Da Europa ao Novo Mundo Agenda 1883-1945 w Se vem aos Dias da Música comas suas crianças, o CCB preparou-lhe uma programação alter­ na­­tiva. A Minha Mãe Gan­so é um concerto especial narrado, para crianças com mais de cinco anos. Várias oficinas de música decorrem no Espaço CCB Fábrica das Artes. Esco­las em Palco são concertos dados por estudantes de escolas de música de todo o país. Os Concertos Música Livre dão a conhecer jovens talentos. O festival dispõe de um serviço de babysitting para as crianças mais pequenas. A programação para a °x °. família é refe­renciada com a imagem X No capítulo Bilhetes ⁄ Salas saiba tudo sobre os preços, as salas e o recinto (e regras de utilização), a participação nas oficinas e os espaços de restauração disponíveis. No ­final da ­agenda, pode encontrar um mapa do recinto Dias da Música que o ajudará a localizar todos os espaços referenciados ao longo da agenda. Sejam bem-vindos! Desejamos-lhe um fim de semana repleto de boas músicas. a programação apresentada nesta agenda pode, por motivos imprevistos, sofrer alterações. 3 4>5 A escolha dos concertos 6 Informações gerais Preço dos bilhetes, informações sobre as salas, o recinto e as oficinas Resumo da programação Sexta e sábado 12 > 15 Domingo 8 > 11 18 > 19 20 > 54 55 > 78 79 > 80 Apresentação dos concertos Sala e horário, intérpretes e apresentação das obras Concerto de inauguração Concertos de sábado Concertos de domingo Concerto de encerramento Aqui há conversas com... 82 84 > 89 90 > 91 92 > 93 95 Programação para famílias Escolas em Palco Concerto A Minha Mãe Ganso Oficinas Concertos Música Livre Biografias 98 > 107 Orquestras e ensembles 107 > 119 Solistas 120 > 142 Compositores Outras atividades 144 147 Mapa do recinto Dias da Música Parceiros institucionais, patrocinadores e apoios do festival contracapa 1883-1945 Utilize-a como programa de sala nos concertos a que vai assistir. Nos capítulos ­Concertos e Biografias, pode encontrar as informações deta­ lhadas sobre o programa, intérpretes e compositores. Nos intervalos dos concertos, o festival oferece-lhe várias ativi­dades complementares de entrada livre: Aqui há conversas com... ou Concertos Música ­Livre. Consulte as programações nos capítulos respe­tivos. Em Resumo da Programação apresentamos-lhe uma planificação geral da programação diária para poder otimizar o seu dia. O tema da edição de 2011 Da Europa ao Novo Mundo A agenda Dias Música é um guia, de distribuição gratuita, que junta todas as informações importantes da 5.ª edição do festival Dias da Música em Belém. Entre a morte de Richard Wagner e o fim da Segunda Guerra Mundial, a música ocidental reinventa-se. Ao apogeu do sinfonismo mahleriano sucedem-se as ruturas do impressionismo (Debussy, Franck), de Stravinsky e sobretudo do atonalismo, representado pela Segunda Escola de Viena (Schoenberg, Berg, Webern). Mas, tal como Dvořák tinha anunciado nos últimos anos do século XIX, emergem novas expressões musicais que ganham corpo sobretudo nos Estados Unidos, recorrendo às tradições afro-americanas: é a era dos blues e do jazz e de uma primeira estética de fusão, que dará origem a Copland e Gershwin. A receção desses novos sons dá-se na Europa do primeiro pós-guerra (depois de 1918), com compositores como Ravel e Kurt Weill, mas o movimento acentua-se depois da ascensão ao poder do nacional-socialismo em 1933, que leva ao êxodo de compositores e intérpretes, na sua maioria para a América. Em pouco mais de sessenta anos, a tradição musical europeia roda sobre si mesma, criando novas formas e novos formatos, gerando ruturas e polémicas, e recriando universos sonoros abertos às influências exteriores. 3 Como escolher? Orquestras e ensembles Como é impossível assistir à totalidade dos 65 concertos disponíveis nesta edição dos Dias da Música em Belém, propomos-lhe alguns critérios de seleção. Interpretação Escolha através da listagem de participantes, organizada por orquestras e ensembles ou solistas. Compositores Selecione os concertos onde os seus compositores preferidos (ou os que pretende passar a conhecer) são tocados. Complete este critério, consultando as obras tocadas no programa de cada concerto selecionado (capítulo Concertos). Itinerários Se ainda subsistirem algumas dúvidas na escolha, propomos-lhe um conjunto de 6 itinerários temáticos para fazer diferentes “viagens” musicais ao longo do festival. Coro de Câmara Lisboa Cantat Jorge Carvalho Alves direção B10 Coro Teatro Nacional São Carlos Emannele Pedrini direção B3 Coro Sinfónico Lisboa Cantat Jorge Carvalho Alves direção C5 Dixie Gang B15 DSCH – Schostakovich Ensemble C14 Ensemble Boîte à Bijoux Nuno Côrte-Real direção B7 ⁄ C6 Ensemble Mediterrain B11 ⁄ C8 Mahler Ensemble Massimo Mazzeo direção C10 O Guardador de Canções B17 Orquestra do Algarve Pedro Neves direção B2 ⁄ C9 Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro direção B1 ⁄ C3 Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský direção A1 ⁄ B5 ⁄ C2 ⁄ C4 Orquestra Jazz de Matosinhos Pedro Guedes ⁄ Carlos Azevedo direção B9 Orquestra Sinfónica Metropolitana Cesário Costa direção B4 ⁄ C1 ⁄ C5 Orquestra Sinfónica Portuguesa Julia Jones direção B3 Quarteto Brodsky B32 ⁄ C26 Quarteto Lopes-Graça B29 Quarteto Pražák B30 ⁄ C23 Quinteto à-vent-garde C24 The Duke Ellington Orchestra B6 Trio Arriaga B25 Yogistragong Elizabeth Davis direção C7 Solistas Compositores Ana Maria Pinto C5 António Rosado B12 Bernardo Sassetti B22 ⁄ C18 Carlos Damas B27 Chen Halevi C12 Dora Rodrigues C10 Edicson Ruiz C13 Eduarda Melo C5 Filipe Pinto-Ribeiro B16 ⁄ C3 ⁄ C14 Gary Hoffman B1 ⁄ C14 Gérard Caussé B16 ⁄ C14 H. J. Lim B24 ⁄ C1 Isabel Alcobia C5 Jack Liebeck B4 ⁄ C14 Jan Lisiecki B14 ⁄ C11 Javier Perianes B26 ⁄ C22 Jill Lawson B21 Joana Gama C21 João Merino C5 João Rodrigues C5 João Vasco B17 Jorge Moyano A1 José Brandão B17 Juan Garcia Collazos B27 Karin Lechner B18 ⁄ C15 Louis Lortie B8 ⁄ C20 Luis Rodrigues C5 Luísa Tender B21 Marcelo Nisinman C12 Mário Laginha B22 ⁄ C18 Mário Redondo B17 Marta Zabaleta B19 Martin Simpson B31 ⁄ C25 Mélanie Brégant B28 Miguel Borges Coelho B19 ⁄ C10 Nina Schumann e Luís Magalhães B20 ⁄ C17 Óscar Carmo C3 Pavel Gomziakov B8 ⁄ C20 Pedro Jóia B23 Reginald R. Robinson B13 ⁄ C16 Rosa Maria Barrantes C12 Sergio Tiempo B5 ⁄ C13 ⁄ C15 Teresa Palma Pereira C19 Thomas Bloch B28 Tiago Pinto-Ribeiro C12 Aaron Copland B27 ⁄ C2 ⁄ C8 ⁄ C17 Alban Berg B30 Alberto Ginastera B12 ⁄ B18 ⁄ C13 Alexander Scriabin B24 Alexander von Zemlinsky B17 ⁄ C20 ⁄ C24 André Jolivet B28 Anton Webern B32 ⁄ C26 Antonín Dvořák A1 ⁄ B27 ⁄ C14 António Fragoso B12 ⁄ B27 Armando José Fernandes C14 Armandinho B23 Arnold Schoenberg B11 ⁄ C9 Arthur Farwell B17 Astor Piazzolla B28 ⁄ C12 ⁄ C13 ⁄ C15 Béla Bartók B16 ⁄ C19 ⁄ C26 Benjamin Britten B1 ⁄ B16 ⁄ B17 Bohuslav Martinů C11 Camille Saint-Saëns B11 Carl Nielsen C24 Carlos Gardel B23 ⁄ C12 Carlos Guastavino B18 César Franck B16 Charles Ives B17 ⁄ C9 Claude Debussy B10 ⁄ C22 Count Basie B9 Darius Milhaud B21 Dmitri Schostakovich B21 ⁄ B25 ⁄ C3 Duke Ellington B6 ⁄ B9 ⁄ B22 ⁄ C18 Edward Michael B28 Elliot Carter C13 Enrique Granados C21 ⁄ C22 Erich Wolfgang Korngold B4 Erik Satie B14 ⁄ C21 Ernest Bloch B25 Ernst von Dohnányi C8 Erwin Schulhoff C23 Étienne Rolin B28 Federico Mompou B12 ⁄ C22 Fernando Lopes-Graça B10 Filipe de Sousa B17 Franz Liszt C19 George Gershwin A1 ⁄ B17 ⁄ B18 ⁄ B22 ⁄ C5 ⁄ C18 ⁄ C23 Gerald Finzi B10 Giovanni Bottesini C13 Gustav Mahler C4 ⁄ C10 Itinerários Heitor Villa-Lobos B11 ⁄ B12 ⁄ B28 ⁄ C21 Hugo Wolf B10 Ignacy Jan Paderewski C11 Igor Stravinsky B32 ⁄ C2 ⁄ C17 ⁄ C26 Isaac Albéniz B18 ⁄ C22 Jean Sibelius B27 Jimmie Lunceford B9 Johannes Brahms B8 ⁄ B14 John Cage B17 John Musto B17 Johnny Green B22 ⁄ C18 Joly Braga Santos B2 José Vianna da Motta C19 Joseph Lamb B17 Juan Bautista Plaza B18 Karol Szymanowski C19 Kurt Weill B4 Leonard Bernstein B25 Leoš Janáček B30 ⁄ C4 ⁄ C21 Luís de Freitas Branco A1 ⁄ B29 Manuel de Falla B26 Marcelo Nisinman C12 Marjan Mozetich C11 Maurice Ravel B3 ⁄ B7 ⁄ B10 ⁄ B24 ⁄ B32 ⁄ C1 ⁄ C6 ⁄ C11 ⁄ C15 Ned Rorem B17 Nikolai Myaskovsky C20 Nino Rota C13 Olivier Messiaen B14 ⁄ B19 ⁄ B28 Pablo Ziegler C15 Paul Bowles B17 Paul Hindemith C24 Pavel Haas C23 Pedro Datta C12 Pierre Boulez B28 Piotr Ilitch Tchaikovsky B1 ⁄ C15 Richard Strauss B2 ⁄ C5 Richard Wagner C3 Samuel Barber B17 ⁄ B29 ⁄ C17 Scott Joplin B13 ⁄ C16 Sergei Prokofiev B2 ⁄ C8 ⁄ C21 Sergei Rachmaninoff B5 ⁄ B14 ⁄ B18 ⁄ B20 ⁄ B21 Silvestre Revueltas B29 Thomas Bloch B28 Witold Lutosławski C17 1 ⁄ Do Novo Mundo Privilegia música das Américas. A1 > B18 > B29 > B25 > B11 > B17 > B6 > C15 > C2 > C17 > C18 > C5 2 ⁄ Da Europa Privilegia música da tradição erudita europeia. A1 > B8 > B24 > B20 > B26 > B5 > C11 > C20 > C21 > C14 > C5 3 ⁄ Espírito livre Sobretudo géneros não-eruditos, como ragtime, blues, jazz, tango, gamelão. B23 > B9 > B15 > B31 > B22 > B6 > C7 > C12 > C13 > C22 4 ⁄ Diversidade Um pouco de todos os outros itinerários para quem quer ter uma ideia geral de festival. B13 > B2 > B3 > B12 > B21 > B6 > C1 > C16 > C25 > C10 > C5 5 ⁄ Mal-amados Música de compositores que tenham tido vidas conturbadas emocional, social, política ou profissionalmente. B1 > B14 > B30 > B4 > B32 > C23 > C24 > C3 > C4 6 ⁄ Modernistas Compositores cuja música é original (por vezes revolucionária) e que contribuíram para a riqueza do período em questão. B28 > B19 > B10 > B16 > B27 > C19 > C8 > C9 > C26 5 Recinto Durante o festival, a circulação no CCB está condicionada. Os espaços interiores estão reservados aos portadores de bilhetes para concertos ou de recinto Dias da Música. O bilhete de recinto dá acesso às atividades complementares que acontecem nas zonas de circulação, como os Concertos no Espaço Música Livre, as conferências Aqui há conversas com..., as oficinas CCB Fábrica das Artes e as restantes atividades lúdicas, Aqui há pianos, Ver um conserto, O que é um piano e aos espaços comerciais Fnac, Intermúsica, Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) e de restauração. O recinto abre às 11h30. Excecionalmente, o acesso aos concertos A Minha Mãe Ganso (B7 e C6) e ao concerto Escolas em ­Palco C27 faz-se pela entrada principal do Pequeno Auditório (exterior ao recinto). Pode entrar e sair do recinto sempre que desejar (apresente o seu bilhete à entrada). Salas Só os concertos que decorrem no Grande Auditório têm lugares marcados. Nas restantes salas, a ocupação faz-se por ordem de chegada. Para ter mais opções de esco­ lha, antecipe a sua chegada. Não é possível a entra­da nas salas após o início dos concertos. No recinto e nas salas de concertos não é permitido fumar (consulte a sinalética dos espaços para fumadores). Nas ­salas de concertos não é permitido comer, beber ou efetuar qualquer tipo de gravação de som ou imagem. Não se esqueça de desligar o seu telemóvel. Alguns dos concertos Dias da Música serão gravados ou transmitidos em ­direto – agradecemos antecipadamente a sua compreen­são e cola­ boração. Oficinas Para participar nas oficinas é necessário efetuar uma marcação prévia à entrada do Espaço CCB Fábrica das Artes (onde decorrem as oficinas), junto ao Jardim das Oliveiras (fora do recinto Dias da Música). As crianças até aos 7 anos só podem participar nas oficinas acompanhadas por um adulto. A participação nas oficinas é exclusiva para os portadores de bilhetes de concerto ou de recinto. As marcações são limitadas à capacidade das salas. Consulte a programação nas págs. 92 e 93. Babysitting Das 11h30 às 23h30 (até às 20h30, no domingo), o CCB, em colaboração com A Fada Amiga, disponibiliza um serviço de babysitting na Sala Amadeo de Sousa Cardoso (em frente da Sala Sophia de Mello Breyner). Este serviço de apoio aos pais tem o custo de 1e ⁄ hora. O serviço é limitado à capacidade da sala. Ver pág. 144. Bengaleiro Deixe o seu casaco ou chapéu em segurança. Utilize gratuitamente o serviço de bengaleiro junto à entrada do Pequeno Auditório. Estacionamento O CCB dispõe de 2 parques de estacionamento, um com acesso pela Rua Bartolomeu Dias (Parque B) e o outro (Parque A) com acesso pela Praça do Império (no sentido do rio). As máquinas de pagamento situam-se nas entradas dos pisos 0 dos parques. As pessoas com mobilidade reduzida têm espaços de estacionamento reservados no piso 0 do Parque A. Restauração Estão vários espaços de restauração a funcionar durante o festival: Sandwich Bar junto ao balcão das informações, no piso 1, Bar Terraço no piso 3 (com serviço de refeições em self-service); o restaurante A Commenda no piso 1, e a Cafetaria Quadrante, já fora do recinto, junto à Praça do Museu e do Jardim das Oliveiras (Espaço CCB Fábrica das Artes). Há dois bares complementares em zonas de circulação, um junto ao Espaço Música Livre e o outro junto à entrada para o Grande Auditório. Emergência Em caso de emergência contacte de imediato um segu­ rança, um funcionário ou um assistente de sala. O CCB dispõe de um serviço de emergência médica. Linha de Informação CCB 213 612 555 www.ccb.pt da programação Grande Auditório 8,50e (galerias 5,50e) Grande Auditório (concerto de encerramento) 10e (galerias 5e) Pequeno Auditório ⁄ Sala Luís de Freitas Branco ⁄ Sala Almada Negreiros ⁄ Sala Sophia de Mello Breyner ⁄ Sala Fenando Pessoa 6,50e Pequeno Auditório (concertos CCB Fábrica das Artes) 6,50e Sala Amália Rodrigues (Escolas em Palco) 4,50e Bilhete de recinto (atividades complementares) 3,50e Não se aplicam os descontos habituais dos espetáculos CCB, e também não é possível efetuar reservas de ­bilhetes. Não necessita sair do recinto Dias da Música para adquirir mais bilhetes para concertos. Dentro do festival, na receção principal, no balcão de informações Dias da Música (piso 1), funciona uma bilheteira alternativa. Todos os concertos têm um número de referência (letra + número). Para ­facilitar as compras, utilize esta designação para identificar os con­ cer­tos a adquirir. Resumo 6 Bilhetes ⁄ Salas Bilhetes ° x° X grande auditório piso 1 8,50e (5,50e galerias em pé) lugares marcados Pequeno auditório sala eduardo prado coelho piso 1 6,50e sem lugares marcados Sala Sala Sala Sala piso 1 6,50e piso 2 6,50e piso 2 6,50e piso 2 6,50e Luís de freitas Branco sem lugares marcados almada negreiros sem lugares marcados concertos alunos escolas música 84 > 89 sophia de mello fernando pessoa breyner sem lugares marcados família > sem lugares marcados sala amália rodrigues piso 2 4,50e sem lugares marcados concertos música livre espaço música livre 95 foyer do grande auditório piso 2 entrada livre sem lugares marcados A1 concerTo inaugural oficinas 92 > 93 Espaço ccb fábrica das artes jardim oliveiras (exterior ao recinto) entrada livre sujeito a reserva Sexta 18 > 19 21h 8 sementes de música para bebés Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský dir. musical Jorge Moyano piano Obras de Freitas Branco, Gershwin e Dvořák 10h menores 5 anos + acompanhante clube de jazz maiores 8 anos 10h30 pedro e o lobo 5 > 7 anos + acompanhante B7 11h o carnaval dos animais 90 > 91 A MINHA MÃE GANSO ENSEMBLE BOÎTE À BIJOUX 11h30 abertura do recinto 11h 8 > 11 anos TAMBÉM DOMINGO ÀS 11H, CONCERTO C6 sementes de música para bebés 11h30 10h > 14h30 Sábado menores 5 anos + acompanhante B33 12h escolas em palco ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 13h percussões da metropolitana o carnaval dos animais 13h30 8 > 11 anos 14h B1 20 > 21 Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro dir. musical Gary Hoffman B8 39 Pavel Gomziakov violoncelo Louis Lortie piano Obras de Brahms violoncelo Obras de Tchaikovsky e Britten B13 32 Reginald R. Robinson piano Ragtime Temas de Scott Joplin e Robinson TAMBÉM DOMINGO ÀS 15H, CONCERTO C16 continua na página seguinte CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS B18 39 Karin Lechner piano Obras de Albéniz, Gershwin, Rachmaninoff, Ginastera, Plaza e Guastavino B23 44 Pedro Jóia guitarra solo Música dos portos nos anos 20 e 30 Temas de Armandinho, Carlos Gardel e Pedro Jóia B28 49 Thomas Bloch sementes de música para bebés Mélanie Brégant clube de jazz Obras de Piazzolla, Villa-Lobos, Jolivet, Bloch, Michael, Rolin, Messiaen e Boulez pedro e o lobo ondes Martenot acordeão 14h menores 5 anos + acompanhante maiores 8 anos 5 > 7 anos + acompanhante 14h30 > 15h > 24h Sábado ° x° X grande auditório piso 1 8,50e (5,50e galerias em pé) lugares marcados Pequeno auditório sala eduardo prado coelho piso 1 6,50e sem lugares marcados Sala Sala Sala Sala piso 1 6,50e piso 2 6,50e piso 2 6,50e piso 2 6,50e Luís de freitas Branco sem lugares marcados almada negreiros sophia de mello breyner sem lugares marcados sem lugares marcados aqui há conversas com... 82 fernando pessoa sem lugares marcados concertos alunos escolas música 84 > 89 Sala sala sala de leitura piso 1 entrada livre piso 2 4,50e jorge de sena família > amália rodrigues sem lugares marcados concertos música livre espaço música livre 95 foyer do grande auditório piso 2 entrada livre sem lugares marcados oficinas 92 > 93 Espaço ccb fábrica das artes jardim oliveiras (exterior ao recinto) entrada livre sujeito a reserva 15h violinhos 15h15 Jorge rodrigues Fluxos e refluxos: A música da Europa ao Novo Mundo 16h B2 22 Orquestra do Algarve Pedro Neves dir. musical Obras de Joly Braga Santos e Prokofiev 10 B9 B14 28 33 Orquestra Jazz Jan Lisiecki piano de Matosinhos Obras de Satie, Brahms, Pedro Guedes direção Messiaen e Rachmaninoff carlos azevedo direção Temas de Duke Ellington, Count Basie e Jimmie Lunceford B19 40 Marta Zabaleta piano Miguel Borges Coelho piano Visions de l’Amen de Messiaen B24 45 H. J. Lim piano Obras de Scriabin e Ravel B29 sementes de música para bebés B34 49 Quarteto Lopes-Graça Obras de Samuel Barber, Revueltas e Freitas Branco 15h30 menores 5 anos + acompanhante o carnaval dos animais escolas em palco 16h 8 > 11 anos + acompanhante ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 escolas em palco ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 clube de jazz maiores 8 anos 17h pedro e o lobo 5 > 7 anos + acompanhante 18h B3 23 Coro do Teatro Nacional de São Carlos Orquestra Sinfónica Portuguesa Julia Jones dir. musical Daphnis et Chloé de Ravel 20h B4 24 Orquestra Sinfónica Metropolitana Cesário Costa d. musical jack liebeck violino Obras de Korngold e Kurt Weill 22h B5 25 Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský d. musical Sergio Tiempo piano Concerto para piano n.º 3 de Rachmaninoff 24h < B6 B10 29 Coro de Câmara Lisboa Cantat Jorge Carvalho Alves direção Obras de Hugo Wolf, Debussy, Ravel, Gerald Finzi e Lopes-Graça B15 34 > 35 Dixie Gang Jazz de Nova Orleães B20 41 Nina Schumann piano Luís Magalhães piano B25 46 Trio Arriaga Obras de Bloch, Bernstein e Schostakovich B30 18h 51 Quarteto Pražák Obras de Alban Berg e Janáček Obras de Rachmaninoff orquestra geração Núcleo da escola sophia de Mello breyner ⁄ oeiras 19h15 Thomas bloch Ondas martenot B11 30 B16 36 Ensemble Mediterrain Obras de Villa-Lobos, Schoenberg e Saint-Saëns Filipe Pinto-Ribeiro piano Gérard Caussé viola Obras de Bartók, Britten e César Franck B12 B17 31 António Rosado piano Obras de Mompou, António Fragoso, Villa-Lobos e Ginastera 37 < 38 O Guardador de Canções Looney Tunes, Merrie Melodies and Silly Symphonies Canções de Gershwin, Ives, Britten, Barber, Bowles, John Musto, entre outros B21 42 Luísa Tender piano Jill Lawson piano Obras de Schostakovich, Darius, Milhaud e Rachmaninoff B22 TAMBÉM DOMINGO ÀS 19H, CONCERTO C18 piano 47 Javier Perianes piano Obras de Manuel de Falla B31 52 Martin Simpson voz e guitarra solo 48 Carlos Damas violino Juan Garcia Collazos piano Obras de Fragoso, Sibelius, Dvořák e Copland B35 20h escolas em palco ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 Blues TAMBÉM DOMINGO ÀS 17H, CONCERTO C25 B27 43 Mário Laginha Bernardo Sassetti piano Temas de Ellington, Gershwin e Green B26 B32 big band júnior 21h 22h 53 Quarteto Brodsky Obras de Anton Webern, Stravinsky e Ravel Ensemble da Escola de Jazz Luiz Villas Boas / Hot Clube 26 The Duke Ellington Orchestra 19h CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS 23h ° x° X grande auditório piso 1 8,50e (5,50e galerias em pé) lugares marcados Pequeno auditório sala eduardo prado coelho piso 1 6,50e 10h > 14h30 12 domingo sem lugares marcados Sala Luís de freitas Branco piso 1 6,50e sem lugares marcados Sala almada negreiros piso 2 6,50e sem lugares marcados Sala concertos alunos escolas música 84 > 89 Sala sophia de mello fernando pessoa breyner piso 2 6,50e piso 2 6,50e sem lugares marcados família > sem lugares marcados sala amália rodrigues piso 2 4,50e sem lugares marcados concertos música livre espaço música livre 95 foyer do grande auditório piso 2 entrada livre sem lugares marcados oficinas 92 > 93 Espaço ccb fábrica das artes jardim oliveiras (exterior ao recinto) entrada livre sujeito a reserva sementes de música para bebés 10h menores 5 anos + acompanhante clube de jazz maiores 8 anos 10h30 pedro e o lobo 8 > 11 anos 11h C6 C27 90 > 91 A MINHA MÃE GANSO ENSEMBLE BOÎTE À BIJOUX 11h30 abertura do recinto o carnaval dos animais escolas em palco 11h 5 > 7 anos + acompanhante ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 TAMBÉM SÁBADO ÀS 11H, CONCERTO B7 sementes de música para bebés 11h30 menores 5 anos + acompanhante 12h permallets 13h C1 55 Orquestra Sinfónica Metropolitana Cesário Costa dir. musical H. J. Lim piano C7 59 Yogistragong Elizabeth Davis direção Gamelão Música tradicional de Java C11 64 Jan Lisiecki piano Obras de Martinů, Paderewski, Ravel e Mozetich C15 68 Karin Lechner piano Sergio Tiempo piano Obras de Tchaikovsky, Piazzolla, Ziegler e Ravel C19 71 Teresa Palma Pereira piano Obras de Liszt, Vianna da Motta, Szymanowski e Bartók C23 75 13h Quarteto Pražák Obras de Gershwin, Pavel Haas e Schulhoff o carnaval dos animais Obras de Ravel 13h30 5 > 7 anos + acompanhante pequenos violinos da metropolitana sementes de música para bebés 14h menores 5 anos + acompanhante clube de jazz maiores 8 anos pedro e o lobo 8 > 11 anos 14h30 continua na página seguinte CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS > 15h > 21h domingo ° x° X 15h grande auditório piso 1 8,50e (5,50e galerias em pé) lugares marcados Pequeno auditório sala eduardo prado coelho piso 1 6,50e sem lugares marcados C2 56 Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský dir. musical C8 60 Ensemble Mediterrain Obras de Prokofiev, Copland e Ernst von Dohnányi Obras de Stravinsky e Copland C3 57 Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro dir. musical Filipe Pinto-Ribeiro piano Sala Sala Sala piso 1 6,50e piso 2 6,50e piso 2 6,50e piso 2 6,50e Luís de freitas Branco sem lugares marcados C12 65 Marcelo Nisinman bandoneón Chen Halevi clarinete Tiago Pinto-Ribeiro contrabaixo Rosa Maria Barrantes piano História do Tango Tangos de Piazzolla, Gardel, Nisinman e Datta 14 17h Sala C9 61 > 62 Orquestra do Algarve Pedro Neves C13 66 Edicson Ruiz contrabaixo Sergio Tiempo dir. musical piano Obras de Schoenberg e Charles Ives Obras de Bottesini, Elliot Carter, Nino Rota, Ginastera e Piazzolla Óscar Carmo almada negreiros sem lugares marcados C16 32 Reginald R. Robinson piano Ragtime Temas de Scott Joplin e R. R. Robinson sophia de mello breyner aqui há conversas com... 82 fernando pessoa sem lugares marcados sem lugares marcados C20 C24 72 Pavel Gomziakov violoncelo Louis Lortie piano Obras de Myaskovsky e Zemlinsky Sala jorge de sena sala de leitura piso 1 entrada livre família > concertos alunos escolas música 84 > 89 sala amália rodrigues piso 2 4,50e sem lugares marcados 58 Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský < 63 Mahler Ensemble Massimo Mazzeo dir. musical Dora Rodrigues dir. musical soprano Obras de Mahler e Janáček Sinfonia n.º 4 de Mahler C5 21h C10 C14 67 Schostakovich Ensemble Obras de Armando José Fernandes e Dvořák 79 > 80 foyer do grande auditório piso 2 entrada livre sem lugares marcados oficinas 92 < 93 Espaço ccb fábrica das artes jardim oliveiras (exterior ao recinto) entrada livre sujeito a reserva 15h escolas em palco ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 TAMBÉM SÁBADO ÀS 14H, CONCERTO B13 sementes de música para bebés 15h30 menores 5 anos + acompanhante escolas em palco C17 69 Nina Schumann piano Luís Magalhães Piano Obras de Stravinsky, Barber, Copland e Lutosławski C21 73 Joana Gama piano 1912 Obras de Janáček, Satie, Villa-Lobos, Granados e Prokofiev C25 52 ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 sérgio 16h15 azevedo Catch me if you can: A música portuguesa no comboio da modernidade C18 43 Mário Laginha piano Bernardo Sassetti piano Temas de Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green 74 Javier Perianes piano Obras de Mompou, Granados, Debussy e Albéniz 16h 5 > 7 anos + acompanhante maiores 8 anos 17h pedro e o lobo voz e guitarra solo 8 > 11 anos Blues TAMBÉM SÁBADO ÀS 20H, CONCERTO B31 brass ensemble da metropolitana C22 o carnaval dos animais clube de jazz Martin Simpson Obras de Wagner e Schostakovich C4 95 C28 76 Quinteto à-vent-garde Obras de Hindemith, Zemlinsky e Carl Nielsen trompete 19h concertos música livre espaço música livre C26 77 Quarteto Brodsky Obras de Stravinsky, Webern e Bartók hélder bruno 18h15 martins O jazz em Portugal no início do século XX C29 18h 19h escolas em palco ver programa detalhado naS págS. 84 > 89 ocpzero TAMBÉM Sábado ÀS 22H, CONCERTO B22 concerto de encerramento Coro Sinfónico Lisboa Cantat Orquestra Sinfónica Metropolitana Cesário Costa dir. musical com Eduarda Melo, Isabel Alcobia, Ana Maria Pinto, João Rodrigues, Luís Rodrigues e João Merino Obras de R. Strauss e Gershwin CONSULTE O PROGRAMA DETALHADO DOS CONCERTOS NAS PÁGINAS ASSINALADAS 20h Concertos 18 Concerto Inaugural A1 sexta-feira 15 abril 21h Grande Auditório Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský direção Jorge Moyano piano L u í s d e F r e i ta s B r a n c o Paraísos Artificiais 1910 13’ George Gershwin Rhapsody in Blue 1924 16’ Antonín DvoŘák Sinfonia n.º 9, em Mi menor, op. 95, Do Novo Mundo 1893 40’ I. Adagio. Allegro molto II. Largo III. Scherzo: Molto vivace IV. Allegro con fuoco mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias Os Dias da Música deste ano, sob o lema “Da Europa ao Novo Mundo, 1883-1945” começam com um concerto que é também uma viagem. Começamos em Portugal. Luís de Freitas Branco é um dos primeiros compositores a trazer o fascínio pelos impressionistas franceses. Paraísos Artificiais é um poema sinfónico inspirado na versão francesa (de Baudelaire) das Confissões de um opió­ mano do inglês Thomas de Quincey. O tema decadente e as harmonias desconhecidas do público português poderão explicar porque foi pateada na estreia em 1913. A Rhapsody in Blue leva-nos não só através do espaço, mas entre mundos culturais diferentes. Gershwin era conhecido como pianista e melodista na Broadway quando foi convidado para escrever esta obra. Foi estreada em 1924 por uma orquestra de jazz com o próprio Gershwin ao piano. A versão para orquestra sinfónica surgiu em 1926. O sucesso foi imediato, tendo a crítica vaticinado que este compositor faria a ligação entre o jazz e os intelectuais – centrados na música erudita e euro­peia. Efetivamente, Gershwin alia um universo melódico do jazz, incluin­do o tradicional icebreaker (literalmente o quebra-gelo, um motivo inicial que chama a atenção do público) da Broad­ way, com o mesmo fascínio pelo Impressionismo (e simbolismo) francês que nutria Freitas Branco. O concerto termina com a que será porventura a primeira grande obra de cariz intercontinental. Dvořák foi convidado pela Sra. Thurber para dirigir o Conservatório de Nova Iorque. O objetivo de levar compositores europeus era a colonização cultural do novo mundo pela Arte do velho continente, criando ali uma “tradição” cultural à maneira europeia. Ao longo dos quatro andamentos ouvem-se as sonoridades eslavas que pontuaram desde sempre a música de Dvořák, com melodias inven­tadas sobre o imaginário da música dos índios nativos da América do Norte e dos espirituais negros dos escravos trazidos de África. Helena Romão 19 sábado 16 abril 14h Grande Auditório Orquestra de Câmara Portuguesa Pedro Carneiro direção musical Gary Hoffman 21 violoncelo Variações sobre um tema rococó para violoncelo e orquestra, em Lá maior, op. 33 1876 18’ mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias H. R. © nuno ferreira santos Piotr Ilitch Tchaikovsky Neste concerto teremos duas obras do género Tema e Variações. Inicialmente o compositor apresenta o tema musical e depois, ao longo de diversos andamentos, vai repetindo o tema sempre de formas diferentes, mais ou menos reconhecíveis. Tchaikovsky era um admirador incondicional de Mozart e do século XVIII. A partir da atmosfera dessa época, escreveu este tema rococó. As Variações foram escritas para o violoncelista Fritzhagen e por ele estreadas em 1877 sob a direção de Rubinstein. Fritzhagen, no entanto, ao rever a peça para a edição e a estreia, fez grandes alterações: aumentou as cadenzas (partes solísticas) em duração e virtuosismo, modificou a ordem das variações e retirou uma delas. Estando Tchaikovsky ausente de Moscovo não o pôde evitar e foi esta versão que mais se popularizou desde então. A partitura original seria publicada apenas já em meados do século XX. À semelhança de Tchaikovsky, Britten tinha o domínio da orques­tra e o apego ao Classicismo. Neste que foi o seu primeiro sucesso internacional, o compositor quis homenagear Frank Bridge, seu primeiro professor de composição. Tendo recebido uma encomenda para a famosa orquestra de Boyd Neel para o Festival de Salzburgo, escreveu em dez dias um esquisso da obra, tendo como base um tema do segundo dos Três Idílios de Bridge. Cada uma das variações alude a uma época e um estilo diferentes, cujo ambiente é recriado como se viajássemos no tempo e por toda a Europa – Britten quis também que cada um dos andamentos refletisse uma das características do seu admirado professor. Moderato assai quasi Andante – Thema: Moderato semplice Var. I: Tempo della Thema Var. II: Tempo della Thema Var. III: Andante sostenuto Var. IV: Andante grazioso Var. V: Allegro moderato Var. VI: Andante Var. VII e Coda: Allegro vivo Benjamin Britten Variações sobre um tema de Frank Bridge, para cordas, op. 10 1937 25’ Introduction and Theme Var. 1: Adagio Var. 2: March Var. 3: Romance Var. 4: Aria Italiana Var. 5: Bourrée classique Var. 6: Wiener Waltzer Var. 7: Moto perpetuo Var. 8: Funeral March Var. 9: Chant Var. 10: Fugue and Finale © gérard proust Concertos 20 Sábado B1 B2 B3 Orquestra do Algarve Coro do Teatro Nacional de São Carlos sábado 16 abril 16h Grande Auditório sábado 16 abril 18h Grande Auditório Pedro Neves mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Neste concerto poderemos ouvir três utilizações diversificadas de um conjunto orquestral muito semelhante: à orquestra de cordas das duas primeiras obras junta-se, na terceira, os sopros, completando a orquestra clássica tal como existia no tempo de Haydn e Mozart. Nocturno foi uma das primeiras obras (talvez a primeira) para orquestra de Joly, ainda muito influenciado pelo seu professor Luís de Freitas Branco. É uma peça neoclássica e modal, na tradição francesa da música admirada (e trazida para Portugal) por Freitas Branco. Richard Strauss era originário de Munique, cuja ópera foi destruída em 1943. Metamorphosen, ou Metamorfoses em português, foi a última obra sinfónica de Strauss e tem um caráter de luto: pelo Teatro de Ópera da sua cidade e ainda por uma tradição cultural (a alemã), construída durante séculos e arrasada pelo nazismo em apenas 12 anos de poder. A obra é uma rede de texturas, em que cada instrumento é escrito individualmente e não por naipes, como era então habitual na escrita para orquestra, sem uma sensação de descanso até quase ao fim. Nos últimos compassos, Strauss escreveu “in memoriam...” numa possível referência à Marcha Fúnebre da Sinfonia Eroica de Beethoven. A primeira Sinfonia de Prokofiev foi escrita no campo em 1917, no verão mais atribulado da História da Rússia, ­entre a queda do czar e a implantação do governo soviético. Prokofiev quis reavivar o espírito das sinfonias de Haydn. Efetivamente há uma sonoridade remanescente do século XVIII e uma estrutura também típica daquela época – como se uma sinfonia de Haydn pudesse viajar no tempo e ser não apenas tocada, mas reescrita à luz do século XX. Sala com lugares marcados, exceto galerias H. R. direção musical 22 Joly Braga Santos Nocturno para cordas 1944 7’ Richard Strauss Metamorfoses, para 23 cordas solo, op. 142 1945 26’ I. Adagio ma non troppo II. Agitato III. Adagio, tempo primo Sergei Prokofiev Sinfonia n.º 1, em Ré maior, op. 25, Clássica 1916-1917 16’ I. Allegro con brio II. Larghetto III. Gavotte: Non troppo allegro IV. Finale: Molto vivace mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Poucos como Ravel souberam aproveitar as cores únicas dos instrumentos para dar forma e luminosidade às ideias musi­cais. Daphnis et Chloé é uma sinfonia coreográfica em que ­Ravel pretendia “compor um grande fresco musical, menos próximo do arcaísmo que da fidelidade à Grécia dos meus sonhos (...)”. Esta aproximação a uma antiguidade sonhada e o cruzamento entre Música e Pintura são característicos do Impressionismo, de que foi um dos mais notáveis representantes. Esta obra foi escrita para uma orquestra com uma larguíssima paleta de timbres – nos sopros, nas percussões e um coro apenas com vogais, como timbre – que ilustram a ação, por vezes de forma muito pictórica, como o chilrear dos pássaros no início da terceira parte. O argumento de Fokine baseia-se num conto grego de Longus do século II. A ação começa num bosque sagrado, numa tarde de primavera. Daphnis e Chloé entram depois de um cortejo de adolescentes. Dorcon corteja Chloé e compete com Daphnis dançando por um beijo dela. Subitamente, um grito denuncia a chegada dos piratas de Bryaxis, que raptam Chloé. Daphnis desmaia junto à gruta de Pã, onde as ninfas lhe pedem auxílio. No segundo quadro os piratas dançam freneticamente e forçam Chloé a dançar. Repentinamente a cena escurece sob a sombra de Pã que assusta os bandidos. O dia amanhece ao som do chilrear de pássaros. Daphnis acorda e encontra Chloé, salva pelo deus flautista. Os dois amantes dançam uma pantomima, evocando os amores de Pã e Syrinx. Após mais uma dança de Dorcon, o bailado termina numa alegre festa em honra de Baco. Sala com lugares marcados, exceto galerias H. R. Emanuele Pedrini maestro convidado Orquestra Sinfónica Portuguesa Julia Jones direção musical Maurice Ravel Daphnis et Chloé 1909-1912 55’ Parte I Introduction et Danse religieuse Danse générale Parte II Danse guerrière Parte III Danse générale neste concerto será distribuida folha de sala 23 B4 B5 Orquestra Sinfónica Metropolitana Orquestra Filarmónica de Brno sábado 16 abril 20h Grande Auditório sábado 16 abril 22h Grande Auditório Cesário Costa Leoš Svárovský direção musical Jack Liebeck direção musical Sergio Tiempo violino piano Erich Wolfgang Korngold Concerto para violino, em Ré maior, op. 35 1945 24’ I. Moderato nobile II. Romance: Andante III. Finale: Allegro assai vivace Kurt Weill Suite da Ópera dos Três Vinténs [Kleine Dreigroschenmusik], para orquestra de sopros 1929-1912 I. Overture II. Die Morität von Mackie Messer III. Anstatt-dass Song IV. Die Ballade vom angenehmen Leben V. Polly’s Lied VI. Tango-Ballade VII. Kanonen-Song VIII. Dreigroschen-Finale mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias 22’ Dois compositores que embaraçam qualquer teoria acerca da pretensa linha que separa a música (dita) séria da música de entretenimento preenchem este programa. O austríaco Korngold estabeleceu-se em Hollywood na década de 1930. Aí, colocou ao serviço do cinema o estilo neorromântico que lhe era próprio. Terminada a Segunda Grande Guerra, decidiu voltar a compor para as salas de concerto, sendo esta a primeira obra realizada nesse sentido. Logo percebeu que seria a oportunidade para recuperar todas as melodias que havia escrito e que pareciam condenadas ao universo exclusivo da sétima arte – elas voltam aqui a libertar-se, atra­vés do som preciso e envolvente do violino do canadia­ no Corey Cerovsek. No que respeita a Weill, não seria difícil nos anos de 1920 imaginar boa parte da música que aquele jovem mostrava em Berlim, tocada pelas bandas de jazz americanas. Certo é que, em virtude da sua condição de judeu no contexto da ascensão do Regime Nazi (também assim aconteceu com Korngold), Weill estava em 1935 a caminho de Nova Iorque e, naturalmente, dos teatros da Broadway. Consigo ­levava a partitura d’A ópera dos três vinténs, a mesma que ali viria a merecer 2611 representações sucessivas na década de 1950. Esta suite reúne os melhores momentos musicais da obra. sergei Rachmaninoff Concerto para piano n.º 3, em Ré menor, op. 30 1909 43’ I. Allegro ma non tanto II. Intermezzo: Adagio attaca subito III. Finale: Alla breve © ana Somoihovich 24 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias Certamente um dos concertos para piano mais famosos de todo o repertório, o Concerto n.º 3 de Rachmaninoff não teve sempre o sucesso que hoje tem, sendo-lhe muitas vezes preferido o Concerto n.º 2 do mesmo compositor. No entanto, é hoje uma obra muitíssimo popular, em parte, provavelmente, por requerer grande virtuosismo do intérprete. Foi estreado em Nova Iorque, em novembro de 1909, pelo próprio compositor ao piano. Pouco tempo depois, Rachmaninoff voltava a interpretar o concerto, desta feita com a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque dirigida por Gustav Mahler – o encontro, do outro lado do Atlântico, de dois gigantes da música europeia não deixa de ser uma curiosidade assinalável e bem representativa de um fenómeno que se foi tornando cada vez mais real ao longo do século que se iniciava. De estrutura tradicional, com a divisão em três andamentos rápido-lento-rápido, o concerto inicia-se com um tema majestoso de caráter russo que dá depois lugar a outro de cariz mais rítmico, num ambiente de fluidez em que proliferam novas ideias temáticas. O Adagio central é, como seria de esperar, mais melancólico e lírico. A cadenza do piano lança a música para o último andamento, o mais vigoroso dos três. A obra acaba num ambiente triunfante. Francisco Sasset t i 25 B6 B8 sábado 16 abril 24h Grande Auditório Brahms ficou conhecido como compositor e pianista, mas em jovem tinha estudado violoncelo até um nível avançado e manteve, portanto, uma especial afeição por este instrumento. As Quatro Canções Sérias podem ser vistas como uma cantata fúnebre. Ouviremos aqui a transcrição da voz de barítono para o violoncelo, mas no original os textos são provenientes da Bíblia, na tradução de Lutero. Após a morte do pai do seu amigo Max Klinger e o ataque cardíaco da amiga de longa data, Clara Schumann, cuja morte Brahms temia estar próxima, escreveu este ciclo de canções, que terminou no dia do seu último aniversário, a 7 de maio de 1896. ­Clara morreu poucos dias depois e Brahms não lhe sobreviveu senão alguns meses. Este ciclo, ou cantata, todo ele sobre a morte, começa num tom pessimista e vai-se progressivamente resignando, aceitando a ideia num ambiente de paz. A última canção é um elogio do amor. Dez anos antes o compositor passava os verões na Suíça, nas margens do lago de Thun, onde tinha calma e inspiração para escrever uma enorme quantidade de obras, especialmente de câmara. A Sonata para violoncelo e piano n.º 2 foi dedicada ao seu amigo violoncelista Hausmann, com quem a estreou em Viena. Nesta sonata convive o liris­ mo e a intimidade da música de câmara com a experiência de Brahms com a escrita orquestral. A maior dificuldade para os intérpretes reside precisamente no equilíbrio sonoro, uma vez que ambos desempenham papéis igualmente importantes, como numa contracena em teatro. sábado 16 abril 14h pequeno Auditório sala eduardo prado coelho The Duke Ellington Orchestra Pavel Gomziakov violoncelo Louis Lortie piano Duke Ellington Take The A Train Cottonclub Stomp Black and Tan Fantasy Lushlife The Mooche Caravan Jack The Bear Isfahan I Let A Song Go Out Of my Heart ⁄ Don’t Get Around Much Anymore Cottontail Mood Indigo Rockin in Rhythm Johannes Brahms Edward Kennedy “Duke” Ellington foi um dos compositores mais prolíficos do século XX, tanto em termos de número de composições, como em variedade de formas. O seu desenvolvimento foi dos mais espetaculares da história da música, sublinhado por mais de cinquenta anos de realização sustentada como artista e entertainer. É considerado por muitos como o maior compositor e bandleader da América. Junte-se a uma das bandas mais importantes da história do jazz, hoje liderada por Paul Mercer Ellington, neto do lendário compositor. O concerto apresentado nesta edição dos Dias da Música em Belém aborda alguns dos mais preciosos temas de Duke Ellington. Vier ernste Gesänge (Quatro Canções Sérias), op. 121 1896 19’ trans. para violoncelo e piano de D. Shafran I. Denn es gehet dem Menschen wie dem Vieh II. Ich wandte mich und sahe an alle III. O Tod, wie bitter bist du IV. Wenn ich mit Menschen und mit Engelszungen redete Johannes Brahms Sonata para violoncelo e piano n.º 2, em Fá maior, op. 99 1886 28’ I. Allegro vivace II. Adagio affettuoso III. Allegro appassionato IV. Allegro molto H. R. B7 sábado 16 abril 11h pequeno Auditório sala eduardo prado coelho Programação para a família mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias Ensemble Boîte à Bijoux ravel A Minha Mãe Ganso (Ver. de Nuno Côrte-Real para 14 músicos) ver págs. 90 > 91 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 © elias 26 Sala sem lugares marcados 27 B9 B10 sábado 16 abril 16h pequeno Auditório sala eduardo prado coelho Orquestra Jazz de Matosinhos Pedro Guedes direção ⁄ piano 28 Carlos Azevedo direção ⁄ piano Duke Ellington Daybreak Express 1934 East St. Louis Toodle-Oo 1927 The Mooch 1928 (arr. Will Hudson) Concerto for Cootie 1940 Ko-Ko 1943 Jack the Bear 1940 Count Basie 9:20 Special 1941 (comp. E. Warren, B. Engvick ⁄ arr. Buster Harding) Jumpin’ the Woodside 1938 sábado 16 abril 18h pequeno Auditório Ilustrar o nascimento e a afirmação das orquestras de jazz e dar a conhecer alguns dos seus mais ilustres criadores, praticantes e líderes é o objetivo deste projeto da Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM). Sublinham-se as diferenças essenciais entre as várias funções da big band no jazz, primeiro enquanto grupo instrumental essencial à dança e ao entertainment nos grandes ballrooms até atingir um estatuto artístico inerente à praxis musical “pura” e “não utilitária”, já no contexto da sala de concerto. Neste concerto a OJM percorre dois momentos essenciais da história das big bands: as suas origens, perpassadas por uma certa ingenuidade do “jazz sinfónico”, com a afirmação do génio de Duke Ellington, um dos mais brilhantes e elegantes condutores de grandes orquestras, e Jimmy Lunceford, proeminente chefe de orquestra; e o jazz dançante, com a revelação do grande Count Basie. Acompanha-se assim a evolução de uma das formações instrumentais mais apaixonantes em toda a história do jazz – a big band – enquanto organismo musical no interior do qual a disciplina e coesão do coletivo, bem como a destreza e criatividade do solista individual assumem, na sua ambivalência e peso relativos, uma interessante e incomparável dialética, como elementos essenciais à arte de arranjar e compor para grande orquestra de jazz. adaptado de M anuel J orge Veloso Jorge Carvalho Alves 29 direção Hugo Wolf Sechs Geistlische Lieder 1881 17’ I. Aufblick ⁄ II. Einkehr ⁄ III. Resignation IV. Letzte Bitte ⁄ V. Ergebung ⁄ VI. Erhebung Claude Debussy Trois Chansons de Charles D’Orléans (excerto) 1908 6’ I. Dieu! Qu’il a fait bon regarder! III. Yver, vous n’estes qu’un villain Maurice Ravel Trois Chansons (excerto) 1916 6’ I. Nicolette II. Trois beaux oiseaux du paradis Seven unaccompanied part songs, op. 17 (Robert Bridges) (excerto) 1934-1937 7’ Corner Pocket 1955 (arr. Freddy Green) Tickle Toe 1940 (comp. ⁄ arr Lester Young) Swinging the Blues 1939 (arr. Eddie Durham) I. I praise de tender flower II. I haved loved flowers that fade III. My spirit sang all day Jimmie Lunceford Fernando Lopes-Graça Stratosphere 1934 (arr. Willie Smith, Edwin Wilcox) For Dancers Only 1937 (comp. Sy Oliver, D. Raye, V. Schoen / arr. Sy Oliver) (comp. R. Eldridge, C. Battle / arr. Jimmie Lunceford) Coro de Câmara Lisboa Cantat Gerald Finzi (arr. Fletcher Henderson) Uptown Blues 1939 sala eduardo prado coelho mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 102 Sala sem lugares marcados Em Louvor do Sol (Afonso Duarte) 1956 Balada de uma heroína (José Gomes Ferreira) 1953 5’ 5’ Este programa, delineado numa perspetiva cronológica, ­inclui obras escritas entre 1881 e o pós Segunda Grande Guerra, obedecendo a um percurso geográfico que nos leva­rá do paralelo da cidade de Viena até ao de Lisboa, passando por Paris e Londres. Sechs Geistliche Lieder, obra escrita durante o mês de abril de 1881 pelo compositor austríaco Hugo Wolf, dá início a este concerto que vai intencionalmente tomando a direção do ocidente à medi­ da que avança no tempo. A escola francesa do início do século XX produziu duas obras incontornáveis na história da música para coro a cappella, ambas escritas em Paris e intituladas Trois Chansons, uma em 1908 da autoria de Claude Debussy sobre textos de Charles d’Orleans, e ­outra em 1916 da autoria de Maurice Ravel. Foram as únicas composições para coro sem acompanhamento instrumental escritas por estes compositores. Gerald Finzi escreveu entre 1934 e 1937 as Seven unacompanied part songs­ op. 17, obra da sua juventude, da qual as três primeiras canções serão executadas neste concerto que termina com duas composições emblemáticas de Fernando Lopes-Graça, Em Louvor do Sol e Balada de uma heroína, obras escritas em Lisboa, sobre textos de Afonso Duarte e José Gomes Ferreira, respetivamente. Jorge Alves neste concerto será distribuida folha de sala mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados B11 B12 sala eduardo prado coelho sala eduardo prado coelho Ensemble Mediterrain António Rosado sábado 16 abril 20h pequeno Auditório 30 Matthieu Gauci-Ancelin flauta Laura Ruiz Ferreres clarinete Philipp Zeller fagote Florian Doerpholz trompete Gabriel Adorján violino Álvaro Parra violino Barbara Buntrock viola Bruno Borralhinho violoncelo Hiroaki Aoe contrabaixo Christoph Berner piano Heitor Villa-Lobos Ciranda das sete notas, para fagote e cordas, A. 325 1933 12’ Arnold Schoenberg Kammersymphonie (Sinfonia de câmara) n.º 1, em Mi maior, op. 9 (arr. A. Webern) 1906 20’ I. Langsam. Sehr rasch II. Feurig. Hauptzeitmaß. Ruhiger. Sehr rasch III. Viel langsamer. Fließender. Schwungvoll. Hauptzeitmaß IV. Etwas ruhiger. Steigernd. Hauptzeitmaß V. Etwas bewegter Camille Saint-Saëns Septeto, em Mi bemol maior, op. 65 1881 18’ I. Préambule ⁄ II. Menuet ⁄ II. Intermède ⁄ IV. Gavotte et Final sábado 16 abril 22h pequeno Auditório piano A Sinfonia de câmara de Schoenberg é um caso muito singular quando consideramos a dicotomia tradição/inovação: revela-se simultaneamente um formidável testemunho de novas experiências – a maioria delas apresentadas de maneira ainda incipiente em obras anteriores do compositor – e, por outro lado, uma sólida consequência das bases harmónicas formais do classicismo. Esta versão de Webern para a mesma instrumentação do famoso Pierrot Lunaire é quase tão frequentemente executada como a versão original e representa um marco muito importante para formações camerísticas mistas. Estreada no Rio de Janeiro no mesmo ano da sua composição, a Ciranda das sete notas transmite-nos o que de melhor Villa-Lobos nos pode oferecer. O seu estilo tão particular encontra nesta invulgar instrumentação uma interessante combinação harmónica e tímbrica na qual o fagote assume um papel claramente solístico. Um exemplo muito atraente da música de câmara brasileira e daquele que é possivelmente o compositor mais representativo e destacado do “novo mundo” português. O Septeto em Mi bemol maior de Saint-Saëns é tido como uma das principais obras do compositor, mas o rico e particular contexto da obra acaba por não ocupar um lugar tão relevante nos programas de concerto, como seria realmente merecido. Talvez pela rara instrumentação que combina um sexteto de cordas e piano com a trompete? É no entanto uma obra extremamente interessante, que combina uma espécie de neobarroquismo com o romantismo natural e reconhecido do compositor francês. Federico Mompou Variations sur un thème de Chopin mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 O catalão Mompou tinha como referências Poulenc e Fauré. Com base num conhecido tema de Chopin, do Prelúdio em Lá Maior, op. 28 n.º 7, escreveu este conjunto de variações. Concebido em 1938 como um duo para piano e violoncelo, o projeto foi abandonado e retomado em 1957, contando apenas com o piano. Ao longo de cada uma das variações podemos ouvir o progressivo afastamento relativamente ao tema principal, que continua sempre subjacente. António Fragoso morreu em 1918 com a epidemia da gripe pneumónica e a sua obra esteve até recentemente quase esquecida. Numa vaga de redescoberta da sua obra, a excelência da sua música tem ficado patente em numerosas análises teóricas, concertos e gravações. Pela trágica coincidência de acontecimentos, mas também pela elevada promessa que representava a sua obra de juventude, Fragoso é por vezes comparado na música ao papel que Amadeo de Souza Cardoso teve na pintura portuguesa. Tendo sido aluno de Luís de Freitas Branco à altura de composição deste Nocturno, é reconhecível a influência deste seu professor e também dos compositores franceses que admirava, nomeadamente Debussy. Villa-Lobos, igualmente inclinado para os compositores franceses, misturava estas referências com temas tradicionais brasileiros. Impressões Seresteiras resume no título esta simbiose de impressionismo e nacionalismo. Na Argentina, Ginastera, por seu turno, tinha estudado com Copland nos EUA. Sendo esta sonata também mais tardia, o nacionalismo, bem vincado em épocas de juventude, esta­va agora mais assimilado e integrado numa linguagem vanguardista. As referências argentinas, embora presentes, são mais indiretas. Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados H. R. 1938-1957 25’ Thème. Andantino Var. 1: Tranquille e molto amabile Var. 2: Gracioso Var. 3: para la mano izquierda. Lento Var. 4: Espressivo Var. 5: Tempo di Mazurka Var. 6: Recitativo Var. 7: Allegro leggiéro Var. 8: Andante dolce e espressivo Var. 9: Valse Var. 10: Évocation. Cantabile molto espressivo Var. 11: Lento dolce e legato Var. 12: Galope y Epílogo António Fragoso Nocturno, em Ré bemol maior 1917 6’ Heitor Villa-Lobos Impressões Seresteiras, do Ciclo brasilero, A. 374 1936-1937 7’ Alberto Ginastera Sonata para piano n.º 1, op. 22 1952 I. Allegro marcato II. Presto misterioso III. Adagio molto appassionato IV. Ruvido ed ostinato Bruno Bo rra lh inh o 16’ 31 sábado 16 abril 14h sala luís de freitas branco Reginald R. Robinson piano Ragtime 32 Temas de Scott Joplin e Reginald R. Robinson O Ragtime, que praticamente morreu com Scott Joplin em 1917, foi apenas e em parte recuperado com a banda sonora do filme The String de Marvin Hamlisch em 1973. Curiosamente foi nesse mesmo ano que nasceu Reginald R. Robinson, nascido e criado em Chicago e hoje um dos maiores praticantes desta música e um dos seus maiores compositores de sempre. As suas primeiras experiências musicais foram passadas a ouvir os discos tocados em casa dos seus pais e mais tarde, em 1986, e depois de um workshop no liceu intitulado “De Bach ao Bebop”, começou a dedicar a sua vida a um estudo de fundo sobre esta música que incluiu análises sistemáticas dos originais “piano rolls” da época. Como tocar ragtime sem que a música soe a uma peça de museu? Nos seus concertos e em disco, Reginald R. Robinson desvenda um dos maiores mistérios à volta da sua música. É como se ele tivesse mais de 100 anos e com vontade de continuar a desbravar caminho com a maior genuinidade. Sejam os ouvintes fãs de Ragtime ou não, a mestria e a autenticidade que Robinson coloca na música que toca é verdadeiramente impressionante. Desconstrói, constrói novamente e suavemente conclui cada uma das peças, que se tornam em saudáveis e legítimas apropriações de algo que não parece possível de acontecer. Entre 1993 e 1998, Reginald R. Robinson gravou três pérolas para a histórica etiqueta de Chicago Delmark. The Strongman, Sounds in Silhouette e Euphonic Sounds desfi­ lam clássicos como Mapple Leaf Rag, Peacherine Rag, The Entertainer ou Heliotrope Bouquet, todos de Scott Joplin, até muitos originais escritos por si dentro desta linguagem vintage que ajuda a renascer sem cheirar a mofo. Neste momento e entre gravar, executar e compor, Reginald está a trabalhar no seu mais ambicioso projeto de sempre, um filme sobre a história e desenvolvimento do ragtime. B14 sábado 16 abril 16h sala luís de freitas branco Jan Lisiecki piano © windsor Star B13 ⁄ C16 Erik Satie 3 Gymnopédies 1888 9’ I. Lent et douloureux II. Lent et triste III. Lent et grave Johannes Brahms 6 Klavierstücke, op. 118 (excerto) 1892 II. Intermezzo, em Lá maior VI. Intermezzo, em Mi bemol menor Olivier Messiaen 8 Prelúdios (excerto) 1828-1929 12’ I. La colombe II. Chant d’extase dans un paysage triste III. Le nombre léger Sergei Rachmaninoff Morceaux de fantaisie, op. 3 (excerto) 1892 10’ I. Élégie, em Mi bemol menor II. Prélude, em Dó sustenido menor Ped ro Co sta Este concerto repete-se no domingo na sala almada negreiros às 15h mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados 12’ Este concerto leva-nos pela conturbada passagem do século XIX para o XX, marcada pelo antagonismo entre movimentos artísticos diversos. As obras pertencem a universos sonoros bastante distintos, como poderemos ouvir. Satie foi um enfant térrible do seu tempo, sobre quem se debatia se seria um génio ou um charlatão. As Gymnopaidiai, origem do nome do ciclo, eram danças da Esparta Antiga em que jovens dançavam nus para mostrar as suas capacidades marciais. As Gymnopédies têm uma sonoridade muito simples, despida da complexidade tonal da música do fim do século XIX. Para Brahms, estas Klavierstücke ou Peças para Piano foram as últimas que compôs para o seu instrumento. Brahms era conservador na sua música, um típico Romântico. Ao chamar-lhes Intermezzo, libertava-se de qualquer estrutura de base ou conotação emotiva, permitindo-se improvisar compondo. O jovem Messiaen, ainda a terminar os estudos e sob a influência de Debussy, mostrava já os primórdios da sua linguagem única, com técnicas por ele inventadas ­– uma das quais era a associação entre cores e sonoridades. No caso dos três Prelúdios que ouviremos aqui, o compositor descre­veu o primeiro e o terceiro como alaranjados, com veios violeta; o segundo corresponde ao cinzento, violeta e azul da Prússia no início e no fim, e no centro é diamante e prateado. Rachmaninoff foi considerado um dos grandes pianistas do seu tempo. Estes Pedaços de Fantasia, Morceaux de fantaisie no original, de que ouviremos dois, não constituem um todo. O Prélude gozou de sucesso instantâneo e duradouro, tendo passado a ser obrigatório como encore em todos os concertos do compositor. H. R. 33 B15 7. Jazz Me Blues (Tom DeLaney – 1921) Esta composição empresta o seu título ao primeiro disco do Dixie Gang, gravado em 1999. sábado 16 abril 18h sala luís de freitas branco 8. Dippermouth Blues (Joseph “King” Oliver – 1923) Dippermouth é uma das alcunhas menos conhecidas do trompetista Louis Armstrong. King Oliver foi o mentor de Armstrong e foi também o responsável por trazer o seu aprendiz para Chicago, onde este ganhou a fama que fez dele o músico de jazz mais famoso do mundo. Dixie Gang Jazz de Nova Orleães 34 9. Tin Roof Blues (Melrose, Rappolo, Mares, Brunies – 1923) jazz. Um verdadeiro standard do repertório jazzístico. O título Originalmente gravado por New Orleans Rhythm Kings – da música refere-se não a um tigre, mas sim a um cavalo de uma banda de brancos à semelhança de Original Dixieland Jazz Band – que ganhou fama em Chicago. corrida muito famoso nos EUA no início do século XX. João Viana cornetim 3. After You’ve Gone (Layton, Creamer – 1918) Originalmente gravado cantora Marion Harris em 1918, este tema é muito apreciado entre músicos pela sua estrutura harmónica e melódica que, para a altura, era invulgar. Matt Lester saxofone e clarinete Claus Nymark trombone Silas Oliveira banjo David Rodrigues piano Jacinto Santos tuba Rui Alves bateria mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados O Dixie Gang celebra no próximo dia 6 de maio de 2011 vinte anos de carreira. Nestes vinte anos o grupo editou dois CD e realizou inúmeros concertos, principalmente em Portugal, mas também no estrangeiro. O programa apresentado no concerto de hoje reflete o percurso da banda e igualmente a evolução do jazz tradicional desde o seu primeiro registo fonográfico em 1917. 1. Original Dixieland One Step (Jordan, LaRocca, Crandall, Robinson – 1917) O primeiro disco de jazz foi gravado em Nova Iorque em março de 1917 pela banda Original Dixieland Jazz Band. As duas faixas gravadas foram Livery Stabel Blues e Original Dixieland One Step. A nossa versão reproduz esta primeira gravação. 2. Tiger Rag (Da Costa, LaRocca, Edwards, Sbarbaro, Shields – 1917) Igualmente gravado por Original Dixieland Jazz Band tornou-se um dos temas mais vezes gravado na história do 4. Fidgety Feet (Nick LaRocca, Larry Shields – 1918) Este tema exemplifica uma forma estrutural que hoje em dia é muito pouco utilizada pelos músicos de jazz devido à sua complexidade: a marcha. Curiosamente o “rei da marcha”, John Phillip Sousa, era de descendência portuguesa. Foi igualmente o inventor do sousaphone, um instrumento muito utilizado no jazz tradicional (e pelo nosso tubista Jacinto Santos). 5. Royal Garden Blues (Clarence Williams, Spencer ­Williams – 1919) Composição em homenagem ao Royal Gardens Café em Chicago que na década dos (loucos) anos vinte era um dos principais locais de divertimento noturno desta cidade. Este tipo de local era chamado “black and tan clubs”, por permitir acesso aos negros em igualdade com os brancos. 6. The Sheik of Araby (Harry B. Smith, Ted Snyder, F. W ­ heeler – 1921) Este tema foi composto em aproveitamento do enorme sucesso do filme mudo The Sheik (1921) e do seu ator principal Rudolph Valentino. Em tom de brincadeira o Dixie Gang rebatizou o tema com o título “O Chico da Arrábida”. 10. Five Foot Two (Ray Henderson, Sam M. Lewis, Joe Young – 1925) Mais um exemplo de uma música bem-disposta dos “roaring twenties”, os loucos anos vinte. 11. Muskrat Ramble (Edward “Kid” Ory, Ray Gilbert – 1926) Muskrat Ramble foi inicialmente gravado por Louis Armstrong and his Hot Five. As gravações Hot Five e Hot Seven são hoje consideradas entre as mais importantes gravações na história do jazz. 12. I’m Confessin’ That I Love You (Al J. Neiburg, Dan Dougherty, Eula W. Reynolds – 1930) Outro verdadeiro standard que ao longo da história foi gravado por artistas tão díspares como Willie Nelson, Van Morrison ou Judy Garland. 13. Someday You’ll Be Sorry (Louis Armstrong – 1947) Este tema representa o revivalismo que o jazz tradicional conheceu durante a década de 1940, quando o swing e o bebop eram os estilos de jazz em voga. 14. Bourbon Street Parade (Paul Barbarin – 1949) Acabamos o nosso concerto com um tema que presta homenagem à cidade de Nova Orleães – considerada o berço do jazz –, e as suas famosas paradas de rua. Obrigado pela Sua atenção! Pelo Dixie Gang, Claus Ny mark 35 B16 B17 Gérard Caussé viola Filipe Pinto-Ribeiro sábado 16 abril 22h sala luís de freitas branco © leonel de castro sábado 16 abril 20h sala luís de freitas branco piano 36 Béla Bartók Danças Populares Romenas, BB68, Sz. 56 1915 5’ I. Jocul cu bata (Dança do Bastão) II. Brâul (Dança do Cinto) III. Pe Loc (Dança Sapateada) IV. Buciumeana (Dança de Bucium) V. Poarga Românească (Polka Romena) VI. Mărunţel (Dança Rápida) Benjamin Britten Lachrymae: Reflections on a Song of Dowland, op. 48a 1950 15’ Tema: Lento Var. 1: Allegretto, andante molto Var. 2: Animato Var. 3: Tranquillo Var. 4: Allegro con moto Var. 5: Largamente Var. 6: Appassionato Var. 7: Alla valse moderato Var. 8: Allegro marcia Var. 9: Lento Var. 10: L’istesso tempo César Franck Sonata para violino e piano, em Lá maior (trans. para viola e piano) 1886 I. Allegretto ben moderato II. Allegro III. Recitativo: Fantasia IV. Allegretto poco mosso 30’ As Danças Populares Romenas, originalmente para piano solo, são de tal forma célebres que delas se fizeram transcrições para instrumentos diversos. Trata-se de harmonizações de temas, para violino, tradicionais da Transilvânia, onde Bartók e Kodály fizeram pesquisa e gravações musico­ lógicas – que deixaram um cunho relevante na música de Bartók. Rumo à Grã-Bretanha de Britten, ouviremos verdadeiras reflexões (como indica o título), mais do que variações sobre uma canção de Dowland – compositor e alaudista inglês dos séculos XVI-XVII. Foram diversas as ocasiões em que Britten homenageou a música do passado, muito particularmente inglesa, na sua própria música e a forma das variações foi-lhe sempre querida. De volta ao continente, o francês César Franck compôs muito poucas obras de música de câmara e, no entanto, esta sonata (originalmente para violino) teria sido suficiente para dar fôlego renovado à música francesa, pouco dedicada à música de câmara até então. Foi escrita para o violinista Ysaÿe, talvez como presente de casamento. O dedicatário gostou de tal forma, que a tocou em inúmeros concertos pelo mundo durante toda a sua carreira. Ao longo do tempo esta sonata tem sido transcrita e tocada em diversos outros instrumentos. No ponto alto do Romantismo francês, Franck, utilizando ainda os modelos estruturais herdados do Classicismo, dá maior ênfase à expressão de emoções que ao cumprimento estrito das estruturas propostas e atribui igual importância e protagonismo a ambos os instrumentistas. Os quatro anda­mentos são ligados pelo reaparecimento dos mesmos temas musicais de forma cíclica. H. R. O Guardador de Canções Ana Quintans soprano Mário Redondo barítono José Brandão piano João Vasco piano Looney Tunes, Merrie Melodies and Silly Symphonies ARRANHA-CÉUS NA PRADARIA Charles Ives The new river (Charles Ives) 1921 Ann Street (Maurice Morris) 1921 1’ 1’20 Samuel Barber Solitary hotel (James Joyce) 1968-1969 37 2’40 Benjamin Britten As it is, plenty (W. H. Auden) 1937 1’40 “Whoopee Ti Yi Yo” ÍNDIOS E COWBOYS Arthur Farwell Song of the deadless voice (Indian song) 1912 2’40 John Musto Penelope’s song (Didi Balle) 2000 3’20 Charles Ives Charlie Rutlage (Dominick John “Kid” O’Malley) 1920-1921 3’30 BLACK AND WHITE AND BLUE George Gershwin The real American folk song (is a rag) (Ira Gershwin) 1918 2’30 Paul Bowles Blue Mountain Ballads (Tennessee Williams) (excerto) 1946 3’ Lonesome man Sugar in the Cane neste concerto será distribuida folha de sala mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados Joseph Lamb Champagne Rag 1909 3’ > LOONEY TUNES... Charles Ives Memories: Very pleasant (Ives) 1897 1’ John Cage THE HARLEM RENAISSANCE: Langston Hughes Alexander von Zemlinsky Afrikanischer Tanz 1937-1938 The wonderful widow of eighteen springs (James Joyce) 1942 3’ Filipe de Sousa Samuel Barber John Musto Monks and raisins (Garcia Villa) 1942-1943 1’20 Charles Ives The circus band (Ives) 1899 2’ 38 Dream variations 1951 Litany 1986 1’ 2’ 4’ GOD BLESS AMERICA! Charles Ives General William Booth enters into heaven (Lindsay) 1914 6’ Ned Rorem Alleluia 1946 Looney Tunes, Merrie Melodies and Silly Symphonies foi pensado como uma série de cartoons musicais, representativos da diversidade da canção americana que, no limiar do século XX, adquire a sua identidade própria. Não hesitamos em tomar de empréstimo as designações das curtas-metragens cinematográficas dos irmãos Warner, e do próprio Walt Disney, que se tornaram um ícone da América na primeira metade do século passado. Estes alucinantes desenhos animados pareceram-nos servir a preceito para sustentar o humor e o non sense manifestos em algumas das canções apresentadas, designadamente na secção central deste programa. A abrir esta série de paisagens americanas, um conjunto de canções que são instantâneos dos tempos modernos: a poluição resultante do progresso, o trânsito infernal de uma pequena rua na baixa de Manhattan (Charles Ives), a infidelidade conjugal retratada por Samuel Barber num tango que transpira a sensualidade da personagem Molly Bloom (no Ulisses, de Joyce) e ainda, num registo meio sério, meio jazzy, a crítica mordaz de W. H. Auden à vacuidade e à monotonia do american way of life, do carro e da casa com jardim nos subúrbios, do relacionamento superficial entre o casal, rendido às convenções burguesas. No contexto deste recital, não podiam faltar alguns apon- < 2’50 tamentos sobre a vida no mítico oeste americano, daí as canções sobre índios e cowboys, personagens indissociá­ veis do nosso imaginário cinematográfico. Nos anos vinte, com o despontar da era do jazz, fundem-se indiscriminadamente as sonoridades provenientes dos diversos ghettos culturais. Simultaneamente, irrompe um movimento artístico e literário que ficou conhecido como The Harlem Renaissance, cuja figura de proa era o escritor e poeta Langston Hughes, ao qual destinamos um núcleo de canções, no qual se inclui Dream Variations, parte de um díptico saído da pena do compositor Filipe de Sousa. Concluímos com um piscar de olhos ao sempre controverso relacionamento entre religião e política, que não deixa de ser uma manifestação dos valores morais, espirituais e cívicos que atravessam uma boa parte da sociedade americana. General William Booth enters into heaven, a canção de Ives que precede o Alleluia final, é uma das mais formidáveis de entre as cerca de duzentas canções que este compositor nos legou, tendo sido escrita em memória do fundador do Exército de Salvação. A canção é prova­ velmente mais admirada na sua versão para baixo, coro e orquestra de câmara, realizada em 1934 por J. Becker, mas não deixa de ser um empolgante tour de force na sua forma original. Jo sé Bra nd ão B18 sábado 16 abril 14h sala almada negreiros Karin Lechner piano Isaac Albéniz Iberia (excerto) 1905-1909 12’ Evocación El puerto 39 George Gershwin 3 Prelúdios 1936 8’ I. Allegro ben ritmato e deciso II. Andante con moto e poco rubato III. Allegro ben ritmato e deciso Sergei Rachmaninoff Prelúdio, em Sol sustenido menor, op. 32 n.º 12 1910 3’40 Prelúdio, em Sol menor, op. 23 n.º 5 1903 4’ Prelúdio, em Sol maior, op. 32 n.º 5 1910 2’20 Juan Bautista Plaza Sonatina Venezolana 1934 3’ Carlos Guastavino Bailecito 1940 3’ Alberto Ginastera Rondó sobre temas infantiles argentinos, op. 19 1947 3’ Malambo, op. 7 1940 3’ A pianista argentina Karin Lechner traz-nos um panorama da música durante toda a época abrangida pela temática deste festival e que tem a particularidade de nos apresentar uma perspetiva sul-americana. A maioria dos compositores aqui apresentados foram também pianistas, e estas peças – na maioria dos casos – são paradigmáticas na obra de cada um deles. Na música erudita dominava o eurocentrismo, “copiado” ou pelo menos transcrito para universos locais noutras partes do mundo. Na passagem do século XIX para o XX, a influência cultural era francesa, alemã e russa. Debatiam-se ainda dois grandes grupos de correntes: os pós-românticos, ligados a uma estética tonal vigente há vários séculos, e os diversos vanguardismos, que tentavam encontrar de diferentes formas novas linguagens musicais. Foi também um tempo em que fervilhavam músicas urbanas nos EUA, como o jazz e os blues, o cabaret ou o fado na Europa e o tango na América do Sul, entre muitas outras, e em que, com fronteiras ainda a desenharem-se na Europa e independências recentes na América (sobretudo no sul), o nacionalismo estava presente na Arte como tentativa de, mesmo que seguindo os modelos centro-europeus, conferir-lhe um tom próprio e encontrar uma voz específica em cada país. O recurso mais habitual neste caminho foi a procura da tradição ou das emergentes músicas urbanas. H. R. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados B19 B20 sábado 16 abril 16h sala almada negreiros Marta Zabaleta piano 40 Miguel Borges Coelho piano Olivier Messiaen Visions de l’Amen 1943 48’ sábado 16 abril 18h sala almada negreiros “Ámen reveste-se de quatro significados diferentes: Ámen, que assim seja! O ato criador. Ámen, eu me submeto, eu aceito. Que seja feita a Vossa vontade! Ámen, o anseio, o desejo de que assim seja, que Vós vos deis a mim e eu me dê a Vós! Ámen, assim é, tudo está fixado para sempre, consumado no Paraíso.” “Ao juntar-lhe a vida das criaturas que dizem ámen pelo simples facto de existirem, tentei exprimir as riquezas tão variadas do Ámen em sete visões musicais.” Olivier Messia en, Nota do Autor in Vi si ons de l’Amen Nina Schumann piano Luís Magalhães piano Sergei Rachmaninoff Rapsódia Russa para 2 pianos, em Mi menor 1891 10’ Danças Sinfónicas, op. 45 (ver. para 2 pianos) 1940 37’ I. Non allegro – Lento – Tempo I II. Andante con moto (Tempo di valse) III. Lento assai – Allegro vivace mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 “Deus disse: faça-se luz! E a luz fez-se!” (Génesis) “No mistério dessa nebulosa primitiva que contém já a luz em potência” (Messiaen), na obscuridade de um intangível pianíssimo no extremo grave do segundo piano, surge o Tema da Criação. Empreenderá depois uma lenta ascensão até alcançar a luminosa claridade do seu registo mais agudo, num apoteótico crescendo em que os fugazes lampejos de luz do primeiro piano se vão progressivamente transformando num imenso “carrilhão de luz” que evoca a vida dos corpos gloriosos e o deslumbramento multicolor das pedras preciosas do Apocalipse, “que soam, se entrechocam, dançam, enchem de cor e perfumam a luz da Vida” no Paraíso. É este o movimento essencial das Visões do Ámen (Visions de l'Amen, no original), desde o seu início, até à Visão da Consumação que conclui o ciclo, mas simultaneamente, também, o gesto particular da Visão da Criação que o abre e, desta forma, o prenuncia. Entre estes extremos que se tocam sucedem-se a dionisíaca dança das estrelas (segunda Visão), a agonia de Jesus no Monte Calvário (terceira), o terno tema do desejo (quarta), a exaltante pureza dos Anjos, Santos e do Cantos de Pássaros (quinta) e o implacável Juízo Final (sexta). mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Miguel Bo rges Co elh o Sala sem lugares marcados I. Amen de la Création II. Amen des étoiles, de la planète à l’anneau III. Amen de l’agonie de Jésus IV. Amen du désir V. Amen des anges, des saints, du chant des oiseaux VI. Amen du jugement VII. Amen de la consommation As obras de Sergei Rachmaninoff influenciaram enormemente o desenvolvimento da composição para piano e também as práticas performativas. Ele não foi apenas um dos mais prolíficos e inovadores compositores para este instrumento, mas também um dotado pianista, que estabeleceu novos padrões, muito mais exigentes tecnicamente, para os pianistas de concerto que se lhe seguiram. A Rapsódia Russa é a primeira obra de Rachmaninoff a incorporar um tema tradicional russo na sua base. O desequilíbrio na distribuição de material entre os dois pianos marca esta obra, que se divide em duas secções: Moderato – Vivace – Meno mosso (em Mi menor) e Andante – Con moto (em Sol maior). Existem certamente diferenças entre a escrita dos dois andamentos: o primeiro é mais despojado e estático, enquanto o segundo é francamente mais integrado texturalmente. Para um estudante de 18 anos, compor uma peça com esta dificuldade técnica não é coisa pouca, no entanto esta é talvez a sua obra para dois pianos menos popular. As Danças Sinfónicas, datadas de 10 de agosto de 1940, foram criadas especificamente para dois pianos mas, com estreia marcada para 3 de janeiro de 1941 com a Orquestra de Filadélfia sob a direção do maestro Eugene Ormandy, Rachmaninoff teve que completar a sua orquestração pressionado pela falta de tempo. Infelizmente, a receção da obra não foi boa: os críticos alegaram que Rachmaninoff estava a reutilizar material de obras anteriores e que o uso de ins­ trumentos menos comuns era mera cosmética que pouco acrescentava efetivamente à obra. Curiosamente, a valsa do segundo andamento recebeu comentários positivos. Originalmente, a ideia de Rachmaninoff para este trabalho era compor um bailado e chegou mesmo a apresentar a versão para piano da obra ao coreógrafo Michael Fokine. Luís Magalhães 41 B22 ⁄ C18 Luísa Tender piano Jill Lawson piano 42 Dmitri Schostakovich Concertino, para dois pianos, op. 94 1954 10’ Darius Milhaud Scaramouche, suite para 2 pianos, op. 165b 1937 10’ I. Vif II. Modéré III. Brasileira Sergei Rachmaninoff Suite para 2 pianos n.º 2, op. 17 1900-1901 I. Alla Marcia II. Valsa III. Romance IV. Tarantella 24’ Composto em 1954 e dedicado a Maxim Shostakovich, filho do compositor e então estudante no Conservatório de Moscovo, o Concertino op. 94 de Dmitri Schostakovich é uma obra para dois pianos rica em contraponto e certamente influenciada pelos Prelúdios e Fugas escritos por Schostakovich no início dos anos 1950. Scaramouche é uma das obras mais populares de Darius Milhaud, professor e compositor francês nascido em 1892, cuja música tonal e politonal denota fortes influências do jazz e da música sul-americana. Esta obra em três andamentos é uma das composições para dois pianos mais divulgadas ao longo do século XX, tendo Milhaud escrito várias versões da obra para outros grupos de instrumentos. A Suite n.º 2, de Sergei Rachmaninoff foi composta em 1901 e dedicada a A. Goldenweiser. Esta obra em quatro andamentos foi estreada no mesmo ano pelo pianista A. Siloti e pelo compositor, em Moscovo. Os quatro andamentos são ricos em melodias longas e belíssimas. Do ponto de vista harmónico, esta suite em Dó maior (uma das poucas obras em modo maior de Rachmaninoff) é uma das obras mais interessantes do compositor. sábado 16 abril 22h sala almada negreiros Mário Laginha piano Bernardo Sassetti 43 piano Temas de Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green Luísa Tend er © bernardo sassetti sábado 16 abril 20h sala almada negreiros © beatriz batarda B21 Este concerto repete-se no domingo na sala almada negreiros às 19h mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados Eis um desafio apaixonante: em 2011, olhar para três compositores que marcaram a história da música do século XX e enriqueceram definitivamente o cancioneiro norte-ameri­ cano. Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green encontram-se entre os compositores com mais versões interpretadas na história do jazz e da música improvisada. Nestes dois concertos inéditos para os Dias da Música, a quatro mãos e dois pianos, juntamos a visão pessoal que deles temos. Bernardo Sasset t i e Mário Laginha B23 B24 Pedro Jóia H. J. Lim sábado 16 abril 14h Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER sábado 16 abril 16h Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER guitarra solo piano Música dos portos nos anos 20 e 30 Variações sobre o Fado menor (Pedro Jóia) Meditando (Armandinho) Adiós muchachos (Carlos Gardel) Fado em mi menor (Armandinho) Por una cabeza (Carlos Gardel) Fado Conde de Anadia (Armandinho) Mano a mano (Carlos Gardel) Maldito fado (Armandinho) El dia que me quieras (Carlos Gardel) Valsa sul-americana (Popular Peruano) mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Valses nobles et sentimentales 1911 16’ © mat henneck 44 Maurice Ravel I. Modéré II. Assez lent III. Modéré IV. Assez animé V. Presque lent VI. Assez vif VII. Moins vif VIII. Epilogue: Lent Neste recital são apresentadas composições de dois músicos que marcaram o ambiente musical de duas cidades distantes na geografia mas próximas no caráter. Lisboa e Buenos Aires são duas cidades portuárias que naturalmente receberam e enviaram muitas influências culturais ao longo dos últimos séculos. Nas décadas de vinte e trinta do século XX, ambas viviam tempos difíceis mas muito ricos em termos de produção musical. Músicos como Armandinho ­(Armando Augusto Freire) e Carlos Gardel construíam então os pilares do que viriam a ser as expressões modernas do fado e do tango. As suas composições ainda hoje, quase um século volvido, são referências das duas linguagens e inspiraram gerações de novos músicos que prosseguiram, década após década, um caminho de evolução então iniciado. Este reci­tal é também uma homenagem a esses anos de grandes mudanças sociais, em que a música fazia as pessoas sonhar e tinha uma verdade inquestionável livre de qualquer artifício tecnológico. Ped ro Jó ia Alexander Scriabin Sonata para piano n.º 5, op. 53 1907 Sonata para piano n.º 4, em Fá sustenido maior, op. 30 1903 9’ I. Andante II. Prestissimo volante 2 Poèmes, op. 32 1903 5’ I. Andante cantabile II. Allegro Maurice Ravel La valse 1919-1920 10’ mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados 12’ Scriabin fez uma longa viagem interior e artística, patente nas suas sonatas, cuja escrita o acompanhou durante a vida. Nelas está refletida a evolução na sua linguagem musical. As suas referências iniciais eram Chopin e Liszt, o que é bem percetível nas suas obras de 1903. Este foi também um ano de rutura, em que as suas obras misturam influências e linguagens. Deixou a família, o ensino no Conservatório de Moscovo e partiu pela Europa. Foi um ano de descoberta de um mundo esotérico e místico que o acompanharia, com cada vez maior intensidade, ao longo de toda a sua vida ­– foi provavelmente o ano mais produtivo da carreira do compositor. A Sonata n.º 4 é muito devedora do universo de Chopin, e os 2 Poèmes são de cariz impressionista. Quatro anos volvidos, a Sonata n.º 5 marcou o fim do seu período romântico. A ligação ao tonalismo manteve-se, mas através de pequenas alterações aos acordes, Scriabin atribuía-lhes significados místicos. Em 1906, Diaghilev convidou Ravel a escrever um poema coreográfico de homenagem às valsas de Johann Strauss. Com o advento da I Guerra Mundial o projeto foi interrompido e no fim a visão de Ravel sobre as belas e leves melodias de Strauss estava ensombrada pela imagem da barbárie. Num “turbilhão fantástico e fatal”, Ravel transcreveu-a para o papel, mas com o distanciamento entre o compositor e o coreógrafo, a produção acabou por não ser levada à cena. Entretanto, em 1911, o compositor havia já escrito um conjunto de valsas em que o seu interesse pelo passado é evidente. As Valses nobles et sentimentales homenageiam as valsas homónimas de Schubert, e é sem dúvida o ­século XIX que se ouve nestas oito pequenas peças, mesmo se Ravel não deixa de as marcar pela sua forte personalidade musical. H. R. 45 B25 B26 Trio Arriaga Javier Perianes sábado 16 abril 18h Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER 46 sábado 16 abril 20h Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER piano Daniel Ligorio piano Felipe Rodriguez violino David Apellaniz violoncelo Ernest Bloch Três Nocturnos para trio com piano 1924 I. Andante II. Andante quieto III. Tempestoso Leonard Bernstein Trio com piano 1937 16’ I. Adagio non troppo; Allegro vivace II. Tempo di marcia III. Largo; Allegro vivo e molto ritmico Dmitri Schostakovich Trio com piano n.º 2, em Mi menor, op. 67 1944 25’ I. Andante II. Allegro con brio III. Largo IV. Allegretto mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados 9’ Richard Rognstad diz-nos que a obra Três Nocturnos, composta em 1924, integra o segundo período composicional de Bloch, marcado pelo estilo neoclássico e por uma forte contenção na expressão. Estes Nocturnos revelam os diferentes aspetos da noite: no primeiro, a atmosfera é amena, a noite está estrelada, tranquila e misteriosa; por sua vez, o segundo evoca uma canção de embalar, com o seu tema lírico evidente em expressivas e longas frases. Mantém-se a serenidade e a harmonia do primeiro nocturno. Finalmente, o terceiro contrasta com os anteriores pela sua força intempestiva, é o retrato de uma noite escura e inquietante, num tom marcadamente impetuoso e apaixonado. Composto em 1937, o Trio com Piano de Leonard Bernstein antecedeu o enorme sucesso que o compositor obteve com o musical On the Town, em 1944. Esta conseguida e ambiciosa obra é considerada uma composição juvenil de Bernstein e muitas vezes injustamente ignorada por isso mesmo. É uma obra livre das influências do jazz, que posteriormente marcaram o trabalho de Bernstein, e pode ser considerada uma peça de puro classicismo pré-guerra. O Trio com Piano n.º 2, op. 67 de Schostakovich é notável por uma série de razões. Foi escrito em 1944, logo a seguir à Sinfonia n.º 8, com a qual partilha a estrutura; é um lamento, quer pela morte do musicólogo Ivan Sollertinsky, amigo do compositor, quer pelas vítimas do Holocausto; e foi a sua primeira obra a utilizar o temas judaicos, um tributo que passa pela utilização das escalas e ritmos da música tradicional judaica. A obra teve a sua estreia em Leninegrado, a 14 de novembro de 1944, interpretada pelo próprio Shostakovich ao piano, com o violinista Dmitri Tsyganov e o violoncelista Sergei Shirinsky, ambos membros do Quarteto de Cordas Beethoven. Felipe Ro d riguez Manuel de Falla Nocturno, G. 3 1896 4’30 Serenata andaluza, G. 13 1900 Canción, G. 14 1900 2’20 Cuatro Piezas Españolas, G. 37 1906-1909 17’ I. Aragonesa II. Cubana III. Montañesa IV. Andaluza Fantasía Baetica, G. 55 1919 13’ 5’30 Manuel de Falla foi um dos compositores espanhóis de maior relevância na transição do século XIX para o XX. As suas referências culturais foram inicialmente Chopin e Liszt, e mais tarde os impressionistas Debussy, Ravel ou Dukas. Durante os anos vinte, Falla voltou a transformar o seu estilo, aproximando-se do neoclassicismo de Stravinsky. O jovem Falla, ainda estudante no Conservatório de ­Madrid e muito influenciado pela música de Chopin, escreveu o Nocturno, a Serenata Andaluza e Canción. Embora a Serenata Andaluza tenha já alguns sinais do nacionalismo que iria marcar a música dos anos seguintes, a sonoridade dominante é herdeira do Romantismo. As Cuatro Piezas Españolas são pequenas miniaturas onde Falla mostrou a sua primeira mudança de linguagem. Podemos facilmente ouvir a diferença entre esta obra e as anteriores. Em 1907, Falla radicou-se em Paris, onde tomou contacto mais direto e assíduo com Debussy, Ravel e Dukas. Estas quatro peças são assumidamente impressionistas na harmonia e na estrutura, e nacionalistas na inspiração (com a exceção da peça Cubana, com temática daquele país). A assinalar a despedida do período impressionista Fantasía Baetica de 1919 está embebida de motivos sonoros da Andaluzia, entre os quais o cante jondo, com as suas escalas próprias e a predominância da guitarra. Nos tempos do Império Romano a atual região da Andaluzia – com fronteiras um pouco diferentes – era conhecida como Hispa­ nia Baetica. Ao tentar retratar a guitarra do cante jondo andaluz, Falla escreveu esta obra que em piano se revela de uma enorme dificuldade. H. R. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados 47 B27 B28 Carlos Damas Thomas Bloch Juan Garcia Collazos Mélanie Brégant sábado 16 abril 22h Sala sOPHIA DE MELLO BREYNER sábado 16 abril 14h Sala fernando pessoa violino ondes martenot acordeão mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 António Fragoso é considerado o compositor mais genial que Portugal viu nascer. Infelizmente a morte prematura aos vinte e um anos interrompeu um percurso produtivo que tinha todas as condições para ter sido exemplar. A Sonata Inacabada foi a última obra escrita por Fragoso e na qual trabalhava quando a morte lhe bateu à porta. Trata-se de um único andamento ao estilo da música francesa da época no qual se denota já uma maturidade impressionante. Do sul da Europa saltamos até à Finlândia. Jean Sibelius foi o mais reconhecido compositor deste país e mesmo da Escandinávia. A Sonatina para violino e piano é o último trabalho para violino escrito por Sibelius, foi composta em 1915. É uma obra escrita num estilo quase clássico basea­ da em alegres memórias de infância, Sibelius escreveu no seu diário as seguintes palavras acerca desta obra “...o céu da minha infância e as estrelas, muitas estrelas”. Dvořák nasceu numa aldeia perto de Praga e emigrou mais tarde para o Novo Mundo. A Sonatina para violino e pia­no op. 100 foi escrita em Nova Iorque e foi a última obra de câmara escrita durante a sua estada na América. A obra é inspirada em melodias dos índios e espirituais negros. É uma composição de caráter fresco e alegre, somente o segundo andamento tem um caráter nostálgico. Hoe-Down é um dos andamentos de Rodeo, de Aaron Copland, um bailado baseado na vida dos rancheiros e cowboys americanos. Hoe-Down é um tema típico das danças dos cowboys. Copland, nativo dos Estados Unidos da América, foi um dos compositores mais representativos do seu país do século XX, recorrendo em algumas das suas obras a ­temas da música tradicional americana. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Ca rlo s Da m a s Sala sem lugares marcados piano 48 António Fragoso Sonata inacabada para violino e piano 1918 10’ I. Allegro Jean Sibelius Sonatina para violino e piano, em Mi maior, op. 80 1915 15’ I. Lento – Allegro II. Andantino III. Lento – Allegretto Antonín DvoŘák Sonatina para violino e piano, em Sol maior, op. 100 1893 20’ I. Allegro risoluto II. Larghetto III. Molto vivace IV. Allegro Aarond Copland Hoe-Down, de Rodeo (trans. para violino e piano) 1942 5’ Edward Michael Song of the moon who sank in the lake 1928 – primeira obra escrita para ondes Martenot 2’ André Jolivet Cadenza (dedicada a Edgard Varèse) 1943 2’30 Astor Piazzolla Tanti anni prima 1984 6’ Heitor Villa-Lobos Dança do Índio branco do Ciclo brasileiro, A.374 1936-1937 5’ Étienne Rolin Space birds 2001 4’20 Pierre Boulez Improvisation sur Le Soulier de satin 1945 2’30 Thomas Bloch Formule 1945 3’30 Olivier Messiaen L'eau, de Fête des belles eaux 1937 8’ Foi a 20 de abril de 1928 que Maurice Martenot (18981980), enquanto solista na obra Poèmes symphoniques de Dimitrios Levidis, apresentou publicamente o instrumento eletrónico que inventara pouco antes e ao qual deu o nome de ondes musicales. O ondes martenot, nome que acabaria por se estabelecer, foi um dos instrumentos eletrónicos que mais sucesso obteve. Foram variadíssimos os compositores que lhe dedicaram peças, ou papéis importantes em peças, como Milhaud, Jolivet, Koechlin, Ibert, Honneger, Varèse ou Messiaen (nomeadamente em Fêtes des belles eaux, Trois petites liturgies de la présence divine, e a monumental Turangalîla-Symphonie). O sucesso do instrumento foi de tal forma evidente que, em 1947, Martenot inaugurou as aulas de ondes martenot no Conservatório de Paris. Durante os anos, criaram-se várias versões do instrumento, algumas das quais amadoras, e várias dezenas de músicos nele se especializaram, incluindo Jeanne Loriod (segunda mulher de Messiaen), Pierre Boulez, Tristan Murail, Jonny Greenwood (do grupo Radiohead) e Thomas Bloch. Neste concerto, o ondes martenot será acompanhado pelo acordeão, num duo insólito. Entre outras peças, será apresentada a primeira obra escrita para o instrumento (Song of the moon who sank in the lake de Michael), e duas obras que não estão publicadas: Cadenza de Jolivet, escrita para Varèse; e uma improvisação de Pierre Boulez, transcrita e recentemente interpretada por Bloch, na Salle Pleyel, para os festejos dos 85 anos do compositor francês. 49 B29 B30 sábado 16 abril 16h Sala fernando pessoa Quarteto Lopes-Graça Quarteto Pražák Luís Pacheco Cunha violino Anne Victorino d’Almeida violino Isabel Pimentel viola Catherine Strynckx violoncelo Pavel Hula violino Vlastimil Holek violino Josef Kluson viola Michal Kanka violoncelo mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 As três obras que compõem o programa proposto consti­ tuem outras tantas leituras das grandes correntes estético-musicais europeias da época em que se inserem – reinterpretadas e assimiladas no contexto de realidades socioculturais distintas, de contornos bem marcantes. Luís de Freitas Branco, então um jovem de vinte anos, expressa no Quarteto todo o explosivo conflito das impressões causadas pelas suas primeiras viagens a Berlim e Paris, o convívio com Debussy e Vianna da Motta, a audição de Pelleas e da 9.ª Sinfonia de Beethoven, a implantação da República, a que assistiria em Lisboa, a dicotomia do seu europeísmo e da sua portugalidade. Já Samuel Barber (nascido há precisamente 100 anos) adota, com toda a convicção patente na sua escrita, um estilo neorromântico fluído, tributário da obra de um Mahler ou de um Richard Strauss. O Adagio do seu Quarteto op. 11 mereceu, mais tarde, reconhecimento universal na versão que Toscanini consagrou. Se é já indubitável que Silvestre Revueltas ocupa posição cimeira na música mexicana e de todo o continente americano, é, desde logo, imperativo dar a conhecer a sua obra ao público português. As ressonâncias telúricas do seu nacionalismo de raízes pré-colombianas emanam uma fantástica energia vital, uma intensidade rítmica e um dramatismo que explicam a extinção deste grande compositor, violinista e maestro mexicano, exausto e exangue aos quarenta anos apenas. Sala sem lugares marcados Luís Pa c h ec o Cunh a Samuel Barber Quarteto de cordas, em Si maior, op. 11 1936 16’ I. Molto allegro e appassionato II. Molto adagio III. Molto allegro. Presto Silvestre Revueltas Quarteto de cordas n.º 4, Música de feria 1932 9’ Luís de Freitas Branco Quarteto de cordas 1911 24’ I. Moderado II. Vivo III. Lento IV. Animado © helena gonçalves 50 sábado 16 abril 18h Sala fernando pessoa Alban Berg Suite Lírica, para quarteto de cordas 1925-1926 28’ I. Allegretto gioviale II. Andante amoroso III. Allegro misterioso IV. Adagio appassionato V. Presto delirando VI. Largo desolato Leoš JanáČek Quarteto de cordas n.º 2, Cartas Íntimas 1928 26’ I. Andante con moto II. Adagio III. Moderato IV. Allegro A Suite Lírica é uma obra introspetiva, com grande carga emocional, escrita entre 18 de setembro de 1925 e 30 de setembro de 1926. É uma das obras mais famosas e interpretadas de Berg, sendo que nela o compositor utiliza a técnica dodecafónica introduzida por Schoenberg alguns anos antes. Dedicada a Alexander von Zemlinsky, a peça contém no entanto um “programa” escondido, revelado com a descoberta de uma partitura anotada pelo próprio Berg, que este ofereceu a Hanna Fuchs-Robettin e na qual escreveu várias frases, nomeadamente a seguinte: “Que este seja um pequeno monumento a um grande amor.” Os dois mantinham uma relação secreta. O quarteto de Janáček descreve o sonho de uma feliz relação amorosa em toda a sua amplitude: a paixão, a esperança e a angústia. É também uma obra de maturidade, escrita pouco antes da morte do compositor. Nos últimos anos de vida, Janáček estava apaixonado por Kamila Stöss­ lova, uma mulher casada, bastante mais jovem que ele, e a quem o compositor escrevia diariamente aquando da composição do quarteto: “Comecei a escrever algo de belo. Será a nossa vida. Chamo-lhe Cartas de Amor.” O título seria depois alterado para Cartas Íntimas e a viola d’amore que o compositor pensara utilizar foi substituída por uma viola d’arco. Cada andamento retrata um dos aspetos da relação que Janáček imaginava com ­Kamila. Sobre o primeiro andamento escrever-lhe-á: “A minha primeira impressão quando te conheci.”; e sobre o terceiro: “É o número em que a terra treme.” F. S. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados 51 sábado 16 abril 20h Sala fernando pessoa Martin Simpson voz e guitarra solo Martin Simpson é simplesmente um dos mais talentosos guitarristas de folk/blues do mundo e tem tido muitas oportunidades de o mostrar, ao longo dos anos, em discos como A Closer Walk With Thee, em que toca arranjos instrumentais seus de temas de gospel tradicionais, Smoke and Mirrors, um trabalho mais focado nos blues e dedicado à memória de Big Joe Williams, e Music for the Motherless Child ao lado da tocadora de pipa, Wu Man. No seu último disco, True Stories, Martin Simpson toca mais uma vez o seu estilo camaleónico, misturando temas tradicionais escoceses e blues, com colaborações de músicos como Danny Thompson e Martin Taylor. Neste trabalho pode-se ouvir Simpson a desfilar o seu enorme talento em instrumentos como o banjo, dobro, guitarra e guitarra barítono, além da sua voz que peculiarmente utiliza como um prolongamento natural do seu virtuosismo guitarrístico. Do repertório de Martin Simpson a solo pode-se sempre esperar uma mescla entre temas originais e temas tradicionais do cancioneiro da música norte-americana, mas também celta, num raro exemplo de como se podem misturar muitas coisas boas sem estragar nenhuma delas. B32 sábado 16 abril 22h Sala fernando pessoa © ben tahovega B31 ⁄ C25 Quarteto Brodsky Daniel Rowland violino Ian Belton violino Paul Cassidy viola Jacqueline Thomas mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Este concerto traz-nos o fim de um romantismo já explorado e a procura de novas sonoridades, linguagens e técnicas. O Expressionismo, liderado inicialmente por Schoenberg, Webern e Berg viria a desenvolver-se e dominar grande parte do século passado – sobretudo nos centros alemão e francês. O Impressionismo, por exemplo, teve grande relevo até ao fim da II Guerra Mundial. Langsamer Satz (Andamento Lento) é uma obra de juventude, quando Webern era ainda aluno de Schoenberg. É uma peça densa e ambígua, que puxa o tonalismo a limites extremos. Stravinsky foi um compositor muito particular, oscilou entre diversas correntes artísticas sempre em busca de novas soluções. A sua sonoridade alterou-se muito ao longo da vida. Estas são três peças de caráter, diferentes no estilo e na fonte de inspiração. Quando mais tarde foram orquestradas, Stravinsky deu-lhes títulos: Dança, Excêntrico e Cântico. Enquanto a primeira e a terceira são devedoras da sua inspiração russa, a primeira contém mesmo algumas melodias originárias da tradição daquele país, a segunda – disse o compositor – foi inspirada no palhaço Little Tick. É atonal, mas como que uma versão própria do serialismo. O Quarteto de Cordas de Ravel é outra obra de juventude que revela já algumas das suas características, nomeadamente a forma cíclica: o tema inicial volta ao longo da obra, de forma mais ou menos percetível e alterado. O arrojo da sonoridade valeu-lhe ter perdido o Prix de Rome e as críticas de Fauré, seu professor e dedicatário da obra. Consta, no entanto, que Debussy terá reconhecido o talento do jovem compositor e ter-lhe-á escrito que não mudasse nem uma nota na partitura! Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados H. R. Blues 52 Ped ro Co sta violoncelo Anton Webern Langsamer Satz, para quarteto de cordas 1905 10’ Igor Stravinsky Três peças para quarteto de cordas 1914 7’ Maurice Ravel Quarteto de cordas, em Fá maior 1903 29’ I. Allegro moderato – Très doux II. Assez vif – Très rythmé III. Très lent IV. Vif et agité Este concerto repete-se no domingo na sala fernando pessoa às 17h 53 B34 sábado 16 abril 16h sala amália rodrigues 54 B35 sábado 16 abril 20h sala amália rodrigues Escolas em Palco Programação para a família ver págs. 84 > 87 Domingo sábado 16 abril 12h sala amália rodrigues Concertos B33 C1 domingo 17 abril 13h grande Auditório Orquestra Sinfónica Metropolitana Cesário Costa 55 direção musical H. J. Lim piano Maurice Ravel Concerto para piano, em Sol maior 1931 22’ I. Allegramente II. Adagio assai III. Presto Bolero 1928 14’ mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias Um dos momentos que mais se destaca na biografia artística de Maurice Ravel é a digressão por si realizada na América do Norte em 1928. Nessa ocasião, apresentou-se em várias cidades dos Estados Unidos e do Canadá, enquanto maestro e pianista; deu entrevistas e conferências; garantiu uma notoriedade pública que logo se refletiu no crescente prestígio de que passou a gozar em toda a Europa. As duas obras que se podem aqui ouvir reportam a esse período. Primeiro, o célebre Concerto para piano em Sol maior, que todos os pianistas gostam de tocar por se tratar de música feita por um compositor que conhecia como poucos o instrumento. Nalgumas partes, traduz-se um tributo a Mozart e a Saint-Saëns. Noutras, sobressaem sonoridades que relacionamos com Gershwin, reconhecendo harmonias dos blues e ritmos sincopados do jazz. Assim foi o fascínio de Ravel pelo Novo Mundo. Ouve-se depois neste programa o Bolero, seguramente uma das obras musicais mais conhecidas em todo o mundo. Assim que regressou da digressão americana, Ravel fez estrear em Paris esta “sinfonia coreográfica”, como gostava de lhe chamar. O sucesso foi imediato, e maior ainda quando Toscanini a dirigiu à frente da Filarmónica de Nova Iorque, abrindo-lhe as portas de Hollywood. C2 C3 domingo 17 abril 15h grande Auditório Orquestra Filarmónica de Brno Orquestra de Câmara Portuguesa mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Este é um concerto dedicado a dois grandes bailados do século XX com as respetivas suites orquestrais; o primeiro para a companhia de Diaghilev radicada em Paris – Ballets Russes – e a segunda para a companhia de Martha Graham. Pulcinella assinalou o início do período neoclássico de Stravinsky, o compositor que tantas vezes transformou a sua linguagem. Sob proposta do coreógrafo, os temas melódicos são originários de Pergolesi e outros compositores italianos do Barroco. Stravinsky foi ainda buscar a estrutura barroca do concerto grosso, em que o tutti alterna com o concertino. A orquestra segue a instrumentação do Classicismo – sem percussão nem clarinetes – mas a sonoridade é contemporânea. Efetivamente, os instrumentos são diferentes do que eram no século XVIII e também as técnicas instrumentais evoluíram – e Stravinsky sabia explorá-las como poucos. A história, originária da comedia dell’arte, é uma comédia de enganos, amores desencontrados, identidades trocadas que, à maneira clássica, tem um final feliz. Appalachian Spring, por seu lado, tornou-se conhecida mundialmente por ser uma das primeiras marcas musicais (eruditas) vincadamente nacionalistas dos EUA. Copland citou poucos temas realmente populares, mas constituiu um ambiente sonoro expressivo da mentalidade e cultura norte-americanas. Escrita para um conjunto de câmara, de 13 instrumentos – grupo instrumental muito característico do século XX. A história da coreografia centra-se nos festejos de primavera no século XIX numa povoação de colonos nos montes Apalaches, onde um jovem casal se vem instalar. Os mais velhos contam histórias da conquista, de pureza e heroísmo, precisamente os pilares com que a cultura dominante norte-americana desejava identificar-se. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias H. R. Sala com lugares marcados, exceto galerias Leoš Svárovský 56 domingo 17 abril 17h grande Auditório direção musical Igor Stravinsky Pulcinella (suite) 1920 23’ I. Sinfonia II. Serenata III. Scherzino IV. Tarantella V. Toccata VI. Gavotta con due variazioni VII. Vivo VIII. Minuetto IX. Finale Aaron Copland Appalachian Spring (suite) 1943-1944 25’ I. Very slowly II. Fast III. Moderate IV. Quite fast V. Still faster VI. Very slowly (as at first) VII. Calm and flowing VIII. Moderate. Coda Pedro Carneiro direção musical Filipe Pinto-Ribeiro piano Óscar Carmo trompete Richard Wagner Idílio de Siegfried 1870 18’ Dmitri Schostakovich Concerto n.