Cell), Vanessa Paradis, entre muitos
outros. No Teatro alla Scala de Milão
tocou pela primeira vez a versão original
para harmónica de vidro da ópera Lucia di
Lammermoor de Donizetti. A solo, tocou
também ondas Martenot por ocasião do
centenário da Orquestra Filarmónica de
Varsóvia. Recebeu os seguintes prémios:
Classical Music Award 2002 (European
critics – Midem, Cannes), The Choice of
Gramophone Magazine, Best of the Year
2001 em Audiophile e Victoires de la
Musique. Foi o primeiro músico a tocar
sozinho as peças Vexations de Eric Satie.
Thomas Bloch gravou em várias editoras
de renome (EMI, Deutsche Grammophon,
Sony) e produz os seus CD para a Naxos.
burgo, onde trabalhou dois anos, a NDR
Radio Philharmonie de Hanôver, a Sinfónica de Berlim e a Sinfónica da Galiza, onde
foi dirigido por maestros consagrados
como C. Abbado, C. Eschenbach, C. Von
Dohnányi e K. Nagano. Colabora frequentemente com o DSCH – Schostakovich
Ensemble. É professor de contrabaixo na
Escola Profissional de Espinho e membro
da Orquestra Nacional do Porto.
119
Tiago Pinto-Ribeiro
Nasceu no Porto, em 1978. Iniciou os
estudos de contrabaixo no Conservatório
Regional de Gaia. Em 1999, conclui o
bacharelato na Escola Superior de Música
do Porto com 19 valores. No mesmo ano,
como bolseiro da Fundação Calouste
Gulbenkian, ingressa na Universität der
Künste de Berlim, na classe do professor
Michael Wolf, concluindo a licenciatura
“Diplom” e o mestrado “Konzert-Examen”, em 2004, com as classificações
máximas e distinção. Frequentou várias
master-classes com contrabaixistas como
R. Zepperitz, Dane Roberts, K. Stoll, W.
Güttler, D. Mctier, entre outros. Entre os
vários prémios nacionais e internacionais,
destacam-se a Menção Honrosa, em 1996,
no Concurso Internacional de Contrabaixo
da International Society of Bassists, em
Houston, Texas, e, em 2003, o 1.º Prémio
no Concurso Internacional de Cordas Julio
Cardona na Covilhã. Tem-se apresentado
a solo e em agrupamentos de câmara em
festivais na Alemanha, Inglaterra, França,
Polónia e Portugal. Colaborou com algumas das melhores orquestras mundiais,
como a NDR Syphonie Orchester de Ham-
>
Compositores
120
Aaron Copland
1900-1990
Compositor e maestro, nasceu em Nova
Iorque em 1900.
Os compositores dos EUA no início do século XX tinham um fascínio pela Europa e
a música europeia e Copland não foi exce­
ção, tendo estudado na classe de Nadia
Boulanger em Fontainebleau.
Quis criar um estilo marcadamente americano, que pudesse distinguir-se da música
erudita europeia. Para isso, aliou a influência do jazz e mais tarde de outros géneros – nomeadamente a música tradicional
sul-americana.
Em 1932 organizou pela primeira vez nos
Estados Unidos um festival semelhante
àqueles a que tinha assistido na Europa:
o Festival Yaddo de Música Americana.
Ao longo dos anos seguintes tornou-se
um dos compositores mais conhecidos do
seu país e uma referência no meio profissional.
Além da música de concerto, escreveu diversas bandas sonoras para filmes e música para ballet, como Of Mice and Men
(filme de Lewis Milestone sobre o romance
de John Steinbeck) e Appalachian Spring
para uma coreografia de Martha Graham
(1944).
Como maestro dedicou grande atenção à
música erudita dos EUA, que defendeu e
divulgou internacionalmente.
No início dos anos 50 foi investigado pelo
FBI e, acusado de simpatia comunista, foi
incluído numa lista negra.
ALBAN BERG
1885-1935
Nasceu em 1885 em Viena, onde também
viria a morrer. Participou na conturbada
efervescência cultural que caracterizou a
capital austríaca durante este período de
crise da civilização europeia.
A decisão do jovem Berg de se dedicar à
composição conhece um impulso decisivo
entre 1904 e 1911, quando estuda harmonia, contraponto e teoria musical sob
a direção de Schoenberg. A influência
deste último sobre Berg não poderia ter
sido mais decisiva em termos artísticos e
pessoais.
Na fase que antecede a sua participação
na Primeira Guerra Mundial – portanto,
ainda antes da composição de Wozzeck
– as suas primeiras obras, e desde logo
a Sonata para piano (op. 1), revelam o
tom de uma linguagem que alia o rigor
na construção à minúcia na imbricação
dos detalhes, características que fazem de
Berg, nos termos de Adorno, o “mestre da
transição mínima”. Com as óperas Woz­
zeck e Lulu – obras que, a par do Concerto para Violino e da Suite Lírica, ocuparam
longamente o compositor entre o final da
Primeira Guerra Mundial e a sua morte em
1935 –, Berg protagoniza uma significativa revolução na ópera moderna, abrindo
novos caminhos em termos musicais e
dramatúrgicos.
Formou, em conjunto com Schoenberg e
Webern, a chamada Segunda Escola de
Viena.
Jo ão Ped ro Ca c h o po
G entilmen te cedida pelo Teatro Nacional de São Carlos
ALBERTO GINASTERA
1916-1983
Compositor argentino, nasceu em Buenos
Aires em 1916. Estudou no Conservatório Williams, nessa cidade, entre 1928 e
1935, e no Conservatório Nacional entre
1936 e 1938. A suite de ballet Panambi foi
interpretada em Buenos Aires, em 1937.
Em 1942 recebeu uma bolsa da Fundação
Guggenheim. Viveu em Nova Iorque entre
1945 e 1947. No ano seguinte regressou
à Argentina para ensinar e compor, tendo
entretanto atravessado um período difícil
durante o regime de Perón. Fundou várias
escolas de música incluindo o Centro para
Estudos Superiores de Música em Buenos Aires, do qual foi diretor entre 1962
e 1969. Em 1971 muda-se para Genebra
onde vem a falecer em 1983. Se até 1958
a sua música se baseava em idiomas nacionalistas, mais tarde adota procedimentos mais avançados, como o serialismo
(utilizado pela primeira vez na sua Sonata
para piano), os microtons e os ritmos alea­
tórios.
ALEXANDER SCRIABIN
1872-1915
Compositor e pianista, nasceu e morreu
em Moscovo. Iniciou os estudos de piano aos dez anos na Escola de Cadetes
de Moscovo e estudou piano com N. S.
Zverev. Mais tarde matriculou-se no Conservatório de Moscovo, onde estudou
piano com Safonov e composição com
Taneiev e Arenski. Ainda no conservatório
chamou a atenção do editor Belaiev, que
lhe publicou as primeiras composições; e
em 1986 financiou uma digressão pela
Europa, interpretando ao piano as suas
composições.
Foi professor de piano no Conservatório
de Moscovo, cargo que não o satisfez.
Radicou-se então na Suécia, quando um
seu antigo aluno lhe atribuiu uma pensão
­anual. Fez ainda uma digressão pelos Estados Unidos, onde encontrou um novo editor, seu adepto fervoroso. Sofreu influências da teosofia e da mística de Blavatski.
Depois de uma digressão pela Rússia com
a Orquestra de Koussevitzki, as suas obras
foram executadas por Mengelberg e pela
Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão. Visitou Londres para apresentar o
seu Prometheus sob a direção de Wood.
Os seus trabalhos iniciais tinham uma
forte influência de Chopin e Liszt, mas, à
medida que desenvolveu as suas teorias
pessoais, foi-se libertando dos princípios
estabelecidos, atingindo em alguns casos
aquilo que se tem designado por “atonalidade impressionista”.
A sua obsessão por ideias extramusicais
fez, por vezes, desviar a atenção da qualidade excelente da sua música.
Alexander
von Zemlinsky
1871-1942
Nasceu em Viena, numa família com origens bósnias e eslovacas. Frequentou o
Conservatório de Viena entre 1887 e 1892,
onde estudou piano com Anton Door e
composição com Johann Nepomuk Fuchs.
Em 1893 juntou-se à Wiener Tonkünstlerverein (Sociedade de Compositores de
Viena), cujo presidente honorário, Johannes Brahms, incentivou o jovem Zemlinsky
a compor.
Dois anos depois, conheceu Schoenberg,
que se tornaria seu aluno (e mais tarde
seu cunhado), assim como outros músicos e compositores, como Erich Wolfgang
Korngold e Alma Schindler (que viria a casar com Gustav Mahler). Foi neste papel
de professor que Zemlinsky se tornou mais
conhecido, tendo ficado um pouco esquecida a sua mestria enquanto compositor.
Foi Kapellmeister no Carltheater em Viena
de 1899 até 1906, quando passou a exercer o mesmo cargo no Volksoper. Entre
1911 e 1927, foi maestro no Deutsches
Landestheater, onde, em 1924, estreou a
ópera Erwartung, de Schoenberg.
Enquanto compositor, Zemlinsky dedicou-se maioritariamente à ópera. Sarema, a
primeira das oito óperas que completou,
contou com libreto de Schoenberg. A sua
segunda ópera, Es war einmal, estreou
sob a direção de Mahler, na Court ­Opera
em 1900. Escreveu também canções, música de câmara e quatro sinfonias, de entre
as quais se destaca a última, Lyrische Sinfonie (1923), citada por Alan Berg na sua
Lyric Suite (1926).
No fim da década de 1930, devido à ascensão nazi, Zemlinsky mudou-se para os
Estados Unidos, onde viria a morrer em
1942.
André Jolivet
1905-1974
Desde cedo interessado pelas artes em
geral, Jolivet dedicou-se à música ainda
jovem, estudando violoncelo. Apesar de
ter iniciado uma breve carreira de professor, incentivado pelos seus pais que a
consideravam mais estável e segura, decidiu dedicar-se à composição, iniciando os
estudos nesta área em 1928, com Paul Le
Flem e, mais tarde, prosseguindo-os com
Edgar Varèse, compositor que representou
uma enorme influência para o jovem. Em
1935, logo após os seus estudos, compôs Mana, suíte de seis peças curtas para
piano considerada revolucionária, que
apresentou num dos primeiros concertos
do seu recém-formado grupo de música
de câmara La Spirale. Este coletivo seria o
ponto de partida da associação La Jeune
France, fundada por Jolivet, Olivier Messiaen, Daniel Lesur e Yves Baudrier, com
o objetivo de se dedicar ao estudo, composição e promoção da música moderna
francesa. Entre 1943 e 1949, foi diretor
musical da Comédie Française, onde compôs para diversos espetáculos de teatro,
dança e marionetas. Compôs sobretudo para instrumentos mais tradicionais,
como o piano, o violino ou o violoncelo,
mas também se dedicou à investigação e
à escrita de outras sonoridades, como as
ondas Martenot. Morreu em Paris, a 20 de
dezembro de 1974.
ANTON WEBERN
1882-1945
Nasceu em Viena em 1882. Compositor e
maestro austríaco, iniciou os estudos com
sua mãe, que era pianista. Estudou em
Klagenfurt com Edwin Komauer, compondo as suas primeiras obras em 1899. Entrou na Universidade de Viena em 1902,
estudando musicologia com Guido Adler.
Estudou composição com Pfitzner e posteriormente tornou-se aluno de Schoenberg
(1904-1908). Foi amigo íntimo de Alban
Berg.
Em Viena foi muito ativo no ambiente
da Sociedade de Execuções Privadas de
Schoenberg (1918-1922) e dirigiu concertos sinfónicos para trabalhadores (1922-1934). A sua música foi proibida pelos
nazis, tendo sido classificada como “bolchevismo cultural”, embora Webern tivesse alguma simpatia pela causa nazi, como
se reflete no texto das suas cantatas. Foi
morto acidentalmente por um sentinela
americana, em 1945.
A música de Webern, ignorada em vida
>
121
por quase todos (exceto pela BBC), tomou-se o elemento de união da geração
de compositores europeus posterior a
1945, incluindo Stockhausen, Boulez e
Maderna, e mesmo de compositores mais
velhos como Stravinsky e Eimert. Muito
embora a vanguarda do pós-guerra tenha
admirado a sua música pelas inovações
técnicas que contém, como a serialização
das durações e dos níveis dinâmicos, não
se deve esquecer que Webern pertence
acima de tudo à tradição romântica, como
se deduz dos textos que escolheu para as
suas obras vocais.
ANTONÍN DVOŘÁK
122
seu tio, António dos Santos Tovin, e mais
tarde prossegue-os, também a título particular, com o médico Ernesto Maia. Já em
Lisboa, inscreve-se no Conservatório Nacional, onde conclui, em 1918, o exame
final de piano com a máxima classificação,
tendo estudado com Luís de Freitas Branco e Marcos Garin. A sua obra compreende maioritariamente música de câmara,
como Toadas da Minha Aldeia, Canções
do Sol Poente e Poèmes Saturniens, para
canto e piano, e uma única obra orquestral, Nocturno. António Fragoso morreu
na sua terra natal, em 1918, vítima de
gripe pneumónica, com apenas 21 anos
de idade.
1841-1904
R e t irado de www. mic . p t
Nasceu na Boémia. Formou-se na escola de
organistas de Praga. Violinista e posteriormente violetista no teatro da cidade, ainda
muito jovem começou a compor as suas
primeiras partituras de música de câmara
e sinfónica. Organista da Igreja de Saint-Adalbert, de 1871 a 1878, foge à pobreza
partindo para Viena, onde travou conhecimento com Brahms. Este ajudou-o a editar
Danças Eslavas para dois pianos que, juntamente com os Duetos Morávios, dão início ao período da sua maturidade criativa,
onde se assiste a uma reconciliação com as
suas raízes eslavas. Efetuou, em seguida,
diversas viagens, de Inglaterra à Rússia, até
ao Novo Mundo. Em 1892, foi nomeado
diretor do Conservatório de Nova Iorque,
cargo que abandona em 1895 para lecionar no Conservatório de Praga, do qual
posteriormente foi diretor, em 1901. O seu
nome será sempre associado a obras sinfónicas como a Sinfonia n.º 9, do Novo Mundo e à sua música de câmara, mas Dvořák
abordou com igual mestria repertórios de
ópera, de música coral profana e de música
sacra. Com Smetana, contribuiu para dar à
música checa uma dimensão internacional.
Armandinho
ANTÓNIO FRAGOSO
1897-1918
Nasceu na Pocariça, no concelho de Cantanhede. Inicia os estudos musicais com o
1891-1946
Extraordinário guitarrista e compositor, o
lisboeta Armando Augusto Freire foi uma
figura determinante no desenvolvimento
do fado em Portugal. Aprendeu bandolim, instrumento que o seu pai tocava,
dedicando-se à guitarra portuguesa aos
12 anos. Foi discípulo de Petrolino, alcunha pela qual ficou conhecido o guitarrista setubalense Luís Carlos da Silva. Foi um
dos fundadores, em 1927, da Sociedade
de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, organização que antecedeu a
Sociedade Portuguesa de Autores, e teve
um importante contributo na recolha e
catalogação de temas e autores do fado
tradicional.
Alguns dos mais famosos temas que compôs são Fado do Armandinho, Fado São
Miguel, Fado Estoril, Fado da Adiça, Fado
das Varinas, Fado Alexandrino Antigo,
Fado São Romão, Fado Fontalva e o Fado
Mayer.
Armandinho viveu uma época de viragem
na história do fado, já que, no início do
século XX, este ganhou popularidade
junto do grande público, abandonando a
marginalidade. Ainda que os grandes protagonistas desta mudança tenham sido os
cantores, muitos tornando-se vedetas, Armandinho manteve a importância da gui-
tarra bem presente, graças ao seu enorme
talento.
Armando José
Fernandes
1906-1983
Nasceu em Lisboa. Começou por estudar
engenharia, decidindo dedicar-se à música
só em 1924. Concluiu os seus estudos musicais em 1931 no Conservatório Nacional,
onde foi aluno de Alexandre Rey Colaço e
Varela Cid (piano), Luís de Freitas Branco
(ciências musicais) e António Eduardo da
Costa Ferreira (composição). Com Pedro
do Prado, Fernando Lopes-Graça e Jorge
Croner de Vasconcellos, formou nesta
altura o Grupo dos Quatro, dedicado ao
estudo e divulgação das manifestações
musicais inovadoras da época.
Contando com uma bolsa de estudo
atribuída pela Junta de Educação Nacional, prosseguiu os seus estudos em Paris com Alfred Cortot, Nadia Boulanger,
Paul Dukas e Igor Stravinsky. Entre 1940
e 1942, ensinou piano e composição na
Academia de Amadores de Música e, entre 1953 e 1976, foi professor de composição no Conservatório Nacional de
Lisboa. Foi compositor do Gabinete de
Estudos Musicais da Emissora Nacional de
Radiodifusão.
