A caminho de uma reconciliação entre o ser humano e a natureza

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Nesta primeira unidade, a abordagem será focada
no estudo da Ecologia, uma grande área da Biologia
que tem se tornado cada vez mais importante nos dias
atuais, pois a interferência do ser humano sobre os
ecossistemas vem aumentando consideravelmente.
O nível mais amplo estudado pela Ecologia é a biosfera. Este termo foi criado por semelhança aos utilizados para designar camadas ou esferas relacionadas aos
a = prefixo de negação, bio =
componentes abióticos (a
= vida; isto é, sem vida) da Terra, que são:
(hidro = água): camada ou esfera da
• hidrosfera (hidro
Terra formada por água;
(lito = pedra): camada ou esfera da Terra
• litosfera (lito
formada pelas rochas e pelos solos;
(atmós = gás): camada ou esfera da
• atmosfera (atmós
Terra formada pelo ar.
A biosfera, assim como as demais “esferas”, não é
uma camada homogênea, pois as condições ambientais do nosso planeta variam de uma região para outra.
As condições ambientais são muito importantes
na distribuição dos seres vivos. Nos locais onde tais
condições são mais favoráveis, a diversidade de formas vivas é maior, ocorrendo o contrário quando as
condições não são favoráveis.
Os limites da biosfera são definidos em função
de registros que indicam a presença de seres vivos.
Esses limites vão desde aproximadamente 11 000
metros de profundidade, nos oceanos, até cerca de
7 000 metros de altitude, na atmosfera.
Depois de conhecer a biosfera, vamos estudar
os principais ecossistemas da Terra: como eles se
distribuem, quais são seus organismos mais característicos, os principais fatores físicos e químicos
do meio (fatores abióticos) que interferem no padrão geral de distribuição dos organismos e seus
principais mecanismos de adaptação ao meio. A
partir disso, passaremos ao estudo da estrutura e
do funcionamento dos ecossistemas e, em seguida,
estudaremos as unidades ecológicas menores, que
são as comunidades e as populações.
Pretende-se mostrar que cada elemento de um
sistema ecológico tem seu papel e sua importância,
fazendo parte de uma rede delicada de interações
ecológicas que contribuem para a manutenção do
equilíbrio no ecossistema.
Compreendido como ocorre esse equilíbrio, estudaremos os desequilíbrios da natureza, provocados principalmente pela interferência do ser humano nos ecossistemas. Serão dados alguns exemplos
reais que servirão de alerta contra os perigos do uso
indiscriminado dos recursos naturais.
A caminho de uma reconciliação entre o ser humano e a natureza
Os grandes problemas da conservação da natureza estão, na realidade, intimamente ligados aos
da sobrevivência do próprio ser humano na Terra.
Certos filósofos não hesitam em afirmar que a humanidade está mal encaminhada. Não nos cabe
aqui fazer semelhantes considerações ou julgamentos, porém podemos afirmar, de acordo com todos
os biólogos, que o ser humano cometeu um erro capital pensando poder isolar-se da natureza e não
respeitar certas leis de alcance geral. Existe, já há muito, um divórcio entre o ser humano e seu meio.
O velho pacto que unia o primitivo e seu hábitat foi rompido de modo unilateral pelo ser humano,
logo que este considerou ser suficientemente forte para seguir apenas as leis elaboradas por si
mesmo. Devemos reconsiderar essa posição, mesmo que nosso orgulho sofra, e assinar um novo pacto
com a natureza, que nos permita viver em harmonia com ela. É a melhor maneira de extrair do meio
um rendimento que possibilite ao ser humano manter-se sobre a Terra e fazer com que sua civilização
progrida tanto no plano técnico quanto no plano espiritual.
Só essa harmonia tornará possível salvar, simultaneamente, o ser humano e a natureza selvagem,
dois aspectos, dois lados de um mesmo problema que durante muito tempo se pensou poder dissociar.
No entanto, constata-se atualmente que estão intimamente ligados, e não é mais possível separá-los.
A natureza não deve ser salva para rechaçar o ser humano, mas sim porque a salvação dela constitui
a única probabilidade de sobrevivência material para a humanidade, devido à unidade fundamental
do mundo onde vivemos.
Com base em: Jean Dorst, Antes que a natureza morra, São Paulo: Edusp, 1973.
UNIDADE 1 • O mundo em que vivemos
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