º 1 para piano, trompete e cordas, em Dó menor, op. 35 1933 I. Allegretto II. Lento III. Moderato IV. Allegro con brio 22’ Um concerto sinfónico íntimo, pessoal parece uma contradição. Será? Na manhã de Natal de 1870, Cosima (filha de Liszt e segunda mulher de Wagner e cujo aniversário tinha sido no dia anterior) acordou ao som de música ao vivo na sua casa. O seu presente, dedicado também ao nascimento em 1969 do pequeno Siegfried, era este Idílio de Tribschen. Tribschen era a povoação onde residiam e onde a família (os filhos dos casamentos anteriores de Wagner e de Cosima) se tinham reunido pouco tempo antes. A intenção do compositor era que aquela obra se mantivesse no âmbito da intimidade da família e dos amigos que tinham constituído a pequena orquestra, o que justificava a simplicidade harmónica e temática e a exígua instrumentação, tão pouco características de Wagner. No entanto, em 1878, devido a graves problemas financeiros, viu-se forçado a publicá-la. Aumentou a orquestra para 35 elementos, deu-lhe o novo título Idílio de Siegfried e enviou a partitura ao editor. Na juventude, Schostakovich ganhava a vida como pianista de concerto, mas também no acompanhamento de filmes mudos. Em 1933 escreveu este Concerto bem-humorado, leve, cheio de súbitas mudanças de atmosfera, com paráfrases ou referências a Beethoven e Haydn. A orquestra é constituída por cordas e o trompete solista tem um papel de segundo plano, comentando aqui e ali, destacando-se apenas esporadicamente. A parte de piano, no entanto, foi escrita para si próprio e foi Schostakovich que tocou na estreia e em diversos outros concertos e gravações. H. R. 57 C4 domingo 17 abril 19h grande Auditório Orquestra Filarmónica de Brno Leoš Svárovský 58 direção musical Gustav Mahler Adagio da Sinfonia n.º 10 (ver. KŘenek) 1910 23’ Leoš JanáČek Taras Bulba 1915-1918 25’ I. Morte de Andrei II. Morte de Ostap III. Profecia e Morte de Taras Bulba Da última sinfonia de Mahler apenas este Adagio (1.º anda­ mento) ficou praticamente terminado. No seu último ano de vida os problemas entre ele e Alma agravavam-se, o que dificultava e o levava a interromper a escrita. Os manuscritos e esquissos que deixou estão recheados de comentários e desabafos relativos aos conflitos conjugais. Em 1924, Alma publicou os fac similes com os esquissos e partituras desta sinfonia, a partir dos quais Křenek completou os dois andamentos deixados mais avançados por Mahler: este Adagio e o que seria o 3.º andamento, Purgatório. A sonoridade e a linguagem são as de um pós-romantismo no dealbar do Expressionismo. De facto, as dissonâncias são tão numerosas, que em determinadas alturas estão sobrepostas a quase totalidade das doze notas, embora com uma explicação funcional. Um lied – que se ouve neste andamento – quando tocado num violino, pode ultrapassar os limites vocais, como a necessidade de respiração (que um cantor teria) ou a amplitude vocal, podendo desenvolver a expressão dos sentimentos. O poema sinfónico do nacionalista Janáček representava para ele a vontade da independência checoslovaca face ao Império Austro-Húngaro. Para tal, procurou um romance de Gógol sobre a oposição dos cossacos face à Polónia: Taras Bulba. O primeiro andamento retrata o episódio da morte do filho, Andrei, que, por amor, passou a combater no exército polaco e foi morto em batalha pelo próprio pai. O segundo retrata a morte do segundo filho, Ostap, capturado e torturado, resistindo em silêncio até à morte. Finalmente é Taras, o pai, que é preso e morto na fogueira, exclamando já em chamas uma última frase patriótica. O compositor quis assim apelar à rebelião e bravura do seu próprio povo eslavo contra o domínio austro-húngaro. H. R. C5 C7 concerto de encerramento sala eduardo prado coelho domingo 17 abril 21h grande Auditório ver págs. 79 > 80 domingo 17 abril 13h pequeno Auditório Gamelão Yogistragong Elizabeth Davis direção 59 Música tradicional de Java Es Lilin, Pelog Bem Pathetan, Pelog Barang, Manyura Liwung, Ladrang, Slendro Suko Suko Bobro, Lancaren, Slendro Jaranan, Pelog Bem, Semengat, Lancaren, Pelog Barang C6 sábado 16 abril 11h pequeno Auditório sala eduardo prado coelho Programação para a família mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias Ensemble Boîte à Bijoux ravel A Minha Mãe Ganso (Ver. de Nuno Côrte-Real para 14 músicos) ver págs. 90 > 91 este concerto tem o apoio da embaixada da república da indonésia mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados > C8 C9 sala eduardo prado coelho sala eduardo prado coelho Ensemble Mediterrain Orquestra do Algarve Laura Ruiz Ferreres clarinete Gideon Seidenberg trompa Gabriel Adorján violino Álvaro Parra violino Barbara Buntrock viola Bruno Borralhinho violoncelo Christoph Berner piano Pedro Neves domingo 17 abril 15h pequeno Auditório 60 Sergei Prokofiev Abertura sobre Temas Judeus, op. 34 Neste concerto, apresentamos peças de música tradicio­nal da ilha de Java que se traduzem numa enorme diver­sidade de sons hipnotizantes, exóticos e sedutores. O gamelão, que forma uma espécie de orquestra de percussão, é cons­ tituído por uma grande variedade de instrumentos de bronze, conjuntos de tambores, gongos e metalofones, ­entre outros. Foi no ano de 1889, na Exposição Universal de Paris, que o gamelão se tornou conhecido no Ocidente. O contacto com este inusitado instrumento originou na época fortes influências em compositores como Debussy e, mais tarde, Messiaen, particularmente no que toca à utilização das escalas pentatónicas. Eli zabet h D av ie s < 1919 10’ Aaron Copland Sexteto, para clarinete, piano e cordas 1937 15’ I. Allegro vivace II. Lento III. Finale: Precise and rhythmic Ernst von Dohnányi Sexteto, para piano, clarinete, trompa e cordas, em Dó maior, op. 37 1935 25’ I. Allegro appassionato II. Intermezzo: Adagio III. Allegro con sentimento IV. Finale: Allegro vivace, giocoso mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados domingo 17 abril 17h pequeno Auditório direção musical A Abertura sobre Temas Judeus foi composta por Prokofiev durante um período de residência nos Estados Unidos, mais concretamente em Nova Iorque. Em contraste com outros compatriotas como Rachmaninoff ou Stravinsky, Prokofiev teve autorização direta do regime soviético para viajar para o estrangeiro e esse tratamento privilegiado acabaria por se revelar naturalmente muito benéfico, como podemos verificar nesta obra, no que diz respeito ao contacto com as correntes musicais emergentes em todo o mundo. Copland foi sem dúvida um dos compositores americanos mais importantes de sempre e a sua música é, nos dias de hoje, convidada assídua dos palcos mundiais. O Sexteto é uma adaptação de Copland da sua Short Symphony, naquela que foi uma tentativa de salvar a obra original, poucas vezes executada por ser considerada demasiado difícil. Esta versão para sexteto acaba por ser uma adaptação perfeita, tendo conquistado a crítica de forma eloquente e passado a ser uma das obras preferidas dos músicos de câmara. Frequentemente associado aos estilos nacionalistas dos seus conterrâneos Kodály e Bartók, a verdade é que a música de Dohnányi vai bem mais além das fronteiras do seu país e demonstra uma clara influência do jazz europeu e da música pré-cinematográfica que acabava de chegar dos Estados Unidos. O seu Sexteto em Dó maior é uma obra muito interessante e rica, infelizmente ainda pouco tocada nos palcos internacionais, mas que merece um destaque em tudo equiparável a outras obras de compositores que se afirmaram com mais contundência. Bruno Borralhinho 61 Arnold Schoenberg Noite Transfigurada, op. 4 (ver. para orquestra de cordas) 1899 29’ I. Sehr langsam II. Breiter III. Schwer betont IV. Sehr breit und langsam V. Sehr ruhig Charles Ives Three Places in New England, S. 7 (ver. 1929 para orquestra de câmara) 19’ I. The St. Gaudens in Boston Common II. Putnam's Camp, Redding, Connecticut III. The Housatonic at Stockbridge mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados > C10 domingo 17 abril 19h pequeno Auditório sala eduardo prado coelho 62 São duas obras cujas primeiras versões têm poucos anos de diferença: Noite Transfigurada data do fim do século XIX; e Three Places in New England sobre esquissos e excertos escritos entre 1903 e 1912. Para Schoenberg, Noite Transfigurada foi uma das mais importantes obras da sua primeira fase pós-romântica e nela já se adivinha para breve o desaparecimento dos traços de ligação ao tonalismo. A obra assemelha-se ao formato de poema sinfónico, mas para um conjunto de câmara. A versão orquestral só viria mais tarde. A inspiração provém de um poema de Richard Dehmel, que a música comenta sem ilustrar: Noite Transfigurada (Richard Dehmel) Duas pessoas caminham por um bosque frio e ermo a Lua segue-os, eles olham-na no alto. A Lua corre sobre altos carvalhos; Nem uma nuvem ensombra essa sua luz celestial, que se estende pelos altos cumes. A voz de uma mulher fala: Eu carrego uma criança e não de Ti, Eu caminho em pecado ao Teu lado. Fui cruel comigo própria. Já não acreditava na felicidade e tinha no entanto uma enorme ânsia de um propósito na vida, do prazer da maternidade, e do dever; por isso me atrevi; Então entreguei tremendo o meu ventre por um homem estranho abraçada, e ainda me senti abençoada. Agora a vida vingou-se: agora sou Tua, a Ti te enfrento. Ela segue a passos hesitantes. Olha para cima; a Lua acompanha-os. O seu olhar obscuro afoga-se na luz. A voz de um homem fala: Mahler Ensemble Que a criança que Tu geraste, não seja na Tua alma um fardo, ah, vê, quanto brilha o universo! Há um brilho em tudo à nossa volta; Tu mergulhas comigo num lago frio; Mas um calor interior resplandece de Ti em mim, de mim em Ti. direção musical Ele exaltará a criança do estranho, Tu tornas-te minha, por mim fecundada; Fizeste-me sentir também a mim como uma criança. Ele abraça-a em torno das largas ancas Os seus fôlegos beijam-se na brisa. Duas pessoas caminham numa alta, brilhante noite! Originário da Nova Inglaterra, que corresponde a toda a zona nordeste dos EUA, de onde provém o imaginário ­desta obra de Charles Ives. O primeiro andamento evoca um monumento a um regimento de negros e ao seu coronel, que lutaram na Guerra da Secessão, através de marchas militares e um espiritual negro. Seguidamente, um jovem que sonha encontrar o seu herói general Putnam, adormece durante as celebrações do 4 de julho. No seu sonho misturam-se as fanfarras tradicionais dessa data numa sobreposição de ritmos. Housatonic é o rio que banha Stockbridge, em cujas pradarias Ives passeou e onde os cânticos das igrejas ecoam pelos campos em redor. H. R. Massimo Mazzeo Dora Rodrigues soprano Mahler Ensemble Massimo Mazzeo direção musical Dora Rodrigues soprano Nuno Ivo Cruz flauta ⁄ flautim Ricardo Lopes oboé ⁄ corne inglês João Pedro Santos clarinete ⁄ clarinete baixo Massimo Spadano violino Iskrena Yordanova violino Francesco Negroni viola Varoujan Bartikian violoncelo Pedro Wallenstein contrabaixo Richard Buckley percussão Pedro Silva percussão Nuno Lopes harmónio Miguel Borges Coelho piano Gustav Mahler Sinfonia n.º 4 (ver. de câmara de E. Stein) 1921 55’ I. Bedächtig, nicht eilen (Moderado, sem apressar) II. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast (Moderado, sem pressa) III. Ruhevoll (Tranquilo) IV. Sehr behaglich (Muito agradável) Influenciada por Wagner, Bruckner, Tchaikovsky, Liszt e, ­sobretudo, Beethoven, a produção sinfónica de Gustav Mahler é das mais importantes da história da música. Profundamente expressivas e pessoais, as suas sinfonias são um dos legados culturais mais simbólicos da fin de siècle, contendo nelas toda a monumentalidade, modernidade, mas também toda a decadência dessa época. Mahler escreveu nove sinfonias completas, deixou uma décima inacabada e, entre outras obras, escreveu também um ciclo de canções intitulado Das Lied von der Erde (A Canção da Terra), muitas vezes considerado como uma sinfonia “disfarçada”. Foi na localidade de Maiernigg-am-Wörthersee, onde ­Mahler passava o verão, que a Sinfonia n.º 4 foi concluída, no dia 6 de agosto de 1900. É a sinfonia mais “clássica” de Mahler e também a que requer uma orquestra mais pequena. A obra foi criada a partir do quarto andamento, a canção, alegre e de cariz popular, Das himmlische Leben (A Vida Celeste), originalmente composta para o ciclo Des Knaben Wunderhorn (A trompa maravilhosa do rapaz). A utilização da voz humana no contexto sinfónico é habitual em Mahler e constitui uma influência direta da Nona Sinfonia de Bee­ thoven. A estreia da Sinfonia n.º 4 de Mahler deu-se em Munique, a 25 de novembro de 1901. A versão da obra hoje apresentada é uma adaptação para ensemble de câmara efetuada por Erwin Stein (1885-1958) em 1921 para a Sociedade para Apresentações Musicais Privadas, fundada por Arnold Schoenberg. neste concerto será distribuida folha de sala mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados 63 C11 C12 Jan Lisiecki Marcelo Nisinman domingo 17 abril 15h Sala Luís de Freitas Branco © windsor Star domingo 17 abril 13h Sala Luís de Freitas Branco bandoneón mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 O jovem pianista canadiano Jan Lisiecki apresenta-nos um programa diversificado, com um panorama alargado sobre a música do século XX. Martinů vinha de uma aldeia checa e vivia e estudava em Paris, à época de escrita destas Três Danças Checas. Entre as guerras, as fronteiras estavam abertas e o compositor podia visitar a sua terra regularmente. Assim, conjugou nestas danças o Impressionismo, cujas técnicas aprendia em Paris e a música tradicional da Checoslováquia. De Paderewski ouviremos duas obras, de épocas diferentes em que trabalhou como pianista e compositor. A primeira é a mais célebre peça deste compositor, quando o extravagante e antigo primeiro-ministro polaco enchia as maiores salas dos EUA. O Nocturno, por seu lado, é anterior àquela, do primeiro período em que como pianista percorria o mundo – antes de se dedicar à política do seu país. Gaspard era o diabo que de noite sussurrava histórias macabras ao ouvido de Aloysius Bertrand. Com um velho fascínio por histórias soturnas, Ravel dedicou-se a estes contos, inspirando neles este conjunto de pequenas peças. Ondine refere-se à ninfa das águas que seduzia os homens mortais à sua armadilha fatal. Le gibet é a história de terror em que um homem aparece pendurado à luz vermelha do entardecer. O concerto fecha sobre a única das obras que, não pertencendo de todo à mesma época, tem elementos estéticos de parentesco. Quando compôs esta obra, e após um período de minimalismo, a música de Mozetich tornava-se pós­-romântica. Podemos portanto ouvir, ao longo destes três andamentos e comparando com as obras anteriores, como o pós-romantismo pode chegar a sonoridades diferentes. Sala sem lugares marcados H. R. 3 Danças Checas, H. 154 1926 64 10’ I. Obkrocák II. Dupák III. Polka Ignacy Jan Paderewski Menuet célèbre (Humoresque de concert), em Sol maior, op. 14 n.º 1 1887 4’ Nocturno, em Si bemol maior, op. 16 n.º 4 1896 5’ Maurice Ravel Gaspard de la nuit (excerto) 1908 12’ I. Ondine II. Le gibet Marjan Mozetich Três peças para piano solo 1984 I. Prélude II. Adagietto III. Toccata 15’ contrabaixo © leonel de castro Chen Halevi Tiago Pinto-Ribeiro clarinete Bohuslav MartinŮ © Serban mestecanoanu piano 65 Rosa Maria Barrantes piano História do Tango Astor Piazzolla Histoire du Tango (arr. M. Nisinman) 1967 25’ I. Bordel II. Café 1930 III. Night Club 1960 IV. Concert d’Aujourd’hui Gardel ⁄ Le Pera ⁄ Battistella ⁄ Lattés Cuando tu no estás (arr. M. Nisinman) 1932 Marcelo Nisinman Chen’s Tango II 2009 8’ Pedro Datta El aeroplano (arr. M. Nisinman) 1916 Marcelo Nisinman Hombre Tango 2009 4’ 6’ 5’ Do novo mundo sul-americano à Europa, de Buenos Aires a Paris: foi este o caminho percorrido pelo tango no início do século XX. O ponto de partida deste concerto é a obra de Astor Piazzolla, A Histoire du Tango, que, em quatro andamentos, descreve a história do tango argentino, partindo da sua origem nos subúrbios de Buenos Aires, em finais do século XIX quando o tango se tocava e dançava com graça e picardia nos bordéis, e evoluindo com a utilização de novas harmonias e formas musicais, internacionalizando-se e passando a ser tocado e ouvido nos grandes palcos mundiais. O programa do concerto contém ainda tangos tradicionais de Carlos Gardel, o mais famoso dos cantores de tango, e do pianista e compositor argentino Pedro Datta. Astor Piazzolla foi o grande responsável pela evolução do tango, abrindo-o a influências da música erudita e do jazz, e tornou-se, a partir dos anos 50 do século XX, o expoente máximo do tango, do “novo tango”. Entre os discípulos de Piazzolla, o seu “protegido” Marcelo Nisinman é conside­ rado o maior inovador do tango na atualidade. Nisinman é o bandoneonista deste concerto, no qual poderemos ouvir duas das suas mais recentes composições. Rosa Maria Barrant es mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados C13 C14 Edicson Ruiz DSCH Schostakovich Ensemble domingo 17 abril 17h Sala Luís de Freitas Branco domingo 17 abril 19h Sala Luís de Freitas Branco contrabaixo mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Bottesini tinha a alcunha de “Paganini do contrabaixo” pelo seu virtuosismo enquanto compositor. No Adagio melancolico ed appasionato é de relevar o estilo herdado do belcanto italiano e a exigência técnica. Quando Elliott Carter compôs Figment III escreveu que “sempre se tinha interessado pelo contrabaixo, pelo seu timbre e tessitura especiais”. Escreveu solos para contrabaixo em diversas obras e decidiu compor uma obra integralmente para contrabaixo solo. Foi escrita em junho de 2007 para Don Palma, que a estreou em 2008. A música de Nino Rota faz parte do nosso imaginário cinematográfico; é essa parte da sua obra que melhor conhecemos. Este Divertimento concertante, para contrabaixo e orquestra no original, traz-nos de volta o cunho único deste compositor. As 3 Danzas argentinas de Ginastera são um folclore imaginário com um tratamento cromático e modal comparável ao de Bartók. Só na terceira dança há excertos reconhecíveis de melodias tradicionais argentinas. Ainda na Argentina, agora com base na música urbana, ­Piazzolla foi o compositor que mais expandiu as fronteiras do tango: nacionais e musicais. Um pouco em toda a parte, o tango que conhecemos é o de Piazzolla e, no entanto, esse é o tango erudito, trabalhado, diferente daquele que nasceu nas ruas. Muerte del Ángel faz parte da Série del Ángel, composto para a peça de teatro Tango del Ángel. Trata-se de uma fuga sobre uma melodia inspirada no tango. Originalmente, esta obra foi escrita para o Quinteto Nuevo Tango, que o compositor tinha formado e que era composto por bandoneón, piano, violino, contrabaixo e guitarra elétrica. Kicho é uma homenagem ao contrabaixista do Quinteto, Kicho. Sala sem lugares marcados H. R. Sergio Tiempo piano 66 Giovanni Bottesini Adagio melancolico ed appasionato (Elegia para Ernst) c.1860-1880 8’ Elliot Carter Figment III, para contrabaixo solo 2007 Nino Rota Divertimento concertante (ver. para contrabaixo e piano) 1968-1973 21’ Alberto Ginastera 3 Danzas argentinas, op. 2 1937 I. Danza del fiejo boyero II. Danza de la moza donosa III. Danza del gaucho matrero Astor Piazzolla La Muerte del Ángel 1962 Kicho 1969 6’ 3’ 8’ 3’ com Filipe Pinto-Ribeiro piano Jack Liebeck violino Gérard Caussé viola Gary Hoffman violoncelo mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Armando José Fernandes começou por estudar engenharia e só mais tarde se dedicou à música. Foi no entanto no início da sua carreira musical que partiu para Paris para estudar com Nadia Boulanger e Paul Dukas. Cedo se deixou impregnar pelo estilo deste último, mantendo no fundo a sua referência da matriz portuguesa. A sua linguagem é, em geral, acima de tudo cosmopolita. Dvořák, por seu lado, só já como compositor confirmado aceitou sair da sua Boémia natal para rumar aos EUA como diretor do Conservatório de Nova Iorque. Há uma outra diferença substancial: Praga, não sendo um centro cultural da dimensão de Paris ou Viena, era ainda assim uma cidade importante no mundo musical. De certa forma, Dvořák já se encontrava numa “metrópole” cultural. No primeiro Quarteto deste concerto ouviremos como a influência dos professores e da vida parisiense, nomeadamente a corrente impressionista, deixou profundas marcas na música de Armando José Fernandes. No caso do Quarteto de Dvořák, há uma alternância e uma conjunção entre o estilo influenciado por Brahms, seu mestre, e a música da sua terra natal, uma vila da Boémia. O compositor substituía amiúde nos seus scherzos (um andamento de uma obra geralmente baseado numa dança e de ambiente mais leve que os restantes) as tradicionais polkas utilizadas na maior parte destes andamentos, por outras danças populares da Boémia menos conhecidas. O piano é aqui utilizado para simular nalgumas passagens a cítara tradicional da música centro-europeia. Sala sem lugares marcados H. R. Armando José Fernandes Quarteto com piano 1953 22’ I. Allegro molto II. Allegro moderato e scherzando III. Adagio cantabile IV. Allegretto grazioso Antonín DvoŘák Quarteto com piano n.º 2, em Mi bemol maior, op. 87 1889 37’ I. Allegro con fuoco II. Lento III. Allegro moderato IV. Allegro ma non troppo 67 C15 domingo 17 abril 13h Sala almada negreiros Karin Lechner piano Sergio Tiempo C16 C17 domingo 17 abril 15h Sala almada negreiros domingo 17 abril 17h Sala almada negreiros Reginald R. Robinson Nina Schumann piano piano 68 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados H. R. O Quebra-Nozes (excerto da suite trans. por N. Economou) 1892 12’ I. Ouverture II. March III. Danse de la Fée Dragée IV. Danse des Mirlitons V. Danse Russe: Trepak Astor Piazzolla Revirado (ver. para 2 pianos) 1963 6’ Pablo Ziegler El Empedrado 1994 6’ Pablo Ziegler Asfalto 1993 5’ Maurice Ravel Rhapsodie espagnole (ver. para 2 pianos) 1907 16’ I. Prélude à la nuit II. Malagueña III. Habanera IV. Feria Luís Magalhães piano Durante séculos, nas famílias mais abastadas os serões eram passados a tocar música, não só a que era escrita propositadamente para pequenos ensembles (chamada música de câmara), mas também reduções e arranjos de obras sinfónicas. Usavam-se os instrumentos que havia em casa: violino, flauta, piano ou espineta, violoncelo ou viola da gamba, consoante as regiões, a época e a abastança da família; ou dois pianos, como hoje. Assim, teremos a iniciar e a fechar o concerto precisamente dois exemplos de reduções de obras escritas para grande orquestra. De Tchaikovsky a Suite do Quebra-Nozes, famosíssimo bailado baseado num conto de fadas, que nos convida a ver o bailado na íntegra. No final, Ravel visita na sua Rhapsodie espagnole a terra da sua mãe, de origem basca e que cresceu em Madrid. Foi a sua primeira grande obra orquestral, mas revela um compositor maturo na linguagem, nas técnicas e sobretudo na sua grande marca: a mestria na orquestração. É uma peça cheia de contrastes, ambientes calmos e agitações súbitas. Malagueña é uma dança característica de Málaga, no sul de Espanha. A Habanera é um género ligado sobretudo a cidades portuárias, uma vez que a sua origem é Cuba. No meio do concerto teremos três momentos do novo tango argentino. Primeiro pela voz do seu mestre, Piazzolla, e depois por um seu discípulo. Ziegler integrou um dos quintetos de Piazzolla e quando, por problemas de saúde, este último deixou de tocar, Ziegler fundou um grupo para prosseguir o caminho do novo tango. Pela distância temporal as obras de ambos são diferentes, sendo Ziegler mais influenciado pelo jazz. Piotr Ilitch Tchaikovsky piano Ragtime 69 Temas de Scott Joplin e Reginald R. Robinson ver concerto B13, pág. 32 Igor Stravinsky Três andamentos de Petrouchka (trans. para 2 pianos de V. Babin) 1911-1921 16’ I. Danse Russe II. Chez Petrouchka III. La semaine grasse Samuel Barber Souvenirs, op. 28 1951 16’ I. Waltz II. Schottische III. Pas de deux IV. Two-step V. Hesitation Tango VI. Galop Aaron Copland El Salón México (ver. para 2 pianos de L. Bernstein) 1933-1936 9’ Witold Lutosławski Variações sobre um tema de Paganini, para 2 pianos 1941 5’ > C18 C19 Mário Laginha Teresa Palma Pereira domingo 17 abril 19h Sala almada negreiros piano Bernardo Sassetti piano Temas de Duke Ellington, George Gershwin e Johnny Green ver concerto B22, pág. 43 domingo 17 abril 13h Sala Sophia de Mello Breyner piano Franz Liszt En rêve, S. 207 1885 3’ Nuages gris, S. 199 1881 3’ La lugubre gondola II, S. 200 1886 Bagatelle sans tonalité, S. 216a 1885 José Vianna da Motta Karol Szymanowski © bernardo sassetti I. Sostenuto, molto rubato 2’ II. Allegramente, poco vivace III. Moderato 2’ 3’ IV. Allegramente, risoluto 3’ Béla Bartók Out of Doors (Szabadban), BB89 (excerto) 1926 The Night´s Music The Chase 5’30 2’ Lu í s Mag a lhã e s < 8’ 3’30 Cantiga d’amor, de Cenas Portuguesas, op. 9 1893 7’ Mazurcas, op. 50 (excerto) 1924-1925 © beatriz batarda 70 Petrouchka é a história de uma boneca tradicional russa, feita de palha e com um saco de serradura como corpo, mas que ganha vida e desenvolve emoções. De acordo com Andrew Wachtel, Petrouchka é um trabalho que mistura música, ballet, coreografia e história num equilíbrio perfeito. Evoca o gesamtkunstwerk (obra de arte total) de Richard Wagner, mas numa abordagem russa. Souvenirs é uma das poucas peças de Samuel Barber que pode ser considerada de estilo leve, ou referida como música de salão. A suite para piano foi composta por sugestão de um amigo de Barber, Charles Turner. Em Nova Iorque, os dois visitavam com frequência o Blue ­Angel Club, onde ouviam com agrado um duo de piano popular, Edie e Rack, que ficou conhecido por fazer arranjos de melodias populares da época, incluindo algumas da Broadway, tornando-as mais ricas musicalmente. Turner sugeriu que Barber compusesse uma peça num estilo semelhante, mas com melodias originais. A obra foi originalmente composta para dois pianos, Barber dedicou-a a Turner e juntos tocaram-na em festas que frequentavam em Nova Iorque e por toda a Europa. Lutosławski compôs bastante durante a Segunda Guerra Mundial, sendo as Variações sobre um tema de Paganini de 1941 uma das suas poucas obras desse período que escapou ilesa, já que a maior parte saiu destruída da Revolta de Varsóvia. Por sua vez, depois da guerra, Lutosławski foi sujeito a enormes pressões para se adaptar ao estilo do regime estalinista e às regras do partido. As suas Variações são um deleite, pelos momentos de clareza lírica e pela mestria e estilo com que apresentam o tema do compositor e violinista italiano. Em 1978, Lutosławski fez arranjos da peça para ­piano e orquestra, numa versão com um equilíbrio perfeito entre notas dissonantes e momentos líricos e com um estilo acessível marcado pelo virtuosismo que o próprio Paganini encontraria razões para respeitar. El Salón México marcou a simplificação do estilo em Copland. Foi também um grande sucesso de público. Foram as apresentações deste trabalho em Londres e Paris, em 1938 e 1939 respetivamente, que causaram a popularidade internacional de Copland. A versão para dois pianos da autoria de Bernstein é tecnicamente exigente, e cada atua­ ção é impressionante no seu virtuosismo. A popularidade de obras como El Salón México mostra que o legado de Paganini está ainda atual. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados Liszt, nos últimos anos da sua vida, abandonou o virtuosismo e a expressão exaltada das emoções que sempre o caracterizaram, despindo a música de quaisquer artifícios, para se dedicar à pura experimentação tímbrica e harmónica. Este percurso até aos limites da tonalidade já apontava os caminhos trilhados pelos compositores vanguardistas do início do século XX. Por isso, talvez não seja exagero considerar obras como as apresentadas no programa, não obs­ tante serem de um compositor romântico, como algumas das mais pioneiras do período abarcado. Vianna da Motta foi um dos mais brilhantes alunos de Liszt, porém sempre optou por um estilo mais conservador. As composições vanguardistas do mestre nunca o inspiraram, contudo as tendências nacionalistas, latentes em obras como as rapsódias húngaras, certamente terão aberto cami­ nho aos nacionalismos do fim do século, pelos quais Vianna da Motta se deixou contaminar nas Cenas Portuguesas. Já Szymanowski, após anos de composições de uma enor­ me modernidade, com clara aproximação ao impressionismo e posteriormente ao dodecafonismo, opta por regressar às raízes do folclore polaco, numa abordagem mais intelectua­lizada e crua, diferente da adaptada aos salões de Vianna da Motta. Este tipo de abordagem influenciou decisivamente Bartók, que se torna no expoente máximo da recolha e transposição para música erudita do folclore. Em Out of Doors, dá um passo em frente em relação ao seu predecessor. Em vez de apresentar danças populares, procura transpor, através de fragmentos, pequenos quadros, toda a natureza húngara para a sua música. Teresa Palma Pereira 71 C20 domingo 17 abril 15h Sala Sophia de Mello Breyner Pavel Gomziakov violoncelo Louis Lortie piano 72 Nikolai Myaskovsky Sonata para violoncelo e piano n.º 1, em Ré maior, op. 12 1911 ⁄ rev. 1935 19’ I. Adagio – Andante (attacca:) II. Allegro passionato – Adagio Alexander von Zemlinsky Sonata para violoncelo e piano, em Lá menor 1894 30’ I. Mit Leidenschaft (Com paixão) II. Andante III. Allegretto Poderemos, neste concerto, aperceber-nos da disparidade de sonoridades que pode ter o Romantismo. Na Rússia, mais colorido e excessivo, concentrado na melodia. Na Alemanha, este movimento era contido, após cada passagem mais expressiva havia quase sempre um contrabalanço. A preocupação era formal, embora sem desprezar a melodia. Myaskovsky era conservador em termos artísticos, a sua sonoridade era romântica e russa – manteve sempre o caráter exuberante da música nacional. Era um exemplar melodista, criando temas de enorme doçura. Algum exagero expressivo que ouvimos (e, neste caso, ouvimo-lo em ambas as peças) é característico do Romantismo do século XIX. Zemlinksky ficou para a posteridade como o único professor “formal” de Schoenberg, que foi – com esta exceção – autodidata. Durante muito tempo foi apenas esta a qualidade que permitiu ouvir o seu nome nos meios musicais. Só nas últimas décadas a sua música voltou a ser tocada e estudada e devidamente valorizada. Esta sonata tem uma curiosidade interessante: esteve perdida e presumidamente destruída durante mais de cem anos! Foi encontrada por um jovem violoncelista nos pertences do pai recentemente falecido, que a tinha comprado anos antes sem lhe atribuir muita importância. Tal como para muitos compositores da mesma época, a música de câmara era especialmente importante na sua formação. Este é o caso de uma obra de juventude, com grande ligação estética a Brahms – em cuja sociedade musical dedicada à obra de jovens compositores foi a estreia da Sonata. H. R. C21 domingo 17 abril 17h Sala Sophia de Mello Breyner Joana Gama piano 1912 Leoš JanáČek V mlhách (Nas Brumas) 1912 I. Andante II. Molto adagio III. Andantino IV. Presto Erik Satie Véritables préludes flasques (pour un chien) 1912 4’ I. Sévère réprimande II. Seul à la maison III. On joue Heitor Villa-Lobos Suite infantil n.º 1 1912 10’ I. Bailando II. Nené vai dormir III. Artimanhas IV. Reflexões V. No balanço Enrique Granados Libro de horas 1912 8’ I. En el jardin II. El invierno – La muerte del Ruiseñor III. Al suplicio Sergei Prokofiev Toccata, op. 11 1912 5’ mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados Sala sem lugares marcados 14’ As obras deste recital visam proporcionar o contacto com a produção musical de cinco compositores de cinco países diferentes com um denominador comum: todas datam de 1912. Inspirada no folclore morávio e eslavo, a música de Janáček é essencial numa referência à realidade musical da atual República Checa. O ciclo Nas Brumas possui um ambiente extremamente melancólico, eventual reflexo da fase que o compositor atravessava devido à morte prematura da filha e às dificuldades na difusão da sua obra. Foi no seguimento da inicial recusa, por parte do editor Eugéne Demets, da publicação do ciclo Préludes ­flasques (pour un chien), que Satie compôs o desconcertante ciclo Véritables préludes flasques (pour un chien), obra de caráter excêntrico, mas extremamente influenciada, em termos estilísticos, pelos estudos do compositor na Schola Cantorum. Autor da Suite infantil n.º 1, o compositor brasileiro Villa-Lobos é conhecido por ter criado o seu próprio estilo atra­ vés da inspiração na música do seu país e da influência de outro grande compositor, J. S. Bach. Após o sucesso da estreia de Goyescas, e no auge da sua fama como pianista e compositor, Granados compôs ­Libro del Horas como expressão da sua admiração pela Idade Média, onde atinge um ambiente extremamente solene atra­ vés de uma escrita simples com influências harmónicas da música espanhola. Composta um ano antes da sua primeira saída da Rússia, a Toccata op. 11 de Prokofiev é uma obra emblemática do repertório pianístico, cujo caráter furioso e enérgico é alcan­ çado através de uma abordagem percussiva do piano. Joana Gama 73 C22 C23 Javier Perianes Quarteto Pražák domingo 17 abril 19h Sala Sophia de Mello Breyner domingo 17 abril 13h Sala fernando pessoa piano Federico Mompou mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 A música espanhola foi muito inspirada, nesta época, pelos franceses, sobretudo impressionistas. No entanto, no virar de século dominado pelos nacionalismos, este caráter também não podia faltar. Mompou, o mais recente de todos os compositores, teve em Musica Callada uma das suas principais obras. O objetivo, segundo ele, era “atingir as profundezas da nossa alma. [...] É calada, como se ouvida de dentro”. Ao ouvi-lo não podemos evitar a lembrança de Satie. De Granados, o mais antigo dos quatro, ouviremos também miniaturas. É uma obra de juventude, em que as harmonias aprendidas se mantêm, com pequenas notas propositadamente “ao lado”, como um desafio às regras. Debussy passava horas a tocar ao piano a suite Iberia, de Albéniz. Os Prelúdios acabaram por tornar-se numa das suas obras principais. Representam o culminar do Impressionismo na música para piano. Cada um dos prelúdios vale por si separadamente, com uma sugestão de título que apenas aparece no fim da partitura e que convida a uma viagem pela imaginação. A designação A Rapariga dos Cabelos de Linho é originária de uma canção irlandesa. Serenata Interrompida trata de uma serenata de um espanhol, à guitarra, constantemente adiada. Seguidamente ouviremos as impressões de uma antiga catedral em ruínas, mas que ainda comporta em si as memórias de tempos de imponência e grandiosidade. Por fim, uma paródia à música dos salões musicais do virar do século. El Albayzín, da suite Iberia, tem o nome de um bairro ciga­no em Granada: não como ilustração, mas como uma memória longínqua. Albéniz, que escreveu Iberia já doente, disse que queria “escrever música espanhola com caráter internacional”. Este culminar do pós-romantismo foi mais tarde uma referência para Messiaen. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Lullaby é uma obra de juventude de Gershwin, escrita em 1919. Embora tenha começado por ser um simples exercício, a personalidade musical do compositor é já bem visível nesta pequena peça. Só foi publicada em 1968, ano a partir do qual se tornou muito popular. Pavel Haas e Erwin Schulhoff foram dois compositores checos, cujo enorme talento e originalidade têm sido redescobertos nas últimas décadas, embora ainda de forma relativamente tímida. Ambos tiveram destinos trágicos. Foram vítimas dos nazis, que consideravam a sua música degenerada, e morreram em campos de concentração – Haas em Auschwitz, onde morreu no mesmo dia que os compositores Viktor Ullmann e Hans Krása, depois de terem passado pelo campo de Terezín, e Schulhoff em Wülzburg. No terceiro quarteto de Haas, que foi um dos alunos mais conhecidos de Janáček, é possível notar algumas das suas maiores influências, como a música popular e o canto judaico e o jazz. Esta é uma obra intensa e muito expressiva, ou não tivesse Haas sido quem afirmou o seguinte, aquando da sua detenção em Terezín: “A nossa vontade de criar arte sempre foi tão forte como a nossa vontade de sobreviver.” Na obra de Schulhoff, nota-se desde logo as referências a algumas danças muito populares, à boa maneira de uma suite barroca. No entanto, a linguagem do compositor é de grande modernidade, com influências da Segunda Escola de Viena, do jazz e de melodias populares, e por vezes também irónica. As 5 Peças foram estreadas em Salzburgo, a 8 de agosto de 1924. Sala sem lugares marcados H. R. Sala sem lugares marcados F. S. Musica Callada (excerto) 1959-1967 74 11’ N.º 1 Angelico N.º 3 Placide N.º 6 Lento – molto cantabile N.º 8 Semplice N.º 22 Molto lento e tranquillo Enrique Granados 7 Valses poéticos c.1886 15’ Introducción: Vivace molto Melodico Tempo de vals noble Tempo de vals lento Allegro humorístico Allegretto: Elegante Quasi ad libitum: Sentimental Vivo Coda Claude Debussy Prelúdios (seleção do Livro I) 1910 15’ La fille aux cheveux de lin La sérénade interrompue La cathédrale engloutie Minstrels Isaac Albéniz El Albayzín, da suite Iberia 1905-1909 7’ Pavel Hula violino Vlastimil Holek violino Josef Kluson viola Michal Kanka violoncelo George Gershwin Lullaby 1919 7’ Pavel Haas Quarteto de cordas n.º 3, op. 15 1938 23’ I. Allegro moderato II. Lento ma non troppo e poco rubato III. Thema con variazioni e fuga – Con moto Erwin Schulhoff 5 Peças para quarteto de cordas 1923 I. Alla Valse Viennese (allegro) II. Alla Serenata (allegretto con moto) III. Alla Czeca (molto allegro) IV. Alla Tango milonga (andante) V. Alla Tarantella (prestissimo con fuoco) 16’ 75 C24 C25 C26 Quinteto à-vent-garde Martin Simpson Quarteto Brodsky domingo 17 abril 15h Sala fernando pessoa 76 domingo 17 abril 17h Sala fernando pessoa Rui Borges Maia flauta Paulo Barros Areias oboé Ricardo Gama Henriques clarinete Hélder Vales trompa Ricardo André Santos fagote voz e guitarra solo mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Kleine kammermusik, op. 24 n.º 2, de Paul Hindemith, ­estreou em 1923 pelo Frankfurt Wind Chamber Music Ensemble. Curiosamente, o Quinteto de Nielsen teve neste mesmo concerto uma das suas primeiras audições. O sentido de humor tão notório em Hindemith funde-se, neste quinteto, com uma escrita repleta de engenho e virtuosismo para pequeno ensemble. As influências de Stravinsky fazem sentir-se através da politonalidade, da constante repetição de notas ou de obsessivos ostinatos. Alexander Zemlinsky escreveu Humoreske nos seus últimos anos de vida. Harmonicamente convencional e com forma rondo, demonstra que Zemlinsky, apesar de amigo e professor de Arnold Schoenberg nunca explorou caminhos atonais. Uma obra simples que pretende ser um pequeno interlúdio neste concerto. O Quinteto, op. 43 de Nielsen estreou em 1922 pelo Copenha­gen Wind Quintet. É um dos trabalhos mais notáveis do compositor, sendo uma das obras de referência para sopros. De acordo com Christian Felumb, oboísta do Copenhagen Wind Quintet, Nielsen sentiu-se atraído por esta formação durante um ensaio da Sinfonia Concertante KV297b de Mozart. Admirou as variações que concluem esta obra e a personalidade dos intérpretes, o que acabou por ser preponderante na composição do quinteto. Nielsen revela essa personalidade no som de cada instrumento, como exemplo, pediu ao fagotista e ao clarinetista, sabendo que este último era muito temperamental, que tocassem a variação V “como se fossem um casal a discutir, com o marido (o fagote) a acalmar-se no fim”. Para o Tema com Variações, Nielsen reutiliza o hino (“My Jesus, let my heart find such a taste for Thee”) de Hymns and Sacred Songs (1912-1916). Sala sem lugares marcados Rui Bo rges Ma ia Paul Hindemith Kleine Kammermusik, para quinteto de sopros, op. 24 n.º 2 1922 15’ I. Lustig – Massig schnelle Viertel II. Waltzer – Durchweg sehr leise III. Ruhig und einfach IV. Schnelle Viertel V. Sehr lebhaft Alexander von Zemlinsky Humoreske (Rondo), para quinteto de sopros 1939 5’ Carl Nielsen Quinteto de sopros, op. 43 1922 I. Allegro ben moderato II. Menuet III. Praeludium: Adagio – Tema con variazioni: Un poco andantino 26’ Blues ver concerto B31, pág. 52 domingo 17 abril 19h Sala fernando pessoa Daniel Rowland violino Ian Belton violino Paul Cassidy viola Jacqueline Thomas 77 violoncelo Igor Stravinsky Concertino, para quarteto de cordas 1920 7’ Anton Webern 6 Bagatelas, para quarteto de cordas, op. 9 1913 5’ I. Mäßig II. Leicht bewegt III. Ziemlich fließend IV. Sehr langsam V. Äußerst langsam VI. Fließend Béla Bartók Quarteto de cordas n.º 1, em Lá menor, op. 7 1909 30’ I. Lento II. Allegretto III. Allegro vivace mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala sem lugares marcados > 78 Este concerto apresenta-nos três dos compositores que determinaram as direções que a música prosseguiu durante o século XX. A peça de Stravinsky foi-lhe pedida para um quarteto de cordas, cujo repertório era sobretudo clássico e romântico e que procurava acrescentar-lhe uma obra contemporânea. Stravinsky escreveu então esta obra num só andamento, com uma parte concertante para o primeiro violino. Há durante esta obra a sensação de permanente desequilíbrio rítmico que apenas se resolve no final, onde a peça termina sob a indicação do compositor sospirando. As 6 Bagatelas são paradigmáticas do início do atonalismo. Sem as estruturas anteriores, Webern apenas compunha miniaturas e explicava: “Eu tinha a sensação de que, uma vez os doze sons tivessem aparecido, a peça tinha acabado.” Além da dificuldade, esta afirmação encerra também a chave para o aparecimento do dodecafonismo, alguns anos depois. No prefácio da primeira edição da partitura, Schoenberg escreveu: “Imaginem quanta sobriedade é necessária para se ser breve. De um olhar podemos fazer um poema, de um suspiro um romance. Mas exprimir um romance num só gesto, uma felicidade numa só respiração, uma tal concentração não é possível sem excluir, na medida exata, o sentimentalismo…” Os quartetos de cordas de Bartók, tal como os de Haydn e Beethoven respetivamente, acompanharam a sua vida, a sua carreira, a sua evolução. Neste Quarteto de cordas n.º 1, o compositor mostra já que, tal como para Webern, o timbre era um dos parâmetros a considerar – como a altura da nota ou o ritmo; que a tonalidade ia alargar-se sempre mais e que o folclore húngaro pautaria a maioria das suas obras. H. R. C27 C5 C28 domingo 17 abril 21h grande Auditório domingo 17 abril 11h sala amália rodrigues domingo 17 abril 15h sala amália rodrigues C29 domingo 17 abril 19h sala amália rodrigues Escolas em Palco Programação para a família ver págs. 84 > 87 Concerto de encerramento Coro Sinfónico Lisboa Cantat Orquestra Sinfónica Metropolitana 79 Cesário Costa direção musical Isabel Alcobia soprano (Bess) Ana Maria Pinto soprano (Clara) Eduarda Melo soprano (Serena) João Rodrigues tenor (Sportin’ Life) Luís Rodrigues barítono (Porgy) João Merino barítono (Jaque) Richard Strauss Don Juan, op. 20 1888 18’ George Gershwin Porgy and Bess (ver. reduzida) 1935 55’ neste concerto será distribuida folha de sala < mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 Sala com lugares marcados, exceto galerias > 80 Este poema sinfónico lançou a carreira de Richard Strauss, designadamente ao longo da última década do século XIX. Nessa época esclarecia-se insistentemente que este Strauss nada tinha que ver com aquela família de compositores vie­ nenses que conquistou os salões europeus ao som das valsas. Porém, para perceber que assim era bastaria escutar os primeiros compassos da obra apresentada neste programa. É música intensa, carregada de dramatismo, imponente nos recursos orquestrais que utiliza. Aqui, o mito de Don Juan é pretexto para um quarto de hora de música que apetece descrever como cinematográfica, tal é a influência que se lhe reconhece no estilo das bandas sonoras que predominam na cultura do cinema ocidental. Também dramático é o libreto de Porgy and Bess, a célebre ópera de George Gershwin. Trata-se de uma tragédia amorosa que retrata as comunidades negras do sul dos Estados Unidos no início do século passado. Neste ­concerto apresenta-se uma versão reduzida, que reúne as mais importantes partes da partitura. Nela não poderia faltar, naturalmente, a canção Summertime, a mesma que foi depois interpretada por Ella Fitzgerald e Louis Armstrong. Com Porgy and Bess, Gershwin mostrou o caminho de uma música com identidade genuinamente americana, ­cruzando a velha tradição operática europeia com as modernas sonoridades jazzís­ ticas. < Isabel Alcobia Ana Maria Pinto Eduarda Melo soprano João Rodrigues Luís Rodrigues João Merino cesário costa 15h15 Jorge Rodrigues Fluxos e refluxos: A música da Europa ao Novo Mundo 19h15 Thomas Bloch Ondas martenot Domingo 16h15 Sérgio Azevedo Catch me if you can: A música portuguesa no comboio de modernidade 18h15 Hélder Bruno Martins O jazz em Portugal no início do século XX atividade de entrada livre sujeita à capacidade da sala Família Sábado Programação para a conversas com... Aqui há 82 Os Dias da Música continuam nos intervalos dos concertos. Sábado e domingo, na Sala Jorge de Sena (Sala de Leitura) . ° x° X Escolas em Palco 84 As escolas de música são já uma presença habitual no festival Dias da Música em Belém. O concurso Escolas em Palco resulta de uma parceria entre o Ministério da Educação e o Centro Cultural de Belém e consiste numa programação de concertos apresentados por alunos de escolas de música de todo o país. Selecionados por um júri de três elementos mediante um conjunto de audições realizadas em Coimbra, Lisboa e Porto, estarão em palco, ao longo de oito concertos, sábado e domingo na Sala Amália Rodrigues e no Espaço Música Livre, alguns dos mais jovens e talentosos músicos do nosso país. Numa alusão ao presente tema dos Dias da Música, nesta edição convidámos todos os participantes, desde as classes de iniciação aos alunos mais avançados, a candidatarem-se com repertório escrito durante o período 1883-1945. Este desafio resultou numa programação muito rica e diversificada, cujo repertório inclui obras de mais de 50 compositores, desde os grandes mestres europeus (como Brahms, Debussy, Rachmaninoff ou Joly Braga Santos), até aos grandes compositores do “novo mundo” (como Gershwin, Piazzolla, Scott Joplin ou Ginastera). A estes juntam-se ainda algumas obras escritas por jovens alunos que participaram no Escolas em Palco na modalidade de composição (ver concerto C29). A solo, em música de câmara ou em pequenas orquestras, com instrumentos que vão desde o piano à harpa, desde o violoncelo ao acordeão, nos concertos Escolas em Palco tem a oportunidade de conhecer hoje alguns dos talentos de amanhã. Sábado 12h Escola de Música Nossa Senhora do Cabo J. Massenet Meditation (excerto da ópera Thais) B33 sábado 16 abril sala amália rodrigues Escola de Música do Orfeão de Leiria Academia de Música de Elvas Manuel Rodrigues Coelho Cécile Chaminade Concertino em Ré Maior Luís Rosa 9 anos ⁄ Piano Iniciação H. Pachulski Prelúdio em Dó menor Academia de Amadores de Música Vitória K. Simões 9 anos ⁄ Piano Iniciação C. Debussy Le Petit Nègre Escola de Música Nossa Senhora do Cabo Pedro Amado Gomes 11 anos ⁄ Piano Básico Pedro Cruz Vieira 11 anos ⁄ Piano Básico William Gillock The Constant Bass Pedro Amado Gomes 11 anos ⁄ Piano Básico D. Kabalevski A Little Joke op, 27 Pedro Cruz Vieira 11 anos ⁄ Piano Básico D. Kabalevski A Short Story op. 27 Escola de Música do Conservatório Nacional Bárbara Saraiva 16 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Prof. Ivan Kuznyetsov Piano Escola de Música Nossa Senhora do Cabo Guilherme Marques 18 anos ⁄ Violino Secundário Eugène Ysaye Sonata n.º 2, op. 27 - I. Obsession Rita Cordeiro 18 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Guilherme Marques 18 anos ⁄ Violino Secundário Sofia Cruz Vieira 17 anos ⁄ Piano Secundário B34 sábado 16 abril sala amália rodrigues Academia de Música de S. Pio X Pedro Carvalho 11 anos ⁄ Piano Básico V. Zolotaryov Kindersuite n.º 1 ⁄ W (1.º e 5.º and) Academia de Música de Lagos Filipe Gaio Pereira 12 anos ⁄ Piano Básico Catarina Afonso 12 anos ⁄ Piano Básico S. Rachmaninoff Elegia, op. 3 n.º 9 Academia de Música de Paços de Brandão Telmo Silva Costa 11 anos ⁄ Clarinete Básico Prof.ª Isabel Castro Piano Mariana Alves do Poço 13 anos ⁄ Piano Básico André Messager Solo de Concours E. Grieg Valsa em Mi menor, op. 38 n.º 7 Academia de Amadores de Música Conservatório de Portimão Joly Braga Santos Joly Braga Santos Ária F. Seitz Concerto n.º 4 op. 15 (3.º And.) Mariana Soares 20 anos ⁄ Piano Secundário Conservatório de Música do Porto Miguel Sobrinho 12 anos ⁄ Violeta Básico Prof.ª Eunice Bento Piano A. Scriabine Prelúdio op. 9 n.º 1 Academia de Música de Óbidos Carolina Marques Duarte 12 anos ⁄ Violino Básico ° x° X 16h F. Burgmüller Estudo, op.100 n.º 14 La Styrienne D. Schostakovich Dance of the Dolls – 1. Lyric Waltz Escola de Artes do Norte Alentejano Portalegre 85 Óscar da Silva Serenata Paulo Henrique Ferreira 11 anos ⁄ Acordeão Básico Escola de Música Nossa Senhora do Cabo os concertos que decorrem no espaço música livre são de entrada livre (sábado 17h ⁄ domingo 16h) Piano Ezra Jenkinson Dance Of The Elves Sofia Leong 13 anos ⁄ Violino Básico Prof. Ricardo Martins Piano A. Scriabin Estudo op. 42, n.º 4 os concertos que decorrem na sala amália rodrigues são pagos (4,50e) Prof.ª Luiza Yakovenko Francisca Caldas de Brito 11 anos ⁄ Violino Básico Prof.ª Elena Tsouranova Piano Lia Yeranosyan 11 anos ⁄ Violino Básico Prof. David Ferreira Piano C. Beriot Concerto n.º 9, 1.º and. > João Diogo Machado 12 anos ⁄ Violino Básico Prof. David Ferreira Piano N. Rubinstein Roca Academia de Música de Lagos Nuno Lucas 15 anos ⁄ Piano Básico S. Rachmaninoff Étude-Tableaux, op. 39, n.