Apesar de não ter deixado uma obra extensa, entre as suas composições destacam-se Fantasia sobre Temas Populares,
O Homem do Cravo na Boca, Concerto
para Piano e Orquestra de Cordas, Suite
Concertante e várias sonatas para violino,
violoncelo e piano.
Foi distinguido com os Prémios de Composição Moreira de Sá, em 1944, e Círculo
de Cultura Musical, em 1946.
ARNOLD SCHOENBERG
1874-1951
Nasceu em Viena em 1874. Durante a
juventude aprendeu violoncelo e violino.
Começou a compor cedo, tendo estreado
em 1897 um quarteto de cordas e algumas canções.
Em 1899 compôs Verklärte Nacht e em
1900 começou a trabalhar nos Gurrelieder,
ambas num estilo romântico pós-wagneriano. Como reconhecimento do mérito
dos Gurrelieder obteve uma bolsa e o lugar de professor no Conservatório Stern de
Berlim, recomendado por Richard Strauss.
Regressou a Viena em 1903.
Nas composições efetuadas entre 1903 e
1907, Schoenberg explorou até ao limite a
harmonia cromática e as estruturas tonais
tornaram-se cada vez mais indefiníveis até
que, em 1909, chegou à atonalidade com
3 Peças para piano, op. 11 e o ciclo de
canções Das Buch der hängenden Gärten.
Em 1911 publicou o seu magistral Tratado
de Harmonia.
Em 1918 fundou em Viena a Sociedade
para Execuções Musicais Privadas, onde
nenhum programa podia ser previamente
anunciado e o aplauso era proibido. Depois
de um período em que pouco escreveu, em
1923 as suas novas composições introduziram o método de composição dodecafónica que constituía a técnica de Schoenberg
para organizar música atonal.
Em 1925 foi convidado para ensinar composição na Academia Prussiana de Artes,
onde permaneceu até 1933, data em que
foi demitido pelos nazis e abandonou a
Alemanha.
Foi também um pintor de talento. Morreu
em Los Angeles em 1951.
ARTHUR FARWELL
1872-1952
Nascido em St. Paul, no estado norte-ame­
ricano do Minnesota, Farwell começou
por estudar engenharia e foi através de
um professor no Instituto de Tecnologia
do Massachusetts que descobriu o gosto
pela música.
Iniciou os estudos de composição com Geor­
ge Chadwick e, mais tarde, estudou com
Hans Pfitzner e Englebert Humperdinck na
Alemanha e com Guilmant em Paris.
Inspirado pela aproximação de Antonín
Dvořák à música folk, Farwell dedicou-se
ao estudo das melodias dos índios ame-
ricanos e à composição, partindo do material que ia descobrindo. Deste processo
resultaram as peças que formam Indianist,
trabalho que apresentou em digressão
pelo país, entre 1903 e 1907.
Frustrado pelas dificuldades criadas pelas
editoras de música, criou, em 1901, a Wawan Press, de nome inspirado numa cerimónia da tribo Omaha, dedicada a publicar
música e estudos e ensaios sobre música e
as suas raízes e influências.
Lecionou nas universidades da Califórnia e
do estado de Michigan.
Musicou mais de 30 poemas de Emily Dickinson e escreveu a ópera Cartoon, trabalhos que atestam o seu mérito e talento
enquanto compositor. De salientar a enorme dedicação que devotou à investigação,
ao ativismo e à carreira de educador. ASTOR PIAZZOLLA
começou a compor bandas sonoras para
filmes. Entre 1950 e 1954 compõe uma
série de trabalhos, totalmente diferentes
da conceção de tango do seu tempo, que
posteriormente virá a definir o seu estilo
único: Para lucirse, Tanguango, Prepárense, Contrabajeando, Triunfal, Lo que
vendrá
Esteticamente, levou o tango aos seus
limites, de tal forma que muitos não tiveram a capacidade de o acompanhar
ou entender. Foi um músico versátil,
hoje reconhecido pelo legado da música
argentina, mas também criador de um
repertório que integra os programas de
formações de câmara e de orquestras sinfónicas. Com elementos heterogéneos e
não convencionais (jazz, música clássica,
experimental) produziu uma música única
dominada pela influência do tango.
1921-1992
BÉLA BARTÓK
Nasceu em Mar del Plata, na Argentina,
em 1921. Em 1925, a família foi viver
para Nova Iorque, onde se manteve até
1936. Aos oito anos o pai ofereceu-lhe
o seu primeiro bandoneón, instrumento
que estudou durante um ano com Andrés
D’Áquila; fez a sua primeira gravação,
Marionette Spagnol – um disco fonógrafo
(não comercial) na Radio Recording Studio
em Nova Iorque.
A versatilidade vem-lhe das influências
que recebeu na juventude: durante a sua
estada em Nova Iorque estudou com a
pianista húngara Bela Wilda, discípula
de Rachmaninoff, com quem aprendeu a
gostar de Bach. Pouco depois, conheceu
Carlos Gardel, que se tornou um grande
amigo da família.
Em 1936 voltou com a família para Mar
del Plata, onde começou a tocar em algumas orquestras de tango. Em 1943
começou o seu trabalho em música clássica com Suite para Cuerdas y Arpas e em
1946 funda a sua primeira orquestra, que
se dissolveu em 1949. Em 1946 compôs
El Desbande, considerada por Piazzolla o
seu primeiro tango formal, e pouco depois
1881-1945
Nasceu em Nagyszentmiklós, cidade húngara na altura, mas que hoje pertence à
Roménia. Cresceu numa família de músicos e teve as suas primeiras aulas de piano
com a mãe. Estudou direção com Lazlo
Erkel até 1889, quando foi admitido na
Academia Real de Música de Budapeste e
aí estudou com Istvan Thoman, que fora
aluno de Liszt.
Em 1902 ouviu uma interpretação de Also
Sprach Zarathustra, de Richard Strauss,
que estimulou de tal maneira as suas potencialidades como compositor que, em
1903, escreveu o poema sinfónico nacionalista Kossuth.
Foi um dos fundadores da etnomusicologia – estudo e etnografia da canção popular – e é considerado um dos grandes
compositores do século XX. No virar do
século, torna-se amigo de Zoltan Kodály,
com quem inicia uma pesquisa sobre as
tradições musicais populares. Já nomeado professor da Academia de Budapeste,
atinge a maturidade nos anos que antecedem a Primeira Guerra Mundial. Compõe
óperas notáveis, como O Castelo de Bar-
>
123
ba-Azul, mas o piano permaneceu o seu
instrumento de eleição. Pouco reconhecido no seu país, Bartók parte em diversas
digressões e, com a invasão da Hungria
pelos nazis, emigra para os EUA, onde viria a morrer de leucemia em 1945.
BENJAMIN BRITTEN
1913-1976
124
Compositor, pianista e maestro inglês.
A influência das suas raízes inglesas está
muito presente na sua música: a influência
que o folclore britânico exerceu sobre a sua
inspiração, o culto que votou durante toda
a sua vida a Purcell, a sua predileção pela
vocalidade. No entanto, Britten é também
conhecido pelo seu ecletismo: uma vasta
cultura, o seu perfeito conhecimento das
músicas dos seus contemporâneos, um
modo muito pessoal de “tocar em tudo”.
Britten é reconhecido, pelo menos no seu
país, como um “clássico”. Nada, de resto,
predispunha este feroz independente para
as revoluções estéticas: um humor sólido,
a sua aversão a qualquer género de ênfase
e os seus gostos de artesão escrupuloso
permitiram-lhe resistir a todas as solicitações vanguardistas. Inicialmente aluno de
Frank Bridge, fez os estudos de composição com John Ireland, no Royal College of
Music de Londres, e os estudos de piano,
de que viria a ser um excelente executante, com Arthur Benjamin.
Notavelmente dotado, começou muito
cedo a compor. A sua primeira obra marcante, uma Sinfonietta para orquestra de
câmara, data de 1932; as Variações sobre
um tema de Frank Bridge, escritas cinco
anos depois, estabeleceram a sua reputação. De 1939 a 1942, Britten, profundamente antimilitarista, exilou-se nos Estados Unidos; no entanto, tomou depois a
corajosa decisão de regressar a Inglaterra
em plena Guerra, para se instalar definitivamente na costa do mar do Norte, em
Aldeburgh.
Entretanto, a sua ópera Peter Grimes confirmaria uma vocação para o teatro lírico,
até então pouco conseguida na obra ante-
rior. Foi a confirmação dessa vocação que
o levou a escrever algumas das obras-primas do século (sobretudo Sonho de Uma
Noite de Verão e The Turn of the Screw) e
a participar na fundação do English Opera
Group, modesta mas brilhante companhia
votada à criação de óperas “de ­câmara”
que o compositor muito estimava. O melhor da sua produção, uma espantosa facilidade de escrita, um catálogo bem fornecido, parece estar, incontestavelmen­te,
na sua música vocal (óperas, obras diversas para vozes e orquestra, ciclos de melodias). Contudo, não é possível ignorar
tudo o que Britten escreveu para orquestra, para orquestra com vozes ou em estilo
concertante.
BOHUSLAV MARTINŮ
1890-1959
Compositor e violinista checo, ingressou no
Conservatório de Praga como violinista em
1906. Contudo, o seu verdadeiro interesse
era a composição. Não conseguindo completar o curso nem no Conservatório nem
na Escola de Órgão de Praga, para onde tinha sido transferido, trabalhou como músico
de orquestra antes de se mudar para Paris,
em 1923. Em 1940, a aproximação das tropas alemãs levou-o a emigrar para os Estados Unidos da América, estimulado pelas
encomendas de Koussevitzky.
Martinů era um compositor extraordinaria­
mente prolífico e diversificado. As suas
dezasseis óperas incluem: The Greek Passion, inspirado em Kazantzakis, Ariadne,
inspirada em Neveu, e a ópera radiofónica
Comedy on the Bridge. As composições
para ballet incluem Spalicek, baseada em
contos de fadas e rimas infantis.
Uma lista impressionante de composições
orquestrais inclui seis sinfonias. Há concertos para um grande número de instrumentos e uma quantidade desconcertante
de música de câmara. De modo geral, a
origem checa do compositor é identificá­
vel na sua música, não obstante as influências francesas estarem também presentes. Há obras corais de caráter bíblico
e arranjos corais a partir de material tradicional checo, eslovaco e morávio. As suas
canções incluem Magic Nights, a partir de
fragmentos de um poema traduzido do
chinês.
Camille Saint-Saëns
1835-1921
Compositor e pianista, nasceu em Paris,
onde iniciou os seus estudos de piano aos
dois anos e meio, com a sua tia. Aos sete
anos, sob a orientação de Pierre Maledin,
teve as primeiras aulas de composição. Foi
ainda aluno de Stamaty e de Boëly antes
de entrar no Conservatório em 1948,
onde estudou órgão e composição e teve
como professor Halévy. Com pouco mais
de 20 anos, tinha já conquistado a admiração de Berlioz, Liszt, Gounod, Rossini,
entre outros notáveis do mundo da música. Foi organista na Madeleine e professor
na Ecole Niedermayer, onde Fauré foi seu
aluno. Cofundou a Société Nationale de
Musique.
Apesar de na sua terra natal não ter recebido a mesma aclamação, em Inglaterra e
nos Estados Unidos foi considerado o melhor compositor francês da sua geração,
recebendo particular atenção nos concertos que apresentou em terras norte-americanas em 1915.
Compôs sonatas, música de câmara, sinfonias, concertos e óperas. Compôs também quatro poemas sinfónicos num estilo
influenciado por Liszt.
Morreu em 1921, na Argélia.
Carl Nielsen
1865-1931
Nasceu em Funen, no leste da Dinamarca.
A par do seu contemporâneo Jean Sibelius
foi um dos mais consagrados compositores do norte da Europa.
O seu pai era pintor e violinista e passou ao
filho os seus conhecimentos e paixão pela
música. Aos 14 anos, juntava-se à banda
militar de Odense como trombonista, mas
sem nunca abandonar o violino. Em 1884
foi admitido no Conservatório Nacional
em Copenhaga, formando-se aos 21 anos,
quando se começou a interessar pela composição. Em 1888, a sua Suite for Strings,
op. 1 foi recebida com interesse no Tivoli Concert Hall, em Copenhaga. Durante
a década de 1890 Nielsen dedicou-se à
composição com intensidade, ocupando
simultaneamente um lugar de violinista
no Royal Theatre de Copenhaga. A sua 1.ª
Sinfonia estreou em 1894, abrindo as portas para a publicação dos seus trabalhos
com a editora de Wilhelm Hansen.
Entretanto, compôs as óperas Saul and
David e Maskerade, em 1902 e 1905,
respetivamente. Poucos anos depois, ocupou o lugar de maestro da Royal Theatre
Orchestra.
No total, escreveu seis originais sinfonias,
sendo a mais famosa de todas a 4.ª, inti­
tulada A Inextinguível. Escreveu ainda três
concertos, para violino (1911), flauta (1926)
e clarinete (1928). Dedicou-se ainda, sobretudo nas últimas décadas da sua vida,
à escrita de canções simples, inspiradas
nos temas populares e em obras de poetas dinamarqueses. Pelo seu extraordinário
sucesso, muitas dessas canções integram
atualmente o repertório musical tradicional
da Dinamarca.
Carlos Gardel
1890-1935
Nasceu em Toulouse. Com apenas três
anos partiu com a sua mãe, Berta Gardes,
para Buenos Aires. Cedo se interessou pela
música, formando alguns grupos de música popular ainda durante a adolescência. O
seu duo com José Razzano, Duo Nacional
Gardel-Razzano, rapidamente conseguiu
alguma notoriedade, fazendo algumas
gravações e digressões pela América Latina. Em 1917 decidiu cantar um tango
numa apresentação do duo e rapidamente
passou a incluir muitos outros no seu repertório, que continuava a apresentar por toda
a América do Sul. Começou, entretanto, a
compor e a participar nalguns filmes, que
contribuiriam para se tornar famoso.
Em 1925, o duo desfez-se e Gardel, enquanto solista, fez a sua primeira digressão em Espanha. Muitas se lhe seguiriam,
em toda a Europa, que rapidamente se
rendeu ao seu talento e ao tango, do
qual o seu nome se tornou sinónimo. A
sua carreira no cinema também ganhou
força nesta época, participando em Luces
de Buenos Aires e Esperame para a French
Paramount e em La casa es seria e Melodía
de arrabal para a Imperio Argentina. Nestes últimos filmes, Gardel inicia a sua colaboração com o poeta Alfredo Le Pera, com
quem teria uma produtiva colaboração na
escrita de novos tangos. Os últimos filmes
que gravou foram Cuesta abajo, Mi Buenos Aires querido e Tango en Broadway
para a Paramount Pictures, Nova Iorque.
Morreu tragicamente em 1935, vítima
de um acidente de avião, deixando um
extenso legado que inclui centenas de
gravações e cerca de 200 tangos de sua
autoria, entre eles os famosos El da que
me quieras, Cuesta abajo, Mi Buenos Aires
querido e Volver.
Carlos Guastavino
1912-2000
À semelhança do que aconteceu na restante América Latina, a tradição musical
europeia foi introduzida na Argentina
pelas missões religiosas, sobretudo jesuí­
tas. Após a independência de cada país
ao longo do século XIX, a música foi-se
desligando das missões e apareceram os
movimentos marcadamente nacionalistas
e inspirados no Romantismo europeu.
No caso argentino, as novidades técnicas
e estéticas do século XX europeu apenas
foram integradas já nos anos 30.
Carlos Guastavino nasceu em Santa Fé,
na Argentina. A sua música teve sempre
influências de temas populares e da natureza do seu país, numa clara influência
nacionalista. Mesmo quando o expressionismo já dominava a produção cultural argentina, Guastavino manteve-se próximo
do neorromantismo.
Ao longo dos anos 40 foi recebendo reco-
nhecimento internacional como compositor e pianista. Fez digressões por Londres,
China, ex-URSS e toda a América Latina.
Nos anos 60 dedicou-se sobretudo ao ensino.
Em 1975, após a morte de sua mãe, prometeu não voltar a compor, mas 12 anos
mais tarde, tendo assistido a um ensaio do
Orfeão Carlos Vilo, que cantava as suas
obras, decidiu voltar a compor.
Em 1992 retirou-se definitivamente, tendo
morrido em 2000.