º 9 Academia de Música José Atalaya de Fafe Carlos Brito Ferreira 17 anos ⁄ Clarinete Secundário Acordarte Academia de Música de Lisboa Orquestra de Cordas Conservatório Regional do Algarve Maria Campina Ana Carolina Ginete 17 anos ⁄ Violino Secundário Beatriz Perry da Câmara 14 anos ⁄ Violino Básico Catarina Bazenga Fernandes 18 anos ⁄ Violino C. Livre Inês Pais Gonçalves 19 anos ⁄ Violino Curso Livre Isabel de Almeida Sousa 19 anos ⁄ Violino Curso Livre Manuel Sant’Ovaia 14 anos ⁄ Violino Básico Manuel Abecasis 13 anos ⁄ Violino Básico Maria da Graça Varão 16 anos ⁄ Violino Básico Maria Laranjo 15 anos ⁄ Violino Básico Maria Leonor Jorge 19 anos ⁄ Violino Curso Livre Maria Nunes Viseu 19 anos ⁄ Violino Curso Livre Mariana Formosinho 13 anos ⁄ Violoncelo Básico Marta Gomes de Melo 18 anos ⁄ Violino Curso Livre Migual Isidoro Zink 15 anos ⁄ Violino Secundário Miguel de Vasconcelos 18 anos ⁄ Viola Curso Livre Miguel Soares Marques 14 anos ⁄ Violoncelo Básico Nikola Vladimir Demirev 16 anos ⁄ Violino Secundário Olof Sandros-Alper 8 anos ⁄ Violoncelo Curso Livre Rita Simões de Matos 17 anos ⁄ Violino Secundário Sara Tomé Varatojo 13 anos ⁄ Violino Básico Prof. Teresa Rombo 35 anos ⁄ Violoncelo Prof. Rui Simão 39 anos ⁄ Viola Prof. Pedro Meireles Direcção A. Ginastera Danças Argentinas °x ° X Benjamin Britten Simple Symphony (1.º e 4.º andamentos) I. Stravinsky Três peças para clarinete solo Robert Sotto Mayor King 17 anos ⁄ Piano Secundário 86 Ana Raquel F. Martins 18 anos ⁄ Violoncelo Básico Filipa Barros Alves 13 anos ⁄ Violoncelo Básico Ana Mafalda Monteiro 17 anos ⁄ Violoncelo Secundário Daniel Sousa Contrabaixo Prof. Helder Tavares Direcção 17h sábado 16 abril espaço música livre foyer do grande auditório (piso 2) entrada livre Academia de Música de Paços de Brandão Orquestra Juvenil Silvia Gandullo dos Santos 11 anos ⁄ Violino Básico Inês da Costa Pais 12 anos ⁄ Violino Básico Mariana Cabral Monteiro 12 anos ⁄ Violino Básico Sofia Azevedo Peixoto 12 anos ⁄ Violino Básico Ana de Castro Albergaria 13 anos ⁄ Violino Básico Beatriz Amorim Rios 13 anos ⁄ Violino Básico Sérgio Ferreira Paiva 13 anos ⁄ Violino Básico Ivo Oliveira Pinto 14 anos ⁄ Violino Básico Ana M. Pinto da Costa 15 anos ⁄ Violino Secundário Patrícia Pereira Alves 15 anos ⁄ Violino Secundário Raquel Oliveira Santos 15 anos ⁄ Violino Secundário Álvaro Gandullo dos Santos 16 anos ⁄ Violino Secundário Ana do Carmo de Sá Soares 16 anos ⁄ Violino Secundário Mariana Pereira de Sousa 16 anos ⁄ Violino Secundário Tatiana Costa Prata 16 anos ⁄ Violino Secundário Gisela Teixeira dos Santos 17 anos ⁄ Violino Secundário Rafaela Sousa Ramos 17 anos ⁄ Violino Secundário Ana M. Faria Azevedo 12 anos ⁄ Violeta Básico Raquel Pedrosa França 19 Violino Secundário Ana S, Rodrigues de Sousa 15 anos ⁄ Violeta Secundário Helena Guedes Silva 12 anos ⁄ Violoncelo Básico < Bela Bartók Danças Romenas Conservatório Regional de Música de Vila Real Marta de Jesus Cunha 20 anos ⁄ Violeta Básico Tiago Ferreira Rocha 14 anos ⁄ Violino Básico Vivieen Barros Dias 15 anos ⁄ Violino Básico Ana Carvalho Pinheiro 18 anos ⁄ Violino Secundário Inês Guimarães Rento 16 anos ⁄ Violino Secundário Ana Teixeira Valente 17 anos ⁄ Violino Secundário Prof. Paulo Jorge Pereira Contrabaixo Prof. Edmundo José Pires Direcção Alberto Nepomuceno Serenata para Cordas 20h B35 sábado 16 abril sala amália rodrigues Conservatório de Música do Porto Ensemble de Flautas Ana Catarina Ferreira 18 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Ana Rita Azevedo 17 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Joana Cardoso Teixeira 17 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Cristiana Catalão 16 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Ana Paula Barbosa 19 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Fábio Pinto da Costa 21 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Keith Amos Nursery Rhyme Suite Domingo Escola de Música da Póvoa de Varzim Pedro Guilherme Ribeiro 20 anos ⁄ Contrabaixo Secundário João Mesquita 18 anos ⁄ Piano Secundário A. Piazzolla Kicho, para contrabaixo e piano Academia de Música de Lagos Júlia Azevedo 16 anos ⁄ Piano Secundário J. Brahms Intermezzo op. 18 n.º 2 Escola de Música Nossa Senhora do Cabo Mariana Secca 15 anos ⁄ Piano Secundário 87 11h ° x° X c27 domingo 17 abril sala amália rodrigues exccionalmente, a entrada para este concerto é efectuada pela entrada principal do pequeno auditório (fora do recinto) Escola de Música do Conservatório Nacional C. Debussy Arabesco n.º 1 em Mi Maior Rebeca Csalog 14 anos ⁄ Harpa Básico Maria Manuela Fonseca A. Hasselmans Canção de Maio op. 40 16 anos ⁄ Piano Secundário S. Rachmaninoff Prelúdio em Sol menor op. 23 n.º 5 Academia de Música de Vale de Cambra José Francisco Vilar 14 anos ⁄ Piano Básico António Fragoso Dança Academia de Música de Lagos Júlia Azevedo 16 anos ⁄ Piano Secundário Laura Quaresma 14 anos ⁄ Piano Secundário J. Brahms Dança Húngara n.º 1 Orquestra de Cordas Academia de Música José Atalaya de Fafe Ana Filipa Peixoto 12 anos ⁄ Violeta Básico Ana Margarida Santos 12 anos ⁄ Violoncelo Básico Marco António Santos 12 anos ⁄ Violoncelo Básico Alex Dominguez Ramos 13 anos ⁄ Violino Básico Beatriz Isabel Morais Bento 15 anos ⁄ Violino Básico Eva Soares Teixeira 15 anos ⁄ Violino Básico David Dominguez Ramos 15 anos ⁄ Violino Básico Eva Duarte Pereira 14 anos ⁄ Violino Básico Inês Morais Bento 14 anos ⁄ Violino Básico L. Mozzani Mazurca Luís Miguel Silva Leite 17 anos ⁄ Guitarra Secundário Escola de Música Nossa Senhora do Cabo Isabela Luz dos Santos 16 anos ⁄ Flauta Maria Manuela Fonseca 16 anos ⁄ Piano Secundário Secundário J. Vianna da Motta Romance Academia de Música José Atalaya de Fafe Pedro Vitorino 17 anos ⁄ Clarinete Secundário I. Stravinsky Três peças para clarinete solo Conservatório de Música do Choral Phydellius Inês Fernandes Alves 11 anos ⁄ Violino Básico Prof.ª Valentina Ene Piano Ezra Jenkinson Dance Of The Elves Escola de Música do Conservatório Nacional Laurens Asamoah 12 anos ⁄ Violoncelo Básico Prof. Tatiana Balyuc Joly Braga Santos Tema e Variações Maria Nabeiro 13 anos ⁄ Violoncelo Básico Prof. ª Tatiana Balyuc Piano Frank Bridge Cradle Song Acordarte – Academia de Música de Lisboa Manuel Abecasis 13 anos ⁄ Violino Básico Prof. António Laertes Piano F. Kreisler Prelúdio e Allegro Escola Profissional Metropolitana Ana Rita Pereira 18 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Jacques Ibert Peça para flauta solo > Conservatório Regional de Palmela Ana Margarida Barrocas 18 anos ⁄ Piano Secundário Conservatório de Música de S. José da Guarda S. Rachmaninoff Momento Musical op.16 n.º 4 Inês Aguiar Escola Profissional Metropolitana A. Barrios Mangoré Julia Florida 14 anos ⁄ Guitarra Básico Ana Domingues 19 anos ⁄ Flauta Transversal Secundário Prof. Francisco Sassetti Piano Escola de Música do Orfeão de Leiria Georges Hue Fantaisie A. Scriabin Estudo op. 8 n.º 12 Escola de Música do Conservatório Nacional Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian Pedro Serra e Silva 19 anos ⁄ Violoncelo Secundário Prof.ª Tatiana Balyuc Piano L. JanáČek Conto (con moto – allegro) João Lucas Santos Inês Filipe 17 anos ⁄ Piano Secundário 19 anos ⁄ Piano Secundário António Fragoso Nocturno em Ré bemol Maior Acordarte – Academia de Música de Lisboa 88 °x ° X Maria Laranjo 15 anos ⁄ Violino Básico Prof. António Laertes Piano 15h F. Kreisler Schön Rosmarin c28 domingo 17 abril sala amália rodrigues Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian Maria Laura Nunes 11 anos ⁄ Piano Básico C. Debussy Doctor Gradus ad Parnassum Conservatório Regional Silva Marques Martim Severino 10 anos ⁄ Piano Básico H. Pachulsky Prelúdio em Dó menor Escola de Música de São Teotónio Filipa Caldeira Janicas 11 anos ⁄ Piano Básico Inês Raimundo Mendes 11 anos ⁄ Piano Básico Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian Gonçalo Lélis 16 anos ⁄ Violoncelo Secundário Prof.ª Patrícia Sousa Piano G. Fauré Après un rêve Conservatório Vale do Sousa João Miguel Xavier 17 anos ⁄ Piano Secundário S. Prokofiev Toccata, op. 11 16h domingo 17 abril espaço música livre Scott Joplin Ragtime foyer do grande auditório (piso 2) Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian entrada livre Ricardo Barros de Carvalho 11 anos ⁄ Flauta Básico Maria Laura Nunes 11 anos ⁄ Piano Básico C. Debussy Le Petit Négre Tomás Garcia de Matos 13 anos ⁄ Piano Básico Ernö Dohnányi Rapsódia op. 11 n.º 3, em Dó Maior Escola de Música de São Teotónio Maria Inês Figueiredo 13 anos ⁄ Guitarra Básico Francisco Tarrega Lágrima Pedro Xavier Figueiredo 18 anos ⁄ Piano Secundário G. Gershwin I Got Rhythm S. Rachmaninoff Prelúdio n.º 5, op. 23 Bernardo Santos 15 anos ⁄ Piano Secundário A. Scriabin Prelúdios n.º 13 e n.º 14, op. 11 < Escola Profissional Metropolitana Fábio Costa Carvalho 15 anos ⁄ Saxofone Básico Paulo Jorge Gonçalves 18 anos ⁄ Saxofone Secundário Pedro Miguel Teixeira 15 anos ⁄ Saxofone Secundário Pedro Miguel Melo 14 anos ⁄ Saxofone Básico Silvia Ferreira Gonçalves 17 anos ⁄ Saxofone Secundário Prof. António Luís Ribeiro Direcção C. Gounod Pequena Sinfonia para Sopros (Finale) Louis Vierne Saxophorgue Conservatório de Música e Artes do Dão Ensemble de Clarinetes Ana Catarina Henriques 17 anos ⁄ Clarinete Curso Livre Ana Rita Rodrigues 13 anos ⁄ Clarinete Básico Ana Sofia Gomes 14 anos ⁄ Clarinete Básico Anaisa Meireles Melo 13 anos ⁄ Clarinete Básico Ana Beatriz Martins 12 anos ⁄ Clarinete Básico Carlos Alexandre Almeida 12 anos ⁄ Clarinete Básico David José Castanheira 15 anos ⁄ Clarinete Básico Igor Ferreira Varela 13 anos ⁄ Clarinete Básico João da Costa Neves 12 anos ⁄ Clarinete Básico Márcia Fernandes Borges 13 anos ⁄ Clarinete Básico Maria Margarida Gomes 12 anos ⁄ Clarinete Básico Maria Teresa Pega 14 anos ⁄ Clarinete Básico Prof. Sérgio Neves Clarinete Prof. David Machado Clarinete Kurt Weill Excertos da Ópera dos Três Vinténs (arr. para 4 clarinetes) c29 domingo 17 abril sala amália rodrigues Conservatório Regional de Gaia Pedro Patrocínio Borges Pedro Patrocínio Borges Prelúdio, op. 1 n.º 1 para piano Ensemble de Saxofones Afonso Salazar Nogueira 14 anos ⁄ Saxofone Básico André Fernandes Almeida 17 anos ⁄ Saxofone Secundário André Ferreira Terra batida, para 2 guitarras Conservatório de Música de Coimbra Jorge Oliveira 19 anos ⁄ Saxofone Soprano e Composição Secundário Tomás Oliveira Saxofone Alto Secundário Pedro Nunes Saxofone Tenor Secundário Joel Rodrigues Saxofone Barítono Secundário Jorge Oliveira The Clowns, para quarteto de saxofones Academia de Amadores de Música Manuel Ferrer 16 anos ⁄ Violino e Composição Secundário Cláudia Correia Piano Secundário Manuel Ferrer Peça para Violino e Piano (no estilo das Louanges do Quarteto Para o fim do Tempo de Olivier Messiaen) Conservatório Regional de Gaia Fábio Moreira Pinto 15 anos ⁄ Violoncelo Secundário Prof. David Ferreira Piano Paul Hindemith Trauermusik Academia de Música e Dança do Fundão Ana Carolina Rodrigues 16 anos ⁄ Piano Secundário A. Scriabin Estudo op. 8 n.º 4 Escola de Música Nossa Senhora do Cabo João Moreira de Albuquerque 14 anos ⁄ Flauta de Bisel Piano Reinhold Krug Sonatine Gabriela Figueiredo 17 anos ⁄ Saxofone Secundário Pedro Fonseca 16 anos ⁄ Saxofone Secundário Pedro Barbosa 17 anos ⁄ Saxofone Secundário Eduardo Azevedo 15 anos ⁄ Saxofone Secundário Academia de Música Valentim Moreira de Sá André Almeida Ferreira 18 anos ⁄ Guitarra e Comp. Secundário Bruno Almeida Ferreira 20 anos ⁄ Guitarra Secundário Prof. Ricardo Martins Quarteto de Saxofones J. Baptiste Singelée Allegro de Concert Piano Secundário Secundário 19h 16 anos ⁄ Piano e Composição Secundário Conservatório de Música de Coimbra Paulo Banaco Bárbara Serrano de Freitas Una Prijic Meu verde-branco, para canto e piano 17 anos ⁄ Piano e Comp. (aluno de Trombone) Secundário Paulo Banaco Ventos Urbanos, para piano Fernando Couto 17 anos ⁄ Piano e Composição Secundário Natalie Gal (Escola de Música do Conservatório Nacional) Soprano Secundário Fernando Couto La mort des amants, para canto e piano Escola de Música do Orfeão de Leiria Una Prijic 20 anos ⁄ Composição (aluna de canto) Secundário Ana Maria Ferreira Lopes Canto Secundário Escola de Música do Orfeão de Leiria André Almeida Ferreira 18 anos ⁄ Guitarra Secundário Agustín Bárrios Un sueño en la floresta Oficina de música 89 ° x° X B7 ⁄ C6 sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril 11h pequeno Auditório °x ° X A Minha Mãe Ganso Ensemble Boîte à Bijoux Xuan Du 1.º violino Paula Carneiro 2.º violino Ceciliu Isfan viola Nuno Abreu violoncelo Duncan Fox contrabaixo Katharine Rawdon flauta ⁄ piccolo Eldevina Materula oboé ⁄ corne inglês Etienne Lamaison clarinete ⁄ clarinete baixo David Harrison fagote ⁄ contrafagote Bruno Hiron trompa Coral Tinoco harpa Helder Marques Celesta Elizabeth Davis e Lídio Correia percussão Nuno Côrte-Real direção musical Katharine Rawdon coord . artística de projeto Madalena Wallenstein guião e narração André Godinho vídeo Bárbara Falcão assistente de vídeo Marta Carreiras figurinos Ensemble Darcos Produção Maurice Ravel A Minha Mãe Ganso (Ma Mère l´Oye) ver. de Nuno Côrte-Real para 14 músicos 1911-1912 50’ © André Godinho 90 Concerto narrado sala eduardo prado coelho “Ravel… costumava contar-me histórias maravilhosas. Sentava-me no seu colo e começava invariavelmente da mesma maneira: ‘Era uma vez…’. A Bela no Bosque Adormecida, as conversas da Bela e do Monstro e, acima de tudo, as aventuras do pobre rato que ele inventou de propósito para mim.” Estas memórias sobre Maurice Ravel foram escritas em 1938 por Mimie Godebsky, cujo pai era grande amigo do compositor. Mimie e o seu irmão Jean tocavam piano e em 1908 Ravel ofereceu-lhes um presente especial: a Suite para piano a quatro mãos Ma Mère l´Oye, que mais tarde orquestrou e que deu origem a um bailado. Por serem peças infantis, estão escritas com grande poder descritivo, pictórico, e com uma economia de meios surpreendente. Os acompanhamentos simples e as melodias extremamente comunicativas ganham um especial requinte na versão orquestral. Para compor esta obra, Ma Mère l´Oye, Maurice Ravel ins­ pirou-se no livro de contos de fadas de Charles Perrault com o mesmo nome e a cada um dos cinco andamentos deu o nome das histórias que escolheu: 1 – Pavane para a Bela no Bosque Adormecida; 2 – O Pequeno Polegar; 3 – Laiderronette, a Imperatriz dos Pagodes; 4 – As Conversas da Bela e do Monstro; 5 – O Jardim das Fadas. A Mãe Ganso é uma personagem conhecida dos contos de fadas, uma mulher do campo contadora de histórias e “guardadora” da memória coletiva deste universo fantástico. O espetáculo “A Minha Mão Ganso” nasce da vontade de oferecer uma viagem pela música de Ravel, embrulhada nestas pequenas histórias e em imagens projetadas que nos transportam para este universo. Em estreia nos Dias da Música 2011, o Ensemble Boîte à Bijoux apresenta a obra A Minha Mãe Ganso, de Ravel, num concerto narrado, com redução orquestral para 14 instrumento e a direção do maestro e compositor Nuno Côrte-Real. mais informações sobre os intérpretes e compositores a partir da página 97 A entrada para este concerto é efetuada pela entrada principal do pequeno auditório (exterior ao recinto) Sala sem lugares marcados 91 ° x° X °x ° X Oficinas 92 Nos dias 16 e 17 de abril encontra no CCB Fábrica das Artes um conjunto de oficinas pensadas para os mais novos. As oficinas funcionam sábado e domingo a partir das 10h, no espaço da Fábrica das Artes (situado junto ao Jardim das Oliveiras). As marcações deverão ser feitas até ao dia 13 de abril pelo tel. 213 612 899, ou no CCB Fábrica das Artes nos dias do festival. 11h ⁄ 13h30 ⁄ 16h sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril espaço ccb fábrica das artes maiores 8 anos sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril espaço ccb fábrica das artes 8-11 anos > sábado 5-7 anos > domingo Oficina de mÚsica Clube de jazz Jazz = a arte de tocar em liberdade Nesta oficina de iniciação ao jazz, procura-se dar a conhecer os instrumentos e as formações mais comuns deste estilo de música. Se já tocares um instrumento não te esqueças de o trazer. 10h ⁄ 11h30 ⁄ 14h 15h30 sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril espaço ccb fábrica das artes menores 5 anos com acompanhante Oficina de mÚsica atividades de entrada livre sujeitas a marcação prévia no espaço ccB fábrica das artes e à capacidade das salas O espaço CCB fábrica das artes situa-se no jardim das oliveiras, junto à praça do museu (exterior ao recinto) 10h30 ⁄ 14h ⁄ 17h Com antóniopedro / Ana Araújo 120’ 10h30 ⁄ 14h30 ⁄ 17h sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril espaço ccb fábrica das artes 5-7 anos > sábado com acompanhante Sementes de música para bebés 8-11 anos > domingo Um convite à interação musical entre adultos e bebés ⁄ crian­ ças – cantar para dizer olá, dançar em roda, espreitar os sons do alaúde, espreguiçar-se como o bicho-de-conta, tomar banho, ficar em silêncio descobrir os segredos guardados no livro Sementes de Música (Ana Maria Ferrão e Paulo Ferreira Rodrigues) e abrir-lhes a porta para o jardim da imaginação. Pedro e o lobo Com Paulo Ferreira Rodrigues (voz ⁄ dinamização ⁄ conceção) e Diana Matos (alaúde) 40’ Oficina de criação musical e movimento a partir da obra de Prokofiev Vamos conhecer a música, a história e as personagens de Pedro e o Lobo. Através do movimento e da exploração musical iremos reinventar o destino para o Pato da história e para a música que a acompanha, deixando o Pedro e todas as crianças que já o conheceram felizes por o terem salvado. Com Inês Tarouca / Maria Inês Fernandes 90’ com acompanhante Oficina de criação musical e movimento a partir da obra de saint-saëns O carnaval dos animais Entraremos neste Carnaval pela passerelle real acompanha­ dos pelos animais de Saint-Saëns, num universo onde o movimento e a música se fundem. A partir desta exploração iremos inventar novos animais e novas composições para ­oferecer a Saint-Saëns. Com Nuno Cintrão / Marina Nabais 90' sábado ⁄ domingo 16 ⁄ 17 abril espaço ccb fábrica das artes para toda a família Conversas com músicos Um convite lançado aos músicos que vão tocar nos palcos dos Dias da Música em Belém. Nesta sala vais poder conhe­ cer músicos de verdade, ouvir e vê-los tocar mesmo perto de ti e, finalmente, fazer todas as perguntas que sempre desejaste fazer. Horário e programa a definir com vários músicos dos Dias da Música 93 ° x° X Música livre Os dias da música continuam nos intervalos dos concertos. Durante todo o fim de semana, o Espaço Música Livre (piso 2) recebe concertos informais de entrada livre. Sábado Domingo 13h 12h Percussões da Metropolitana Marco Fernandes direção musical 15h Violinhos Permallets Grupo de percussão 14h Pequenos violinos da Metropolitana Inês Saraiva direção musical 17h 16h ver programação pág. 86 ver programação pág. 88 19h 18h Escolas em palco Orquestra geração Núcleo da Escola Sophia de Mello Breyner ⁄ Oeiras 21h Big Band Júnior Claus Nymark direção musical Escolas em palco Brass Ensemble da Metropolitana Reinaldo Guerreiro direção musical 20h OCPZero 23h Ensemble da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas / Hot Clube de Portugal atividade de entrada livre A hora de início dos concertos pode sofrer ligeiros atrasos Paulo Silva voz ⁄ Clara Lai piano João Espadinha guitarra ⁄ Romeu Tristão contrabaixo João Pereira bateria ⁄ Jorge Oliveira percussão 95 ° x° X Biografias Orquestras e Ensembles 98 Coro de Câmara Lisboa Cantat Fundado em janeiro de 2006 como um dos departamentos da Associação Musi­cal Lisboa Cantat, é constituído por 16 cantores e dirigido por Jorge Carvalho Alves. Entre as obras em que o coro já par­ticipou, destacam-se as seguintes: As Bodas de Fígaro, W. A. Mozart (2006) e O Elixir do Amor, G. Donizetti (2008) no Teatro da Trindade; a peça de teatro A Casa da Lenha, sobre a vida de Fernando Lopes-Graça, com texto de António Torrado e encenação de João Mota, numa co-produção do Teatro D. Maria II ⁄ Teatro A Co­muna e que ganhou o Prémio Bernardo Santareno 2007 para Melhor Peça de Teatro; cerimónia da entrega de prémios do II Prémio Lopes-Graça de composição, em Tomar (2007); concerto pelas vítimas no Sudão – Fundação Ajuda À Igreja Que Sofre (2007); Festival Música em São Roque em 2007, 2008 e 2009; e a participação anual na interpretação de Missas de W. A. Mozart com a Orquestra do Algarve. A sua discografia abrange participações nos três volumes de Compositores Portugueses XX-XXI – volumes 1, 2 e 3; e Fernando Lopes-Graça – Obra Coral a capella – vol. I, ambos promovidos pela Associação Musical Lisboa Cantat. Foi dirigido pelos prestigiados maestros Cesário Costa, Henrique Piloto, Laurent Wagner, Osvaldo Ferreira, Nuno Côrte-Real, Clara Coelho, e pelo seu maestro titular Jorge Carvalho Alves. Direção JORGE CARVALHO ALVES Iniciou a sua atividade como diretor coral em 1985 com o Coro de Câmara Syntagma Musicum, obtendo o Prémio Novos Valores da Cultura em 1988, atribuído pela SEC. Entre os diversos agrupamentos que dirigiu, são de destacar: Coro Sinfónico Lisboa Cantat (desde 1986), Coro da Universidade Católica de Lisboa (entre 1996 e 2002), Coro da UTL (desde 1998), Coro do Teatro Nacional de São Carlos (entre 2001 e 2004), Coral Luísa Todi (entre 2004 e 2007), Coro da Associação Vox Cordis (desde 2004) e Coro de Câmara Lisboa Cantat (desde 2006). Foi membro do Coro Gulbenkian (entre 1988 e 2001) e do quarteto vocal masculino Tetvocal (entre 1998 e 2008). Lecionou as disciplinas de Coro e Formação Musical no Conservatório Regional da Covilhã e na EPMEV. Orienta regularmente seminários e master-classes de direção coral em Portugal e no estrangeiro. Discografia: Tributo a S. M. o Rei da Tailândia (Key Records/03) e Lado A (Magic Music/04) com os Tetvocal; Os Dias Levantados de António Pinho Vargas (responsável da parte coral, com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos); Missa e Responsórios de Carlos Seixas, com o Coro Lisboa Cantat e Segréis de Lisboa (Portugaler/03); Requiem de Eurico Carrapatoso, com o Coro Sinfónico Lisboa Cantat (Numérica/07); Compositores Portugueses XX/XXI – volumes 1, 2 e 3 com o Coro Sinfónico Lisboa Cantat e o Coro de Câmara Lisboa Cantat; e ainda, Fernando Lopes-Graça – Obra Coral a capella – volu­ me 1 (Numérica ⁄ 10). Coro Sinfónico Lisboa Cantat Iniciou as suas atividades em 1977. É um dos agrupamentos da Associação Musical Lisboa Cantat. Tem-se apresentado com orquestras de renome, entre as quais: Orquestra do Algarve, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra Filarmonia de Espanha, Orques­tra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfonietta de Lisboa, Orquestra Nacional do Porto, Orquestra do Norte, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orques­ tra de Timisoara e Sinfonia de Varsóvia, em salas como o Grande Auditório do CCB, a Casa da Música do Porto, o Pequeno Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a Igreja de São Roque, a Aula Magna, o Teatro Nacional de São Carlos, a Igreja dos Jerónimos ou o Convento de Mafra, entre tantas outras. Trabalhou com os maestros Marc Tardue, Christopher Bochmann, Jose Cura, Michael Zilm, Theodor Gushlbauer, Nicholas Kraemer, Martin André, Donato Renzetti, João Paulo Santos, Zoltan Pèsko, Olivier Cuendet, Brian Schembri, Manuel Ivo Cruz, Vasco Azevedo, Cesário Costa e Laurent Petit-Girard. Foi convidado para parcerias com o Coro Nacional do Teatro Nacional de São Carlos (Requiem de Verdi e Gurrelieder de Schoenberg) e com o Coro Gulbenkian (Gurrelieder de Schoenberg). O repertório engloba desde música coral a capella até grandes obras corais sinfónicas como os Requiem de Verdi, Mozart, Fauré, Brahms, Duruflé e Carrapatoso (estreia mundial), a Missa de Nelson e a Missa de Sta. ­Tere­sa de Haydn, o ­Stabat Mater de Rossi­ni, a Carmina Burana de Carl Orff, a 9.ª Sinfonia de Beethoven, a 3.ª Sinfonia de ­Mahler, a 2.ª Sinfonia de Mendelssohn, a Sea Symphony de Vaughan Williams, o Messias de Handel, A Criação de Haydn, a Cantata Verbum Caro e Oratória Popular de Nuno Côrte-Real ­(estreia da versão sinfónica e estreia mun­ dial, respetivamente), a Cantata de Outubro de Prokofiev (estreia em Portugal), Cantata para um silêncio de Da­niel Schvetz (estreia mundial) ou L’enfance du Christ de Berlioz. Atualmente conta com cerca de 100 ele­ mentos na sua formação principal e tem contribuído para a divulgação da música erudita portuguesa, estreando regularmen­ te obras de compositores portugueses contemporâneos. É coro associado da temporada 2010/2011 do CCB. Desde 1986, é diri­gido por Jorge Alves, seu maestro titular. Direção JORGE CARVALHO ALVES Ver pág. 98 de Ópera, sedeada no Teatro da Trindade, obtendo o Prémio de Música Clássica conferido pela Casa da Imprensa. Participou em estreias mundiais de autores portugueses, casos de Fernando Lopes-Graça (D. Duardos e Flérida) e António Victorino d’Almeida (Canto da Ocidental Praia). Em 1980 é criado um primeiro núcleo coral a tempo inteiro, sendo a profissionalização do coro consumada em 1983, sob a dire­ ção de Antonio Brainovitch. A sua plena afirmação artística acontece quando Gianni Beltrami assume a direção em 1985, beneficiando de condições de trabalho até então inéditas em Portugal. Nesta fase assinalam-se as seguintes intervenções: Oedipus Rex (Stravinsky); ­Ascensão e Queda da Cidade de Maha­ gonny (Weill); Kiú (De Pablo); L’Enfant et les Sortilèges (Ravel); e Dido and Aeneas (Purcell). Registe-se a participação em Gran­de Messe des Morts (Berlioz), em Turim, a convite da RAI. Depois da morte de Gianni Beltrami, João Paulo Santos assume a direção, constituindo-se como o primeiro português no cargo em toda a história do Teatro de São Carlos. Sob a sua responsabilidade registam-se os seguintes êxitos: Mefistofele (Boito); Blimunda e Divara (Corghi); Sinfonia n.º 2 (Mahler), com a Orquestra da Juventude das Comunidades Europeias; Die Schöpfung (Haydn); Faust e Requiem (Schnittke); Tannhäuser e Die Meistersinger von Nürnberg (Wagner); e Le Grand macabre (Ligeti), entre outros. Participou no concerto de encerramento da Expo’98. Tem atuado sob a direção de algumas das mais prestigiadas batutas, como Antonino Votto, Tullio Serafin, Vittorio Gui, Heinrich Hollreiser, Richard Bonynge, García Navar­ ro, Wolfgang Rennert, Franco Ferraris, Harry Christophers, Michel Plasson e Pedro de Freitas Branco. Coro do Teatro Nacional direção de São Carlos EMANUELE PEDRINI Foi criado em 1943, sob a direção de Mario Pellegrini. Entre 1962 e 1975 cola­borou nas temporadas da Companhia Portuguesa Nasceu em Livorno (Itália) em 1972. Vive em Veneza. Diplomou-se em canto lírico, direção coral e orquestração pelo Con- servatório Arrigo Boito de Parma, e em composição pelo Conservatório Benedetto Marcello de Veneza. Em 2005 diplomou-se com a menção “summa cum laúde” em direção de orquestra pelo Conser­ vatório de Veneza sendo o primeiro aluno de todos os conservatórios e instituições de música da região de Triveneto a diplomar-se naquela disciplina. Entre 1990 e 1996 dirigiu o Coro Lirico Lombardo. De 1998 a 1999 foi maestro do Coro do Teatro Arena Sferisterio de Macerata, tendo recebido os maiores elogios e excelentes críticas. Desde 2004 ocupa o cargo de diretor artístico e diretor musical da Associação Cultural Musical Quodlibet de Mogliano Veneto, constituída por orquestra e coro. Em 2010 licenciou-se em direção de orquestra na Academia Musical de Pescara, sob a orientação do maestro Donato Renzetti. Paralelamente, ocupa-se da preparação artística e direção de importantes festivais de música em colaboração com prestigiados maestros, dentro e fora de Itália. Na presente temporada inicia funções de maestro convidado do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Dixie Gang Constituído por Rui Alves, Jacinto Santos, Silas de Oliveira, David Rodrigues, Paulo Gaspar, Claus Nymark e João Viana, o Dixie Gang é um(a) bando(a) de malfeitores musicais que iniciou a sua atividade em 1991. Os seus membros tinham, na sua maioria, um registo criminal já considerável, tendo demonstrado desde muito tenra idade tendências aberrantes e gostos esquisitos pela música praticada no princípio do sécu­ lo na cidade de Nova Orleães, capital das terras de Dixie (Dixie Land). Os seus modelos são portanto os grandes criminosos americanos (gangsters) dessa época, tais como Jelly Roll Morton, King Oliver, Louis Armstrong, Kid Ory, Bix Beider­ becke e Sidney Bechet, que com os seus bandos (gangs) estenderam as suas ativi­ dades a quase todos os locais mal-afamados da América do Norte. > 99 100 há registos das suas atividades por todo o território português, num dos territórios das Tríades orientais (Macau) e até já ousaram fazer uma incursão internacional a Bratislava. Mais recentemente travaram batalhas em diversas províncias espanholas, como a Catalunha, a Galiza e o País Basco, e também em Rimini e em Paris. Os Dixie Gang têm tido a colaboração de outros criminosos e criminosas musi­ cais quer nacionais (não se conhece uma listagem completa porque a maioria gosta do anonimato), quer estrangeiros (caso de Max Roach num encontro informal no Estabelecimento Prisional da Praça da Alegria, mais conhecido como Hot Club de Portugal. DSCH Schostakovich Ensemble Resulta do encontro de músicos notáveis, mestres nos seus instrumentos, que se movem por um profundo prazer em fazer música de câmara e por uma cumplicidade artística que os coloca em posição de destaque. O DSCH foi criado em 2006, ano do centenário do nascimento do compositor Dmitri Schostakovich, e apresentou concertos em países como Portugal, Rússia, França, Suécia, Estónia ou Espanha, obtendo excelente recetividade por parte da crítica e do público. Agrupamento de geometria variável, o DSCH contou já com a participação dos músicos F. PintoRibeiro, E. Nebolsin, J. Van Dam, R. Bar-rantes, P. Moraguès, R. Ortega, T. Samouil, C. Cerovsek, L. Ferschtman, Ph. Graffin, G. Caussé, V. Mendelssohn, N. Tchitch, I. Charisius, Ch. Poltéra, P. Gomziakov, J. Grimm, G. Hoffmann, T. Pinto-Ribeiro, P. Carneiro, entre outros. Aborda um vasto repertório com obras de diversos compositores, de Bach a Schumann, de Beethoven a Gubaidulina, de Brahms a Ravel, desta­ cando-se projetos como a integral da obra de música de câmara com piano de Schostakovich, as Schubertíadas, a inte- gral dos Trios com piano de Beethoven, e ainda colaborações com artistas de outras áreas como P. Nozolino, G. Albergaria ou B. Batarda. Gravou recentemente um concerto com obras de Haydn e Mendelssohn transmitido pelo canal francês de música Mezzo. O DSCH – Schostakovich Ensemble é ensemble em residência no Centro Cultural de Belém e tem a direção artística de Filipe Pinto-Ribeiro. Ensemble Boîte à Bijoux Em estreia nos Dias de Música 2011, o Ensemble Boîte à Bijoux foi criado com o propósito de apresentar a obra Ma Mère l’Oye de Ravel, sob a direção do maestro e compositor Nuno Côrte-Real, coordena­ ção artística de Katharine Rawdon, numa versão narrada e com multimédia a partir de uma ideia de Madalena Wallenstein. Um ensemble novíssimo em folha, formado por alguns dos melhores instrumentistas do país, o Ensemble Boîte à Bijoux propõe explorar, numa atmosfera íntima, o espírito de tocar em conjunto música para orquestra de câmara. Como uma pequena caixa de joalharia, o ensemble guarda as suas “joias”: a música que toca e a ins­ piração dos músicos que a tocam. O Ensemble Boîte à Bijoux tem dimensão para executar repertório de todas as épocas e junta músicos portugueses e residentes em Portugal de todas as gerações, incluindo a mais nova, e que se associam às principais orquestras do país ao mesmo tempo que se mantêm ativos como solistas. Compõem o Ensemble Boîte à Bijoux, Xuan Du (1.º violino), Paula Carneiro (2.º violino), Ceciliu Isfan (viola), Nuno Abreu (violoncelo), Duncan Fox (contrabaixo), Katharine Rawdon (flauta ⁄ piccolo), Eldevina Materula (oboé ⁄ corne inglês), Etienne Lamaison (clarinete ⁄ clarinete baixo), David Harrison (fagote ⁄ contrafagote), Bruno Hiron (trompa), Coral Tinoco (harpa), Helder Marques (celesta), Elizabeth Davis e Lídio Correia (percussão). Direção Nuno Côrte-Real Nasceu em Lisboa em 1971. Em 1995 concluiu o Curso Superior de Composição da Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou com Carlos Caires, Roberto Perez, Christopher Bochmann, António Pinho Vargas e António Sousa Dias. Viveu na Holanda entre 1996 e 2002, tendo concluído o Curso de Composição do Conservatório de Roterdão com os professores Klaas de Vries, Peter Yan Wagemans e Rene Uijlenhoet (música eletrónica). Paralelamente, estudou direção de orquestra no Conservatório de Roterdão com Jurjen Hempel e Jos van der Sijde e, depois, na Academia Nacional Superior de Orquestra com Jean Marc Burfin. Tem dirigido várias orquestras e agrupamentos, como a OrchestrUtopica, a Filarmonia das Beiras, o Ensemble Darcos, a Camerata du Rhône (França), o Coro Lisboa Cantat e a Orquestra do Norte. Tem efetuado um trabalho sistemático no tratamento da música tradicional portuguesa. No mundo da ópera e do teatro trabalhou com Michael Hampe, Maria Emília Correia, Paulo Matos, Margarida Bettencourt, Jorge Sequerra, Inês de Medeiros, Carlos Antunes, João Henriques e Beatriz Batarda e adaptou para português várias óperas. Em 2007 apresentou as óperas de câmara A Montanha e O Rapaz de Bronze, encomendas da Fundação Calouste Gulbenkian e Casa da Música, respetivamente. Durante 2004/2005 foi professor de composição na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto. Foi compositor residente da OrchestrUtopica em 2005. Em março de 2011 estreou uma ópera encomendada pelo Teatro Nacional de São Carlos, com libreto de Vasco Graça Moura. ENSEMBLE MEDITERRAIN Fundado em 2002, em Berlim, pelo seu diretor artístico, o violoncelista português Bruno Borralhinho, o grupo conta na sua trajetória com apresentações em salas e festivais de grande importância em países como Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Suíça, Bósnia Herzegovina, Chile, Argentina ou Brasil. Do Konzerthaus de Berlim ao Palau de la Música de Barcelona, do Teatro Oriente de Santiago do Chile ao Festival de Sarajevo, do Teatro Municipal de São Paulo à Salle Gaveau de Paris, os seus concertos foram aclamados unanimemente pelo público e pela crítica. Compromissos em 2011 incluem as estreias absolutas no Uruguai e no Japão. O formato ensemble livre permite uma abordagem flexível e diversificada em termos de repertório (do trio ao octeto ou mesmo à orquestra de câmara), con­ seguida através da incorporação de músi­cos convidados de orquestras alemãs de grande qualidade e prestígio, como as filarmónicas de Berlim, Dresden ou Munique, as óperas de Dresden, Berlim ou Frankfurt, as orquestras das rádios de Estugarda, Friburgo ou Hamburgo, etc. O Ensemble Mediterrain gravou para os selos discográficos CCR e Dreyer&Gaido, e os seus concertos são frequentemente transmitidos pela Deutschlandradio Kultur, Antena 2, Rádio USM (Chile), Radio Nacional de España, Catalunya Música e União Europeia de Radiodifusão. MAHLER ENSEMLBLE Criado em torno de uma das maiores figuras da música do século XX, o Mahler Ensemble reúne-se para interpretar um dos trabalhos mais populares do sinfonismo deste extraordinário compositor numa versão nunca até hoje ouvida em Portugal: a Quarta Sinfonia num arranjo para ensemble de câmara. O instrumental mahleriano é aqui adaptado e reduzido para piccolo, flauta, oboé, corno inglês, clarinete, clarinete baixo, harmónio, piano, percussão, cordas e soprano, na elaboração camerística preparada por Erwin Stein para o Verein für musikalische Privataufführungen, agrupa- mento que Arnold Schoenberg criou em 1918 com o objetivo de divulgar a música nova. Dirigido por Masimo Mazzeo e constituído por Nuno Ivo Cruz, Ricardo Lopes, Nuno Silva, Nuno Lopes, Miguel Borges Coelho, Richard Buckley, Carlos Almeida, Masimo Spadano, Iskrena Yordanova, Francesco Negroni, Varoujan Bartikian, Pedro Wallenstein e pela soprano Dora Rodrigues, este agrupamento é uma reunião de amigos que se têm escolhido ao longo dos anos graças a uma “afinidade eletiva”, reconhecendo-se enquanto intérpretes e artistas com um sentido comum em termos de ética e abordagem à arte musical. Depois de outras experiências partilhadas, reúnem-se agora para enfrentar a aventura da interpretação de uma obra do grande compositor boémio Gustav Mahler, numa versão rara de um dos seus trabalhos mais paradigmáticos. Direção Massimo Mazzeo Diplomado pelo Conservatório de Veneza, aperfeiçoou-se sucessivamente em viola-d’arco com os maestros Bruno Giuranna e Wolfram Christ, em música de câmara e quarteto de cordas com os membros dos celebrados Quarteto Italiano e Quarteto Amadeus. Em seguida, fez parte de algumas das mais representativas orquestras do panorama musical italiano: a Orquestra dell’Accademia Nazionale di Santa ­Cecilia, a Orquestra da RAI (Radio Televisione Italia­na) e como coordenador de naipe da Orquestra Internazionale d’Italia. Atuou com prestigiadas orquestras de câmara como I Virtuosi di Roma, I Virtuosi di Santa Cecilia, Accademia Strumentale Italiana, Musica Vitae Chamber Orchestra (Suécia), Caput Ensemble de Reiquiavique e com o European Soloists Chamber Ensemble. Na área da música antiga, depois de ter colaborado com as formações Ensemble Aurora, Academia Strumentale Italiana e artistas como Rinaldo Alessandrini, entre outros, forma, em 2004, a orquestra barroca Divino Sospiro, que num prazo de tempo muito curto se afirma como uma das realidades de referência em Portugal. No domínio da música contemporânea tem colaborado com os artistas Luciano Berio, Salvatore Sciarrino, Mauricio Kagel, Aldo Clementi, Franco Donatoni, Alessandro Solbiati, Wolfgang Rihm, merecendo felicitações públicas por parte do compositor Giacomo Manzoni. Massimo Mazzeo tem gravado para as editoras BMG, Erato, Harmonia Mundi France, Deutche Armonia Mundi, Nuova Era e Movieplay. De 1996 até 1998 foi diretor artístico do Festival Roncegno Musica em Itália, onde se estrearam grandes personalidades da cena artística atual. Em Portugal, foi convidado pela Reitoria da Universidade de Évora como diretor artístico do Festival Assembleia das Nações Estrangeiras, assim como do curso Encontros do Espírito Santo. É professor de viola barroca e música de câmara (práticas históricas ­de interpretação) na Universidade de Évora. O GUARDADOR DE CANÇÕES Sob a direção artística dos pianistas José Brandão e João Vasco e seguindo o teste­ munho de projetos como o The Songmakers’ Almanac ou o New York Festival of Song, O Guardador de Canções tem como objetivo a instituição de um fórum consagrado à canção, apresentando um leque alargado de cantores, programas estimulantes com temáticas imaginativas e contemplando a negligenciada canção portuguesa. A viagem de (re)descoberta deste infindá­ vel repertório de miniaturas, em que música e poesia despertam o enlevo de cantor, pianista e público, teve início na edição 2010 dos Dias da Música em Belém, com o recital No Teatro das Emoções, e conhe­ cerá novo capítulo na edição de 2011, com o programa Looney Tunes, Merrie Melodies and Silly Symphonies. > 101 Orquestra de Câmara Portuguesa 102 Em pouco tempo, a OCP atingiu um ele­ vado patamar de performance artística, confirmado pelo público e pela crítica. A OCP trabalhou já em ensaios com compositores como Emmanuel Nunes e Sofia Gubaidulina, e colaborou com os solistas, nacionais e internacionais, Jorge Moyano, Sergio Tiempo, Arnaud Thorette, Bruno Borralhinho, Dmitri Makhtin, Alexandrina Pendatchanska, Elina Vähälä, Diemut Poppen e Adrian Florescu, Geir Draugsvoll, Gary Hoffman, Filipe-Pinto Ribeiro e Heinrich Schiff, entre outros. Aclamado pela crítica internacional como um dos mais originais músicos da atualidade, Pedro Carneiro assegura a direção artística da Orquestra de Câmara Portuguesa, onde lidera um grupo excecional de virtuosos instrumentistas, represen­tantes da mais nova geração de talentos musicais. A partir de 2007, o Centro Cultural de Belém integrou a OCP na sua programação, primeiro como Orquestra Associada e depois como Orquestra em Residência. Desde então, a presença nos Dias da Música em Belém tem sido uma constante, com a apre­sentação de dois programas. A OCP é um projeto com credibilidade e pertinência social e cultural, que nasce de uma ação genuína de cidadania proativa, estando também a levar à prática diversos projetos de responsabilidade social: “O meu amigo toca na OCP”; a “OCP-solidária”; e a “OCPzero” – orquestra de estudantes que tem a sua estreia nesta edição dos Dias da Música. Direção PEDRO CARNEIRO Pedro Carneiro estudou em França, Inglaterra e Itália, com Sylvio Gualda e David Corkhill (percussão), Leigh Howard S­ tevens (marimba) e Emilio Pomàrico (direção de orquestra). Desenvolve uma intensa atividade como concertista e chefe de orquestra, convidado em inúmeras orquestras e festivais, nos mais importantes centros musicais do mundo. O seu extenso repertório abrange clássicos do século XX: Stockhausen, Reich, Carter e Xenakis, assim como transcrições de obras de Bach, Schumann ou Debussy. Os seus companheiros de música de câmara incluem os pianistas Michael Houstoun e Artur Pizarro, assim como o Quarteto Arditti, Quarteto Tóquio e o Cuarteto Latinoamericano – com quem tem apresentado e gravado um novo repertório para marimba e quarteto de cordas. É diretor artístico e maestro principal da Orquestra de Câmara Portuguesa, um agrupamento dedicado à promoção da nova geração de músicos portugueses, associado ao Centro Cultural de Belém. Foi artista associado do Centro Cultural do Belém, na temporada 2007/2008, e para a presente temporada de 2009/2010 é maestro e diretor da Orquestra de Câmara Portuguesa, formação em residência no CCB. Orquestra do Algarve A Orquestra do Algarve estreou-se no FIMA, em 2002, sob a batuta do maestro Álvaro Cassuto. Criada ao abrigo de um programa promovido pelo Ministério da Cultura, tem como fundadores, além da Região de Turismo e da Universidade do Algarve, um núcleo de câmaras municipais algarvias: Albufeira, Faro, Lagos, Loulé, Portimão e Tavira. Posteriormente, Alcoutim, Castro Marim, Olhão, Lagoa, São Brás de Alportel, Vila Real de Santo António, Silves e Vila do Bispo tornaram-se municípios associados. A Orquestra do Algarve tem uma atividade multifacetada, com programação destinada às populações locais e turistas. Promove também ações pedagógicas, junto de camadas escolares, e formativas, para jovens músicos. O seu currículo conta com apresentações nos principais palcos nacionais. Foi convidada, em 2007, para o concerto de celebração da assinatura do Tratado de Lisboa. No estrangeiro, realizou em 2004 a sua primeira digressão, marcando presença em Itália e Espanha. Desde então, capitais europeias como Bruxelas (2006), Viena de Áustria (2007) e Londres (2008) foram palco de concertos. Na presente temporada, Osvaldo Ferreira acumula as funções de maestro titular e diretor artístico. Nicolas Koeckert é artista associado da OA. Direção Pedro Neves Pedro Neves nasceu em 1975, em Águeda. O seu percurso musical inicia-se no Con­ servatório de Aveiro, onde estudou violoncelo com Isabel Boiça. Mais tarde ingressa na Academia Nacional Superior de Orquestra, em Lisboa, onde conclui o grau de bacharelato. No mesmo ano obtém uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian para continuar o seu aperfeiçoamento artístico, na Escola de Música Juan Pedro Carrero, em Barcelona. Pedro Neves interessa-se muito cedo pela direção e começa o seu percurso como maestro em 1988 na Sociedade Recreativa e Musical 12 de Abril, sedeada na sua terra natal, da qual é diretor artístico desde 1992. Estudou direção de orquestra com o reconhecido pedagogo e maestro Jean Marc Burfin na Academia Nacional Superior de Orquestra, aprofundou os seus conhecimentos com Emílio Pomarico em Milão, e frequentou master-classes com Alexander Polishchuk. Foi convidado para dirigir a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Nacional do Tejo, a Filarmonia das Beiras, a Orquestra de Câmara Portuguesa, a Orquestra do Algarve, a Orquestra Nacional do Porto e a Orquestra Esproarte, da qual foi maestro titular de 2004 a 2008 e com a qual mantém atualmente uma colaboração regular. Orquestra Filarmónica de Brno As suas origens remontam à década de 1870, quando a sua antecessora Czech Symphony Orchestra se estabeleceu sob os auspícios de Leoš Janáček. Atualmente, a orquestra apresenta cerca de 40 concertos anualmente no histórico edifício Besední dům, onde está sedeada, e séries de concertos regulares no Teatro Janáček. Desde 1956, data da sua fundação enquanto Orquestra Filarmónica de Brno, apresentou-se mais de 700 vezes em concerto, não só na Europa, mas também nos Estados Unidos e na Ásia. Trabalhou com vários consagrados maestros, incluindo Karel Ancerl, Jiri Belohlavek, Sir Charles Mackerras, Kurt Masur e Yehudi Menuhin, entre outros. Teve também o privilégio de colaborar com solistas de exceção, como Yefim Bronfman, Rudolf Buchbinder, Elina Garanca, Sophia Jaffé, Wilhelm Kempff, Olga Kern, Gidon Kremer, John Lill, Johannes Moser, Julian Rachlin, Sviatoslav Richter ou Fazil Say. É conhecida como a Orquestra de Janáček, o que não deixa de ser verdade, já que Brno, a cidade onde o compositor viveu e trabalhou, foi sempre o centro da sua música. Desde a sua fundação, em 1956, a Orquestra Filarmónica de Brno fez mais de 300 apresentações centradas nas obras de Janáček e gravou a totalidade das suas cantatas e peças sinfónicas. Desde o início da sua carreira, foi maestro titular das seguintes orquestras: Prague Chamber Opera (1985-87), Janáček’s Phi­ lharmonic Ostrava (1991-93), State Philhar­ monic Brno (1991-1995), Sinfo­nietta Žilina (1995-2000), Pardubice Chamber Phi­lhar­ monic (1997-2009) e Prague National Theatre Ballet Orchestra (2001-2002). Foi também, entre 2003 e 2005, diretor artístico e maestro titular da Prague State ­Opera. Atualmente, é maestro convidado da Slovak Philharmonic e membro honorário da Filarmónica de Brno. Dirigiu ainda outras prestigiadas orques­ tras: Orchestre de Pays de la Lorraine Metz, Mozarteum Orchester Salzburg, Bach Collegium München, Beethoven Orchester Bonn, Residentie Orkest den Haag, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Shanghai Radio Symphony Orchestra, The Colorado Music Festival Orchestra, Dortmunder Philharmoniker, Stuttgarter Philharmoniker e Tokyo Metropolitan Symphonic Orchestra, entre muitas outras, e trabalhou com vários solistas de exceção. É convidado com regularidade a participar em importantes festivais (Prague Spring, Moravian Autumn Brno, Festspiele Euro­ päische Wochen Passau, George Enescu Festival Bucharest, Musica Sacra Festival in Nuremberg, Colorado Music Festival, Settimane Musicali di Ascona. É professor na Academia de Artes Musi­ cais de Praga, desde 2000. Direção ORQUESTRA JAZZ DE MATOSINHOS Nascido em 1961, estudou flauta no Conservatório de Praga e direção na Academia de Música de Praga. Iniciou a sua carreira no Teatro Nacional de Praga como assistente de Zdeněk Košler. Em 1991, foi convidado pela Fundação Herbert von Karajan para colaborar com Geor­ ge Solti, Claudio Abbado e a Vienna Phi­ lharmonic nos Sommerspiele Salzburg. Criada em 1999, a Orquestra Jazz de Matosinhos é uma das mais dinâmicas formações do jazz português atual. Sob dire­ ção de Carlos Azevedo e Pedro Guedes, desenvolve um trabalho que privilegia a criação de repertório próprio e a orga­ nização de projetos específicos, para os quais vem convidando solistas, maestros e compositores de relevo internacional. Pela diversidade dos programas que apresenta, Leoš Svárovský pela edição discográfica internacional regular e pelo crescimento continuado, a OJM cumpre hoje a função de uma verdadeira orquestra nacional de jazz. Nestes onze anos de atividade, destacamse o concerto de encerramento da Porto 2001, a recriação de Sketches of Spain com o Remix Ensemble, a apresentação da música de Carla Bley, a gravação com Lee Konitz do CD Portology, e os muitos concertos com o saxofonista, e a gravação do CD OJM invites Chris Cheek. Destacam-se também concertos com John Hollenbeck, Dee Dee Bridgewater, Orquestra Nacional do Porto, Maria Rita e Kurt Rosenwinkel, com quem gravou Our Secret World, disco apresentado em concertos no clube Iridium (Nova Iorque) e no Berklee Bean Town Jazz Festival (Boston); e ainda com Joshua Redman, Chris Cheek, Mark Turner e Andy Sheppard. A OJM cruzou fronteiras e atuou em Bru­ xelas, Milão e em Nova Iorque, no Carnegie Hall. De destacar ainda a colaboração que desenvolve com a compositora norte-americana Maria Schneider. Direção / Piano Pedro Guedes Inicia os estudos de piano aos cinco anos e mais tarde ingressa no Conservatório de Música do Porto. Frequenta a Escola de Jazz do Porto onde é aluno de Mário Lagi­ nha.Em 1992 é admitido na New School for Jazz and Contemporary Music em Nova Iorque. Durante este período estuda com alguns dos mais reputados músicos de jazz: Richie Beirach, Fred Hersh, Brad Meldhau, Jim Hall, Joe Chambres, entre outros. Em 1997 funda e dirige a Héritage Big Band que mais tarde dará origem à Orquestra de Jazz de Matosinhos. Em 1997 é admitido na University of Southern California em Los Angeles onde frequenta o curso de pós-graduação em Scoring for Motion Picture and Television, que concluiu em maio de 1998 com dois prémios: um concedido pela USC – International Student Award e um prémio de > 103 composição – Harry Warren. Atualmente é coordenador da área de jazz na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo no Porto. Direção / Piano Carlos Azevedo 104 Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música do Porto em 1982. Frequentou o Curso Superior de Composição da Escola Superior de Música do Porto e fez o mestrado em Composição na Universidade de Sheffield (Inglaterra). Como compositor teve execuções das suas obras no Festival de Música de Espinho, no CCB, nas V Jornadas Internacionais de Música da Oficina Musical e na Universidade de Sheffield. Durante a Porto 2001, foram tocadas as suas obras: In Motion e Um Natal Português pela ONP e Granito pelo Duo Contracello. Em 2003 e 2004 foi finalista do Brussels Jazz Orchestra International Composition Contest Award, tendo ganho o primeiro prémio com a obra Does It Matter em 2004. Atualmente, lidera o seu trio e dirige a Orquestra de Jazz de Matosinhos juntamente com Pedro Guedes. É professor de Análise e Composição na Escola Superior Música e Artes do Espetáculo. Orquestra Sinfónica Metropolitana Espelho da mais-valia que representa a transversalidade do projeto da Metropolitana, a Orquestra Sinfónica Metropolitana é a formação constituída pelos músicos da Orquestra Metropolitana de Lisboa e pelos melhores elementos da Orquestra Académica Metropolitana, juntos em concerto para dar corpo ao grande repertório sinfónico, que passa a ter um espaço regular na programação de Cesário Costa. Esta formação, que vinha já obtendo resultados visíveis, aplaudidos quer pela crítica especializada, quer pelo público que assistia às apresentações, assumiu recentemente o nome que lhe é merecido: Orquestra Sinfónica Metropolitana. Foi escolhida pelo Centro Cultural de Belém como orquestra em residência em três edições do festival Dias da Música em Belém, estatuto que representa um desafio e também uma importante plataforma de exposição a novos públicos que sempre acorrem a esta iniciativa. Na temporada passada, a Orquestra Sinfónica Metropolitana desafiou-se com a 5.ª Sinfonia de Mahler, num concerto dirigido por Michael Zilm, uma das presenças importantes e habi­ tuais nas programações da Metropolitana. Em maio de 2010, apresentou uma nova produção de A Sagração da Primavera, de Stravinsky, com coreografia de Olga Roriz e direção musical de Cesário Costa. Direção Cesário Costa Nascido em 1970, é um dos mais ativos maestros portugueses da sua geração. Depois do Curso Superior de Piano em Paris, completou com nota máxima o mestrado em direção de orquestra (Würzburg, Alemanha). Em 1997 venceu o III Concurso Internacional Fundação Oriente para Jo­ vens Chefes de Orquestra e foi bolseiro do Festival de Bayreuth. Desde então dirigiu as orquestras Royal Philharmonic, Sinfónica de Nuremberga, Sinfónica Portuguesa, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Nacional do Porto, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra do Algarve, Remix Orquestra, Ensemble für Neue Musik, Arhus Sinfonietta, Filarmónica da Macedónia, Orquestra Filarmónica de Roma, Filarmonia Sudecka, Orquestra de Extremadura, Sinfónica de Liepaja, Plural Ensemble e Orquestra de Câmara da Rádio Romena. Apresentou-se na Europa, Ásia, Cabo Verde e América Latina com repertório que vai do barroco ao contemporâneo. Fez a estreia absoluta de mais de 80 obras, colaborando com a maioria dos compo­sitores portugueses contemporâneos. Dirigiu concertos com António Menezes, António Rosado, Branford Marsalis, Boris Berezovky, David Russell, Elisabete Matos, Gerardo Ribeiro, Mário Laginha, Ute Lemper, entre outros solistas, e trabalhou com os encenadores Luís Miguel Cintra e Terry Jones, entre ou­ tros. Paralelamente à sua atividade como maestro, tem sido professor em diversas escolas de música e na Universidade Cató­ lica. É maestro titular da OrchestrUtopica, e, desde dezembro de 2008, presidente da Metropolitana (Associação Música – Educação & Cultura) e diretor artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Orquestra Sinfónica Portuguesa Criada em 1993, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) é um dos corpos artísticos do Teatro Nacional de São Carlos e tem vindo a desenvolver uma atividade sinfónica própria, incluindo uma programação regular de concertos e participações em festivais de música nacionais e internacionais. Colabora regularmente com a Radiodifusão Portuguesa através da transmissão dos seus concertos pela Antena 2 e da participação em iniciativas como o Prémio Pedro de Freitas Branco para Jovens Chefes de Orquestra, Prémio Jovens Músicos-RDP e Tribuna Internacional de Jovens Intérpretes. No âmbito de outras colaborações, partici­ pou no concerto de encerramento do 47.º Festival Internacional de Música y Danza de Granada (1997); no concerto de Gala de Abertura da Feira do Livro de Frankfurt; no concerto de encerramento da Expo 98; no Festival de Música Contemporânea de Alicante (2000); e no Festival de Teatro Clássico de Mérida (2003). Trabalhou com prestigiados maestros, co­mo Rafael Frühbeck de Burgos, Alain Lombard, Nello Santi, Alberto Zedda, Harry Christophers, George Pehlivanian, Michel Plasson, Krzysztof Penderecki, Jeffrey Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros. A discografia da orquestra conta com dois CD para a etiqueta Marco Polo, com as Sinfonias n.º 1 e n.º 5, e n.º 3 e n.º 6, de Joly Braga Santos, as quais gravou sob a direção do seu primeiro maestro titular, Álvaro Cassuto, a quem se seguiu José Ramón Encinar (1999/2001) e Zoltán Peskó (2001/2004) no mesmo cargo. Donato Renzetti desempenhou funções de “primeiro maestro convidado” até à temporada 2006/2007. Direção Julia Jones Desde a temporada 2008/2009 do Teatro Nacional de São Carlos ocupa o lugar de maestro titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa. Nasceu em Inglaterra, e vem afirmando cada vez mais uma carreira de sucesso internacional com apresentações regulares nos principais teatros líricos da Europa. Os seus compromissos recentes incluem a direção musical de, entre outras obras, O Morcego, As Bodas de Fígaro e Kàtia Kabanová no São Carlos, Così fan tutte na Royal Opera House Covent Garden, The Damnation of Faust de Berlioz na Ópera de Frankfurt, Otello e Macbeth na Ópera Estatal de Hamburgo, Così fan tutte, Die Zauberflöte e La Bohème na Ópera Estatal de Viena, Aïda, Otello e Madama Butterfly na Staatsoper de Berlim e Lohengrin no Teatro Comunale de Florença, onde obteve grande êxito junto do público e da crítica. Entre 1998 e 2002 ocupou o cargo de maestro titular da Ópera de Basileia onde foi aclamada na direção musical das produções de Otello e Macbeth, de Verdi, Idomeneo de Mozart e Der Rosenkavalier de R. Strauss. Nas salas de concerto já dirigiu um vasto número de orquestras, incluindo a Orquestra da Rádio de Viena e a Sinfónicas de Montreal, a Scottish Chamber Orchestra, a Filarmónica de Estrasburgo e Orquestra Nacional de Bélgica, entre outras. Quarteto Brodsky Desde a sua formação, em 1972, o Quarteto Brodsky já se apresentou em mais de dois mil concertos em alguns dos mais importantes palcos do mundo e participou em mais de 50 CD. Uma curiosidade natural levou o grupo a explorar várias direções artísticas e continua a colocá-los não apenas entre os mais conceituados intérpretes de música de câmara, mas também como detentores de uma rica e variada existência musical. A energia e o talento de Daniel Rowland e Ian Belton no violino, Paul Cassidy na viola e Jacqueline Thomas no violoncelo atraíram já numerosas aclamações e pré­ mios. Por sua vez, a preocupação e dedicação ao trabalho educacional possibilita a partilha de experiências musicais e o contacto com as gerações mais novas. QUARTETO LOPES-GRAÇA Vencedor do Prémio Autores – RTP/SPA 2010, na categoria Melhor Trabalho de Música Erudita, com o CD Música Portuguesa para Um Quarteto, com obras de Fernando Lopes-Graça e António Victorino d’Almeida, este quarteto é constituído por músicos com notáveis carreiras solísticas e camerísticas com output especializado em música de câmara. Esteve presente nas edições da Festa da Música no Centro Cultural de Belém de 2005 e 2006 e nos Dias da Música em Belém em 2008; na Temporada Em Busca de Um Salão Perdido, no Salão Nobre do Conservatório; no Festival de Música de Paços de Brandão; no Centro de Artes de Belgais; no Teatro D. Maria II (por ocasião do aniversário de Lopes-Graça); no Festival de Évora (Música nos Claustros); e no primeiro aniversário do Centro Artístico de Braço de Prata. Foi recentemente contemplado com um subsídio da Direção-Geral das Artes (Ministério da Cultura), ao abrigo do qual realizou 12 concertos em vários pontos do país. Deslocou-se a Andorra, em dezembro último, com um programa vocacionado para a divulgação da cultura portuguesa naquele principado. Tem dedicado especial atenção às obras de compositores portugueses, con­tando já com uma dezena de obras, e pretende explorar gratificantes dinâmicas de criação/ recriação. QUARTETO PRAZAK O Quarteto foi criado durante os estudos dos seus vários membros no Conservatório de Praga. Desde então, tem atraído a aten­ ção, sobressaindo na tradição checa de quartetos pelo seu virtuosismo musical. Há mais de trinta anos que se apresenta por todo o mundo. São convidados regulares das mais importantes capitais europeias da música, como Praga, Paris, Amesterdão, Bruxelas, Milão, Madrid, Londres, Berlim e Munique, e foram convidados para inúmeros festivais internacionais, onde colaboraram com os artistas Menahem Pressler, Jon Nakamatsu, Cynthia Phelps, Roberto Diaz, Josef Suk e Sharon Kam, entre outros. Nos Estados Unidos da América e Canadá, o Quarteto Prazak tocou em Nova Iorque, Los Angeles, São Francisco, Dallas, Houston, Washington, Filadélfia, Miami, St. Louis, Nova Orleães, Berkeley, Cleveland, ­Tucson, Denver, Búfalo, Vancouver, Toronto e Montreal. A digressão de 2010/2011 levou-os a vinte cidades norte-americanas, acrescentando às anteriores Salt Lake City e Tulsa. O Quarteto Prazak grava exclusivamente para a Praga ⁄ Harmonia Mundi e, até à data, lançou mais de trinta CD premiados. Em 2010, Pavel Hula substituiu o primeiro violino fundador Vaclav Remes, impossibilitado de continuar a tocar devido a uma doença na mão esquerda. Pavel Hula foi, durante muitos anos, o primeiro violino do Kocian Quartet, sendo amigo de longa data do Quarteto Prazak. Quinteto à-vent-garde Fundado em Lisboa no ano de 2002 por Rui Borges Maia, Paulo Barros Areias, Ricar­ > 105 The Duke Ellington Orchestra Liderada por Paul Mercer Ellington, neto do lendário Duke Ellington, esta é uma das mais importantes bandas da história do jazz. Os seus espetáculos são eventos de alta energia, invocando a sofisticação, estilo e swing contagiantes de Duke Elling­ton. Duke sintetizou muitos dos elementos da música americana – a canção menestrel, o ragtime, o Tin Pan Alley, os blues e as dotações americanas da tradição musical europeia – num estilo consistente que, apesar de tecnicamente complexo, tem uma franqueza e simplicidade de expressão praticamente inexistente na música erudita do século XX. Paul Mercer Ellington, atualmente o maestro e bandleader da Duke Ellington Orchestra, é também compositor e produtor. Depois de estrear a sua primeira composição para a Big Band no Avery Fisher Hall, no Lincoln Center, recebeu uma enorme ovação do público. Trio Arriaga Considerados pela crítica especializada como uma referência da sua geração, Felipe Rodriguez, David Apellániz e Daniel Ligorio, membros do Trio Arriaga, são presença habitual em importantes festivais e teatros da Europa, Ásia e América. Formados em países como França, Inglaterra e Alemanha receberam durante a sua carreira sábios conselhos de prestigiados artistas como M. Vengerov, P. Zukermann, B. Canino, B. Greenhouse e M. Pressler (Trio Beaux Arts), F. Helmerson, N. Gutman e P. Farulli (Cuarteto Italiano), entre outros. Gravaram para prestigiadas editoras como a Naxos, a Sony, a Col Legno ou a Verso e, enquanto solistas, atuaram com as mais importantes orquestras de Espanha e outras internacionais, entre as quais a Orquestra Sinfónica Gulbenkian de Lisboa, Real Orquestra Sinfónica de Sevilha, Orquestra Sinfónica de Valência, Ensemble Orquestral de Lyon, Orquestra Nacional de Honduras, Orquestra de Câmara Leós Janáček, Orquestra de Barcelona e Nacio­ nal da Catalunha e Orquestra da Rádio Televisão Espanhola. A título individual, os três músicos foram laureados em diversos concursos nacionais e internacionais, como o Concurso Nacio­ nal Permanente de Juventudes Musicales de España, o Concurso Internacional Tibor Varga, o Concurso Internacional Joaquín Rodrigo, o Kendall Taylor Beethoven Prize, o Quilter Internacional Compatition, entre outros. Os seus próximos compromissos artísticos contam com participações nos festivais de Valladolid, San Sebastián e Puerto Rico (Festival Pablo Casals). Yogistragong Formado há dois anos na sequência do primeiro curso da escola de gamelão de Java na Fundação Oriente, Yogistragong é diri­gido por Elizabeth Davis e Tri Suhatmini. A intenção do grupo é divulgar a música tradicional da ilha de Java, investindo numa aproximação entre Portugal e a Indonésia através da fusão das duas culturas. Entre as atividades deste agrupamento destacam-se concertos promovidos em 2009 e 2010 na Fundação Oriente, incluindo o concerto inaugural de Festival de Cultura da Indonésia, em conjunto com o grupo de gamelão de Instituto Seni da Indonésia. Em novembro de 2009, Yogistragong participou num concerto inovador com a OrchestrUtopica no Centro Cultural de Belém. Direção Elizabeth Davis Licenciada pela Universidade de Nottin­ gham, onde estudou com James Blades e Alan Cumberland, estudou também na Hochschule de Hamburgo, sob a orientação de Robert Hinze. Licenciou-se ainda, e com distinção, em tímpanos e percussão na Royal Academy of Music (Londres). Foi timpanista da Orquestra Sinfónica do Porto, entre 1989 e 1993, e, desde então, é coordenadora do naipe de percussão da Orquestra Sinfónica Portuguesa. Destaque-se o papel que tem vindo a desempenhar na divulgação da música con­ temporânea nos países onde tem trabalha­ do (Inglaterra, França, Itália, Austrália e Portugal), executando obras encomendadas a compositores ingleses, australianos e portugueses. Atua regularmente dentro e fora de Portugal, destacando-se as participações no Festival Internacional de Darmstadt, onde foi intérprete premiada em 1987, e nos festivais de Música Contemporânea da Fundação Gulbenkian e do Porto 2001. Representou Portugal na World Orchestra for Peace, sob a direção de Valery Gergiev, no Royal Albert Hall. Traba­ lhou com as orquestras Sinfónica da BBC, de Câmara da Europa, do Convent Garden e, como solista, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Nacional do Porto e com a OrchestrUtopica. Colaborou com os agrupamentos Lontano, Koenig Ensemble e Sinfonietta. Fundou o Machinamundi, com a flautista Katherine Rawdon. A convite da Fundação Oriente e em con­ junto com a Embaixada da Indonésia estu­ dou gamelão em Yogyakarta, em Java no ano de 2007 e, consequentemente, lan­çou a primeira escola de gamelão em Portugal. Ana Maria Pinto Solistas 106 do Gama Henriques, Hélder Vales e Ricardo André Santos, cinco jovens instrumentistas oriundos de vários pontos do país, o Quinteto à-vent-garde formou-se na classe de música de câmara da Escola Superior de Música de Lisboa, orientados pelos pro­ fessores Olga Prats e Nuno Inácio, com os quais finalizou música de câmara com classificação máxima. Em maio de 2007, terminou uma especialização em música de câmara no Instituto Internacional de Música de Câmara de Madrid, no departamento de sopros dirigido pelos professores Jacques Zoon, Hänsjorg Schellenberger, Eduard Brunner, Radovan Vlatkovic e Klaus Thunemann, e realizaram master-classes com Maurice Bourgue, Jaime Martín, Karl Heinz Steffens e Hugh Seenan. Consequentemente, foram membros da Orquesta de Cámara de la Reina Sofia sob a direção de Ralph Gothoni, Hansjörg Schellenberger, Jesús Lopez Cóbos e Antoni Rós Marbá. O Quinteto à-vent-garde apresentou-se nas principais salas da Península Ibérica em concertos difundidos pela RDP ⁄ Antena 2 e pela TVE. Foram semifinalistas no 4.ème Concours International de Quintette à Vent Henri Tomasi, em Marselha, e premiados pela RDP nas edições de 2004 e 2005 do Prémio Jovens Músicos. Natural do Porto, iniciou os seus estudos de canto no Conservatório de Música da mesma cidade com a professora Palmira Troufa. Em 2001, é admitida na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, na classe do professor Rui Taveira, e em 2005 na Universität der Künste, em Berlim, onde estudou primeiro com o professor Robert Gambill e mais tarde com a professora Dagmar Schellenberger, com quem trabalha atualmente. Do seu repertório destacam-se os papéis de Susanna (Le nozze di Figaro), Elle (La voix humaine), Blanche de La Force (Dialogues des Carmélites), Musetta (La Bohème), Kumudha (A flowering tree de John Adams); e, em concerto, as obras Nelson Messe de J. Haydn, Ein deutsches Requiem de J. Brahms, Lobgesang de F. Mendelssohn, Scheherazade de M. Ravel, O Abismo e o Silêncio e Shyir de João Pedro Oliveira. Trabalhou com os maestros Marc Tardue, Cesário Costa, Ferreira Lobo, Pedro Neves, Fernando Eldoro, Errico Fresis, Lutz Köhler, Lawrence Foster, Joana Carneiro e Michel Corboz. Realizou diversos recitais líricos em Portugal, Espanha e Alemanha com os pianistas Cristóvão Luiz, David Santos, Nuno Vieira de Almeida e Ángel Gonsález. Em agosto de 2009 gravou canções de Fernando Lopes-Graça e Vianna da Motta com o pianista Nuno Vieira de Almeida. Foi bolseira da Fundação Walter-Kaminsky e da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2011, interpretará o papel principal da ópera Don Sanche de Franz Liszt, uma produção que terá lugar na Hungria, nas cidades de Miskolc e Budapeste, na Eslováquia, em Kosice, e na Alemanha, em Bayreuth. ANA QUINTANS Licenciada em escultura, estudou ainda na Escola de Música do Conservatório Nacio­ nal e no Flanders Operastudio em Gent. Iniciou-se profissionalmente em 2005 com Monteverdi e dedica ainda hoje a maioria > 107 108 do seu trabalho à música dos séculos XVII e XVIII. Nesse âmbito, cantou Poppea, Drusilla e Amore em L’Incoronazione di Poppea de Monteverdi; Argie em Les paladins de Rameau; Belinda em Dido and Aeneas e Second Witch em The Fairy Queen de Purcell; Musique em Les Plaisirs de Versailles de Marc-Antoine Charpentier; Spinalba de F. A. Almeida; Lisetta em Il Mondo della Luna de Avondano; Ismene em Antígono de Mazzoni; e Atalante em Serse de Handel. No domínio da ópera do século XX e contemporânea, cantou os papéis de Scoiatollo em Il scoiatollo in gamba de Nino Rota; Lion e Bird em Fables de Ned Rorem; Yasmin em Raphael, reviens! de Bernard Cavanna; e Nancy em Evil Machines de Luís Tinoco. Apresenta-se em recital com regularidade, tendo neste domínio completado a sua formação em master-classes com Graham Johnson, Sarah Walker e Tom Krause. Acompanhada por Hein Boterberg e José Brandão realizou vários recitais temáticos e, em junho de 2011, interpretará com o pianista português, na Ópera de Lille, uma seleção de poemas de Shakespeare com música de Purcell, Quilter, Berlioz, Haydn, Vaughan Williams, Britten, entre outros. Gravou Requiem de Fauré com a Sinfonia Varsóvia e Michel Corboz; Judicium Salomonis de Charpentier com LAF e William Christie; As Sementes do fado com Os Músicos do Tejo; e Kleine Musik com obras de Schutz e Ivan Moody, com Sete Lágrimas. António Rosado Tem uma carreira reconhecida nacional e internacionalmente, corolário do seu talento e do gosto pela diversidade, expressos num extenso repertório pianístico que integra obras de compositores tão dife­rentes como Georges Gershwin, Aaron Copland, Albéniz ou Liszt. Apresentou-se em palco, pela primeira vez, aos quatro anos de idade. Os estudos musicais iniciados com o pai tiveram continuidade no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, onde terminou o Curso Superior de Piano, com 20 valores. Aos dezasseis anos parte para Paris, onde vem a ser discípulo de Aldo Ciccolini no Conservatório Superior de Música e nos cursos de aperfeiçoamento em Siena e Biella (Itália). Em 1980, estreou-se em concerto com a Orchestre National de Toulouse, e desde essa data tem tocado com inúmeras orquestras internacionais e notáveis maestros como: Georg Alexander Albrecht, Moshe Atzmon, Franco Caracciolo, Pierre Dervaux, Arthur Fagen, Léon Fleischer, Silva Pereira, Claudio Scimone, David Stahl, Marc Tardue e Ronald Zollman. Também na música de câmara tem colaborado com os prestigiados músicos Aldo Ciccolini, Maurice Gendron, Margarita Zimermann, Gerardo Ribeiro ou Paulo Gaio Lima. Laureado pela Academia Internacional Maurice Ravel e pela Academia Internacional Perosi, António Rosado foi distinguido pelo Concurso Internacional Vianna da Motta e pelo Concurso Internacional Alfredo Casella de Nápoles. Em 2007 foi distinguido pelo Governo francês com o grau de Chevalier des Arts et des Lettres. O seu primeiro disco gravado na década de oitenta, em Paris, é dedicado a Enescu. Outros discos se seguiram, nomeadamente: as obras para piano de Vianna da Motta; um CD comemorativo dos 150 anos da passagem de Liszt por Lisboa; a Fantasia de Schumann; e a Sonata de Liszt. Com o violinista Gerardo Ribeiro gravou as Sonatas para piano e violino de Brahms; e com o pianista Artur Pizarro o disco intitulado Mozart in Norway. BERNARDO SASSETTI Começa a sua carreira profissional em 1987 com o Quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet. Participa em inúmeros festivais com os músicos Al Grey, John Stubblefield, Frank Lacy e Andy Sheppard, entre outros. Nos primeiros 15 anos de carreira apresenta-se por todo o mundo ao lado de Art Farmer, Freddie Hubbard, Paquito D´Rivera, Benny Golson, integrado na United Nations Orchestra e no quinteto de Guy Barker, entre outros. Como compositor, escreveu suites para piano e orquestra e para dois pianos e orquestra, entre muitas outras peças para pequenas formações. Das gravações editadas em seu nome registam-se as seguintes: Salssetti; Conrad Herwig + Trio Bernardo Sassetti – Live; Mundos; Nocturno (1.º Prémio Carlos Paredes); Mário Laginha/Bernardo Sassetti; Índigo, Livre; Grândolas (em duo com Mário Laginha); Ascent (1.º Prémio Carlos Paredes); banda sonora do filme Alice (2005); Unreal – Sidewalk Cartoon; banda sonora da peça de teatro Dúvida e 3 Pianos, em trio com Mário Laginha e Pedro Burmester; e Motion (2010). Como concertista, apresenta-se, atualmente, em piano solo, em trio com Carlos Barretto e Alexandre Frazão, em duo com o pianista Mário Laginha ou em trio de pianos com Mário Laginha e Pedro Burmester. Carlos Damas Nasceu em Coimbra. Com a idade de três anos entrou para o Conservatório Regional. Em Lisboa estudou violino com Vasco Brôco, Leonor Prado (aluna de Carl Flesch) e Ale­xandra Mendes. Estreou-se como solista aos quinze anos, acompanhado pela então Orquestra da Radiodifusão Portuguesa. Viveu em Paris, onde foi aluno de Jacqueline Lefèvre e do mestre Ivry Gitlis. Durante a sua estada na cidade manteve encontros regulares com Sir Yehudi Menhuin, que o orientou no plano artístico e violinístico. Fez a estreia em Paris do Concerto para violino do compositor português Luís de Freitas Branco. Em 1997 teve o privilégio de ser o único músico ocidental a ser convidado a participar no Quinto Festival de Artes da China. Carlos Damas tem-se apresentado nas mais importantes salas de concerto e festivais interna­ cionais, em recital, a solo com orquestra e em formações de música de câmara. O compositor Sérgio Azevedo dedicou-lhe as suas Sonatas para violino solo, bem como a peça Reflections on a Portuguese Lullaby, que teve a sua estreia em San José, nos Estados Unidos. O seu CD Modern Solo Violin Music, editado pela Dux Recordings de Varsóvia, mereceu os elogios da crítica especializada internacional. Assinou, entretanto, contrato com a editora Naxos e o primeiro CD sairá em 2011, com as Sonatas para violino e piano de Luís de Freitas Branco. Também em 2011 irá gravar em CD a obra de câmara de António Fragoso para a editora Brilliant Classics. Carlos Damas foi recentemente convidado para lecionar master-classes no Peabody Ins­ titute em Baltimore, conceituada universidade norte-americana, e para se apresentar em vários concertos no ano de 2011 em Washington D.C. Chen Halevi Considerado um dos clarinetistas de referência da atualidade, Chen Halevi tem interpretado com igual sucesso recitais, concertos ou música de câmara, num repertório que abrange vários períodos e estilos musicais. Como solista, colaborou com algumas das mais importantes orquestras da América, Europa e Japão, e com vários consagrados agrupamentos de música de câmara. Participa regularmente nos mais famosos festivais de música do mundo. É conhecido pela sua paixão pela música contemporânea, tendo tido o privilégio de interpretar várias peças a si dedicadas por eminentes autores do nosso tempo. Recentemente, na temporada de outono de 2010, interpretou Kraft, do finlandês Magnus Lindberg, com a New York Phi­ lharmonic. Doppelgaenger, o mais recente concerto para clarinete do compositor alemão Sven Ingo Koch, encomendado pelo Bayerischer Rundfunk é uma das aguardadas estreias que acontecerá em breve. Em 2007, fundou a ClaRecords com o obje­tivo de encomendar, produzir e gravar novos trabalhos de reconhecidos ou ­jovens promissores compositores da atualidade. A ClaRecords trabalha também com autores de outros géneros artísticos, procurando promover o diálogo entre as várias formas da arte do século XXI. Halevi dedica-se igualmente ao ensino, promovendo master-classes um pouco por todo o mundo e lecionando clarinete na Hochschule für Music Trossingen, na Alemanha. Dora Rodrigues Diplomou-se no Conservatório Calouste Gulbenkian, completou a licenciatura na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, no Porto, e prosseguiu os seus estudos em Itália. Atualmente estuda com Elisabete Matos, em Madrid, e também com Enza Ferrari. Estreou-se com o Círculo Portuense de Ópera. No Teatro de São Carlos, destacam-se as participações nas óperas Ariadne auf Naxos, que interpretou também em Modena e Ferrara, La Bohème, Così fan Tutte, L’Elisir d’Amore, Four Saint in Three Acts, a tetralogia Anel de Nibelungo, ­assim como em vários concertos integrados no âmbito das temporadas sinfónicas. Projetos recentes incluem a sua estreia na ópera D. Chisciotte de Manuel Garcia no Teatro de la Maestranza, em Sevilha. Na última temporada gravou com a Royal Liver­pool Philharmonic Il Segreto di Susanna, de Wolf-Ferrari. Apresentou-se com a Orquestra da União Europeia em Londres com Laurent Pillot, concerto gravado ao vivo pela etiqueta The Classical Recording Company. Foi também selecionada para participar no conceituado BBC Cardiff Singer of the World, onde se apresentou com a Welsh National Orchestra sob a direção de Paul Daniel. Trabalhou sob a direção musical de Dona­ to Renzetti, Emilio Pomarico, Ferreira Lobo, Cesário Costa, João Paulo Santos, Jonathan Webb, Marc Tardue, Michael Zilm e Laurence Foster, entre outros, e dire­ ção cénica de Graham Vick, Bob Wilson, João Lourenço, Luís Miguel Cintra, Tony Servillo, Mario Martone e Nuno Carinhas. Em 2003 cantou ao lado de Jose Carreras num tributo em sua homenagem realizado em Coimbra, sob a direção do maestro Ferreira Lobo. Em 2001 foi-lhe atribuído o Prémio Ribeiro da Fonte, pelo Ministério da Cultura. Edicson Ruiz Nasceu em Caracas em 1985. Aos 11 anos iniciou-se no contrabaixo. Desde então, teve como professores e mentores Felix Petit, Janne Saksala e ainda Klaus Stoll, da Academia da Orquestra Filarmónica de Berlim. Apenas com 15 anos, Edicson Ruiz foi o mais jovem vencedor de sempre do 1.º Prémio da Sociedade Internacional dos Contrabaixistas, em Indianápolis. Dois anos depois, integrou a secção de contrabaixos da Filarmónica de Berlim, tornando-se o mais jovem músico a integrar a orquestra. Tem também uma intensa atividade enquanto solista, apresentando-se frequentemente em recital ou acompanhando outras orquestras em diversas salas e conceituados festivais. Gravou transmissões ao vivo para a rádio e a televisão na Europa, na Venezuela e nos Estados Unidos. Integra ainda o Philharmonic’s Double Bass Sextet. Em 2002, o governo venezuelano honrou Edicson Ruiz com a “Orden José Felix ­Ribas” e, um ano depois, foi eleito um dos Junior Chamber International’s Ten Outs­ tanding Young Persons of Venezuela. Peças escritas especialmente para Edicson Ruiz e estreadas por ele incluem D K Son, de Efrain Oscher, e Concertos para Contrabaixo da autoria do venezuelano Paul Desenne e do mexicano Arturo Pantaleón. Eduarda Melo Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Recentemente foi galardoada com o 2.º Prémio no prestigiado Concurso Internacional de Canto de Toulouse. > 109 110 Em concerto, destacam-se as interpreta­ ções de Requiem de Mozart, Giuditta de Francisco António de Almeida, Pulci­ nella de Stravinsky e O King de Berio. Em ópera, foi Giannetta (Elisir d’Amore, Donizetti), Ruth (Paint Me, Luís Tinoco), Musetta (La Bohé­me, Puccini), Frasquita (Carmen, Bizet), Young Woman (The Saint of Bleecker Street, Menotti), Vincenette (Mireille, Gounod), Spinalba (La Spinalba, Francisco António de Almeida), Ascanio (Lo Frate Nnamorato, Pergolesi), Zemina (Die Feen, Wagner), Vespina (L’Infedeltà Delusa, ­Haydn), Elle (La Voix Humaine, Poulenc), Maria Luisa (La Belle de Cadix, Lopez), Cherubino (Bodas de Fígaro, Mozart), Gismonda (Ottone, Handel), Papageno (Flauta Mágica, Mozart), João Pestana e Fada do Orvalho (Casinha de Chocolate, Humperdinck), Madame Robin (Le Fifre enchanté, Offenbach), Vera (A Little Madness in the Spring, António Pinho Vargas), Pastora (A Montanha, Nuno Côrte-Real) e Rapaz de Bronze (Rapaz de Bronze, Nuno Côrte-Real). Foi dirigida pelos maestros Marc Min­ kowsky, Martin André, Cesário Costa, Ma­ nuel Ivo Cruz, Laurence Cummings, William Lacey, Jean-Sébastien Béreau, Franck Ollu, Jérémie Rhorer e Michael Zilm. Destacam-se, como compromissos futuros, os papéis Stefano, em Romeo et Juliette, de Gounod, e Nádia em La Veuve Joyeuse de Lehàr. Filipe Pinto-Ribeiro Nasceu em 1975 no Porto. É um dos músicos portugueses com maior prestígio internacional. Pianista laureado, apresenta-se assiduamente nas mais importantes salas de concerto e festivais em Portugal e no estrangeiro. As suas interpretações, profundamente emocionais e eruditas, são reconhecidas como ímpares pelo público e pela crítica especializada. Estudou no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo sob a orientação da professora L. Roschina, tendo concluído com a máxima classificação o doutoramento em perfor­ mance musical – piano. Gravou diversos CD que obtiveram excelente recetividade por parte do público e da crítica musical. Apresenta-se frequentemente a solo com diversas orquestras e maestros, como as orquestras filarmónicas da Eslováquia e da Arménia, a Orquestra Nacional do Porto, a Metropolitana de Lisboa, a Charlemagne Orchestra for Europe e a Orquestra de Câmara do Kremlin, sob a direção, entre outros, de J. Nelson, C. Olivieri-Munroe, M. Rachlevsky, L. Izquierdo, B. Van de Velde e M. Tardue. Tem-se apresentado em parceria com os músicos G. Caussé, J. Van Dam, P. Moraguès, A. Kniazev, C. Cerovsek, E. Nebolsin, G. Hoffmann e C. Poltéra, entre outros. É diretor artístico do DSCH – Schostakovich Ensemble, ensemble em residência no Centro Cultural de Belém. Orienta frequentemente master-classes e é professor de piano na Universidade Católica Portuguesa. Gary Hoffman Nasceu em Vancouver, no Canadá. Fez a sua estreia em recital, aos 15 anos, no Wigmore Hall de Londres. Com 22 anos tornou-se o mais jovem docente a ser nomeado na história da Indiana University School of Music, onde permaneceu oito anos. É frequentemente convidado para orientar master-classes. É um dos mais importantes violoncelistas da atualidade. Nas suas memoráveis interpretações alia à maestria instrumental a beleza do som e a sensibilidade poética. A sua projeção internacional acontece depois de ter sido o primeiro americano a ganhar o Concurso Internacional de Violoncelo Rostropovich de Paris, em 1986. Como solista, atuou com as principais orquestras do mundo, nomeadamente as de Chicago, Cleveland, Filadélfia, Londres, Montreal, Toronto e São Francisco, sob a direção dos afamados maestros A. ­Previn, C. Dutoit, J. Levine, K. Nagano, M. Rostropovich, A. Davis e H. Blomstedt. É frequentemente convidado por diversos quartetos de cordas, como o Emerson, Tóquio, Borromeo, Brentano e Ysaye, e é membro da Chamber Music Society do Lincoln Center. Em recital, já se apresentou nas principais salas mundiais, e é habitualmente convidado para tocar em importantes festivais, como os de Aspen, Bath, Helsínquia, Verbier, Schleswig-Holstein, San­ta Fé, Marlboro, o Festival Interna­ cional de Música de Mstislav Rostropovich em Evian, o Festival Casals em Prades ou o Mostly Mozart, entre outros. Gravou para a BMG (RCA), Sony, EMI e Le Chant du Monde. Atualmente, reside em Paris. Toca num violoncelo Nicolo Amati de 1662, instrumento que pertenceu a Leonard Rose. Gérard Caussé É considerado um dos grandes intérpretes dos nossos dias, sendo um dos poucos que, desde Primrose, conseguiu destacar a viola-d'arco como instrumento solista. Este reconhecimento é extensivo às gra­ vações que realizou, tanto do repertório solista como do repertório de câmara, recebendo grandes elogios da crítica musical internacional. Colabora regularmente com outros destacados músicos, como E. Krivine, C. Dutoit, K. Nagano, G. Kremer, M. J. Pires, A. Dumay e F. Duchable. Foi diretor artístico e maestro da Orquestra de Câmara Nacional de Toulouse, entre 2002 e 2004. Recentemente tocou com as seguintes orquestras: Orquestra Nacional de França, Filarmónica da Rádio France, Orquestra Nacional de Lille, Orquestra do Capitólio de Toulouse, Filarmónica de Montpellier, Orquestra de la Suisse Romande, Filarmónica do Luxemburgo e Orquestra Sinfónica de São Paulo, entre outras. Revelou-se internacionalmente du­ran­te os anos setenta, como membro fundador e viola solista do Ensemble Intercontemporain de Pierre Boulez. Desde então, destacou-se como intérprete do repertório contemporâneo, tendo-lhe sido dedicados mais de dez concertos. Percorreu também uma importante carreira como solista de concerto, com as mais prestigiadas orquestras mundiais, interpretando um extenso repertório, desde o Barroco, passando por Mozart, até Bruch, Berlioz, Bartók, Stravinsky, Britten, Walton e Martinů. Toca uma viola Gasparo de Salo de 1560 e é professor no Conservatório de Paris. A sua ampla discografia inclui mais de 35 gravações para a EMI, Erato, Philips, Teldec, Virgin Classics, Harmonia Mundi e Deutsche Grammophon. H. J. LIM Um dos segredos mais bem guardados da música coreana, H. J. Lim revelou-se na cena musical internacional em novembro de 2009, através da circulação no YouTube do seu recital no Stadtcasino de Basileia, que incluía a integral dos Etudes-Tableaux de Rachmaninoff e a integral dos Etudes de Chopin. Devido ao grande número de visitas, o vídeo serviu para a constatação de que, atualmente, o público de música clássica está muito presente online e, claramente, H. J. Lim conquistou-o. Esta pianista de 24 anos iniciou os seus estudos musicais com apenas três, sob a orientação de Jong-Sun Kim. O seu talen­ to foi rapidamente reconhecido e aos 12 anos, H. J. Lim mudou-se para França, onde veio a diplomar-se com distinção no Conservatoire National Région de Compiègne, vencendo o 1.º prémio da classe de Marc Hoppeler. Em agosto de 2010, em Paris, H. J. Lim apresentou a integral das sonatas para piano de Beethoven durante oito dias consecutivos, em 2011 regressou à Coreia do Sul para a sua aguardada estreia em recital no prestigiado Centro de Artes de Seul. Apresenta-se também esta temporada em importantes salas e festivais internacionais, como o Stadtcasino de Basileia, a Sala Verdi em Milão, o Festival de Moulin d’Andé, o Festival Schloss Mirabell em Salzburgo, o Festival Europeu de Música Clássica em Nápoles, o Festival Bayreuth Easter, o Festival De Rode Pomp em Gent e o Festival Kamermuziek em Houtland. Isabel Alcobia Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, na classe da cantora Filomena Amaro e posteriormente, como bolseira do Governo espanhol, na Escola Superior de Canto de Madrid onde concluiu o Curso Superior de Canto na classe de Marimi Del Pozo, em 1994. Ainda nesse ano seguiu para os Estados Unidos da América onde concluiu, como bolseira do Ministério da Cultura, o mestrado em Canto na Universidade de Cincinnati, em 1996, com Barbara Honn. Frequentou diversos cursos de aperfeiçoamento e interpretação em Portugal e no estrangeiro, tendo trabalhado com Helmut Lips, Isabel Penagos, Helena Lazarska e Gundula Janowitz. Tem desenvolvido intensa atividade solística em Portugal, Espanha e EUA, e também pelo Oriente, tendo já atuado com o Coro e Orquestra da Capella Real de Madrid, o Coro e a Orquestra Gulbenkian, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Coro Regina Coeli de Lisboa, o Chamber Choir de Cincinnati, a Cincinnati Philarmonia Orquestra e a Cincinnati Concert Orquestra, a Orquestra da Juventude Musical Portuguesa, a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e a Orquestra Filarmonia das Beiras. Na ópera são de destacar as interpretações de Euridice (Orfeo), Pamina (A Flauta Mágica), Musetta (La Bohème), Giannetta (O Elixir do Amor), Julieta (Romeu e Julieta), Gilda (Rigoletto) e Isabel (Floresta de Eurico Carrapatoso). Obteve diversos prémios em concursos de canto, sendo de salientar o 1.º Prémio no concurso de canto em Cleveland International Einsteddfod (Inglaterra), e ainda no concurso Three Arts scholarship, em Cincinnati (EUA). É professora de Canto no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. jack liebeck Em 2002, Jack Liebeck estreou-se em reci­ tal no Wigmore Hall com lotação esgotada. Apresentou-se em muitos dos mais importantes festivais, como o Harrogate, Reims e Spoleto. Em 2009 assinou um contrato de exclusividade com a editora SONY Classical, e o seu último disco com a integral das sonatas de Brahms foi lançado em julho de 2010 e foi muito aclamado pelos críticos. Foi nomeado para os Classical BRITS 2010 como “Young British Performer of the Year”. Das suas recentes atuações destacamos o Concerto de Dvořák com a Queensland Symphony Orchestra, o Concerto de Sibelius, Poème de Chausson e Introduction and rondo capriccioso de Saint-Saëns, com a BBC National Orchestra of Wales, e dois concertos de música de câmara com Brett Dean no Wigmore Hall. Em breve pode ser ouvido no Concerto de Bruch com a London Philharmonic Orchestra. É professor de violino na Royal Academy of Music e também diretor artístico do Oxford May Music Festival. Toca no violino “ExWi­lhelmj” de J. B. Guadagnini de 1785. Jan Lisiecki Aclamado mundialmente pela crítica, o canadiano Jan Lisiecki é, aos 15 anos, uma das mais surpreendentes revelações da música da atualidade. A sua estreia com orquestra aconteceu quando tinha apenas nove anos e, desde então, atuou mais de cinquenta vezes com orquestras de todo o mundo, em salas como o Carnegie Hall, o Warsaw Philharmonic Concert Hall, o Seoul Arts Centre e a Salle Cortot. Partilhou o palco com intérpretes consagrados como Yo-Yo Ma, Pinchas Zukerman, James Ehnes e Emanuel Ax. O seu CD de estreia, uma gravação de duas apresentações ao vivo dos concertos de Chopin com a Sinfonia Varsóvia e Howard Shelley, foi lançado em 2010 e venceu o prestigiado Diapason d’Or Découverte. Outros prémios incluem o Grand Award na Canadian Music Competitions e no Canadian Music Festival, ambos em 2008, o prémio Révélations Radio-Canada > 111 Musique em 2010 e Jeune Artiste des Radios Francophones em 2011. Saiu igualmente vencedor noutras competições nos Estados Unidos, Itália, Inglaterra e Japão. Futuros compromissos incluem apresentações no prestigiado Verbier Festival, o concerto de abertura da temporada da Orchestre de Paris, sob a direção de Paavo Järvi, e recitais que constituirão a sua estreia em diversas cidades europeias. Lisiecki assinou recentemente pela prestigiada editora com a Deutsche Grammophon. JAVIER PERIANES 112 Nasceu em Nerva, Huelva, em 1978. O jovem pianista apresentou-se já em con­ ceitua­dos festivais e salas de concerto, como os festivais de Santander, Granada, Canárias, Peralada e San Sebastián, o Auditório Nacional de Madrid, o Palau de la Música de Barcelona, o Palau de les Arts Reina Sofía, o Carnegie Hall em Nova Iorque, o Concertgebouw em Amesterdão, os conservatórios de Moscovo e Xangai, os festivais internacionais de Ravinia e Gilmore em Chicago, o Festival de La Roque D’Anthéron e o Konzerthaus de Berlim Perianes trabalhou sob a direção de consagrados maestros como Daniel Barenboim, Rafael Frühbeck de Burgos, Daniel Har­ding, Jesús López Cobos, Lorin Maazel, Libor Pešek Vasili Petrenko, Josep Pons e Antoni Wit, entre outros. Compromissos recentes e futuros incluem concertos com orquestras espanholas e internacionais, entre elas a Joven Orquesta Simón Bolívar da Venezuela, sob a batuta de Rafael Frühbeck de Burgos e Diego Matheuz, a Orquestra de la Comunitat Valenciana com Zubin Mehta, e a BBC Symphony com Josep Pons. As suas mais recentes gravações incluem Música Callada de Mompou, Impromptu e Klavierstücke de Schubert e as sonatas de Manuel Blasco de Nebra. Jill Lawson Nasceu no México em 1974. Aos oito anos iniciou os seus estudos de piano na Academia de Música de Antuérpia. Diplomou-se em 1995 com Magna cum Laude em piano e música da câmara no Conservatório Real de Antuérpia, na classe de Levente Kende. Em 1992, foi aceite na prestigiosa escola Chapelle Musicale Reine Elisabeth em Waterloo (Bruxelas) e após três anos foi premiada com grande distinção. Continuou os seus estudos com Jan Wijn no Conservatório de Amesterdão e com Leon Fleisher e Ellen Mack no Peabody Institute em Baltimore, onde, em 2004, obteve o mestrado de Música em piano e música de câmara. Foi distinguida com vários prémios em competições nacionais e internacionais, como por exemplo o 2.º Prémio no Concurso Internacional Vianna da Motta (1997), o 4.º Prémio no Concurso Internacional Schubert (Dortmund, 2001), 1.º Prémio no Concurso Cidade de Covilhã (2001) e 2.º Prémio no Concurso de Interpretação (Estoril, 2001). Apresenta-se frequentemente em recitais a solo ou, como solista, com numerosos agrupamentos de câmara e orquestras, na Europa e nos EUA, ou ainda acompanhando cantores. Colabora frequentemente com a Academia Nacional Superior de Orquestra – Metropolitana. Joana Gama Nasceu em Braga, onde iniciou os seus estudos musicais. Licenciou-se em 2005 na Escola Superior de Música de Lisboa e concluiu, em 2010, o mestrado em interpretação na Universidade de Évora, sob a orientação de António Rosado. Foi galardoada no Prémio Jovens Músicos nas categorias de piano, acompanhamento ao piano e música de câmara. Tem colaborado com os agrupamentos portugueses Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, Lisbon Ensemble 20/21, OrchestrUtopica e Sond’Ar‑te Electric Ensemble. Apresentou‑se em concerto em Espanha, França, Inglaterra, Escócia, Bulgária, Noruega e Japão, e em salas portuguesas como o Teatro São Luiz, Museu do Oriente, Casa da Música ou Theatro Circo. Tocou a solo no festival Música Portuguesa Hoje (2008); e nos Dias da Música em Belém (2010) no CCB. Foi a pianista escolhida para representar Portugal no projeto Music Masters on Air, que envolve a música de Franz Liszt, e na estreia de obras para piano de vários compositores europeus no Festival do Estoril (2011). O seu gosto por projetos multidisciplinares levou-a a participar em Antropia, documentário de Eduardo Brito, Danza Ricercata, com a coreógrafa Tânia Carvalho e Benny Hall, peça de teatro de Esticalimógama. João Merino Licenciou-se na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, classe de Oliveira Lopes, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Eng. António de Almeida, que distingue os melhores alunos finalistas das universidades artísticas portuenses. Aperfeiçoou técnicas com o tenor Francisco Lázaro, em Barcelona, e com João Lourenço, em Lisboa. Apresentou-se nas óperas: Cosi fan tutte, Bodas de Fígaro, D. Giovanni e Flauta Mágica, de Mozart; Barbeiro de Sevilha e La occasione fa il ladro, de Rossini; La Traviata e Rigoletto, de Verdi; Tosca e Gianni Schichi, de Puccini; e Maria de Buenos Aires, de Piazzolla, entre outras. Como ator, foi D. Alonso em D. João, de Molière, numa encenação de Ricardo Pais. Em concerto, interpretou obras como Messias de Handel; Magnificat e Weina­ chtoratorium de Bach; Criação de Haydn; Missas e Requiem de Mozart; 9.ª Sinfonia de Beethoven; Stabat Mater de G. Rossini; Requiem de Fauré; e Carmina Burana de C. Orff. Apresentou-se em Portugal, Espanha e Itália sob a direção dos consagrados maestros Cesário Costa, F. Totan, Giovanni Andreoli, Gregor Bühl, H. Dyck, Ivo Cruz, Jean Marc Burfin, J. P. Santos, Johannes Stert, J. F. Lobo, Julia Jones, J. Lombana, Lothar Koenigs, Martin Andre, Michail Ju- rowski, Miguel Ortega, Rui Massena, Omri Hadari, Toby Hoffman e Xaver Poncette. Em cena, teve como encenadores André e. Teodósio, C. Avilez, C. Gruber, C. von Götz, E. Saggi, N. Graça-Silvestre, Nuno M. Cardoso, Paulo Matos, P. Konwitschny, R. Carsen e T. Coleman. João Rodrigues Nasceu em Lisboa. Estudou canto na Escola de Música do Conservatório Nacional com Filomena Amaro e na Escola Superior de Música de Lisboa com Luís Madureira, Helena Pina Manique e Elsa Saque. Integrou os elencos de Porgy and Bess de Gershwin, Die Meistersinger von Nürnberg e Parsifal de Wagner e Salome de Strauss, no Teatro de São Carlos, Le Vin Herbè de F. Martin no Teatro Aberto, Il Matrimonio Segreto de Cimarosa, Così fan Tutte de Mozart, Die Zauberflöte de Mozart, Raphael, reviens! de B. Cavanna, na Fundação Calouste Gulbenkian, Susana de A. Keil, A Floresta de Eurico Carrapatoso no Teatro São Luiz, A Vingança da Cigana de Leal Moreira, Francesca da Rimini de Rachmaninoff, Bataclan de Offenbach, Jerusalém de Vasco Mendonça e Paint Me de L. Tinoco na Culturgest. Cantou com as orquestras da Juventude Musical Portuguesa, Conservatório da Covilhã, Gulbenkian, das câmaras de Cascais e Oeiras, Sinfonietta de Lisboa, Filarmonia das Beiras, Sinfónica Portuguesa, Metropolitana de Lisboa e do Algarve. Cantou em estreia absoluta O Meu Poe­ mário Infantil de Eurico Carrapatoso, concerto com transmissão direta para a União Europeia de Rádios, e Oratória Popular de Nuno Côrte-Real. No Teatro São Luiz, rea­ lizou um recital integrado no Ciclo Novos Cantores com o pianista Nuno Vieira de Almeida. Participou ainda no concerto final da temporada 2007/2008 do Teatro de São Carlos, na 1.ª edição do Festival ao Largo, sob a direção do maestro David Levi. Trabalha regularmente com João Lourenço. JOÃO VASCO Professor de piano no Conservatório Nacional, divide-se entre o ensino e os palcos. Atuou em Espanha, França e Irlanda e apresentou-se também, a solo ou em agrupamentos de câmara, em salas como o CCB, a Gulbenkian, a Culturgest ou o Teatro D. Maria II. Fundador da Associação Novo Círculo de Cultura Musical e do projeto O Guardador de Canções (estreado no CCB, na edição de 2010 dos Dias da Música em Belém), dedica especial atenção à divulgação da música portuguesa e ao Lied, tendo, neste âmbito, colaborado com os cantores Rui Baeta, Luís Madureira, Job Tomé, Alexandra Moura, entre outros. Em outubro de 2010 apresentou o CD AlémFado, uma compilação de fados com arranjos para piano solo por compositores do jazz e da música clássica como Mário Laginha, Vasco Mendonça ou João Madureira. Em 2011 apresentará mais dois trabalhos discográficos: Poème Inachevée, com a soprano Alexandra Moura; e 20 Fingers – De Mozart a Chico Buarque, projeto de piano a quatro mãos com Eduardo Jordão. É licenciado pela Escola Superior de Música de Lisboa e mestre em Artes Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. Jorge Moyano Nasceu em 1951. Iniciou os seus estudos musicais na Fundação Musical dos Amigos das Crianças. Em 1968, concluiu o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, na classe de Maria Cristina Lino Pimentel, tendo posteriormente frequentado vários cursos de aperfeiçoamento sob a orientação de mestres como Helena Moreira de Sá e Costa, Karl Engel, Claude Helfer, entre outros. Entretanto, em 1974 terminou o curso de Engenharia Civil, e somente em 1975, ano em que entrou para o conservatório como professor de piano, passou a dedicar-se exclusivamente à música. Detentor de diversos prémios nacionais, exerce atualmente funções docentes na Escola Superior de Música de Lisboa, e mantém simultaneamente atividade como concertista. Nessa qualidade, podem refe­ rir-se as suas participações nas temporadas de concertos da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro Cultural de Belém, e ainda em diversos festivais: Sintra, Algarve, Macau, Galiza, La Roque Anthéron, entre muitos outros. Participou regularmente na Folle Journée em Nantes e em Tóquio e na Festa da Música em Lisboa. Apresentou-se em concerto em vários países como Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Jugoslávia, Canadá, Tunísia. Tem atuado com variadas orquestras, entre as quais se destacam a Sinfónica Portuguesa, Nacional do Porto, Gulbenkian, Metropolitana de Lisboa, Sinfónica de Tóquio, Orquestra de Câmara da Comunidade Europeia, Ensemble Música Viva e Virtuosi di Kuhmo. É convidado como membro do júri de concursos nacionais, tendo igualmente integrado os júris dos concursos internacio­ nais Vian­na da Motta, Cidade do Porto e Jovens Músicos da Comunidade Europeia. Editou um CD com obras de Schumann. José Brandão Nasceu no Porto. Fez os seus estudos de piano sob a orientação de Helena Sá e Costa. Diplomado, em 1986, pelo Conser­ vatório da mesma cidade, foi ainda nesse ano premiado com o 2.