CÉSAR FRANCK
1822-1890
Nasceu em Liège, Bélgica, e morreu em
Paris. Desde muito cedo que o seu pai
manifestou o desejo de o educar para a
carreira de pianista, incentivando-o a estudar música na cidade natal. Continuou os
estudos no Conservatório de Paris, onde
aprendeu piano, fuga, contraponto e órgão. Foi nesta cidade que em 1842, assim
que saiu do Conservatório, se dedicou à
composição. Em 1858 tornou-se organista
da Igreja de Sainte-Clotilde, em Paris, mais
precisamente como titular do órgão construído por Cavaillé-Coll. As suas grandes
capacidades como improvisador atraíram
a atenção de muitos ilustres, incluindo
Liszt, que em 1866 comparou o seu talento ao de Bach. Tornou-se cidadão francês
em 1870, e fez parte da Sociedade Nacional de Música, que fora criada por Saint-Saëns para encorajar a difusão das obras
dos compositores franceses modernos,
em resposta à invasão da música estrangeira (sobretudo da música alemã). Professor de órgão no Conservatório conquistou
um círculo leal e dedicado de alunos, e em
1871 obteve reconhecimento oficial como
o sucessor de Benoist. Tornou-se Chevalier
du Légion d’Honneur em 1885. As suas
primeiras obras foram influenciadas por
compositores de opéra-comique como
Grétry. Atingiu a sua maturidade com
obras de caráter religioso, onde se inclui
a oratória Les Béatitudes, que o ocupou
durante dez anos.
>
125
CHARLES IVES
1874-1954
126
Nasceu no estado de Connecticut em
1874. Figura de exceção na história da
música ocidental, as suas obras antecipam
ou anunciam muitos dos procedimentos
radicais e inovadores posteriormente adotados por compositores de vanguarda mais
jovens. O seu pai, George Ives, mestre de
banda de cidade, já havia feito experiências com timbre, clusters, politonalidade,
quartos de tom e acústica, inspirando interesses semelhantes no seu filho.
Aos 14 anos, tornou-se organista da igreja
batista de Danbury, compondo as Variations on “América” em 1891. Entrou na
Universidade de Yale em 1894, estudando
órgão com Dudley Buck e composição com
Horatio Parker. Concluída a licencia­tura
em 1898, mudou-se para Nova Iorque,
tomando-se escriturário numa companhia
de seguros, conseguindo porém acumular
este posto com o cargo de organista em
vários locais.
Entre 1910 e 1918 ficou gravemente
doente, sofrendo de uma doença cardíaca
que o obrigou a reduzir gradualmente as
suas atividades de negócios, até se retirar totalmente em 1910. Compôs muito
pouco a partir de 1917, tendo dedicado o
resto da sua vida à revisão das suas obras,
processo que acabou por ser contraproducente, pois resultou em enormes dificuldades de interpretação.
Nicolas Slonimsky dirigiu corajosamente a
composição orquestral Three Places in New
England em Boston e Los Angeles entre
1930 e 1932. Mais tarde dirigiu também
várias obras de Ives na Europa. Em 1947,
a 3.ª Sinfonia de Charles Ives, executada
nesse mesmo ano em Nova Iorque, ­ganhou
o Prémio Pulitzer, para desilusão do autor
que devolveu o dinheiro do prémio.
CLAUDE DEBUSSY
1862-1918
Nasceu em Saint-Germain-en-Laye e morreu em Paris. Recebeu uma educação musical pouco formal quando criança, embora
o seu engenho musical tenha sido canalizado para aulas de piano com a sogra de
Verlaine, Madame Mauté de Fleureville,
aluna de Chopin, que o preparou para a
entrada no Conservatório de Paris aos dez
anos. Aí passou 12 anos, adquirindo uma
sólida formação musical. A sua reputação
era de um pianista excêntrico e rebelde
em questões de harmonia e teoria.
Depois de acompanhar a baronesa Von
Meck, protetora de Tchaikovsky, em várias
viagens, como pianista, instala-se definitivamente em Paris em 1887. Outras influências resultantes desses anos a viajar
vieram-lhe da amizade com os pintores do
movimento impressionista e, ainda mais
importante, com escritores e poetas como
Mallarmé e os simbolistas. Em 1989, substituiu o simbolismo por Wagner, reconhecendo a sua grandeza, mas também
o facto de que este representava a “linha
morta” para outros compositores.
Foi um dos maiores e mais importantes
compositores do século XX, não só pelo
que produziu, mas também pelos caminhos que abriu para outros explorarem.
Daí a homenagem que compositores posteriores como Boulez, Messiaen, Webern e
Stravinsky lhe têm prestado.
Depois do sucesso de Nocturnos, no início do século XX dedica-se a uma vasta
produção musical, com o piano a ocupar
sempre uma posição central.
Count Basie
1904-1984
William Basie nasceu em Nova Jérsia, filho
de músicos, e cresceu em Nova Iorque.
O seu pai tocava melofone e a mãe, pianista, deu ao filho as primeiras lições de
música. Teve também oportunidade de
aprender com famosos músicos do Harlem,
como Fats Waller.
Em 1936, em Kansas City, formou uma
banda que acabou por ficar em residência
num clube da cidade, transmitindo na rádio os seus concertos. A sua grande oportunidade surge quando John Hammond,
jornalista e produtor musical, descobre a
banda através da rádio e decide promovêla junto de agentes e editoras discográficas. Não se fizeram tardar as digressões
pelo país e as primeiras gravações: em
1937 com a Decca; e em 1939 com a Columbia Records. Nos anos seguintes, e até
à entrada dos Estados Unidos na Segunda
Grande Guerra, a banda viajou exaustivamente pelo país.
No final dos anos 40, as big bands entraram em declínio e Basie decidiu também
extinguir a banda para trabalhar com
agrupamentos musicais mais reduzidos.
No entanto, rapidamente voltou atrás na
sua decisão e em 1952 o grupo refez-se,
graças a novas oportunidades de digressão.
Nos anos 60, gravou alguns trabalhos
com grandes nomes da canção como Ella
Fitzgerald, Frank Sinatra ou Sammy Davis
Jr., regressando a um formato mais fiel ao
jazz no final da década.
Morreu aos 79 anos, mas a sua Count Basie Orchestra ainda hoje se mantém ativa,
viajando e divulgando o seu trabalho pelo
mundo inteiro.
Darius Milhaud
1892-1974
Compositor francês famoso pelo desenvolvimento da politonalidade na sua música, Milhaud nasceu em Aix-en-Provence,
no seio de uma família judaica. Iniciou
os seus estudos de música com o violino,
dedicando-se mais tarde à composição.
Estudou com Paul Dukas e Vincent d’Indy
no Conservatório de Paris.
Durante a Primeira Guerra Mundial, entre
1916 e 1918, viveu no Rio de Janeiro, ao
serviço da diplomacia francesa e do dramaturgo e poeta Paul Claudel, então diplomata na cidade brasileira, de quem se
tornaria amigo e para cujas peças de teatro comporia várias vezes. Uma das suas
famosas suites para piano, Saudades do
Brasil (1921), reflete as influências desta
estada no compositor.
Durante as décadas de 1920 e 1930, re­
gres­sado a Paris, Milhaud dedicou-se a
compor e a ensinar com intensidade, vendo-se obrigado a abandonar a França em
1939, com o despoletar da Segunda Guerra Mundial. Estabeleceu-se então nos Estados Unidos, onde continuou a compor e a
ensinar, na Mills College na Califórnia. Regressando mais tarde ao ensino na Europa,
no Conservatório de Paris, acaba por morrer na Suíça, em 1974.
Milhaud foi um compositor prolífico, dei­
xando-nos um número impressionante de
obras, entre as quais nove óperas, doze
sinfonias, numerosos concertos, canções,
18 quartetos de cordas, suites para piano
e música para filmes, peças de teatro e de
dança.
DMITRI SHOSTAKOVICH
1906-1975
Compositor e pianista russo. Estudou no
Conservatório de São Petersburgo, onde
deu aulas mais tarde. Veio a lecionar também no Conservatório de Moscovo.
As suas relações com o poder soviético valeram-lhe ter sido sucessivamente considerado como músico oficial e reprimido pelo
formalismo. Em 1926, o Governo russo
encomendou-lhe aquela que seria a sua
segunda sinfonia, para comemorar o aniversário da Revolução de Outubro. A ópera Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk
foi violentamente criticada, mas com a 5.ª
Sinfonia, Shostakovich cai de novo nas
boas graças do poder. A 7.ª Sinfonia, Leninegrado, composta durante o cerco da
cidade em 1941, é um dos testemunhos
mais pungentes da resistência do compositor à Guerra e ao sofrimento do povo.
A campanha antiformalista de Jdanov, em
1948, condena-o uma vez mais aos olhos
do governo, mas a sua 13.ª Sinfonia, em
1962, parece tê-lo colocado ao abrigo de
todas as inquietações.
Independentemente das peças para piano, Shostakovich compôs 15 sinfonias, 15
quartetos de corda, óperas, música para
filmes, concertos e música vocal. O seu
estilo, sucessivamente épico, profundo ou
sarcástico, é sempre o reflexo da alma rus-
sa, integrando a herança de compositores
europeus como Beethoven ou Mahler.
Shostakovich é hoje um dos músicos do
século XX mais interpretado; a força e a
originalidade do seu discurso fazem dele,
incontestavelmente, uma das personalidades mais marcantes da história da música
russa.
Duke Ellington
1899-1974
Um dos mais famosos e conceituados músicos norte-americanos do século XX, Edward
Kennedy Ellington nasceu em Washington
D.C., filho de músicos e naturalmente talen­
toso ao piano. Começou a compor na
adolescência, abandonando o liceu aos 17
anos para se dedicar à música.
Em 1923, a sua primeira banda, The
Washingtonians, estabeleceu-se em Nova
Iorque, com residência num clube de
Times Square. Aí ganharam notoriedade
e conseguiram as primeiras gravações. A
pouco e pouco, Ellington foi-se tornando
o líder da banda que, em 1927, se mudava para o famoso Cotton Club, onde
permaneceu três anos. Em 1931, a Duke
Ellington Orchestra iniciou uma longa
digressão e, mesmo com as dificuldades
que as big bands sofreram na época da
Guerra, a banda nunca se separou nem
deixou de dar concertos.
Nomeando apenas algumas das suas composições mais famosas, não podem faltar
It Don’t Mean A Thing If It Ain’t Got That
Swing (1932), Sophisticated Lady (1933),
In A Sentimental Mood (1935), Prelude To
A Kiss (1938), I Got It Bad (And That Ain’t
Good) (1941), Don’t Get Around Much
Anymore (1942), I’m Beginning To See
The Light (1944) e Satin Doll (1953).
Compôs para espetáculos da Broadway e
para vários filmes, entre eles Check and
Double Check (1930), Anatomy of a Murder (1959) e Paris Blues (1961).
Foi distinguido pelo presidente norteamericano Lyndon Johnson com a Meda­
lha de Ouro da Presidência em 1966, pelo
presidente Richard Nixon com a Medalha
da Liberdade em 1969, recebeu 13 Grammys, incluindo o Lifetime Achievement em
1966, um Prémio Pulitzer e a Legião de
Honra Francesa em 1973.
Edward Michael
1921-2006
Nasceu em Inglaterra, mas passou a maior
parte da sua infância e adolescência nos
países do Médio Oriente. Aos 18 anos regressa a Londres para integrar a Royal Air
Force, pois deflagrara a Segunda Grande
Guerra. Terminada a Guerra, inicia os
estudos musicais na Guildhall School of
Music, dedicando-se ao violino e à composição. Estu­da também com Berthold
Goldschmidt (aluno de Hindemith), Matyas Seiber e Max Rostal.
Até 1950, ano em que vai viver para Paris
para estudar com Nádia Boulanger, cons­
truiu e apresentou em diversas salas o seu
repertório, que incluía dezenas de concertos e sonatas e cerca de duas centenas de
peças para violino. Em 1956, o seu Nocturno para flauta e orquestra vence, nos
Estados Unidos, o Prémio Lili Boulanger,
atribuído pelos jurados Igor Stravinsky e
Aaron Copland, entre outros.
Por razões de saúde, abandona a carreira
de violista e dedica-se exclusivamente à
composição. Morre no sul de França em
2006.
ELLIOT CARTER
n. 1908
Reconhecido como um dos maiores inventores da música do século XX, Elliot Carter
nasceu em Nova Iorque, a 11 de dezembro de 1908. Foi incentivado a tornar-se
compositor por Charles Ives. Estudou na
Universidade de Harvard com Walter Piston e em Paris com Nadia Boulanger. De
volta a Nova Iorque, em 1935, dedica-se
à composição e ao ensino. As suas obras
iniciais eram estilo neoclássico, mas a
partir da Sonata para piano (1945-1946)
tornou-se notória uma estrutura harmónica e um tratamento rítmico novos. Com a
Sonata (1948) desenvolveu a “modulação
>
127
métrica”, onde uma nova pulsação rítmica
se estabelece a partir de uma figuração rítmica que contraria a pulsação anterior.
O ouvinte tem uma clara impressão de
existência simultânea de duas pulsações.
Os seus três quartetos de cordas têm sido
descritos como as composições mais significativas para esta formação desde Bartók.
Compôs peças para orquestra, para piano,
quarteto de cordas, temas para solistas,
para coro e dança.
Enrique Granados
1867-1916
128
Compositor e pianista nasceu em Lérida,
na Catalunha, em 1867. Aos 23 anos deu
o seu primeiro grande concerto como pianista. Durante o século XX aproximou-se
do movimento artístico do modernismo
catalão, sem se deixar no entanto limitar
por esta referência. Durante a sua vida
foram poucas as interpretações e publicações das suas obras, tendo alcançado
êxito sobretudo como pianista. O seu
primeiro trabalho a ter o reconhecimento
de âmbito nacional foi a ópera Maria del
Carmen, que estreou em Madrid.
A sua obra mais conhecida acolhe um
conjunto de peças para piano, Goyescas,
em que, tal como tinha feito Goya nos
seus quadros, Granados quis retratar os
mais coloridos personagens populares
(majos e majas) do seu tempo. Em 1916
estreou no Metropolitan de Nova Iorque a
ópera Goyescas, elaborada a partir das peças para piano homónimas. Ao voltar para
a Europa, o barco onde viajava seria atingido por um torpedo alemão. Granados
afogou-se ao tentar salvar a sua mulher.
As suas composições são principalmente
para piano ou voz e piano, embora também tenha escrito música de câmara, sinfónica e ópera.
Erich Wolfgang
Korngold
1897-1957
Nasceu em Brünn, na Morávia (hoje Brno,
na República Checa), filho do influente
crítico musical Julius Korngold. Foi um
compositor muito precoce, aluno de Zem­
linsky e apadrinhado por Mahler. Aos 13
anos escreveu o bailado Der Schneemann,
estreado sob a batuta de Zemlinsky e
apresentado em várias cidades alemãs e
austríacas. Ainda na adolescência compôs
as suas duas primeiras óperas Der Ring
des Polykrates e Violanta e, apenas com
23 anos, terminou Die tote Stadt, a sua
ópera mais famosa de sempre, estreada
na mesma noite nas cidades de Hamburgo
e Colónia em 1920 e imediatamente apresentada com sucesso em diversos países.
Na década de 1920, Korngold começou a
interessar-se pela música para teatro e, em
1929, Max Reinhardt convidou-o para compor para a sua encenação da opereta Die
Fledermaus. Quando, em 1934, Rein­hardt
foi convidado pela Warner Bros para adaptar ao cinema a sua versão de Sonho de
Uma Noite de Verão, o realizador convidou
Korngold a acompanhá-lo e o compositor
impressionou a produtora norte-americana
que lhe ofereceu um contrato. Desde então, Korngold compôs com sucesso para
vários filmes, como Captain Blood (1935),
Green Pastures (1936), The Prince and
the Pauper (1937), The Sea Hawk (1940),
­Kings Row (1942). Ganhou por duas vezes
o Óscar, em 1936 e 1938, pela música dos
filmes Anthony Adverse e The Adventures
of Robin Hood, respetivamente.
ERIK SATIE
1866-1925
Filho de Alfred Satie, fabricante de papel
e editor de música, nasceu em Honfleur
e morreu em Paris. O seu talento musical
permite-lhe ingressar no Conservatório de
Paris, para onde foi viver em 1878 e onde
se revela um aluno pouco estudioso e indisciplinado. Trabalhou como pianista no
Cabaret du Chat Noir, em Montmartre, e
no Auberge do Clou. Conheceu Debussy
em 1890, de quem se tornou grande amigo. Em 1891 aderiu à Confraria Rosa-Cruz,
para a qual compôs várias obras. Em 1905
entrou na Schola Cantorum como aluno
de Vicent d’Indy e Roussel, abandonando-a em 1908. A sua obra Trois Morceaux en
forme de poire atraiu a atenção dos jovens
compositores da época, muito se devendo
à excentricidade do título. Em 1917 escreveu Parade para o Ballet de Diaghilev, em
colaboração com Cocteau, no qual utiliza
ritmos de jazz e, entre outros instrumentos, máquina de escrever, buzina de navio
a vapor e sirene. Foi mentor do Les Six,
grupo de vanguarda – constituído por Milhaud, Honegger, Poulenc, Auric, Durey e
Tailleferre – que reagiu contra a influência
do romantismo e do impressionismo na
música. A sua importância reside em ter
liderado uma nova geração de compositores franceses fora da influência impressionista de Wagner, em direção a um estilo
mais simples e sarcástico.
ERNEST BLOCH
1880-1959
Nasceu em Genebra. Filho de um relo­
joeiro, frequenta desde os 11 anos o conservatório da cidade. Em 1897, parte para
Bruxelas para prosseguir os estudos de
violino com Eugéne Ysaÿe e Franz Schörg.
Em 1904 casa com Margarethe Schneider,
e uma das suas filhas, Suzanne, acabará
por tornar-se uma flautista de renome.
Em 1916 parte para os Estados Unidos
para se tornar maestro da companhia de
dança Maud Allan, que acaba por falir.
Bloch decide manter-se no país e rapidamente alcança sucesso enquanto compositor, maestro e professor de música. Em
1924 é-lhe atribuída a cidadania americana e, no ano seguinte, torna-se diretor do
Conservatório de São Francisco.
Durante a década de 1930, regressa à sua
Suíça natal, compondo e dirigindo as suas
obras nas salas de concerto europeias. No
entanto, a ameaça da Segunda Guerra
Mundial leva-o de volta aos Estados Unidos,
regressando à carreira de professor, desta
vez na Universidade de Berkeley, na Califórnia. Reforma-se em 1952 e morre vítima
de cancro sete anos depois. Do legado que
deixou, tornaram-se particularmente famo-
sas as suas composições de música judaica,
como Suíte Hébraïque para viola ou violino
e orquestra, Baal Shem para violino e piano
e Schelomo para violoncelo e orquestra.
Ernst von Dohnányi
1877-1960
Nasceu em Pozsony, hoje Bratislava. Desde
muito novo demonstrou um grande interesse pela música, iniciando os seus estudos
com o organista da igreja que frequentava,
amigo da sua família. Em 1984, ingressou
na Academia de Música de Budapeste,
onde estudou piano com Thóman e composição com Koessler. Em 1898, tocou pela
primeira vez ao vivo, sob a direção de Hans
Richter. A amizade deste prestigiado maestro e compositor, bem como a de Johannes
Brahms, responsável pela sua estreia em
Viena, ajudaram Dohnányi a desenvolver
a sua carreira de pianista e compositor em
diversas cidades europeias. Lecionou na
Berlin Hochschule entre 1905 e 1915, ano
em que regressou a Budapeste. Até 1944,
manteve-se na Hungria, ensinando na Academia de Música de Budapeste, dirigindo
a Budapest Philharmonic Society e definitivamente marcando a formação e desenvolvimento da cultura musical do seu país.
Durante a II Guerra Mundial, Dohnányi decide mudar-se para a Áustria e, em 1949,
aceita lecionar na Florida State College, em
Tallahassee, nos Estados Unidos. Aí se manteve, compondo, tocando e ensinando até
à sua morte. Mais do que um compositor
nacionalista, como Bartók ou Kodály, Dohnányi foi um seguidor da tradição clássica
alemã. A sua obra que mais se celebrizou
foi Variations on a Nursery Theme para piano e orquestra, tendo escrito também três
óperas, três sinfonias e vários trabalhos notáveis para agrupamentos de câmara.
Erwin Schulhoff
1894-1942
Nasceu em Praga em 1894. Foi considerado uma criança prodígio. Aos sete anos,
com a recomendação de Dvořák, ingressa
no Conservatório de Praga. Percorreu tam-
bém os conservatórios de Viena, Leipzig e
Colónia. Nas suas primeiras obras seguiu
os modelos do século XIX, procurando já
alguma transgressão às técnicas tonais.
No decurso da Primeira Guerra Mundial
foi recrutado para o exército austríaco. Foi
nessa altura que deu início ao seu envolvimento político com o Socialismo.
Depois da Guerra, em Berlim, conheceu
o dadaísta Grosz, que lhe mostrou gravações de ragtime e jazz americano. Com a
influência destas recentes descobertas e
dos movimentos dadaísta e expressionista,
começou a integrar todos estes estilos na
sua produção. Com o avanço da extremadireita na Alemanha, as suas convicções
aproximam-se do regime soviético. A
sua música tornou-se mais comunicativa,
aproximando-se do conceito estalinista de
“Arte para as Massas”. Em 1932 escreveu
uma cantata sobre o texto do Manifesto
Comunista de Marx e Engels. A invasão da
Checoslováquia em 1939 trouxe a proibição das suas obras e a interdição de trabalhar. Apesar dos avisos dos amigos, não
aceitou exilar-se. Foi preso em 1941 e deportado para o campo de concentração de
Würzburg, onde morreu no ano seguinte.
Etienne Rolin
n. 1952
Nasceu na Califórnia, onde estudou música e filosofia. É um artista multifacetado,
residente em França. Nos últimos 30 anos
compôs música de câmara e ópera, e fez
inúmeros arranjos de jazz. Autor de mais
de uma centena de obras apresentadas
em todo o mundo, o seu estilo musical
é o resultado do cruzamento entre a linguagem da música contemporânea e do
jazz, partindo da sua experiência pessoal
como músico em salas de free jazz e de
vanguarda. Os anos de estudo com Olivier
Messiaen, I. Xenakis e Nadia Boulanger
consubstanciaram-se num amplo espectro
estético. Enquanto músico, desenvolveu
um estilo pessoal de improvisação em instrumentos de sopro, através da exploração
metódica de técnicas extensas.
Fez várias gravações pela Erol Records e
publicou na editora Question de Tempéraments em Bordéus. Como artista gráfico, expôs na Alemanha, França e EUA.
Atualmente cria cenários para espetáculos de dança através da sua associação,
­ARTANDEM. Enquanto professor, é muito
requisitado para palestras e conferências
sobre análise musical de todas as épocas.
É autor de um livro sobre improvisação,
onde explica de que forma esta prática
cria ligações entre vários géneros musicais.
Atualmente, é professor de improvisação
e de música de câmara no Conservatório
de Bordéus.
FEDERICO MOMPOU
129
1893-1987
Descendente de uma família catalã com
raízes francesas, Federico Mompou manifestou muito cedo o desejo de compor.
Nasceu e morreu em Barcelona. Iniciou
os estudos musicais no Conservatório de
Barcelona, onde compôs muitas das suas
obras, sobretudo peças para piano a que
chamou “estilo primitivista” (sem divisões
de compasso, armações de clave ou cadências). Viveu em Paris entre 1921 e 1941,
para aperfeiçoar a sua técnica enquanto
pianista e compositor. Durante a sua juventude, que considerou feliz, conheceu
Manuel de Falla, Prokofiev e Rubinstein.
Entre Espanha e Paris escreveu uma série
de peças com as quais alcançou notoriedade. Influenciado por Debussy, encontrou
a verdadeira inspiração no silêncio de que
se foi rodeando – era um músico sensível e
recatado, que no prefácio ao seu primeiro
caderno de Música Calada escreveu: “A
solidão torna-se música.” Grande parte da
obra que deixou, maioritariamente para
pia­no, permanece ainda hoje desconhe­
cida do público.
Fernando
Lopes-Graça
1906-1994
Compositor e musicólogo português, estudou em Coimbra, no Conservatório Na-
>
130
cional, e apresentou-se pela primeira vez
como compositor em 1929, com as Variações sobre Um Tema Popular Português,
para piano, e com Poemeto, para orquestra de cordas.
De 1932 a 1936 colabora com o grupo
literário da Presença, em Coimbra. Parte,
no ano seguinte, para Paris, onde frequenta a cadeira de musicologia da Sorbonne.
É nesta altura que se dá, no seu estilo,
a viragem decisiva no sentido de uma
orientação de timbre nacionalista, com o
aproveitamento e a elaboração, na sua linguagem, dos elementos harmónicos, melódicos e rítmicos do folclore português.
Em 1939 regressa a Lisboa, exercendo uma
intensa atividade como compositor, crítico,
pianista, publicista, conferencista, organizador e regente de coros populares, e, no
ano seguinte, recebe o Prémio de Composição do Círculo da Cultura Musical, com
o 1.º Concerto para Piano e Orquestra,
prémio que volta a conquistar também em
1942, 1944 e 1952. Em 1942, fundou uma
organização de concertos de música moderna intitulada Sonata, criando em 1951
a revista Gazeta Musical. O seu patriotismo
reafirma-se e amadurece em obras como
Suite Rústica (para orquestra, sobre melodias tradicionais portuguesas), os cinco Velhos Romances Portugueses (para pequena
orquestra), as Nove Canções Populares Portuguesas (para voz e orquestra), os Natais
Portugueses e Melodias Rústicas Portuguesas (para piano), além de numerosos ciclos
de harmonizações de canções populares,
para voz e piano, e para coro a capella.
Filipe de Sousa
1927-2006
Nasceu em Moçambique. Iniciou os estudos musicais aos seis anos, com o seu pai,
guitarrista e compositor. Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, onde se formou em piano com Abreu Mota e composição com Jorge Croner de Vasconcellos.
Simultaneamente, concluiu o bacharelato
em Filologia Clássica pela Universidade de
Lisboa.
Durante os primeiros tempos da sua vida
profissional dedicou-se à carreira de intérprete, empenhando-se particularmente na
divulgação de autores contemporâneos.
A Filipe de Sousa se devem as primeiras
audições em Portugal de algumas obras
de Bartók, Hindemith, Schoenberg ou Milhaud.
Contando com uma bolsa de estudo
atribuída pelo governo de Moçambique,
regressa aos estudos e, em 1957, obtém
o seu diploma de chefe de orquestra na
Staatsakademie de Viena, com Hans Swarowsky. Estuda também em Munique,
com Adolph Mennerich e F. Lehmann, e
em Hilversum, com Alberto Wolf.
Lecionou no Conservatório Nacional de
Lisboa e na Universidade de Luanda e
foi diretor do Serviço de Música da RTP.
Dedicou-se com especial empenho à investigação e divulgação do património
musical português, descobrindo e catalogando numerosas obras de música antiga,
entre as quais peças de António Teixeira e
António José da Silva.
Enquanto compositor, destacam-se as obras
Quinteto de Sopros, Sinfonietta e Suite de
Danças, bem como peças a solo para piano, violino, viola, violoncelo e clarinete.
FRANZ LISZT
1811-1886
Nasceu em Raiding, na Hungria, e morreu
em Bayreuth. Durante a sua infância recebeu a influência das obras de Mozart,
Haydn e Beethoven. E com apenas 15 anos
já se tinha celebrizado como pianista de
um virtuosismo ímpar. Em 1821 foi para
Viena, onde estudou com Salieri e Czerny.
Tocou em Paris em 1823 e em Londres em
1824. Em Paris, conheceu Berlioz e Chopin, de quem se tornou muito amigo, e
outras figuras literárias e pintores importantes. Grande viajante, alcançou enorme
êxito por toda a Europa. Nos concertos em
que participou, a dado momento introduziu algumas inovações, nomeadamente
o facto de ter sido o primeiro pianista a
tocar sem pauta.
Como compositor, foi de uma grande
abertura de espírito, dando especial aten­
ção à música popular, aos compositores
do passado e às obras dos seus contemporâneos. As tradições musicais populares
fazem parte do seu processo de evolução
criativa. Inicialmente voltado para o piano,
Liszt viria posteriormente a dedicar-se à
orquestra. Mais tarde surgem os temas religiosos, com extensas partituras que irão
marcar o final da sua carreira de compositor. Foi um dos músicos mais apreciados
pelos seus contemporâneos, mas também
um dos mais solitários que o século XIX
conheceu.
GEORGE GERSHWIN
1898-1937
Filho de pais emigrantes russo-judaicos,
Gershwin nasceu em Brooklyn e ­cresceu
na baixa de Manhattan. Em criança, começou a tocar os êxitos da época no piano de
um vizinho, ainda sem ter rece­bido qualquer formação. Aos 13 anos, começou a
ter aulas de piano com Charles Hambitzer
e mais tarde estudou teoria e harmonia
com Edward Kilenyi, para quem escreveu
um quarteto de cordas.
Tornou-se, entretanto, pianista a tempo
inteiro. Viajou muito, compondo a maioria dos temas teatrais com o irmão, Ira
Gershwin. Viveu o último ano de vida em
Hollywood, onde compôs temas para vários filmes. A sua composição mais famosa é Rhapsody in Blue que tem um estilo
novo, o de aplicação da linguagem do jazz
a obras de concerto.
Gershwin foi não só o criador da idade de
ouro dos musicais americanos da Broad­
way, mas também um compositor de música para orquestras, com aproximações às
sonoridades do jazz. Os seus dotes melódicos eram fenomenais, a mistura de simplicidade e sofisticação existente na sua
música confere-lhe um poder atrativo e
individualidade. As suas canções contêm a
essência dos anos vinte em Nova Iorque e
mereceram terem-se tornado clássicos do
repertório do século XX.
Gerald Finzi
1901-1956
Nasceu em Londres. Estudou com o compositor Ernest Farrar até este partir para
a Primeira Guerra Mundial, onde acabou
por morrer. Estudou ainda com Edward
Bairstow em York. Em 1922, atraído pela
tranquilidade do mundo rural, mudou-se
para Painswick, em Gloucestershire, onde
se dedicou à composição. Regressou a
Londres alguns anos depois para estudar
contraponto com R. O. Morris.
Ensinou composição na Royal ­Academy of
Music, entre 1930 e 1933, ano em que casou com a artista Joyce Black, mudandose novamente para o campo: Aldbourne,
em Wiltshire. Foi na década de 1930 que a
reputação de Finzi cresceu e as suas obras
começaram a ter o merecido reconhecimento, o que aconteceu por exem­plo com
os ciclos de canções A Young Man’s Exhor­
tation (1926-1929), Earth and Air and Rain
(1928-1932) e Dies Natalis (1939).
Em 1939, fundou a orquestra inicialmente
amadora Newbury String Players, que dirigiu até à sua morte e que, além de difundir
a sua própria música, lhe permitiu revelar
alguns compositores contemporâneos e
redescobrir outros, sobretudo alguns ingleses esquecidos do século XVIII.
Durante os anos da Segunda Grande
Guerra escreveu algumas das suas mais importantes obras: o hino Lo, the Full, Final
sacrifice (1946), a ode For St Cecilia (1947),
o Concerto para Clarinete (1949) e Intimations of Immortality, peça para coro e orquestra (1950).
Em 1951 foi-lhe diagnosticada leucemia
e durante os cinco anos que ainda viveu,
Finzi não abrandou a sua dedicação ao
trabalho de compositor.
Giovanni Bottesini
1821-1889
Conhecido como “Paganini do contrabaixo”, Bottesini foi contrabaixista, maestro e
compositor, tendo deixado como principal
marca o desenvolvimento de novas técnicas de interpretação do contrabaixo.
Nasceu em Crema, na Itália, em 1821.
Filho de um músico, começou cedo a estudar violino. Quando quis fazer audição
para o Conservatório de Milão, apenas
restavam bolsas para os cursos de fagote
e contrabaixo. Em poucas semanas aprendeu o suficiente de contrabaixo para satisfazer o júri.
Em 1840 estreou-se como contrabaixista
na sua cidade natal com grande sucesso.
Foi contrabaixista na Orquestra do Teatro
de San Benedetto em Veneza e aí conheceu Verdi, de quem ficou amigo.
No ano de 1846 rumou a Havana onde
estreou a sua primeira ópera, e durante
alguns anos tocou um pouco por toda a
América.
De 1861 a 1863 foi diretor musical do
Tea­tro Bellini em Palermo e desempenhou
o mesmo cargo, mais tarde, em Espanha
e Portugal.
Bottesini dirigiu a estreia absoluta da ópera Aida de Verdi no Cairo.
Deixou uma extensa obra – entre óperas,
concertos, música de câmara e solista –
sendo as suas peças para contrabaixo de
tão grande exigência técnica que ainda
hoje raramente são tocadas.
ficou registado no ciclo de canções Lieder
eines fahrenden Gesellen. Foi maes­tro titular da Ópera de Budapeste e da Ópera
de Hamburgo. Mahler dividia o seu tempo
entre a composição, no verão, e a direção,
no inverno. A sua época de maior prestígio corresponde à data da sua nomeação
para diretor da Ópera de Viena, em 1897,
ano em que se converteu ao cristianismo, abandonando o judaísmo. Em Viena
revoluciona a produção e iluminação das
óperas. Em 1907, é atingido por três fatalidades: a perda – na sequência de ataques
antissemitas – do seu posto em Viena; a
morte da filha mais velha; e a descoberta
de uma doença cardíaca incurável. Convidado pelo diretor da Metropolitan Opera, vai para Nova Iorque, onde passa o
outono e o inverno durante quatro anos.