º lugar, ex-æquo, no Concurso Nacional de Piano da Juventude Musical Portuguesa. Licenciou-se em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. Na Guildhall School of Music and Drama, realizou o curso de pós-graduação em acompanhamento ao piano, tendo-lhe sido atribuídos os prémios para melhor pianista acompanhador nos concursos John Ireland’95 e Schubert Lieder’96. Naquela escola estudou com Graham Johnson, complementando o seu aperfeiçoamento em acompanhamento vocal em cursos com Paul Hamburger, Martin > 113 Katz e Ruben Lifschitz. Foi-lhe conferido o grau de Mestre em Música (piano/música de câmara) pela Universidade de Aveiro, com uma dissertação sobre as canções de Filipe de Sousa. É professor na Escola de Música do Conservatório Nacional, exercendo ainda funções docentes na Escola Superior de Música de Lisboa. Esta temporada apresenta-se com a soprano Ana Quintans na Ópera de Lille, num recital dedicado a Shakespeare. Juan Garcia Collazos 114 Nasceu em Saragoça. Discípulo de Paul Badura-Skoda, iniciou a sua formação musical aos onze anos de idade com Maria Ángeles Balestín. Ingressou posteriormente no Conservatório Superior de Música de Saragoça, onde concluiu os estudos de composição, música de câmara e piano. Prosseguiu os estudos de piano e pianoforte no Conservatório Sweelinck de Amesterdão, na qualidade de bolseiro. Estudou piano e música de câmara na Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos da América. Frequentou cursos de aperfeiçoamento com Dominique Merlet, Stanislav Pochekin, Stephen Proustman, Almudena Cano, Ferenc Rados, Lazar Berman, Miguel Zanetti e Edelmiro Arnaltes, entre outros. Regressou a Espanha para se aperfeiçoar com Olga Semouchina, que o acompanha desde 2000 e que o marcou como músico. Apresenta-se regularmente a solo e com orquestra, como membro de grupos de câmara e acompanhando cantores, tendo atuado em várias cidades de Espanha, Portugal, Estados Unidos, Suíça, Holanda, República Dominicana e Argélia. Interpreta um largo repertório que se estende do período Barroco até aos nossos dias, tendo participado em estreias absolutas de obras contemporâneas. Atualmente é responsável pelo departamento de piano no Conservatório Profissional de Música de Teruel, em Espanha. KARIN LECHNER Nasceu em Buenos Aires. Passou grande parte da sua juventude em Caracas, na Venezuela, onde iniciou os estudos musi­ cais com a sua mãe, Lyl Tiempo. Aos cinco anos fazia a sua primeira apresentação pública e aos onze estreava-se com orques­tra. Mudou-se entretanto para a Europa, onde prosseguiu os seus estudos com Maria Curcio e Pierre Sancan, tendo recebido ainda aconselhamento musical de Martha Argerich, Nelson Freire, Daniel Barenboim, Nikita Magaloff e Rafael Orozco. Já com 13 anos, Karin Lechner apresentou-se em Washington e, na mesma tem­porada, no concerto de abertura do Holland Festival na famosa sala Concertgebouw com a Amsterdam Philharmonic. Desde então, a sua carreira internacional intensificou-se, tendo marcado presença em diversas salas europeias, bem como nos Estados Unidos, Argentina, Venezuela, Brasil, México, Uruguai e Japão. Ao longo da sua carreira, colaborou com outros prestigiados intérpretes de música de câmara, como Micha Maiski, Martha Argerich, Janos Starker e Barbara Hendricks, e apresenta-se regularmente a quatro mãos com o seu irmão, Sérgio Tiempo, com quem gravou já diversos álbuns. Aos 13 anos, gravou pela primeira vez para a EMI obras de Bach, Schumann e Chopin. Desde então já gravou diversos álbuns que incluem obras de Beethoven, Mozart, Schumann, Ravel e Brahms. Louis Lortie Pianista franco-canadiano aclamado na Europa, Ásia e Estados Unidos, estudou em Montreal com Yvonne Hubert, em Viena com o especialista em Beethoven Dieter Weber e com Leon Fleisher, entre outros. Estreou-se com a Montréal Symphony com apenas 13 anos, apresentando-se com a Toronto Symphony três anos depois. Em 1984 ganhou o primeiro prémio na Busoni Competition e foi também laureado na Leeds Competition. Apresentou as obras completas de Ravel em Londres e em Montreal para a BBC e a CBC e é também conhecido pelas suas interpretações de Chopin. A sua identificação com as obras de Beethoven consolidou-se com a apresentação da integral das suas sonatas para piano no Wigmore Hall de Londres, no Toronto’s Ford Center, na Berliner Philharmonie e na Sala Grande do Conservatório Giuseppe Verdi em Milão. O jornal Die Welt descreveu as suas apresentações em Berlim como “possivelmente o melhor Beethoven desde os tempos de Wilhelm Kempff”. Na sua Montreal natal, como pianista e também como maestro, interpretou os cinco concertos para piano de Beethoven e a integral de concertos para piano e orquestra de Mozart com a Orquestra Sinfónica de Montreal. Lortie fez mais de 30 gravações para a etiqueta Chandos, cobrindo o repertório desde Mozart a Stravinsky. A sua gravação das Variações Eroica de Beethoven venceu o prémio holandês Edison, em 1991, e o seu CD com obras de Schumann (incluindo Bunte Blätter) e Brahms foi considerado um dos melhores do ano pela BBC Music Magazine. Luís Rodrigues Barítono. Estudou no Conservatório Nacional com José Carlos Xavier e na Escola Superior de Música de Lisboa com Helena Pina Manique. Cantou os papéis de Harlekin (Ariadne auf Naxos), Ping (Turandot), Figaro (Il barbiere di Siviglia) e Guglielmo (Così fan tutte) no Teatro Nacional de São Carlos; Papageno (Die Zauberflöte) e Sumo-Sacerdote (Samson et Dalila – versão de concerto) na Fundação Calouste Gulbenkian; Mr. Gedge (Albert Herring) e Eduard (Neues vom Tage) no Teatro Aberto; Semicúpio (Guerras do Alecrim e Manjerona) no Acarte, Teatro da Trindade e Teatro Nacional D. Maria II (Prémio Bordalo de Imprensa 2000 para Música Erudita); Marcello (La Bohème) com o CPO e a ONP no Coliseu do Porto, e com o São Carlos no CAE da Figueira da Foz; Tom (The English Cat) com a Cornucópia e a ONP no Rivoli e São Carlos; Guarda-Flores­ tal (A Raposinha Matreira) com a Casa da Música no Rivoli; Yoshio (Hanjo) com o São Carlos na Culturgest; Giorgio Germont (La Traviata), o papel titular de Don Giovanni e Iago (Otello) com a Orquestra do Norte; e Belcore (L’elisir d’amore), Figaro (Il barbiere di Siviglia) e Escamillo (Carmen) com a EVI e a ON. Mais recentemente foi Arsénio em La Spinalba e Marcaniello em Lo frate ‘Nnamorato no CCB, com Os Músicos do Tejo. Participou na estreia das óperas Outro Fim, de António Pinho Vargas, e Jerusa­ lém, de Vasco Mendonça, na Culturgest. Intérprete de reconhecida versatilidade, Luís Rodrigues apresenta-se também regularmente em concerto e oratória ou em recitais de música de câmara. Luísa Tender Toca piano desde os quatro anos e fez a sua formação base no Conservatório de Música do Porto e na Escola Superior de Música das Artes do Espetáculo do Porto. No final do curso, em 1997, viajou para os Estados Unidos onde estudou com Vitalij Margulis, sendo-lhe atribuída uma bolsa de estudo da Universidade da Califórnia. Voltou à Europa em 2000, onde esteve dois anos no Royal College of Music, em Londres. Em 2002 e 2003 recebeu aulas de piano de Artur Pizarro em Brighton, no Reino Unido, e em 2004 obteve, após concurso eliminatório de execução instrumental, o Diplôme Superieur d´Exécution da École Normale de Musique de Paris, onde foi aluna de Marian Ribycki. Atualmente a lecionar em regime de exclusividade na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, Luísa Tender continua em permanente formação. A sua aposta numa formação internacional e variada prende-se, sobretudo, com a vontade de atingir um nível de competência muito elevado. Bach and Forward foi o seu primeiro CD. Lançado em fevereiro de 2009, gravado no Royal College of Music, em Londres, ­inclui interpretações de obras de J. S. Bach, F. Schubert e C. Debussy. No final de 2009 lançou Página Esquecida, em dueto com o violoncelista Bruno Borralhinho, editado pela Dreyer & Gaido (Berlim). Marcelo Nisinman Nasceu em Buenos Aires, em 1970. Estudou bandoneon com Julio Pane e composição com Guillermo Graetzer em Buenos Aires e Detlev Müller-Siemens em Basileia. É convidado com regularidade para colaborar com os mais consagrados músicos, agrupamentos e orquestras. Tocou, entre outros, com Gidon Kramer, Gary Burton, Fernando Suarez Paz, Assad Brothers, a Philadelphia Orchestra dirigida por Charles Dutoit, a WDR Big Band dirigida por Vince Mendoza, a Arpeggione Chamber Orchestra e a Philharmonic Orchestra of Belgrad. As suas composições caracterizam-se pela originalidade, partindo das suas origens em Buenos Aires, são também ricas em novas formas e técnicas, criando um estilo muito pessoal que quebra as regras da chamada “Musica Porteña”. Em 2008 Marcelo Nisinman foi compositor em residência no Festival de Música de Câmara de Oxford e, desde então, tem sido convidado para participar, enquanto compositor ou intérprete, em vários festivais, incluindo o Festival de Música de Câmara de Kuhmo, na Finlândia, e o Sonoro Festival, em Bucareste. Nisinman compôs também alguns traba­ lhos vocais, entre os quais se destacam Desvios (2009), com texto de Carlos Trafic, e a sua Nova Versão de Maria de Buenos Aires (2010), ambos lançados pela Acqua Records. O seu trabalho Tango foi gravado pelo agrupamento contemporâneo dina­ marquês Tango Orkestret. Mário Laginha Com uma carreira com mais de 20 anos, Mário Laginha encontrou na sólida formação clássica as ferramentas para evoluir como intérprete e compositor, desenvolvendo uma identidade própria. É isso que lhe permite escrever para formações tão diversas como a Big Band da Rádio de Hamburgo, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Filarmónica de Hanôver, o Remix Ensemble, o Drumming – Grupo de Percussão e a Orquestra Nacional do Porto. A sua carreira tem sido construída ao lado de outros músicos, de forma constante e intensa, e com raras exceções (o primeiro disco a solo, Canções e Fugas, foi editado apenas em 2006). O seu duo com Maria João resulta num dos casos mais consistentes e originais da música portuguesa, com dez discos gravados e a participação nos mais importantes festivais de jazz do mundo. Com Bernardo Sassetti partilha o mesmo instrumento, formação pouco frequente na área do jazz. Com muito em comum, e também com acentuadas diferenças, conseguem um equilíbrio invulgar. Juntaram-se pela primeira vez em 1998 e gravaram desde então dois álbuns. Pedro Burmester (com quem tem um disco gravado) tem sido a sua principal ponte com a música clássica, desde finais dos anos oitenta. Em trio com o Bernardo Moreira e Alexandre Frazão, talvez a sua formação mais próxima do jazz, gravou os CD Espaço e Mongrel. Com grande criatividade, enorme solidez rítmica e imensa riqueza harmónica e melódica, tem estado ao lado de músicos excecionais, como Wolfgang Muthspiel, Trilok Gurtu, Gilberto Gil, Lenine, Armando Marçal, Ralph Towner, Manu Katché, Howard Johnson e Django Bates, entre outros. Mário Redondo Nasceu em Lisboa, em 1971. Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito de Lis­boa. Completou o curso de Formação de Atores na Escola Superior de Teatro e Cine­ma, e frequentou o Curso de Canto do Conservatório Nacional. Apresentou-se, como cantor ou ator, em várias salas de espetáculo nacionais e internacionais. Na área da ópera, destacam-se as suas criações de Geronimo em O Matrimónio Secreto de D. Cimarosa; Sid em Albert > 115 116 Herring de B. Britten; Sam em Trouble in Tahiti de Bernstein; Roberto em Os Fugitivos de J. E. Rocha; Lockit em Beggar’s Opera de Gay/Britten; Ivan Iakovlevitch em O Nariz de Schostakovich; Conde em As Bodas de Fígaro de Mozart; Angelotti em Tosca de Pucinni; e D. Fernando em Fidelio de Beethoven. Mantém ainda uma atividade regular de concerto e recital, destacando-se Swing, Dig The Rhythm, com música de L. Berns­ tein; Histórias Americanas – A Música de Leonard Bernstein; Missa em Si menor, de Bach; e Night Waltz – a música de Paul Bowles. Na área do teatro, destacam-se os espetáculos O Rapaz de Papel; O Último Tango de Fermat; Ópera de Três Vinténs, no papel de Mack da Naifa; Os Sonhos de Eins­ tein, no papel de Einstein; Sweeney Todd, no papel de Sweeney Todd; Evil Machines; O Misantropo; O Príncipe de Homburgo; e Ensaio Aberto. Em 2008 foi nomeado para o Globo de Ouro de Melhor Ator de Teatro pelo seu trabalho em Sweeney Todd. MARTA ZABALETA Nasceu em Legazpia (Guipúscoa). Iniciou os seus estudos musicais com A. Rodrí­guez, trabalhando depois no Conservatório de São Sebastião com J. A. Medina. Estudou com D. Merlet no Conservatório de Paris e com D. Bashkirov, A. Pouvsun e G. Eguiazarova na Escola Superior de Música Reina Sofia. Especializou-se em reper­tório espanhol com Alicia de Larrocha e T. Montenys, na Academia Marshall de Barcelona. Foi galardoada em prestigiados concursos internacionais como o Paloma O’Shea de Santander, Chopin de Darms­tadt e Pilar Bayona de Saragoça. Colabora assiduamente com as orquestras Sinfónica da Galiza, Extremadura, Euskadi, RTVE, Valência, Bilbau, English Chamber Orchestra, Sinfónica de Berlim, Sinfónica de Londres, Granada, Comunidad de Madrid, Castela e Leão, Krefeld, sob a direção dos maestros Sir Colin Davis, S. Comissiona, L. Pfaff, G. Chmura, Harry Christophers, C. Mandeal, G. Varga, J. Bell, S. Bereau, M. Venzago, G. Pehlivanian, G. I. Ramos, M. Bragado, J. J. Mena e C. Wilkins. Colaborou com os quartetos Enesco e Ysaye, Alternance, Projecto Gerhard, e trabalha regularmente com o violoncelista Asier Polo, com quem debutou no Carnegie Hall de Nova Iorque. Estreou o Concerto para piano e orquestra Hitzaurre-bi de R. Lazkano no Festival de Estrasburgo e o Libro para piano de F. G. Pastor no Festival Internacional de Santander. Gravou dois CD com a obra para piano solo de Rodrigo (EMI – Catálogo Internacional), um CD (Claves) com o Concerto Basco de Escudero, um CD (RTVE) com o Concerto para dois pianos e orquestra de M. Pompey, e um com o violoncelista Asier Pólo para o BBK. É professora no Centro Superior de Música do País Basco, Musikene. Martin Simpson Nasceu em Scunthorpe, Inglaterra, em 1952. Mudou-se para os EUA no final da década de 1980, depois de já ter vários discos editados a solo desde o início dos anos 1970 e de ter trabalhado ao lado de grupos como a Albion Band, Steeleye Span e com a cantora June Tabor. Nos EUA continuou a documentar a estreita fronteira entre o folk inglês e as músicas tradicionais americanas, o country e os blues, mas também a explorar o contacto com outras formas musicais como fez ao lado de Wu Man, cruzando o exotismo da música oriental com os blues e o folk, resultando numa música completamente nova e original. Ao longo da sua carreira foi nomeado 23 vezes nas 11 edições dos BBC Radio 2 Folk Awards, mais vezes do que qualquer outro intérprete, vencendo por duas vezes o prémio para Músico do Ano. Ganhou ainda outros prémios, o seu Prodigal Son foi Álbum do Ano em 2007, e continua uma carreira em permanente ascensão com uma música que ora é mais ritmada e groovy, ora mais melancólica, por vezes também interpretada no banjo e na ban­jola. “Um mestre”, escreveu a revista Mojo sobre este virtuoso. MÉLANIE BRÉGANT Acordeonista residente em Lyon, foi a primeira diplomada do novo curso de acor­ deão, aberto em 2002, do Conservatório Superior de Música de Paris. Depois disso, obteve na mesma escola o diploma de Perfectionnement Soliste Instrumental. Foi laureada com o 1.º Prémio do concurso Avants-Scènes, em 2007, o Grande Prémio Internacional Jeunes Talents, em 2008, e ainda Revelação Clássica de l’Adami em 2009. Apoiada pela Fondation Meyer, apre­ senta regularmente recitais de descoberta do acordeão nas músicas originais russas, na música contemporânea e em trans­ crições. Como solista, apresentou-se já em diversas salas europeias e com diferentes formações, de entre as quais se destacam a Orquestra Nacional de Lille e a Orquestra de Câmara de Genebra. É também solista convidada dos grupos de música contemporânea 2E2M, Court-Circuit, Vortex, Op Cit e Instant Donné e participa nos espetáculos Zoo Musique de Jacques Rebotier, Têtes Pansues de Jonathan Pontier, Bas­tien et Bastienne, ópera de Mozart com arran­ jos para viola, violoncelo e acordeão, e Passages, onde, além de acordeonista, participa como atriz e mimo. Leciona, desde outubro de 2010, na Ecole Nationale de Musique de Villeurbanne, em França. no, incluindo o Prémio para a Interpretação da Obra Contemporânea no XIV Concurso Internacional de Música da Cidade do Porto e, em 1998, o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte, atribuído pelo Ministério da Cultura. Atuou em Portugal, Espanha, França, República Checa e Brasil, nomeadamente no CCB, Casa da Música, Gulbenkian, São Carlos, Euskalduna (Bilbau), Rudolfinum (Praga) e em festivais como os de Sintra, Póvoa de Varzim, Dias da Música, Folles Journées (Nantes), Festival Mozart (Corunha) e Quincena Musical (São Sebastião – Espanha). Foi solista com as seguintes orquestras: Orquestra do Algarve, Orquestra APROARTE, Orquestra de Câmara de Praga, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra da EPMVC, Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Nacional do Porto, Orquestra Sinfónica Portuguesa e Sinfonieta de Lisboa. Fez as primeiras audições de Lopes-Graça e J. P. Oliveira. Gravou um CD duplo com obras de Jorge Peixinho (Numérica) e, com o violoncelista Michal Kanka (Praga Digitals), as sonatas para violoncelo e piano de Weinberg (Choc Disc e Diapason 5 das revistas Le Monde de la Musique e Diapason, respetivamente). Gravou ainda as obras para violoncelo e piano e piano solo de Ernest Bloch (Diapason 5). É professor na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo no Porto. MIGUEL BORGES COELHO NINA SCHUMANN E LUÍS MAGALHÃES É natural do Porto. Iniciou os seus estudos de piano com Amélia Vilar, prosseguindo a sua formação no conservatório daquela cidade com Isabel Rocha. Como bolseiro da Fundação Gulbenkian estudou na Hochschule fur Musik Freiburg, com Vitalis Margulis, e na Escuela Superior de Música Reina Sofia, com Dmitri Bash­ kirov e Galina Egyazarova. Venceu vários concursos nacionais de pia- Residentes na África do Sul, onde também são professores na Universidade de Stellenbosch, os pianistas Nina Schumann, sul-africana, e Luís Magalhães, português, formam o duo TwoPianists. Juntos criaram uma das mais importantes editoras de música erudita e juntos são considerados como os melhores intérpretes de Rachmaninoff. Com o disco dedicado a este compositor, Complete Works for Two Pianos, ganharam bravos elogios da crítica especializada mundial. O website allmusic. com coloca-os entre os 10 melhores do ano de 2010. Óscar Carmo Iniciou os seus estudos musicais em 1998, na Escola Profissional de Artes da Beira Interior (Covilhã), na classe de Rui Borba (trompete) e Fernando Jorge Ribeiro (música de câmara), sendo finalista no ano de 2004/2005, quando concluiu o curso de instrumento. Em 2005 ingressou na Academia Nacional Superior de Orquestra na classe de Sérgio Charrinho, Rui Mirra e David Burt (trompete, música de câmara). Efetuou cursos de aperfeiçoamento com Allen Vizzuti, Michael Sachs, Matthias Höfs, Thomas Stevens, Pierre Dutot, entre outros. Colaborou em várias orquestras de jovens, entre as quais a Orquestra de Sopros da União Europeia e a Orquestra de Jovens da Cidade do Luxemburgo. É convidado regularmente a colaborar com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra do Algarve. Atualmente é membro da Orquestra de Câmara Portuguesa. Pavel Gomziakov Nasceu em 1975 na cidade de Tchaikovsky, na região russa de Ural. Iniciou os seus estudos de violoncelo com apenas nove anos e aos 14 mudou-se para Moscovo para ingressar na Escola Gnessin, e, mais tarde, no Conservatório de Moscovo, onde estudou com Dmitri Miller. Estudou ainda com Natalia Shakhovskaya na Escola Superior de Música Reina Sofia, em Madrid, e com Philippe Muller no Conservatório Nacional de Paris. Como solista e músico de câmara, apresentou-se em várias salas de concerto em todo o mundo, tendo colaborado com os consagrados artistas Eldar Nebolsin, Zakhar Bronn, Augustin Dumay, Louis Lortie, José Luis Garcia, Asencio Jesus Lopez Cobos, Antoni Ros Marbà, Christopher Wareen-Green, Trevor Pinnock, e muitos outros. Desde a sua apresentação, em 2007, com Maria João Pires no Festival Escorial, em Espanha, os dois percorreram as mais prestigiadas salas da Europa, América do Sul e Ásia, entre elas o Théâtre Champs Elysées (Paris), o Victoria Hall (Genebra), o Teatro Real (Madrid), a Konzerthaus (Vie­ na), o CCB (Lisboa) e o Sumida Tryphony Hall (Tóquio). A gravação da Sonata para Violoncelo de Chopin que ambos fizeram em 2009 para a Deutsche Grammophon recebeu a nomeação para os Grammys. Em abril de 2010, Gomziakov estreou-se com enorme sucesso nos Estados Unidos da América com a Chicago Symphony Orchestra, sob a batuta de Trevor Pinnocke, e foi de imediato convidado a colaborar de novo com esta orquestra na temporada 2011/2012. Pedro Jóia Inicia o estudo da guitarra aos sete anos de idade com o professor Paulo Valente Pereira na Academia dos Amadores de Música. Aos 14 anos transfere-se para o Conservatório Nacional onde, mais tarde, conclui o curso de guitarra sob a orientação do professor Manuel Morais. A partir dos 16 anos inicia o estudo da guitarra flamenca, primeiro de forma autodidata e mais tarde frequentando cursos de verão com os guitarristas Paco Peña e Gerardo Nuñez. É, no entanto, com Manolo Sanlúcar que estabelece uma relação de aluno mais duradoura, até aos seus 25 anos. Desde os 19 anos, apresentou-se a solo ou integrado em diversas formações em diversos países da Europa, Ásia, América do Sul e África. Tem cinco CD gravados em nome próprio e prepara, em 2011, a edição de um disco ao vivo gravado com a Orquestra de Câmara Meridional. Compõe regularmente música para teatro e curtas-metragens cinematográficas. Lecionou na Universidade de Évora entre 1997 e 2003. No mesmo ano partiu para o Brasil onde residiu até 2007, trabalhando com presti­ giados músicos como Ney Matogrosso, Ya- > 117 mandú Costa e Gilberto Gil, entre outros. Em 2008 vence o Prémio Carlos Paredes com o disco À espera de Armandinho, onde aborda a obra do guitarrista lisboeta da primeira metade do século XX, Arman­ do Augusto Freire. Reginald R. Robinson 118 Pianista de ragtime, jazz e blues clássicos do principio do século XX, nasceu e foi criado em Chicago. O seu interesse pelo ragtime surgiu em 1986, ainda no liceu e após um programa de artes financiado pela cidade. O programa chamava-se De Bach ao Bebop e foi liderado pelo trompetista de jazz Orbert Davis. O workshop abrangia estilos muitos diferentes, de Beethoven a Miles Davis, mas o pianis­ ta interessou-se sobretudo pelo ragtime, particularmente ao ouvir The Entertainer de Scott Joplin. Após esta experiência, Reginald procurou informar-se sobre este estilo clássico do jazz, consultando livros e enciclopédias. Leu várias obras sobre o grande compositor Scott Joplin e pediu à sua mãe para lhe comprar um teclado. Em 1987, como os seus pais não podiam pagar-lhe as aulas de piano, iniciou a sua aprendizagem consultando todos os livros de música que ia encontrando em sua casa, analisando nota a nota as transcrições de ragtime e comparando-as a gravações fidedignas de piano rolls da mesma música. Em 1988 conseguiu um emprego para pagar algumas lições no American Conservatory of Music. Em 1992 foi encaminhado para o pianista Jon Weber, de quem se tornou amigo e que o ajudou a gravar o seu primeiro registo em estúdio. Posteriormente enviou este registo para o produtor Robert Koester da Delmark Records, que de imediato assinou com ele um contrato. Reginald gravou três CD para esta lendária editora. Entre gravar, executar e compor, Reginald está a trabalhar no seu mais ambicioso projeto de sempre, um filme sobre a história e desenvolvimento do ragtime. Rosa Maria Barrantes Nasceu em Lima, no Peru. Iniciou os estudos de piano na sua cidade natal e apresentouse desde muito cedo em diversas salas de concerto. Em 1991 ingressou na Universidade Católica do Chile, concluindo com distinção a licenciatura em música – piano, em 1996, na classe de Maria Iris Radrigán. Estudou no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo sob a orientação da professora e pianista Natalia Troull, onde concluiu o doutoramento em performance musical – piano. Estudou ainda música de câmara com Alexander Bakhchiev. Como solista, ou integrada em agrupamentos de música de câmara, apresentou-se em vários países europeus e americanos, participando frequentemente em festivais internacionais de música e colaborando com os músicos Filipe Pinto-Ribeiro, Tatiana Samouil, Justus Grimm, Anna Samuil, Ramón Ortega, Yuri Kissin, Lara Martins, Zlata Rubinova, entre ­outros. Gravou um CD em duo com Filipe Pinto-Ribeiro, interpretando obras de G. Fauré, E. Satie, C. Debussy, F. Poulenc e M. Ravel (Numérica 1119). Foi pianista acompanhadora na Universidade das Artes de Berlim e na Escola Superior de Música de Lisboa. É professora de piano no Instituto Piaget, no Conservatório Metropolitano de Lisboa e na Escola Profissional Metropolitana. SERGIO TIEMPO Nasceu em Caracas, na Venezuela. Iniciou os estudos de piano com a sua mãe, Lyl Tiempo, aos dois anos e estreou-se em concerto com apenas três. Mais tarde, na Fondazione per il Pianoforte, em Como, Itália, trabalhou com Dimitri Bashkirov, Fou Tsong, Murray Perahia e Dietrich Fis­ cher-Dieskau. A sua estreia profissional aconteceu quando tinha 14 anos, no Concertgebouw, em Amesterdão. Pouco tempo depois, apresentou-se noutras importantes salas europeias e iniciou uma digressão pelos Estados Unidos da América. Desde então, tocou com as mais consagradas orquestras mundiais e é frequentemente convidado para os mais conceituados festivais. Atua regularmente sob a batuta do seu compatriota e amigo Gustavo Dudamel e com a Orquestra Simón Bolívar. Fez já numerosas gravações, muito aclamadas pelo público. Para a EMI e com a etiqueta Martha Argerich Presents, gravou Pictures at an Exhibition, de Mussorgsky, Gaspard de la Nuit, de Ravel, e três Nocturnos, de Chopin. Para a Deutsche Grammophon, gravou várias vezes com Mischa Maisky. Mais recentemente, gravou com a irmã, Karin Lechner, uma compilação de música francesa para dois pianos intitulada La Belle Epoque, para a Avanti Classic. Na presente temporada, Tiempo regressa à Orchestre Philharmonique de Radio France, em Paris, e inicia uma digressão pela América do Sul. Prepara-se para várias apre­sentações no Reino Unido, estrean­do-se com a BBC Symphony, a City of Birmingham Symphony e a Northern Sinfonia, bem como com a australiana Queensland Orchestra e a neozelandesa Auckland Phi­lharmonia. Faz ainda a sua primeira apresentação em recital no Queen Elizabeth Hall em Londres, inserido na International Piano Series 2011. TERESA PALMA PEREIRA Iniciou os seus estudos pianísticos aos sete anos. Licenciou-se na Escola Superior de Música de Lisboa, com 19 valores, sob orientação de Tania Achot. Estudou ainda com Artur Pizarro, Grigory Gruzman e Jan Michiels e participou em master-classes com Helena Sá e Costa, Sequeira Costa, Paul Badura-Skoda, Dimitri Bashkirov, entre outros. Atualmente estuda com Claudio Martinez-Mehner. Foi laureada com vários prémios nacionais e internacionais, como o 1.º prémio no Concurso Internacional Maria Campina, o 2.º prémio da Fundação Rotária Portuguesa, o Diploma de Mérito no Concurso Città di Barletta, em Itália, e o 2.º Prémio e menção especial do júri no Concours International de Piano Son Altesse Royal la Princesse Lalla Meryem, em Marrocos. Após concluir mestrado em Performance, realizou uma pós-graduação no Conser­ vatório Real de Bruxelas, onde venceu um concurso para se apresentar como solista com a Orquestra de Câmara de Bruxelas. Realizou recitais em diversas salas portuguesas e internacionais: Palácio Foz, Auditório Ruy de Carvalho, Fundação Engenheiro António Almeida, Ordem dos Médicos no Porto, Centro Cultural Gulbenkian e Embaixada Portuguesa em Paris, Conselho da Europa em Estrasburgo, Embaixada Portuguesa em Brasília e Palácio de São Clemente no Rio de Janeiro. Atualmente, está a trabalhar no seu Doutoramento em Performance Musical, sob a orientação da Professora Sofia Lourenço, no CITAR (Centro de Investigação em Ciências e Tecnologia das Artes). Thomas Bloch Vive em Paris. Solista famoso, especializado em instrumentos raros (ondas Martenot, harmónica de vidro, Baschet, waterphone, entre outros), compositor e produtor, as suas atuações vão desde a música clássica e contemporânea a canções, rock, música para teatro, ópera, improvisação, música para filmes e música para ballet. Depois de ter recebido o 1.º Prémio em ondas Martenot no Conservatoire Natio­ nal Supérieur de Musique em Paris (com Jeanne Loriod) e ter feito um mestrado em musicologia na Universidade de Estrasburgo, ensina ondas Martenot no Conservatório de Estrasburgo, é diretor musical do Festival de Música de Evian (França) e é responsável pelas exposições dos seus instrumentos no Museu de Música de Paris. A sua carreira conta já com várias colaborações famosas: Tom Waits, Marianne Faithfull, Bob Wilson, Milos Forman (Amadeus), Daft Punk/Gaspar Noé (Enter the void), Emilie Simon/Luc Jacquet (The march of Penguins), Valery Gergiev, Michel Plasson, Myung-Whun Chung, Paul Sacher, Roger Muraro, Philippe Sarde, Isabelle Huppert, Manu Dibango, Fred Frith, Phil Minton, Arno, Marc Almond (Soft Cell), Vanessa Paradis, entre muitos outros. No Teatro alla Scala de Milão tocou pela primeira vez a versão original para harmónica de vidro da ópera Lucia di Lammermoor de Donizetti. A solo, tocou também ondas Martenot por ocasião do centenário da Orquestra Filarmónica de Varsóvia. Recebeu os seguintes prémios: Classical Music Award 2002 (European critics – Midem, Cannes), The Choice of Gramophone Magazine, Best of the Year 2001 em Audiophile e Victoires de la Musique. Foi o primeiro músico a tocar sozinho as peças Vexations de Eric Satie. Thomas Bloch gravou em várias editoras de renome (EMI, Deutsche Grammophon, Sony) e produz os seus CD para a Naxos. burgo, onde trabalhou dois anos, a NDR Radio Philharmonie de Hanôver, a Sinfónica de Berlim e a Sinfónica da Galiza, onde foi dirigido por maestros consagrados como C. Abbado, C. Eschenbach, C. Von Dohnányi e K. Nagano. Colabora frequentemente com o DSCH – Schostakovich Ensemble. É professor de contrabaixo na Escola Profissional de Espinho e membro da Orquestra Nacional do Porto. 119 Tiago Pinto-Ribeiro Nasceu no Porto, em 1978. Iniciou os estudos de contrabaixo no Conservatório Regional de Gaia. Em 1999, conclui o bacharelato na Escola Superior de Música do Porto com 19 valores. No mesmo ano, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, ingressa na Universität der Künste de Berlim, na classe do professor Michael Wolf, concluindo a licenciatura “Diplom” e o mestrado “Konzert-Examen”, em 2004, com as classificações máximas e distinção. Frequentou várias master-classes com contrabaixistas como R. Zepperitz, Dane Roberts, K. Stoll, W. Güttler, D. Mctier, entre outros. Entre os vários prémios nacionais e internacionais, destacam-se a Menção Honrosa, em 1996, no Concurso Internacional de Contrabaixo da International Society of Bassists, em Houston, Texas, e, em 2003, o 1.º Prémio no Concurso Internacional de Cordas Julio Cardona na Covilhã. Tem-se apresentado a solo e em agrupamentos de câmara em festivais na Alemanha, Inglaterra, França, Polónia e Portugal. Colaborou com algumas das melhores orquestras mundiais, como a NDR Syphonie Orchester de Ham- > Compositores 120 Aaron Copland 1900-1990 Compositor e maestro, nasceu em Nova Iorque em 1900. Os compositores dos EUA no início do século XX tinham um fascínio pela Europa e a música europeia e Copland não foi exce­ ção, tendo estudado na classe de Nadia Boulanger em Fontainebleau. Quis criar um estilo marcadamente americano, que pudesse distinguir-se da música erudita europeia. Para isso, aliou a influência do jazz e mais tarde de outros géneros – nomeadamente a música tradicional sul-americana. Em 1932 organizou pela primeira vez nos Estados Unidos um festival semelhante àqueles a que tinha assistido na Europa: o Festival Yaddo de Música Americana. Ao longo dos anos seguintes tornou-se um dos compositores mais conhecidos do seu país e uma referência no meio profissional. Além da música de concerto, escreveu diversas bandas sonoras para filmes e música para ballet, como Of Mice and Men (filme de Lewis Milestone sobre o romance de John Steinbeck) e Appalachian Spring para uma coreografia de Martha Graham (1944). Como maestro dedicou grande atenção à música erudita dos EUA, que defendeu e divulgou internacionalmente. No início dos anos 50 foi investigado pelo FBI e, acusado de simpatia comunista, foi incluído numa lista negra. ALBAN BERG 1885-1935 Nasceu em 1885 em Viena, onde também viria a morrer. Participou na conturbada efervescência cultural que caracterizou a capital austríaca durante este período de crise da civilização europeia. A decisão do jovem Berg de se dedicar à composição conhece um impulso decisivo entre 1904 e 1911, quando estuda harmonia, contraponto e teoria musical sob a direção de Schoenberg. A influência deste último sobre Berg não poderia ter sido mais decisiva em termos artísticos e pessoais. Na fase que antecede a sua participação na Primeira Guerra Mundial – portanto, ainda antes da composição de Wozzeck – as suas primeiras obras, e desde logo a Sonata para piano (op. 1), revelam o tom de uma linguagem que alia o rigor na construção à minúcia na imbricação dos detalhes, características que fazem de Berg, nos termos de Adorno, o “mestre da transição mínima”. Com as óperas Woz­ zeck e Lulu – obras que, a par do Concerto para Violino e da Suite Lírica, ocuparam longamente o compositor entre o final da Primeira Guerra Mundial e a sua morte em 1935 –, Berg protagoniza uma significativa revolução na ópera moderna, abrindo novos caminhos em termos musicais e dramatúrgicos. Formou, em conjunto com Schoenberg e Webern, a chamada Segunda Escola de Viena. Jo ão Ped ro Ca c h o po G entilmen te cedida pelo Teatro Nacional de São Carlos ALBERTO GINASTERA 1916-1983 Compositor argentino, nasceu em Buenos Aires em 1916. Estudou no Conservatório Williams, nessa cidade, entre 1928 e 1935, e no Conservatório Nacional entre 1936 e 1938. A suite de ballet Panambi foi interpretada em Buenos Aires, em 1937. Em 1942 recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim. Viveu em Nova Iorque entre 1945 e 1947. No ano seguinte regressou à Argentina para ensinar e compor, tendo entretanto atravessado um período difícil durante o regime de Perón. Fundou várias escolas de música incluindo o Centro para Estudos Superiores de Música em Buenos Aires, do qual foi diretor entre 1962 e 1969. Em 1971 muda-se para Genebra onde vem a falecer em 1983. Se até 1958 a sua música se baseava em idiomas nacionalistas, mais tarde adota procedimentos mais avançados, como o serialismo (utilizado pela primeira vez na sua Sonata para piano), os microtons e os ritmos alea­ tórios. ALEXANDER SCRIABIN 1872-1915 Compositor e pianista, nasceu e morreu em Moscovo. Iniciou os estudos de piano aos dez anos na Escola de Cadetes de Moscovo e estudou piano com N. S. Zverev. Mais tarde matriculou-se no Conservatório de Moscovo, onde estudou piano com Safonov e composição com Taneiev e Arenski. Ainda no conservatório chamou a atenção do editor Belaiev, que lhe publicou as primeiras composições; e em 1986 financiou uma digressão pela Europa, interpretando ao piano as suas composições. Foi professor de piano no Conservatório de Moscovo, cargo que não o satisfez. Radicou-se então na Suécia, quando um seu antigo aluno lhe atribuiu uma pensão ­anual. Fez ainda uma digressão pelos Estados Unidos, onde encontrou um novo editor, seu adepto fervoroso. Sofreu influências da teosofia e da mística de Blavatski. Depois de uma digressão pela Rússia com a Orquestra de Koussevitzki, as suas obras foram executadas por Mengelberg e pela Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão. Visitou Londres para apresentar o seu Prometheus sob a direção de Wood. Os seus trabalhos iniciais tinham uma forte influência de Chopin e Liszt, mas, à medida que desenvolveu as suas teorias pessoais, foi-se libertando dos princípios estabelecidos, atingindo em alguns casos aquilo que se tem designado por “atonalidade impressionista”. A sua obsessão por ideias extramusicais fez, por vezes, desviar a atenção da qualidade excelente da sua música. Alexander von Zemlinsky 1871-1942 Nasceu em Viena, numa família com origens bósnias e eslovacas. Frequentou o Conservatório de Viena entre 1887 e 1892, onde estudou piano com Anton Door e composição com Johann Nepomuk Fuchs. Em 1893 juntou-se à Wiener Tonkünstlerverein (Sociedade de Compositores de Viena), cujo presidente honorário, Johannes Brahms, incentivou o jovem Zemlinsky a compor. Dois anos depois, conheceu Schoenberg, que se tornaria seu aluno (e mais tarde seu cunhado), assim como outros músicos e compositores, como Erich Wolfgang Korngold e Alma Schindler (que viria a casar com Gustav Mahler). Foi neste papel de professor que Zemlinsky se tornou mais conhecido, tendo ficado um pouco esquecida a sua mestria enquanto compositor. Foi Kapellmeister no Carltheater em Viena de 1899 até 1906, quando passou a exercer o mesmo cargo no Volksoper. Entre 1911 e 1927, foi maestro no Deutsches Landestheater, onde, em 1924, estreou a ópera Erwartung, de Schoenberg. Enquanto compositor, Zemlinsky dedicou-se maioritariamente à ópera. Sarema, a primeira das oito óperas que completou, contou com libreto de Schoenberg. A sua segunda ópera, Es war einmal, estreou sob a direção de Mahler, na Court ­Opera em 1900. Escreveu também canções, música de câmara e quatro sinfonias, de entre as quais se destaca a última, Lyrische Sinfonie (1923), citada por Alan Berg na sua Lyric Suite (1926). No fim da década de 1930, devido à ascensão nazi, Zemlinsky mudou-se para os Estados Unidos, onde viria a morrer em 1942. André Jolivet 1905-1974 Desde cedo interessado pelas artes em geral, Jolivet dedicou-se à música ainda jovem, estudando violoncelo. Apesar de ter iniciado uma breve carreira de professor, incentivado pelos seus pais que a consideravam mais estável e segura, decidiu dedicar-se à composição, iniciando os estudos nesta área em 1928, com Paul Le Flem e, mais tarde, prosseguindo-os com Edgar Varèse, compositor que representou uma enorme influência para o jovem. Em 1935, logo após os seus estudos, compôs Mana, suíte de seis peças curtas para piano considerada revolucionária, que apresentou num dos primeiros concertos do seu recém-formado grupo de música de câmara La Spirale. Este coletivo seria o ponto de partida da associação La Jeune France, fundada por Jolivet, Olivier Messiaen, Daniel Lesur e Yves Baudrier, com o objetivo de se dedicar ao estudo, composição e promoção da música moderna francesa. Entre 1943 e 1949, foi diretor musical da Comédie Française, onde compôs para diversos espetáculos de teatro, dança e marionetas. Compôs sobretudo para instrumentos mais tradicionais, como o piano, o violino ou o violoncelo, mas também se dedicou à investigação e à escrita de outras sonoridades, como as ondas Martenot. Morreu em Paris, a 20 de dezembro de 1974. ANTON WEBERN 1882-1945 Nasceu em Viena em 1882. Compositor e maestro austríaco, iniciou os estudos com sua mãe, que era pianista. Estudou em Klagenfurt com Edwin Komauer, compondo as suas primeiras obras em 1899. Entrou na Universidade de Viena em 1902, estudando musicologia com Guido Adler. Estudou composição com Pfitzner e posteriormente tornou-se aluno de Schoenberg (1904-1908). Foi amigo íntimo de Alban Berg. Em Viena foi muito ativo no ambiente da Sociedade de Execuções Privadas de Schoenberg (1918-1922) e dirigiu concertos sinfónicos para trabalhadores (1922-1934). A sua música foi proibida pelos nazis, tendo sido classificada como “bolchevismo cultural”, embora Webern tivesse alguma simpatia pela causa nazi, como se reflete no texto das suas cantatas. Foi morto acidentalmente por um sentinela americana, em 1945. A música de Webern, ignorada em vida > 121 por quase todos (exceto pela BBC), tomou-se o elemento de união da geração de compositores europeus posterior a 1945, incluindo Stockhausen, Boulez e Maderna, e mesmo de compositores mais velhos como Stravinsky e Eimert. Muito embora a vanguarda do pós-guerra tenha admirado a sua música pelas inovações técnicas que contém, como a serialização das durações e dos níveis dinâmicos, não se deve esquecer que Webern pertence acima de tudo à tradição romântica, como se deduz dos textos que escolheu para as suas obras vocais. ANTONÍN DVOŘÁK 122 seu tio, António dos Santos Tovin, e mais tarde prossegue-os, também a título particular, com o médico Ernesto Maia. Já em Lisboa, inscreve-se no Conservatório Nacional, onde conclui, em 1918, o exame final de piano com a máxima classificação, tendo estudado com Luís de Freitas Branco e Marcos Garin. A sua obra compreende maioritariamente música de câmara, como Toadas da Minha Aldeia, Canções do Sol Poente e Poèmes Saturniens, para canto e piano, e uma única obra orquestral, Nocturno. António Fragoso morreu na sua terra natal, em 1918, vítima de gripe pneumónica, com apenas 21 anos de idade. 1841-1904 R e t irado de www. mic . p t Nasceu na Boémia. Formou-se na escola de organistas de Praga. Violinista e posteriormente violetista no teatro da cidade, ainda muito jovem começou a compor as suas primeiras partituras de música de câmara e sinfónica. Organista da Igreja de Saint-Adalbert, de 1871 a 1878, foge à pobreza partindo para Viena, onde travou conhecimento com Brahms. Este ajudou-o a editar Danças Eslavas para dois pianos que, juntamente com os Duetos Morávios, dão início ao período da sua maturidade criativa, onde se assiste a uma reconciliação com as suas raízes eslavas. Efetuou, em seguida, diversas viagens, de Inglaterra à Rússia, até ao Novo Mundo. Em 1892, foi nomeado diretor do Conservatório de Nova Iorque, cargo que abandona em 1895 para lecionar no Conservatório de Praga, do qual posteriormente foi diretor, em 1901. O seu nome será sempre associado a obras sinfónicas como a Sinfonia n.º 9, do Novo Mundo e à sua música de câmara, mas Dvořák abordou com igual mestria repertórios de ópera, de música coral profana e de música sacra. Com Smetana, contribuiu para dar à música checa uma dimensão internacional. Armandinho ANTÓNIO FRAGOSO 1897-1918 Nasceu na Pocariça, no concelho de Cantanhede. Inicia os estudos musicais com o 1891-1946 Extraordinário guitarrista e compositor, o lisboeta Armando Augusto Freire foi uma figura determinante no desenvolvimento do fado em Portugal. Aprendeu bandolim, instrumento que o seu pai tocava, dedicando-se à guitarra portuguesa aos 12 anos. Foi discípulo de Petrolino, alcunha pela qual ficou conhecido o guitarrista setubalense Luís Carlos da Silva. Foi um dos fundadores, em 1927, da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, organização que antecedeu a Sociedade Portuguesa de Autores, e teve um importante contributo na recolha e catalogação de temas e autores do fado tradicional. Alguns dos mais famosos temas que compôs são Fado do Armandinho, Fado São Miguel, Fado Estoril, Fado da Adiça, Fado das Varinas, Fado Alexandrino Antigo, Fado São Romão, Fado Fontalva e o Fado Mayer. Armandinho viveu uma época de viragem na história do fado, já que, no início do século XX, este ganhou popularidade junto do grande público, abandonando a marginalidade. Ainda que os grandes protagonistas desta mudança tenham sido os cantores, muitos tornando-se vedetas, Armandinho manteve a importância da gui- tarra bem presente, graças ao seu enorme talento. Armando José Fernandes 1906-1983 Nasceu em Lisboa. Começou por estudar engenharia, decidindo dedicar-se à música só em 1924. Concluiu os seus estudos musicais em 1931 no Conservatório Nacional, onde foi aluno de Alexandre Rey Colaço e Varela Cid (piano), Luís de Freitas Branco (ciências musicais) e António Eduardo da Costa Ferreira (composição). Com Pedro do Prado, Fernando Lopes-Graça e Jorge Croner de Vasconcellos, formou nesta altura o Grupo dos Quatro, dedicado ao estudo e divulgação das manifestações musicais inovadoras da época. Contando com uma bolsa de estudo atribuída pela Junta de Educação Nacional, prosseguiu os seus estudos em Paris com Alfred Cortot, Nadia Boulanger, Paul Dukas e Igor Stravinsky. Entre 1940 e 1942, ensinou piano e composição na Academia de Amadores de Música e, entre 1953 e 1976, foi professor de composição no Conservatório Nacional de Lisboa. Foi compositor do Gabinete de Estudos Musicais da Emissora Nacional de Radiodifusão. Apesar de não ter deixado uma obra extensa, entre as suas composições destacam-se Fantasia sobre Temas Populares, O Homem do Cravo na Boca, Concerto para Piano e Orquestra de Cordas, Suite Concertante e várias sonatas para violino, violoncelo e piano. Foi distinguido com os Prémios de Composição Moreira de Sá, em 1944, e Círculo de Cultura Musical, em 1946. ARNOLD SCHOENBERG 1874-1951 Nasceu em Viena em 1874. Durante a juventude aprendeu violoncelo e violino. Começou a compor cedo, tendo estreado em 1897 um quarteto de cordas e algumas canções. Em 1899 compôs Verklärte Nacht e em 1900 começou a trabalhar nos Gurrelieder, ambas num estilo romântico pós-wagneriano. Como reconhecimento do mérito dos Gurrelieder obteve uma bolsa e o lugar de professor no Conservatório Stern de Berlim, recomendado por Richard Strauss. Regressou a Viena em 1903. Nas composições efetuadas entre 1903 e 1907, Schoenberg explorou até ao limite a harmonia cromática e as estruturas tonais tornaram-se cada vez mais indefiníveis até que, em 1909, chegou à atonalidade com 3 Peças para piano, op. 11 e o ciclo de canções Das Buch der hängenden Gärten. Em 1911 publicou o seu magistral Tratado de Harmonia. Em 1918 fundou em Viena a Sociedade para Execuções Musicais Privadas, onde nenhum programa podia ser previamente anunciado e o aplauso era proibido. Depois de um período em que pouco escreveu, em 1923 as suas novas composições introduziram o método de composição dodecafónica que constituía a técnica de Schoenberg para organizar música atonal. Em 1925 foi convidado para ensinar composição na Academia Prussiana de Artes, onde permaneceu até 1933, data em que foi demitido pelos nazis e abandonou a Alemanha. Foi também um pintor de talento. Morreu em Los Angeles em 1951. ARTHUR FARWELL 1872-1952 Nascido em St. Paul, no estado norte-ame­ ricano do Minnesota, Farwell começou por estudar engenharia e foi através de um professor no Instituto de Tecnologia do Massachusetts que descobriu o gosto pela música. Iniciou os estudos de composição com Geor­ ge Chadwick e, mais tarde, estudou com Hans Pfitzner e Englebert Humperdinck na Alemanha e com Guilmant em Paris. Inspirado pela aproximação de Antonín Dvořák à música folk, Farwell dedicou-se ao estudo das melodias dos índios ame- ricanos e à composição, partindo do material que ia descobrindo. Deste processo resultaram as peças que formam Indianist, trabalho que apresentou em digressão pelo país, entre 1903 e 1907. Frustrado pelas dificuldades criadas pelas editoras de música, criou, em 1901, a Wawan Press, de nome inspirado numa cerimónia da tribo Omaha, dedicada a publicar música e estudos e ensaios sobre música e as suas raízes e influências. Lecionou nas universidades da Califórnia e do estado de Michigan. Musicou mais de 30 poemas de Emily Dickinson e escreveu a ópera Cartoon, trabalhos que atestam o seu mérito e talento enquanto compositor. De salientar a enorme dedicação que devotou à investigação, ao ativismo e à carreira de educador. ASTOR PIAZZOLLA começou a compor bandas sonoras para filmes. Entre 1950 e 1954 compõe uma série de trabalhos, totalmente diferentes da conceção de tango do seu tempo, que posteriormente virá a definir o seu estilo único: Para lucirse, Tanguango, Prepárense, Contrabajeando, Triunfal, Lo que vendrá Esteticamente, levou o tango aos seus limites, de tal forma que muitos não tiveram a capacidade de o acompanhar ou entender. Foi um músico versátil, hoje reconhecido pelo legado da música argentina, mas também criador de um repertório que integra os programas de formações de câmara e de orquestras sinfónicas. Com elementos heterogéneos e não convencionais (jazz, música clássica, experimental) produziu uma música única dominada pela influência do tango. 