Quando morre, a 18 de maio de 1911, em
Viena, deixa três grandes obras póstumas:
a canção sinfónica Das Lied von der Erde
e as Sinfonias 9 e 10. Como maestro, a
sua competência e talento nunca foram
contestados, enquanto as suas composições não alcançaram unanimidade: sendo
alvo da admiração obstinada dos seus discípulos, mas também repudiadas por um
grande número de músicos.
GUSTAV MAHLER
Heitor Villa-Lobos
1860-1911
1887-1959
Nasceu em Kalist, Boémia, e morreu em
Viena. Compositor, maestro e pianista
austríaco, de origem judia, foi não só um
dos mais conhecidos regentes austríacos,
como um compositor fundamental na
passagem da música do século XIX para
o período moderno. Começou a aprender
piano aos seis anos, dando o primeiro recital quando tinha dez. Em 1875 entrou no
Conservatório de Viena, onde ­estudou piano com J. Epstein, harmonia com R. Fuchs
e composição com Franz Krenn. Foi ainda
no Conservatório que se tornou amigo e
seguidor de Bruckner. Começou a carreira como maestro em Hall, depois noutras
cidades austríacas, entre as quais Kassel,
onde teve um caso amoroso infe­liz que
Nasceu no Rio de Janeiro. Recebeu de seu
pai as primeiras lições de música e chegou
a ter aulas de harmonia com outro professor, mas foi em todos os restantes domínios um autodidata, ganhando a vida a
tocar em cafés. Tocou violoncelo na Ópera
do Rio e em várias orquestras sinfónicas,
absorvendo influências dos nacionalistas
russos, bem como de Stravinsky e Strauss,
sob cuja direção tocou em 1920. Amigo
de Milhaud quando este era secretário de
Claudel na embaixada francesa e, desde
1921, de Arthur Rubinstein, que tocou
muitas das suas obras para piano. Viveu
na Europa entre os anos de 1923 e 1924,
e residiu em Paris entre 1927 e 1930, tendo sido influenciado por Satie e Milhaud
>
131
132
e pelo neoclassicismo então na moda. O
resultado foi uma série de obras intitulada
Bachianas Brasileiras, em que as formas
barrocas são recriadas com um “colorido”
brasileiro. Regressado ao Brasil em 1930,
ensinou em várias escolas. Fundou o Conservatório Nacional de Canto Orfeónico
em 1942 e a Academia Brasileira de Música em 1945.
Embora a sua música pareça ter características folclóricas, são raras as vezes em
que se baseou em canções populares,
devendo-se o espírito brasileiro das suas
obras a efeitos de colorido e de ritmo. Personalidade romântica e melodista usou a
forma do choro popular como base para
uma série de peças de caráter nacionalista, para diversas combinações de vozes e
instrumentos.
Hugo Wolf
1860-1903
Nasceu em Windischgraz (hoje Slovenj­
gradec), na Eslovénia, que então integrava o império Austro-Húngaro. Iniciou
os estudos musicais com o seu pai e, mais
tarde, frequentou o Conservatório de Vie­
na, onde foi contemporâneo de Gustav
Mahler. Foi um aluno irregular, chegando
a ser expulso do conservatório. Foi ainda
enquanto estudante que contraiu sífilis,
doença que acabaria por matá-lo e que
condicionou a sua vida e carreira, alternando períodos de intensa dedicação à
composição, com outros de profunda depressão e doença.
Foram as canções que compôs que consagraram Wolf, tendo a grande maioria sido
composta a partir dos seus 28 anos. Até
aí, iniciara vários trabalhos para música de
câmara, para piano e para orquestra que,
na grande maioria, ficaram incompletos.
Entre os trabalhos que concluiu estão o
poema sinfónico Penthesilea, a peça coral
Christnacht e ainda Italian Serenede, para
um quarteto de cordas. Nas suas canções,
musicava poemas dos seus escritores alemães preferidos, como Goethe, Mörike,
Eichendorff, Kleist ou Lenau, tendo-se
dedicado, a partir de 1889, à descoberta
de poetas espanhóis e italianos. Compôs,
então, nos anos seguintes, os livros de
canções Spanisches Liederbruch e Italie­
nisches Liederbruch. Em 1895 e 1896
compôs ainda a ópera Der Corregidor.
Morreu em 1903 num asilo psiquiátrico,
onde foi internado depois de uma tentativa de suicídio por afogamento, cinco
anos antes.
Ignacy Jan
Paderewski
1860-1941
Paderewski é lembrado sobretudo por ter
sido o segundo primeiro-ministro da Polónia, pelo brilhantismo e inteligência dos
seus discursos e pelo carisma enquanto
pianista.
Nasceu no Império Russo em 1860, numa
povoação que pertence atualmente à
Ucrânia. Depois da morte da mãe e da
prisão do pai, suspeito de ter participado na Revolta de 1863 contra o Império
Russo, Ignacy foi acolhido por uma tia.
Foi um pianista precoce e um improvisador brilhante, e já gozava de alguma fama
quando ingressou no Conservatório de
Varsóvia aos 12 anos. Com pouco mais de
vinte anos tornou-se uma figura de culto
como pianista carismático, tendo atuado
por toda a Europa e Estados Unidos.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi
o representante oficial do Comité Nacional da Polónia – organismo que lutava pela Tríplice Entente e reclamava
a independência da Polónia. Em 1919
tornou-se primeiro-ministro do recém-criado Estado polaco, tendo sido o seu
representante na Conferência de Paz de
Paris e assinado o Tratado de Versalhes.
Três anos depois voltou aos concertos em
salas como o Carnegie Hall ou o Madison
Square Garden.
Na Segunda Guerra Mundial liderou o
Governo polaco no exílio, em Londres, enquanto recolhia fundos dando concertos.
Esteve ativo quase até à sua morte, em
junho de 1941.
IGOR STRAVINSKY
1882-1971
Nasceu em Oranienbaum, na Rússia. Começou por estudar direito e, simultaneamente, música com Rimski-Korsakov.
A partir de 1908 colabora com Diaghilev
e compõe vários bailados que rapidamente o tornam célebre (O Pássaro de Fogo,
A Sagra­ção da Primavera). Acompanha os
Ballets Russes quando estes partem para
França e conhece músicos como Debussy,
Ravel, Satie, entre outros.
A Revolução de 1917 afasta-o da Rússia
até 1962. Instala-se em França, onde alarga as suas fontes de inspiração e desenvolve igualmente uma carreira de pianista
e de maestro. Fixa-se definitivamente nos
Estados Unidos na altura da Segunda
Guerra Mundial. Em 1962 efetua uma
viagem triunfal pela Rússia. Durante o
seu primeiro período de composição,
Stravinsky inspira-se no repertório russo integrando-o em estruturas formais e
harmónicas mais abstratas, provenientes
do Ocidente e desenvolvendo uma rítmica muito inovadora. Compôs depois num
estilo “neoclássico”, com referências às
polifonias antigas e à modalidade. No
fim da sua vida, tentou também a música
serial. O estilo extremamente pessoal de
Stravinsky e as suas contribuições, nomeadamente nos planos harmónico e rítmico,
para a linguagem musical, fazem-no um
dos mais importantes compositores do
século XX; o seu génio é universalmente
reconhecido.
ISAAC ALBÉNIZ
1860-1909
Nasceu em 29 de maio de 1860, em
Camprodón, uma aldeia nos Pirenéus na
província de Girona, Espanha.
Estudou em Paris, Madrid, Leipzig e Bruxe­
las. Foi muito influenciado por Franz Liszt,
com quem aperfeiçoou a sua técnica
pia­nística, e também por Felipe Pedrell,
Debussy e Ravel, além de ter captado ele­
mentos da música pianística de salão do
século XVIII, da harmonia impressionista
e da música folclórica espanhola. Muitas
das suas composições foram transcritas
para guitarra por Francisco Tárrega, cujo
trabalho Albéniz muito admirava. Era um
pianista habilidoso e possuía um estilo
muito pessoal. Foi uma das figuras mais
importantes da história musical de Espa­
nha, contribuindo para criar um idioma
nacional e uma escola nativa de música
para piano.
Iberia, a sua obra-prima, foi composta entre 1906 e 1909 e reúne em quatro volumes doze peças para piano, muitas delas
orquestradas depois por Enrique Fernández Arbós. Outra das suas obras mais famosas é a Suite Espanhola (1896-1897),
composta em homenagem à rainha de Espanha. Albéniz musicou ainda três libretos
de ópera: Henry Clifford (1895), Merlin e
Pepita Jiménez (1896).
Jean Sibelius
1865-1957
Nasceu em Hämeenlinna, no sul da Finlân­
dia, que na época constituía um grão-ducado da Rússia czarista, governado por
uma maioria sueca. Desde cedo, Johan (só
depois Jean) revelou talento musical, tendo como instrumento de eleição o violino,
e aos nove anos compunha a sua primeira
peça. Em 1885, ingressou na Universidade de Helsínquia para estudar direito,
mas pouco depois abandonou o curso e
dedicou-se à música. Estudou em Berlim,
com Albert Becker, e em Viena, com Karl
Goldmark e Robert Fuchs.
De regresso à Finlândia, Sibelius dedicou-se ao ensino e à composição. Surgiram
então os seus primeiros sucessos, como a
Kullervo Symphony e a Lemminkäinen suite, baseadas nas lendas de Kalevala, peças
importantes da mitologia finlandesa. Mais
tarde, e já com apoio financeiro do senado
finlandês, iniciou a composição das suas
sete sinfonias, que o consagraram como
um dos mais importantes compositores
nacionalistas de sempre e como um dos
mais relevantes no desenvolvimento da
sinfonia e do poema sinfónico.
Viveu muitos anos, mas nos últimos trinta dedicou-se apenas à revisão das suas
obras, deixando o mundo à espera de uma
oitava sinfonia que nunca foi conhecida.
JIMMIE LUNCEFORD
1902-1947
Recordado como líder de uma das melhores bandas de swing de sempre, a par das
bandas de Duke Ellington, Count Basie e
Benny Goodman, Jimmie Lunceford cresceu em Denver, no Colorado, onde estudou com Wilberforce J. Whiteman, pai do
também famoso líder da Paul Whiteman
Orchestra.
Apesar de ter estudado vários instrumentos, foi melhor líder do que músico. Foi
professor no Liceu Manassas em Memphis, Tenessee, e, em 1927, criou nesta
cidade a banda Chickasaw Syncopators,
formada por estudantes, com a qual gravou algumas canções nos anos seguintes.
Pouco tempo depois, a banda tornou-se
profissional e começou a ser conhecida
como Jimmie Lunceford Orchestra. Em
1933, a banda estabelecia-se em Nova
Iorque, conquistando um lugar no consagrado Cotton Club, onde se fez notar com
grande sucesso passado pouco tempo.
Rapidamente, começaram a gravar para a
editora Decca, mas a banda de Lunceford
seria sempre considerada mais forte nas
suas performances ao vivo.
Entre os mais famosos temas da banda estão: Rhythm Is Our Business, Four or Five
Times, Swanee River, Charmaine, My Blue
Heaven, Ain’t She Sweet, Uptown Blues e
Lunceford Special.
JOHANNES BRAHMS
1833-1897
Nasceu em Hamburgo. Em criança, imaginou um sistema de notação musical,
sem saber que o mesmo já existia. Foi um
génio, dotado precocemente para o piano
e a composição. Foi introduzido no meio
musical pelo pai, contrabaixista do Teatro
Estatal de Hamburgo, com quem aprendeu a tocar violino. Estudou piano com
Otto Cossel e composição com Eduard
Marxsen.
Como pianista, fez a sua primeira apresentação pública em Hamburgo, aos 15 anos.
Em 1853, conhece Joseph Joachim, que se
impressionou com as suas composições e
o apresentou a Liszt e Schumann. Foi neste período que escreveu os primeiros opus
– as três Sonatas para piano e as Variações
sobre um tema de Schumann, bem como
as quatro Baladas op. 10. Depois da morte
de Schumann tornou-se professor de piano da princesa Friederike e maestro coral
na corte de Lippe-Detmol. A composição
para este instrumento irá estar presente
em mais de 50 peças. Brahms considerava
o piano como o seu confidente de todos
os dias, uma espécie de diário onde podia
depositar os pensamentos mais íntimos.
Foi um mestre em qualquer forma de
composição, exceto a ópera que nunca
abordou. Evitou a música programática
e escreveu nas formas clássicas, embora
a sua natureza fosse essencialmente romântica.
JOHN CAGE
1925-2003
Nasceu em Los Angeles. Depressa abandonou a escola e mudou-se para a Europa
com a intenção de se tornar escritor. Em
Paris estudou arquitetura e interessou-se
por música e pintura, escrevendo as primeiras composições em Maiorca.
Voltou para os EUA e estudou harmonia e
composição com Adolph Weiss e música
oriental e folk music com Henry Cowell na
New School for Social Research, em Nova
Iorque. Foi para Los Angeles estudar com
Arnold Schoenberg, mas o seu relacionamento rapidamente se desfez, por não se
entenderem de todo quando o assunto
era harmonia.
Começou a envolver-se com a dança em
1937, trabalhando como compositor e
acompanhante de aulas de dança moderna, primeiro na Universidade da Califórnia
e depois na Cornish School em Seattle.
Mais tarde trabalhou frequentemente em
>
133
134
associação com o coreógrafo Merce Cunningham.
Envolveu-se com o zen-budismo, que
o inspirou a compor Music of Changes,
peça em que as notas e a sua duração
eram determinadas pelo I Ching. Em Estocolmo, compôs Music Walk, que consiste em nove folhas com anotações e uma
em branco, e um pequeno plástico com
recortes retangulares que é colocado em
qualquer posição. A Música Aleatória –
que Cage levou ao extremo – surgiu nos
anos 1950 como reação ao serialismo. A
performance é imprevisível, pois cabe ao
intérprete escolher, entre os caminhos sonoros indicados através de notação específica, o que mais lhe agrada. Cage compôs
também a obra silenciosa 4’33’’, que é o
tempo que os artistas ficam em silêncio no
palco segurando os seus instrumentos, e
cuja reação da plateia pode ir da surpresa
à indignação.
JOHN MUSTO
n. 1954
Consagrado quer como pianista, quer
como compositor, John Musto nasceu em
Brooklyn e frequentou a Manhattan School
of Music, onde foi aluno de Seymor Lipkin.
Mais tarde, estudou com Michael Rogers e
Paul Jacobs.
A par de uma intensa agenda de concertos, quer nos Estados Unidos quer na
Europa, Musto é um prolífico compositor,
dedicando-se à música de câmara, concertos, peças para piano solo e à ópera.
A encenação que Wolf Trap empreendeu
da ópera de Musto Volpone foi nomeada
para os Grammys 2010. Estreia agora em
abril de 2011, pela mão da Wolf Trap Opera Company sedeada em Viena, no estado
de Virginia, a sua mais recente ópera The
Inspector, que conta, como habitualmente
nos seus trabalhos, com o libreto de Mike
Campbell.
Lecionou na Brooklyn College e é frequentemente convidado para orientar palestras
na Juilliard School e na Manhattan School
of Music.
Como pianista, gravou para várias editoras consagradas, entre as quais: Bridge,
Harmonia Mundi, Nonesuch, The Milken
Archive, Naxos, Harbinger, CRI e EMI. As
suas composições foram também editadas
pelas Hyperion, Harmonia Mundi, Music-Masters, Innova, Channel Classics, Albany
Records e New World Records.
JOHNNY GREEN
1908-1989
Nasceu em Nova Iorque. Formou-se na
Universidade de Harvard em 1928. Seguindo o conselho do seu pai, depressa
conseguiu um emprego em Wall Street,
que abandonou para se dedicar à música.
Em 1933, compôs aquela que veio a ser
considerada a sua obra-prima: Body and
Soul, tema escrito inicialmente para a cantora Gertrude Lawrence, que Green acompanhava ao piano e que veio a ser interpretado pelos grandes nomes da canção
americana, como Billie Holliday ou Ella Fitz­
gerald. Outros temas famosos da sua autoria são Out of Nowhere, I Cover the Waterfront (com Edward Heyman) e I Wanna
Be Loved (com Heyman e Billy Rose). Ainda
em 1933, iniciou a sua colaboração como
compositor e maestro com os estúdios
Para­mount, onde escreveu o famoso tema
dos desenhos animados Betty Boop.
Foi diretor musical de várias galas de entrega dos Óscares da Academia nas décadas de 1940 e 1950. Foi também nesta
altura que iniciou a sua colaboração com
os estúdios MGM, onde foi diretor musical até à década de 1060, traba­lhando em
filmes como Um Americano em Paris, O
Grande Caruso, Brigadoon e Alta Sociedade. A partir da banda sonora que escrevera para o filme A Árvore da Vida, em
1956, compôs nos anos 60 a suite sinfónica Rain tree County: Three Themes for
Symphony Orchestra.
Joly Braga Santos
1924-1988
Compositor e maestro, nasceu em Lisboa
em 1924. Foi aluno de Luís de Freitas Bran-
co em Lisboa e mais tarde de Hermann
Scherchen em Veneza. Foi colega de Luigi
Nono e Bruno Maderna.
Foi compositor e maestro assistente na
Emissora Nacional, professor no Conservatório Nacional e crítico musical. Dirigiu
as três principais orquestras portuguesas:
Orquestra Sinfónica do Teatro de São
Carlos, Orquestra Sinfónica do Porto e
Orquestra Sinfónica da Radiodifusão Portuguesa, onde foi responsável pela estreia
portuguesa de várias obras contemporâneas portuguesas e estrangeiras (de Ginastera, Jorge Peixinho, Penderecki, entre
outros). Foi membro fundador da Juventude Musical Portuguesa, a que dedicou a
sua Quarta Sinfonia, que inclui no último
andamento o Hino à Juventude.
A sua música, embora dividida grosso
modo em duas fases, manteve um traço
comum: a influência da música tradicional
portuguesa e da polifonia renascentista. Inicialmente influenciada por Luís de
Freitas Branco, com estruturas clássicas e
harmonias mais simples, foi-se tornando
mais complexa a partir do fim dos anos
de 1950. O domínio das possibilidades
instrumentais e da paleta de cores da orquestra foram uma das marcas definidoras
da obra de Joly Braga Santos.
José Vianna
da MotTa
1868-1948
Nasceu em São Tomé, no seio de uma
família da burguesia. O seu pai era músico
amador e desde cedo encontrou no seu
filho um enorme talento musical. Já em
Lisboa, frequentou o Conservatório Nacional, onde estudou com Francisco de
Azevedo Madeira e Francisco de Freitas
Gazul. Apresentado à corte, recebeu de
imediato proteção por parte do rei D.
Fernando e da condessa d’Edla, tendo
começado a tocar publicamente era ainda
uma criança.
Em 1882 mudou-se para Berlim e, contando com o mecenato da Família Real, ingressou no Conservatório Scharwenka.
Nesta altura, Vianna da Motta começou a
interessar-se fervorosamente por Wagner.
Em 1885 parte para Weimar, onde durante um ano estuda piano com Liszt, que
morre em 1886.
A partir daí e nos anos seguintes, inicia
uma intensa atividade como intérprete,
apresentando-se em várias salas europeias,
nos Estados Unidos e na América do Sul.
Em 1900 iniciou a sua atividade docente
em Berlim. Lecionou ainda na Escola Superior de Música de Genebra e, entre 1918 e
1938, foi diretor do Conservatório Nacional
de Lisboa, onde em conjunto com Luís de
Freitas Branco coordenou profundas reformas.
Como compositor, foi pioneiro no movimento nacionalista na música portuguesa. Procurou na música tradicional e nas
grandes obras poéticas nacionais motivo
para as suas obras. A sua obra mais conhe­
cida, a sinfonia À Pátria, e outras, como
Evocação dos Lusíadas e Cenas da Montanha, são disso exemplo.
JOSEPH LAMB
1887-1960
Nasceu em Montclair, no estado norte-americano de Nova Jérsia, num ambiente
familiar ligado à música. Aprendeu piano
e composição clássica com as suas irmãs,
mas cedo descobriu Scott Joplin, do qual
se tornou grande admirador. Adotou o
ragtime como estilo, começando a compor a partir de 1896.
Em 1908, quando trabalhava numa editora em Nova Iorque, acabou por conhecer
pessoalmente Joplin, que se tornou um
impulsionador da sua carreira, ajudando-o a publicar com sucesso na Stark o seu
primeiro tema, Sensation Rag.
Apesar deste salto na sua carreira de compositor, Lamb acabou por não se estabelecer no mundo da música, seguindo a sua
vida profissional no mundo dos negócios.
No entanto, já no final da década de 1940,
foi redescoberto por Rudi Blesh e Harriet
Janis, que então se dedicavam ao estudo
do ragtime, tendo regressado à composi-
ção e gravado pela primeira vez em 1959,
um ano antes de morrer em Brooklyn,
Nova Iorque.
Hoje, é considerado, ao lado de Scott Joplin e James Scott, um dos pais do rag­
time, apesar de ter um percurso muito diferente do destes dois compositores. Entre
os rags mais famosos de Lamb estão The
Bohemia, American Beauty, The Ragtime
Nightingale, The Alaskan Rag e Excelsior
Rag.
Juan Bautista
Plaza
1898-1965
Foi um dos mais importantes vultos da
composição erudita venezuelana. Nasceu
em 1898 em Caracas. Em 1920 rumou a
Roma para estudar música sacra. De regresso a Caracas, foi organista e mestre
de capela na catedral e professor na Escola
Superior. Foi aí responsável pelo restauro
e classificação dos manuscritos de música colonial venezuelana, encontrados em
1935.
Durante dois anos foi diretor da Cultura
do Ministério de Educação.
Desde o início da colonização e até depois
da Independência, em 1821, o ensino e
a divulgação da música erudita na Venezuela – como em quase toda a América
Latina – estiveram a cargo das missões religiosas. Seguiu-se um período romântico
e marcadamente nacionalista até ao final
da Primeira Guerra Mundial.
Assim, a música de Plaza deu continuidade ao nacionalismo vigente, marcado por
uma independência de apenas um século,
tendo escrito muito para os coros e vozes
das escolas onde ensinou. Foi no entanto
na sua música para piano solo que mais se
aventurou na aplicação das novidades que
chegavam da Europa.
KAROL SZYMANOWSKI
1882-1937
Personagem central na renovação da música polaca, nasceu na Ucrânia, em 1882,
e desde cedo mostrou ser uma promessa
para a música, em certa medida devido a
um ferimento numa perna que o obrigou a
uma vida sedentária. Estudou música, e ao
longo de toda a sua vida admirou convictamente Chopin. Estudou teoria com Neuhaus e composição com Nos­k­owski, em
Varsóvia, tendo-se mudado depois para
Berlim, atraído pelo fulgor de Strauss. Com
três compatriotas (Fitelberg, Rózycki e Szeluta) forma a sociedade “A Jovem Polónia
na Música”, que conta com o incentivo
de Arthur Rubinstein e Hein­rich Neuhaus.
Viaja muito, pela Alemanha, Itália, França
e Inglaterra, depois pelo Norte de África e
Egito, aperfeiçoando os seus conhecimentos musicais e recolhendo influências. Na
sua produção destacam-se três períodos:
o romântico, o impressionista e o popular.
Nas suas obras é percetível a influência da
escola de Strauss, entre outras, através da
qual chegou à admiração por Debussy e
pelos compositores franceses “impressionistas”. Deles absorveu o que precisava,
atingindo a atonalidade, a politonalidade,
os microtons e passagens declamadas. O
regresso à Polónia acordou o seu nacionalismo, inspirado em Chopin, pela forma
como este tinha estudado a música da sua
terra natal, o que o levou ao Mazurek para
piano e ao colorido e exótico Harnasie.
Kurt Weill
1900-1950
Nasceu em Dessau, na Alemanha. Estudou com Humperdinck e Busoni, enquanto fazia pequenos trabalhos como músico
numa sinagoga, numa cervejaria, como
crítico musical e professor.
Aos 26 anos sabia já que a junção entre
teatro e música seria central na sua carreira e o debate da dicotomia entre ópera e
teatro musical já se avistava quando escreveu Der Protagonist (O Protagonista) em
conjunto com Georg Kaiser, o dramaturgo
expressionista de maior sucesso na Alemanha dos anos de Weimar.
Foi uma encomenda do Festival de Baden-Baden que juntou Kurt Weill a Bertolt
Brecht, numa das colaborações mais co-
>
135
136
nhecidas do século passado e cuja obra
mais notória seria Die Dreigroschenoper
(A Ópera dos Três Vinténs).
Em 1933, Weill viu-se obrigado a fugir
da Alemanha, primeiro para Paris e mais
tarde para os EUA, sempre acompanhado
pela atriz Lotte Lenya, sua mulher.
Nos EUA, o compositor trabalhou na Broad­
way e no cinema, com alguns dos mais importantes dramaturgos norte-americanos.
Na sua música, Weill utilizou todas as suas
capacidades e conhecimentos para atingir
as sonoridades apropriadas a cada uma das
obras. Cruzou o vaudeville com o caba­ret,
a música popular com a música erudita,
o musical com a ópera, tendo conseguido
ainda adaptar-se aos diferentes ambientes
culturais dos seus dois países, a Alemanha
e os EUA.
Leonard Bernstein
1918-1990
Nasceu em Lawrence (Massachusetts), e
morreu em Nova Iorque. Compositor, pianista e maestro americano, estudou na Universidade de Harvard e no Instituto Curtis,
em Filadélfia, e foi aluno protegido de Koussevitzky. Estreou-se em 1944, substituindo
de improviso Bruno Walter (que se encontrava doente) tendo-se tornado, desde então, um reputado maestro. Associou-se a
Israel Philarmonic Orchestra (desde 1947), à
Boston Symphonic Orchestra e à New York
Philarmonic Orchestra (diretor musical entre 1958 e 1969), desde cedo conquistando uma reputação internacional, dirigindo
em Viena e no La Scala. Durante o exercício
da sua atividade na New York Philarmonic
Orchestra, esta viveu o seu período áureo.
Pianista exímio, atuava muitas vezes simultaneamente como solista e maes­tro. Ao
mesmo tempo, iniciou a sua carreira como
compositor, banindo as barreiras entre cultura de elite e cultura popular, através da
combinação de Mahler e Broadway, Copland e Bach. Os seus trabalhos de teatro
são, em grande parte, ao estilo da Broad­
way: incluem o bailado Fancy Free (1944)
e os musicais Candide (1956) e West Side
Story (1957). Os seus trabalhos mais ambiciosos, muitos deles escritos numa intensa
linguagem pós-mahleriana, cromaticamente ricos, têm, muitas vezes, uma inspiração
religiosa, por exemplo a Sinfonia Jeremiah
com mezzo-soprano (1942), Kaddish, com
solistas e coros (1963), e a peça de teatro
Mass (1971).
Leoš JanáČek
1854-1928
Nasceu em Hukvaldy, Morávia do Leste,
em 1854. Compositor, maestro, organista e professor, embora tivesse já 47 anos
quando se iniciou o século XX, é considerado um compositor deste século. Filho de
um organista de paróquia estudou música
com Pavel Krzysztowski e frequentou a
Escola de Órgão de Praga. Aperfeiçoou
a técnica nos conservatórios de Leipzig e
Viena, respetivamente com Grill e Krenn.
Em 1881 fundou a Escola de Órgão de
Brno, da qual foi diretor até 1919. As
suas composições tiveram pouco sucesso,
mas gradualmente envolveu-se na música
popular da Morávia trabalhando com Bartós na edição, harmonização e execução
de canções tradicionais. O compositor é
conhecido sobretudo pelas suas óperas e
peças sinfónicas. A sua obra para piano
é bastante reduzida, destacando-se Num
Caminho Coberto de Vegetação, os dois
movimentos da Sonata 1.º de Outubro
1905 e as quatro peças Nas Brumas, que
contêm passagens de uma originalidade
incontestável.
Luís de Freitas
Branco
1890-1955
Nasceu em Lisboa em 1890, numa família
aristocrática e com vasta tradição cultural.
Aos vinte anos começou o seu périplo por
Berlim e Paris para estudar composição, o
que lhe permitiu aproveitar a riqueza da
vanguarda cultural destas cidades. Toda a
influência de Ravel, Debussy, César Franck
ou da Segunda Escola de Viena transpareceram na música do compositor.
De volta a Lisboa iniciou atividade como
crítico musical e professor.
Embora próximo do regime, tendo tido
cargos públicos de relevo, nunca deixou de
prosseguir a vida de conferencista e intelectual. Neste âmbito conheceu Bento de
Jesus Caraça que, juntamente com Fernando Lopes-Graça, o levou a um progressivo
afastamento do regime, que também o foi
exonerando dos diversos cargos públicos.
Nas suas obras manteve sempre uma grande proximidade à poesia e à literatura. A
novidade da sua linguagem no panorama
português fez-se refletir em obras como
Paraísos Artificiais ou Vathek.
Foi um dos pioneiros da música para cinema em Portugal. Escreveu a música para
a sonorização de Douro, Faina Fluvial de
Manoel de Oliveira (na versão de 1934) e
para Frei Luís de Sousa de António Lopes
Ribeiro.
MANUEL DE FALLA
1876-1946
Nasceu em Cádis, Espanha, e morreu em
Alta Gracia de Córdoba, Argentina. Aprendeu piano com a sua mãe e harmonia com
dois músicos locais. Continuou os estudos
de piano em Madrid com José Tragó, mas
como a sua ambição era tornar-se compositor escreveu duas zarzuelas. Posteriormente estudou composição com Felipe Pedrell,
que defendia a teoria de que a música de
uma nação devia ser baseada na sua música tradicional.
Tornou-se famoso como De Falla, quando
substituiu o primeiro nome, Manuel, pela
preposição do apelido. Na sua produção
musical distinguem-se claramente dois
períodos: o primeiro Falla é seguidor de
Albéniz e de Chapi, e as suas composições
estão imbuídas de correntes nacionalistas e elementos populares do folclore; o
segun­do corresponde a um compositor de
maior maturidade, resultado da sua estada em Paris e das influências de Debussy,
Ravel e Dukas. Mantendo-se fiel à tradição
andaluza, nesta fase a composição de ­Falla
caracteriza-se pela concisão e simplicidade
das obras, e por uma espiritualização quase
mística da música.
Marcelo Nisinman
n.1970
Ver pág. 115
Marjan Mozetich
n. 1948
Nasceu em Itália, na pequena cidade, Gorizia, na fronteira com a atual Eslovénia
e que tinha pertencido à Jugoslávia até
1947. Aos quatro anos migrou com os
pais para o Canadá e adquiriu a nacionalidade canadiana poucos anos mais tarde.
Tornou a Itália para estudar com Berio e
Donatoni. Em 1971 fundou a ARRAY, uma
associação dedicada à divulgação da música contemporânea.
Durante os anos 70 recebeu algumas das
mais importantes distinções da área da
música contemporânea.
Depois de uma fase minimalista, a sua
música evoluiu para um estilo que Moze­
tich intitula “Romantismo pós-moderno”
e que junta a influência da música sinfónica para cinema com a tradição do neorromantismo, muito em voga sobretudo entre os compositores da América do Norte.
O compositor pretende chegar ao público,
utilizando os recursos estilísticos e técnicos
já inventados para explorar e inovar dentro de uma linguagem romântica.
É atualmente um dos compositores canadianos de maior sucesso e popularidade,
tendo tido já música sua utilizada no cinema e até como jingle da companhia aérea
canadiana.
MAURICE RAVEL
1875-1937
Nasceu na região basca, mas passou a infância em Paris onde ingressou no Conser­
vatório, estudando piano com Bériot e
composição com Fauré.
Ravel demonstrou sempre uma personalidade extremamente original, não obstante ter sido durante muito tempo considerado seguidor de Debussy. De facto,
do seu universo sonoro estão ausentes as
significações profundas e misteriosas que
se encontram na música do seu conterrâneo, e os contactos ou influências de outras artes ou correntes estéticas, como o
impressionismo ou o simbolismo, não se
manifestam de forma tão evidente. Contudo, é possível encontrar alguns pontos
comuns, embora com abordagens diferentes, como a evocação de atmosferas
exóticas ou antigas. Este posicionamento
distante encontra-se na origem da visão
de Ravel como o compositor que resgatou
a “música pura”, que regressou à organização racional dos sons, ao caráter artesanal da música manifestando uma constante – e quase obsessiva – preocupação por
uma estrutura equilibrada e bem proporcionada que espelhasse a sua paixão por
todo o tipo de mecanismos de precisão,
como os relógios. Com efeito, Ravel procurou obter o máximo de clareza formal,
melódica e rítmica, cujo clímax será naturalmente atingido com o Bolero (1928). A
ideia subjacente é sempre a de um mundo
extremamente ordenado e conduzido por
si só, que se traduz em obras de contornos
límpidos, mesmo quando faz uso de estruturas mais livres.
Ned Rorem
n. 1923
A palavra e a música estão intimamente
ligadas em Ned Rorem. Compôs três sinfonias, quatro concertos para piano e um
conjunto de outras obras para orquestra,
música para vários ensembles de câmara,
dez óperas, obras corais, ballets e outras
músicas para teatro, e centenas de canções e ciclos. É autor de dezasseis livros,
incluindo cinco volumes de diários, e coleções de aulas e crítica musical.
Ned Rorem é um dos mais respeitados
compositores americanos. A somar a um
Prémio Pulitzer, atribuído em 1976 pela
suite Air Music, Rorem recebeu também
o Fulbright Fellowship (1951), o Guggenheim Fellowship (1957), e um prémio
pela National Institute of Arts and Letters
(1968). Venceu por três vezes o ASCAP-Deems Taylor Award; em 1998 foi eleito
Compositor do Ano pela Musical América.