1921-1992 BÉLA BARTÓK Nasceu em Mar del Plata, na Argentina, em 1921. Em 1925, a família foi viver para Nova Iorque, onde se manteve até 1936. Aos oito anos o pai ofereceu-lhe o seu primeiro bandoneón, instrumento que estudou durante um ano com Andrés D’Áquila; fez a sua primeira gravação, Marionette Spagnol – um disco fonógrafo (não comercial) na Radio Recording Studio em Nova Iorque. A versatilidade vem-lhe das influências que recebeu na juventude: durante a sua estada em Nova Iorque estudou com a pianista húngara Bela Wilda, discípula de Rachmaninoff, com quem aprendeu a gostar de Bach. Pouco depois, conheceu Carlos Gardel, que se tornou um grande amigo da família. Em 1936 voltou com a família para Mar del Plata, onde começou a tocar em algumas orquestras de tango. Em 1943 começou o seu trabalho em música clássica com Suite para Cuerdas y Arpas e em 1946 funda a sua primeira orquestra, que se dissolveu em 1949. Em 1946 compôs El Desbande, considerada por Piazzolla o seu primeiro tango formal, e pouco depois 1881-1945 Nasceu em Nagyszentmiklós, cidade húngara na altura, mas que hoje pertence à Roménia. Cresceu numa família de músicos e teve as suas primeiras aulas de piano com a mãe. Estudou direção com Lazlo Erkel até 1889, quando foi admitido na Academia Real de Música de Budapeste e aí estudou com Istvan Thoman, que fora aluno de Liszt. Em 1902 ouviu uma interpretação de Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss, que estimulou de tal maneira as suas potencialidades como compositor que, em 1903, escreveu o poema sinfónico nacionalista Kossuth. Foi um dos fundadores da etnomusicologia – estudo e etnografia da canção popular – e é considerado um dos grandes compositores do século XX. No virar do século, torna-se amigo de Zoltan Kodály, com quem inicia uma pesquisa sobre as tradições musicais populares. Já nomeado professor da Academia de Budapeste, atinge a maturidade nos anos que antecedem a Primeira Guerra Mundial. Compõe óperas notáveis, como O Castelo de Bar- > 123 ba-Azul, mas o piano permaneceu o seu instrumento de eleição. Pouco reconhecido no seu país, Bartók parte em diversas digressões e, com a invasão da Hungria pelos nazis, emigra para os EUA, onde viria a morrer de leucemia em 1945. BENJAMIN BRITTEN 1913-1976 124 Compositor, pianista e maestro inglês. A influência das suas raízes inglesas está muito presente na sua música: a influência que o folclore britânico exerceu sobre a sua inspiração, o culto que votou durante toda a sua vida a Purcell, a sua predileção pela vocalidade. No entanto, Britten é também conhecido pelo seu ecletismo: uma vasta cultura, o seu perfeito conhecimento das músicas dos seus contemporâneos, um modo muito pessoal de “tocar em tudo”. Britten é reconhecido, pelo menos no seu país, como um “clássico”. Nada, de resto, predispunha este feroz independente para as revoluções estéticas: um humor sólido, a sua aversão a qualquer género de ênfase e os seus gostos de artesão escrupuloso permitiram-lhe resistir a todas as solicitações vanguardistas. Inicialmente aluno de Frank Bridge, fez os estudos de composição com John Ireland, no Royal College of Music de Londres, e os estudos de piano, de que viria a ser um excelente executante, com Arthur Benjamin. Notavelmente dotado, começou muito cedo a compor. A sua primeira obra marcante, uma Sinfonietta para orquestra de câmara, data de 1932; as Variações sobre um tema de Frank Bridge, escritas cinco anos depois, estabeleceram a sua reputação. De 1939 a 1942, Britten, profundamente antimilitarista, exilou-se nos Estados Unidos; no entanto, tomou depois a corajosa decisão de regressar a Inglaterra em plena Guerra, para se instalar definitivamente na costa do mar do Norte, em Aldeburgh. Entretanto, a sua ópera Peter Grimes confirmaria uma vocação para o teatro lírico, até então pouco conseguida na obra ante- rior. Foi a confirmação dessa vocação que o levou a escrever algumas das obras-primas do século (sobretudo Sonho de Uma Noite de Verão e The Turn of the Screw) e a participar na fundação do English Opera Group, modesta mas brilhante companhia votada à criação de óperas “de ­câmara” que o compositor muito estimava. O melhor da sua produção, uma espantosa facilidade de escrita, um catálogo bem fornecido, parece estar, incontestavelmen­te, na sua música vocal (óperas, obras diversas para vozes e orquestra, ciclos de melodias). Contudo, não é possível ignorar tudo o que Britten escreveu para orquestra, para orquestra com vozes ou em estilo concertante. BOHUSLAV MARTINŮ 1890-1959 Compositor e violinista checo, ingressou no Conservatório de Praga como violinista em 1906. Contudo, o seu verdadeiro interesse era a composição. Não conseguindo completar o curso nem no Conservatório nem na Escola de Órgão de Praga, para onde tinha sido transferido, trabalhou como músico de orquestra antes de se mudar para Paris, em 1923. Em 1940, a aproximação das tropas alemãs levou-o a emigrar para os Estados Unidos da América, estimulado pelas encomendas de Koussevitzky. Martinů era um compositor extraordinaria­ mente prolífico e diversificado. As suas dezasseis óperas incluem: The Greek Passion, inspirado em Kazantzakis, Ariadne, inspirada em Neveu, e a ópera radiofónica Comedy on the Bridge. As composições para ballet incluem Spalicek, baseada em contos de fadas e rimas infantis. Uma lista impressionante de composições orquestrais inclui seis sinfonias. Há concertos para um grande número de instrumentos e uma quantidade desconcertante de música de câmara. De modo geral, a origem checa do compositor é identificá­ vel na sua música, não obstante as influências francesas estarem também presentes. Há obras corais de caráter bíblico e arranjos corais a partir de material tradicional checo, eslovaco e morávio. As suas canções incluem Magic Nights, a partir de fragmentos de um poema traduzido do chinês. Camille Saint-Saëns 1835-1921 Compositor e pianista, nasceu em Paris, onde iniciou os seus estudos de piano aos dois anos e meio, com a sua tia. Aos sete anos, sob a orientação de Pierre Maledin, teve as primeiras aulas de composição. Foi ainda aluno de Stamaty e de Boëly antes de entrar no Conservatório em 1948, onde estudou órgão e composição e teve como professor Halévy. Com pouco mais de 20 anos, tinha já conquistado a admiração de Berlioz, Liszt, Gounod, Rossini, entre outros notáveis do mundo da música. Foi organista na Madeleine e professor na Ecole Niedermayer, onde Fauré foi seu aluno. Cofundou a Société Nationale de Musique. Apesar de na sua terra natal não ter recebido a mesma aclamação, em Inglaterra e nos Estados Unidos foi considerado o melhor compositor francês da sua geração, recebendo particular atenção nos concertos que apresentou em terras norte-americanas em 1915. Compôs sonatas, música de câmara, sinfonias, concertos e óperas. Compôs também quatro poemas sinfónicos num estilo influenciado por Liszt. Morreu em 1921, na Argélia. Carl Nielsen 1865-1931 Nasceu em Funen, no leste da Dinamarca. A par do seu contemporâneo Jean Sibelius foi um dos mais consagrados compositores do norte da Europa. O seu pai era pintor e violinista e passou ao filho os seus conhecimentos e paixão pela música. Aos 14 anos, juntava-se à banda militar de Odense como trombonista, mas sem nunca abandonar o violino. Em 1884 foi admitido no Conservatório Nacional em Copenhaga, formando-se aos 21 anos, quando se começou a interessar pela composição. Em 1888, a sua Suite for Strings, op. 1 foi recebida com interesse no Tivoli Concert Hall, em Copenhaga. Durante a década de 1890 Nielsen dedicou-se à composição com intensidade, ocupando simultaneamente um lugar de violinista no Royal Theatre de Copenhaga. A sua 1.ª Sinfonia estreou em 1894, abrindo as portas para a publicação dos seus trabalhos com a editora de Wilhelm Hansen. Entretanto, compôs as óperas Saul and David e Maskerade, em 1902 e 1905, respetivamente. Poucos anos depois, ocupou o lugar de maestro da Royal Theatre Orchestra. No total, escreveu seis originais sinfonias, sendo a mais famosa de todas a 4.ª, inti­ tulada A Inextinguível. Escreveu ainda três concertos, para violino (1911), flauta (1926) e clarinete (1928). Dedicou-se ainda, sobretudo nas últimas décadas da sua vida, à escrita de canções simples, inspiradas nos temas populares e em obras de poetas dinamarqueses. Pelo seu extraordinário sucesso, muitas dessas canções integram atualmente o repertório musical tradicional da Dinamarca. Carlos Gardel 1890-1935 Nasceu em Toulouse. Com apenas três anos partiu com a sua mãe, Berta Gardes, para Buenos Aires. Cedo se interessou pela música, formando alguns grupos de música popular ainda durante a adolescência. O seu duo com José Razzano, Duo Nacional Gardel-Razzano, rapidamente conseguiu alguma notoriedade, fazendo algumas gravações e digressões pela América Latina. Em 1917 decidiu cantar um tango numa apresentação do duo e rapidamente passou a incluir muitos outros no seu repertório, que continuava a apresentar por toda a América do Sul. Começou, entretanto, a compor e a participar nalguns filmes, que contribuiriam para se tornar famoso. Em 1925, o duo desfez-se e Gardel, enquanto solista, fez a sua primeira digressão em Espanha. Muitas se lhe seguiriam, em toda a Europa, que rapidamente se rendeu ao seu talento e ao tango, do qual o seu nome se tornou sinónimo. A sua carreira no cinema também ganhou força nesta época, participando em Luces de Buenos Aires e Esperame para a French Paramount e em La casa es seria e Melodía de arrabal para a Imperio Argentina. Nestes últimos filmes, Gardel inicia a sua colaboração com o poeta Alfredo Le Pera, com quem teria uma produtiva colaboração na escrita de novos tangos. Os últimos filmes que gravou foram Cuesta abajo, Mi Buenos Aires querido e Tango en Broadway para a Paramount Pictures, Nova Iorque. Morreu tragicamente em 1935, vítima de um acidente de avião, deixando um extenso legado que inclui centenas de gravações e cerca de 200 tangos de sua autoria, entre eles os famosos El da que me quieras, Cuesta abajo, Mi Buenos Aires querido e Volver. Carlos Guastavino 1912-2000 À semelhança do que aconteceu na restante América Latina, a tradição musical europeia foi introduzida na Argentina pelas missões religiosas, sobretudo jesuí­ tas. Após a independência de cada país ao longo do século XIX, a música foi-se desligando das missões e apareceram os movimentos marcadamente nacionalistas e inspirados no Romantismo europeu. No caso argentino, as novidades técnicas e estéticas do século XX europeu apenas foram integradas já nos anos 30. Carlos Guastavino nasceu em Santa Fé, na Argentina. A sua música teve sempre influências de temas populares e da natureza do seu país, numa clara influência nacionalista. Mesmo quando o expressionismo já dominava a produção cultural argentina, Guastavino manteve-se próximo do neorromantismo. Ao longo dos anos 40 foi recebendo reco- nhecimento internacional como compositor e pianista. Fez digressões por Londres, China, ex-URSS e toda a América Latina. Nos anos 60 dedicou-se sobretudo ao ensino. Em 1975, após a morte de sua mãe, prometeu não voltar a compor, mas 12 anos mais tarde, tendo assistido a um ensaio do Orfeão Carlos Vilo, que cantava as suas obras, decidiu voltar a compor. Em 1992 retirou-se definitivamente, tendo morrido em 2000. CÉSAR FRANCK 1822-1890 Nasceu em Liège, Bélgica, e morreu em Paris. Desde muito cedo que o seu pai manifestou o desejo de o educar para a carreira de pianista, incentivando-o a estudar música na cidade natal. Continuou os estudos no Conservatório de Paris, onde aprendeu piano, fuga, contraponto e órgão. Foi nesta cidade que em 1842, assim que saiu do Conservatório, se dedicou à composição. Em 1858 tornou-se organista da Igreja de Sainte-Clotilde, em Paris, mais precisamente como titular do órgão construído por Cavaillé-Coll. As suas grandes capacidades como improvisador atraíram a atenção de muitos ilustres, incluindo Liszt, que em 1866 comparou o seu talento ao de Bach. Tornou-se cidadão francês em 1870, e fez parte da Sociedade Nacional de Música, que fora criada por Saint-Saëns para encorajar a difusão das obras dos compositores franceses modernos, em resposta à invasão da música estrangeira (sobretudo da música alemã). Professor de órgão no Conservatório conquistou um círculo leal e dedicado de alunos, e em 1871 obteve reconhecimento oficial como o sucessor de Benoist. Tornou-se Chevalier du Légion d’Honneur em 1885. As suas primeiras obras foram influenciadas por compositores de opéra-comique como Grétry. Atingiu a sua maturidade com obras de caráter religioso, onde se inclui a oratória Les Béatitudes, que o ocupou durante dez anos. > 125 CHARLES IVES 1874-1954 126 Nasceu no estado de Connecticut em 1874. Figura de exceção na história da música ocidental, as suas obras antecipam ou anunciam muitos dos procedimentos radicais e inovadores posteriormente adotados por compositores de vanguarda mais jovens. O seu pai, George Ives, mestre de banda de cidade, já havia feito experiências com timbre, clusters, politonalidade, quartos de tom e acústica, inspirando interesses semelhantes no seu filho. Aos 14 anos, tornou-se organista da igreja batista de Danbury, compondo as Variations on “América” em 1891. Entrou na Universidade de Yale em 1894, estudando órgão com Dudley Buck e composição com Horatio Parker. Concluída a licencia­tura em 1898, mudou-se para Nova Iorque, tomando-se escriturário numa companhia de seguros, conseguindo porém acumular este posto com o cargo de organista em vários locais. Entre 1910 e 1918 ficou gravemente doente, sofrendo de uma doença cardíaca que o obrigou a reduzir gradualmente as suas atividades de negócios, até se retirar totalmente em 1910. Compôs muito pouco a partir de 1917, tendo dedicado o resto da sua vida à revisão das suas obras, processo que acabou por ser contraproducente, pois resultou em enormes dificuldades de interpretação. Nicolas Slonimsky dirigiu corajosamente a composição orquestral Three Places in New England em Boston e Los Angeles entre 1930 e 1932. Mais tarde dirigiu também várias obras de Ives na Europa. Em 1947, a 3.ª Sinfonia de Charles Ives, executada nesse mesmo ano em Nova Iorque, ­ganhou o Prémio Pulitzer, para desilusão do autor que devolveu o dinheiro do prémio. CLAUDE DEBUSSY 1862-1918 Nasceu em Saint-Germain-en-Laye e morreu em Paris. Recebeu uma educação musical pouco formal quando criança, embora o seu engenho musical tenha sido canalizado para aulas de piano com a sogra de Verlaine, Madame Mauté de Fleureville, aluna de Chopin, que o preparou para a entrada no Conservatório de Paris aos dez anos. Aí passou 12 anos, adquirindo uma sólida formação musical. A sua reputação era de um pianista excêntrico e rebelde em questões de harmonia e teoria. Depois de acompanhar a baronesa Von Meck, protetora de Tchaikovsky, em várias viagens, como pianista, instala-se definitivamente em Paris em 1887. Outras influências resultantes desses anos a viajar vieram-lhe da amizade com os pintores do movimento impressionista e, ainda mais importante, com escritores e poetas como Mallarmé e os simbolistas. Em 1989, substituiu o simbolismo por Wagner, reconhecendo a sua grandeza, mas também o facto de que este representava a “linha morta” para outros compositores. Foi um dos maiores e mais importantes compositores do século XX, não só pelo que produziu, mas também pelos caminhos que abriu para outros explorarem. Daí a homenagem que compositores posteriores como Boulez, Messiaen, Webern e Stravinsky lhe têm prestado. Depois do sucesso de Nocturnos, no início do século XX dedica-se a uma vasta produção musical, com o piano a ocupar sempre uma posição central. Count Basie 1904-1984 William Basie nasceu em Nova Jérsia, filho de músicos, e cresceu em Nova Iorque. O seu pai tocava melofone e a mãe, pianista, deu ao filho as primeiras lições de música. Teve também oportunidade de aprender com famosos músicos do Harlem, como Fats Waller. Em 1936, em Kansas City, formou uma banda que acabou por ficar em residência num clube da cidade, transmitindo na rádio os seus concertos. A sua grande oportunidade surge quando John Hammond, jornalista e produtor musical, descobre a banda através da rádio e decide promovêla junto de agentes e editoras discográficas. Não se fizeram tardar as digressões pelo país e as primeiras gravações: em 1937 com a Decca; e em 1939 com a Columbia Records. Nos anos seguintes, e até à entrada dos Estados Unidos na Segunda Grande Guerra, a banda viajou exaustivamente pelo país. No final dos anos 40, as big bands entraram em declínio e Basie decidiu também extinguir a banda para trabalhar com agrupamentos musicais mais reduzidos. No entanto, rapidamente voltou atrás na sua decisão e em 1952 o grupo refez-se, graças a novas oportunidades de digressão. Nos anos 60, gravou alguns trabalhos com grandes nomes da canção como Ella Fitzgerald, Frank Sinatra ou Sammy Davis Jr., regressando a um formato mais fiel ao jazz no final da década. Morreu aos 79 anos, mas a sua Count Basie Orchestra ainda hoje se mantém ativa, viajando e divulgando o seu trabalho pelo mundo inteiro. Darius Milhaud 1892-1974 Compositor francês famoso pelo desenvolvimento da politonalidade na sua música, Milhaud nasceu em Aix-en-Provence, no seio de uma família judaica. Iniciou os seus estudos de música com o violino, dedicando-se mais tarde à composição. Estudou com Paul Dukas e Vincent d’Indy no Conservatório de Paris. Durante a Primeira Guerra Mundial, entre 1916 e 1918, viveu no Rio de Janeiro, ao serviço da diplomacia francesa e do dramaturgo e poeta Paul Claudel, então diplomata na cidade brasileira, de quem se tornaria amigo e para cujas peças de teatro comporia várias vezes. Uma das suas famosas suites para piano, Saudades do Brasil (1921), reflete as influências desta estada no compositor. Durante as décadas de 1920 e 1930, re­ gres­sado a Paris, Milhaud dedicou-se a compor e a ensinar com intensidade, vendo-se obrigado a abandonar a França em 1939, com o despoletar da Segunda Guerra Mundial. Estabeleceu-se então nos Estados Unidos, onde continuou a compor e a ensinar, na Mills College na Califórnia. Regressando mais tarde ao ensino na Europa, no Conservatório de Paris, acaba por morrer na Suíça, em 1974. Milhaud foi um compositor prolífico, dei­ xando-nos um número impressionante de obras, entre as quais nove óperas, doze sinfonias, numerosos concertos, canções, 18 quartetos de cordas, suites para piano e música para filmes, peças de teatro e de dança. DMITRI SHOSTAKOVICH 1906-1975 Compositor e pianista russo. Estudou no Conservatório de São Petersburgo, onde deu aulas mais tarde. Veio a lecionar também no Conservatório de Moscovo. As suas relações com o poder soviético valeram-lhe ter sido sucessivamente considerado como músico oficial e reprimido pelo formalismo. Em 1926, o Governo russo encomendou-lhe aquela que seria a sua segunda sinfonia, para comemorar o aniversário da Revolução de Outubro. A ópera Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk foi violentamente criticada, mas com a 5.ª Sinfonia, Shostakovich cai de novo nas boas graças do poder. A 7.ª Sinfonia, Leninegrado, composta durante o cerco da cidade em 1941, é um dos testemunhos mais pungentes da resistência do compositor à Guerra e ao sofrimento do povo. A campanha antiformalista de Jdanov, em 1948, condena-o uma vez mais aos olhos do governo, mas a sua 13.ª Sinfonia, em 1962, parece tê-lo colocado ao abrigo de todas as inquietações. Independentemente das peças para piano, Shostakovich compôs 15 sinfonias, 15 quartetos de corda, óperas, música para filmes, concertos e música vocal. O seu estilo, sucessivamente épico, profundo ou sarcástico, é sempre o reflexo da alma rus- sa, integrando a herança de compositores europeus como Beethoven ou Mahler. Shostakovich é hoje um dos músicos do século XX mais interpretado; a força e a originalidade do seu discurso fazem dele, incontestavelmente, uma das personalidades mais marcantes da história da música russa. Duke Ellington 1899-1974 Um dos mais famosos e conceituados músicos norte-americanos do século XX, Edward Kennedy Ellington nasceu em Washington D.C., filho de músicos e naturalmente talen­ toso ao piano. Começou a compor na adolescência, abandonando o liceu aos 17 anos para se dedicar à música. Em 1923, a sua primeira banda, The Washingtonians, estabeleceu-se em Nova Iorque, com residência num clube de Times Square. Aí ganharam notoriedade e conseguiram as primeiras gravações. A pouco e pouco, Ellington foi-se tornando o líder da banda que, em 1927, se mudava para o famoso Cotton Club, onde permaneceu três anos. Em 1931, a Duke Ellington Orchestra iniciou uma longa digressão e, mesmo com as dificuldades que as big bands sofreram na época da Guerra, a banda nunca se separou nem deixou de dar concertos. Nomeando apenas algumas das suas composições mais famosas, não podem faltar It Don’t Mean A Thing If It Ain’t Got That Swing (1932), Sophisticated Lady (1933), In A Sentimental Mood (1935), Prelude To A Kiss (1938), I Got It Bad (And That Ain’t Good) (1941), Don’t Get Around Much Anymore (1942), I’m Beginning To See The Light (1944) e Satin Doll (1953). Compôs para espetáculos da Broadway e para vários filmes, entre eles Check and Double Check (1930), Anatomy of a Murder (1959) e Paris Blues (1961). Foi distinguido pelo presidente norteamericano Lyndon Johnson com a Meda­ lha de Ouro da Presidência em 1966, pelo presidente Richard Nixon com a Medalha da Liberdade em 1969, recebeu 13 Grammys, incluindo o Lifetime Achievement em 1966, um Prémio Pulitzer e a Legião de Honra Francesa em 1973. Edward Michael 1921-2006 Nasceu em Inglaterra, mas passou a maior parte da sua infância e adolescência nos países do Médio Oriente. Aos 18 anos regressa a Londres para integrar a Royal Air Force, pois deflagrara a Segunda Grande Guerra. Terminada a Guerra, inicia os estudos musicais na Guildhall School of Music, dedicando-se ao violino e à composição. Estu­da também com Berthold Goldschmidt (aluno de Hindemith), Matyas Seiber e Max Rostal. Até 1950, ano em que vai viver para Paris para estudar com Nádia Boulanger, cons­ truiu e apresentou em diversas salas o seu repertório, que incluía dezenas de concertos e sonatas e cerca de duas centenas de peças para violino. Em 1956, o seu Nocturno para flauta e orquestra vence, nos Estados Unidos, o Prémio Lili Boulanger, atribuído pelos jurados Igor Stravinsky e Aaron Copland, entre outros. Por razões de saúde, abandona a carreira de violista e dedica-se exclusivamente à composição. Morre no sul de França em 2006. ELLIOT CARTER n. 1908 Reconhecido como um dos maiores inventores da música do século XX, Elliot Carter nasceu em Nova Iorque, a 11 de dezembro de 1908. Foi incentivado a tornar-se compositor por Charles Ives. Estudou na Universidade de Harvard com Walter Piston e em Paris com Nadia Boulanger. De volta a Nova Iorque, em 1935, dedica-se à composição e ao ensino. As suas obras iniciais eram estilo neoclássico, mas a partir da Sonata para piano (1945-1946) tornou-se notória uma estrutura harmónica e um tratamento rítmico novos. Com a Sonata (1948) desenvolveu a “modulação > 127 métrica”, onde uma nova pulsação rítmica se estabelece a partir de uma figuração rítmica que contraria a pulsação anterior. O ouvinte tem uma clara impressão de existência simultânea de duas pulsações. Os seus três quartetos de cordas têm sido descritos como as composições mais significativas para esta formação desde Bartók. Compôs peças para orquestra, para piano, quarteto de cordas, temas para solistas, para coro e dança. Enrique Granados 1867-1916 128 Compositor e pianista nasceu em Lérida, na Catalunha, em 1867. Aos 23 anos deu o seu primeiro grande concerto como pianista. Durante o século XX aproximou-se do movimento artístico do modernismo catalão, sem se deixar no entanto limitar por esta referência. Durante a sua vida foram poucas as interpretações e publicações das suas obras, tendo alcançado êxito sobretudo como pianista. O seu primeiro trabalho a ter o reconhecimento de âmbito nacional foi a ópera Maria del Carmen, que estreou em Madrid. A sua obra mais conhecida acolhe um conjunto de peças para piano, Goyescas, em que, tal como tinha feito Goya nos seus quadros, Granados quis retratar os mais coloridos personagens populares (majos e majas) do seu tempo. Em 1916 estreou no Metropolitan de Nova Iorque a ópera Goyescas, elaborada a partir das peças para piano homónimas. Ao voltar para a Europa, o barco onde viajava seria atingido por um torpedo alemão. Granados afogou-se ao tentar salvar a sua mulher. As suas composições são principalmente para piano ou voz e piano, embora também tenha escrito música de câmara, sinfónica e ópera. Erich Wolfgang Korngold 1897-1957 Nasceu em Brünn, na Morávia (hoje Brno, na República Checa), filho do influente crítico musical Julius Korngold. Foi um compositor muito precoce, aluno de Zem­ linsky e apadrinhado por Mahler. Aos 13 anos escreveu o bailado Der Schneemann, estreado sob a batuta de Zemlinsky e apresentado em várias cidades alemãs e austríacas. Ainda na adolescência compôs as suas duas primeiras óperas Der Ring des Polykrates e Violanta e, apenas com 23 anos, terminou Die tote Stadt, a sua ópera mais famosa de sempre, estreada na mesma noite nas cidades de Hamburgo e Colónia em 1920 e imediatamente apresentada com sucesso em diversos países. Na década de 1920, Korngold começou a interessar-se pela música para teatro e, em 1929, Max Reinhardt convidou-o para compor para a sua encenação da opereta Die Fledermaus. Quando, em 1934, Rein­hardt foi convidado pela Warner Bros para adaptar ao cinema a sua versão de Sonho de Uma Noite de Verão, o realizador convidou Korngold a acompanhá-lo e o compositor impressionou a produtora norte-americana que lhe ofereceu um contrato. Desde então, Korngold compôs com sucesso para vários filmes, como Captain Blood (1935), Green Pastures (1936), The Prince and the Pauper (1937), The Sea Hawk (1940), ­Kings Row (1942). Ganhou por duas vezes o Óscar, em 1936 e 1938, pela música dos filmes Anthony Adverse e The Adventures of Robin Hood, respetivamente. ERIK SATIE 1866-1925 Filho de Alfred Satie, fabricante de papel e editor de música, nasceu em Honfleur e morreu em Paris. O seu talento musical permite-lhe ingressar no Conservatório de Paris, para onde foi viver em 1878 e onde se revela um aluno pouco estudioso e indisciplinado. Trabalhou como pianista no Cabaret du Chat Noir, em Montmartre, e no Auberge do Clou. Conheceu Debussy em 1890, de quem se tornou grande amigo. Em 1891 aderiu à Confraria Rosa-Cruz, para a qual compôs várias obras. Em 1905 entrou na Schola Cantorum como aluno de Vicent d’Indy e Roussel, abandonando-a em 1908. A sua obra Trois Morceaux en forme de poire atraiu a atenção dos jovens compositores da época, muito se devendo à excentricidade do título. Em 1917 escreveu Parade para o Ballet de Diaghilev, em colaboração com Cocteau, no qual utiliza ritmos de jazz e, entre outros instrumentos, máquina de escrever, buzina de navio a vapor e sirene. Foi mentor do Les Six, grupo de vanguarda – constituído por Milhaud, Honegger, Poulenc, Auric, Durey e Tailleferre – que reagiu contra a influência do romantismo e do impressionismo na música. A sua importância reside em ter liderado uma nova geração de compositores franceses fora da influência impressionista de Wagner, em direção a um estilo mais simples e sarcástico. ERNEST BLOCH 1880-1959 Nasceu em Genebra. Filho de um relo­ joeiro, frequenta desde os 11 anos o conservatório da cidade. Em 1897, parte para Bruxelas para prosseguir os estudos de violino com Eugéne Ysaÿe e Franz Schörg. Em 1904 casa com Margarethe Schneider, e uma das suas filhas, Suzanne, acabará por tornar-se uma flautista de renome. Em 1916 parte para os Estados Unidos para se tornar maestro da companhia de dança Maud Allan, que acaba por falir. Bloch decide manter-se no país e rapidamente alcança sucesso enquanto compositor, maestro e professor de música. Em 1924 é-lhe atribuída a cidadania americana e, no ano seguinte, torna-se diretor do Conservatório de São Francisco. Durante a década de 1930, regressa à sua Suíça natal, compondo e dirigindo as suas obras nas salas de concerto europeias. No entanto, a ameaça da Segunda Guerra Mundial leva-o de volta aos Estados Unidos, regressando à carreira de professor, desta vez na Universidade de Berkeley, na Califórnia. Reforma-se em 1952 e morre vítima de cancro sete anos depois. Do legado que deixou, tornaram-se particularmente famo- sas as suas composições de música judaica, como Suíte Hébraïque para viola ou violino e orquestra, Baal Shem para violino e piano e Schelomo para violoncelo e orquestra. Ernst von Dohnányi 1877-1960 Nasceu em Pozsony, hoje Bratislava. Desde muito novo demonstrou um grande interesse pela música, iniciando os seus estudos com o organista da igreja que frequentava, amigo da sua família. Em 1984, ingressou na Academia de Música de Budapeste, onde estudou piano com Thóman e composição com Koessler. Em 1898, tocou pela primeira vez ao vivo, sob a direção de Hans Richter. A amizade deste prestigiado maestro e compositor, bem como a de Johannes Brahms, responsável pela sua estreia em Viena, ajudaram Dohnányi a desenvolver a sua carreira de pianista e compositor em diversas cidades europeias. Lecionou na Berlin Hochschule entre 1905 e 1915, ano em que regressou a Budapeste. Até 1944, manteve-se na Hungria, ensinando na Academia de Música de Budapeste, dirigindo a Budapest Philharmonic Society e definitivamente marcando a formação e desenvolvimento da cultura musical do seu país. Durante a II Guerra Mundial, Dohnányi decide mudar-se para a Áustria e, em 1949, aceita lecionar na Florida State College, em Tallahassee, nos Estados Unidos. Aí se manteve, compondo, tocando e ensinando até à sua morte. Mais do que um compositor nacionalista, como Bartók ou Kodály, Dohnányi foi um seguidor da tradição clássica alemã. A sua obra que mais se celebrizou foi Variations on a Nursery Theme para piano e orquestra, tendo escrito também três óperas, três sinfonias e vários trabalhos notáveis para agrupamentos de câmara. Erwin Schulhoff 1894-1942 Nasceu em Praga em 1894. Foi considerado uma criança prodígio. Aos sete anos, com a recomendação de Dvořák, ingressa no Conservatório de Praga. Percorreu tam- bém os conservatórios de Viena, Leipzig e Colónia. Nas suas primeiras obras seguiu os modelos do século XIX, procurando já alguma transgressão às técnicas tonais. No decurso da Primeira Guerra Mundial foi recrutado para o exército austríaco. Foi nessa altura que deu início ao seu envolvimento político com o Socialismo. Depois da Guerra, em Berlim, conheceu o dadaísta Grosz, que lhe mostrou gravações de ragtime e jazz americano. Com a influência destas recentes descobertas e dos movimentos dadaísta e expressionista, começou a integrar todos estes estilos na sua produção. Com o avanço da extremadireita na Alemanha, as suas convicções aproximam-se do regime soviético. A sua música tornou-se mais comunicativa, aproximando-se do conceito estalinista de “Arte para as Massas”. Em 1932 escreveu uma cantata sobre o texto do Manifesto Comunista de Marx e Engels. A invasão da Checoslováquia em 1939 trouxe a proibição das suas obras e a interdição de trabalhar. Apesar dos avisos dos amigos, não aceitou exilar-se. Foi preso em 1941 e deportado para o campo de concentração de Würzburg, onde morreu no ano seguinte. Etienne Rolin n. 1952 Nasceu na Califórnia, onde estudou música e filosofia. É um artista multifacetado, residente em França. Nos últimos 30 anos compôs música de câmara e ópera, e fez inúmeros arranjos de jazz. Autor de mais de uma centena de obras apresentadas em todo o mundo, o seu estilo musical é o resultado do cruzamento entre a linguagem da música contemporânea e do jazz, partindo da sua experiência pessoal como músico em salas de free jazz e de vanguarda. Os anos de estudo com Olivier Messiaen, I. Xenakis e Nadia Boulanger consubstanciaram-se num amplo espectro estético. Enquanto músico, desenvolveu um estilo pessoal de improvisação em instrumentos de sopro, através da exploração metódica de técnicas extensas. Fez várias gravações pela Erol Records e publicou na editora Question de Tempéraments em Bordéus. Como artista gráfico, expôs na Alemanha, França e EUA. Atualmente cria cenários para espetáculos de dança através da sua associação, ­ARTANDEM. Enquanto professor, é muito requisitado para palestras e conferências sobre análise musical de todas as épocas. É autor de um livro sobre improvisação, onde explica de que forma esta prática cria ligações entre vários géneros musicais. Atualmente, é professor de improvisação e de música de câmara no Conservatório de Bordéus. FEDERICO MOMPOU 129 1893-1987 Descendente de uma família catalã com raízes francesas, Federico Mompou manifestou muito cedo o desejo de compor. Nasceu e morreu em Barcelona. Iniciou os estudos musicais no Conservatório de Barcelona, onde compôs muitas das suas obras, sobretudo peças para piano a que chamou “estilo primitivista” (sem divisões de compasso, armações de clave ou cadências). Viveu em Paris entre 1921 e 1941, para aperfeiçoar a sua técnica enquanto pianista e compositor. Durante a sua juventude, que considerou feliz, conheceu Manuel de Falla, Prokofiev e Rubinstein. Entre Espanha e Paris escreveu uma série de peças com as quais alcançou notoriedade. Influenciado por Debussy, encontrou a verdadeira inspiração no silêncio de que se foi rodeando – era um músico sensível e recatado, que no prefácio ao seu primeiro caderno de Música Calada escreveu: “A solidão torna-se música.” Grande parte da obra que deixou, maioritariamente para pia­no, permanece ainda hoje desconhe­ cida do público. Fernando Lopes-Graça 1906-1994 Compositor e musicólogo português, estudou em Coimbra, no Conservatório Na- > 130 cional, e apresentou-se pela primeira vez como compositor em 1929, com as Variações sobre Um Tema Popular Português, para piano, e com Poemeto, para orquestra de cordas. De 1932 a 1936 colabora com o grupo literário da Presença, em Coimbra. Parte, no ano seguinte, para Paris, onde frequenta a cadeira de musicologia da Sorbonne. É nesta altura que se dá, no seu estilo, a viragem decisiva no sentido de uma orientação de timbre nacionalista, com o aproveitamento e a elaboração, na sua linguagem, dos elementos harmónicos, melódicos e rítmicos do folclore português. Em 1939 regressa a Lisboa, exercendo uma intensa atividade como compositor, crítico, pianista, publicista, conferencista, organizador e regente de coros populares, e, no ano seguinte, recebe o Prémio de Composição do Círculo da Cultura Musical, com o 1.º Concerto para Piano e Orquestra, prémio que volta a conquistar também em 1942, 1944 e 1952. Em 1942, fundou uma organização de concertos de música moderna intitulada Sonata, criando em 1951 a revista Gazeta Musical. O seu patriotismo reafirma-se e amadurece em obras como Suite Rústica (para orquestra, sobre melodias tradicionais portuguesas), os cinco Velhos Romances Portugueses (para pequena orquestra), as Nove Canções Populares Portuguesas (para voz e orquestra), os Natais Portugueses e Melodias Rústicas Portuguesas (para piano), além de numerosos ciclos de harmonizações de canções populares, para voz e piano, e para coro a capella. Filipe de Sousa 1927-2006 Nasceu em Moçambique. Iniciou os estudos musicais aos seis anos, com o seu pai, guitarrista e compositor. Estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, onde se formou em piano com Abreu Mota e composição com Jorge Croner de Vasconcellos. Simultaneamente, concluiu o bacharelato em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa. Durante os primeiros tempos da sua vida profissional dedicou-se à carreira de intérprete, empenhando-se particularmente na divulgação de autores contemporâneos. A Filipe de Sousa se devem as primeiras audições em Portugal de algumas obras de Bartók, Hindemith, Schoenberg ou Milhaud. Contando com uma bolsa de estudo atribuída pelo governo de Moçambique, regressa aos estudos e, em 1957, obtém o seu diploma de chefe de orquestra na Staatsakademie de Viena, com Hans Swarowsky. Estuda também em Munique, com Adolph Mennerich e F. Lehmann, e em Hilversum, com Alberto Wolf. Lecionou no Conservatório Nacional de Lisboa e na Universidade de Luanda e foi diretor do Serviço de Música da RTP. Dedicou-se com especial empenho à investigação e divulgação do património musical português, descobrindo e catalogando numerosas obras de música antiga, entre as quais peças de António Teixeira e António José da Silva. Enquanto compositor, destacam-se as obras Quinteto de Sopros, Sinfonietta e Suite de Danças, bem como peças a solo para piano, violino, viola, violoncelo e clarinete. FRANZ LISZT 1811-1886 Nasceu em Raiding, na Hungria, e morreu em Bayreuth. Durante a sua infância recebeu a influência das obras de Mozart, Haydn e Beethoven. E com apenas 15 anos já se tinha celebrizado como pianista de um virtuosismo ímpar. Em 1821 foi para Viena, onde estudou com Salieri e Czerny. Tocou em Paris em 1823 e em Londres em 1824. Em Paris, conheceu Berlioz e Chopin, de quem se tornou muito amigo, e outras figuras literárias e pintores importantes. Grande viajante, alcançou enorme êxito por toda a Europa. Nos concertos em que participou, a dado momento introduziu algumas inovações, nomeadamente o facto de ter sido o primeiro pianista a tocar sem pauta. Como compositor, foi de uma grande abertura de espírito, dando especial aten­ ção à música popular, aos compositores do passado e às obras dos seus contemporâneos. As tradições musicais populares fazem parte do seu processo de evolução criativa. Inicialmente voltado para o piano, Liszt viria posteriormente a dedicar-se à orquestra. Mais tarde surgem os temas religiosos, com extensas partituras que irão marcar o final da sua carreira de compositor. Foi um dos músicos mais apreciados pelos seus contemporâneos, mas também um dos mais solitários que o século XIX conheceu. GEORGE GERSHWIN 1898-1937 Filho de pais emigrantes russo-judaicos, Gershwin nasceu em Brooklyn e ­cresceu na baixa de Manhattan. Em criança, começou a tocar os êxitos da época no piano de um vizinho, ainda sem ter rece­bido qualquer formação. Aos 13 anos, começou a ter aulas de piano com Charles Hambitzer e mais tarde estudou teoria e harmonia com Edward Kilenyi, para quem escreveu um quarteto de cordas. Tornou-se, entretanto, pianista a tempo inteiro. Viajou muito, compondo a maioria dos temas teatrais com o irmão, Ira Gershwin. Viveu o último ano de vida em Hollywood, onde compôs temas para vários filmes. A sua composição mais famosa é Rhapsody in Blue que tem um estilo novo, o de aplicação da linguagem do jazz a obras de concerto. Gershwin foi não só o criador da idade de ouro dos musicais americanos da Broad­ way, mas também um compositor de música para orquestras, com aproximações às sonoridades do jazz. Os seus dotes melódicos eram fenomenais, a mistura de simplicidade e sofisticação existente na sua música confere-lhe um poder atrativo e individualidade. As suas canções contêm a essência dos anos vinte em Nova Iorque e mereceram terem-se tornado clássicos do repertório do século XX. Gerald Finzi 1901-1956 Nasceu em Londres. Estudou com o compositor Ernest Farrar até este partir para a Primeira Guerra Mundial, onde acabou por morrer. Estudou ainda com Edward Bairstow em York. Em 1922, atraído pela tranquilidade do mundo rural, mudou-se para Painswick, em Gloucestershire, onde se dedicou à composição. Regressou a Londres alguns anos depois para estudar contraponto com R. O. Morris. Ensinou composição na Royal ­Academy of Music, entre 1930 e 1933, ano em que casou com a artista Joyce Black, mudandose novamente para o campo: Aldbourne, em Wiltshire. Foi na década de 1930 que a reputação de Finzi cresceu e as suas obras começaram a ter o merecido reconhecimento, o que aconteceu por exem­plo com os ciclos de canções A Young Man’s Exhor­ tation (1926-1929), Earth and Air and Rain (1928-1932) e Dies Natalis (1939). Em 1939, fundou a orquestra inicialmente amadora Newbury String Players, que dirigiu até à sua morte e que, além de difundir a sua própria música, lhe permitiu revelar alguns compositores contemporâneos e redescobrir outros, sobretudo alguns ingleses esquecidos do século XVIII. Durante os anos da Segunda Grande Guerra escreveu algumas das suas mais importantes obras: o hino Lo, the Full, Final sacrifice (1946), a ode For St Cecilia (1947), o Concerto para Clarinete (1949) e Intimations of Immortality, peça para coro e orquestra (1950). Em 1951 foi-lhe diagnosticada leucemia e durante os cinco anos que ainda viveu, Finzi não abrandou a sua dedicação ao trabalho de compositor. Giovanni Bottesini 1821-1889 Conhecido como “Paganini do contrabaixo”, Bottesini foi contrabaixista, maestro e compositor, tendo deixado como principal marca o desenvolvimento de novas técnicas de interpretação do contrabaixo. Nasceu em Crema, na Itália, em 1821. Filho de um músico, começou cedo a estudar violino. Quando quis fazer audição para o Conservatório de Milão, apenas restavam bolsas para os cursos de fagote e contrabaixo. Em poucas semanas aprendeu o suficiente de contrabaixo para satisfazer o júri. Em 1840 estreou-se como contrabaixista na sua cidade natal com grande sucesso. Foi contrabaixista na Orquestra do Teatro de San Benedetto em Veneza e aí conheceu Verdi, de quem ficou amigo. No ano de 1846 rumou a Havana onde estreou a sua primeira ópera, e durante alguns anos tocou um pouco por toda a América. De 1861 a 1863 foi diretor musical do Tea­tro Bellini em Palermo e desempenhou o mesmo cargo, mais tarde, em Espanha e Portugal. Bottesini dirigiu a estreia absoluta da ópera Aida de Verdi no Cairo. Deixou uma extensa obra – entre óperas, concertos, música de câmara e solista – sendo as suas peças para contrabaixo de tão grande exigência técnica que ainda hoje raramente são tocadas. ficou registado no ciclo de canções Lieder eines fahrenden Gesellen. Foi maes­tro titular da Ópera de Budapeste e da Ópera de Hamburgo. Mahler dividia o seu tempo entre a composição, no verão, e a direção, no inverno. A sua época de maior prestígio corresponde à data da sua nomeação para diretor da Ópera de Viena, em 1897, ano em que se converteu ao cristianismo, abandonando o judaísmo. Em Viena revoluciona a produção e iluminação das óperas. Em 1907, é atingido por três fatalidades: a perda – na sequência de ataques antissemitas – do seu posto em Viena; a morte da filha mais velha; e a descoberta de uma doença cardíaca incurável. Convidado pelo diretor da Metropolitan Opera, vai para Nova Iorque, onde passa o outono e o inverno durante quatro anos. Quando morre, a 18 de maio de 1911, em Viena, deixa três grandes obras póstumas: a canção sinfónica Das Lied von der Erde e as Sinfonias 9 e 10. Como maestro, a sua competência e talento nunca foram contestados, enquanto as suas composições não alcançaram unanimidade: sendo alvo da admiração obstinada dos seus discípulos, mas também repudiadas por um grande número de músicos. GUSTAV MAHLER Heitor Villa-Lobos 1860-1911 1887-1959 Nasceu em Kalist, Boémia, e morreu em Viena. Compositor, maestro e pianista austríaco, de origem judia, foi não só um dos mais conhecidos regentes austríacos, como um compositor fundamental na passagem da música do século XIX para o período moderno. Começou a aprender piano aos seis anos, dando o primeiro recital quando tinha dez. Em 1875 entrou no Conservatório de Viena, onde ­estudou piano com J. Epstein, harmonia com R. Fuchs e composição com Franz Krenn. Foi ainda no Conservatório que se tornou amigo e seguidor de Bruckner. Começou a carreira como maestro em Hall, depois noutras cidades austríacas, entre as quais Kassel, onde teve um caso amoroso infe­liz que Nasceu no Rio de Janeiro. Recebeu de seu pai as primeiras lições de música e chegou a ter aulas de harmonia com outro professor, mas foi em todos os restantes domínios um autodidata, ganhando a vida a tocar em cafés. Tocou violoncelo na Ópera do Rio e em várias orquestras sinfónicas, absorvendo influências dos nacionalistas russos, bem como de Stravinsky e Strauss, sob cuja direção tocou em 1920. Amigo de Milhaud quando este era secretário de Claudel na embaixada francesa e, desde 1921, de Arthur Rubinstein, que tocou muitas das suas obras para piano. Viveu na Europa entre os anos de 1923 e 1924, e residiu em Paris entre 1927 e 1930, tendo sido influenciado por Satie e Milhaud > 131 132 e pelo neoclassicismo então na moda. O resultado foi uma série de obras intitulada Bachianas Brasileiras, em que as formas barrocas são recriadas com um “colorido” brasileiro. Regressado ao Brasil em 1930, ensinou em várias escolas. Fundou o Conservatório Nacional de Canto Orfeónico em 1942 e a Academia Brasileira de Música em 1945. Embora a sua música pareça ter características folclóricas, são raras as vezes em que se baseou em canções populares, devendo-se o espírito brasileiro das suas obras a efeitos de colorido e de ritmo. Personalidade romântica e melodista usou a forma do choro popular como base para uma série de peças de caráter nacionalista, para diversas combinações de vozes e instrumentos. Hugo Wolf 1860-1903 Nasceu em Windischgraz (hoje Slovenj­ gradec), na Eslovénia, que então integrava o império Austro-Húngaro. Iniciou os estudos musicais com o seu pai e, mais tarde, frequentou o Conservatório de Vie­ na, onde foi contemporâneo de Gustav Mahler. Foi um aluno irregular, chegando a ser expulso do conservatório. Foi ainda enquanto estudante que contraiu sífilis, doença que acabaria por matá-lo e que condicionou a sua vida e carreira, alternando períodos de intensa dedicação à composição, com outros de profunda depressão e doença. Foram as canções que compôs que consagraram Wolf, tendo a grande maioria sido composta a partir dos seus 28 anos. Até aí, iniciara vários trabalhos para música de câmara, para piano e para orquestra que, na grande maioria, ficaram incompletos. Entre os trabalhos que concluiu estão o poema sinfónico Penthesilea, a peça coral Christnacht e ainda Italian Serenede, para um quarteto de cordas. Nas suas canções, musicava poemas dos seus escritores alemães preferidos, como Goethe, Mörike, Eichendorff, Kleist ou Lenau, tendo-se dedicado, a partir de 1889, à descoberta de poetas espanhóis e italianos. Compôs, então, nos anos seguintes, os livros de canções Spanisches Liederbruch e Italie­ nisches Liederbruch. Em 1895 e 1896 compôs ainda a ópera Der Corregidor. Morreu em 1903 num asilo psiquiátrico, onde foi internado depois de uma tentativa de suicídio por afogamento, cinco anos antes. Ignacy Jan Paderewski 1860-1941 Paderewski é lembrado sobretudo por ter sido o segundo primeiro-ministro da Polónia, pelo brilhantismo e inteligência dos seus discursos e pelo carisma enquanto pianista. Nasceu no Império Russo em 1860, numa povoação que pertence atualmente à Ucrânia. Depois da morte da mãe e da prisão do pai, suspeito de ter participado na Revolta de 1863 contra o Império Russo, Ignacy foi acolhido por uma tia. Foi um pianista precoce e um improvisador brilhante, e já gozava de alguma fama quando ingressou no Conservatório de Varsóvia aos 12 anos. Com pouco mais de vinte anos tornou-se uma figura de culto como pianista carismático, tendo atuado por toda a Europa e Estados Unidos. Durante a Primeira Guerra Mundial foi o representante oficial do Comité Nacional da Polónia – organismo que lutava pela Tríplice Entente e reclamava a independência da Polónia. Em 1919 tornou-se primeiro-ministro do recém-criado Estado polaco, tendo sido o seu representante na Conferência de Paz de Paris e assinado o Tratado de Versalhes. Três anos depois voltou aos concertos em salas como o Carnegie Hall ou o Madison Square Garden. Na Segunda Guerra Mundial liderou o Governo polaco no exílio, em Londres, enquanto recolhia fundos dando concertos. Esteve ativo quase até à sua morte, em junho de 1941. IGOR STRAVINSKY 1882-1971 Nasceu em Oranienbaum, na Rússia. Começou por estudar direito e, simultaneamente, música com Rimski-Korsakov. A partir de 1908 colabora com Diaghilev e compõe vários bailados que rapidamente o tornam célebre (O Pássaro de Fogo, A Sagra­ção da Primavera). Acompanha os Ballets Russes quando estes partem para França e conhece músicos como Debussy, Ravel, Satie, entre outros. A Revolução de 1917 afasta-o da Rússia até 1962. Instala-se em França, onde alarga as suas fontes de inspiração e desenvolve igualmente uma carreira de pianista e de maestro. Fixa-se definitivamente nos Estados Unidos na altura da Segunda Guerra Mundial. Em 1962 efetua uma viagem triunfal pela Rússia. Durante o seu primeiro período de composição, Stravinsky inspira-se no repertório russo integrando-o em estruturas formais e harmónicas mais abstratas, provenientes do Ocidente e desenvolvendo uma rítmica muito inovadora. Compôs depois num estilo “neoclássico”, com referências às polifonias antigas e à modalidade. No fim da sua vida, tentou também a música serial. O estilo extremamente pessoal de Stravinsky e as suas contribuições, nomeadamente nos planos harmónico e rítmico, para a linguagem musical, fazem-no um dos mais importantes compositores do século XX; o seu génio é universalmente reconhecido. ISAAC ALBÉNIZ 1860-1909 Nasceu em 29 de maio de 1860, em Camprodón, uma aldeia nos Pirenéus na província de Girona, Espanha. Estudou em Paris, Madrid, Leipzig e Bruxe­ las. Foi muito influenciado por Franz Liszt, com quem aperfeiçoou a sua técnica pia­nística, e também por Felipe Pedrell, Debussy e Ravel, além de ter captado ele­ mentos da música pianística de salão do século XVIII, da harmonia impressionista e da música folclórica espanhola. Muitas das suas composições foram transcritas para guitarra por Francisco Tárrega, cujo trabalho Albéniz muito admirava. Era um pianista habilidoso e possuía um estilo muito pessoal. Foi uma das figuras mais importantes da história musical de Espa­ nha, contribuindo para criar um idioma nacional e uma escola nativa de música para piano. Iberia, a sua obra-prima, foi composta entre 1906 e 1909 e reúne em quatro volumes doze peças para piano, muitas delas orquestradas depois por Enrique Fernández Arbós. Outra das suas obras mais famosas é a Suite Espanhola (1896-1897), composta em homenagem à rainha de Espanha. Albéniz musicou ainda três libretos de ópera: Henry Clifford (1895), Merlin e Pepita Jiménez (1896). Jean Sibelius 1865-1957 Nasceu em Hämeenlinna, no sul da Finlân­ dia, que na época constituía um grão-ducado da Rússia czarista, governado por uma maioria sueca. Desde cedo, Johan (só depois Jean) revelou talento musical, tendo como instrumento de eleição o violino, e aos nove anos compunha a sua primeira peça. Em 1885, ingressou na Universidade de Helsínquia para estudar direito, mas pouco depois abandonou o curso e dedicou-se à música. Estudou em Berlim, com Albert Becker, e em Viena, com Karl Goldmark e Robert Fuchs. De regresso à Finlândia, Sibelius dedicou-se ao ensino e à composição. Surgiram então os seus primeiros sucessos, como a Kullervo Symphony e a Lemminkäinen suite, baseadas nas lendas de Kalevala, peças importantes da mitologia finlandesa. Mais tarde, e já com apoio financeiro do senado finlandês, iniciou a composição das suas sete sinfonias, que o consagraram como um dos mais importantes compositores nacionalistas de sempre e como um dos mais relevantes no desenvolvimento da sinfonia e do poema sinfónico. Viveu muitos anos, mas nos últimos trinta dedicou-se apenas à revisão das suas obras, deixando o mundo à espera de uma oitava sinfonia que nunca foi conhecida. JIMMIE LUNCEFORD 1902-1947 Recordado como líder de uma das melhores bandas de swing de sempre, a par das bandas de Duke Ellington, Count Basie e Benny Goodman, Jimmie Lunceford cresceu em Denver, no Colorado, onde estudou com Wilberforce J. Whiteman, pai do também famoso líder da Paul Whiteman Orchestra. Apesar de ter estudado vários instrumentos, foi melhor líder do que músico. Foi professor no Liceu Manassas em Memphis, Tenessee, e, em 1927, criou nesta cidade a banda Chickasaw Syncopators, formada por estudantes, com a qual gravou algumas canções nos anos seguintes. Pouco tempo depois, a banda tornou-se profissional e começou a ser conhecida como Jimmie Lunceford Orchestra. Em 1933, a banda estabelecia-se em Nova Iorque, conquistando um