A gravação feita pela Atlanta Symphony
de String Symphony, Sunday Morning e
Eagles recebeu um Grammy em 1989.
Entre 2000 e 2003 foi presidente da American Academy of Arts and Letters. Em
2003 recebeu o ASCAP’s Lifetime Achievement Award e, em janeiro de 2004, o
Governo francês ordenou-o Cavaleiro da
Ordem das Artes e Letras.
Entre as suas muitas encomendas contam-se as da Fundação Ford (Poems of Love
and the Rain, 1962), da Atlanta ­Symphony
(String Symphony, 1985), da Chicago Sym­
phony (Goodbye My Fancy, 1990), e da
New York Philharmonic (Concerto for En­
glish Horn and Orchestra, 1993).
Nikolay Myaskovsky
1881-1950
Nasceu em território polaco em 1881, em
plena época do Império Russo. Oriundo de
uma família de militares, foi forçado, ainda jovem, a seguir a mesma carreira.
Durante os estudos nas academias militares foi músico amador e em 1895, quando
foi para São Petersburgo, pôde também
aproveitar toda a riqueza da vida cultural
da cidade. Aí conheceu Rimsky-Korsakov,
que o incentivou a prosseguir os estudos
musicais. Em 1906 conseguiu dedicar-se
apenas à música, tendo entrado no Conservatório de São Petersburgo.
Na Primeira Guerra Mundial foi mobilizado e enviado para a frente de guerra. Em
1919, já após a Revolução de Outubro,
foi nomeado professor no Conservatório
de Moscovo e membro do Coletivo de
Compositores de Moscovo. Foi ainda um
dos fundadores da Associação de Música
Contemporânea.
A sua música foi considerada demasiado
intelectual e abstrata pelo regime estalinista, e depois das comemorações dos 30
anos da Revolução de Outubro, Myaskovsky foi banido do Conservatório e das
salas de concerto.
>
137
Dedicou os seus últimos anos à composição e finalização das suas obras. Morreu
em 1950.
A sua obra é sobretudo constituída por
sinfonias e quartetos de corda, tendo sido
considerado o “classicista” dos compositores soviéticos da sua época.
Nino Rota
1911-1979
138
Nasceu em Milão, em 1911. Estudou no
Conservatório de Milão, no Conservatório
de Santa Cecília em Roma e no Curtis Institute de Filadélfia.
Rota criou um estilo novo e único, através de uma complexa rede de referências,
cita­ções e recursos estilísticos com base na
canção italiana, a opereta, a música para
cinema, a canção popular americana, o
jazz, a música de Gershwin, entre outras
influências.
Foi o autor da música para mais de 150 filmes, incluindo alguns dos mais importantes filmes do século XX. Em 1942 assinou
um contrato com a Lux Film Company,
com quem colaborou em mais de 60 filmes ao longo de dez anos, entre os quais
se encontra Nápoles Milionária de Eduardo de Filippo.
A partir de 1952 iniciou a sua colaboração com Fellini, que daria origem a filmes
como La Strada, La dolce vita ou Armacord. Com Fellini a parceria era mais próxima: a música tinha um papel narrativo
e psicológico, que viria a culminar em O
Ensaio de Orquestra.
Com Luchino Visconti trabalhou em ­Rocco
e os seus irmãos e O Leopardo, entre outros, e com Coppola colaborou em O Padri­
nho I e II.
Além de música para cinema, Rota escreveu diversas óperas, sinfonias, concertos,
ballets, música coral e de câmara.
Olivier Messiaen
1908-1992
Nasceu em Avignon, filho da poetisa Cécile Sauvage e de Pierre Messiaen, professor de inglês e conhecido tradutor de
Shakespeare. Interessou-se pela música
desde muito cedo começando a ter aulas
de piano. A partir de 1919, ano em que
a família foi viver para Paris, ingressou no
Conservatório onde estudou até 1930.
Nesse período teve aulas com Paul Dukas
e com o organista Marcel Dupré, entre
­outros. Com vinte e dois anos, Messiaen
foi nomeado organista na Igreja La Trinité
em Paris, posto que ocupou durante toda
a vida, tendo composto três ciclos de música para órgão, entre 1934 e 1939.
Em junho de 1936, o grupo La Jeune France, formado por Messiaen e pelos compositores André Jolivet, Daniel Lesur e Yves
Baudrier, organiza o seu primeiro concerto.
O objetivo era rejuvenescer a música francesa, dando-lhe vida e tornando-a mais
humana. Nesse mesmo ano, Mes­siaen é
nomeado professor na Ecole Normale de
Musique e na Schola Cantorum. Feito prisioneiro durante a Guerra pelo exército de
ocupação nazi, foi enviado para um campo
de concentração na Silésia, onde compôs
o célebre Quatuor pour la fin du temps,
uma das suas poucas obras de música de
câmara, mas uma das mais conhecidas, e
certamente uma das mais emblemáticas do
século XX. As inovações rítmicas, harmónicas e melódicas pelas quais Messiaen é
conhecido, e que mais tarde explicou com
a publicação, em 1944, do tratado Technique de mon langage musical, como os
ritmos não reversíveis, o valor adicionado e
os modos de transposição limitada, assim
como a transcrição e adaptação do canto
dos pássaros, começaram a surgir durante
a década de 1930 e manifestaram-se em
toda a sua obra.
PABLO ZIEGLER
n. 1944
Compositor e pianista argentino é reconhecido mundialmente pelas suas composições e interpretações de jazz e tango.
Nasceu em Buenos Aires. Estudou no Conservatório de Música da capital argentina,
onde se formou como professor de piano.
Continuou os estudos com Adrian More-
no e Galia Schaljman. Estudou composição com os professores Gerardo Gandini
e Francisco Kröpflt. Aos 14 anos, começa
a tocar com diferentes grupos de jazz e a
apresentar-se em concertos de piano solo.
Cria o Trio Pablo Ziegler, dedicado à interpretação de música clássica com arranjos
jazz feitos pelo próprio. Em 1978, Ziegler
junta-se ao quinteto do grande compositor de tango Astor Piazzolla, ocupando
durante muitos anos o lugar de pianista
do quinteto. Ainda hoje é referido por essa
longa participação. Atualmente, apresenta-se um pouco por todo o mundo, a solo
ou em grupo. Como compositor, é um dos
seguidores de Piazzolla na aproximação
ao tango, no qual introduziu uma maior
influência do jazz, harmonias leves semelhantes às usadas na Bossa Nova, e uma
grande dose de improvisação.
Paul Bowles
1910-1999
Compositor e escritor norte-americano,
Paul Bowles veio para a Europa, em 1947,
com a intenção de estudar composição
com Aaron Copland. Nesse mesmo ano,
porém, ambos visitariam Tânger: Copland
regressou a Paris, Bowles resolveu ficar
naquela cidade do Norte de África, onde
viveu até à sua morte, em 1999. Autor de
romances como The Sheltering Sky (O céu
que nos protege), adaptado por Bernardo
­Bertolucci para o seu filme Um Chá no
Deserto, e Let it come down (Deixai a chuva cair), foi também contista (A Missa do
Galo), compositor musical e fotógrafo.
Com outros contemporâneos seus ligados
ao movimento Beat Generation, Bowles foi
um dos principais responsáveis por ter inscrito Marrocos no itinerário obrigatório dos
intelectuais vanguardistas norte-americanos.
Descobriu e revelou algumas das formas
mais interessantes da música marroquina e
a sua apaixonada convivência com a cultura e os costumes marroquinos tornaram-no
um escritor de culto, tão fascinante pela sua
prosa límpida e misteriosa, quanto pela singularidade do seu percurso biográfico.
PAUL HINDEMITH
1895-1963
Nasceu em Hanau, perto de Frankfurt am
Main. É um dos principais compositores
da primeira metade do século XX e o que
mais contribuiu para o desenvolvimento
da teoria musical. Oriundo de uma família
com poucos recursos, o pai reconheceu-lhe
cedo o talento para a música. Assim, entre
1908 e 1914, estudou no Conservatório de
Frankfurt, conseguindo depois um trabalho na Ópera de Frankfurt. Integrou mais
tarde o Quarteto Amar. Inicialmente um
iconoclasta evoluiu para o neoclassicismo
e tentou criar uma música utilitária a que
chamou Gebrauchsmusik, para atender a
situações rotineiras.
Opôs-se ao atonalismo de Arnold Schoenberg e formulou a sua teoria na publicação
Unterweisung im Tonsatz (1937-1939) e
­outros livros em que propôs uma nova conceção da harmonia. Acusado de “bolchevista cultural” pelos nazis, emigrou (1939)
para a Turquia e depois para os Estados
Unidos, onde ensinou na Universidade de
Yale. ­Levou mais de uma década para voltar
para a Europa (1953) e lecionou em Zurique
e Frankfurt, cidade onde morreu dez anos
depois. Deixou obra vasta, abrangendo vários géneros, onde sobressaem o ciclo Das
Marienleben (1924-1948), com versos de
Rainer Maria Rilke, a ópera Cardillac (1926),
baseada em um conto de Amadeus Hoffmann, o concerto Schwanendreher (1935),
com temas de canções alemãs antigas, e a
ópera Mathis der Maler (1928), considerada
a sua obra-prima, em torno da vida do pintor sacro germânico Matthias Grünewald.
Pavel Haas
1899-1944
Nasceu em 1899 em Brno, onde viveu até
à sua deportação para o campo de concentração de Terezín. Estudou no Conservatório de Brno, e particularmente com
Janáček, cujo estilo adotou inicialmente
na sua própria música.
Até 1935 trabalhou na empresa do pai,
e a partir dessa data, por influência da
sua mulher, dedicou-se exclusivamente à
música. Durante a ocupação nazi as suas
obras foram proibidas, e foi também proibido de continuar a trabalhar. Em 1941 foi
deportado para Terezín com o objetivo de
formar as credenciais culturais do campo
de concentração que o regime nazi utilizaria para aparentar boas práticas humanitárias. Como muitos dos prisioneiros de
Terezín, Haas acabou por ser transferido
para Auschwitz, tendo morrido numa câmara de gás.
Em termos melódicos a música de Haas era
alimentada pelo imaginário dos corais medievais, da música tradicional da Morávia e
cantos judaicos. As harmonias e os ritmos,
por seu turno, eram o resultado da fusão
do jazz e da música contemporânea, nomeadamente de Stravinsky. Uma das suas
obras mais emblemáticas é a ópera Šarlatán
(O Charlatão), escrita entre 1934 e 1937, a
primeira das peças do compositor em que
este apresenta um estilo próprio.
Pedro Datta
1887-1934
Pianista e compositor argentino de ascen­
dência italiana, Pedro Datta não ­gostava
de se apresentar em público. Talvez por
isso, e como não é raro acontecer na
história do tango, é um compositor relativamente desconhecido, ainda que a
sua valsa El Aeroplano tenha ficado na
memória coletiva como um clássico da
música argentina.
Entre as suas composições que se ­tornaram
famosas encontramos, entre outras, os
tangos El parque e Para ti e as valsas Alma
dolorida, Intelectual, Flor de un dia, Flor
de una noche e Pasión y sentimiento.
Foi membro fundador da SADAIC (Sociedade Argentina de Autores e Compositores).
Pierre Boulez
n.1925
Nasceu em Montebrison (Loire). Estudou
harmonia com Olivier Messiaen no Conservatório de Paris. Em 1946 foi nomeado
diretor da música de cena na ­Companhia
Reanud-Barrault. Preocupado com a difu­
são da música contemporânea e com a
evolução do público e da criação, Pierre
Boulez fundou, em 1954, os ­concertos
do Domaine Musical (que dirigiu até
1967), e em 1976 o Institut de Recherche et Coor­dination Acoustique ⁄ Musique
­(IRCAM) e o Ensemble Intercontemporain.
Para­le­lamente, desenvolveu uma carreira
inter­nacional de chefe de orquestra e foi
nomeado, em 1971, maestro titular da Orquestra Sinfónica da BBC e diretor musical
da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque.
Convidado regular dos festivais de Salzburgo, Lucerna, Edimburgo e Aix-en-Provence,
dirige as grandes orquestras mundiais Chicago, Cleveland, Londres, Berlim, Viena, Los
Angeles, além do Ensemble Intercontemporain, com o qual realiza grandes digressões.
Simultaneamente compositor, autor, fundador e chefe de orquestra, Pierre Boulez
recebeu numerosas distinções: Prémio da
Fundação Siemens, Prémio Leonie ­Sonning,
Prémio Imperial do Japão, ­Polar Music Prize,
Prémio Grawemeyer (pela composição de Incises) e o Grammy para melhor composição
contemporânea, pela obra Répons.
PIOTR ILICH
TCHAIKOVSKY
1840-1893
Estudou direito antes de entrar no Conservatório de São Petersburgo, onde estudou composição com Anton Rubinstein
(1863-1865). Foi para Moscovo em 1866,
tornando-se professor de harmonia no
novo conservatório, que estava sob a direção de Nicolau Rubinstein. Durante os
primeiros dois anos escreveu a 1.ª Sinfonia
e a ópera Voyevoda. Em 1868 encontra-se com um grupo nacionalista de jovens
compositores russos, liderado por Rimski-Korsakov, e rende-se ao seu entusiasmo,
como demonstra a 2.ª Sinfonia. De 1869 a
1875 escreveu mais três óperas e o primeiro concerto para piano. Foi crítico musical
do Russkiie vedomosti, em nome do qual
se deslocou ao primeiro festival de Bay­
>
139
140
reuth. Por esta altura tornou-se seu mecenas uma viúva rica, Nadezhda von Meck,
sua grande admiradora, que lhe concedeu
uma pensão anual. Tchaikovsky dedica-lhe
a 4.ª Sinfonia. Pode então compor livremente. Desenvolve também uma carreira
de maestro e viaja pela Europa e pelos
­Estados Unidos.
O mais romântico dos compositores russos, e também o mais europeu, não cultivava a consciência política e nacional tão
essencial ao grupo dos Cinco (formado
por Balakirev, Borodine, Cui, Mussorgski
e Rimski-Korsakov). Não cedeu às influências de Brahms e Wagner, mas admirava a
música de Bizet e Saint-Saëns, e particularmente Mozart. A obra de Tchaikovsky
tornou-se famosa em todos os géneros:
as suas seis sinfonias; as óperas Eugène
Onegin e A Dama de Espadas, para citar
apenas as duas mais célebres; a música de
câmara (trio “À memória de um grande
artista” em homenagem a Nicolau Rubinstein, peças para quarteto de cordas, para
sexteto de cordas, etc.); os seus bailados
O Quebra-Nozes, O Lago dos Cisnes, são
alguns exemplos, entre muitos outros, de
obras que entraram no património musical universal.
Tchaikovsky morreu em São Petersburgo,
deixando-nos muitas das páginas mais
­célebres de toda a música russa.
Reginald
R. Robinson
n.1972
Ver pág. 11 8
Richard Strauss
1864-1949
Considerado o último dos grandes românticos, Richard Strauss nasceu em Munique, onde o seu pai tocava trompa na
Orquestra de Ópera da Corte. Começou
a compor com apenas seis anos e, quando
aos 17 escreveu Serenade for 13 Winds,
op. 7, o consagrado maestro Hans von
Bülow referiu-se a ele como o jovem compositor mais surpreendente desde Brahms.
Aos 20 anos, as composições de Richard
Strauss eram já interpretadas pelas melho­
res orquestras e dirigidas pelos mais importantes maestros. As suas maiores influências foram Wagner, Berlioz e Liszt.
Em 1885, foi nomeado maestro da Orquestra de Meiningen, ocupando o lugar de
Von Bülow, de quem fora assistente e, em
1894, sucedeu novamente a Von Bülow,
desta vez como maestro da Orques­tra
Filarmónica de Berlim. Quatro anos depois,
foi nomeado maestro da Ópera da Corte
de Berlim, cargo que ocupou até ao estalar
da Primeira Guerra Mundial. Entre 1919 e
1925, foi codiretor da Vienna Staatsoper.
Consagrado igualmente como maestro e
compositor, entre as suas obras destacam-se os poemas sinfónicos, nomeadamente
Don Juan (1889), Till Eulenspiegel’s Merry
Pranks (1895) e Also Sprach Zara­thustra
(1896), e as óperas Guntram (1892-1894),
Feursnot (1900-1901), Salome (1903-1905),
Elektra (1906), Ariadne auf Naxos (1912),
Die Frau Ohne Schatten (1919) e Die Ägy­
ptische Helena (1928).
RICHARD WAGNER
1813-1883
Nasceu em Leipzig num ambiente familiar vocacionado para o teatro. Wagner
hesitou durante muito tempo entre esta
vertente artística e a música, optando por
englobar estas duas formas de arte. Viveu
cheio de dificuldades e frustrações, ficando a dever muito da sua obra à amizade de
várias pessoas, dádiva que, pelo seu enorme egoísmo, nem sempre soube merecer.
Envolvido na Revolução Liberal de maio de
1849 em Dresden, a derrota do movimento pelas tropas prussianas obrigou-o a um
exílio de treze anos em Zurique, Veneza e
Lucerna. Liszt foi grande defensor da sua
obra. Amnistiado em 1862, viu-se pouco
depois obrigado a um novo exílio na Suíça
onde casou, pela segunda vez, com a filha
de Liszt, Cosiam. Em 1876, viu concretizado o seu grande sonho com a inauguração, em Bayreuth, de um teatro com a
estrutura adequada para a produção das
suas obras de “Arte Total” (Gesamtkuns-
twerk). Wagner levou ao extremo todas as
características da Ópera Romântica Alemã. Se a partir de Lohengrin (1846-1848)
estabeleceu a estrutura de composição
contínua (durchkomponiert), com o Ouro
do Reno (a primeira parte da tetralogia de
O Anel do Nibelungo) apresentou a sua
conceção de “Drama Musical”. Tanto na
narrativa como na estrutura musical, a
sua obra deixou uma ideia inovadora de
espetáculo, em que todas as formas são
reunidas numa verdadeira explosão formal
onde é exigida a adesão absoluta do espectador.
Samuel Barber
1910-1981
Frequentemente criticado pelos seus contemporâneos pela forte componente lírica
e neorromântica dos seus trabalhos, Barber foi um dos mais importantes compositores norte-americanos de sempre.
Nasceu em West Chester, na Pensilvânia,
e começou a compor com apenas sete
anos. Em 1924, ingressou no Curtis Institut of Music, em Filadélfia, onde estudou
voz com Emílio de Gogorza, composição
com Rosário Scalero e piano com Isabelle
Vengerova. Foi ali que conheceu Gian Carlo Menotti, seu companheiro durante toda
a vida e autor dos libretos de Vanessa,
ópera com que Barber venceu o Pulitzer
em 1958, e de A Hand of Bridge.
A sua peça mais famosa é Adagio for
Strings, trabalho que partiu de um quarte­
to de cordas que compusera em 1936 e
que Barber adaptou para orquestra de
cordas dois anos depois. A primeira apresentação desta obra teve lugar pela mão
do consagrado maestro Arturo Toscanini
à frente da NBC Symphony Orchestra em
Nova Iorque.
Barber foi também um prolífico compositor
de canções, sendo ele próprio um talen­
toso barítono. Knoxville: Summer of 1915,
composto a pedido da soprano Eleanor
Steber é outro dos seus famosos trabalhos,
inspirado na poesia de James Agee.
Em 1966, a sua ópera Antony and Cleó-
patra inaugurou o novo auditório da Me­
tropolitan Opera, no Lincoln Centre for
the Perfoming Arts, em Nova Iorque. No
entanto, a reação da crítica foi tão hostil
que Barber pouco mais terá composto até
ao fim da sua vida.
SCOTT JOPLIN
1867/8-1917
Virtuoso notável do piano, ficou conhecido pelas suas composições de ragtime
para piano. É conhecido, aliás, como o
“Rei do Ragtime”. O músico nasceu no
­Texas, e desde cedo demonstrou um extraordinário talento para a música. Encorajado pelos pais, era já exímio no banjo
quando começou a tocar piano. Sob a
tutela de Juliu Weiss, estudou harmonia,
começando ainda em adolescente a trabalhar como músico de dança. Tocou piano
em St. Louis e Chicago antes de se fixar
em Nova Iorque, em 1907. Nesse período desenvolveu a música hoje conhecida
como ragtime, uma mistura entre os estilos europeus clássicos e o ritmo afroamericano. Escreveu também óperas de
ragtime, sendo que o fracasso da segunda, Treemonisha, é apontado com uma
das causas que levaram à sua morte. A
descoberta das suas composições e o interesse pela sua música, nos anos setenta,
deve-se em grande parte aos esforços do
pianista e musicólogo Joshua Rifkin.
SERGEI PROKOFIEV
1891-1953
Nasceu na Ucrânia. Desde muito cedo foi
encorajado a dedicar-se à composição por
Taneiev, tendo estudado, entre outros,
com Rimsky-Korsakov. Impôs-se como
pianista e compôs com um estilo que alia
força e lirismo. Em 1918 emigra para os
Estados Unidos e depois para França, onde
estabelece relações com Diaghilev (que
tinha encontrado em Londres em 1914),
Milhaud, Stravinsky, Poulenc, ­Ravel, entre
outros. Todavia, deseja cada vez mais voltar à União Soviética. Nos anos de 1930
recebe várias encomendas da Rússia e
compõe num estilo mais clássico: Tenente
Kijé, Pedro e o Lobo, Romeu e Julieta. Em
1937 volta à Rússia e aceita ser um músico do regime soviético. Colabora com o
cineasta Eisenstein. Como muitos outros
músicos, Prokofiev foi vítima, em 1948,
dos ataques da campanha antiformalista
de Jadanov: algumas das suas obras são
condenadas e censuradas. A sua morte,
que ocorreu no mesmo dia da de Estaline,
passou despercebida. A obra de Prokofiev
permanece, a maior parte das vezes, fiel
ao sistema tonal, mesmo quando faz incursões pela politonalidade e pela tonalidade. Abordou todos os géneros de música, com exceção da música religiosa; a
obra para piano contribuiu decisivamente
e de forma original para o repertório para
este instrumento, pela sua linguagem
harmónica e rítmica muito pessoal, e pela
subtil mistura de lirismo e de realismo que
a caracteriza.
SERGEI
Rachmaninoff
1873-1943
Nasceu em Oneg. Compositor, pianista e
maestro russo, foi o último grande representante da tradição romântica de Liszt e
Rubinstein. Estudou no Conservatório de
Moscovo com Taneiev e Arenski, e desde
muito cedo desenvolveu uma brilhante
carreira como pianista. Após o insucesso
da sua primeira sinfonia, em 1897, abandonou a composição, retomando a atividade só três anos mais tarde. Entre 1901
e 1917, compôs as suas obras mais importantes, designadamente as peças para piano solo e os segundos e terceiros concertos
para piano, bem como os dois magníficos
ciclos de música religiosa: a Liturgia de São
João Crisóstomo e as Vésperas. Deixou a
Rússia em 1917 e viveu em diversos países
antes de se estabelecer definitivamente
nos Estados Unidos. Sempre nostálgico
em relação à Rússia, a sua obra revela uma
íntima ligação ao romantismo de Chopin,
Liszt e Tchaikovsky. Se o seu estilo, sempre
fiel ao sistema tonal, é bem menos pro-
gressista que o dos seus conterrâneos (o
segundo concerto é composto sete anos
após o Prelúdio à sesta de um fauno de
Debussy e 12 anos antes de A Sagração
da Primavera de Stravinsky), a composição
de Rachmaninoff não é menos original.
A sua aproximação ao repertório pianístico é absolutamente incontornável.
Silvestre Revueltas
1899-1940
Nasceu numa pequena cidade do norte
do México, Santiago Papasquiaro, e desde
muito novo revelou interesse pela música,
iniciando os estudos de violino aos oito
anos. Mais tarde, ingressou no Conser­
vatório Nacional de Música. Em 1917,
mudou-se para a cidade norte-americana
de Austin, no Texas, onde estudou no
St. Edwar­ds College. Concluiu os seus
estudos em 1924, no Chicago Musical
College. Nos anos seguintes, com Carlos
Chávez que o acompanhava ao piano, organizou os primeiros concertos de música
contem­porânea no México, acontecimentos que marcaram a cena musical do país
na época.
Ensinou violino e composição no Conser­
vatório Nacional, trabalhando simultanea­
mente como maestro assistente na
Orques­tra Sinfónica do México, entretanto fun­dada por Chávez. Dedicou-se também à composição, escrevendo algumas
das suas mais famosas peças nesta altura:
Cuau­hn
­ ahuc (1930), Esquinas (1931), Ventanas e Colorines (1932), Janitzio (1933),
­Caminos (1934), Homenaje a Federico
García ­Lorca (1936), Itinerários (1937) e
Sensemay (1938).
Depois de vários anos de prolífica colaboração na promoção da música mexicana,
em 1936 deu-se a rutura entre Revueltas
e Chávez, levando o primeiro a fundar a
Orquestra Sinfónica Nacional, projeto que
acabou por não ter sucesso. Entretanto,
Revueltas dedicou-se à luta pelos direitos
laborais dos artistas e escreveu música
para vários filmes. Morreu de pneumonia
com apenas 40 anos.
>
141
Thomas Bloch
CCB
n.1962
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Ver pág. 11 9
ANTÓNIO MEGA FERREIRA PRESIDENTE
MARGARIDA VEIGA VOGAL \ miguel leal coelho VOGAL
WITOLD LUTOSLAWSKI
assessora para a programação gabriela cerqueira
assessor para a programação de literatura joão paulo cotrim
1913-1994
142
Nasceu em Varsóvia. Compositor, pianista, maestro e professor polaco, estudou
na universidade e no conservatório da sua
cidade natal, e mais tarde em Hamburgo.
A sua primeira obra importante, as Variações Sinfónicas, surge em 1938. Mobilizado no início da Segunda Guerra Mundial e feito prisioneiro, consegue escapar
e subsiste em Varsóvia tocando piano em
cafés e apresentando-se em duo com Andrzej Panufnik. As suas primeiras obras foram compostas sob as restrições impostas
oficialmente, que insistiam num estilo baseado na canção tradicional. No entanto,
o Concerto para Orquestra (1950-1954)
é um exemplo bem sucedido desse período.
Ao longo da sua vida desenvolveu um sistema harmónico, melódico e rítmico baseado na utilização parcimoniosa de um
determinado conjunto restrito de intervalos musicais. A coerência e originalidade
da sua linguagem pessoal constituem uma
das mais bem conseguidas alternativas ao
sistema tonal que dominou a música anterior ao século XX. Embora tenha sido um
ativo pianista, Lutoslawski compôs pouco
para o seu instrumento, tendo privilegiado
a orquestra. Influenciado inicialmente por
Szymanowski e depois por Stravinsky, Bartók, Roussel e Prokofiev, deu espaço também para as melodias do seu país.
direção artística do festival
miguel leal coelho
CENTRO DE ESPECTÁCULOS
coordenadora cláudia belchior | ASSESSOR PARA PROGRAMAÇÃO
MUSICAL francisco sassetti | consultor PARA a dança e músicas
plurais fernando luís sampaio | ASSISTENTE DE programação
RITA BAGORRO | PRODUÇÃO INÊS CORREIA ⁄ PATRÍCIA SILVA
⁄ HUGO CORTEZ ⁄ vera rosa ⁄ INÊS LOPES | DIRETOR DE
CENA COORDENADOR JONAS OMBERG | DIRETORES DE CENA PEDRO
RODRIGUES ⁄ PATRÍCIA COSTA ⁄ PAULA FONSECA ⁄ tânia
afonso | estagiários direção de cena rita conduto ⁄ celso
matos | SECRETARIADO YOLANDA seara | chefe TÉCNICO de
palco rui marcelino | assistente de direção técnica josé
valério | TÉCNICOs PRINCIPAis PEDRO CAMPOS ⁄ LUÍS SANTOS
⁄ RAUL SEGURO | TÉCNICOs EXECUTIVOs F. CÂNDIDO SANTOS
⁄ VÍTOR PINTO ⁄ CÉSAR NUNES ⁄ JOSÉ CARLOS ALVES ⁄
HUGO CAMPOS ⁄ MÁRIO SILVA ⁄ RICARDO MELO ⁄ RUI
CROCA ⁄ hogo cochat | CHEFE TÉCNICO DE AUDIOVISUAIS NUNO
GRÁCIO | TÉCNICOs DE AUDIOVISUAIS RUI LEITÃO ⁄ EDUARDO
NASCIMENTO ⁄ LUíS GARCIA SANTOS ⁄ NUNO BIZARRO
\ PAULO CACHEIRO ⁄ NUNO RAMOS | CHEFE TÉCNICO DE GESTÃO
E MANUTENÇÃO SIAMANTO ISMAILY | TÉCNICOs DE MANUTENÇÃO
JOÃO SANTANA ⁄ LUÍS TEIXEIRA ⁄ VÍTOR HORTA | secretariado
de direção técnica sofia matos
DIREÇÃO DAS ATIVIDADES
COMERCIAIS
DIREÇÃO DE EDIFÍCIOS
E INSTALAÇÕES TÉCNICAS
DIREÇÃO FINANCEIRA
E ADMINISTRATIVA
CCB Fábrica das Artes
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
E RELAÇÕES PÚBLICAS
Agenda
dias da música em belém 2011
da europa ao novo mundo 1883-1945
Coordenação Sofia Mântua | direção gráfica e imagem do
festival Paula cardoso | edição e produção editorial maria
ana freitas | Revisão dos textos Dulce reis | layout e
paginação Paulo fernandes | coordenação da impressão
sandra salgueiro | colaborações francisco sassetti
⁄
helena romão
editado segundo as novas regras ortográficas
da língua portuguesa
© Centro cultural de belém
Abril 2011
10 000 exemplares | isbn 978-972-8944-16-2 | impressão > lisgráfica
distribuição gratuita
Centro cultural de belém
praça do império, 1449-003 lisboa
fax 213 612 500 | [email protected]
www.ccb.pt
|
telefone 213 612 400
144
Outras
atividades
Babysitting
Durante todo o fim de semana, o CCB em colaboração
com a Fada Amiga disponibiliza um serviço de babysitting
para crianças dos 0 aos 6 anos na Sala Amadeo de Souza
Cardoso (em frente à Sala Sophia de Mello Breyner). Deixe
as suas crianças em segurança enquanto assiste ao seu
concerto. O espaço está inteiramente preparado – tem
uma zona de jogos, outra de descanso, permite o aquecimento de comida e está equipado com fraldas e toalhetes.
O custo é de 1e ⁄ hora e funciona no sábado das 11h30
às 23h30 e no domingo das 11h30 às 20h30. Este serviço
é limitado à capacidade da sala.
Aqui há pianos
Nesta edição, o CCB continua povoado de pianos.
Descubra-os e dê um concerto.
O que é um piano?
É uma exposição de pianos da Loja Music Factory e da
Fernan­do Rosado junto à Sala Sophia de Mello Breyner, no
piso 2.
Ver consertos
de pianos e de instrumentos de sopro
A Fernando Rosado mostra o que um piano pode ­escon­der.
Para ver junto à Sala Sophia de Mello Breyner, no piso 2.
Veja a exposição e o mini-atelier de reparação e restauro
de instrumentos de sopro da D. Caeiro (junto ao Espaço
Música Livre, no piso 2).
Loja Dias da Música
Leve as recordações do Dias da Música para casa.
À ­venda junto à entrada do Grande Auditório, no piso 1.
Livros e discos
Espaço Fnac (junto às informações, no piso 1).
Espaço Intermúsica (junto à Sala Amália Rodrigues,
no piso 2).
Espaço Imprensa Nacional Casa da Moeda
(junto à Sala Almada Negreiros, no piso 2).
Espaço Amigo CCB
Preparamos um espaço muito especial de descanso para
os amigos CCB. Visite-o junto ao balcão das informações
e torne-se também nosso amigo.
<
Piso 2
Grande Auditório
balcões
Bar
pisos 1 ⁄ 1A ⁄ 2 ⁄ 3
Esplanada
pisos 1 ⁄ 1A ⁄ 2 ⁄ 3
piso 1
Sala Amália Rodrigues
Ver um
conserto
Espaço
Intermúsica
sopros
Babysitting
Ver um
conserto
pianos
O que é
um piano?
Espaço
INCM
piso 1
piso 3 (Bar Terraço)
147
piso 1
Sala Sophia de Mello Breyner
Sala Almada Negreiros
Sala Fernando Pessoa
Praça do Museu
Oficinas CCB Fábrica das Artes
Grande Auditório
Bengaleiro
Piso 1
Recinto Dias da Música
Mapa
Espaço
Música
Livre
piso 1
piso 2
saída
entrada
pisos 1A ⁄ 2 ⁄ 3
pisos 1A ⁄ 2 ⁄ 3
Loja
Dias da Música
Informações
piso 2
Pequeno Auditório
Bar
Sala Luís de Freitas Branco
Sandwich
Bar
Informações
Bilheteiras
pisos 2 ⁄ 3
pisos 2 ⁄ 3
A Commenda
Sala Jorge de Sena
Aqui há conversas com...
piso 2
Espaço
Fnac
saída
entrada
piso 2
Espaço
Amigo CCB
produção
PARCEIROS INSTITUCIONAIS
PATROCINADORES
patrocinadores atividades pedagógicas
PARCEIROs MEDIA
APOIOS
Download