lugar no consagrado Cotton Club, onde se fez notar com grande sucesso passado pouco tempo. Rapidamente, começaram a gravar para a editora Decca, mas a banda de Lunceford seria sempre considerada mais forte nas suas performances ao vivo. Entre os mais famosos temas da banda estão: Rhythm Is Our Business, Four or Five Times, Swanee River, Charmaine, My Blue Heaven, Ain’t She Sweet, Uptown Blues e Lunceford Special. JOHANNES BRAHMS 1833-1897 Nasceu em Hamburgo. Em criança, imaginou um sistema de notação musical, sem saber que o mesmo já existia. Foi um génio, dotado precocemente para o piano e a composição. Foi introduzido no meio musical pelo pai, contrabaixista do Teatro Estatal de Hamburgo, com quem aprendeu a tocar violino. Estudou piano com Otto Cossel e composição com Eduard Marxsen. Como pianista, fez a sua primeira apresentação pública em Hamburgo, aos 15 anos. Em 1853, conhece Joseph Joachim, que se impressionou com as suas composições e o apresentou a Liszt e Schumann. Foi neste período que escreveu os primeiros opus – as três Sonatas para piano e as Variações sobre um tema de Schumann, bem como as quatro Baladas op. 10. Depois da morte de Schumann tornou-se professor de piano da princesa Friederike e maestro coral na corte de Lippe-Detmol. A composição para este instrumento irá estar presente em mais de 50 peças. Brahms considerava o piano como o seu confidente de todos os dias, uma espécie de diário onde podia depositar os pensamentos mais íntimos. Foi um mestre em qualquer forma de composição, exceto a ópera que nunca abordou. Evitou a música programática e escreveu nas formas clássicas, embora a sua natureza fosse essencialmente romântica. JOHN CAGE 1925-2003 Nasceu em Los Angeles. Depressa abandonou a escola e mudou-se para a Europa com a intenção de se tornar escritor. Em Paris estudou arquitetura e interessou-se por música e pintura, escrevendo as primeiras composições em Maiorca. Voltou para os EUA e estudou harmonia e composição com Adolph Weiss e música oriental e folk music com Henry Cowell na New School for Social Research, em Nova Iorque. Foi para Los Angeles estudar com Arnold Schoenberg, mas o seu relacionamento rapidamente se desfez, por não se entenderem de todo quando o assunto era harmonia. Começou a envolver-se com a dança em 1937, trabalhando como compositor e acompanhante de aulas de dança moderna, primeiro na Universidade da Califórnia e depois na Cornish School em Seattle. Mais tarde trabalhou frequentemente em > 133 134 associação com o coreógrafo Merce Cunningham. Envolveu-se com o zen-budismo, que o inspirou a compor Music of Changes, peça em que as notas e a sua duração eram determinadas pelo I Ching. Em Estocolmo, compôs Music Walk, que consiste em nove folhas com anotações e uma em branco, e um pequeno plástico com recortes retangulares que é colocado em qualquer posição. A Música Aleatória – que Cage levou ao extremo – surgiu nos anos 1950 como reação ao serialismo. A performance é imprevisível, pois cabe ao intérprete escolher, entre os caminhos sonoros indicados através de notação específica, o que mais lhe agrada. Cage compôs também a obra silenciosa 4’33’’, que é o tempo que os artistas ficam em silêncio no palco segurando os seus instrumentos, e cuja reação da plateia pode ir da surpresa à indignação. JOHN MUSTO n. 1954 Consagrado quer como pianista, quer como compositor, John Musto nasceu em Brooklyn e frequentou a Manhattan School of Music, onde foi aluno de Seymor Lipkin. Mais tarde, estudou com Michael Rogers e Paul Jacobs. A par de uma intensa agenda de concertos, quer nos Estados Unidos quer na Europa, Musto é um prolífico compositor, dedicando-se à música de câmara, concertos, peças para piano solo e à ópera. A encenação que Wolf Trap empreendeu da ópera de Musto Volpone foi nomeada para os Grammys 2010. Estreia agora em abril de 2011, pela mão da Wolf Trap Opera Company sedeada em Viena, no estado de Virginia, a sua mais recente ópera The Inspector, que conta, como habitualmente nos seus trabalhos, com o libreto de Mike Campbell. Lecionou na Brooklyn College e é frequentemente convidado para orientar palestras na Juilliard School e na Manhattan School of Music. Como pianista, gravou para várias editoras consagradas, entre as quais: Bridge, Harmonia Mundi, Nonesuch, The Milken Archive, Naxos, Harbinger, CRI e EMI. As suas composições foram também editadas pelas Hyperion, Harmonia Mundi, Music-Masters, Innova, Channel Classics, Albany Records e New World Records. JOHNNY GREEN 1908-1989 Nasceu em Nova Iorque. Formou-se na Universidade de Harvard em 1928. Seguindo o conselho do seu pai, depressa conseguiu um emprego em Wall Street, que abandonou para se dedicar à música. Em 1933, compôs aquela que veio a ser considerada a sua obra-prima: Body and Soul, tema escrito inicialmente para a cantora Gertrude Lawrence, que Green acompanhava ao piano e que veio a ser interpretado pelos grandes nomes da canção americana, como Billie Holliday ou Ella Fitz­ gerald. Outros temas famosos da sua autoria são Out of Nowhere, I Cover the Waterfront (com Edward Heyman) e I Wanna Be Loved (com Heyman e Billy Rose). Ainda em 1933, iniciou a sua colaboração como compositor e maestro com os estúdios Para­mount, onde escreveu o famoso tema dos desenhos animados Betty Boop. Foi diretor musical de várias galas de entrega dos Óscares da Academia nas décadas de 1940 e 1950. Foi também nesta altura que iniciou a sua colaboração com os estúdios MGM, onde foi diretor musical até à década de 1060, traba­lhando em filmes como Um Americano em Paris, O Grande Caruso, Brigadoon e Alta Sociedade. A partir da banda sonora que escrevera para o filme A Árvore da Vida, em 1956, compôs nos anos 60 a suite sinfónica Rain tree County: Three Themes for Symphony Orchestra. Joly Braga Santos 1924-1988 Compositor e maestro, nasceu em Lisboa em 1924. Foi aluno de Luís de Freitas Bran- co em Lisboa e mais tarde de Hermann Scherchen em Veneza. Foi colega de Luigi Nono e Bruno Maderna. Foi compositor e maestro assistente na Emissora Nacional, professor no Conservatório Nacional e crítico musical. Dirigiu as três principais orquestras portuguesas: Orquestra Sinfónica do Teatro de São Carlos, Orquestra Sinfónica do Porto e Orquestra Sinfónica da Radiodifusão Portuguesa, onde foi responsável pela estreia portuguesa de várias obras contemporâneas portuguesas e estrangeiras (de Ginastera, Jorge Peixinho, Penderecki, entre outros). Foi membro fundador da Juventude Musical Portuguesa, a que dedicou a sua Quarta Sinfonia, que inclui no último andamento o Hino à Juventude. A sua música, embora dividida grosso modo em duas fases, manteve um traço comum: a influência da música tradicional portuguesa e da polifonia renascentista. Inicialmente influenciada por Luís de Freitas Branco, com estruturas clássicas e harmonias mais simples, foi-se tornando mais complexa a partir do fim dos anos de 1950. O domínio das possibilidades instrumentais e da paleta de cores da orquestra foram uma das marcas definidoras da obra de Joly Braga Santos. José Vianna da MotTa 1868-1948 Nasceu em São Tomé, no seio de uma família da burguesia. O seu pai era músico amador e desde cedo encontrou no seu filho um enorme talento musical. Já em Lisboa, frequentou o Conservatório Nacional, onde estudou com Francisco de Azevedo Madeira e Francisco de Freitas Gazul. Apresentado à corte, recebeu de imediato proteção por parte do rei D. Fernando e da condessa d’Edla, tendo começado a tocar publicamente era ainda uma criança. Em 1882 mudou-se para Berlim e, contando com o mecenato da Família Real, ingressou no Conservatório Scharwenka. Nesta altura, Vianna da Motta começou a interessar-se fervorosamente por Wagner. Em 1885 parte para Weimar, onde durante um ano estuda piano com Liszt, que morre em 1886. A partir daí e nos anos seguintes, inicia uma intensa atividade como intérprete, apresentando-se em várias salas europeias, nos Estados Unidos e na América do Sul. Em 1900 iniciou a sua atividade docente em Berlim. Lecionou ainda na Escola Superior de Música de Genebra e, entre 1918 e 1938, foi diretor do Conservatório Nacional de Lisboa, onde em conjunto com Luís de Freitas Branco coordenou profundas reformas. Como compositor, foi pioneiro no movimento nacionalista na música portuguesa. Procurou na música tradicional e nas grandes obras poéticas nacionais motivo para as suas obras. A sua obra mais conhe­ cida, a sinfonia À Pátria, e outras, como Evocação dos Lusíadas e Cenas da Montanha, são disso exemplo. JOSEPH LAMB 1887-1960 Nasceu em Montclair, no estado norte-americano de Nova Jérsia, num ambiente familiar ligado à música. Aprendeu piano e composição clássica com as suas irmãs, mas cedo descobriu Scott Joplin, do qual se tornou grande admirador. Adotou o ragtime como estilo, começando a compor a partir de 1896. Em 1908, quando trabalhava numa editora em Nova Iorque, acabou por conhecer pessoalmente Joplin, que se tornou um impulsionador da sua carreira, ajudando-o a publicar com sucesso na Stark o seu primeiro tema, Sensation Rag. Apesar deste salto na sua carreira de compositor, Lamb acabou por não se estabelecer no mundo da música, seguindo a sua vida profissional no mundo dos negócios. No entanto, já no final da década de 1940, foi redescoberto por Rudi Blesh e Harriet Janis, que então se dedicavam ao estudo do ragtime, tendo regressado à composi- ção e gravado pela primeira vez em 1959, um ano antes de morrer em Brooklyn, Nova Iorque. Hoje, é considerado, ao lado de Scott Joplin e James Scott, um dos pais do rag­ time, apesar de ter um percurso muito diferente do destes dois compositores. Entre os rags mais famosos de Lamb estão The Bohemia, American Beauty, The Ragtime Nightingale, The Alaskan Rag e Excelsior Rag. Juan Bautista Plaza 1898-1965 Foi um dos mais importantes vultos da composição erudita venezuelana. Nasceu em 1898 em Caracas. Em 1920 rumou a Roma para estudar música sacra. De regresso a Caracas, foi organista e mestre de capela na catedral e professor na Escola Superior. Foi aí responsável pelo restauro e classificação dos manuscritos de música colonial venezuelana, encontrados em 1935. Durante dois anos foi diretor da Cultura do Ministério de Educação. Desde o início da colonização e até depois da Independência, em 1821, o ensino e a divulgação da música erudita na Venezuela – como em quase toda a América Latina – estiveram a cargo das missões religiosas. Seguiu-se um período romântico e marcadamente nacionalista até ao final da Primeira Guerra Mundial. Assim, a música de Plaza deu continuidade ao nacionalismo vigente, marcado por uma independência de apenas um século, tendo escrito muito para os coros e vozes das escolas onde ensinou. Foi no entanto na sua música para piano solo que mais se aventurou na aplicação das novidades que chegavam da Europa. KAROL SZYMANOWSKI 1882-1937 Personagem central na renovação da música polaca, nasceu na Ucrânia, em 1882, e desde cedo mostrou ser uma promessa para a música, em certa medida devido a um ferimento numa perna que o obrigou a uma vida sedentária. Estudou música, e ao longo de toda a sua vida admirou convictamente Chopin. Estudou teoria com Neuhaus e composição com Nos­k­owski, em Varsóvia, tendo-se mudado depois para Berlim, atraído pelo fulgor de Strauss. Com três compatriotas (Fitelberg, Rózycki e Szeluta) forma a sociedade “A Jovem Polónia na Música”, que conta com o incentivo de Arthur Rubinstein e Hein­rich Neuhaus. Viaja muito, pela Alemanha, Itália, França e Inglaterra, depois pelo Norte de África e Egito, aperfeiçoando os seus conhecimentos musicais e recolhendo influências. Na sua produção destacam-se três períodos: o romântico, o impressionista e o popular. Nas suas obras é percetível a influência da escola de Strauss, entre outras, através da qual chegou à admiração por Debussy e pelos compositores franceses “impressionistas”. Deles absorveu o que precisava, atingindo a atonalidade, a politonalidade, os microtons e passagens declamadas. O regresso à Polónia acordou o seu nacionalismo, inspirado em Chopin, pela forma como este tinha estudado a música da sua terra natal, o que o levou ao Mazurek para piano e ao colorido e exótico Harnasie. Kurt Weill 1900-1950 Nasceu em Dessau, na Alemanha. Estudou com Humperdinck e Busoni, enquanto fazia pequenos trabalhos como músico numa sinagoga, numa cervejaria, como crítico musical e professor. Aos 26 anos sabia já que a junção entre teatro e música seria central na sua carreira e o debate da dicotomia entre ópera e teatro musical já se avistava quando escreveu Der Protagonist (O Protagonista) em conjunto com Georg Kaiser, o dramaturgo expressionista de maior sucesso na Alemanha dos anos de Weimar. Foi uma encomenda do Festival de Baden-Baden que juntou Kurt Weill a Bertolt Brecht, numa das colaborações mais co- > 135 136 nhecidas do século passado e cuja obra mais notória seria Die Dreigroschenoper (A Ópera dos Três Vinténs). Em 1933, Weill viu-se obrigado a fugir da Alemanha, primeiro para Paris e mais tarde para os EUA, sempre acompanhado pela atriz Lotte Lenya, sua mulher. Nos EUA, o compositor trabalhou na Broad­ way e no cinema, com alguns dos mais importantes dramaturgos norte-americanos. Na sua música, Weill utilizou todas as suas capacidades e conhecimentos para atingir as sonoridades apropriadas a cada uma das obras. Cruzou o vaudeville com o caba­ret, a música popular com a música erudita, o musical com a ópera, tendo conseguido ainda adaptar-se aos diferentes ambientes culturais dos seus dois países, a Alemanha e os EUA. Leonard Bernstein 1918-1990 Nasceu em Lawrence (Massachusetts), e morreu em Nova Iorque. Compositor, pianista e maestro americano, estudou na Universidade de Harvard e no Instituto Curtis, em Filadélfia, e foi aluno protegido de Koussevitzky. Estreou-se em 1944, substituindo de improviso Bruno Walter (que se encontrava doente) tendo-se tornado, desde então, um reputado maestro. Associou-se a Israel Philarmonic Orchestra (desde 1947), à Boston Symphonic Orchestra e à New York Philarmonic Orchestra (diretor musical entre 1958 e 1969), desde cedo conquistando uma reputação internacional, dirigindo em Viena e no La Scala. Durante o exercício da sua atividade na New York Philarmonic Orchestra, esta viveu o seu período áureo. Pianista exímio, atuava muitas vezes simultaneamente como solista e maes­tro. Ao mesmo tempo, iniciou a sua carreira como compositor, banindo as barreiras entre cultura de elite e cultura popular, através da combinação de Mahler e Broadway, Copland e Bach. Os seus trabalhos de teatro são, em grande parte, ao estilo da Broad­ way: incluem o bailado Fancy Free (1944) e os musicais Candide (1956) e West Side Story (1957). Os seus trabalhos mais ambiciosos, muitos deles escritos numa intensa linguagem pós-mahleriana, cromaticamente ricos, têm, muitas vezes, uma inspiração religiosa, por exemplo a Sinfonia Jeremiah com mezzo-soprano (1942), Kaddish, com solistas e coros (1963), e a peça de teatro Mass (1971). Leoš JanáČek 1854-1928 Nasceu em Hukvaldy, Morávia do Leste, em 1854. Compositor, maestro, organista e professor, embora tivesse já 47 anos quando se iniciou o século XX, é considerado um compositor deste século. Filho de um organista de paróquia estudou música com Pavel Krzysztowski e frequentou a Escola de Órgão de Praga. Aperfeiçoou a técnica nos conservatórios de Leipzig e Viena, respetivamente com Grill e Krenn. Em 1881 fundou a Escola de Órgão de Brno, da qual foi diretor até 1919. As suas composições tiveram pouco sucesso, mas gradualmente envolveu-se na música popular da Morávia trabalhando com Bartós na edição, harmonização e execução de canções tradicionais. O compositor é conhecido sobretudo pelas suas óperas e peças sinfónicas. A sua obra para piano é bastante reduzida, destacando-se Num Caminho Coberto de Vegetação, os dois movimentos da Sonata 1.º de Outubro 1905 e as quatro peças Nas Brumas, que contêm passagens de uma originalidade incontestável. Luís de Freitas Branco 1890-1955 Nasceu em Lisboa em 1890, numa família aristocrática e com vasta tradição cultural. Aos vinte anos começou o seu périplo por Berlim e Paris para estudar composição, o que lhe permitiu aproveitar a riqueza da vanguarda cultural destas cidades. Toda a influência de Ravel, Debussy, César Franck ou da Segunda Escola de Viena transpareceram na música do compositor. De volta a Lisboa iniciou atividade como crítico musical e professor. Embora próximo do regime, tendo tido cargos públicos de relevo, nunca deixou de prosseguir a vida de conferencista e intelectual. Neste âmbito conheceu Bento de Jesus Caraça que, juntamente com Fernando Lopes-Graça, o levou a um progressivo afastamento do regime, que também o foi exonerando dos diversos cargos públicos. Nas suas obras manteve sempre uma grande proximidade à poesia e à literatura. A novidade da sua linguagem no panorama português fez-se refletir em obras como Paraísos Artificiais ou Vathek. Foi um dos pioneiros da música para cinema em Portugal. Escreveu a música para a sonorização de Douro, Faina Fluvial de Manoel de Oliveira (na versão de 1934) e para Frei Luís de Sousa de António Lopes Ribeiro. MANUEL DE FALLA 1876-1946 Nasceu em Cádis, Espanha, e morreu em Alta Gracia de Córdoba, Argentina. Aprendeu piano com a sua mãe e harmonia com dois músicos locais. Continuou os estudos de piano em Madrid com José Tragó, mas como a sua ambição era tornar-se compositor escreveu duas zarzuelas. Posteriormente estudou composição com Felipe Pedrell, que defendia a teoria de que a música de uma nação devia ser baseada na sua música tradicional. Tornou-se famoso como De Falla, quando substituiu o primeiro nome, Manuel, pela preposição do apelido. Na sua produção musical distinguem-se claramente dois períodos: o primeiro Falla é seguidor de Albéniz e de Chapi, e as suas composições estão imbuídas de correntes nacionalistas e elementos populares do folclore; o segun­do corresponde a um compositor de maior maturidade, resultado da sua estada em Paris e das influências de Debussy, Ravel e Dukas. Mantendo-se fiel à tradição andaluza, nesta fase a composição de ­Falla caracteriza-se pela concisão e simplicidade das obras, e por uma espiritualização quase mística da música. Marcelo Nisinman n.1970 Ver pág. 115 Marjan Mozetich n. 1948 Nasceu em Itália, na pequena cidade, Gorizia, na fronteira com a atual Eslovénia e que tinha pertencido à Jugoslávia até 1947. Aos quatro anos migrou com os pais para o Canadá e adquiriu a nacionalidade canadiana poucos anos mais tarde. Tornou a Itália para estudar com Berio e Donatoni. Em 1971 fundou a ARRAY, uma associação dedicada à divulgação da música contemporânea. Durante os anos 70 recebeu algumas das mais importantes distinções da área da música contemporânea. Depois de uma fase minimalista, a sua música evoluiu para um estilo que Moze­ tich intitula “Romantismo pós-moderno” e que junta a influência da música sinfónica para cinema com a tradição do neorromantismo, muito em voga sobretudo entre os compositores da América do Norte. O compositor pretende chegar ao público, utilizando os recursos estilísticos e técnicos já inventados para explorar e inovar dentro de uma linguagem romântica. É atualmente um dos compositores canadianos de maior sucesso e popularidade, tendo tido já música sua utilizada no cinema e até como jingle da companhia aérea canadiana. MAURICE RAVEL 1875-1937 Nasceu na região basca, mas passou a infância em Paris onde ingressou no Conser­ vatório, estudando piano com Bériot e composição com Fauré. Ravel demonstrou sempre uma personalidade extremamente original, não obstante ter sido durante muito tempo considerado seguidor de Debussy. De facto, do seu universo sonoro estão ausentes as significações profundas e misteriosas que se encontram na música do seu conterrâneo, e os contactos ou influências de outras artes ou correntes estéticas, como o impressionismo ou o simbolismo, não se manifestam de forma tão evidente. Contudo, é possível encontrar alguns pontos comuns, embora com abordagens diferentes, como a evocação de atmosferas exóticas ou antigas. Este posicionamento distante encontra-se na origem da visão de Ravel como o compositor que resgatou a “música pura”, que regressou à organização racional dos sons, ao caráter artesanal da música manifestando uma constante – e quase obsessiva – preocupação por uma estrutura equilibrada e bem proporcionada que espelhasse a sua paixão por todo o tipo de mecanismos de precisão, como os relógios. Com efeito, Ravel procurou obter o máximo de clareza formal, melódica e rítmica, cujo clímax será naturalmente atingido com o Bolero (1928). A ideia subjacente é sempre a de um mundo extremamente ordenado e conduzido por si só, que se traduz em obras de contornos límpidos, mesmo quando faz uso de estruturas mais livres. Ned Rorem n. 1923 A palavra e a música estão intimamente ligadas em Ned Rorem. Compôs três sinfonias, quatro concertos para piano e um conjunto de outras obras para orquestra, música para vários ensembles de câmara, dez óperas, obras corais, ballets e outras músicas para teatro, e centenas de canções e ciclos. É autor de dezasseis livros, incluindo cinco volumes de diários, e coleções de aulas e crítica musical. Ned Rorem é um dos mais respeitados compositores americanos. A somar a um Prémio Pulitzer, atribuído em 1976 pela suite Air Music, Rorem recebeu também o Fulbright Fellowship (1951), o Guggenheim Fellowship (1957), e um prémio pela National Institute of Arts and Letters (1968). Venceu por três vezes o ASCAP-Deems Taylor Award; em 1998 foi eleito Compositor do Ano pela Musical América. A gravação feita pela Atlanta Symphony de String Symphony, Sunday Morning e Eagles recebeu um Grammy em 1989. Entre 2000 e 2003 foi presidente da American Academy of Arts and Letters. Em 2003 recebeu o ASCAP’s Lifetime Achievement Award e, em janeiro de 2004, o Governo francês ordenou-o Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras. Entre as suas muitas encomendas contam-se as da Fundação Ford (Poems of Love and the Rain, 1962), da Atlanta ­Symphony (String Symphony, 1985), da Chicago Sym­ phony (Goodbye My Fancy, 1990), e da New York Philharmonic (Concerto for En­ glish Horn and Orchestra, 1993). Nikolay Myaskovsky 1881-1950 Nasceu em território polaco em 1881, em plena época do Império Russo. Oriundo de uma família de militares, foi forçado, ainda jovem, a seguir a mesma carreira. Durante os estudos nas academias militares foi músico amador e em 1895, quando foi para São Petersburgo, pôde também aproveitar toda a riqueza da vida cultural da cidade. Aí conheceu Rimsky-Korsakov, que o incentivou a prosseguir os estudos musicais. Em 1906 conseguiu dedicar-se apenas à música, tendo entrado no Conservatório de São Petersburgo. Na Primeira Guerra Mundial foi mobilizado e enviado para a frente de guerra. Em 1919, já após a Revolução de Outubro, foi nomeado professor no Conservatório de Moscovo e membro do Coletivo de Compositores de Moscovo. Foi ainda um dos fundadores da Associação de Música Contemporânea. A sua música foi considerada demasiado intelectual e abstrata pelo regime estalinista, e depois das comemorações dos 30 anos da Revolução de Outubro, Myaskovsky foi banido do Conservatório e das salas de concerto. > 137 Dedicou os seus últimos anos à composição e finalização das suas obras. Morreu em 1950. A sua obra é sobretudo constituída por sinfonias e quartetos de corda, tendo sido considerado o “classicista” dos compositores soviéticos da sua época. Nino Rota 1911-1979 138 Nasceu em Milão, em 1911. Estudou no Conservatório de Milão, no Conservatório de Santa Cecília em Roma e no Curtis Institute de Filadélfia. Rota criou um estilo novo e único, através de uma complexa rede de referências, cita­ções e recursos estilísticos com base na canção italiana, a opereta, a música para cinema, a canção popular americana, o jazz, a música de Gershwin, entre outras influências. Foi o autor da música para mais de 150 filmes, incluindo alguns dos mais importantes filmes do século XX. Em 1942 assinou um contrato com a Lux Film Company, com quem colaborou em mais de 60 filmes ao longo de dez anos, entre os quais se encontra Nápoles Milionária de Eduardo de Filippo. A partir de 1952 iniciou a sua colaboração com Fellini, que daria origem a filmes como La Strada, La dolce vita ou Armacord. Com Fellini a parceria era mais próxima: a música tinha um papel narrativo e psicológico, que viria a culminar em O Ensaio de Orquestra. Com Luchino Visconti trabalhou em ­Rocco e os seus irmãos e O Leopardo, entre outros, e com Coppola colaborou em O Padri­ nho I e II. Além de música para cinema, Rota escreveu diversas óperas, sinfonias, concertos, ballets, música coral e de câmara. Olivier Messiaen 1908-1992 Nasceu em Avignon, filho da poetisa Cécile Sauvage e de Pierre Messiaen, professor de inglês e conhecido tradutor de Shakespeare. Interessou-se pela música desde muito cedo começando a ter aulas de piano. A partir de 1919, ano em que a família foi viver para Paris, ingressou no Conservatório onde estudou até 1930. Nesse período teve aulas com Paul Dukas e com o organista Marcel Dupré, entre ­outros. Com vinte e dois anos, Messiaen foi nomeado organista na Igreja La Trinité em Paris, posto que ocupou durante toda a vida, tendo composto três ciclos de música para órgão, entre 1934 e 1939. Em junho de 1936, o grupo La Jeune France, formado por Messiaen e pelos compositores André Jolivet, Daniel Lesur e Yves Baudrier, organiza o seu primeiro concerto. O objetivo era rejuvenescer a música francesa, dando-lhe vida e tornando-a mais humana. Nesse mesmo ano, Mes­siaen é nomeado professor na Ecole Normale de Musique e na Schola Cantorum. Feito prisioneiro durante a Guerra pelo exército de ocupação nazi, foi enviado para um campo de concentração na Silésia, onde compôs o célebre Quatuor pour la fin du temps, uma das suas poucas obras de música de câmara, mas uma das mais conhecidas, e certamente uma das mais emblemáticas do século XX. As inovações rítmicas, harmónicas e melódicas pelas quais Messiaen é conhecido, e que mais tarde explicou com a publicação, em 1944, do tratado Technique de mon langage musical, como os ritmos não reversíveis, o valor adicionado e os modos de transposição limitada, assim como a transcrição e adaptação do canto dos pássaros, começaram a surgir durante a década de 1930 e manifestaram-se em toda a sua obra. PABLO ZIEGLER n. 1944 Compositor e pianista argentino é reconhecido mundialmente pelas suas composições e interpretações de jazz e tango. Nasceu em Buenos Aires. Estudou no Conservatório de Música da capital argentina, onde se formou como professor de piano. Continuou os estudos com Adrian More- no e Galia Schaljman. Estudou composição com os professores Gerardo Gandini e Francisco Kröpflt. Aos 14 anos, começa a tocar com diferentes grupos de jazz e a apresentar-se em concertos de piano solo. Cria o Trio Pablo Ziegler, dedicado à interpretação de música clássica com arranjos jazz feitos pelo próprio. Em 1978, Ziegler junta-se ao quinteto do grande compositor de tango Astor Piazzolla, ocupando durante muitos anos o lugar de pianista do quinteto. Ainda hoje é referido por essa longa participação. Atualmente, apresenta-se um pouco por todo o mundo, a solo ou em grupo. Como compositor, é um dos seguidores de Piazzolla na aproximação ao tango, no qual introduziu uma maior influência do jazz, harmonias leves semelhantes às usadas na Bossa Nova, e uma grande dose de improvisação. Paul Bowles 1910-1999 Compositor e escritor norte-americano, Paul Bowles veio para a Europa, em 1947, com a intenção de estudar composição com Aaron Copland. Nesse mesmo ano, porém, ambos visitariam Tânger: Copland regressou a Paris, Bowles resolveu ficar naquela cidade do Norte de África, onde viveu até à sua morte, em 1999. Autor de romances como The Sheltering Sky (O céu que nos protege), adaptado por Bernardo ­Bertolucci para o seu filme Um Chá no Deserto, e Let it come down (Deixai a chuva cair), foi também contista (A Missa do Galo), compositor musical e fotógrafo. Com outros contemporâneos seus ligados ao movimento Beat Generation, Bowles foi um dos principais responsáveis por ter inscrito Marrocos no itinerário obrigatório dos intelectuais vanguardistas norte-americanos. Descobriu e revelou algumas das formas mais interessantes da música marroquina e a sua apaixonada convivência com a cultura e os costumes marroquinos tornaram-no um escritor de culto, tão fascinante pela sua prosa límpida e misteriosa, quanto pela singularidade do seu percurso biográfico. PAUL HINDEMITH 1895-1963 Nasceu em Hanau, perto de Frankfurt am Main. É um dos principais compositores da primeira metade do século XX e o que mais contribuiu para o desenvolvimento da teoria musical. Oriundo de uma família com poucos recursos, o pai reconheceu-lhe cedo o talento para a música. Assim, entre 1908 e 1914, estudou no Conservatório de Frankfurt, conseguindo depois um trabalho na Ópera de Frankfurt. Integrou mais tarde o Quarteto Amar. Inicialmente um iconoclasta evoluiu para o neoclassicismo e tentou criar uma música utilitária a que chamou Gebrauchsmusik, para atender a situações rotineiras. Opôs-se ao atonalismo de Arnold Schoenberg e formulou a sua teoria na publicação Unterweisung im Tonsatz (1937-1939) e ­outros livros em que propôs uma nova conceção da harmonia. Acusado de “bolchevista cultural” pelos nazis, emigrou (1939) para a Turquia e depois para os Estados Unidos, onde ensinou na Universidade de Yale. ­Levou mais de uma década para voltar para a Europa (1953) e lecionou em Zurique e Frankfurt, cidade onde morreu dez anos depois. Deixou obra vasta, abrangendo vários géneros, onde sobressaem o ciclo Das Marienleben (1924-1948), com versos de Rainer Maria Rilke, a ópera Cardillac (1926), baseada em um conto de Amadeus Hoffmann, o concerto Schwanendreher (1935), com temas de canções alemãs antigas, e a ópera Mathis der Maler (1928), considerada a sua obra-prima, em torno da vida do pintor sacro germânico Matthias Grünewald. Pavel Haas 1899-1944 Nasceu em 1899 em Brno, onde viveu até à sua deportação para o campo de concentração de Terezín. Estudou no Conservatório de Brno, e particularmente com Janáček, cujo estilo adotou inicialmente na sua própria música. Até 1935 trabalhou na empresa do pai, e a partir dessa data, por influência da sua mulher, dedicou-se exclusivamente à música. Durante a ocupação nazi as suas obras foram proibidas, e foi também proibido de continuar a trabalhar. Em 1941 foi deportado para Terezín com o objetivo de formar as credenciais culturais do campo de concentração que o regime nazi utilizaria para aparentar boas práticas humanitárias. Como muitos dos prisioneiros de Terezín, Haas acabou por ser transferido para Auschwitz, tendo morrido numa câmara de gás. Em termos melódicos a música de Haas era alimentada pelo imaginário dos corais medievais, da música tradicional da Morávia e cantos judaicos. As harmonias e os ritmos, por seu turno, eram o resultado da fusão do jazz e da música contemporânea, nomeadamente de Stravinsky. Uma das suas obras mais emblemáticas é a ópera Šarlatán (O Charlatão), escrita entre 1934 e 1937, a primeira das peças do compositor em que este apresenta um estilo próprio. Pedro Datta 1887-1934 Pianista e compositor argentino de ascen­ dência italiana, Pedro Datta não ­gostava de se apresentar em público. Talvez por isso, e como não é raro acontecer na história do tango, é um compositor relativamente desconhecido, ainda que a sua valsa El Aeroplano tenha ficado na memória coletiva como um clássico da música argentina. Entre as suas composições que se ­tornaram famosas encontramos, entre outras, os tangos El parque e Para ti e as valsas Alma dolorida, Intelectual, Flor de un dia, Flor de una noche e Pasión y sentimiento. Foi membro fundador da SADAIC (Sociedade Argentina de Autores e Compositores). Pierre Boulez n.1925 Nasceu em Montebrison (Loire). Estudou harmonia com Olivier Messiaen no Conservatório de Paris. Em 1946 foi nomeado diretor da música de cena na ­Companhia Reanud-Barrault. Preocupado com a difu­ são da música contemporânea e com a evolução do público e da criação, Pierre Boulez fundou, em 1954, os ­concertos do Domaine Musical (que dirigiu até 1967), e em 1976 o Institut de Recherche et Coor­dination Acoustique ⁄ Musique ­(IRCAM) e o Ensemble Intercontemporain. Para­le­lamente, desenvolveu uma carreira inter­nacional de chefe de orquestra e foi nomeado, em 1971, maestro titular da Orquestra Sinfónica da BBC e diretor musical da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque. Convidado regular dos festivais de Salzburgo, Lucerna, Edimburgo e Aix-en-Provence, dirige as grandes orquestras mundiais Chicago, Cleveland, Londres, Berlim, Viena, Los Angeles, além do Ensemble Intercontemporain, com o qual realiza grandes digressões. Simultaneamente compositor, autor, fundador e chefe de orquestra, Pierre Boulez recebeu numerosas distinções: Prémio da Fundação Siemens, Prémio Leonie ­Sonning, Prémio Imperial do Japão, ­Polar Music Prize, Prémio Grawemeyer (pela composição de Incises) e o Grammy para melhor composição contemporânea, pela obra Répons. PIOTR ILICH TCHAIKOVSKY 1840-1893 Estudou direito antes de entrar no Conservatório de São Petersburgo, onde estudou composição com Anton Rubinstein (1863-1865). Foi para Moscovo em 1866, tornando-se professor de harmonia no novo conservatório, que estava sob a direção de Nicolau Rubinstein. Durante os primeiros dois anos escreveu a 1.ª Sinfonia e a ópera Voyevoda. Em 1868 encontra-se com um grupo nacionalista de jovens compositores russos, liderado por Rimski-Korsakov, e rende-se ao seu entusiasmo, como demonstra a 2.ª Sinfonia. De 1869 a 1875 escreveu mais três óperas e o primeiro concerto para piano. Foi crítico musical do Russkiie vedomosti, em nome do qual se deslocou ao primeiro festival de Bay­ > 139 140 reuth. Por esta altura tornou-se seu mecenas uma viúva rica, Nadezhda von Meck, sua grande admiradora, que lhe concedeu uma pensão anual. Tchaikovsky dedica-lhe a 4.ª Sinfonia. Pode então compor livremente. Desenvolve também uma carreira de maestro e viaja pela Europa e pelos ­Estados Unidos. O mais romântico dos compositores russos, e também o mais europeu, não cultivava a consciência política e nacional tão essencial ao grupo dos Cinco (formado por Balakirev, Borodine, Cui, Mussorgski e Rimski-Korsakov). Não cedeu às influências de Brahms e Wagner, mas admirava a música de Bizet e Saint-Saëns, e particularmente Mozart. A obra de Tchaikovsky tornou-se famosa em todos os géneros: as suas seis sinfonias; as óperas Eugène Onegin e A Dama de Espadas, para citar apenas as duas mais célebres; a música de câmara (trio “À memória de um grande artista” em homenagem a Nicolau Rubinstein, peças para quarteto de cordas, para sexteto de cordas, etc.); os seus bailados O Quebra-Nozes, O Lago dos Cisnes, são alguns exemplos, entre muitos outros, de obras que entraram no património musical universal. Tchaikovsky morreu em São Petersburgo, deixando-nos muitas das páginas mais ­célebres de toda a música russa. Reginald R. Robinson n.1972 Ver pág. 11 8 Richard Strauss 1864-1949 Considerado o último dos grandes românticos, Richard Strauss nasceu em Munique, onde o seu pai tocava trompa na Orquestra de Ópera da Corte. Começou a compor com apenas seis anos e, quando aos 17 escreveu Serenade for 13 Winds, op. 7, o consagrado maestro Hans von Bülow referiu-se a ele como o jovem compositor mais surpreendente desde Brahms. Aos 20 anos, as composições de Richard Strauss eram já interpretadas pelas melho­ res orquestras e dirigidas pelos mais importantes maestros. As suas maiores influências foram Wagner, Berlioz e Liszt. Em 1885, foi nomeado maestro da Orquestra de Meiningen, ocupando o lugar de Von Bülow, de quem fora assistente e, em 1894, sucedeu novamente a Von Bülow, desta vez como maestro da Orques­tra Filarmónica de Berlim. Quatro anos depois, foi nomeado maestro da Ópera da Corte de Berlim, cargo que ocupou até ao estalar da Primeira Guerra Mundial. Entre 1919 e 1925, foi codiretor da Vienna Staatsoper. Consagrado igualmente como maestro e compositor, entre as suas obras destacam-se os poemas sinfónicos, nomeadamente Don Juan (1889), Till Eulenspiegel’s Merry Pranks (1895) e Also Sprach Zara­thustra (1896), e as óperas Guntram (1892-1894), Feursnot (1900-1901), Salome (1903-1905), Elektra (1906), Ariadne auf Naxos (1912), Die Frau Ohne Schatten (1919) e Die Ägy­ ptische Helena (1928). RICHARD WAGNER 1813-1883 Nasceu em Leipzig num ambiente familiar vocacionado para o teatro. Wagner hesitou durante muito tempo entre esta vertente artística e a música, optando por englobar estas duas formas de arte. Viveu cheio de dificuldades e frustrações, ficando a dever muito da sua obra à amizade de várias pessoas, dádiva que, pelo seu enorme egoísmo, nem sempre soube merecer. Envolvido na Revolução Liberal de maio de 1849 em Dresden, a derrota do movimento pelas tropas prussianas obrigou-o a um exílio de treze anos em Zurique, Veneza e Lucerna. Liszt foi grande defensor da sua obra. Amnistiado em 1862, viu-se pouco depois obrigado a um novo exílio na Suíça onde casou, pela segunda vez, com a filha de Liszt, Cosiam. Em 1876, viu concretizado o seu grande sonho com a inauguração, em Bayreuth, de um teatro com a estrutura adequada para a produção das suas obras de “Arte Total” (Gesamtkuns- twerk). Wagner levou ao extremo todas as características da Ópera Romântica Alemã. Se a partir de Lohengrin (1846-1848) estabeleceu a estrutura de composição contínua (durchkomponiert), com o Ouro do Reno (a primeira parte da tetralogia de O Anel do Nibelungo) apresentou a sua conceção de “Drama Musical”. Tanto na narrativa como na estrutura musical, a sua obra deixou uma ideia inovadora de espetáculo, em que todas as formas são reunidas numa verdadeira explosão formal onde é exigida a adesão absoluta do espectador. Samuel Barber 1910-1981 Frequentemente criticado pelos seus contemporâneos pela forte componente lírica e neorromântica dos seus trabalhos, Barber foi um dos mais importantes compositores norte-americanos de sempre. Nasceu em West Chester, na Pensilvânia, e começou a compor com apenas sete anos. Em 1924, ingressou no Curtis Institut of Music, em Filadélfia, onde estudou voz com Emílio de Gogorza, composição com Rosário Scalero e piano com Isabelle Vengerova. Foi ali que conheceu Gian Carlo Menotti, seu companheiro durante toda a vida e autor dos libretos de Vanessa, ópera com que Barber venceu o Pulitzer em 1958, e de A Hand of Bridge. A sua peça mais famosa é Adagio for Strings, trabalho que partiu de um quarte­ to de cordas que compusera em 1936 e que Barber adaptou para orquestra de cordas dois anos depois. A primeira apresentação desta obra teve lugar pela mão do consagrado maestro Arturo Toscanini à frente da NBC Symphony Orchestra em Nova Iorque. Barber foi também um prolífico compositor de canções, sendo ele próprio um talen­ toso barítono. Knoxville: Summer of 1915, composto a pedido da soprano Eleanor Steber é outro dos seus famosos trabalhos, inspirado na poesia de James Agee. Em 1966, a sua ópera Antony and Cleó- patra inaugurou o novo auditório da Me­ tropolitan Opera, no Lincoln Centre for the Perfoming Arts, em Nova Iorque. No entanto, a reação da crítica foi tão hostil que Barber pouco mais terá composto até ao fim da sua vida. SCOTT JOPLIN 1867/8-1917 Virtuoso notável do piano, ficou conhecido pelas suas composições de ragtime para piano. É conhecido, aliás, como o “Rei do Ragtime”. O músico nasceu no ­Texas, e desde cedo demonstrou um extraordinário talento para a música. Encorajado pelos pais, era já exímio no banjo quando começou a tocar piano. Sob a tutela de Juliu Weiss, estudou harmonia, começando ainda em adolescente a trabalhar como músico de dança. Tocou piano em St. Louis e Chicago antes de se fixar em Nova Iorque, em 1907. Nesse período desenvolveu a música hoje conhecida como ragtime, uma mistura entre os estilos europeus clássicos e o ritmo afroamericano. Escreveu também óperas de ragtime, sendo que o fracasso da segunda, Treemonisha, é apontado com uma das causas que levaram à sua morte. A descoberta das suas composições e o interesse pela sua música, nos anos setenta, deve-se em grande parte aos esforços do pianista e musicólogo Joshua Rifkin. SERGEI PROKOFIEV 1891-1953 Nasceu na Ucrânia. Desde muito cedo foi encorajado a dedicar-se à composição por Taneiev, tendo estudado, entre outros, com Rimsky-Korsakov. Impôs-se como pianista e compôs com um estilo que alia força e lirismo. Em 1918 emigra para os Estados Unidos e depois para França, onde estabelece relações com Diaghilev (que tinha encontrado em Londres em 1914), Milhaud, Stravinsky, Poulenc, ­Ravel, entre outros. Todavia, deseja cada vez mais voltar à União Soviética. Nos anos de 1930 recebe várias encomendas da Rússia e compõe num estilo mais clássico: Tenente Kijé, Pedro e o Lobo, Romeu e Julieta. Em 1937 volta à Rússia e aceita ser um músico do regime soviético. Colabora com o cineasta Eisenstein. Como muitos outros músicos, Prokofiev foi vítima, em 1948, dos ataques da campanha antiformalista de Jadanov: algumas das suas obras são condenadas e censuradas. A sua morte, que ocorreu no mesmo dia da de Estaline, passou despercebida. A obra de Prokofiev permanece, a maior parte das vezes, fiel ao sistema tonal, mesmo quando faz incursões pela politonalidade e pela tonalidade. Abordou todos os géneros de música, com exceção da música religiosa; a obra para piano contribuiu decisivamente e de forma original para o repertório para este instrumento, pela sua linguagem harmónica e rítmica muito pessoal, e pela subtil mistura de lirismo e de realismo que a caracteriza. SERGEI Rachmaninoff 1873-1943 Nasceu em Oneg. Compositor, pianista e maestro russo, foi o último grande representante da tradição romântica de Liszt e Rubinstein. Estudou no Conservatório de Moscovo com Taneiev e Arenski, e desde muito cedo desenvolveu uma brilhante carreira como pianista. Após o insucesso da sua primeira sinfonia, em 1897, abandonou a composição, retomando a atividade só três anos mais tarde. Entre 1901 e 1917, compôs as suas obras mais importantes, designadamente as peças para piano solo e os segundos e terceiros concertos para piano, bem como os dois magníficos ciclos de música religiosa: a Liturgia de São João Crisóstomo e as Vésperas. Deixou a Rússia em 1917 e viveu em diversos países antes de se estabelecer definitivamente nos Estados Unidos. Sempre nostálgico em relação à Rússia, a sua obra revela uma íntima ligação ao romantismo de Chopin, Liszt e Tchaikovsky. Se o seu estilo, sempre fiel ao sistema tonal, é bem menos pro- gressista que o dos seus conterrâneos (o segundo concerto é composto sete anos após o Prelúdio à sesta de um fauno de Debussy e 12 anos antes de A Sagração da Primavera de Stravinsky), a composição de Rachmaninoff não é menos original. A sua aproximação ao repertório pianístico é absolutamente incontornável. Silvestre Revueltas 1899-1940 Nasceu numa pequena cidade do norte do México, Santiago Papasquiaro, e desde muito novo revelou interesse pela música, iniciando os estudos de violino aos oito anos. Mais tarde, ingressou no Conser­ vatório Nacional de Música. Em 1917, mudou-se para a cidade norte-americana de Austin, no Texas, onde estudou no St. Edwar­ds College. Concluiu os seus estudos em 1924, no Chicago Musical College. Nos anos seguintes, com Carlos Chávez que o acompanhava ao piano, organizou os primeiros concertos de música contem­porânea no México, acontecimentos que marcaram a cena musical do país na época. Ensinou violino e composição no Conser­ vatório Nacional, trabalhando simultanea­ mente como maestro assistente na Orques­tra Sinfónica do México, entretanto fun­dada por Chávez. Dedicou-se também à composição, escrevendo algumas das suas mais famosas peças nesta altura: Cuau­hn ­ ahuc (1930), Esquinas (1931), Ventanas e Colorines (1932), Janitzio (1933), ­Caminos (1934), Homenaje a Federico García ­Lorca (1936), Itinerários (1937) e Sensemay (1938). Depois de vários anos de prolífica colaboração na promoção da música mexicana, em 1936 deu-se a rutura entre Revueltas e Chávez, levando o primeiro a fundar a Orquestra Sinfónica Nacional, projeto que acabou por não ter sucesso. Entretanto, Revueltas dedicou-se à luta pelos direitos laborais dos artistas e escreveu música para vários filmes. Morreu de pneumonia com apenas 40 anos. > 141 Thomas Bloch CCB n.1962 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Ver pág. 11 9 ANTÓNIO MEGA FERREIRA PRESIDENTE MARGARIDA VEIGA VOGAL \ miguel leal coelho VOGAL WITOLD LUTOSLAWSKI assessora para a programação gabriela cerqueira assessor para a programação de literatura joão paulo cotrim 1913-1994 142 Nasceu em Varsóvia. Compositor, pianista, maestro e professor polaco, estudou na universidade e no conservatório da sua cidade natal, e mais tarde em Hamburgo. A sua primeira obra importante, as Variações Sinfónicas, surge em 1938. Mobilizado no início da Segunda Guerra Mundial e feito prisioneiro, consegue escapar e subsiste em Varsóvia tocando piano em cafés e apresentando-se em duo com Andrzej Panufnik. As suas primeiras obras foram compostas sob as restrições impostas oficialmente, que insistiam num estilo baseado na canção tradicional. No entanto, o Concerto para Orquestra (1950-1954) é um exemplo bem sucedido desse período. Ao longo da sua vida desenvolveu um sistema harmónico, melódico e rítmico baseado na utilização parcimoniosa de um determinado conjunto restrito de intervalos musicais. A coerência e originalidade da sua linguagem pessoal constituem uma das mais bem conseguidas alternativas ao sistema tonal que dominou a música anterior ao século XX. Embora tenha sido um ativo pianista, Lutoslawski compôs pouco para o seu instrumento, tendo privilegiado a orquestra. Influenciado inicialmente por Szymanowski e depois por Stravinsky, Bartók, Roussel e Prokofiev, deu espaço também para as melodias do seu país. direção artística do festival miguel leal coelho CENTRO DE ESPECTÁCULOS coordenadora cláudia belchior | ASSESSOR PARA PROGRAMAÇÃO MUSICAL francisco sassetti | consultor PARA a dança e músicas plurais fernando luís sampaio | ASSISTENTE DE programação RITA BAGORRO | PRODUÇÃO INÊS CORREIA ⁄ PATRÍCIA SILVA ⁄ HUGO CORTEZ ⁄ vera rosa ⁄ INÊS LOPES | DIRETOR DE CENA COORDENADOR JONAS OMBERG | DIRETORES DE CENA PEDRO RODRIGUES ⁄ PATRÍCIA COSTA ⁄ PAULA FONSECA ⁄ tânia afonso | estagiários direção de cena rita conduto ⁄ celso matos | SECRETARIADO YOLANDA seara | chefe TÉCNICO de palco rui marcelino | assistente de direção técnica josé valério | TÉCNICOs PRINCIPAis PEDRO CAMPOS ⁄ LUÍS SANTOS ⁄ RAUL SEGURO | TÉCNICOs EXECUTIVOs F. CÂNDIDO SANTOS ⁄ VÍTOR PINTO ⁄ CÉSAR NUNES ⁄ JOSÉ CARLOS ALVES ⁄ HUGO CAMPOS ⁄ MÁRIO SILVA ⁄ RICARDO MELO ⁄ RUI CROCA ⁄ hogo cochat | CHEFE TÉCNICO DE AUDIOVISUAIS NUNO GRÁCIO | TÉCNICOs DE AUDIOVISUAIS RUI LEITÃO ⁄ EDUARDO NASCIMENTO ⁄ LUíS GARCIA SANTOS ⁄ NUNO BIZARRO \ PAULO CACHEIRO ⁄ NUNO RAMOS | CHEFE TÉCNICO DE GESTÃO E MANUTENÇÃO SIAMANTO ISMAILY | TÉCNICOs DE MANUTENÇÃO JOÃO SANTANA ⁄ LUÍS TEIXEIRA ⁄ VÍTOR HORTA | secretariado de direção técnica sofia matos DIREÇÃO DAS ATIVIDADES COMERCIAIS DIREÇÃO DE EDIFÍCIOS E INSTALAÇÕES TÉCNICAS DIREÇÃO FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA CCB Fábrica das Artes DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS Agenda dias da música em belém 2011 da europa ao novo mundo 1883-1945 Coordenação Sofia Mântua | direção gráfica e imagem do festival Paula cardoso | edição e produção editorial maria ana freitas | Revisão dos textos Dulce reis | layout e paginação Paulo fernandes | coordenação da impressão sandra salgueiro | colaborações francisco sassetti ⁄ helena romão editado segundo as novas regras ortográficas da língua portuguesa © Centro cultural de belém Abril 2011 10 000 exemplares | isbn 978-972-8944-16-2 | impressão > lisgráfica distribuição gratuita Centro cultural de belém praça do império, 1449-003 lisboa fax 213 612 500 | [email protected] www.ccb.pt | telefone 213 612 400 144 Outras atividades Babysitting Durante todo o fim de semana, o CCB em colaboração com a Fada Amiga disponibiliza um serviço de babysitting para crianças dos 0 aos 6 anos na Sala Amadeo de Souza Cardoso (em frente à Sala Sophia de Mello Breyner). Deixe as suas crianças em segurança enquanto assiste ao seu concerto. O espaço está inteiramente preparado – tem uma zona de jogos, outra de descanso, permite o aquecimento de comida e está equipado com fraldas e toalhetes. O custo é de 1e ⁄ hora e funciona no sábado das 11h30 às 23h30 e no domingo das 11h30 às 20h30. Este serviço é limitado à capacidade da sala. Aqui há pianos Nesta edição, o CCB continua povoado de pianos. Descubra-os e dê um concerto. O que é um piano? É uma exposição de pianos da Loja Music Factory e da Fernan­do Rosado junto à Sala Sophia de Mello Breyner, no piso 2. Ver consertos de pianos e de instrumentos de sopro A Fernando Rosado mostra o que um piano pode ­escon­der. Para ver junto à Sala Sophia de Mello Breyner, no piso 2. Veja a exposição e o mini-atelier de reparação e restauro de instrumentos de sopro da D. Caeiro (junto ao Espaço Música Livre, no piso 2). Loja Dias da Música Leve as recordações do Dias da Música para casa. À ­venda junto à entrada do Grande Auditório, no piso 1. Livros e discos Espaço Fnac (junto às informações, no piso 1). Espaço Intermúsica (junto à Sala Amália Rodrigues, no piso 2). Espaço Imprensa Nacional Casa da Moeda (junto à Sala Almada Negreiros, no piso 2). Espaço Amigo CCB Preparamos um espaço muito especial de descanso para os amigos CCB. Visite-o junto ao balcão das informações e torne-se também nosso amigo. < Piso 2 Grande Auditório balcões Bar pisos 1 ⁄ 1A ⁄ 2 ⁄ 3 Esplanada pisos 1 ⁄ 1A ⁄ 2 ⁄ 3 piso 1 Sala Amália Rodrigues Ver um conserto Espaço Intermúsica sopros Babysitting Ver um conserto pianos O que é um piano? 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